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    Apostila 2 da fase 1Efeito Piezoeltrico e as Cermicas Piezoeltricas

    Do curso:

    Materiais e Dispositivos Piezoeltricos:Fundamentos e Desenvolvimento

    So Carlos 2004

    ATCP do BrasilSolues Piezoeltricas

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    NDICE

    NDICE ...................................................................................................................................... 2

    1. INTRODUO .................................................................................................................. 3

    2. EFEITO PIEZOELTRICO DIRETO. ........................................................................... 5

    3. EFEITO PIEZOELTRICO INVERSO. ...................................................................... 10

    4. REDUO DO NMERO DE COEFICIENTES INDEPENDENTES POR

    SIMETRIA NO CRISTAL. ............................................................................................. 11

    4.1. CASOS TRIGONAL E HEXAGONAL. .......................................................................... 14

    5. TCNICAS EXPERIMENTAIS DE MEDIES PIEZOELTRICAS. .................. 17

    5.1. MTODO DE RESSONNCIA. ................................................................................... 17

    5.2. MTODO ESTTICO. ............................................................................................... 19

    6. ALGUMAS APLICAES DOS MATERIAIS PIEZOELTRICOS. ..................... 19

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    1. INTRODUO

    Em geral, uma fora externa aplicada a um slido (stress), causa uma deformao

    proporcional no material (strain), relacionada pelo modulo elstico Y= .

    A piezoeletricidade corresponde a presena de uma carga eltrica adicional, devido aplicao desta fora. Este fenmeno chamado de efeito piezoeltrico direto, onde a carga

    proporcional fora realizada sobre o slido (ver Figura 1).

    Em termos de polarizao eltrica P e stress , podemos escrever:

    dP= .... (1)

    Alem disso, existe um efeito piezoeltrico inverso, que consiste na apario de umadeformao no slido, devido aplicao de um campo eltrico. Esta deformao pode ser

    uma expanso ou contrao dependente da polaridade do campo aplicado (ver Figura 1).

    Desta forma valida a seguinte relao entre o campo eltrico E e a deformao ou strain

    ().

    dE= ....(2)

    Figura 1. Representao esquemtica do efeito piezoeltrico direto e inverso

    A constante de proporcionalidade que aparece em ambos efeitos a mesma, sendo

    chamada de coeficiente piezoeltrico. Valores elevados do coeficiente piezoeltrico d so

    procurados em materiais destinados a desenvolver movimentos de vibrao, como o caso de

    transdutores ultra-snicos limpadores.

    Outra constante piezoeltrica usada com freqncia g, que nos proporciona o valor do

    campo eltrico produzido pelo slido, como resposta a uma fora externa ou stress. Esta

    constante pode ser relacionada com d da seguinte forma:

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    O

    ddg

    == ....(3)

    Onde k, ko y k, so as permissividades eltricas no meio, no vcuo e a relativa,

    respectivamente.

    Valores altos do coeficiente g so desejados em materiais destinados a gerar corrente emresposta a uma tenso mecnica.

    Constantes piezoeltricas adicionais, como e, que relaciona o stress com o campo

    eltrico E e h, relacionando o strain com o campo E, so usadas s em ocasies

    especficas.

    = -eE ....(4)

    E = -h ....(5)

    As constantes piezoeltricas podem ser definidas como derivadas parciais, estimadas a

    stress constante (livre), campo constante (corto circuito), deslocamento eltrico constante

    (circuito aberto) e strain constante (fixo).

    E

    D

    Ed

    =

    =

    ....(6)

    =

    =

    D

    Eg

    D

    ....(7)

    E

    D

    Ee

    =

    =

    ....(8)

    D

    E

    Dh

    =

    =

    ....(9)

    Existe tambm outra grandeza fsica que nos proporciona um valor da potencialidade de

    nosso material como piezoeltrico, chamado de fator de acoplamento eletro-mecnico K. Este

    fator corresponde frao da energia eltrica total, que convertida em energia mecnica e

    vice-versa.

    totaleletricaenergia

    mecnicaenergiaaconvertidaeletricaenergiaK

    ....

