Pitoco revista fev 2018b · Preços especiais válidos até 28/2/2018 para veículos adquiridos por...

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SUCESSÃO FAMILIAR Avô rei, filho nobre, neto pobre O triunvirato dos anos PT em Itaipu - Jorge Samek, Nelton Friedrich e Gilmar Piolla - desfia encantos e desencantos do pós-poder ELEIÇÕES 2018 A última cartada de Álvaro Dias PSIQUIATRIA Os baixinhos no divã de Regiane DAY AFTER Cascavel, 23 de fevereiro de 2018 - Ano XXII - Nº 2135 - R$ 12,00

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SUCESSÃO FAMILIARAvô rei, fi lho nobre, neto pobre

O triunvirato dos anos PT em Itaipu - Jorge Samek, Nelton Friedrich e Gilmar Piolla - desfi a encantos e desencantos do pós-poder

ELEIÇÕES 2018A última cartada de Álvaro Dias

PSIQUIATRIAOs baixinhos no divã de Regiane

DAY AFTER

Cascavel, 23 de fevereiro de 2018 - Ano XXII - Nº 2135 - R$ 12,00

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DAY AFTER

Após 14 anos de planalto, houve um dia em que Jorge Samek, Nelton Friedrich e Gilmar Piolla retornaram à planície

A fama, às vezes, dura apenas 15

minutos. O ostracis-mo, um pouco mais. No caso da reluzente diretoria lulo-dilmista da Itaipu, a fama e o poder foram bem além dos minutos. Perpassaram a década. Jorge Miguel Samek e Nel-ton Friedrich, as estrelas mais reluzentes da barragem, perma-neceram quase 14 anos em alguns dos cargos mais ambicionados da República. Diretor-geral bra-sileiro e diretor de Coordenação, respectivamente. Não é exagero dizer que ambos os cargos são mais disputados que alguns ministérios em Brasília. Elenca-se aqui alguns motivos palpáveis para entender esta equação:

GLAMOUR - Nelton visi-tou 34 países, na maioria das ocasiões muito bem hospedado, recepcionado em lautos jantares, divulgando o meritório “Culti-vando Água Boa”, de sua lavra, o programa mais premiado da história da binacional. Frequentou palácio da nobreza, como quando foi recebido pelo rei da Espanha, e conheceu dezenas de personali-dades da política mundial, como Mikhail Gorbachev.

Jorge Samek perdeu a conta de quantas viagens internacio-nais participou. Recebeu mais de 40 chefes de Estado. Esteve em conferência, como convidado especial do amigo Ban Ki-moon, secretário geral da ONU, com 133 presidentes e primeiros-ministros de todo o planeta.

PODER - Samek tinha acesso direto ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a quem recebia na fazenda da família, entre Foz do Iguaçu e São Miguel, para longas pescarias. A amizade começou lá atrás, com uma dupla

Jairo Eduardo / Heinz Schmidt

O pós-poder

derrota: Samek perdeu a disputa para o governo do Paraná no ano em que Lula perdia mais uma presidencial para os tucanos, na década de 1990.

DINHEIRO - No lastro de toda esta energia, o mega-orça-mento de Itaipu, que sob comando do petismo já passava de 3 bilhões de dólares. Embora sistematica-mente organizada e planejada, a binacional tem recursos sufi cien-tes para – diante dos pleitos que se apresentam - o presidente pra-ticar bastante a palavra “sim” e, se der bobeira, acabar esquecendo como se pronuncia o “não”. Além do glamour e do poder, os dirigen-

tes da binacional são muito bem pagos. O diretor-geral brasileiro recebe R$ 69.656,35, o dobro do teto constitucional. Os demais cin-co diretores, R$ 67.254,41 cada.

BLINDAGEM - Bem pagos, empoderados e glamourizados, os diretores de Itaipu também são blindados pelo caráter binacional da empresa. Eles pouco ou nada se incomodam com os promotores abelhudos do Ministério Público Federal ou com a Controladoria Geral da União (CGU). Ou seja, um poder quase ilimitado, que uma vez ofertado aos fracos teria o condão de transformá-los em pavões da “Banânia”, a republi-

queta. Não parece ser este o caso dos homens em tela.

O DIA SEGUINTE - Mas e o day after? E o dia seguinte após quase 15 anos de fama? Como Samek e Friedrich prepararam o regresso ao mundo dos mortais comuns, à planície? Como é a vida no relativo ostracismo? Foram eles assombrados pela DPP, a Depressão Pós-Poder? Após duas horas de conversa gravada com os ex-diretores por ocasião da visita deles ao Show Rural Coopavel, o Pitoco obteve respostas para essas perguntas e muitas outras, cujos principais trechos são aqui reproduzidos.

Nova York, 30 de março de 2015. Na sede das Nações Unidas, o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek (c), o diretor-geral paraguaio, James Spalding (d), e o diretor de Coordenação, Nelton Friedrich (e), recebem o prêmio Water for Life, entregue em nome do secretário-geral Ban Ki-moon por Cristina Gallach, sub-secretária geral para comunicações

Jayme de Carvalho Jr.

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“Nem para velório convidam a gente”

Ex-diretor de Itaipu comenta o pós-poder com uma tirada irônica e diz que queimou as vaidades antes dos 30 anos

Ao p é d o Himalaia,

entre a China e a Índia, Nelton

Friedrich apresentava o programa “Cultivando Água Boa” para representantes de dezenas de países. Ali, no Butão, pequeno país es-condido entre as cadeias montanhosas, o diretor de Itaipu foi apresentado para o conceito de FIB, Felicidade Interna Bruta, que tem até um ministro no país asiático.

Bem antes dessa experi-ência, Nelton já sabia como pode ser efêmera a felicidade. Aqui, ele relata as ascensões e quedas de sua vistosa car-reira política e assegura que está vacinado do mundo das vaidades há muito tempo. Acompanhe:

Pelo planeta IMinha missão em Itaipu

permitiu, sim, muitas viagens internacionais. Participei da Cop 21, a conferência do clima, com repre-sentação de 193 países. Apresentei o “Água Boa” no Fórum das Américas, em Nova York. Palestrei sobre bacias hidrográfi cas na China. Tive a honra de dar aula em Florença para seis universidades italianas, ocasião em que o reitor declarou: “O velho mundo tem algo a aprender com o novo mundo”.

Pelo planeta IIFui recebido pelo rei da Espanha em Bar-

celona, por Mikhail Gorbachev, presidente que fez a transição da União Soviética para a Rússia. Versamos sobre o contrato mundial da água, identifi camos mais de 400 pontos potenciais de confl itos fronteiriços por água e debatemos a água para a paz, e paz para a água.

Vaidades IQueimei minhas vaidades antes dos 30

anos. Fui candidato a prefeito de Toledo em 1976, aos 25 anos. Fui o mais votado, com 39% dos votos. Mas o eleito, pelo sistema que vigorava na época [NR - soma dos votos de le-genda], foi o segundo mais votado, com apenas

21%. Na ocasião, enfrentei nas urnas o diretor da Sadia e um ex-prefeito. Entrei na disputa com a certeza de que não iríamos ganhar, da mesma forma que entrei em Itaipu sabendo que iria sair.

Vaidades IIAos 29 anos de idade fi z 84 mil votos para

deputado. Era algo para encher a pessoa de vai-dade. Não fui para o parlamento para atender convite do governador José Richa. Em 1983, fui o primeiro secretário de Estado do Oeste, e logo de cara com o maior orçamento, pois a pasta - a Secretaria do Interior - colocava ao meu mando estatais como a Sanepar e a Copel.

A derrotaDepois fui eleito deputado federal com a

quarta maior votação do Paraná. Apresentei 530 emendas na Constituinte, tive 95% de assiduidade, parlamentar nota 10 do DIAP. Disputei a reeleição e perdi por 184 votos. Recebi um telegrama do eleitorado do Paraná dizendo assim: “Olha, você não volta mais para Brasília”. Eu estava fora do Congresso

Onde anda você?“Moro três dias por semana em

Missal, onde adquiri um sítio para produção orgânica de hortaliças e er-vas em mandala. Crio também frango caipira. Havia muito o que fazer. Até o dentista eu vinha adiando. Corri atrás do inventário de meu pai, fui atrás de escrituras de um apartamento, voltei a fazer minha própria agenda. Passo um período da semana em Foz ou Curitiba. Proferi 16 palestras desde setembro; não cobro de movimentos sociais, apenas o ressarcimento da despesa. Tenho uma aposentadoria da Câmara dos Depu-tados, proporcional a dois mandatos. Herdei também alguns imóveis, mas nunca me apeguei a bens materiais. Eu era sócio de um escritório da advocacia com 609 processos. Saí para o mundo da política e nunca mais voltei lá para pedir nada. Não precisa muito para viver bem”.

pelo equivalente à metade de uma urna de Cascavel.

Beijo na lonaVi deputado que não se reelegeu virar

alcoólatra. O cara não acertou mais o passo. Um ex-colega de parlamento me falou: “Saio de casa, não sei mais para onde vou”. Viven-ciei experiência semelhante quando deixei a Secretaria de Estado e depois quando perdi a eleição para deputado. Nem para velório con-vidam mais a gente (risos). Faz lembrar aquela música (cantando): “quero que risque meu nome de sua agenda/esqueça o meu telefone, não me ligue mais...”

Mala prontaA exoneração de Itaipu administrei melhor

em razão das experiências que acabo de lhes relatar. Aprendi que a atividade mais instá-vel do mundo é a política. Quando ocorreu o golpe [NR - impeachment da presidente Dil-ma], encaixotei 16 caixas com livros, objetos pessoais meus. Muita coisa. Eram mais de 13 anos no cargo. Mas o tal do “Diário Ofi cial” com a demissão não saía. Já nesse período ia aumentando a solidão, não necessariamente no sentido negativo da palavra.

O corrimão da glóriaQuando vivemos essas experiências, pas-

samos a entender melhor o tal ser humano. Dizia Ulysses Guimarães que o poder é afrodi-síaco. E que tem a capacidade extraordinária de hipnotizar as pessoas. Então, quando você perde relevância nesse meio, perde também a condição de hipnotizar e perde os poderes afrodisíacos. É aí que você percebe por que alguns tanto fazem para permanecer no poder. É aí que ganha sentido o conceito de puxa--saquismo como corrimão da glória.

