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PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO: UM ESTUDO À LUZ DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA GISELE REGINA PEREIRA (FAE) [email protected] Wagner Domingos Barbosa (FAE) [email protected] Everton Drohomeretski (FAE/PUCPR) [email protected] Atualmente o Planejamento e Controle da Produção (PCP) são considerados uma importante área dentro da indústria, pois coordena um grande número de recursos que interferem diretamente nos resultados da organização. Os assuntos voltados ao PCCP abordam diferentes aplicações, modelos para tomada de decisão, entre outros. Nesta linha, o presente artigo tem por objetivo identificar as principais características dos estudos ligados ao PCP nos últimos dez anos. Para isso foi feito um estudo bibliométrico utilizando como base de dados os anais do ENEGEP, SIMPEP e SIMPOI. Com a análise dos resultados, pode-se chegar ao estudo de caso como método mais utilizado, seguido da pesquisação e experimento. As áreas mais estudadas foram PCP, MRP E OPT/TOC. Com relação às publicações tema x ano x evento, pode-se notar uma alternância entre os anais do ENEGEP e SIMPEP. Palavras-chaves: Planejamento e controle da produção, bibliometria, ENEGEP, SIMPEP, SIMPOI XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

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PLANEJAMENTO E CONTROLE DA

PRODUÇÃO: UM ESTUDO À LUZ DA

PRODUÇÃO CIENTÍFICA

GISELE REGINA PEREIRA (FAE)

[email protected]

Wagner Domingos Barbosa (FAE)

[email protected]

Everton Drohomeretski (FAE/PUCPR)

[email protected]

Atualmente o Planejamento e Controle da Produção (PCP) são

considerados uma importante área dentro da indústria, pois coordena

um grande número de recursos que interferem diretamente nos

resultados da organização. Os assuntos voltados ao PCCP abordam

diferentes aplicações, modelos para tomada de decisão, entre outros.

Nesta linha, o presente artigo tem por objetivo identificar as principais

características dos estudos ligados ao PCP nos últimos dez anos. Para

isso foi feito um estudo bibliométrico utilizando como base de dados os

anais do ENEGEP, SIMPEP e SIMPOI. Com a análise dos resultados,

pode-se chegar ao estudo de caso como método mais utilizado, seguido

da pesquisação e experimento. As áreas mais estudadas foram PCP,

MRP E OPT/TOC. Com relação às publicações tema x ano x evento,

pode-se notar uma alternância entre os anais do ENEGEP e SIMPEP.

Palavras-chaves: Planejamento e controle da produção, bibliometria,

ENEGEP, SIMPEP, SIMPOI

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1. Introdução

Estudos relacionados ao planejamento e controle das operações têm apresentado um gradativo

automento ao longo dos anos. De acordo com Kyrillos et al. (2010) planejar, controlar e

produzir significam unir a organização produtiva para que se obtenha um sistema integrado de

trabalho em toda a cadeia, estruturado para a simplificação das atividades e eliminação de

tempos e atividades desnecessárias. Planejamento pressupõe projetar e formalizar atividades e

aspirações futuras, sendo fundamental a existência de controles e a eventual adoção de

correções, para que se concretize e se confirmem os planos.

Pode-se acrescentar que para algumas corporações tornou-se um setor de muito investimento

devido a necessidade de responder imediatamente a alguma informação necessária à empresa.

Quando se busca um melhor entendimento entre vendas e fábrica essa ponte sempre se torna

muito importante para o desenvolvimento da empresa.

O presente trabalho visa analisar a evolução científica na área de Planejamento e Controle da

Produção (PCP) no Brasil nos últimos dez anos e identificar as principais características dos

estudos relativos ao tema, tendo como fonte de pesquisa anais do ENEGEP, SIMPEP e

SIMPOI.

O trabalho contempla várias áreas do PCP mostrando a evolução ao longo dos anos e, em

como diferentes situações nos levaram ao atual modelo de Planejamento e Controle de

Produção.

