PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO...

15
Genética avança contra as doenças Genética avança contra as doenças TERESINA - PI, MARÇODE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII n n ISSN 1809-0915 ISSN 1809-0915 Páginas 8 e 9 Entrevista: Semiramis do Monte fala dos estudos realizados no Laboratório de Biologia Molecular da UFPI Páginas 8 e 9 Biomarcadores com zinco podem predizer riscos para o câncer de mama Páginas 7 Páginas 7 Biomarcadores com zinco podem predizer riscos para o câncer de mama Entrevista: Semiramis do Monte fala dos estudos realizados no Laboratório de Biologia Molecular da UFPI

Transcript of PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO...

Page 1: PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIIITERESINA - PI, ... o estado do Ceará tem nove dioceses e o do Piauí, ... SIGAE

Genética avançacontra as doençasGenética avançacontra as doenças

TERESINA - PI, MARÇODE 2011 Nº 26 ANO VIIITERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIIIn n

ISSN 1809-0915ISSN 1809-0915

Páginas 8 e 9

Entrevista: Semiramis doMonte fala dos estudos realizados no Laboratóriode Biologia Molecular da UFPI

Páginas 8 e 9

Biomarcadores com zincopodem predizer riscos para o câncer de mama

Páginas 7Páginas 7

Biomarcadores com zincopodem predizer riscos para o câncer de mama

Entrevista: Semiramis doMonte fala dos estudos realizados no Laboratóriode Biologia Molecular da UFPI

Page 2: PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIIITERESINA - PI, ... o estado do Ceará tem nove dioceses e o do Piauí, ... SIGAE

Genética, doenças e resultadosOO

O Conselho Editorial e o corpo editorial do In-formativo Científ ico Sapiência iniciam maisum ano de um projeto vitorioso, iniciado em

meados de 2003, quando o Prof. Dr. Acácio Véras,presidente da FAPEPI, e um grupo de professorespensaram uma maneira de popularizar aquilo que eraproduzido a portas fechadas nos centros de pesquisado Piauí: a produção científica e tecnológica do nossoEstado. À época, à frente dessas ideias estavam aindaLaerte Magalhães, Wellington Lage e José MachadoMoita Neto.

Juntos, eles conseguiram tornar realidade, em 2004, oprimeiro Informativo Científico Sapiência, ainda visto sobum prisma de desconfiança por muitos pesquisadores. Hoje,temos o orgulho e a honra de colher muitos frutos positivos.Um deles é o mérito do primeiro reconhecimento recebido,em 2006, pelo CNPq, quando fomos premiados com o títulode Menção Honrosa, dentro do Prêmio José Reis Veloso. Osegundo, e também para nós o mais importante, é o reconhe-

cimento e a enorme aceitação do informativo pela comuni-dade científica, não apenas do Piauí.

Por tudo isso, nós que fazemos o Sapiência em suasversões impressa e online, ao longo desses mais de oitoanos, sempre com esmero, zelo e buscando sempre man-ter a regularidade e a tiragem, atingimos um de nossosprincipais objetivos: a credibilidade. Em 2011, chega-mos à 26ª edição do Informativo, retomando a tradicio-nal linha editorial, com reportagens, resumos de tesesde doutorado, sugestão de livros científicos e mais arti-gos. Isso porque, na edição passada, a FAPEPI priorizouuma edição especial e ampliada, apenas com artigos.

Neste número, demos prioridade aos avanços das pes-quisas no Piauí sobre estudos que visam a minimizar oimpacto de doenças humanas graves, como o câncer.Assim, entre as reportagens, apresentamos um estudo mi-nucioso sobre biomarcadores de genotixicidade e muta-genicidade na saúde pública do Piauí: riscos ocupacionaise ambientais em trabalhadores expostos a riscos para o

câncer. Ainda com exames biomarcadores modernos, umestudo sobre o mineral zinco que pode ajudar no diagnós-tico do câncer de mana. Em outra reportagem, mostramosum estudo com o noni, uma fruta que comprovadamentejá atua no organismo humano oferecendo uma série de be-nefícios oriundos de nutrientes que contém no seu suco.

O Sapiência aborda também o encerramento de umafase de um estudo que foi iniciado há 10 anos no Piauí eem outras regiões do Cerrado da Região Nordeste e queteve a participação de um grupo de pesquisadores daUFPI. Iniciado em 2001, o projeto levanta a tese de queos cerrados nordestinos representam um centro distintode diversidade biológica com relação ao restante do cer-rado brasileiro. O estudo faz parte do Sítio 10, sendo ela-borado pelo Programa de Pesquisas Ecológicas de LongaDuração (PELD) com o apoio do CNPq.

Sistema para Arquivos EclesiásticosOO

s Arquivos Eclesiásti-cos da Igreja Católicaconstituem uma

fonte preciosa sócio-histó-rica-cultural de informa-ção para a pesquisaacadêmica em váriasáreas. Cada estado brasi-leiro contém várias dioce-ses e em cada uma delasreunindo centenas de li-vros de registros. Por

exemplo, o estado do Ceará tem nove dioceses eo do Piauí, sete. Nesses arquivos estão livros deregistros de batismo, casamento, óbitos, crismas,tombos dentre outros, reunindo informações im-portantes para o desenvolvimento de pesquisasnos mais diversos campos do conhecimento histó-rico e social.

Os Arquivos Eclesiásticos, diocesanos, paro-quiais, congregacionais, entre outros, são classifica-dos pela Arquivística como arquivos sociais.Destacam-se os com datas anteriores à proclamaçãoda República, devido ao valor jurídico de seus regis-tros demográficos, já que nos períodos colonial e im-perial não havia registro civil.

A Lei 8.159, de 8 de janeiro de 1991, sobre a po-lítica nacional de arquivos públicos e privados, diz:“Os registros civis de arquivos de entidades religiosasproduzidos anteriormente à vigência do Código Civilficam identificados como de interesse público e so-cial”(Brasil, Art. 16, 1991).

O Código de Direito Canônico da Igreja Cató-lica orienta que os arquivos diocesanos permane-çam fechados, e sua chave só a tenha o Bispo e ochanceler; a ninguém é lícito entrar nele, a não sercom licença do Bispo, ou então do Coordenador dacúria e do chanceler juntos. Com esta determinação,como então proceder a uma pesquisa ou consulta?

Esta dificuldade ao direito ao acesso às fontes deinformação poderá ser contornada com o desenvolvi-mento e implementação de um Sistema de Informaçãoque contenha a identificação, a referenciação, a des-crição do conteúdo e a digitalização dos livros de re-gistros, proporcionando a pesquisa e a consulta virtualaos documentos originais (Bellotto, 2007). Vive-se aera do conhecimento. É preciso considerar a formacomo os modernos sistemas de informação são proje-tados, desenvolvidos, implementados e mantidos(Drucker, 1999).

Um Sistema de Informação para Gestão de Ar-

quivo Eclesiástico – SIGAE é um conjunto de pro-cedimentos e operações técnicas, característico dosistema de gestão arquivística de documentos, pro-cessado por computador. Pode compreender um soft-ware particular, um determinado número desoftwares integrados, adquiridos ou desenvolvidospor encomenda ou uma combinação desses (CO-NARQ, 2006).

Um SIGAE inclui operações de captura de docu-mentos, classificação, controle de versões, controlesobre os prazos de guarda e destinação, armazena-mento seguro e procedimentos que garantam oacesso e a preservação a médio e longo prazo de do-cumentos arquivísticos digitais e não digitais confiá-veis e autênticos.

O processo de implantação e uso de um SIGAEperpassa as fronteiras tão somente da tecnologia, so-bretudo, é uma valiosa contribuição para a socie-dade e a pesquisa acadêmica, pois democratiza oacesso aos Arquivos Eclesiásticos e abre perspecti-vas para o desenvolvimento de estudos em diversasáreas do conhecimento.

Nº 26 Ano VIII Março de 2011

ISSN - 1809-0915Informativo produzido pela

Fundação de Amparo à Pesquisa

do Estado do Piauí - FAPEPIPUBLICAÇÃO TRIMESTRAL

DIRETOR EDITORIALAcácio Salvador Véras e Silva

CONSELHO EDITORIALAcácio Salvador Véras e SilvaFrancisco Laerte J. Magalhães

Wellington LageEDITORA

Márcia Cristina

REVISÃO DE TEXTOAssunção de Maria S. e Silva

REPORTAGEM E FOTOSMárcia Cristina (Mtb -1060)Roberta Rocha (Mtb - 1856)

IMPRESSÃOGráfica do Povo

TIRAGEM:6 mil exemplares

PROJETO GRÁFICOTony Cesar (86) 8801-8766

PARA CRÍTICAS, SUGESTÕES E CONTATO:[email protected] - [email protected] - www.fapepi.pi.gov.br

OU PELOS TELEFONES: (86) 3216-6090 - Fax: (86) 3216-6092

2 TERESINA-PI, MARÇO DE 2011EX

PEDI

ENTE

AO LEITOR

EDITORIAL

* Chanceler diocesano de Tianguá[email protected]

Márcia Cristina

A r t i g o

Francisco Célioda Silva Santiago*

Page 3: PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIIITERESINA - PI, ... o estado do Ceará tem nove dioceses e o do Piauí, ... SIGAE

AApiscicultura, ramo específico da aquiculturavoltada para criação de peixes em cativeiro,vem sendo apontada por especialistas como

promissora atividade no mundo e, principalmente noBrasil, em decorrência da malha hidrográfica e doclima propício. O Brasil destaca-se por possuir imensopotencial para o desenvolvimento da piscicultura pormeio dos seus reservatórios de águas. Um dos desafiosna piscicultura consiste no controle de patologias noscriatórios. Os peixes podem apresentar lesões em di-versos órgãos, acarretando perdas de indivíduos e con-sequente diminuição na produtividade.

Assim faz-se necessário o conhecimento de micro-organismos que podem habitar o mesmo local de cria-ção dos peixes, um exemplo seria os fungoszoospóricos, que são caracterizados por possuir célulasreprodutoras assexuadas dotadas de flagelo, os zoospo-ros. Seus principais representantes pertencem aos filosOomycota (reino Straminipila) e Chytridiomycota (reinoFungi). Oomycota difere de Chytridiomycota por apre-sentar zoosporos dotados de dois flagelos, sendo um pe-nado e um liso, enquanto que Chytridiomycotaapresenta um flagelo liso. Oomycota produz esporos deresistência sexual, denominados oosporos, capazes desobreviver no solo e em restos de cultura em condiçõesadversas, sendo originados em oogônios. Oomycota sãosapróbios e alguns são parasitas.

O presente trabalho de pesquisa objetivou fazero levantamento da diversidade de fungos zoopóricosem um criatório de peixes no Município de Timon,Maranhão, e contribuir com novas linhagens de Fun-gos Zoospóricos para a Coleção de Cultura de Fun-gos Zoospóricos da Universidade federal do Piauí(UFPI). O criatório de peixes utilizado na pesquisaera composto por sete tanques de tamanhos variadossendo Colossoma macropomum (tambaqui) a única

espécie produzida no criatório. Foram realizadasquatro coletas bimestrais de água e solo, entre agostode 2009 a fevereiro de 2010, nos sete tanques docriatório de peixes.

Para coleta e isolamento dos fungos zoospóri-cos foram utilizadas as técnicas descritas por Mila-nez (1989). As amostras foram transportadas para oLaboratório de Fungos Zoospóricos da UniversidadeFederal do Piauí (LFZ-UFPI). Seguindo a metodo-logia essas amostras foram analisadas ao microscó-pio óptico e os fungos zoospóricos encontradosesquematizados com auxílio da câmara clara e foto-grafados com câmera fotográfica digital. Para o es-tudo e identificação dos fungos zoospóricos,utilizou-se os seguintes trabalhos: Sparrow (1960),Karling (1977), Alexopulos; Mims; Blackwell(1996), Dick (2001). Depois de identificadas e cata-logadas, as linhagens dos fungos zoospóricos sele-cionadas foram inseridas na Coleção de Culturas doLaboratório de Fungos Zoospóricos, Departamentode Biologia da UFPI, onde estão disponíveis para es-tudos posteriores.