    ..........2 = ....(10)

    totalmecnicaenergia

    eletricaenergiaaconvertidamecnicaenergiaK

    ....

    ..........2 = ....(11)

    O fator de acoplamento eletro-mecnico uma quantidade sempre menor que um. No

    quadro abaixo podemos observar alguns valores desta grandeza para diferentes materiais.

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    quartzo

    Titanato de Brio(cermicas)

    Pb(Ti,Zr)O3(cermicas)

    Sal de Rochelle(24oC)

    K 0.10 0.4 0.5-0.7 0.9

    Para cermicas e cristais, as constantes elsticas, dieltricas e piezoeltricas, podemdiferir ao longo das diferentes direes, por este motivo, estas so expressas e estudadas em

    forma de tensores. Desta forma, o estudo do efeito piezoeltrico neste trabalho foi realizado,

    levando-se em conta esta considerao.

    2. EFEITO PIEZOELTRICO DIRETO.

    Em geral, um estado de stress pode ser descrito por um tensor de segunda ordem (nove

    componentes), por outra parte, a polarizao de um cristal um vetor ou um tensor de

    primeira ordem, portanto descrito com 3 componentes. Vejamos agora de forma mais

    elaborada o significado de stress.

    Suponhamos um elemento de volume, situado em um corpo em estado de stress, devido a

    uma fora externa aplicada sobre ele, figura 2. Sobre esse elemento de volume haver foras

    atuando, que so proporcionais rea do elemento e so exercidas pelo material que o rodeia.

    Esta fora por unidade de rea chamada de stress.

    Figura 2. Corpo estressado.

    O stress chamado de homogneo se as foras que atuam sobre a superfcie do elemento

    de forma fixa, no so dependentes da posio do elemento no corpo.

    Levando-se em conta as seguintes situaes:

    1. Stress homogneo em todo o corpo.2. Todas as partes do corpo se encontram em equilbrio esttico.3. Presena de torques internos no corpo.

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    Suponhamos agora um corpo em forma de cubo, Figura 3.

    Figura 3. Componentes do tensor stress.

    Analisando as fases do cubo em direo ao sentido positivo dos eixos coordenados,

    chamamos por12, por exemplo, fora transmitida em direo X1, na fase perpendicular a

    X2.

    Sabendo-se que o stress homogneo, ento as foras transmitidas nas faces opostas do

    cubo so equivalentes e opostas s mostradas na Figura 3. Os valores positivos de 11, 22,

    33 (componentes normais), implicam em tenso e os negativos, compresso.Vejamos como se comportam os momentos de fora ou torques, tomando como eixo de

    rotao X3, Figura 4.

    Figura 4.Vista superior do corpo em estado de stress representado na Figura 3.

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    Como o stress homogneo, os trs componentes da fora em cada face, podem ser

    representados no ponto mdio da face, ento nenhuma das componentes perpendiculares s

    faces, nem as componentes tangenciais na face perpendicular a X3, tm torques relacionados a

    este eixo. Apenas 12 e 21 que por condio de equilbrio, devem apresentar valores iguais.

    Em geral, ij = ji no tensor stress.

    Se ns temos um cristal piezoeltrico em estado de stress, em geral, cada componente da

    polarizao Pi, vai estar afetada linearmente por todas as componentes do tensor stress ij.

    33133321323113123123

    22122211211311312112111111

    dddd

    dddddP

    ++++

    +++++=

    ....(12)

    De forma similar para as componentes da polarizao P2 e P3. A equao (12) pode serescrita de forma resumida como a seguir:

    P1= d1JKJK, de igual forma P2 = d2JKJK e P3 = d3JKJK

    Em geral

    Pi = diJKJK ....(13)

    onde diJK, so as 27 componentes do tensor de ordem 3, chamado coeficiente piezoeltrico.

    Significado fsico dos diJK.

    A aplicao de uma tenso uniaxial dada por 11 em nosso cristal, resultar em uma

    polarizao com as seguintes componentes.

    P1= d11111, P2= d21111 e P3= d31111

    Ento, conhecendo os valores de P1, P2 e P3, pode-se encontrar d111, d211, e d311.

