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LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

MARCELO CRIVELLAPREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

CÉSAR BENJAMINSECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

MARIA DE NAZARETH MACHADO DE BARROS VASCONCELLOSCOORDENADORIA DE EDUCAÇÃO

MARIA DE FÁTIMA CUNHAGERÊNCIA DE ENSINO FUNDAMENTAL

GINA PAULA CAPITÃO MORORGANIZAÇÃO

GINA PAULA CAPITÃO MORSARA LUISA DE OLIVEIRA LOUREIROELABORAÇÃO

ELISABETE MARTINS FEIO BRANDTLEILA CUNHA DE OLIVEIRAREVISÃO

FÁBIO DA SILVAMARCELO ALVES COELHO JÚNIORDESIGN GRÁFICO

EDIGRÁFICAIMPRESSÃO

» EDI 01.01.801 Parque Alegria» E.M. 09.18.0061 AMAZONAS» E. M. 01.03.502 Canadá» E. M. 01.02.007 Orlando Villas Boas

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TREM-BALAAna Vilela

Não é sobre terTodas as pessoas do mundo pra siÉ sobre saber que em algum lugarAlguém zela por tiÉ sobre cantar e poder escutarMais do que a própria vozÉ sobre dançar na chuva de vidaQue cai sobre nós

É saber se sentir infinitoNum universo tão vasto e bonitoÉ saber sonharE, então, fazer valer a pena cada versoDaquele poema sobre acreditar

Não é sobre chegar no topo do mundoE saber que venceuÉ sobre escalar e sentirQue o caminho te fortaleceuÉ sobre ser abrigoE também ter morada em outros coraçõesE assim ter amigos contigoEm todas as situações

A gente não pode ter tudoQual seria a graça do mundo se fosse assim?Por isso, eu prefiro sorrisosE os presentes que a vida trouxePra perto de mim

Não é sobre tudo que o seu dinheiroÉ capaz de comprarE sim sobre cada momentoSorriso a se compartilharTambém não é sobre correrContra o tempo pra ter sempre maisPorque quando menos se esperaA vida já ficou pra trás

Segura teu filho no coloSorria e abrace teus paisEnquanto estão aquiQue a vida é trem-bala, parceiroE a gente é só passageiro prestes a partir[...]

https://www.vagalume.com.br/ana-vilela/trem-bala.html

Querido aluno,Querida aluna,

O ano já está quase chegando ao fim! Quantas experiências você viveu neste período! Você, com certeza, não é a mesmapessoa que era lá no começo do ano. Você foi desafiado a ler e... a crescer.

E o desafio continua! A vida segue e logo você começará uma nova fase. Vamos, então, aproveitar este último bimestre! Nestecaderno, você vai ler sobre tempo, escolhas, felicidade, gentileza, amor... O cardápio de textos tem poemas, crônicas, propagandas, artigosde opinião, trechos de romance, letras de canção... A leitura vai ajudá-lo a refletir sobre a vida. Como está a vida? Que vida queremosconstruir?

Bom trabalho!

TEXTO 1 1. Na letra da canção é estabelecido umparalelo entre o que é e o que não é a vida.Retire do texto os trechos que iniciam versose constroem essa ideia.__________________________________________________________________________

2. O texto se utiliza da linguagem figurada,conotativa. Explique as metáforas construídasnos versos:

a) “Não é sobre chegar no topo do mundoE saber que venceuÉ sobre escalar e sentirQue o caminho te fortaleceu”______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

a) “Que a vida é trem-bala, parceiroE a gente é só passageiro prestes a partir”_______________________________________________________________________________________________________________

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PÁGINA 3LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

O que é, o que é?Gonzaguinha

Eu fico com a purezaDa resposta das criançasÉ a vida, é bonitaE é bonita

ViverE não ter a vergonhaDe ser felizCantar e cantar e cantarA beleza de serUm eterno aprendiz

Ah meu Deus!Eu sei, eu seiQue a vida devia serBem melhor e seráMas isso não impedeQue eu repitaÉ bonita, é bonitaE é bonita

https://www.letras.mus.br/gonzaguinha/463845/

“Pois aqui está a minha vida.Pronta para ser usada.Vida que não se guardanem se esquiva, assustada.Vida sempre a serviçoda vida.Para servir ao que valea pena e o preço do amor.” [...]Thiago de Melo

MELLO, Thiago de. Faz escuro mas eu canto. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,1999.

PRODUÇÃO DE TEXTO. Leia os textos e seguir e se inspire.3 . Cite um aspecto da vida que é criticado no texto e outro que é exaltado.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Retire do texto um verso que mostre a interlocução com o leitor.____________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Na última estrofe, leia osverbos dos dois primeirosversos. Que tom elesreforçam no texto?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Agora, o seu desafio é escreversobre a vida...

Em folha à parte deste caderno,escreva um texto (uma crônica, umpoema, um texto de opinião...) a partirdas seguintes indagações:

O que você quer e o que vocênão quer que faça parte da sua vida?Que vida você quer construir?

PROPOSTA

https://tirasarmandinho.tumblr.com

http://ww

w.m

acanudo.com.ar/

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3. Alguns desses desejos aparecem no texto com um conselho a mais.Observe:“[...] E que você descubraQue rir é bomMas que rir de tudoÉ desespero...[...]”

Marque a palavra que liga as ideias e indique a relação que ela estabelece.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Segundo o texto, para que servem os inimigos?____________________________________________________________________________________________________________________________

5. No trecho “Eu desejo/ Que você ganhe dinheiro/Pois é preciso/Vivertambém/ E que você diga a ele /Pelo menos uma vez/Quem é mesmo/O donode quem...”:a) diga a quem se refere o termo destacado. _________________________b) explique que relação é estabelecida pelo conectivo POIS. ___________________________________________________________________________c) explique o que significa “ser dono” nesse trecho?____________________________________________________________d) Escreva um parágrafo, explicando como deve ser a relação do ser humanocom o dinheiro, segundo o texto. Escreva no seu caderno.6. Após a leitura, você infere que o amor é um sentimento inabalável e quenunca muda? Explique.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

TEXTO 2AMOR PRA RECOMEÇARFrejat/Mauricio Barros/Mauro Sta. Cecília

Eu te desejoNão parar tão cedoPois toda idade temPrazer e medo...E com os que erramFeio e bastanteQue você consigaSer tolerante...Quando você ficar tristeQue seja por um diaE não o ano inteiroE que você descubraQue rir é bomMas que rir de tudoÉ desespero...[...]Eu te desejo muitos amigosMas que em umVocê possa confiarE que tenha atéInimigosPra você não deixarDe duvidar...[...]

DesejoQue você tenha a quem amarE quando estiver bem cansadoAinda exista amorPra recomeçarPra recomeçar...Eu desejoQue você ganhe dinheiroPois é precisoViver tambémE que você diga a elePelo menos uma vezQuem é mesmoO dono de quem...DesejoQue você tenha a quem amarE quando estiver bem cansadoAinda exista amorPra recomeçar...

Vamos ler mais uma letra de canção. Ao longo dos versos,o eu poético expressa vários bons desejos. Observe queesses desejos são dirigidos a alguém, seu leitor/interlocutor.

1. Marque na letra da canção dois versos que mostrem o diálogo com o leitor.

2. O eu do texto declara o que ele deseja ao leitor. Enumere esses

desejos, parafraseando a letra da canção.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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CANTIGA QUASE DE RODA

Na roda da vidalá vai o meninotrazendo contenteum canto no peitona fronte uma estrela.

Mal chega e descobreque o mundo é feroze o tempo é de sombras.Os homens caminhamcalados, sozinhos,com medo de amar.

De pena, o meninocomeça a cantar.(Cantigas afastamas coisas escuras.)

Porquanto ele sabeque os homens, emborase façam de fortes,se façam de grandes,no fundo carecemde aurora e de infância.

Na roda do mundo,ao lado dos homens,lá vai o meninorodando e cantandoseu canto de amor.

Um canto que façao mundo mais manso,cantigas que tornema vida mais limpa,um canto que façaos homens mais crianças.

O menino entrega ao mundoo dom da sabedoriaque nasce do coração.Porque é de amor e de infânciaque o mundo tem precisão.

MELLO, Thiago de. Faz escuro mas eu canto. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,1999.

TEXTO 3

Você leu, anteriormente, uma letra de canção. Sua estrutura se assemelha muito a de um poema, gênero que você estudou no bimestre passado Você vai ler a seguir um poema. Observe a semelhança na estrutura dos dois textos.

Thiago de Mello nasceu em 1926, na cidade de Barreirinha, no Amazonas. Foi aluno interno do Colégio Batista, no Rio de Janeiro, por volta de1942, e estudou na Faculdade Nacional de Medicina, mas não concluiu o curso. Foi amigo pessoal de Manuel Bandeira, Carlos Drummond deAndrade e de Pablo Neruda [...]. Adaptado de http://editora.cosacnaify.com.br/Autor/287/Thiago-de-Mello.aspx

1. Qual o sentimento do menino, na 1.ª estrofe?_______________________________________________________________

2. Qual o sentido da expressão “Mal chega” que inicia a segunda estrofe?_______________________________________________________________

3. Por que o menino começa a cantar na terceira estrofe?_______________________________________________________________

4. Explique o uso dos parênteses na terceira estrofe._______________________________________________________________

5. Qual a relação estabelecida entre a terceira e a quarta estrofes pela palavradestacada em “Porquanto ele sabe”?_______________________________________________________________

6. Qual o sentido da palavra “precisão” na última estrofe?_______________________________________________________________

7. No texto, pode-se perceber uma visão negativa do tempo e do mundo.Sublinhe, no poema, versos que comprovem essa afirmativa.

8. Você sabe que, para ler um poema, é preciso... desconfiar! Então, explique:o que simboliza o menino no poema? Se, ao invés de “menino”, o textodissesse “adulto”, ou simplesmente “rapaz”, “homem”... o que essa mudançacausaria no sentido do texto?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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TEXTO 4

[...]

(para ser cantada com a música daBachiana n.º 2, Tocata, de Villa-Lobos)

lá vai o trem com o meninolá vai a vida a rodarlá vai ciranda e destinocidade e noite a girarlá vai o trem sem destinopro dia novo encontrarcorrendo vai pela terra

vai pela serravai pelo mar

cantando pela serra do luarcorrendo entre as estrelas a voar

no arno ar [...]

GULLAR, Ferreira. Poema sujo. In: Poesia completa, teatro e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008.

1. Observe os versos 1 e 2 do texto 3. Transcreva do texto 4 os versos que mantêm com eles uma semelhança de significado._____________________________________ _______________________________________________________________________

2. No Texto 4 a palavra trem é usada como uma metáfora. Que relação de semelhança essa metáfora estabelece?_____________________________________________________________________________________________________________

Link para ouvir a canção:https://youtu.be/NpzaNtJ_22A

TEXTO 3CANTIGA QUASE DE RODA

Na roda da vidalá vai o meninotrazendo contenteum canto no peitona fronte uma estrela.

Mal chega e descobreque o mundo é feroze o tempo é de sombras.Os homens caminhamcalados, sozinhos,com medo de amar.

De pena, o meninocomeça a cantar.(Cantigas afastamas coisas escuras.)

Porquanto ele sabeque os homens, emborase façam de fortes,se façam de grandes,no fundo carecemde aurora e de infância.

Na roda do mundo,ao lado dos homens,lá vai o meninorodando e cantandoseu canto de amor.

Um canto que façao mundo mais manso,cantigas que tornema vida mais limpa,um canto que façaos homens mais crianças.

O menino entrega ao mundoo dom da sabedoriaque nasce do coração.Porque é de amor e de infânciaque o mundo tem precisão.

MELLO, Thiago de. Faz escuro mas eu canto. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,1999.

A seguir, apresentamos novamente o poema de Thiago de Mello, para você comparar com um poema de Ferreira Gullar.

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TEXTO 5CHAMAVA-SE AMARELO

Nasci em Cachoeiro de Itapemirim, em uma casa à beira de um córrego, o Amarelo, poucos metrosantes de sua entrada no rio Itapemirim. Eu devia ser ainda de colo quando meu pai derrubou essa casa e comprououtra do outro lado do córrego. Desde muito pequenos, antes da idade de se aventurarem pelas correntezas do rio edepois pelas ondas do mar, os meninos da casa brincavam no Amarelo.

A gente passava as horas de folga ali, pescando de anzol quando o córrego estava cheio, ou depeneira, quando ele estava raso. A fauna não era muito variada: piabas (que no Espírito Santo para o Norte é o que noSul chamam de lambari); carás, dourados, um peixe de fundo que a gente chamava moreia, e que não pinicava a isca,dava um puxão longo inconfundível; outro de boca maior chamado cumbaca; pequenos mandis que ninguém comia eduas ou três espécies de camarão, entre os quais um que a gente chamava de lagosta porque tinha para mais de vintecentímetros. [...]

Conhecíamos o nosso pequeno trecho de córrego palmo a palmo, desde a cachoeirinha em que ele sedespencava do morro até a beira do rio − cada pedra, cada tufo de capim, cada tronco atravessado, cada pé deinhame ou de taioba. [...]