No total foram identificadas 14 espécies de fun-gos zoospóricos, sendo 7 de quitridiomicetos e 7 oo-micetos. Alguns destes fungos identificados sãosapróbios na água e outros no solo. A partir da pes-quisa foi possível constata que os fungos zoospóri-

cos encontrados no criatório não são patogênicos etambém não foram encontrados peixes que apresen-tassem doenças fúngicas. Mesmo assim, ressalta-sea importância de técnicas de manejo que visam aminimizar os efeitos ou o aparecimento de possí-veis doenças tais como: a troca de água dos tan-ques, a limpeza dos tanques, o controle do nível deoxigênio da água e o isolamento de peixes queapresentem alguma patologia, além de outras me-didas que são úteis para proporcionar uma produti-vidade satisfatória.

A diversidade de fungos em todos os ambientesrevela a necessidade de se realizar mais pesquisaspara seu melhor conhecimento. Além disso, estudá-los é relevante, pois, há poucos estudos na área, queproporcionam informações sobre suas interaçõescom outros organismos. Assim o estudo da diversi-dade de fungos zoospóricos e de seus possíveis efei-tos nos peixes é de suma importância, pois aocorrência de patologias, podem afetar a produçãonessa área, prejudicando pessoas e a economia dosetor piscicultor da região, fazendo-se necessáriosestudos mais aprofundados para que se possa conhe-cer melhor esses microorganimos e seu convívioecológico com os outros seres vivos.

3TERESINA-PI, MARÇO DE 2011

Coleta de água e solo nos tanques do criatório de pei-xes. 1a. coleta de solo e 1b. coleta de água, no criatóriode peixes, no município de Timon, Maranhão, para iso-lamento de fungos zoospóricos.

Fungos zoospóricos isolados. A. Oogônio com anterídio de P. utriforme, B. Disposiçãodicotômica dos zoosporângios de P. dichotomum

José de Ribamar de Sousa Rocha - Prof. Dr. do Depto. de Biologia (UFPI) [email protected] Freitas Morais da Silva - Graduanda em Ciências Biológicas (UFPI) [email protected] Ferreira Costa - Graduando em Ciências Biológicas (UFPI)

ARTIGO

1a

1b

A

B

FOTO

S: A

RQ

UIV

O P

ESS

OA

L

Page 4: PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIIITERESINA - PI, ... o estado do Ceará tem nove dioceses e o do Piauí, ... SIGAE

4 TERESINA-PI, MARÇO DE 2011

REPORTAGEM

UUma inédita e importante pes-quisa foi concluída recente-mente no Piauí e seus resultados

já foram publicados. Trata-se de umprojeto de quase três anos (2008-2010)realizado por uma equipe multidiscipli-nar de pesquisadores e técnicos doPiauí, em colaboração com pesquisa-dores do Ceará, relacionado à saúde pú-blica da população de trabalhadorespiauienses sujeitos a riscos de saúde, emespecial o câncer, em decorrência de ex-posição a fatores ambientais físicos equímicos. Intitulada “Biomarcadores degenotixicidade e mutagenicidade nasaúde pública do Piauí: riscos ocupa-cionais e ambientais”, o estudo tempor objetivo final estabelecer diver-sas medidas por meio de políticas pú-blicas estaduais que visarão prevenirdoenças graves adquiridas por essecontingente economicamente ativodo Estado.

Uma das constatações reveladorasda pesquisa é que existe uma instabili-dade genética do trabalhador exposto afatores ambientais e físicos de risco,como aos metais pesados, agrotóxicose radiações. O estudo mostra aindaque os trabalhadores poderão, fatal-mente, adquirir algum tipo de câncer- se não corrigirem a sua condição detrabalhar com equipamento de prote-ção individual e com correção de há-bitos de vida e nutricionais . O ladopositivo, por outro lado, foi que o or-ganismo de boa parte do grupo esco-lhido, tem uma capacidade satisfatóriade reparo desses danos.

A pesquisa é coordenada pela Se-cretaria de Saúde do Estado do Piauí(Sesapi), por meio da Divisão de Vigi-lância Sanitária e do Laboratório Cen-tral de Saúde Pública do Piauí(LACEN). Foram escolhidos para oestudo 344 trabalhadores, nos quaishouve a realização de cerca de 1.400exames com biomarcadores de getoxi-cidade/mutagenicidade e de mais de5.000 exames hematológicos e bioquí-micos. As coordenadoras do estudosão as pesquisadoras Ana Amélia deCarvalho Melo Cavalcante e a Dire-tora da Vigilância Sanitária Estadual,Tatiana Vieira Souza Chaves. Os tra-balhadores escolhidos têm idademédia de 40 anos e trabalham emmédia 40 horas semanais.

Para realizar os testes biomarcado-res, foi utilizada a tecnologia disponí-vel do Laboratório de Toxicologia eGenética Molecular (LABTOXI-GEN/LACEN). Houve a colaboraçãodo Departamento de Biologia e Depar-tamento de Ciências Farmacêuticas,ambos da UFPI; Programa de Pós-Gra-duação em Farmacologia Clínica daUniversidade Federal do Ceará; Facul-

dade de Saúde, Ciências Humanas eTecnológicas do Piauí – NOVAFAPI eFaculdade Aliança.

Os diagnósticos desenvolvidosforam possíveis devido à integração doMinistério da Saúde-ANVISA com aDiretoria de Vigilância Sanitária Esta-dual, por meio do Centro de Referênciaem Saúde do Trabalhador (CEREST) eo LACEN-PI. A avaliação ocupacionalteve como meta principal a identifica-

ção de sintomas agudos e/ou crônicosem populações de trabalhadores expos-tos a agentes químicos (agrotóxicos,antineoplásicos, hidrocarbonetos aro-máticos policíclicos e derivados debenzeno) e físicos (radiações ionizan-tes) relacionados às intoxicações e ris-cos de instabilidades genéticas empopulações piauienses.

A avaliação ocupacional de traba-lhadores expostos aos agrotóxicos foifeita nos municípios de Picos, Piripiri,Barras, José de Freitas e SimplícioMendes. No município de CampoMaior foram realizadas as análises ocu-pacionais em frentista de posto de ga-solina. Em Teresina foram feitas asavaliações de riscos ocupacionais emtrabalhadores expostos a solventes etintas automotivas, e em trabalhadoresexpostos a misturas químicas usadasem curtimento de couro e em agentesendêmicos e trabalhadores da saúdeexpostos aos antineoplásicos, comotambém em técnicos administrativospara organizar o histórico de controlenegativo para todos os biomarcadores.

Doutora em Biologia Celular e Mo-lecurar pela UFRS, Ana Amélia Caval-cante foi responsável pela padronizaçãodos testes de genotixicidade/mutageni-cidade. Ela explicou que são os biomar-cadores cruciais para obtenção dosresultados do estudo. “Trata-se da apli-cação de testes citogenéticos e molecu-

lares como biomarcadores de riscospara o desenvolvimento de câncer, nointuito de fazer prevenção de popula-ções que estão expostas a contaminan-tes ambientais e especialmente aagentes químicos e físicos potencial-mente mutagênicos e carcinogênicos,levando em consideração, e como umaprioridade, os trabalhadores que comu-mente estão sendo submetidos a umacarga maior desses efeitos”.

As pesquisadoras informaram queo estudo com os trabalhadores piauien-ses é de extrema relevância, uma vezque segundo relatos da OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS, 1991), o cân-cer será a primeira causa de mortali-dade no mundo nas próximas décadas.Associado a este fato, a doença possuium forte impacto na sociedade, debili-tando indivíduos produtivos, tanto noâmbito social quanto no econômico,além de constituir um sério problemade saúde pública.

“Quando o CEREST iniciou em2004 a política estadual, através da po-lítica nacional de prevenção de danos àsaúde do trabalhador, começamos a ca-pacitação junto com os sindicatos, a Su-perintendência Regional do Trabalho, oFórum de Proteção ao Meio ambiente.Foram vários órgãos envolvidos, deforma a atingirmos um contingentepara a pesquisa. O trabalhador é aco-lhido no CEREST por uma equipemultiprofissional que identifica seaqueles sintomas e sinais que ele apre-senta são em decorrência de sua ativi-dade laboral e identifica se existe umarelação com o trabalho que ele exerce.Daí, a equipe encaminha esse trabalha-dor, pelo Sistema Único de Saúde(SUS), para fazer seu tratamento e suareabilitação, caso necessite”, destacouTatiana Chaves, farmacêutica e bio-química com especialização em Vigi-lância Sanitária e em Saúde Pública,mestra em Farmacologia Clínica e dou-toranda na mesma área pela UFC, alémde professora de Vigilância Sanitária,Análises Clínicas, Epidemiologia e Re-síduos Biológicos Químicos Radiati-vos da NOVAFAPI.

A Sesapi, através do SUS, em par-ceria com todas as vigilâncias sanitá-rias, ambientais, epidemiológicas desaúde do trabalhador e o LACEN rea-

Pesquisadoras: Doutoranda Tatiana Chaves e a Drª. Ana Amélia Cavalcante

“”

Trabalhadores devários municípios

foram submetidos avários testes genéticos

RC

IA C

RIS

TIN

A

Page 5: PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIIITERESINA - PI, ... o estado do Ceará tem nove dioceses e o do Piauí, ... SIGAE

5TERESINA-PI, MARÇO DE 2011

lizam todas as atividades para que setenha no estado a previsão de que ocâncer seja a primeira causa de morta-lidade. “Será que a gente previne osdanos à saude do trabalhador? Comcerteza sim, envolvendo ainda os pro-fissionais da atenção básica, mais umsegmento da saúde. São eles que dis-cutem a questão da exposição do tra-balhador aos riscos, de acordo com osresultados dos exames, e fazem umacompanhamento da situação de saúdedo trabalhador, que é o biomonitora-mento”, disse Tatiana Chaves.

É o biomonitoramento que permi-tirá que a execução das políticas públi-cas sejam efetivadas para a prevenção,com capacitação continuada para ostrabalhadores. Por meio dele, são iden-tificados os potenciais riscos a que ostrabalhadores estão expostos e a partirde então esses trabalhadores passam ater apoio à conscientização, no sentidoque possam estar minimizando os po-tenciais riscos, como através do usocontínuo dos Equipamentos de Prote-ção Individual (EPIs), por exemplo,para os que trabalham com agrotóxi-cos. “Nosso levantamento apontou queapenas 50% fazem uso completo dosequipamentos, que afetam diretamentea pele e o sistema respiratório”, atestouTatiana Chaves.

No caso do perfil dos trabalhado-res escolhidos, as pesquisadoras afir-maram que além dos que atuam com

substâncias como o benzeno em postosde combustíveis, na agricultura, comagrotóxicos, há ainda os expostos aocromo nos curtumes. “A partir daí agente procura identificar critérios quepossam interferir no resultado da pes-quisa, como os fumantes e pessoas ha-bituadas à bebida alcoólica. Entãoprocuramos pelo menos pessoas quenão estejam fumando, como critério deexclusão, porque alguns hábitos alte-ram o resultado da pesquisa já que es-tamos tratando com biomarcadores”,destacou Ana Amélia Cavalcante.

Assim, a pesquisa revelou que agrande maioria dos trabalhadores temo hábito de consumir bebidas alcoóli-cas pelo menos duas a três vezes porsemana. “Isso é um risco que tivemosque considerar. Nas nossas avaliações,67 a 78 % de pessoas consomemalgum tipo de bebida, não que sejamalcoólatras. Isso mostra que no seu or-ganismo já há um determinado teor.Em média, 8% do câncer é de origemgenética, mas o restante vem de expo-sições de fatores externos e outragrande contribuição é a alimentação”,afirmou a diretora da Vigilância Sani-tária do Piauí.

