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  • hipertextoJornal da Famecos/ PUCRS. Porto Alegre, maio 2009 Ano 11 N 71

    ANO11

    ESPERANAE AMOR

    O testemunho de vida de Vera Lcia que vive h dois anos em uma

    UTI Peditrica aolado da filha Patrcia

    Pginas 4 e 5

    Pgina 5

    POLMICAMarcha pelamaconha

    O Fora Yedaganha as ruas

    Pgina 7

    SantAna dshow na PUC

    Simplesmente: Eu sou o melhor

    Celebrados os 45 anosdo jornal Zero Hora

    Pgina 11

    Estudantes e sindicalistas se mobilizam

    Os cespoliciais

    TREINAMENTO

    Pgina 3

    CULTURAArte em cermica unecasal de gacha e japons

    Pgina 10

    Maria Helena Sponchiado/ Hiper

    Lvia Stumpf/ Hiper

    Guilherme Santos/ Hiper

    Diogo Lucato/ Hiper

    Bruno Todeschini/ Hiper

    Ana Maria Bicca/ Hiper

  • Porto Alegre, maio 20092 abertura hipertexto

    Jornal mensal da Faculdade de Comunicao Social (Famecos) da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul (PUCRS).Avenida Ipiranga 6681, Jardim Botnico, Porto Alegre, RS, Brasil.E-mail: [email protected]: http:// www.pucrs.br/ famecos/ hiper-texto/ 045/ index.phpReitor: Ir. Joaquim ClotetVice-reitor: Ir. Evilzio TeixeiraDiretora da Famecos: Mgda CunhaCoordenadora de Jornalismo: Cristiane

    FingerProduo dos Laboratrios de Jornalismo Grfico e de Fotografia.Professores Responsveis: Tibrio Var-gas Ramos e Ivone Cassol (redao e edio), Celso Schrder (arte e editorao eletrnica) e Elson Semp Pedroso (fotojornalismo).Estagirios matriculados e voluntrios:Gerente de produo: Rodolfo Soares Manfredini Editores: Andr Di Giorgio Mantese, Pedro Palaoro, Joyce Copstein e Mariana

    Pires.Editor de Fotografia: Bruno Todeschini e Camila Domingues.

    Redao: Cssio Hbner Santestevan, Danielle Brites Rodrigues, Eduardo Silveira, Fernando Soares, Flvia Drago Gordim, Joyce Copstein, Jlia Schwarz Moreira, Jlia Souza Alves, Loreno Oliveira Borba, Marcus Perez, Marina SantAnna de Oliveira, Mariana de Mattos Pires, Morgana Laux, Natalia Rech, Rodolfo

    Soares Manfredini, Shaysi Melate, Stfano Aroldi Santagada, Tiago Kern do Amaral e Yasmine Santos.

    Reprteres Fotogrficos: Ana Maria Bicca, Bernardo Ribeiro, Bolvar Abascal Oberto, Bruno Todeschini, Clarissa Leite Caum, Diogo Lucato Oliveira, Fernanda Vergara Grabauska, Guilherme Santos, Henry Soares, Jonathan Heckler, Lvia Stumpf, Maria Helena Sponchiado, Maria-na Gomes da Fontoura e Tatiany Lukrafka.

    Hipertexto Apoio cultural: Zero Hora. Impresso: Pioneiro, Caxias do Sul. Tiragem 5.000

    Por Jlia Souza Alves

    Tinha tudo para dar certo. Um encontro necessrio, organizado por uma das revistas mais con-ceituadas na rea, a Cult, e que promovia a aproximao entre interessados em iniciar um debate sobre o pensamento contempor-neo. Talvez mais do que isso. Eles queriam provocar reflexo. Com uma ambiciosa grade de assuntos devido quantidade de temas pertinentemente abordados, a cidade de So Paulo acolheu, de 4 a 8 de maio, palestrantes de vecu-los com caractersticas e opinies diversas, mas com vontade de mudar o imaginrio predominan-te no Pas, onde apesar de existir ricas manifestaes folclricas, a arte persiste como artigo de luxo, suprfluo ou a cereja do bolo.

    O lugar escolhido tambm ti-nha um significado. O Tuca, teatro da PUCSP, foi cenrio de impor-tantes acontecimentos culturais como os primeiros shows da car-reira de Chico Buarque, Elis Re-gina, Vincius e Tom Jobim, sem falar no comeo do Tropicalismo, marcado por uma apresentao histrica de Caetano Veloso.

    Foram 30 horas de eferves-cncia intelectual, uma overdose de informao. Em 11 mesas de discusso foram analisadas as coberturas de msica, teatro, cinema, belas artes, literatura, televiso, internet e cincias hu-manas. Entre as indagaes, al-gumas se destacaram, motivando debates acalorados como: Qual a importncia do jornalismo na difuso da cultura? e A televiso contamina o modo de ver dos cidados?

    O ministro interino da Cultu-ra, Alfredo Manevy, explicou que a poltica cultural uma prtica bastante recente e o principal objetivo do estado contemplar mais de 50 segmentos culturais existentes no Brasil, diferente do que era feito antigamente, quando

    se elegia duas ou trs reas para investir verba pblica. Alm de lembrar que 90% dos brasileiros no tm acesso aos bens cultu-rais (biblioteca, cinema, museu e outros), Manevy assinalou que a cultura o nosso maior patri-mnio e perguntou que tipo de desenvolvimento se quer. Carlos Graieb, editor-executivo da Veja, ilustrou sua fala sobre a inade-quao entre a produo aca-dmica e o discurso jornalstico dizendo que a imprensa no tem poder de polcia, nem de exrcito e no pode prender. As pessoas no so robs que saem repetindo aquilo que lem. Observou que, ao contrrio dos acadmicos que interpretam o mundo opinando, a imprensa vive de apurar fatos e disponibiliza uma infinidade de recursos para que aquilo que est escrito seja a verdade. O diretor-adjunto do jornal espanhol El Pas, Juan Cruz, tambm defende a apurao de dados. Ele consi-dera que h certa imprudncia ao falar sem limites, facilitada pela abundncia de instrumentos acessveis hoje. Como contrapon-to, o professor Clvis de Barros Filho, da ECA-USP e ESPM, alega que os resultados de dominao da mdia possveis justamente por serem sutis e passarem des-percebidos pela populao: por trs das informaes bvias que podemos encontrar defeitos ticos no jornalismo.

    Nas rodas de conversas des-contradas havia o sentimento de que sim, possvel superar o agendo em que os cadernos culturais se tornaram. Mrcia Ti-buri, apresentadora do programa Saia Justa no GNT, apresentou uma viso pessimista. Mrcia acredita que toda a cultura de hoje indstria cultural e que leitores so, na realidade, consumidores. Sempre polmica, finalizou sua participao respondendo ao colega de mesa Hubert Alqures (diretor-presidente da Imprensa

    Oficial do Estado de So Paulo): Eu gosto de ser pretensiosa por-que assim eu incomodo os mais pretensiosos.

    Personalidades como o msi-co e apresentador da MTV, Lobo, tambm se manifestaram. Ele comentou o fato de ser chamado de maluco falastro pela mdia e reclamou: os alicerces da cultura brasileira esto completamente ultrapassados. Srgio Martins, crtico musical da Veja, acredita

    que o jornalismo musical passa por um perodo de transio, as-sim como o mercado fonogrfico.

    Entre os temas especiais, esteve em pauta a formao acadmica em jornalismo, item que o contou com a participao da Famecos, representada pelo professor Vitor Necchi. A PUCRS apoiou o evento e, mesmo distante geograficamente da metrpole paulistana, reconhecida no pas pelo trabalho educacional.

    EDITORIAL

    A IMAGEM

    Borghettinho participou do show do Dia do Trabalho no Gasmetro

    Guilherme Santos/ Hiper

    Por Rodolfo Manfredini

    A Lei de Imprensa (5250/67) enfim est extinta. O Supremo Tribunal Federal (STF) revogou a lei criada h 42 anos pela di-tadura militar por consider-la incompatvel com a atual ordem constitucional.

    A deciso foi tomada em 30 de abril por sete dos onze ministros que compe o STF. O julgamento da questo j havia iniciado em 1 de abril quando, tambm, seria analisado a obri-gatoriedade do diploma para a exerccio do jornalismo. Desta vez o assunto em pauta, em 30 de abril, se tratava de uma ao pro-posta pelo PDT, em fevereiro do ano passado, pedindo a anulao de alguns artigos que regulavam a liberdade de manifestao do pensamento e de informao.

    No entanto, o fim da Lei de Imprensa abriu uma lacuna ju-rdica em relao ao direito de resposta. A Constituio Federal assegura esse direito, mas no o detalha. Sendo assim, a partir de agora, a deciso ficar a cada juiz que analise o tema.

    Entidades que representam empresas de comunicao e jor-nalistas aprovaram com ressal-vas a deciso. Para a Associao Nacional de Jornais (ANJ) e para a Federao Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a simples extino da lei, sem a fixao de novos parmetros para a ativida-de jornalstica, como o direito de resposta, cria um perigoso vcuo na legislao. De acordo com as duas entidades, sem normas especficas, jornais e jornalistas estaro merc de imprevisveis decises judiciais.

    O autor da ao que pediu a revogao da Lei de Imprensa, deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) comemorou o resultado e se posicionou contra a aprovao de uma nova lei nesse sentido. Para Teixeira, o direito do povo informao deve ser absoluto, e qualquer lei criaria restries.

    STF extingue Lei de Imprensa

    A arte na imprensa artigo de luxo Congresso de Jornalismo Cultural questiona tendncias da mdia brasileira

  • Porto Alegre, maio 2009 3geralhipertexto

    Por Stfano Aroldi Santagada

    J se tornou uma tradio porto-alegrense. A cada novo go-verno, outra proposta de revitali-zao do Cais Mau apresentada populao. Em comum, projetos arrojados, audaciosos, polmicos e, sobretudo, malogrados. Foi o ento prefeito Alceu Collares que, em 1988, apresentou a primeira proposta para dar um novo des-tino zona porturia. Sucessivos governos voltaram a prometer a revitalizao do porto. Seja por disputas polticas, questes finan-ceiras ou simples desinteresse, nenhuma saiu do papel.

