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  • Journal of Public Health

    Universidade de So PauloFaculdade de Sade Pblica

    VOLUME 34NMERO 5

    OUTUBRO 2000

    Revista de Sade Pblicap. 529-37

    Avaliao de risco crnico da ingesto deresduos de pesticidas na dieta brasileiraChronic dietary risk assessment for pesticideresidues in Brazilian food

    Eloisa Dutra Caldasa e Luiz Csar Kenupp R de Souzab

    aFaculdade de Cincias da Sade da Universidade de Braslia. Braslia, DF, Brasil. bInstituto deSade do Distrito Federal. Braslia, DF, Brasil

    CALDASa Eloisa Dutra e Luiz Csar Kenupp R de Souzab Avaliao de risco crnico da ingesto de resduos depesticidas na dieta brasileira Rev. Sade Pblica, 34 (5): 529-37, 2000 www.fsp.usp.br/rsp

  • 529529529529529Rev Sade Pblica 2000;34(5):529-37www.fsp.usp.br/rsp

    Resumo

    ObjetivoAvaliar o risco crnico da ingesto de pesticidas pela dieta, em compostosregistrados no Brasil para uso agrcola at 1999.MtodosFoi calculada a Ingesto Diria Mxima Terica (IDMT) para cada pesticida,utilizando limites mximos de resduos estabelecidos pela legislao brasileira edados de consumo alimentar. A caracterizao do risco foi feita comparando-se aIDMT com as doses dirias aceitveis (IDA) de vrios pases e do CodexAlimentarius.ResultadosA IDTM ultrapassou a IDA (%IDA>100) em pelo menos uma regio metropolitanabrasileira para 23 pesticidas. Dezesseis compostos com maior %IDA so inseticidasorganofosforados, sendo o paration metlico o composto cuja ingesto mais excedeuo parmetro toxicolgico (%IDAN=9.300). O arroz, o feijo, as frutas ctricas e otomate foram os alimentos que mais contriburam para a ingesto. Dos compostosque apresentaram maior risco, apenas 6 foram registrados de acordo com o Decreto98.816/90, que dispe sobre o uso de pesticidas no Pas.ConclusesOs compostos identificados como sendo de potencial risco de exposio crnicapara a populao brasileira, e os alimentos que mais contriburam para a suaingesto, devem ser priorizados pelos rgos de sade em programas demonitoramento de resduos de pesticidas. Adicionalmente, dados sobre resduosem alimentos prontos para o consumo, fatores de processamento e dados sobreconsumo alimentar devem ser gerados para possibilitar o refinamento do estudo.

    Abstract

    ObjectiveTo conduct a chronic dietary risk assessment of the pesticides registered in Brazilup until 1999.MethodsThe Theoretical Maximum Daily Intake (TMDI) for each pesticide was calculatedusing the Brazilian maximum residue limits and food consumption data from IBGE,

    Avaliao de risco crnico da ingesto deresduos de pesticidas na dieta brasileiraChronic dietary risk assessment for pesticideresidues in Brazilian food

    Eloisa Dutra Caldasa e Luiz Csar Kenupp R de Souzab

    aFaculdade de Cincias da Sade da Universidade de Braslia. Braslia, DF, Brasil. bInstituto de Sadedo Distrito Federal. Braslia, DF, Brasil

    DescritoresResduos de praguicidas, toxicidade#.Contaminao de alimentos#. Anlisede risco, mtodos#. Inseticidasorganofosforados, toxicidade#.Praguicidas, envenenamento. Zonasmetropolitanas. Consumo dealimentos. Avaliao de riscocrnico.

    Correspondncia para/Correspondence to:Eloisa Dutra CaldasCurso de Cincias FarmacuticasCampus Darci Ribeiro70910-900 Braslia, DF, BrasilE-mail: [email protected]

    KeywordsPesticide residues, toxicity#. Foodcontamination#. Risk assessment,methods#. Insecticides,organophosphate, toxicity.# Pesticide,poisoning. Metropolitan zones. Foodconsumption. Chronic dietary riskassessment.

    Recebido em 18/2/2000. Reapresentado em 19/6/2000. Aprovado em 10/7/2000.

