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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CINCIAS EXATAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE CINCIA DA COMPUTAO Informtica Educativa 2010.2

TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NA EDUCAO ESPECIAL Professor Henrique Nou Schneider

Marcus Antonio Freitas

So Cristovo Sergipe 2010

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Educar incluir, favorecer a aquisio de competncias e habilidades que proporcionem condies de a pessoa participar das relaes produtivas no meio social em que vive (RAIA, 2008, p.21)

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Durante muito tempo a falta de informao e a discriminao estiveram presentes na vida das pessoas com algum tipo de deficincia, seja ela psicolgica, fsica/motora ou social. A partir do sculo XIII, com os avanos da cincia e da tecnologia, essas deficincias passaram a ser estudadas do ponto de vista da medicina. Somente aps a Revoluo Francesa, que trouxe os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, que essa viso comeou a mudar, sendo expurgada qualquer tipo de preconceito. No Brasil, todo esse movimento toma forma a partir da segunda metade do sculo XIX, com a presena de teorias como Positivismo, Dawinismo e Evolucionismo. No ano de 1926 foi criado o Instituto Pestalozzi, e em 1954 foi criada a primeira APAE do Brasil na cidade do Rio de Janeiro, seguida por diversas filiais em todo o Pas. Sob o aspecto legal, a insero da educao especial na legislao brasileira seguiu como uma tendncia mundial e representou um importante avano para as famlias com crianas portador as de deficincia e para a sociedade como um todo, uma vez que o acesso de especiais (crianas, jovens e adultos) educao est fundamentada em lei e seu comprimento obrigatrio. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educao (Lei n 9.394, de 1996) a Educao Especial a modalidade de educao escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educando portador de necessidades especiais. Ou seja, a LDB torna obrigatrio para o Estado assegurar o acesso nas escolas a essas crianas, para seu desenvolvimento. O referido Art. 58, em seus 1, 2 e 3 trata dos servios de apoio especializados, forma de atendimento educacional e o ferta de educao especial. A lei n 10.845 (a qual institui o Programa de Complementao ao

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Atendimento Educacional Especializado s Pessoas Portadoras de Deficincia, e d outras providncias), em seu artigo 1, garante o atendimento especializado a essas crianas se elas no conseguirem se integrar junto a classes comuns na escola regular e garante tambm, o acesso dessas crianas nas classes comuns de ensino regular. As recusas das escolas em receberem alunos com deficincia, sob o argumento de que no esto preparadas, passou a ser considerado crime, conforme a Lei 7853/89. Estes e os demais dispositivos legais garantem o direito educao para pessoas com deficincia, assegurando -lhes o pleno desenvolvimento. No entanto, estudos mostram que na prtica os entraves para uma educao de qualidade so muitos e de toda ordem, desde precariedade nas condies fsicas da escola, classes superlotadas, at falta de qualificao dos professores para lidar com as diversas deficincias. Para Zabala (1998), fundamental que se crie um ambiente que fornea a todos a aprendizagem de forma gratificante, ou seja, criar um ambiente que gere a confiana para enfrentar desafios que surgem na sala de aula. Ainda segundo Zabala (1998), para uma concepo mais

estruturada, ensinar envolve estabelecer uma srie de relaes que devem conduzir a elaborao por parte do aprendiz. Mas, para que isto possa se realizar, os professores devem acreditar sinceramente nas capacidades dos alunos, ganhando confiana deles a partir do resp eito mtuo, o aluno deve ser avaliado pelo que ele , dessa forma, ap rendero a confiar em si mesmo. Diante do exposto, a educao deve priorizar a incluso de pessoas portadoras de deficincia de modo geral. Esta tica chamada de

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educao inclusiva e vem ganhando espao na sociedade em que vivemos. A priori, todo e qualquer portador de alguma deficincia visto com diferena no que se refere a dificuldade no aprendizado , ainda que a cincia venha mostrando que vrias deficincias no representam empecil ho para freqentar a escola ou desenvolver outras atividades. Para viabilizar a educao inclusiva o uso da tecnologia um recurso poderoso, em especial as Tecnologias Assistivas. Este um termo novo e possui conceitos que em geral convergem para uma mesma definio, segundo a qual "tecnologia assistiva uma rea do conhecimento, de caracterstica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratgias, prticas e servios que objetivam promover a funcionalidade, relacionada atividade e participao de pessoas com deficincia,

incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independncia, qualidade de vida e incluso social", conforme definido pelo Comit de Ajudas Tcnicas - CAT, institudo pela PORTARIA N 142, DE 1 6 DE NOVEMBRO DE 2006. Ainda sobre o conceito de Tecnologias Assistivas, os recursos podem ser definidos como todo e qualquer item, equipamento ou parte dele, produto ou sistema fabricado em srie ou sob-medida utilizado para aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais das pessoas com deficincia e podem variar de uma simples bengala a um complexo sistema computadorizado. Esto includos brinquedos e roupas adaptadas, computadores, softwares e hardwares especiais, que contemplam questes de acess ibilidade, dispositivos para adequao da postura sentada, recursos para mobilidade manual e eltrica, equipamentos de comunicao alternativa, chaves e acionadores

