Travelplan, Madeira, Porto Santo, Azores Portugues, Verao, 2010
Plano de Gestão Ambiental Integrada - Azores · 2020-02-15 · Os ratos, no Arquipélago dos...
Transcript of Plano de Gestão Ambiental Integrada - Azores · 2020-02-15 · Os ratos, no Arquipélago dos...
Direcção Regional do Desenvolvimento AgrárioDirecção de Serviços de Agricultura e Pecuária
Plano de Gestão Ambiental Integrada de Roedores
para o Arquipélago dos Açores
Caso de EstudoIlha de São Miguel
Plano de Gestão Ambiental Integrada de Roedores para o Arquipélago dos Açores.
Caso de Estudo – Ilha de São Miguel.
Relatório Técnico(Protocolo de cooperação técnica. Direcção Regional de Desenvolvimento Agrário – Direcção de
Serviços de Agricultura e Pecuária e Instituto Nacional de Recursos Biológicos)
Elaborado por:Ana Vinhas
Instituto Nacional de Recursos Biológicos
Com a colaboração de:Carlos Santos
Direcção de Serviços de Agricultura e PecuáriaMichael Silva
Direcção de Serviços de Agricultura e Pecuária
Setembro 2009
�
Agradecimentos
Os autores agradecem a colaboração de todos aqueles que contribuíram para a realiza-
ção deste trabalho. À Dr.ª Sofia Borrego e ao Engº Luís Homem, pelas criticas e sugestões
dadas. Ao Fábio Carvalho na realização dos inquéritos e nas visitas às unidades produti-
vas, ao João Travassos e Hilário Arruda na realização dos inquéritos. Ao Hugo Resende
pela interpretação dos ortofotomapas e realização dos mapas de uso do solo em ArcView.
Ao Sr. Luís Carvalho na consulta dos relatórios arquivados e ao apoio logístico. À D. Ilda
Rego e D. Clélia Bettencourt por todo o apoio logísticos. Às Unidades Produtivas, nas pes-
soas dos seus responsáveis que nos apoiaram incondicionalmente nas visitas efectuadas.
A todos os que responderam de forma voluntária ao inquérito realizado.
Índice de Figuras ........................................................................................................... 6
Índice de Tabelas ........................................................................................................... 7
Índice de Anexos ........................................................................................................... 7
1.Introdução................................................................................................................... 9
1.1. Apresentação ......................................................................................................... 9
1.2. O Método de Trabalho ............................................................................................ 9
1.3. Princípios Orientadores .......................................................................................... 9
2.Caracterização e Diagnóstico................................................................................... 10
2.1. A Ilha de S. Miguel ................................................................................................ 10
2.2. Os Indicadores DPSIR ......................................................................................... 13
2.2.1. Os Stakeholders ................................................................................................ 13
2.2.3. Uso do Solo e Ordenamento do Território ......................................................... 26
2.2.4. Cartografia das Populações de Roedores Silvestres e Comensais .................. 31
2.2.5. Culturas Afectadas ............................................................................................ 31
2.2.6. Infra-Estruturas .................................................................................................. 34
2.2.7. Saúde Humana e Animal .................................................................................. 35
2.2.8. Libertação de Tóxicos no Ambiente .................................................................. 37
2.2.9.Perda de Biodiversidade .................................................................................... 38
2.2.10. Medidas Institucionais e Outras ...................................................................... 39
2.2.10.1. Regulamentação ......................................................................................... 39
2.2.10.2. Acções de Controlo ..................................................................................... 41
2.2.10.3. Acções de Divulgação ................................................................................. 43
2.2.10.4. Acções de Investigação ............................................................................... 44
2.3. Participação dos Agentes .................................................................................... 45
3. Relações causais identificadas .............................................................................. 47
4. Síntese .................................................................................................................... 50
5. Análise Prospectiva ................................................................................................ 53
5.1. Elaboração do Plano de Gestão de Roedores .................................................... 53
5.1.1. Medidas de Protecção Integrada...................................................................... 54
5.1.2. Medidas de Correctivas e de Mitigação ........................................................... 54
5.1.3. Instrumentos de Politica de Ambiente .............................................................. 55
5.1.3.1. Regulamentação Directa ................................................................................ 55
5.1.3.2. Económicos .................................................................................................... 57
5.1.3.3. Adesão Voluntária........................................................................................... 57
5.1.3.4. Informação...................................................................................................... 57
6. Modelo de Organização Institucional .................................................................... 58
7. Avaliação e Acompanhamento ................................................................................ 61
7.1. Sistema Informação Geográfica .......................................................................... 62
8. Conclusões e Considerações Gerais ...................................................................... 62
Bibliografia ................................................................................................................... 66
Anexos ......................................................................................................................... 68
ÍNDICE �
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
�
Figura 1 – População Residente Empregada Segundo O Sector
Da Actividade Económica E Por Concelho (Ine, 2006) .............11
Figura 2 – Distribuição Das Empresas Por Ramo
De Actividade Económica (Fonte: INE, Ficheiros De Unidades
Estatísticas, 2004) .................................................................... 12
Figura 3 – Figura obtida por montagem a partir do PDM de Ponta
Delgada .................................................................................... 14
Figura 4 – Grau De Satisfação Das Pessoas Relativamente
 Forma Como As Instituições Tem Procurado Solucionar
O Problema Do Controlo Dos Ratos, Resultados Por Grupo
E Por Concelho .........................................................................19
Figura 5 – Total De Respostas Dadas Por Item Considerado. .20
Figura 6 – Representação Gráfica Das Unidades Visitadas Por
Tipo De Actividade E Resultado Da Resposta À Questão Relativa
À Presença De Ratos Nas Imediações. ....................................23
Figura 7 – Gráfico De Circular Das Respostas “Sim” E “Não”
Agrupadas Segundo O Tipo De Exploração Para O Grupo
I. Explorações Agro-pecuárias (Aviculturas; Bovinicultoras,
Suiniculturas, Ovinoculturas…) Por Unidade Visitada In Checklist
Controlo De Roedores (Stakeholders) ......................................25
Figura 8 – Equipamentos Nas Imediações/distância A Outros
Usos ..........................................................................................26
Figura 9 – Distribuição Da Superfície Total (St) E Superfície
Agrícola Útil (Sau) .....................................................................27
Figura 10 – Ortofotomapa Da Região Centro Sul Da Ilha De
São Miguel, Onde Se Localiza O Concelho De Vila Franca Do
Campo. ......................................................................................28
Figura 11 – Interacção Das Áreas Em Termos
De Uso Do Solo .........................................................................28
Figura 12 – Divisão Da Propriedade Em Sebes Vegetais De
Arundo Donax L. Espécie Invasora ...........................................29
Figura 13 – Muros De Pedra Vulcânica Solta E Arrumada À
Mão............................................................................................29
Figura 14 – Vacas Em Pastoreio ..............................................29
Figura 15 – Silagem Contígua A Armazém ...............................29
Figura 16 – Armazenamento Das Batatas De Em Silos De
Conservação (Serras) ...............................................................29
Figura 17 – Silagem Artesanal Do Milho ..................................29
Figura 18 – Cultura De Bananeira Contígua Moradia ..............30
Figura 19 – Estufas De Ananás ................................................30
Figura 20 – Mancha De Floresta Contígua A Áreas De
Pastagem ..................................................................................30
Figura 21 – Vegetação Densa De Conteira Ou Roca-da-velha
(Hedychium Gardenarium) ........................................................30
Figura 22 – Viteleiro ..................................................................30
Figura 23 – Vista Do Interior Do Viteleiro .................................30
Figura 24 – Interior De Uma Pocilga ........................................32
Figura 25 – Aviário. Aparas De Madeira Para Cobertura Do
Solo ..........................................................................................32
Figura 26 – Vista Do Aterro De S. Miguel .................................32
Figura 27 – Pormenor Da Recolha De Resíduos No Aterro .....32
Figura 28– Material Vegetal Eliminado No Fim Do Ciclo Da
Cultura .......................................................................................32
Figura 29 – Batatas Rejeitadas (Podres, Roídas, …)...............32
Figura 30 – Cereais Perdidos No Circuito De Transporte. ......33
Figura 31– Resíduos Libertados Pela População, No Ambiente.
“Vai Para O Calhau”. .................................................................33
Figura 32 – Contentor De Resíduos Aberto E Resíduos
“Perdidos” No Solo. ...................................................................33
Figura 33 – Grelha Aberta E Resíduos Mal Acondicionados. ...33
Figura 34 – Resíduos Libertados Nas Ribeiras ........................33
Figura 35 – Resíduos Abandonados ........................................33
Figura 36 – Batatas Armazenadas Silos (Serras) Roídas Pelos
Ratos ........................................................................................35
Figura 37 – Maçarocas Roídas Pelos Ratos ............................35
Figura 38 – Planta Do Ananás Com Frutos Já Com Frutos .....35
Figura 39 – Favas Roídas ........................................................35
Figura 40 – Culturas Com Maior Número De Respostas Dadas
Quando Se Questiona Sobre A Importância Dos Estragos .......36
Figura 41 – Pontos De Entrada Nos Equipamentos .................36
Figura 42 – Gráfico Dos Volumes De Isco Rodenticida Libertados
No Ambiente Na De Cada De 1995 A 2006 ..............................37
Figura 43 – O Priôlo É Uma Das Aves Ameaçadas Pelo Rattus
Rattus .......................................................................................38
Figura 44 – Classificação Dos Rodenticidas Em Função Do Tipo
De Uso E Respectiva Autoridade Competente, Segundo O Novo
Regime, De Homologação, Autorização E Colocação No Mercado
De Produtos Fitofarmacêuticos E Biocidas. ..............................39
Figura 45 – Gráfico Da Relação Volumes De Isco Adquirido E
Montantes Dispendidos No Período Entre 1995 E 2006 ...........42
Figura 46 – Mostra De Cartazes E Publicações De Divulgação
Técnica, da autoria da SRAF e outras Instituições. ..................43
Figura 47 – Folha De Trabalho Relacionando Os Pontos
Da Cadeia Dpsir Com As Medidas (O Quê, Como, Quem E
Quando).....................................................................................45
Figura 48 – Representação Gráfica Das Respostas Obtidas Por
Questões-chave, Por Grupo-chave E Totais .............................47
Figura 49 – A Matriz Dpsir Tal Como É Proposta Para Análise
Dos Problemas Ambientais, Aplicada Às Espécies Comensais
(Bosch, 1999). ...........................................................................48
Figura 50 – Arquitectura Do Modelo Causal Em Função Das
Componentes Que Os Afectam .................................................50
Figura 51 – Diagrama Causal Proposto Para Analisar As
Relações Que Interagem Na Dimensão Das Populações De
Ratos. ......................................................................................51
Figura 52 – Elementos Integradores Do Plano De Acção ........62
Figura 53 – Diagrama Das Atribuições Do Gabinete De Gestão
De Pragas..................................................................................63
Índice de Figuras
�
Tabela 1 – Distribuição Das Áreas De Ocupação Do Solo
Por Nº De Explorações E Classes De Culturas. ....................... 10
Tabela 2 – Área Dos Principais Produtos Agrícolas Por Ano
Para A Ilha De S. Miguel.............................................................11
Tabela 3 – População Residente Empregada Segundo
O Sector Da Actividade Económica............................................11
Tabela 4 – Dados Relativos Aos Casos Reportados De
Leptospirose Humana Na Ilha De S. Miguel No Período De 1995
A 2004 ...................................................................................... 13
Tabela 5 – Condições De Habitabilidade .................................. 15
Tabela 6 – Posição Atribuída Pelos Respondentes Às Questões
Relativas As Razões Para Combater Os Ratos. ....................... 16
Tabela 7 – Número E Percentagem De Respondentes Que
Atribuíram Uma Posição Às Culturas Apresentadas. ................ 17
Tabela 8 – Opções De Atribuição De Responsabilidades Que
Estão Na Origem Do Aumento Das Populações De Ratos. ...... 17
Tabela 9 – Opções Relativas Às Práticas De Controlo ............. 18
Tabela 10 – Opções Relativas Ao Exercício Do Controlo ......... 18
Tabela 11 – Percentagem De Respostas Dadas À Forma Como
As Acções De Controlo Têm Sido Realizadas. ......................... 18
Tabela 12 – Resultados Obtidos Para A Questão Aberta Para Os
Cinco Itens Considerados. ........................................................ 19
Tabela 13 – Variáveis Relacionadas Com Os 10 Grupos,
Relativos Às Características Das Unidades, Considerados Na
Checklist. ................................................................................... 21
Tabela 14 – Culturas Susceptíveis De Ataque Dos Ratos, E
Variação Anual Do Risco Segundo O Ciclo Produtivo E O Estado
De Maturação (Silva, 2006) ....................................................... 34
Tabela 15 – Custos Das Quantidades De Produto Formulado
Aplicados Em S. Miguel E Na Região E Nos Períodos
Compreendido Entre 1995 E 2006 ............................................ 42
Tabela 16 – Síntese Das Acções E Medidas Identificadas
(Repostas) Por Parte Das Instituições Públicas E Privadas ..... 44
Tabela 17 – Percentagem De Respostas Por Categoria E
Por Questão-chave E Grupo-chave Obtidas No Processo De
Assembleia Participada ............................................................. 46
Tabela 18 – Áreas De Intervenção Face Ao Problema E Resposta
Identificada ................................................................................ 51
Tabela 19 – Síntese Do Problema, Medidas, Instrumentos E
Entidades A Envolver................................................................. 60
Anexo A – Inquérito ..................................................................68
Anexo B – Checklist .................................................................70
Anexo C – Concepção e localização de infra-estruturas à prova
de roedores ...............................................................................74
Anexo D – Projecto de Diplomas Regional que regulamenta as
práticas procedimentais de gestão das empresas ....................77
Anexo E – Projecto de Diplomas Regional que regulamenta as
competências administrativas ...................................................81
Anexo F – Folha de registo de movimentos de rodenticidas ....83
Anexo G – Curso de formação de controlo de roedores ..........84
Anexo H – Consulta técnica .....................................................85
Anexo I – Aviso técnico .............................................................86
Anexo J – Tríptico de divulgação técnica .................................87
Índice de Tabelas Índice de Anexos
ÍNDICEs [FIguras, tabElas, aNEXos]
1. INtroDução
1.1. apresentação
Os ratos, no Arquipélago dos Açores, são vistos como
um problema na medida em que as espécies presentes
são invasivas e comensais do ser humano, representando
uma ameaça para a sustentabilidade do ecossistema insu-
lar. Essa ameaça traduz-se na perda de biodiversidade, na
perda de rendimento agrícola e pecuário e em riscos para
saúde humana e animal e bem-estar das populações, re-
flectindo-se em prejuízos económicos para a Região.
A Secretaria Regional da Agricultura e Florestas (SRAF)
movimenta anualmente avultadas verbas em acções de
controlo o que equivale, só nos últimos 10 anos, a um total
de 2 000 000,00 € em aquisição de iscos rodenticidas para
a Região. No ano de 2006, a Região despendeu um total
de 295 327,11€ dos quais 78 902,40 € foram gastos na Ilha
de São Miguel.
Face ao observado considerou-se importante fazer uma
avaliação da situação no sentido de identificar linhas de
orientação futura.
Para esse efeito, a Direcção Regional do Desenvolvi-
mento Agrário por intermédio da Direcção de Serviços de
Agricultura e Pecuária, celebrou um protocolo de coopera-
ção técnica com a Ex – Direcção-Geral de Protecção das
Culturas actualmente Instituto Nacional de Recursos Bio-
lógicos no sentido de desenvolver uma nova abordagem à
problemática do controlo de roedores.
A Ilha de São Miguel foi escolhida como caso de estudo,
visando o desenvolvimento de políticas futuras para as res-
tantes Ilhas do Arquipélago.
1.2. o método de trabalho
O método adoptado baseia-se em dois instrumentos
de análise: i) o modelo conceptual DPSIR (Driving forces
– Pressures – State – Impact – Responses), como base
para o desenvolvimento de um conjunto de indicadores
que permitam descrever as relações que se estabelecem
entre o sistema humano e o sistema ambiental, e actuam
sobre a dinâmica populacional dos roedores, de modo a
permitir desenvolver estratégias de gestão, e ii) participa-
ção dos agentes para identificação das estratégias e dos
instrumentos de política ambiental a equacionar.
1.3. Princípios orientadores
Os princípios orientadores que serviram de base a este
trabalho são os da utilização sustentável dos pesticidas e
os da gestão ambiental integrada. O primeiro caracteriza-
se pela procura da minimização dos perigos e riscos da
utilização de pesticidas para a saúde e para o ambiente,
por um melhor controlo na sua utilização e distribuição, pela
redução dos níveis de substâncias activas através de al-
ternativas mais seguras, nomeadamente, as não-químicas,
pela promoção de códigos de boas práticas, equacionando
inclusive a aplicação de instrumentos financeiros, se ne-
cessário. O segundo, a gestão ambiental, caracteriza-se
pela abordagem integrada dirigida às causas dos proble-
mas. Para o efeito recorre ao modelo conceptual DPSIR,
utilizado pela EEA (Agência Europeia para o Ambiente),
pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvol-
vimento Económico) e pelo PNUA (Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente). Este modelo permite des-
crever os problemas ambientais através da avaliação de
conflitos entre o sistema humano e o sistema ambiental;
permite também identificar o ciclo causal e relacionar as
causas dos problemas ambientais com os seus efeitos e
impactes. Identificado o ciclo causal é possível antecipar
tendências de evolução, avaliar eficiências e desempenhos
e equacionar respostas.
A gestão ambiental integrada, sendo um processo adap-
tativo e interactivo que considera as diferentes perspecti-
vas dos vários intervenientes envolvidos no processo, con-
ta também com a participação dos agentes na formulação
de medidas e instrumentos de gestão ambiental. Foi com
base nos indicadores de gestão ambiental, identificados
com base no modelo conceptual DPSIR e na participação
dos agentes económicos e público em geral, que foram
equacionadas as respostas que integram a estratégia que
se apresenta no âmbito do “Plano de Gestão Ambiental In-
tegrada de Roedores”, que agora se propõe.
Este relatório surge como resultado da avaliação técnica
desenvolvida no período de Junho de 2006 e Janeiro 2007.
INtroDução �
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
10
2. CaraCtErIzação E DIagNóstICo
2.1. a Ilha de s. miguel
O território da ilha de São Miguel apresenta uma Super-
fície Agrícola Total de 47241ha e uma Superfície Agrícola
Útil (SAU) de 41075 ha. A maior parte da SAU (83.08%) é
dedicada a áreas de pastagens, representando os restan-
tes 16.92 % terra arável e as culturas sob-coberto onde
se incluem as culturas temporárias, pousio e horta familiar,
Tabela 1.
A actividade agrícola tem vindo a perder importância nos
últimos 10 anos, observando-se um decréscimo da superfície
total das principais culturas agrícolas (Tabela 2 e Figura 1).
A população residente empregada segundo o sector da
actividade económica, revela uma prevalência do sector
terciário, que representa cerca de 71% da mão-de-obra
(Tabela 3 e Figura 1).
Em termos empresariais, o ramo de actividade com maior
expressão é a Construção que lidera o mercado com 4 376
unidades empresariais, seguida do Comércio por grosso
e a retalho com 2 760, e depois pela Agricultura e Pescas
com 2 320 (Figura 2).
No que se refere ao solo e ordenamento do território e
de acordo com relatório do Governo Regional dos Açores,
nomeadamente, da Secretaria Regional do Ambiente e do
Mar (SRAM) intitulado “Perspectivas para a sustentabi-
lidade na Região Autónoma dos Açores. Contributo para
a elaboração de um plano regional de desenvolvimento
sustentável”, observa-se um aumento da pressão urbana
sobre os solos férteis para a agricultura, constatando-se
uma expansão desregrada das áreas industriais e comer-
ciais; uma saturação dos solos férteis devido ao seu uso
intensivo, ao uso de elevadas quantidades de fertilizantes,
bem como à inexistência de uma gestão eficaz entre áreas
de pastagem, áreas agrícolas e áreas florestais; e a polui-
ção da orla costeira. Embora os resultados sejam referidos
para os Açores, em geral, a situação particular da Ilha de S.
Miguel não se deve afastar muito destes resultados.
O coberto vegetal, característico do conjunto ambiental
da macaronésia, originalmente formada pela floresta lau-
rissilva, constituída maioritariamente por lauráceas, como
o vinhático, pau branco, til, cedro do mato, entre outras,
foi desaparecendo devido às actividades agrícolas e de
pastoreio e à construção, estando actualmente restringi-
da a algumas espécies em pequenos lugares de refúgio.
A vegetação autóctone deu lugar a outras espécies que
se espalharam e adaptaram rapidamente devido às condi-
ções locais constituindo hoje um elemento inseparável da
paisagem. Devido à distância que o separa do continente
e à própria juventude do Arquipélago, que não permitiu a
especiação insular ao longo dos tempos, a Região detém
uma fauna pobre onde os endemismos são escassos. Des-
taca-se, no entanto, a presença de raças ornitológicas pró-
prias destas Ilhas, como o milhafre Buteo buteo rothschildi,
Tabela 1 – Distribuição das áreas de ocupação do solo por nº de explorações e classes de culturas.
Superfície
Agrícola
Total
Pastagens
Permanentes
Arvenses &
Pastagens
Temporárias
Industriais
&
Horticultura
Intensiva
Hortofloricultura
Floricultura -
Viveiros
Superfície
Florestal
& Incultos
Concelho Expl (ha) Expl (ha) Expl. (ha) Expl (ha) Expl. (ha) Expl (ha)
P. Delgada 2891 15714 1814 12519 2482 2535 300 110 3086 402 284 435
R. Grande 1714 12037 986 9256 1547 2228 363 233 1664 280 178 558
Lagoa 565 2657 252 1872 637 523 208 114 685 144 76 111
V. Franca 867 5003 326 3666 928 634 104 23 1321 335 120 381
Povoação 668 4400 285 3228 766 479 25 6,2 1101 152 113 440
Nordeste 672 7430 469 3558 909 524 16 0,6 1083 69 175 3325
Total 7.377 47.241 4.132 34.099 7.269 6.923 1.016 487 8.940 1.382 946 5.250
Fonte: Recenseamento geral agrícola de 1999
11
Tabela 2 – Área dos principais produtos agrícolas por ano para a Ilha de S. Miguel.
Cultura 1993* 1994 1995 1996* 1997* 1998* 1999* 2000* 2001* 2002* 2003*
Amendoim 17 11.0 7.8 5.5 3.9
Batata do cedo 233.0 371.6 385.3 269.7 270.0 216.0 207.0 227.8 227.8 205.0 205.0
Batata do Tarde 571.0 566.2 617.1 493.7 494.0 543.4 521.1 521.1 521.1 521.1 442.9
Batata-doce 29.0 37.0 31.0 26.1 23.5
Beterraba Sacarina 627.0 627.0 818.0 502.2 354.2 242.2 140.5 152.7 224.0 172.8 167.9
Cebola 37.0 28.9 28.7 28.5 28.3
Chá 24.0 24.0 41.0 41.0 41.0 39.7 39.7 39.7 39.7 35.3 36.0
Chicória 86.0 100.0 70.0 61.0 70.0 65.5
Fava 88.0 109.9 159.2 191.0 192.0 192.9
Feijão 102.0 134.2 117.8 103.4 104.7
Inhame 21.0 42.0 45.0 43.5 42.0
Milho-Grão 604.0 450.3 306.4 275.8 248.2 248.2 129.6 116.6 104.9 104.9 94.4
Milho Forragem 1863.0 1774.6 1905.4 1524.3 1371.9 1371.9 4190.7 1676.6 1592.8 1115.0 1226.5
Tabaco 73.0 90.0 88.0 98.3 98.9 89.2 83.0 76.6 60.6 37.4 45.8
Tremoço 3.0 1.1 0.6 0.9 0.5
Vinho 472.0 514.0 482.6 445.4 432.0 432.0 302.8 284.6 277.5 249.8 246.9
Total 48450 48882 5104 4110 3776 3249 5614 3095 3048 2441 2465
Superfície em (hectares) * Valores estimados Fonte: Séries Estatísticas 2003 a 2004
Tabela 3 – População residente empregada segundo o sector da actividade económica.
