planificar

23
Didáctica II Planificações Índice Pág. Introdução 2 Mas afinal o que são planificações? 3 Porque é que se planifica? 4 Para quem se planifica? 5 Os diferentes tipos de planificação 5 Mediadores 12 Objectivos 12 Competências – o saber em acção 15 Considerações finais 18 Bibliografia 19 Parte prática 20 Introdução prática 21 Anexos 22 1

description

Planificar

Transcript of planificar

  • Didctica II Planificaes

    ndicePg.

    Introduo 2

    Mas afinal o que so planificaes? 3

    Porque que se planifica? 4

    Para quem se planifica? 5

    Os diferentes tipos de planificao 5

    Mediadores 12

    Objectivos 12

    Competncias o saber em aco 15

    Consideraes finais 18

    Bibliografia 19

    Parte prtica 20

    Introduo prtica 21

    Anexos 22

    1

  • Didctica II Planificaes

    IntroduoEste trabalho tem como principal objectivo responder a algumas das

    questes que surgem quando se mencionam as planificaes. Uma vez que

    num futuro prximos seremos professores, este um tema que nos toca

    particularmente.

    Os alunos de hoje, vivem numa sociedade dita cognitiva ou sociedade

    da informao, em que o conhecimento aumenta exponencialmente e assume

    um significado muito importante. Contudo, nem sempre se consegue processar

    tal quantidade de informao, surgindo angstias geradas pela incapacidade

    de responder de forma eficaz s solicitaes do mundo envolvente. Da que o

    currculo no se esgote nos contedos que devem ser ensinados e aprendidos,

    deve pois, abranger as dimenses do saber, do ser, do formar-se, do

    transformar-se, do decidir, do intervir e do viver e conviver com os outros.

    (Ftima Braga et al., 2004) No quadro destas ideias, podemos afirmar que o

    currculo uma construo social resultante da necessidade de responder a

    aprendizagens que se consideram socialmente necessrias para um

    determinado grupo, numa determinada poca, que se corporiza atravs de

    decises e que reflecte o poder dos campos cientficos. (Ftima Braga et al.,

    2004: 17)

    Esta concepo de currculo, vai atribuir novos papeis aos actores

    escolares. E isso traduz-se no trabalho dos professores, nomeadamente, nas

    planificaes.

    A escola a unidade bsica de referncia para o desenvolvimento do

    currculo. Para o efeito, esboa as linhas gerais da adaptao do programa s

    exigncias do contexto social, institucional e pessoal, e define as prioridades.

    Ser, porm, o professor a concretizar, com a sua actuao prtica, essas

    previses. E s ele poder adoptar as decises j antes referidas. Ele realiza a

    sntese do geral (programa), do situacional (programao escolar) e do

    contexto imediato (o contexto da aula e os contedos especficos ou tarefas).

    (Zabalza, 2000: 46)

    Planificar tornou-se uma actividade muito importante para todos os

    professores. Estes dedicam muito do seu tempo a esta actividade, que ir

    condicionar a sua aco e a principal determinante daquilo que se aprende

    2

  • Didctica II Planificaes

    na escola. O currculo, tal como publicado, um documento orientador para

    todo o pas, cabe a cada escola, nomeadamente a cada professor, transform-

    lo e adapt-lo realidade dos seus alunos.

    Mas afinal o que so as planificaes?No existe uma definio nica para planificao, cada professor ter a

    sua, que prpria e reflecte a forma como encara o processo de

    ensino/aprendizagem. Existem definies como:

    - planear definir com clareza o que se pretende do aluno, da turma, ou

    do grupo;

    - uma actividade que consiste em definir e sequenciar os objectivos do

    ensino e da aprendizagem dos alunos, determinar processos para

    avaliar se eles foram bem conseguidos, prever algumas estratgias de

    ensino/aprendizagem e seleccionar recursos/materiais auxiliares;

    - (...) na perspectiva construtivista a planificao passa pela criao de

    ambientes estimulantes que propiciem actividades que no so partida

    previsveis e que, para alm disso, atendam diversidade das situaes

    e aos diferentes pontos de partida dos alunos. Isso pressupe prever

    actividades que apresentem os contedos de forma a tornarem-se

    significativos e funcionais para os alunos, que sejam desafiantes e lhes

    provoquem conflitos cognitivos, ajudando-os a desenvolver

    competncias de aprender a aprender (Zabala, 2001). (Ftima Braga et

    al., 2004:27)