Nelton: “Dizia Ulysses que o poder é afrodisíaco”

DAY AFTER

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“Melhor que o paraíso”Presidente mais longevo de Itaipu fala da vida fora dos holofotes e da experiência

que foi chefi ar uma empresa mais importante que muitos ministérios da República

Onde tem dinheiro, tem poder e cobiça. Como Jorge Mi-

guel Samek, primeiro político de esquerda a dirigir a então sisuda

e conservadora Itaipu administrou o ego, a vaidade? Como é a vida fora dos holofotes, após quase 14 anos a frente de uma das jóias da coroa do estamento social brasileiro? Aqui o ex-diretor-geral brasileiro, agora liberto da liturgia do ofício, relata passagens deliciosas, como o momento em que sua esposa, Olívia, contou em uma conversa informal qual era seu vinho preferido.

Dali a pouco, Samek não sabia mais onde pôr tantas garrafas, cogitou até - brincando - montar sua própria adega. Não é para menos. Ele teve muito tempo para receber regalos dos “novos fãs”, gente que sequer conhecia, e que nem se dava ao trabalho de cumprimentá-lo quando era um simples vereador curitibano, de um partido tido como “vermelhinho” pela conservadora elite da capital.

Enquanto presidiu a binacional, Samek assistiu a cadeira do sócio vizinho de mesmo nível ser ocupada sucessivamente por oito pa-raguaios. Viu cinco presidentes da República se alternarem no poder, no Paraguai.

Franco, direto, Samek não tem medo de afi rmar: “Presidir Itaipu é melhor que o pa-raíso, pois não precisa morrer para ocupar o cargo”. Acompanhe os principais trechos da entrevista que consumiu uma hora e nove minutos:

Pai conservadorMeu pai fez uma péssima aposta, um in-

vestimento improdutivo quando pagou para que eu cursasse Engenharia Agronômica em Curitiba. Ele e o entorno dele em Foz do Iguaçu nunca entenderam por que fui para o PT. Pai era conservador, cercado por conservadores. A Foz de minha infância tinha 5 mil moradores, mil deles militares. Fui criado neste meio. Eu e a juventude universitária da capital militá-vamos na esquerda. Meu velho pai, presidente da Sociedade Rural e membro da Faep, sofria bullying, na linha: “Seu João, teu piá está perdido”.

DeserdadosA vida inteira meu pai mentiu para mim

e para meus dois irmãos. Ele dizia: “Vou dar diploma para vocês. Se quiserem estudar, vou lhes dar estudo. Depois vou vender tudo isso aqui [NR - a fazenda de 800 hectares entre Foz do Iguaçu e São Miguel]. Vendo tudo e vou

correr o mundo com dona Cristina” [NR - mãe de Samek]. E o pai sempre repetia: “Não con-tem com isto aqui, vocês não terão herança”.

Pós-tucanoEu, caboclinho que nasceu na barranca do

rio Paraná, em uma Foz do Iguaçu de 5 mil almas, jamais poderia imaginar que um dia administraria Itaipu. E peguei na melhor fase. Com 18 unidades instaladas, restando apenas duas para completar. Meu antecessor, Euclides Scalco [NR - tucano de fartas plumagens, no-meado por FHC], havia renegociado a dívida, regularizado os royalties, era um excelente momento.

Polacos do LulaOlhamos para aquilo tudo e concluímos:

Tem muito cérebro aqui. Isso aqui não pode ser só para produzir energia. Temos que sintonizar

Itaipu com seu entorno e com o mundo. O pre-sidente Lula nos deu completa autonomia. Não era aquilo de um polaco de cada colônia. Nossa primeira coligação foi com São Pedro, foram anos maravilhosos em que todos os recordes de produção foram derrubados, um a um.

Novo OesteQuando assumi o cargo, a região Oeste vi-

via uma rica transição econômica. Migrava da produção de proteína vegetal para proteína ani-mal. O frango virou o milho de asas. Em parale-lo, constituía-se um vigoroso polo educacional em Cascavel, Foz, Toledo e outros municípios. Os números do Oeste não andaram, saltaram feito canguru. Itaipu conectou-se a isso.

Sete QuedasEm 2023, esgota o anexo C do Tratado de

Itaipu. Ali termina o compromisso de pagar royalties aos municípios. Itaipu paga royalties para 234 municípios! Até Brasília recebe. É o momento de rever isso tudo, mantendo o pagamento de royalties para os municípios aqui da região, afi nal o território que eles perderam continuará alagado. Também é preciso reparar o injusto com o município de Guaíra. Ao meu ver, Guaíra tem que receber o mesmo valor de Santa Helena, R$ 6 milhões mensais, como reparação pela inundação das Sete Quedas.

Fidel Castro foi quem mais me impressionou. Conversei com ele na posse do presidente Nicanor Duarte Frutos, em 2003. Depois fui três vezes a Cuba e mantive mais dois

encontros com Fidel.”

Samek: “Sei que tudo é passageiro, não mudei nada. Os amigos são os mesmos”

Onde anda você?“Venho até a fazenda todo mês. A área

adquirida pelo meu pai, pioneiro de Foz, chama-se Cacic. Tem 800 hectares, 60% em Foz, 40% em São Miguel do Iguaçu, lá no Bananal, com 11 quilômetros às mar-gens do lago. No Carnaval estive lá, acom-panhando a colheita da soja. Lá fazemos a integração lavoura-pecuária. Criamos gado angus, nelore, plantamos milho e soja. Estamos morando, eu e a Maria Olívia, no Juvevê, em Curitiba, com uma fi lha. Temos três fi lhos já casados e três netos.

“Sou homem de hábitos simples, econô-mico. Não tenho lancha, não tenho carrão. Uso um toyotinha Etios e um Pajero TR4. Na fazenda tenho um jipinho 1951, foi com um desses que aprendi dirigir.

“Três décadas atrás, preparei minha

aposentadoria verde: comprei por R$ 800 o alqueire com um sócio, uma área de 100 alqueires na região mais pobre do Paraná, no Vale do Ribeira, quase divisa com São Paulo. A área era igual o Chaco paraguaio. Fomos refl orestando com pinus na proporção de cinco alqueires por ano.

“Ao longo de mais de duas décadas, plantamos 200 mil pinheiros. O que me dá renda é a resina do pinus. Passo uma parte do tempo lá. Também estou palestrando e atuando como consultor na área de energia para a Fundação Getúlio Vargas.

“Tenho 39 anos de carteira assinada na Secretaria de Estado da Agricultura, onde me aposentei. Coisa boa não ter que usar terno. Gosto destas camisetas de R$ 15, não uso grife. Meu armário é diminuto e a cama acolhedora, durmo bem pra caramba...”

Agenda presidencialRecebi mais de 40 chefes de Estado. Em

apenas uma ocasião, foram 18. Fidel Castro foi quem mais me impressionou. Conversei com ele na posse do presidente Nicanor Duarte Frutos, em 2003, no Paraguai. Fidel me fez um monte de perguntas sobre Itaipu. Passei uns apuros, eu tinha apenas oito meses no cargo, não dominava completamente a máquina. Depois fui três vezes a Cuba e mantive mais dois encontros com Fidel.

O visionárioOutro encontro que me impressionou foi

com o presidente da Alemanha, Horst Köhler, em Itaipu, lá por 2007. Ele olhou com atenção a barragem, as pessoas, as máquinas, e disse: “Isto aqui vai mudar tudo em três décadas. A energia será solar”. Nesse tempo, não tínha-mos um único painel solar instalado. Ele nos deu uma aula de como a Alemanha estava se preparando para o mundo pós-carvão e pós-petróleo.

Coreano piradoFiquei muito amigo do secretário-geral da

ONU, Ban Ki-moon. O coreano visitou Itaipu duas vezes. E nos levou para a histórica Confe-rência do Clima com 133 chefes de Estado. Ele fi cou muito impressionado com Itaipu. Viu o que fazíamos no entorno. Viu energia a partir da bosta. O coreano pirou, é um cara e tanto. Ficamos muito parceiros.

Chico dos pobresOutro encontro marcante foi com o papa

argentino. Ele foi ao Paraguai, em Pilar, onde celebrou uma missa. Lembro que a decoração do local, por conta de Itaipu, expunha vários alimentos produzidos em nossa região. Con-versei 10 minutos com o Papa Francisco. Ele perguntou: “Vocês são tão grandes, ricos, qual a preocupação de vocês com os pobres?” Depois me benzeu e me abençoou.

Atibaia de FozNo início de minha carreira política eu era

doutrinador. Vi que isso era pregar no deserto em certos setores. Então estabeleci um convívio respeitoso com o conservadorismo. Aprendi muito com Lula. Certa vez ele fi cou 15 dias na fazenda em Foz. Quando a gente embalava demais na política, dona Mariza interrompia a conversa com uma caipirinha, um carteado e o papo fi cava mais leve. Nunca levei fofoca para ele, nunca fui piduncho, e por aí construímos uma relação maravilhosa.

Amigos de ocasiãoTodo mundo era meu amigo, mas isso é

normal. Itaipu tem uma linha de conduta onde tudo está escrito, normatizado. A pessoa me procurava para falar de uma concorrência, eu recebia todos e dizia: - Bom dia, haverá mesmo uma concorrência, está tudo no site, estude o edital, você tem competência, tem condições de

ganhar, vá lá e concorra”. E por aí a conversa terminava.

Taças de cristalGanhei muitos vinhos, muitas garrafas

de uisque, copos de cristal. Certa vez minha mulher falou em um grupo que gostava de determinada marca de vinho. Incrível o que apareceu daquele vinho, foi uma loucura. Dava para montar uma adega. No meu primeiro ano lá, era difícil sair antes da meia-noite. Eram mais de 40 agendas por dias, a fi la parecia teta de porca. Mas logo os amigos perceberam que eu não estava ali para atender o varejinho, tinha que administrar Itaipu.

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Samek na fazenda aberta pelo pai, em Foz do Iguaçu, e na plantação de pinus no Vale do Ribeira

Caras que nem me conheciam direito, me

convidavam para jantares fi nos em suas mansões,

eles são terríveis...”

Pós poderSei que tudo é passageiro, não mudei nada.

Os amigos são os mesmos. Tenho poucos amigos, já os conhecidos são muitos. Amigo você pode confi ar, tem uma caminhada com ele, adquiriu confi ança. Entre os conhecidos estão aqueles caras que nem me cumprimen-tavam em Curitiba quando eu era vereador. Eu nunca recebi tanto presente na vida. Caras que nem me conheciam direito, me convidavam para jantares fi nos em suas mansões, eles são terríveis...

ParaísoItaipu tem uma estrutura relativamente

pequena e enxuta com um orçamento gigante. Possui sem dúvida os melhores quadros técni-cos, as pessoas mais capacitadas, algumas das melhores cabeças do Brasil. Itaipu tem tudo programado uma década na frente. Presidir uma empresa assim é melhor que ir ao paraí-so, pois não precisa morrer para administrar Itaipu.

