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PLANEJAMENTO: um desafio pedagógico como proposta de formação continuada
Autora: Iloni Strege1
Orientador: Jorge Carlos Correa Guerra2
Resumo
O planejamento é essencial em qualquer atividade humana, na educação muito mais, pois fornece a base de conhecimentos e valores para a formação dos sujeitos em todas as dimensões da vida humana. O presente artigo trata de alguns aspectos relacionados ao planejamento educacional, tendo como base as Leis de Diretrizes e Bases Nacionais (LDBN-9394/96), as Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação Básica do Estado do Paraná (DCEs) e a fundamentação teórica de diversos autores conceituados na área de Planejamento Estratégico e Participativo, Projeto Político-Pedagógico (PPP), Proposta Pedagógica Curricular (PPC) e Plano de Trabalho Docente (PTD), visando despertar na equipe de professores, pedagogos e direção, a consciência, participação, cooperação e reflexão sobre o desenvolvimento diário das atividades escolares, da prática pedagógica e dos resultados educacionais obtidos. Os avanços se tornam possíveis com um trabalho pedagógico efetivo, eficiente, desfragmentado e com resultados qualitativos nos Estabelecimentos de Ensino da Educação Básica do Estado do Paraná, quando se faz uso do planejamento estratégico, participativo e dialético. Neste, pretende-se expor o trabalho realizado através de estudos individuais e coletivos durante a aplicação do Projeto de Intervenção Pedagógica e o Grupo de Trabalho em Rede (GTR), a abordagem metodológica e os resultados obtidos no que concerne ao tema proposto e tudo que envolve sua aplicação, focando de forma mais acentuada o Projeto Político-Pedagógico, a Proposta Pedagógica Curricular e o Plano de Trabalho Docente, onde se percebia uma grande defasagem de conhecimentos e compreensão. Julga-se importante relatar o progresso observado no decorrer da primeira experiência de planejamento ocorrida na Semana Pedagógica do ano letivo 2012, após o desenvolvimento do Projeto de Intervenção Pedagógica.
1Graduada em Pedagogia/habilitação: Administração Escolar, Orientação Educacional e Séries Iniciais e, Ciências – FAFIUV/PR. Especialista em Ciências, Educação Ambiental - UEL/ PR. Professora Pedagoga do Colégio Estadual Alvino Schelbauer, Rio Negro – PR. Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2010.
2Especialista em Engenharia de Produção (UFSCar), Especialista em Gerência e Manutenção (FAAP), Mestre em Educação - Linha Metodologia de Ensino (UNICAMP), Free Docent in Business Administracion (WU). Membro da Associação Brasileira de Inteligência Competitiva e da Associação Brasileira de Estudos de Defesa. Membro de diversos conselhos editoriais. Professor das disciplinas Planejamento Estratégico, Gestão do Produto e Economia Empresarial da UTFPR, Curitiba/PR – Orientador PDE/2010.
Palavras-chave: planejamento estratégico; escola; PDE; pedagogia.
1 Introdução
Ao tratar este tema tomam-se por base as experiências da autora como
professora e como pedagoga.
Através da observação diária das práticas pedagógicas dos professores,
nas discussões em Conselhos de Classe, em conversas na sala dos professores
durante a hora-atividade, no período de planejamento e replanejamento, bem
como, pela análise dos resultados finais dos alunos, foi possível constatar no
decorrer dos anos, a falta ou pouco conhecimento de alguns professores, incluindo
direção e equipe pedagógica, em relação ao planejamento escolar, despertando
assim o desafio de estudar o assunto de forma mais ampla e aprofundada. Reunindo
tudo isso ao fazer o projeto PDE (Plano de Desenvolvimento Educacional), optou-
se pelo tema Planejamento e Avaliação, com ênfase no planejamento, por
acreditar-se que a avaliação é parte dele. Para dar prosseguimento deparou-se
com o problema: como apropriar-se das diretrizes e teorias existentes para melhorar
o planejamento escolar?
Com o problema delineado após muita reflexão, chegou-se ao objetivo:
estudar as diretrizes e teorias que norteiam a elaboração do planejamento escolar
para contribuir numa educação de resultados no estado do Paraná.
O ponto de partida para subsidiar o desenvolvimento do tema escolhido, foi
diagnosticar qual o real conhecimento dos professores, direção e equipe
pedagógica, o público-alvo em relação a planejamento.
Para obter o diagnóstico aplicou-se um questionário de perguntas fechadas
com justificativa da resposta assinalada, para maior fidedignidade nos resultados.
As questões versavam sobre conhecimento em relação a planejamento,
planejamento participativo e estratégico, planejamento escolar, englobando o Projeto
Político-Pedagógico/Proposta Pedagógica Curricular e Plano de Trabalho Docente.
A idade dos profissionais pesquisados variando entre 24 (vinte e quatro) e 60
(sessenta) anos, sendo a maioria do Quadro Próprio do Magistério (QPM), do sexo
feminino e também, especialistas.
Tabularam-se os resultados para subsidiar o próximo passo, os conteúdos
que o projeto abordaria. Chegou-se a conclusão que seriam: Lei de Diretrizes e
Bases Nacionais e Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação Básica do
Estado do Paraná, o Planejamento Estratégico e Planejamento Participativo. Essa
abordagem foi motivada como forma de subsidiar o momento do Planejamento
Escolar que acontece em três níveis: Projeto Político-Pedagógico, Proposta
Pedagógica Curricular e Plano de Trabalho Docente, sendo estes três últimos,
também incluídos no projeto.
Diante dos resultados e escolhidos os conteúdos, surge a pergunta: qual a
metodologia e como abordar o objeto de estudo para dar possibilidade de
participação a todos que demonstraram interesse? Foi então que o projeto solidificou
como sendo, Planejamento: um desafio pedagógico como proposta de formação
continuada. Esse projeto consta de Caderno Temático para atender a proposta de
formação continuada, proporcionando a mesma oportunidade a todos os
interessados participarem, fazendo uso de horas-atividade e qualquer momento de
disponibilidade dos mesmos.
O Caderno Temático elaborado é composto por 05 Unidades Didáticas para
integrar os estudos da intervenção pedagógica, sendo complementadas por textos e
vídeos referentes a cada assunto.
A metodologia de pesquisa utilizada é de Referenciais (bibliografia física e
virtual) para subsidiar cientificamente o projeto. A metodologia da implementação
baseia-se na pesquisa-ação.
As dificuldades encontradas na aplicação do Projeto de Intervenção
Pedagógica deram-se pelo fato de não se conseguir reunir todo ou o número mínimo
como planejado do grupo de participantes, durante toda a aplicação, perdendo-se as
possibilidades de debates e trocas, tendo que se optar pelos estudos em dupla e
individual, mas não se perdeu a qualidade dos resultados.
