Página 9 Informar convence - Eu Sou Famecos - Faculdade...

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h ipertext o Jornal dos alunos da Famecos/ PUCRS. Porto Alegre, setembro 2009 – Ano 11 – Nº 74 ANO 11 Página 7 MISSÃO FÁTIMA Crianças da vila recebem universitários gaúchos e chilenos em ação solidária Informar convence mais que a opinião João Moreira Salles, editor da piauí, definiu no 22° SET Universi- tário a linha editorial da revista, que vai na contramão da imprensa brasileira Página 5 A sedução do jornalismo Humberto Werneck na Famecos OPINIÃO O fim do diploma despertou um sentimento de defesa da profissão. Parem de choramingar, a mão estendida no trânsito pode dar certo. Página 2 Página 3 Mariana Fontoura/ Hiper Guilherme Santos/ Hiper Lívia Stumpf/ Hiper Jerry Lewis, matador de 73 anos A exuberante Vanessa da Mata Um futebol quase secreto Lívia Stumpf/ Hiper Guilherme Santos/ Hiper Página 9 Página 10 Página 11

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hipertextoJornal dos alunos da Famecos/ PUCRS. Porto Alegre, setembro 2009 – Ano 11 – Nº 74

ANO11

Página 7

MISSÃOFÁTIMA

Crianças da vilarecebem universitários

gaúchos e chilenosem ação solidária

Informarconvencemais quea opiniãoJoão Moreira Salles, editor da piauí, definiu no 22° SET Universi-tário a linha editorial da revista, que vai na contramão da imprensa brasileira

Página 5

A sedução dojornalismo

Humberto Werneck na Famecos

OPINIÃO

• Ofimdodiplomadespertouumsentimentodedefesadaprofissão.

• Paremdechoramingar,amãoestendidanotrânsitopodedarcerto.

Página 2

Página 3

Mariana Fontoura/ Hiper

Guilherme Santos/ Hiper

Lívia Stumpf/ Hiper

Jerry Lewis,matador de 73 anos

A exuberanteVanessada Mata

Um futebolquasesecreto

Lívia Stumpf/ Hiper Guilherme Santos/ Hiper

Página 9Página 10Página 11

Porto Alegre, setembro 20092 abertura hipertexto

Jornal mensal dos alunos do Curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).Avenida Ipiranga 6681, Jardim Botânico, Porto Alegre, RS, Brasil. E-mail: [email protected]: http:// www.pucrs.br/ famecos/ hipertexto/ 045/ index.phpReitor: Ir. Joaquim ClotetVice-reitor: Ir. Evilázio TeixeiraDiretora da Famecos: Mágda CunhaCoordenadora de Jornalismo: Cristiane Finger

Produção dos Laboratórios de Jornalismo Gráfico e de Fotografia.Professores Responsáveis: Tibério Vargas Ramos e Ivone Cassol (redação e edição), Celso Schröder (arte e editoração eletrônica) e Elson Sempé Pedroso (fotojornalismo).Estagiários matriculados e voluntários:Editores: Fabrício Souza de Almeida, Luana Du-arte Fuentefria, Julian Schumacher, Liza Marques de Mello, Mariana de Mattos Pires, Pedro de Souza Palaoro e Tatiany Oleques Lukrafka.Editores de Fotografia: Bruno Todeschini e

Lívia Stumpf.Redação: Bruno Pereira Goularte, Bruna Bar-bosa Griebeler, Camila Cardoso Soares, Carolina Beidacki, Giordano Benites Tronco, Fabrício Souza de Almeida, Felipe Kroner Uhr, Fernando Severo Soares Jr., Ian Correa Linck, Leonardo Serafim, Luana Duarte Fuentefria, Liza Marques de Mello, Júlia Souza Alves, Julian Schumacher, Marco Antonio Mello de Souza, Marcus Perez, Mariana de Mattos Pires, Marina Sant’Anna de Oliveira, Natália Bittencourt Otto, Pedro Henrique Arruda Faustini, Pedro de Souza Palaoro, Raquel Robaert,

Ricardo Selister Araújo, Shaysi Melate, Stéfano Aroldi Santagada, Simone Cardoso e Tatiany Oleques Lukrafka.Repórteres Fotográficos: Bruno Todeschini, Laís Cantelli, Débora Backes, Ita Pritsch, Lívia Stumpf, Felipe Dalla Valle, Guilherme Santos, Bolívar Abascal Oberto, Vanessa Freitas, Gabrielle Toson, Júlia Preis, Lívia Auler, Luiza Carmona, Mariana Moraes, Renata Lopes da Silva, Henry Soares, Jonathan Heckler, Maria Helena Sponchia-do, Mariana Gomes da Fontoura, Daniela Curtis do Lago e Camila Guimarães Cunha.

Hipertexto Apoio cultural: Zero Hora. Impressão: Pioneiro, Caxias do Sul. Tiragem 5.000

A IMAGEM

A PREFEITURA de Porto Alegre de-cidiu investir verba generosa em uma campanha para lembrar aos motoristas de que é preciso respeitar o artigo nº 70 do Código Nacional de Trânsito, que enuncia a prioridade de passagem do pedestre em locais com delimitação de faixa e sem se-máforo. Devem ter esquecido de cumprir essa lei, os condutores da capital.

O novo sinal de trânsito da cidade, promovido pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), é uma tentativa de estimular a educação dos cidadãos nas vias púbicas. O objetivo é que o pedestre utilize o símbolo do braço esticado e da mão aberta para comunicar ao motorista que se aproxima de uma faixa sem sinaleira de que ele deseja

atravessar a rua tranquilo e serelepe, sem correr o risco de ser atropelado.

Pretende-se copiar o modelo de Brasí-lia, onde se pode observar respeito a essa lei graças a um projeto similar que surtiu efeito positivo no comportamento dos habitantes. A finalidade é colocar ordem no caos em que se transformou o tráfego porto-alegrense. De um lado, estão os apressados motoristas que desejam che-gar a seus destinos rapidamente. Não há tempo para ser gentil com pedestres ou com quem quer que seja. Imagina chegar atrasado ao trabalho e o cafezinho já estar frio. Nem pensar. Sair mais cedo de casa não é preciso, pois divertido mesmo é correr pela rua. De carro, claro.

Do outro lado, os pedestres com a

síndrome de talião optam por desrespeitar quem os desrespeitou, ao atravessarem em qualquer lugar da via, inclusive quando o semáforo está nitidamente verde. A faixa de pedestres pode estar perto, mas emo-cionante mesmo é ignorá-la, passando bem pertinho dos carros, e dizendo em pensamento aos condutores para saírem do caminho de uma vez. O trânsito virou uma disputa de forças. O contraditório é que a maioria das pessoas é pedestre em alguns momentos e motorista em outros e, ao inverterem funções, mudam de convicção como se estivessem mudando de time.

Que tal o respeito se tornar o lema de ambas as partes? A campanha Novo Sinal sugere uma mudança comportamental

benéfica para a capital sul-rio-grandense e merece atenção. A conscientização visa não apenas a regular as vias, mas também, e primordialmente, a preservar a vida. Parem de choramingar aqueles que não acreditam que isso possa dar certo. Educação, seja no trânsito ou em qualquer outro âmbito, exige esforço, dedicação e tempo. A transformação gradual de um hábito é possível.

A propósito, é lamentável a atitude de alguns motoristas que acionam a buzina enlouquecidamente quando o carro à frente segue o novo costume de deixar o pedestre passar. Quem não quer cola-borar, deve, no mínimo, não atrapalhar.

Por Shaysi Melate

O JORNALISMO entra numa nova etapa. Agora, os repórteres-estudantes e os editores-professores do Hipertexto já não exercem as respectivas funções de forma reconhecida. A partir da decisão do Tribunal Superior Eleitoral de junho desse ano, os repórteres e editores desse jornal talvez nem precisassem mais ser alunos e professores. O fim da obrigato-riedade do diploma assustou a muitos profissionais dessa área. Porém, mais que tudo, despertou na maioria um sentimento de defesa da própria profissão e, consequente-mente, fortaleceu uma paixão característica dos que exercem a atividade.

Os protestos e debates sobre o assunto foram muitos em todo o Brasil. Os realiza-dos pelos alunos da Faculdade de Comu-nicação da PUCRS tiveram repercussão até mesmo nas principais mídias locais. O melhor exemplo de mobilização contra a resolução, no entanto, esteve em outras manifestações. No primeiro dia de aula, os corredores da Famecos foram novamente lotados por novos futuros jornalistas. E agora, a lista do nomes no expediente do Hipertexto, periódico feito por estudantes, é completada com novos personagens.

Os “focas” começam a trabalhar aqui como jornalistas desde os primeiros se-

mestres. O início da carreira é logo com-partilhado com alunos e professores com mais experiência. Essa troca, somente per-mitida pela universidade, deve resultar na produção de matérias de qualidade para o

jornal distribuído nos corredores da faculdade, para as instituições públicas, faculdades de comuni-cação do país e no mercado de trabalho. Cada edição será uma credencial aos futuros profissio-nais que daqui sairão, aptos para exercerem o jornalismo gráfico.