    Suponhamos agora, uma toro sobre a face perpendicular a X3. Seguindo a representao

    da Figura 2, podemos observar que apenas as componentes 12 e 21, tero momento de fora.

    Sendo assim, P1 pode ser obtido por:

    21121121121 ddP +=

    mas 12 = 21, ento 121211121 )( ddP +=

    Neste caso, pode-se observar que (d112 + d121) tem um significado fsico bem definido, mas

    impossvel desenvolver um experimento para separar ambos coeficientes.

    A seguir, vamos considerardijk = dikj, e o desenvolvimento posterior mostrar a validez

    deste resultado.

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    Como mencionado anteriormente, os 27 nmeros representando uma grandeza fsica,

    constituem em um tensor de terceira ordem, mas para fazer esta afirmao, preciso que o

    tensor se transforme da seguinte forma ao mudar os eixos coordenados.

    Tijk= ailajmaknTlmn ....(14)

    Como a polarizao um vetor, que pode ser representado por um tensor de primeira

    ordem, ento podemos mudar os eixos Pi= ailPl. De forma similar possvel transformar

    um tensor de segunda ordem como stress mn = ajm akn jk, ento.

    Pi= ailPl= ail dlmn mn = ailajmakn dlmn jk = dijkjk,

    Ento dijk = ailajmakn dlmn, que a relao que estvamos procurando.

    Um tensor deste tipo, em geral tem 27 componentes independentes. Se suas componentes

    esto escritas de forma explcita, a representao ser em forma de cubo com 3 camadas,

    como mostra a figura 5.

    Figura 5. Representao de um tensor de ordem 3.

    O fato de que dijk seja simtrico em j e k, possibilita reduzir o tensor a 18 componentes

    independentes. Existe uma notao mais resumida para um tensor, conhecida como notao

    matricial como a descrita abaixo.

    Notao tensorial

    i =1 i =2 i =3

    d111 d112 d113 d211 d212 d213 d311 d312 d313

    d122 d123 d222 d223 d322 d323

    d133 d233 d333

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    Notao Matricial

    i =1 i =2 i =3

    d11 d16 d15 d21 d26 d25 d31 d36 d35

    d12 d14 d22 d24 d32 d34

    d13 d23 d33

    Nesta transformao o primeiro sufixo mantido e os dois ultimos mudam da seguinte forma:

    11 22 33 23,32 31,13 12,21

    1 2 3 4 5 6

    Seguindo a mesma lgica

    Desta forma

    Ou

    6165154143132121111 ddddddP +++++=

    De maneira geral pode -se escrever Pi = dij j (i = 1,2,3 j = 1,2,3,4,5,6)

    Ento a matriz pode ser escrita da seguinte forma

    333231

    232221

    131211

    ddd

    ddd

    ddd

    Cada linha da matriz representa uma camada da representao tensorial.

    3134145154142126165156161111 2

    1

    2

    1

    2

    1

    2

    1

    2

    1

    2

    1 dddddddddP ++++++++=

    363534

    262524

    161514

    ddd

    ddd

    ddd

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    3. EFEITO PIEZOELTRICO INVERSO.

    Se um campo eltrico aplicado a um cristal piezoeltrico, a forma deste muda. Este

    fenmeno conhecido como efeito piezoeltrico inverso.

    Existe uma relao linear entre as componentes do vetor intensidade do campo eltrico Eie as componentes do tensor strain, que a grandeza fsica que descreve esta deformao.

    Alem disso, os coeficientes que ligam o campo eltrico e o strain no efeito piezoeltrico

    inverso, so os mesmos que ligam o stress e a polarizao no efeito direito.

    Efeito direto Pi = dijkjk ....(15)

    Efeito inverso jk = dijk Ei ....(16)

    Tensor strain

    Suponhamos uma corda flexvel que sofreu um pequeno estiramento e chamemos e11

    deformao por unidade de longitude no eixo X1, Figura 6.

    Figura 6. Corda. a) Sem tenso. b) Aps realizar uma tenso sobre ela.

