PERSPECTIVAS DO CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS … · NBR 15530:07 – Fibras de aço para concreto...
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PERSPECTIVAS DO CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS PARA TÚNEIS
Antonio Figueiredo – Escola Politécnica da USP

INTRODUÇÃO• A utilização de CRF em túneis é algo
consolidado no exterior e cada vez mais freqüente no Brasil:– Exemplo: o revestimento de túneis de desvio e
adução em barragens é normalmente feito com a utilização de fibras de aço.
• No entanto, ainda há claros tecnológicos:– Otimização do uso dos CRF em túneis– Ratificação desta aplicação como uma técnica
plenamente fiável do ponto de vista da engenharia.Resumindo: reduzir o empirismo

INTRODUÇÃO
• Por que da necessidade de ratificação da tecnologia?
Falta embasamento técnico de especificadores e aplicadores
Carência de referências normativas específicas.

INTRODUÇÃO• Objetivo: discutir as principais limitações
do uso dos CRF em túneis para o caso específico do Brasil e analisar as possibilidades de encaminhamento para a solução dos problemas.

O “tripé da engenharia de túneis”
Proj
eto
base
ado
em
mod
elo
conf
iáve
l
EMPREENDIMENTO Controle de produção e Controle de recebimento

O modelo de dimensionamento• Determinação dos esforços solicitantes e a definição da
capacidade resistente da estrutura de modo a garantir a sua estabilidade.
• Sem um modelo de dimensionamento adequado, não há como definir a engenharia de túneis como tal.
• Ao contrário das estruturas convencionais de concreto armado, não há normas brasileiras que tratem do assunto dimensionamento de túneis.
• Isto dificulta o estabelecimento de modelos de controle adequados.

O modelo de controle de execução• A execução de um túnel é uma obra sistêmica que
interage intensamente com seu entorno.• O maciço circundante participa na capacidade resistente
da estrutura da obra.• A interação entre o maciço e a estrutura,
principalmente durante a execução da obra, deve ser controlada através de instrumentação adequada.
• A análise dos resultados de instrumentação deve ser feita por um profissional experiente para verificar se as premissas estabelecidas no modelo de dimensionamento estão sendo respeitadas.

O modelo de controle do material estrutural
• Objetivos: verificar se o material atende às exigências de aplicação e se atende aos requisitos de projeto.

O modelo de controle do material estrutural
• Um concreto convencional é normalmente avaliado por:Abatimento de tronco de coneVerificação da resistência característica por meio de um estimador adequado.Verificação do módulo de elasticidade.

Consideração do Módulo de Elasticidade
05
101520253035404550
0 10 20 30 40 50 60
fck (MPa)
E (G
Pa)
E mE c
k
95
%5 %
E mE c
k
95
%5 %
E = 5600 fck

O modelo de controle do material estrutural
Tudo muito básico!• É exatamente isto o que está faltando para o
CRFA.• Perspectivas futuras:
Produção de referências técnicas normativasTransferência de tecnologia desenvolvida nas universidades e centros de pesquisa para a indústria.

Modelo de dimensionamento• Pode-se apontar esta área como a que mais se
deve investir em pesquisa e normalização.• Existe a necessidade de modelos públicos de
dimensionamento com CRF.• Isto vale para NATM e tuneladora.• Ajudaria muito na definição dos modelos de
controle

Modelo de dimensionamento• Exemplo: Linha Amarela do Metrô de São Paulo.• O dimensionamento do túnel ficou a cargo da Halcrow
Group Limited, que utilizou seus modelos particulares.• Para garantir a confiabilidade da obra e a retro-
alimentação do processo de dimensionamento, foram realizados ensaios em corpos-de-prova de grandes dimensões (homologação do material).
• Esta prática já vem sendo explorada no Brasil, inclusive em trabalhos acadêmicos (Fernandes, 2005).

Ensaios de grandes dimensões
FLEXÃO DE COMPONENTES
A fibra funciona?