Edgar Bueno“Conheço muita gente que,

após a saída do poder, fi ca de-pressiva, aborrecida. Imagina-vam que mereceriam a mesma atenção que tinham antes. Me preparei, estive no poder e fora dele várias vezes. Tenho cons-ciência de que ao término do mandato acabou, não serei cha-mado, não serei convidado, mas isso não me incomoda. Sobre os bajuladores, tenho a dizer que alguns agem assim porque é da natureza deles, outros fazem por interesse. Há também aqueles que não querem confl ito com o poder. Cada um tem sua história para contar, cada um com seus interesses.”

Prefeito de Cascavel em três oportunidades, atual secre-tário do governo Richa, Edgar Bueno não aprecia a distância da caneta. Chegou a servir como secretário municipal em Foz do Iguaçu, após derrota eleitoral ao tentar a reeleição para a Prefei-tura de Cascavel.

Gilmar Piolla“A Prefeitura de Foz do Iguaçu é um universo completamente diferente da Itaipu. Salvo algumas exceções, poucas pessoas mudaram o comporta-mento em relação a mim após a minha cessão

para a Prefeitura. Mas enfrentamos, sim, algumas baixas, inclusive de alguns que se consideravam amigos do peito e que se afastaram ou passaram a criticar o que antes elogiavam. Não farão falta. Seguimos em frente, pois o que nos move são os desafi os. Na Prefeitura, temos a oportunidade de viabilizar projetos que havíamos planejado para a cidade. Tudo que fazemos repercute, gera interação.”

Ex-homem forte da comunicação de Itaipu na gestão Sa-mek, onde estava à frente de um orçamento gigante, Gilmar Piolla chegou a receber mais de mil convivas em seu aniversário, alguns deles, possivelmente, hoje ex-amigos do peito. Atualmente é secretário municipal de Turismo de Foz do Iguaçu.

08 | [email protected]

DAY AFTER

ITAIPU

Do alto de seu orçamento de mais de R$ 60 bilhões, arrancado em grande parte do

setor produtivo quase em regime confi scatório, o Governo do Paraná faz sobrar menos de 5% para investimentos.

Não é fácil mesmo fazer frente a toda gas-tança. R$ 561 milhões serão devorados pela Assembleia Legislativa. R$ 447 milhões pelo Tribunal de Contas. E o Tribunal de Justiça devora R$ 2,8 bilhões.

A Previdência sem fundo leva outros R$ 4.4 bilhões e a Secretaria de Tecnologia e Ensino Superior, carregando nas costas as obesas universidades estaduais, custa outros R$ 2,4 bilhões.

A estrutura paquidérmica do governo esta-dual consome mais de 95% do orçamento no tal custeio. E os poucos caraminguás restantes, são diluídos em 399 municípios.

No Planalto não é muito diferente. O go-verno Temer, herdeiro da catástrofe adminis-trativa de seus antecessores, colocou as contas no cheque especial, parcelou a conta do cartão, pagando os juros mais elevados do planeta.

O Planalto apagou as luzes de 2017 com um déficit de R$ 124 bilhões. No mesmo ano, apenas 0,5% do orçamento veio para as rodovias federais, para fi car em um exemplo de como está estrangulada a capacidade de investimento. Nos municípios a situação não é muito diferente...

Neste cenário surge a salvadora da pátria na fronteira: Itaipu, sob nova direção. O dire-tor-geral brasileiro é o ex-presidente da Copel, Luiz Fernando Leone Vianna. Engenheiro elétrico, ele fez carreira na Eletrobrás.

Vianna está para Temer como Samek esta-va para Lula. Já o “novo Nelton”, o diretor de Coordenação da binacional, é o Newton, mais conhecido como Kaminski. Saiu o Nelton,

Agora é com elesItaipu é alta tensão orçamentária; comparados à potência da usina, os governos Beto e Temer são lâmpadas incandescentes de 110 watts

O cofre de Itaipu O orçamento anual de Itaipu, com

seguidos recordes de produção, se aproxima a passos largos dos 4 bilhões de dólares. Porém, a hidrelétrica ainda está bastante alavancada. Paga 2,1 bilhões de dólares do empréstimo da construção. Paga outros 400 milhões de dólares a título de royalties. A operação em si, incluindo folha de paga-

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Luiz Fernando Leone Vianna, diretor-geral brasileiro de Itaipu, é ex-presidente da Copel

chegou o Newton. Ele é servidor de carreira, com 30 anos de casa.

Foi Kaminski que apresentou, na sede da Associação Comercial e Industrial de Cascavel, o projeto de ciclovia mais ousado do planeta, ligando a Capital do Oeste a Foz do Iguaçu (de-pois a Itaipulandia e Santa Helena), perfazendo mais de 200 quilômetros de pedal. A dimensão da obra, e não necessariamente seu custo, dá ideia de como Itaipu substituiu a ausência das três esferas federativas na região.

Na mesma balada, Itaipu anunciou mais R$ 15 milhões para o Eco Parque Oeste, no entorno do Córrego Bezerra, em Cascavel. Itaipu também permitirá ao prefeito Leonaldo Paranhos cumprir sua promessa mais mira-bolante da campanha: 200 km de readequação

mento, engole outros 400 milhões de dólares.

A receita para bancar a ciclovia do Parque Nacional do Iguaçu, a revitalização do córrego Bezerra e a recuperação de estradas na vasta zona rural de Cascavel vem de uma verba de 40 milhões de dólares destinada para o desenvol-vimento regional. O cenário, porém, olhado lá do alto da barragem, vai mudar muito quando 2023 chegar. Neste ponto do calendário, Itaipu

terá quitado o fi nanciamento. Automati-camente, terá 2 bilhões de dólares a mais no caixa.

E também estará desobrigada de pa-gar os mais de 400 milhões de dólares em royaties. O que fazer com esta dinheirama toda? Possivelmente a resposta estará na caneta do presidente da República que virá das urnas de outubro próximo.

Prata da casa, Newton Kaminskisubstitui Nelton Friedrichna Diretoria de Coordenação

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de estradas rurais nos quatro anos do mandato. Em apenas uma “pegada”, Itaipu assumiu mais da metade dos custos para a adequação de 135 km, com aporte (escalonado) de mais de R$ 14 milhões. Outros R$ 12 milhões serão em contrapartida do Paço.

Portanto, o poder agora está com o Vianna, o Kaminski e os novos dirigentes da binacional. Porém, poderá ser efêmero como uma vela que se apaga na brisa da manhã.

Eles, os dirigentes, pagam o preço de ocu-par alguns dos cargos públicos mais cobiçados do planeta. E o mandato do “vampiro brasilei-ro” termina no último dia do presente ano. Não faltarão interessados em Itaipu no beija-mão do novo presidente da República, assim que as urnas revelarem seu nome.

ENTREVISTA / ÁLVARO DIAS

Quando governei o Paraná, nenhum deputado indicou

secretário, reitor de universidade ou delegado de

polícia. Quem governa é quem nomeia. Só assim poderá escolher os melhores.”

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Anto

nio

Cruz

/ Agê

ncia

Bra

sil

Quem de nós abriria mão de um salário vitalício de R$ 30.471,00? Álvaro Fer-

nandes Dias abriu. O valor diz respeito à aposentadoria de ex-governador do Paraná. O benefício é legal. Dias o considera imoral. E deixou de receber quase R$ 10 milhões desde que deixou o governo do Paraná, 26 anos atrás.

Somando o benefício renegado a cortes que promoveu em seu gabinete no Senado, ele diz economizar cerca de R$ 50 mil mensais aos cofres públicos, totalizando em 2017 mais de R$ 700 mil. “Para cobrar o fi m dos privilégios do vizinho, é preciso que você tenha extermi-nado com seus privilégios”, disse ele, na visita ao Show Rural, em Cascavel.

Álvaro e o irmão Osmar receberam uma herança milionária do pai fazendeiro, daí por

Dias de ÁlvaroPré-candidato ao Palácio do Planalto nestes tempos de Brasil sem rumo,

senador defende refundação da República e presidente “com legitimidade popular”

que é mais fácil abrir mão da aposentadoria e propagar o feito, certo? Talvez. Há outros mi-lionários na política que continuam sugando cada centavo do dinheiro público.

Candidato a presidente da República pelo Podemos, movimento inspirado no Avante do francês Emmanoel Macron, que atropelou a sucessão presidencial em seu país, Álvaro

Dias disputou seu primeiro pleito no distante 1968, o “ano que não terminou”, segundo Zuenir Ventura, elegendo-se vereador em Londrina.

Se tiver sucesso em outubro, Dias assu-mirá a presidência com 74 primaveras e irá concluir o mandato com quase 80. Diante de tão longeva carreira, não pode ser apresen-tado como “novo”. Ele inclusive refuta a onda do novo, fala na refundação da República e alerta para a situação política do país que dá margem a fi guras como o “herói do ser-tão que irá resolver tudo a bala”, em óbvia referência a Jair Bolsonaro. Acompanhe os principais trechos extraídos de entrevistas que Álvaro Dias concedeu em Cascavel aos comunicadores Valdomiro Cantini e Caio Gottlieb na tarde de 9 de fevereiro, durante o Show Rural Coopavel.

O cenário pede um administrador experiente, responsável, de passado

limpo. Do contrário surgirá o aventureiro das sombras,

o herói do sertão, o valentão querendo resolver tudo na

bala...”

O PT e outros iam ao Congresso comprar

votos, alimentar o propinoduto do petróleo,

do mensalão, fazendo rimar governabilidade com promiscuidade. Proponho

inverter isso.”

Troca de partidosNão existem partidos no Brasil, existem

siglas usadas para registro de candidaturas e para receber o fundo partidário, que é dinheiro dos impostos pagos pela população. Sou um contestador da velha política a vida inteira, por isso mudei várias vezes de sigla, não de partido. Não encontrei até hoje um partido de fato. Hoje estou em um movimento, o Podemos. Um dia pode se tornar um partido, mas para isso é preciso fazer a reforma política. Somos reféns deste sistema.

Os “novos”Agora fala-se muito dos tais outsiders,

gente supostamente de fora da política. Então surge a fi gura do grande aventureiro. Trata-se de uma leitura errada. A população não está buscando nomes diferentes. O povo brasileiro deseja hoje substituição do sistema de gover-nança, que é a causa da crise ética, social e econômica.

Refundação da RepúblicaFalo, inspirado no gaúcho Olivio Braga, da

refundação da República. Uma ampla reforma do Poder Executivo, estendida para o Judiciá-rio e o Legislativo, com o fi m dos privilégios, do foro privilegiado, das aposentadorias especiais. Enfi m, uma completa reforma no sistema fe-derativo. O brasileiro trabalha seis meses por ano para pagar os custos do governo. Mas quem pode enfrentar esse problema? Você já abriu mão dos seus quando fala em eliminar privi-légios? Para combater privilégios do vizinho tenho que abrir mão dos meus.