    3

  • Didctica II Planificaes

    Porque que se planifica?Planificar muito importante, se assim no fosse os professores no se

    debruariam sobre esta tarefa h tantos anos. de facto essencial que o

    professor tenha um fio condutor das suas aulas, como um mapa de estrada,

    para se chegar a um destino traa-se um caminho, embora durante o percurso

    se possam fazer desvios e no final chegar ao stio pretendido. Assim a

    planificao no deve ser rgida, pelo contrrio, dever ser uma previso do

    que se pretende fazer, tendo em conta as actividades, material de apoio e

    essencialmente o contributo dos alunos. Privilegiando as relaes pessoais

    entre todos os membros do grupo (turma, professor), fazendo com que os

    alunos se sintam como uma pea fundamental e imprescindvel para o todo.

    Quando Clark e Yinger perguntaram a um conjunto de professores por

    razo planificavam, entenderam que as respostas se poderiam agrupar em trs

    tipos de categorias:

    1. os que planificavam para satisfazer as suas prprias necessidades

    pessoais: reduzir a ansiedade e a incerteza que o seu trabalho lhes

    criava, definir uma orientao que lhes desse confiana, segurana,

    etc.;

    2. os que chamavam planificao determinao dos objectivos a

    alcanar no termo do processo de instruo: que contedos deveriam

    ser aprendidos para se saber que materiais deveriam ser preparados

    e que actividades teriam de ser organizadas, que distribuio do

    tempo, etc.;

    3. os que chamam planificao s estratgias de actuao durante o

    processo de instruo: qual a melhor forma de organizar os alunos,

    como comear as actividades, que marcos de referncia para a

    avaliao, etc.

    (Zabalza, 2000: 49)

    4

  • Didctica II Planificaes

    Planificar para quem?Esta pergunta est relacionada com a anterior, pois quando um

    professor explicita as razes pelas quais planifica est implcita a resposta a

    esta pergunta. Em suma, planifica-se para:os alunos, para que eles prprios possam saber o que esto a fazer e porqu, ou seja, para perceberem melhor o caminho que esto a trilhar;

    o professor, pois uma forma de organizar o seu trabalho, reflectir sobre os contedos, mtodos, materiais, expectativas e

    competncias a desenvolver nos alunos;

    a escola, pois torna possvel um trabalho consciente de todos os docentes e permite a coordenao interdisciplinar;

    os pais, para perceberem melhor porque que os filhos aprendem determinados contedos e desta forma poderem acompanh-los

    melhor e participar mais conscientemente na vida escolar;

    a sociedade, porque hoje em dia, cada vez se fala mais em autonomia das escolas e em participao activa da comunidade, ou

    seja, da sociedade local.

    Os diferentes tipos de planificao(...) o modelo de planificao seguido importante, pois reflecte a

    maneira como foi concebida a aula (...)(Ftima Braga et al., 2004:26)

    A planificao linear caracteriza-se pela definio clara e rigorosa dos objectivos que explicitam as competncias que os alunos devem adquirir. S

    depois que so seleccionados os modos de aco e as actividades

    especficas tendo em vista alcanar as finalidades predeterminadas.

    Metas Aces Resultados (Arends, 1999:45)

    Este modelo de planificao baseia-se nos princpios definidos pelas

    teorias tcnicas, e d grande nfase aos objectivos e metas a alcanar. Estes

    devem descrever o resultado que se pretende que os alunos obtenham, sendo

    5

  • Didctica II Planificaes

    por isso um tipo de pedagogia virada para a mestria, que pretende

    consciencializar e objectivar as aprendizagens a fazer. (Ftima Braga et al.,

    2004)

    Os primeiros planificadores e tericos do currculo, como Ralph Tyler

    (1950), Mager (1962, 1984), Popham e Baker (1970) e Gagn e Briggs (1979),

    defendiam a ideia que uma boa planificao tinha que ter por base objectivos

    de ensino cuidadosamente especificados e, as actividades propostas visavam

    cumprir esses mesmos objectivos. (Arends, 1999)

