PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO GESTÃO DE CAIXA · É de suma importância, também, a previsão dos...
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Publicação: Junho de 2011
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DIRETORIA DE EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO
Silvio Cecchi
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Alameda Maria Tereza, 2000, Valinhos, São Paulo
CEP. 13.278-181, Tel.: 19 3512-1700
PREPARAÇÃO GRÁFICA
Lusana Veríssimo
Wellington Lopes
Renata Galdino
PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO GESTÃO DE CAIXA
Para citar este texto:
LAZARIM, Rosilene Cristina; CURSINO, Márcia Santos. Conceitos Fundamentais para Análise de Fluxo de
Caixa. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Valinhos, SP: Anhanguera Educacional, 2011.
PÓS-GRADUAÇÃO – 2011
LEITURA FUNDAMENTAL – AULA 4
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
PARA ANÁLISE DE FLUXO DE CAIXA
ROSILENE CRISTINA LAZARIM
E MARCIA SANTOS CURSINO
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DE FLUXO DE
CAIXA
1. INTRODUÇÃO
Para entender o que é metodologia, apuração, análise e principalmente fluxo de caixa,
o público-alvo interessado nesse tipo de abordagem deve compreender que, para
qualquer tomada de decisão, é necessário o conhecimento de informações relevantes
sobre o assunto em questão. Esse tipo de abordagem proporciona a visualização de
várias alternativas para solucionar um determinado problema, por isso utiliza-se a
metodologia. Ou melhor, seleciona-se entre as várias alternativas a melhor solução
para determinado problema.
A partir da metodologia escolhida, a aplicabilidade da solução deve ser acompanhada
pelo período de apuração, ou seja, é o momento de uma nova captação de
informações relevantes sobre os resultados alcançados com a nova metodologia. O
período de apuração pode ser diariamente, semanalmente, mensalmente,
semestralmente ou até mesmo anualmente. Assim, por exemplo, podem ser apurados
o absenteísmo em uma empresa (índice de falta por funcionário), o volume de vendas
por semana para o cumprimento de metas mensais, o índice de horas extras em um
empreendimento para provisionar a folha de pagamento, o lucro apurado
semestralmente e, por fim, o principal em qualquer empreendimento: o balanço
patrimonial apurado anualmente.
Assim, para uma empresa, a forma metodológica que ela escolher não interfere em
seu fluxo de caixa, mas os direcionamentos da metodologia adotada podem afetar
drasticamente o fluxo financeiro.
A falta de lucro em uma empresa não é tão comprometedor quanto a falta de caixa.
Gerenciar disponibilidade é tão importante que exige um alto grau de
comprometimento e um departamento exclusivo para administrá-lo, a tesouraria. O
fluxo de caixa é um dos demonstrativos mais importantes e esperados do
planejamento orçamentário.
Segundo Braga (1995: p. 124), a visão abrangente propiciada pelo orçamento anual
de caixa permite que, em tempo hábil, sejam tomadas as decisões necessárias para
acertar os descompassos previstos para os fluxos de numerário. Ela permite ainda:
Análise dos sistemas e das rotinas de controle e conciliação das contas
correntes da empresa;
Análise e acompanhamento de controle das aplicações e das operações
financeiras da empresa;
Análise dos canais de recebimento da empresa;
Análise das rotinas internas da tesouraria: existência de compras sem
pedido, pagamentos que não foram programados etc.;
Análise de concentração de pagamentos em determinados dias da semana;
Análise e comparação do fluxo projetado com o realizado, podendo, assim,
detectar falhas no processo e apresentar melhorias.
É de suma importância, também, a previsão dos prazos médios de pagamentos e de
recebimentos, pois de nada adianta orçar grandes vendas a preços ótimos se o
dinheiro não entrar na empresa nos prazos previstos, evitando um descompasso na
balança financeira, obrigando a empresa a buscar financiamentos rápidos, com juros
altos, que podem ser evitados.