Segundo Tatiana Chaves, as pes-soas ainda consomem poucos vegetais,que é um protetor celular. Por outrolado, um bom prognóstico na pesquisa,mostrada nos biomarcadores, identi-fica que os riscos a que o trabalhador

foi exposto gerou um dano, mas que oorganismo foi capaz de repará-lo, ga-rantindo que aquelas células alteradasnão terão uma possível mutação e, daí,possivelmente um câncer. “É uma ca-pacidade inerente do nosso organismo.Em média, houve reparo de 60% nostrabalhadores envolvidos, muito emconsequência da alimentação e dosbons hábitos de vida. Por isso reforça-mos a questão da boa alimentação”.

Os trabalhadores expostos aosagrotóxicos no estado do Piauí apre-sentam riscos de instabilidade gené-tica, avaliados pelos danos ao DNApelo aumento significante do índice dedanos e da freqüência de danos aoDNA em epitélios esfoliados de mu-cosa bucal e em cultura de linfócitosde sangue periférico. Esse tipo de teste,chamado cometa, visualiza danos emcélulas individualizadas, com possibi-lidades de reparo de DNA.

A avaliação ocupacional de traba-lhadores expostos a tintas automotivas foirealizada no LABTOXIGEN/LACEN-PI, por meio de colaborações técnicase científicas com a NOVAFAPI para o“Biomonitoramento ocupacional detrabalhadores expostos a tintas auto-motivas em município do estado do

Piauí”. As tintas automotivas consti-tuem uma mistura complexa, com-posta de benzeno e seus derivados. Obenzeno é um hidrocarboneto aromá-tico genotóxico. Considerando os ris-cos genotóxicos à saúde ocupacional,o estudo teve por objetivo avaliar osefeitos genotóxicos/clastogênicos in-duzidos pelas tintas automotivas, coma análise da frequência de micronú-cleo, em células esfoliadas de mucosabucal. O biomonitoramento do riscoocupacional em trabalhadores expos-tos ao benzeno e seus derivados foirealizado como diagnóstico e preven-ção de danos a curto e longo prazo dosriscos tóxicos ao material genético. Oestudo avaliou o risco de mutagenici-dade e anormalidades nucleares em cé-lulas da mucosa oral e no sangueperiférico de 20 frentistas da cidade deCampo Maior-PI, com a aplicação deum questionário de saúde recomendadopela ICPEMC, do teste de micronú-cleos e do hemograma automatizado.Os resultados obtidos foram corre-lacionados com o estilo de vida des-ses profissionais.

Outra avaliação feita foi com tra-balhadores expostos a agrotóxicos, uti-lizados no controle de pragas que

Testes foram feitos em grupos expostos a produtos químicos

Fotomicrografias de cometas com diferentes tipos de danos evidenciados em células deepitélio bucal de trabalhadores do Piauí, expostos a agentes químicos e físicos poten-cialmente mutagêncos nos anos e 2009 e 2010. 1- dano 0; 2-dano 1; 3-dano 2; 4-dano 4

Teste do Cometa em células esfoliadas de epitélio bucal

Teste Cometa em linfócitos de sangue periférico

Fotomicrografias de cometas com diferentes tipos de danos evidenciados em linfóci-tos de sangue periférico de trabalhadores do Piauí expostos a agentes químicos e físi-cos potencialmente mutagêncos nos anos e 2009 e 2010. 1- dano 0; 2-dano 1; 3-dano2; 4 e 5- danos e 6 -dano 4.

Frentistas também foram um dos grupos avaliados

RC

IA C

RIS

TIN

A

Page 6: PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIIITERESINA - PI, ... o estado do Ceará tem nove dioceses e o do Piauí, ... SIGAE

6 TERESINA-PI, MARÇO DE 2011

atacam plantações e contra vetores dedoenças. Estes têm sido consideradosmutagênicos químicos em potencial.Tatiana Chaves explica que estudos debiomonitoramento ocupacional em in-divíduos expostos a essas misturascomplexas têm sido úteis para avaliaro possível risco genotóxico de uma ex-posição e os testes de Aberrações Cro-mossômicas (AC) e Micronúcleo(MN) são biomarcadores utilizadospara avaliar um possível dano. Foramsubmetidos a esses testes dois grupos.O grupo teste (I) foi formado por 67agricultores expostos a misturas com-plexas de pesticidas nos municípios deBarras, Picos e Piripiri-PI, enquanto ogrupo controle (II) foi formado por 55indivíduos não expostos. Os resultadosmostraram um aumento significativono número de MN e de AC nos indiví-duos expostos em relação aos não ex-postos, bem como aumento dasanormalidades nucleares (Cariorrexe,Cariólise, Binucleadas) nesses indiví-duos. Não houve correlações positivasentre os hábitos de vida em ambos osgrupos com o aumento de MN e AC.

A avaliação de riscos ocupacionaisde dentistas expostos às radiações foioutro ponto da pesquisa e teve colabo-ração do Programa de FarmacologiaClínica da UFC, para o “Estudo da ge-notoxicidade em cirurgiões dentistasexpostos ocupacionalmente à radiaçãoionizante no município de Teresina-PI”, aprovado pelo Comitê de Ética daUFC. O presente diagnóstico visou àavaliação da mutagenicidade em cirur-giões dentistas expostos ocupacional-mente a radiação ionizante, comaplicação do teste de micronúcleos emcélulas esfoliadas de mucosa bucal. Aliteratura mostra que a exposição a ra-diações como raios X pode provocarum aumento na incidência de câncer .Este tipo de exposição ocorre princi-palmente em profissionais da área dasaúde. Os indivíduos podem apresen-tar uma alta frequência de alteraçõescromossômicas e presença de micro-núcleos. Estudos comprovam danoscitogenéticos em funcionários expos-tos ocupacionalmente a baixos níveisde radiações ionizantes que induzemaberrações cromossômicas, mutações,levando a doenças hereditárias, câncere envelhecimento.

A pesquisa também considerouriscos ambientais, além dos ocupacio-nais. “Se a gente tem uma exposição detrabalhadores a agrotóxico em algummunicípio do Estado, aquela exposiçãotambém vai estar ligada a questão am-biental. Então todos os rios e lagoaspróximos desses locais onde são utili-zados agrotóxicos também serão moni-torados pelo LACEN”, afirmou TatianaChaves. A poluição de nossos recursos

naturais devido à ação antropogênica,com a liberação de substâncias no am-biente pode trazer conseqüências àsaúde humana, além do acúmulo de re-síduos em organismos vivos quepodem afetar a cadeia alimentar, de-vido ao fato de que muitas substânciassão potencialmente mutagências e car-cinogênicas. A avaliação ambiental foifeita em águas dos municípios de Ipi-ranga e de Joaquim Pires (teste em an-damento). Os dados das análises deamostras de águas de Ipiranga com-provaram que todas as amostras ava-liadas em meristemas de raízes deAllium cepa, pelo crescimento de raí-zes indicam significantes toxicidades ,quando comparado com o controle ne-gativo. Esses dados indicam a pre-sença de compostos químicospotencialmente tóxicos.

É importante destacar que o bio-monitoramento da exposição humana aagentes mutagênicos vêm sendo atual-mente considerado estratégia de pre-venção e controle de doenças genéticas.Os biomarcadores de genotoxicidade,mutagenicidade e carcinogenicidadesão importantes para avaliação de efei-tos crônicos de químicos mutagênicose carcinogênicos. Estudos de exposi-ção ocupacional a agentes genotóxicossão mais frequentes em populações ex-postas ao ferro em fundições e em for-nos de carvão; exposição ao alumínio;às tintas e solventes em oficinas auto-motivas; aos gases da exaustão de veí-culos; químicos em asfaltos; poluentesdo ar; químicos de soldas e de plásti-cos, e hipocloritos; derivados de ben-zidina e aos herbicidas.

É cientificamente comprovadoque agentes mutagênicos podem inter-ferir alterando diretamente a estrutura

do DNA, ou pela interação com as en-zimas que estão envolvidas, direta ouindiretamente com o metabolismo dogenoma celular. Ana Amélia Caval-cante conclui que as mutações podemser definidas como alterações de basesnucleotídicas do DNA e essas altera-ções podem ser induzidas por agentesmutagênicos externos, mas tambémocorrem espontaneamente, em cadacélula ao longo da vida de um orga-nismo, como um processo natural deevolução, que também está fortementeligado a carcinogênese.

Segundo o relatório do estudo,há riscos de instabilidades genéticasem populações expostas a agentespotencialmente genotóxicos e muta-gênicos em diversos municípios doestado do Piauí. Assim, foi apontadaa necessidade de continuidade dosdiagnósticos e biomonitoramneto depopulação de risco, visando à pre-

venção do câncer. “Fica então umaprojeção para uma melhoria na qua-lidade de vida de trabalhadores queatuam em atividades expostas a ris-cos à saúde, destacando o uso deEPIs, palestras educativas e o plane-jamento financeiro a fim de viabili-zar meios científicos de investigaçãopara a proteção e promoção dasaúde individual e coletiva dos tra-balhadores, bem como a avaliaçãodos riscos ambientais e de produtosnaturais e/ou sintéticos potencial-mente mutagênicos”, enfatiza AnaAmélia Cavalcante.

LACEN: TECNOLOGIA LABORATORIALO LABTOXIGEN/LACEN-PI foi implantado para: (1) promover a

saúde da comunidade com a realização de exames preventivos, que ava-liam os riscos tóxicos, citotóxicos, genotóxicos e mutagênicos relacio-nados à exposição aguda ou crônica a agentes químicos e físicos,potencialmente mutagênicos e carcinogênicos; (2) promover a saúde domeio ambiente por meio das análises de recursos naturais (água, ar e solo)que vêm sendo ameaçados por ações antrópicas; (3) promover a saúdecoletiva, com a realização de testes de genotoxicidade em produtos na-turais e /ou sintéticos; (4) avaliar a qualidade de alimento e de amostrasde água, quanto aos seus efeitos tóxicos, citotóxicos e genotóxicos.Atualmente, o LACEN-PI é uma diretoria com capacidade gestora e or-çamentária, ligada à Secretária da Saúde do Estado do Piauí que desen-volve e executa políticas de assistência laboratorial em consonância coma DIVISA-PI e com o CEREST-PI, com ações de diagnóstico, pesquisae controle de qualidade de produtos, bem como na formação de recursoshumanos e difusão de tecnologias, para a rede de laboratórios de saúde

pública no âmbito estadual.

*Ana Amélia de C. Melo CavalcanteProfª Dra. de Medicina e Biomedicina da

NOVAFAPI e do Mestrado de C. Farmacêuticas da UFPI

**Tatiana Vieira Souza ChavesProfª de Análises Clínicas da

NOVAFAPI e Dr. da Vigilância Sanitária-PI

Couro sendo curtido para aproveitamento na indústria: cromo pode afetar saúde de trabalhadores

RC

IA C

RIS

TIN

A

Page 7: PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIIITERESINA - PI, ... o estado do Ceará tem nove dioceses e o do Piauí, ... SIGAE

7TERESINA-PI, MARÇO DE 2011

OOtrabalho “Zinco plasmático eeritrocitário: novos biomarca-dores do prognóstico do câncer

de mama?”, desenvolvido durante oprograma de Iniciação Científica daUFPI, foi eleito o melhor trabalho noPrêmio Henri Nestlé da área de Nutri-ção Clínica. A pesquisa, realizada pelaaluna de Nutrição, Mariana SéforaBezerra Sousa, sob a orientação daProfa. Dra. Dilina Marreiro, investi-gou o comportamento metabólico dozinco no câncer de mama.