O ambiente físico que se ocupou, para o desenvolvimento dos estudos do
Projeto de Intervenção Pedagógica, no primeiro momento, foi uma sala de aula com
todo o grupo e, no decorrer dos estudos, a sala dos professores ou o laboratório de
informática, com o grupo dividido. Os materiais utilizados foram o computador,
projetor de imagens, vídeos, textos impressos e o Caderno Temático.
Durante a intervenção foi possível observar que o objetivo estava sendo
atingido pela devolutiva oral e escrita dos participantes.
No período de Planejamento do ano letivo de 2012 pode-se observar os
resultados positivos da intervenção. A intervenção pedagógica subsidiou os docentes
teoricamente, possibilitando uma tomada de decisão frente ao planejamento escolar,
ajudando a transformar a prática pedagógica em uma educação de resultados
qualitativos.
2 Fundamentação Teórica
O planejamento é recurso fundamental de toda atividade humana.
Considerando que “Planejar é, antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e
agir de acordo com o previsto, é buscar fazer algo incrível, essencialmente humano:
o real ser comandado pelo ideal.” (Vasconcellos, 2010, p. 35), ele não pode deixar
de estar presente nas atividades diárias das escolas. A construção de uma escola
com autonomia e de resultados, só acontece através de um planejamento
estratégico, participativo e dialético. O mesmo deve abranger a escola como um
todo, especialmente de forma bem clara e coerente no desenvolvimento do ensino e
aprendizagem propriamente dito, pois o planejamento dá possibilidade de avaliar e
reavaliar os resultados.
Para Padilha (2001, p.30):
O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação; processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando à concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações.
O ato de planejar e consequentemente o planejamento, oportuna a
possibilidade de prever os passos a seguir, o tempo e todos os recursos necessários
e ainda, como visto anteriormente, avaliar e reavaliar. Como essa prática ainda não
faz parte do cotidiano de todos os profissionais da educação isso não favorece um
trabalho pedagógico efetivo, eficiente, tornando-o fragmentado e sem resultados de
qualidade.
O planejamento faz parte do cotidiano, planeja-se o dia a dia, sem muitas
vezes se ter consciência do fato. Sem planejamento onde ficam as metas? Os
objetivos? Para que, afinal se levanta a cada manhã? O que se fará em uma
determinada escola ou sala de aula?
A aranha realiza operações que lembram as de um tecelão, e as caixas que as abelhas constroem no céu podem tornar sem graça o trabalho de muitos arquitetos. Mas mesmo o pior arquiteto se diferencia da abelha mais hábil desde o princípio, em que, antes de construir com suas tábuas uma caixa, ele já a construiu na sua mente. No final do processo de trabalho ele obtém algo que já existia na sua mente antes que ele começasse a construir. O arquiteto não só modifica as formas naturais, dentro das limitações impostas por essa mesma natureza, mas também realiza um propósito próprio, que define os meios e o caráter da atividade à qual ele deve subordinar à sua vontade. (VIEIRA, 2008, p 37 apud KARL MARX, 1985).
Muitos profissionais da educação ainda trabalham “apagando incêndios”.
Sendo levados pelo que acontece no momento, sem planejamento algum,
prevalecendo a visão de senso comum e de reação aos acontecimentos e não ao
planejamento por meio de ações competentes que possam influenciar os
acontecimentos e a realidade, acabando desta forma a não se ter tempo para pensar
e muito menos para planejar.
De acordo com Megginson, Mosley e Pietri Jr (1998),
[...] o planejamento pode ser definido como o processo de estabelecer objetivos ou metas, determinando a melhor maneira de atingi-los e o alicerce para as subsequentes funções de organizar, liderar e controlar. Ao estabelecer um objetivo ou meta, deve-se ter clareza sobre onde se quer chegar. É preciso reconhecer as variáveis importantes que influenciam os objetivos, identificar e avaliar as condições atuais e futuras que afetam esse objetivo, pois as necessidades do mercado mudam. Além disso, deve-se desenvolver uma abordagem sistemática para atingir esse objetivo, atribuindo responsabilidades para realização, quem, o quê, como, quais resultados são esperados. Só então, é possível passar à implementação do planejamento, controlando e avaliando sua eficácia.
Para alcançar o que se espera, precisa-se ter um planejamento estratégico,
que deve ser revisto constantemente para verificar se está sendo alcançado o que
se propôs. Diversas são as abordagens sobre planejamento estratégico, mas se
pode dizer que o mesmo objetiva antecipar os resultados de uma ação e seus
possíveis reflexos a curto, médio e longo prazo. Ele deve ter claro o que, como, por
que, para quê, para quem e quando.
O planejamento deve ser revisto constantemente para verificar se está
sendo alcançado aquilo que foi proposto. Planejar por planejar, sem avaliar os
resultados, reforça o insucesso.
Heloisa Lück (2000) no texto, A Aplicação do Planejamento Estratégico na
Escola, escreve:
Consideramos como planejamento estratégico o esforço disciplinado e consistente, destinado a produzir decisões fundamentais e ações que guiem a organização escolar, em seu modo de ser e de fazer, orientado para resultados, com forte e abrangente visão de futuro. [...]
O planejamento estratégico parte da realidade complexa e dinâmica do
estabelecimento de ensino, devendo ser claro, objetivo e sem delongas. Ele sugere
inovação, criatividade e arrojo, uma vez que, o que sempre se fez, não está
”produzindo os frutos” esperados.
Todo planejamento estratégico requer algumas situações fundamentais.
Muitas vezes precisa-se ousar, mas embasado no conhecimento da realidade
externa e interna do estabelecimento, para se obter resultados significativos. Deve-
se ter uma visão quantitativa e qualitativa das realidades e suas influências para
atuar sobre as possíveis interferências negativas no ambiente escolar e aproveitar
as positivas, para somar.
Precisa-se realizar uma análise diagnóstica, observando os possíveis
resultados nos diversos prazos (curto, médio e longo), observando a possibilidade
mais viável para resultados mais eficazes e abrangentes, pensando e agindo
estrategicamente e não reativamente, através de acompanhamento e avaliação
constantes e baseados em boas referências e tornando-se boa referência e assim,
possibilitando uma educação de resultados, cumprindo com sua função social.
O planejamento além de ser estratégico, também precisa ser participativo
para a obtenção de melhores resultados, pois este último faz com que todos se
comprometam com seu desenvolvimento e resultados, pois estão diretamente
envolvidos.
No artigo: A Posição do Planejamento Participativo entre as Ferramentas de
Intervenção na Realidade, Gandin (2001, p.82) escreve que:
O Planejamento Participativo é, de fato, uma tendência (uma escola) dentro do campo de propostas de ferramentas para intervir na realidade. Ele se alinha ao lado de outras correntes, como o Planejamento Estratégico, [...] Como tal, ele tem uma filosofia própria e desenvolveu conceitos, modelos, técnicas e instrumentos também específicos.