    Agora a governadora Yeda Crusius que, seguindo a tradio, apresenta uma nova promessa de reaproveitamento do Cais. A atual proposta prev a reformu-lao do trecho do porto entre a Estao Rodoviria e a Usina do Gasmetro. A rea ser concedida iniciativa privada, que ficar responsvel pelas obras e poder explor-la comercialmente. Pelo plano apresentado, os armazns do cais seriam reformados e abri-gariam bares, restaurantes, lojas

    e centros culturais. Na rea das docas, nas ime-

    diaes da Rodoviria, seriam erguidos prdios comerciais e um hotel. Na outra extremidade, ao lado da Usina, a idia construir um shopping center. O investi-mento previsto de R$ 500 mi-lhes. O projeto contempla ainda a instalao de plataformas flutu-antes para o passeio de pedestres e a construo de dois grandes estacionamentos, com capacidade para abrigar 3.530 veculos.

    Segundo as diretrizes estabe-lecidas, o polmico muro da Mau no ser demolido, mas sofrer a primeira interveno. Construdo na dcada de 1970, como parte do sistema de defesa da cidade contra cheias, a barreira ser reduzida de trs metros de altura para um metro e meio.

    O muro no pode ser tratado de forma passional. Qualquer alterao s pode ser feita com um estudo profundo dos tcnicos do municpio, salienta Edemar Tutikian, coordenador executivo do projeto de revitalizao do Cais Mau. Ele ressalta que o muro tambm garante segurana

    ao local. O projeto est agora nas mos

    da prefeitura de Porto Alegre. Dever passar pela anlise de di-versas comisses e depois seguir para a Cmara dos Vereadores para alteraes no Plano Diretor da rea. Depois disso, o Governo do Estado poder lanar o edital para a licitao que escolher o grupo responsvel pelo investi-mento.

    Diante do habitual ceticismo da populao, o governo garan-te que, desta vez, a renovao do porto deixar de ser apenas uma promessa. De acordo com Tutikian, os porto-alegrenses podem confiar, pois o projeto prioridade dos governos estadual e municipal e j existem grupos interessados em investir. Nunca estivemos to perto da revitaliza-o, enfatiza.

    A expectativa de que as obras se iniciem em 2010, com previso de conclu-las em quatro anos. Aos moradores da cidade, to acostumados s frustraes, resta a esperana de que a tradio de projetos mal-sucedidos realmente chegue ao fim.

    Por Morgana Laux Com 26 ces farejadores de

    drogas e explosivos, o canil do Batalho de Operaes Especiais (BOE) completou 45 anos, au-xiliando na segurana em todo o Estado.

    Fundado em 1964 por um soldado, o departamento iniciou suas atividades com ces de pa-trulha que realizavam a proteo do policial, a interveno em esta-belecimentos penais e abordagens em locais de difcil acesso. Ao lon-go dos anos, a estrutura e o trei-namento foram se aprimorando e, atualmente, o setor, localizado na Rua Coronel Aparcio Borges 2001, apresenta ces de raas va-riadas de labradores, pastores do tipo alemo, branco, capa preta e malinua, alm de rottweilers.

    O canil, que trabalha com doaes de filhotes, seleciona determinadas raas, pois j se conhece a habilidade delas para funes especficas. O labrador tem mordida geneticamente mais fraca, suas clulas olfativas so mais aprimoradas, no entanto, em relao aos demais. Ele tem

    inteligncia instintiva, mas no quer dizer que todos labradores so bons caadores e tambm no quer dizer que outras raas no possam ser. Mas como a polcia tem pouco tempo, ns buscamos nessas raas (labrador, pastor e rotweiller) em que mais fcil encontrar o co para trabalhar, informa o capito PM Carlos Magno da Silva Vieira.

    Depois da seleo, o treina-mento com co dura no mnimo

    um ano. Nesse perodo, ele deve se socializar com tudo e se acostu-mar com rudo de avio, de navio, com disparo de arma de fogo e, at mesmo, com silncio, hoje raro, mas muito importante. O treinamento consiste em trabalho de base, de obedincia s ordens de permanecer no local, andar ao lado da perna esquerda, obedecer ao comando de deita e tambm de fica.O treinador forma todo o adestramento bsico do co,

    porm, os dois juntos, pode-se dizer, formam um binmio. com o treinador que o co deve aprender a atuar em qualquer ter-reno. O tato do co, a capacidade de percepo entra no terreno, aonde ele est pisando, comenta o capito do BOE.

    Durante o treinamento, se o cachorro no realiza de modo correto a funo, ocorrem ad-vertncias verbais. O capito explica que, para penalizar o co, o mximo que se faz um tranco, ou seja, puxar o colar enforcador do animal. Nunca se bate em um co. como uma criana, se bater nela, tu despertas uma agres-sividade. Com o co a mesma coisa, argumenta Carlos Magno.

    A recompensa, no entanto, para os treinamentos corretos, o carinho do treinador. Alm disso, a rao faz parte dessa etapa. A rao tem que ser top de linha com 23% no mnimo de protena e com determinados componentes, que so protetores de articulao, porque os ces de polcia saltam muito. Para ter esses compo-nentes a rao deve ser da linha Premium.

    Aps cumprir suas atividades no BOE, por nove ou dez anos, em geral o animal vai para a casa do treinador. Se no for possvel, uma comisso formada para analisar candidatos que, muitas vezes, so do prprio Batalho. Quando morre algum co, todos sentem muito com a perda. muito triste quando um deles morre, porque so como integran-tes de uma famlia. Ns sentimos muito, diz o capito, abatido com a transferncia de um dos animais ferido em operao para o hospi-tal veterinrio.

    O canil, que j forneceu dois ces para atuar nos jogos Pan Americanos, no Rio de Janei-ro, fazendo buscas a comitivas de americanos e israelenses, destaque no Rio Grande do Sul com o curso de co farejador de explosivos. O capito destaca que o sucesso do trabalho se deve ao carinho do homem com o co. Ns temos de melhor o trabalho em conjunto, essa unio entre homem e o animal. A gente est sempre junto deles. um requi-sito gostar disso. Ns somos uma grande matilha, ri da metfora.

    Ces procuram drogas e explosivos O canil da Brigada Militar prepara animais para o policiamento e represso ao crime

    Uma nova promessa para o Cais Mau Aps mais de 20 anos de projetos, surge outro

    Canil do Batalho de Operaes Especiais completa 45 anos em 2009

    Por Cssio Hbner Santestevan

    A prefeitura de Porto Alegre anunciou que a con-sulta popular sobre o projeto Pontal do Estaleiro ser rea-lizada no dia 23 de agosto. A votao ser realizada nos moldes das eleies para conselheiros tutelares, em 330 urnas localizadas em 90 locais de votao. Por determinao do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), s estaro aptos a votar os cidados que estiverem com sua situao eleitoral regu-larizada at 24 de julho, 60 dias antes da consulta.

    Em abril, a BM Par Em-preendimentos, proprie-

    tria do terreno do antigo Estaleiro S, anunciou que no construiria prdios resi-denciais na orla do Guaba. Contudo, no dia 30 de abril o prefeito Jos Fogaa san-cionou a lei prevendo a rea-lizao da consulta popular. Alm disso, o texto aprovado determina que um trecho de 60 metros junto ao Guaba fique livre de construes, destinado para o uso pblico.

    A BM Par questiona a realizao da consulta e a limitao da rea a ser cons-truda, que considera pass-vel de indenizao. Os pro-prietrios admitem acionar judicialmente a prefeitura, com base na lei anterior.

    Bruno Tedeschini/Hiper

    Bruno Tedeschini/Hiper

    Consulta popular em agostoEstaleiro: a ltima palavra sobre a utilizao da rea ser da populao

  • Porto Alegre,maio 20094 sade hipertexto

    Por Marina SantAnna de Oliveira

    O Hospital da Criana Santo Antnio (HCSA), do Complexo Hospitalar Santa Casa de Por-to Alegre, faz mais de 190 mil atendimentos ambulatoriais e proporciona quase dez mil inter-naes por ano em seus 25 leitos na Unidade de Tratamento Inten-sivo (UTI), atendendo crianas de todo o Brasil. Este ms, o espao recebeu mais 15 leitos, passando para 40. Referncia na Amrica Latina, a unidade est em um patamar de excelncia em diag-nsticos e tratamentos de doenas peditricas, desde os casos mais comuns at os de alta complexida-de, destaca a mdica responsvel pela UTI, Cludia Ricachinevsky.

    Dentre os casos de alta com-plexidade, est a cardiopatia congnita, envolvendo crianas que nascem com problemas no corao e neurolgicos, como tumores cerebrais. Passam pelo hospital crianas com outros tipos de cnceres infantis, portadoras de m formao congnita e com doenas infecciosas. As doenas contagiosas tm levado crianas ao hospital e ainda causam bitos. Mas esto bem menos prevalentes do que em anos atrs, enfatiza Cludia. Os casos comuns, que so mais frequentes, so os acidentes por intoxicao e de trnsito.

    Na UTI peditrica, as equipes mdicas procuram manter os pa-

    cientes l pelo menor tempo pos-svel. Alm de serem submetidas s avaliaes mdicas, enfrentam um ambiente hostil, com luz o dia inteiro, barulho dos monitores, alarme, um cenrio imprprio para uma criana enferma. Elas no enfrentam sozinha esta etapa sofrida. Mes corajosas encaram a batalha fatigante de esperar pela recuperao dos filhos. o caso de Vera Lcia Mesquita Dias, de Mostardas, e Dbora da Silva, de Capo da Canoa. O que as une so suas histrias de vida. Ambas procuraram o HCSA por ser um hospital dos mais conceituados do Rio Grande do Sul, completo em infra-estrutura e equipado com tecnologias avanadas.