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especiais, aparelhos de escuta assistida, auxlios visuais, materiais protticos e milhares de outros itens confeccionados ou disponveis comercialmente. Os servios, por sua vez, so definidos como aqueles que auxiliam diretamente uma pessoa com deficincia a selecionar, comprar ou usar os recursos acima definidos. So aqueles prestados profiss ionalmente pessoa com deficincia visando selecionar, obter ou usar um instrumento de tecnologia assistiva. Como exemplo, podemos citar avaliaes, experimentao e treinamento de novos equipamentos. Os servios de Tecnologia assistiva so normalmente transdisciplinares envolvendo profissionais de diversas reas, tais como: fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, educao, psicologia, enfermagem, medicina, engenharia, arquitetura, design, e tcnicos de muitas outras especialidades. Encontramos tambm terminologias diferentes que aparecem como sinnimos da Tecnologia Assistiva, tais como Ajudas Tcnicas, Tecnologia de Apoio, Tecnologia Adaptativa e Adaptaes. Os tipos de Tecnologias Assistivas podem ser classificados em categorias, com variaes por diversos autores, mas em linhas gerais so: Auxlios para a vida diria (comer, vestir, etc), Comunicao aumentativa ou suplementar e alternativa (softwares ou dispositivos eletrnicos para auxilio da fala e da audio), Recursos de acessibilidade ao computador (dispositivos de entrada e sada especiais, teclados, mouse, monitor, etc) , Sistemas de controle de ambiente (para permitir controlar remotamente) , Projetos arquitetnicos para acessibilidade (rampas, elevadores, estruturas em geral), rteses e prteses, Adequao Postural, Auxlios de mobilidade, Auxlios para cegos ou com viso

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sub-normal, Auxlios para surdos ou com dficit auditivo, Adaptaes em veculos. Assim, em grande parte das categorias listadas acima, programas de computadores (softwares) podem ser desenvolvidos para atender tais finalidades. Um exemplo o software DOSVOX criado pelo Ncleo de Computao e Eletrnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NCE/UFRJ), que permite a interao de deficientes visuais com o computador, dando-lhes independncia para o estudo e o trabalho, a partir da sntese da voz, sendo ele gratuito. Outro software desenvolvido pela mesma instituio em parceira com o MEC o MECDaisy, que um tocador e permite a leitura de livros e pode ser usado por deficientes visuais e deficientes fsicos. Outros softwares que se enquadram como Tecnologia Assistiva podem ser encontrados na internet, com qualquer ferramenta de busca atual. Isto demonstra que as tecnolo gias podem e devem ser usadas com intuito de favorecer e fomentar a educao e incluso de especiais, tanto na educao como na sociedade e aponta ainda que as instituies pblicas esto caminhando neste sentido. Portanto ampla a gama de recursos, servios, produtos, metodologias, etc. que se enquadram na categoria de Tecnologia Assistiva, contanto que objetivem o auxlio de pessoas com necessidades especiais. Neste trabalho focamos as tecnologias assistivas geradas a partir das tecnologias da informao e comunicao (TICs) e da computao em si, seja por hardware ou software para o auxilio e benefcio da educao de pessoas com necessidades especiais.

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

Projeto MECDaisy. MEC, NCE/UFRJ. Disponvel em . Acesso em: 04/11/2010. Projeto DOSVOX. NCE/UFRJ. Disponvel em . Acesso em: 04/11/2010. Decreto N 3.956, de 08 de outubro de . Acesso em: 04/11/2010. 2001. Disponvel em:

Decreto N 5.296 de 02 de dezembro de 2004 - DOU de 03/122004. Disponvel em: . Acesso em : 04/11/2010. Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional , Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponvel em: < http://portal.mec.gov.br/arquivos/ pdf/ldb.pdf>. Acesso em: 04/11/2010. Assistiva Tecnologia E Educao. Disponvel em . Acesso em: 04/11/2010. RAIA, Darcy. Tecnologia e Educao Inclusiva, In: RAIA, Darcy (org). Tecnologias para a educaao inclusiva. So Paulo: Avercamp , 2008, p. 19-34. FREITAS, Soraia Napoleo; PADILHA, Sandra Marisa Allenbrandt . A Instituio Especializada no Cenrio da Educa Inclusiva: O Contexto Brasileiro. In: FREITAS, Soraia Napoleo; RODRIGUES, David; KREBS, Ruy. A Educao Inclusiva e Necessidades Educacionais Especiais . Ed. UFSM. Santa Maria, 2005. MAZZOTTA, Marcos Jos da Silveira. Fundamentos de Educao Especial . Biblioteca Pioneira de Cincias Sociais. So Paulo, 1973. MAZZOTTA, Marcos Jos da Silveira. Educao Especial no Brasil: Hist ria e Polticas Pblicas . 5 edio. So Paulo: Cortez, 2005. RODRIGUES, Armindo J. Contextos de Aprendizagem e Integrao/Incluso de Alunos com Necessidades Educativas Especiais. In: RIBEIRO, Maria Luisa Sprovieri; BAUMEL, Roseli Ceclia R. de Carvalho. Educao Especial: do querer ao fazer . So Paulo. Avercamp, 2003. ZABALA, Antoni. A Prtica Educativa: Como ensinar . Porto Alegre: Artmed, 1998.