Nesse semestre, começamos mais uma etapa: sem reconhecimento, mas com anseio ainda maior. O empenho na produção do Hipertexto 2009/2 veio ao encontro disso, desde os alunos que reali-zaram as reportagens até os responsáveis pela parte gráfica. A renovação no projeto gráfico do jornal tem o objetivo dar amais dinamismo à leitura do que é produzido por quem ainda não tem diploma, mas que, com essas páginas, luta por ele.

Depois de muitas discussões e teorias a respeito do caminho que deveriam seguir os aspirantes a jornalistas, o resultado é quase unânime: seguir em frente. Porque, nesse âmbito de trabalho, o reconhecimen-to mútuo já existe.

Por Luana Duarte Fuentefria, editora

Jornalismo, apesar de tudoEDITORIAL

Mão aberta pede trégua no trânsito

Encantamento: Menina acaricia ovelha no Parque Harmonia, na Capital

Mariana Moraes/ Hiper

ARTIGO

Porto Alegre, setembro 2009 3comunicação hipertexto

Werneck defende um jornalismo sedutorSHERAZADE É a padroeira de

Humberto Werneck. A narradora da clássica obra persa Mil e Uma Noites cativa a atenção do rei Xe-riar dia após dia, torna-se rainha e escapa da morte graças ao modo envolvente com que conta suas histórias. Assim, os jornalistas devem “dar à notícia uma vesti-menta sedutora, capaz de prender a pessoa da primeira linha até o ponto final”, comparou. A qua-lidade do texto jornalístico foi tema da palestra que realizou na Famecos, com mediação do pro-fessor Vitor Necchi, inaugurando os eventos do +SET, atividades que antecedem o 22º SET Uni-versitário.

A razão da vinda a Porto Ale-gre foi o lançamento de seu novo

livro, O Pai dos Burros, um pe-queno dicionário de lugares-comuns e frases feitas que o autor colecionava desde a década de 70. Na época, Werneck trabalhava na redação do Jornal da Tarde e, ao reconhecer chavões utilizados pela mídia impressa, anotava-os, para lembrar de não colocá-los em suas matérias. Quando seu filho decidiu organizar em ordem alfabética as expressões que o pai guardava há tantos anos, surgiu a ideia de reuni-las em uma obra, cuja intenção é incentivar a reci-clagem criativa dos clichês.

O jornalista critica a constante cópia que profissionais e veículos de comunicação fazem uns dos outros. “O lugar-comum é algo geral hoje”, observa. Esse conven-cionalismo, afirma, interessa ao chefe. “Você é incitado a eliminar a sua individualidade e fazer um jornalismo igual ao do cara do computador ao lado do seu. O dia em que o patrão decide te mandar embora, coloca um igualzinho a você”, alerta.

A queda da exigência do diplo-ma de Jornalismo para o exercício da profissão reforça a necessidade de os estudantes demonstrarem que possuem um diferencial. O palestrante recomenda que se invista no desenvolvimento de uma maneira peculiar de escrever. Durante entrevista coletiva com alunos da faculdade, declarou que “a coisa mais gratificante para

um jornalista é alguém dizer: nós queremos uma matéria sua”.

Apurar informações minucio-samente, buscar e ouvir diversas fontes e colocar fora as primeiras ideias, pois “elas só assomam tão rápido a nossa mente porque já as vimos por aí”. Essas são as dicas de Eliane Brum, jornalista gaúcha de destaque no país, que atualmente trabalha para a revista Época. “Só consigo escrever um texto rico em detalhes porque antes gastei muita, mas muita

sola de sapato, apurando toda a enorme complexidade do real”, declara. David Coimbra, colunista do jornal Zero Hora, opina que, além de dedicar-se à leitura, o repórter deve refletir sobre o que está escrevendo: “Tem que pen-sar. As pessoas pensam pouco, es-tão sempre fazendo outra coisa”.

Werneck observa que é uma obrigação social do jornalista valorizar a perspicácia do público que recebe as informações trans-mitidas pela mídia, o qual não é

uma massa passiva e insipiente. Por isso, afirma não subestimar o leitor, já que ele mesmo é leitor. “Eu não tenho nada contra colocar a pessoa para pensar. A gente tem que servir ao leitor um pouco mais do que achamos que ele precisa”. Para ele, cada notícia necessita de um invólucro sedutor que atribua a ela uma graça que cative a aten-ção do receptor. Um jornalismo à la Sherazade.

Por Shaysi Melate“As pessoas pensam pouco”

+SET: Alunos lotam auditório da Famecos em palestra mediada pelo professor Vítor Necchi

Fotos: Mariana Fontoura/Hiper

Pautas e textos iguais eliminam a individualidade do autor e repórteres são facilmente substituídos

Conferência Nacional de Comunicação traz a marca do acordo entre sociedade, profissionais e empresários

A 1ª CONFERÊNCIA de Co-municação programada para 1º a 3 de dezembro deste ano, em Brasilia, terá como tema central “Comunicação: Meios Para a Construção de Direitos e de Cidadania na Era Digital”. A conferência será presidida pelo ministro da Comunicação, jorna-lista Hélio Costa, e deverão par-ticipar delegados representantes da sociedade civil, empresários e governantes.

Embora a organização tenha se efetivado há pouco, é antiga a vontade de desenvolver essa democratização das mídias. A Confecom oportunizará a partici-pação da sociedade nas decisões que envolvem os meios de comu-

nicação, até então mantidos sob monopólio de poucos. Como toda novidade, esta também recebe críticas e elogios. Desde janeiro, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a Confe-rência Nacional de Comunicação em Belém, as divergentes opini-ões começaram a surgir.

Ministros divergemNa Secretaria de Comunica-

ção Social, o jornalista e secre-tário Franklin Martins defende a conferência alegando que servirá para democratizar o setor, en-quanto o ministro Hélio Costa acredita que no governo Lula sempre houve democratização e uma conferência se faz des-

necessária. Os empresários da mídia também se manifestaram, avisando que temem a conver-gência digital como propulsora da invasão de multinacionais telefônicas no setor.

Alguns grandes jornais e emissoras de televisão posicio-naram-se contra a participação da sociedade, como a Folha de São Paulo que publicou os gastos públicos com o evento. A Socieda-de Interamericana de Imprensa também manifestou preocupação em relação ao evento. Por outro lado, órgãos como Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Fórum Nacional pela Democra-tização da Comunicação (FNDC) apoiam integralmente o conteúdo

da conferência.Polêmicas à parte, a Confecom

ainda não aprovou o regimento interno. Enquanto não estiver pronto, atrapalha as etapas esta-duais do processo. A falta do regu-lamento é uma das consequencias das diferenças entre o movimento social e o setor empresarial que, por sua vez, impõe diversas con-dições para dar continuidade. A definição da porcentagem de delegados de cada setor e a pauta da conferência são alguns dos impasses.

Para Celso Schöreder, vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e titular da Comissão Organizadora, as polêmicas são ultrapassadas pela

vontade de chegar a um acordo. “A realização da conferência é a grande vitória da sociedade brasileira. Pela primeira vez na história do país, poderemos pro-duzir e debater políticas públicas para a comunicação a partir dos interesses da nação”, afirma.

A agenda, com datas de even-tos que se antecipam a Conferên-cia, pode ser conferida no site da Pró Conferência (www.procon-ferencia.org.br). No Rio Grande do Sul, a Conferência Estadual será dias 3 e 4 de novembro e foi convocada pela Assembléia Legis-lativa, devido à falta de iniciativa do governo do Estado.

Por Bruna Griebeler

O evento oportuniza, pela primeira vez, a discussão entre segmentos contrários

Porto Alegre, setembro 20094 geral hipertexto

Pré-sal muda o rumo da política energética

Descobertas ofuscam combustíveis menos poluentesA APOSTA do governo federal

em uma matriz energética fun-damentada no uso do petróleo vai contra a política colocada em prática no Brasil pela adminis-tração Luiz Inácio da Silva até agosto. O uso de combustíveis menos poluentes era defendido em escala mundial como uma so-lução dos problemas geopolíticos do planeta. Atualmente na 24ª colocação no ranking das maiores reservas de óleo e gás do mundo, a estimativa do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, é que o país passe para a oitava ou nona colocação deste ranking com a exploração da camada pré-sal.

Em novembro de 2007, o governo brasileiro divulgou a descoberta do campo de Tupi, uma gigantesca reserva de petró-leo na bacia de Santos. Passados 10 meses, mais 12 blocos foram identificados nas camadas sedi-mentares Espírito Santo, Campos e Santos. O potencial de explora-ção das reservas colocou o Brasil

no grupo de países mais ricos em hidrocarbonetos. O petróleo dos novos campos de exploração está localizado abaixo de uma extensa camada de sal, a sete mil metros de profundidade.

BiocombustívelA possibilidade de obter gran-

des receitas com a exploração das reservas da camada pré-sal, fez o governo deixar em segundo plano, na pauta de investimentos, o projeto de uso de tecnologias menos poluentes, caso do bio-combustível.