    Unidas pelaesperanaDuas histrias com a mesma

    causa e dor. Mes em situaes diferentes, porm ligadas pela esperana, luta, insistncia e re-sistncia. Vera Lcia a me de Patrcia, dois anos, uma menina linda e corajosa. Acompanhada do marido, Jos Carlos de Arajo, Vera Lcia h quase dois anos praticamente mora na UTI do HCSA. Patrcia portadora de uma doena gentica incomum e com elevada mortalidade, a sndrome de Werdnig-Hoffman. No consegue respirar sem apa-relhos nem ter uma vida igual das outras crianas. No pode

    correr, brincar, pular, pois sofre de paralisia. Vera Lcia tambm a me de Priscila, sete anos, que no pde comemorar o Dia das Mes, 10 de maio, ao lado da me, e nem o aniversrio de trs aninhos da mana, no dia seguinte, por que ambas estavam na UTI.

    Dbora da Silva teve uma gestao complicada com sinais de pr-eclampsia (alta presso arterial e proteinria, presena de protena na urina), com riscos de morte me e ao beb. Mesmo assim, o filho Djullian nasceu prematuro. Mas, aos quatro me-ses, foi encaminhado ao HCSA. Sua barriga inchava sem parar, sentia dores e chorava muito. O inchao causava compresso dos pulmes, relembra Dbora. O menino foi submetido cirurgia de risco, o que levou UTI pe-ditrica.

    Vera Lcia espera pela cura da caula, enquanto est longe de sua primognita. Em lgrimas, fala da saudade e a vontade de rev-la. Eu sei que a Paty precisa de mim aqui. O que mais cansa ficar longe da minha outra menina. Eu queria poder estar junto das minhas duas filhas, mas infeliz-mente, isso no possvel.

    Dbora ficou 15 dias ao lado do filho, na UTI. Dormia sentada em uma poltrona, com a cabea na cama dele e segurando sua mo. Ele sentiu meu amor, diz com orgulho do sacrifcio. Djullian foi

    um anjo iluminado, superou todas as expectativas da equipe mdica, pois teve pneumonia, infeco generalizada, cirurgia de hrnia na barriga e, com a sua garra to precoce superou as dificuldades. A me garante que todos os profis-sionais foram os responsveis pela melhora de Djullian. O trabalho de acolhimento familiar que o hospital oferece ajuda na recupe-rao das crianas internadas, enfatiza.

    Assistncia famliaHumildes agricultores, longe

    do trabalho, Vera Lcia e Jos Carlos economizam ao mximo o pouco que tm para sobreviver na Capital. Vivem do benefcio que o Estado d aos pais que tm filhos com doenas crnicas e de doa-es feitas por mdicos, funcio-nrios e voluntrios do Hospital. No temos queixa do tratamento do hospital. A assistncia social nos d quarto para dormir, ar-mrios para guardarmos nossas coisas. Podemos ficar 24 horas ao lado da Paty. E tambm rece-bemos alimentao quando tm doaes, conta Vera Lcia.

    Os pais de Patrcia descobri-ram sua doena s quando ela completou um ano e dois meses. Ficamos desesperados, porque a gente achava que ela tinha alguma coisa diferente, mas o pediatra de l dizia que ela era apenas uma

    criana preguiosa, desabafa a me inconformada. Os mdicos do hospital de Mostardas no esto preparados, nem equipados, para tratar doenas infantis de alto risco. Vera e Jos recorreram Justia e prefeitura do munic-pio, pediram para equipar o hos-pital da cidade com o aparelho que filha precisa para respirar, mas o pedido foi negado duas vezes.

    Passaram-se dois anos e oito meses, e Djullian est curado. Tem vida saudvel longe da UTI. Sua me acredita que ele um heri e superou todas as barreiras graas ao amor. O amor de me pode curar, bem como a dedica-o de pessoas que no querem nada em troca, como as volun-trias do Cazar. O carinho dos pais, presente na recuperao do filho, pode ser um remdio revi-gorante, capaz de sanar qualquer dor. O Hospital da Criana Santo Antnio no abriga apenas enfer-midades, mas pessoas dispostas a ajudar e crianas corajosas. Patrcia ainda no teve a sorte e o mesmo destino de Djullian, mas no desiste. s ver seus olhos. O amor que gira em seu redor d fora resistncia. Seus pais espe-ram recursos que possam salvar ou minimizar sua permanncia na UTI. Quem quiser ajudar Patrcia, com doaes de fraldas, produtos para higiene ou roupas infantis, faa contato com o nmero (51) 9804-4406.

    Amor tambm cura crianas hospitalizadas

    Testemunho de mes com filhos em UTI Peditrica

    Maria Helena Sponchiado/ Hiper

  • Porto Alegre, maio 2009 5sadehipertexto

    Caridade, amizade, zelo e amor com responsabilidade so sentimentos que as palhacinhas do Projeto Cazar (nome forma-do com as iniciais das quatro palavras) possuem de sobra. Em novembro de 2001, a funcionria pblica Zoraide Nunes e as ban-crias Adriana Silva e Rita Nunes resolveram se unir e espalhar o amor na UTI peditrica do Hos-pital da Criana Santo Antnio. Vestidas de palhacinhas, com jalecos coloridos, pintados mo, e narizes de palhao feitos por elas, e acompanhadas por seus ursinhos camaradas, tiveram a idia de levar, aos sbados, ale-gria, amor, conforto, carinho e solidariedade, s crianas da UTI. Com a meta de aliviar tambm a dor das mes, a maioria delas passa por dificuldades financei-ras, resolveram criar, no final de 2008, a ONG Raios de Sol. A ideia de, no futuro, auxiliar as famlias com doaes arrecada-das, minimizando suas despesas.

    A me Dbora da Silva acre-dita no poder do voluntariado. O Projeto Cazar respeitado por todos os profissionais do HCSA. Elas levam alegria s crianas e amparam as mes que esto doentes tambm, mas doentes de afeto, por estarem, na opinio de Dbora, em uma situao de desespero. Estava ali h dez dias com o Dju, tirando fora no sei de onde, mas Deus me mandou essas trs anjas abenoadas. As palhacinhas contagiam o am-biente com felicidade. Elas no tm preconceito ou receio de do-enas, levam alegria, provocando o sorriso no rosto de quem h algum tempo s v a dor.

    Vera Lcia e seu marido tam-bm apostam no poder da alegria contagiante das palhacinhas do Cazar, que significa caridade, amizade, zelo e amor com respon-sabilidade. Eu sei que a Patrcia gosta muit o quando elas vm. Ela tem fotos com as palhacinhas. bom para a gente tambm, porque quando a gente v nossa filha den-tro de uma UTI h tanto tempo, quase dois anos, e v um sorriso dela, muito especial, emociona-se Vera Lcia. H quem pense que somente se vestir de pa-lhao, entrar no hospital, ajudar e pronto. Puro engano. Adriana, Zoraide e Rita batalharam muito para conseguir a confiana do hospital. Elas garantem que o amor e a alegria podem ajudar a curar, mas tiveram que atender a certas exigncias para poderem proporcionar um trabalho tico

    e com muita responsabilidade. Todas ns tivemos que fazer um curso de voluntariado pelo SESC, que conveniado com o Hospital da Criana Santo Antnio, pois precisvamos saber como ajudar respeitando as regras de um am-biente como uma UTI, explica Adriana. Sabemos que para entrar na UTI precisa ter certos cuidados, e por isso aderimos a todas as exigncias, pois era gritante a vontade de ajudar de alguma forma as crianas, com-plementa Zoraide.

    Em oito anos de doao e amor, elas criaram um elo muito

    forte com os pacientes e so res-peitadas pelos funcionrios do hospital. Sobre o valor das aes voluntrias no hospital, a mdica Cludi inevsky, responsvel pela UTI do HCSA, diz que esses pro-jetos so muito importantes, por-que auxiliam as mes que ficam muito carentes de tudo quando esto nessa situao. Carentes de afeto, de produtos de higiene, de alimentao. H pais que, s vezes, ficam com vergonha de dizer que no tm dinheiro para comprar alimentos e a gente doa, inclusive, os nossos alimentos.

    O lema do Projeto Cazar: Existe dentro de cada uma de ns um potencial para a bondade, para dar sem querer retorno, para

    ouvir sem julgar, para amar in-condicionalmente. Este potencial a nossa meta. As palhacinhas se emocionam ao lembrar quando comearam a visitao nas UTIs. Pensaram que iriam l para doar todo o amor que tinham e propor-cionar s crianas, que estavam em circunstncias nada fceis, um sorriso otimista. Hoje confes-sam que se enganaram ingnua e inteiramente. Descobriram que so as crianas que lhes do a oportunidade de receber afeto, amor e carinho. Para elas, em cada sbado de visitao, apren-dem, com as mes e as crianas, a

    importncia de nunca desistir da luta pela vida.

    Alm da visitao com ativi-dades muito divertidas, todas as fotos feitas com as crianas que conhecem na UTI so enviadas gratuitamente, junto com carti-nhas contendo mensagens de ca-rinho sincero, s suas residncias, como uma linda lembrana de um momento difcil, mas alegre. Os envelopes so todos confec-cionados pelas voluntrias, e tm um estilo nico do Cazar, nada discretos, e sim, muito coloridos, animados, delicados, com men-sagens incentivadoras. Para mais informaes sobre o projeto, entre em contato pelo e-mail [email protected].

    Voluntrias levam o riso e a esperana

    Por Shaysi Melate

    Consumir maconha crime? A questo voltou a ser discutida no Brasil, uma vez que os de-fensores da descriminalizao da substncia ganharam um ilustre adepto: o ex-presidente da repblica Fernando Henrique Cardoso. Em abril deste ano, Fernando Henrique props Organizao das Naes Unidas (ONU) que os usurios da droga no fossem presos e que o fumo do entorpecente no fosse consi-derado crime. O fato retomou um debate antigo e polmico.

    O ex-presidente, contudo, ressaltou que no estava pro-pondo a legalizao, isto , uma sano positiva ao uso da maco-nha. Em entrevista ao jornal Zero Hora, afirmou que as polticas atuais, chamadas genericamente de guerra s drogas, esto fra-cassando. Apesar de achar que a substncia prejudica o organis-mo, defende que os usurios, em vez de ir para a cadeia, devem ser tratados pelos sistemas de sade.