Segundo dados apresentados e de acordo com Sprakel e Severiano Filho (1999) o PCP

mostra-se um sistema em constante evolução. Por abordar homens, máquinas e técnicas de

gerenciamento, qualquer contribuição que ocorra no campo operacional, administrativo ou

das relações humanas, faz com que o PCP passe por alguma evolução.

2. Referencial Teórico

O PCP é o departamento especializado em manter a produção de acordo com a demanda da

empresa, visando a busca contínua por produtividade e resolução da produção. Da definição

de PCP e da estrutura do PP e do CP, pode-se ver segundo Fernandes e Godinho (2010) que

resumidamente as principais atividades do PCP são:

a) Prever a demanda (previsão);

b) Desenvolver um plano de produção agregado (Planejamento Agregado da Produção);

c) Realizar um planejamento da capacidade que suporte o planejamento agregado

(planejamento de Capacidade de médio prazo, também chamado RRP (Resource

Requirements Planning);

d) Desagregar o plano agregado (Desagregação);

e) Programar a produção no curto prazo em termos de itens finais (Programa Mestre de

Produção – MPS) e analisar a capacidade no nível MPS;

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f) Controlar por meio de regras de controle (por exemplo, regras de controle de estoques) ou

programar as necessidades em termos de componentes e materiais e avaliar/analisar a

capacidade no nível SCO;

g) Controlar a emissão/liberação das ordens de produção e compra, determinando se e quando

liberar as ordens (atividade chamada na literatura de revisão e liberação de ordens – Order

Review and Release – ORR);

h) Controlar estoques;

i) Programar/sequenciar as tarefas nas máquinas (dispatching ou scheduling).

Segundo Fernandes e Godinho (2010) o PCP envolve uma série de decisões com o objetivo de

definir o que, quanto e quando produzir, comprar e entregar, além de quem e/ou onde e/ou

como produzir. Sendo que essas decisões possuem uma estrutura hierárquica mostrada nas

Figuras nas 1 e 2.

Gestão de demanda de

médio prazo

Gestão financeira de

médio prazo

PlanejamentoPlanejamento agregado da

produção

Planejamento da

capacidade de médio

prazo

Capacidade

instalada

Plano desagregado da

produção

Controle do suprimento de

itens com leadtime de

suprimento longo

Controle da produção

Roteiros de

fabricação

Estrutura de

produtos

Carteira de

pedidos

Caso make to stock

(entrada: plano desagregado

ou previsão de demanda de

curto prazo)Casos make to order,

resources to order e

engineering fo order

Fonte: Fernandes e Godinho Filho – 2010.

Figura 01 – A Estrutura do Planejamento e Controle da Produção

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Reações (p. ex., mudanças nas regras de controle),

reprogramações e (re)decisões em função dos

imprevistos e/ou execução/programação ruins, a partir

do feedback de informações

Ordens urgentes e inesperadas

1. Programar a

produção em termos de

itens finais

2. Programar ou

organizar/explodir as

necessidades em

termos de

componentes

3. Controlar a emissão/

liberação de ordens

4. Programar/

sequenciar as tarefas

nas máquinas

5. Análises de

capacidade de curto

prazo

Acompanhamento

dos níveis de

produção e estoques

O REAL É IGUAL AO

PROGRAMADO OU

ESPERADO

Entradas:

carteira de

pedidos,

previsão de

curto prazo,

plano

desagregado

da produção,

lista de

materiais,

roteiros de

fabricação etc.

NÃO

SIM

relatórios

Volte a programar somente para o

próximo período ou mantenha as regras

de controle

Fonte: Fernandes e Godinho Filho – 2010.