Em entrevista ao programa Roda Viva, o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, declarou que as descobertas irão, no mí-nimo, triplicar as reservas de petróleo e gás natural do país. Essas reservas foram de aproxi-madamente 13 bilhões de barris em 2007 e deverão chegar a 50 bilhões de barris quando a exploração das novas áreas for

iniciada. O diretor é o mesmo que causou confusão na Bolsa de Valores do Rio quando divulgou, sem nenhuma estimativa, ter sido confirmado pela Petrobras, que 33 bilhões de barris era uma projeção aproximada da capaci-dade das reservas descobertas no final de 2007. Essas estimativas levaram a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, declarar que o Brasil poderá deixar de ser um importador de petróleo e assu-mir a posição de país exportador no mercado internacional. Esse novo cenário irá possibilitar ao governo colocar em prática a idéia de aplicar os recursos obtidos em educação, segundo a ministra.

Após o lançamento do marco regulatório de exploração do Pré-Sal, em 31 de agosto, segue trami-tando no Congresso a proposta de nova regulamentação dos leilões dos direitos de exploração dos blocos da camada.

Por Marco Antonio Souza

DUAS NOTÍCIAS positivas para os jornalistas foram anun-ciadas na audiência pública da Comissão de Educação da As-sembléia Legislativa, realizada no auditório da Famecos, dia 22 de setembro. A primeira foi anúncio do deputado Sandro Boka (PMDB) de que pretendia protocolar um projeto de lei para assegurar que os órgãos públicos do Estado contratem apenas jornalistas com formação univer-sitária, tanto em concursos como para ocupar cargos em comissão.

A outra boa notícia foi dada pelo deputado federal Paulo Pimenta sobre a tramitação da Proposta de Emenda Constitucio-nal (PEC) 386 que busca manter o conceito de liberdade de ex-pressão e informação, sem que a exigência do diploma de jornalista seja considerada uma restrição ou embaraço a essa liberdade. Os deputados passaram essas informações aos participantes da audiência, a maioria estudantes de comunicação da Famecos que estiveram presentes na atividade promovida pela Comissão de Educação, com apoio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul. A audiência, requerida pelo deputado Sandro Boka, debateu a decisão do Su-premo Tribunal Federal (STF) em relação à suspensão da obrigato-riedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão.

Para o presidente da Comissão de Educação, deputado Mano Changes (PP), a formação uni-versitária é o caminho para a construção de uma imprensa séria e baseada em princípios éticos. A deputada Marisa For-molo (PT) criticou o STF, que, segundo ela, não é formado por

pessoas politicamente neutras. O deputado Kalil Sehbe (PDT) considera a qualificação, por meio da formação acadêmica, funda-mental: “O país precisa de cabeças pensantes e precisamos respeitar o curso superior”. O secretário de Comunicação da CUT, Paulo Farias, enfatizou que a decisão do STF atende aos interesses das empresas de comunicação e do capital. “Existe uma campanha, muito bem articulada e que tem o objetivo de desregulamentar as profissões”, afirmou.

Na opinião do vice-presidente da Fenaj, professor Celso Schrö-der, a decisão do STF retira da sociedade a possibilidade de co-brar dos jornalistas qualificação, com técnica e compromisso ético. Para ele, a decisão do Supremo pode determinar o retorno de um jornalismo em que a qualidade não é fundamental e, sim, o aten-dimento a interesses privados. Para coordenadora do curso de Jornalismo da PUCRS, Cristiane Finger, a realização da audiência na universidade aproxima os estudantes da realidade política e da luta para reverter a decisão do STF, além de mobilizá-los para participar de manifestações e atos em defesa do diploma. O presidente do Sindicato dos Jor-nalistas, José Nunes, ressaltou a necessidade de mobilização, com a realização de manifestações, audiências públicas e atividades de rua. A representante do Núcleo dos Estudantes de Jornalismo do Sindicato, Fernanda Nascimento, enfatizou as diversas atividades que tem sido realizadas pelos estudandantes aqui e em todo Brasil.

da Redação

Parlamentares apoiam a luta pelo diploma

Audiência pública da Comissão de Educação da Assembléia na Famecos

Debate: audiência reuniu deputados, professores e alunos

Antonio Scorza/ AFP

Guilherme Santos/ Hiper

Política do governo: novas reservas fazem Lula deixar de lado a bandeira do biocombustível

Porto Alegre, setembro 2009 5última horahipertexto

A INFORMAÇÃO como base principal do jornalismo foi ressal-tada pelo documentarista e cria-dor e editor da revista piauí, João Moreira Salles, em palestra na abertura do 22º Set Universitário, dia 28, que se realizou na Famecos até 30 de setembro. Isso ficou evidente quando Salles destacou uma característica da publicação que, por decisão editorial, anda na contramão da imprensa bra-sileira, pelo fato de não possuir colunistas. “Grande parte do jor-nalismo nacional utiliza muito do espaço de opinião. É muito fácil colocar um colunista para falar sobre a Guerra do Iraque. Aí ele fica o dia inteiro assistindo à CNN e opina sobre isso. A piauí não faz isso, a gente só cobre o que viu, se o repórter esteve lá”, esclareceu.

Ele também registrou as prin-cipais diferenças entre jornalismo e documentário. “No jornalismo, a informação é o mais importante. Não importa o jeito que ela for arquitetada, ela é o que o leitor vai absorver. No documentário, não. Chego a pensar que a informação é a morte do documentário. O que importa é a interpretação sensorial de cada espectador. Não faço documentário para dar infor-

mação.” Salles acrescentou que o cinema é um meio ineficiente para informar, pois o público não sai de casa e paga ingresso para saber o que ele pode ver na televisão ou ler no jornal.

O palestrante afirmou ter aprendido com o jornalismo escrito a importância da forma, além do conteúdo. Ensinamento que procura utilizar em seus documentários. “A fórmula é a matéria bruta da vida. Docu-mentarista importante é o que revoluciona forma. Nada tem a ver com o tema”. Para exempli-ficar, Salles citou Gay Talease, um dos maiores nomes do New Journalism, que em textos como “A ponte” provou que a forma de narrar pode ser mais importante do que o fato narrado. Como título cinematográfico, foi citado o documentarista Eduardo Cou-tinho e seu recente filme “Jogo de Cena”, que também chamou atenção mais pela forma do pelo tema apresentado.

Questionado se a revista dá lucro, ele respondeu que não, mas que considera fundamental. “É importante que se chegue a um equilíbrio, que a revista se auto-sustente. Nós estamos chegando

ao equilíbrio, acredito que, nos próximos dois anos, vamos con-seguir. Mas é complicado, é pouco tempo no mercado, as revistas demoram para conseguir se man-ter e lucrar”, afirmou lembrando que a famosa New Yorker levou 15 anos para se estabelecer.

Mesmo acreditando que o veículo vai conseguir se equilibrar em um futuro próximo, ele admite que o dinheiro investido inicial-mente, talvez, seja irrecuperável. “Mas eu acho que é justo que uma revista como a piauí se estabeleça, ela tem conteúdo, é bacana e pos-sui um bom público. Temos um

dos maiores índices de fidelidade de leitor, o número de assinantes que renova as assinaturas é um dos mais altos entre todas as pu-blicações brasileiras”, completou.

Perguntado sobre qual é a grande sacada da revista, João Moreira Salles riu, ficou verme-lho, passou a mão sobre o rosto e demorou alguns segundos para formular a resposta. Ele, que pertence a uma família da elite carioca, concluiu: “Não sei se tem uma grande sacada. Acho que a sacada é exatamente essa, não ter a obrigação de nada. Fazer uma revista que eu goste de ler e só. Já

que eu tive capacidade financeira para isso sem ter que entrar nas regras do mercado e fazer pesqui-sas de público. A grande sacada está na possibilidade de ela ter uma grande sacada”.

Um mérito do evento, que marcou esse SET, foi a interati-vidade com o público. Debates e palestras foram transmitidos pela internet. Assim, João Mo-reira Salles respondeu perguntas da plateia e de espectadores que se comunicaram via Twitter e telefone.

Por Bruno Goularte

A FEIRA DAS PROFISSÕES 2009 da PUCRS teve a duração de três dias, de quinta, dia 17 de setembro, a sábado, dia 19. No encerramento, foram contabili-zadas mais de 14 mil visitas de alunos do Ensino Médio, muitos acompanhados dos pais, que vie-ram conferir os cursos oferecidos pela universidade para o vestibu-lar 2010.

Com entrada franca e sem a necessidade de prévia inscri-ção, a instituição ainda ofereceu transporte para cerca de 100 escolas públicas e particulares da área metropolitana para que seus alunos pudessem visitar a o local. Quase duas mil pesso-as, entre professores, alunos e

funcionários, foram mobilizadas na organização do evento, para receber os estudantes.

O evento foi marcado por es-tandes criativos, que buscavam passar as informações de forma divertida e didática sobre cada profissão. As faculdades apresen-taram os seus trabalhos e oferece-ram atividades que permitiram ao público interagir com cada área profissional.

Na manha de sábado, último dia da Feira, foi realizado o tradi-cional simulado da PUCRS, com 45 questões de português, mate-mática, química, física, biologia, literatura, história, geografia e línguas (inglês ou espanhol).