    Na reunio da Comisso de Entorpecentes da ONU, em Viena, na ustria, nos dias 11 e 12 de abril, foram definidos os

    princpios da poltica antidrogas no mundo para os prximos dez anos. Com base nos dados da ltima dcada, concluiu-se que a tentativa de combate s drogas no foi bem-sucedida. Mesmo com a derrota da meta anterior, os lderes do encontro optaram por manter a poltica de guerra s drogas, a qual encontra em pa-ses como Estados Unidos, Rssia e Japo forte adeso.

    Proibida em outras cidades do Brasil, a Marcha da Maconha reuniu, em Porto Alegre, no dia 8 de maio, cerca de 350 pessoas que simpatizam com as ideias do evento, no Parque Farroupilha. Conforme Renato Cinco, membro do Coletivo Marcha da Maconha,

    o ato questiona a lei vigente e ob-jetiva legalizar a substncia, bem como regulamentar sua produ-o, comercializao e utilizao. Permitida pelo Ministrio Pbli-co, a manifestao foi pacfica, e seus integrantes cumpriram as regras estabelecidas. No local, a Brigada Militar monitorou o acontecimento para que no hou-vesse apologia ao uso de drogas. Apesar de terem sido vetadas na maioria das capitais brasileiras, marchas do gnero ganharam destaque em vrias cidades do mundo no ms de maio.

    O assunto reavivou a questo da legalizao da maconha. Quem defende a causa alega que a proi-bio no diminuiu o consumo de drogas no pas. O comrcio do entorpecente poderia ser feito por empresas, em locais autorizados, com fiscalizao sria e venda regulada. Alm de aumentar o controle, o governo geraria ren-da que poderia ser investida no sistema nacional de sade. At o tratamento medicinal de pacien-tes seria facilitado, pois a erva Cannabis sativa tem proprieda-des teraputicas cujos efeitos so conhecidos por mdicos h anos.

    Quem contrrio liberao afirma que o intenso aumento do consumo seria inevitvel e que a maconha a porta de entrada para o uso de drogas pesadas. Caso mais pessoas usassem a substncia, seria necessrio um sistema de sade de qualidade para atender aos dependentes. Entretanto, esse atendimento j bastante precrio. Legalizar apenas drogas leves no reduziria significativamente o poder dos traficantes. Alm disso, o fcil acesso ao entorpecente aumenta-ria o ndice de viciados, devido banalizao, assim como ocorreu com o lcool e o tabaco.

    Cada alternativa tem prs e contras. Na prtica, a discusso sobre as drogas continuar sendo pauta no pas por um bom tempo.

    Maconha volta a causar polmica

    Mariana Fontoura/ Hiper

    As palhacinhas do Projeto Cazar levam alegria s mes e crianas da UTI

    Em Porto Alegre, manifestao aconteceu no Parque Farroupilha

    Henry Soares / Hiper

  • Porto Alegre, maio 20096 coletivo hipertexto A

    NTI

    SSO

    CIA

    L Por Jlia Schwarz A fora do Sindicalismo

    No ltimo domingo, assim como no anterior, e em quase todos os domingos de sol dos ltimos 59 anos, Z da Folha leva sua cadeira de praia, guarda-sol, culos escuros, violo e saco de folhas para o Brique da Redeno. O grisalho cidado de So Valentim, interior de Bento Gonalves, tambm pode ser visto pelos centros de Novo Hamburgo, Ca-noas, Bento ou Porto Alegre durante os dias de semana e at na Internet, atravs de vdeos no You Tube.

    Apesar de j ter levado a tcnica de fazer msica com uma folha, desenvolvida por ele mesmo, aos palcos do Theatro So Pedro e ser uma das personagens cones do Centro no livro-jogo lanado pelo Instituto Hominus e Espao Cultural do Sindicato dos Bancrios, a cada domingo sem chuva l est o lacnico cavalheiro. Ele tenta sobreviver aos custos de sua arte. Mas, as histrias de glria no contam. De sua trajetria quase sexagenria, ele destaca, murmurando, o sofrimento. Prefere encantar os passantes com as msicas tocadas com folha e violo novo, que o di-nheiro ganho pelo seu trabalho no pode comprar. O novo instrumento musical ele ganhou de uma famlia que se sensibilizou com o apelo escrito em placa de papelo, aps meses em que pedia solidariedade. Toca Z da Folha, antes que caiam todas as folhas de outono.

    Por Jlia Schwarz

    Primeiro de maio reconhe-cido como Dia do Trabalho em muitos pases que celebram com feriado nacional. Mesmo assim a data no significa dia de descanso para todos. Na maior parte das naes onde h comemoraes, a folga utilizada para reivindicar melhores condies trabalhistas. Entretanto, nos ltimos anos as manifestaes geralmente orga-nizadas por sindicatos parecem ficar em segundo plano no Brasil, ofuscadas pelos spot lights de espetculos de entretenimento. Os sindicatos de trabalhadores perderam sua fora, justo num momento da crise financeira mundial e durante o governo de um importante ex-representante sindical?

    Ao contrrio das correntes que identificam na globalizao da economia, no crescimento das terceirizaes nas empresas e no individualismo ps-moderno fatores de desagregao dos sindi-catos que perderam parte da fora de mobilizao das categorias, sindicalistas apontam dados que no confirmam a suposio. Para a Federao dos Metalrgicos do Rio Grande do Sul, o nmero de sindicalizados subiu nos ltimos anos.

    A ideologia fortemente indivi-dualista que emergiu junto re-edio do liberalismo que voltou a reger a economia mundial em meados de 1980, teria levado as pessoas a crer no coletivo como um somatrio involuntrio das diferentes particularidades,

    afirma o professor de histria da UFRGS Luiz Dario Teixeira Ribeiro. A individualizao ps-moderna teve efeito desagregador sobre os sindicatos que enfraque-cidos passaram a adotar posio mais defensiva sem obteno de conquistas fundamentadas por objetivos maiores. Paralela e pa-radoxalmente nessa poca surgiu a Central nica dos Trabalhado-res (CUT), principal representa-o trabalhistas no pas hoje.

    Nos anos 1990, com o avano na nova ordem mundial, a expan-so da globalizao e o avano das terceirizaes nas empresas, os sindicatos tiveram que reen-contrar suas foras para lutar. A eleio de Luiz Incio Lula da Sil-va, ex-presidente do Sindicato dos Metalrgicos de So Paulo, pelo PT, como presidente da Rep-blica em 2002 configuraram um marco na histria dos sindicatos brasileiros.

    Hoje a diminuio no percen-tual de informais e consequente aumento no nmero de trabalha-dores com carteira de trabalho assinada, fortalece os sindicatos na medida em que possibilita a adeso dessas pessoas, argumen-to o professor Luiz Dario. Embora o governo Lula venha atendendo boa parte das reivindicaes, o secretrio da Federao dos Me-talrgicos do Estado, Jairo Car-neiro, considera que as mudanas mais estruturais ainda so objetos de intensas disputas.

    No incio do corrente ano, quando a crise mundial atingiu o Brasil com fora, principalmente nos setores metal-mecnico,

    siderrgico, coureiro-caladista, de mquinas agrcolas e de papel e celulose, o medo dos empres-rios de ir bancarrota, fez com que remodelassem a estrutura de funcionamento de suas empre-sas. Reestruturao palavra de alerta para os industririos que, prevendo o corte de empregos co-mearam a se articular para tentar acordos que evitassem demisses.

    Para o coordenador do Con-selho de Relaes do Trabalho e Previdncia Social (Contrab) da Federao das Indstrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Czar Codorniz, as demandas iniciais da CUT e demais centrais eram impossveis de serem atendidas diante da desacelerao econmi-ca que se desenhava. Esses acor-dos, com reduo de jornada e de salrios e suspenso de contratos de trabalho, so considerados por Codorniz como vitais retomada do crescimento. Enquanto isso, Jairo Carneiro v os acordos como insatisfatrios s necessidades dos trabalhadores.

    Codorniz e Carneiro concor-dam que a partidarizao dos sindicatos um problema na hora de se pensar os projetos destas entidades, pois podem fazer com que muitos no se sintam repre-sentados por ideologias partid-rias. Contudo, Carneiro ressalta a vitalidade da politizao dos membros de movimentos traba-lhistas para que os trabalhadores tenham clareza da luta que se trava na sociedade. O patro quer mais lucros; ns queremos mais trabalho e melhor distribuio da renda produzida pelo trabalho.

    O desafio de salvar a economia e os empregos da crise

    Padre Marcelo Rossi no show promovido pela fora sindical em comemorao ao Dia do Trabalhador, 1 de maio

    O 1 de maio reconheci-do como dia do trabalho desde 1891, quando foi institudo nos Estados Unidos. Na segunda metade do sculo 19, poca da segunda revoluo industrial, as primeiras associaes de traba-lhadores surgiram na Inglaterra com a finalidade de lutar pelos direitos. No incio, os grupos configuravam-se como sindicatos de ofcio, a criao das centrais sindicais s ocorreu na ltima dcada do mesmo sculo. Durante a primeira fase, os movimentos tinham motivaes meramente econmicas, as questes polticas eram tratadas exclusivamente nas organizaes polticas como os partidos. Curiosamente, apenas os anarquistas viam necessidade de lutas polticas por parte dos sindicatos.

    Na dcada de 1930, havia

    duas grandes vertentes de grupos sindicais, uma ligada aos partidos comunistas e Internacional Comunista e outra, assim como o Congresso de Organizaes In-dustriais norte americano (CIO na sigla em ingls), ligados direita. A tendncia de sindicatos poli-tizados surgiu com maior fora aps a 2 Guerra Mundial e a bipolarizao mundial decorrente de seus resultados. Com o intuito de aumentar o nvel de consumo da populao e impedir o avano do comunismo, governos de pa-ses social-democratas buscam a aproximao com sindicatos tra-balhistas e patronais para facilitar acordos bilaterais. No Brasil, o presidente Getlio Vargas criava o Ministrio do Trabalho e as leis trabalhistas para dar garantias mnimas ao trabalhador brasilei-ro e diminuir revoltas.