Concelho Total S. Primário S. Secundário S. Terciário
P. Delgada 27312 1942 5942 19428
R. Grande 9967 1559 3448 4960
Lagoa 5575 699 1631 3245
V. Franca 3755 723 1460 1572
Povoação 2234 391 689 1154
Nordeste 1859 437 443 979
Fonte: INE, 2006.
02000400060008000
100001200014000160001800020000
P. Delgada R. Grande Lagoa V. Franca Povoação Nordeste
S. Primário
S. Secundário
S. Terciário
7%
22%
71% S . P rimário
S . S ec undárioS . T erc iário
Figura 1 – População residente empregada segundo o Sector da Actividade Económica e por Concelho (INE, 2006).
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
1�
a pomba torcaz Columba columba azorica e o merlo Tur-
dus merula azoriensis, ou raças insulares como a Regulus
regulus azoricus em São Miguel. Salientam-se de entre as
espécies de aves ameaçadas, o priôlo (Pyrrhula pyrrhula
murina), [em perigo], o pombo-torcaz (Columba palumbus
azorica), [vulnerável], o verdilhão (Carduelis choris), [rara],
e a Galinha-d’água (Gallinula chloropus), [indeterminado].
As áreas rochosas de vegetação macaronésica são impor-
tantes para as colónias de aves marinhas e propagação
de espécies exóticas. A cagarra (Calonectris diomedea), é
uma espécie migratória que nidifica em S. Miguel, o priôlo
(Pyrrhula murina) é uma espécie endémica de S. Miguel,
sendo ambas espécies protegidas, no âmbito da Directiva
79/409/CEE- Directiva Aves. De entre as espécies de mamí-
feros referem-se, o ouriço (Erinaceus europeus Linnaeus,
1758); os morcegos, [Myotis myotis (Borkhausen, 1797) e
o Nyctalus azoreum (Thomas,1901)], o coelho [Orictolagus
cuniculus (Linnaeus, 1758)], a ratazana castanha ou rata-
zana dos esgotos [Rattus norvegicus (Berkenhout, 1769)]
a ratazana preta ou rato preto [Rattus rattus, (Linnaeus,
1758)], e o ratinho caseiro ou murganho [Mus musculus
domesticus (Linnaeus, 1758)], a doninha [Mustela nivalis
(Linnaeus, 1758)] e o furão Mustela furo (Linnaeus, 1758)]
(Mathias et al., 1998) .
As três espécies de ratos presentes nos Açores encon-
tram-se dispersas por toda a Ilha, com fracções de população
silvestre e comensal, o que desde logo cria problemas acres-
cidos quer pelos efeitos que provoca no ecossistema insular
quer ao nível das medidas de controlo das populações.
É no ramo da actividade económica do sector primário,
nomeadamente na actividade agrícola e pecuária que são
referidos estragos consideráveis provocados pelos roedo-
res, os quais se traduzem em perdas de rendimento. Em-
bora não referenciadas nem quantificadas, também outras
actividades económicas são afectadas pelos estragos in-
duzidos pelos ratos.
A saúde pública é igualmente afectada pelos ratos, na
sua qualidade de hospedeiros de microorganismos vec-
tores de doenças transmissíveis ao ser humano e aos
animais domésticos. A doença da leptospirose, conhecida
659
866
209
493
988
2760
7
2320
768
4
4379
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
Agricultura, pecuária; caça sivicultura e Pescas
Industria extrativa
Indústrias transformadoras
Produção e distribuição de electricidade, gás e água
Construção
Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos ...eoutros bens
Hoteis e restaurantes
Transportes, armazenagem e comunicações
Intermediação f inanceira
Actvidades imobiliárias, serviços de aluguer e comerciaisprestados às empresas
Ensino; Saúde e serv. soc. e Outras actividades
Figura 2 – Distribuição das empresas por ramo de actividade económica (Fonte: INE, Ficheiros de Unidades Estatísticas, 2004.
1�
por “doença dos ratos” é de declaração obrigatória pela
OMS, cuja aplicação legal nos Açores remete para Portaria
nº12/99 de 25 de Março. Na Tabela 4, apresentam-se al-
guns dados relativos aos casos reportados de leptospirose
humana na Ilha de S. Miguel, no período de 1995 a 2004.
Esta doença é considerada uma doença ocupacional,
relacionando-se o maior número de casos com as activi-
dades ligadas à construção, à agricultura e à pecuária. O
maior número de casos surge associado às profissões de
agricultor, lavrador e pedreiro.
O ordenamento do território, na perspectiva do controlo
dos roedores, revela-nos uma ocupação do solo com in-
trusão de áreas com diferentes usos, o que se traduz em
diferentes competências em termos de gestão territorial.
Observam-se as áreas agrícolas, florestais, industriais e
urbanas interligadas, o que, na perspectiva do controlo se
pode entender como uma dificuldade acrescida, com efei-
tos negativos em termos dos resultados se as acções de
controlo forem desenvolvidas de forma unilateral, Figura 3.
2.2. os Indicadores DPsIr
O modelo conceptual DPSIR tem sido adoptado pela
União Europeia visando o desenvolvimento de um quadro
de indicadores para a agricultura que disponibilize informa-
ções que reflictam as preocupações decorrentes da rela-
ção que se estabelecem entre a agricultura e o ambiente
[COM (2000) 20 final]. Neste caso, o modelo foi utilizado
para obter informação que reflicta as preocupações decor-
rentes da relação que se estabelece entre as actividades
humanas (onde está inserida a agricultura, entre outras), o
ambiente e as espécies praga.
2.2.1. os Stakeholders
Para avaliar os conhecimentos, atitudes e práticas de
gestão dos stakeholders1 relativamente ao problema dos
roedores na Ilha, desenvolveram-se dois instrumentos de
análise: um questionário e uma checklist (Anexos A e B).
O questionário foi aplicado a uma amostra de 540 indi-
víduos, 90 por concelho, para recolher informação acerca
dos seus conhecimentos, percepções e práticas de con-
trolo. Considerou-se que, face aos condicionalismos de
tempo, este tamanho de amostra era adequado para obter
resultados fiáveis. O questionário foi aplicado nos seis con-
celhos da Ilha de S. Miguel – Ponta Delgada (PDL), Ribei-
ra Grande (RG), Lagoa (L), Vila Franca do Campo (VFC),
Povoação (P) e Nordeste (N) a uma amostra da população
com diferentes ocupações profissionais. Ao nível da ocupa-
ção profissional consideraram-se três tipos de ocupação,
cada um composto por um grupo de 30 entrevistados. A
população residente na cidade ou aglomerados populacio-
nais que não tem como actividade principal a agricultura
ou a pecuária (população urbana), grupo denominado de
1 Stakeholders, termo utilizado para referir todos os grupos de interesse, instituições privadas e governamentais, famílias movidas por interesses e objectivos específicos, como é o caso dos agricultores e lavradores ou particulares (householders) que participam para a proliferação dos roedores na qualidade de geradores de recursos.
Tabela 4 – Dados relativos aos casos reportados de leptospirose humana na Ilha de S. Miguel no período de 1995 a 2004.
S. Miguel Sexo 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Totais
H/M 4 5 9 12 1 3 10 9 19 22 94
H 4 5 9 12 1 3 8 8 18 22 90
M 2 1 1 4
P. Delgada H/M 2 3 5 9 1 2 5 5 13 8 53
R. Grande H/M 2 1 3 2 4 3 4 8 27
Lagoa H/M 1 1 1 3 6
V. Franca H/M 1 1 1 2 5
Povoação H/M 1 1 1 3
Nordeste H/M 0
Fonte: Direcção Regional de Saúde
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
1�
citadinos (CIT), e a população residente no campo (popu-
lação rural), subdividida em dois grupos, o dos agricultores
(produtores agrícolas) (AGR), e o grupo dos lavradores
(produtores de gado) (LAV). Pretendeu-se assim, com este
design da amostra, perceber se as atitudes e práticas são
influenciadas pela actividade ocupacional e, também, se
existem diferenças ao nível de concelho.
A checklist foi aplicada a um conjunto de 66 unidades
empresariais, de diversos ramos de actividade, onde se
listaram um conjunto de variáveis relacionadas com as ca-
racterísticas específicas das unidades em temos de envol-
vente, estrutura e procedimentos considerados relevantes
para a ocorrência dos roedores. Foram abrangidas empre-
sas dos diversos sectores de actividade económica, nome-
adamente: Associações agrícolas; Fábricas de lacticínios;
Fábricas de rações, farinhas, óleos e sabões; Fábricas de
conservas; Fábricas de cervejas e refrigerantes; Fábricas
de tabaco; Fábricas de açúcar; Matadouros; Lotas de peixe;
Entrepostos comerciais; Aviários; Viteleiros; Explorações
de suinicultura; Parques industriais e Aterro sanitário.
Os resultados obtidos com base nestes dois instrumen-
tos de análise permitiram retirar as conclusões I) e II):
I) No que se refere aos conhecimentos, percepções e
práticas de controlo por parte da população verifica-se
que:
- A maioria dos habitantes reside em habitações do tipo
moradia, com terrenos circundantes ou quintal, com um
elevado número de divisões (8± 2.85) distribuídas por
um, dois ou mais pisos, o que em termos da problemá-
tica dos roedores pode ser visto como um problema.
As moradias com áreas envolventes representam um
maior risco de colonização, se não forem cumpridas as
regras de construção, no que diz respeito ao material
empregue e aos acabamentos dos edificados, ou as
regras de higienização no que se refere à manutenção
e saneamento adequados (Tabela 5).
- Não existe uma percepção clara das razões que es-
tão na origem da proliferação destes micromamíferos
ou mesmo das razões principais para o seu combate.
No entanto, são as razões de saúde pública as mais
Figura 3 – Figura obtida por montagem a partir do PDM de Ponta Delgada.
Figura 0 – Esta figura obtida por montagem a partir do PDM de Ponta Delgada, o qual foi gentilmente disponibilizado por aquela Autarquia, pretende mostrar o aspecto referido da intrusão das diferentes áreas que constituem o território.
PDM cedido pela autarquia
1�
referidas como motivo principal para proceder ao con-
trolo, seguindo-se em segundo lugar os prejuízos nas
culturas e em terceiros os prejuízos no gado a par dos
prejuízos nos bens e produtos (Tabela 6).
- As culturas agrícolas do milho, batata comum e batata-
doce são as mais referidas pelos agricultores e pelos
lavradores como sendo as mais afectadas pelos ratos.
Também as culturas da fava, banana, fruteiras, vinha
e ananás são referidas como culturas afectadas, mas
em menor percentagem (Tabela 7).
- A responsabilidade das acções de controlo é conside-
rada, tendencialmente, como um problema de todos
e não apenas de quem tem o problema. Os serviços
agrícolas, na óptica dos habitantes, deviam ter um pa-
pel mais activo, nomeadamente alargando a sua área
de competência para além das áreas agrícolas. Esta
visão poderá estar influenciada pelo papel que os re-
feridos serviços têm vindo a desenvolver nas últimas
décadas.
- O sucesso do controlo tem a ver essencialmente com
aspectos relativos á planificação das acções, embora a
escolha correcta do rodenticida e a disponibilização de
informação técnica sejam referidos também como uma
das razões para o sucesso das acções de controlo.
- A persistência do problema no tempo é tida como as-
sociada em primeiro lugar à indefinição de responsa-
bilidades, no que se refere às competências a nível
interinstitucional, seguida da ausência de programas
municipais efectivos, em acções de desratização de-
sarticuladas e em acompanhamento técnico deficien-
te. Estes motivos parecem estar na origem do elevado
valor percentual das respostas dadas à questão sobre
“o que faria”. A grande maioria dos inquiridos, cerca de
70.50%, são a favor do desenvolvimento de progra-
mas liderado a nível regional por técnicos especializa-
dos, apenas 29.50% acha que cada um deve tratar as
suas áreas (Tabela 8).
- Quanto aos distintos meios de protecção é privilegiada
a luta química para 67.59% dos inquiridos, mas se se
analisar os resultados em função da actividade ocu-
pacional verifica-se que os valores reais são mais ele-
vados. São as actividades relacionadas com a agro-
pecuária que recorrem maioritariamente à luta química
como principal forma de controlo das populações de
roedores, projectando os valores para 82.32% no caso
dos agricultores e 81.11% no caso dos lavradores. Só
uma pequena percentagem refere o uso de armadilhas
ou a eliminação de fontes de acesso (Tabela 9). No
entanto constata-se que o exercício do controlo reve-
la comportamentos tendentes a práticas preventivas,
dado que a maioria dos inquiridos aplica medidas de
controlo nos locais a proteger e na envolvente, mesmo
sem observar vestígios da presença do rato. A percen-
tagem de indivíduos que combate apenas quando vêm
Tabela 5 – Condições de habitabilidade.
Variáveis sócio-demográficas
Total Actividade ocupacional
n %Agricultor
%
Lavrador
%
Citadino
%
Tipo de habitação (n=527) Andar 9 1.71 0.56 0.00 4.47
Moradia 518 98.29 99.44 100.00 95.53
Nº de pisos (n=516) Um 270 52.33 52.27 55.62 49.12
Dois ou
mais243 47.67 47.73 44.38 50.88
Quintal (n=543) 433 79.74 85.64 81.67 71.98
Terrenos (n=543) 190 34.99 49.96 38.89 19.23
Média e DESPAD Média e DESPAD Média e DESPAD Média e DESPAD
Divisões (n=409) 8.00± 2.85 7.95± 2.59 7.96± 2.29 8.10± 3.51
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
1�
os sinais de presença e apenas nos locais a proteger é
relativamente menor (Tabela 10).
- A frequência da aplicação dos iscos rodenticidas para
a maioria dos inquiridos tende a ser mensal ou trimes-
tral, sendo os valores muito mais elevados quando se
trata de agricultores ou lavradores (Tabela 10).
- A opinião da população sobre o seu grau de satisfa-
ção, relativamente à forma como a instituições tem
procurado resolver o problema, não é elevado e situ-
am-se maioritariamente nos graus de insatisfação ou
de indiferença (nem satisfeito nem insatisfeito). De fac-
to, se se agregarem os níveis de insatisfação (graus 1
e 2), os resultados apontam para valores acima dos
51.5% para agricultores e lavradores, e se a estes se
juntar os indiferentes (grau 3) os valores sobem para
os 86.17%, ficando os níveis de satisfação (grau 4 e 5)
reduzidos a valores na ordem dos 13.86% (14.95 para
os agricultores e 9.04% para os lavradores) (Tabela 11
e Figura 8).
- As diferenças ao nível de grupo mostram que a maior
percentagem das respostas que se situam na opção
de insatisfação incidem nos agricultores e lavradores,
já no que se refere aos citadinos o resultado é maiori-
tário na opção que manifesta indiferença o que se per-
cebe na medida em que este grupo é menos afectado
pelos efeitos dos ratos. Já ao nível de Concelho, Ponta
Tabela 6 – Posição atribuída pelos respondentes às questões relativas as razões para combater os ratos.
Opinião e conhecimento
Total Actividade ocupacional
nMédia e
DESPAD
Agricultor
Média e
DESPAD
Lavrador
Média e
DESPAD
Citadino
Média e
DESPAD
Q10 Razões para combater (n=540)
Prejuízos nas culturas 535 2.30± 0.72 2.21± 0.70 2.23± 0.69 2.47± 0.70
Prejuízos no gado 533 3.19± 0.72 3.17± 0.71 3.10± .075 3.29± 0.69
Problemas na saúde 540 1.16± 0.48 1.18± 0.52 1.12± 0.52 1.10± 0.40
Prejuízos bens e produtos 534 3.32± 0.86 3.40± 0.80 3.43± 0.81 3.13± .093
Q13 Aumento das populações (n=540))
Condições naturais 527 3.28± 1.68 3.37± 1.69 3.14± 1.68 3.35± 1.69
Métodos de produção agrícola 527 2.79± 1.18 2.94± 1.26 2.72± 1.20 2.71± 1.07
Métodos de produção pecuária 526 3.11± 1.20 2.98± 1.21 3.17± 1.20 3.18± 1.18Condições Higiene e saneamento dos
edifícios527 2.82± 1.30 2.74± 1.21 2.83± 1.34 2.88± 1.35
Recolha de lixos e resíduos 530 2.95± 1.56 2.91± 1.57 3.13± 1.53 2.82± 1.59
Q18 Culturas atacadas (n=360)
Batata 202 2.51± 1.16 2.71± 1.33 2.26± 0.82 -
Milho 325 1.26± 0.79 1.50± 1.06 1.02± 0.18 -
Vinha 48 3.60± 1.71 3.80± 1.72 3.07± 1.60 -
Ananás 7 3.00± 1.63 3.66± 1.15 2.50± 1.91 -
Banana 113 2.86± 1.28 3.01± 1.36 2.54± 1.07 -
Batata-doce 125 2.56± 0.97 2.53± 0.91 2.68± 1.02 -
Fruteiras 86 3.72± 1.49 3.84± 1.54 3.72± 1.20 -
Fava 124 3.04± 1.39 3.16± 1.47 2.81± 1.23 -
1�
Delgada parece destacar-se por apresentar uma maior
distribuição dos resultados pelas opções apresentadas
(Figura 4).
- Por último uma pergunta aberta permitiu aos entre-
vistados expressar livremente a sua opinião. Os re-
sultados obtidos foram divididos em quatro categorias
de análise que mostram as principais preocupações
dos inquiridos. A percentagem dos resultados obti-
dos em termos absolutos coloca a categoria relativa
ao controlo /rodenticida em primeiro lugar seguida do
enquadramento institucional (Tabela 12). Em termos
relativos são as referências ao enquadramento insti-
Tabela 7 – Número e percentagem de respondentes que atribuíram uma posição às culturas apresentadas.
Total Grupos
n=360 n % AGR % LAV %
Batata 202 56,11 112 31,11 90 25,00
Milho 325 90,28 159 44,17 166 46,11
Vinha 48 13,33 35 9,72 13 3,61
Ananás 7 1,94 3 0,83 4 1,11
Banana 113 31,39 76 21,11 37 10,28
Batata-doce 125 34,72 97 26,94 28 7,78
Fruteiras 86 23,89 69 19,17 17 4,72
Fava 124 34,44 81 22,50 43 11,94
Tabela 8 – Opções de atribuição de responsabilidades que estão na origem do aumento das populações de ratos.
Percepção e atribuição de responsabilidade
Total Actividade ocupacional
n %Agricultor
%
Lavrador
%
Citadino
%
Q8 Atribuição de responsabilidades (n=541)
Quem tem o problema 247 45.66 41.99 47.49 47.51
Toda a gente 294 54.34 58.01 52.51 52.49
Q9 Papel dos Serviços agrícolas (n=542)
A DR pelas áreas agrícolas 118 21.77 25.97 23.46 15.93
A DR pelas áreas agrícolas e outras 311 57.38 52.49 53.63 65.93
A DR pelas acções de desratização 113 20.85 21.55 22.91 18.13
Q11 Razões para o sucesso do controlo (n=541)
Planificação das acções 305 56.38 52.25 52.51 61.33
Escolha do rodenticida 143 26.43 28.73 30.17 20.44
Informação técnica 93 17.19 16.02 17.32 18.23
Q14 Razões para a continuidade dos ratos (n=541)
A forma das acções desratização 126 23.29 25.97 20.67 23.20
Ausência de programas municipais 165 30.50 28.18 31.28 32.04
Conhecimentos técnicos deficientes 41 7.58 6.08 5.03 11.60
Responsabilidades mal definidas 209 38.63 39.78 43.02 33.15
Q15 Que faria (n=539)
Todos nas suas áreas 159 29.50 27.78 31.28 29.44
Programa liderado SR 380 70.50 72.22 68.72 70.56
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
18
Práticas de controlo
Total Actividade ocupacional
Não
respondentes
n
Respon-
dentes
n
Não
respon-
dentes
%
Respon-
dentes
%
Lavrador
% Resp
Citadino
% Resp
Q4 Que faz para os matar (n=543)
Nada 526 17 96.87 3.13 2.21 1.67 5.49
Veneno 176 367 32.41 67.59 82.32 81.11 39.56
ArmadIlhas 500 43 92.08 7.92 10.50 7.78 5.49
Elimina acessos 501 42 92.27 7.73 12.71 8.33 2.20
Tabela 9 – Opções relativas às práticas de controlo.
Práticas de controlo
Total Actividade ocupacional
n %Agricultor
%
Lavrador
%
Citadino
%
Q5 Quando combate (n=372)125
247
121
243
34
96
175
70
Se vê sinais ou presença 33.60 31.79 31.29 41.89
Mesmo sem os ver para prevenir 66.40 68.21 68.71 58.11
Q6 Onde aplica (n=364)
Local a proteger 33.24 27.33 31.47 49.30
Locais e envolvente 66.76 72.67 68.53 50.70
Q7 Com que frequência (n=375)
Duas vezes ao ano ou < 9.07 7.28 10.07 10.67
Três a quatro vezes ano 25.60 19.21 29.53 30.67
Todos os meses 46.67 56.29 44.97 30.67
De vez em quando 18.67 17.22 15.44 28.00
Tabela 10 – Opções relativas ao exercício do controlo.
Grau de satisfação
Total Actividade ocupacional
n %Agricultor Lavrador Citadino
% ac % % ac % % ac % % ac
Q12 Em que medida está satisfeito (n=534)
Muito insatisfeito 1 67 12,55 12,55 16,11 16,11 12,99 12,99 8,47 8,47
Insatisfeito 2 208 38,95 51,50 41,67 57,78 42,94 55,48 32,20 40,67
Nem satisfeito nem insatisfeito 3 185 34,64 86,17 27,22 85.00 35,03 90,51 41,81 82,48
Satisfeito 4 70 13,11 99,28 14,44 99,44 8,47 98,98 16,38 98,86
Muito satisfeito 5 4 0,75 100,00 0,51 99,95 0,56 100,00 1,13 100,00
% ac = percentagem acumulada
Tabela 11 – Percentagem de respostas dadas à forma como as acções de controlo têm sido realizadas.
1�
Grupo
CITLAVAGR
Tota
l de r
esposta
s d
adas
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Grau de satisfação
Muito satisfeito
Satisfeito
Nem sat nem insat
Insatisfeito
Muito insatisfeito
Concelho
NPVFCLRGPDL
Tota
l de
resp
osta
s da
das
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Grau de satisfação
Muito satisfeito
Satisfeito
Nem sat nem insat
Insatisfeito
Muito insatisfeito
Figura 4 – Grau de satisfação das pessoas relativamente à forma como as instituições têm procurado solucionar o problema do controlo dos ratos.
Resultados por grupo e por Concelho.
Q23 Gostaria de registar algum aspecto que considera importante e que não foi falado aqui? As suas preocupações, o que gostava de ver feito, etc.
Respondentes n M (%) AGR LAV CIT
C – Controlo/rodenticida (∑) 185 69,74 28,11 28,64 12,97
C1 Reforçar a distribuição de raticida às populações 185 16,22 6,49 7,57 2,16
C2 Aumentar a frequência das aplicações 185 25,95 10,27 10,27 5,41
C3 Rodenticidas mais eficazes 185 5,41 1,62 2,16 1,62
C4 Subvenção/comparticipação do rodenticida 185 5,41 2,16 2,7 0,54
C5 Calendarização das aplicações/acções 185 4,32 2,16 1,08 1,08
C6 Planos de desratização (∑) 185 12,43 5,41 4,86 2,16
P – Práticas/comportamentos (∑) 185 11,34 3,78 2,16 5,4
P1 Limpeza das estradas, campo 185 0,54 0,54 0 0
P2 Limpeza de zonas abandonadas 185 2,16 1,08 0 1,08
P3 Participação dos cidadãos 185 4,86 1,08 1,62 2,16
P4 Higienização 185 3,78 1,08 0,54 2,16
E – Enquadramento institucional (∑) 185 31,35 11,35 13,51 6,49
E1 Envolvimento das autoridades (articulação) 185 27,57 10,27 11,35 5,95
E2 Brigadas de controlo 185 1,62 0 1,62 0
E3 Inspecções/fiscalizações 185 2,16 1,08 0,54 0,54
I – Informação (∑) 185 13,52 6,48 1,62 5,4
I1 Divulgação 185 8,11 3,24 1,08 3,78
I2 Formação 185 5,41 3,24 0,54 1,62
O2 – Outros (∑) 185 1,62 0 1,62 0
Tabela 12 – Resultados obtidos para a questão aberta para os cinco itens considerados.