    Analisemos o caso de um elemento de longitude paralelo a X2, que realiza uma rotao

    sobre o eixo X3 em direo a X1, Figura 7. Esta rotao ser definida como e12. Desta forma

    teremos uma matriz com 9 componentes eij, (i,j = 1,2,3).O tensor strain [ij] est definido como a parte simtrica de [eij].

    ij = (eij + eji) ....(17)

    Assim, se tem que jk um tensor simtrico em j e k; a equao 16, portanto, nos conduz

    ao fato de que dijk simtrico em j e k, resultado que j havamos antecipado na anlise do

    efeito piezoeltrico direto.

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    Figura 7. Rotao de um elemento de longitude paralelo a X2, que realiza uma rotao sobre o

    eixo X3 em direo a X1 (e12).

    As componentes do tensor strain so dadas por:

    11 = d111 E1 + d211 E2 + d311 E3 ....(18)

    12 = d112 E1 + d212 E2 + d312 E3 ....(19)

    de forma anloga pode-se obter as demais componentes.

    Em notao matricial e de forma geral se ter: j = dij Ei. (i = 1,2,3 j = 1,2,3,.....,6)

    No seguinte esquema, se resumem as equaes piezoeltricas em notao matricial.1 2 3 4 5 6

    1 2 3 4 5 6

    E1 P1 d11 d12 d13 d14 d15 d16

    E2 P2 d21 d22 d23 d24 d25 d26

    E3 P3 d31 d32 d33 d34 d35 d36

    4. REDUO DO NMERO DE COEFICIENTES INDEPENDENTES

    POR SIMETRIA NO CRISTAL.

    Os coeficientes independentes do tensor piezoeltrico podem ser reduzidos, levando-se em

    conta a simetria do cristal.

    O princpio do mtodo transformar os eixos de referncia do tensor por um doselementos de simetria do cristal. Para ilustrar, consideremos um cristal centrossimtrico

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    (simetria de inverso). Ento as matrizes para transformar os eixos sero aij = -ij. As

    componentes do tensor piezoeltrico mudaro de eixos pela seguinte relao:

    d'ijk = ail ajm akn dlmn = -il jm kn dlmn

    d'ijk = - dijkMas, pelo fato do cristal apresentar simetria de inverso d'ijk = dijk, ento dijk = 0.

    Como segundo exemplo, consideremos um eixo de simetria de segunda ordem ou de 1800.

    Se ns realizamos uma rotao de 180o, ao redor desse eixo, as propriedades do cristal

    permanecero invariveis. Vamos supor agora, o eixo de simetria de ordem 2, paralelo a X3

    como mostra a Figura 8:

    Figura 8. Eixo de simetria de ordem 2, paralelo a X3.

    X1 -X1; X2 -X2 e X3 X3

    Analisando ento os coeficientes dijk, por exemplo:

    d123 = (-1)(-1)(1) d123 ou d123 = d123; o coeficiente d123, diferente de zero. Agora,

    faremos o mesmo com d133:

    d133 = (-1)(1)(1) d133 ou d133 = -d133

    mas como h simetria de ordem 2 e os eixos foram rotados a 180o, d133 dever ser igual a

    d133.

    d133 = -d133 = d133, ento d133 = 0

    Seguindo o mesmo procedimento, pode-se analisar cada um dos valores dijk. Em notao

    tensorial ficar:

    d111 = 0 d112 = 0 d113 0 0 d213 d311 d312 0

    d122 = 0 d123 0 d223 d322 0

    d133 = 0 0 d333

    Em notao matricial

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    13

    36333231

    2524

    1514

    00

    0000

    0000

    dddd

    dd

    dd

    Vamos ver um exemplo deste mtodo para um cristal com simetria 42m. O eixo de

    rotao de ordem 4, paralelo a X3, tem incluido um eixo de segunda ordem, tambm paraleloa X3, como mostrado na Figura 9.

    Figura 9. Simetria 42m.