Figura 2 – A Estrutura do Controle de Produção

Segundo Corrêa et al. (2009) pode-se colocar o PCP como um setor de vendas dentro da

empresa, pois os envolvidos do setor têm que saber datas, prazos de entrega dos produtos aos

clientes. Normalmente a produção de qualquer fábrica quer grandes lotes e quer antecipar

para não correr riscos de perda de produção. Já o setor de vendas quer maior flexibilidade e

diversidade para atender as constantes mudanças do mercado. O PCP é um setor instável

devido às enormes mudanças que ocorrem no dia a dia das empresas, além de ser muitas

vezes obrigado a produzir mais com menos, já que algumas vezes o prazo já chega ao limite e

não podendo realizar HE acaba tendo que produzir muito mais com menos recursos, jamais

deixando de atender os clientes. Uma das grandes dificuldades do PCP refere-se ao

planejamento de matéria-prima, a falta de algum material para a produção pode gerar muitos

transtornos e muitas vezes parar a produção.

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2.1 Programação Puxada x Programação Empurrada

De acordo com Knod e Schonberger (2001), a distinção básica entre operações empurradas e

operações puxadas reside em determinar se é o fornecedor ou o cliente que controla o fluxo

produtivo. Em operações empurradas, o fornecedor envia o resultado do seu trabalho sem que

haja solicitação por parte do receptor. Em operações puxadas, por sua vez, o receptor precisa

sinalizar para que o fornecedor lhe envie o resultado do seu trabalho. A distinção entre a

programação puxada e empurrada pode ser observada na Quadro 1.

Quadro 1 – Programação Puxada X Programação Empurrada

2.2 Planejamento Agregado

Quando uma empresa produz ou trabalha com um elevado número de modelos de produtos é

necessário agrupar (agregar) os inúmeros modelos em um número menor de famílias, que

represente a necessidade de produção. A demanda prevista para estas famílias de produtos é

conhecida como demanda agregada (PEINADO e GRAEML, 2007).

O propósito do planejamento agregado é garantir que os recursos básicos para a produção

estejam disponíveis, em quantidades adequadas, quando for decidir sobre o quanto produzir

de cada produto, antes mesmo que tal decisão seja tomada. Como ao se fazer o planejamento

apenas uma estimativa da demanda é conhecida, caso a demanda seja maior que a estimada e

os custos de excesso de capacidade sejam tais que o custo total esperado seja o menor

possível (LUSTOSA et al., 2008).

A desagregação do plano agregado é o insumo básico do plano mestre de produção. Em

algumas empresas, essa desagregação fornece as metas de vendas para o MPS. O MPS é o elo

entre o planejamento tático (plano agregado) e o planejamento operacional (plano de

necessidades de materiais, MRP) da produção (LUTOSA et al., 2008).

2.3 Plano Mestre de Produção

Segundo Moreira (2009), dá-se o nome de Plano de Produção ou Plano Mestre de Produção

(PMP) ao documento que diz quais itens serão produzidos, e quanto de cada um, para um

determinado período. Geralmente, este período cobre algumas poucas semanas, podendo

chegar a seis meses ou mesmo um ano. O Plano Mestre de Produção deverá ter componentes,

montados em muitas combinações diferentes para dar origem a diversos produtos, o PMP será

provavelmente montado para os componentes e não para os produtos finais, que obedecerão

depois a um cronograma de montagem.

Chegar a um plano Mestre de Produção que compatibilize as necessidades de produção com a

capacidade disponível pode se revelar uma tarefa complexa, principalmente se os produtos

Programação Puxada Programação Empurrada

Produção de acordo com a demanda real Produção de acordo com previsão de

demanda

Sem estoque intermediário Com estoque intermediário

Menor utilização da capacidade de

produção Mais produção em cada estágio

Ex: Sistema Kanban Ex: Sistema MRP

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envolvidos exigirem muitas operações, em regime intermitente, ou seja, com a utilização do

mesmo equipamento para diversos produtos. O processo é conduzido por tentativas, testando-

se cada PMP para verificar a capacidade produtiva que ele exige (MOREIRA, 2009).