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    Risco da ingesto de pesticidas pela dietaCaldas ED & Souza LCKR

    the Brazilian Statistical Institute. The risk characterization was done comparingthe TMDI with the acceptable daily intakes (ADI) from other countries and fromthe Codex Alimentarius.ResultsThe TMDI was higher than the ADI (%ADI>100) at least in one Brazilianmetropolitan region for 23 pesticides. Sixteen compounds are organophosphateinsecticides, with methyl parathion having the TMDI exceeding the mosttoxicological parameter (%ADIN=9,300). Rice, beans, citrus and tomato were thecommodities which most contributed to the ingestion. From the compounds underhigher risk, only 6 were registered according to the Law 98.816/90, which concernsthe use of pesticides in the country.ConclusionsThe compounds identified in the study as presenting a potential health concern tothe Brazilian consumers, and the commodities which most contributed to theingestion, should be prioritized by the government in pesticide residue monitoringprograms and in the re-registration process. In addition, residue data in food asconsumed, processing factors and appropriate consumption data should begenerated to allow further studies.

    nizao para Alimentao e Agricultura (FAO) eOrganizao Mundial de Sade (OMS), e os resulta-dos so posteriormente encaminhados ao Comit doCodex Alimentarius para avaliao pelos Governos-membros.2 A legislao brasileira no prev estudosde avaliao de risco no processo de registro.1 Tam-bm desconhecido no Brasil o risco para a sadecom a ingesto de pesticidas por meio de dieta.

    O presente trabalho tem como objetivo avaliar orisco crnico dos pesticidas aprovados no Brasil parauso em culturas de consumo humano, utilizando li-mites mximos de resduos estabelecidos pela legis-lao brasileira, dados de consumo alimentar forne-cido pela Fundao Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatstica (IBGE),15 doses dirias aceitveis devrios pases e do Codex Alimentarius.3 O estudoprocura identificar compostos com potencial proble-ma de exposio, e as concluses podero orientaras autoridades governamentais no processo dereavaliao dos pesticidas e estabelecimento de li-mites mximos de resduos, alm de definir priori-dades em programas futuros de monitoramento deresduos em alimentos.

    MTODOS

    O clculo da exposio crnica foi conduzido deacordo com o procedimento descrito pela Organiza-o Mundial de Sade.20 Nessa metodologia, a In-gesto Diria Terica Mxima (IDTM) definidacomo o somatrio do limite mximo de resduos(LMR), em mg/kg, multiplicado pelo consumo doalimento (C), em kg/dia. A caracterizao do risco(%IDA) feita comparando-se a IDTM com a dose

    INTRODUO

    O uso de pesticidas ainda atualmente a principalestratgia no campo para o combate e a prevenode pragas agrcolas, garantindo alimento suficientee de qualidade para a populao. Esses compostos,porm, so potencialmente txicos ao homem, po-dendo causar efeitos adversos ao sistema nervosocentral e perifrico, ter ao imunodepressora ou sercancergeno,6 entre outros.

    O Brasil o quarto maior mercado de pesticidasno mundo e o oitavo em uso por rea cultivada.*At dezembro de 1999, 322 ingredientes ativos ti-veram seu uso agrcola aprovado no Pas, com qua-se 2.000 produtos registrados, os quais inclueminseticidas, fungicidas, herbicidas, acaricidas,reguladores de crescimento, feromnios, molus-cicidas e protetores de sementes. Cerca de 2.300limites mximos de resduos foram estabelecidasem 265 culturas.1

    O estudo de avaliao de risco crnico da inges-to de pesticidas o processo no qual a exposiohumana a um dado composto por meio de dieta comparada a um parmetro toxicologicamente se-guro. Risco pode existir quando a exposio ultra-passa o parmetro toxicolgico.20 Em geral, os go-vernos conduzem estudos de avaliao de risco du-rante o processo de registro do pesticida, e seus re-sultados podem influir no estabelecimento de limi-tes mximos de resduos permitidos ou restringir ouso em algumas culturas.7-10 No mbito internacio-nal, os estudos so conduzidos pela Reunio Con-junta de Peritos em Resduos de Pesticidas da Orga-

    *Associao Nacional de Defesa Vegetal (Andef). Comunicao por Fax; 1999.

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    diria aceitvel (IDA), em mg/kg peso corpreo/dia,do pesticida, assumindo um peso corporal de 60 kg.