Cada escola possui uma realidade específica que é vista de diferentes
formas por cada um que a vivencia. O Planejamento Participativo precisa ocorrer
com a participação de todos para se obter a contribuição dos diferentes "olhares"
presentes no dia a dia da escola, “olhares” estes, de pais, alunos, professores,
funcionários, equipe pedagógica, direção e direção-auxiliar. São estes “olhares” que
fazem a diferença na hora de planejar a escola que queremos, construída pelo
processo de organização do trabalho coletivo, incluindo distribuição de poder.
O Planejamento Participativo dispensa a hierarquia no momento do
planejamento, optando pela sinergia. Mas ele não dispensa uma coordenação para
exercer o papel de articulador e canalizador dos diferentes interesses, objetivando a
participação e responsabilização de todos pelos resultados.
O Planejamento Participativo tem como ponto alto a melhor posição, atitude,
frente a algum empreendimento, seus motivos e como alcançá-los de maneira mais
simples e produtiva. Para exemplificar, vejamos o que diz Gandin (2000, p.35ss).
[...] fujam do que diz Robert (1998, p. 40) com o nome de Administração Cristóvão Colombo: “Quando ele partiu, não sabia para onde ia. Quando chegou, não sabia onde estava. Quando voltou, não sabia dizer onde esteve!”, o Planejamento Participativo quer mais: deseja ser, essencialmente, o planejamento de decidir quais as coisas certas a fazer e quais os motivos que nos levam a fazê-las, embora não renuncie aos instrumentos e às técnicas que permitam “fazê-las bem”.
A citação acima ainda é um exemplo clássico do que é possível observar em
muitos estabelecimentos de ensino.
A seguir, pode-se observar os enfoques do Planejamento Estratégico e
Participativo, grifo da autora.
O enfoque do Planejamento Estratégico enfatiza, em especial, o conteúdo, a orientação e os resultados da organização proposto no plano resultante. Já o Planejamento Participativo enfatiza o processo envolvido na elaboração do plano, considerado como legitimador do mesmo. (LUCK, 2000).
Até esse momento, abordou-se o que é planejar e também planejamento
estratégico e participativo. A seguir, se abordará planejamento escolar que segundo
Libâneo (1992, p. 221): “É um processo de racionalização, organização e
coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do
contexto social”. Para articular o planejamento com a problemática do contexto
social, precisa-se conhecer a realidade do estabelecimento em que atua, para o qual
se planeja, está inserido, daí a importância do Projeto Político-Pedagógico. Gandin
(2001, p. 83), aponta que:
[...] é impossível enumerar todos os tipos e níveis de planejamento necessários à atividade humana. Sobretudo porque, sendo a pessoa humana condenada, por sua racionalidade, a realizar algum tipo de planejamento, está sempre ensaiando processos de transformar suas ideias em realidade. Embora não o faça de maneira consciente e eficaz, a pessoa humana possui uma estrutura básica que a leva a divisar o futuro, a analisar a realidade a propor ações e atitudes para transformá-la.
A transformação da realidade como foi possível observar, também depende
de planejamento, pois precisa se ter em mente os caminhos a seguir para se
alcançar os objetivos almejados e como diz Gandin na citação acima, existem
inúmeros tipos e níveis de planejamentos necessários às atividades humanas entre
estas atividades está a educação.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases Nacionais número 9394/96 em seus
Artigos 13 e 14, se refere a Planejamento da seguinte forma:
Art. 13 Os docentes incumbir-se-ão de: I. participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento
de ensino; II. elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica
do estabelecimento de ensino; III. zelar pela aprendizagem dos alunos; IV. estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor
rendimento; V. ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar
integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;
VI. colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.
Art. 14 Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I. participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;
II. participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
No que refere ao planejamento de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases
Nacionais, sua construção fica a cargo dos estabelecimentos de ensino, envolvendo
todos os profissionais do mesmo.
Levando-se em consideração que o docente necessita, acima de tudo, zelar
pela aprendizagem, bem como estabelecer estratégias de recuperação aos alunos
de menor rendimento escolar, cabe também a ele, reorganizar o seu planejamento
conforme as necessidades educacionais destes alunos e, sobretudo, fornecer a eles,
condições de aprendizagem para se tornarem cidadãos críticos e capazes de intervir
e transformar a sociedade em que vivem.
A Lei de Diretrizes e Bases Nacionais como se viu, fala da participação de
todos os profissionais da educação na construção do Projeto Político-Pedagógico. O
mesmo abrange a instituição de forma global. Sua construção é norteada pelo Artigo
3º da LDBN 9394/96, onde diz:
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I. igualdade de condições para acesso e permanência na escola; II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber; III. pluralismo de ideias e concepções pedagógicas; IV. respeito a liberdade e apreço a tolerância; V. coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI. gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII. valorização do profissional da educação escolar;
VIII. gestão democrática do ensino público, na forma desta lei e da legislação do sistema de ensino;
IX. garantia do padrão de qualidade; X. valorização da experiência extracurricular; XI. vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
O Projeto Político-Pedagógico é o primeiro nível de planejamento a ser
construído de forma participativa pela comunidade escolar. Segundo Diogo (1998,
p.17 apud VASCONCELLOS, 2010, p.169)
O Projeto Educativo é, claramente, um documento de planificação escolar que poderíamos caracterizar de seguinte modo: de longo prazo quanto à sua duração; integral quanto à sua amplitude, na medida em que abarco todos os aspectos da realidade escolar; flexível e aberto; democrático porque elaborado de forma participada e resultado de consensos.
O Projeto Político-Pedagógico é o documento norteador das ações de um
estabelecimento de ensino, suas intenções, a organização de todo o trabalho
pedagógico e educacional, fundamentação teórica e filosófica, os objetivos, metas e
rumos.
Sua construção deve partir sempre da análise da realidade onde o
estabelecimento está inserido com suas diversidades culturais, econômicas, sociais
e de crenças. Nele devem constar as intenções educativas da escola, a formação do
cidadão crítico, participativo e transformador de sua realidade. Por isso, é um projeto
pedagógico e é político, por estar comprometido na formação do cidadão, que é um
ser político por natureza.
Toda comunidade escolar: direção, equipe pedagógica, professores,
funcionários, instâncias colegiadas, pais e alunos devem envolver-se na construção
e efetivação do Projeto Político-Pedagógico, pois precisa ser um planejamento
participativo, superando quaisquer conflitos, competições e melindres, pois o mesmo
é em prol de uma comunidade, de uma sociedade e não de alguns elementos.
Essa mobilização em prol da construção do Projeto Político-Pedagógico é
fundamental por refletir a visão sob diversas óticas, garantindo um projeto de
objetivos reais, pontuais e flexíveis, estabelecendo metas permanentes para médio e
longo prazo.