2.4 Previsão de Demanda

De acordo com Fernandes e Godinho (2010) no atual ambiente competitivo é inegável que as

previsões têm um papel fundamental, servindo como guia para o planejamento estratégico da

produção, finanças e vendas de uma empresa. No âmbito do PCP, a previsão também é

importante, uma vez que ela é um dos principais dados de entrada para várias funções e

decisões do PCP.

As previsões dentro do PCP costumam ser classificadas de acordo com o horizonte de

planejamento (longo, médio e curto prazo) a que se destina. No longo prazo, as previsões são

importantes para o PCP para o planejamento de novas instalações, de novos produtos, gastos

de capital, dentre outros. No médio prazo, as previsões servem como base para o

planejamento agregado da produção e análises de capacidade agregadas. Já no curto prazo, as

previsões auxiliam na programação da força de trabalho, na programação de compras, nas

análises de capacidade de curto prazo, dentre outras (FERNANDES e GODINHO, 2010).

2.5 MRP

Segundo Corrêa e Gianesi (2009) o MRP (materials requeriment planning) é uma

metodologia que engloba vários métodos para analisar a produção que se originou em meados

de 1960, que veio da necessidade do mercado em agilidade e saber exatamente aquilo que

estava sendo produzido e com a maior rapidez possível as informações tinham que ser ditas

com precisão, já que o mercado estava em expansão.

Este sistema refere-se principalmente a produtos acabados, os quais começaram a serem

difundidos principalmente quando a tecnologia pode fazer com que a programação viesse a

ser melhorada no sistema industrial. Hoje muito difundido em empresas automobilísticas o

MRP, MRP II e ERP, constituem a base da produção. Ele diferentemente do que se acredita

não é um sistema operacional, nem um controle de produção e sim uma metodologia de

estudo da produção que, dependendo da empresa pode ser mais complexo (como em uma

empresa farmacêutica ou em uma indústria que necessite de rastreamento mais preciso de seus

produtos), ou mais simples (como em uma fabrica de postes de concreto que basicamente sua

matéria prima é o cimento).

2.6 Sistema Kanban

Para Moura (1999) o Kanban é um cartão ou etiqueta de pedido de trabalho, sujeito à

circulação repetitiva na área. Diferente das ordens convencionais de trabalho, o kanban

sempre acompanha as peças ou materiais, facilitando, desta forma, o controle de estoque no

local. É, basicamente, um método manual de administração de materiais e controle da

produção. O sistema assegura que a linha de produção fabricará apenas as peças ou

componentes que devem ser usados pela próxima etapa da produção. A produção só opera

quando o processo seguinte usar todo o seu suprimento de peças disponíveis.

Conforme mencionado por Tubino (2007) além da simplicidade, o kanban proporciona uma

série de outras vantagens sobre as formas mais tradicionais de controlar a produção. Embora

não contribua, necessariamente, para a redução dos níveis de estoques, ele gera um ambiente

de produção dentro do qual é possível implantar melhorias neste sentido.

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2.7 Sistema OPT

Para Martins e Laugeni (2005), explicar a abordagem de planejamento e controle, o OPT

utiliza uma terminologia própria:

a) Tambor: o gargalo numa produção se torna o tambor da produção, batendo o ritmo para o

restante da fábrica;

b) Corda: o trabalho na linha é puxado pela corda no ritmo do tambor, e não pela capacidade

instalada;

c) Amortecedores : devem ser colocados amortecedores de estoque antes do gargalo para

evitar que ele nunca pare de trabalhar.

De acordo com Lustosa et al., (2008), a OPT considera que os ganhos serão obtidos a partir

da administração eficiente de todos os recursos e do conjunto de restrições a que a empresa

está submetida. Esse conceito abre o leque de aplicação da OPT, e, mesmo tendo sua origem

na busca da solução dos problemas da produção, ele pode ser aplicado em qualquer segmento

de atividade.