    Existem crticas apontadas a este modelo, como por exemplo, uma

    preocupao exagerada em estabelecer objectivos acaba por limitar possveis

    desvios ao percurso traado, podendo at ignorar o rimo dos alunos,

    deixando pouco espao para intervenes e exploraes de algo que lhes seja

    particularmente interessante. Ou seja, um plano traado nestes moldes no

    tende a ser flexvel, embora possa ser vantajoso em algumas situaes, pois

    ajuda o professor a definir mais rigorosamente o que pretende fazer. Outra das

    crticas apontadas, que estas planificaes proporcionam a fragmentao dos

    saberes, que precisamente o contrrio do que se pretende hoje em dia.

    (Ftima Braga et al., 2004)

    Outro modo de planificar, pe em causa esta viso de orientar as aulas

    para satisfazer objectivos, assim como, a ideia de que possvel realizar

    actividades com grande preciso, sem atender dinmica da aula. Weick,

    defende um modelo no linear, em que os professores devem primeiramente ter em conta as actividades. A actividade a manifestao mais acabada da

    vitalidade de uma pessoa e/ou grupo. (Matos Vilar, 1998:48) Estas por sua vez

    produziro resultados, uns j previstos outros no, s depois se deve pensar

    em sumariar e explicar essas aces atribuindo-lhes metas. Para os

    proponentes deste modelo, as planificaes no so necessariamente os

    condutores das aces, passando a ser, em vez disso, smbolos, anncios e

    justificaes daquilo que as pessoas j fizeram. (Arends, 1999: 45)

    Aces Resultado Metas (Arends, 1999:45)

    6

  • Didctica II Planificaes

    Neste caso, os professores tambm estabelecem metas, mas a

    planificao cclica, pois feita atravs de uma sucesso de tentativa e erros.

    Muitos professores podem, no entanto, conciliar aspectos dos dois modelos.

    Uma abordagem mais recente, que contrria planificao linear, a

    designada planificao conceptual. Aqui tem-se em considerao as representaes prvias dos alunos sobre determinado assunto. O professor

    deve valorizar essas representaes prprias de cada um, aproveitando as

    correctas e desenvolvendo formas de alterar as erradas. Neste ltimo caso

    deve tentar perceber as causas de tais conceitos incorrectos. Assim, o saber

    ser algo que o prprio aluno ir construindo depois de se irem efectuando

    transformaes at ele atingir o nvel de abstraco desejado. (Ftima Braga

    et al., 2004:28) Trata-se portanto de um ensino baseado na mudana

    conceptual, em que o professor elabora etapas sucessivas que levam os

    alunos construo do saber. O modelo clssico de planificao no se adapta

    a este caso. Para Vecchi & Giordan (...) a planificao conceptual dever

    traar objectivos a longo prazo, devendo ainda ser cridas situaes e

    actividades que permitam a evoluo das representaes dos alunos, para que

    estas se aproximem o melhor possvel dos objectivos, passando por diversos

    nveis de integrao (Ftima Braga et al., 2004:29)

    Sistematizando, este tipo de planificao tem como base as

    representaes dos alunos, para a partir da criar situaes que promovam a

    mudana conceptual. Assim, tendo isto em conta, desenvolvem-se planos

    dinmicos, abertos e flexveis.

    Planificar em projecto, uma forma de planificao conceptual, e engloba trs momentos - antes, durante e depois da aco. Parte do

    pressuposto que a planificao linear no se adapta aos novos papis da

    escola, em que se espera que os profissionais da educao tomem para si

    responsabilidades de concepo, deciso e organizao de escola, nos

    diferentes nveis de planificao a que podem/devem actuar. Este tipo de

    planificao considera uma fase para identificar o problema, outra para a

    formulao e resoluo do problema e por fim a implementao, avaliao e

    rotinizao. Assim planificar em projecto pressupe:

    7

  • Didctica II Planificaes

    1. Valorizar a transversalidade dos objectivos, a formao integral do aluno, o

    desenvolvimento de competncias pessoais, sociais e acadmicas

    (relacionadas com a comunicao e resoluo de problemas);