Ensaios de grandes dimensões
FLEXÃO DE COMPONENTES (HOMOLOGAÇÃO L 4)
(King et al. 2003).

Ensaios de grandes dimensões
VERIFICAÇÃO DE JUNTAS (HOMOLOGAÇÃO L4)
(King et al. 2003).

Modelo de dimensionamento• Ensaios inviáveis para o
controle corriqueiro da obra.• Deve ocorrer análise em
paralelo com corpos-de-prova de pequenas dimensões para resistência à compressão, resistência à tração na flexão e tenacidade. (Telles e Figueiredo, 2006)

• Homologação (grandes dimensões)• Parametrização simultânea (pequenas
dimensões)• Controle corriqueiro de produção dos
segmentos (verificação das peças e ensaios de pequenas dimensões).
“Filosofia” do dimensionamento

“Filosofia” do dimensionamento• Nível de segurança muito interessante: só irão
para o túnel os segmentos pré-moldados já aprovados pelo sistema de controle da qualidade.
• Isto não acontece para o concreto moldado in loco ou projetado.

• Se houvesse modelos de dimensionamentos de túneis produzidos com tuneladoras normalizados:facilitaria o estabelecimento de modelos de controle específicos para a obradiminuiria a dispersão de enfoques que se pode ter de uma obra para outra.
“Filosofia” do dimensionamento

Situação do NATM• Muito pior!• “Receita” do consumo mínimo (máximo?)
ainda permanece.• Equivale a dimensionar um edifício com
um consumo mínimo de cimento.

Como avaliar o CPRF• Capacidade de reforço pós-fissuração
(tenacidade):• Ensaios em prismas• Ensaios em placas

“Filosofia” para o NATM• Homologação em placas• Controle em paralelo com prismas• Controle corriqueiro com prismas

Modelos de dimensionamento e controle
• Já existem modelos publicados (ACI, RILEM) mas não para túneis.
• Fundamental: vínculo do modelo de dimensionamento com o modelo de controle.

Modelo de controle do material
• Dificuldade: nascimento sem um modelo de dimensionamento.
• Problema 1: grande diversidade de métodos no mundo.
• Problema 2: sem norma brasileira específica.

Modelo de controle do material• Dificuldade: nascimento sem um modelo
de dimensionamento.• Solução 1: grande diversidade de
métodos no mundo.• Solução 2: sem norma brasileira
específica.• Podemos escolher!

Modelo de controle do material• O Brasil conta com a nova especificação de
fibras de aço para concreto NBR 15530:07.• Esta norma tem algum paralelo com a recente
normalização internacional, como também algumas inovações interessantes.
• Introduz uma nova classificação e um plano de controle da qualidade do produto.

A nova especificação brasileira das fibras de aço para concreto
NBR 15530:07 – Fibras de aço para concreto - Especificação

Escopo e abrangência da norma
• Estabelecer parâmetros de classificaçãopara as fibras de aço de baixo teor decarbono e dispor sobre os requisitosmínimos de:– forma geométrica,– tolerâncias dimensionais,– defeitos de fabricação e– resistência à tração e dobramento.

Escopo e abrangência da norma
• Com isto, procura-se garantir que as fibrasem conformidade com estes requisitostenham potencial para proporcionar umdesempenho adequado ao CRFA, desdeque sejam observados os cuidadoscom a dosagem e controle do material.

Escopo e abrangência da norma
• Cautela: o fato de que uma fibra que atenda a norma não terá garantido o desempenho final no CRFA
• (isto depende de fatores ligados às fibras e ao próprio concreto).

Classificação das fibras de aço
TIPOS:
Tipo A: fibra de aço com ancoragens nas extremidades
Tipo C: fibra de aço corrugada
Tipo R: fibra de aço reta

Classificação das fibras de aço
CLASSES:Classe I: fibra oriunda de arame trefilado a frioClasse II: fibra oriunda de chapa laminada cortada a frioClasse III: fibra oriunda de arame trefilado e escarificado

DesignaçõesTipo
(geometria)Classe da
fibra
Fator de Forma
mínimo λ
Limite de resistência a tração do aço MPa
(*)fu
AI 40 1000
II 30 500
C
I 40 800
II 30 500
III 30 800
RI 40 1000
II 30 500(*)Esta determinação deve ser feita no aço, no diâmetro equivalente final
imediatamente antes do corte.

