PESQUISA SOBRE O RELATÓRIO DE BRUNDTLAND
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PESQUISA SOBRE O RELATÓRIO DE BRUNDTLAND
Jailton de Jesus Silva Júnior
Salvador - BA
2011
PESQUISA SOBRE O RELATÓRIO DE BRUNDTLAND
Jailton de Jesus Silva Júnior
Salvador - BA
2011
Trabalho apresentado à disciplina de
Desenvolvimento Sustentável do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da
Bahia como requisito parcial de avaliação sob
a orientação do professor George Câmara.
O Relatório Brundtland, como é conhecido, foi resultado do trabalho de uma
comissão, que teve como presidentes Gro Harlem Brundtland e Mansour Khalid, daí o
nome do relatório final. A comissão, composta por ONGs e cientistas do mundo inteiro, foi
criada pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, da
Organização das Nações Unidas, em 1983. Seu trabalho durou quatro anos e envolveu a
realização de discussões no mundo todo.
O relatório apresenta uma visão complexa das causas dos problemas sócio-
econômicos e ecológicos da sociedade e as inter-relações entre a economia, tecnologia,
sociedade e política.
Chama também atenção para uma nova postura ética, caracterizada pela
responsabilidade tanto entre as gerações quanto entre os membros da sociedade atual.
Com a sua publicação dissemina-se o conceito de desenvolvimento sustentável, o qual
vinha, desde os anos 1970, sendo refinado. O conceito de desenvolvimento
sustentável mundialmente conhecido é
“O desenvolvimento que satisfaz as necessidades da geração presente
sem comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas
próprias necessidades”
(RELATÓRIO BRUNDTLAND,1991:46).
Não existe um só conceito de desenvolvimento sustentável no relatório. Enfatizou-se
que “o desenvolvimento sustentável é mais que crescimento. Ele exige uma mudança no
teor de crescimento, a fim de torná-lo menos intensivo em matérias-primas e energia e
mais eqüitativo em seu impacto. Tais medidas precisam ocorrer em todos os países, como
parte de um pacote de medidas para manter a reserva de capital ecológico, melhorar a
distribuição de renda e reduzir o grau de vulnerabilidade às crises econômicas (idem,
ibidem, p.56).
Esse conceito tem quatro componentes-chaves, que nortearão as políticas públicas no
mundo inteiro sob a capa do desenvolvimento sustentável:
1) O subdesenvolvimento e economias instáveis não podem controlar a depredação e
a poluição dos recursos naturais. Diante disso, o primeiro determinante do
desenvolvimento sustentável é a construção de economias "saudáveis" baseada em
tecnologias que minimizem os danos ao meio ambiente.
2) dada a relação observada entre pobreza e degradação ambiental – os pobres são
levados a exaurir recursos para sobreviver – as políticas formuladas para a provisão das
necessidades básicas, com preocupação ambiental é crucial.
3) a sustentabilidade ambiental precisa ser implementada para prover as necessidades da
presente geração sem depredar as condições de suprir as necessidades da geração futura.
4) A ampla participação da sociedade civil organizada nas decisões e implementações.
O relatório, o tempo todo, reforça os quatro componentes, como se pode ver:
“se o desenvolvimento econômico aumenta a vulnerabilidade às crises, ele é insustentável.
Uma seca pode obrigar os agricultores a sacrificarem animais que seriam necessários para
manter a produção nos anos seguintes. Uma queda nos preços pode levar os agricultores e
outros produtores a explorarem excessivamente os recursos naturais, a fim de manter
rendas. Mas pode-se reduzir a vulnerabilidade usando tecnologias que diminuam os riscos
de produção, dando preferência a opções institucionais que reduzam flutuações de mercado
e acumulando reservas, sobretudo de alimentos e divisas... Mas não basta ampliar a gama
das variáveis econômicas a serem consideradas. Para haver sustentabilidade, é preciso uma
visão das necessidades e do bem-estar humano que incorpora variáveis não-econômicas
como educação e saúde, água e ar puros e a proteção das belezas naturais. Também, é
preciso eliminar as limitações dos grupos menos favorecidos, muitos dos quais vivem em
áreas ecologicamente vulneráveis” (RELATÓRIO BRUNDTLAND, 1991:57).