    IDTM = S(LMRi x Ci)

    %IDA = IDTM x 100 IDA x peso corpreo

    Os LMR foram obtidos da legislao brasileira,publicados no Dirio Oficial da Unio at dezembrode 1999.1

    Dados de consumo de alimentos foram obtidos daPesquisa de Oramento Familiar realizada peloIBGE,15 em 1995-96. A pesquisa foi conduzida emonze regies metropolitanas do Pas (Belm, Fortale-za, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro,So Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Goinia e DistritoFederal). O consumo per capita foi obtido baseadona informao de 10 famlias de status econmicosdiferentes sobre a quantidade de alimento adquiridoem 7 dias consecutivos. O consumo, em kg/ano, foiobtido distribuindo o total de alimento consumido emcada rea por sua populao. Os dados de consumoobtidos do IBGE foram divididos por 365 e expressosem kg/dia para o clculo da IDTM. Fatores de corre-o de 0,65, 0,63, 0,87 e 0,0317 foram aplicados a da-dos de consumo de laranja, banana, ovo e leite, res-pectivamente, para obter consumo de polpa de laran-ja, polpa de banana, ovo sem casca e gordura de leite.

    As fontes de IDA utilizadas foram o CodexAlimentarius,3 a Agncia de Proteo Ambiental dosEstados Unidos (EPA),7-10 o governo australiano18 eo governo alemo.13 Quando disponveis, as IDA dogoverno brasileiro foram utilizadas.* Para cada com-posto, a menor IDA obtida entre as fontes foi utili-zada para comparao com a IDTM.

    RESULTADOS

    Dos 320 compostos registrados para uso agrcolano Brasil at dezembro de 1999, 39 no foram uti-lizados no estudo, incluindo: (a) pesticidas com re-gistro somente para cana de acar, para a qualinexiste dado de consumo humano; (b) pesticidascom registro somente para algodo, fumo, rao ouplantas ornamentais; (c) antibiticos; (d) compos-tos sem dose diria aceitvel ou limite mximo deresduos estabelecido; e (e) izasofs, composto nomais comercializado no Pas.**

    O estudo de avaliao de risco foi conduzidopara 281 compostos.1 A Figura mostra a distribui-o dos LMR atualmente vigentes no Pas para es-ses compostos. Limites acima de 25 mg/kg foramestabelecidos apenas para brometo de metila (15culturas) e hidrazida maleica (1 cultura). Limitesmenores ou iguais a 0,05 mg/kg normalmente re-presentam o limite de quantificao do mtodo deanlise.

    *Comunicao pessoal de Ldia Nunes Gonalves. Diretoria de Toxicologia e Alimentos. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Ministrio da Sade, 1999.**Comunicao da Associao Nacional de Defesa Vegetal (Andef). Comunicao por Fax; 1999).

    Figura - Limites mximos de resduos de pesticidas (LMR) nos alimentos para consumo humano, segundo a legislao brasileirae a freqncia com que foram estabelecidos at dezembro de 1999.1

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    A IDTM e a %IDA foram calculadas para os com-postos em cada uma das 11 regies metropolitanasdefinidas pelo IBGE, conforme descrito na metodo-logia. A %IDA nacional (%IDAN) foi calculada utili-zando a mdia do consumo nas regies metropolita-nas. Dos compostos avaliados, 263 (93,6%) apresen-taram %IDAN100 (Tabelas 1 e 2). Cento e vinte seiscompostos (44,8%) apresentaram %IDAN100). No presente estudo, 18 compos-tos enquadraram-se nessa situao quando o consu-mo mdio nacional foi utilizado no clculo da in-gesto (%IDAN>100); para os pesticidas azinfosetlico, malation, mevinfos, dicrotofos e carbofention,a ingesto ultrapassou o parmetro toxicolgico empelo menos uma regio metropolitana, apesar da%IDAN100 (Tabela 2). Dos 23 compostos identifi-cados como apresentando potencial risco sade doconsumidor brasileiro, 18 so inseticidas, sendo 16

    organofosforados e 5 fungicidas (benomil, dicloran,mancozeb, maneb e ziran).

    Em geral, a %IDA nas regies metropolitanas doNorte e Nordeste do Brasil foram menores que a daregio Sul, Centro-Oeste e Sudeste. A mdia das%IDA para os compostos da Tabela 2 foi de 780%em Belm, 810% em Recife, 870% em Fortaleza,890% em Salvador e So Paulo, 950% em Porto Ale-gre, 1.100% no Rio de Janeiro, Curitiba e Goinia,1.200% em Belo Horizonte e 1.300% no Distrito Fe-deral. Para os compostos da Tabela 2, que apresenta-ram %IDAN100, a ingesto ultrapassou a IDA emBelo Horizonte (5 compostos), Rio de Janeiro (1 com-posto), Curitiba (2 compostos), Distrito Federal (4compostos) e Goinia (1 composto).