Os princípios norteadores do Projeto Político-Pedagógico, segundo Veiga,
(2010. p. 16 a 20), grifo da autora, são:
a) Igualdade de condições de acesso e permanência na escola. [...] b) Qualidade [...] propiciar uma qualidade para todos. [...] c) Gestão democrática [...] Ele exige uma ruptura histórica na prática
administrativa da escola, com o enfrentamento das questões de exclusão e reprovação e da permanência do aluno na sala de aula, o que vem provocando a marginalização das classes populares. Esse compromisso implica a construção coletiva de um projeto político-pedagógico ligado à educação das classes populares. [...]
d) Liberdade [...] é o resgate do sentido dos conceitos de autonomia e liberdade. A autonomia e a liberdade fazem parte da própria natureza do ato pedagógico. [...]
e) Valorização do magistério [...] A qualidade do ensino ministrado na escola e seu sucesso na tarefa de formar cidadãos capazes de participar da vida socioeconômica, política e cultural do país relacionam-se estreitamente a formação (inicial e continuada), condições de trabalho (recursos didáticos, recursos físicos e materiais, dedicação integral à escola, redução do número de alunos na sala de aula etc.) remuneração, elementos esses indispensáveis à profissionalização do magistério. [...] a formação continuada dos profissionais, da escola compromissada com a construção do projeto político-pedagógico, não deve limitar-se aos conteúdos curriculares, mas se estender à discussão da escola como um todo e suas relações com a sociedade.
De acordo com a Instrução Nº 007 / 2010 - SUED/SEED, no Projeto Político-
Pedagógico do Estado do Paraná deve-se contemplar: identificação do
estabelecimento de ensino; objetivos gerais; marco situcional; marco conceitual;
marco operacional e referências, tudo construído coletivamente.
Integrando o Projeto Político-Pedagógico, está a Proposta Pedagógica
Curricular, contemplando as disciplinas ou áreas de ensino, trazendo claras as
indagações: o quê? como? por quê? quando? para quê? para quem?
Na construção da Proposta Pedagógica Curricular leva-se em conta a
periodicidade em que as modalidades de ensino se apresentam (anual ou
semestral).
A Proposta Pedagógica Curricular deve ser construída observando-se
também a comunidade escolar. Para tanto, antes de elaborá-lo, o professor
necessariamente precisa ter conhecimento do Projeto Político-Pedagógico, onde
consta o perfil da comunidade, o embasamento teórico que dá sustentação
pedagógica às atividades desenvolvidas no estabelecimento de ensino, os
resultados da aprendizagem, os objetivos, metas e os princípios que dão
fundamentação à prática pedagógica e o sistema de avaliação.
Além de se levar em consideração a comunidade escolar, para alcançar uma
educação de resultados, a Proposta Pedagógica Curricular contempla conteúdos,
que representam o saber produzido ao longo da história da humanidade, o saber
científico. Dessa forma, se oportunizará o confronto entre os saberes científicos e
popular, ocorrendo a dialética, a construção de conhecimento, possibilitando a
formação de cidadãos conscientes e transformadores de sua realidade, realidade
esta, imposta pela classe dominante que insiste em manter seus privilégios.
Complementado, segue uma citação das Diretrizes Curriculares
Orientadoras da Educação Básica do Estado do Paraná: [...] “propõe-se que o
currículo da Educação Básica ofereça, ao estudante, a formação necessária para o
enfrentamento com vistas à transformação da realidade social, econômica e política
de seu tempo. [...]” (2008, p. 20).
A Proposta Pedagógica Curricular deve abranger: apresentação da
disciplina; objetivos gerais; conteúdos: estruturantes, básicos e os específicos, estes
últimos são opcionais, mas recomenda-se para escolas onde há muita rotatividade
de professores como garantia de continuidade; encaminhamento metodológico;
avaliação e referências.
A proposta deve ser observada, avaliada e reestruturada sempre que houver
necessidade. Essa possibilidade se dá pela sua flexibilidade, não traduzindo fuga ou
descarte do que foi planejado, mas um redirecionamento do ensino-aprendizagem
após feedback, para obtenção de melhores resultados.
O conhecimento escolar se traduz nos conteúdos das disciplinas do
currículo, as diretrizes destacam a importância dos conteúdos disciplinares, e o
professor como responsável pela Proposta Pedagógica Curricular do
estabelecimento assim como de seu Plano de Ensino ou Plano de Trabalho
Docente.
Segundo as Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação Básica do
Estado do Paraná (2008, p. 26):
Nessa concepção de currículo, as disciplinas da Educação Básica terão, em seus conteúdos estruturantes, os campos de estudo que as identificam como conhecimento histórico. Dos conteúdos estruturantes organizam-se os
conteúdos básicos a serem trabalhados por série, compostos tanto pelos assuntos mais estáveis e permanentes da disciplina quanto pelos que se apresentam em função do movimento histórico e das atuais relações sociais. Esses conteúdos, articulados entre si e fundamentados nas respectivas orientações teórico-metodológicas, farão parte da proposta pedagógica curricular das escolas. A partir da proposta pedagógica curricular, o professor elaborará seu plano de trabalho docente, documento de autoria, vinculado à realidade e às necessidades de suas diferentes turmas e escolas de atuação. No plano, se explicitarão os conteúdos específicos a serem trabalhados nos bimestres, trimestres ou semestres letivos, bem como as especificações metodológicas que fundamentam a relação ensino/aprendizagem, além dos critérios e instrumentos que objetivam a avaliação no cotidiano escolar.
Assim sendo, partindo da Proposta Pedagógica Curricular, o professor deve
elaborar seu Plano de Trabalho Docente, incluindo os conteúdos estruturantes,
básicos e específicos, a forma como pretende trabalhar os conteúdos específicos de
sua disciplina, incluindo todos os passos e articulações entre o conhecimento
historicamente construído e o movimento histórico social, objetivos, metodologia,
recursos, critérios de avaliação, instrumentos de avaliação, recuperação e
referências, observando se o sistema de avaliação é (bimestral, trimestral ou
semestral) seguindo conforme expresso no Projeto Político-Pedagógico e Regimento
Escolar de cada estabelecimento.
Segundo Vasconcellos (2010, p. 148) o Plano Pedagógico, “É a orientação
para o que fazer cotidiano”. É onde o professor coloca de forma detalhada como
será sua aula. Refletindo o jeito de atuar de cada professor, suas características
didático/pedagógicas levando-se em conta as especificidades das turmas e alunos,
devendo sempre estar de acordo com a realidade da comunidade em que a escola
está inserida, para tanto, vem se reforçar, precisa-se ter conhecimento do Projeto
Político-Pedagógico, pois ele possui informações para subsidiar o professor na
construção do plano.