    2. Inter-relacionar o saber e o saber fazer, a teoria e a prtica, a cultura

    escolar e a cultura do quotidiano;

    3. Adoptar um conceito alargado de contedo, que englobe os contedos

    procedimentais, atitudionais e os habituais contedos conceptuais;

    4. Organizar os contedos em temas-problema integradores, em funo das

    competncias a desenvolver, fazendo ressaltar conexes entre os vrios

    temas, entre os saberes e as competncias de diferentes disciplinas e entre

    a escola e o meio;

    5. Integrar a avaliao no processo de ensino aprendizagem, enquanto

    dinmica contnua de reflexo e de identificao das representaes;

    6. Orientar a avaliao educativa com base no diagnstico das representaes

    prvias, dos processos de aprendizagem e dos estado de desenvolvimento

    dos alunos;

    7. Praticar uma avaliao concebida em trs eixos de orientao:

    autoconscencializao dos desempenhos, co-avaliao pelos colegas da

    turma e meta-avaliao pelo professor;

    8. Atribuir significado s informaes recolhidas, investigando-as e

    recontextualizando-as;

    9. Tomar decises avaliativas coerentes com a modalidade (formativa vs

    sumativa), com as suas finalidades (classificar vs conscencializar), funes

    (certificar vs regular), referenciais (norma vs critrio), tipo (papel e lpis vs

    desempenho de tarefas) e escalas (descritivas, qualitativas e quantitativas).

    (Ftima Braga et al., 2004: 32)

    A planificao por competncias tem em conta as competncias que os

    alunos devem desenvolver, para tal, o professor orienta as aulas,

    desenvolvendo actividades, que propiciem esse desenvolvimento. Por

    exemplo, no modelo conceptual esta dimenso importante, nomeadamente

    nas planificaes em projecto.

    8

  • Didctica II Planificaes

    Em termos temporais podem-se considerar as planificaes a longo,

    mdio e longo prazo.

    Planificao a longo prazo Este tipo de planificao faz-se no inicio do ano e, tem como principal

    objectivo seleccionar e distribuir os contedos, tendo em vista o melhor para a

    escola e baseando-se nas orientaes do plano curricular de escola. As opes

    que se fazem a este nvel vo sofrer ajustamentos ao longo do ano, e para

    cada turma em particular, aps se conhecer os alunos. Pois, a partir da

    avaliao que o professor faz das necessidades de cada turma, que pode

    intervir directamente sobre elas.

    Nas planificaes anuais os professores reflectem sobre as atitudes,

    metas e temas gerais que pretendem passar para os alunos. As atitudes, por

    exemplo, no se podem tratar numa aula, s atravs de determinadas

    vivncias ao longo do ano, que devem ser previstas pelos professores. Quanto

    matria a dar ao longo do ano, h sempre inmeros temas a tratar e

    actividades a realizar, contudo o tempo no chega para tudo, o professor tem

    de seleccionar o que realmente importante. Outro aspecto a ter em conta so

    os ciclos do ano lectivo, nomeadamente os perodos de aulas, dias da semana,

    feriados, perodos de frias, entre outros. (Arends, 1999)

    Algumas da tarefas, a realizar em grupo ou individualmente, so:

    Analisar o programa da disciplina, tendo em conta os contedos que no

    foram leccionados no ano anterior;

    Dividir e ordenar o programa em unidades didcticas a serem

    desenvolvidas;

    Organizar e ordenar as unidades de modo a formarem um todo coerente;

    Definir os objectivos a atingir pelos alunos em cada unidade, assim como,

    capacidades a desenvolver, atitudes a fomentar e conhecimentos a adquirir;

    Definir estratgias a implementar, actividades e processos de avaliao;

    Distribuir os contedos pelo tempo disponvel.