Comentários
• Os requisitos especificados podem ser considerados em conformidade com o mercado externo, sendo até mais exigentes.
• Uma fibra produzida no Brasil e que atenda aos requisitos desta especificação, estará em condições de ser aceita em qualquer mercado internacional.

Comentários• Esta é a norma base para a futura
normalização do CRFA.• Ela é o primeiro documento publicado,
mas não é suficiente para parametrizar o uso do CRFA.
• É necessária sua aplicação.

• É necessário qualificar o concreto reforçado com fibras de aço ou poliméricas com métodos normalizados:– Primas– Placas
Comentários

Ensaio de punção de placasRepresenta o esforço de um tirantePermite comparação entre fibras e telas metálicas

Levantamento das curvas de carga por deslocamento

Determinação das curvas de absorção de energia por deslocamento
Nível(EFNARC)
Energia absorvida (J)
A 500
B 700
C 1000

FIBRA vs. TELA

Alternativas para o ensaio em placa quadrada
Vista superior
CARGA
Apoios
Vista frontal
MORGAN (1999) →ASTMALMEIDA (1999)

Car
ga
Deslocamento
O ensaio em prismas

Car
ga
Deslocamento
O ensaio em prismas

ASTM C1018ASTM C1399JSCE SF4EFNARCRILEM
L/3 L/3 L/3
L
CA
RG
A
DESLOCAMENTO
Alternativas para o ensaio em prismas

Critério JSCE-SF4
Tb L
FT= ------* ------
δTb bh2
δTb
CARGA (kN)
DEFLEXÃO (mm)
Tb

Critério EFNARC

Método ASTM C 1399
Chapa de aço

Critério ASTM C 1399
225,100,175,050,0
h.bL
4PPPP
ARS ⋅+++
=

Método RILEM TC162
• Ensaio em prisma com entalhe
Entalhe

Critério RILEM TC162
feq.2= ---32
----------+---------- ----------Df
BZ.2.1 DfBZ.2.11
0,65 0,5L
bhsp2
(N/mm2)
feq.3= ---32
----------+---------- ----------Df
BZ.3.1 DfBZ.3.11
2,65 2,5L
bhsp2
(N/mm2)
feq.2= ---32
----------+---------- ----------Df
BZ.2.1 DfBZ.2.11
0,65 0,5L
bhsp2
(N/mm2)feq.2= ---32
----------+---------- ----------Df
BZ.2.1 DfBZ.2.11
0,65 0,5L
bhsp2
(N/mm2)
feq.3= ---32
----------+---------- ----------Df
BZ.3.1 DfBZ.3.11
2,65 2,5L
bhsp2
(N/mm2)feq.3= ---32
----------+---------- ----------Df
BZ.3.1 DfBZ.3.11
2,65 2,5L
bhsp2
(N/mm2)

Pontos importantes:• Outras possibilidades como o entalhe
lateral (Gava,2006).SimplicidadeRepetibilidadeReprodutibilidadeImplementação

Outros ensaios: determinação do teor de fibras
• Determinação do teor de fibra incorporado no concreto no estado fresco e no estado endurecido (fundamental para o concreto projetado).
• O desempenho depende do teor de fibra que consegue ser incorporado à estrutura.
• Hoje, quando muito, se faz a especificação do consumo de fibra que é adicionado à mistura que alimenta a bomba de concreto.

Outros ensaios: determinação do teor de fibras
• Determinação do teor de fibras do concreto recém misturado ou recém projetado (no estado ainda fresco): complemento da realização do ensaio de reconstituição de traço (NBR 13044).– A determinação é feita com a coleta com ímã
(aço) ou catação (pp) após a lavagem dos finos.
– Tal procedimento já foi utilizado em estudos anteriores com sucesso (Figueiredo, 1997).