Sendo a educação dinâmica como a sociedade em que está inserida, o
Plano de Trabalho Docente não é estático, é um elemento vivo, pois sua flexibilidade
permite a abordagem e discussão de situações relevantes do momento, alterando o
planejado.
A avaliação do plano deve ser constante, revendo a prática e replanejando
sempre que haja necessidade.
Planejamento e avaliação são elementos inseparáveis, subsidiam todo o
trabalho de ensino e aprendizagem. A avaliação é um mecanismo para auxiliar na
evolução da aprendizagem do aluno, na prática pedagógica do professor e
consequentemente no replanejamento.
Avaliando a aprendizagem, avalia-se o ensino, num processo contínuo, pois o que se pretende questionar com isso é a forma ensinada, sua adequação às várias maneiras de desenvolver as aprendizagens apresentadas na sala de aula, levando-se em consideração a contextualização e fatos históricos vividos pelos alunos que influenciam na sua forma de aprender. É necessário que o professor conheça as características do grupo como um todo, o desenvolvimento cognitivo, psicológico e social e, a partir daí, organize condições adequadas para a aprendizagem, redirecionando o planejamento, dentro de seus aspectos de flexibilidade, e suas estratégias de ensino, pois aprender é construir significados e ensinar é oportunizar
esta construção (MORETTO, 2002, p. 58)
A avaliação como intervenção, proporciona ao educando e educador um
feedback que o orienta no processo de ensino-aprendizagem e replanejamento.
Portanto, avaliação não é comparar o quanto um aluno acertou em relação
ao outro, mas o quanto está progredindo, seus erros servindo como base para
reavaliação do planejamento, da metodologia utilizada, enfim, da prática docente e
discente.
Para ressaltar e fechar com clareza e abrangência sobre Planejamento se
acrescenta uma citação de Padilha (2001, p. 63):
Planejar, em sentido amplo, é um processo que "visa a dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro", mas considerando as condições do presente, as experiências do passado, os aspectos contextuais e os pressupostos filosófico, cultural, econômico e político de quem planeja e com quem se planeja.
O Planejamento deve ser visto como atividade integrada à educação, pelo
simples fato de caracterizar a não improvisação, projetando o futuro, estabelecendo
caminhos e metas que possam nortear de forma facilitada a ação educativa,
prevendo o acompanhamento e a avaliação desta ação.
Baseada nesta fundamentação teórica foi desenvolvida a implementação do
Projeto de Intervenção Pedagógica.
3 Implementando a Proposta Pedagógica
O Projeto, Planejamento: um desafio pedagógico como proposta de
formação continuada, elaborado paralelamente aos cursos realizados pelas IES –
Instituição de Ensino Superior, com a finalidade de estudar, discutir e apresentar aos
profissionais da educação, subsídios para elaboração do planejamento escolar em
benefício de uma educação de resultados, foi apresentado à equipe de professores
no mês de abril de 2011.
Tendo a escolha do tema surgido da observação da atuação e discussão
com colegas, referente ao planejamento e também devido aos resultados
educacionais no decorrer dos anos. A pesquisa e implementação do Projeto de
Intervenção Pedagógica foi um desafio, chegando-se ao seguinte problema: como
apropriar-se das diretrizes e teorias existentes para melhorar o planejamento
escolar?
A partir deste momento, verificou-se a necessidade de diagnosticar o nível
de conhecimento do público-alvo em relação às diretrizes educacionais e teorias
referentes ao planejamento escolar. Para isso, foi elaborado um questionário com
perguntas fechadas, justificando-se cada resposta assinalada, para maior
fidedignidade nos resultados. O mesmo compunha 14 perguntas, destas, 5
referindo-se ao perfil dos entrevistados e 9 ao interesse e conhecimento do tema do
projeto.
Quanto ao perfil dos entrevistados obtiveram-se os seguintes resultados:
idade entre 24 (vinte e quatro) e 60 (sessenta) anos, profissionais das diversas áreas
do conhecimento, 58% são do Quadro Próprio do Magistério (QPM), 68% atuam no
Ensino Fundamental e Médio, 95% são especialistas.
Em relação ao conhecimento sobre planejamento, 100% não soube definir
planejamento estratégico e participativo; 89% identificaram o que compõe um
planejamento escolar; 47% têm conhecimento do que deve constar num Projeto
Político-Pedagógico; 63% sabem o que compõe uma Proposta Pedagógica
Curricular; 74% fazem uso do Plano de Trabalho Docente em sua prática diária,
sentindo-se mais seguros com o mesmo; 63% têm conhecimento das Diretrizes
Curriculares Orientadoras da Educação Básica; 63% colocaram que nunca
participaram de algum curso sobre planejamento; 74% não leram nada sobre
planejamento nos últimos 12 meses que antecederam a entrevista e quanto à
resposta sobre problemas referentes ao Planejamento Escolar no Paraná em sua
execução e controle, as respostas foram imprecisas.
Com o resultado em mãos, chegou-se ao objetivo: estudar as diretrizes e
teorias que norteiam a elaboração do planejamento escolar para contribuir numa
educação de resultados no estado do Paraná. O próximo passo passou a ser
selecionar os conteúdos para intervenção: Lei de Diretrizes e Bases Nacionais e
Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação Básica do Estado do Paraná,
Planejamento Estratégico e Planejamento Participativo, Projeto Político-Pedagógico,
Proposta Pedagógica Curricular e Plano de Trabalho Docente, na sequência, a
confirmação do número de participantes da intervenção pedagógica.
Tendo os resultados, os conteúdos e o número de participantes, precisava-
se da metodologia e um formato de intervenção que possibilitaria a participação de
todos que demonstraram interesse, foi então que surgiu, Planejamento: um desafio
pedagógico como proposta de formação continuada, em formato de Caderno
Temático, composto por 5 Unidades Didáticas,. A Unidade I - Planejamento: as
Diretrizes e o Planejamento; Unidade II - Planejamento: Planejamento Estratégico e
Participativo; Unidade III – Planejamento: Projeto Político-Pedagógico; Unidade IV –
Planejamento: Proposta Pedagógica Curricular; e Unidade V – Planejamento: Plano
de Trabalho Docente.
A metodologia de pesquisa utilizada para subsidiar cientificamente o projeto
é de referenciais (bibliografia física e virtual). A metodologia da implementação
baseou-se na pesquisa-ação. Engel (2000, p. 181) define pesquisa-ação como:
[...] um tipo de pesquisa participante engajada, em oposição à pesquisa tradicional, que é considerada como “independente”, “não reativa” e “objetiva”. Como o próprio nome já diz, a pesquisa-ação procura unir a pesquisa à ação ou prática, isto é, desenvolver o conhecimento e a compreensão como parte de prática. [...] surgiu da necessidade de superar a lacuna entre teoria e prática.