    Para a maioria dos compostos da Tabela 2, um oudois alimentos foram identificados como os que maiscontriburam para a IDTM (>50% da ingesto to-tal). Os cereais de alto consumo pela populao bra-sileira (arroz e feijo), as frutas, principalmente asctricas, e o tomate foram os principais alimentosresponsveis pela ingesto. Em alguns casos obser-va-se que uma s cultura responsvel por quase

    Tabela 1 Pesticidas cuja ingesto diria terica mxima no ultrapassou a dose diria aceitvel em nenhuma regio metropolitanabrasileira, classificados segundo a %IDA nacional (%IDAN).

    %IDAN Pesticidas

    0-1% (n=126) Acido giberlico, acetamiprid, acetoclor, acifluorfen sodium, acrinathrin, alfacipermetrina, alloxydim-sodium, ametrina, azoxystrobin, benfuracarb, bentazon, bifenox, bispyribac sodium, bromacil, bromofs-etlico, butilato, butroxidim, cartap, clefoxydim, clormequat, clorambem, clorimuron etil, clofentezine,clomazone, cianamida hidrogenada, cianazina, cyclosulfamuron, cyfluthrin, cimoxanil, cipermetrina,cyproconazole, 2,4-DB, dicamba, dichlobenil, diclosulam, dimethenamid, dimetomorf, ditianona,endossulfan, EPTC, ethofenprox, ethoxysulfuron, etridiazlio, fenarimol, fenpropatrin, fenpropimorph,fentoato, flazasulfuron, flucythrinate, fludioxonil, flumetsulam, flumiclorac pentil, flumioxazin,fluquinconazole, fluroxipir, flutriafol, fluvalinate, fomesafen, fosetyl Al, ftalide, glifosato, guazatine,haloxifop methyl, haloxifop-R-methyl, hexaconazole, hexythiazox, imazamox, imazapic, imazapyr,imazaquin, imazethapyr, ioxinil, isoxation, izoxaflutole, kresoxim-metil, lactofen, metalaxyl M,methoxyfenoside, metolacloro, metribuzin, metsulfuron methyl, napropamida, nicosulfuron, norflurazon,orizalina, oxasulfuron, xido de fembutatina, oxicarboxin, pebulate, pencycuron, pendimetalina,permetrina, picloran, piracarbolide, pirazosulfuron etil, prometrina, propamocarb cloreto, propaquizafop,pyridate, pyrifenox, piriproxyfen, pyroquilon, quinclorac, quizalofop-p-ethyl, quizalofop-p-tefuryl,sethoxydim, simazina, spinosad, sulfometuron methyl, sulfosate (glifosate trimesium), teflubenzuron, terbacil,terbutilazina, thiamethoxan, thiobencarb, thiodicarb, tolclofos metil, tolylfluanid, triadimefon, triadimenol,triciclazol, tridemorph, triflumizole, triticonazole, vernolato, zetacipermetrina

    >1-5% (n=50) anilazina, atrazina, betacyflutrin, binapacril, bitertanol, bromofos, bromuconazole, buprofenzin, butacloro, carbosulfan, carboxin, chlorfenapyr, clorfluazuron, clortal dimetlico, clethodim, cyprodinil, deltametrina,difenamida, diflubenzuron, dinocap, epoxiconazole, esfenvalerate, fenoxaprop etill, fensulfotion, fluasifopebutil, flufenoxuron, formetanate HCl, formotion, furathiocarb, imidacloprid, isoprocarb, lufenuron, metalaxil,metaldeido, myclobutanil, ometoato, oxadiazon, oxadixil, oxifluorfem, propiconazole, pirazofos, piridaben,quintozene, sulfentrazone, tebufenozide, tidiazuron, triazofos, trifluralina, triforina, vinclozolina

    >5-10% (n=28) alaclor, amitraz, bifenthrin, brometo de metila, bromopro-pylate, ciromazina, diclofope metlico, edifenfos,fenpyroximate, fenvarelato, fosalona, hidrazida malica, IBP, imibencona-zole, iprodiona, MCPA, metamsodium, metomil, molinato, MSMA, paraquat, phostebu-purim, prochloraz, procimidone, quinome-tionato,triclopyr, triflumuron, vamidotion