Um pouco para cima o córrego formava um açude fundo, que em alguns lugares não dava pé. De umlado havia árvores grandes, de sombra muito suave, de outro era a aba do morro. A gente escorregava do alto domorro, pelo capim, cada um sentado em uma folha de pita ─ tchibum n´água! Com troncos de pita ou de bananeira,improvisávamos toscas jangadas amarradas a cipó. O córrego e seu açude eram uma festa permanente para nós.

O açude não existe mais.O açude não existe mais e o córrego está morrendo. Sempre que vou a Cachoeiro o vejo, porque nossa

casa continua a mesma. Há coisa de quatro meses estive lá, e fui até a ponte dar uma espiada no córrego. Embora noúltimo inverno tenha chovido bem por aquelas bandas, o Amarelo estava tão magrinho, tão sumido. Tão feio, que mecortou o coração. Era pouco mais que um fio d´água escorrendo entre as pedras, a foz quase entupida de areia.

[...]O Brasil está secando. A gente lê nos jornais artigos sobre desflorestamento, necessidade de proteger

os cursos d´água, essas coisas que desde criança a gente sabe porque lê nos artigos de jornais. [...]Não, esta crônica não pretende salvar o Brasil. Vem apenas dar testemunho, perante a História, a

Geografia e a Nação, de uma agonia humilde: um córrego está morrendo. E ele foi o mais querido, o mais alegre, omais terno amigo de minha infância.

BRAGA, Rubem. Casa dos Braga: memória de infância. Rio de Janeiro: Record, 1997.

Leia a seguir a crônica de Rubem Braga que fala de memórias de infância.

pensador.com

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1. No primeiro parágrafo, pode-se perceber uma diferença entre o rio e o córrego existentes na cidade do cronista. Que diferença é essa?

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2. No trecho “A gente passava as horas de folga ali [...]” (segundo parágrafo), a que se refere a palavra destacada?

___________________________________________________________________________________________________________

3. Qual o significado da palavra pinicava, no segundo parágrafo?

___________________________________________________________________________________________________________

4. Por que pode-se entender que o córrego e o açude eram uma festa permanente para os meninos?

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___________________________________________________________________________________________________________

5. No quarto parágrafo, existe uma onomatopeia (figura de linguagem que representa um som, um ruído). Transcreva-a.

__________________________________________________________________________________________________________

6. No sexto parágrafo, pode-se observar o que mudou e o que não mudou, segundo o narrador. Transcreva esses trechos.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

7. Segundo o cronista, qual o objetivo dessa crônica?

_________________________________________________________________________

CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM

gazetaonline.com.br

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TEXTO 6ERA UMA VEZKell SmithEra uma vezO dia em que todo dia era bomDelicioso gosto e o bom gosto das nuvensSerem feitas de algodãoDava pra ser herói no mesmo diaEm que escolhia ser vilãoE acabava tudo em lancheUm banho quente e talvez um arranhãoDava pra ver, a ingenuidade a inocênciaCantando no tomMilhões de mundos e os universos tão reaisQuanto a nossa imaginaçãoBastava um colo, um carinhoE o remédio era beijo e proteçãoTudo voltava a ser novo no outro diaSem muita preocupação

É que a gente quer crescerE quando cresce quer voltar do inícioPorque um joelho raladoDói bem menos que um coração partidoÉ que a gente quer crescerE quando cresce quer voltar do inícioPorque um joelho raladoDói bem menos que um coração partido

Dá pra viverMesmo depois de descobrir que o mundo ficou mauÉ só não permitir que a maldade do mundoTe pareça normalPra não perder a magia de acreditar na felicidade realE entender que ela mora no caminho e não no final[...]Era uma vezhttps://www.letras.mus.br/kell-smith/era-uma-vez/

1. Transcreva da letra da canção a expressão que remete aos contos defada e, por extensão, à infância._____________________________________________________________

2. Que versos da letra da canção nos falam de brincadeira de criança?________________________________________________________________________________________________________________________

3. Transcreva da primeira estrofe uma comparação.__________________________________________________________________________________________________________________________

4. Que visão da infância está presente no primeiro parágrafo?__________________________________________________________________________________________________________________________

5. Transcreva os versos em que existe uma contradição.__________________________________________________________________________________________________________________________

6. O que se refere à infância e à adolescência ou idade adulta nos versos“Porque um joelho ralado /Dói bem menos que um coração partido”

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7. Que mensagens do eu lírico pode-se perceber na última estrofe?__________________________________________________________________________________________________________________________

Ao lado, mais uma letra de canção em que o eu poético se remete aosbons tempos da infância.

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PÁGINA 10LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

S.O.S. ÓCIO!Zélia DuncanPrecisamos passar pelo ponto zero do ócio de tempos em tempos.Dá até um desânimo pensar na quantidade massiva de informações que o mundo moderno

nos proporciona e em quantos por cento realmente precisamos e apreendemos pra nossa vida.Provavelmente muito, muito menos do que qualquer aplicativo possa calcular. E esse ritmofrenético é mesmo tão viciante quanto inútil. Numa aula, o Professor(a) comentou que um sábio,portanto um estudioso na Idade Média, demoraria um ano e meio para receber a quantidade deinformações a que temos acesso em apenas um dia desses conectados que vivemos atualmente.Ao mesmo tempo em que é maravilhoso, me parece angustiante sentar diante de um computadorcom um objetivo e ir se deixando levar, feito toco de enchente, encostando em descaminhos,perdendo o foco, lendo desimportâncias, a ponto às vezes de esquecer totalmente o motivooriginal da busca. Jura que você nunca passou por isso? E como isso devora nosso tempo!

Uma vez, época de colégio, em pleno ano que precedia o vestibular, no meio daquelesbombardeios de matérias e ameaças que sempre rondam essa fase, uma colega de classe meio“riponga”, que sempre me pareceu um tanto aérea, levantou devagar e escreveu no quadro:“S.O.S. ÓCIO”. Aquilo me sacudiu. Não só o som produzido, que é ótimo, mas o que queria dizer.Na hora achei algo meio excêntrico demais, mas minha imaturidade não me impediu de decorar afrase e sempre me reportar a ela, com gratidão. Hoje eu entendo isso com força. O ócio é o pontozero, por onde todos precisamos passar de tempos em tempos. É a respirada profunda antes dapróxima nota, é aquela alongada lenta que precede o mergulho, o sono profundo antes do árduopercurso.

Um bom exercício pra ansiedade contemporânea pode ser não postar a si mesmo ou suasexperiências íntimas o tempo todo. Sei lá, se a comida tá boa, raspe o prato. Se o lugar é bonito,não perca nada. Se o show tá incrível, não desvie os ouvidos, nem os olhos. Outro dia alguémpostou um momento bem ruim, uma expressão carregada e mal-humorada, baixo astral, dizendoque tinha acordado daquele jeito e que era isso a vida etc. Pra que mesmo? Sim, pra chamar aatenção, mas dá vontade de dividir disso? Você envia pra rede a sua cara feia e se sente melhor?Fico com Alice Ruiz, “atenção, essa vida contém cenas explícitas de tédio nos intervalos daemoção”. Ninguém escapa de acordar irreconhecível, mas não é essa a minha parte que queroesfregar na cara do mundo.

TEXTO 7

O texto que você vai ler a seguir também fala da passagem do tempo, mas comuma outra abordagem. Observe.

Que tal combinar com seu(sua) Professor(a) a leitura do texto? A opção da forma deleitura pode ser da turma: leitura individual ou coletiva.

1. O que significa a expressão destacada notrecho “[...] me parece angustiante sentar diantede um computador com um objetivo e ir sedeixando levar, feito toco de enchente”?________________________________________________________________________________

2. Retire do texto um trecho de interlocução diretada cronista com seu leitor.________________________________________________________________________________3. Releia atentamente o trecho: “Ao mesmotempo em que é maravilhoso, me pareceangustiante sentar diante de um computador comum objetivo e ir se deixando levar...”Que relação se estabelece entre “Ao mesmotempo em que é maravilhoso” e “me pareceangustiante sentar diante de um computador comum objetivo e ir se deixando levar...”?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. No quarto parágrafo, indique uma opinião dacronista.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Marque no texto um trecho em que ocorre umarepetição de condições.

Continua...

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PÁGINA 11LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

O que significa S.O.S.?A maioria das siglas é acrônimo, ou seja, uma palavra formada pelas iniciais de um termo. Mas esse não é o caso do S.O.S., que foiinventado como um sinal de socorro em código Morse. A sequência de dígitos "• • • - - - • • •" foi escolhida, no século passado, pelasua facilidade e neutralidade. Os três pontos correspondem a "S" e os três espaços a "O". Mais tarde, a sigla começou a serassociada a termos como "Save our souls" ("Salve nossa alma"), "Save our seamen" ("Salve nossos marinheiros") e "Save our ship"("Salve nosso navio"), entre outras. Todos surgiram na cultura popular como forma de associar o S.O.S. ao seu sentido desegurança, salvamento ou resgate, mas nenhum deles é oficialmente válido.

Adaptado de Revista Mundo Estranho, Edição 105.

ContinuaçãoMoska diz, numa canção, que “o vazio é o meio de transporte pra quem tem coração cheio”. Ah, o desejo de se esvaziar… é disso que

se trata almejar o nirvana e fazer meditação. Virar de novo um papel em branco. O cheiro fresco do dia nascendo não se repete ao longo dasoutras horas. Parece que as pessoas que escolhem essa conexão com o silêncio, com um mundo de menos palavras proferidas, conseguemse conectar com valores menos selvagens, não? Acredito que tudo o que consegue se desprover de desejo seja mais apaziguador. Parar umpouco de querer. Ser livre deve parecer com isso. O desafio é conseguir domar a fera que deseja, mas não eliminá-la, pois sem ela a vidacertamente vai virar um isopor, sem sabor de nada. Temos que querer levantar de manhã, o que já requer muita imaginação e força. Talvezdesejar ter menos fosse uma solução pra muitos dos nossos problemas e frustrações. Não abrir mão do desejo pela vida, mas desejar umavida mais despojada, quem sabe.

6. Após a explicação sobre o significado de S.O.S, relacione-a ao título do texto.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7. Qual a tese defendida no texto?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8. Que expressão, nesse parágrafo, retoma o ato de se esvaziar?__________________________________________________________________________________________________________________

9. O que seria uma vida mais “despojada”, segundo o texto? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Continua...

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Para saber mais!

O navegador Amyr Klink énatural de São Paulo. Começou afrequentar a região de Paraty (RJ)com a família quando tinha apenasdois anos de idade. Essa cidadehistórica do litoral fluminense é olugar que o inspirou a viajar pelomundo.

Em 1986 realiza a primeira desuas 15 viagens à Antártica. Navolta, começa a construção doParatii. Com esse barco, em 1989,estreia como velejador em umaviagem solitária que duraria 642dias, passando sete meses e meioimóvel em uma invernagemantártica. Navega, ao todo, por 27mil milhas – viagem descrita emParatii, Entre Dois Polos.

Adaptado de http://www.amyrklink.com.br/pt/biografia/

ContinuaçãoO isolamento de um monge, um astronauta sem gravidade, uma freira enclausurada. Um

mergulhador de águas profundas, que visita naufrágios antigos, um ermitão. Amir Klink é alguém queadmiro, que tem uma expressão de quem achou alguma coisa única nessa vida. Tantas horas sozinho,olhando horizontes após horizontes, é certamente uma viagem ao contrário, pra dentro de si. A partir deum certo momento, ele levou consigo a família, quis dividir a descoberta! E que graça tem um segredo senão a possibilidade de contar a alguém, ainda que fique guardado por muito tempo ou até pra sempre?

Ninguém precisa mudar pra uma caverna ou uma cabana no meio do nada, mas exercitar um poucoalgumas alternativas para desacelerar pode ser uma grande descoberta no cotidiano. Eu descobri meujeito: abro a porta e saio correndo! A corrida virou, pra mim, esse lugar onde, paradoxalmente, faço parartudo à minha volta. Sem telefone, apenas o relógio GPS e o tênis, com os quais eu espero sempreencontrar o caminho de volta pra casa, corro em qualquer canto. A corrida é democrática, não precisa dequadra, bola, nem de outras pessoas. É solitário, é você negociando com seu corpo e sua cabeça,especialmente nas longas distâncias. Também ajuda a pensar, e, enquanto penso, falo menos e sintomais.

O Globo, 26/06/2015.

10. Cite um argumento utilizado para defender a tese._____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

11. Qual o significado da expressão destacada no trecho “A corrida virou, pra mim, esse lugar onde,paradoxalmente, faço parar tudo à minha volta.”?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

12. Que relação é estabelecida pelo termo destacado no trecho “[...] enquanto penso, falo menos.”?_______________________________________________________________________________________

O texto “S.O.S. ócio!” dialoga comoutros textos, inclusive fazendocitações. Leia a letra da canção“Atenção”, citada no texto.

ATENÇÃOAlice Ruiz

Essa vida contém cenas explícitas de tédio / Nos intervalos da emoção

Atenção / Quem não gostar que conte outra,/ encontre, corra atrás,/ enfrente, tente, invente / sua própria versão

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TEXTO 8GENTILEZA, O SEGREDO DA FELICIDADE

Atitudes de carinho, respeito e atenção trazem mais benefícios do que você imagina. Doçura e gentileza, além de ajudar os outros, nosdeixam mais felizes e também nos ajudam a viver mais.