O Prêmio Henri Nestlé é uma ini-ciativa da Nestlé Brasil Ltda. e recebeo apoio da Associação Brasileira deNutrologia e Sociedade Brasileira deAlimentação e Nutrição. A concessãodo Prêmio visa incentivar a produçãode pesquisa científica no Brasil, nasáreas de Alimentos, Nutrição, Saúde eBem-Estar, desenvolvida por profis-sionais e estudantes.

O zinco é um elemento mineralque é necessário ao organismo emquantidades muito pequenas, tal comoo ferro e outros minerais. O zinco inter-vém em várias reações químicas do or-ganismo, tendo a função de manter apele, cabelo e unhas saudáveis, e tam-bém no desenvolvimento e funciona-mento dos órgãos reprodutores. Emcasos de carência, poderá existir umatraso no crescimento, fraco cresci-mento dos órgãos reprodutores e má ci-catrização de feridas. Além disso,aumenta a necessidade de zinco durantea gravidez e lactação, ou em casos de

consumo excessivo de fibras.É importante, então, consumir al-

gumas fontes deste mineral todos osdias, mas o consumo deve ser mode-rado, pois o zinco pode aumentar oapetite. Entre alguns alimentos estão:carnes, sendo que as vermelha temem maior quantidade, cereais inte-grais, oleaginosas (castanha do pará,castanha do caju, nozes, amêndoas),sementes, leguminosas (feijão, grãode bico, ervilha) são alimentos ricosem zinco e importantíssimos para anossa alimentação.

Como objeto de estudo, o zincoparticipa da atividade de enzimas en-volvidas na síntese de DNA e RNA,como fator de transcrição nuclear e pa-rece possuir um efeito inibitório sobreo crescimento de células neoplásicas.Associado a isso, a deficiência destemineral está relacionada a danos e mo-dificações oxidativas do DNA, favore-cendo o risco de câncer. Por outro lado,em pacientes com câncer já ins-talado, parecem existiralterações no meta-bolismo de zinco,com aumentode suas con-centraçõesnas célulasmalignas,f a v o r e -cendo oc r e s c i -mento dotumor.

T a i scons ta taçõesserviram de obje-tivo de estudo dapesquisadora no sentidode avaliar as concentrações plas-máticas e eritrocitárias de zinco emmulheres com câncer de mama.

Segundo a pesquisadora MarianaSéfora foi realizado um estudo de natu-reza transversal, analítico, do tipo casocontrole, envolvendo 55 pré-menopáu-sicas na faixa etária de 25 a 49 anos. Aspacientes foram distribuídas em 2 gru-pos: controle (sem câncer de mama,num total de 26) e estudo (com câncerde mama, num total de 29). Vale res-saltar que o trabalho foi aprovado peloComitê de Ética em Pesquisa da Insti-tuição onde o mesmo foi realizado.

A análise das concentrações dezinco plasmático e eritrocitário foramrealizadas segundo o método de espec-trofotometria de absorção atômica dechama =213,9 nm. A avaliação dadieta foi determinada utilizando o regis-tro alimentar de três dias e a análisepelo software NutWin versão 1.5. Paraa análise das médias foi utilizado o testet de Student (p<0.05).

A média das concentrações plas-máticas de zinco foi de 69,69 ± 9,00µgZn/dL e 65,93 ± 12,44 µgZn/dL naspacientes casos (câncer) e controles,respectivamente (p=0,201). A média dezinco no eritrócito foi 41,86 ± 8,28µgZn/gHb e 47,93 ± 7,00 µgZn/gHbnas pacientes casos e controles, respec-tivamente (p<0,05). Ambos os grupostinham concentração de zinco na dietasuperior à recomendada.

Ou seja, os resultados do estudo in-dicaram que mulheres pré-menopáusi-cas com câncer de mama apresentam

menor concentração de zincono compartimento eritro-

citário, o que podeconstituí-lo como

um novo bio-m a r c a d o r

prognósticoe alvo tera-pêutico docâncer demama.

M a -riana Sé-

fora explicaque “o zinco

participa da ati-vidade de enzimas

envolvidas na síntesede DNA e RNA, como

fator de transcrição nuclear e parecepossuir um efeito inibitório sobre ocrescimento de células neoplásicas. As-sociado a isso, a deficiência deste mi-neral está relacionada a danos emodificações oxidativas do DNA, fa-vorecendo o risco de câncer. Por outrolado, em pacientes com câncer já insta-lado, parecem existir alterações no me-tabolismo de zinco, com aumento desuas concentrações nas células malig-nas, favorecendo o crescimento dotumor. Os resultados do presente estudoindicam que mulheres pré-menopáusi-cas com câncer de mama apresentam

menor concentração de zinco no com-partimento eritrocitário, o que podeconstituí-lo como um novo biomarca-dor prognóstico e alvo terapêutico docâncer de mama”.

Segundo a orientadora Profa. Dra.Dilina Marreiro, quando iniciaram o es-tudo do zinco nas mulheres que já ti-nham o câncer de mama diagnosticadoconclui-se que o zinco atuaria como umnutriente que potencializasse o câncer econtribuiria para a metástase.

“É fato que o zinco é bom para aprevenção do câncer, pois é antioxi-dante, ajuda na diferenciação das cé-lulas adequadas, enfim, tem todo umperfil de nutriente que faz com que ocâncer não se manifeste, mas no casoda presença do câncer a literaturamostra que é como se existisse notumor a expressão da quantidade deproteína maior que transportam ozinco para o interior do tumor e au-mentaria o câncer já instalado, ou-seja, o zinco ingerido pode serutilizado como transportador e serretirando do sangue para colocarnessas células que vão se am-pliando”, explica Dilina Marreiro.

Em suma, o trabalho da pesquisa-dora recomenda que tanto para a pre-venção do câncer quanto para asmulheres diagnosticadas com o cân-cer, é necessário o controle do númerode zinco ingerido, e como o nutrientenão pode deixar de ser consumido, háa necessidade do controle de zinco nadieta das pessoas com a orientação doprofissional de nutrição.

Dilina ressalta que é preciso en-tender que doenças crônicas, espe-cificadamente, o câncer de mamapode alterar o metabolismo dos mi-cronutrientes essenciais e requerque as mulheres com a doença sesubmetam a uma intervenção paraadequar a quantidade de zinco inge-rido. “De modo geral se recomendauma nutrição adequada, mas nessecaso a atenção é redobrada no con-trole do nutriente e das suas funçõespara que não se potencialize adoença”, pontuou.

REPORTAGEM

Mariana Séfora Bezerra Sousa*

*Mariana Séfora Bezerra SousaGraduanda de NutriçãoDilina do Nascimento MarreiroProfª. Drª. do Depto. de Nutrição da [email protected]

AR

QU

IVO

PE

SSO

AL

λ

Page 8: PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIIITERESINA - PI, ... o estado do Ceará tem nove dioceses e o do Piauí, ... SIGAE

ENTREVISTA

AAcoordenadora do LIB, Semiramis Jamil Hadad do Monte, é formada emmedicina, especializada em Nefrologia, possui mestrado e doutorado emMedicina na área de Nefrologia pela Universidade Federal de São Paulo

(UNIFESP). Professora do CCS da UFPI desde 1997, tem desenvolvido e par-ticipado de vários projetos, entre eles o mapeamento genético do feijão caupi,um dos mais importantes alimentos da população nordestina. Coordenouestudo sobre o Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) no muni-cípio de Pedro II, no Piauí, visando a medidas de controle e trata-mento da doença e coordenou um projeto em rede para osequenciamento genético de EST de Leishmania chagasi. Maisrecentemente, coordena uma pesquisa inédita no Brasil sobrea doença de Fabry, a qual envolve a caracterização de fosfo-proteínas de células podocitárias na doença.

O LIB também atua em parceria com hospitais de várioscentros e é referência nacional para testes de histocompatibili-dade para os programas de transplante de órgãos e tecidos. Atual-

mente, o número de doadores voluntários de medula óssea do Piauí está mais re-presentativo, tendo em vista o incremento de doadores com compatibilidade parapacientes cadastrados no Registro de Receptores de Medula Óssea (REREME).A novidade neste setor será a realização da tipificação HLA por técnicas mole-

culares de alta resolução. Isto permitirá encurtar o tempo entre a detecçãodo possível doador e a confirmação da identidade HLA entre o doador

e receptor. Além disso, o programa de transplantes do LIB recebeu,recentemente, registro de patente de um programa de computadorque permitirá análise automatizada dos dados de compatibili-dade tecidual para os programas de transplante de órgãos. AProfª. Drª. Semiramis Monte já participou e organizou eventoscientíficos, possui dezenas de artigos em periódicos, resumosem anais de congressos, tem capítulos em quatro livros, alémde ter atuado em várias bancas de dissertação de mestrado e

tese de doutorado. É sobre estes e outros temas que concedeentrevista ao Sapiência.

SAPIÊNCIA - Quando se fala noLIB, há uma referência a vidas quepodem ser salvas. Isso porque a espe-rança vem de sua estrutura de altacomplexidade para a realização deexames de compatibilidade tecidualpara os programas de transplante deórgãos e para cadastro no REDOME(Registro de Doadres Voluntários deMedula Óssea). Quais são os novos es-tudos na área de transplante?

Dra. Semiramis - Implantação detestes moleculares de alta resolução paratipificação HLA para o REDOME e va-lidação de um novo programa de com-putação para automação da análise decompatibilidade tecidual a nível mo-lecular, objetivando propor um pro-grama para transplante renal comreceptor hipersensibilizado.

SAPIÊNCIA - Um professor daUFPI teve registrada patente de umsoftware de computador, cujo intuitoé auxiliar o médico transplantador naescolha do doador de menor riscopara o transplante. Os testes pode-

rão dar respostas mais exatas paraos médicos na hora de escolher o

doador para o transplante? Dra. Semiramis - Sim,

porque o software forneceráde forma rápida e amigável

a análise molecular dasdiferenças entre o

doador e receptorque poderão seraceitas sem tra-zer alto risco deperda do órgãotransplantado.

SAPIÊNCIA - Os pesqui-sadores do LIB iniciaram um es-tudo inovador sobre um fungo, oCriptococose, que causa doençaspulmonares e meningite, bas-tante comuns no Piauí. Em quepé anda essa pesquisa e qual oseu propósito final?

Dra. Semiramis – A pesquisaestá em fase de conclusão e temo propósito final de desenvolverum teste rápido para diagnósticoda micose. Isto permitirá diag-nosticar a doença ainda na fasepulmonar o que melhoraria deforma significante o prognósticodo paciente.

SAPIÊNCIA - Uma pesquisacoordenada pela Senhora teveuma grande descoberta: a de queno Piauí, mais especificamente emTeresina, foram registrados várioscasos de pessoas portadoras deFabry, doença genética rara e in-curável que pode levar a diversossintomas e complicações dos ór-gãos do corpo. Quantos casos jáforam identificados e como enten-der melhor a doença?

Dra. Semiramis – Hoje temos150 casos diagnosticados a partir deum caso índice. O primeiro caso foiidentificado em programa de hemo-diálise por perda de função renal

sem causa conhecida.Como a doença é here-ditária, a busca na famí-lia se impõe e com issohoje temos um heredo-grama com 752 mem-bros, sete gerações eaproximadamente 150acometidos. O impor-tante é que já se dispõe detratamento específicopara essa doença e 25deles já estão se benefi-ciando do tratamento commelhora expressiva dosproblemas cardíacos e re-nais que acometem essespacientes, propiciando aeles qualidade de vida.

SAPIÊNCIA - NoBrasil, o LIB testa bio-marcadores para adoença de Fabry. Qualé o objetivo da pes-quisa, uma vez que adoença é de conheci-mento do Ministério daSaúde e já existem atémedicamentos específi-cos para o tratamento?