Congresso Nacional IComo obter apoio de um Congresso,

parte dele fi siológico, para as mudanças? É preciso inverter a ordem. O PT e outros iam ao Congresso comprar votos, alimentar o pro-pinoduto do petróleo, do mensalão, fazendo rimar governabilidade com promiscuidade.

Proponho inverter isso. Um presidente com legitimidade popular que saberá se comu-nicar com a sociedade, “vender” a reforma para a população primeiro, e com a força do povo, aprovar as mudanças no Congresso, sem barganhas.

Congresso Nacional IIÉ preciso aprovar as mudanças nos pri-

meiros 100 dias de governo. Governar é 50% gestão e 50% comunicação. É a capacidade de se comunicar com a sociedade. Só o povo mete medo no político. Com o povo ao lado da mudança, o congressista não irá remar contra a correnteza. Nada é mais forte que uma proposta com apoio popular. Somente isso irá romper com o loteamento, o toma--lá-da-cá, o vale-tudo e o aparelhamento do Estado.

O modelo IQuando governei o Paraná, nenhum

deputado indicou secretário, reitor de univer-sidade ou delegado de polícia. Quem governa é quem nomeia. Só assim poderá escolher os melhores. Isso representa o rompimento com um sistema maldito, usina de escânda-los, modelo plantado em Brasília e clonado para muitos estados e municípios, embalado em um complexo e sofi sticado projeto de corrupção em nome de um projeto de poder de longo prazo para enriquecimento ilícito.

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O modelo IIO modelo que está aí é cruel com o povo

brasileiro. Veja a saúde, veja o desemprego. São 61 mil homicídios em 2017. A violência chegou a esse patamar porque roubaram o dinheiro da segurança pública. Temos agora uma grande oportunidade. É a eleição mais importante desde a redemocratização. Sonhei em 2010 e 2014 que alguém trouxesse essa proposta que hoje ofereço à nação. Ninguém trouxe, então decidi eu mesmo bancá-la.

Reforma política IUm em cada três senadores está lá sem

ter recebido um único voto. São os suplentes. É preciso acabar com a suplência. Se faltar o titular, por qualquer motivo, a cadeira fi ca vaga até a próxima eleição. Não fará falta nenhuma. Aliás, para que três senadores em cada Estado? Proponho dois, é o sufi ciente. Mas isso tem que nascer de fora do Congresso.

Reforma política IIPlebiscito também não funciona nestes casos,

pois o Brasil vive um momento de esquizofrenia política. O presidente da República tem que cha-mar a mudança para si. Tem que ter autoridade política para uma ampla reforma. Eu convocarei especialistas de fora do Congresso para evitar o corporativismo, elaboraria uma ampla reforma e venderia a ideia para a sociedade. Só depois levaria a proposta para o Parlamento aprovar.

PesquisasEstou muito feliz com as pesquisas eleitorais,

elas até superam minhas perspectivas para este momento de pré-campanha. O que vale neste momento é a rejeição, pois diz respeito ao pas-sado e ao presente. A minha é a menor rejeição entre todos. Até o outsider (Luciano Huck) é mais rejeitado que eu, com 27% . Tenho apenas 13% de rejeição. É uma glória em um cenário com todos desacreditados e a política no chão. Só tenho que agradecer.

12 | [email protected]

ENTREVISTA / ÁLVARO DIAS

Os analistasJá que o político é tão criticado, peço licen-

ça para criticar os críticos. Muitas vezes sem sair do estúdio da televisão ou da redação do jornal, sem sentir a rua, os tais analistas batem na tecla do tal novo. Não é isso que dizem as pesquisas qualitativas do Ibope e Data Folha. Ambas enfatizam experiência administrativa, passado limpo e coragem para combater a corrupção. Modelo novo, isso sim. Mudança de sistema, que está corcomido, destruído...

Reforma trabalhistaDefendi a reforma trabalhista desde o

início, até no programa Fantástico. Não me escondi, me apresentei. Quando o governo mandou o texto para o Senado, eu queria aprimorá-la. O governo não permitiu. Quando vi que a proposta já estava aprovada pela maio-ria, lavrei meu protesto, votando contra. Não votei contra o conteúdo, votei contra a forma de encaminhamento. Reforma tem que eliminar confl itos, não alimentá-los. Então, quando vi que meu voto não tinha mais consequência, lavrei meu protesto.

Reforma da PrevidênciaEstão escamoteando a verdade quando

responsabilizam o aposentado. Parte da res-ponsabilidade está nas aposentadorias, mas também na inadimplência de R$ 400 bilhões que o governo não cobrou. Libera R$ 18 bi-lhões do BNDES para a JBS e não provisiona os R$ 2 bilhões que o grupo deve para a Previ-dência. Libera BNDES para o Eike Batista e não desconta o que ele deve à Previdência e depois vai por a mão grande no bolso do aposentado. Mas a reforma é necessária, desde que atendida a complexidade do país.

PT, Temer e a dívidaO PT e Temer destruíram as fi nanças pú-

blicas do Brasil. 60% do orçamento vai pagar juros e serviços da dívida, que saltou de R$ 1,5 trilhão para R$ 4, 8 trilhões em menos de uma década. Somente o pagamento de juros no ano

passado foi superior à dívida inteira de 2008. O que fi zeram com este país?

LulaO Estado democrático de direito preconiza

que a legislação tem que ser respeitada. Goste-se ou não do julgamento ou do julgado. Não importa. A jurisprudência diz que o condenado em segunda instância está com a fi cha suja. Então não pode disputar a eleição e seu lugar é na cadeia, não na urna eletrônica. E ponto fi nal.

Bolsonaro IEm tempos de terra arrasada, surgem os su-

jeitos aventureiros. É preciso alertar a socieda-de. Vivemos um momento político e econômico delicado. Somente em 2022 vamos recuperar a renda per capita que tínhamos até alguns anos atrás. Isso pede um administrador experien-te, de passado limpo. Do contrário surgirá o aventureiro das sombras, o herói do sertão, o valentão querendo resolver tudo na bala...

Bolsonaro IIQuem tem que se armar para defender a

população é o Estado brasileiro. O povo paga impostos para ser defendido pelo Estado, pelo governo, e não para se defender em uma guerra civil que querem implantar no país. Esse tipo de ideia surge evidentemente porque não existe exame de sanidade mental como condição para obter candidatura presidencial no Brasil.

Bolsonaro IIIAlguém apareceu aqui no Show Rural,

vindo de longe, e mostrou que desconhece nossa agricultura. Em breve a Índia importará alimentos do Brasil tanto quanto a China. O mundo precisa 60% a mais de produção até 2050. O planeta espera que 40% deste acrés-cimo venham do Brasil. Este tipo de político é muito urbano. Não sabe distinguir azeitona de mamona. Precisa colocar os pés descalços no chão do interior do País para entender esta conta.

Tempo na telaPrefi ro ter menos tempo na TV a compor

com o lixo da política e usar o tempo suple-mentar obtido para explicar alianças com forças do atraso. Teremos aliança e tempo de TV o sufi ciente para levar nossa mensagem. É a oportunidade do Paraná. Já levam daqui o dinheiro, agora querem levar o voto. Se le-varem, depois não devolvem e continuaremos chorando o Estado abandonado, desprezado e em segundo plano. Recebam bem os visitantes, mas não lhe ofereçam o voto.

É prá valer? Eu não faria brincadeira de ser candidato

a presidente para depois retirar o nome ou disputar outro cargo. Só uma coisa pode me im-pedir de disputar a presidência, a morte. Sei ser generoso comigo, não acredito que ela venha. Dia 7 de outubro, quem apertar o número 19 vai ver minha foto na urna, vivo, concorrendo à presidência de República.

Prefi ro ter menos tempo na TV a compor com o lixo da política

e usar o tempo obtido para explicar alianças com forças do atraso. Teremos aliança e

tempo de TV o sufi ciente para levar nossa mensagem.”

Anto

nio

Cruz

/ Agê

ncia

Bra

sil

A escola vice-campeã do grupo especial do Rio traduz muito bem o espírito carioca. Majoritariamente o

Rio de Janeiro que elegeu Garotinho, Rosinha, Cabral (duas vezes) e Pezão, retrata exatamente a fi losofi a que a escola ostentou.

Entenda o porquê: a Paraíso do Tuiuti trouxe a carteira de trabalho em alegoria, protestando contra a reforma trabalhista.

Nem bem o último confete ganhou o chão da Mar-quês de Sapucaí, jornalistas abelhudos publicaram que a Tuiuti descumpre a legislação, inclusive, não registra em carteira os seus trabalhadores.

Antes de desandar o samba, a Tuiuti levou a galera canhota da rede social à loucura ao retratar o “vampirão neoli-beralista”.

Precisamos reconhecer, a alcunha é realmente sonora, pegou no imaginário popular. Ali aparece o marido da Marcela com a faixa presidencial apresentado como nativo da Transilvânia. Até aqui o ritmo vai bem, roçando na nota dez.

Mas, espera. Paradinha na bateria. Temer é neoliberalista onde? Por quê?

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JAIROEDUARDO

Jornalista, editor do Pitoco e cronista nas Rádios Colméia e T. Interaja com o editor: [email protected]. WhatsApp: 991131313

JAIROEDUARDO

Jornalista, editor do Pitoco e cronista nas Rádios Colméia e T. Interaja com o editor: [email protected]. WhatsApp: 991131313

Vampirão Fake

Os vampiros salivam diante das artérias expostas do estado obeso,

onde as suculentas e irrigadas veias

das muitas estatais se apresentam desnudas para

Geddeis, Cunhas e Cabrais, entre outros monstros de caninos

pontiagudos.”

A esquerda já carimbou injustamente outros políticos brasileiros com o terrível palavrão “neoliberal”. FHC, por exemplo.

O Fernandinho tucano nunca foi liberal, no máximo um social-democrata mais assanhadinho. Temer, eleito e reeleito vice na chapa do PT, não é liberal nem aqui nem na Venezuela.

Vampiro? Sim, o quadrilhão do MDB, consorciado com a turma do PT (com exceções), vampirou o Brasil.

Os vampiros salivam diante das arté-rias expostas do estado obeso, onde as suculentas e irrigadas veias das muitas estatais se apresentam desnudas para Geddeis, Cunhas e Cabrais, entre outros monstros de caninos pontiagudos.

O sistema liberal – palavrão no dicionário dos analfabetos políticos da Tuiuti – reduz o estado ao essencial: segurança, ensino fundamental e saúde básica. Em um país desestatizado, como preconiza o liberalismo econômico, vampiro morre de inanição.

Nelson Rodrigues traduz bem o ritmo que chacoalhou esqueletos no desfile da Tuiuti: “Invejo a burrice, porque é eterna”.