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
�0
tucional, concretamente ao envolvimento e articulação
entre autoridades, seguida pelas questões relativas
ao controlo/rodenticida no que se refere à frequência
das aplicações dos isco rodenticida usadas no contro-
lo químico e à importância da existência de planos de
desratização (Figura 5).
- Na prática, conclui-se que os resultados reflectem pre-
ocupações que se relacionam com a importância do
desenvolvimento de um plano de actuação conjunta,
que permita ultrapassar o tipo de problemas referidos.
Por um lado, garantir o envolvimento responsável entre
instituições e autoridades, por outro, garantir a eficácia
das acções de controlo. Destacam-se também os as-
pectos relativos à eficiência do rodenticidas aplicados,
à sua acessibilidade aos stakeholders (householders)
ou ainda, à importância da divulgação de informação
técnica necessária à sua aplicação.
II) Relativamente ao comportamento das unidades em-
presariais em termos das práticas de gestão, no que diz
respeito às características da envolvente, às condições
das estruturas, às boas práticas na realização das dife-
rentes tarefas de armazenamento de produtos e bens, de
eliminação de resíduos, de higienização e de protecção
contra pragas, os resultados estão sintetizados na Tabela
13 e permitem afirmar que:
- A quase totalidade das unidades produtivas (90.9%),
independentemente do sector de actividade, reconhe-
ce que os ratos exercem uma pressão externa cons-
tante sobre as instalações (Figura 6).
- A presença dos ratos foi observada visualmente, nas
áreas das unidades, por 83.3% dos entrevistados, ten-
do 54.5% mencionado já ter visto vestígios, tais como,
roeduras, marcas de dentes, excrementos, corredores
de passagem, ou pêlos. As repostas aos itens ques-
tionados são, por si só, indicadores de níveis de ade-
quação ou inadequação dos edificados à exclusão dos
ratos face às características analisadas.
- Nem sempre os procedimentos adoptados, no que re-
fere às práticas de gestão dos stakeholders, são os
mais indicados para uma boa protecção contra os ro-
edores, relativamente à envolvente das estruturas em
termos de áreas circundantes e de acessibilidade dos
ratos às instalações em análise. Os ratos movimentam-
se entre as áreas pelo que se devem eliminar todas as
possíveis vias de acesso aos espaços a proteger. A en-
volvente deve actuar como uma barreira. As unidades
devem recorrer a determinados tipos de equipamentos
ou artefactos que exerçam efeito de exclusão inviabi-
lizando o acesso ds ratos ao interior do edificado. Foi
nesse sentido que se procurou conhecer as condições
de envolvência dos edificados.
- Em 31.8% das unidades observa-se a existência de
Interaction Plot: GRUPO x Respostas dadas
Multiple identical responses were ignored
AGR LAV CIT
C1 C3 C5 P1 P3 E1 E3 I1-5
0
5
10
15
20
25
Frequencies
Figura 5 – Total de respostas dadas por item considerado.
�1
Variável n SIM % NÂO % N/A %
A Monitorização
1 Presença de ratos 66 90.9 9.1 -
2 Observação visual 66 83.3 16.7 -
3 Outros vestígios (excrementos, pelos, locais de consumo, marcas de dentes,
roedura, latrinas, marcas de passagem dos ratos ao longo das paredes, urina,
odores a amónia).
66 54.4 45.5 -
B Z. Envolvente ao Edifício
4 A área envolvente ao edifício encontra-se limpa de infestantes ervas, arbustos ou abrigos que de modo a reduzir o risco de proliferação de ratos
66 51.5 47.01 1.5
5 Existem pIlhas de sucata, lenha, tubagens, resíduos … 66 66.7 31.8 1.5
6 Existem bebedouros ou estações de alimentação de animais 66 22.7 22.7 54.5
7 Existem animais domésticos ou outros nas imediações do equipamento 66 51.5 42.4 6.1
8 Árvores junto ao edifício que permitam o acesso a janelas portas ou telhados 66 31.8 63.6 4.5
C Exterior do Edifício
9 Buracos/galerias de acesso 66 31.8 63.6 4.5
10 Orifícios nas portas 66 33.3 60.6 6.1
11 Ventiladores 66 34.8 33.3 31.8
12 Grelhas nas janelas de ventilação 66 33.3 33.3 33.3
13 Tubagens, arames, condutas que acedam ao edifício com protecção contra
roedores66 21.2 60.6 18.2
14 Esgotos, drenos com acesso ao edifício 66 34.8 48.5 16.7
15 Rupturas ou buracos nas fundações 66 31.8 63.6 4.5
16 Rupturas ou buracos nas tubagens de esgoto, drenos, condutas 66 21.2 68.2 10.6
17 Existem sarjetas junto ao edifício 66 19.7 69.7 10.6
18 As sarjetas têm grelhas 66 31.8 56.1 12.1
19 O espaço das frinchas das grelhas é maior que 0.6 cm 66 37.9 24.2 37.9
D Edifício/Estrutura
20 Janelas localizadas a média ou baixa altitude 66 56.1 31.8 12.1
21 As janelas têm grelhas 66 42.4 34.8 22.7
22 A dimensão da quadricula das grelhas é maior que 0,6 cm. 66 15.2 37.9 47.0
23 Portas permanentemente abertas 66 68.2 31.8 0
24 As portas apresentam roeduras 66 12.1 74.2 13.6
25 Existência de roeduras em outros materiais ou equipamentos 66 21.2 69.7 9.1
26 Os esgotos ao nível do solo têm grelhas 66 59.1 25.8 15.2
27 Tubagens internas com rupturas. 66 6.1 77.3 16.7
Tabela 13 – Variáveis relacionadas com os 10 grupos, relativos às características das unidades, considerados na checklist.
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
��
Variável n SIM % NÂO % N/A %
E Pisos/Maq.Utensílios
28 Existe espaço suficiente ao longo do processo de laboração para limpeza e saneamento do mesmo
66 72.7 16.7 10.6
29 Existem espaços “mortos” que permitam acumulação de materiais que actuem
como fonte de alimento ou abrigo para a instalação de pragas/ratos66 66.7 24.2 9.1
30 Salas de processamento, compartimentos de armazenamento de produtos,
limpos e arrumados66 59.1 24.2 16.7
31 Contentores e equipamentos de manufacturação, processamento e transporte,
transacção, manuseamento, pesagem em boas condições de limpeza66 60.0 16.7 22.7
F Limpeza/Saneamento
32 O lixo produzido e outros materiais em desusos são periodicamente eliminados de modo a não actuarem como atractivos.
66 87.9 9.1 3.0
33 As salas de arrumação/armazéns estão devidamente fechados de modo a inibirem o acesso aos ratos
66 34.8 59.1 6.1
34 Paredes e pavimentos facilmente laváveis, 66 62.1 33.3 4.5
35 Pavimentos que permitam a fácil drenagem dos líquidos e ofereçam boas condições para a eliminação de efluentes;
66 66.7 31.8 1.5
36 Sistemas de ventilação e iluminação satisfatórios; 66 75.8 22.7 1.5
37 Os ratos voltaram a manifestar-se após a acção de desratização 66 81.1 15.2 3.0
G Eliminação de Resíduos
38 O lixo produzido é armazenado em recipientes fechados 66 56.1 39.4 4.5
39 Os materiais em desuso são adequadamente, recolhidos, armazenados e
eliminados de forma a não atrair os ratos66 74.2 21.2 4.5
40 Os recipientes ou outros artefactos de deposição de lixo são adequadamente
limpos de modo a não atraírem os ratos66 60.6 30.3 9.1
41 Os efluentes líquidos são adequadamente eliminados 66 65.2 28.8 6.1
42 Os efluentes líquidos domésticos no meio hídrico 66 6.1 68.2 25.8
43 Os efluentes líquidos domésticos no colector municipal 66 30.3 43.9 25.8
H Controlo
44 Faz desratização 66 98.5 1.5 0
45 É feito por empresa DDD 66 45.5 54.5 0
46 É feito por pessoal da unidade 66 57.6 42.4 0
47 Existem postos de engodo para controlo de roedores 66 56.1 39.4 4.5
48 Os postos de engodo localizam-se no interior do edifício 66 50.0 45.5 4.5
49 Os postos de engodo localizam-se no exterior do edifício 66 54.5 37.9 7.6
50 O isco é consumido pelos ratos 66 83.3 61.1 10.6
51 A desratização é feita por períodos prolongados 66 65.2 28.8 6.1
52 A desratização é feita ciclicamente 66 77.3 13.6 9.1
53 Periodicidade 66 69.6 10.6 19.6
54 O produto utilizado está homologado para o controlo de roedores 66 97.0 3.0 0
55 Existem indicações que os ratos voltaram a manifestar-se após a realização de
uma desratização66 86.4 6.1 7.6
Tabela 13 – Variáveis relacionadas com os 10 grupos, relativos às características das unidades, considerados na checklist.
��
Variável n SIM % NÂO % N/A %
I Explorações agropecuárias
56 Instalações de alojamento dos animais com boas condições de higiene e limpeza; 20 65.0 35.0
57 Equipamentos apropriados para limpeza, lavagem e desinfecção das instalações; 20 75.0 25.0
58 Área de armazenagem adequada para os alimentos e camas; 20 60.0 30.0 10.0
59 Sistema adequado de recolha, tratamento e armazenamento de chorumes; 20 70.0 20.0 10.0
60 Locais adequados para a ordenha, construídos de forma a evitar riscos de
contaminação do leite, fáceis de limpar e lavar20 45.0 10.0 55.0
61 Sistema de abastecimento de água potável adequado e suficiente, de acordo com
os parâmetros indicados em legislação específica20 75.0 0 25.0
62 Separação adequada de quaisquer fontes de contaminação, tais como
instalações sanitárias e as estrumeiras20 70.0 30.0
63 Acessórios e equipamentos fáceis de limpar, lavar e desinfectar; 20 70.0 30.0
64 Os tanques de refrigeração de leite estão separados dos locais de estabulação e
protegidos20 45.0 55.0
65 As salas e locais em que o leite é armazenado, manipulado e arrefecido
apresentam protecções contra a proximidade e intrusão de animais.20 40.0 5.0 55.0
66 Silagem adequada de fenos 20 40.0 5.0 55.0
J Equipamentos/Distância n <100100-
200
200-
500>500
67 Habitação 66 34.8 9.1 12.1 19.7
68 Industria agro-pecuária (aviculturas; ovinoculturas; bovinoculturas,
suiniculturas, ovinoculturas …)66 37.9 19.7 15.2 4.5
69 Outra indústria (hipermercado, cooperativa, rações, …) 66 4.5 6.1 7.6 22.7
70 Ouro equipamento 66 16.7 24.2 9.1 9.1
Tabela 13 – Variáveis relacionadas com os 10 grupos, relativos às características das unidades, considerados na checklist.
Sim
Não
Presença de ratos
Bars show counts
S – Suínos; V – Viteleiros (Pecuária Estabulada), P – Pescas/Lota; R – Rações e concentrados;AV – Aves; L – Industria Lacticínios; CA – Cooperativa e Associações; EX – Exploração Agro-pecuária;AÇ – Açúcar; T – Tabaco; H– Hipermercados/Superfícies Comerciais; RS – Restauração;MT– Matadouro; AT – Aterros Sanitário; PN – Panificação; TS – Talhos e Salsicharias; OT – Outros;PAT– Produtos Agrícolas Transformados; SO – Salas de Ordenha;
S V P R AV L CA EX AÇ T H RS MT AT PN TS OTPAT
Unidades vis itadas
2
4
6
8
10
Núm
ero
de u
nida
des
Figura 6 – Representação gráfica das unidades visitadas por tipo de actividade e resultado da resposta à questão relativa à presença de ratos nas imediações.
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
��
árvores que permitem o acesso dos roedores às es-
truturas; em 47.0% a existência de infestantes, ervas,
arbustos ou abrigos na envolvente da estrutura; em
66.7% a existência de sucata, em 51.5% a existência
de resíduos próximos da instalação e 22.7% revelam a
presença de animais domésticos e respectivas fontes
de alimento nas imediações das instalações.
- Todas as unidades apresentam fragilidades em, pelo
menos, uma das características verificadas para o ex-
terior dos edifícios, no que se refere ao estado das por-
tas, à protecção do sistema de ventilação ao o estado
das sarjetas e das tubagens. Os resultados variam em
função das características em análise, como se pode
observar pela consulta da Tabela 13. No entanto, os
valores mais baixos dizem respeito à existência de rup-
turas ou buracos nas tubagens de esgotos, drenos e
condutas e registam-se para 19.7% das unidades visi-
tadas e os mais altos referem-se ao espaçamento entre
as grelhas das sarjetas e observam-se em 37.9%.
- Os edifícios propriamente ditos, no que reporta à loca-
lização das janelas, à existência de grelhas ou redes
de protecção, à dimensão da malha de rede e ao es-
paçamento das grelhas apresentam com frequência,
condições pouco adequadas para cumprir o efeito de
exclusão dos ratos. As características mencionadas
são pontos de acesso dos roedores ao interior dos edi-
ficados, sendo tanto mais frágeis se outros cuidados
não forem considerados designadamente os cuidados
específicos a ter na área de envolvência dos edifica-
dos, conforme atrás referido. A existência de portas
permanentemente abertas, condição necessária em
algumas unidades, é uma situação que obriga a maio-
res exigências no espaço envolvente.
- Os resultados da checklist revelam que, em média
26.90% dos edifícios no que refere à estrutura não exi-
bem condições de exclusão. Os valores mais elevados
atribuem-se à existência de portas permanentemente
abertas (68.0%). Esta condição, associada a um es-
paço envolvente deficiente em termos das práticas
de exclusão dos roedores, aumenta o risco potencial
de acessibilidade ao interior das unidades. Também a
existência de depósitos de sucata (resíduos sólidos de
variado tipo) na envolvente, numa percentagem rela-
tivamente elevada de unidades (66.7%) actua como
difusor de recursos proporcionando zonas de refúgio
e abrigo para os ratos. As tubagens desprotegidas e
com rupturas, são pontos críticos de risco de potencial
de acesso ao interior das unidades e constatam-se em
6.1% das estruturas (Tabela 13).
- As unidades nem sempre estão organizadas de modo
a permitir a fácil limpeza e arrumação dos equipamen-
tos e a não possibilitar a acumulação de resíduos que
actuem como atractivos. Em média 31.1% das unida-
des não procedem da melhor forma. Os valores mais
elevados na ordem dos 66.7% reportam-se a espaços
“mortos” que permitem a acumulação de materiais que
actuam como fonte de abrigo ou alimento. Os valores
mais baixos relacionam-se com a existência de espaço
insuficiente para o exercício da limpeza e saneamento
e às condições deficitárias de limpeza de equipamentos
e observam-se em 16.7% das unidades (Tabela 13).
- As condições de limpeza e saneamento apresentam va-
lores médios de procedimentos incorrectos na ordem dos
31.20%, com máximos de 59.10% e mínimos de 9.10%.
Os máximos referem-se à situação específica das salas
de arrumação/armazéns, as quais devem estar fecha-
das de modo a inibirem o acesso dos ratos, o que se
observa apenas em 34.8% da unidades visitadas. Já os
valores mínimos registam-se pelo não cumprimento na
eliminação regular de materiais em desuso, o que pode
actuar como atractivo dos ratos (Tabela 13).
- As condições de eliminação dos resíduos também não
são muito satisfatórias, variando os valores médios de
inadequação de procedimentos, na ordem de 29.30%. O
valor máximo observado é de 39.4% e relaciona-se com
o armazenamento dos resíduos em recipiente aberto, e
o valor mínimo é de 28.8% e diz respeito à eliminação
inadequada dos efluentes líquidos (Tabela 13).
- O exercício do controlo de roedores verifica-se em
98.5 % das unidades. Aproximadamente metade
(45,5%) solicitam o controlo dos ratos a empresas de
prestação serviços de desratização, e a outra metade
��
(54.5%) efectua o controlo com pessoal interno à acti-
vidade (Tabela 13).
- A maioria das unidades visitadas tem um plano de
controlo de ratos, procedendo ao registo do produto
comercial e ao registo da frequência das aplicações.
No que concerne às actividades das empresas de con-
trolo de pragas, foi possível observar que o trabalho
prestado por estas, no essencial, consiste em acções
de desratização nos pontos críticos identificados. A
frequência da deslocação das empresas às unidades
onde prestam o serviço é estabelecida mediante um
contrato e não em função dos resultados. No entanto,
o serviço contratante pode solicitar visitas adicionais.
É fornecido um relatório com os resultados onde são
registados os volumes de consumo de isco rodenticida
e postos visitados. Por vezes, nem sempre, existe um
mapa de localização dos postos de engodo, também
designados de armadilhas.
- A periodicidade das desratizações é variável. Para
69.0% das unidades a desratização efectua-se de for-
ma periódica, enquanto para 10.6% não existe periodici-
dade, e os restantes 19.6% não prestaram informação. A
maioria (46.97%) menciona aplicações mensais e sema-
nais. Para 31.81 % são mensais e para 15.15% sema-
nais. Os restantes apontam para aplicações que podem
ser bimensais, trimestrais, semestrais ou não concreti-
zam aludindo a que a mesma é feita “em função do con-
sumo”, “sempre que necessário”, “quando aparecem”,
“pontualmente”, ou então “se o isco já foi consumido”
- Em 81.1% das unidades observadas os ratos voltaram
a manifestar-se após as acções de desratização, o que
é revelador da forte pressão que estes exercem sobre
o território e concretamente sobre as actividades eco-
nómicas.
- Observaram-se 20 unidades do sector agro-pecuário.
Na Figura 7 pode-se observar a distribuição das res-
postas por unidade visitada.
- Os resultados mostram que para uma média de 21.11%
das unidades estudadas, os procedimentos praticados,
no que se refere às práticas de gestão de pragas, não
Água potável Armz. adq. alime. cama Armz. leite proteg. Boas cond. higiene
Eq. limpz. lavag. apropr. Equip. fácil limp. desf. Locais adq. ordenha Rec. trat. chor. adq.
Sepa. fontes conta. Silagem adequada Tanq. refri. sep. prot.
1 = Sim
2 = Não
Pies show counts
AV = AviculturaEX = Exploração pecuáriaMT = Matadouro S = Suinicultura V = Viteleiro
AVEXMTSV
AVEX
SV
EXAVEXMTSV
AVEXMTSV
AVEXMTSV
EX
V
AVEXMTSV
AVEXMTSV
EX
V
EX
N = 20
Figura 7 – Gráfico circular das respostas “Sim” e “Não” agrupadas segundo o tipo de exploração para o grupo I. Explorações agro-pecuárias (aviculturas; bovinicultoras, suiniculturas, ovinoculturas…)
por unidade visitada In Checklist Controlo de roedores (stakeholders).
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
��
são os mais adequados para a redução da atractivi-
dade que a actividade exerce sobre os ratos. Os valo-
res mais elevados relacionam-se com a insuficiência
das condições de higiene praticadas nas instalações
dos animais e observam-se em 35% das unidades. Os
valores mais baixos dizem respeito à fraca protecção
contra a proximidade e intrusão de animais junto às
salas e locais de armazenamento do leite e, à inade-
quação das condições de silagem, quer em termos do
método propriamente dito, quer em termos dos modos
de uso da forragem e pode-se observar em 5% das
unidades, para ambas as situações referidas.
- A distância a outros usos é variável, observando-se
distâncias inferiores a 100 m das habitações em 34%
dos equipamentos ou de actividades de agro-pecuá-
rias em 37.9% dos equipamentos. Os equipamentos
distanciados a mais de 500 m são em menor número
quer no que se refere a habitações (19.7%) quer no
que se refere a agro-pecuárias (4.5%) (Figura 8).
- Em síntese, podemos afirmar que a ocorrência de ro-
edores se relaciona com a existência de recursos em
alimento, água e abrigo, estando associada à inade-
quação dos procedimentos de práticas de gestão das
unidades produtivas devido a deficiências na constru-
ção das unidades, a práticas de saneamento e higie-
nização insuficientes, e a metodologia de controlo e
protecção pouco eficazes. Também a localização das
actividades se apresenta como um constrangimento na
medida em que a proximidade a habitações e outros
equipamentos das actividades económicas permite a
existência de corredores de passagem entre mosaicos
populacionais de roedores.
2.2.3. uso do solo e ordenamento do território
Analisou-se a distribuição do uso e ocupação do solo e a
Superfície Agrícola Útil (SAU), bem como o grau de antro-
pomorfização da paisagem de forma a perceber a influên-
cia dos factores da paisagem na proliferação e distribuição
dos ratos,
- Na interpretação dos dados estatísticos relativos à su-
perfície total da ilha verifica-se que cerca de 72.23%
da área é ocupada por pastagens permanentes, o que
equivale a 83.08% da SAU (Figura 9). O aumento das
áreas de pastagens segundo Ventura in Carqueijeiro
(2006), parece estar relacionado com a política de in-
centivos desenvolvida na década de 80, a qual se veio
reflectir no aparecimento de novas pragas agrícolas.
Embora não sejam referidas quaisquer pragas, Pelz &
Klemann (2004) e Meiwen et al. (2003) referem que a
proliferação dos roedores está associada ao aumento
das explorações agro-pecuárias, pelas próprias práti-
cas inerentes a este tipo de actividades, o que nos leva
a considerar os ratos nesta afirmação.
A distribuição das áreas em termos funcionais e a for-
ma como se articulam entre si, interpretou-se com base no
Sistema de Informação Geográfica (SIG), o ArcView 9.1 a
partir da interpretação dos ortofotomapas. As áreas foram
consideradas segundo o tipo de uso, em 6 categorias: cos-
ta, relativo à linha do litoral; indústria, relativo à área com
ocupação industrial; urbano, relativa à mancha de ocupa-
ção urbana; agrícola relativo a áreas de ocupação agrícola
e de pastagem; florestal, relativo às áreas florestais e de
matos; e, natural, relativo às áreas especiais de protecção
e sítios de interesse comunitário. O Concelho de Vila Fran-
ca do Campo é aqui apresentado como caso de estudo
Habitações
Distância
>500200-500100-200<100
Per
cent
agem
50
40
30
20
10
0
Agro-pecuárias
Distância
>500200-500100-200<100
Per
cent
agem
60
50
40
30
20
10
0
Indústria
Distância
>500200-500100-200<100
Per
cent
agem
60
50
40
30
20
10
0
Outros equipamentos
Distância
>500200-500100-200<100
Per
cent
agem
50
40
30
20
10
0
50
40
30
20
10
0
Per
cent
agem
Habitação60
50
40
30
20
10
0
Per
cent
agem
60
50
40
30
20
10
0
Per
cent
agem
50
40
30
20
10
0
Per
cent
agem
Agro-pecuárias Indústria Outros equipamentos
>500200-500100-200<100
Distância
>500200-500100-200<100
Distância
>500200-500100-200<100
Distância
>500200-500100-200<100
Distância
Figura 8 – Equipamentos nas imediações/Distância a outros usos.
��
para testar a aplicação do método proposto. Na Figura 10,
apresentam-se os ortofotomapas da região centro sul da
Ilha, que abrange o concelho de Vila Franca do Campo, Ri-
beira Grande e Povoação e na Figura 11, como interagem
as diferentes áreas, em termos de uso do solo face aos
resultados da interpretação.
Vila Franca do Campo revelou uma ocupação de solo
com uma grande mancha agrícola onde predominam as
áreas de pastagem que se estendem a grandes altitudes.
A situação observada neste concelho é extensiva a toda a
paisagem açoriana, onde se constata um conjunto de con-
dições propícias à proliferação dos ratos. As características
geomorfológicas e o coberto vegetal associadas as activi-
dades económicas, no contexto agrícola, agro-pecuário e
florestal são uma condição para a ocorrência dos ratos.
No contexto urbano, peri-urbano e industrial os risco de
ocorrência e proliferação estão sobretudo relacionados
com os aspectos de gestão do território e com o compor-
tamento dos stakeholders, conforme avaliação realizada
oportunamente.
No contexto agro-pecuário, o risco está associado à for-
ma como é feita a divisão das parcelas nas áreas de pas-
tagem, a qual consiste em muros de pedra solta e sebes
vegetais e aos modos de explorações em regime extensivo
ou semiextensivo com a presença de estruturas de apoio
associadas à actividade, nomeadamente os parques de es-
pera e alimentação, bebedouros, silos e armazéns. A exis-
tência de explorações agro-pecuária em regime intensivo
localizadas na proximidade de núcleo urbanizado (contexto
peri-urbano) também é de considerar (Figuras 12 - 15).