Claire Buckis.

Muito do que torna a vida mais difícil – uma batidinha no carro, uma porta que alguém não segurou quando você passou – se deve à faltade consideração. Imagine só como seria o mundo se todos fossem um pouquinho mais gentis. Ao tentarmos entrar numa rua movimentada, porexemplo, alguém nos cede a passagem. No supermercado, você deixa alguém apressado entrar na sua frente na fila do caixa. No metrô lotado,você se levanta para dar lugar a quem parece cansado.

Uma nova teoria, chamada “sobrevivência do mais gentil”, diz que foi graças à gentileza que a espécie humana prosperou. O Professor(a)Sam Bowles, do Instituto Santa Fé, nos Estados Unidos, analisou sociedades antigas e verificou que a gentileza era componente fundamentalda sobrevivência das comunidades. “Grupos com muitos altruístas tendem a sobreviver”, diz ele. “Os altruístas cooperam e contribuem para obem-estar dos outros integrantes da comunidade.”

Isso quer dizer que temos em nós a capacidade de ajudar os outros, principalmente os que nos são próximos, a fim de garantir nossasobrevivência.

Sobre gentileza: a doçura traz felicidadeA pesquisa demonstra que a gentileza também pode nos deixar mais felizes. A Professor(a)a Sonja Lyubomirsky, da Universidade da

Califórnia, pediu aos participantes de um estudo que praticassem ações gentis durante dez semanas. Ela verificou que a felicidade aumentou noperíodo do estudo, embora houvesse um senão: quem teve atitudes de gentileza variadas – segurar a porta aberta para um estranho passar,lavar a louça do colega de quarto – registrou nível bem mais alto de felicidade, mesmo um mês depois do fim do estudo, do que quem repetiu omesmo ato várias vezes.

Não faz diferença em termos de felicidade se ajudamos um ente querido ou um estranho, mas o resultado pode ser diferente. “O atopequeno e anônimo faz com que a gente se sinta uma pessoa muito boa”, diz a Professor(a)a Lyubomirsky. “Mas um grande ato de gentilezafeito a alguém que conhecemos pode ter consequências sociais: podemos fazer um novo amigo ou receber agradecimentos generosos.”

Assim, pagar um café para um estranho pode levantar o astral por algum tempo, mas auxiliar um vizinho idoso a fazer compras talvezajude a melhorar de fato um relacionamento.

Para ter saúde: altruísmoA gentileza nos faz bem de outras maneiras. O Professor(a) Stephen Post, autor de Why Good Things Happen to Good People (Por que

coisas boas acontecem a pessoas boas), examinou os indícios de que ser gentil faz bem à saúde. Um estudo com 2016 frequentadores deigrejas verificou que os que ajudavam os outros regularmente tinham mais saúde mental e menos depressão. Outros estudos constataram queas pessoas solidárias têm menos probabilidade de sofrer de doenças crônicas, e seu sistema imunológico tende a ser melhor. “Existe umarelação direta entre bem-estar, felicidade e saúde nas pessoas gentis”, diz Post.

Neste momento de nossas leituras, já conseguimos refletir um pouco sobre a vida. Todos querem uma vida feliz. Mas será que sabemos qual o segredo da felicidade?

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A gentileza talvez ajude a regular as emoções, o que causa impacto positivo sobre a saúde. Se nosso instinto biológico automáticodo tipo “lutar ou correr” ficar ativo demais por causa do estresse, o sistema cardiovascular é afetado e a imunidade do corpoenfraquece. “É difícil ficar zangado, ressentido ou amedrontado quando se demonstra amor altruísta pelos outros”, afirma Post.

O mundo está preparado para pessoas gentis?A gentileza pode ser uma virtude, mas isso não quer dizer que seja fácil. Diego Villaveces decidiu realizar atos aleatórios de

gentileza para com estranhos, inspirado por alguém que “teve uma vida dificílima, mas, apesar disso, conseguiu manter a generosidadepara com os outros”.

Villaveces deu entradas de cinema, vales-refeição e livros a estranhos nas ruas, mas provocou algumas reações esquisitas.“Algumas pessoas se mostraram muito perplexas”, diz ele. “Muita gente fica sem graça ao receber presentes de estranhos. Algumas

chegaram a devolvê-lo, dizendo que não queriam minha generosidade. Tive de aprender a aceitar e respeitar isso.”Villaveces, 38 anos, que trabalha com marketing e mora em Sydney, na Austrália, com a mulher e os filhos, a cada ato gentil

aleatório dá também um cartão, que pede ao destinatário para fazer uma boa ação para outra pessoa.“Decidi que queria fazer algo mais pela humanidade”, afirma. “A gentileza pode criar uma onda significativa de mudanças à nossa

volta.”Ele criou um site para acompanhar o progresso dos cartões, mas admite que, até agora, a resposta tem sido modesta.“Pensei que seria mais fácil levar os outros a participar, mas isso também faz parte do desafio, e eu o aceito.”É justo dizer que, como descobriu Villaveces, há um certo nível de cinismo diante da gentileza.[...] Todos gostamos da ideia de

sermos gentis, mas, ao mesmo tempo, os gentis não acabam sendo sempre os últimos? Agir pela bondade do coração vai diretamentecontra a teoria da evolução pela “sobrevivência do mais apto”, segundo a qual os seres humanos são levados a competir pela vida demodo bastante egoísta.

Em 1968, os pesquisadores Bibb Latané e John Darley descobriram um fenômeno conhecido como “efeito do espectador”: quandoalguém precisa de ajuda num lugar público, a probabilidade de ser ajudado é menor quanto mais gente houver em volta. Ospesquisadores acreditam que o efeito surge porque todo mundo imita o comportamento da maioria e pressupõe que algum outro assumiráa responsabilidade. Nas cidades grandes, as pessoas também não se sentem seguras para interagir com estranhos.

Gentileza X Egoísmo[...] Alguns cientistas dizem que, como só somos altruístas pelo bem do grupo e para sentir a descarga de dopamina, isso significa

que, na verdade, a gentileza é egoísta. “Talvez, em algum nível, a maioria dos casos de altruísmo seja em proveito próprio”, diz Bill VonHipple, Professor(a) de Psicologia da Universidade de Queensland.

“Que importância tem se a gentileza é egoísta?”, pergunta a escritora Catherine Ryan Hyde. Seu livro Pay It Forward (Pague depois)conta a história de um garoto angustiado que decide começar a pagar todas as boas ações que recebe praticando três boas ações aoutras pessoas. O livro se transformou em filme (no Brasil, o filme chama-se Corrente do Bem) e provocou um movimento de gentededicada ao bem na vida real. A iniciativa ilustra como a gentileza pode ser verdadeiramente altruísta: estranhos ajudam estranhos semexpectativa de ganho pessoal.

Ryan Hyde diz que não importa o que motiva as pessoas a doar; o que importa é que decidiram doar. “Se tanto quem ajuda quantoquem é ajudado se sente bem, parece-me um exemplo em que todos saem ganhando. Não há jeito errado de fazer uma gentileza.” [...]

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Ser gentil ou individualista é opção de cada um.Um dos sinônimos de bondade é humanidade. Em essência, a bondade e a gentileza são o reconhecimento do fato de que todos

somos humanos, o reconhecimento de que estamos juntos.“Muito do que faz a vida valer a pena depende de que pelo menos alguns de nós sejamos altruístas de vez em quando”, diz Bowles.

“Não podemos enfrentar problemas como a mudança climática global, a disseminação de doenças e a violência mundial apelando apenaspara o individualismo.”

A boa notícia é que é fácil aprender a ser gentil. “Basta praticar mais atos de gentileza do que estamos acostumados, e de formaregular; por exemplo: cinco atos de gentileza toda segunda-feira”, diz Sonja Lyubomirsky.

A gentileza, portanto, é apenas uma questão de opção: é uma atitude que adotamos e que pode fazer diferença, ainda que pequena,na vida dos outros.

Diego Villaveces acredita que a gentileza tem de começar por dentro.“Às vezes afastamos os outros de nós para nos sentirmos mais seguros, mas isso também nos isola do restante do mundo”, diz ele.

“Todas as grandes religiões têm o amor como princípio universal. A gentileza leva o amor a um nível mais terno e acessível, com o qual amaioria se sente à vontade. Fazer o bem aos outros é reconhecer que todos à nossa volta são iguais a nós.”

Adaptado de http://www.selecoes.com.br/mundo-melhor/gentileza-o-segredo-da-felicidade_3152.htm

1. Que atos aparecem no texto como exemplos de gentileza?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Qual a ideia defendida nos três primeiros parágrafos?________________________________________________________________________________________________________________

3. Qual argumento de autoridade foi utilizado para sustentar essa ideia?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Segundo o texto, qual a diferença entre ajudar um ente querido e ajudar um estranho?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Segundo o texto, qual a relação entre saúde e altruísmo?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. No trecho: “Algumas pessoas se mostraram muito perplexas”, diz ele. “Muita gente fica sem graça ao receber presentes de estranhos.Algumas chegaram a devolvê-lo, dizendo que não queriam minha generosidade. Tive de aprender a aceitar e respeitar isso.”, a que serefere o termo em destaque?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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7. Releia o trecho: “Ele criou um site para acompanhar o progresso dos cartões, mas admite que, até agora, a resposta tem sido modesta.“Pensei que seria mais fácil levar os outros a participar, mas isso também faz parte do desafio, e eu o aceito.”. Qual o sentido da palavra emdestaque?_________________________________________________________________________________________________________________

8. Segundo o texto, qual a diferença entre a teoria da sobrevivência do mais gentil e a da sobrevivência do mais apto?___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

9. No trecho Gentileza X Egoísmo, transcreva um exemplo de paradoxo._________________________________________________________________________________

10. Que movimento surgiu com a publicação do livro Pague depois, que virou, no Brasil, o filme Corrente do Bem?_________________________________________________________________________________________________________________

11. Transcreva da última parte do texto (Ser gentil ou individualista é opção de cada um) duas opiniões.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

12. Observe o parágrafo:

Paradoxo: afirmativa aparentemente absurda, resultante da união de ideias contraditórias.

“Muito do que torna a vida mais difícil– uma batidinha no carro, uma porta quealguém não segurou quando você passou –se deve à falta de consideração. Imagine sócomo seria o mundo se todos fossem umpouquinho mais gentis. Ao tentarmos entrarnuma rua movimentada, por exemplo,alguém nos cede a passagem. Nosupermercado, você deixa alguém apressadoentrar na sua frente na fila do caixa. Nometrô lotado, você se levanta para dar lugara quem parece cansado.”

Marque a ideia principal e as secundárias no parágrafo:

“Uma nova teoria, chamada “sobrevivência do maisgentil”, diz que foi graças à gentileza que a espécie humanaprosperou. O Professor(a) Sam Bowles, do Instituto SantaFé, nos Estados Unidos, analisou sociedades antigas everificou que a gentileza era componente fundamental dasobrevivência das comunidades. “Grupos com muitosaltruístas tendem a sobreviver”, diz ele. “Os altruístascooperam e contribuem para o bem-estar dos outrosintegrantes da comunidade.”

Ideia principal

Ideias secundárias

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TEXTO 9

ESTRANHAS GENTILEZASCaminhões baixam os faróis, mulheres sorriem. Muito suspeito

Estão acontecendo coisas estranhas. Sabe-se que as pessoas nas grandes cidades não têm o hábito da gentileza. Não é por ruindade, éfalta de tempo. Gastam a paciência nos ônibus, no trânsito, nas filas, nos mercados, nas salas de espera, nos embates familiares, e depoiseconomizam com a gente.

Comigo dá-se o contrário, é o que estou notando de uns dias para cá. Tratam-me com inquietante delicadeza. Já captava aqui e ali sinaissuspeitos, imprecisos, ventinho de asas de borboleta, quase nada. A impressão de que há algo estranho tomou corpo mesmo foi na semanapassada. Um vizinho que já fora meu amigo telefonou-me desfazendo o engano que nos afastava, intriga de pessoa que nem conheço e queafinal resolvera esclarecer tudo. Difícil reconstruir a amizade, mas a inimizade morria ali.

Como disse, eu vinha desconfiando tenuemente de algumas amabilidades. O episódio do vizinho fez surgir em meu espírito a hipótese deuma trama, que já mobilizava até pessoas distantes. E as próximas?

Tenho reparado. As próximas telefonam amáveis, sem motivo. Durante o telefonema fico aguardando o assunto que estaria embrulhadonos enfeites da conversa, e ele não sai. Um número inesperado de pessoas me cumprimenta na rua, com acenos de cabeça. Mulheres, antesesquivas, sorriem transitáveis nas ruas dos Jardins. Num restaurante caro da Rua Amauri, o maitre, com uma piscadela, fura a demorada fila deexecutivos à espera e me arruma rapidinho uma mesa para dois. Um homem de pasta que parecia impaciente à minha frente me cede o últimolugar no elevador. O jornaleiro larga sua banca na Avenida Sumaré e vem ao prédio avisar-me que o jornal chegou. Os vizinhos de cimasilenciam após as 10 da noite.