Existem várias correntes sobre a pesquisa-ação, mas segundo André (2001,
p. 33), ela resume-se em “[...] um plano de ação que se baseia em objetivos, em um
processo de acompanhamento e controle da ação planejada e no relato
concomitante desse processo. Muitas vezes esse tipo de pesquisa recebe o nome
de intervenção”. Sendo, portanto, a metodologia mais adequada para a pesquisa em
questão.
Como parte do trabalho do PDE, além da aplicação do Projeto de
Intervenção Pedagógica, que se deu no 2º semestre de 2011, houve o GTR – Grupo
de Trabalho em Rede, modalidade de formação continuada à distância, oferecida
pela SEED - Secretaria de Estado da Educação, onde o professor PDE desempenha
a função de tutor e os participantes do GTR são professores da rede estadual de
ensino, o mesmo aconteceu nos meses de outubro e novembro de 2011.
A intervenção pedagógica para a apropriação teórica deu-se entre a
segunda quinzena de julho e final de outubro de 2011, ocorrendo através de grupos
de estudos aproveitando-se as horas-atividade e todo e qualquer espaço/tempo
disponível. O procedimento de cada unidade sendo planejada para acontecer, com
todo grupo que aderiu, ao mesmo tempo e as atividades se desenvolveriam
formando-se grupos de no máximo 04 componentes para leitura e discussão dos
textos de cada Unidade Didática. Depois da leitura e discussão, apresentação em
plenária das conclusões de cada grupo referente ao conteúdo abordado,
especialmente, sobre os destaques nos textos.
Além das leituras e apresentações, pequenos vídeos serviram de
complementação de alguns conteúdos abordados, assim como, sugestões de
leituras complementares. Na primeira unidade, como sugestão de leitura
complementar, o artigo: O Planejamento no Contexto Escolar, de Gama e
Figueiredo; na segunda unidade, vídeo sobre Planejamento Estratégico e leitura
complementar: O Processo de Planejamento Participativo da Unidade Escolar,
artigo de Pedro Ganzeli, (2002); a terceira unidade compõe a apresentação do vídeo
de Fabrícia Neli J. Martins, abordando o tema Projeto Político-Pedagógico e as
sugestões de leitura complementar do artigo de Maria Adélia Teixeira Baffi (2002): O
Planejamento em Educação: revisando conceitos para mudar concepções e práticas,
Deliberação 014/99 do CEE e da Instrução nº 007/2010 - SUED/SEED – PR; na
quarta unidade, vídeo que aborda a Proposta Pedagógica Curricular, Plano de
Trabalho Docente 2 e a última unidade, apresentação de vídeo referente ao tema
sob o título Plano de Trabalho Docente 1 e leitura complementar do artigo: A
Importância do Planejamento das Aulas para Organização do Trabalho do Professor
em sua Prática Docente de CASTRO, TUCUNDUVA E ARNS.
As dificuldades que se encontrou na aplicação do projeto se deram pelo fato
de não se conseguir reunir todo grupo de inscritos durante a intervenção
pedagógica, por essa razão teve que se mudar as estratégias de ação e ocorreu um
replanejamento.
A motivação desta ocorrência deu-se pela falta de disponibilidade dos
professores em outros turnos e também porque muitos deles completam no
estabelecimento sua carga horária dificultando, inclusive a hora-atividade
concentrada, que seria um facilitador para reunir boa parte do grupo ou todo grupo.
Esse fato acabou tornando inviável a aplicação da intervenção pedagógica da forma
como havia sido pensada. Assim sendo, a realização dos estudos se deu de forma
individual ou no máximo em dupla, não se possibilitando o debate planejado, com
exceção da Unidade I, que ocorreu conforme planejado. Como foi possível perceber,
o fato interferiu no desenvolvimento, o formato da aplicação teve que ser revista e
replanejada. Mas, o replanejamento não interferiu nos resultados finais do projeto,
prova disso, são as mudanças percebidas no decorrer desse ano letivo, pois quem
participou da intervenção pedagógica, não teve dificuldades na realização do
planejamento, auxiliando inclusive, quem optou em não participar, como também os
professores que chegaram ao colégio nesse ano e, portanto, não tiveram a
oportunidade de participar da intervenção.
4 A Intervenção Pedagógica na Escola
Aos professores que participaram da implementação do projeto de
intervenção pedagógica se questionou o porquê de seu interesse e quais as suas
expectativas em relação à mesma. Foram unânimes em afirmar que essa
participação se dava em função de compreender a necessidade de entender e
conhecer mais sobre planejamento, com o objetivo de contribuir para seu trabalho
em sala de aula. Quanto às expectativas também não houve divergências, buscavam
subsídios para elaboração dos planejamentos.
Segundo as sínteses e discussões estabelecidas, o grupo concluiu que
realmente, toda ação requer um planejamento. Tudo o que se pensa em aplicar deve
ser previamente analisado e discutido. Além disso, se precisa avaliar as ações para
verificar os resultados. Deve-se planejar após ter um diagnóstico, mas mesmo
assim, nem sempre se consegue alcançar os objetivos. Portanto, os planejamentos
podem e devem ser revistos e alterados sempre que necessários.
Há o grupo de professores que consideram seus planejamentos bem
definidos, sempre programam e analisam todas as atividades que serão aplicadas.
Porém, muitas vezes sentem dificuldades na aplicabilidade das ações porque se
deparam com realidades e com discentes que não atendem às expectativas o que
consequentemente, requer um plano “B”, isto é, um planejamento diferenciado,
sempre buscando novas estratégias para que a aprendizagem aconteça e com
qualidade. Sem criatividade o professor não consegue sensibilizar, despertar a turma
para a aprendizagem, pois algumas vezes o que se planeja para uma turma não se
consegue trabalhar na outra, então, surge a necessidade de criar, inovar, buscar
estratégias diferenciadas.
Segundo esses professores, há possibilidades reais de se realizar o
planejamento de forma participativa, o que já acontece, porém, de maneira ainda
tímida, nas Semanas Pedagógicas e Reuniões Pedagógicas.
Outro grupo alegou que falta tempo para planejar participativamente e que a
função do planejamento é verdadeira, traz benefícios para escola, essencialmente
quando se executa/trabalha no princípio de participação. Também reclamaram que
não há espaço para discussão, aprofundamento e entendimento das diretrizes, o
que não depende da classe, mas de toda uma reformulação do sistema educacional
que independe da base, neste caso, a escola.
No terceiro grupo, professores relataram que não tinham o hábito de
planejar, mas quando passaram a fazer isso, constataram que com o planejamento
se consegue uma visão melhor da prática e da observação dos resultados.
O planejamento deve ocorrer a partir da realidade do colégio, dos alunos, da
comunidade escolar.