No contexto da produção agrícola, o risco de ocorrência
dos ratos encontra-se associado às culturas em geral, pela
oferta de alimento que proporcionam, destacando-se as
culturas de milho e batata, que apresentam maior superfí-
cie de ocupação. O processo de armazenamento temporá-
rio da batata, de modo artesanal, em silos de conservação,
cobertos com lona e terra, denominados localmente por
“serras”, podem ser vistos como um importante recurso ali-
mentar. Estas “serras” mantêm-se no campo por períodos
longos, que podem variar entre os 60 a 90 dias. O risco é
mais evidente sempre que estas são abertas para retirar
fracções do produto para escoamento, pela abundância de
rejeitados que ficam por terra durante períodos que podem
variar alguns dias. Também o milho de forragem para a ali-
mentação do gado é armazenado em silos de superfície,
de modo artesanal, que permanecem no campo por perío-
dos longos actuando, também, como atractivos aos ratos,
inclusivé pelos odores libertados. A cultura da bananeira
apresentando áreas de dimensão variada, delimitada por
manchas urbanas e nas imediações de matas e ribeiras,
bem como a produção de ananás em estufas, cultura atrac-
tiva para os roedores na fase de maturação dos frutos, são
aspectos que actuam como factores propiciadores da ocor-
rência de ratos (Figuras, 16 - 21).
A actividade florestal proporciona igualmente nichos de
refúgio e reintrodução das espécies de ratos pela diversi-
Figura 9 – Distribuição da Superfície Total (ST) e Superfície Agrícola Útil (SAU).
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
�8
Figura 10 – Ortofotomapa da região centro sul da ilha de São Miguel, onde se localiza o concelho de Vila Franca do Campo.
Figura 11 – Interacção das áreas em termos de uso do solo.
��
Figura 12 – Divisão da propriedade em sebes vegetais de Arundo donax L. espécie invasora.
Figura 13 – Muros de pedra vulcânica solta e arrumada à mão.
Figura 14 – Vacas em pastoreio. Figura 15 – Silagem contígua a armazém.
Figura 16 – Armazenamento das batatas de em silos de conservação (serras).
Figura 17 – Silagem artesanal do milho.
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
�0
Figura 18 – Cultura de bananeira contígua moradia. Figura 19 – Estufas de ananás.
Figura 20 – Mancha de floresta contígua a áreas de pastagem.
Figura 21 – Vegetação densa de conteira ou roca-da-velha (Hedychium gardenarium).
Figura 22 – Viteleiro. Figura 23 – Vista do interior do viteleiro.
�1
dade de condições que proporciona em termos alimentares
e de refúgio. Alberga diversas aves, insectos e tipos de co-
berto vegetal que são fonte de alimento e abrigo.
O sector pecuário, pelas características próprias da ac-
tividade fornece condições propícias ao desenvolvimento
das espécies de roedores. O rato compete activamente
com os animais, por abrigo e alimento (Figuras 22-25).
As actividades económicas e população em geral actuam
igualmente como pressões na qualidade de geradores de
recursos. Os resíduos vegetais gerados pelas actividades
agrícolas (resíduos vegetais, embalagens, outros), bem
como a actividade pecuária (alimento sempre disponível,
materiais das camas, resíduos orgânicos) são fontes de
recurso alimentar. Os resíduos e outros detritos libertados
naturalmente ou pelas pessoas, e transportadoras de mer-
cadoria, que se depositam nos leitos dos rios e ribeiras, ao
longo dos circuitos rodoviários e nas valas de drenagem,
e mesmo junto ao litoral e na linha de costa, ou mesmo
pela deposição directa junto a muros e zonas abandona-
das, são também importantes fontes de recurso alimentar
e geradoras de abrigo (Figuras 26 - 35).
2.2.4. Cartografia das Populações de
roedores silvestres e Comensais
Os resultados do estudo desenvolvido no âmbito do pro-
jecto “LEPTOSPIROSIS RESEARCH PROJECT IN THE
AZORES ISLANDS. Scientific Cooperative Agreement No.
58-4001-3-F18, no que diz respeito ás três espécie de ratos
presentes na Ilha, referem o R. rattus como a espécie mais
abundante, o M. musculus como a segunda com maior repre-
sentatividade e o R. norvegicus a espécie menos abundante.
O M. musculus e R. rattus apresentam uma distribuição mais
generalizada, com o M. musculus mais comum em ambien-
tes urbanos e peri-urbanos e o R. rattus está mais concen-
trado nas zonas florestais. Já o R. norvegicus apresenta uma
distribuição circunscrita às zonas peri-urbanas (Collares-Pe-
reira et al. 2007). O M. musculus e o R. norvegicus ocorrem,
preferencialmente em pastagens e o R. rattus em floresta.
Os roedores optam por altitudes baixas e intermédias tendo
as maiores concentrações de captura (77%) ocorrido entre
os 0 e os 500m de altitude. O M. musculus e o R. norvegi-
cus situam-se nas altitudes entre os 0-250 embora também
estejam presentes entre os 250-500m. O R. rattus é mais
abundante nas altitudes intermédias (250-500) e domina nas
altitudes acima dos 500m (Collares-Pereira et al., 2007).
Observa-se uma tendência para uma abundância mais
elevada de M. musculus e R. rattus nas áreas de floresta
com aparecimento pontual de R. norvegicus; abundância
semelhante das três espécies para as áreas peri-urbanas,
e maior abundância de M. musculus, seguido de R. norve-
gicus e pontualmente de R. rattus para as áreas de pasta-
gem (Collares-Pereira et al., 2007).
A actividade reprodutora distribui-se por todo o ano,
apresentando picos de reprodução no final da Primavera e
início do Outono para todas as espécies, sendo no entan-
to, mais alargada para a espécie M. musculus (Collares-
Pereira et al., 2007).
A espécie com maiores índices fertilidade média é o R.
norvegicus com 9.8 (6-15), seguida do M. musculus com
6.1 (4-8) e do R. rattus com 5.0 (4-6) embriões por fêmea
(Collares-Pereira et al. 2007).
No que se refere à proporção entre sexos parece ha-
ver uma predominância de machos, o que pode sugerir
que as fêmeas em boas condições de nutrição podem ter
benefícios em produzir mais machos com capacidade de
dispersão para novos territórios (Caley et al., 1988). A es-
trutura etária definida pela proporção de juvenis e adultos,
mostra um padrão sazonal consistente para as três espé-
cies, com a presença de juvenis é mais significativa no Ou-
tono e Inverno (Collares-Pereira et al., 2007). No entanto
a presença de juvenis nas amostras sazonais é indicação
de que as populações se estão a reproduzir e que tendem
a aumentar.
2.2.5. Culturas afectadas
Um levantamento efectuado pela Divisão de Protecção
das Culturas da Ilha de São Miguel vem demonstrar que a
maioria das culturas produzidas exercem uma acção atrac-
tiva para os roedores e ao longo de todo o ano. As culturas
mais afectadas e as épocas de maior risco, estão sintetiza-
das na Tabela 14.
Pela análise da tabela observa-se que o aparecimento
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
��
Figura 24 – Interior de uma pocilga. Figura 25 – Aviário. Aparas de madeira para cobertura do solo.
Figura 26 – Vista do aterro de S. Miguel. Figura 27 – Pormenor da recolha de resíduos no aterro.
Figura 28– Material vegetal eliminado no fim do ciclo da cultura.
Figura 29 – Batatas rejeitadas (podres, roídas, …).
��
Figura 30 – Cereais perdidos no circuito de transporte. Figura 31– Resíduos libertados pela população, no ambiente. “Vai para o calhau”.
Figura 32 – Contentor de resíduos aberto e resíduos “perdidos” no solo.
Figura 33 – Grelha aberta e resíduos mal acondicionados.
Figura 34 – Resíduos libertados nas ribeiras. Figura 35 – Resíduos abandonados.
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
��
Culturas Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Milho grão x x x x x x
Milho silagem x x x x x x x x x x
Batata* x x x x x x x
Batata-doce x x x x x
Amendoim x x x x
Capucho x x x x
Favas** x x x x x x x x
Curcubitacias (a) x x x x x x x x
Ananás x x x x x x x x x x x
Bananas x x x x x x x x x x x x
Citrinos (b) x x x x x x x x
Anonas x x x x x
Castanhas x x
Pomoideas (c) x x x x x x x
Prunoideas (d) x x x x x x x
Vinha x x x x x
*aparecimento de ratos associados ao produto em armazenamento; ** em sementeira e fruto seco armazenado.
Tabela 14 – Culturas susceptíveis de ataque dos ratos, e variação anual do risco segundo o ciclo produtivo e o estado de maturação (Silva, 2006).
dos ratos coincide com a sementeira de cereais e legumino-
sas de grão como o amendoim, fava e milho; com a matura-
ção dos frutos do ananás, anonas, bananas, figos, laranjas,
maçãs, melões, melancia e peras; com a sementeira e matu-
ração de tubérculos, como a batata, e raízes tuberosas como
a batata-doce e com o armazenamento de produtos vegetais,
como a banana a batata comum e a batata-doce, e com as
forragens e silagem de milho (Silva, 2006) (Figura 36-39).
A importância atribuída pela população aos estragos
efectuados pelos roedores nas culturas, sugere a cultura
do milho logo seguida pela batata, como as mais afecta-
das. As restantes culturas como a fava, a banana, fruteiras
e ananás vêm a seguir (Figura 40).
Os estragos manifestam-se consoante a cultura e a fase
de desenvolvimento. Na cultura do milho a fase da semen-
teira e a fase de maturação da maçaroca são as mais pro-
blemáticas, mas também o milho de forragem é de referir.
A forragem é feita em silos artesanais de superfície que
ficam sujeitos à acção dos ratos. Já nas culturas do ananás
e da banana, os estragos ocorrem na fase de maturação
dos frutos. No caso da banana o rato constrói, por vezes, o
ninho na planta junto ao cacho. Esta situação pode partici-
par para o risco de infecção de leptospirose aos trabalha-
dores, se se considerar a elevada taxa de prevalência de
Leptospira spp. nas espécies que provocam estragos nes-
ta cultura. Na batata, embora os estragos possam ocorrer
no campo, os problemas maiores surgem na fase de con-
servação e armazenamento. Em S. Miguel, na região do
Nordeste as batatas são armazenadas temporariamente
em silos (serras), ficando sujeitas ao ataque de roedores.
O risco de infecção de leptospirose por conspurcação das
batatas também é de considerar nesta cultura, assim como
em quaisquer outras culturas afectadas.
2.2.6. Infra-Estruturas
Os resultados obtidos a partir da checklist aplicada aos
stakeholders, permitiu identificar os impactes nas infra-es-
truturas dos quais realçamos apenas alguns aspectos parti-
cularmente relevantes por se referirem a pontos de entrada
nos edifícios e que devem ser considerados pontos de par-
ticular atenção na construção dos edificados. Destacam-
se: orifícios nas portas, rupturas ou buracos nas fundações
��
e rupturas ou buracos nas tubagens de esgoto, drenos e
condutas, bem como roeduras nas portas (Figura 41).
2.2.7. saúde Humana e animal
Os roedores são reservatórios zoonóticos de patogénios
transmissores de doenças aos humanos contribuindo para
os problemas de saúde pública. Os estudos existentes no
arquipélago permitem afirmar que a leptospirose, da qual
o rato é um hospedeiro natural, apresenta elevadas taxas
de incidência humana, confirmando-se um incremento da
seropositividade dos pacientes nas ilhas açorianas, desde
os anos 90, segundo o diagnóstico imunológico de um la-
boratório de referência de Lisboa, (Figueiredo et al., 2006).
Os dados oficias (DGS, 2003; INE, 2003) apontam para
180 casos nos últimos 10 anos, 40% dos quais na Terceira
e 45% em S. Miguel, com taxas de mortalidade de 8.5%,
(Figueiredo et al., 2006). Aliás a doença da leptospirose
é identificada com os ratos sendo conhecida localmente
como a “doença do rato”, (Gonçalves et al., 2006).
As espécies M. musculus e R. rattus, em particular, re-
velaram-se eficazes na manutenção e dispersão natural de
agentes patogénicos, como as leptospiras e com menor
importância as borrélias, rickettsias e hantavírus (Anónimo,
1998).
A leptospirose é considerada uma doença ocupacional,
estando o maior número de casos notificados no período
Figura 36 – Batatas armazenadas silos (serras) roídas pelos ratos.
Figura 37 – Maçarocas roídas pelos ratos.
Figura 38 – Planta do ananás com frutos. Figura 39 – Favas roídas.
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
��
de 1995 – 2004 relacionados com as profissões, de agricul-
tor/camponês com 11.8%, lavrador/tratador de gado com
36.52%, pedreiro e servente 8.99%, num total de 27+1 (28)
profissões referidas. A percentagem atribuída a profissão
desconhecida situa-se nos 11.24% (Silva, 2006). O maior
risco para as profissões referidas deve-se ao facto de estas
apresentarem maior probabilidade de contacto com usos
comuns aos ratos, mas também, no caso das profissões no
domínio pecuário, os animais domésticos actuarem como
hospedeiros acidentais ou secundários.
Em termos de saúde animal são várias as espécies afec-
tadas (vacas, porcos, ovelhas, cães e cavalos) variando a
predominâncias dos efeitos segundo a espécie os quais
incluem, mastites, abortos, partos prematuros, infertilida-
de, entre outros (Ellis, 2006). Num estudo preliminar re-
centemente realizado na ilha da Terceira, algumas estirpes
patogénicas de leptospirose bovina sugerem um contacto
próximo do rato, (Flor et al., 2006). Também num trabalho
recente de Borrego (2006) para a ilha de S. Miguel se pre-
sume que as infecções dos cães por leptospirose tenham
origem nos roedores. Embora os ratos sejam os principais
hospedeiros de manutenção das leptospiras, os cães, são
frequentemente hospedeiros acidentais podendo constituir
uma fonte de infecção importante por viverem em contacto
BatataBatata-doce
Fava
Banana
Fruteiras
Vinha Ananas
Milho
Figura 40 – Culturas com maior número de respostas dadas quando se questiona sobre a importância dos estragos.
3 3 , 3
3 5 , 5
2 3 , 7
2 2 , 0
6 6 , 7
6 4 , 5
7 6 , 3
7 8 , 0
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
B uracos e galerias de acesso
Orificios nas portas
R optura ou buracos nas fundações
R opturas ou buracos nas tubagens de esgoto, drenos e condutasSim
NãoRopturas ou buracos nas tubagens de esgoto, drenos e condutas
Roptura ou buracos nas fundações
Buracos e galerias de acesso
Orifícios nas portas
Figura 41 – Pontos de entrada nos equipamentos.
´
��
Ilha de S. Miguel
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Periodo da aplicação
Vo
lum
e d
e Is
co e
m K
g
Figura 42 – Gráfico dos volumes de isco rodenticida libertados no ambiente na de cada de 1995 a 2006.
mais estreito com pessoas e animais, podendo funcionar
como elo de ligação entre o rato, reservatório de eleição e
o ser humano (Borrego, 2006).
A população de roedores, apresenta uma taxa de infecção
por Leptospira generalizada ao território da Ilha de S. Miguel
A espécie que apresenta maior prevalência de Leptospira spp
é o M. musculus com valores na ordem dos 73% (135/185),
seguida do R. norvegicus com 56.4% (18/32 e o R. rattus
com 55.4% (194/350) (Collares-Pereira et al., 2007).
A sazonalidade da taxa de infecção apresenta um total
superior para o R. norvegicus (52,3%), seguido do M. mus-
culus (49,6%) e por último o R rattus com 41,6%, sendo
que as taxas mais elevadas se observam no Inverno e na
Primavera, e as mais reduzidas no Verão para as três es-
pécies (Collares-Pereira et al., 2007).
2.2.8. libertação de tóxicos no ambiente
Os rodenticidas utilizados no controlo dos roedores nos
Açores pertencem ao grupo dos rodenticidas crónicos de
acção anticoagulantes da primeira e segunda geração de
hidroxicumarinas. Actuam principalmente ao nível do fíga-
do, inibindo a o ciclo da vitamina K responsável pela for-
mação dos factores de coagulação. São facilmente absor-
vidos pelo tracto gastrointestinal, mas também podem ser
absorvidos através da pele e do sistema respiratório. Após
ingestão oral a sua eliminação dá-se através das fezes na
maioria das espécies. A degradação metabólica dá-se para
a warfarina e nas indanodionas mas nos anticoagulantes
de segunda geração (hidroxicumarinas) são eliminados
sem alteração. O fígado é o órgão principal de acumulação
dos anticoagulantes embora a acumulação também possa
ocorrer nos tecidos gordos (IPCS, 2007).
As substâncias activas (s.a.) de acção anticoagulante
são usadas principalmente em iscos formulados. Estas
substâncias apresentam uma volatilidade baixa, pelo que
as concentrações no ar são negligenciáveis. São apenas
solúveis na água, mas dado o tipo de uso, a contamina-
ção da água é improvável. Como não são para aplicação
directa nas culturas não se espera resíduos nos alimentos.
As espécies não visadas estão expostas ao envenena-
mento primário através do consumo directo do isco e ao
envenenamento secundário pelo consumo dos roedores
envenenados (IPCS, 2007). A exposição primária depende
da forma de apresentação do isco, dos modos de aplica-
ção, do odor, da rapidez dos sintomas após a ingestão,
da concentração e da frequência de aplicação. Já no que
se refere à exposição secundária, os factores relevantes
relacionam-se com a persistência do rodenticida na espé-
cie alvo, com o comportamento e preferências alimentares
das espécies, onde as espécies alvo ficam mais expostas
à predação e onde estas vão morrer, e com a concentração
do rodenticida e frequência de aplicação (Brown, 1994).
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
�8
Algumas formulações são altamente atractivas para as
aves. Também pode haver um potencial de contaminação
por exposição ocupacional durante a manufactura, formu-
lação e aplicação dos iscos, mas não existem dados sobre
os níveis de exposição (IPCS, 2007).
A distinção entre os rodenticidas anticoagulantes de pri-
meira e segunda geração tem essencialmente a ver com
o tempo de retenção no organismo que resulta num maior
período de hemorragias (IPCS, 2007).
A s.a. constitui apenas 0.0025% a 0.00375% p/p depen-
dendo do produto formulado. Na ilha de S. Miguel usaram-
se as s.a. warfarina e cumatetralil para formular os iscos à
base de trincas de milho nas concentrações de 0.0025%
e de 0.00375% até 2002, data a partir da qual os serviços
passaram a adquirir o isco formulado. É introduzido nessa
fase os anticoagulantes de segunda geração.
Uma vez que não se conhecem estudos a nível regional
relacionados com as questões colocadas, considerou-se
importante registar o montante de isco rodenticida liberta-
do no ambiente, no sentido de evidenciar a importância de
monitorar as acções de controlo contra os roedores. Como
se pode ver na Figura 42, ao longo das últimas décadas os
montantes relativos aos volumes de isco rodenticida liber-
tados no ambiente situam-se em média nos 51.768,92 kg
de isco rodenticida/ano.
No entanto, a libertação de substâncias tóxicas no am-
biente, no âmbito da problemática dos roedores, não se re-
sume aos rodenticidas. Existem outros compostos proble-
máticos, e referimo-nos aos resíduos de origem doméstica
e outras origens que são libertados no ambiente, delibera-
damente por cidadãos menos cuidadosos, e que actuam
como atractivos à ocorrência dos roedores na qualidade de
geradores de alimento, por oposição aos rodenticidas que
têm como objectivo a exterminação.
2.9.9. Perda de biodiversidade
Os mamíferos invasores, tais como as espécies de roe-
dores aqui referidos (R. rattus, R. norvegicus e M. muscu-
lus) são uma ameaça à biodiversidade dos sistemas insu-
lares quer em termos da fauna quer da flora (Courchamp
& Pascal, 2003). Nos Açores, os estudos são escassos e
Figura 43 – O priôlo é uma das aves ameaçadas pelo Rattus rattus.
inconsistentes mas apontam para a predação de ninhos
(ovos e crias) de priôlo (Pyrrhula murina Godman, 1866)
por R. rattus (Ceia, 2006) (IUCN, 2007) (Figura 43). Nos
estudos realizados por Ceia (2006), na ZPE de Pico da
Vara/Ribeira do Guilherme, já anteriormente referido, o fac-
to de as densidades de ratos serem superiores no Verão
aumenta o impacto para o priôlo, uma vez que coincide
com o período reprodutor da espécie.
Existe todo um conjunto de outras aves ameaçadas de
predação por ratos nos Açores. Sabe-se, que todos os
passeriformes são predados (Pedro Tavares, 2006, co-
municação pessoal), não existindo, no entanto, estudos
publicados. Espécies como a galinha de água, (Gallinula
choropus), a cagarra (Calonectris diomedea), ou a estreli-
nha (Regulus regulus sp), são predadas por ratos, noutras
áreas geográficas, (Norman, 1975; Mcrae, 1997; Igual et
al., 2006; Igual et al., 2007).
Fot
o ce
dida
por
SP
EA
LIF
E P
RIÔ
LO
��
2.2.10. medidas Institucionais e outras
Identificou-se um conjunto de respostas de natureza le-
gal, que se reportam a um conjunto de diplomas legais no
âmbito da problemática dos roedores; de natureza prática
relativa às acções de desratização, ou de natureza forma-
tiva relativa a acções de informação e divulgação ou ainda
de investigação.
2.2.10.1. regulamentação
Identificaram-se um conjunto de diplomas legais aplicá-
veis à problemática do controlo de roedores, de âmbito na-
cional ou regional, que se relacionam com o controlo dos
roedores, em termos de meios, formas e modos.
Os diplomas legais aplicáveis aos roedores são transver-
sais à estratégia temática do uso sustentável dos pestici-
das, e referem-se aos seguintes aspectos: i) aos produtos
utilizados no controlo de ratos, ratazanas e outros roedores,
os pesticidas de acção rodenticida, do tipo fitofarmacêuticos
e biocidas, na óptica da homologação, autorização e colo-
cação no mercado, rotulagem e condições de comerciali-
zação; ii) às razões que estão a montante da necessidade
de controlo dos roedores e relacionam-se com aspectos
específicos das actividades económicas de natureza higio-
sanitária, veterinária ou de protecção da produção agrícola;
iii) às acções de controlo propriamente ditas, e por fim; iv)
aos roedores, na qualidade de espécies invasoras, nomea-
damente no âmbito das espécies de mamíferos invasores.
No que diz respeito à homologação, autorização e colo-
cação no mercado dos produtos rodenticidas estes estão
sujeitos à Autoridade Competente consoante o seu tipo de
uso; no caso específico dos rodenticidas, essa autorização
compete à Ex-Direcção-Geral de Protecção das Culturas,
actual Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento
Rural para os rodenticidas de uso agrícola (Decreto-Lei nº
94/98), à Direcção-Geral de Saúde para os rodenticidas de
uso doméstico e de uso industrial e à Direcção-Geral de
Veterinária para os rodenticidas de uso veterinário (Decre-
to-Lei nº 121/2002) (Figura 44).
O sistema de homologação de rodenticidas em Portugal
é idêntico ao adoptado para os restantes produtos fitofar-
macêuticos, incidindo as diferenças existentes, fundamen-
talmente sob o ponto de vista biológico. As condições de
utilização aprovadas para cada produto, no que se refere
à eficácia em sentido lato, fundamentam-se na sua quase
totalidade, em dados experimentais de avaliação biológica
obtidos nos outros países (Lavadinho et al., 1996).
Figura 44 – Classificação dos rodenticidas em função do tipo de uso e respectiva Autoridade Competente, segundo o novo regime, de homologação, autorização e colocação no mercado de produtos fitofarmacêuticos e biocidas.