    Sabemos que para um eixo de rotao de ordem 2, no se anulam somente os coeficientes

    d14, d15, d24, d25, d31, d32, d33 e d36, portanto somente eles sero tomados em considerao a

    seguir. A notao 4, significa que existe simetria, aps uma rotao de 900, seguida por uma

    operao de inverso, portanto os eixos se transforman da seguinte forma:

    Figura 10. Transformao de eixos ao realizar a operao de simetria

    4

    1 -2; 2 1 e 3 -3 (Figura 10).

    Ento:

    d113 = - d223 d213 = d123 d311 = - d322 d312 = d321

    d123 = d213 d223 = - d113 d322 = - d311 d333 = - d333

    Agora consideremos o eixo de rotao paralelo a X1. Podemos notar, que ao considerarmos

    um eixo de rotao de ordem 2, paralelo a X3, todos os coeficientes dijk onde i, j, k 3 ou i =

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    14

    j = 3 ou i = k = 3 ou k = j = 3, se anulam. De forma anloga, um eixo de rotao de ordem 2,

    paralelo a X1, anular todos os coeficientes que cumpram i, j, k 1 ou i = j = 1 ou i = k = 1

    ou k = j = 1. Desta forma, somente ficaro os coeficientes:

    d123 = d213 ; d312 = d321 ou seja d14 = d25 ; d36.

    Sendo assim, a matriz ficar:

    4.1. CASOS TRIGONAL E HEXAGONAL.

    Ate agora vimos que ao fazer uma operao de simetria, um eixo se transforma em outroou nele mesmo (pode ser com sinal invertido). No caso de classe 3 e 6, impossvel rotar o

    sistema com respeito a um eixo 1200 ou 600 e obter os novos eixos acima dos antigos, neste

    caso procede-se de forma diferente. O principio exatamente o mesmo descrito

    anteriormente, ou seja, transformar os eixos pela operao do elemento de simetria do cristal e

    igualar os velhos coeficientes com os novos. Analisemos um exemplo para simetria de ordem

    3, Figura 11, a matriz da transformao fica:

    Figura 11. Rotao de 1200 nos eixos coordenados.

    Desta forma cada dijk ficar de maneira geral como combinao linear dos 18 elementos

    da matriz. Vejamos um exemplo para facilitar a compreenso:

    d111 = X13 d111 + X1

    2X2 d112+ X1X22d122 + X2X1

    2d211 + X2

    2X1 d212 + X23 d222 ....(20)

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    15

    Para o caso do coeficiente d111, todos os valores de Xi, so tomados da linha X1, da

    matriz de transformao. Fazendo-se para o caso do coeficiente d211, o procedimento ser o

    seguinte:

    - O primeiro valor de Xi, para cada coeficiente dijk, pegaremos da linha X2, damatriz de transformao.

    - Os dois ltimos valores de Xi, para cada coeficiente dijk, pegaremos da linha X1,da matriz de transformao.

    Desta forma pode-se obter para o coeficiente d211, a seguinte equao:

    211222212211

    122112111211

    2

    3

    2

    3

    2

    1

    2

    3

    2

    1

    2

    1

    2

    1

    2

    1

    2

    1

    2

    3

    2

    3

    2

    3

    2

    3

    2

    1

    2

    3

    2

    1

    2

    1

    2

    3'

    dddd

    dddd

    =

    +

    +

    +

    +

    +

    +

    =

    ou

    211222212211122112111211 8

    3

    8

    3

    8

    1

    8

    33

    8

    3

    8

    3' dddddddd =++= ....(21)

    Os coeficientes dijk, onde algum dos sufixos i, j, k =3, no aportam para os dijk onde

    i, j, k 3, devido relao dada pela matriz de transformao.

    De forma anloga vai-se obter uma equao similar equao (19) para cada um dos

    coeficientes d111, d112, d122, d211, d212, d222, chegando a um sistema de equaes de 66que pode ser calculado. Os coeficientes dijk, onde alguns dos sufixos i, j, k =3, tambm

    podem ser calculados da mesma forma.