    Um sculo de Dia do Trabalho

    Anjo Argentino

    O Z, a folha e o outono

    Abraham deixou os palcos de Crdoba, Argentina, h 11 anos, mas segue, seno com paets, ao menos com suas plumas pelo Cen-tro da Capital gacha. Ele o homem por debaixo de toda tinta branca e penas que compem a esttua viva de anjo que en-canta aos passantes da Esquina Democr-tica, durante a sema-na, e do Brique da Redeno nos dias de folga da populao. Mas o artista e suas 21 personagens no

    vivem apenas das contribuies feitas pelas pessoas. Embora atuar para o pblico nas ruas seja para ele um

    prazer, no desta representao que garante seu sustento. Assim como o site Orkut, as vias pblicas de Porto Alegre so, para ele, apenas vitrines para contrataes de performances em eventos, seu verdadeiro trabalho.

    Gilherme Santos / Hiper

    Jlia Schwarz / H

    iper

  • Porto Alegre, maio 2009 7polticahipertexto

    A gangorra da dona Yeda Governo do Estado sobe e desce, mas no cai

    Por Andr Mantese

    A governadora Yeda Crusius foi protegida da queda do palan-que, em So Valentim, norte do Estado, em 21 de maio, e carre-gada pelo capito da Brigada Mili-tar, Gerson Correa de Mello, para o solo. Mas os mesmos braos se-guros ela no tem encontrado em seus companheiros de governo. A instabilidade provocada pela srie de denncias que envolvem seu nome ficou registrada na imagem da governadora em um palanque ruindo.

    Yeda Crusius j havia enfren-tado acusaes em 2008 de que havia comprado uma confortvel casa em um bairro nobre de Porto Alegre com sobras da campanha. Depois, veio o escndalo do De-partamento de Trnsito (Detran), em que R$ 44 milhes foram des-viados, segundo a Polcia Federal, e quatro secretrios do governo

    gacho acabaram afastados do seus cargos. Agora, maio de 2009, a crise que atinge o governo de Yeda se deve s denncias de uso de verbas irregulares na campa-nha eleitoral que resultou na elei-o da governadora e de que seu marido, Carlos Crusius teria se apropriado de R$ 400 mil dados campanha por empresas e uti-lizado para a compra da tal casa.

    O famigerado caixa 2 o ponto de origem das supostas irregularidades. Outra vez, o operador do lana chamas con-tra o Palcio Piratini seria o vice-governador Paulo Feij, do partido Democratas (DEM), que se tornou principal oponente da governadora. As suspeitas no so novas, a novidade foi a exposio nacional devido publicao pela no menos polmica revista Veja.

    Em funo das denncias, os deputados da Assemblia Legisla-tiva passaram a debater a criao

    de uma Comisso Parlamentar de Inqurito (CPI) para investi-gar as suspeitas e manifestaes pblicas foram organizadas como a passeata de 14 de maio, reuniu estudantes e oposicionistas no Centro da capital para reivindicar o afastamento de Yeda Crusius de seu cargo oficial. Depois teve ain-da a passeata luminosa, dia 21 de maio, em que dois mil servidores pblicos protestaram levando 860 velas acessas para frente do Palcio Piratini. As velas indica-vam a agonia do governo estadual.

    A mobilizao do Frum dos Servidores Pblicos Estaduais pedia o impeachment da gover-nadora em razo das denncias. Outra manifestao indicando inconformidade com a gesto estadual resultou na colocao de um grande pala vermelho (de cin-co metros) na esttua do Laador, com a inscrio Impeachment j! e Fora Yeda e Feij!.

    Medidas educacionaistambm geram protestosPor Rassa Genro

    A suspeita de irregularidades no a nica razo dos protestos dirigidos ao governo Yeda. O tratamento dispensado educa-o une professores estaduais e estudantes contra o governo es-tadual. Enturmao, fechamento de mais de 100 escolas, sucatea-mento da Universidade Estadual (Uergs), no pagamento do piso nacional ao magistrio estadual, aulas sendo ministradas dentro de containeres, sem a menor infra-estrutura. Estes so alguns dos argumentos listados em uma carta divulgada em maro deste ano e assinada por entidades estudantis de todo o Estado como diretrios da Universidade Federal de Santa Maria, Pelotas, Universidade de Caxias do Sul, integrantes da Unio Nacional dos Estudantes (UNE) e da Pas-toral da Juventude Estudantil, reunidas no movimento Caras Pintadas do Rio Grande do Sul.

    O Cpers e outras entidades sindicais se juntaram ao mo-vimento Fora Yeda, em 30 de maro, quando foi instalado, na Praa da Matriz, um container ilustrando a falta de condies a que so submetidos alunos de Porto Alegre. Marcus Hulk, editor do blog Caras Pintadas RS (http://caraspintadasrs.blogspot.com) explica que foco so as denncias de corrupo que cer-cam o governo de Yeda Crusius, o desmonte dos servios pblicos e especificamente da educao pblica no Estado.

    Os Caras Pintadas surgiram em 1992 e, desde ento, so o sinnimo da insatisfao da populao e especialmente dos jovens com um governo. Em 92, os jovens na rua pediam o impe-achment do ento presidente Fer-nando Collor de Melo. No Estado, em 2008, a referncia deu origem ao movimento no Rio Grande do Sul. Em maro de 2008, universi-trios entregaram um presente

    ao presidente da Assemblia Legislativa: uma passagem para a governadora Yeda Crusius com destino a So Paulo (cidade natal de Yeda). Para Brbara Killp, coordenadora-geral do Diretrio Central dos Estudantes da Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), uma das entidades estudantis que compem o movi-mento, essa seria a soluo para os problemas do Estado.

    Outro grupo de manifestantes T de Cara Vermelha tentou impedir a apresentao do novo plano de carreira do magistrio gacho no Frum Temtico de Educao, em 6 de maio. Em sua maioria alunos do colgio Jlio de Castilhos e da UFRGS, munidos de cartazes, faixas e com o rosto pintado, eles subiram no palco do salo de eventos do Hotel Plaza So Rafael pedindo a sada da secretria estadual de Educao, Mariza Abreu. O ato pretendia impedir que o plano de carreira de funcionrios pblicos fosse apresentado a empresrios da iniciativa privada.

    Para Marcus Hulk, j ocor-reram atos de estudantes e com trabalhadores em vrias cidades: Santa Maria, Livramento, Passo Fundo, Caxias. O marco do mo-vimento foi dia 26 de maro em Porto Alegre. Brbara Killp con-sidera que foi um ato totalmente secundarista, com mais de mil alunos de colgios estaduais como Jlio de Castilhos, Protsio Alves, Tubino Sampaio que lotaram nibus ou foram em caminhada expor sua indignao. Conforme a Brigada Militar, em torno de 1500 manifestantes estavam em frente ao Palcio na data.

    Em 1992, as cores dos caras pintadas eram as do Brasil, hoje so amarelo, verde e vermelho, da bandeira do Rio Grande do Sul. Enquanto os Caras Pintadas RS planejam mais manifestaes, Fernando Collor de Melo sena-dor pelo PTB de Alagoas, eleito em 2007 com mandato at 2015.

    MOVIMENTO SE INSPIRA NO FORA COLLORPor Mariana Pires

    Na dcada de 90, o movi-mento Caras Pintadas ajudou a derrubar o presidente Fernando Collor de Mello do poder. Ins-pirados naqueles protestos, um grupo de jovens do Rio Grande do Sul reuniu-se para reivindicar e mostrar que a juventude de hoje tambm quer ser ouvida.

    Em 1992, o grupo Caras Pintadas era praticamente for-mado de jovens, milhares de estudantes, que exigiam mu-danas. Aquele movimento foi muito bonito e importante para o Brasil. Eu no tenho dvida que se no tivesse a participao

    da juventude, talvez o Collor no tivesse cado. Sei que deputados chegaram a mudar os votos aps a sada da populao s ruas, conta o deputado petista Fabiano Pereira, participante das manifestaes da poca como secretrio geral da Unio Nacional dos Estudantes (UNE).

    Passados 17 anos, o Caras Pintadas est novamente nas ruas de Porto Alegre. Com a ajuda da Internet e as institui-es democrticas mais ama-durecidas, a juventude cobra explicaes dos governantes sobre o uso de caixa 2 durante campanha eleitoral. Thiago Braga, estudante de Gesto

    Pblica da Uniju, lembra que o Fora Collor serviu de inspirao para a disputa de ideologias que visa mudar estruturas polticas, embora hoje haja uma nova forma de se fazer movimentos, devido ao contato via rede. O Caras Pintadas agora tem um blog e comunidade no Orkut, mesmo sem perder o contato pessoal, que imprescindvel. Para ele, o jovem precisa pensar no futuro da sociedade em que est inserido. Ningum quer morar numa ilha e se isolar, ns devemos pensar, sim, na nossa interferncia no meio e acredi-tarmos que estaremos mudando de alguma forma, conclui.

    Manifestaes de sindicalistas e estudantes pedem o impeachment da governadora diante das denncias

    Diogo Lucato/ Hiper

    Henry Soares/ Hiper

    Metfora de uma vela que se apaga na noite da Passeata Luminosa

  • Porto Alegre, maio 20098 universidade hipertexto

    Por Marcus Perez

    Faltam dois anos para as prximas eleies do Diretrio Central de Estudantes da PU-CRS e j se articula a oposio, aglutinada no Movimento Es-tudantil Independente (MEI). So ex-integrantes da chapa Coletivo Estudantil que, desde o ano passado, esto mobilizados, junto com representantes de 11 diretrios acadmicos, formando um movimento de oposio ao DCE. Eles se apresentam com uma alternativa de suporte aos estudantes da PUCRS, por enten-derem que a entidade se omite na representao dos alunos.

    O grupo de oposio tem origem no processo eleitoral de 2008 que escolheu a atual direo

    do DCE e tambm potencializa descontentamento com outras eleies realizadas no passado. No ltimo semestre de 2008, trs chapas disputavam o diretrio. Havia as chapas Renovao surgida da ruptura com a antiga gesto do DCE -, Coletivo Estu-dantil e Mudana (situao). Ao trmino da eleio, com a vitria da Mudana, surgiu boato de que houve fraude na apurao. O candidato vitorioso, Jorge Lus Murgs, repele a denncia. Durante a apurao, Jlio Picn, que concorria pelo Coletivo Estu-dantil, abandonou a contagem, justamente para ter esse discurso de oposio, disse o presidente eleito.