Biocidas
Saúde Veterinária
Uso agrícola Uso doméstico
Uso industrial
Uso veterinário
Agricultura
Fitofarmacêuticos
Rodenticidas
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
�0
Para ser concedida a autorização de venda, os produtos
propostos são sujeitos a um processo de avaliação biológi-
ca com base num conjunto de dados fornecidos pela em-
presa requerente onde se incluem resultados de ensaios
de eficácia, apetência e toxicidade intrínseca, bem como
elementos de ordem toxicológica, ecotoxicológica e físico-
química. É ainda um aspecto importante para o caso dos
vertebrados, o facto dos produtos não deverem provocar
dor ou sofrimento (Lavadinho et al., 1996). A rotulagem dos
produtos deve prever as metodologias de aplicação, a in-
dicação da natureza de eventuais riscos e as precauções
a tomar. No entanto a informação disponibilizada restringe-
se aos modos de utilização indicados no rótulo, deixando
a decisão relativa às metodologias ao critério dos agentes,
os quais, nem sempre actuam da melhor forma, por des-
conhecimento de todo um conjunto de factores, de nature-
za biológica, ecológica, social e económica, envolvidos no
processo de proliferação dos ratos
O Decreto-Lei nº 173/2005 vem, numa perspectiva da
utilização sustentável de produtos fitofarmacêuticos (pes-
ticidas de uso agrícola), proceder a um conjunto de exi-
gências relativas à autorização específica para o exercício
da actividade de distribuição e venda de produtos fitofar-
macêuticos, à exigência de um técnico responsável pelas
actividades de distribuição, venda e prestação de serviços
de aplicação de produtos fitofarmacêuticos, e à criação
de empresas de aplicação terrestre e a requalificação das
empresas de aplicação aérea. Ficam fora do âmbito deste
regulamento os pesticidas de uso não agrícola, designados
de biocidas.
Na indústria alimentar é feito o controlo dos pontos críti-
cos de acordo com os procedimentos previstos na HACCP
(Hazard Analysis and Critical Control Points). Os agentes
recorrem à prestação de serviços de empresas de contro-
lo de pragas fazendo outros, o auto-controlo. A situação é
similar em outras actividades ainda que não sujeitas aos
procedimentos da HACCP.
No que se refere às razões que estão a montante do
controlo dos roedores, a aplicação dos rodenticidas está
implícita na legislação de forma directa, quando esta refe-
re a necessidade de destruição dos roedores ou quando
se refere à necessidade de se proceder a operações de
desratização, e de forma indirecta, quando refere a neces-
sidade de se proceder à protecção contra animais indese-
jáveis ou nocivos. As referências podem ser observadas
em legislação dirigida aos vários sectores da indústria e do
comércio, aplicáveis às actividades agropecuárias, mata-
douros, produção, transformação e colocação no mercado
de produtos; nas pescas, nos estabelecimentos industriais
e nomeadamente na agricultura, no caso específico da pro-
tecção e produção agrícola nos Açores e Madeira.
A perspectiva das acções de controlo é equacionada
no âmbito da Estratégia Temática do Uso Sustentável dos
Pesticidas [COM (2002) 349 final; COM (2006) 373 final],
especificamente nos aspectos relacionados com a necessi-
dade de redução dos impactes dos produtos fitofarmacêu-
ticos nos compartimentos ambientais (ar, solo, água e bio-
ta). Esta temática vem preconizar, entre outras medidas, a
utilização adequada dos pesticidas e a aplicação dos prin-
cípios da boa prática fitossanitária e, sempre que possível,
dos princípios da protecção integrada, contemplados nos
Decretos-Lei nºs 94/98 e 173/2005 de 14 de Abril e 21 de
Outubro respectivamente. Na prática traduz-se nos modos
de aplicação descritos no rótulo das embalagens. Os mo-
dos de aplicação dos rodenticidas por parte das empresas,
ficam sob a responsabilidade das mesmas, não existindo,
até ao momento, acções de fiscalização por parte dos ser-
viços oficiais, o que revela a precariedade deste tipo de
actuação na óptica da saúde humana, da saúde animal e
do ambiente.
A Directiva 91/414/CEE, transposta para a legislação na-
cional pela Portaria 563/95 de 12 de Junho e pelo Decre-
to-Lei nº 94/98 de 15 de Abril, conforme já referido, estão
na base de todo um conjunto de legislação que faz a rea-
valiação dos pesticidas químicos. Esta Directiva prevê “o
uso apropriado” dos produtos fitossanitários e “comporta o
respeito pelos princípios da boa prática fitossanitária assim
como, sempre que seja possível, os da luta integrada” esta-
belecendo uma lista prioritária com 90 substâncias activas
(s.a). a rever. Da lista inicial de 90 s.a., 6 foram retiradas da
aplicação na protecção das plantas e uma foi incluída no
Anexo I (Lista positiva, de substância activas que mostra-
�1
ram não ser nocivas para as pessoas ou nem apresenta-
rem riscos inaceitáveis para o ambiente). A Directiva 98/8/
CE regula a colocação no mercado de produtos biocidas
cobrindo os pesticidas não agrícolas, e os Limites Máximos
de Resíduos (LMRs). A Directiva 79/117/CEE vem proibir
a colocação no mercado e uso de determinados produtos
para a protecção das plantas que contenham determina-
das substâncias activas (s.a.).
É com base na legislação referida que são retirados
do mercado algumas das substâncias químicas de acção
rodenticida que estavam homologadas para o controlo
de roedores. De facto do conjunto de substância activas
existentes no mercado nacional em 1991 não só de uso
fitofarmacêutico mas também de uso doméstico e indus-
trial num total de catorze substâncias activas, encontra-
se, neste momento, reduzida a metade (7) para o caso do
uso doméstico, industrial e veterinário e a quatro para os
fitofarmacêuticos. De acordo com as recomendações da
WHO (Organização Mundial de Saúde) para os pesticidas
perigosos, dos então comercializados em Portugal, são
consideradas classe IA (extremamente perigoso) as s.a.
de acção rodenticida, brodifacume, bromadiolona, clorfa-
cinona, difenacume, difetialona, difacinona, flocumafena e
classe IB (altamente perigosa) o cumatetralil, e a warfarina
(WHO, 2005).
Aliás, é referido no “Livro Branco: Estratégia para a fu-
tura política em matéria de substâncias químicas” [COM
(2001) 88 final], que as sociedades modernas estão total-
mente dependentes das substâncias químicas nos mais
diferentes sectores. Interessa, pois, garantir na óptica do
desenvolvimento sustentável, a utilização responsável das
referidas substâncias químicas, e neste caso específico
dos pesticidas de acção rodenticida.
No âmbito das espécies invasoras, os roedores estão
contemplados na legislação nacional no âmbito do Decre-
to-Lei n.º 565/99 de 21 de Dezembro que pretende regu-
lamentar os compromissos internacionalmente assumidos
por Portugal, ao ratificar as Convenções de Berna, Bona e
da Biodiversidade. Os roedores na qualidade de espécies
não indígenas, invasoras afectam a diversidade biológica,
as actividades económicas e a saúde pública, pois origi-
nam situações de predação e competição com as espécies
nativas além de serem transmissoras de agentes patogéni-
cos e parasitas comportando risco ecológico. As espécies
Rattus rattus – rato-preto; e Rattus norvegicus – ratazana,
constam do Anexo I, estando previstas medidas de preven-
ção e avaliação do risco ecológico, mitigação dos impactes
e controlo em articulação interministerial.
A espécie Mus musculus, não está considerada entre
os roedores referidos na lista do Anexo I. No entanto ele
é igualmente problemático fazendo parte da lista das 100
espécies mais invasivas do mundo, referidas na Global In-
vasive Species Database (GISD, 2007).
Como se pode observar pelas referências mencionadas,
o tema dos roedores comensais apresenta interfaces com
várias áreas de actuação pelo que a legislação existente é
frequentemente de carácter interministerial.
Desde o Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento
Rural e das Pescas, ao Ministério da Saúde, e o do Am-
biente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Re-
gional, passando ainda pelo da Economia e da Inovação ao
da Defesa Nacional, são vários os Ministérios e diversas as
responsabilidades atribuídas, quer no âmbito da homolo-
gação, do controlo de espécies nocivas e da utilização sus-
tentável dos pesticidas, ou ainda no âmbito das espécies
invasoras. Directa ou indirectamente o tema dos roedores
é tratado por vários sectores das actividades económicas.
2.2.10.2. acções de Controlo
Os Serviços Agrícolas da Secretaria Regional de Desen-
volvimento Agrário, desde a década de setenta, que têm
vindo a desenvolver acções de controlo das populações
de roedores. Estes Serviços, têm procedido a acções de
desratização e divulgação de informação junto das popula-
ções despendendo verbas anuais na aquisição de matéria
primária para a confecção do isco até 2002, data a partir da
qual passou a usar isco formulado.
As campanhas de desratização consistem no controlo
dos roedores em regime de cooperação entre a Secretaria
Regional de Desenvolvimento Agrário – Direcção de Servi-
ços Agricultura e Pecuária e os Municípios. Essa colabora-
ção, nos últimos anos, tem contado com a colaboração de
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
��
outras entidades, nomeadamente o Serviço de Ambiente
de S. Miguel. Os modos de actuação consistem em acções
directa e acções indirectas. As acções directas constam
da aplicação de isco rodenticida nas zonas consideradas
críticas, em dois períodos do ano, na Primavera e Outono
através de brigadas e na assistência a entidades que o so-
licitem. As acções indirectas consistem na disponibilização
de isco rodenticida aos Municípios e Juntas de Freguesia e
à população a preço subvencionado.
Na Tabela 15 e Figura 45 apresentam-se os custos e
montantes de matérias-primas e isco rodenticida aplicados
no período entre 1995-2006 para a ilha de S. Miguel e no
total do Arquipélago.
Ao nível dos householders (agricultores e lavradores)
verifica-se que a aplicação de isco rodenticidas é feita de
modo reactivo e também preventivo, de forma a atingir os
objectivos de protecção agrícola e pecuária. Verifica-se an-
tes dos estragos se manifestarem e várias vezes ao ano,
com especial incidência nas épocas de sementeira dos mi-
lhos, segundo a sua experiência em buracos, nos muros,
em postos de engodo, e em locais protegidos das espécies
não visadas. A outra fracção da população também aplica
isco rodenticida, em função da intensidade com que sente
o problema e segundo os seus conhecimentos. O isco apli-
AnoS. Miguel Arquipélago
kg € kg €
1995 55 384 31 469,16 232 971 88 980,56
1996 46 646 28 890,37 221 013 122 289,30
1997 39 670 22 495,79 193 876 171 521,63
1998 43 452 27 259,31 196 191 157 570,26
1999 39 269 33 514,23 160 501 168 992,73
2000 34 626 34 008,04 175 905 190 780,22
2001 116 310 32 339,82 225 737 213 796,12
2002 100 500 90 020,33 207 872 212 956,28
2003 13 370 21 062,08 44 942 122 669,88
2004 54 000 109 113,00 153 193 255 845,81
2005 45 000 86 990,80 164 940 302 357,35
2006 33 000 78 902,40 132 200 295 327,11
Total (1995-2006) 621 227,00 596 065,33 2 109 341,00 2 303 087,25
Tabela 15 – Custos das quantidades de produto formulado aplicados em S. Miguel e na Região e nos períodos compreendido entre 1995 e 2006.
S. Miguel
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Cus
tos
em €
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
Isco
Kg
Ilha de S. Miguel
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Periodo da aplicação
Volume de Is
co em Kg
140000
120000
100000
80000
60000
40000
20000
0
Isco
kg
120000
100000
80000
60000
40000
20000
0
Cus
tos
em e
uros
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Período da Aplicação
São Miguel
Figura 45 – Gráfico da relação volumes de isco adquirido e montantes dispendidos no período entre 1995 e 2006.
��
cado, é em parte disponibilizado pelos serviços oficiais em
parceria com as Câmaras e Juntas de Freguesia, sendo
outra parte adquirida pelas pessoas.
2.2.10.3. acções de Divulgação
A Secretaria Regional de Agricultura e Florestas da Re-
gião Autónoma dos Açores, através das sua Direcção Re-
gional do Desenvolvimento Agrário da Região Autónoma
dos Açores e a Direcção de Serviços de Agricultura e Pecu-
ária, têm procedido a acções de divulgação de informação
junto das populações com a distribuição de folhetos e bro-
churas técnicas ou didácticas e realizado reuniões técnicas
direccionadas a toda população.
Na Figura 46, apresentam-se exemplos de folhetos de di-
vulgação e de um manual prático de maneio de vertebrados
invasores, realizados no âmbito da problemática das desra-
tizações, da leptospirose, e das espécies invasoras. Cons-
tata-se a elaboração de um folheto de divulgação direccio-
nado para a “doença do rato”, o manual prático para maneio
das espécies invasoras e todos um conjunto de folhetos de
divulgação sobre a problemática dos roedores utilizados
pelos serviços no âmbito das acções desratização.
Figura 46 – Mostra de cartazes e publicações de divulgação técnica, da autoria da SRAF e outras instituições.
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
��
2.2.10.4. acções de Investigação
Verificou-se que no decurso dos últimos anos os roe-
dores aparecem como componente de várias acções de
investigação. O “Projecto LIFE Priolo” considera nos seus
objectivos a monitorização das populações de ratos com
vista à protecção do priôlo. Também um estudo dirigido às
espécies invasoras “Projecto LIFE2002NAT//CP/E/000014
sobre vertebrados invasores” considera os roedores como
um dos seus componentes. O projecto “Leptospirosis Re-
search Project in the Azores Islands. Scientific Cooperative
Agreement No. 58-4001-3-F185” considera o rato na com-
ponente relativa aos reservatórios silváticos.
O problema identificado a nível dos projectos de inves-
tigação, no que se refere ao caso particular dos roedores,
é a inexistência de interacção entre entidades responsá-
veis no sentido do envolvimento das partes interessadas
na pesquisa ou nos resultados. Verifica-se que apesar
destes projectos terem uma componente de divulgação de
informação técnica e científica, nem sempre os resultados
chegam aos seus destinatários. O manual produzido no
âmbito do projecto “LIFE2002NAT//CP/E/000014” sobre
vertebrados invasores, o “Manual Prático para o Maneio de
Vertebrados Invasores das Ilhas de Espanha e Portugal”,
era desconhecido dos técnicos que exercem o controlo no
terreno, por exemplo, aos serviços de protecção das cultu-
ras na Ilha de S. Miguel.
Na Tabela 16 faz-se uma síntese das acções e medidas
referidas no âmbito das respostas desenvolvidas pelas
instituições públicas e privadas na ilha S. Miguel ou cujos
efeitos se reflectem sobre esta.
Entidades/Parcerias Acção Medida
Câmara Municipal do Nordeste/Centro de
Conservação e Protecção do Ambiente da
Universidade dos Açores (CCPA) /Direcção
Regional dos Recursos Florestais (DRRF) /
Secretaria Regional do Ambiente e do
Mar (SRAM) /Royal Society for the Protection of
Birds (RSPB).
Monitorização da população de
ratos na área de intervenção do
Projecto LIFE PRIOLO que visa
proteger o habitat do priôlo na
ZPE do Pico da Vara e Ribeira do
Guilherme
Folhetos, relatórios e artigos de
divulgação sobre a importância de
preservação do priôlo
Ilhas Canárias/ilhas Baleares, /Ilhas dos Açores e
MadeiraProjecto LIFE2002NAT/
/CP/E/000014 Espécies invasoras
Manual prático para o maneio de
vertebrados invasores nas
Ilhas de Espanha e Portugal
Direcção-Geral das Florestas Disponibilização de viaturas
Universidade dos Açores e Associação Agrícola InformativaFolheto sobre meios de protecção
de leptospirose
Direcção Regional do Desenvolvimento Agrário
isolado ou em parceria com o Serviço das
Florestas, Municípios e ANA
Acções de desratização
Acções de divulgação
Aplicação e cedência de
rodenticida
Folhetos informativos
Direcção Regional do Desenvolvimento Agrário
/Direcção Regional da Saúde, Instituto de Higiene
e Medicina Tropical de Lisboa /Faculdade de
Ciências de Lisboa.
Leptospirosis Research Project
in the Azores Islands. Scientific
Cooperative Agreement No. 58-
4001-3-F185
Folheto sobre a leptospirose
Relatório técnico
Seminário cientifico e técnico
Indústria alimentar Controlo de pragasAplicação dos procedimentos da
HACCP
Tabela 16 – Síntese das acções e medidas identificadas (repostas) por parte das instituições públicas e privadas.
��
2.3. Participação dos agentes
Com o objectivo de envolver os agentes e a população
numa nova abordagem à problemática do controlo das po-
pulações de ratos na ilha, promoveu-se uma discussão par-
ticipada, através da realização de um workshop levado a
feito em duas sessões, uma na ilha de S. Miguel, em Ponta
Delgada, e outra na Ilha Terceira, em Angra do Heroísmo. A
comunidade foi convidada a participar na identificação dos
problemas e na procura de soluções. Foram actores – cha-
ve neste processo participativo, as instituições regionais,
governamentais e não governamentais, empresas públicas
e privadas de vários sectores das actividades económicas,
associações e cooperativas e particulares.
Os presentes expuseram as suas preocupações em as-
sembleia participada e anotaram as suas opiniões numa fo-
lha de trabalho que lhes foi fornecida (Figura 47). A análise
dos registos produzidos em assembleia juntamente com a
análise dos registos da folha de trabalho resultou num con-
junto de informações que foi decomposta e categorizada se-
gundo as ideias expressas e áreas profissionais ou ocupa-
ção principal dos participantes. As ideias expressas foram
agrupadas segundo cinco categorias de questões – chave,
assim como a actividade profissional dos presentes, que
também foi agrupada em cinco categorias segundo a sua
ocupação principal. Pretendeu-se assim relacionar os pro-
blemas levantados com as áreas profissionais dos presen-
tes de forma a perceber as principais questões em causa.
Em termos de questões expressas as categorias consi-
deradas foram:
a) Controlo/rodenticida (se a causa identificada se rela-
ciona com a falta de eficácia dos métodos de controlo,
das substância rodenticidas aplicadas, com os méto-
dos de luta alternativos)
b) Práticas/comportamentos (se a causa identificada tem
a ver a forma como os agentes e população em geral
praticam o controlo);
c) Enquadramento institucional (se a causa identificada
se relaciona com aspectos de natureza operacional,
normativa e regulamentar);
d) Informação/formação (se a causa revela preocupa-
ções de vazio formativo e informativo em termos ne-
cessidades expressas);
e) Outros (se a causa de relaciona com a necessidades
de aquisição de outros níveis de conhecimentos).
Figura 47 – Folha de trabalho relacionando os pontos da cadeia DPSIR com as medidas (o quê, como, quem e quando).
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
��
Em termos de áreas profissionais as categorias conside-
radas foram:
f) Ambiente (AMBI), se actividade profissional se relacio-
nava com funções relacionadas a protecção da biodi-
versidade;
g) Agricultura (AGRI), se actividade profissional se re-
lacionava com funções relacionada com as questões
relativas à agricultura. Estão nesta categoria as as-
sociações de agricultores, cooperativas agrícolas e
actividades agrícolas;
h) Pecuária (PECU), se actividade profissional se rela-
ciona com aspectos da produção e saúde animal, ou
investigação técnica e cientifica no domínio animal.
Estão nesta categorias os médicos veterinários, os
investigadores científicos no domínio animal e os la-
vradores ou criadores de gado;
i) Técnica (TECN), se actividade profissional é de carácter
técnico. Estão nesta categoria os técnicos das câmaras
e juntas de freguesia, e técnicos de restauração;
j) Empresas (EMPR), se a actividade profissional se re-
laciona com o controlo de pragas.
A análise do conteúdo dos registos obtidos com base
nas categorias de questões-chave e áreas profissionais,
foi sintetizada na Tabela 17 de modo a permitir a análise
comparativa dos resultados.
Na Figura 48 apresenta-se o registo gráfico dos resul-
tados por questões abordadas, áreas profissionais e por
questões-chave total.
A análise dos registos produzidos, no seu conjunto apon-
ta para as questões relativas ao controlo, nas suas várias
vertentes, em termos de isco rodenticida, de métodos pra-
ticados, e de meios de luta alternativos; para o enquadra-
mento institucional relacionando-se as questões com a im-
portância da articulação, da conjugação de esforços, dos
modos de actuação; e para as práticas e comportamentos.
Estes resultados vêm de encontro aos obtidos para o in-
quérito.
Já ao nível das áreas profissionais há uma divergência
de opiniões, que parece ter na sua origem aspectos relati-
vos à forma como as diferentes áreas sentem o problema.
Para os profissionais da área ambiental e da pecuária,
as causas de ineficiência têm a ver essencialmente com as
questões relativas às práticas e comportamentos, enquanto
os profissionais da área agrícola, apontam como principais
causas de ineficiência a forma como se pratica o controlo,
e referem a necessidade de mais rodenticida, mais subven-
ção dos iscos, mais desratizações. Para os profissionais
das áreas técnicas, as causas de ineficiência devem-se a
lacunas de formação/informação e apontam a precariedade
do conhecimento técnico em termos de investigação técni-
ca e cientifica direccionada para a situação específica da
ilha que apoiem e suportem as metodologias praticadas. Já
as empresas de controlo de pragas sistematizam aspectos
relativos ao enquadramento institucional realçando a impor-
tância das acções de controlo, as quais devem ser pratica-
das por técnicos habilitados para o efeito.
O resultado da análise das ineficiências, por parte dos
agentes, vem assim evidenciar a importância da gestão
partilhada das pragas – ratos dada a especificidade das di-
ferentes áreas que interactuam na problemática dos ratos.
As questões levantadas relativas ao controlo/rodenticida;
práticas/comportamentos; enquadramento institucional,
Contribuições (N=129) NTOTAL
%AMBI
%AGRI
%PECU
%TECN
%EMPR
%
C – Controlo/rodenticida 32 24,81 13,33 39,29 17,75 17,65 22,22
P – Práticas/comportamentos 28 21,71 26,67 14,29 28,89 5,88 22,22
E – Enquadramento institucional 30 23,28 20,00 28,57 26,67 11,76 33,33
I – Informação 21 16,28 20,00 17,86 8,85 29,41 11,11
O – Outros 18 13,95 30,00 0 17,78 35,29 11,11
Tabela 17 – Percentagem de respostas por categoria e por Questão-chave e Grupo-chave obtidas no processo de Assembleia Participada
��
informação/formação e outros, mais não é que o reflexo
das dificuldades sentidas em termos de coordenação, in-
tegração e implementação de metodologias de protecção
eficazes de controlo de pragas – ratos.
3. rElaçõEs CausaIs IDENtIFICaDas
Face ao conjunto de indicadores obtidos a partir da aná-
lise das relação que se estabelecem entre as actividades
humanas, o ambiente e as espécies praga, com base na
aplicação do modelo DPSIR, adaptado ao caso em estu-
do, foi possível concluir que a proliferação dos roedores se
encontra associada a todo um conjunto de factores que se
relacionam com processos biológicos, específicos da pró-
pria dinâmica das populações, e processos não biológicos
de âmbito interdisciplinar, que têm a ver com a ecologia da
paisagem, e a antropomorfização da mesma. O resultado
obtido pela aplicação da matriz DPSIR, resultou no diagra-
ma que se encontra representado na Figura 49.
No diagrama identificado e apresentados na Figura 49,
verifica-se que existe um conjunto de forças-motrizes de
natureza antropogénica, originadas nas práticas de gestão
dos stakeholders e householders, que geram distúrbios no
ecossistema. Esses distúrbios traduzem-se em pressões
que resultam na fragmentação dos habitats, e participam
para o aumento da oferta de alimento, água e abrigo (Figu-
ra 49). As pressões provocadas no ecossistema providen-
ciam novas oportunidades para que as espécies evoluam
para pragas, e aumentem o seu raio de acção, tal como re-
fere Singleton (2003). Está assim a contribuir-se para o es-
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00C – Controlo/rodenticida
P – Práticas/comportamentos
E – Enquadramentoinstitucional
I – Informação
O – Outros
AMBI %
AGRI %
PECU %
TECN %
EMPR %
0
10
20
30C – Controlo/rodenticida
P – Práticas/comportamentos
E – Enquadramentoinstitucional
I – Informação
O – Outros
TOTAL %
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00AMBI %
AGRI %
PECU %TECN %
EMPR %
C – Controlo/rodenticida
P – Práticas/comportamentos
E – Enquadramento institucional
I – Informação
O – Outros
Figura 48 – Representação gráfica das respostas obtidas por Questões-chave, por Grupo-chave e Totais.