O professor Antônio Carlos

Jardim, da Coordenadoria de Controle Acadêmico da Pró-Reitoria de Graduação, explica que a Feira tem o objetivo de apresentar os cursos oferecidos pela Universidade, para auxiliar os alunos na escolha profissio-nal, e o Simulado possibilita ao estudante se familiarizar com o processo de seleção que será feito durante o Concurso Vestibular 2010 da PUCRS. Jardim afirma que a prova foi organizada da mesma forma que as do Concurso Vestibular, abordando os mesmos conteúdos, diferenciando-se ape-nas pelo número de questões e a ausência de redação.

Por Simone Cardoso

Na contramão da imprensa brasileira Editor da piauí, Moreira Salles ressalva que a publicação criativa ainda não dá lucro

Futuro: Feira auxilia vestibulandos a decidirem profissão

Feira das Profissões durou três dias na PUCRSe teve 14 mil visitas de alunos de Ensino Médio

Bruno Todeschni/Hiper

Guillherme Santos/Hiper

Inovação: João Moreira Salles lançou a piauí sem acreditar em pesquisa de opinião

Porto Alegre, setembro 20096 nativismo hipertexto

“ORA, PORQUE a gente é gaúcho, tchê”. Aos 9 anos, Tairine explica a presença no Acampa-mento Farroupilha. Instalado no Parque Harmonia, na Capital, o evento reuniu mais de 300 pique-tes e Centros de Tradição Gaúcha (CTGs), entre 7 a 20 de setembro, na celebração da cultura do Esta-do. Nem a chuva, presença quase tão tradicional quanto o chimar-rão, interrompeu as atividades.

Cada piquete é um micro-universo de histórias e tradição. Dispostos lado a lado, a maioria dos casebres de madeira mantém a porta aberta para que o visitan-te se aprochegue. “Vizinho não, aqui é tudo na parceria,” convida o portoalegrense Paulo Pretto, 40 anos, do Departamento Tra-dicionalista Gaúcho (DTG). Ao lado do casal de amigos, Paulo e Romilda Negreiro, Pretto faz da semana farroupilha um exercício de “homenagem aos costumes gaudérios”.

Além dos 364 piquetes, o acampamento oferecia diversas atrações. Na feira de artesanato, localizada no centro do parque, era possível comprar artigos como

cuias e pelegos. Na exposição Os Farroupilhas e Suas Façanhas, pode-se ler sobre os heróis far-rapos e ver uma pequena réplica do lanchão Seival, de Giuseppe Garibaldi. Na praça de alimenta-ção, estavam à disposição desde doces de Pelotas à truta grelhada. O trânsito por entre as tendas, no entanto, não era fácil. Devido à companhia constante da chuva no período, o parque Harmonia ficou tomado pela lama. Para amenizar o problema, tratores foram usados para aterrar as ruas com pedras britadas.

Viagem no tempoCaminhar pelo acampamen-

to era entrar em um cenário mítico do Rio Grande: homens pilchados, bombacha e lenço no pescoço, andavam pelas ruelas estreitas às voltas de piás e pe-quenas prendas vestidos como manda a tradição. Cavalos e cães, eternos companheiros do gaúcho, completavam o cenário. Imagens da vida rural que resistem e se reconstroem entre as margens do rio e a grande cidade de con-creto que lentamente soterra essa

cultura.“Algumas pessoas confundem

o acampamento com lugar para beber cachaça e fazer bailão o dia todo. Mas o que nós fizemos aqui é cultuar a tradição”, explica Pretto. Aos visitantes, conta, com orgu-lho, sua rotina de acordar cedo para fazer o fogo de chão, aquecer a água do café de chaleira e do mate. Em seguida, começavam os preparativos para o almoço, que podia ser churrasco, carre-teiro campeiro ou a vaca atolada (espinhaço de ovelha com aipim). A culinária tem papel importan-tíssimo em qualquer piquete, o que faz do cozinheiro, ou assador, convidado de honra. À tardinha, eles reunem os “mais chegados e as prendas” para o bailão. E a fes-tividade segue até a madrugada.

Para os tradicionalistas, a Semana Farroupilha equivale ao carnaval para as escolas de samba do Rio de Janeiro. Um ano inteiro é dedicado à preparação

do acampamento e do desfile realizado no domingo, dia 20. A cavalgada temática percorreu a avenida Edvaldo Pereira Paiva, onde os cavaleiros se apresenta-ram para figuras importantes do estado, como a governadora Yeda Crusius.

EmpreitadaJosé Luiz Carvalho, 28 anos,

tira do bolso o dinheiro necessá-rio para mobilizar não apenas a família, mas os cavalos, os asnos e o poodle Caco, que o acompa-nham. “O desfile é o nosso maior orgulho”, justifica. Carvalho, 28 anos, do piquete Porteira Aber-ta, argumenta que “tudo é meio improvisado”. O colchão sobre o estrado, fogão à lenha, comida requentada que servia de café-da-manhã. Mesmo assim, se encanta-va ao descrever o acampamento, as façanhas de seus antepassados e seu dia-a-dia na fazenda lá em Tupanciretã, na região central do Estado. “Um pouquinho do que a gente vive lá fora a gente traz para cá. Relembramos nossos ancestrais”, enfatiza.

Gabriel Souza, 19 anos, mos-trava com as roupas e as feições sisudas duas tradições: militar e gaudéria. Ele integrava o piquete Guardas da Tradição, criado pela 1ª Companhia de Guardas do Comando Militar do Sul. “Aqui

é meu dia-a-dia normal, nada muda”, alega. “Ando assim mes-mo na fazenda. É só para reforçar a tradição”. E revela, divertido, que sua rotina se resume a “carne, truco e música”. Inerena Maria Cardoso, uma bela prenda de 81 anos, concorda. Ela é madrinha do piquete Mangaça há três anos e frequenta o acampamento há cinco. “A gente vem também para se divertir”, disse abrindo um sorriso que deixa à mostra o dente de ouro.

Em frente ao piquete 30 de abril, Carlos Fernando Scalco, 48 anos, convidava os visitantes a cruzar a porteira. Tudo para exibir aos convidados o fogão a lenha, “verdadeiro e legítimo”. Inflado de orgulho, dizia que “a imprensa” já esteve no seu pique-te. Com frase pronta e ensaiada, acrescenta: “a semana é como se fosse um aniversário. E o acam-pamento é o nosso presente para o estado”. Encontro de gerações unidas por uma mesma paixão também é uma definição para o Acampamento Farroupilha, que faz elo entre o passado e o futuro. Para a prenda Romilda Negreiro, “o mais importante de tudo isso é a volta aos costumes. A tradição não se perde no tempo”.

Carolina Beidacki e Natália Otto

Reconstituída a vida rural em Porto Alegre

Acampamento Farroupilha trazo campo para a cidade, na semanadedicada à cultura gaúcha

O Parque Harmonia, que passaria a ser palco do Acampamento Farroupilha, foi inaugurado em 4 de Setembro de 1982. Na inau-guração, os CTGs Aldeias dos Anjos de Gravataí e Tiarajú de Porto Alegre deram início às tradições do mês de setembro com danças de invernada, dança dos facões, chula e declamações. O CTG Rodeio da Saudade de Rio Pardo ficou responsável pela cancha de rodeio, realizou as primeiras prova de rédea, gineteada e o tiro de laço.

Um ano depois, o parque, idealizado pelo engenheiro agrônomo Curt Alfredo Guilherme Zimmermann, comemorou o aniversário com fogo de chão na entrada. O fogo ficava aceso e a água fervia à espera de uma parceria para a costumeira “mateada” do gaúcho. Desde guri, o Parque Harmonia ou Mauricio Sirotsky, recebe a “gau-deriada” de todos os cantos do Estado para que possam expressar seu amor pelo Rio Grande do Sul.

DESDE 1982

Farrapos: a procura pelas roupas e calçados típicos dos gaúchos para aparecer bem na festa

Os piquetes são um microuniverso de história e tradição e têm fandangos até de madrugada

Fotos Camila Cunha/Hiper

Porto Alegre, setembro 2009 7reportagemhipertexto

AS CRIANÇAS ESTÃO coladas ao portão da escola Nossa Senhora de Fátima. Fazem fila e a gritaria se instala. Esperam efusivos pelas oficinas. A de Jogos Online é a mais concorrida, o computador é a máquina da modernidade. Reflete a tecnologia da diversão. Durante uma semana, acadêmicos gaúchos e chilenos desenvolverão traba-lhos comunitários e ministrarão oficinas na Missão Vila Fátima, junto a moradores daquela vila do bairro Bom Jesus, zona leste de Porto Alegre.

Pedro, sete anos, nascido na vila, com uma altivez esplêndida, garante que vai participar todos os dias das oficinas e a mãe dele também. Estará na que trata de “Gerar renda fazendo pão”. Enfim, os portões se abrem e a correria se instala. O pátio fica repleto de crianças que jogam vôlei, basque-te nas quadras e brincam de bam-bolê. O laboratório de informática e as demais salas da escola abrem-se para ensinamentos e a união. As crianças revelam o que não querem para suas vidas. “Prefiro ficar aqui do que na rua, enquanto a minha mãe trabalha. Um dia vou trabalhar com informática”, diz Isabela, 12 anos.