Caminhões baixam a luz dos faróis quando cruzam comigo na Via Anhanguera. Motoristas, mesmo mulheres, cedem-me a preferência nasesquinas. Vendedores de bugigangas nos faróis de trânsito passam direto pelo meu carro, sem me olhar. Até crianças me cumprimentamcúmplices: oi, tio.

Que está acontecendo? Quem e por que está querendo me convencer de que as pessoas são um doce? Penso: não são gentilezas, sãohomenagens aos meus cabelos brancos, por eu ter aguentado tanto, como se fosse um atleta de maratona, daqueles retardatários que são maisaplaudidos na chegada que os vencedores.

A última manobra: botaram um pintassilgo a cantar para mim na árvore em frente à janela do meu apartamento de 2.º andar.Que significa isso? Que querem comigo? Que complô é esse? Que vão pedir em troca de tanta gentileza?Aguardo, meio apreensivo, meio feliz.Interrompo a crônica nesse ponto, saio para ir ao banco, desço pelas escadas porque alguém segura o elevador lá em cima, o segurança

do banco faz-me esvaziar os bolsos antes de entrar pela porta giratória, enfrento a fila do caixa, não aceitam cheques de outra pessoa parapagar contas, saio xingando do banco, atravesso a avenida arriscando a vida entre bólidos, um caminhão respinga-me a água suja de uma poça,entro no apartamento, sento-me ao computador e ponho-me de novo a sonhar.

ÂNGELO, Ivan. O comprador de aventuras e outras crônicas. São Paulo: Ática, 2000.

E, por falar em gentileza... uma crônica!

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1. No primeiro parágrafo do texto, uma ideia é apresentada como verdade. Qual é essa ideia defendida no primeiro parágrafo? E qual asua causa?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Qual o sentido de “ventinho de asas de borboleta” no texto? ___________________________________________________________________________________________________________________

3. Qual a causa do fim da inimizade apresentada no texto?_____________________________________________________________________________________________

4. Que palavras foram usadas no 3.º parágrafo para retomar a ideia apresentada nos parágrafos anteriores?_____________________________________________________________________________________________

5. Qual o sentido de “embrulhado nos enfeites da conversa”, no 4.º parágrafo?_____________________________________________________________________________________________

6. Que estratégia textual foi usada, no 4.º e no 5.º parágrafos, para ratificar a ocorrência de estranhas gentilezas?_____________________________________________________________________________________________

7. Transcreva do 6.º parágrafo um trecho em que se estabelece uma relação de comparação.___________________________________________________________________________________________________________________

8. Que efeito de sentido tem a repetição dos trechos interrogativos no 8.º parágrafo?___________________________________________________________________________________________________________________

9. O que o último parágrafo da crônica nos permite perceber a respeito do que foi narrado anteriormente?___________________________________________________________________________________________________________________

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Agora você vai ler algumas propagandas que têm a gentileza como assunto.

1. Você percebeu que existe umaestrutura que se repete nas duasprimeiras frases da propaganda? Queefeito de sentido essa repetiçãoprovoca?________________________________________________________________________________________________

2. Na frase “Respeito gera gentileza”,podemos dizer que há uma relação decausa e consequência? Explique.________________________________________________________________________________________________ 1. Como o verbal dialoga com o não verbal na

propaganda acima?_____________________________________________________________________________________________________________________

GENTILEZA GERA GENTILEZAMarleth Silva

Quem me inspirou o assunto para este texto foram leitores que me escrevem ou falam comigo na rua. Quando penso neles me vem àcabeça uma palavra – gentileza. Esses leitores são gentis, extremamente gentis. Contam pequenas histórias, comentam uma lembrança quelhes ocorreu ao ler um texto e repassam informações que são como pequenos presentes. [...]

Mostrar que você reconhece a existência de alguém (com um cumprimento) e dirigir-lhe uma palavra ou aceno é a primeira, a maisbásica e a mais relevante das gentilezas. Ser invisível não combina com a natureza humana. Ser ignorado é uma agressão. Ser reconhecidoé um carinho. Temos chance de praticar esse tipo de gentileza/carinho muitas vezes ao dia. São dezenas de encontros fortuitos comconhecidos e quase desconhecidos: o porteiro, o vizinho, o manobrista, o colega do outro departamento, o ascensorista.

Há gentilezas mais elaboradas: elogiar algo bom que uma pessoa fez (se encaminhar o elogio ao chefe dela, melhor ainda); ligar parasaber como está o colega que não foi trabalhar porque está doente; ouvir alguém que parece precisar desabafar.

Tudo passa por notar os outros e julgá-los importantes o bastante para merecer algumas palavras nossas ou alguns minutos de atenção.

O texto a seguir também aborda a gentileza. Leia.

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TEXTO 10

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Os franceses complementam a palavra de agradecimento (merci) com a frase “você está sendo gentil” (vous êtes gentil), que correspondeao nosso “é gentil da sua parte”. A frase dos franceses serve pare reconhecer o gesto a mais, o empenho do outro em fazer um pouco mais doque é socialmente exigido (mas não vá esperar que um francês diga isso com um belo sorriso no rosto, que aí já é querer demais...).

Em inglês, a expressão também existe e está muito mais viva que no nosso português. Aliás, seguindo o jeito brasileiro de ser, “é gentilezasua” é frase em desuso e quando aparece é para agradecer um elogio. Gentileza é palavra démodé, apesar de ser linda. O que mostra que nãohá justiça estética nem moral na escolha das palavras que usamos. Tem mais gente por aí falando como um personagem do filme Tropa de Elitedo que como o Profeta Gentileza.

Gentileza era um senhor de longas barbas brancas que registrou suas mensagens nas pilastras do Viaduto do Caju, no Rio de Janeiro,usando um grafismo que ele mesmo inventou e que ganhou reputação de arte original. A mais conhecida de suas mensagens: “Gentileza geragentileza”.

A história desse homem merece ser conhecida. Em 1961, um circo pegou fogo em Niterói e matou 500 crianças. Dizendo-se comandado poruma força superior, José Datrino, então com 44 anos, deixou sua vida de trabalhador humilde e foi para o local da tragédia consolar as famílias. Apartir daí virou Profeta. Sobrenome: Gentileza. Dizem que não era gentil em tempo integral, que gritava como um louco quando via mulheres deminissaia ou calça justa, a quem atribua responsabilidade por metade dos problemas do Brasil. A outra metade da responsabilidade por nossasdesgraças ele imputava ao dinheiro, que, dizia ele, cria um estilo de vida onde não sobra espaço para a gentileza. Tudo indica que Gentileza eraum pouco confuso mentalmente, mas alguém há de discordar de sua sabedoria?

http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/colunistas/marleth-silva/gentileza-gera-gentileza-0c63az3tq71hzzg8yas8i0cwe

1. Qual a ideia principal do texto?_____________________________________________________________________________________________________________________

2. No segundo parágrafo, aponte a ideia principal e fatos usados para defendê-la.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. A que é associada a gentileza, no segundo parágrafo? Que recurso é utilizado para expressar essa associação?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. No quinto parágrafo há vários parênteses. Eles têm a mesma função? Explique._____________________________________________________________________________________________________________________

5. Ainda no quinto parágrafo, é possível inferir uma opinião da colunista sobre o modo de ser dos franceses. Explique._____________________________________________________________________________________________________________________

6. Segundo o texto, qual o sentido da palavra “démodé” (6.º parágrafo)? Que pista o texto lhe deu para chegar a essa conclusão?_____________________________________________________________________________________________________________________

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1. Complete com

a) a tese defendida no texto.____________________________________________________________________________________________________

b) um argumento que sustenta a tese.____________________________________________________________________________________________________

c) a conclusão.______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Destaque uma METÁFORA no texto. ____________________________________________________________________________________________________

3. Qual a consequência de deixar de sorrir, segundo o texto? ____________________________________________________________________________________________________

O PODER TRANSFORMADOR DO SORRISO :)Thiago Galerani

Tenho notado, ao longo da vida, que um simples sorriso faz muitadiferença na vida das pessoas, assim como a falta dele.

Se você sorri, está propagando algo positivo, algo bom, afinal,sorrisos são pequenas fagulhas, poderosas centelhas de felicidade.

Quando alguém sorri pra você, o seu dia melhora.Quando você deixa de sorrir, há uma sementinha boa que deixa de

ser plantada no coração das pessoas. Talvez esse sorriso que não veio àface pudesse transformar positivamente o dia de alguém... Por isso, émelhor não arriscar, sorria sempre!

Invariavelmente, um sorriso não é apenas sinal de alegria, mas depacifismo, diplomacia, interesse em socialização e amizade. Até mesmo doponto de vista estratégico vale a pena sorrir: segundo Shakespeare, "émais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que à ponta daespada." [...]

Existem muitos tipos de sorriso: tem o autêntico, o sedutor, o tímido...Mas o bom sorriso é aquele que vem da alma, puro, simples.

Sorrir não custa nada. Aliás, a natureza é tão perfeita que nemparece que movimentamos 14 músculos para sorrir!

Sei que é difícil sorrir em certos momentos, mas tenho que dizer:sorria sempre!

É com um sorriso que finalizo o presente artigo, brindando o nobreleitor com a célebre frase de Mário Quintana: "O sorriso enriquece osrecebedores sem empobrecer os doadores.”

http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/o-poder-transformador-do-sorriso/56431/

7. No último parágrafo, há uma opinião sobre o dinheiro. Sublinhe-a. A opinião não é da colunista. Que marca linguística permite afirmar isso? ____________________________________________________________________________________________________________________

O próximo texto, de certa forma, também dá uma receita de felicidade... Ele é um artigo de opinião. O artigo de opinião é um textojornalístico escrito, que pode ser publicado em jornais e revistas impressos ou digitais. Ele pode ser assinado por um articulista, uma pessoareconhecida como autorizada a comentar uma questão atual e importante.

O objetivo de um artigo de opinião é persuadir ou convencer o leitor, tornando-o aliado do articulista na defesa de seu ponto de vista sobre aquestão comentada. Um ponto a destacar é a importância de se preparar bem para argumentar de forma eficaz. É preciso recolher dadossobre o assunto, informar-se para poder elaborar argumentos consistentes. E, para isso, nada melhor do que... ler!

TEXTO 11

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TEXTO 12

TOM JOBIM ESTAVA ERRADO: É POSSÍVEL SER FELIZ SOZINHO, DIZ ESTUDOPessoas que evitam conflitos são mais felizes fora de relacionamentosMARÍLIA MARASCIULO

Ao contrário do que cantou Tom Jobim, aparentemente é possível, sim, ser feliz sozinho — e isso quem diz é um estudo daUniversidade de Auckland, não algum sucesso qualquer de funk ou pagode. Feita com neozelandeses de 18 a 94 anos, a pesquisarevelou que, diferentemente das pessoas que buscam intimidade, aquelas que preferem evitar conflitos são mais felizes solteiras,independentemente do gênero ou do período da vida em que se encontram.

"Mesmo as melhores relações podem ser difíceis e expor o indivíduo a mágoas e decepções“ (Yuthika Girme, psicóloga e autora doestudo)

Até agora, estudos sobre relacionamentos costumavam indicar que os comprometidos são ligeiramente mais felizes e saudáveis queos solteiros. A lógica parece simples: o apoio de um parceiro ajudaria a lidar com o estresse cotidiano, o que provocaria maior sensaçãode bem-estar. “Mas mesmo as melhores relações podem ser difíceis e expor o indivíduo a mágoas e decepções”, explica a autora doestudo, a psicóloga Yuthika Girme. Em alguns casos, são motivo inclusive de ansiedade e depressão. E, para certas pessoas, passar porisso simplesmente não vale a pena.

Segundo a psicóloga, existem duas maneiras de construir relacionamentos: buscando intimidade ou evitando conflitos. Enquantopessoas do primeiro grupo buscam oportunidades de tornar os vínculos mais intensos e se sentem mais satisfeitas quando estãocomprometidas, aquelas que preferem evitar desentendimentos ou brigas costumam ser mais felizes solteiras.

Em contrapartida, explica a autora, estar sozinho aumenta a possibilidade de melhorar a relação com parentes e amigos e de dedicar-se a hobbies, à carreira e a outras atividades que podem proporcionar bem-estar. “Embora ainda exista pressão para você namorar oucasar, a solteirice está se tornando cada vez mais comum e nem sempre é sinônimo de insatisfação ou tristeza”, diz Girme.

Adaptado de http://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2015/10/tom-jobim-estava-errado-e-possivel-ser-feliz-sozinho-diz-estudo.html

O texto a seguir também fala de felicidade, contrariando uma opinião de um famoso compositor brasileiro. Leia.