    9

  • Didctica II Planificaes

    Para efectuar estas tarefas pode-se recorrer a programas, planificaes

    anteriores, livros, guias curriculares, entre outros. (1)

    Neste tipo de planificao seria desejvel que os vrios professores se

    reunissem, incluindo tambm pais e outros representantes da comunidade,

    contudo isto nas escolas de hoje impensvel. Muitos dos professores

    encaram esta tarefa como um requisito burocrtico que pouco afectar aquilo

    que far nas aulas. (Zabalza, 2000)

    Planificaes a mdio prazoDesigna-se por planificao a mdio prazo os planos de uma unidade de

    ensino, ou de um perodo de aulas. Basicamente, uma unidade corresponde a

    um grupo de contedos e de competncias associadas que so percebidas

    como um conjunto lgico. (Arends, 1999: 59,60)

    Para planificar uma unidade necessrio interligar objectivos, contedos

    e actividades. Desta forma vai-se traar o percurso para uma srie de aulas e,

    vai reflectir a compreenso que o professor tem tanto ao contedo como ao

    processo de ensino. tambm necessrio equacionar os materiais necessrios

    de forma mais concreta, a motivao dos alunos, os instrumentos de avaliao,

    entre outros. (Arends, 1999)

    Existem professores que disponibilizam estas planificaes para os

    alunos, para eles terem a noo do caminho que esto a percorrer.

    Algumas etapas a ter em considerao:

    Identificar e ordenar contedos, bem como, definir os objectivos

    correspondentes a esses mesmos contedos e as competncias que

    os alunos devem adquirir.

    Identificar os conceitos j existentes, pr-conceitos, e os novos

    conceitos a desenvolver;

    Definir estratgias a implementar, atendendo aos alunos e aos

    objectivos definidos;

    Criar estratgias de avaliao;

    Distribuir os diferentes contedos pelas aulas disponveis. (1)

    10

  • Didctica II Planificaes

    Planificaes a curto prazo/ planos de aula Estes planos so aqueles a que o professor disponibiliza mais ateno.

    tambm aqui que melhor se percebe a forma como o professor encara a

    dinmica do ensino/aprendizagem. Normalmente, os planos dirios

    esquematizam o contedo a ser ensinado, as tcnicas motivacionais a serem

    exploradas, os passos e actividades especficas preconizadas para os alunos,

    os materiais necessrios e os processos de avaliao. (Arends, 1999: 59)

    Entre a fase anterior e esta deve-se preparar materiais necessrios

    como, fichas de trabalho, exerccios, webquest, material de apoio a actividades

    prticas, actividades experimentais, sadas de campo, entre outros.

    Como aqui se considera a aula em si, existem uma srie de pormenores

    prticos a ter em conta e, especificar outros que j tinham sido considerados

    anteriormente. So eles:

    Sumrio;

    Novos conceitos a ser leccionados, os pr- requeridos e, o

    encadeamento adequado;

    Objectivos a atingir e competncias a adquirir pelos alunos;

    Estratgias, actividades especficas;

    Tipo de exerccios;

    Materiais necessrios;

    Linguagem especfica a utilizar, observaes pertinentes;

    Momentos de questionao/avaliao.

    Tempo a distribuir pelas diferentes tarefas;

    Outros. (1)

    H tarefas que se repetem ao longo do tempo, mas como

    compreensvel, em cada tempo so desenvolvidas em diferentes grau de

    profundidade. Os planos a longo prazo constituem o suporte organizador dos

    11

  • Didctica II Planificaes

    planos a mdio prazo. E estes constituem o suporte dos programas a curto

    prazo.

    No decorrer de qualquer processo deve-se reflectir e avaliar, com as

    planificaes e as aulas propriamente ditas isso tambm deve acontecer.

    Avalia-se essencialmente para auto-regulao, para se analisar o que est a

    correr bem ou mal e, a partir da introduzir melhorias no prprio processo de

    ensino/aprendizagem.

    Planificao Actuao Avaliao Reflexo Planificao

    (Ftima Braga et al., 2004: 29)

    necessrio salientar que o facto de se elaborar um plano, to

    importante quanto importante ser-se capaz de o pr de lado. Uma aula deve

    acontecer, ser viva e dinmica, onde a trama complexa de inter-relaes

    humanas, a diversidade de interesses e caractersticas dos alunos no

    pretende ser um decalque do que est no papel. (1)

    MediadoresExistem mediadores da planificao, embora no haja consenso

    relativamente ao seu uso, so materiais didcticos que oferecem esboos de

    programao, em vez de ser o professor por si mesmo a partir dos seus

    prprios conhecimentos. So eles:

    Livros de texto;

    Materiais;

    Guias curriculares;

    Revistas;

    Experincias (casos ouvidos a outros ou lidos).