    >10-20% (n=19) abamectin, carbendazim, clorfenvifos, clorotalonil, dalapon, diafentiuron, diuron, etefon, ethoprophos,fention, fipronil, folpet, forato, lambdacyhalothrin, metiram, oxamil, tetradifon, thiabendaz-lio, trifenilhidrxido de estanho

    >20-50% (n=28) captan, carbofuran, cyhexatin, 2-4-D, difenocona-zole, diquat, dodine, fenitrotion, fluazinam, fosfamidon,fosmet, fosthiazate, glufosinato de amnio, imazalil, linuron, methiocarb, monocroto-fs, piridafention,pirimicarb, propanil, propargita, propoxur, tebuconazo-le, terbufos, tiofanato metlico, tiram, triclorfon,trifenil acetato de estanho

    >50-80% (n=7) acefato, aldicarb, azocyclotin, demeton-S-metlico, naled, profenofos, tiometon.

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    toda a ingesto, como as frutas ctricas nos pesticidasmetidation e carbofenotion e o tomate em prothiofos.

    Para 11 compostos que apresentaram risco de in-gesto (Tabela 2), o parmetro toxicolgico utiliza-do para a caracterizao do risco (%IDA), isso , amenor IDA entre as fontes pesquisadas, foi obtidoda Agncia de Proteo Ambiental dos Estados Uni-dos (EPA). Para alguns compostos, as IDA obtidasdas fontes pesquisadas variaram em fatores de at1.000 vezes.3,7-10,13,18

    DISCUSSO

    A caracterizao do risco crnico da ingesto depesticidas pela dieta ser to melhor quanto melhorforem os dados utilizados no estudo, ou seja, quantomais prximos os dados estiverem de uma situaoreal de exposio. Muitas vezes, porm, a situaoreal difcil de ser obtida devido ausncia ou deficincia de dados, principalmente quanto con-centrao do pesticida e ao padro do consumo ali-mentar. Nesse sentido, essencial avaliar os resulta-dos obtidos, levando-se em conta a limitao dosdados utilizados.

    Idealmente, a concentrao do pesticida no alimen-to deve refletir o nvel de resduos presente no mo-

    mento do consumo. O Brasil no possui atualmenteum programa nacional de monitoramento de resduosde pesticidas em alimentos, e so escassos os dadosde resduos em alimentos prontos para serem consu-midos. Dessa maneira, os LMR estabelecidos pelalegislao brasileira so os nicos parmetros dispo-nveis para todos os pesticidas em todas culturas. Ouso de LMR, porm, altamente conservador e prevuma situao de exposio mxima, pois assume: (a)o consumo dirio de todos os alimentos para os quaisexiste LMR estabelecido, (b) que 100% da dieta serde alimentos que foram tratados com pesticidas, (c)que 100% da cultura tratada conter o pesticida emnvel mximo de resduo, e (d) que nenhuma dissipa-o ou degradao do pesticida ocorrer durante aestocagem, transporte e preparao do alimento, isso, o nvel de pesticida no momento do consumo serigual ao nvel encontrado no momento da colheita nocampo.

    Os LMR dos pesticidas em alimentos devem re-fletir o nvel de resduos encontrados no produto napoca da colheita, aps a cultura ter sido tratada deacordo com as boas prticas agrcolas: de acordo comas instrues contidas no rtulo do produto.1,2 Em1985, a Secretaria Nacional de Vigilncia Sanitriado Ministrio da Sade publicou as monografias dospesticidas registrados no Pas e seus limites mxi-

    EPA: Environmental Protection Agency (USA)1. Clculo da %IDA nacional utilizou o consumo mdio nacional; valores entre parnteses representam a faixa de %IDA, utilizan-do o consumo nas regies metropolitanas; 2. Os valores foram arredondados para 1 algarismo ou 2 algarismos significativos;20 3.Percentual de contribuio do alimento para a IDTM; 4. IDA utilizada no clculo da %IDA; 5. Inseticidas organofosforados; 6.LMR considerados como dissulfeto de carbono (CS2); A = Austrlia,

    18 C = Codex alimentarius,3 EPA = Agncia de ProteoAmbiental dos Estados Unidos,7-10 G = Alemanha.13

    Tabela 2 Pesticidas cuja ingesto diria terica mxima ultrapassou a dose diria aceitvel em pelo menos uma regiometropolitana.