Dra. Semiramis– O objetivo do es-

tudo é propor um biomarcadorque possa ser feito por diferen-tes laboratórios não especiali-zados em doença genética esirva para o acompanhamentoda resposta terapêutica ao trata-mento com a reposição enzimá-tica, que está mutada naDoença de Fabry e por isso nãofunciona como deve, acarre-tando depósito de substrato ealteração de função em todos osórgãos e sistema do corpo.

SAPIÊNCIA - Como está oandamento do estudo sobre pro-teínas transportadoras de zinco,

no que diz respeito aos pacientesde hemodiálise que têm carênciadesse importante nutriente?

Dra. Semiramis – Estuda-mos a expressão gênica dessasproteínas e agora fizemos o mo-delo experimental de doençarenal crônica com o objetivo deidentificar a causa da desregula-ção do mineral para propor si-lenciamento gênico.

SAPIÊNCIA - A Senhoraafirmou que atualmente aspesquisas em saúde precisamda interdisciplinariedade. Porque?

Dra. Semiramis – Na atua-lidade, as perguntas se referem àdoenças complexas, multifato-riais, que têm influências gené-ticas e ambientais e por issonão basta uma pergunta, tere-mos que estudar essas doen-ças na dimensão de s is temabiológico, ou seja analisandovários fa tores que possamcontribuir para aquela doençana tentativa de obtermos umaresposta e isso exige t raba-lhar com pesquisadores de di-ferentes saberes paraagregarem os diferentes conhe-cimentos e contribuições.

SAPIÊNCIA - Existe pro-posta para se implantar ummestrado em medicina no Es-tado? Existem projetos e recur-sos suficientes para comportar omesmo?

Dra. Semiramis – Para im-plantar um programa de pós-graduação Stricto sensu oelemento determinante é amassa crítica existente, uma vezque a CAPES dá todo o suporte fi-nanceiro para o programa.

LIB - CCS - [email protected]

O Laboratório de Imonogenética e Biologia Molecular (LIB), ligado ao Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Piauí é referência no país em projetos de pesquisa local e desenvolvidos em parcerias com centrosde pesquisas nacionais e internacionais. Seu objetivo maior é auxiliar programas de saúde e dirimir dúvidas, principalmente nos prognósticos de doenças que ainda se encontram sem solução no mundo.

RC

IA C

RIS

TIN

A9TERESINA-PI, MARÇO DE 20118 TERESINA-PI, MARÇO DE 2011

Page 9: PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIIITERESINA - PI, ... o estado do Ceará tem nove dioceses e o do Piauí, ... SIGAE

10 TERESINA-PI, MARÇO DE 2011

TESES

Tem a presente pesquisa o intuito de identificar e mapear naobra ainda em formação do filósofo italiano Giorgio Agamben opercurso que, do ponto de vista da filosofia política, leva de umcomposto de reflexões em torno da crítica da cultura às incursõesdecisivas do que aqui chamei de crítica do jurídico, priorizandonum primeiro momento as leituras de Infanzia e storia, La co-munità che viene e Il tempo che resta, e num segundo momentoos livros que se inserem no projeto Homo sacer, especialmenteHomo sacer: il potere sovrano e la nuda vita, Stato di eccezionee Quel che resta di Auschwitz. Se o nosso século é aquele emque a sociedade tornada espetacular culmina na erosão de todaexperiência possível, ele é também aquele em que os conceitosjurídicos perdem sempre mais sua materialidade: em nome dadefesa do direito chegamos contraditoriamente a uma realidadejurídica rarefeita. Explorando os diálogos estabelecidos pelo fi-lósofo com outros filósofos, tais como Walter Benjamin e MichelFoucault, e outras áreas do saber constituído, tais como a histó-ria, a literatura ou a teoria social, o texto que se segue buscarápermitir visualizar um complexo diagnóstico. Através do uso deconceitos políticos basilares e do auxílio de determinadas figurasparadigmáticas, veremos como o liame entre soberania, exceçãoe vida nua contamina todo o espaço político contemporâneo. Ofruto do trabalho que agora se apresenta não quer todavia so-mente decifrar ou diagramar um cenário decomposto. Pode serque, em última instância, ele queira também contribuir, aindaque modestamente, para desobstruir – como escreve o filósofona introdução do primeiro livro da série Homo sacer – o campoem direção à nova política que ainda resta inventar.

Do fim da experiência ao fim do jurídico:

percurso de Giorgio Agamben

Daniel Arruda Nascimento

Professor da Universidade Federal do Piauí

Defesa: Universidade Estadual de Campinas, 2010

[email protected]

Ser pai e ser mãe em tenra idade. Diante de precárias condi-ções de vida, em meio a sonhos, desejos, alegrias, decepções, tris-tezas e dificuldades, constituindo família ou não, muitos jovensassumem e enfrentam a maternidade e a paternidade. Outros, não.O objetivo desta pesquisa foi compreender como emergem ecomo são desenvolvidas as experiências de maternidade e pater-nidade de jovens do Satélite, um bairro da periferia urbana de Te-resina. Para isto, fez-se necessário configurar a juventude nobairro, entendida como fase da vida, socialmente construída, e asjuventudes do bairro, que se referem aos modos como este ciclode vida se expressa, em suas multiplicidades e heterogeneidades,com seus valores, idéias, sentimentos, desejos, costumes. Com-binando conhecimentos e orientações da história oral e da etno-grafia, o processo da pesquisa se desenvolveu a partir de umdiálogo contínuo e permanente entre explicações teóricas e expe-riências vivenciadas pelos jovens sujeitos da pesquisa, conheci-das por meio de suas narrativas e de observações sistemáticas.Foi um movimento intenso de idas e vindas entre passados e pre-sentes, entre fontes orais e fontes documentais, entre a realidadeempírica e as explicações teóricas, que possibilitaram a proble-matização constante, tendo por base as diferenciações de gênero.Para esses jovens, maternidade e paternidade são, de maneirasmuito diversas, sentidos de vida. O filho desejado transforma-seem uma mescla de felicidade e dor, que, sob a dureza da vida,terá que ser cuidado. Trabalho é bico escasso, que a escola nãoensina a fazer. O desemprego atravessa de maneira decisiva essasexperiências de parentalidade juvenil, contribuindo para conflitosconjugais e familiares e para as situações em que se encontrammuitas jovens mães solteiras e separadas. A autonomia dos jovenshomens nem sempre decorre da pretensa independência familiar.O futuro resulta do presente possível.

Jovens pais e jovens mães: experiências

em camadas populares

Vânia Reis

Professora da Universidade Federal do Piauí

Defesa: Pontifícia Univ. Católica de SP, 2004

[email protected]

Essa tese trata sobre as gravuras rupestres do Parque Nacional daSerra da Capivara e seu entorno, sudeste do Estado do Piauí, as quaistêm sido negligenciadas como tópico de pesquisa. Um dos objetivosdesse trabalho é questionar o atual entendimento de que algumas dessasmanifestações gráficas são não-figurativas. Isso foi conseguido, emparte, pela aplicação de uma abordagem contextual para a combinaçãode certos motivos, e correlacionando os temas da mitologia (Gê) indí-gena. As figuras e marcas foram registradas e classificadas segundo suaforma, as técnicas e os padrões de associação. Uma série de abordagens– analogia entre culturas, analogia histórica direta, análise da localizaçãona paisagem local, e arqueologia contextual – foram utilizadas nas aná-lises. As principais conclusões são: que as gravuras são freqüentementemetonímicas, representando as partes do corpo humano mais imediata-mente associados com o contato sensorial (pegada, mão) e com o órgãosexual feminino; que o número limitado de espécies animais não foi se-lecionado aleatoriamente, mas é uma alusão às criaturas liminares, quetambém são personagens principais de mitos; que certas gravuras não-figurativas são possivelmente os resíduos de atividades repetitivas rela-cionadas à busca do pó; que apenas um tipo de relação entrevisibilidade/acessibilidade do local e do tipo/quantidade de motivos emarcas foi confirmado; que o truísmo sobre o local exclusivo das gravu-ras próximo a uma fonte de água não foi confirmado; e que a colocaçãode alguns motivos e marcas específicas e disseminadas (pisadas de aves,vulva, sulco e cúpulas) tanto em locais isolados como em não isoladospoderia indicar uma função especificamente ligada ao gênero, uma hi-pótese corroborada pela co-ocorrência com determinados estilos de pin-turas. Esses resultados conduziram a uma revisão das tradições degravuras previamente definidas para a área em estudo. Um alternativoesquema classificatório é proposto. A tese reforça a importância de in-vestigações sobre a arte rupestre como expressão visual da mitologia/cos-mologia indígena. Isso tem implicações para o debate sobre o caráterritual de formas gravadas.

Mundo Gravado: uma análise contextual das figuras

e marcas nas rochas do sudeste do Piauí, Brasil

Ana Clélia Barradas Correia

Professora da Universidade Federal do Piauí

Defesa: Newcastle University (UK), 2009

[email protected]

Uma cisteína proteinase recombinante (rLdccys1) obtida pela ex-pressão do gene Ldccys1 de Leishmania (Leishmania) chagasi em sis-tema bacteriano, foi utilizada em ensaios de imunodiagnóstico (ELISAe DTH) e imunização de cães de uma região endêmica de leishmaniosevisceral (LV). Os ensaios por ELISA dos soros de cães com LV mos-traram elevada sensibilidade para a detecção de anticorpos anti-L. (L.)chagasi utilizando a rLdccys1, não apresentando reatividade cruzadacom os soros de cães com erliquiose, babesiose e doença de Chagas.As respostas de DTH foram avaliadas nos cães após a injeção subcutâ-nea da rLdccys1 ou do extrato dos amastigotas de L. (L.) chagasi.Todos os cães assintomáticos apresentaram resposta de DTH positiva48 h após a injeção do antígeno, enquanto que os cães sintomáticos nãoapresentaram reatividade significante à rLdccys1 nos ensaios de DTH.As respostas de DTH foram mais intensas quando se utilizou arLdccys1 comparadas às observadas com o extrato dos parasitas. Asrespostas celulares induzidas nos cães pela rLdccys1 foram avaliadasapós a imunização dos animais com o antígeno recombinante junta-mente com a Propionibacterium acnes. Os linfócitos de sangue perifé-rico dos cães imunizados com a rLdccys1 + P. acnes apresentaramsignificantes índices de estimulação quando reestimulados in vitro coma rLdccys1 ou o extrato dos amastigotas de L. (L.) chagasi. A dosagemde citocinas mostrou a secreção de níveis significantes de IFN-g, en-quanto IL-10 não foi detectada. Nos experimentos em que cãesforam imunizados com a rLdccys1 + P. acnes e desafiados com a inje-ção intraperitoneal de amastigotas os animais sobrevieram dez semanasapós o desafio, enquanto que os animais controles que receberam PBSe a P. acnes morreram em no máximo 4 e 6 semanas, respectivamente,após o desafio. Nos cães imunizados com a rLdccys1 o número deamastigotas de L. (L.) chagasi foi significantemente reduzido no baço,fígado e medula óssea comparado ao observado nos controles. A dosa-gem sérica de IFN-g nos animais imunizados com a rLdccys1 mostroua secreção significante dessa linfocina, enquanto que níveis basais deIL-10 foram detectados. Nossos dados mostraram o potencial darLdccys1 para o diagnóstico e a imunoprofilaxia da LV.