O fluxo de caixa permite ao administrador prever as receitas e as despesas de uma
empresa, ação na qual demonstra ao empreendedor a real necessidade de seu fluxo
de estoque. Isso determina decisões empreendedoras de abordagem mais agressiva
ao mercado ou prepara para aumentar seu patrimônio de forma que possa expandir
seu negócio de forma sustentável no curto prazo.
Braga (1995: p. 127) diz que o ciclo financeiro define, em termos médios, o prazo que
se inicia a partir dos pagamentos aos fornecedores e termina com o recebimento das
vendas. Em outras palavras, é o período durante o qual a empresa financia suas
operações sem a participação dos fornecedores.
O prazo médio de recebimento das vendas (PMRV) indica quanto tempo em média a
empresa levará para receber as vendas efetuadas. Quanto mais vendas a prazo,
maior o prazo de recebimento no seu fluxo de caixa. Abaixo a fórmula para se calcular
o prazo médio do recebimento das vendas:
PMRV = Duplicatas a receber x 360
Vendas
O prazo médio do pagamento das compras (PMPC) indica quanto tempo em média a
empresa levará para pagar todas as suas compras, ou seja, suas duplicatas a pagar.
Inicia no momento das suas compras e termina no momento do pagamento. A fórmula
para se calcular o prazo médio do pagamento é a seguinte:
PMPC = Fornecedores x 360
Compras (CMV)
O prazo médio de rotação do estoque (PMRE) indica o prazo médio que os produtos
ficam no estoque ao longo do período, desde a sua aquisição até sua efetiva saída, ou
seja, a venda. Deve-se considerar a entrada desde a matéria prima. A fórmula para se
calcular o prazo médio do giro do estoque é a seguinte:
PMRE = Estoques x 360
Custo dos produtos vendidos
O empreendedor, ao possuir conhecimento suficiente para a aplicação da metodologia
ideal para o tamanho de sua empresa, terá uma ferramenta de suma importância para
definir se suas contas estão de acordo com a necessidade financeira de seu fluxo de
caixa.
Segundo Matarazzo (2003, p. 319), “o tempo decorrido entre o momento em que a
empresa coloca o dinheiro (pagamento ao fornecedor) e o momento em que recebe as
vendas (recebimento do cliente) é o período em que a empresa precisa arrumar
financiamento. É o Ciclo de Caixa, também chamado Ciclo Financeiro”.
O ciclo financeiro (CF), também chamado de moeda corrente de uma empresa,
demonstra as entradas de recursos no decorrer das semanas dentro de um mês. Com
isso, o gestor saberá dia a dia sua necessidade de captação de recursos, desconto de
duplicatas, aceitação de cheques pré-datados ou mesmo o recebimento à vista.
Assim, o ciclo financeiro tem o objetivo de mostrar aos gestores o número de dias de
faturamento que uma empresa precisa para prover seus compromissos operacionais e
pode ser obtido através da fórmula abaixo:
CF = PMRV + PMRE – PMP
Portanto, se for somado o prazo médio de dias de recebimento mais o prazo médio de
giro do estoque e diminuindo o prazo médio de dias que temos de pagamento das
compras, obteremos o ciclo financeiro, sendo que, quanto menor o índice, melhor para
a empresa, o que significa que ela necessitará de menos capital de giro. Devem ser
sempre comparados os prazos médios de recebimentos com o prazo médio de
pagamento, pois sempre que a empresa paga os seus compromissos antes do
recebimento das suas vendas, acaba financiando o seu cliente pela diferença do
período.
O ciclo operacional será secundário ao financeiro, pois dependerá diretamente da
capacidade de negociação entre o gestor e seus fornecedores. Para comprar, hoje em
dia, não é mais necessário pagamento à vista em muitos casos, o gestor pode
trabalhar alguns dias com o capital de seu fornecedor até a quitação de suas
aquisições. Portanto, o ciclo operacional é o período de tempo entre a entrada de
matéria prima na empresa, o seu processamento, a sua venda e o seu recebimento.