Entre ruas de terra batida, bar-racos humildes, famílias carentes de tudo, jovens universitário dedicam uma semana de suas vidas para o trabalho voluntário de levar esperança à comunidade da Vila Fátima, uma das mais deficitárias da Capital. Realidades opostas que se harmonizam na corrente de solidariedade, apren-dizado e alegria.

Um ônibus, cedido pela em-

presa Carris, chega à Vila Fátima, às 14h40min, transportando os jovens missionários. Desde 2004, universitários das PUCs do Rio Grande do Sul e do Chile, mais as universidades federais de Santa Maria (UFSM) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), além do Instituto Porto Alegre (IPA), se reúnem para participar da Missão Vila Fátima, que acontece sempre na última semana de julho. Cerca de 60 inscritos, inclusive universi-tários de Guiné Bissau, levaram uma palavra amiga e uma propos-ta de vida aos moradores da vila, nos dias 24 a 30.

O projeto faz parte do progra-ma Universidade Missionária do Centro de Pastoral e Solidarieda-de da PUCRS, que ajuda a comu-nidade, através de um trabalho solidário e proporciona aos es-tudantes uma formação integral. Este ano a missão esteve nas escolas municipais José Mariano Beck e Nossa Senhora de Fátima, onde ocorreram as oficinas.

Por que a Vila Fátima? O Cen-tro de Extensão Universitária da PUCRS já atua na lá há cerca de 30 anos, auxiliando a população de baixa renda com atividades cur-riculares das faculdades de Medi-cina, Serviço Social, Odontologia, Direito, Educação, Enfermagem, entre outras. O programa Uni-versidade Missionária serve para intensificar e complementar as ações humanitárias já realizadas pela PUCRS e a Católica do Chile, com a Misión Pais.

Os voluntários se reuniram às 9h do dia 24 de julho (sexta-feira), no Laboratório de Nutrição (prédio 41, campus central da

PUCRS). Houve distribuição de camisetas, bolsas do projeto e dos crachás e uma confraternização. Às 15h, todos conheceram a Vila Fátima e às 19h30min aconteceu a Celebração do Envio, cerimônia religiosa na capela do Colégio Champagnat. Era o sinal de que os jovens missionários já podiam ser iniciados. Uma das prioridades da missão é de que os universitários envolvidos na causa sejam os protagonistas. Todas as atividades solidárias são idealizadas por eles, previamente, em uma reunião ge-ral. Nela são definidas as oficinas direcionadas aos jovens, adultos e às crianças da região.

Atividades educativas e re-creativas foram projetadas. As crianças são as mais ansiosas à espera das oficinas. “É uma pena que projetos assim aconteçam somente em uma semana do ano. A missão salva vidas, muda rea-lidades. A partir das oficinas, as crianças conhecem outra realida-de, o que ajuda para que o futuro deles seja distante das drogas e violência”, comenta confiante o morador Thiago Proença, 26 anos, formado em História, que participou das iniciativas de 2006 e, agora, em 2009.

No domingo, dia 26, aconte-ceu a oficina mais esperada, de Brechó. “Todas as roupas que ven-demos por saco, a R$ 0,20 cada, são doações arrecadadas pela Campanha do Agasalho 2009, da Pastoral da PUCRS”, enfatiza a coordenadora geral da missão e agente de pastoral Melissa de Oliveira Maciel.

Por Marina Sant’Anna

•Teatro e Dedoches•Ritmos (dança)•Jogos Recreativos•Escolhas Alimentares •Tartaruga Gigante (coopera-ção)•Família no Porta-Retrato (va-lores familiares)•Ceguinho (exercita a confiança)•Natureza Viva (meio ambiente)

•Brinquedos Recicláveis (rea-proveitamento do lixo)•Jogos Online•Tum, Tom, Tum (percussão com latas, garrafas pet, latinhas)•Ler para quê? (incentiva a leitura)•Gerar renda fazendo pão•Debatendo o sentido da paz•Brechó.

OS PARTICIPANTES da Mis-são Vila Fátima são organizados em grupos, cada um com o seu líder. Neste ano, eram cinco turmas e os integrantes ficaram hospedados em dormitórios do Colégio Champagnat. Nos dias da semana missionária, depois do café da manhã no Laboratório de Nutrição, eles seguiam para a vila, onde visitavam as famílias.

Literalmente, os missionários batiam na porta da casa dos mo-radores, presenteando-os com a solidariedade, atenção, caridade, diversão, afeto e explicavam as oficinas da tarde. Nas visitas aos moradores, os estudantes escutam seus problemas e suas alegrias, além de poderem colocar em prática todos os conhecimen-tos teóricos recebidos dos profes-

sores na faculdade.Para Valentina Cerda, 23, do

Chile, aluna do sexto semestre de Design Gráfico, o seu primeiro dia não foi como esperava. “Só duas famílias abriram a porta para nós. É minha quarta missão, mas a primeira aqui no Brasil, e fiquei impressionada com a diferença, porque lá no Chile o pessoal é mais receptivo do que aqui. Eu pensava que ia ser igual, por se tratar do Brasil”, confessa.

A estudante de Engenharia Mecânica pela UFSM, Juliana Palma, 19, realizou sua segunda missão – a primeira foi no Chile. Ela contou que teve uma experi-ência emocionante no primeiro dia e não trocaria isto por nada neste mundo. “Não tem preço entrar na casa de uma família

que lhe acolhe sem querer nada em troca, apenas necessita de um pouco de carinho. Pude escutar seus problemas, fazer orações, realmente me emocionei, porque pude perceber que, às vezes, ape-nas uma conversa já reconforta”, ressalta Juliana.

O projeto “Mão na Massa”, de-senvolvido no dia 29, necessitou um dia inteiro de dedicação. Os cinco grupos foram divididos para atender às exigências das duas escolas que ganharam espaços revitalizados pelos trabalhos de jardinagens nos canteiros e hor-tas, pinturas de jogos de damas nos bancos, amarelinhas, reparos nas quadras esportivas e pátios.

“Nós colocamos à disposição deles, nesta semana, aquilo que temos para doar: nossa formação

acadêmica, espiritual e humana. Ao entrarmos em cada casa, plan-tamos uma semente de renovação. Através das visitas, oficinas e de trabalhos comunitários, podemos anunciar algo bom e transforma-dor que seja válido para nós e para eles. Não fazemos oficinas apenas por fazer, mas porque transmitem um valor especial a estas pessoas”, explica Gilnei Lopes de Lima, agente de pastoral e coordenador geral da missão. Ele acredita no potencial dos jovens agentes da paz, “eles doam amor e isto não tem preço”.

Douglas Beretta Moroni, 21, cursa o quarto semestre de Admi-nistração de Empresas e quer, por meio do voluntariado, uma ma-neira de fazer a diferença. “Estou na missão, porque ser voluntário

é uma vontade que carrego há muito tempo. Como estudo na PUCRS e sabia que a universidade fazia trabalhos voluntários, decidi procurar a Pastoral. Acho que essa é uma grande oportunidade para o crescimento pessoal e profissio-nal”, acredita Beretta.

Para Vanessa Carvalho, 21, sexto semestre de Psicologia, par-ticipante da missão desde 2006, a proposta é viver em outro tipo de sociedade, partilhar sentimen-tos e ideias, o que pode mudar a mentalidade individualista. “Quando temos contato com uma comunidade que nunca vimos antes, nos sentimos inicialmente impotentes, que o mundo é cruel e pensamos: o que aconteceu? Este questionamento pode mudar a vida deles e a nossa”, conclui.

Um choque de realidade na comunidade carente da Vila Fátima

Alunos realizam trabalho missionário Universitários gaúchos e chilenos atuam durante uma semana em vila de Porto Alegre

OFICINAS OFERECIDASJogos online: a oficina mais concorrida na Missão Fátima

Fotos Guilherme Santos/ Hiper

Solidariedade: estudantes distribuem doações na Zona Leste

Porto Alegre, setembro 20098 esporte hipertexto

PARA ELES, domingo não é dia de acordar tarde, ficar em casa, na maior preguiça. Cada vez mais há pessoas que despertam cedo para sair de casa e correr pelas ruas da cidade. Nas proxi-midades de parques e avenidas tradicionais, uma ou duas pistas são isoladas para a realização de corridas rua. Em circuitos urba-nos, atletas amadores que antes só praticavam exercícios nas aca-demias fechadas ou realizavam alguma atividade física esporádica despertam para o vício de correr no asfalto. Foi o que aconteceu no domingo, 13 de setembro, nas proximidades do Shopping Iguatemi.

A maioria dos percursos conta com a reduzida distância de 5 e

10 km, atingindo desta manei-ra um público mais iniciante. Antigamente conhecida como “pedestrianismo”, a atividade também disputada de maneira tradicional nos eventos olímpicos de atletismo, conquista a atenção de um segmento bastante extenso de pessoas nos últimos anos.