    ObjectivosOs objectivos da instruo consistem em afirmaes que descrevem a

    direco da mudana que o professor pretende promover nos estudantes. Os

    12

  • Didctica II Planificaes

    objectivos da instruo assemelham-se a mapas de estradas: ajudam

    professores e alunos a conhecerem os caminhos que esto a percorrer e a

    saberem se o destino j foi alcanado. (Arends,1999: 54)

    Os objectivos relativamente ao grau de generalidade ou especificidade

    podem-se distinguir em :

    Objectivos gerais/ metas ou finalidades educativas, dizem respeito a objectivos muito gerais, que podem ser atingidos das mais variadas

    formas;

    Objectivos gerais de disciplina, encontram-se mais prximos do processo ensino-aprendizagem. Contudo ainda so um pouco

    ambguos e limitam-se aos contedos da disciplina;

    Objectivos especficos, representam aprendizagens mais simples, susceptveis de serem adquiridas a curto prazo e mais concretas. Um

    objectivo especfico pode ser enunciado em termos

    comportamentais, isto , indica um comportamento observvel que o

    aluno deve revelar. (1)

    Taxonomias para a escolha de objectivos

    Foi Benjamin Bloom, na dcada de 50, que criou um esquema de

    sistematizao dos objectivos educacionais, designado por taxonomia. Este

    um instrumento que ajuda a classificar os objectivos educacionais, como tal,

    utilizado para auxiliar das planificaes. A taxonomia de Bloom tem trs

    grandes domnios: o cognitivo, o afectivo e o psicomotor.

    O domnio cognitivo, por sua vez, divide-se em seis nveis, cada um deles especifica o tipo de processos cognitivos solicitado aos alunos.

    1. Conhecimento o aluno consegue lembrar, definir, reconhecer, ou

    identificar informao especfica apresentada durante o processo de

    ensino.

    2. Compreenso o aluno demonstra uma compreenso da

    informao, traduzindo-a para uma forma diferente ou reconhecendo-

    a sob a forma traduzida.

    13

  • Didctica II Planificaes

    3. Aplicao o aluno consegue aplicar a informao realizando

    actividades concretas.

    4. Anlise o aluno consegue reconhecer a organizao e a estrutura

    de um corpo de conhecimentos, dividir essa informao nas partes

    que a constituem e especificar as relaes entre as partes.

    5. Sntese o aluno consegue recolher informao de vrias fontes e

    criar um produto exclusivamente seu.

    6. Avaliao o aluno consegue aplicar um padro de julgamento

    sobre o valor de algo.

    O domnio afectivo, existem objectivos educacionais que caem dentro deste domnio. Bloom dividiu-o em cinco categorias, cada uma delas especfica

    o grau de desenvolvimento ou a intensidade emocional necessrio para os

    estudantes.

    1. Ateno o aluno apercebe-se e est atento a algo no seu meio

    ambiente.

    2. Resposta o aluno exibe um novo comportamento como

    resultado da experincia e responde a essa experincia.

    3. Valorizao o aluno mostra envolvimento e empenho em

    relao a uma nova experincia.

    4. Organizao o aluno integrou um novo valor ao seu sistema de

    valores e consegue-lhe atribuir um lugar num sistema de

    prioridades.

    5. Caracterizao pelo valor o aluno age consistentemente com o

    valor e est firmemente envolvido na experincia.

    O domnio psicomotor, no de refere apenas educao fsica, mas a actividades como, a caligrafia e o processamento de texto, trabalho com

    material de laboratrio, entre outros. So seis as categorias consideradas para

    este domnio.

    1. Movimentos reflexos as aces do aluno podem ocorrer

    involuntariamente como resposta a um estmulo.

    14

  • Didctica II Planificaes

    2. Movimentos bsico fundamentais - o aluno possui padres de

    movimentos inatos que se formaram a partir de uma combinao de

    movimentos reflexos.

    3. Capacidades perceptivas o aluno pode traduzir estmulos recebidos

    atravs dos sentidos para movimentos apropriados desejados.