Matarazzo (2003: p.318) afirma: “A soma dos prazos, PMRE + PMRV, representa o
que se chama Ciclo Operacional, ou seja, o tempo decorrido entre a compra e o
recebimento da venda da mercadoria”.
Veja no quadro 01 um esquema de um ciclo operacional.
Quadro 01: Ciclo operacional
Fonte: Matarazzo (1998).
Para Gitman (1997: p. 669), ciclo operacional é o período de tempo que vai do ponto
em que a empresa adquire matérias-primas e se utiliza de mão-de-obra no seu
processo produtivo até o ponto em que recebe o dinheiro pela venda do produto
resultante.
Segundo Padoveze (2007: p. 558), existem duas metodologias para determinar o
saldo final de caixa:
Método 1 – Fluxo de caixa: que é o resultado das movimentações de entradas e
saídas de caixa, que é o método utilizado no Case Elite.
Método 2 - Valor residual no balanço patrimonial: é o saldo de caixa obtido pela
diferença dos ativos e passivos antes do saldo final de caixa. Neste método, não é
necessário fazer o fluxo de caixa para saber o saldo final do caixa. Na projeção do
balanço patrimonial, o último a valor a ser projetado é o saldo do final do caixa.
Depois de projetadas todas as contas do ativo, todas as contas do passivo e o
resultado do exercício, a diferença entre ativo e passivo é o saldo final do caixa.
CICLO OPERACIONAL
Recebimento
Compra Venda
PMRE PMRV
2. FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL
O fluxo de caixa operacional e o método de controle diário de uma empresa,
indiferente de seu tamanho ou ramo de negócio, [...] no que se refere à entrada e
saída de recursos. O fluxo de caixa operacional está diretamente ligado, conforme o
próprio nome diz, a toda entrada e saída de dinheiro para a constituição de um bem ou
serviço.
O fluxo de caixa operacional exclui o valor a ser pago de imposto de renda, os juros e
a depreciação. Podemos calculá-lo através da seguinte equação:
Lucro antes do juro e do imposto de renda (LAJIR)
( - ) Imposto de Renda
( + ) Depreciação
( = ) Fluxo de caixa operacional
Para Assaf Neto e Silva (2002 apud OLIVEIRA e ARAÚJO, 2006), “fluxo de caixa
operacional (FCO) é o resultados financeiro, produzido pelos ativos identificados
diretamente com a atividade da empresa, e representa uma medida dos recursos
financeiros gerados pelas atividades estritamente operacionais e disponíveis em
termos de caixa.”
Segundo Iudicibus et al. (2007), as atividades operacionais “envolvem todas as
atividades relacionadas com a produção e entrega de bens e serviços e os eventos
que não sejam definidos como atividades de investimento e financiamento.
Normalmente, relacionam-se com as transações que aparecem na Demonstração de
Resultado.”
Portanto, o fluxo de caixa operacional é extraído basicamente das atividades
operacionais da empresa.
O EBITDA - Ebitda (Earning Before Interests,Taxes, Depreciation and Amortization) no
Brasil é conhecido como LAJIDA, ou “Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e
Amortização”. Por esse método também é possível calcular o fluxo de caixa
operacional. Basta somar ao lucro líquido as despesas financeiras, diminuídas das
receitas financeiras, a depreciação, a amortização e a exaustão. Com ele é possível
demonstrar na geração operacional de caixa o quanto, através de suas atividades
operacionais, a empresa gerou de recursos.
Essa metodologia estudada está se tornando cada vez mais comum nas
demonstrações financeiras no Brasil. Por isso, não se pode deixar de alertar sobre o
perigo de ter um financiamento recusado por qualquer instituição financeira devido à
omissão dos juros, impostos, depreciações e amortizações de uma empresa. Ou seja,
a empresa pode nitidamente dentro da lei contábil deixar de demonstrar o
sucateamento de seu parque industrial.