Elocubrações semifi losófi cas sobre as veias abertas da América latrina

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CONJUNTURA ECONÔMICA

A grande questão da atualidade brasileira e uma das mais decisivas da história do País

será respondida apenas no último trimestre do ano, quando o sucessor de Michel Temer na presidência da República for conhecido. Os impactos serão severamente diferentes nos dois cenários possíveis.

Será um, caso o vencedor seja um refor-mista e será outro se a vitória for de um novo governo de perfil populista. Esse contexto associado à realidade econômica mundial foi o objeto da exposição do economista Alexandre Mendonça de Barros em palestra promovi-da pelo Sicoob no Show Rural Coopavel.

Um dos maiores nós da atualidade brasilei-ra é o défi cit da Previdência. Caso a reforma não ocorra, em 2030 ela consumirá 93% do orça-mento público nacional. “Essa é uma das razões de o mercado enxergar tanto perigo em uma possível volta de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência”, conforme Alexandre. Com um populista no poder, o real será valorizado e as commodities tendem a avançar de preço.

A convite do Sicoob, Mendonça de Barros desenha cenários possíveis para a economia. Tudo depende do perfi l de quem for eleito em outubro: um reformista ou um populista?

No compasso da urna

Sicoob bate metano Show Rural

A equipe do Sicoob, maior sistema cooperativo fi nanceiro do país, encerrou o a participação do Show Rural Coopavel 2018 comemorando o valor recorde em propostas de crédito protocoladas. A expectativa durante a feira era alcançar R$ 150 milhões solicitados, meta que foi ultrapassada ainda no penúltimo dia da feira.

Por outro lado, com um reformista, o real deverá cair e os preços agrícolas, por exemplo, não terão ganhos devido a alterações de câm-bio. Entretanto, no primeiro cenário a econo-mia tende a se agravar e o consumo não vai se recuperar. Com um presidente reformista, a tendência de recuperação seguirá e o consumo interno vai crescer.

O processo de avanço da economia brasi-leira pode ser medido com previsões otimistas para 2018. O PIB (Produto Interno Bruto) poderá fechar em 4%, a infl ação deverá fi car em 4% e a taxa de juros poderá encerrar o ano em 6,5%.

“Fui professor de macroeconomia por 17 anos e essa é a minha especialidade. E afi rmo que essas condições raramente são vistas juntas. Por isso, o próximo presidente terá uma grande chance nas mãos de recolocar o Brasil no trilho do crescimento”, ressalta o economista.

A grande novidade é que se conseguiu quebrar a histórica espiral da infl ação/salário. Outra boa notícia é que o próximo presidente

Jean Paterno

Mendonça de Barrosem Cascavel: com um presidente reformista, a tendência de recuperação da economia seguirá

poderá receber o governo com índice de de-semprego abaixo de 10%.

Mendonça de Barros não vê volatilidade econômica no primeiro semestre do ano e res-salta que a previsão é de linearidade nos preços dos produtos agrícolas na bolsa de Chicago (Estados Unidos) até o fi m do atual exercício.

Na palestra “Perspectivas da economia e dos mercados agrícolas de 2018”, o economista fez referências também à situação global. E afi rmou que o panorama é dos mais positivos.

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DUPLICAÇÃO

Veja como blindar o patrimônio e encaminhar a sucessão familiar

sem confl itos através da constituição de holding e fundos

Cascavel, como a região Oeste do Paraná, é polo de acúmulo de riquezas. É constituída de pioneiros que

ainda jovens aqui se estabeleceram. Com muito trabalho, cresceram e acumularam patrimônio.

Não é raro ver famílias se desintegrando ao falecimento do patriarca ou matriarca. Se mal encaminhada, a suces-são confronta herdeiros e o quinhão acaba se esfacelando. Nunca foi tão contemporâneo e verdadeiro o adagio po-pular: “Avô rei, fi lho nobre, neto pobre”.

Hoje esta próspera fatia na porção Oeste do Paraná esta enriquecida e trocando a geração.

Para falar deste momento de transição geracional e seus efeitos no patrimônio acumulado, o Pitoco convidou o especialista em sucessão, Rafael Salvatti. Aqui ele explica como guarnecer o patriarca, mantendo-o com a caneta na mão, mas já com a herança dividida e blindada, assegurando que o duro trabalho de gerações possa se perpetuar pelas gerações vindouras.

Avô rei, fi lho nobre, neto pobre

Pitoco - O que é a blindagem patri-monial?

Rafael Salvatti - É um termo coloquial para se referir a institutos jurídicos que fazem a proteção do patrimônio, bem como antecipa o planejamento sucessório dos bens em vida pela constituição de holding ou fundos.

Explique o termo blindagem.

Existem, dentro do ordenamento jurídico brasileiro, institutos como a cláusula de inalie-nabilidade. Por esta cláusula, o proprietário, fazendeiro ou mesmo o empresário, estabelece nas cotas - total ou parcial - da empresa, nos imóveis, em caminhões, colheitadeiras e afi ns que não poderão ser gravadas penhoras e nem objetos de execução, salvo por impostos que forem gerados pelo próprio bem ou por desapropriação por interesse público. Esse procedimento, associado a outras operações, é muito efi caz na blindagem do patrimônio.

O que signifi ca e como é feita a su-cessão patrimonial na holding?

Sucessão patrimonial é a transferência de seu patrimônio para os herdeiros sem precisar “morrer” para isso. A holding, com base em

TRANSIÇÃO GERACIONAL

fundamentos legais, tem função de ser dona e administrar os bens próprios, tendo como pro-prietários os pais e herdeiros. Assim procedido, a transmissão da holding para os herdeiros, eles fi cam donos pleno do patrimônio.

Então os pais transferem a proprie-dade para os fi lhos e fi cam sem nada?

Não, os pais podem por opção fi car com o usufruto das cotas da holding. Assim, a pro-priedade passa a ser dos herdeiros, mas os pais fi cam com a caneta na mão tanto para decidir quanto para resgatar algum bem de volta se for esse o desejo.

Qual o benefício dessa movimentação patrimonial?

“Os pais podem por opção fi car com o usufruto das

cotas da holding. Assim, a propriedade passa a ser dos herdeiros, mas os pais fi cam

com a caneta na mão.”

O tributário é um dos benefícios. Na hol-ding atenuam-se impostos como o ITCMD e ITBI, por exemplo, quando não são eliminados completamente. Seguindo na esfera tributária, reduzem-se os impostos de ganhos. Exemplo: tenho um imóvel alugado, um caminhão, uma fazenda ou um terreno. Inserindo-os na hol-ding, deixo de pagar impostos de pessoa física, hoje na casa de 27%. E enquadro os tributos nos impostos empresarias, que, dependendo do enquadramento, podem vir para 2,7%. A holding também permite decidir em vida como fi ca a divisão do patrimônio dos herdeiros, dentro, claro, dos trêmites legais permitidos pelo ordenamento jurídico.

Nossa região tem muito patrimônio no agronegócio. A holding se aplica a esse setor?

Já acompanhei, assisti e fi z diversas hol-dings de fazendas e áreas agrícolas. É a melhor forma de partilhar a propriedade rural. Na constituição da holding costuma prevalecer com muita sabedoria a vontade dos pais em consonância com os fi lhos, pois especifi ca-mente a terra tem uma ligação muito profunda com os donos.

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Nesta equação entra o valor senti-mental da propriedade...

Exato. Ali cada gota de suor derramado é uma gota de emoção e paixão pela propriedade. Os ânimos em alguns casos são bem exaltados, pois, em alguns casos, confl itam os fi lhos mais velhos que trabalharam mais na terra com os menores que saíram para estudar. Isso é mui-to comum. Então a holding é a melhor forma de partilhar a propriedade agrícola, além de propiciar incontáveis benefícios tributários.

Herdeiros e doadores, não é um tema espinhoso?

É um tema que pode gerar confl ito entre as famílias. Por essa razão, a presença qualifi cada do advogado é indispensável para constituir a holding. Não basta apenas o conhecimento téc-nico, mas conseguir planejar tributariamente e auxiliar tanto os pais quantos os herdeiros no melhor caminho para essa divisão. Enfatizo: esses confl itos de divisão de herança são sem-pre mais fáceis de resolver com os pais vivos.

Por que razão?No falecimento dos pais, devem os her-

deiros ingressar com o inventário. Trata-se de processo que em alguns casos são morosos, de alto custo e repleto de emoções, pois se está partilhando não um patrimônio, mas o resul-tado de muito trabalho, e sob a comoção de uma perda na família. A holding é constituída sob as rédeas dos pais vivos. Assim, quando do falecimento, o patrimônio já esta defi nido, sem margem para confl itos e divisões familiares.

A holding dispensa o inventário?

Exatamente, a função principal da suces-são patrimonial em vida com constituição de holding é justamente não precisar fazer o inventário.

Como e onde se aplicam os fundos como evolução das holdings?

A constituição de um fundo é a nova fer-ramenta para blindar e conduzir a sucessão patrimonial. É uma evolução da holding, man-tendo todos os impostos completamente fora do processo, pois os fundos seguem pela regra da CVM e como toda aplicação é isenta. Toda a movimentação do fundo também é isenta. Exemplo: tenho uma propriedade e vou lote-ar, dentro do fundo, tanto a compra quanto a venda é isenta de impostos. E a movimentação do recurso dentro do fundo também. Posso vender um lote e comprar um caminhão, usar a renda do caminhão e comprar outro bem. Toda essa transação, desde que dentro do fundo, é completamente isenta de impostos.

É possível fazer holding de qualquer patrimônio?

Sim, de um terreno, um apartamento, uma

fazenda, veículos... Enfi m, a holding é patri-monial e tudo que decorrer disso é possível

“A função principal da sucessão

patrimonial em vida com constituição de holding é justamente não precisar fazer o

inventário.”

constituir tanto a holding quanto o fundo.

Como o interessado em blindar seu patrimônio e definir a sucessão nos termos que você apresentou deve pro-ceder?

Deve procurar seu advogado de confi ança para que este faça a leitura correta da neces-sidade e constitua a holding na melhor forma. A holding não é um produto pronto, ela deve sempre ser moldada para cada necessidade, atingindo desta forma a proteção plena.

QUEM É QUEM

Rafael Salvatti, advogado e empresário. Formado em Direito e Administração de Empresas com habilitação em Comércio Exterior. Pós-graduado em Marketing e Propaganda. MBA em Gestão Estratégica. Pós graduando em Direito Empresarial e Tributário. www.salvatti.adv.br

18| [email protected]

MAIORIDADE

Pitoco 21 anosEvento reúne amigos da educação para celebrar o aniversário do jornal.