Para os professores, o Projeto Político-Pedagógico desenvolvido no colégio
atende as necessidades, mas parcialmente, apesar de ter sido elaborado de forma
participativa com os segmentos que compõem a comunidade escolar, garantindo
maior credibilidade, a correlação entre o Projeto Político-Pedagógico e a realidade
escolar ainda não é total, mas como está em permanente construção, nunca pronto
e acabado, poderá ir se ajustando. Observaram também, que o mesmo assegura o
direito à educação de qualidade de acordo com as leis e o professor tem liberdade
de trabalhar de forma diferenciada.
Para um segundo grupo, o Projeto Político-Pedagógico está adequado e
deve ser discutido, pensado e revisto anualmente, pois a sociedade está em
constantes transformações, devendo sempre estar fundamentado legal e
teoricamente, considerando o perfil do aluno e da comunidade escolar em vários
aspectos: cognitivos, sociais, emocionais, preocupando-se essencialmente com a
valorização do ser em sua formação como um todo. Além disso, visa, sobretudo,
promover o exercício da cidadania e o reconhecimento dos seus direitos e deveres
enquanto sujeitos sócio-históricos, para a transformação da realidade.
Quanto à Proposta Pedagógica Curricular, segundo os participantes, deve
contemplar o que consta nas Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação
Básica do Estado do Paraná e ser constantemente repensada, analisada e avaliada,
principalmente, quando se refere à metodologia e a avaliação. Cada aluno possui
uma forma de aprender e praticar, e cabe ao docente analisar e adequar sua
metodologia. O trabalho do docente em sala de aula deve ser estruturado,
repensado e retomado sempre que necessário vendo cada aluno numa perspectiva
de crescimento cultural e intelectual.
Ficou claro ao grande grupo o que é uma Proposta Pedagógica Curricular e
tudo que ela deve contemplar. Quanto ao Plano de Trabalho Docente, de acordo
com as conclusões de alguns professores, ele norteia o trabalho do professor no dia
a dia e sem esse planejamento não tem como se manter uma sequência nos
conteúdos. Ele pode ser flexível porque depende da realidade dos discentes e de
cada escola. O Plano de Trabalho Docente é um facilitador do trabalho e o que não
deu certo se replaneja.
Outro grupo expôs que a organização das práticas pedagógicas diárias é um
facilitador porque auxilia no dia a dia de forma a guiar o professor nos conteúdos
ministrados em sala de aula. Na sua construção, precisa-se observar as diferenças
do perfil dos alunos e da realidade da escola.
Para um terceiro grupo, o Plano de Trabalho Docente é utilizado diariamente
e deve-se sempre que necessário fazer uma análise, pensar numa estratégia de
integrar o ensino/aprendizagem de uma forma que o aluno possa rever suas
dificuldades e saná-las para que haja um entendimento. O aluno deve sempre
construir um conhecimento sem competitividade, para que ele cresça culturalmente
e se torne um cidadão crítico da sociedade em que está inserido, modificando seus
valores, sendo estes culturais e sociais.
Para o último grupo, ele é uma forma de orientar o trabalho, nele constam o
caminho/orientação e o que se vai trabalhar, oferecendo uma sequência, podendo
ser adaptado de acordo com o rendimento da turma, ele é flexível, podendo interligar
com outros conteúdos.
Os grupos chegaram num acordo referente à avaliação, que deve ser
contínua, pois, a partir dela se saberá quais são os resultados positivos e negativos
do trabalho realizado na disciplina para que se possam buscar novas estratégias,
promovendo assim a aprendizagem do aluno.
O projeto de intervenção pedagógica foi considerado relevante e
esclarecedor, oportunizando uma visão ampla sobre planejamento e contribuindo
para sanar as dúvidas.
5 O Grupo de Trabalho em Rede (GTR)
Quanto ao GTR, foram 9 os profissionais inscritos, sendo que 2 nunca
acessaram o programa e 1 não conseguiu terminar em tempo hábil. Portanto, seis
concluíram com êxito. Os resultados das discussões no GTR foram abrangentes e
relevantes, sendo possível observar na sequência.
Concluiu-se que planejar é especificar os objetivos a serem atingidos e
decidir antecipadamente as ações apropriadas que devem ser executadas para
atingi-los.
Partindo do princípio que o planejamento é um documento norteador da
escola, nesse sentido pode-se afirmar que, o planejamento educacional não é um
ato estático, pronto acabado, mas um ato contínuo que visa atender as
necessidades do indivíduo e do coletivo dos membros da sociedade na qual a
escola está inserida. É no planejamento que são estabelecidos os caminhos
adequados, elencando as ações e as estratégias para que se alcance os objetivos
esperados, sendo assim, ele deve ser autônomo, democrático, estratégico e
participativo.
Para construir um planejamento dinâmico e funcional, faz-se necessário o
conhecimento das diretrizes e teorias educacionais que dão suporte às práticas
escolares e docentes. Nesse sentido é imprescindível o conhecimento do alunado e
da realidade de cada escola, pois só assim se terá o para quem, o que e como
deverá ser desenvolvida a ação docente e de toda escola.
De posse desses quesitos, poderá se decidir o que deve ser feito para se
alcançar os objetivos propostos, utilizando corretamente os instrumentos e as
técnicas para aperfeiçoar a ação.
O Planejamento Escolar direciona todo o processo educacional,
possibilitando perceber a realidade, avaliar os caminhos, construir um referencial
futuro. Ele é a bússola norteadora que indica os rumos, se eles estão certos, ou se
existe a necessidade de se corrigir a rota.
Assim sendo, nele deve estar implícita e explicita a avaliação, sem ela, não
se sabe se o objetivo foi alcançado. A avaliação deve ser constante, é o parâmetro
para dar continuidade ao que foi planejado ou então, replanejar. Nessa perspectiva,
a avaliação é, acima de tudo, uma atitude crítica do educador diante de seu trabalho
docente e dos rumos e resultados da escola.
O planejamento escolar nos remete ao pensamento dos três documentos
norteadores do trabalho escolar: Projeto Político-Pedagógico, Proposta Pedagógica
Curricular e Plano de Trabalho Docente, que são os três níveis de planejamento.
Os documentos norteadores da prática pedagógica demonstram, ou pelo
menos devem demonstrar os anseios de toda a comunidade. Por ser um documento
construído pelo coletivo escolar, o Projeto Político-Pedagógico deve ter o perfil da
comunidade, e nele necessita estar explícito todos os momentos do processo ensino
e aprendizagem, constando as intencionalidades educativas idealizadas, um
embasamento teórico para justificar a prática, a ação pedagógica, um projeto de vida
e de sociedade. Tais intencionalidades, também devem estar presentes na Proposta
Pedagógica Curricular e vivenciadas através do Plano de Trabalho Docente.
Quanto às diferenças existentes entre os três níveis de planejamento
escolar, são inerentes à própria organização escolar, as especificidades de cada um
deles subsidiam a (re) construção da outra e a interdependência entre eles,
possibilita a implementação da proposta pedagógica escolar.