3 ANÁLISE DOS ÍNDICES DE VIABILIDADE: LUCRATIVIDADE,
RENTABILIDADE, PRAZO DE RETORNO DO INVESTIMENTO E
PONTO DE EQUILÍBRIO
Após a elaboração das demonstrações projetadas, é possível analisar a lucratividade
e a performance da empresa como um todo e, se necessário, poderão ser feito ajustes
para que seja alcançado o objetivo financeiro.
Para Gitman (2001:449): “Após analisar as demonstrações projetas, o gerente
financeiro pode tomar passos para ajustar operações planejadas e alcançar metas
financeiras a curto prazo. Por exemplo, se os lucros supostos na demonstração de
resultados projetada são muito baixos, uma variedade de mudanças em preços ou
ações para corte de despesas, ou ambos, podem ser iniciada. Se o nível projetado de
duplicatas a receber no balanço projetado é muito alto, mudanças no crédito ou
política de recebimento podem ser tomadas. Demonstrações projetadas são, portanto,
de importância fundamental para a solidificação dos planos financeiros de uma
empresa para o ano seguinte.”
ÍNDICE DE LUCRATIVIDADE OU RENTABILIDADE
Lucratividade ou rentabilidade aponta o percentual de retorno de capital investido
através de lucros e receitas de determinado período. A rentabilidade pode ser avaliada
de várias formas, dependendo da empresa. Podemos avaliar o retorno das vendas em
relação ao ativo, ao patrimônio líquido, por exemplo. Gitman (1997:120) afirma: "essas
medidas permitem, a quem analisa, avaliar os lucros da empresa em confronto com
um dado nível de vendas, um certo nível de ativos, o investimento dos proprietários,
ou o valor da ação”.
Portanto, o elemento a ser avaliado vai depender de cada empresa. Para afirmar que
o indicador encontrado é bom ou não, dependerá do contexto em que a empresa está
inserida, o que se pretende analisar e que variáveis irá utilizar para a análise.
Alguns índices de rentabilidade mais comuns:
Margem bruta (MB): mede a rentabilidade e o retorno que a empresa teve após
a dedução dos impostos sobre vendas e dos custos dos produtos. É calculada
através da seguinte fórmula:
MB = Lucro bruto
Vendas líquidas
Margem operacional (MO): mede o desempenho de uma empresa, ou seja, o
lucro da operação da empresa, não levando em conta receitas nem despesas
financeiras. Pode ser calculada com a fórmula:
MO = Lucro operacional
Vendas líquidas
Margem líquida (ML): mede a rentabilidade para cada unidade vendida e a
fórmula para o cálculo é:
ML = Lucro líquido
Vendas líquidas
Retorno sobre o Investimento (ROI): mede o retorno que uma empresa dá.
ROI = Lucro líquido
Ativo total
Retorno sobre o Patrimônio Líquido (RPL): mede o percentual do retorno do
capital investido como um todo. Pode ser calculado da seguinte forma:
RLP = Lucro líquido
Patrimônio líquido
Lucro por ação (LPA): mede a parcela do lucro pertencente a cada ação.
LPA: Lucro líquido
Números de ações ordinárias
Segue um exemplo numérico para auxiliar no entendimento deste cálculo.
O lucro obtido após a apuração do Imposto de Renda e Contribuição Social no DRE
seria de: $20.450,00 e a empresa tem 5.000 em ações emitidas. Então:
$20.450 = 4,09 sendo assim, o lucro por ação seria de 4,09. Isso é a
base para comparar quanto
5.0 o mercado está pagando por ação.
PRAZO DE RETORNO DO INVESTIMENTO
É o tempo necessário que a empresa leva para recuperar o que foi investido no início
do projeto.