1. Qual é a opinião de Tom Jobim que o texto contraria?________________________________________________________________________________________________________________

2. Qual é a tese defendida no texto?________________________________________________________________________________________________________________

3. No trecho “é possível, sim, ser feliz sozinho” que efeito de sentido tem a palavra em destaque?________________________________________________________________________________________________________________

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4. O que nos leva a entender que a tese é defendida por um argumento de autoridade?_______________________________________________________________________________________________________________

5. A pesquisa revela que “diferentemente das pessoas que buscam intimidade, aquelas que preferem evitar conflitos são mais felizessolteiras, independentemente do gênero ou do período da vida em que se encontram.” Com que sentido foi usada a palavra emdestaque? ______________________________________________________________________________________________________

6. Que efeito de sentido tem o uso do itálico e das aspas no 2.º parágrafo?_______________________________________________________________________________________________________________

7. No trecho “Até agora, estudos sobre relacionamentos costumavam indicar que os comprometidos são ligeiramente mais felizes esaudáveis que os solteiros.” transcrevaa) a expressão que indica tempo:____________________________________;

b) Os termos que indicam uma comparação. ________________________________.

8. No terceiro parágrafo, o que contrariaria a tese defendida de que é possível ser feliz sozinho?

_______________________________________________________________________________________________________________

9. Nesse mesmo parágrafo, que outro argumento de autoridade confirma a tese?_______________________________________________________________________________________________________________

10. No 4.° parágrafo, a que se referem os termosa) “primeiro grupo”? -________________________________________________________________________________;

b) “aquelas”? - __________________________________________________________________________________________________.

11. No parágrafo final, com que outros argumentos a psicóloga, autora do artigo, reforça sua tese?

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TEXTO 13 QUE ME PERDOEM OS SOLITÁRIOS, MAS É IMPOSSÍVEL SER FELIZ SOZINHOKaren Curi

É impossível ser feliz sozinho… Já dizia Tom Jobim. Ninguém passa poressa vida sem um amigo, sem alguém para dividir momentos, o peso dosfardos e a leveza dos sorrisos. Você já reparou? Nenhuma história se fazcom apenas um personagem. Eu li certa vez sobre uma pesquisa queapontava pessoas solitárias como as mais inteligentes. Que sejam. Eu seique felicidade é uma virtude para todos, e que só é possível alcançá-laquando nos seguramos em outras mãos. Acredito no conceito de quefelicidade grande é alegria compartilhada, e acrescento que a construção e arealização das coisas boas só acontecem em comunhão.

Não existe um ser autossuficiente o bastante para vencer sem precisar deninguém. Eu disse precisar. Sim. Nós não nos bastamos. Carecemos unsdos outros porque sozinhos os nossos passos não são largos o bastante,nossa força é modesta, nosso impulso não é suficientemente forte. Juntosnós conseguimos levantar a cabeça quando é preciso e sair em disparadaquando é necessário.

[...]Agora sim, discordo daqueles que demandam um outro coração para que

existam como seres humanos. Não somos pares, somos indivíduos vivendoem comunidade. É isso. Usar o amor como muleta é a maior covardia dohomem. Uma coisa é a dependência de um outro coração que faça pulsar oseu. Outra coisa é o acolhimento de alguém que caminha junto,propulsionando os seus passos.

A vida seria mesmo muito miserável se fosse apenas uma prova deresistência a sós, um teste de esforço em retiro ou coisa parecida. Seriapenosa, tediosa, rancorosa. Se não fossem os momentos felizes, de quevaleria a pena viver? Além disso, qual é a graça de ser feliz em isolamento,sem ter ninguém para dividir o riso e expandir o gozo?

Se os ermitãos são, de fato, mais inteligentes, eu não sei dizer. Masdecerto que tristes eles são. [...]http://www.revistabula.com/6213-que-me-perdoem-os-solitarios-mas-e-impossivel-ser-feliz-sozinho/

1.Transcreva do 1.º parágrafo do texto uma opinião da autoraque confirma o título.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Em que trecho do 1.º parágrafo se faz uso da ANTÍTESE, ouseja, um jogo de palavras/ideias opostas?____________________________________________________________________________________________

3. Que significado tem a expressão “um ser autossuficiente”, noinício do 2.º parágrafo?______________________________________________

4. De acordo com o texto, o que nos leva a precisarmos unsdos outros?______________________________________________

5. Que diferença o texto expressa entre dependência eacolhimento?_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. No trecho “A vida seria mesmo muito miserável se fosseapenas uma prova de resistência a sós, um teste de esforçoem retiro ou coisa parecida.”, sublinhe a palavra que indica umacondição e circule a que indica uma alternativa.__________________________________________________

7. Pesquise e diga o significado de a) “demandam” (3.º p.) - ________________________________________________________________________________

b) “ermitãos” (5.º p.) - _________________________________ ___________________________________________________

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TEXTO 15WAVETom Jobim

Vou te contarOs olhos já não podem verCoisas que só o coração pode entenderFundamental é mesmo o amorÉ impossível ser feliz sozinho

O resto é marÉ tudo que não sei contarSão coisas lindas que eu tenho pra te darVem de mansinho a brisa e me dizÉ impossível ser feliz sozinho

Da primeira vez era a cidadeDa segunda, o cais e a eternidade

Agora eu já seiDa onda que se ergueu no marE das estrelas que esquecemos de contarO amor se deixa surpreenderEnquanto a noite vem nos envolver

Vou te contar...https://www.letras.mus.br/tom-jobim/49074/

TEXTO 14QUE ME PERDOEM OS SOLITÁRIOS, MAS É IMPOSSÍVEL SER FELIZ SOZINHOKaren Curi

É impossível ser feliz sozinho… Já dizia Tom Jobim. Ninguém passa por essavida sem um amigo, sem alguém para dividir momentos, o peso dos fardos e aleveza dos sorrisos. Você já reparou? Nenhuma história se faz com apenas umpersonagem. Eu li certa vez sobre uma pesquisa que apontava pessoassolitárias como as mais inteligentes. Que sejam. Eu sei que felicidade é umavirtude para todos, e que só é possível alcançá-la quando nos seguramos emoutras mãos. Acredito no conceito de que felicidade grande é alegriacompartilhada, e acrescento que a construção e a realização das coisas boassó acontecem em comunhão.

Não existe um ser autossuficiente o bastante para vencer sem precisar deninguém. Eu disse precisar. Sim. Nós não nos bastamos. Carecemos uns dosoutros porque sozinhos os nossos passos não são largos o bastante, nossaforça é modesta, nosso impulso não é suficientemente forte. Juntos nósconseguimos levantar a cabeça quando é preciso e sair em disparada quando énecessário.

[...]Agora sim, discordo daqueles que demandam um outro coração para que

existam como seres humanos. Não somos pares, somos indivíduos vivendo emcomunidade. É isso. Usar o amor como muleta é a maior covardia do homem.Uma coisa é a dependência de um outro coração que faça pulsar o seu. Outracoisa é o acolhimento de alguém que caminha junto, propulsionando os seuspassos.

A vida seria mesmo muito miserável se fosse apenas uma prova deresistência a sós, um teste de esforço em retiro ou coisa parecida. Seriapenosa, tediosa, rancorosa. Se não fossem os momentos felizes, de que valeriaa pena viver? Além disso, qual é a graça de ser feliz em isolamento, sem terninguém para dividir o riso e expandir o gozo?

Se os ermitãos são, de fato, mais inteligentes, eu não sei dizer. Mas decertoque tristes eles são. [...]

http://www.revistabula.com/6213-que-me-perdoem-os-solitarios-mas-e-impossivel-ser-feliz-sozinho/

Leia, agora, os dois textos a seguir e os compare.

Que semelhança e diferença se podem observar na comparação dos dois textos?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Coesão = ligação, conexão.

Através da reiteração (repetição de termos).Mostrar que você reconhece a existência de alguém (com um cumprimento) e dirigir-lhe uma palavra ou

aceno é a primeira, a mais básica e a mais relevante das gentilezas. [...]Temos chance de praticar esse tipo de gentileza/carinho muitas vezes ao dia. [...]

Há gentilezas mais elaboradas: elogiar algo bom que uma pessoa fez [...].GENTILEZA GERA GENTILEZA, Marleth Silva

Através da substituição.“Que importância tem se a gentileza é egoísta?”, pergunta a escritora Catherine Ryan Hyde. Seu livro Pay ItForward (Pague depois) conta a história de um garoto angustiado que decide começar a pagar todas asboas ações que recebe praticando três boas ações a outras pessoas. O livro se transformou em filme (noBrasil, o filme chama-se Corrente do Bem) e provocou um movimento de gente dedicada ao bem na vida real. Ainiciativa ilustra como a gentileza pode ser verdadeiramente altruísta [...]

“Tudo passa por notar os outros e julgá-los importantes o bastante para merecer algumas palavras nossas oualguns minutos de atenção.”

GENTILEZA GERA GENTILEZA, Marleth Silva

“Gentileza era um senhor de longas barbas brancas [...[.A história desse homem merece ser conhecida.”

GENTILEZA GERA GENTILEZA, Marleth Silva

“Se os ermitãos são, de fato, mais inteligentes, eu não sei dizer. Mas decerto que tristes eles são.”QUE ME PERDOEM OS SOLITÁRIOS, MAS É IMPOSSÍVEL SER FELIZ SOZINHO

“Até agora, estudos sobre relacionamentos costumavam indicar que os comprometidos são ligeiramente mais felizes e saudáveis que os solteiros.”

TOM JOBIM ESTAVA ERRADO: É POSSÍVEL SER FELIZ SOZINHO, DIZ ESTUDO

Você já aprendeu que um texto não é um amontoado de ideias, mas uma unidade de sentido. Vem estudando,também, os mecanismos de articulação dos textos. No esquema abaixo, você pode sistematizar um pouco mais esseassunto. Não se preocupe em memorizar os nomes, mas em compreender os processos para utilizá-los nos seusescritos e leituras. Consulte o quadro sempre que achar necessário.

Os exemplos a seguir foram retirados de textos que você já leu neste Caderno.

ARRUMANDOAS IDEIAS...

Para organizar as ideias, vários autores sistematizam os conectivos e as relações que estabelecem, agrupando as palavrase/ou expressões e chamando-as também de articuladores, operadores... Escolhemos oferecer a você uma tabela com alguns conectivos,mas ela é só uma referência, não se esqueça! Em uso, as palavras são vivas e os significados se constroem! Consulte seu livro didático.Use esses instrumentos de consulta ao ler os próximos textos, quando sentir necessidade. Combine com o(a) seu(sua) Professor(a).

Faz-se usando termos que retomam vocábulos ou

expressões que já ocorreram, porque existem entre eles

traços significativos semelhantes, e até

mesmo opostos.

Faz-se por meio das concordâncias

nominais e verbais, da ordem dos vocábulos,

dos pronomes –pessoais (retos e

oblíquos), possessivos, demonstrativos,

indefinidos, interrogativos, relativos – , de diversos tipos de numerais, advérbios e artigos definidos, dos

conectivos que estabelecem diversas

relações...

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Observe algumas das relações. Palavras ou expressões que dão ideia de... Volte aos textos lidos e busque exemplos, sehouver.

AdiçãoSomam ideias, acrescentamuma ideia à anterior.

E, também, ainda, nem etc.

Finalidade A fim de, a fim de que, com o intuito de, para, para que,com o objetivo de etc.

Causa e consequência Porque, visto que, uma vez que, em virtude de, pormotivo de, pois, como, por isso que, já que etc.

ExplicaçãoIntroduzem uma justificativaou explicação.

Porque, pois, já que, que etc.

Oposição Expressam conclusões contrárias ao esperado.

Mas, contudo, porém, todavia, entretanto, no entanto,embora, apesar de, não obstante, ao contrário etc.

CondiçãoHipótese ou condição necessária para a realização ou não de um fato.

Se, caso, contanto que, a não ser que, a menos que, desde que etc.

Tempo Logo que, assim que, antes que, depois que, quando, enquanto etc.

Proporção À medida que, ao passo que, à proporção que etc.

ConformidadeIdeia que concorda comoutra dita anteriormente.

Segundo, conforme, de acordo com, como etc.

Conclusão Portanto, então, assim, logo, por isso, pois (pospostoao verbo), de modo que etc.

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TEXTO 16EMBORA SONETO

Vivo meu porémNo encontro do todaviaSou mas.ContudoEncho-me de aindaNa espera do quandoDesando ou desbundo.Viver é apesarAmar é a despeitoSer é não obstante.DestarteSou outrossimIlusão, sem embargoMalgrado senão.Paulo Alberto M. Monteiro de Barros [Artur da Távola.] Calentura. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

Alternativa Ou, ou...ou, ou então, quer...quer, ora...ora etc.

Comparação Como, mais..(do) que, menos que, tão (tanto) como, tão (tanto, tal) quanto, assim como etc.

Esclarecimento Ou seja, isto é, quer dizer, vale dizer etc.

Inclusão Até, mesmo, até mesmo, inclusive, também etc.

Exclusão Somente, apenas, senão etc.

O próximo texto é para você curtir e refletir. O estudo dos conectivos é importante pelas relações que eles estabelecem no texto, pelossentidos que você pode construir na sua leitura. Veja como o texto é rico e também provoca uma reflexão sobre a vida e suas contradições,esperanças e superação.

Converse com seus colegas e com seu(sua) Professor(a).

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TEXTO 17NÃO NASCEMOS PRONTOS!