Os níveis de planejamento propiciam a vivência democrática, já abordada
acima, já que se faz necessária a participação de todos os membros da comunidade
escolar, sendo construído pelo coletivo, tendo caráter flexível, pois estando em
constante transformação, como documento orientador da escola, deve ser dinâmico
e vivo como a escola é, respeitando a realidade do aluno. Além disso, não pode ser
documentos “apenas de gaveta”, pois refletem e direcionam todo o processo de
ensino e aprendizagem que se articula dentro da escola.
Segundo os participantes do GTR, o planejamento deve ser visto realmente
como atividade integrada à educação e ter como grande preocupação pôr em prática
o tempo de planejamento como formação continuada. É uma proposta que envolve a
sensibilização, compreensão, conscientização, vontade, atitude e paciência da
comunidade escolar em conciliar a necessidade com a prática proposta.
Porém, em alguns estabelecimentos de ensino, encontram-se alguns
entraves no momento de transformar a teoria em prática e o planejamento
propriamente dito acaba ficando no anonimato sem ser consultado ou refletido.
Embora o planejamento tenha um caráter flexível e possa ser mudado,
readequado, modernizado, o que se presencia em algumas escolas são
planejamentos que se eternizam e não sofrem nenhuma alteração com o correr dos
anos. Por esse motivo, o primeiro passo é, sem qualquer sombra de dúvidas, levar o
planejamento escolar muito a sério, como não apenas atualizar as datas, mudar as
capas. Já em outros estabelecimentos, a elaboração acontece de forma
parcialmente coletiva, sempre recaindo na falta de tempo, de oportunidades para se
reunirem, etc. O planejamento enquanto construção-transformação de
representações é uma mediação teórica metodológica para ação, que em função de
tal mediação passa a ser consciente e intencional.
A reformulação do Projeto Político-Pedagógico, acontecendo anualmente ou
quando detectada necessidade, devendo partir de estudos e análises da realidade
na qual a escola está inserida, de questionamentos levantados nos Conselhos de
Classe, Reuniões Pedagógicas, reuniões do Conselho Escolar, Grêmio Estudantil e
da Associação de Pais, Mestres e Funcionários, ouvindo-se os anseios de toda a
comunidade escolar, sendo esse processo orientado pela direção e equipe
pedagógica, utilizando-se os momentos de capacitação nas Semanas Pedagógicas
de fevereiro e julho, nas Reuniões Pedagógicas e nas horas-atividade e de estudo,
com a participação de todo o coletivo escolar e a partir dele direcionar-se também,
quando necessário a reformulação da Proposta Pedagógica Curricular, norteada
pelas Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação Básica para a Rede
Estadual de Ensino e do respectivo Plano de Trabalho Docente.
E se planejar é realizar um conjunto de ações, propostas para aproximar
uma realidade de um ideal (GANDIN, 1983, p.18), sem condições de refletir sobre o
planejamento, como vamos chegar a esse ideal?
Por todas essas questões o planejamento não cumpre muitas vezes o seu
objetivo primeiro que é o de tentar mudar realidades, de colocar ações previamente
propostas em prática transformadora, causando frustrações em quem realmente se
preocupa com a educação.
Segundo o grupo, a aplicação do Material Didático é viável, porém em
alguns casos, é necessário fazer algumas adequações, priorizando as necessidades
observadas in loco. Considerando importante realizar um trabalho de formação
continuada, discutindo as questões do fazer pedagógico fazendo uso do material
como suporte teórico para subsidiar esse trabalho.
Sabendo-se que o processo de construção do conhecimento se dá de forma
dialética, a partir de novos conhecimentos, a mudança de paradigmas só é possível
através de reflexão e da não alienação em relação aos conceitos pré-existentes.
Avaliando todas as contribuições dos participantes, foi possível concluir que
houve compreensão dos temas abordados e das informações que se quis transmitir
com este projeto.
6 Conclusão
O planejamento sempre fez parte da vida cotidiana, assim como faz parte do
cotidiano escolar. O que se percebe é que alguns profissionais ainda não têm a
compreensão da importância do planejamento como facilitador do seu trabalho em
sala de aula e também como forma de orientar e avaliar o desenvolvimento de seu
trabalho, melhorando efetivamente o resultado pedagógico.
Para estes profissionais, percebe-se que há necessidade de sensibilização,
isto é, de provocações que os tornem sensíveis à percepção da importância do
planejamento.
A receptividade dos educadores participantes da Intervenção Pedagógica
em relação ao projeto foi muito boa, sendo avaliado como subsídio que estava lhes
faltando para realizar um planejamento adequado. Quanto aos participantes do GTR,
também o consideraram relevante e aplicável, em alguns casos adaptando-se a
realidade do estabelecimento e dos profissionais.
Alguns professores colocaram que deve haver orientação e apropriação
teórica para todos os profissionais da escola através de cursos específicos e a partir
disso a construção do planejamento efetivo e participativo. Segundo eles, isso está
faltando e tem dificultado a apropriação de conhecimentos e a construção de
planejamentos adequados. Sugeriu-se que aconteçam encontros de estudos sobre
planejamento, para que então seja exigida a construção da Proposta Pedagógica
Curricular e/ou o Plano de Trabalho Docente.
Propôs-se, mais tempo para formação continuada e planejamento nas
escolas e a sugestão de que as intervenções, devido sua amplitude e importância,
fossem certificadas.
A ação de planejar não deve ser reduzida ao simples preenchimento de
formulários, mas sim numa atividade consciente da previsão das ações político-
pedagógicas, considerando permanentemente a problemática social, econômica,
política e cultural que envolve a escola, os professores, os alunos, os pais e a
comunidade que integra o processo de ensino, favorecendo a formação de
educandos com conhecimento e autonomia, conscientes de seu papel participativo e
transformador da sociedade.
Percebe-se que há interesse dos professores em apropriar-se cada vez mais
de teorias e experiências para aperfeiçoar sua prática e é necessário que a escola e
o Estado criem espaços para estudos e discussões sobre o tema, para que as tão
esperadas mudanças no ensino e aprendizagem aconteçam, mesmo que em longo
prazo.
A autora considera o material apropriado, por embasar e subsidiar
teoricamente a construção do planejamento, por sua flexibilidade e pela
aplicabilidade não ser para um público e realidades restritas.
Todavia, o contratempo de não ter sido possível reunir todos os participantes
durante toda intervenção não interferiu no resultado final.
Observa-se a necessidade de um novo olhar para o planejamento, abrindo-
se mais espaços e oportunidades de estabelecer uma relação profunda com o
conhecimento, bem como, a reorganização do tempo e do espaço escolar para que
isso seja possível, havendo assim a efetiva mudança no processo ensino e
aprendizagem, fazendo-se uso do planejamento para tornar a aprendizagem mais
significativa e o trabalho do professor menos desgastante e mais gratificante.
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