A cisteína proteinase recombinante de

Leishmania (Leishmania) chagasi (rLdccys1)

Paulo Henrique da Costa Pinheiro

Professor da Universidade Estadual do Piauí

Defesa: Universidade Federal de São Paulo, 2009

[email protected]

Neste trabalho avaliou-se o desempenho de sistema de tra-tamento combinado anaeróbio-aeróbio constituído por dois rea-tores anaeróbios de fluxo ascendente com manta de lodo (UASB)com volumes de 510 e 209 L, seguidos de um reator em bateladaseqüencial (RBS 210 L) aeróbio, tratando águas residuárias desuinocultura com concentrações de sólidos suspensos totais(SST) variando de 5 a 11 g L-1 e submetidos a tempos de deten-ção hidráulica (TDH) de 28 e 14 h no primeiro reator (R1), 11 e6 h no segundo reator (R2) e de 58 e 26 h no RBS. As eficiênciasde remoção de DQO total e SST variaram de 54 a 90% e de 54 a96%, respectivamente, no conjunto de reatores UASB (R1+R2),com carga orgânica volumétrica (COV) de 11 a 26 g DQO (L d)-1 no R1. A produção volumétrica máxima de metano de 1,613m3 CH4 (m3 reator d)-1 ocorreu no R1, com COV de 19 g DQO(L d)-1 e TDH de 14 h. No RBS aeróbio, como pós-tratamentodo efluente gerado nos reatores UASB, as eficiências de remo-ção foram 89%, 93%, 61%, 89% e 71% para a DQO total, SST,P-total, NTK e NT, respectivamente, com COV variando de 0,4a 3,6 g DQO (L d)-1. Assim, no sistema de tratamento combi-nado anaeróbio-aeróbio (R1+R2+RBS), as eficiências de remo-ção da DQO total, SST, P-total, NTK e NT atingiram valores de96 a 99%, 96 a 99%, 77 a 85%, 76 a 97% e 68 a 89%, respecti-vamente, e dos micronutrientes de 77 a 98%, 94 a 99%, 83 a 97%e de 62 a 99% para Fe, Zn, Cu e Mn, respectivamente, Para oscoliformes termotolerantes, as eficiências de remoção foram de93,80 a 99,99%, com valores mínimos de 2,3 x 103 NMP/100mL. A atividade metanogênica do lodo nos UASB foi mais ele-vada quando utilizou o propionato + butirato como substrato, equando os reatores foram operados com TDH de 28 e 11 h e SSTafluente em torno 5 g L-1, atingindo valores de 0,443 a 0,206mmol CH4 (g SV h)-1 no R1 e R2, respectivamente.

Avaliação de sistema composto por reatores

anaeróbios e aeróbio para tratamento de águas

residuárias de suinocultura

Adriana Miranda de Santana Arauco

Professora UFPI/Campus - Bom Jesus

Defesa: Universidade Estadual Paulista, 2008

[email protected] Foram conduzidos quatro ensaios para avaliar o uso de enzimasexógenas em dietas para frangos de corte. No primeiro ensaio, foiavaliada a energia metabolizável verdadeira (EMV) do milho e dofarelo de soja com a adição ou não de complexo enzimático xilanase,amilase, protease (XAP), de xilanase e de fitase, utilizando o métodode alimentação precisa com galos. Foi verificada melhoria de 2,3%na EMV do milho com adição de fitase. No segundo ensaio, foi ava-liada a energia metabolizável aparente (EMA) do milho com a adiçãoou não de amilase, xilanase, fitase, complexo XAP, combinação deXAP e fitase e com adição de complexo xilanase/pectinase/β-gluca-nase (XPBG), utilizando o método de coleta total (pintos). O milhofoi suplementado com macro e microminerais. A adição das enzimaspromoveu melhoria na EMA do milho entre 1,26 a 2,11%, excetocom o complexo XPBG. No terceiro ensaio, foi avaliado o efeito dotipo de milho (seco no campo e artificialmente) e a eficiência de uti-lização de XAP em dietas com redução de 125kcal na EMA, com-parada a dietas formuladas para atender as exigências das aves, sobrea digestibilidade ileal e desempenho de frangos. A adição de enzimasnão promoveu respostas sobre o desempenho, entretanto, melhoroua digestibilidade de alguns nutrientes e a energia digestível das die-tas. As aves alimentadas com dietas contendo milho seco artificial-mente tiveram melhor ganho de peso. No quarto ensaio, foi avaliadoo efeito do tipo de milho (seco no campo e artificialmente) e de cincodietas (um controle positivo - sem redução nutriente (CP), dois con-troles negativo - formulados com reduções nos valores de energiametabolizável da dieta através de predições para a EMA do milho(CN1 e CN2) e duas dietas com suplementação de 250g/ton e500g/ton, do complexo enzimático (XAP) sobre os respectivos con-troles negativos). Neste estudo, a adição das enzimas restabeleceu aconversão alimentar das aves, na fase inicial. Não houve efeito daadição das enzimas sobre a digestibilidade dos nutrientes e desem-penho das aves, no período total.

Enzimas Exógenas em Dietas para

Frangos de Corte

Leilane Rocha Barros Dourado Professora da UFPI - Campus - Bom JesusDefesa:Univ. Est. Paulista de Jaboticabal, [email protected]

Page 10: PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIIITERESINA - PI, ... o estado do Ceará tem nove dioceses e o do Piauí, ... SIGAE

11TERESINA-PI, MARÇO DE 2011

AApreocupação com a alimentaçãonas escolas vem aumentando àmedida que cresce o número de

crianças e adolescentes acima do pesono país. Problemas de saúde antes vis-tos apenas em adultos, como coleste-rol alto e hipertensão, agora atingemtambém os mais novos. Desta forma,é fundamental a implantação de umprograma de conscientização decrianças, jovens e seus familiaressobre a importância do consumo dealimentos mais saudáveis e o impacto

destes na saúde. Considerando a importância da

promoção de hábitos alimentares sau-dáveis bem como o impacto da alimen-tação sobre a situação nutricional, aprofessora Drª. Marize Melo dos San-tos, do departamento de Nutrição daUniversidade Federal do Piauí, desen-volve um estudo que propõe avaliar aeficácia de um programa de educaçãonutricional voltado para escolares darede pública de ensino de Teresina/PI.

A intenção é contribuir com infor-mações acerca das melhores estratégiasa serem utilizadas em programas deeducação nutricional para crianças,bem como auxiliar na melhora da situa-ção nutricional da população estudada.

A metodologia utilizada pela pes-quisadora é do tipo intervencional,quase-experimental com alunos entre06 e 14 anos, de ambos os sexo, regu-larmente matriculados na Escola Mu-nicipal Lindamir Lima, localizada noBairro Satélite da capital piauiense.

Segundo Marize Melo, o estudoirá contribuir para a implementação deprogramas eficazes de educação nutri-

cional, incentivando a prática de atitu-des e comportamentos saudáveis, nor-teando a elaboração de novosprogramas relacionados à prevençãode problemas nutricionais e ao incen-tivo da melhoria dos hábitos alimen-tares de escolares. Além disso,contribuir na formação científica dosestudantes de graduação e pós-gra-duação em nutrição, mediante seu en-volvimento em todas as etapas doprojeto e por meio da publicação dosresultados desse estudo em congres-sos e periódicos especializados.

A pesquisa tem apoio financeiroda Fundação de Amparo à Pesquisa doEstado do Piauí (Fapepi) através doPrograma de Fluxo Contínuo e contacom 09 alunos colaboradores da disci-plina de Educação Nutricional doCurso de Nutrição.

Paralelo ao desenvolvimento dapesquisa, é feito o monitoramento dopeso, estatura e do consumo de ali-mentos nas escolas e nas residênciasdos alunos a fim de relacionar a si-tuação nutricional e os hábitos deconsumo com fatores sócio-econô-

micos e culturais.Durante a pesquisa são realizadas

palestras a cada 07 dias, durante 06meses, com 75 alunos do ensino funda-mental; serão aplicados testes de co-nhecimentos sobre alimentaçãosaudável, no início e no final da inter-venção com os alunos.

A pesquisadora revela que optoupor testar esse modelo com um nú-mero reduzido de alunos a fim de ve-rificar até que ponto eles adquirem ainformação e muda de comporta-mento em relação à alimentação sau-dável, podendo influenciar outroscolegas e a família.

Durante o desenvolvimento dapesquisa foi realizada a coleta de san-gue para realização de dosagem de he-moglobina para verificar casos deanemia. Os mesmos foram encami-nhados à unidade de saúde da ESF, da-quela área, além de orientaçõesnutricionais para os pais ou responsá-veis pelas crianças.

Já as ações educativas desenvolvi-das foram: teatro de fantoches, brinca-deiras, gincanas, exposição de vídeos,

Marize Melo dos Santos*

REPORTAGEM

FOTO

S? A

RQ

UIV

O P

ESS

OA

L

Page 11: PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIIITERESINA - PI, ... o estado do Ceará tem nove dioceses e o do Piauí, ... SIGAE

confecção de cartazes, oficinas, preparode refeições saudáveis. Como o projetotrabalha, previamente, os conhecimen-tos que os alunos têm sobre alimenta-ção e nutrição, através de questionários,em seguida foi feita a intervenção tra-balhando 03 temas básicos: Conhe-cendo os Alimentos (conteúdo dosnutrientes e sua função), Cuidando dosAlimentos (higiene e armazenamento)e Preparando os Alimentos (prepara-ções saudáveis).

Um ponto de destaque deste pro-jeto é a identificação do EducadorMirim. Um termo utilizado para ascrianças que apresentam potencial deser um multiplicador em relação ao co-nhecimento de alimentação e nutrição eque este desenvolva o trabalho dentrode sua própria escola. De acordo comMarize Melo, o projeto foi apresentadono Seminário do Ministério da Saúdesobre o Programa Saúde na Escola(PSE) e o Educador Mirim ganhou umaboa repercussão e gerou interesse dosparticipantes do evento.

Paralelo a pesquisa está sendo pro-duzido um livro para alunos de Educa-ção Nutricional da UFPI com os temasdesenvolvidos na pesquisa e com a lin-guagem adaptada as crianças para queos estudantes de graduação possam de-senvolver ações educativas com essegrupo a fim de saber quais os melhorestemas e as formas de abordagem.

A pesquisadora destacou que pormeio da pesquisa, observa-se que asestratégias que incluíam a exposição emanuseio às comidas incentivaram as

crianças a apren-der, observar,julgar e esco-lher por si pró-pria. Destaforma, a esco-lha dasações edu-cativas éde sumarelevân-cia ep a r atorná-laatrativa foidisponibili-zado uml u g a rpara a

experimentação, onde os alunos pude-ram manipular e consumir os alimen-tos, e assim manter o interesse emaprender, utilizando métodos de en-sino aos quais os alunos aderiamcom entusiasmo.

“Constatamos que algumascrianças não conheciam alguns legu-mes, frutas e verduras que são comu-

mente encontrados, como a berinjelaou então não consumiam justificandoque não gostavam, mas após as inter-venções passaram a consumir os ali-mentos e inserir novos hábitosalimentares e saudáveis com mudan-ças de comportamento” revelou Ma-rize Melo.

Por fim, a pesquisadora ressaltou

que um fato relevante nesta pesquisaé o engajamento dos alunos de gra-duação em uma ação cotidiana com asociedade e do retorno com o benefi-cio das ações para as crianças.

*Profª. Drª. Marize Melo dos Santos Departamento de Nutrição da [email protected]

Ciência e Imprensa: convergências possíveis História do Piauí

Dicionário de sabedoria dos piauienses Picos: histórias que as famílias contam

Teresina; uma visão ambiental (Volume 1)Paremiologia nordestina

Organizadora: Mônica Costa295 páginasR$ 25,[email protected]

Este livro reúne textos (transcritos ou produzidos) no Curso de JornalismoCientífico realizado em 2008 pela Fundação de Amparo à Pesquisa do RioGrande do Norte, a FAPERN e organizado pela jornalista Mônica Costa,que também é assessora de comunicação daquela FAP. A obra visa estreitaras distância entre imprensa e ciência.