    4. Capacidades fsicas o aluno desenvolveu os movimentos bsicos

    essenciais para o desenvolvimento de movimentos de maior percia.

    5. Movimentos de percia o aluno desenvolveu movimentos mais

    complexos que exigem um determinado grau de eficcia.

    6. Comunicaes no discursivas o aluno tem a capacidade de

    comunicar atravs do movimento corporal.

    Tm-se tecidos crticas a esta classificao de objectivos, por um lado,

    alguns educadores tm interpretado incorrectamente este sistema, acreditando

    que os objectivos simples so menos importantes que os objectivos complexos.

    Por outro lado, verificam-se casos em que no se respeita a ordem hierrquica

    dos objectivos, argumentando que a ordem no apropriada para os domnios

    do conhecimento. Finalmente, as crticas tm apontado para o facto de que

    mesmo os peritos em determinadas reas no conseguem distinguir objectivos

    a diferentes nveis. Contudo, apesar das crticas, este mtodo continua a ser

    aceite pelos professores, porque apesar de no descreverem a realidade por

    completo, so um instrumento para pensar sobre os diferentes tipos de

    finalidades do ensino, da que seja til para as planificaes. Servem para nos

    lembrar de que queremos que os nossos alunos aprendam uma srie de

    competncias e que sejam capazes de pensar e de agir tanto de uma maneira

    linear como de forma complexa. (Arends, 1999: 59)

    Competncias O saber em aco

    O sucesso na escola no um fim em si mesmo. Para alm de cada

    aprendizagem preparar para as etapas subsequentes do currculo escolar, o

    aluno dever ser capaz de mobilizar as suas aquisies escolares fora da

    escola, em situaes diversas, complexas e imprevisveis. Hoje, essa

    15

  • Didctica II Planificaes

    preocupao expressa no que se costuma chamar construo das

    competncias.

    Sempre que se diz o que um aluno deve aprender e o que ele deve fazer

    com o que aprendeu, est-se a definir uma competncia. H muito tempo,

    professores perseguem a constituio de competncias nos alunos porque

    um objectivo do ensino propiciar mudanas que caracterizem desenvolvimento,

    seja ele cognitivo, afectivo ou social. Para melhor compreender o que

    competncia, pode-se destacar algumas de suas caractersticas:

    1. Competncia a capacidade de mobilizar conhecimentos, valores e decises para agir de modo pertinente numa determinada situao. Portanto,

    para constat-la, h que considerar tambm os conhecimentos e valores que

    esto na pessoa e nem sempre podem ser observados.

    2. Competncias e habilidades pertencem mesma famlia. A diferena entre elas determinada pelo contexto. Uma habilidade, num determinado contexto,

    pode ser uma competncia, por envolver outras sub-habilidades mais

    especficas. Por exemplo: a competncia de resoluo de problemas envolve

    diferentes habilidades entre elas a de buscar e processar informao. Mas a

    habilidade de processar informaes, em si, envolve habilidades mais

    especficas, como leitura de grficos, clculos, entre outros. Logo, dependendo

    do contexto em que considerada, a competncia pode ser uma habilidade.

    Ou vice-versa.

    3. Para se ser competente, precisa-se de dominar conhecimentos. Mas tambm deve-se saber mobiliz-los e aplic-los de modo pertinente situao.

    Tal deciso significa vontade, escolha e, portanto, valores. E essa a

    dimenso tica da competncia.

    4. A capacidade de tomar decises e a experincia esto estreitamente relacionadas na operao de uma competncia. Tomar uma deciso, muitas

    vezes, implica certo grau de improvisao, mas uma improvisao orientada

    pela experincia. No por outro motivo que um piloto treina centenas de

    horas de voo antes de ser considerado apto a comandar um avio. essa

    experincia que d ao piloto condies de tomar uma deciso pertinente.

    16

  • Didctica II Planificaes

    Em resumo: a competncia s pode ser constituda na prtica, o saber

    em aco. Aprende-se fazendo, numa situao que requeira esse fazer

    determinado. Esse princpio crucial para a educao. Se se quiser

    desenvolver competncias nos alunos, tem de se ir alm do ensino pela

    memorizao de conceitos abstractos e fora de contexto. preciso que eles

    aprendam para que serve o conhecimento, quando e como aplic-lo. Isso

    competncia.