Há uma lenda que diz ser a corrida de rua o esporte mais democrático do mundo, pois de fundamental mesmo só a neces-sidade de utilizar um par de tênis. O resto é o prazer unânime de movimentar o corpo e desafiar a própria condição humana. Não é à toa que países miseráveis da África produzem verdadeiros homens-máquina. Mesmo com uma trajetória humilde, alcançam

destaque no cenário do atletismo, deixando para atrás o favoritismo de nomes das grandes potências econômicas. Nas corridas de rua, o fenômeno se repete e não há como descrever de forma homo-gênea as características dos parti-cipantes. São jovens adultos, mas também velhos adultos e quase adultos; pessoas com biotipo ade-quado para a prática do esporte com o corpo magro e veloz, mas há também grandões com sobrepeso na mesma competição.

Chega a ser engraçado obser-var a filha adolescente correndo (ou seria arrastada?) no meio dos pais, em pleno domingo chuvoso (13 de setembro), implicando com a idéia da mãe de ter inscrito a família inteira na prova. Quando

perguntada, após cruzar a linha de chegada da Track&Field Run Series, no estacionamento do Sho-pping Iguatemi, o que achou da experiência, revela sorrindo: “É, sabe que até achei divertido? Vale a pena encarar o espírito saudável e abrir mão das baladas rotineiras para participar de disputas ale-gres como essa.” A jovem, quando disse ‘disputas alegres’, referia-se ao clima animado do evento. Com uma megaestrutura de logística, incluindo fisioterapeutas, locu-tor, massagistas, som, equipe de apoio, organização e, consequen-temente, os custos operacionais são elevados.

A “festa” geralmente é fi-nanciada por empresas que in-vestem seu marketing em ações

alternativas, como é o caso das esportivas Adidas (Circuito das 4 estações com uma corrida a cada trimestre), Nike (diversas opções de corrida, buscam públi-cos específicos, como o Circuito Vênus, destinado às mulheres), Track Field, Fila, Mizuno e ou-tros anunciantes como a TAM, de passagens de aéreas, a Avon, do meio dos cosméticos e a Caixa Econômica Federal. Essas marcas buscam associar sua identidade com os conceitos de qualidade de vida. O ditado popular “corpo são, mente sã” já faz parte do imaginá-rio coletivo da população e revela a realidade de que, sem saúde, é impossível viver em paz.

Por Júlia Souza Alves

O esporte ajuda a aliviar as tensões do dia-a-dia causando uma sensação de bem-estar devido à liberação da endorfina. Pesquisadores da Universi-dade de Bohn, na Alemanha, analisaram o cérebro de 10 corredores antes e depois de uma corrida e encontraram áreas ativadas pela liberação da substância neurotransmissora em regiões cerebrais ligadas à emoção. Além disso, os atletas relataram aumento no nível de euforia depois de terem corri-do – testemunho universal de todo praticante de esportes e atividades físicas ao concluir um treino.

Segundo o site Corpore Brasil (www.corpore.org.br), já são mais de 100 mil associados a clubes de corridas em todo o País. Qualquer pessoa é capaz de praticar atividade aeróbica, mas algumas precauções devem ser estabelecidas para que im-previstos desagradáveis sejam evitados. “Procurar um médico antes de iniciar qualquer plani-lha de metas é essencial para a realização correta da exercício”, adverte Márcio Fabiano Muniz, profissional de Educação Física e professor da Academia VIP Bela Vista. A atenção deve ser redobrada se o atleta possui mais de 35 anos.

As correrias do lazer no domingo Corridas de curta distância conquistam ruas e rotinas na Capital durante os fins de semana

ALIVIA TENSÕES

São muitas as competições promovidas por empresas de materiais esportivos

Vanessa Freitas/ Hiper

GabrielleToson/ Hiper

Pistas interditadas para que esportistas amadores possam se exercitar durante o dia de folga, liberando o estresse da semana

Porto Alegre, setembro 2009 9esportehipertexto

Enquanto o Gauchão não chega Copa Dallegrave garante vaga em competições nacionais e evita que clubes fiquem parados

OBSCURA para o grande público, a Copa da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) chega à sexta edição em 2009. O torneio, que este ano tem o nome de Copa Arthur Dallegrave, em memória ao falecido ex-presidente do In-ternacional, reúne 19 equipes, a maioria clubes do interior. As ex-ceções são São José, Porto Alegre FC, Cruzeiro e os times B de Inter e Grêmio.

O sentido do torneio alter-nativo é manter em atividade os profissionais que dependem do futebol. “A Copa FGF existe para movimentar os times no segundo semestre. Antes os times termi-navam o Gauchão e não tinham nada para disputar pelo resto do ano. O objetivo é manter em atividade os clubes gaúchos, tanto da 1ª quanto da 2ª divisões”, diz Flavio Fiorin, assessor da Federa-ção Gaúcha de Futebol e um dos organizadores da competição.

A cada ano, o torneio home-nageia um grande nome do meio esportivo gaúcho. Em 2007, o escolhido foi o também ex-pre-sidente colorado Paulo Rogério Amoretty, que morreu no mesmo ano no vôo 3054 da TAM. Em 2008, a Copa levou o nome de Lupi Martins, radialista esportivo também falecido em 2007 e irmão do jornalista Lasier Martins.

As equipes são divididas em duas chaves, com dez e nove clu-bes. Para que a Copa dure mais tempo e mantenha os times ocu-

pados, a maioria se classifica para a segunda etapa. De cada chave, oito avançam para o mata-mata. Os 16 remanescentes, então, se digladiam entre si até chegar à grande final, disputada com jogos de ida e volta.

Vaga no BrasileiroPara incentivar os participan-

tes, o vencedor da competição pode escolher: ganhar uma vaga na Série D 2010 ou na Copa do Brasil 2011 e ainda participar da Recopa Sul-Brasileira, que reú-ne os campeões das Copas das federações gaúcha, catarinense, paranaense e paulista. A maioria dos estados do Brasil tem uma Copa equivalente.

Apesar de contar com cinco clubes da Capital, o torneio tem apelo forte no Interior, com times tradicionais, como Caxias, Novo Hamburgo, Ypiranga de Erechim e Brasil de Pelotas, todos parti-cipando este ano. Pelotas, Santa Cruz, Veranópolis, Esportivo de Bento Gonçalves, Inter-SM, Riograndense-SM e São Paulo de Rio Grande não estão presentes nesta edição, devido a problemas financeiros. “Por questões de orçamento, algumas equipes não têm como montar um time para o segundo semestre”, diz Fiorin.

Quem tem se destacado é o Brasil de Pelotas, que está em-balado pela boa campanha na Série C, lidera a Chave 1. O time superou o acidente de ônibus que

a delegação sofreu no início do ano e que matou Cláudio Millar, ídolo da torcida xavante.

Jogo no Passo D’AreiaApesar da entrada franca, o

público do jogo entre São José e Caxias era pequeno no Passo D’Areia: cerca de 120 espectado-res. Também não colaborou o fato de o jogo ter sido remarcado para as 15h de uma segunda-feira, 14 de setembro. Nas arquibancadas

atrás de uma das goleiras, cerca de dez adolescentes formavam uma barra chamada Os Farrapos. To-cavam seus bumbos e cantavam músicas de incentivo ao time, a maioria adaptada de cânticos en-toados pelas torcidas de Grêmio e Inter. Já a torcida do Caxias se constituía em alguns gatos pinga-dos infiltrados nas cadeiras.

Com o campo ainda embar-rado por causa das chuvas que duraram até o dia anterior, a

partida foi dominada pelo time da Serra. O primeiro tempo terminou em 2 a 1, para o Caxias, com gols de Natan e Edenilson. Jefferson marcou de pênalti, para o Zequi-nha. No segundo tempo, o São José novamente não conseguiu se impor diante dos visitantes e aca-bou levando mais um, cortesia do camisa 10 Tiago Adan, de pênalti. Placar final: São José 1 x 3 Caxias.

Por Ian Linck

Prêmio: vencedor do torneio escolhe disputar a Série D 2010 ou a Copa do Brasil 2011

Guilherme Santos/Hiper

QUASE MIL quilos de alimen-tos e 1.110 de peças de agasalhos. Estes foram os primeiros resulta-dos da 2ª Olimpíadas da PUCRS, iniciada em 26 de setembro. O objetivo do evento, além da ati-vidade esportiva e de promover a integração, é ajudar a quem precisa com doações.

A segunda edição da com-petição começou com algumas inovações. A primeira delas é que os atletas são professores, alunos, funcionários e ex-estudantes da universidade, todos em times que devem contar com pessoas de di-ferentes faculdades. Fabio Suñé, professor de Educação Física da PUCRS e membro da comissão organizadora dos jogos, diz que a proposta é estímular o nivela-mento técnico dos competidores. “Algumas pessoas reclamaram

que uns times eram tecnicamente muito superiores. Essa nova me-dida, apesar de ser uma dificulda-de na hora da inscrição, promove a integração e impede que uma equipe seja formada apenas por alunos muito bons de uma mesma turma”, explica Suñé.