    Picn garante que o processo eleitoral foi fraudulento do in-cio ao fim. Prova disso foi que quando subi ao local estipulado para a apurao dos votos, minha entrada foi vetada, enquanto mais de um integrante da Mudana entraram na sala das urnas, queixou-se.

    Prestao de serviosEm maro desse ano, o MEI

    organizou uma campanha para baratear os custos da confeco do carto de transporte coletivo

    (TRI) para estudantes. Os dire-trios ligados ao MEI cobravam R$ 6,00 dos universitrios, en-quanto o DCE pedia R$ 13,00 pelo mesmo servio. O presidente do DCE desaprovou a atitude dos diretrios acadmicos DAB (da Biologia) e Casta (da Faculdade de Filosofia e Cincias Humana), alertando que poderiam ter pro-blemas financeiros. Alegou que o valor cobrado pelo DCE era razo-vel, diante das despesas.

    Murgs sustenta que o seu trabalho est voltado para a conquista de direitos para os universitrios. Eu nunca ouvi uma proposta deles, nunca vi dilogo com a Reitoria, eu os vejo invadindo o Xrox, ou, em anos anteriores, trancando a avenida Ipiranga. O presidente do DCE sugeriu uma conversa com os representantes do MEI sobre o que est errado no Campus, para assim levarmos uma proposta unificada Reitoria, afinal mais fcil fazer isso junto com os dire-trios acadmicos, do que fazer sozinho. Representantes do MEI declararam estar de acordo com o convite, mas com a condio de a conversa ser um debate aberto para todos os estudantes da universidade.

    Por Mariana Pires

    O Centro Tecnolgico de Pro-duo Audiovisual do Rio Grande do Sul (CTPAV), lanado em 2007 para ser plo de cinema no Estado, ainda est em fase de implantao no antigo Seminrio Maior de Viamo, rea histrica da Igreja Catlica transferida para a PUCRS. A obra exige recursos de R$ 20 a 30 milhes, que esto sendo buscados nos ministrios de Educao e de Cincia e Tec-nologia.

    A Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul definiu pareceria com a Secretria de Estadual de Cultura, a Agncia Nacional do Cinema (Ancine) e a Fundao de Cinema RS (Fun-dacine) para a criao do Parque de Cinema. O projeto prev o oferecimento de estgios, bolsas e contratos especficos, alm de aprimorar o lado profissional dos

    estudantes de Produo Audiovi-sual Cinema e Vdeo da PUCRS durante a graduao. A tendncia que o curso da Famecos mude para o local quando as adaptaes estiveram concludas.

    A estrutura, orada em mais de R$ 20 milhes, prev estdios de mdio e grande porte, depsi-tos de material cenogrfico, ofici-nas de marcenaria e confeco de figurinos, refeitrios, camarins e sedes para empresas cinemato-grficas e fornecedores. O objeti-vo atrair at mesmo produes internacionais para o Estado e fornecer suporte tecnolgico para a formao dos alunos do curso de Audiovisual da faculdade.

    Enquanto o novo ambiente no est pronto, os alunos de Cinema continuam dividindo os laboratrios e espaos da Fame-cos com os demais colegas de Jor-nalismo, Publicidade e Relaes Pblicas. A aluna Clarissa Gonal-

    ves Pereira, que cursa o segundo semestre de Cinema, cr que este plano ser benfico ao curso e vai ao encontro das necessidades da Faculdade. Cresce a procura pelo curso de Cinema da PUC e os estu-dantes tm a ambio de fazerem projetos de maior vulto, disse.

    Em abril, a Universidade e os rgos pblicos envolvidos no projeto se reuniram para definirem um modelo de gesto do Centro Tecnolgico e a busca de verbas para a sua concluso. um projeto que leva tempo, uma obra fsica bastante grande. A partir de agora, a PUCRS est indo aos Ministrios da Cincia e Tecnologia e da Educao para levantar recursos, que provavel-mente sero financiamentos, e ver como vai ser construda a obra. neste ponto que a gente est, afirma o cineasta e professor do curso de Tecnologia em Produo Audiovisual, Carlos Gerbase.

    DCE: esquenta o debate Presidente do Diretrio rebate crticas da oposio

    DCE uma entidade jurdica, sem fins lucrativos que surgiu em 1950, a partir de uma comisso provisria que tinha como presidente, o ex-deputado Romildo Bolzan, pai do atual presidente estadual do PDT, Bolzan Jnior. Desde sua criao visa intermediar os interesses dos alunos junto Reitoria. Representa os universitrios no Conse-lho Universitrio e na Cmara de Graduao (rgo que avalia toda a reforma curricular). Tem presidente, vice, comisso de finanas, secretrio-geral e segundo secretrio.

    O MEI no possui um or-ganograma baseado em hie-rarquias, ao contrrio do DCE. Tem diretrizes, entre elas o apartidarismo poltico. O mo-vimento est estruturado em GTS (grupos de trabalho) que so clulas independentes que atuam no meio universitrio.

    CONHEA O MEIDiretrio Central foi criado em 1950Presidente Murgs diz que a oposio preparou o discurso ainda nas eleies

    Faltam verbas para a implantaodo Parque de Cinema em Viamo

    Alunos em ao: antigo Seminrio est sendo adaptado para o cinema

    Henry Soares/ Hiper

    Ana Maria Bicca/ Hiper

  • Porto Alegre, maio 2009 9ensinohipertexto

    Por Eduardo Silveira

    Etapa crucial na vida de mi-lhares de estudantes, o vestibular ter mudanas no critrio e nas formas de avaliao das provas nas principais universidades do pas. Adotado em 1911, como exame bsico para a insero no ensino superior, o vestibular nun-ca sofreu em sua histria grandes alteraes como a proposta apre-sentada este ano pelo Ministrio da Educao.

    Inserido como prioridade pelo ministro da Educao, Fernando Haddad, nas reformas a serem realizadas no ensino brasileiro, a proposta de unificao do vestibu-lar atravs do Enem, apresentada em maro, gerou polmica entre os reitores, associao dos docen-tes, estudantes e representantes de cursos pr-vestibulares. O novo Enem ter um modelo fechado com uma nica prova de 200 questes, dividas em quatro gran-des reas do conhecimento: 1) lin-guagem e cdigos; 2) matemtica; 3) cincias naturais e humanas, e 4) redao. Cada grupo de testes ser composto por 50 questes de mltipla escolha, aplicados em dois dias 100 itens a cada dia.

    Formas de adesoEm funo da organizao do

    calendrio de cada universidade, o MEC apresentou formas para adeso das faculdades. A primeira ser uma fase nica com utiliza-o de um sistema informatizado

    online, chamado de Sistema de Seleo Unificada, em que o aluno poderia simular at cinco opes de cursos e instituies. Num segundo momento, pode-riam ser remanejadas candidatos para vagas ociosas em unidades do pas.

    Segundo o ministro da Edu-cao, a proposta bem flexvel para que as instituies possam aderir. Foge razoabilidade no aceitar esse modelo e assim deixar vagas ociosas na universi-dade. Ocupado ou no, o dinheiro da vaga investido pelo Estado, disse Haddad em entrevistas imprensa.

    O ministro acredita que a relao de mobilidade entre as universidades e os cursos no deve sofrer alteraes. Pela ex-

    perincia do ProUni, no existe mudana de cidades e cursos em grande proporo. Quem tiver esse tipo de preocupao pode optar por alguma das trs formas de participao. Ele pode adotar o Enem como primeira fase, e deixar a segunda restrita regio, porque hoje h pouca possibi-lidade de um aluno fazer mais de um vestibular, ningum tem condio de se movimentar pelo pas fazendo quatro, cinco ves-tibulares, argumenta Haddad.

    Para o ministro, a principal alterao no vestibular ser a mudana do currculo do Ensino Mdio visto que o vestibular, nos moldes de hoje, est cada vez mais voltado para a decoreba. Se no alterarmos isso, sinalizando para um ensino mais voltado para a soluo de problemas, vamos continuar reproduzindo conhe-cimento que no ajuda o Brasil a se desenvolver, salienta.

    A inteno Fernando Haddad evitar que apenas estudantes com alto poder aquisitivo possam concorrer a diferentes vagas, pois os de baixa renda no tm como arcar com custos de passagens, estadias para fazer provas em ou-tras cidades, alm daquelas onde residem. Com o novo formato, conseguiremos democratizar o acesso s instituies, alm de aumentar a mobilidade acad-mica, permitindo que instituies distantes dos grandes centros tambm recebam alunos com alto grau de proficincia.

    MEC revoluciona acesso universidade Novo Enem e o fim do vestibular provoca dvidas entre professores e lderes estudantis

    O presidente da Unio Brasi-leira dos Estudantes Secundaris-tas (Ubes), Ismael Cardoso, acre-dita que o modelo apresentado pelo Ministrio da Educao pode trazer alteraes na qualidade e democratizao do ensino pbli-co e particular. O lder nacional dos estudantes do ensino mdio diverge apenas na forma como feito o debate com as universida-des e os estudantes. Para Ismael, o ministro no pode se preocupar apenas em criar um nova prova, mas deve procurar avaliar o ensino mdio de forma ampla e qualificada. Discutimos com os estudantes e conclumos que o governo est com muita pressa e no mostra preocupao com a qualidade do ensino, alfineta.

    O presidente da Ubes defen-de um Enem seriado, em que as provas seriam divididas durante

    os trs anos do ensino mdio. No final de cada ano, o estudante prestaria uma prova e a mdia fi-nal serviria como base para entrar na universidade. Os estudantes teriam mais tempo para serem avaliados, pondera.

    Indignado com a pressa em alterar as provas, o professor de matemtica do curso pr-vesti-bular Unificado, Regis Gonzaga, considera autoritria e ideolgica as justificativas do ministro para avaliar o ensino mdio. Haddad declara que ir melhorar o nosso ensino sem nenhuma discusso com os professores ou estudantes de nosso pas. Gonzaga reclama que o ministro querer misturar contedo com ideologia. Sem-pre que isso acontece o resultado trgico. Teremos milhares de alunos com a mesma pontuao sendo que o critrio de desempate

    ser pela redao. Eu proponho, ao ministro, dar a redao para trs pessoas avaliarem e ver se ter a mesma nota. Isso vai gerar uma desigualdade geral, prev.