    Pesticida %IDAN1,2 Alimento3 IDA4 Outras IDA

    (mg/kg pc/dia) (mg/kg pc/dia)

    Paration metlico5 9.300 (7.300-13.000) Frutas e cereais (61%) 0,00002 (EPA) 0,0002(A); 0,003 (C);0,02 (G)

    Diclorvos5 2.400 (1.700-3.400) Arroz (61%) 0,00017 (EPA) 0,0005 (A); 0,004 (C, G)Pirimifos metlico5 2.100 (1.700-3.700 Citros (66%) 0,00025 (EPA) 0,02 (A); 0,03 (C, G)Dissulfoton5 1.900 (1.500-2.300) Batata e feijo (60%) 0,000043 (EPA) 0,0003 (C); 0,001 (A)Mancozeb6 850 (610-1.300) Arroz e tomate (67%) 0,006 (A) 0,03 (C, G)Ziran6 890 (650-1.300) Citros (72%) 0,003 (C) 0,01 (A)Etion5 870 (720-1.100) Citros e feijo (53%) 0,0005 (EPA) 0,001 (A); 0,02 (C)Carbaril 660 (580-910) Citros, arroz e feijo (52%) 0,003 (C) 0,01 (A); 0,1 (EPA)Metamidofos5 460 (270-740) Batata e tomate (52%) 0,0001 (EPA) 0,0006 (A); 0,004 (G, C)Dicofol 420 (310-610) Citros (84%) 0,001(A) 0,002 (C)Diazinon5 330 (300-500) Frutas (46%) 0,0007 (EPA) 0,001 (A); 0,002 (C)Dimetoato5 380 (280-570) Citros (73%) 0,0005 (EPA) 0,002 (C); 0,01 (G);

    0,02 (A)Prothiofos5 270 (180-400) Tomate (96%) 0,0001 (A) -Maneb6 270 (210-350) Arroz, tomate, mamo, 0,005 (EPA) 0,03 (C, G)

    citrus e cebola (35%)Dicloran 140 (120-160) Feijo (69%) 0,01 (C) 0,07 (A)Metidation5 140 (100-210) Citros (99%) 0,001 (C, G) 0,0015 (EPA); 0,01 (A)Benomil 120 (95-160) Citros (48%) 0,006 (A) 0,1 (C); 0,05 (EPA)Fenamifos5 110 (80-140) Banana e batata (74%) 0,0001 (A) 0,00025 (EPA);

    0,0005 (G); 0,0008 (C)Azinfos etlico5 100 (80-140) Citrus (70%) 0,002 (A) -Malation5 90 (70-140) Cereais (54%) 0,002 (EPA) 0,3 (C)Mevinfos5 90 (60-120) Citros (50%) 0,0008 (C, A) -Dicrotrofos5 90 (70-130) Citros (79%) 0,0001 (EPA) -Carbofenotion5 70 (50-110) Citros (100%) 0,0002 (A)

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    mos de resduos em alimentos.1 Os dados tcnicosexigidos para o registro do produto eram limitados,e os LMR eram fornecidos pela indstrias. Para v-rios compostos, esses valores foram ratificados pos-teriormente, sem que novos dados fossem submeti-dos avaliao.1

    A partir de 1992, os LMR passaram a ser estabeleci-dos baseados em estudos supervisionados de campo,conduzidos no Pas de acordo com as boas prticas agr-colas aprovadas, dentro do programa de registro depesticidas previsto pela Lei Federal de Agrotxicos eseus decretos regulamentadores.1 Dos compostos mos-trados na Tabela 2, somente 6 foram registrados dentrodos novos parmetros (dicofol, dimetoate, dissulfoton,mancozeb, metidation e prothiofos). Recentemente, aSecretaria Nacional de Vigilncia Sanitria proibiu oregistro de novos produtos base de paration metlicoe metamidofos e determinou prazo para a reavaliaodesses compostos.1

    Sabendo-se que os resduos remanescentes no ali-mento aps o uso do pesticida dependem, entre ou-tros, de fatores regionais, como clima e solo,2 pro-vvel que os LMR estabelecidos em 1985, que noforam necessariamente baseados em estudos condu-zidos no Pas, no reflitam as prticas atuais de usodo pesticida. Quando nenhum resduo encontradono alimento, aps o uso do pesticida de acordo comas boas prticas agrcolas, o LMR estabelecido nolimite de quantificao do mtodo analtico. Com oavano da instrumentao analtica, o limite dequantificao para vrios compostos decresceu sig-nificativamente nos ltimos 15 anos. O uso de LMRestabelecido em 1985 no limite de quantificao podesignificar uma superestimativa adicional no clculoda exposio.