Prazo de retorno do investimento = Investimento total
Lucro líquido
Para realizar este cálculo, é importante ter o balanço patrimonial em mãos e extrair
todas as contas que representem investimento no negócio, ou melhor, todo o ativo.
Todo o valor investido no negócio dividido pelo valor do lucro líquido vai corresponder
ao período de retorno para recuperar o valor investido.
Um exemplo com números pode ser útil:
Total dos investimentos $128.000,00
Total do lucro líquido: $32.000,00
Então: 128.000/32.000 = 4 anos.
Este índice de rentabilidade, além de demonstrar a atratividade no negócio, também
representa a quantia de anos necessários para retorno do investimento realizado
sobre o lucro obtido.
PONTO DE EQUILÍBRIO
Ponto de equilíbrio é o ponto em que as vendas são suficientes para cobrir os custos
fixos e variáveis da empresa, ou seja, as entradas são exatamente iguais as saídas. É
uma ferramenta gerencial de suma importância, pois possibilita ao gestor saber em
qual o momento seu negócio começou a ser lucrativo.
Através do ponto de equilíbrio, pode-se saber exatamente quando a empresa começa
a ter lucro. Indica aos gestores qual o volume necessário de vendas para cobrir todos
os gastos. Determina também o nível de produção em relação ao valor ou à
quantidade.
De acordo com o gráfico 01, através de números aleatórios, observa-se que no
encontro entre o preço 6 e a quantidade 12, há um ponto de equilíbrio e tudo que
ultrapassar esta marca representará ganho para a empresa avaliada.
Gráfico 01: Ponto de equilíbrio
Fonte: elaboração própria.
No ponto de equilíbrio o lucro é zero, ou seja, os custos foram totalmente cobertos
pelos lucros e a empresa só começa a ganhar alguma vantagem acima da marca do
ponto de equilíbrio. Portanto, é de extrema importância que este ponto seja bem
analisado, pois se ocorrer erros na interpretação/análise, a empresa pode sofrer
conseqüências com tomadas de decisões inadequadas.
O lucro é dado pela diferença entre receitas e despesas. Os gastos são todos os
sacrifícios necessários para que a empresa gere receitas, seja ela ligada à produção
Preço R$
Oferta
Ponto de Equilíbrio
Demanda
Qtde(Kg)12.000
6
de um bem ou serviço, e pode ser denominado custo. O que não está ligado
diretamente à produção de um bem ou serviço, pode-se denominar despesa. Portanto,
a equação para determinação do lucro é a seguinte:
Lucro = receitas – gastos
Os gastos podem ser divididos em:
Gasto Fixo: é um gasto que não depende do volume de produção. Por
exemplo, o aluguel, a depreciação das máquinas, mão-de-obra, energia
elétrica etc.
Gasto Variável: é um gasto que depende da variação do volume de vendas
e está associado ao produto. Por exemplo, matérias-primas, impostos,
embalagens etc.
Para Padoveze (1997: p. 257), antes de calcular o ponto de equilíbrio, é necessário
que se conheça a margem de contribuição, que é a diferença entre o preço de venda
unitário dos produtos e os custos e despesas variáveis por unidade de produto. Ou
seja, em cada unidade vendida, a empresa terá um determinado valor de lucro que,
multiplicado pela quantidade vendida, é obtida a contribuição marginal do produto.
Em suma, a margem de contribuição (MC) é obtida através das receitas menos os
custos variáveis. Portanto, a equação fica assim:
MC = Preço unitário de vendas – Custo variável unitário
Exemplo: o custo unitário de uma caneta é de R$ 5,50 e o custo variável é de:
R$ 3,50. Assim temos:
MC = R$ 5,50 - R$ 3,50
MC = R$ 2,00
Significa dizer que para cada uma caneta vendida, tem-se R$ 2,00 de contribuição
para amortização dos custos fixos, que é chamado de margem de contribuição.