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
�8
tado das populações que se traduz na existência de metapo-
pulações (consideram-se metapopulações, para este efeito,
grupos separados de uma mesma população distribuída es-
pacialmente e interagindo entre si a um determinado nível)
no aumento das densidades populacionais (Figura 49). O
estado das populações vai provocar impactes que resultam
na perda de rendimento agrícola e pecuária, contaminação
de bens e produtos, destruição de infra-estruturas, e logo na
saúde pública na qualidade de transmissor de doenças ao
homem e animais domésticos (Figura 49). Contribui ainda
para a perda de biodiversidade, dado o facto das espécies
em causa serem simultaneamente invasoras. A situação daí
decorrente leva à necessidade de respostas por parte das
instituições e dos particulares. As respostas têm consistido
essencialmente, em acções de desratização e divulgação
de informação (49).
Como se pode verificar, pelo diagrama das relações cau-
sais identificadas, as forças motrizes não incluem a bioeco-
logia das espécies e as condições do meio natural, relativas
à topografia, ao clima, à flora e à fauna, dado a principio sub-
jacente às forças-motrizes no próprio modelo DPSIR, que na
sua forma original incluem apenas as actividades humanas.
No contexto em análise verifica-se que existem outras
“forças -motrizes” ou causas, para além das identificadas
através do modelo conceptual DPSIR, que estão na origem
da proliferação dos ratos e que se consideram como sendo
transversais a todo o processo analítico. As diferentes cau-
sas interagem entre si e participam para o agravamento do
conflito entre as actividades humanas, o ambiente e as es-
pécies – pragas e ou espécies invasoras e estão na origem
dos problemas identificados. As diferentes causas apresen-
tam dimensões de diferente natureza:
- Antropogénica – uma paisagem fortemente intervencio-
nada pelas actividades humanas, tais como a agricultu-
ra, pecuária, indústria;
- Biológica – espécies comensais e espécies invasoras,
estrategistas r, com elevadas taxas de sucesso repro-
dutivo, notoriamente difíceis de controlar, que mani-
festam características de desconfiança e reacções de
neofobia, o que lhes permite associar os efeitos meta-
bólicos de um alimento com a sua ingestão, manifestan-
do reacções de timidez ou aversão aos iscos, aspecto
que pode persistir ao longo de meses. Algumas frac-
ções populacionais desenvolvem resistência fisiológica
aos rodenticidas. São espécies altamente adaptáveis,
agressivamente competitivas, predadoras eficazes.
São detentoras de elevadas capacidades de adaptação
comportamental de densidade-dependência que lhes
Figura 49 – A Matriz DPSIR aplicada às espécies comensais.
Forças motrizes
Práticas de gestão dos stakeholders
Atitudes e práticas dos cidadãos
Respostas
Acções de desratização; Acções de informação;
Estudos científicos
Impacte
Perdas de rendimento agrícola e pecuário; Contaminação de bens e produtos;
Estragos nas infra-estruturas; Saúde pública (morbilidade e mortalidade
Perda de biodiversidade
Pressão
Fragmentação dos habitats
Disponibilidade de alimento;
Criação de abrigos
Estado
Metapopulações; Densidades populacionais
elevadas
stakeholders
��
permitem reagir da maneira mais adequada às condi-
ções adversas do meio. A sua elevada capacidade de
dispersão tem-lhes permitido ocupar os mais variados
sistemas ecológicos, sendo uma ameaça à biodiversi-
dade, nomeadamente, em grande parte dos ecossis-
temas insulares. Tiram partido das condições do meio,
e como espécies comensais dos seres humanos, que
são, usufruem das condições que esta espécie lhes pro-
porciona;
- Ecológica – as características geomorfológicas e climá-
ticas, bem como a juventude do arquipélago, associada
a uma fauna pobre onde os endemismos são escassos,
com baixos índices de predação e competição para os
roedores;
- Económica – perdas de rendimento originadas em infra-
estruturas deficitárias, processos de armazenamento
inadequados, insuficientes higienização dos espaços e
equipamentos, saneamento deficitário, recolha deficitá-
ria de resíduos; protecção inadequada das culturas e da
actividade pecuária; e afectação da saúde pública.
- Organizacional e técnica – a ausência de programas de
controlo efectivos; conhecimentos técnicos insuficien-
tes; gestão descentralizada e desarticulada; lacunas na
apreciação dos efeitos espaciais e temporais;
- Social e ética – quando e porque controlar, como e onde
controlar, com que meios controlar, fronteiras limite de
responsabilidade, e saúde pública.
Os indicadores obtidos com a aplicação do modelo DP-
SIR ao caso de estudo, evidenciam que as respostas ao
problema, tal como estão a ser implementadas, são insufi-
cientes. Este facto pode ser explicado, por um lado, por não
actuarem em todos os pontos da cadeia e, por outro, pela
complexidade das relações identificadas, que não admitem
respostas dirigidas a todas as causas que estão na origem
do problema. Com efeito, não é possível, por exemplo, de-
senvolver respostas que actuem sobre a geomorfologia do
território ou a bioecologia da praga. No entanto é possível
gerir os recursos de forma a não potenciar as características
naturais nem as características próprias das espécies. Na
lógica da gestão ambiental integrada considera-se que as
respostas devem actuar nos diferentes pontos da cadeia, o
que não se verifica na presente situação.
Na perspectiva desta avaliação técnica considera-se que
as respostas terão actuar ao nível das interacções identifica-
das. Assim propõe-se uma nova arquitectura das relações
causais, que preveja um conjunto de respostas dirigidas às
causas identificadas para os diferentes pontos da cadeia,
quer ao nível das Forças-motrizes (Fm), das Pressões (P),
do Estado (E) ou do Impacto (I), o qual está representado no
diagrama da Figura 50.
Os factores ecológicos e biológicos, considerados para
o efeito, forças-motrizes de natureza não antrópica, aqui
identificados e representados graficamente como transver-
sais às Forças-motrizes, às Pressões e ao Estado (Figura
50), devem ser considerados nas resposta a desenvolver,
na medida em que interferem no próprio processo de pro-
liferação. Estes factores não devem ser considerados em
termos de respostas directas, mas de forma indirecta, se en-
tendermos que as medidas preventivas podem actuar sobre
os factores limitantes, reduzindo a capacidade de carga do
meio, e que as medidas de exclusão podem reduzir o efeito
de metapopulação. Na lógica da gestão ambiental integra-
da, onde as soluções são dirigidas às causas, e não sendo
possível actuar sobre a bioecologia da espécie, ou sobre as
condições naturais, o objectivo é agir nas interacções (Figu-
ra 49 e 51).
Na Figura 50 apresenta-se uma proposta de diagrama de
influências, que pretende complementar o diagrama causal
identificado através da matriz DPSIR representado na Figu-
ra 49. Esta representação do problema pretende contribuir
para o esclarecimento das relações complexas que intera-
gem na dimensão das populações de ratos, e concorrendo
para a sua proliferação.
O modelo causal não linear representado na Figura 51
apresenta uma diferente perspectiva do problema, na medi-
da em que vem evidenciar os factores que concorrem na di-
nâmica populacional afectando a dimensão e a distribuição
das populações de roedores, bem como dos interfaces que
estas estabelecem a outros níveis, económicos e sociais.
Este diagrama vem sugerir que as respostas devem incidir
essencialmente em três aspectos principais:
a) As actividades económicas;
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
�0
b) O comportamento das famílias e público em geral;
c) As populações de roedores;
As respostas a implementar deverão ser dirigidas para os
aspectos referidos e incidir num conjunto de medidas rela-
tivos, ao:
i) Controlo e fiscalização das actividades económicas;
ii) Alteração dos padrões de comportamentos;
iii) Acções de desratização.
As respostas identificadas deverão ser direccionadas a
diferentes áreas de intervenção conforme identificado na
Tabela 18.
O modelo resultante da análise efectuada revela que cada
uma das respostas terá de ser considerada e direccionada
para as diferentes áreas de intervenção, privilegiando uma
visão integrada das medidas a implementar, pelo que se
propõe que os esforços sejam centrados nas ineficiências
identificadas, segundo uma lógica de gestão ambiental in-
tegrada.
4. sÍNtEsE
Como sobressai da caracterização e diagnóstico, o pro-
blema da proliferação dos ratos tem interfaces com áreas
diversas em termos de gestão do território, e a dificuldade
de sucesso das acções, está relacionada com especificida-
des próprias das espécies em causa e com as estratégias
de protecção.
Pode resumir-se os factores identificados como estando
na origem das densidades observadas na Ilha, nos seguin-
tes tópicos:
Figura 50 – Arquitectura do modelo causal em função das componentes que os afectam
Av
alia
ção
na
rela
ção
das
var
iáv
eis
da
mat
riz
DP
SIR
RESPOSTAS Resp
on
sabilid
ade
integ
rada/articu
lada
(Agricultura,vete
rinária,
Am
biente,Actividades
Econ
ómicas,S
aúde,E
ducação)
ESTADO
Factores antropogénicos (fragmentação dos habitats, infra-estruturas técnicas deficitárias, …)
PRESSÕESFORÇAS-MOTRIZES
IMPACTO
Medidas de mitigaçãoe correcção
Acções formativas
Libertação no ambiente depesticidas/rodenticidas
Práticasde gestão dosstakeholders
Perdas de rendimento agrícola;perda de rendimento pecuário;contaminação de produtos e
bens; estragos nas infra-estruturas;
saúde pública (mortalidademorbilidade);
perda de biodiversidade
Criação deabrigos
Emissões deresíduos
(alimento)
Fragmentaçãodos habitats
Atitudes epráticas dos
cidadãos
Densidadepopulacional
Acções de desratização
Metapopulações
Factores ecologicos (bióticos e abióticos): topografia irregular, solos vulcânicos, clima ameno,flora exuberante, (zona de mistérios) fauna deficitária em predadores, competidores.Factores biológicos (compensação densidade–dependência; hábitos comportamentais; evoluçãoda resistência).
Protecção integrada(Manipulação do habitat…)
Instrumentos depolitica ambiental
Estudos científicos
�1
Figura 51 – Diagrama causal proposto para analisar as relações que interagem na dimensão das populações de ratos.
Problema Resposta Área de intervenção Instituições e agentes a envolver
Actividades económicas Controlo e fiscalização; Produtores agrícolas;
Produtores pecuários;
Restauração; Indústria de transformação de produtos agro-alimentares;
Armazenistas de bens e produtos; estaleiros de obras
Stakeholders
Householders
Comportamento das famílias Alteração dos padrões de comportamento;
Residentes; Escolas (básico e secundário);
Ensino médio e superior;
Público em geral.
Escolas
e Secretarias Regionais
Populações de roedores Acções de desratização Perímetro agrícola e florestal; perímetro urbano e peri-urbano zonas portuárias, orla marítima e costeira, nas áreas industriais, na rede de esgotos e saneamento
Entidades gestoras do território (Secretarias Regionais de diferentes áreas de competência; Instituições públicas e privadas; Câmaras;
Juntas de freguesia;
Empresas; Entidades de gestão de resíduos.
Tabela 18 – Áreas de intervenção face ao problema e resposta identificada.
+
+
+ ++
+
+
+
Actividadeseconómicas
Comportamentodas famílias
Alterações domeio
Disponibilidade dealimento
População deratos
Topografia eclima, flora e
fauna
Condições deproliferação Características das
espécies (comensal,r-estrategista, invasora)
Biodiversidade
Controlo efiscalização
Predadores
Alteração nospadrões de
comportamentoAcções de
desratizaçãoInstituições
Empresas
+/
_ _
_
_
_
_
_+
(?) +
Fragmentação dapaisagem
+
+
+ ++
+
+
+
Actividadeseconómicas
Comportamentodas famílias
Alterações domeio
Disponibilidade dealimento
População deratos
Topografia eclima, flora e
fauna
Condições deproliferação Características das
espécies (comensal,r-estrategista, invasora)
Biodiversidade
Controlo efiscalização
Predadores
Alteração nospadrões de
comportamentoAcções de
desratizaçãoInstituições
Empresas
+/
+
(?) +
Fragmentação dapaisagem
Forças-motrizesRespostasFactores endógenos
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
��
a) Território com condições geomorfológicas e geoclimá-
ticas propícias à instalação, e proliferação das espé-
cies comensais;
b) Intrusão das áreas agrícolas, florestais, urbanas e in-
dustriais;
c) Ocupação do solo com predominância de grandes áre-
as de pastagem;
d) Propriedade dividida por muros de pedra solta e sebes
vegetais com áreas de silagem dispersa pela proprie-
dade.
e) Actividades económicas propícias à criação de condi-
ções para a proliferação destes micromamíferos, com
destaque para actividades do sector primário, nomea-
damente a agricultura e a agro-pecuária centrada na
produção de leite e seus derivados;
f) Higienização e saneamento deficitário (sistema de re-
colha de resíduos);
g) Indefinição de competências e de responsabilidades
no que se refere a aspectos específicos relativos à
problemática dos roedores na sua qualidade de espé-
cies-praga e espécies-invasivas.
h) Lacunas de formação técnica nas variáveis relaciona-
das com o controlo controlam
Quanto ao controlo dos roedores verifica-se o seguinte:
a) Ao nível da actividade empresarial e à semelhança do
observado no resto do país, as acções de controlo são
feitas pelos próprios ou por contrato com empresas de
Controlo de Pragas
b) Nas áreas da competência da agricultura e nos muni-
cípios rurais as acções tendem a centram-se nos Ser-
viços de Desenvolvimento Agrário, nomeadamente na
Direcção de Serviços de agricultura e Pecuária para o
caso da Ilha de S. Miguel.
c) Nas áreas de intervenção do Secretaria Regional do
Ambiente as acções tendem a centra-se em áreas
restritas direccionadas para a protecção de espécies
ameaçadas.
d) Nas restantes áreas de intervenção a inexistência de
orientações estratégicas leva à tendência de recurso à
Secretaria Regional da Agricultura e Florestas (SRAF),
sempre que surgem problemas que resultam de todo
um processo histórico que se iniciou nos princípios dos
anos setenta.
De facto, verifica-se que à data de setenta com a rees-
truturação dos Serviços Agrícolas, foi transferido para as
competências destes serviços a maioria das acções de
controlo de roedores, incluindo competências dos serviços
de inspecção de Saúde.
Na prática as acções de controlo de roedores que no
âmbito das competências da SRAF têm a ver com o con-
trolo de pragas no domínio da protecção das culturas e no
domínio da protecção veterinária, possuem maior amplitu-
de, do que aquela para a qual esta unidade operativa está
direccionada. Os modos de actuação que têm vindo a ser
aplicados consideram acções directas e acções indirectas.
As acções directas, tal como o próprio nome diz, constam
de acções de campo executadas directamente pelos Ser-
viços ou com supervisão destes, e também ensaios téc-
nicos, para dar respostas a problemas concretos que se
vão colocando. Acções indirectas que consistem na dispo-
nibilização de rodenticida aos municípios, sendo as acções
executadas sob a responsabilidade dos mesmos.
De facto, a experiência mostra que os constrangimen-
tos observados ao longo dos últimos anos, na Ilha de S.
Miguel, não são resultantes da falta de vontade dos res-
ponsáveis e dos intervenientes directos, como provam as
acções desenvolvidas em regime de cooperação e a diver-
sidade de instituições participantes, mas com a inexistência
de um plano estratégico que reconheça as responsabilida-
des de controlo dos roedores nos domínios da agricultura,
das pescas, da saúde, do ambiente e recursos naturais,
do comércio e turismo, da economia, dos municípios, face
às competências jurisdicionais e funcionais atribuídas às
diversas entidades responsáveis pela gestão territorial.
A resposta ao problema poderá passar pelo desenvolvi-
mento de um modelo de gestão de pragas com base num
plano integrado e articulado em regime de cooperação in-
tersectorial e interinstitucional liderado por uma unidade
de gestão centralizada que garanta a articulação entre as
diversas entidades envolvidas no processo.
O plano estratégico deverá assentar nas práticas preven-
tivas embora considere as práticas reactivas em situações
��
concretas. As metodologias deverão dar especial destaque
às componentes de controlo integrado, saneamento urbano
e educação.
As áreas de intervenção deverão contemplar o perímetro
agrícola e florestal, e o perímetro urbano e peri-urbano nas
zonas portuárias, orla marítima e costeira, nas áreas indus-
triais, na rede de esgotos e saneamento e no parque esco-
lar conforme expresso na proposta apresentada em Julho
de 2005 “Plano de Acção Conjugada de Combate aos roe-
dores. Desratização na Ilha de S. Miguel (PCCR-SM).
5. aNálIsE ProsPECtIva
Face à situação observada é necessário, em primeiro lu-
gar, desenvolver novas linhas de orientação que permitam
uma resposta mais eficaz dirigida às causas dos problemas
identificados. Em segundo lugar, identificar competências e
atribuir e integrar responsabilidades, de modo a garantir o
bom funcionamento das medidas a propor.
As linhas de orientação inserem-se no âmbito da estraté-
gia temática da utilização sustentável dos pesticidas. Vão
de encontro aos objectivos traçados no âmbito daquela es-
tratégia e consistem na utilização responsável dos rodenti-
cidas, nas Boas Práticas e na Protecção Integrada.
5.1. Elaboração do Plano de gestão de roedores
A elaboração de um Plano de Gestão Ambiental Inte-
grado apresenta-se assim, como uma solução para um
controlo eficaz da população de ratos. A gestão ambiental
integrada numa perspectiva de gestão de pragas em con-
texto de ilha poder-se-á definir como o desenvolvimento de
condições de sustentabilidade ambiental ao nível do ecos-
sistema insular. Uma vez identificados os pontos críticos
de conflito entre as actividades humanas, o ambiente e as
espécies de roedores em causa, é possível providenciar
resposta dirigidas às interacções identificadas.
O desenvolvimento das referidas condições de sustenta-
bilidade do ecossistema passa pela implementação de um
plano conjunto de medidas combinadas e interdependen-
tes em termos organizacionais e técnicos.
Devido às interacções que se estabelecem as respostas
terão de ser implementadas privilegiando a visão integrada
das próprias medidas dado a complexidade do problema.
O sucesso da gestão ambiental integrada na óptica do
desenvolvimento de condições de sustentabilidade am-
biental ao nível do ecossistema passa pela incorporação
dos limiares ecológicos de intervenção, definidos como o
ponto a partir do qual se observa uma alteração abrupta na
qualidade, propriedade ou fenómeno, ou onde pequenas
alterações numa força-motriz podem produzir grandes res-
postas do ecossistema (Groffman et al., 2006). Isto remete-
nos para um outro conceito que tem a ver a resiliência eco-
lógica ou seja a quantidade de distúrbios necessários para
alterar o estado do ecossistema (Groffman et al., 2006).
Os limiares de intervenção são complicados de analisar
em sistemas não lineares e com múltiplos factores de con-
trolo que operam a diversas escalas espaciais e tempo-
rais conforme referido por Groffman et al. (2006). Se se
aplicar o conceito ao caso dos roedores verifica-se que as
espécies em causa além de comensais do ser humano são
invasoras, podendo a sua remoção não ser suficiente para
restaurar o ecossistema, nomeadamente se novas condi-
ções ecológicas facilitaram a expansão, como o clima ou a
ausência de inimigos naturais (Urban et al., 2007), e que a
sua proliferação e dispersão está associada à fragmenta-
ção da paisagem, induzida pelas actividades humanas e
pelas práticas e atitudes dos stakeholders. Segundo Colvin
et al. (1999) a presença dos roedores comensais é indi-
cador de integridade ou degradação ambiental, conside-
rando Epstein (2005) os roedores são bioindicadores das
alterações ambientais, onde pode ser incluída a perda de
biodiversidade se considerarmos as espécies de roedores
invasoras. Os limiares de intervenção, no caso das espé-
cies comensais e invasoras, para a gestão ambiental inte-
grada, no contexto em análise serão assim a presença dos
roedores, dado os conflitos gerados em termos socio-eco-
nómicos e de biodiversidade. As estratégias para o caso
particular da ilha de S. Miguel, não serão a erradicação no
sentido da remoção completa dos indivíduos, mas sim a
exclusão que se refere a soluções orientadas para remover
a espécie de uma zona delimitada, e o controlo, no senti-
do da mitigação ou redução das populações para níveis
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
��
aceitáveis em termos ecológicos e económicos, envolven-
do a remoção constante para manter a população a baixa
densidade, depois de um declínio inicial conforme refere
Courchamp (2003).
O sistema de gestão integrada tem assim que incluir di-
versas medidas e instrumentos, atendendo à complexida-
de do problema – uma medida só ou só um instrumento
não é suficiente.
O sistema que se propõe inclui medidas de protecção
integrada e medidas de correcção e mitigação, bem como
instrumentos de politica, designadamente instrumentos regu-
lamentares, instrumentos económicos, mecanismos de ade-
são voluntária e instrumentos de informação/divulgação.
5.1.1. medidas de Protecção Integrada
A protecção integrada (PI), no âmbito do controlo de ro-
edores, inclui a utilização conjunta dos vários meios: cul-
turais, mecânicos e físicos, biológicos e químicos, tendo
em consideração a monitorização das áreas de risco. As
medidas de PI que se propõem centram-se no desenvol-
vimento de boas práticas agrícolas e boas práticas pecuá-
rias com vista à redução da ocorrência dos roedores e nas
boas práticas de construção de infra-estruturas à prova de
roedores com vista à exclusão dos roedores (Witmer et al.,
2005). Deve ser implementada uma rede de monitorização
de modo a identificar as oportunidades de intervenção.
As intervenções no domínio da protecção agrícola, devem
atender ao ciclo das culturas, ao risco de ataque, ao ciclo
reprodutivo da espécie em causa, e aos habitats de eleição.
Pretende calendarizar-se os tratamentos (controlo) de modo
a rentabilizar a eficácia dos meios químicos. No domínio da
pecuária as componentes do saneamento e da construção
à prova de roedores são fundamentais. Também nos res-
tantes ramos de actividade industrial as componentes do
saneamento, higienização e construções anti-roedores são
elementos fundamentais das estratégias de protecção.
As culturas em estufa, nomeadamente as estufas de
ananás, terão de considerar a exclusão dos roedores, in-
viabilizando o acesso ao seu interior. A atracção exercida
por certas culturas, ananás ou quaisquer outras, em ter-
mos de atractividade para os roedores terá de ser equa-
cionada nos projectos de estufas em termos de construção
das mesmas, e nas já existentes terá de se proceder à eli-
minação de quaisquer orifícios de entrada.
As “serras” devem estar localizadas distanciadas de
quaisquer artefactos que permitam a instalação do rato,
tais como muros, sebes vegetais, silos artesanais de milho
de forragem. A protecção das referidas “serras” passa pela
qualidade da construção da própria “serra” e pela garantia
da existência de uma faixa de segurança na envolvente.
A silagem artesanal do milho deve ser substituída por
silos de betão que inviabilizem o acesso dos ratos, ou nos
casos em que não é viável, estes devem, à semelhança
das “serras”, ficar distanciados de quaisquer artefactos que
permitam a instalação dos roedores, tais como muros, se-
bes vegetais, ou instalações pecuárias e de apoio à explo-
ração. O cuidado na sua utilização implica o fecho do silo
após a remoção de cada fracção de silagem.
No que se refere à indústria dos ramos alimentar, restau-
ração, agro-pecuária e outras, os edificados e envolventes
devem integrar um conjunto de componentes que actuem
na exclusão do rato. As unidades deverão considerar um
conjunto de requisitos na concepção e localização das infra-
estruturas que actuem como barreiras físicas e biotecnoló-
gicas de exclusão aos roedores. As unidades deverão ser
construídas de forma a integrar as preocupações de exclu-
são dos ratos segundo as metodologias estudadas e reco-
nhecidas como eficazes para fazer o controlo preventivo dos
roedores e com materiais à prova de roedores (Anexo C).
Os edifícios/construções de risco ou problemáticas de-
verão ter registo de alterações/melhoramentos efectuados
com vista à exclusão dos ratos.
Todas as estruturas de apoio aos métodos de produção
pecuária devem ser equacionados de modo a reduzir os pon-
tos críticos, nomeadamente as infra-estruturas de armazena-
mento de produtos, matérias, forragens, camas do gado.
5.1.2. medidas de Correctivas e de mitigação
As medidas correctivas podem ser de natureza diversifi-
cada face às situações identificadas e consistem na correc-
ção de erros verificados na gestão do recurso em conflito.
Sejam eles, a protecção agrícola, animal, os bens e produ-
��
tos, a saúde pública, a biodiversidade, ou estéticos. Estas
medidas poderão incluir:
- Eliminação de acessibilidades aos locais a proteger,
tais como rupturas, buracos, galerias de acesso;
- Recolocação de funcionalidades problemáticas, tais
como contentores de resíduos afastados dos locais a
proteger;
- Recolocação de actividades problemáticas;
- Aplicação dos meios químicos nos períodos oportunos
(fase crítica das culturas vs fase crítica das populações);
- Escolha do rodenticida adequado à situação em causa;
- Correcção de sistemas de silagem mal conduzidos
(milho, batata).