Algumas modalidades sofre-ram alterações em relação ao ano passado. O vôlei de quadra deu lu-gar ao vôlei de praia, o judô (mas-culino e feminino) foi incluído na competição e as inscrições foram feitas pelo site da PUCRS. Os esportes de maior apelo social – futebol e futsal – ganharam finais de semanas inteiros para cada um, embora as decisões de todos os esportes estejam programadas para o mesmo dia e horário, em 25 de outubro. Os campeões, vice e terceiros colocados ganharão

medalhas e troféus.As Olimpíadas proporcionam

a realização de atividades benefi-centes. Em 2008, foram arrecada-dos cerca de 500kg de alimentos entre as equipes inscritas. Em 2009, além de 1kg de alimento, cada atleta doou um agasalho. O material foi entregue à Pastoral da PUCRS, que distribuiu para instituições assistidas.

Mesmo com o tempo mais quente, a doação de agasalhos é estimulada. Marisol Trindade, agente líder da Pastoral, explica que mais de um terço das doações no inverno não são peças para combater o frio. “São doados até mesmo biquínis, enquanto toucas e meias dificilmente são entregues”, conta.

Por Pedro Faustini

Começam Olimpíadas da PUC

Doações: recolhidos alimentos e peças de vestuário

Gabrielle Toson/Hiper

Porto Alegre, setembro 200910 cultura hipertexto

DESDE O COMEÇO da car-reira, Vanessa da Mata mostrou versatilidade musical fora do co-mum, misturando MPB e ritmos caipiras com o reggae. A mato-grossense desenvolveu um estilo próprio de cantar, compor e se apresentar. Estilo que 1.100 pessoas presentes no Teatro do Bourbon Country puderam conferir em 19 de setembro, no show “Perfumes do Sim”.

Eram mais de 21 horas quan-do ela surgiu no palco, vestida com um lindo vestido amarelo e acompanhada de um time de primeira. Davi Morais (filho de Moraes Moreira) na guitarra, Alberto Continentino, no baixo, Stephane San Juan, na bateria, e um muito inspirado Donati-nho (filho de João Donato) nos teclados formavam sua banda.

A produção do espetáculo proporcionou um show à parte, com bonito trabalho tanto da equipe de iluminação, quanto do cenotécnico. Juntos montaram um cenário composto por duas

roseiras iluminadas por várias pequenas lâmpadas, que quan-do em contato com os refletores, mudavam de cor de acordo com o tom de cada música.

Durante o show, a dona de um dos timbres de voz mais inconfundíveis da nova música popular brasileira demonstrou grande segurança em seu reper-tório. Isso se evidenciou não só nas canções mais conhecidas do público, como Não me deixe só, Ai, Ai, Ai, Amado, e Boa sorte/Good Luck – esse um dos mo-mentos mais interessantes da noite com excelente performan-ce de Donatinho, fazendo uso de vocoders, – como também nas menos conhecidas: Quando um homem tem uma mangueira no quintal, Fugiu com a novela e Joãozinho.

Algumas surpresas foram incluídas no setlist, umas muito boas, como Eu sou Neguinha, de Caetano Veloso, e As Rosas Não falam, de Cartola, que conseguiram fazer jus as ver-

sões originais. Outras como Um dia de Adeus, de Guilherme Arantes, e O Último Romance, de Rodrigo Amarante, pecaram não só pelo péssimo arranjo que descaracterizou as composições, como também pela falta de familiaridade da cantora com a letra, que errou mais de uma vez os versos de Amarante.Mes-mo assim, isso não impediu o público de chamá-la duas vezes para voltar ao palco depois da apresentação, que se estendeu por mais de 20 minutos.

O teatro do Bourbon Country se consolida como um dos me-lhores lugares para se assistir qualquer tipo de concerto, não só pelo conforto e segurança que oferece, como pela sua acústica privilegiada. Foi assim, dançan-do e chamando todos para fazer o mesmo, que Vanessa da Mata se despediu como uma artista singular, embora o show não tivesse igual singularidade.

Por Marcus Perez

Os perfumes de Vanessa da Mataem Porto Alegre

A cantora mato-grossense encanta ao misturar ritmos

Performance: O vestido esvoaçante no show em setembro no teatro do Bourbon Country

Lívia Stumpf/ Hiper

Urbim é o patronoda Feira do Livro

JORNALISTA, escritor, e in-dicado para o cargo todos os anos desde 2003, Carlos Urbim final-mente é eleito patrono da Feira do Livro de 2009. O anúncio foi feito por Charles Kiefer, atual patrono, que entrega o posto para Urbim em 30 de outubro, quan-do é inaugurada a 55ª edição do evento, na tradicional Praça da Alfândega.

A escolha é realizada por um colégio eleitoral, formado pela diretoria e associados da Câmara Rio-Grandense do Livro (CLR), patronos de feiras anteriores, titulares de entidades culturais e associativas ligadas à área do livro e outros. Os envolvidos su-gerem três dos cinco nomes indi-cados pela CLR, e é eleito aquele que receber a maioria de votos.

Símbolo da FeiraCarlos Urbim possui uma car-

reira respeitada como jornalista e é autor de livros para crianças e adolescentes. Natural de Santana do Livramento, suas principais obras são: Um Guri Daltônico,

Diário de Um Guri e Saco de Brinquedos, muitos adaptados com frequência para o teatro. Seu mais recente trabalho é o infanto-juvenil Admissão ao Ginásio, que trata das angústias de um menino que teme não passar nos exames orais e escritos que serão aplica-dos para sua admissão ao ginásio, o Ensino Médio vigente no Brasil entre 1930 e 1970.

Desde 2008, o atual patrono ocupa uma cadeira na Academia Rio-Grandense de Letras. Como jornalista, trabalhou nos Diários Associados, Folha da Manhã, Istoé, Diário do Sul e Zero Hora. A Feira do Livro de Porto Alegre, em sua 55ª edição, vai de 30 de outubro a 15 de novembro.

Este ano, além de Urbim, os patronáveis eram Airton Or-tiz, Juremir Machado da Silva, Luís Augusto Fischer e Regina Zilberman. Silva é professor da Famecos.

Consulte a programação em www.feiradolivro-poa.com.br.

Por Tatiany Lukrafka

O eleito é autor de livros infantis, entre eles, Um Guri Daltônico

Daniela Lago/ Arquivo Hiper

A escolha é uma sublimação do público infantil

Porto Alegre, setembro 2009 11culturahipertexto

O CABELO já não balança freneticamente como antes, quando acompanhava o rit-mo do corpo que, agora, fica comportado junto ao banco do piano. Talvez seja o preço pago por assumir um dos ramos principais da árvore genealógica do rock n’ roll. O tempo passa e os efeitos são visíveis naquele homem de 73 anos. Visto da rua seria um velhinho qualquer que passa as tardes no parque admirando as garotas, com olhares perdidos num ponto fixo distante e, provavelmente, ri por dentro ao se lembrar do passado.

Ao vencer a distância entre o backstage e o centro do palco, onde o aguarda um piano preto de cauda, senta-se sem dirigir uma palavra para a platéia que o ovaciona e fica claro quem é a figura. Ao estralar os dedos e deslizar as mãos nas teclas bran-cas e pretas com uma intimidade cinquentenária se percebe que aquelas mãos nunca vão enve-lhecer. É Jerry Lee Lewis, baby, o pai mais endiabrado desse eterno jovem inconsequente chamado rock n’ roll, em Porto Alegre.

O garoto de Lousiana apren-deu a tocar sozinho aos oito anos de idade e trocou a música gospel por um ritmo conside-rado do diabo lá nos idos dos

anos 40. Aproveitava o vacilo de familiares e corria para um dos bairros negros próximo de onde morava. Em um dos casebres descobriu que o piano poderia ser muito mais que um simples acompanhante calmo e angelical. Vendo a festa que faziam ao som de um blues rasgado, cantado com aquela voz cheia de pigarro que só os bons bluseiros poderiam ter, Jerry Lee Lewis despertou para música, e de quebra ganhou seu primeiro sucesso, Whole Lotta Shakin’ Goin’ On. A mesma canção que encerrou o show do Killer 60 anos depois, no dia 16 de setembro em Porto Alegre, numa apoteose ao bom, velho e original rock n’ roll.

Apoiado pela banda de Kenny Lovelace, o mesmo gui-tarrista que acompanha Jerry Lee desde 1965, o músico subiu ao palco para um show direto e rápido, seguindo à risca os princípios de um bom matador. Trocava poucos olhares com as duas mil pessoas que assistiam embasbacadas sua performan-ce. Mas ele estava à vontade, nem um pouco intimidado com quantidade de câmeras que filmavam e fotografavam, ou com o público que chutou as cadeiras para trás e dançava ou apenas olhava e gritava em transe as canções pouco conhe-

cidas. Estava tão a vontade que esquecia o microfone ligado em sua frente e conversava com a banda entre uma música e outra. Pedia para os músicos o lembra-rem a canção, ria dizendo numa voz rouca que esqueceu a letra. Mudava a ordem na hora e como recompensa para o público que não parou sequer um minuto, emendou duas músicas não planejadas no set list original. Do velho amigo Chuck Berry, o mesmo que recusou se apre-sentar antes de Lewis num show no final dos anos 50 e fez com que o Matador ateasse fogo no piano e continuasse a tocar até o instrumento suportar, Jerry Lee sacou Roll Over Beethoven e Sweet Little Sixteen.