Autor: José Antônio da Silva400 páginasR$ 25,00

A obra é composta de frases selecionadas nos mais variados temascom opiniões, observações, descrições e meditações de piauienses.Esta coletânea tem o propósito de demonstrar também o inesgotá-vel valor dos pensamentos. É uma obra que vem est imular opiauiense a conhecer o próprio piauiense e para valorizar a culturaintelectual e popular.

Autor: Fontes Ibiapina421 páginasR$ 25,00www.ufpi.br/editora

A Universidade Federal do Piauí, através da sua Editora Universitária(EDUFPI), publicou esta 3ª edição revisada e ampliada de ParemiologiaNordestina. Nesta obra, Fontes Ibiapina, consagrado contista e romancistapiauiense, ordena as expressões mais usuais que enriquecem a língua e ohomem nordestino. O livro faz parte da Coleção Nordestina, sendo umaexcelente fonte de pesquisa e estudo.

Autores: Gervásio Santos e kenard kruel538 páginasR$ 30,[email protected]

Essa obra didática aborda os primórdios da história do Estado do Piauíaté a instalação da República. Publica lista dos governantes piauiensesdesde a ouvidoria – Dr. Vicente Leite Ripado até o segundo governo deWellington Dias. Oferece exercícios com questões de vestibulares reali-zados no Piauí, com gabarito, para melhor orientar o público alvo – osestudantes das escolas públicas e privadas do Estado.

Autora: Maria Goreth de Sousa Varão (Org.)76 páginasR$ 10,[email protected]

Esta publicação é o resultado do Projeto Produção de Texto: histórias devida, um trabalho acadêmico desenvolvido pelos alunos da disciplina Por-tuguês I-Prática de Redação, do curso de Licenciatura Plena em Letras daUFPI-Picos. É uma coletânea de textos com participação direta e indiretados professores-colaboradores. Esses textos foram produzidos a partir deentrevistas orais com representantes de algumas “famílias tradicionais” pi-coenses sobre a história e a cultura de Picos.

Autor: Tropen-PRODEMA-UFPI329 páginasR$ 20,[email protected]

A obra reúne 10 artigos de especialistas sobre os problemas ambientais vi-venciados em Teresina e estabelecer base científica para propostas de açãoque visem a melhorar as condições de vida no planeta, no Piauí e em Tere-sina, possibilitando a formação de recursos humanos qualificados para o exer-cício interdisciplinar de pesquisa e ensino.

Livros

Livros

12 TERESINA-PI, MARÇO DE 2011

AR

QU

IVO

PE

SSO

AL

Page 12: PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIIITERESINA - PI, ... o estado do Ceará tem nove dioceses e o do Piauí, ... SIGAE

13TERESINA-PI, MARÇO DE 2011

REPORTAGEM

Uma importante pesquisa inter-disciplinar liderada por umgrupo de nove pesquisadores

do Núcleo de Referência em CiênciasAmbientais do Trópico Ecotonal doNordeste (TROPEN), vinculado àPró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Gra-duação da Universidade Federal doPiauí, está em fase de conclusão e jáforam publicados os resultados obti-dos ao longo de quase dez anos. Oestudo é sobre o tema “Cerrados Mar-ginais do Nordeste e Ecótonos Asso-ciados: Sítio 10 do PELD. A pesquisafoi iniciada em 2001 e será concluídano próximo ano. O Programa de Bio-diversidade do Trópico Ecotonal doNordeste (BioTEN), do Departamentode Biologia do Centro de Ciências daNatureza da UFPI, é que administratodo o projeto.

A hipótese científica de primeiraordem é a de que "os Cerrados do Nor-deste representam um dos três super-centros de diversidade biológica dosCerrados do Brasil". Foram caracteri-zados como cerrados marginais por-que estão distribuídos nas margens doespaço geográfico ocupado pelos cer-rados brasileiros, sem nenhuma liga-ção necessária com qualidade da floraou das espécies de outros cerrados dopaís. Os cerrados do Nordeste são umacontinuação fisionômica estrutural doscerrados do Planalto Central, mas dis-tinguem-se floristicamente por causa

da substituição de espécies provocadapor três tipos de fatores: 1) a deficiên-cia hídrica dos solos que cresce na di-reção Planalto Central - Nordeste; 2)as baixas cotas altimétricas; e 3) as ca-racterísticas de uma flora "areal" queresponde a padrões lati-altitudinais as-sociados com altos níveis de heteroge-neidade espacial.

O Projeto base tem como objetivogeral, segundo estudos anteriores, "de-monstrar que a biodiversidade da biotados cerrados do Nordeste do Brasil édiferencial, inclusive em termos deconservação e de utilização sustentá-vel, em relação à biodiversidade dosoutros supercentros: cerrados do Su-deste meridional e cerrados do Pla-nalto Central", diz o relatório.

O PELD ou Programa de Pesqui-sas Ecológicas de Longa Duração estáinserido no Sítio ECOCEM (CerradosMarginais do Nordeste e EcótonosAssociados) e foi criado no país como apoio do Conselho Nacional de De-senvolvimento Científico e Tecnoló-gico (CNPq). Sob a coordenaçãogeral do Prof. da UFPI Antônio Al-berto Jorge Farias Castro, doutor emBiologia Vegetal, o Sítio passou a de-senvolver pesquisas sobre a composi-ção e substituição espacial deespécies, estado de fragmentação doCerrado e respostas da biodiversidade

frente às mudanças ambientais impos-tas pelo ser humano. Nesses quase 10anos, o Sitio 10 apoiou inúmeros es-tudos de graduação e de pós-graduacãoda UFPI e de outras Universidades,além de promover importantes parce-rias com outros centros acadêmicos etambém empresas da iniciativa privada.

O relatório publicado apresenta aprimeira fase das pesquisas e organi-zação dos resultados alcançados pelosprojetos, subprojetos e estudos acadê-micos desenvolvidos nos CerradosMarginais do Nordeste e Ecótonos As-sociados do ECOCEM. As três áreasfocais do Sítio 10, minuciosamente es-tudadas, são: o Parque Nacional deSete Cidades, a Fazenda Nazareth(próxima ao município de José deFreitas) e a Fazenda Bonito, no muni-cípio de Castelo do Piauí.

Além do Prof. Dr. Antonio Al-berto, participam do estudo os pesqui-sadores José Sidiney Barros, JoxleideMendes da Costa, Marcos Pérsio Dan-tas Santos, Maria de Fátima de Oli-veira Pires, Maura Rejane de AraújoMendes, Nívea Maria Carneiro FariasCastro, Ruth Raquel Soares de Fariase Samara Raquel de Sousa.

O Prof. Antonio Alberto destacaque um dos mais importantes resulta-dos obtidos até aqui é a contribuiçãopara a formação de pessoal de nível

superior na região do Nordeste. Aotodo foram concedidas 60 bolsas deapoio técnico, iniciação científica,mestrado e doutorado e outras 70 bol-sas foram obtidas em outras fontes defomento no país. No campo da Botâ-nica, o projeto incorporou, avaliou eaprimorou o uso de parcelas perma-nentes para estudos com a flora, queforam avaliadas com o desenvolvi-mento do Protocolo de Avaliações Fi-tossociológicas Mínimas (PAFM).

Os dados coletados em campoforam organizados em uma base dedados abertos denominado de Florados Cerrados do Nordeste (FLORA-CENE), que conta com quase 80 milregistros de plantas nativas da região.A fauna dos cerrados nordestinosforam avaliadas por meio de diversosprojetos que abrangeram os grupos ta-xonômicos de aranhas e escorpiões,herpetofauna (quelônios, jacarés, ser-pentes, anfisbênias, lagartos e anfí-bios), aves e mamíferos.

“A pesquisa nos cerrados margi-nais teve vários objetivos específicos,entre eles prospectar a biodiversi-dade remanescente em áreas focais eáreas de entorno, agregando a estasas áreas de atenção especial, relacio-nadas, todas, às áreas prioritáriaspara conservação, uso sustentável erepartição dos benefícios da biodiver-sidade”, explicou.

Segundo ele, o projeto base, naárea de biodiversidade, está contri-buindo para a consolidação do conhe-cimento em termos de Biodiversidadede Tipo/Espécies e de Forma/Fun-ção dos cerrados do Piauí, Mara-nhão e Ceará, principalmente. “Emtermos de Diversidade de Ecossis-temas, avanços significativos, por-que já estão subsidiando aspolíticas públicas ao nível de Se-cretaria de Biodiversidade e Flores-tas do atual Ministério do MeioAmbiente (MMA) do Governo Fe-deral, de Secretarias de Meio Am-biente dos Governos Estaduais eMunicipais, de organizações não-go-vernamentais, e de alguns segmentosda ‘iniciativa privada’", explicou.

Pesquisadores em campo observando fauna e flora em área de cerrado no Piauí

Prof. Dr. do Depto. de Biologia da [email protected]

Antônio Alberto Jorge Farias Castro*

FOTO

S: A

RQ

UIV

O T

RO

PEN

Page 13: PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIIITERESINA - PI, ... o estado do Ceará tem nove dioceses e o do Piauí, ... SIGAE

14 TERESINA-PI, MARÇO DE 2011

AAMorinda citrifolia, também co-nhecida como noni, é um ar-busto encontrado em algumas

regiões tropicais do mundo. Originá-rio do sudoeste da Ásia, mas foi naPolinésia Francesa e Havai a sua des-coberta para o mundo. Os frutos destaplanta possuem histórico de uso nosEstados Unidos, Japão, China, Índia,Austrália e em grande parte da Europae, nas últimas décadas, ocorreu um au-mento significativo do interesse co-mercial e científico pelo suco do noni,que contém, segundo vários pesquisa-dores propriedades terepêuticas/pre-ventivas, que podem ser empregadasaté na cura do câncer.

Embora bastante consumida naÁsia há mais de 2000 anos, a plantado noni é praticamente desconhecidano Brasil. Sua introdução é conside-rada recente ocorrida em 1996, hápouco mais de 14 anos e, ainda nãoexistem informações técnicas sufi-cientes para o cultivo em climas esolos brasileiros. Pensando nisso, oEngenheiro Agrônomo e Coordenadordo Núcleo de Plantas Aromáticas eMedicinais (NUPLAM) da Universi-dade Federal do Piauí (UFPI), Dr.Francisco Rodrigues Leal vem desen-volvendo pesquisas, com vistas aobter informações sobre sua adapta-ção ao clima e solo da região, comotambém o preparo e consumo do suco.

A adaptação e aclimatação dessasplantas aos diversos biomas existentesno Brasil possibilitam novas alternati-vas de agricultura aos pequenos produ-tores rurais. Esse processo envolvemuitas etapas de observações desde odesenvolvimento vegetativo até a pro-dução e qualidade dos frutos. Atual-mente a planta noni está sendocultivada e produzida na América Cen-tral e no Brasil, com plantação intensivano Estado de Roraima

O noni chegou ao Piauí, especifi-camente na UFPI em 2005 e, como setratava de uma planta desconhecida,exótica, não se sabia ao certo as exi-gências em clima, solo, água, aduba-ção, pragas, doenças, início e tempo decolheita e processamento. Por este mo-tivo, o Prof. Dr. Francisco Leal iniciousuas pesquisas objetivando verificar o

comportamento da planta noni em vá-rios ambientes.

Na primeira etapa da pesquisa, ostrabalhos foram desenvolvidos total-mente à sombra, sob copas de árvo-res, num bosque existente noDepartamento de Fitotecnia da UFPI,mas as plantas não apresentaram umbom desenvolvimento e a produçãofoi muito baixa com frutos pequenose defeituosos.

Na segunda etapa, a pesquisa foiconduzida numa área menos som-breada, algo em torno de 50% de som-breamento, desta vez intercalada àsárvores nativas no NUPLAM e teve umdesenvolvimento satisfatório, tanto noaspecto da vegetação quanto no desen-volvimento do fruto.