3. Metodologia de Pesquisa

Para o referente trabalho foi utilizado basicamente a bibliometria, que conforme Guedes e

Borschiver (2005) é uma ferramenta estatística que permite mapear e gerar diferentes

indicadores de tratamento e gestão da informação e do conhecimento, especialmente em

sistemas de informação e de comunicação científicos e tecnológicos, e de produtividade,

necessários ao planejamento, avaliação e gestão da ciência e da tecnologia, de uma

determinada comunidade científica ou país.

Esta pesquisa pode ser classificada como de caráter exploratório, que visa prover maior

conhecimento sobre o tema de pesquisa, tendo como principais finalidades desenvolver

hipóteses com maior precisão e auxiliar prioridades para pesquisas posteriores.

O levantamento desse estudo foi realizado através de pesquisa bibliométrica com base em

publicações científicas relacionadas à Engenharia de Produção no Brasil. Os eventos

analisados foram os de maior importância para a área estudada, com ENEGEP, SIMPEP e

SIMPOI no período de 2002 à 2011. Ao todo foram levantados 522 (quinhentos e vinte e

dois) artigos com o intuito de analisar os principais autores, a evolução do PCP por período,

qual evento possui o maior número de publicações, o método mais utilizado e a área mais

estudada dentro do PCP. Após a análise dos artigos foram selecionados para o estudo 275

(duzentos e setenta e cinco) artigos.

4. Apresentação dos resultados

A Tabela 1 e 2 demonstra nossos estudos relacionados a quantidade de artigos que cada

evento apresentou com os métodos abaixo que apresentamos na tabela. A Tabela 1 sugere que

hoje tanto no ENEGEP, SIMPOI E SIMPEP, o estudo de caso foi o mais utilizado nos últimos

dez anos para pesquisas em artigos publicados nos eventos, pode-se perceber que as três

primeiras maneiras de se editar um artigo independente do evento mostra que os mais

utilizados são o estudo de caso, pesquisa-ação e experimento, mostrando o quão essas três

maneiras são importantes para desenvolver um estudo em uma empresa, avaliação entre

outros.

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Evento Método Percentual

ENEGEP

Estudo de caso 61,83%

Pesquisação 15,27%

Experimento 9,92%

Simulação 8,40%

Modelagem Matemática 3,05%

Teorico Conceitual 1,53%

Survey 0,00%

SIMPOI

Estudo de caso 58,82%

Pesquisação 17,65%

Experimento 8,82%

Simulação 5,88%

Modelagem Matemática 2,94%

Teorico Conceitual 2,94%

Survey 2,94%

SIMPEP

Estudo de caso 60,98%

Pesquisação 16,26%

Experimento 7,32%

Simulação 6,50%

Modelagem Matemática 4,07%

Teorico Conceitual 2,44%

Survey 2,44%

Fonte: Os autores

Tabela 1 – Métodos de pesquisa por evento

Na Figura 2 mostra-se graficamente o que a Tabela 1 apresenta em percentual e pode-se

observar que os métodos mais pesquisados dentro dos eventos apresentados se repetem nos

três eventos como os mais utilizados nas pesquisas acadêmicas.

Fonte: Os Autores

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Figura 3: Percentual Evento x Método

Evento Método Quantidade

ENEGEP

Estudo de caso 81

Pesquisação 20

Experimento 0

Simulação 11

Modelagem Matemática 4

Teorico Conceitual 2

Survey 0

SIMPOI

Estudo de caso 20

Pesquisação 6

Experimento 3

Simulação 2

Modelagem Matemática 1

Teorico Conceitual 1

Survey 1

SIMPEP

Estudo de caso 75

Pesquisação 20

Experimento 9

Simulação 8

Modelagem Matemática 5

Teorico Conceitual 3

Survey 3

Fonte: Os Autores

Tabela 2 – Métodos de pesquisa por evento.

Na Figura 4 ilustra graficamente os métodos pelos eventos em quantidade como a Tabela 2

demonstra.

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Fonte: Os Autores Figura 4: Quantidade Eventos x Métodos

A Figura 5 ilustra como ao longo dos anos as publicações em distintos eventos mostra

consideráveis oscilações em publicações mas sempre com grandes buscas na área pesquisada.