Entre um clássico eletrizante que fez dançar o público vestido a caráter, com direito roupa de bolinha, jaqueta de couro e to-petes minuciosamente prepara-dos, e canções da época country e pouco conhecidas, Lewis fez um dos melhores shows do ano em Porto Alegre. Embora ele tenha ficado só 30 minutos no palco, o público não se queixou. A não ser pelo saudosismo e o gostinho de quero mais que ficou no ar logo após a banda, já sem o pianista, encerrar o show.

Mesmo sem realizar movi-mentos que criaram sua fama de rebelde, como chutar o banco para trás e continuar a música em pé, sentar sob as teclas ao final das canções, tocar com os pés, subir num pulo só na calda do piano e cantar rebolando para o público num frenesi alucinante, as mãos do músico estavam lá. As mesmas mãos que Sam Phillips, da gravadora Sun Records, a que lançou Elvis Presley, afirmou ser união do negro com o branco, a origem do rock n’ roll. Essas mãos não decepcionaram, pareciam não sentir os 73 anos e três ataques cardíacos que o corpo sofrera.

O tempo passa e Jerry Lee Lewis supera obstáculos. Seis anos de rejeição após descobri-rem o casamento com a prima de segundo grau, de apenas 13 anos na época. Cirurgias de risco, abuso de álcool e drogas. Diver-sos casamentos rompidos: duas mulheres e dois filhos mortos. O Matador passou por tudo sem-pre acompanhado do piano. Não parou de tocar sequer uma vez em mais de 50 anos de carreira. Foi da fama ao lixo e voltou por cima, mais uma vez. Ainda grava canções inéditas, mesmo admi-tindo ser extremamente difícil decorar as letras. Ainda vive ao estilo selvagem que o consagrou. Basta ver a escolha feita quando perguntado em uma entrevista se preferia o céu ou o inferno. Não teve dúvidas, escolheu o inferno.

Por Ricardo Araujo

Jerry Lewis e seu piano personificam o gênero em noite inesquecível

Lívia Stumpf/Hiper

Ele é o rock n’roll

Os dez mais do Inter, no livro de Kenny Braga

Por Felipe Uhr

ANO DO CENTENÁRIO de seu clube do coração, o jornalista e escritor Kenny Braga lançou, dia 15 de setembro, o livro “Os dez mais do Internacional”. A sessão de autógrafos, ocorrida no Barra Shopping Zona Sul, teve a presença de muitos colorados e de dois dos dez selecionados: Paulo Roberto Falcão e Pau-lo César Carpegianni. Valdomiro Vaz Franco é o grande destaque entre os 10, na opinião do autor do livro, por que foi o jogador que mais vestiu a camisa do Inter e na década de 70.

A dupla de volan-tes Falcão e Carpe-gianni que encantou os torcedores colora-dos na década de 1970, jogando junto, na ses-são de autor, se posicionou lado a lado do autor para assinar seus nomes em cada exemplar com-prado. Entre autógrafos e fotos os dois relembraram os tempos de jogador, principalmente da-quele time Bi-campeão nacional em 75 e 76. “Toda lembrança é o reconhecimento do trabalho de-senvolvido. Metade dos jogadores escolhidos fez parte daquele gru-po bi-campeão, mas todos os dez

foram essenciais para a história do clube”, comentou Falcão. Carpe-gianni não foi diferente ao falar: “É um orgulho, é muito gratifican-te figurar no livro, pois reflete todo trabalho de nossas vidas”.

Também compareceram à sessão de autógrafos os secretá-rios municipais de Esportes, João

Bosco Vaz, e da Copa, José Fortunatti. Para o secretário João Bos-co Vaz, o livro é um trabalho importantís-simo, pois “resgata a história dos ídolos do passado”.

A obra faz parte da coleção, da edito-ra carioca Maquina-ria, Ídolos Imortais e tem como principal objetivo descrever a trajetória dos dez maiores jogadores

dos principais clubes do País. Já foram lançadas as edições do Flamengo, Palmeiras, Fluminense e Corinthians. Estão para serem lançadas as de Grêmio, Botafogo, Santos entre outros. Os dez mais do Internacional resultou da votação entre dez jornalistas que acompanham ou acompanharam o futebol gaúcho.

Os escolhidos:Carlitos

ValdomiroClaudiomiroTesourinha

FalcãoOreco

CarpegianniFernandãoFigueroa e

Manga

NO FINAL da sessão de au-tógrafos, o mais feliz era Kenny Braga.

Kenny, qual o sentimento de mais este trabalho sobre o Inter? “Eu revivi, na coleta de informa-ções desses jogadores, momentos da minha vida de torcedor quando vi, a maioria deles atuando com a camisa do Inter”.

Dos dez lembrados qual o mais justo na tua opinião? “Val-

domiro. Foi o jogador que mais vestiu a camisa do Inter e foi imprescindível nas conquistas da década de 70”.

Comente a escolha dos dez mais? “Eu não votei nos dez es-colhidos. Apesar disso foi justís-sima. Todos eles merecem essa distinção, pois de alguma forma colaboraram para a grandeza do Internacional. Creio que o resulta-do final foi absolutamente justo”.

Lançamento e sessão de autógrafos no Barra Shopping

Mariana Fontoura/Hiper

“Revivi momentos da minha vida de torcedor colorado”

Porto Alegre, setembro 200912 ponto final hipertexto

NOVELA, PALAVRA-CHAVE para o diretor da TV Globo, Jayme Monjardim, centro das atenções do RBS Debates de 28 de setembro. No evento, integrante do 22º SET Universitário, Monjardim comentou que acredita no potencial brasileiro como produtor de programas televisivos de qualidade. Segundo ele, o Brasil está a um passo de se tornar referência mundial no assunto.

Com auditório do Centro de Eventos da PUCRS lotado e público sedento por informações, Monjardim, um dos gran-des nomes de televisão da atualidade, era a estrela do RBS Debates. Ao lado dos cineastas Fabiano de Souza e João Daniel Tikhomiroff, o diretor da atual novela das oito da TV Globo, Viver a Vida, discorreu sobre o fenômeno televisão que domina as casas brasileiras: reality shows, seriados e minisséries. Nada passou despercebido pelo diretor, que teve de se esquivar do mar de perguntas dos presentes.

Tema polêmico devido ao conteúdo por vezes considerado impróprio para o pú-blico infantil, as novelas do horário nobre ganharam destaque no debate, gerando opiniões diversas. Para ele, o material produzido é adequado, caso contrário, não estaria no ar. “É claro que temos algumas cenas um pouco mais fortes, mas nada que a população já não tenha visto”, defendeu.

Apesar do tom liberal presente na maioria de suas justificativas, o convi-dado se mostrou cauteloso ao responder a questão: Quando será exibido o beijo gay na TV? Sem pestanejar, Monjardim afirmou que ainda é cedo para a cena, e isso poderia afetar a maneira de pensar de alguns, inclusive das crianças. “Acho que tudo tem seu horário, o da novela das oito não seria o mais adequado para isso. Não sou contra. Acho que pode acontecer em filmes ou minisséries. Não pretendo ter beijos gays nas minhas obras. Pelo menos, não agora”, explicou.

Jayme Monjardim também sintetizou o futuro da televisão nacional. Apesar do bom conteúdo já feito, acredita que o Brasil tem potencial para se tornar referência mundial, mas precisa investir. “Nosso país já é uma das principais nações a desenvol-ver bons programas, porém podemos ir além. Novos autores, tecnologias, modos de transmissão vem a somar. Precisamos abrir nossos olhos e ir onde está o talento”.

Por Leonardo Serafim

PRINCIPAIS OBRASNovelas:Viver a Vida 2009América 2005O Clone 2001/2002Terra Nostra 1999/2000Minisséries:Maysa Quando Fala o Coração 2009A Casa das Sete Mulheres 2003

Horário nobre: “Claro que temos algumas cenas um pouco mais fortes, mas nada que a população já não tenha visto.”

Diretor foi principal atração do RBS Debates no primeiro dia do SET Universitário na PUCRS

ROCK DOS MESTRES

Quem está acostumado a ver os professores só na sala de aula teve uma surpresa na noite de 29 de setembro. Em pleno saguão da Famecos, a atra-ção era a banda Trouble No More, em formação especial para o SET. O som dos mestres invadiu a atmosfera acadêmica e trouxe ao térreo do prédio 7 algumas dezenas de curiosos.

Os alunos puderam assistir a Sérgio Stosch (aci-ma, no microfone), Elson Sempé (à direita acima, no saxofone), Ticiano Paludo, Alberto Raguenet, Carlos Gerbase (à direita) e o funcionário José Carlos Andrade.

Fotos Bruno Todeschini/Hiper

Lívia Stumpf/Hiper

Monjardim aposta no Brasil como referência em televisão