Primeira edição circulou no século passado, em 27 de janeiro de 1997

O “Café com Pitoco”, já tradicional espaço mensal de debates em Cascavel, recebeu

convidados muito especiais em 31 de janeiro, no Bourbon.

Estavam lá os parceiros do #PitocoFuturo, projeto voltado para o estímulo ao gosto pela leitura. Entre eles, o parceiro número 01 do projeto, contabilista Atair Gomes da Silva.

A ocasião também recepcionou o principal evento tecnológico do agronegócio, o Show Rural Coopavel, nas palavras do presidente da Coopavel, Dilvo Grolli. Desta forma, na palestra de Grolli, o “Café com Pitoco” trouxe em primeira mão detalhes da megafusão entre as gigantes multinacionais Dow e Dupont, anunciado a posterior no Show Rural.

A edição especial do “Café com Pitoco” também celebrou os 21 anos da primeira edição do newsletter, que circulou em 27 de janeiro de 1997.

Confira nas fotos algumas presenças, entre elas, a secretária Márcia Baldini, que apresentou ações sustentáveis do município na educação.

Em tempo: Exemplares da coletânea que celebrou a primeira década do jornal foram vendidos na ocasião com renda revertida para o projeto de energia solar da Escola Alloys.

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Solariza Cascavel

Quem esteve no “Café com Pitoco”

Atair Gomes da Silva, Márcia Baldini, Dilvo Grolli, Jorge Tasaki, Silvana Leite, Jair Crestani, Marcos Urio, Victor Moretti, Marcos Boschirolli, Eloi Jensen, Felipe Schroeder Barros, Vitor Hugo Teixeira, Pedro Tochetto, Maiki Sidor, Debora Amboni, Rodrigo Vendrame, Helio Ideriha Junior, José Polaseck, Gugu Bueno, Adilson Siqueira, Le-onaldo Paranhos, Rafaela Tibola, Nilberto Vanzo Junior, Valdir Pacini,Rosani Ferrari, Pedro Pego-raro, Alci Rotta Junior, Nilton Banfanti, Sergio Borges, Wanderlei Hoffmann, Rafael Bradock, Adelar Valdameri, Paulo Bini, Paulo Frederico Bueno Ramos, Bernando Bueno, Marcos Schuster, Oscar Beck de Souza e Guido Bresolin.

O Movimento Solariza Cascavel, que estimula a adoção de energias limpas e renováveis, como a solar, certifi cou com a honraria “Amigo do Planeta”: Dilvo Grolli, que via Coopavel instalou o maior sistema fotovoltaico do Paraná no Show Rural; Leonaldo Paranhos, que incluiu a energia solar nos projetos de duas escolas que serão construídas ainda este ano; e Gugu Bueno, que, atendendo reivindicação do Solariza Cascavel, licitou o sistema solar na Câmara Municipal.

tem de abdicar do seu descanso semanal remunerado, ou da zona de conforto para arregaçar as mangas e fazer a sua parte.

É mais fácil protestar contra as “oligarquias domi-nantes” ou reclamar do salário do que tomar as rédeas e fazer seu próprio negócio. É natural, é do ser humano. E justamente por isso que boas histórias tomam seu papel de destaque e são repassadas por gerações.

Pesquise sobre o pessoal que chegou a Cascavel por volta de 1928 para desbravar essa terra. O “Nhô Jeca” - José Silvério de Oliveira, fundador do primeiro armazém, não devia estar esperando vida fácil ao fazer

esse empreendimento.

Todos gostam de ver exemplos de suces-so com boas histórias de coragem e supera-ção. O problema cultural que temos é que hoje, no Brasil, modelos de sucesso estão muito vinculados a artistas com músicas de gosto duvidoso ou revolucionários que saem do politicamente correto para falar palavrões

nos meios de comunicação.

Saber que boas histórias se for-mam com muito trabalho pode te colocar em duas posições: da pessoa que vai abraçar a labuta diária com verdadeiro proposito e ser o criador de uma trajetória ou do expectador que pode contribuir ajudando a divulgar os méritos dessa boa prática, sem críticas mesquinhas ou análises superfi ciais do tipo “com dinheiro até eu faria”, “deve estar tirando de alguém para estar bem

assim” ou “esse cara teve sorte na vida”.

Vale bem a frase que já ouvi por aí: ninguém cons-trói um legado trabalhando apenas oito horas por dia.

No ultimo dia 21 de fevereiro, Elon Reeve Musk lançou ao espaço dois satélites para testar uma

rede de internet via satélite – caso você não saiba, estamos ligados na rede mundial através de cabos que fi cam no fundo do oceano e conectam um continente a outro – hoje não é totalmente wireless. O projeto, iniciado há cerca de três anos, prevê o lançamento de 12 mil satélites, permitindo que você se conecte a um mesmo provedor na sua casa ou no topo do Himalaia.

É mais um feito fascinante desse sujeito que você, se não ouviu ainda, vai ouvir falar muito nos próximos anos. Sul-africano de Pretória, fi lho de pai engenheiro e mãe modelo, fez seu primeiro empreendimento em 1995, então com 24 anos, uma platafor-ma on-line de jornais, que quatro anos depois foi vendida para a Compaq por US$ 300 milhões.

Esse tipo de história realmente é inspiradora. Se conversar um pouco com alguns empresários de nossa cida-de mesmo, teremos bons exemplos de pessoas que saíram do nada para alavancar empresas de sucesso.

Mas o que todos eles têm em comum? Bem, não há uma receita pronta, porém existe um elemento que é constante em todos os casos: trabalho duro. Para esse pessoal o dia é curto, o fi nal de semana não existe e o feriado serve para apro-veitar a calma e refazer os planos de trabalho. E é exatamente por isso que poucos conseguem atingir esses feitos.

Não basta ter uma boa idéia. Muitos têm boas ideias diariamente, porém a grande maioria desiste quando

“Muitos têm boas ideias diariamente, porém a

grande maioria desiste quando tem de abdicar

do seu descanso semanal remunerado, ou da zona

de conforto para arregaçar as mangas e

fazer a sua parte.”

20 | [email protected]

MÁRCIO DANIEL FOLLE

Natural de Campo Erê (SC) e cascavelense há 18 anos. Graduado nas áreas de administração, marketing e vendas.Coordenador comercial da Funcional Consultoria e coordenador de Planejamento, Desenvolvimento e Inovação da Funcional Contabilidade.

Boas histórias e trabalho duroVale bem a frase que já ouvi por aí: ninguém constrói

um legado trabalhando apenas oito horas por dia

MUNDO DOS NEGÓCIOS

FC CASCAVEL

Contelle Assessoria de Comunicação

Existem fatores diretos que interferem no desempenho em campo: preparo físico,

alimentação adequada, saúde em dia. Mas há também uma série de outros quesitos que, in-diretamente, mexem com o corpo e a mente dos atletas. Todos os jogadores carregam consigo muitas superações pessoais para conseguir dar andamento ao sonho do futebol. Deixam para trás o conforto de casa, fi cam longe da família, mudam constantemente de cidade.

É por isso que mais do que oferecer uma camisa para vestir e um campo para jogar, um centro de treinamento tem que se apro-ximar do aconchego de casa, sem perder de vista que também é um local de trabalho. Na busca por proporcionar uma estrutura que atendesse todas essas necessidades, diretores do FC Cascavel realizaram ao longo de 2017 inúmeras visitas a centros de treinamentos de grandes times.

Depois de um estudo de ampliação, em maio do ano passado, foi dado o apito inicial para as obras de reforma do CT. Até dezembro de 2017, R$ 600 mil já tinham sido investidos no complexo de 30 mil m², e a cada dia uma nova mudança acontece.

Esses passos garantiram que o clube es-tivesse na lista das melhores estruturas do Estado. “Hoje nós estamos em 5º lugar como melhor CT do Paraná”, orgulha-se o diretor--geral Sebastião Marques, ressaltando que a reforma continua em andamento e, ainda no primeiro semestre de 2018, devem estar concluídas as etapas de paisagismo, estacionamento e calçamento interno.

Reforma e ampliação do Centro de Treinamento garantem conforto e performance dos atletas do FC Cascavel. R$ 600 mil já foram investidos no complexo

5o melhor CT do Paraná

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22 | [email protected]

administrativo; Crioterapia: “piscina de gelo” usa-da para aplicar a técnica de fi siote-rapia que trata e evita lesões; Almoxarifado, rouparia e lavan-deria para atividades do clube e lavanderia pessoal; Alojamentos desde o sub-20,

passando pelo sub-23 até o profi ssional. Todos com capacidade para 30 jogadores; Serviço de hotelaria para garantir a manutenção, limpeza e higiene dos aloja-mentos; TV Smart em cada alojamento, para acesso a fi lmes e músicas; Salão de jogos com mesas de ping pong e bilhar.

Dos campos ao salão de jogos:tour pelo CT

Para garantir o bem-estar e o rendimento dos atletas, o CT precisa funcionar como uma “mini cidade”. Para isso, o FC Cascavel conta com os seguintes espaços: Três campos: um com medidas ofi ciais, o segundo campo suíço e outro menor voltado para a base; Dois vestiários na beira do campo, além do vestiário central e vestiário para os árbitros; Banheiro feminino para jogos em casa,

destinado ao público feminino visitante; Sala para a comissão técnica do time profi ssional e sala para a comissão técnica da base; Cozinha e refeitório com capacidade para 90 pessoas sentadas; Salas de fi sioterapia, psicologia, recepção e de imprensa, além dos escritórios central e

24 [email protected]

FIEP

EDSON CAMPAGNOLO

Presidente do Sistema Federação das Indús-trias do Paraná (Fiep) e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Pre-sidiu, ainda, o Conselho Deliberativo do Sebrae Paraná e coordenou o G7 – grupo que reúne as principais entidades representativas do setor produtivo paranaense.

Show agroindustrialEvento promovido pela Coopavel foi uma demonstração

de que o campo e a indústria estão cada vez mais conectados

Um show de tecnologia e inovação. Um show feito por empreendedores que mostram a força do setor

produtivo e sua importância para o desenvolvimento do país. Assim foi a 30ª edição do Show Rural Coopavel, realizada no início de fevereiro, em Cascavel.

Mais do que uma amostra da importância do agro-negócio para a economia, tendo gerado R$ 1,8 bilhão em negócios, o Show Rural deixou clara a intensa co-nexão existente entre campo e indústria. Ao percorrer os corredores do parque de exposições, era possível perceber que existe uma cadeia industrial preparada para dar total suporte a uma produção agropecuária de excelência.

Em praticamente todos os estandes, destacavam-se máquinas, equipamentos, embalagens, fertilizantes e automóveis, entre tantos outros itens apresentados pelos 530 expositores.