Fonte: Os autores

Figura 5 – Publicações Evento x Ano

Na Figura 6 avalia-se o método da pesquisa, onde mostra a diferença do método nos eventos

que utilizamos como fonte de nossa pesquisa. Pode-se verificar que os percentuais são

parecidos dos três eventos, mostrando como hoje é realizado as pesquisas.

Fonte: Os autores

Figura 6: Método e Pesquisa

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Conforme a Figura 6 os métodos de pesquisa mais utilizados são o estudo de caso e a

pesquisação, ou seja, os estudos relativos à área de PCP utilizam, em grande parte, a

abordagem qualitativa.

Na Figura 7 está coloca-se os autores e somente os com maior numero de publicações nos

eventos relacionados aos temas e áreas comentados.

Fonte: Os autores

Figura 7: Autores com o maior numero de publicações.

De acordo com a Figura 7, pode-se verificar uma grande dispersão entre os autores da área.

Parte desta dispersão justifica-se pela abrangência que a área tem dentro da área de operações.

Como podemos avaliar pela Tabela 3, as áreas estudadas estão definidas com os percentuais

de cada evento.

Áreas Evento

ENEGEP SIMPOI SIMPEP

PCP 58,78% 44,44% 44,85%

MRP 19,08% 27,78% 16,18%

TOC/

OPT 8,40% 16,67% 12,50%

PMP 6,87% 8,33% 11,76%

JIT 3,82% 2,78% 9,56%

Kanban 3,05% 0,00% 5,15%

Fonte: Os Autores

Tabela 3: Área estuda nos eventos ENEGEP, SIMPOI e SIMPEP

Com base na Tabela 3 o tema mais estudado de acordo com os eventos analisados é o PCP de

forma geral. Ou seja, boa parte dos autores buscam estudar aplicações do PCP de uma forma

mais ampla abrangendo várias das suas atividades. Em seguida vem estudos relacionados ao

MRP objetivando demonstrar sua aplicação, impactos no estoque gerado estoque com

mudanças do lead time, simulação de alterações na estrutura de materiais, entre outros.

5. Conclusão

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Com o estudo realizado nota-se que a área de PCP hoje é considerada parte importante no

processo produtivo das indústrias e na pesquisa acadêmica devido aos estudos realizados que

encontramos em nossa pesquisa. As empresas buscam a qualidade em seu processo produtivo

e as Instituições de Ensino incentivam aos graduandos, mestres e doutores, a realizarem

pesquisas nessas áreas devido a sua rápida evolução na última década por exemplo.

Os participantes dos eventos citados buscam várias maneiras de publicar seus artigos. Sendo o

ENEGEP o que possui o maior número de artigos publicados para este estudo. Sendo

observado que o método mais utilizado no ENEGEP é o Estudo de Caso com 61,83%, já o

SIMPOI está em 58,82%, e o SIMPEP em 60,98%. Também se observa que a pesquisa

acadêmica apesar de se desenvolver muito com a publicação de muitos artigos em todas as

áreas ainda é lenta com relação a velocidade que as indústrias buscam melhorar seus

processos, devido a alta concorrência, entre outros.

Avaliando o artigo para sua contribuição com a sociedade e o meio acadêmico podemos

destacar que buscamos mostrar que ferramentas existem e muitas na área de PCP e que ao

longo dos anos os processos foram modificados através da melhoria continua da ferramenta já

existente. Para a contribuição de futuras pesquisas nesse campo tão vasto que é o PCP.

Este artigo limita-se aos dez anos pesquisados, sendo que, a avaliação de alguns artigos pode

ter sido diferente da do autor com relação ao método e a área. Levando assim a erros que

podem dificultar a analise correta do mesmo. Sendo que o artigo sugere para futuros trabalhos

desenvolver estudos nessa área devido a quantidade de informações existentes e a

possibilidade de aplicações no meio acadêmico e industrial.

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