O Relatório Brundtland tem um aspecto importante que é divulgar e reconhecer a
‘insustentabilidade’ ou inadequação econômica, social e ambiental do atual padrão de
desenvolvimento das sociedades contemporâneas.
Pode-se também estar colocando em plano secundário as relações de dependência
existentes entre os países que fazem com que os países ditos subdesenvolvidos para
gerarem renda e, inclusive, pagarem suas dívidas depredem seu meio ambiente.
Esse aspecto não é novo. Nos anos 1970, para citar um brasileiro, Celso Furtado já
falava a mesma coisa:
FURTADO (1974, p.16), no livro O mito do desenvolvimento: “A literatura sobre
desenvolvimento econômico do último quarto de século (...) se funda na idéia que se dá por
evidente, segundo a qual o desenvolvimento econômico tal qual vem sendo praticado pelos
países que lideraram a revolução industrial, pode ser universalizado. Mais precisamente:
pretende-se que os standards de consumo da minoria da humanidade que atualmente vive
nos países altamente industrializados, é acessível às grandes massas de população em
rápida expansão que formam o chamado terceiro mundo. Essa idéia constitui, seguramente,
uma prolongação do mito do progresso, elemento essencial na ideologia diretora da
revolução burguesa, dentro da qual se criou a atual sociedade industrial. Esta pretensão é
impossível de ser realizada, primeiramente porque não existem recursos naturais
suficientes para suportar tamanha intensidade e velocidade de produção e poluição,
degradação e absorção dos detritos decorrentes da mesma. Em segundo lugar, porque este
acúmulo de bens materiais realizado só foi possível com a equivalente distribuição da
miséria para a grande massa da população”.
O Relatório Brundtland ainda define ou, pelo menos, descreve o nível do consumo
mínimo partindo das necessidades básicas, no entanto é omisso na discussão sobre o nível
máximo de consumo (de uso de energia, etc.) nos países industrializados.
O Relatório ainda enfatiza a necessidade de crescimento tanto nos países não-
industrializados quanto nos países industrializados, mas para isso propõe que a superação
do subdesenvolvimento no hemisfério sul só é possível com o crescimento contínuo dos
países industrializados. Com esta posição, os interesses econômicos dos países
industrializados e em desenvolvimento não são afetados, por isso o relatório recebeu amplo
apoio político.
O relatório apresenta uma lista de medidas a serem tomadas no nível do Estado
nacional. Entre elas: a) limitação do crescimento populacional; b) garantia da alimentação
a longo prazo; c) preservação da biodiversidade e dos ecossistemas; d) diminuição do
consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias que admitem o uso de fontes
energéticas renováveis; e) aumento da produção industrial nos países não-industrializados
à base de tecnologias ecologicamente adaptadas; f) controle da urbanização selvagem e
integração entre campo e cidades menores; g) as necessidades básicas devem ser
satisfeitas. O Relatório Brundtland define também metas a serem realizadas no nível
internacional, tendo como agentes as diversas instituições internacionais. Aí ele coloca: h)
as organizações do desenvolvimento devem adotar a estratégia do desenvolvimento
sustentável; i) a comunidade internacional deve proteger os ecossistemas supranacionais
como a Antártica, os oceanos, o espaço; j) guerras devem ser banidas; k) a ONU deve
implantar um programa de desenvolvimento sustentável
Referências Bibliográficas
Relatório Brundtland, também chamado Nosso Futuro Comum (Our Common Future) é
o documento final da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
promovida pela ONU, nos anos 80 e chefiada pela então primeira-ministra da Noruega,
Gro Harlen Brundtland.
GODOY, Amalia Maria Goldberg. Desenvolvimento Sustentável. Acessado em 12 de
junho de 2011 às 13:30 hs. Disponível em:
< http://amaliagodoy.blogspot.com/2007_07_01_archive.html>