A integração entre campo e indústria, que sempre existiu, vem ganhando impulso nos últimos anos pelo uso cada vez mais intensivo de tecnologia no agrone-gócio. Isso não se restringe à biotecnologia aplicada em sementes ou insumos, com o objetivo de aumentar a produtividade nas áreas plantadas ou a qualidade dos produtos de origem animal. Os investimentos em pesquisa e inovação se espalham por toda a indústria que busca novas tecnologias que agilizem as diferentes etapas da produção agropecuária.

É estimulante perceber a garra que empreendedores, do campo e da cidade, colocam em seu trabalho.

São pessoas que, mesmo com todas as difi culdades impostas ao setor

produtivo, acreditam no país.”

Inovação que se vê também na forte indústria alimentícia paranaense, que é responsável por trans-formar parte daquilo que é gerado no campo antes que chegue à mesa de consumidores.

Esse setor é o mais representativo da indústria do Paraná. Hoje, responde por 27% das receitas líquidas de vendas industriais do Estado, o que corresponde a R$ 55 bilhões ao ano. São 4 mil estabelecimentos, que geram 187 mil empregos diretos.

Tudo isso mostra que existe uma relação ganha--ganha na integração entre agronegócio e indústria. Poder observar isso de perto, no Show Rural, é algo maravilhoso, que faz com que possamos manter a esperança de que o Brasil tem jeito.

É estimulante perceber a garra que empreendedo-res, do campo e da cidade, colocam em seu trabalho. São pessoas que, mesmo com todas as difi culdades impostas ao setor produtivo, acreditam no país e estão sempre prontas a dar sua contribuição.

Para que essa relação se potencialize, é preciso que o Brasil, além de criar um ambiente mais favorável aos negócios, invista seriamente em novas tecnologias, tan-to agropecuárias quanto industriais. Assim, certamente garantiremos que nosso país continue sendo o grande celeiro do mundo.

Parabéns aos organizadores do Show Rural e a todos os empreendedores paranaenses que, mais uma vez, fi zeram desse evento, literalmente, um verdadeiro Show Agroindustrial.

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GUIDO BRESOLIN JÚNIOR

Presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credicapital, presidente do Conselho Superior da Faciap e vice-presiden-te da CACB.

GUIDO BRESOLIN JÚNIOR

Presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credicapital, presidente do Conselho Superior da Faciap e vice-presiden-te da CACB.

Valores x omissão“Não eduque seu fi lho para ser rico; eduque-o para ser feliz.

Assim ele saberá o valor das coisas e não o seu preço” (Max Gehring)

A humanidade experimenta um mo-mento decisivo em seu processo de

evolução universal. O futuro jamais esteve tão próximo e, às vezes, tem-se a sensação de que ele já passou tamanha a veloci-dade com que as coisas acontecem e são disseminadas. A instantaneidade muda comportamentos e cria cenários que até pouco tempo eram inimagináveis e sempre à porta dos nossos olhos. Há, entretanto, alguns elementos que resistem à força do tempo e das tecnologias. Entre esses estão os valores, a base elementar da ética que move o homem e as ins-tituições que ele criou. Alguns valores são há séculos aperfeiçoados pelo ser que pensa justamente devido à sua importância na composição da essência social. Mas o que leva alguém a abrir mão de valores que um dia defendeu? Que forças são mais importantes do que a convicção que forma o caráter e dá vida às atitudes?

O ex-presidente Lula é um exemplo de mudanças bruscas de comportamento que costumam alcançar as pessoas, principalmente aquelas que ascendem muito além do que estimavam. Em recente matéria de capa, a revista Veja colocou duas fotografi as do ex-presidente uma ao lado da outra. Na primeira, o Lula com cabelo escuro e ar confi ante, do sindicalista dos anos de 1970 que surgia como esperança de dias melhores aos traba-lhadores. Na outra, a imagem de uma pessoa de rosto

ÉTICA

cansado, cabelos ralos e olhar desconfi an-do. As duas fotografi as repousam acima de um título que indaga sem sutilezas: O que falta para Lula ser preso? Diante de um mundo em forte mudança não é mais possível aceitar que líderes da política se isolem em seus próprios pensamentos, que se entreguem ao ego ou que se deixem seduzir pelas benesses do jogo do poder. Com a proximidade das eleições de outu-bro jamais foi tão importante pesar caráter

e atitudes antes de escolher em quem votar.

As pessoas não suportam mais corruptos e atos que fi ram a moral e os valores. Exemplo disso é o de um pai, nos Estados Unidos, que, desesperado, decidiu tentar fazer justiça contra as próprias mãos contra o médico que abusou das três fi lhas dele. Líderes de verdade não podem se calar ou se esconder atrás da omissão e de mentiras. Ninguém, nem tão pouco o Papa, pode aceitar atos que atinjam a honra e a essência do que as pessoas têm de mais nobre e caro. A pedofi lia não pode mais ser tolerada pela igreja. É chegada a hora de o eleitor brasileiro votar nos valores dos políticos brasileiros. O debate precisa ser amadurecido, valorizado e se tornar tão popular e frequentado quanto as avenidas tomadas pelo Carnaval. Para pensar em um novo Brasil, e com a ajuda dos valores e da ética, é imprescindível recompor e reconquistar o sentido pleno de confi ança.

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LARGANDO AS BETS

é o fato, não o jornalista.

Sei que influenciei muitas pessoas que tive a oportunidade de conviver, especialmente os que um dia me procuraram e pude oferecer trabalho. Muitos deles seguiram no jornalismo e hoje são profi ssionais altamente qualifi cados e de renome.

Hoje me sinto realizado e pronto para me ausentar das páginas do O Presente, mas ainda desejo estar pre-sente, quando for chamado e enquanto me sentir útil.

Deixo um legado, sim, o de nunca me curvar diante dos aborrecimentos que algumas publicações jornalísti-cas causam. Aprendi também que nunca podemos nos sentir donos da verdade, donos da informação e mais importantes do que os fatos. Sempre reconheci minhas limitações, mas nunca deixei de lutar pelo verdadeiro jornalismo, colocando acima dos próprios interesses o interesse jornalístico.

O quanto meu trabalho representou, seja como assessor de imprensa da Prefeitura, seja como repre-sentante regional do jornal O Paraná, seja como diretor do jornal O Presente nos últimos 26 anos, a sociedade paranaense já me disse. Fui honrado com o Título de Ci-dadão Honorário de Marechal Cândido Rondon e, mais recentemente, recebi a Comenda Ordem do Pinheiro, o mais alto reconhecimento do governo do Paraná a quem se destacou em sua área de atuação. Com mais experiência e o mesmo entusiasmo pelo jornalismo que um dia me fez jornalista, quero continuar contribuindo, mesmo que indiretamente.

Simplesmente não tenho palavras para externar o que sinto, mas uma certeza eu tenho: sou grato a tudo e a todos que nestes 39 anos me acompanharam, seja como colegas de trabalho, leitores, assinantes e anun-ciantes. Muito obrigado!

Neste dia 1º de fevereiro completei 39 anos de atividade jornalística ininterrupta. Mal consigo

lembrar daquele dia, quando me apresentei para ocu-par o cargo de assessor de imprensa da Prefeitura de Marechal Cândido Rondon, ainda na prefeitura velha.

Meu chefe Elemar Hensel e o prefeito interino, Verno Scherer, que logo depois seria nomeado para cumprir um produtivo mandato (lembrado até hoje), me receberam. Tímido e inexperiente, mal sabia onde e o que fazer. Minha única experiência anterior foi redigir um jornal do Grêmio Estudantil que presidi em Nova Santa Rosa.

Logo de cara, fui encarregado para desenvolver minha primeira tarefa da semana, o cerimonial da visita do governador Jaime Canet Júnior, dia 3 de fevereiro de 1979. Além disso, escrever o discurso do prefeito Verno Scherer. Um teste e tanto, mas passei, provavelmente só pela dedicação...

Quis o destino, e eu aceitei de bom grado, que o jornalismo a partir daqueles dias fi zesse parte da minha vida até hoje. Não tenho do que reclamar, a profi ssão me deu tudo o que uma pessoa pode desejar: acesso às coisas que eu sonhava ter, realização profi ssional e, mais do que isso, a importância de ter participado e encorajado discussões sobre questões relevantes de toda nossa região.

Nossa profissão não pode se curvar diante das notícias. Ou se publica as notícias como elas são, ou se morre lentamente como jornalista e, no meu caso também, como empreendedor. É uma missão. Um juiz não condena para prejudicar o réu. Ele condena porque o fato requer a condenação.

Assim é a notícia. O jornalista tenta descrever o fato e às vezes ele agrada, às vezes não... mas o importante

Quando é hora de parar?

ARNO KUNZLER

Jornalista, fundador e diretor do jornal “O Presente” e da revista “Amigos da Natureza”

Com mais experiência e o mesmo entusiasmo pelo jornalismo que um dia me fez jornalista, quero continuar contribuindo, mesmo que indiretamente

Declaração

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está preparada para atendê-lo.

30| [email protected]

CHINA

Império dos maresCom investimentos bilionários, a China está comprando ou

assumindo o controle parcial de portos em todo o mundo

Heinz Schmidt RÚSSSIA China projetaconstrução de porto naCriméia.

EGITOProjeto chinêsprevê construção de centro logístico no Egito.

DJIBUTIChina tem participação no porto e lá também instalou sua primeira base militar no exterior. Os chineses estão estabelecidos em pelo menos mais três portos africanos.

GRÉCIAChina detém o controle (70%) do porto de Piraeus.

BÉLGICAA COSCO assumiu recentemente o controle de um terminal de contêineres no porto de Seebrügge.

EUROPAAs estatais chinesas COSCO e China Merchants Holdings têm participação em pelo menos uma dezena de portos europeus, controlando 10% da capacidade dos terminais de contêineres do continente. O império do Oriente tentase estabelecer em Hamburgo, mas os alemães resistem.

A ofensiva que a China desen-volve para se projetar como

potência de primeira grandeza no cenário mundial não inclui apenas

assegurar parcerias comerciais e fontes de commodities nos quatro cantos do mundo, in-cluindo o Oeste paranaense com sua produção de grãos e carnes.

Através de estatais como a COSCO e a China Merchants Holdings, além de empreendedores “privados” (na verdade, executivos controlados pelo Partido Comunista Chinês - PCCh), o im-pério do Oriente está comprando ou assumindo o controle parcial de instalações portuárias em todo o planeta. Em especial, terminais de contêineres.

E onde não há portos, ou onde eles são defi -cientes, o dragão vermelho incentiva governos locais a investir na infraestrutura. Oferece fi -nanciamento e dispõe-se a executar a obra. Em contrapartida, um contrato de longo prazo para utilização da unidade pelos chineses.