O sempre surpreendente Guimarães Rosa dizia: “o animal satisfeito dorme”. Por trás dessaaparente obviedade está um dos mais fundos alertas contra o risco de cairmos na monotoniaexistencial, na redundância afetiva e na indigência intelectual. O que o escritor tão bem percebeué que a condição humana perde substância e energia vital, toda vez que se sente plenamenteconfortável com a maneira como as coisas já estão, rendendo-se à sedução do repouso eimobilizando-se na acomodação.

A advertência é preciosa: não esquecer que a satisfação conclui, encerra, termina; asatisfação não deixa margem para a continuidade, para o prosseguimento, para a persistência,para o desdobramento. A satisfação acalma, limita, amortece.

Por isso, quando alguém diz “fiquei muito satisfeito com você” ou “estou muito satisfeitacom teu trabalho”, é assustador. O que se quer dizer com isso? Que nada mais de mim sedeseja? Que o ponto atual é meu limite e, portanto, minha possibilidade? Que de mim nada maisalém se pode esperar? Que está bom como está? Assim seria apavorante; passaria a ideia deque desse jeito já basta. Ora, o agradável é quando alguém diz: “teu trabalho (ou carinho, oucomida, ou aula, ou texto, ou música etc.) é bom, fiquei muito insatisfeito e, portanto, quero mais,quero continuar, quero conhecer outras coisas”.

Um bom filme não é exatamente aquele que, quando termina, ficamos insatisfeitos, parados,olhando, quietos, para a tela, enquanto passam os letreiros, desejando que não cesse? Um bomlivro não é aquele que, quando encerramos a leitura, o deixamos um pouco apoiado no colo,absortos e distantes, pensando que não poderia terminar? Uma boa festa, um bom jogo, um bompasseio, uma boa cerimônia não é aquela que queremos que se prolongue?

Com a vida de cada um e de cada uma também tem de ser assim; afinal de contas, nãonascemos prontos e acabados. Ainda bem, pois estar satisfeito consigo mesmo é considerar-seterminado e constrangido ao possível da condição do momento.

Continua...

A mudança faz parte da vida... A vida se mantém jovem quando se permite mudar, aprender coisas novas... O filósofo Mário Sérgio Cortella tem algo a dizer sobre isso. Leia e aproveite.

Esse texto também defende ideias, argumenta. Vamos, primeiro, observar a função de cada parágrafo.

Perceba que a ideia do primeiro parágrafo é retomada no segundo, sendo mais detalhada.

Neste parágrafo, a tese é

explicitada.

Que estratégia é usada no quarto parágrafo para explicar melhor

essa ideia?______________________________________________________________________

.

O primeiro parágrafo lança

uma ideia que será defendida. Escreva-

a com suas próprias palavras.

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Que tal combinar com seu(sua) Professor(a) a leitura do texto? A opção pode ser da turma: leitura individual ou coletiva.

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Quando crianças (só as crianças?), muitasvezes, diante da tensão provocada por algumdesafio que exigia esforço (estudar, treinar,emagrecer etc.), ficávamos preocupados e irritados,sonhando e pensando: por que a gente já nãonasce pronto, sabendo todas as coisas? Bela eingênua perspectiva. É fundamental não nascermossabendo e nem prontos; o ser que nasce sabendonão terá novidades, só reiterações. Somos seresde insatisfação e precisamos ter nisso alguma dosede ambição; todavia, ambição é diferente deganância, dado que o ambicioso quer mais emelhor, enquanto que o ganancioso quer só para sipróprio.

Nascer sabendo é uma limitação porqueobriga a apenas repetir e, nunca, a criar, inovar,refazer, modificar. Quanto mais se nasce pronto,mais refém do que já se sabe e, portanto, dopassado; aprender sempre é o que mais impedeque nos tornemos prisioneiros de situações que,por serem inéditas, não saberíamos enfrentar.Diante dessa realidade, é absurdo acreditar naideia de que uma pessoa, quanto mais vive, maisvelha fica; para que alguém quanto mais vivesse,mais velho ficasse, teria de ter nascido pronto e irse gastando...

Isso não ocorre com gente, e sim com fogão,sapato, geladeira. Gente não nasce pronta e vai segastando; gente nasce não pronta, e vai sefazendo. Eu, no que estamos, sou a minha maisnova edição (revista e, às vezes, um poucoampliada); o mais velho de mim (se é o tempo amedida) está no meu passado e não no presente[...].

CORTELLA, Mario Sergio. Não nascemos prontos!Provocações filosóficas. Petrópolis: Vozes, 2012.

Agora, vamos aprofundar ainda mais a leitura. As perguntas serão seu guia.

1. A quem se refere a palavra “escritor” no primeiro parágrafo?___________________________________________________________________

2. Como se pode resumir o primeiro parágrafo?___________________________________________________________________

3. Como a satisfação é vista no segundo parágrafo?___________________________________________________________________

4. No trecho “[...] é bom, fiquei muito insatisfeito” (3.º parágrafo) há umacontradição. Que efeito essa contradição provoca no texto?___________________________________________________________________

5. Destaque, no terceiro parágrafo, o elemento que estabelece alternativas.___________________________________________________________________

6. Retire do segundo parágrafo uma frase que ratifique, que confirme as ideiascontidas no terceiro parágrafo.___________________________________________________________________

7. No terceiro parágrafo há uma série de interrogações. Qual o efeito disso para otexto?___________________________________________________________________

8. Que trecho do texto indica que ele é dirigido a homens e mulheres?___________________________________________________________________

9. No início do sexto parágrafo, uma afirmação é interrompida para se expressaruma dúvida: “(só as crianças?)”. Que sinais indicam a interrupção e a dúvida?___________________________________________________________________

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10. Que desafios estão explícitos no sexto parágrafo?____________________________________________________________________________________________________________________

11. A que se referem as palavras “Bela e ingênua perspectiva”(6.º parágrafo) ?____________________________________________________________________________________________________________________

12. Segundo o texto, qual a diferença entre a pessoa gananciosa e a ambiciosa?____________________________________________________________________________________________________________________

13. No penúltimo parágrafo, expressam-se algumas situações de proporcionalidade. Transcreva os trechos com essas situações e identifique as palavras que nelas indicam proporção.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

14. O que significa a expressão “mais nova edição” no último parágrafo?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

15. Segundo o texto, qual a diferença essencial entre seres humanos e objetos?____________________________________________________________________________________________________________________

Agora, é a vez de você dar sua opinião. Imagine que foi convidado(a) por uma revista semanal para opinar sobre o que éa felicidade. Durante o ano, trabalhamos muito o texto de opinião, sua estrutura, como ele se organiza. Se necessário, voltee reveja o que registrou anteriormente. Reflita e escreva o seu texto. Lembre-se de que é muito importante revisar o queescrevemos! Use seu caderno, mas siga o esquema abaixo.

.

Elabore pelo menos dois

argumentos para defender a sua

tese.

Agora, é só escrever!

ESPAÇOCRIAÇÃO

Após concluir a escrita, e leia o próximo texto. refletindo sobre o “trânsito” da vida! Entendeu?

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TEXTO 18FILOSOFIA DE PARA-CHOQUE

Era um sábado à tarde. Eu estava num bairro onde nunca tinha colocado os pés, com um endereço anotadonum pedaço de papel, dirigindo meu carro e, ao mesmo tempo, cuidando das placas de sinalização. Parecia uma baratatonta, não encontrava a rua que queria. Nisso o sinal fechou e eu parei atrás de um caminhão, em cujo para-choque estavaescrito: “Não me siga que eu também estou perdido”.

Comecei a rir da coincidência, tive vontade de descer e ir até a boleia abraçar meu companheiro de infortúnio.Somos dois, meu irmão. Aliás, somos mais do que dois. Somos muitos. Somos todos.

Para que lado eu dobro se quiser sair deste engarrafamento de emoções, se quiser ter um relacionamentoúnico e estável, um amor que me resgate dos arranques e das freadas súbitas deste meu coração mal regulado? Às vezesdá vontade de encostar o carro e fazer esse tipo de pergunta para o casalzinho apaixonado que está aos beijos na paradade ônibus.

Devo seguir em frente, sempre pelo mesmo caminho? Tenho vontade de entrar numas ruas sem saída,descobrir o que elas escondem, mas e se eu me atrasar, e se eu me perder, e se ninguém der pela minha falta?

Subo a ladeira ou viro à esquerda? No topo da ladeira tem uma surpresa, no caminho à esquerda tem paixõese tudo o que elas acarretam de bom e de torturante na alma da gente, e aqui onde estou tenho segurança, mas estouestacionado, e estacionado não ando, eu não corro, eu não vivo, o que é que eu faço, que direção eu pego?

Você aí, saindo da padaria, pode me dizer pra que lado fica a juventude eterna?Com licença, o senhor poderia me indicar o caminho mais rápido para a felicidade?Garoto, chega aí, você já ouviu falar em paz de espírito? Eu estou perto ou estou longe?Pé no acelerador e sorte, caríssimos. Não sigam ninguém, que estão todos à procura também.

MEDEIROS, Martha. Coisas da vida: crônicas. Porto Alegre: L&PM , 2012.

1. Vamos começar pelo título da crônica: a que para-choque se refere a cronista? Por que se diz “filosofia de para-choque”?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. No trecho “Era um sábado à tarde. Eu estava num bairro onde nunca tinha colocado os pés, com um endereço anotado num pedaço depapel [...]”, a que se refere o termo grifado?__________________________________________________________________________________________________________________

3. No primeiro parágrafo, que fato permitiu que a cronista lesse o que estava escrito no para-choque do caminhão?__________________________________________________________________________________________________________________

4. Que efeito provoca, no texto, a frase no para-choque do caminhão “Não me siga que eu também estou perdido”?__________________________________________________________________________________________________________________

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As frases de caminhão são interessantes criações da cultura popular e revelam, geralmente commuito humor, reflexões sobre a vida.

Pesquise frases de caminhão e elabore um mural em sua sala de aula. Combine com seu(sua)Professor(a).

blogiveco.com.br

ESPAÇO PES UISA

Para saber mais...Nos cadernos de apoio pedagógico dos bimestres anteriores você já leu várias crônicas e também já foi apresentado ao conceito de

crônica. Para ampliar seus conhecimentos sobre esse gênero, leia o próximo texto. Ele é uma crônica que trata de... crônicas. Aproveite!

TEXTO 19

“[...] Uma leitora se refere aos textos aqui publicados como "reportagens". Um leitor os chama de "artigos". Um estudante fala delescomo "contos". Há os que dizem: "seus comentários". Outros os chamam de "críticas". Para alguns, é "sua coluna". Estão errados?Tecnicamente, sim – são crônicas –, mas... Fernando Sabino, vacilando diante do campo aberto, escreveu que "crônica é tudo que o autorchama de crônica".

5. No segundo parágrafo, existe um exemplo de gradação. Transcreva-o._________________________________________________________________________________________________________________

6. A partir do terceiro parágrafo, a que a cronista associa o ato de dirigir um carro?_________________________________________________________________________________________________________________

7. Qual é a conclusão a que a cronista chega no quinto parágrafo?_________________________________________________________________________________________________________________

8. No final da crônica podem ser percebidos alguns desejos da cronista. Que desejos são esses?_________________________________________________________________________________________________________________

Eu sou a frase de para-choque.É impossível não olhar para mim.

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1. Relacione essas informações sobre o gênero crônica ao texto de Martha Medeiros que você leu. Marta Medeiros parte de uma situaçãocotidiana, banal, para escrever seu texto? Qual?___________________________________________________________________________________________________________________

2. Por que pode-se dizer que a crônica é um “campo aberto”?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Retire do texto um trecho em que o cronista se dirige explicitamente ao leitor. ___________________________________________________________________________________________________________________

ESPAÇOCRIAÇÃO

Agora, seu desafio será escrever, em seu caderno, uma crônica. Planeje seu texto a partir do roteiro apresentado abaixo. Após aescrita, lembre-se da revisão. Releia o texto, prestando bastante atenção aos elementos de articulação... Seu texto está coeso?E não se esqueça do título!!!

Escolha um assunto e faça aqui anotações sobre ele.

A quem vai se dirigir sua crônica ? Defina

seu leitor.

Que organização terá o seu texto? Faça um roteiro. Que tal pensar em três

partes: começo, meio e fim?

A dificuldade é que a crônica não é um formato, como o soneto, e muitos duvidam que seja um gênero literário, como o conto, a poesialírica ou as meditações à maneira de Pascal. Leitores, indiferentes ao nome da rosa, dão à crônica prestígio, permanência e força. Mas vem cá:é literatura ou é jornalismo? Se o objetivo do autor é fazer literatura e ele sabe fazer... Há crônicas que são dissertações, como em Machado deAssis; outras são poemas em prosa, como em Paulo Mendes Campos; outras são pequenos contos, como em Nelson Rodrigues; ou casos,como os de Fernando Sabino; outras são evocações, como em Drummond e Rubem Braga; ou memórias e reflexões, como em tantos.