    Nos Estados Unidos, a EPA inicia o estudo de ava-liao com a metodologia mais conservadora, utili-zando limites mximos, incorporando posteriormentedados disponveis de percentagem da cultura trata-da, de monitoramento, de resduos baseados em es-tudos de campo e de resduos em alimentos prontospara o consumo.8,9 Para o paration metlico, porexemplo, a %IDA inicialmente calculada foi>2.000%, mas foi reduzida para

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    Risco da ingesto de pesticidas pela dietaCaldas ED & Souza LCKR

    mana.2,5 Os estudos so conduzidos principalmentepelas indstrias de pesticidas e submetidos aos Go-vernos no processo de registro, ou ao Grupo de Peri-tos em Resduos de Pesticidas da FAO/OMS, paraavaliao e recomendao ao Codex Alimentarius.2,3

    Dentre os vrios aspectos que influenciam o valorda IDA, um dos mais importantes o fator de segu-rana. Esse fator, que normalmente varia entre 10 e10.000, aplicado ao valor da dose do pesticida queno causou nenhum efeito adverso numa populaoexposta (no-observed-adverse-effect-level, NOAEL),de maneira a estabelecer a dose segura no homem.2,5Na maioria das vezes, o NOAEL dividido pelo fatorde segurana 100, o qual se refere extrapolao paraa espcie humana (10x) e variao de susceptibili-dade encontrada no homem (10x).5,20 Porm, fatoresadicionais podem ser aplicados quando o governoavalia que os estudos so incompletos, de baixa qua-lidade, ou que h a necessidade de se proteger umgrupo especial da populao humana.7 Dessa manei-ra, para um mesmo estudo, diferentes fatores de segu-rana podem ser aplicados ao NOAEL, levando aoestabelecimento de diferentes IDA. Alm disso, paraum mesmo pesticida, diferentes estudos podem sersubmetidos a diferentes governos ou agncias, levan-do tambm ao estabelecimento de valores distintos.

    O terceiro parmetro utilizado no estudo de avalia-o de risco o consumo alimentar. Idealmente, da-dos de consumo devem refletir o hbito alimentar dosvrios grupos dentro de uma populao, de acordocom a regio, idade, status nutricional, status econ-mico e sexo.19,20 Os dados de consumo alimentar doIBGE,15 utilizados no presente estudo, foram geradosprincipalmente para refletir a despesa diria com ali-mentao da famlia brasileira, de diferentes classessocioeconmicas, nas vrias regies metropolitanasdo Brasil.15 Apesar de serem os mais recentes e osnicos dados de consumo disponveis no Pas, os mes-mos podem no ser os mais apropriados para estimara exposio de pesticidas por meio de dieta.

    Os dados de consumo utilizados pelo Grupo dePeritos em Resduos de Pesticidas da FAO/OMS,para conduzir o estudo no mbito internacional, pre-tendem refletir a dieta de cinco regies do planeta:Oriente Mdio, sia, frica, Amrica Latina e Eu-ropa. Esses dados geralmente so baseados na pro-duo, importao e exportao de alimentos dospases e so provavelmente 15% maiores que o con-sumo mdio real.19 Dados de consumo utilizados pelaEPA so originados de dois programas de pesquisade consumo alimentar e provm de uma figura re-presentativa dos hbitos alimentares dos vrios seg-mentos da populao americana.8,9,21

    Como os limites mximos de resduos so nacio-nais, as %IDA nas regies metropolitanas vo de-pender do perfil de consumo alimentar em cada re-gio. O consumo mdio nacional de frutas ctricas,por exemplo, de 15,3 kg/ano, com o menor consu-mo em Fortaleza (11,5 kg/ano) e o maior em BeloHorizonte (23,4 kg/ano). Esse alto consumo res-ponsvel pela maior %IDA encontrada em BeloHorizonte no caso de compostos para os quais a in-gesto de frutas ctricas a principal responsvel pelaingesto (Tabela 2). Com exceo do dicloran, to-dos os compostos da Tabela 2 apresentam maior%IDA nas regies Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Amaior %IDA para o dicoloran foi encontrada emFortaleza, Salvador e Rio de Janeiro, devido princi-palmente ao alto consumo de feijo nessas regies.16