    Quanto a possvel perda de alunos pelos cursos de pr-vesti-bular, Regis Gonzaga no acredita na possibilidade. Para ele, os cur-sinhos sero os mais beneficiados com a mudana. Os estudantes esto apavorados e toda mudana gera insegurana. Por isso a pro-cura maior, ele imagina que o novo modelo aumenta ainda a disparidade entre o nmero de vagas e candidatos. Esse mode-lo causar mais desigualdades porque os estudantes de classe alta migraro para outras cidades porque os pais podem pagar e os de classe baixa no poderiam con-correr contra isso, por no terem recursos e nem apoio do governo.

    O coordenador do programa de Graduao da PUCRS consi-dera positiva a mudana, porm acredita que a universidade deve esperar mais tempo para aderir ao novo Enem. Antnio Carlos Jardim entende que o exame deve se tornar uma referncia nacional, basta observar que as universidades pblicas j esto aderindo. O que no sabemos se vai extinguir o vestibular, ou as universidades iro conviver com os dois exames em paralelo e, com o tempo, ser adotado um modelo nico e padro, obser-vou. O professor acredita que a tendncia da PUCRS adotar o novo sistema. A universidade apenas espera o tempo certo para aderir ao novo sistema, explica.

    Inserida entre as universida-des federais gachas que devem

    selecionar os alunos pelo novo sistema, a Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre, foi uma das primeiras a aceitar o novo modelo. Se-gundo a reitora Mirian Castro, a adeso ao Enem como forma de ingresso s universidades federais uma poltica de Esta-do que transcende os governos e tende a permanecer, caso se consolide como algo positivo para o sistema educacional brasileiro. A antiga Faculdade Catlica de Medicina, hoje esta-tizada, no teve necessidade de aguardar at 2010, em virtude do INEP, rgo responsvel pela elaborao do Enem, garantir que a prova ser produzida e aplicada em tempo. Mirian Cardoso considera que o Minis-trio respeitou a autonomia da Universidade quanto adeso.

    Ubes diz que o ministro est com muita pressa MAIS TEMPO PARA ADERIR

    Ministrio da Educao apresenta alternativa nacional para substituir o vestibular existente no Brasil desde 1911

    Fernando Haddad quer uma prova nica com 200 questes

    Jos Cruz/ ABR

    Elza Fiuza/ ABR

  • Porto Alegre, maio 200910 depoimento hipertexto

    Por Danielle Rodrigues

    Nascido em Osaka, no Japo, Tomohiro Ehara apenas arranha no portugus. Mas no falta em-polgao para explicar seu traba-lho. Formado em Fsica de Mate-riais, trabalhou em uma empresa de cermica, onde fazia barros. Sua esposa e parceira de trabalho, Emilia Hissami Aso Ehara, de So Francisco de Paula, formada pela Faculdade de Belas Artes de So Paulo e estudou cermica no Japo, onde encontrou seu mari-do. Juntos, criaram o Ateli Ko, que vem inovando com tcnicas pouco utilizadas no Rio Grande do Sul e abrindo um novo espao para a cermica gacha.

    Domingo de sol e muito movi-mento na Redeno. O comrcio est a toda no Brique. Podem-se ver diversos artistas expondo seus trabalhos: quadros feitos mo, caricaturas, miniaturas de instru-mentos musicais. E neste meio, encontram-se peas de cermica expostas. Xcaras, bules, puxado-res de gaveta, peas decorativas com um toque oriental.

    Emilia Hissami Aso Ehara se interessou pela arte da cermica em 1993, quando foi para o Japo. L, encontrou seu marido. Em

    2005, retornaram a Porto Alegre com o sonho de trazer a arte nipnica.

    O objet ivo do casal desenvolver a arte empregando tcnica japonesa, mas usando a rica matria-prima do RS e outras regies do Brasil. Os esmaltes deles so feitos arte-sanalmente, pois no querem interferir na qualidade e na textura do barro. O forno a gs, para alta temperatura (1250-1260 graus). No usam metais txicos, como chumbo e cdmio. Por isso, as peas podem ser utilizadas no dia-a-dia como utilitrios.

    Embalagem tudoAlm da inovadora tcnica

    de cermica adotada pelo casal, outro destaque a embalagem feita com jornais brasileiros e japoneses, destacando as ima-gens bonitas do cotidiano destes pases. Expostas na Palavraria durante o ms de abril, o cliente levava a sacolinha ao comprar um produto do local.

    O objetivo desta arte a refle-

    xo. Para isto, as embalagens no so vendidas na compra de uma pea de cermica, o cliente leva a embalagem. A nossa idia no vender sacolas, diz Emilia; fazer a pessoa pensar, questionar o con-sumismo e no pensar que tudo pode ser comprado. A pessoa vai pensar: por que eles no querem vender? E comear a olhar as sacolas mesmo, a informao que est sendo passada, no s porque bonitinho. Se vendermos, as pessoas no vo entender o sig-nificado das sacolas.

    Alm disso, a embalagem uma forma de perpetuar os jor-nais velhos que podem ser lidos na embalagem. Eles contam que no Japo a embalagem muito valorizada. L as cermicas so vendidas geralmente em caixas de madeiras, conta Tomohiro.

    Em junho, Ateli Ko homena-geia o Ano da Astronomia atravs de uma exposio no Studio Clio. As peas em cermica foram feitas especialmente para esta data. Estamos apaixonados por astronomia, vibra a artista. A exposio faz parte de um proje-to a minigaleria que procura divulgar artistas locais e comer-cializar suas obras, atravs de uma arte acessvel. A exposio comea dia 21 de junho e termina no final de julho.

    As peas de Emilia e Tomohiro podem ser encontradas no Brique da Redeno, todo domingo, ou na loja virtual do site http://www.atelieko.com.br/php/atelie.php. Quem gostar de algum objeto que tenha no site e mora longe, a gente manda via sedex, explica a artista.

    Amor e arte emcermica unemgacha e japons

    Eles se conheceram no Japo, casaram e hoje vivem da arte em Porto Alegre no Ateli Ko e de vendas no Brique

    De onde surgiu a idia de trabalhar com a cermica e como comeou a parceria de vocs?

    Eu me formei em artes aqui no Brasil, em So Paulo, e fui para o Japo com uma bolsa na rea de educao em artes plsticas O nosso trabalho de cermica nasceu l, quando eu conheci Tomohiro. Eu fui pra l estudar cermica. Fiquei vrios anos estudando (94 a 2004 no Japo). Depois disso, fui para Okayama-Ken, que no meio do Japo e tem uma fbrica de cer-mica onde ainda se faz aquela arte tradicional, de queimar lenha, eles fazem a sua prpria argila: pegam o barro bruto e tratam. Ali o meu marido estava trabalhan-do como pesquisador de argilas (Tomohiro fala: como fsico de materiais). Ele sempre gostou de cermica, quando pequeno mexia com argila e queimava no fogo porque antigamente sempre se queimava o lixo da casa e ali ele diz que queimava as pecinhas que ele fazia. Ento j tinha uma ligao, mas ele nunca pensou em ser s um ceramista, no. Era mais curiosidade.

    E por que te atraiu mais a cermica do que as outras artes?

    Sabe quando tu encontra uma coisa que tu t procurando? Aqui no Brasil, eu j tinha visto a cer-mica mas nunca me atraiu. Mas a cermica no Japo diferente. Eles passam uma coisa viva, org-nica. Ela rstica, queimada nos

    fornos a lenha. No se usa torno eltrico, tudo manual. A minha idia era aprender essa tcnica e fazer uma cermica realmente da natureza. Esse era o meu sonho.

    A argila do Japo ento superior a do Brasil?

    Existem argilas no Brasil, s que as pessoas no pesquisam. Ns fizemos uma pesquisa de solos com vrios gelogos e ali esto marcados os focos onde tm argila, mas que no foram testadas. Descobrimos coisas timas bem pertinho daqui e logo que ficar pronto a gente vai lanar. Descobrimos uma cer-mica parecida com a de Bizen. No Guaba tem muitas argilas boas tambm, porque tm vrias pe-dreiras e muita matria-prima. O nosso sonho fazer uma cermica s do Rio Grande do Sul, com a nossa tcnica, tudo misturado.

    Como a tcnica que utilizam e como vocs dividem as tarefas?

    basicamente assim: o Tomo faz a parte tcnica, mas ele um artista tambm. Como ele no estudou, um auto-didata. Ele no foi a nenhuma escola, no teve nenhum mestre. um cara que gosta, futrica e pega pra ele. Ano passado, ganhou um prmio no salo de cermica de Curitiba com pecas dele, o Sapo Cabide, um peso de papel, uma caixinha com uma lngua e o Puxador Aranha. A parte de torno e peas utilitrias comigo. Eu sempre gostei de utilitrios.

    As bolsas temticas usam at jornais velhos

    Tomohiro um fsico de materiais, premiado em Curitiba

    Nascida na Serra gacha, artista estudou arte em So Paulo e no Japo

    ENTREVISTA/ EMILIA EHARA

    Encontrei o que estava procurando

    Fotos Ana Maria Bicca/ Hiper

  • Porto Alegre, maio 2009 11jornalismohipertexto

    Por Joyce Copstein

    Mas vocs gostam mesmo de uma historinha..., sussurrou a coordenadora do curso de Jor-nalismo da Famecos, Cristiane Finger, ao passar, espremida, pela entrada do auditrio do prdio 9, no Campus Central da PUCRS. Dentro dele, quem conseguiu lugar ocupava cadeiras, degraus e o cho, enquanto na porta, rostos atentos e impossibilitados de entrar se amontoavam para captar o que diziam os convidados da noite.

    O motivo da superlotao foi a presena, na noite de 5 de maio, de Ricardo Stefanelli, diretor de redao de Zero Hora, e Paulo SantAna, o colunista responsvel pela difuso do hbito de ler o di-rio de trs para frente. O assunto

    da conversa poderia ter sido os 45 anos do jornal, comemorados no dia anterior; no o foi, porque Paulo SantAna trabalha no Grupo RBS h 37.