As medidas de mitigação serão ser implementadas de
acordo com a situação identificada e consistem na
minimização dos riscos associados à ocorrência dos
roedores. No geral poderão incidir nos seguintes as-
pectos:
- Limpeza dos espaços públicos (jardins, áreas comer-
ciais tais como mercados e feiras)
- Limpeza de resíduos e detritos nas linhas das linhas
de água, zonas degradadas, baldios.
- Adequação do sistema de saneamento e recolha de
resíduos de forma a impedir a sua deposição em locais
impróprios (ribeiras e valas).
- Implementação e manutenção de faixas de terreno
limpo de vegetação ou quaisquer resíduos junto aos
limites de propriedade constituídos por muros de pedra
solta ou sebes vegetais.
- Preenchimento de muros de pedra solta identificados
como problemáticos. Limpeza das ribeiras e valas.
- Não deixar produtos perecíveis e de grande atractivi-
dade para os ratos por períodos longos, como seja os
resíduos vegetais originados nas actividades agríco-
las, ou batata rejeitadas no processo de embalamento
e expedição.
- Localização das estruturas de armazenamento de for-
ragem (silos de superfície), bem como as estruturas de
armazenamento da batata (serras) afastadas de locais
de favoreçam a instalação e permanência do rato (mu-
ros de pedra solta, sebes vivas, armazéns).
5.1.3. Instrumentos de Politica de ambiente
A necessidade de garantir a gestão eficaz do ecossistema
insular em termos da gestão dos roedores permite sugerir
a adopção de instrumentos de Politica de Ambiente (PA),
entendendo-se como instrumento o meio utilizado pelas au-
toridades ambientais para promover a implementação das
medidas por parte dos agentes, ou alterar os seus compor-
tamentos (Santos et al., 1999). Propõe-se um conjunto de
instrumentos não mutuamente exclusivos, uma vez que ins-
trumentos diferentes pretendem atingir objectivos diferentes
(Santos et al., 1999). Este conjunto de instrumento de PA visa
regular as competências administrativas, orientar os compor-
tamentos a adoptar por parte dos agentes económicos, me-
lhorar o desempenho ambiental, e disponibilizar informação
junto dos agentes e público em geral sobre as populações de
roedores e as interacções que se estabelecem entre a activi-
dades humanas, o ambiente e as espécies de roedores.
5.1.3.1. regulamentação Directa
De modo a garantir o envolvimento efectivos das institui-
ções públicas e privadas e definir competências, sugere-se
o desenvolvimento de legislação que regule por um lado as
competências de gestão territorial a nível administrativo e
permita a sua articulação a nível institucional e sectorial, e
por outro, que regule os procedimentos das actividades eco-
nómicas que podem contribuir para a proliferação da praga.
Neste sentido, apresentam-se duas propostas de Diplo-
mas Regionais que garantam a boa execução do Plano
de Gestão Ambiental Integrada de Roedores. Um Diploma
Regional será dirigido para a regulamentação das compe-
tências a nível administrativo no que se refere ao controlo
das populações de ratos e outro Diploma Regional será di-
reccionado para as práticas procedimentais de gestão em-
presarial cujas actividades são susceptíveis de participar
para a proliferação de roedores (Anexo D e E).
Ponderar inclusive, o licenciamento obrigatório das acti-
vidades mais problemáticas, não sujeitas a licenciamento,
ou introduzidos alguns critérios procedimentais no exercí-
cio das actividades, nomeadamente no domínio agro-pe-
cuário. Em qualquer uma das situações consideradas, a
emissão da referida licença ou registo, deveria ficar condi-
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
��
cionada ao cumprimento dos requisitos ou procedimentos
preconizados na legislação proposta. O mesmo se aplica à
renovação dos registos de actividade.
No que se refere ao exercício da actividade de controlo
de pragas, designadas de empresas de Desratização, De-
sinsectização, e Desinfestação (DDD), deve ser equacio-
nado a sua regulamentação, quer no que refere ao licen-
ciamento da actividade, quer no que refere aos modos de
actuação, no sentido de disciplinar as actividades activida-
des comerciais de distribuição e venda e de aplicação dos
produtos dos produtos biocidas à semelhança do Decreto-
Lei nº 173/2005 que regula as actividades de distribuição,
venda, prestação de serviços de aplicação de produtos fi-
tofarmacêuticos e a sua aplicação pelos utilizadores finais.
Os rodenticidas são considerados conforme o tipo de uso,
produtos fitofarmacêuticos ou produtos biocidas (cf. Cap.
4), e como biocida o exercício da actividade no que refere
à comercialização e aplicação no domínio não agrícola não
está contemplado. A regulamentação vai permitir garantir a
qualidade do serviço prestado e implica o cumprimento de
legislação que actue em conformidade.
Poder-se-á considerar um terceiro Diploma Regional à
semelhança do Decreto Legislativo Regional nº 3/2008/M
que regule as actividades de distribuição, venda prestação
de serviços de produtos fitofarmacêuticos e a sua aplica-
ção a nível regional o qual poderá eventualmente conside-
rar também, para o caso dos Açores, os biocidas visando a
sustentabilidade do ecossistema insular, com base no argu-
mento das espécies de roedores em causa serem comen-
sais do homem e invasoras, e as substância activas (s.a.)
destinadas ao controlo das espécies de roedores presen-
tes, deterem o estatuto de produto fitofamaceutico ou bioci-
das, consoante a Autoridade Competente na homologação
das referida substâncias activas. Poder-se-á considerar a
possibilidade de criar a figura do técnico responsável para
a aplicação de pesticidas fitofarmacêuticos (uso agrícola) e
biocidas (uso doméstico e industrial e uso veterinário).
Pretende-se com base nestes Diplomas Regionais insti-
tuir códigos procedimentais, quer ao nível das competên-
cias de gestão das populações de ratos quer ao nível das
práticas, quer ainda ao nível do uso dos pesticidas (fitofar-
macêuticos e biocidas). No que refere aos códigos proce-
dimentais considera-se a possibilidade de criar a figura do
Certificado de Desratização em Conformidade com as re-
gras procedimentais, (CDC - Certificação de Desratização
em Conformidade), e a figura do Certificado de Conformi-
dade de Infraestrutura Anti-roedores (CCIA - Certificação
de Conformidade das Infra-Estruturas).
Outros dos aspectos a considerar em termos de regula-
mentação, diz respeito à introdução, no âmbito do conceito
de bom estado de conservação das linhas de água refe-
rido no Decreto-Lei n.º 46/94, o qual estabelece o regime
de licenciamento da utilização do domínio hídrico, com as
alterações introduzidas nos artigos 45º, 46º, 47º e 48º pelo
Decreto-Lei n.º 234/98, o conceito de que, o vazamento e
libertação de resíduos, nas mesmas, além de interferirem
na sua conservação e participarem para a sua obstrução,
criam condições propiciadoras à multiplicação e dispersão
das pragas – ratos, pelo que deve ser proibida, sob pena
de aplicação de coimas aos infractores. O mesmo se aplica
para o caso do Código das Estrada, quando este regula-
menta o transporte de carga [art. 56 alínea 3. b)]. Acrescen-
tar ao conceito de perigosidade que o transporte de carga
representa para os utilizadores, pela libertação de detritos,
o conceito de que os mesmos são geradores de condições
propiciadoras às condições de proliferação de pragas – ra-
tos, e nesse sentido, considerar igualmente a aplicação de
coimas às empresas transportadoras, com excesso ou mau
acondicionamento de carga que libertam recursos ao longo
do seu circuito rodoviário. Estes dois aspectos referidos, o
vazamento de detritos nas linhas de água e a libertação de
detritos nas vias de comunicação, são especialmente rele-
vantes ao nível das autarquias, por este tipo de situação se
observar essencialmente ao nível dos circuitos municipais,
e como tal os conceitos referidos devem ser considerados
ao nível dos regulamentos autárquicos no âmbito da gestão
de resíduos, limpeza e salubridade pública.
No âmbito do sistema de controlo actualmente em vigor, e
durante a fase de transição, e visando a eficácia da aplica-
ção dos produtos fitofarmacêuticos, deve ser equacionada
a gestão das quantidades de rodenticida disponibilizadas
às entidades e particulares solicitadoras de iscos rodentici-
��
da junto dos Serviços de Desenvolvimento Regional – Di-
recção de Serviços de Agricultura e Pecuária, tais como
Câmaras e Juntas de Freguesia. A entrega de rodenticida
deverá ser sujeita ao preenchimento de uma ficha, onde se
pretende fique registado o percurso do produto disponibili-
zado, fim a que se destina e resultados atingidos. Os regis-
tos deverão ser objecto de tratamento de dados à posterior
modo a fornecer informação relativa aos modos de usos
dos rodenticidas e áreas de intervenção (Anexo F).
5.1.3.2. Económicos
De modo a possibilitar a utilização sustentável dos ro-
denticidas sugere-se a aplicação de uma taxa sobre o ro-
denticida, à semelhança do que se faz em alguns países
Europeus para determinados produtos de protecção das
plantas, baseado no risco que estes representam para o
ambiente e para a saúde (Bélgica, Dinamarca, Finlândia,
Noruega e Suécia) (EEA, 2005). Neste caso o objectivo
é melhorar a eficácia da utilização do rodenticidas, e visa
a redução da libertação de produto na ambiente, uma vez
que se verifica a utilização de iscos a preço subvenciona-
do, resulta na utilização pouco responsável do mesmo. A
subvenção do rodenticida pretendia garantir o acesso dos
householders ao produto e como tal a sua utilização eficaz.
Na prática verifica-se que a subvenção do rodenticida tem
um efeito perverso levando à utilização não responsável,
o que se traduz na perda de eficácia. Considera-se que a
inversão da situação pode ser conseguida através da apli-
cação de uma taxa sobre a substância activa. Pretende-
se assim privilegiar outros meios de controlo em prejuízo
dos meios químicos. Face à situação vigente (isco a preço
subvencionado) e de modo a permitir a aceitação desta
medida propõe-se que a mesma seja introduzida de modo
faseado para dar oportunidade aos agentes na adopção de
meios alternativos no processo de transição:
- 1º Fase – eliminação da cedência gratuita do isco ro-
denticida que é lesiva para o ambiente (os utilizadores
passam a pagar o preço do produto)
- 2º Fase – taxa que penaliza os produtos mais nocivos
para o ambiente (taxa em cima do preço de mercado
dos produtos).
Deverá ser equacionada a requalificação ambiental das
infra-estruturas da indústria agro-pecuária, e outras exis-
tentes, criando apoios financeiros que permitam a requali-
ficação em termos de práticas de gestão ambiental. Estas
devem apresentar projectos de melhoramento das suas
indústrias que participem para a melhoria das suas práti-
cas de gestão, devidamente fundamentadas, de modo a
reduzir os riscos de proliferação dos ratos.
5.1.3.3. adesão voluntária
De forma a participar para o melhoramento do desempe-
nho ambiental em termos das práticas de gestão dos agen-
tes considera-se a que a adopção voluntária de Códigos de
Códigos de Boas Práticas de Controlo de Roedores deve
oferecer vantagens competitivas. Neste sentido sugere-se
a emissão de um rótulo que identifique a unidade operativa
como aderente dos procedimentos adequados à protecção
contra os roedores. Este rótulo deve resultar em benefícios
em termos de competitividade. Sugere-se a título de exem-
plo o rótulo de “Práticas de Gestão Sustentável”, “Práticas
e atitudes sustentáveis”, “Exploração amiga do ambiente”,
ou qualquer outro a considerar.
No que refere às acções de controlo estas podem ser
realizadas através da aquisição do serviço às empresas de
controlo de pragas, ou através de planos de auto-controlo
proposto pelas unidades. As unidades produtivas podem
propor o seu próprio plano de controlo, devendo, no entan-
to sujeita-lo à apreciação de um gabinete técnico, a criar,
que se pronunciará sobre o mesmo propondo as alterações
que considerar necessárias. O plano será sujeito a valida-
ção pelo referido gabinete após efectuadas as alterações
que este considerar oportunas. O plano deve considerar
os procedimentos funcionais necessários à protecção da
actividade, e incluir registo de procedimentos bem como
registo de alterações e melhoramentos técnicos efectua-
dos com vista à exclusão dos ratos.
5.1.3.4. Informação
De forma a facilitar a adopção de boas práticas e com-
portamentos visando a melhoria da qualidade do ecossis-
tema insular face às interacções que se estabelecem entre
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
�8
o ser humano e as suas actividades, o ambiente e as espé-
cies praga, propõe-se a elaboração de um Manual de Boas
Práticas de Controlo de Roedores constituído por secções
e domínios de intervenção:
i) Boas Práticas Agro-pecuárias para a Protecção Contra
os Roedores Comensais
ii) Boas Práticas de Construção Anti-roedores;
iii) Boas Práticas de Protecção das Culturas Contra os
Roedores.
iv) Boas Práticas de Protecção contra Roedores em Habi-
tações e Ambiente Doméstico.
Propõe-se que o Manual seja elaborado por um grupo
de trabalho criado para o efeito, que integre elementos das
associações de produtores dos diversos ramos de activi-
dade pecuária; técnicos de protecção pragas; técnicos de
protecção das culturas; técnico da construção civil, auto-
ridades sanitárias, ambientais, e outras a considerar. Os
referidos códigos deverão posteriormente ser submetidos
à apreciação das autoridades competente dos diversos
sectores de actividade.
Propõe-se a realização de cursos de formação dirigidos
aos diversos actores intervenientes no processo de con-
trolo de roedores. Os conteúdos programáticos deverão
integrar aspectos relativos à ecologia da praga, biologia e
comportamento, e métodos de controlo. Deverá ser dado
especial destaque às Melhores Tecnologias Disponíveis
(MTD’s) (Anexo G).
Os agricultores e lavradores devem solicitar apoio técnico
junto dos serviços oficiais através do preenchimento de uma
folha de consulta onde deverá ficar registados as áreas a tra-
tar, culturas a proteger, o efectivo animal e o tipo de prejuízos
que apresenta. Em função da actividade receberá instruções
relativas às metodologias de controlo, modos de aplicação
dos iscos rodenticidas e melhor oportunidade de controlo
(Anexo H). Propõe-se também uma Unidade de Consulta-
doria ou Linha de Consulta Técnica Informativa dirigida aos
agentes e público em geral, também esta sujeita a registo.
Propõe-se a criação de um sistema de avisos dirigido
especificamente para o sector agrícola e pecuário onde se-
rão dadas indicações da oportunidade de controlo. Essa
informação deverá ter em conta a fase vegetativa da cul-
tura a proteger o período crítico dos estragos e a fase de
reprodução em que a espécie se encontra (Anexo I).
As respostas aos problemas segundo as medidas e
instrumentos, face ao modelo causal identificado, encon-
tram-se sintetizadas na Tabela 19, a qual pretende também
identificar as entidades a envolver no processo.
6. moDElo DE orgaNIzação INstItuCIoNal
Para implementar as medidas e instrumentos identifica-
dos é preciso desenvolver um novo modelo de organização
institucional. Neste capítulo apresenta-se um primeiro con-
tributo para esse modelo.
O modelo de organização institucional deve incidir na re-
formulação das competências administrativas e nas formas
de actuação. As medidas e instrumentos, quer no que refe-
re ao seu desenvolvimento, quer no que refere à sua imple-
mentação, deve ser equacionado em regime de parceria. O
Plano de Gestão Ambiental Integrada dos Roedores deve
ser sustentados nos resultados do caso de estudo.
A proposta apresentada pretende dar resposta aos pro-
blemas identificados com base nos instrumentos de análi-
se desenvolvidos para o efeito e no processo participativo,
e podem ser resumidas da seguinte forma:
1. acções de desratização
A desratização deve considerar duas componentes:
i. A componente técnica.
ii. A componente administrativa,
No que refere à componente técnica, considera-se ne-
cessário o estabelecimento das medidas e instrumentos
propostos no âmbito do Plano de Gestão Integrada de Ro-
edores, nomeadamente medidas de protecção integrada,
medidas de correcção e mitigação, instrumentos regula-
mentares, instrumentos económicos, mecanismos de ade-
são voluntária e instrumentos de informação e divulgação
(Anexo D) (Tabela 20).
No que refere à componente administrativa a responsa-
bilidade das acções de controlo passa pela definição das
competências, conforme proposto em projecto de diploma
(Anexo E).
��
2. Controlo e fiscalização das actividades económicas
Estabelecimento de normas técnicas de execução rela-
tivas às práticas de controlo que instituam comportamen-
tos obrigatórios e procedimentos facultativos e regulem
os agentes na manutenção das condições higio-sanitárias
das suas unidades produtivas e na protecção dos bens e
produtos (Anexo E).
Estabelecimento de programas de formação e informa-
ção que resulte na adopção voluntária dos instrumentos
desenvolvidos para melhorar o desempenho ambiental
das actividades A formação dever ser dirigida às empre-
sas, autarquias, técnicos de qualidade ambiental e equi-
parados e técnicos do sector agrícola e pecuário (Anexo
G), e a informação no desenvolvimento de Guias de Boas
Práticas e avisos técnicos dirigidos aos vários sectores de
actividade identificados como ineficientes (Anexo I).
3. alteração dos padrões de comportamento
Estabelecimento de programas de informação que parti-
cipem para melhorar o conhecimento das populações so-
bre a problemática associada à proliferação dos roedores
na ilha e gere a adopção de comportamentos que condi-
cionem a proliferação dos ratos (programas informativos
dirigidos ao grande público, sob forma de programas tele-
visivos, folhetos informativos, brochuras didácticas) (Ane-
xo G).
4. Investigação
Embora não identificado como um respostas que actue
sobre a dimensão das populações de ratos (Figura 51),
mas identificado como uma componente importante das
resposta a desenvolver (Figura 50), a investigação técni-
co-científica afigura-se como uma componente importante
a desenvolver no futuro com o objectivo de produzir co-
nhecimento real sobre a situação particular dos ratos no
arquipélago. Assim propõe-se protocolar cooperações nos
domínios da investigação técnico-científica multidisciplinar
atendendo ao facto das espécies de roedores em causa
serem comensais e invasoras, o que se traduz em interfa-
ces das entre as diferentes áreas disciplinares.
É necessário garantir o funcionamento dos mecanismos
propostos, nomeadamente a responsabilização e articula-
ção institucional das entidades a envolver no processo de
gestão de pragas – ratos, bem como, o desenvolvimento
dos mecanismos de controlo e fiscalização e de formação
informação necessários com vistas à garantia da imple-
mentação dos procedimentos propostos e à alteração dos
padrões de comportamento.
No que refere especificamente à implementação do Pla-
no de Gestão Integrada de Roedores, considera-se neces-
sário promover a realização de reuniões interinstitucionais
junto dos diversos sectores de actividade, envolvendo as
entidades do sector a agricultura e pecuário, das pescas,
da saúde, do ambiente e recursos naturais, do comércio
e turismo, da economia, e os municípios com a seguinte
agenda de trabalhos:
i) Identificação das dificuldades e expectativas sentidas
pelos diferentes sectores;
ii) Identificação de competências;
iii) Atribuição de responsabilidades;
iv) Articulação, entre entidades, na implementação das
medidas propostas.
Os elementos a considerar no modelo de organização
institucional estão sintetizados na Figura 52.
A complexidade do processo passa pela responsabilida-
de da Gestão do Plano, a qual deve ser assegurada por
uma entidade coordenadora. Assim propõe-se a criação
de um Gabinete de Coordenação do Plano de Gestão de
Pragas – Ratos, órgão responsável por garantir a realiza-
ção de todas as tarefas atribuídas às diferentes Institui-
ções e Direcções Regionais consideradas relevantes para
o processo, tais como: Saúde; Desenvolvimento Agrário e
Recursos Florestais; Ambiente, Ordenamento do Território
e Recursos Hídricos; Comercio Indústria Energia e Trans-
portes; Ciência e Tecnologia; Habitação e Obras Públicas,
Câmaras municipais – Serviços de Higiene e Salubridade
Pública.
Este Gabinete deverá integrar, na sua estrutura, um téc-
nico com formação orientada para o controlo de pragas
– na área de rodentologia preferencialmente, o qual será
assessorado por um elemento técnico a nomear de cada
uma das Unidades identificadas como entidades com-
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
�0P
rob
lem
a
Res
po
stas
Medidas
Instrumentos de política ambiental
Instituições/
ParceriasOutros
Formação/Informação Adesão voluntária Regulamentação directa Económicos
Act
ivid
ades
eco
nó
mic
as
Co
ntr
olo
fisc
aliz
ação
Medidas de protecção
integrada, de correcção
e mitigação, bem
como instrumentos de
politica, designadamente
instrumentos
regulamentares,
instrumentos económicos,
mecanismos de adesão
voluntária e instrumentos de
informação/divulgação
Elaboração de um Manual de Boas
Práticas de Controlo de Roedores
constituído por secções e domínios
de intervenção: Boas Práticas
Agro-pecuárias para a Protecção
Contra os Roedores Comensais;
Boas Práticas de Construção
Anti-roedores; Boas Práticas de
Protecção das Culturas Contra os
Roedores;
Cursos de formação com conteúdos
programáticos dirigidos aos
diversos actores intervenientes no
processo de controlo de roedores;
Acreditação dos técnicos
responsáveis
Implementação de fichas de registo
Adopção de Códigos de Códigos
de Boas Práticas de Controlo de
Roedores
Emissão de rótulo de “Práticas de
Gestão Sustentável”, “Práticas e
atitudes sustentáveis”, “Exploração
amiga do ambiente”, ou qualquer
outro a considerar; Planos de auto-
controlo;
Projecto de Diploma Regional para
regulação das competência a nível
administrativo,
Projecto de Diploma Regional para
regulação das práticas de gestão
das empresas cujas actividades são
susceptíveis de participar para a
proliferação de roedores; Instituição
códigos procedimentais, e as figuras
do: Certificado de Desratização em
Conformidade com os Requisitos
Procedimentais; Certificado de
Conformidade de Infraestrutura Anti-
roedores;
Licenciamento das actividades
problemáticas; Registo de Exercício
da Actividade condicionada ao
cumprimento dos requisitos ou
procedimentos preconizados na
regulamentação.
Registo da quantidade de rodenticida
disponibilizado às instituições
Taxa sobre o rodenticida:
1º Fase – eliminação da cedência
gratuita do rodenticida que é
lesivo do ambiente (os utilizadores
passam a pagar o preço do
produto)
2º Fase – taxa que penaliza os
produtos mais nocivos para o
ambiente (taxa em cima do preço
de mercado do produto).
Requalificação ambiental das infra-
estruturas;
Secretaria Regional de
Agricultura e Florestas/
Direcção Regional
de Desenvolvimento
Agrário (SRAF/DRDA)
Secretaria Regional
do Ambiente e do Mar
(SRAM), Secretaria
Regional da Economia
(SRE); Secretaria
Regional da Habitação
e do Equipamento;
Municípios e outras
parecerias a identificar
Pla
no d
e ge
stão
de
roed
ores
Pla
no d
e or
dena
men
to d
o te
rritó
rio
Pla
no d
e ge
stão
de
resí
duos
Co
mp
ort
amen
tos
das
fam
ílias
Alte
raçõ
es d
os
com
port
amen
tos
Formação
Informação
Manual de Boas Práticas de
Protecção contra Roedores em
Habitações e Ambiente Doméstico.
Folhetos informativos
Programas televisivos
Linha consulta técnica informativa
Aplicação práticas das informações
divulgadas
SRAF/DRDA,
Secretaria Regional
de Educação e
Ciência/Direcção
Regional de Educação
(SREC/DRE); Direcção
Regional de Saúde
(SRAS/DRS)
Po
pu
laçõ
es d
e ro
edo
res
Des
rati
zaçõ
es
Redefinição das
metodologias de controlo
dos roedores; Redefinição
de áreas de competência;
Cooperação, integração e
articulação entre entidades
gestoras do território e
empresas agroquímicas,
nos domínios da agricultura,
ambiente, saúde, economia
e resíduos
Plano de gestão de pragas em
regime articulado, cooperativo e
interinstitucional;
Gabinete de apoio técnico aos
produtores agrícolas e pecuários;
Criação de um sistema de avisos
dirigido ao sector agrícola e
pecuário
Gestão de qualidade ambiental
de ilha amiga do ecossistema;
Empresas agro-quimicas de gestão
de pragas orientadas para os
resultados.