A crônica tem a mobilidade de aparências e de discursos que a poesia tem – e facilidades que a melhor poesia não se permite. Está emtoda a imprensa brasileira, de 150 anos para cá. O Professor(a) Antônio Candido observa: "Até se poderia dizer que sob vários aspectos é umgênero brasileiro, pela naturalidade com que se aclimatou aqui e pela originalidade com que aqui se desenvolveu". [...] Como se fosse escritapara um leitor, como se só com ele o narrador pudesse se expor tanto. Conversam sobre o momento, cúmplices: nós vimos isto, não é leitor?,vivemos isto, não é?, sentimos isto, não é? O narrador da crônica procura sensibilidades irmãs. Se é tão antiga e íntima, por que muitos leitoresnão aprenderam a chamá-la pelo nome? É que ela tem muitas máscaras. [...]

Elementos que não funcionam na crônica: grandiloquência, sectarismo, enrolação, arrogância, prolixidade. Elementos que funcionam:humor, intimidade, lirismo, surpresa, estilo, elegância, solidariedade. [...]

Ivan Ângelo, Revista VEJA SP, de 25/04/2007.

Após a escrita: revisão e

circulação dos textos. Combine

com seu(sua) Professor(a).

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1. No humor da tirinha há uma crítica. O que estásendo criticado?______________________________________________________________________________

TEXTO 18

TEXTO 20O OLHADOR DE ANÚNCIOS

Eis que se aproxima o inverno, pelo menos nas revistas, cheias de anúncios decobertores, lãs e malhas. O que é o desenvolvimento! Em outros tempos, se o indivíduo sentiafrio, passava na loja e adquiria os seus agasalhos. Hoje são os agasalhos que lhe batem à porta,em belas mensagens coloridas.

Mas sempre é bom tomar conhecimento das mensagens (...). É o mundo visto atravésda arte de vender. “As lojas tal fazem tudo por amor.” Já sabemos (...) que esse tudo é muitorelativo. “Em nossas vitrinas a japona é irresistível”. Então, precavidos, não passaremos diantedas vitrinas. E essa outra mensagem é, mesmo, de alta prudência: “Aprenda a ver com os doisolhos”. (...) “No liquidificador nacional, a casa X tritura os preços.” Os preços virando pó, num paísinteiramente líquido: vejam a força da imagem. [...].

Prosseguimos, invocados, sonhando “o sonho branco das noites de julho”: “Ponha umaonça no seu gravador.” “A alegria está no açúcar.” “Pneu de ombros arredondados é mais pneu.”“Tip-tip tem sabor de céu.” “Use nossa palmilha voadora.” “Seus pés estão chorando por falta dasmeias Rouxinol, que rouxinolizam o andar.” “Nesse relógio, você escolhe a hora.” “Ponha vocêneste perfume.” “Toda a sua família cabe neste refrigerador e ainda sobra espaço para o peru deNatal.” [...]

O olhador sente o prazer de novas associações de coisas, animais e pessoas; e esseprazer é poético. Quem disse que a poesia anda desvalorizada? A bossa dos anúncios prova ocontrário. E, ao vendermos qualquer mercadoria, eles nos dão de presente “algo mais”, que éproduto da imaginação e tem serventia, como as coisas concretas, que também de pão abstratose nutre o homem.

ANDRADE, Carlos Drummond de. O poder ultrajovem. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974.

Japona - espécie de jaquetão curto.

1. A que o texto se refere quando diz “são osagasalhos que lhe batem à porta, em belasmensagens coloridas”?________________________________________________________________________________

2. Para que são usadas as aspas no segundo eterceiro parágrafos do texto?_______________________________________________________________________________

3. O que os anúncios nos “dão de presente” aomesmo tempo que vendem uma mercadoria?________________________________________________________________________________

4. Segundo o texto, por que esse presente temserventia?________________________________________________________________________________________________________________________

5. O que significa a expressão “pão abstrato”no texto?________________________________________________________________________________

Nos dias de hoje, como o mundo trata o assunto felicidade?

Leia o que Carlos Drummond deAndrade nos diz sobre o assuntopropaganda.

QUINO.Toda a Mafalda.São Paulo:Martins Fontes, 1993.

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TEXTO 21 1. O texto 20 se dirige diretamente ao leitor. Retire do texto o trecho que permite fazer essa afirmação.______________________________________________________________

2. O começo do texto é uma pergunta. Que efeito isso provoca?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Qual o efeito do uso das reticências no texto?____________________________________________________________________________________________________________________________

4. Segundo a propaganda, qual o segredo para a felicidade?____________________________________________________________________________________________________________________________

5. Qual a finalidade da propaganda?______________________________________________________________

6. A que ideias está associada a empresa por meio dessa propaganda?____________________________________________________________________________________________________________________________

7. No texto principal da propaganda há uma definição para a empresa.Indique-a.______________________________________________________________

8. Observe o texto não verbal. Como ele contribui para as ideias passadaspela propaganda?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

eddyework.blogspot.com

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PÁGINA 37LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

1. Observe, atentamente, a imagem. Relacione-a ao texto verbal“Livros mudam vidas”.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Qual a finalidade do texto?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Indique, no texto, palavras que pertencem ao mundo dashistórias.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

O texto publicitário é argumentativo/persuasivo, pois tem a finalidade de persuadir o leitor a comprar um produto ou uma ideia.Para persuadir alguém é necessário conquistar a pessoa. Isso não acontece por imposição. Deve-se, portanto, apelar para suas emoções e

vontades, chamar sua atenção, despertar simpatia e interesse.Esse texto tem grande poder de influência sobre o modo de pensar e de agir das pessoas. A partir da associação de ideias, valores são agregados

aos produtos, muitas vezes de forma implícita. Estabelecer relação do texto verbal com o não verbal é fundamental para se ler bem um texto publicitário.Pergunte-se sempre – por que essa imagem? Qual o efeito produzido pela escolha das cores?Na propaganda que você acabou de ler, o texto verbal e o não verbal encaminham o raciocínio do leitor. Veja só:Ir além de voar encontrar o segredo da felicidade “Gol é mais que voar” Gol/ felicidade

Você foi o personagem principal para que a história de nossa campanha em 2007tivesse mais um final feliz. Foi só porque você doou que arrecadamos muitos livros ecriamos o primeiro Espaço do Saber na comunidade JZ (São José- SC). Através da suadoação da iniciativa da RBSTV e Lumis Construtora, do apoio do Corpo de Bombeirosde SC [...], Câmara Catarinense do Livro (CCL) e Yo Propaganda, muitas vidas vãomudar. Obrigada!Adaptado de http://cip.ig.com.br/index.php/tag/yo-propaganda/

Leia a próxima propaganda. As perguntas vão guiar sua leitura.

O slogan é uma frase criativa que identifica, marca umproduto, uma campanha, uma época etc. Ele tem que ser umafrase de efeito, pois o objetivo é fixar na mente das pessoas aassociação entre a marca e o argumento que a destaca.

4. Associando à leitura do texto não verbal, diga qual oargumento do slogan “Livros mudam vidas”?________________________________________________________________________________________________________

TEXTO 22

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“Você tem seu estilo. A Renner tem todos.”

“[...] Os slogans, enunciados que propagam conceitos feitos para vender produtos, podem ter a alma dos negóciosem cada letra, mas namoram recursos consagrados pela tradição literária, como a métrica, a rima, a metonímia e aaliteração. Traduzir uma campanha publicitária numa frase (com clímax) requer criatividade, claro, mas também profundoconhecimento da língua.

Incorporada ao português, a palavra inglesa slogan vem do gaélico escocês sluagh-ghairm, que significa "grito deguerra", uma acepção obsoleta. Mais do que impor, cabe hoje ao slogan convencer, seduzir.” [...]

Revista Língua Portuguesa Ano II nº 16 / 2007.

Para você saber cada vez mais, vejamos alguns slogans e que recursos da língua portuguesa eles utilizam.

"Pense forte, pense Ford."

"Vira verão Samoa.”

Nos dois slogans, você pode perceber a repetição de fonemas, ajudando a criaruma frase marcante. Nesses casos, temos, como recurso, uma figura de linguagemchamada aliteração.

Nesse outro slogan, a estrutura das frases é semelhante, o que reforça acorrespondência das ideias. Temos um caso de paralelismo.

Os slogans também podem utilizar, como estratégia, a criação de novas palavras, como emA rima também é um recurso muito utilizado. Veja só:

“O mundo é dos nets.”

"Quem bebe Grapete repete.” “Tomou Doril, a dor sumiu."

Agora, é com você!

Pesquise em jornais, revistas, sites, rádio e TV, anotando os slogans que considerar mais interessantes. Vocêdeve analisar cada slogan, respondendo às questões: Que característica da marca/produto está destacada? Esseslogan é marcante? Por quê? Que recurso linguístico ele utiliza para chamar a atenção? Registre no seu caderno osresultados de sua pesquisa. Depois, apresente para os seus colegas e para seu(sua) Professor(a).

ESPAÇO PES UISA

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PÁGINA 39LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Siga refletindo. Agora, vamos viajar ao passado da propaganda.

TEXTO 24 http://ww

w.m

axpressnet.com.br/e/vw

/vw_30-05-12.htm

l

Desde que foi lançado, o gol só vemcolecionando vitórias. Em 93, pelo sétimoano consecutivo, ele foi o carro maisvendido do Brasil, batendo seu própriorecorde ao ultrapassar 180 mil unidadesvendidas. Mais que popular, o Gol estáprovando ser o carro que melhor se adaptaàs estradas e ao modo de vida dosbrasileiros: é robusto, econômico, eficiente,com uma mecânica simples e confiável.[...] É por essas e outras que o Gol jáentrou para a história da indústriaautomobilística brasileira, superando amarca de 1 milhão de carros vendidosdesde o seu lançamento. Isso é que éganhar de goleada. O resto é zebra.Na indústria automobilística, nenhum outro fabricante

apresenta uma experiência tão longa na construção deautomóveis, como a Ford. Vinte e sete milhões de carrosdão-lhe a liderança desta moderna e avançada indústria.Por isso, para possuir um carro expoente, rigorosamentemoderno, luxuoso, seguro e econômico, escolha o Fordde Luxo para 1939, indiscutivelmente o melhor Ford atéhoje construído.

TEXTO 23

Agora, você vai analisar os textos.Vamos começar com a propaganda da Ford.1. Que argumentos a propaganda utiliza para convencer o leitor aadquirir o veículo?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Dentre esses argumentos, qual o principal? O que permitefazer essa afirmativa?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Que palavra marca, no texto, uma certeza?____________________________________________________

Agora, analise a propaganda do Gol.1. A que se referem os termos destacados em “É por essas e outras queo Gol já entrou para a história da indústria automobilística brasileira [...]”?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Repare que o texto se utiliza de palavras do mesmo campo de ideias:o futebol. Escreva, aqui, as palavras que permitem fazer essa afirmativa.____________________________________________________________________________________________________________________

4. Transcreva do texto um fato.______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Quais os argumentos utilizados para defender a ideia de que o Gol é oautomóvel que “melhor se adapta às estradas e ao modo de vida dosbrasileiros”?____________________________________________________________________________________________________________________

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TEXTO 25UM CEGO EM PARIS (CRIATIVIDADE)

Havia um cego sentado na calçada em Paris, com um boné aseus pés e um pedaço de madeira que, escrito com giz branco,dizia:

“Por favor, ajude-me, sou cego“.Um publicitário que passava em frente a ele parou e viu

umas poucas moedas no boné, e, sem pedir licença, pegou ocartaz, virou-o, pegou o giz e escreveu um texto diferente, voltou acolocar o pedaço de madeira aos pés do cego e foi embora.

Pela tarde o publicitário voltou a passar pelo cego que pediaesmola, porém agora, o seu boné estava repleto de notas emoedas.

O cego reconheceu as pisadas do publicitário e lhe perguntouse havia sido ele quem reescreveu seu cartaz, sobretudo querendosaber o que havia escrito ali.

O publicitário então respondeu:– Nada que não esteja de acordo com o seu anúncio, mas

com outras palavras.E completou:“Hoje é primavera em Paris e eu não posso vê-la”.Quando nada acontece, é melhor mudar de estratégia!

IN KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Escrever e argumentar. São Paulo: Contexto, 2016.

O próximo texto mexe com a emoção... 1.Quais as diferenças entre o primeiro texto escrito na placa e oque o publicitário escreveu?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Qual a consequência da mudança de estratégia no texto?____________________________________________________________________________________________________________

3. Converse com seus colegas e com seu(sua) Professor(a) eformule um parágrafo expondo a sua hipótese para a pergunta:Por que o novo texto teve um efeito diferente?___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Agora, você e seus colegas são desafiados a reunirpropagandas e promover uma roda de leitura com elas. Cada um devocês deve apresentar a propaganda escolhida e comentar:• a finalidade;• as estratégias que utiliza para convencer o leitor;• os valores / emoções / ideias que fundamentam sua mensagem.

ESPAÇO PES UISA

Há quem diga que o amor é um elemento fundamental para afelicidade... Na próxima atividade, vamos ler alguns textos que falamde amor.

Como você observou, vários argumentos são utilizados para convencer o leitor, levá-lo a comprar os produtos e as ideias anunciadas.Há quem afirme que, na verdade, não consumimos produtos, mas as ideias por trás desses produtos – ideias de beleza, vigor, poder... ideiasque mexem com as nossas emoções.