    O evento, que fez parte da programao do jornal de visitar universidades do Estado em seu aniversrio, transformou-se em uma coluna de Paulo SantAna, feita ao vivo, ao som das risadas da plateia. Pouco espao edito-rial sobrou para o chefe Stefa-nelli, que permaneceu sentado e entrou em ao apenas para com-plementar as falas do colunista.

    De cara, SantAna intitulou-se o jornalista mais famoso da histria do Rio Grande do Sul de todos os tempos. Em segui-da, apelou para a modstia e se corrigiu, usando como pretexto a dificuldade de falar em pblico:

    Foi um lapso de megalomania, desculpou-se. E lembrou que, certa feita, um menino que o encarava sem nenhuma discrio apontou para ele e comentou: Me, olha o Chico Anysio!, o que o fez pensar que, talvez, no fosse a pessoa mais conhecida em todo o solo gacho. Apesar disso, o co-lunista no hesitou em dizer que, no mesmo dia em que Sigmund Freud morria em Londres, nascia Paulo SantAna.

    Com vrias outras histrias, a noite contou ainda com os habi-tuais comentrios sobre os mais diversos assuntos, uma sesso de perguntas e respostas sobre as principais questes que a comu-nicao enfrenta atualmente e dicas para os futuros jornalistas: Leiam! Leiam tudo que cair nas mos de vocs!. O colunista

    declamou at poesia para expli-car que, graas a ela, sabe ler e escrever. preciso valorizar a sonoridade das palavras, o ritmo das tnicas, atentou SantAna, que, quando no tem assunto, escreve sobre os pitbulls e suas perigosas e sonoras bocarras.

    Falar e escrever sobre o que quer constituem a chave do su-cesso do gremista, que comeou a emitir opinies como convidado do Sala de Redao, na Rdio Gacha, e nunca mais parou. Naquele tempo, havia um tabu, existente at hoje, de que jorna-lista no pode revelar para que time torce porque perde a iseno. Quem quebrou esse tabu fui eu!, vangloriou-se. Para ele, a since-ridade e a relao intimista com o pblico so o que o tornam um bom colunista ou jornalista, de-pendendo do ponto de vista. Esse, alis, foi um dos aspectos ques-tionados na hora das perguntas.

    Convocado a opinar sobre a necessidade de uma formao especfica em jornalismo para exercer a profisso, o ex-inspetor e delegado de polcia aposentado, formado em Direito, lembrou de um quadro sobre transplantes apresentado pelo mdico Drauzio Varella no programa Fantstico. Ser que um reprter faria me-lhor?, perguntou, para logo em seguida responder: No.

    Ao final da conversa com os alunos da Famecos, ele, que con-ta ter aprendido a ser jornalista lendo poesia, fez questo de frisar aos jovens que se aglomeravam para sair antes que perdessem o nibus: Leiam. Leiam tudo que cair nas mos de vocs!. A comear, claro, pela coluna de Paulo SantAna.

    De um lado, Gay Talese afir-mava Folha de So Paulo que a internet est cheia de lixo e que o New York Times errou ao ter disponibilizado, gratuitamente, seu contedo online, pois preciso cobrar pelo que se publi-ca. De outro, Ricardo Stefanelli mostrava aos futuros colegas de profisso presentes no encontro em aluso ao aniversrio de Zero Hora qual dever ser a postura adotada pelos jornais impressos para encarar a concorrncia dos cliques.

    O diretor de redao de Zero Hora revelou que, recentemente, o presidente do Grupo RBS, Nel-son Sirotsky, esteve nos Estados Unidos porque est preocupado com a crise e o fechamento de jor-nais. Sirotsky voltou, contou Ste-fanelli, com a convico de que necessrio atentar para a diferen-a entre jornalismo informativo e jornalismo de anlise. Notcia todo mundo tem a qualquer hora, em qualquer lugar. Ningum mais precisa de um jornal para se informar, mas precisa de um jornal para se guiar, salientou o Stefanelli.

    Impressosdevem optar pela anlise

    Histrias de quem faz jornal Na noite dedicada aos 45 anos de Zero Hora, a estrela Paulo SantAna

    Stefanelli, diretor de redao

    O encontro para marcar os 45 anos da ZH virou uma coluna de varidades de Paulo SantAna, ao gosto da plateia

    Por Marcus PerezOBSERVATRIO DO SAGUO

    Pedra encantada (1)

    Leonardo Bomfim, carioca radicado em Porto Alegre, entusiasta do cinema. Estudante de Jornalismo, prepara do-cumentrio sobre os alicerces da cultura psicodlica nordestina. um projeto meu e do Cristiano Bastos, se chama Nas paredes da pedra encantada. Ele tem suas origens em um outro documentrio, que retrata o lanamento do disco Paebir, uma parceria entre Z Ramalho e Lula Cortez. Trata-se do marco inicial, a pedra fundamental da musica psicodlica nordestina. O documen-trio parte da e descamba pelo imaginrio nordestino da poca, o comeo dos anos 70. O filme est sendo editado e a previso de lanamento para o segundo semestre desse ano.

    Cultura

    psicodlica (2)

    Apaixonado pela cultura psi-codlica, Bomfim hoje est mais ligado aos movimentos culturais relacionados dcada de 20, do que nos da dcada de 60. Ele acre-dita que verdadeira revoluo ar-tstica ocorreu na segunda dcada do sculo 20. Eu tinha uma amiga, que chamava a Famecos de Zoo-mecos, mas foi s depois de quatro anos que cheguei concluso que um zoolgico mais interessante que a Famecos. Agora em contra-ponto, os cursos so muito bons!

    Lvia Stumpf / Hiper

    Lvia Stumpf / Hiper

    Ana Maria Bicca / Hiper

  • Porto Alegre, maro-abril 200912 ponto final hipertexto

    Por Joyce Copstein

    Est certo que Porto Alegre no So Paulo nem San Francisco, mas tambm no est para uma fimdomundpolis desprovida de bons shows. Vamos con-ferir o que rolou de espetculos na city.

    O ms de maio comeou bem, com Skank, Se Ativa, Fat Duo, Tch Barba-

    ridade, Borguettinho e Comunidade Nin-Jitsu no dia 1. A srie de shows homenageou o Dia do Trabalho e reuniu cerca de 100 mil pessoas no Anfiteatro Pr-do-Sol. At o prefeito Jos Fogaa foi conferir o evento, organizado pela Fora Sindical.

    Em 4 de maio, foi a vez da Segun-da Maluca, do Bar Opinio, receber o

    mangue beat dos pernambucanos do Mundo Livre S/A, com abertura da por-toalegrense Carne de Panela. Rolou at repeteco, dessa vez no Ocidente, no dia 10, domingo. Aos recm-completos 25 anos de idade, a banda conhecida pelas letras politizadas e pelos sons brasileiros de suas msicas.

    Quem gosta de samba e pagode viu

    Arlindo Cruz no Opinio no dia 14. No repertrio, as canes do seu ltimo disco, Sambista Perfeito

    A noite de 22 de maio foi reservada ao norte-americano , que se apresentou no Teatro do SESI. O cantor e compo-sitor vencedor do Oscar de Melhor Cano, de quatro Grammys e de um Globo de Ouro. Coisa pouca, hein?

    Uma amostra de espetculos que agitaram a Capital gacha no ms de maio

    Por Marcus Perez

    Pela segunda vez em menos de um ano, o Rappa retornou capital gacha para promover seu oitavo disco, Sete Vezes. O grupo carioca j havia se apresentado em 18 de outubro do ano passado, no Pepsi On Stage, mas, para delrio dos fs, dessa vez foram dois concertos. Os shows foram em 6 e 7 de maio, ambos no bar Opinio.

    A noite de quarta-feira, dia 6, que coin-cidiu com o jogo de Grmio e San Martin do Peru pela Libertadores, prometia ser de casa relativamente vazia. Porm, para a surpresa dos organizadores, o Opinio ficou lotado de fs vidos para ver Falco e companhia.

    A banda ocupou o palco por volta de meia-noite e meia, abrindo com Sete Vezes. Da em diante, foram duas horas e dez minutos tentando sintetizar um re-pertrio de quase 16 anos de estrada, no qual msicas novas, como Meu santo t cansado, Monstro Invisvel e Meu mundo Barro!, dividiram espao com sucessos como Rodo cotidiano, Mar de gente, Mi-nha Alma, Lado A lado B, Todo camburo tem um pouco de navio negreiro e Hey Joe. A despedida da quarta-feira foi ao som de Il Aye.

    Os destaques do show ficaram por conta do vocalista Falco, que compensou o desgaste fsico e a falta de preparo vocal com uma presena de palco contagian-te. Outro momento de importante foi a verso inusitada para a msica Splica Cearense, de Luiz Gonzaga, que seguiu os j tradicionais comentrios de cunho poltico de Falco. O vocalista felicitou a posse do presidente Barack Obama e disse estar orgulhoso de poder ver um negro no comando da maior potncia do mundo.

    No aspecto tcnico, o concerto deixou a desejar. A produo visual foi pobre, com uma animao do logotipo dO Ra-ppa sendo exibida repetidas vezes nos dois teles, enquanto um jogo de luzes e holofotes iluminava o palco e a banda. O volume distorcido das caixas de som no se propagou bem na acstica do lugar. Mas isso no foi o suficiente para atrapalhar a banda, que no dia seguinte repetiu a dose, com direito a convidados especiais. Mar-caram presena Tonho Croco, da extinta Ultramen, que se juntou a banda para tocar a Dvida, e Yves Passarel, do Capital Inicial, que tocou Hey Joe. Dois dias de xtase para os fs de O Rappa. Agora, resta esperar se eles vo ou no voltar sete vezes para promover o novo disco.

    Duas noites de O Rappa no Opinio

    Arco-ris de sons em Porto Alegre

    Henry Soares / Hiper Henry Soares / Hiper

    Lvia Stumpf / Hiper

    Bruno Todeschini / Hiper

    A cidade recebeu em maio artistas de muitos gneros musicais, entre eles: os nordestinos do Mundo Livre S/A, o pagodeiro carioca Arlindo Cruz e o cantor norte-americano Christopher Cross

    Falco, do O Rappa, comandou a banda nos dois shows no Bar Opinio, na Capital gacha

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