    17

  • Didctica II Planificaes

    Consideraes finais

    Este definitivamente um tema que no rene consenso

    na comunidade dos profissionais da educao. Cada professor

    tem um estilo nico, tem uma forma diferente de encarar o

    processo de ensino/aprendizagem, e isso reflecte-se na forma

    como planifica e nas intenes com que o faz. Pretende-se

    que a planificao seja um meio, no um fim em si mesmo.

    Serve para reflectir sobre as melhores formas de trabalhar

    com os alunos, o que resulta com uma determinada turma

    pode no funcionar com outra, tambm por isso, uma

    planificao nunca pode ser rgida, mas sim flexvel. um

    vector orientador da aco, mas no deve directivo, no sentido

    em que o professor no se deve limitar quilo que planeou.

    Corre desta forma o risco de no dar ouvidos aos interesses

    e dvidas dos alunos, como se eles fossem apenas uma parte

    da aula. Contudo, so eles que fazem a aula acontecer,

    durante a planificao o professor deve ter sempre em mente

    os seus alunos. Assim, faz sentido fazer desvios ao percurso

    planeado, continuando a planificao a ser vlida como fio

    orientador. Deve-se sempre avaliar e, alterar os planos, se

    isso se revelar uma mais valia para o processo de construo

    de conhecimento por parte dos alunos. No se pode

    considerar um modelo certo em detrimento de um errado, pois

    cada caso um caso, e pode at fazer sentido usar

    simultaneamente mais do que um tipo de planificao.

    No entanto, permitindo-nos um juzo de valor,

    consideramos que o estilo de trabalho que mais se aproxima

    das exigncias sociais feitas aos estudantes de hoje, o

    trabalho de projecto. () a escola dever formar indivduos

    que, como cidados, associem autonomia e solidariedade,

    dominem simultaneamente conhecimentos estruturantes e

    especficos, mantenham a disposio para actualizarem o seu

    saber, se situem em posio de reflexo crtica e se

    18

  • Didctica II Planificaes

    manifestem tolerante e capazes de dilogo. So orientaes

    que reconhecem o que papel do professor tende a alterar-se,

    sendo-lhes solicitadas mltiplas competncias para dar

    respostas adequadas aos processos de interaco

    desenvolvidos na sala de aula. (Ftima Braga et al., 2004: 33)

    19

  • Didctica II Planificaes

    Bibliografia

    A. de Matos Vilar, O professor Planificador, Edies Asa, Porto, 1998.

    Ftima Braga, Floripes Maria Vilas-Boas, Maria Ema Monteiro Alves,

    Maria Joo de Freitas, Carlinda Leite, Planificaes novos papis, novos

    modelos, Edies Asa, Porto, 2004.

    Miguel A. Zabalza, Planificaes e desenvolvimento curricular na escola,

    Edies Asa, Porto, 2000.

    Richard I. Arends, Aprender e Ensinar, McGraw Hill, Lisboa, 1999.

    Sites consultados:

    (1)

    http://www.prof2000.pt/users/folhalcino/formar/outros/planifica.htm

    (11-03-04)

    20

  • Didctica II Planificaes

    Parte Prtica

    21

  • Didctica II Planificaes

    Introduo Prtica

    Depois de uma pequena apresentao terica, vai ser distribudo pela

    turma, dividida em quatro grupos, dois exemplos de planificaes. Um deles diz

    respeito, a uma planificao de uma aula de 45 minutos, o outro uma

    planificao de um tema, de uma unidade, sem ser referido o factor tempo.

    Junto com os dois exemplos, vai estar uma pequena ficha de trabalho,

    constituda por perguntas de resposta curta, e uma orientao de leitura, para

    tornar mais fcil e rpida a anlise de cada uma das planificaes. Vai ser

    pedido aos alunos que se debrucem sobre os dois exemplos, e que preencham

    a ficha, para que depois se debatam as ideias e opinies sobre o tema

    planificar.

    No anexo deste trabalho vai estar a ficha de trabalho e as duas planificaes,

    para uma posterior utilizao.

    22

  • Didctica II Planificaes

    Anexos

    23

    Parte Prtica