    As solues ficam da seguinte maneira:

    2212

    122111

    ddd == ; 211

    112222 2

    dd

    d == 233113 dd = ; 213123 dd = ; 322311 dd =

    0323313312233133 ===== ddddd

    Em notao matricial :

    226

    1211

    ddd == ; 21

    1622 2

    dd

    d == 2415 dd = ; 2514 dd = ; 3231 dd =

    03435362313 ===== ddddd

    A representao fica:

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    16

    Agora vejamos o significado fsico real destas matrizes. Para exemplificar consideremos o

    quartzo. temperatura ambiente, o quartzo tem estrutura trigonal com simetria classe 32,

    Figura 12.

    Figura 12. Simetria 32.

    A matriz ser dada por:

    1 2 3 4 5 6

    P1 d11 -d11 0 d14 0 0P2 0 0 0 0 -d14 -2d11P3 0 0 0 0 0 0

    Em acordo com a simetria do quartzo, se ns aplicssemos uma tenso de estiramento 1,

    paralelo ao eixo X1, aparecer uma componente da polarizao no material nessa mesma

    direo: P1 = d111; P2 = 0; P3 = 0

    Por outro lado, se fazemos uma presso compressiva 2 na direo X2 ou uma toro 4

    ao redor do eixo X1, produzir tambm uma polarizao paralela a X1. P1 = -d112; P2 = 0;

    P3 = 0 ou P1 = d144; P2 = 0; P3 = 0

    Ento concluindo, podemos obter uma polarizao na direo X1, de diferentes formas.

    Tenso ao longo de X1.Compresso ao longo de X2.Uma toro ao redor do eixo X1.

    De forma anloga, pode-se deduzir que uma polarizao paralela ao eixo X2, s aparecer se

    ocorre:

    Uma toro 5 ao redor do eixo X2. P1 = 0; P2 = -d145; P3 = 0Uma toro 6 ao redor do eixo X3. P1 = 0; P2 = -2d116; P3 = 0

    O fato de que todas as componentes dij, na ltima linha da matriz, so iguais a zero, implica

    que nunca aparecer uma polarizao paralela ao eixo X3, devido a uma tenso (stress) sobreo cristal. Vejamos como poderia se interpretar o efeito inverso. Suponhamos um campo

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    eltrico E1, ao longo do eixo X1. A deformao nesta direo estar dada por1 = d11 E1, mas

    este campo eltrico deformar tambm o cristal ao longo da direo X2 (2 = d11 E1) de forma

    que se 1 foi compressiva, ento 2 extensiva e vice-versa. Alem disso, o cristal se torcer ao

    redor de X1 (4 = d14 E1).

    5. TCNICAS EXPERIMENTAIS DE MEDIES PIEZOELTRICAS.

    Na prtica, existem dois mtodos fundamentais para caracterizar um material

    piezoeltrico:

    Mtodo da ressonncia.Mtodo esttico.

    5.1. MTODO DE RESSONNCIA.

    O mtodo de ressonncia baseado fundamentalmente no seguinte principio. Ao submeter

    uma barra de material piezoeltrico a uma voltagem alternada, este comear a oscilar nas trs

    dimenses do espao com uma freqncia caracterstica para cada modo de vibrao, Figura

    13.

    Mas a forma de vibrao dos 3 modos, depender das dimenses do cristal, de forma que

    L = L/2; t = t/2 e d = d/2 ....(22)

    Figura 13. Barra piezeltrica submetida a uma voltagem alternada.

    conhecido tambm, que para um ente oscilante, a velocidade se relaciona com a

    freqncia de oscilao. v=f, ento:

    VL= 2LfL ....(23)

    Vt= 2t ft ....(24)

    Vd=2dfd ....(25)

    Normalmente difcil separar os diferentes modos de oscilao do cristal, s no caso onde

    L>> t >> d, de forma que L/d > 40, ser possvel observar que em freqncias menores

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    comear uma vibrao transversal L, com o aumento da freqncia, aparece ento o modo de

    espessura d.

    O equivalente eltrico da Figura 13 um circuito RLC em srie, paralelo com um

    capacitor C0 que faz o papel dos contatos, a rama RLC o material piezoeltrico, Figura 14.