    Dos 23 compostos que apresentaram potencialde risco, 16 so inseticidas organofosforados (Ta-bela 2). Os organofosforados inibem a ao daacetilcolinesterase, enzima responsvel pelainativao do neurotransmissor acetilcolina, e aexposio crnica a esses compostos tem sido re-lacionada com cncer, efeitos teratognicos,toxicidade reprodutiva, deficincia cognitiva ealteraes comportamentais e funcionais.6

    Crianas apresentam o sistema de defesa a vriosxenobiticos, no completamente desenvolvido, epossuem a taxa de ingesto de alimentos por pesocorpreo maior que os adultos, o que pode submeteressa faixa da populao a um risco maior.6,7 Um es-tudo recente conduzido nos Estados Unidos,21 utili-zando os dados mais recentes dos rgos oficiaisamericanos de consumo alimentar, concentrao depesticidas em alimentos e parmetros toxicolgicos,concluiu que mais de um milho de crianas abaixode 5 anos, naquele pas, esto expostas diariamentea doses no seguras de inseticidas organofosforados.O estudo americano assumiu uma exposio cumu-lativa dos inseticidas, como recomendado pelo FoodQuality Protection Act.7 Nessa metodologia, a in-gesto de todos os organofosforados combinada ecomparada com o menor parmetro toxicolgico dogrupo. Se a exposio cumulativa fosse aplicada nopresente estudo, o valor da %IDA para o grupo dosinseticidas organofosforados seria muito superior aosmostrados na Tabela 2.

    Doll & Peto4 estimaram que 35% de todo o cncerna populao americana tem origem na dieta, sendoos pesticidas presentes nos alimentos um dos res-ponsveis. No h estudos similares no Brasil, po-rm essencial que os rgos de sade competentesimplementem aes para diminuir ao mximo o n-vel de exposio da populao aos pesticidas e eli-

  • 536536536536536 Rev Sade Pblica 2000;34(5):529-37www.fsp.usp.br/rsp

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    minar o potencial risco crnico que possa existirdevido ao consumo de alimentos tratados. Algumasdessas aes seriam: implementar um programa nacional de moni-

    toramento de resduos de pesticidas que priorizeos compostos com maior problema de exposi-o identificados no presente estudo, e as prin-cipais culturas responsveis pela ingesto;

    priorizar a reavaliao dos compostos identifica-dos nesses estudos dentro dos parmetros de re-gistro definidos pelo Decreto Lei 98.816;

    gerar dados de consumo alimentar relacionados aestudos de avaliao de risco de pesticidas econtaminantes, de maneira a melhor refletir o h-bito alimentar das vrias faixas etrias da popula-o brasileira;

    apoiar projetos institucionais que possam gerar da-dos que possibilitem o refinamento do estudo deavaliao de risco, incluindo nveis de resduosem alimentos prontos para consumo e fatores dereduo de resduos aps o processamento, entreoutros;

    implementar o estudo de avaliao de risco, no pro-cesso de registro de pesticidas, e disponibilizar paraa populao geral os seus resultados, bem como oparmetro toxicolgico utilizado no estudo.

    Alm da avaliao da exposio crnica a resduosde pesticidas, a exposio aguda j faz parte do pro-cesso de registro de vrios governos8,9 e, no mbitointernacional, foi iniciada em 1999 pela FAO/OMS.12O estudo de avaliao do risco agudo avalia os riscosda ingesto de pesticida pelo consumo de uma nicaporo do alimento. Recentemente, a EPA restringiuo uso de paration metlico baseado no estudo de ava-liao de risco agudo, apesar de o estudo de risco cr-nico no identificar problemas de exposio.9

    Alimento seguro significa sade e qualidade de vida.A garantia de alimento livre de contaminantes essen-cial para a preveno de doenas, principalmente numpas como o Brasil, onde uma parte considervel desua populao enfrenta srios problemas de carncianutricional e de acesso ao sistema pblico de sade.

    REFERNCIAS

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