A margem de contribuição é diferente de lucro. A empresa pode ter uma margem
pequena de contribuição para uma quantidade de produtos vendidos e que pode ser
insuficiente para cobrir os custos fixos. Sendo assim, a empresa terá prejuízo. E se a
margem de contribuição for muito alta, o preço do produto pode ficar acima do que o
mercado está disposto a pagar.
Vejamos um exemplo para melhor entendimento do ponto de equilíbrio:
Uma empresa de canetas está no mercado há cinco anos e não sabe qual é o ponto
de equilíbrio em quantidade vendida nem do valor a ser vendido. Considerando os
dados da empresa:
Valor de venda unitário: R$ 10,00;
Gasto variável unitário: R$ 3,00;
Gasto fixo unitário: R$ 6,00.
Calculando a margem de contribuição (MC)
MC= R$ 10,00 – R$ 3,00 = R$ 7,00
Significa que, para cada R$ 1,00 de venda, a margem de contribuição é de 70%
(7/10x100) e serão destinados para a cobertura do gasto fixo e a geração de lucro.
Portanto, sabendo-se que o gasto variável é de 30% das vendas e que, para cobrir o
custo fixo é preciso de 70% do mesmo, pode-se determinar o ponto de equilíbrio das
vendas.
PE das vendas = 6,00 / 0,70 = R$ 8,57
Assim, o ponto de equilíbrio das vendas é de R$ 8,57 para cobrir os gastos variáveis e
os gastos fixos. Observe na demonstração abaixo:
Vendas = R$ 8,57
Gasto variável = R$ 2,57 (30% das vendas)
Gasto fixo = R$ 6,00
(=) Resultado = R$ 0,00
Através da fórmula abaixo, também é possível determinar o ponto de equilíbrio
para o volume das vendas:
PE volumes de vendas = Gasto fixo total
Preço de venda – Gasto variável
PE volumes de vendas = R$ 6,00 = 17 unidades
R$ 0,50 – 0,15
Deve-se atentar para a variável de vendas, pois ela não está sob controle da empresa
e sim depende de fatores externos, de mercado.
4. CONCLUSÃO
A demonstração do fluxo de caixa não é um relatório novo, porém a lei 11.638/2007 a
tornou obrigatória para todas as sociedades de capital aberto ou com patrimônio
líquido superior a 2.000.000,00 reais. Embora as demais empresas não estejam
obrigadas, grande parte delas estão se adequando ao novo modelo, pois,
independente da exigência legal, bancos e outras instituições estão levando em
consideração a demonstração do fluxo de caixa dentre os documentos exigidos para
análise.
Através da demonstração do fluxo de caixa, mesmo que de forma condensada, é
possível verificar a origem de todo o dinheiro que entrou no caixa em determinado
período e, ainda, o resultado do fluxo financeiro. Assim, como a demonstração de
resultados de exercícios, a DFC é uma demonstração dinâmica e também deriva de
dados contidos no balanço patrimonial.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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6. REFERÊNCIAS INFOGRÁFICAS
Fluxo de caixa, este desconhecido – Carlos Alexandre Sá.
http://www.catho.com.br/cursos/index.php?p=artigo&id_artigo=125&acao=exibir&
Fluxo de caixa: A bola de cristal do seu departamento financeiro
http://www.doceshop.com.br/blog/index.php/fluxo-de-caixa-bola-cristal-departamento-
financeiro/
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Ciclo financeiro: Ciclo financeiro, também chamado de ciclo de caixa, é o tempo decorrido do
momento em que a empresa efetua o pagamento das compras de mercadorias aos seus
fornecedores até o momento em que ela recebe o valor das vendas efetuadas aos seus
clientes.
http://www.editoraferreira.com.br/publique/media/luciano_toq3.pdf
Lei 11.638/2007: Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da
Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições
relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras.
http://www.normaslegais.com.br/boletim/boletim31122007.htm