    Com o aumento da freqncia da fonte, chegaremos a um ponto onde o circuito RLC entrarem ressonncia, situao que resulta na queda da impedncia total do circuito. Ao aumentar a

    freqncia pode-se chegar a um ponto onde os capacitores C, C0 e a indutncia L entram em

    ressonncia, situao de mxima impedncia do circuito.

    Figura 14. Equivalente eltrico de um material piezoeltrico submetido a um sinal alternado.

    Na Figura 15, pode-se observar o grfico de log (Z) em funo da freqncia. Veja os

    valores de freqncia para a impedncia mnima (ressonncia) e impedncia mxima (anti-

    ressonncia).

    Figura 15. Comportamento da impedncia com a variao da freqncia para um circuito

    RLC em srie, paralelo com um capacitor, submetido a um sinal alternado.

    O grfico representado na Figura 15, ser obtido para cada modo de vibrao em nosso

    material, de maneira que uma freqncia de ressonncia e anti-ressonncia, poder ser

    extrada para cada um dos modos.

    A partir destas freqncias podero ser calculadas algumas das grandezas fsicas que

    precisamos para realizar nossa caracterizao, como por exemplo, o fator de acoplamento

    eletro-mecnico ou coeficiente piezoeltrico, em direes de interesse.

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    As dedues destas relaes so complexas, devido a sua dependncia com a forma do

    material e com os modos de vibrao.

    Para o caso que se est tratando (barras), se conhece que:

    +

    =

    R

    RA

    R

    A

    R

    RA

    R

    A

    F

    FF

    F

    FF

    FF

    F

    F

    k

    2tan

    21

    2

    tan

    2231

    ....(26)

    onde K31 o fator de acoplamento eletro-mecnico transversal.

    Por outra parte se tem que:

    3311

    2312

    31 ES

    dK = ....(27)

    SE Constante elstica a campo eltrico constante.

    Permissividade livre de stress.

    5.2. MTODO ESTTICO.

    Este mtodo consiste simplesmente na aplicao de um campo eltrico esttico a um

    material piezoeltrico, para observar a sua deformao em diferentes direes. A partir destas

    deformaes pode-se obter os coeficientes piezoeltricos desejados. As relaes

    freqentemente utilizadas so:

    =

    =

    31

    1

    1

    331

    E

    Dd

    E

    e

    =

    =

    3

    3

    3

    333

    E

    Dd

    E

    ....(28)

    A forma de caracterizar um material piezoeltrico depende do uso a que ser destinado. Se

    a aplicao ser em vibradores, mais conveniente sua caracterizao pelo mtodo de

    ressonncia, mas se precisamos um atuador, ento o mtodo esttico o mais adequado.

    6. ALGUMAS APLICAES DOS MATERIAIS PIEZOELTRICOS.

    Os materiais piezoeltricos so amplamente utilizados na indstria. Suas propriedades os

    fazem importantes para uma grande quantidade de aplicaes, das quais citaremos algumas:

    Transdutores eletromecnicos. A propriedade de manter uma freqncia estvel de

    vibrao, ao ser submetido a um campo alternado, possibilita a colocao dos materiais

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    piezoeltricos em uma infinidade de aparelhos como: estabilizadores de freqncia, relgios,

    instrumentos de medio de alta preciso, limpadores ultra-snicos, etc.

    Transdutores eletroacsticos. So usados para gerar informao em forma de ondas

    sonoras que sero propagadas em meios slidos ou lquidos.

    Filtros de ondas. Limitam a freqncia de operao das redes eltricas.Fontes de alta voltagem. Voltagens maiores a 100kV, tem sido geradas aplicando foras

    sobre materiais piezoeltricos.

    Hidrofones. As cermicas piezoeltricas tm a propriedade de recepo de ondas sonoras

    em gua ou outros lquidos com propriedades similares.

    Aplicaes mdicas. A propriedade de gerar e detectar ondas sonoras usada em

    diagnsticos mdicos. A reflexo destas ondas em interfaces entre diferentes corpos

    possibilita a deteco de corpos estranhos.Microfones ultra-snicos. A recepo de ondas de ultra-som os fazem importantes na

    fabricao de diversos aparelhos, por exemplo, controles remotos de equipamentos

    eletrodomsticos.