O controle das rotas e do comércio ma-rítimo mundial é claramente o objetivo de Pequim. Bilhões de dólares estão sendo gastos nesse plano estratégico, e o apetite chinês para assegurar seu predomínio sobre a espinha dorsal do intercâmbio mercantil é insaciável. Os chineses pensam em megaprojetos e os executam. Como em Hambantota (Sri Lanka), onde está emergindo um dos maiores portos marítimos do mundo. Ou em Yangshan, na própria China, cujo porto permitirá a atracação de porta-contêineres de qualquer tamanho.

No continente americano, os chineses já fincaram o pé em Mariel (Cuba), porto de águas profundas inaugurado em 2014 pelo comandante Raúl Castro e pela presidente Dilma Rousseff. Recursos vindos do Brasil fi nanciaram a obra. Mariel é estratégico para os interesses chineses no Caribe e na América Latina. Mas eles projetam muito mais: querem construir na Nicarágua um novo canal ligando o Atlântico e o Pacífi co. Com o entusiasmado apoio do governo sandinista, que vê no inves-timento chinês a saída do atoleiro econômico em que se debate o país.

BRASIL - Paranaguá (PR)A empresa China Merchants Ports comprou 95% do Terminal de Contêineres de Paranaguá.

NICARÁGUA - Novo canal bioceânicoCom a concordância do governo sandinista, a China prepara a construção de um novo canal ligando o Atlântico ao Pacífico. O canal da Nicarágua terá extensão de 280 km e demandará investimento de pelo menos U$S 50 bilhões. A vantagem sobre o canal do Panamá (indiretamente ainda sob controle dos EUA) é que ele permitirá a passagem de supernavios de carga, como o porta-contêineres CSCL Globe, além de ser politicamente mais seguro para os interesses chineses. Um grande porto também será construído na desembocadura do Pacífico.

CUBA - MarielConstruído com financiamento brasileiro, o porto de Mariel (de águas profundas) é considerado estratégico para o projeto hegemônico chinês no Caribe e AL, em parceria com o regime de Raúl Castro. Os chineses forneceram equipamento operacional de última geração. Para Mariel está prevista ainda a criação de uma gigantesca Zona Econômica Especial que deve atrair empreendimentos industriais do mundo inteiro.

ARGENTINA - Buenos AiresA Argentina convidou a China para investir na ampliação e modernização do porto de Buenos Aires.

VENEZUELA - CabelloA China participa de obras de melhoria do porto de Cabello, o principal da Venezuela.

CHINA - potência portuáriaSete dos 10 principais portos do mundo situam-se na China. A estrutura está sendo ampliada com o o megaporto de Yangshan, ao sul de Xangai.

PAQUISTÃOO porto de Gwadarestá sob controle chinês.

SRI LANKA - HambantotaA China constrói em Sri Lanka um dos maiores portos marítimos do mundo. É um megaprojeto, estratégico para os interesses chineses na Ásia, Oriente Médio e África.

TAILÂNDIAOs chineses projetam a construção de um canal que encurtará em 1.000 km a “Rota Marítima da Seda” entre a Europa e o império do Oriente.

AUSTRÁLIAChina investeem portos.

A escolha certa está aqui!

16ANOS

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23 de fevereiro de 2018 | 31

32 | [email protected]

EDUCAÇÃO

Falando gregoPró-Reitoria de Extensão da Unioeste oferece cursos de idiomas

gratuitamente, entre eles japonês, hebraico e até mandarim

SOLIDARIEDADE

Coração e sorrisãono resgate do Zeca

Um caminhante as margens da rodovia, empurrando um carrinho de bebê com alguns poucos pertences e um caõzinho de carona. Aquela cena fez o brasiliense Anderson Sa-boia parar o carro e ofertar ajuda.

O caminhante era José, o Zeca, cidadão que há décadas se pôs a caminhar. Acolhido em Cascavel pela família Spada, Zeca recebeu tratamento e atenção dos dentistas dr. Cezar Augusto Spada e seu sócio, dr. Felipe Zilio. O trato no visual, além de lhe devolver o sorri-

Se você ouvir uma conversa muito estranha ao passar em frente a uma sala da aula da

Unioeste e dizer: “Não entendi nada, estão falando grego”, pode ter acertado na mosca. O grego é um dos idiomas lecionados no programa de extensão voltado para línguas no campus de Cascavel. Um dos protagonistas da iniciativa é o ex-padre Lauri Wollmann.

A Unioeste inclui outros idiomas, alguns bem exóticos por essas paragens: além dos tradicionais inglês e espanhol, também há o italiano, alemão, grego, japonês, francês, árabe/hebraico e mandarim, através do PEL - Programa de Ensino de Línguas.

E por que estudar idiomas considerados

mortos? “O direito romano, os textos bíblicos como literatura, a leitura de clássicos gregos, tudo isso mantém a vitalidade destes idiomas”, friza Lauri.

“Hebraico e árabe são diferentes, por isso dizer anti-semita está erra-do, árabe também é semita”, acres-centa o erudito. A pergunta inevitável: os aplicativos de tradução simultânea presentes nos celulares vão desem-pregar o professor de idiomas?

“Não vão. Os americanos per-deram a guerra do Vietnã e outros combates no mundo árabe porque não dominavam o idioma deles. O chinês fala inglês. Não dominar o mandarim fecha muitas portas com a ascensão da China. O algoritmo de inteligência artificial precisou aprender com alguém. O ensino de idiomas sempre será necessário”, pontua o professor.

so, incluiu também um tratamento nas madei-xas. Zeca vivia de favores e doações. Almoçava na marmita do caminhoneiro, banhava-se na fonte ou na enxurrada da estrada.

O vídeo com o resgate do andarilho gerou 14 milhões de visualizações na rede social, segundo Saboia. Com tal abrangência, foi possível localizar a família dele, em Natal, a capital potiguar. E soube-se então que a família não tinha notícias do Zeca fazia 28 anos. O gesto de solidariedade dos dentistas e do homem que, em gesto raro, parou o carro para conversar com o andarilho, uniu coração e sorrisão, quando o ca-

minhante foi recebido de braços abertos pela irmã e familiares em Natal.

E fez cessar a caminhada errante de mais um Zé brasileiro, ofertando-lhe um epílogo di-ferente daquele que Drummond preconizou a outros Josés desafortunados, quando escreveu: “E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você?”

Spada, Zeca e Felipe: solidariedade

Professor Lauri Wollmann

23 de fevereiro de 2018 | 33

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SAÚDE MENTAL

Criança ainda, Regiane idolatrava o pai ao vê-lo salvando vidas na onco-

logia. O nobre ofício logo lhe despertaria a vocação. Queria ser médica também.

Decidida, deixou Cascavel ainda ado-lescente rumo à capital, onde cursou o en-sino médio e conquistou uma disputada vaga no curso de Medicina da Universi-dade Federal do Paraná (UFPR). Regiane Kunz Bereza, no entanto, diferente do pai, Reno, preferiu outra especialidade, bastante rara no Brasil do interior: a psiquiatria infantil.

“Muitos transtornos de ansiedade so-cial, aquela timidez excessiva, começam cedo, por volta de cinco ou seis anos de idade. Tratá-las antes que isso se apro-funde é imperioso”, ressalta Regiane. E tratar crianças exige um jeitinho especial. A psiquiatra conhece bem o caminho. Após os seis anos de UFPR, ela especia-lizou-se na área com residência médica de três anos na capital gaúcha, destacada referência do setor, e mais um ano de residência no hospital Pequeno Príncipe.

Regiane sabe muito bem que a con-versa com a criança hiperativa no con-sultório – para fi car em um exemplo –, pode apresentar sinais trocados. Mesmo as crianças mais agitadas, mudam o com-portamento diante do médico. “É preciso levar isso em conta. Por essa razão, pri-meiro conversamos muito com os pais e com outras pessoas do convívio, como o pessoal da escola”.

Conversar, aliás, é o verbo neste ofício. “Optei pela psiquiatria, porque é preciso dialogar muito com o paciente, entender por que ele sofre. Gosto de tratar com gente, sentar, conversar, ob-

Psiquiatra da criança

Baixinhos no divã da doutora Regiane

O perfi l do paciente Quando atuou no Exército Brasileiro, em

Curitiba, Regiane teve a oportunidade de conversar com muita gente. Foi um aprendizado da vida prá-tica, em um dos setores mais expostos a moléstias afetas à psiquiatria - o militar.

Depois ela passou a atender – sempre em sua área de atuação – no Ceonc, hospital dirigido pelo pai. Agora recebe os clientes em consultório próprio montado no edifício Unique, na rua Minas Gerais.

Pergunta que não poderia faltar: qual é o perfi l médio do paciente adulto encaminhado à psiquia-tria? Difuso, segundo ela, mas o diagnóstico mais comum orbita em torno da ansiedade e da depressão.

“O grau de exigência que impomos a nós mes-mos, com as pessoas se cobrando demais, exigindo um mundo de permanente felicidade, é algo que explica por que há tantas pessoas com problemas com esses transtornos”, diagnostica a doutora.

Regiane: conjugando o verbo dialogar

servar, é minha aptidão”, relata a médica.

Regiane enxerga a oportunidade da saúde preventiva no tratamento de crian-ças com disfunções. Alterações compor-tamentais advindas da hiperatividade, por exemplo, geram repercussões em casa e na escola, piorando o desempenho em sala de aula.

O transtorno mal tratado também eleva a possibilidade de, na adolescên-cia, advir o abuso de substâncias tóxi-cas e exposição a situações de risco. “É possível tratar antes que o problema se aprofunde”, prescreve.

“Optei pela psiquiatria, porque é preciso dialogar

muito com o paciente, entender por que ele sofre.”

34 | [email protected]

COLUNA DO ASSINANTECOLUNA DO ASSINANTE

Cascavel (PR), sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018 Ano XXII - Nº 2135 | Clipping News Agência de Notí-

cias (45) 3037-5020 - 45 991339058 | www.pitoco.com.br e-mail: [email protected] | Editor: Jairo Eduardo

Editoração: HDS VISITA À REDAÇÃO Maria Salete Gonçal-ves, assinante do jornal Pitoco.

SHOW RURAL COOPAVEL O empresário Assis Gurgacz, ministro da Agricultura Mario Blaggi e o deputado federal Evandro Roman.

FÉRIAS Marinês Toigo e Caio Gottlieb no hotel Othon Palace, em Copacabana, Rio de Janeiro.

EM PARIS Cesar Shiratori e Andrea Ishika-wa Shiratori com o fi lho Kenzo. Em férias na cidade mais charmosa do mundo.

FAMÍLIA Valdir Buosi e Leonor de Fatima com os fi lhos Caroline e Tiago, curtindo o feriado de carnaval na Praia Brava (SC).