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TEXTO 26INIMIGOS

O apelido de Maria Teresa, para o Norberto, era “Quequinha”. Depoisdo casamento sempre que queria contar para os outros uma de suamulher, o Norberto pegava sua mão carinhosamente, e começava:

– Pois a Quequinha...E a Quequinha, dengosa, protestava.– Ora, Beto!

Com o passar do tempo, o Norberto deixou de chamar a Maria Teresade Quequinha. Se ela estivesse ao seu lado e ele quisesse se referir aela, dizia:

– A mulher aqui...Ou, às vezes:– Esta mulherzinha...Mas nunca mais Quequinha.(O tempo, o tempo. O amor tem mil inimigos, mas o pior deles é o

tempo. O tempo ataca em silêncio. O tempo usa armas químicas.)Com o tempo, Norberto passou a tratar a mulher por “Ela”.– Ela odeia o Charles Bronson.– Ah, não gosto mesmo.

Deve-se dizer que o Norberto, a esta altura, embora a chamasse deEla, ainda usava um vago gesto da mão para indicá-la. Pior foi quandopassou a dizer “essa aí” e a apontar com o queixo.

– Essa aí...E apontava com o queixo, até curvando a boca com um certo

desdém.(O tempo, o tempo. O tempo captura o amor e não o mata na hora.

Vai tirando uma asa, depois a outra...)Hoje, quando quer contar alguma coisa da mulher, o Norberto nem

olha na sua direção. Faz um meneio de lado com a cabeça e diz:– Aquilo...

VERISSIMO, Luís Fernando. Novas Comédias da Vida Privada. Porto Alegre: L&PM, 1996.

1. No início do casamento, o marido chamava a esposa de“Quequinha”. Qual o efeito de sentido desse diminutivo?____________________________________________________

2. Conforme o tempo passa, de que outras formas o marido sedirige à mulher?____________________________________________________

3. Podemos dizer que essa forma de tratar a mulher no texto érepresentada por uma gradação. Qual o efeito dessa gradação?____________________________________________________

4. Segundo o texto, qual o maior inimigo do amor? Por quê?____________________________________________________

5. Para que são usados os parênteses no texto?________________________________________________________________________________________________________

6. Qual o foco narrativo do texto?________________________________________________________________________________________________________

7. A que o amor é comparado no texto?________________________________________________________________________________________________________

8. E você? Concorda que o amor se desgasta com o tempo? Converse com os seus colegas e com seu(sua) Professor(a).

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TEXTO 27Capítulo IXNAS GARRAS DO PRIMEIRO AMOR

Um dia perguntei à Mariana:— Você quer ser minha namorada?A sociedade secreta Olho de Gato havia deixado de se reunir, mas Mariana e eu continuávamos nos encontrando, apenas como

amigos. Os outros dois agentes secretos continuavam também por ali, prontos para entrar em ação, quando convocados: Hindemburgocom as suas cachorrices, e Pastoff sempre acoelhado no fundo do quintal.

A resposta de Mariana me deixou estatelado de surpresa:— Você ainda é criança.— E daí? — gaguejei, despeitado: — Você também não é?Ela olhou para um lado e para o outro, vendo se não havia ninguém por perto, e aproximou a boca do meu ouvido:— Eu já tenho namorado.Minha surpresa foi ainda maior. Tentei disfarçar com um gracejo:— Não vai me dizer que é o Pastoff. Mariana tinha um carinho especial pelo coelho. Mas ela continuou séria:— Se você jura que não conta para ninguém, eu digo quem é.Jurei com os dedos em cruz.— Então espera um instante.Foi até sua casa e em pouco voltava a correr, trazendo um recorte de revista:— Olha aqui ele.Era o retrato de um famoso artista de cinema, nem me lembro qual.— Ora, isso aí não é namorado nenhum — comentei, com desdém, mas no fundo aliviado: — Eu digo é namorado mesmo. Gente de

verdade, como eu.Ainda me sentia ferido no meu amor-próprio, desprezado em favor de um rival inexistente:— Esse não passa de um pedaço de papel. Ela não se abalou:— Pois fique sabendo que é a ele que eu amo — e beijou o retrato com fervor diante de meus olhos. Depois fez meia-volta e correu

para dentro de casa, recorte apertado contra o peito.Mais de uma vez eu já tinha ido observar os casais nos bancos da praça, ou passeando entre os jardins. O que me intrigava era o jeito

meio solene, a compostura deles. Por que ficavam sozinhos? Que é que tanto conversavam? E, principalmente, por que às vezes nãodiziam nada, calados um junto do outro, como se estivessem aborrecidos ou pensando na morte da bezerra? Por que não iam fazeralguma coisa, tratar da vida, cada um para o seu lado?

Naquela época não se admitia que os namorados nem mesmo se dessem as mãos — a menos que já estivessem comprometidos: feitoo pedido de casamento e celebrado oficialmente o noivado, podiam os dois sair então de braço dado pela rua. Podiam até mesmo ficarconversando baixinho, sentados na varanda ou no sofá da sala, desde que na presença vigilante de alguém — em geral a mãe da moçaa tricotar na cadeira de balanço.

Continua

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Eu já sabia tudo isto e sabia também que namorar, embora meio proibido pelos pais, ou por isso mesmo, era uma coisa boa. Mas só paraas meninas. Elas é que não tinham outro assunto, principalmente as mais velhas, quando se reuniam, aos risinhos e cochichos. Para nós,homens de sete, oito, nove anos, namorar era uma bobagem, coisa para mulher. O que vinha a ser um contrassenso: como as meninaspoderiam se dedicar ao namoro, se os meninos não pensavam em fazer o mesmo?

Foi o que me levou naquele dia a quebrar a regra que nos havíamos imposto de não dar confiança às mulheres, e perguntar à Mariana sequeria me namorar. Jamais esperava uma negativa, e sua reação me deixou humilhado: quem ela pensava que era? Alguma princesa?

Mas num ponto não deixava de ter razão — foi o que logo concluí: namoro era coisa séria, de gente grande, e para toda a vida — namoro,noivado, casamento. Não era brincadeira de menino. Por isso ela tinha escolhido um homem para namorar e não queria saber de umacriança como eu. Pouco importava que ela também fosse criança e ele um artista de cinema, que nunca seria visto em carne e osso.

Decidi fazer o mesmo. Passei a reparar nas artistas, a fim de escolher uma para mim, a que me parecesse mais bonita. Em meio aosretratos de meus ídolos, que eram em geral jogadores de futebol e lutadores de boxe, passei a colecionar também o de atrizes de cinema,em figurinhas que acompanhavam as balas Fruna. Mas amava todas elas, indistintamente, não me decidia por nenhuma em particular. Aocontrário de Mariana, não me contentava em ter como namorada alguém que só existia no papel ou na tela.

Foi quando surgiu em Belo Horizonte aquela que passou a encarnar na vida real a figura do meu primeiro amor.[...]

Glossáriocontrassenso- absurdo; desdém- desprezo, indiferença; despeitado- magoado.

1. O que o título sugere como assunto do capítulo?_________________________________________________________________________________________________________________

2. O 3º. parágrafo dá pistas sobre quem sejam Hindemburgo e Pastoff. Que pistas são essas e o que revelam sobre eles?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Qual a causa da surpresa do narrador quando Mariana lhe disse que ele era ainda uma criança (para namorar)?_________________________________________________________________________________________________________________

4. Qual foi a segunda surpresa do narrador?_________________________________________________________________________________________________________________

5. Transcreva o trecho em que Mariana impõe uma condição para contar ao narrador quem é seu namorado. Destaque, no trecho, a palavraque indica tratar-se de uma condição._________________________________________________________________________________________________________________

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6. Que gesto reforça o juramento feito pelo narrador?_________________________________________________________________________________________________________________

7. No trecho “─ Olha aqui ele.” (parágrafo 15), a quem se refere a palavra destacada?_________________________________________________________________________________________________________________

8. Por que o narrador considerava o namorado de Mariana um rival inexistente?_________________________________________________________________________________________________________________

9. O que, no parágrafo 21, indicam as interrogações que o narrador se faz?_________________________________________________________________________________________________________________

10. Qual o significado de “pensar na morte da bezerra” (parágrafo 21)?_________________________________________________________________________________________________________________

11. No parágrafo 22, que expressão revela que o narrador está se referindo à sua infância?_________________________________________________________________________________________________________________

12. Observe o trecho “Eu já sabia tudo isto e sabia também que namorar, embora meio proibido pelos pais, ou por isso mesmo, era uma coisa boa.” (parágrafo 23) a) A que se refere a expressão em destaque?_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) Na opinião do narrador, namorar era uma coisa boa, mesmo ou por causa da proibição dos pais. Que termos indicam essas duas ideias?__________________________________________________________________________________________________________________

13. No trecho “O que vinha a ser um contrassenso: como as meninas poderiam se dedicar ao namoro, se os meninos não pensavam em fazer o mesmo?”, que função têm os dois pontos?__________________________________________________________________________________________________________________

14. Que reação de Mariana deixou o narrador humilhado?__________________________________________________________________________________________________________________

15. A que conclusão o narrador chega com a negativa de Mariana?__________________________________________________________________________________________________________________

16. Que consequência teve para o narrador a negativa de Mariana?__________________________________________________________________________________________________________________

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(FINAL DO CAPÍTULO IX)Na manhã seguinte encontrei debaixo de minha porta um envelope fechado. Abri-o ansiosamente com o meu canivetinho, já adivinhando de

quem seria. Retirei um pequeno bilhete:

Saí do quarto precipitadamente, mas não encontrei a Cíntia na sala, nem em seu quarto, nem em lugar nenhum. Dei com meu pai na copatomando o seu café:

— Cíntia foi embora? — perguntei, aflito.— Ela saiu — ele informou tranquilamente, e acrescentou logo, rindo: — Mas não com o Peixoto. Saiu com sua mãe, foram fazer compras na

cidade.Cíntia estava de partida na manhã seguinte. Não tive, desde então, oportunidade de estar com ela a sós um momento sequer, para de alguma

maneira responder ao seu bilhete. Quando fui para a escola, ela ainda não tinha chegado, e ao voltar, ela estava em companhia de algumasamigas que havia feito em Belo Horizonte, e que ficaram para jantar. Só na manhã seguinte pude lhe dirigir uma palavra furtiva, já na hora de suapartida:

— Eu também, Cíntia — disse-lhe baixinho.— Você também o quê? — e ela se curvou para me abraçar, se despedindo.Deu-me um beijo em cada face, e eu me aproveitei para sussurrar ao seu ouvido:— Eu também te amo.Ela ficou parada um segundo, surpreendida, e depois se abriu num sorriso que eu guardo até hoje entre as lembranças mais lindas da minha

vida.Depois que ela se foi, tranquei-me no quarto e busquei seu bilhete para relê-lo ainda uma vez, por entre as lágrimas que me escorriam dos

olhos. Ao enfiar os dedos no envelope, puxei com o bilhete um outro pedaço de papel, onde, surpreso, dei com as seguintes palavras:

Era apenas um pedaço do bilhete, que eu havia cortado em dois ao abrir o envelope. Juntei os pedaços e pude enfim ler o bilhete completo:

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Naquela mesma tarde a Mariana, que andava sumida, deu o ar de sua graça: — Então, sua amiguinha já foi embora? — perguntou com voz irônica. Respirei fundo, espantando de mim o resto da minha mágoa: — Minha amiguinha é você, Mariana.

SABINO, Fernando. O menino no espelho. Rio de Janeiro: Record, 2009.

17. O que levou o narrador a sair correndo pela casa à procura de Cintia?_________________________________________________________________________________________________________________

18. O que o riso do pai, ao acrescentar que Cintia não havia saído com Peixoto, deixa-nos perceber?_________________________________________________________________________________________________________________

19. De acordo com o contexto, o que levou o narrador a dizer “Eu também, Cintia.”?__________________________________________________________________________________________________________________

20. O narrador acaba completando a afirmação ao dizer “— Eu também te amo.” Qual a reação de Cíntia ao ouvir essa declaração?__________________________________________________________________________________________________________________

21. O que causou o equívoco entre o narrador e Cíntia?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

22. No trecho “Naquela mesma tarde a Mariana, que andava sumida, deu o ar de sua graça:“— Então, sua amiguinha já foi embora? — perguntou com voz irônica.”a) Que significado tem a expressão dar o ar de sua graça? _________________________

b) Que efeito de sentido tem o uso do diminutivo em “amiguinha”?__________________________________________________________________________

23. Que personagens participam desse final de capítulo?__________________________________________________________________________

24. Qual é o foco narrativo do capítulo?__________________________________________________________________________

25. Onde se passa a cena final do capítulo?_______________________________________

Chegamos ao final deste caderno e ao finaldo ano.

Você também está concluindo sua jornadapelo ensino fundamental. Durante toda a suapermanência na Rede Municipal de Ensino, vocêpôde se desenvolver, se apropriar cada vez maisda língua portuguesa, construir sua competênciacomo leitor e autor. Agora, vai seguir pela vidaaprendendo...

Isso é o mais importante: aprender sempre.Foi uma alegria fazer parte da sua história!Um afetuoso abraço!

Equipe de Língua Portuguesa SME

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