Outros ensaios: determinação do teor de fibras
• A determinação do teor de fibra incorporado ao concreto projetado endurecido: feita em conjunto com a realização do ensaio de determinação da massa específica e da absorção (NBR 9778)– Deve-se apenas realizar a ruptura do corpo-de-
prova ensaiado e a coleta da fibra com o uso de ímã (aço) ou catação (pp).

Pontos fundamentais:• A especificação dos requisitos de
desempenho por parte dos projetistas.
• A verificação dos requisitos no controle corriqueiro

Recomendação EFNARCTipo de ensaio de controle Reduzido Normal RigorosoResistência à compressão 500 250 100Resistência à tração na flexão 500 250Tenacidade na flexão 1000 500Absorção de energia em placas 1000 500Aderência 500 250Conteúdo incorporado de fibra 250 100Espessura da camada projetada 50 25 10
Volume em m3 de concreto produzido entre testes

Métodos de controle da estrutura• Com o uso de fibras, espera-se o melhor
controle da fissuração geral da estrutura.• Diminuição da entrada de água – controle
da estanqueidade.• Há dificuldade de parametrização
confiável dessa característica e de quantificá-la de maneira confiável.

Métodos de controle da estrutura• Uma das possibilidades futuras: utilização
de permeâmetros portáteis.• Estes permeâmetros levariam em conta o
valor do coeficiente de permeabilidade Darcyniano (k1) e o não-Darcyniano (k2) que permite verificar o nível de perda de carga associado à descontinuidade e rugosidade dos poros (Innocentini et al. 1998; Innocentini et al. 2003).

Métodos de controle da estrutura
• Este sistema poderia detectar o grau de influência de uma fissura no nível de permeabilidade da estrutura.
• Com isto, seria possível estabelecer parâmetros claros de desempenho para a estanqueidade do túnel, bem como uma forma de controle da mesma.

0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
5 10 15 20 25 30 35 40 45
Teor de Fibras (kg/m3)
Tens
ão R
esid
ual (
MPa
)
NaturalReciclado 2,2 - 2,5 g/cm3Reciclado 1,9 - 2,2 g/cm3
Dosagem da fibra• Já foram propostos métodos para o CRFA
tanto projetado (Figueiredo, 1997) como convencional (Figueiredo et al., 2000).
• Só falta utilizar.

Desagem da fibra de pp
• Objetivo: controle do lascamento explosivo da estruturas submetida a incêndio.
• Normalmente: adoção de consumos mínimos empíricos não se levando em conta a maior ou menor susceptibilidade da estrutura à ocorrência do fenômeno (0,6kg/m3 para qualquer situação).
• Já foi comprovada a maior susceptibilidade dos concretos de maior resistência principalmente quando saturados.

Risco do concreto de menor a/c e maior nível de saturação (Nince, 2007).

22502000175015001000750500
Teor (a/c = 0,25)
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
% V
olum
e La
scad
o
Desagem da fibra de pp• Concretos de maior resistência e saturados demandam
um maior teor de fibras de polipropileno para evitar que o spalling ocorra.

Desagem da fibra de pp• Vale ressaltar que os estudos
desenvolvidos neste sentido até agora focaram quase que exclusivamente o concreto convencional, e muito ainda deve ser desenvolvido em termos de pesquisa sobre o concreto projetado.

Conclusões• As perspectivas para o uso dos concretos
com fibras em túneis no Brasil são muito promissoras:– Deve-se procurar a transferência dos
resultados de pesquisas desenvolvidas nas universidades e outros centros para a prática.
– Forma mais nobre de transferência de tecnologia: normalização.

Conclusões• Perspectiva futura:• Criação da comissão de estudos para a
especificação do concreto com fibras no CBT.
• Muito trabalho pela frente.• Quem quiser cooperar será muito bem
vindo.

Obrigado!