E por último foi realizada a ter-ceira etapa com instalação da pesquisaa pleno sol, em terreno sem vegetação.Observou-se que no aspecto vegetativoas plantas cresceram bem, mas apre-sentaram folhas pequenas e coloraçãoverde claro e frutos menores com apa-rência de queimado. Em clima favorá-vel, as folhas são grandes e com corverde escura, com fortes nervuras. Ofruto novo tem coloração da casca

verde, e quando maduro, a cor da cascatorna-se amarela esbranquiçada.

As pesquisas realizadas na Poli-nésia ressaltam que a planta noni,quando cultivada em local com solpleno produz frutos maiores, pesandoaté 800 gramas (tamanho de uma bolade futebol) e em locais com sombraproduz frutos menores, pesandomenos de 30 gramas (tamanho deuma bola de tênis). Francisco Lealobservou em suas pesquisas que aplanta cultivada em pleno sol, no NU-PLAM, os frutos apresentavam-secom aspecto de queimados, depre-ciando-se o valor comercial.

O professor atribui à variação nopeso e na qualidade dos frutos produzi-dos na Polinésia Francesa em relaçãoaos produzidos no Piauí às condiçõesclimáticas da Polinésia Francesa maisfavoráveis à produção do noni (tempe-ratura média anual 25ºC, insolação émenor e a umidade relativa do ar émaior), quando comparadas às do Piauí(temperatura média anual 38ºC. A inso-lação é maior e a umidade relativa doar é variável (40 a 84%).

A recomendação do pesquisador éque se faça o cultivo da noni, no Piauí,

como se fosse ao sistema da Permacul-tura, integrando plantas, animais, cons-truções, e pessoas em um ambienteprodutivo e com estética e harmonia,onde houvesse árvores que pudessemprovocar certo sombreamento ou dimi-nuindo a distância entre as plantas (au-mentando a densidade populacional) edispondo as plantas no sentido da me-lhor distribuição da luz.

Segundo o Dr. Francisco Leal épossível produzir noni no Brasil e noPiauí, pois não existe absolutamentenenhuma diferencia científica entreum noni cultivado na Polinésia e outrocultivado no Brasil. O noni produzidono Brasil pode ser até melhor, maisfresco e mais puro que um noni culti-vado em outro país e exportado para oBrasil. Para maior certificação, o pes-quisador orientou duas monografiasversando sobre a composição centesi-mal e caracterização física do fruto,avaliou, também, o tamanho e peso dofruto, número de sementes e veloci-dade de germinação de sementes ori-ginárias da base e do pedúnculo dofruto e concluiu que não houve dife-rença significativa.

Paralelo às pesquisas sobre adap-tação da planta noni e composiçãocentesimal do fruto, o NUPLAMorienta o produtor e consumidor na co-lheita e preparo do suco, pois como setrata de uma planta exótica e introdu-ção recente, o produtor desconhece omomento certo da colheita (ponto dematuração morfológica) e a composi-ção do suco.

A planta noni frutifica o anotodo, embora haja tendências cícli-cas na quantia da produção de frutaque podem ser afetadas ou pode sermodificado pelo tempo e por ferti-lizante e irrigação. A produção defruta pode diminuir algo durante osmeses de inverno. Um campo dadode noni normalmente é colhido de2-3 vezes por mês. A planta comum ano de idade pode alcançar 12kg da fruta/ano e com cinco anospode produzir até 120 kg/ano.

O fruto quando verde tem colo-ração da casca verde, e quando ma-duro, a cor da casca torna-se

Suco da fruta noni é estudado em vários países

REPORTAGEMPesquisa revela adataptação e a climatação do noni no Piauí

FOTO

S: R

OB

ER

TA R

OC

HA

Page 14: PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIIITERESINA - PI, ... o estado do Ceará tem nove dioceses e o do Piauí, ... SIGAE

15TERESINA-PI, MARÇO DE 2011

amarela esbranquiçada. Os critérios mínimos de quali-

dade exigidos à fruta são de 8 % Brixou superior. Brix é uma medida deuso na indústria alimentar, para calcu-lar a quantidade de açúcar na fruta.Esta medida, em conjunto com a per-centagem máxima de açúcar que po-derá ter a fruta noni, indica-nos que apartir de 8% Brix a fruta está num es-tado adequado de amadurecimento.

8% Brix e um Ph no valor de 3,75 in-dicam-nos a qualidade máxima dafruta noni.

Quanto ao processamento dosuco de noni, o Dr. Francisco Lealorienta que os agricultores recolhama fruta no estádio de maturação mor-fológica e levam-na até a fábrica(local de processamento), onde éclassificada e limpa várias vezes, oque permite uma melhor seleção dafruta noni, durante oprocesso. Não

se aceita fruta golpeada ou putrefatae, quando a fruta estiver madura(mole) é separada a polpa das semen-tes. Para a confecção do suco bastamisturar a quantidade de 89% depolpa e 11% de suco de uva. Na prá-tica podem-se adicionar duas medi-das de polpa e uma medida de sucode uva ou goiaba.

Consta na literatura que o noni éuma fruta multi-uso, podendo ser uti-lizada no preparo de: suplementos ali-mentares, iogurtes, sorvetes, picolés,cereais, chocolates, doces, geleias,sucos, guaraná da amazônia, mix defrutas, compotas, chás, mel com pró-polis, soja e seus derivados, bom-bons, biscoitos, pães, saladas devegetais naturais, rações animais,cremes hidratantes corporais, xam-pus, condicionadores e sabonetes hi-dratantes, e muito mais.

Com relação às aplicações e do-sagens do suco noni, o Dr. FranciscoLeal informa que não está realizandopesquisa científica sobre a ingestão,mas orienta os consumidores combase nas informações etinobotânicas(sabedoria popular e pesquisa cientí-fica). Vale destacar que o suco de noninão é medicamento. Nem pretendecurar doenças e sim auxiliar no pro-cesso de restauração da saúde.

“É um suco natural de um frutoque tem nutrientes benéficos para onosso organismo. Não tem contra-in-dicações, nem efeitos colaterais e nemrisco de interação medicamentosa. Éseguro em qualquer período de nossa

vida”, explica Dr. Leal.

Num mesmo galho,observa-se (na foto abaixo,da esquerda para a di-reita): um fruto maduroapto para colheita, doisfrutos que ainda necessi-tam de amadurecimento,e ainda um pequenofruto em flor.

Fase do crescimento do fruto noni em um mesmo galho/rama da planta: um fruto maduro, dois em fase de amadurecimeno e pequeno fruto em flor

Page 15: PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIII TERESINA - … · TERESINA - PI, MARÇO DE 2011 Nº 26 ANO VIIITERESINA - PI, ... o estado do Ceará tem nove dioceses e o do Piauí, ... SIGAE

TERESINA-PI, MARÇO DE 201116

AAtribui-se ao suco de noni pro-priedades para a promoção dasaúde, sendo este fonte rica

de carboidratos, vitaminas e mine-rais. Além disso, o suco de noniteria propriedade antioxidante, decombate aos radicais livres causa-dores de danos às células do corpo.

Por outro lado, a Anvisa tem com-batido vendedores do Suco de nonique alegam propriedades anticance-rígenas, analgésicas, anti-inflamató-rias e anti-sépticas desse produto.Segundo a Anvisa, “medicamentossão os únicos produtos que possueme podem alegar propriedades medi-cinais ou curativas e só podem sercomercializados depois de registra-dos na Anvisa, que assegura sua eficá-cia e segurança”.

A descoberta mais surpreendentesobre saúde em décadas tem 2000 anos.O suco beneficia todo o organismo. SISTEMA IMUNOLÓGICO - Forti-fica a habilidade natural do corpo delutar contra doenças e infecções. SISTEMA CIRCULATÓRIO, TECI-DOS E CÉLULAS - Age como anti-oxidante superior que ajuda o corpoa se livrar de radicais livres prejudi-ciais para que possa aumentar o nívelde energia. SISTEMA DIGESTIVO - Proporciona

uma digestão apropriada, o que significaabsorver mais nutrientes no nível celular. SISTEMA METABÓLOICO - Impul-siona o sistema metabólico, que ajuda oorganismo a desfrutar de um aumento deenergia e vitalidade.PELE - Contém não somente os compo-nentes que são especificamente importan-tes para a pele, mas é também o veículoperfeito para carregar substâncias benéfi-cas à pele. OUTROS BENEFÍCIOS - Claridademental aumentada, aumento da aten-ção, e dos níveis de desempenho físi-cos maiores.

Quando nós bebemos o suco de frutade noni, a Proxeronina passa pelo nossoaparelho digestório e intestinal, onde é ab-sorvido e, em seguida, armazenado no fí-gado. O fígado é o armazém principalpara o nosso corpo, de muitos dos nu-trientes essenciais que nós ingerimos. Acada 2 horas, o fígado deveria liberaruma certa quantidade desta Proxeroninana corrente sanguínea (desde que hajaem estoque), onde seria convertida emXeronina - substância assimilada pelasproteínas. Através da corrente sanguíneaela é então transportada para todos os te-cidos do corpo.

A primeira publicação científicasobre o sumo de noni foi feita pelo Dr.Heinicke, numa revista botânica do

Hawai, onde ele afirmava que tinha en-contrado um alcalóide no noni, chamadoXeronina que era o causador dos benefí-cios do sumo, que tanto ouvira falar peloscurandeiros nativos. Os efeitos do noni be-néficos para a saúde, são relevantes paraa ciência médica, devido aos seus 153 fi-tonutrientes mais destacados que possui.

O NONI reúne inúmeras caracte-rísticas: atua sinergicamente com ou-tros suplementos nutrititivos; melhoraa capacidade de absorção dos nutrien-tes ingeridos; contribui para preserva-ção e funciona equilibradamente emconjunção com antioxidantes.

Atribui-se ao suco de noni proprie-dades para a promoção da saúde, sendoeste fonte rica em vitaminas, minerais, oli-goelementos, aminoácidos, alcalóides,fla-vonóides,caroteno, licopeno, enzimas(800vezes mais que o abacaxi). Além disso, osuco de noni teria propriedade antioxi-dante, a qual combate os radicais livrescausadores de danos às células do corpo.

Especialistas dizem que a fruta con-tém betacaroteno, precursor da vitaminaA, e acubina, que agrega propriedades an-tibióticas. Possui escopoletina, substânciaantibacteriana, antifúngica e anti-infla-matória, que também ajuda a dilatar osvasos sanguíneos o que faria baixar apressão arterial.

Em geral, o noni tem mais de 100

aplicações primárias e secundárias. Osnutrientes do noni intervêm em todos ossistemas do organismo: cardiovascular;circulatório; endócrino; gastrointestinal;imunitário; nervoso central e periférico;ósseo-esquelético; renal e respiratório.

Os polinésios provavelmente culti-varam a planta noni devido aos seus va-riados usos (SOLOMON, 1998), eatualmente ela é tida como uma das maisimportantes fontes da medicina tradicio-nal dessas regiões. Todas as partes daplanta têm usos tradicionais e modernos,incluindo raízes e casca (tintura e remé-dios), tronco (lenha, instrumentos), alémdas folhas e frutos (alimento e remédios).

A maioria das pessoas que usaramnoni sem obter resultados excelentes,não obteve melhores resultados porquetomou uma dose menor e/ou durante ummenor tempo do que o recomendado.Recomenda-se pelo menos 50ml diárioscomo dose preventiva para a saúde, masnão há problema algum em consumirmais ou menos que isso, pois na verdadetrata-se de um suco com fantásticas pro-priedades terapêuticas.

* Francisco Rodrigues LealProf. Dr. do Depto. de Agronomia ecoordenador do NUPLAM da [email protected](86) 3237-1763

Suco do noni traz benefícios para a saúde humana

Mudas da planta paraestudos na UFPI