Regulamentação das condições
de comercialização e aplicação de
produtos biocidas à semelhança dos
produtos fitofarmacêuticos (Decreto-Lei
nº 173/2005)
SRAF/DRDA,
Secretaria Regional
dos Assuntos Sociais/
Direcção Regional de
Saúde (SRAS/DRS),
Municípios,
Empresas de
Controlo de Pragas,
(domínio agro-químico
e veterinário), e outras
parcerias a identificar
Tabela 19 – Síntese do problema, medidas, instrumentos e entidades a envolver.
�1
Pro
ble
ma
Res
po
stas
Medidas
Instrumentos de política ambiental
Instituições/
ParceriasOutros
Formação/Informação Adesão voluntária Regulamentação directa Económicos
Act
ivid
ades
eco
nó
mic
as
Co
ntr
olo
fisc
aliz
ação
Medidas de protecção
integrada, de correcção
e mitigação, bem
como instrumentos de
politica, designadamente
instrumentos
regulamentares,
instrumentos económicos,
mecanismos de adesão
voluntária e instrumentos de
informação/divulgação
Elaboração de um Manual de Boas
Práticas de Controlo de Roedores
constituído por secções e domínios
de intervenção: Boas Práticas
Agro-pecuárias para a Protecção
Contra os Roedores Comensais;
Boas Práticas de Construção
Anti-roedores; Boas Práticas de
Protecção das Culturas Contra os
Roedores;
Cursos de formação com conteúdos
programáticos dirigidos aos
diversos actores intervenientes no
processo de controlo de roedores;
Acreditação dos técnicos
responsáveis
Implementação de fichas de registo
Adopção de Códigos de Códigos
de Boas Práticas de Controlo de
Roedores
Emissão de rótulo de “Práticas de
Gestão Sustentável”, “Práticas e
atitudes sustentáveis”, “Exploração
amiga do ambiente”, ou qualquer
outro a considerar; Planos de auto-
controlo;
Projecto de Diploma Regional para
regulação das competência a nível
administrativo,
Projecto de Diploma Regional para
regulação das práticas de gestão
das empresas cujas actividades são
susceptíveis de participar para a
proliferação de roedores; Instituição
códigos procedimentais, e as figuras
do: Certificado de Desratização em
Conformidade com os Requisitos
Procedimentais; Certificado de
Conformidade de Infraestrutura Anti-
roedores;
Licenciamento das actividades
problemáticas; Registo de Exercício
da Actividade condicionada ao
cumprimento dos requisitos ou
procedimentos preconizados na
regulamentação.
Registo da quantidade de rodenticida
disponibilizado às instituições
Taxa sobre o rodenticida:
1º Fase – eliminação da cedência
gratuita do rodenticida que é
lesivo do ambiente (os utilizadores
passam a pagar o preço do
produto)
2º Fase – taxa que penaliza os
produtos mais nocivos para o
ambiente (taxa em cima do preço
de mercado do produto).
Requalificação ambiental das infra-
estruturas;
Secretaria Regional de
Agricultura e Florestas/
Direcção Regional
de Desenvolvimento
Agrário (SRAF/DRDA)
Secretaria Regional
do Ambiente e do Mar
(SRAM), Secretaria
Regional da Economia
(SRE); Secretaria
Regional da Habitação
e do Equipamento;
Municípios e outras
parecerias a identificar
Pla
no d
e ge
stão
de
roed
ores
Pla
no d
e or
dena
men
to d
o te
rritó
rio
Pla
no d
e ge
stão
de
resí
duos
Co
mp
ort
amen
tos
das
fam
ílias
Alte
raçõ
es d
os
com
port
amen
tos
Formação
Informação
Manual de Boas Práticas de
Protecção contra Roedores em
Habitações e Ambiente Doméstico.
Folhetos informativos
Programas televisivos
Linha consulta técnica informativa
Aplicação práticas das informações
divulgadas
SRAF/DRDA,
Secretaria Regional
de Educação e
Ciência/Direcção
Regional de Educação
(SREC/DRE); Direcção
Regional de Saúde
(SRAS/DRS)
Po
pu
laçõ
es d
e ro
edo
res
Des
rati
zaçõ
es
Redefinição das
metodologias de controlo
dos roedores; Redefinição
de áreas de competência;
Cooperação, integração e
articulação entre entidades
gestoras do território e
empresas agroquímicas,
nos domínios da agricultura,
ambiente, saúde, economia
e resíduos
Plano de gestão de pragas em
regime articulado, cooperativo e
interinstitucional;
Gabinete de apoio técnico aos
produtores agrícolas e pecuários;
Criação de um sistema de avisos
dirigido ao sector agrícola e
pecuário
Gestão de qualidade ambiental
de ilha amiga do ecossistema;
Empresas agro-quimicas de gestão
de pragas orientadas para os
resultados.
Regulamentação das condições
de comercialização e aplicação de
produtos biocidas à semelhança dos
produtos fitofarmacêuticos (Decreto-Lei
nº 173/2005)
SRAF/DRDA,
Secretaria Regional
dos Assuntos Sociais/
Direcção Regional de
Saúde (SRAS/DRS),
Municípios,
Empresas de
Controlo de Pragas,
(domínio agro-químico
e veterinário), e outras
parcerias a identificar
petentes nas diferentes aérea de gestão do território que
apresentam, interfaces com a problemática dos roedores.
Incumbe ao gabinete traçar o plano de acção, atribuir as
tarefas, e emitir as instruções básicas necessárias para
garantir o cumprimento das metodologias de controlo pre-
conizadas para as diferentes áreas de competência. Com-
pete ainda, garantir a aplicação da legislação em vigor, no-
meadamente dos instrumentos de politica do ambiente que
vierem a ser desenvolvidos para esse efeito (Figura 53).
A gestão ambiental integrada é um ciclo continuo que
nunca acaba, e nesse sentido incumbe ainda ao gabinete,
pronunciar-se sobre assuntos de ordem hígio-sanitária e
de protecção das culturas relacionados com as metodo-
logias de controlo dos roedores, garantindo o acesso a
novos saberes com vista à melhoria continuo do próprio
modelo de Gestão.
Os técnicos que integrarem o Gabinete devem ter co-
nhecimentos de princípios e práticas de controlo preventi-
vo de roedores, de forma a poderem identificar potenciais
riscos, e proporem medidas preventivas, correctivas ou de
mitigação face aos problemas identificados. A formação
dos trabalhadores envolvidos no Plano de Gestão deve
ser assegurada de modo a permitir o melhoramento contí-
nuo do próprio Plano de Gestão.
7. avalIação E aComPaNHamENto
Dados os princípios que caracterizam a gestão ambiental
integrada, onde o ciclo causal do problema, se apresenta
como um ciclo continuo que é sempre possível melhorar à
medida que se vão identificando novos constrangimentos,
a avaliação e acompanhamento do processo é fundamen-
tal para possibilitar a integração de nova informação útil.
Neste sentido considera-se importante promover instru-
mentos de avaliação de possíveis cenários evolutivos, no
sentido equacionar as respostas com celeridade. A moni-
torização das acções é um dos instrumentos de avalia-
ção de desempenho das medidas e politicas propostas no
Modelo.
Propõe-se a instalação de uma rede de monitorização
que possa identificar informação a diferentes níveis:
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
��
a) Monitorização das populações de roedores;
b) Avaliação de consumos
c) Avaliação de prejuízos
d) Avaliação das populações sujeitas à predação
Algumas das propostas apresentadas podem ser desen-
volvidas no âmbito de estudos técnico-científicos os quais
devem ser orientados para a procura de soluções dirigidas
para os problemas identificados.
7.1. sistema Informação geográfica
O Sistema Informação Geográfica (SIG) como instru-
mento de avaliação e análise do Plano é uma medida de
acompanhamento importante a implementar. Através do
SIG é possível fazer análises retrospectivas e prospecti-
va do processo tornando assim possível corrigir quaisquer
problemas que se venha a identificar na própria metodo-
logia.
8. CoNClusõEs E CoNsIDEraçõEs gEraIs
O estudo desenvolvido na Ilha de S. Miguel leva a con-
cluir que o conflito gerado ente os roedores e as activida-
des humanas tem na sua origem várias causas de dimen-
são biológica, ecológica e socioeconómica e institucional.
O problema dos roedores comensais relaciona-se com
as características específicas das espécies e do territó-
rio. A fragmentação dos habitats, a divisão da proprieda-
de, as condições de higiene e saneamento insuficientes,
bem como a existência de infra-estruturas deficitárias em
termos de capacidade de exclusão destes pequenos ma-
Figura 52 – Elementos integrados do plano de acção.
��
míferos, ou a existência de culturas agrícolas em diversas
fases do ciclo produtivo, proporcionam-lhes condições de
alimento, água e abrigo facilitando o sucesso populacio-
nal e participando para a existência de metapopulações.
Os danos causados são apenas apresentados em termos
qualitativos uma vez que não foi possível quantificar esses
mesmos danos pela inexistência de registos. A agricultura
é apenas um dos elementos que está na origem do proble-
ma, à semelhança de todo um conjunto de outras activida-
des económicas que participam para o processo, se não
forem postas em prática medidas preventivas em detri-
mento das medidas reactivas actualmente prevalecentes.
A estrutura fundiária onde a propriedade é constituída
por parcelas delimitadas por sebes vivas ou por muros de
pedra solta, proporciona esconderijos e locais de refúgio,
acontecendo o mesmo com as ribeiras e “grotas” ladeadas
de vegetação exuberante, escondendo por vezes resíduos
despejados de forma ilegal.
As habitações, maioritariamente moradias com bastan-
tes divisões e com terrenos circundantes, podem reunir
condições de predisposição à ocorrência de roedores pela
acumulação de resíduos, artefactos, animais domésticos
e respectivos locais de alimentação, que actuam como
atractivos.
A dificuldade de controlo das populações de ratos deve-
se em parte ao desconhecimento de toda a problemática
associada à origem, proliferação e dispersão dos ratos na
ilha. Numa primeira análise considera-se que a principal
barreira ao desenvolvimento de estratégias preventivas
está relacionada com esse desconhecimento nomeada-
mente no que refere aos procedimentos adequados à pro-
tecção contra os ratos, e à importância de medidas de ac-
tuação concertadas ao nível dos sectores de actividade.
Considera-se fundamental a implementação de uma po-
litica de gestão de pragas-ratos, pró-activa que integre as
preocupações ambientais em termos de controlo de roe-
dores. Qualquer estratégia a implementar terá de recor-
rer a estratégias baseadas no controlo integrado, onde as
acções de envenenamento estão incluídas, uma vez que
dificilmente serão postos de parte pelo menos nos anos
mais próximos, os meios de luta química. Pretende-se que
as medidas a implementar venham a reflectir-se em be-
Figura 53 – Diagrama das atribuições do Gabinete de Gestão de Pragas.
Gabinete
Produzir o sistema ideal de protecção
Definir as estratégias
Criar grupos de trabalho para preparação dos
manuais procedimentos
Calendarizar intervenções
Traçar o plano de acção
Definir e recomendar
procedimentos
Monitorizar
Desenvolver melhorias
Avaliar
Garantir a aplicação da legislação
Gabinete
Produzir o sistema ideal de protecção
Definir as estratégias
Criar grupos de trabalho para preparação dos
manuais procedimentos
Calendarizar intervenções
Traçar o plano de acção
Definir e recomendar
procedimentos
Monitorizar
Desenvolver melhorias
Avaliar
Garantir a aplicação da legislação
Gabinete
Produzir o sistema ideal de protecção
Definir as estratégias
Criar grupos de trabalho para preparação dos
manuais procedimentos
Calendarizar intervenções
Traçar o plano de acção
Definir e recomendar
procedimentos
Monitorizar
Desenvolver melhorias
Avaliar
Garantir a aplicação da legislação
PlaNo DE gEstão ambIENtalINtEgraDa DE roEDorEs Para o arquIPélago Dos açorEs
��
nefício em termos de quantidade de produto libertado no
ambiente, eficácia do controlo, na redução dos custos e
na partilha de responsabilidades. Para isso, é fundamental
implementar todo um conjunto de metodologias de contro-
lo que considerem medidas profiláticas como forma de ac-
tuação onde as Boas Práticas Agrícolas, as Boas Práticas
Pecuárias, as Boas Práticas de Armazenamento, as Boas
práticas de Construção, as Boas Práticas de Transporte,
as Boas Práticas de Saneamento e Higienização, desem-
penham um papel fundamental em qualquer estratégia
que se venha a desenvolver.
A visão do controlo, centrada e direccionada para a es-
pécie-alvo deve ser reavaliada. O desenvolvimento de es-
tratégias dirigidas à espécie-alvo, não deve ser vista como
o objecto principal das medidas a implementar mas sim,
como o resultado das medidas implementadas a jusante,
uma vez que se pretende actuar sobre as causas de natu-
reza antropogénica dos problemas identificados, mas tam-
bém reduzir a capacidade de carga do meio envolvente
dadas as especificidades bioecológicas das espécies em
causa. Pretende introduzir-se novos níveis de integração
no processo de protecção de pragas aplicando princípios
de gestão ambiental e não apenas de gestão integrada.
Um dos primeiros aspectos a investir refere-se à neces-
sidade de aquisição e disseminação de conhecimento.
Esta necessidade encontra-se reflectida nos resultados
do questionário e da participação pública, sendo a mes-
ma solicitada pelos próprios, stakeholders e população em
geral.
O modelo conceptual DPSIR revelou-se um instrumento
de análise eficaz para avaliar as interacções que se esta-
belecem entre as actividades humanas, o ambiente e as
pragas comensais abrindo perspectivas de análise mais
complexas. De facto, as relações de influência entre as di-
versas variáveis que actuam na dinâmica das populações
de roedores remete para uma análise complementar mais
detalhada do problema, que resultou num diagrama cau-
sal assente na dinâmica de sistemas não-lineares e fun-
damentado nas relações complexas que se estabelecem
ao nível das variáveis identificadas. A complexidade das
relações que se estabelecem, permite outro tipo de aná-
lise mais detalhada do conflito que não foi objecto desta
avaliação técnica, mas que se apresenta como uma linha
de estudo importante a desenvolver no futuro.
Referem-se alguns dos aspectos relevantes em termos
de estudos a desenvolver:
- Proceder à avaliação dos danos no domínio agrícola,
pecuário, bens e produtos, de modo a poder relacionar
os prejuízos identificados com a proliferação e distribui-
ção espacial dos roedores.
- Articular o plano de gestão ambiental de pragas com o
plano de gestão de resíduos em curso. O facto dos re-
síduos serem um factor importante na proliferação dos
roedores, conforme ficou evidente no estudo efectuado,
obriga a um olhar particular sobre este problema. É fun-
damental, uma política de resíduos exigente que partici-
pe para o equilíbrio dos ecossistemas.
- Refere-se ainda a importância de articular as acções
a desenvolver pelas entidades gestoras dos resíduos,
entidades do sector da construção civil e dos domínios
do controlo de pragas, com o objectivo de agilizar os
procedimentos conducentes à prevenção, de modo a
estabelecer regras bem definidas no que refere aos edi-
ficados, à gestão de resíduos e aos métodos de controlo
dos roedores.
- Também a participação pública na óptica do controlo de
pragas, deve ser retomada não apenas na qualidade de
geradora de soluções mas também na qualidade de re-
ceptores de novos conhecimentos a integrar nas práti-
cas do quotidiano.
Com base no Modelo Conceptual DPSIR foi possível
identificar os estragos, os pontos críticos de introdução da
pragas em determinados contextos, os ambientes vulnerá-
veis às alterações do ecossistema pela alteração humana,
identificaram-se áreas potenciais de proliferação e áreas
de actuação futura, e estabeleceu-se o ciclo causal do pro-
blema para a Ilha de S. Miguel. O objectivo foi identificar
as causas do problema e encontrar soluções dirigidas às
referidas causas, de forma a desenvolver uma estratégia
integrada de gestão das populações de roedores, basea-
da numa lógica pró-activa. Para o efeito recorreu-se a uma
abordagem integrada considerando aspectos ecológicos,
��
económicos e sociais na avaliação, e escolha das políticas
a adoptar. Procedeu-se à realização de um questionário,
dirigido para a avaliação dos comportamentos das famí-
lias, o qual permitiu identificar algumas das causas asso-
ciadas ao problema da proliferação dos ratos. Aplicou-se
uma checklist às empresas de diversos sectores da acti-
vidade económica o que permitiu identificar as suas prin-
cipais fragilidades. Avaliaram-se as pressões exercidas no
ambiente e os seus efeitos nos ecossistemas através da
identificação dos impactes face ao estado das populações.
Identificaram-se os efeitos na saúde pública e animal, na
biodiversidade e no rendimento agrícola pecuário e nos
bens e produtos. Relacionaram-se ainda as causas com
a distribuição geográfica dos roedores, o uso do solo, o
ordenamento do território e a distribuição das actividades.
Realizou-se um workshop com o objectivo de trazer para o
processo de decisão a experiência e o conhecimento dos
agentes envolvidos. Consideraram-se actores activos nes-
te processo os agentes económicos, as famílias, grupos e
população em geral e as instituições oficiais e privadas. A
complexidade do tema exige um processo de participação
pública mais amplo e prolongado no tempo e no espaço.
Não foi possível, numa sessão única, envolver as autori-
dades com responsabilidades no processo de proliferação
dos ratos, com vista à procura de soluções integradas e
articuladas. No entanto a participação foi bastante alarga-
da, permitindo a reflexão da comunidade sobre o problema
criando uma apetência para a procura de soluções alter-
nativas. No período pós-workshop as pessoas e as insti-
tuições têm manifestado junto da Direcção de Serviços de
Agricultura e Pecuária, a sua vontade de dar seguimento
ao processo participativo, iniciado no evento. Estiveram
presentes na participação pública, técnicos de várias ins-
tituições tendo a sua contribuição incidido essencialmente
no debate de ideias, e na procura de informação. Parece
que estão criadas a condições para uma participação mais
activa numa sessão a agendar, com o objectivo de con-
cretizar quais as instituições a envolver no processo de
gestão de pragas, ratos.
Nota: Algumas das propostas expressas neste relatório
já estão em curso.
��
Anónimo, 1998. Seminário. Os mamíferos como factores
de risco na Saúde Pública e na produção Animal.
Mammals as risk factors on public Health and
Animal Production. Programas e Resumos. Angra do
Heroísmo. Terceira, Açores, 22 e 29 de Setembro
Borrego, S. B., 2006. Estudo Epidemiológico da
Leptospirose Canina na Ilha de São Miguel
(Açores). Universidade Técnica de Lisboa.
Faculdade de Medicina Veterinária. Lisboa.
Carqueijeiro, E., (Coord), 2006. Secretaria Regional do
Ambiente e do Mar. Governo Regional dos Açores.
Perspectivas para a sustentabilidade na Região
Autónoma dos Açores. Contributo para a elaboração
de um plano regional de desenvolvimento sustentável.
Ceia R., 2006. Monitorização da população de
ratos na área de intervenção. Sociedade
Portuguesa para o estudo das aves. Lisboa
Collares-Pereira, M., Gonçalves, L., Santos-Reis,
M., Eds. 2007. Epidemiologia e Controlo da
Leptospirose na Região Autónoma dos açores.
Relatório Cientifico (USA Sientific Cooperative
greement Nº 58-401-3-F185,2004-2007). Unidade
de Leptospirose e Borreliose de Lyme e Unidade
de epidemeologia e Bioestatística do Instituto de
Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de
Lisboa/ Centro de Biologia Ambiental da Faculdade
de Ciências da Universidade de Lisboa, 337 pp
Colvin B. A., Jackson W. B.,1999. Urban rodent
control programs for the 21st century. In:
Singleton GR, Hinds LA, Leirs H, Zhang Z (Eds),
Ecologically-based Management of Rodent
Pests. Camberra, ACIAR pp 243–258
COM (2000) 20 final; Comunicação da Comissão ao
Conselho e ao Parlamento Europeu. Indicadores
da integração das preocupações de carácter
ambiental na política agrícola comum.
COM (2001) 88 final. Livro Branco. Estratégia para
a futura política em matéria de substâncias
químicas. (apresentada pela Comissão).
COM (2002) 349 final. Comunicação da Comissão
ao Conselho, ao Parlamento Europeu e
ao Comité Económico e Social - Para uma
Estratégia Temática da Utilização Sustentável
dos Pesticidas, de 1 de Julho de 2002
COM (2006) 373 final Directiva do Parlamento Europeu
e do Conselho que estabelece um quadro de
acção a nível comunitário para uma utilização
sustentável dos pesticidas. (apresentada pela
Comissão) {SEC(2006) 894} {SEC(2006) 914}
Courchamp, F., Chapuis, J.L., Pascal, M., 2003.
Mammal invaders on islands: impact, control
and control impact. Biol. Rev. 78 (3), 347-383
EEA, 1999. Environmental indicators. Typology and
overview. Technical report No.: 25, European
Environment Agency, Copenhagen
EEA, 2005 – EEA, 2005. Market-based instruments
for environmental policy in Europe. Technical
report. No 8. ISBN 92-9167-782-5. pp 155
Ellis, William A. 2006. Leptospirosis in Animals. Azores
Leptospirosis Seminar, 24-25 November.
Epstein, P. R., 2005. Diasease, Pest and Impact
Assessement. Center for Health and the Global
Environment Harvard Medical School Oliver
Wendell Holmes Society http://www.main.nc.us/
SERAMBO/BControl/PEpstein.html. 14-10-2005
Flor, L., Resende, S., Barros S., Silveira, J., 2006.
Bovine Leptospirosis on Terceira Island, Azores:
a Preliminary Serological Survey in Dairy Herds.
Azores Leptospirisis Seminar, 24-25 November.
Gonçalves, L., Adrhi, W., Caldeira, R., Figueiredo,
F., Rosa, A., Mota, F. M., Paiva, C., Vieira, M. L.,
2006. Knowledge, Attitudes and Pratices (KAP)
about Leptospirosis. Relatório. Seminário da
Leptospirose nos Açores, 24-25 Novembro:3-4
Groffman, P .M., Baron, J. S., Blett, T., Gold, A. J.,
Goodman, I., Gunderson, L. H., Levinson, B. M.,
Palmer, M. A., Paerl, H. W., Peterson, G. D., Poff.
N. L., Rejeski, D. W., Reynolds, J. F., Turner, M.
G., Weathers, K. C., Wiens, J., 2006. Ecological
Thresholds: The Key to Successful Environmental
Management or an Important Concept with No
Practical Application? Ecosystems 9, 1–13
bIblIograFIa
��
Igual, J.M., Forero, M.G., Gomez, T., Oro, D.,
2007. Can an introduced predator trigger
an evolutionary trap in a colonial seabird?
Biological Conservation: doi:10.1016/j.biocon
Igual, J.M., Forero, M.G., Gomez, T., Oro, D., 2006. Rat
control and breeding performance in Cory’s shearwater
(Calonectris diomedea): effects of poisoning
effort and habitat features. Animal Conservation.
The Zoological Society of London: 59–65
IPCS INCHEM 1995. Environmental health criteria
for anticoagulant rodenticides; 1.Rodenticides.
2.Anticoagulants. 3. Occupational exposure.
Environmental Health Criteria (EHCs)
Monographs Chemical Safety 175. I. Series.
ISBN 92 4 157175 on line http://www.inchem.
org/[Consultado 12 de Setember 2006].
GISD, Global Invasive Species Database, 2006. Mus
musculus. Available from: http://www.issg.org/
database/species/ecology.asp?si=19&fr=1&sts=sss
[Cônsultado em 1 de September 2006].
IUCN 2007. BirdLife International 2005. Pyrrhula
murina. In: IUCN 2007. 2007 IUCN Red List
of Threatened Species. <www.iucnredlist.
org>. Acedido em 24 April 2007.
Mathias, M.L., Ramalhinho, M.G., Santos-Reis, M.,
Petrucci-Fonseca, F., Libois, R., Fons, R., Ferraz de
Carvalho, G., Oom, M.M., Collares-Pereira, M., 1998.
The terrestrial mammals from the Azores islands:
an updated overview. Mammalia, 62 (3), 397-40
McRae, S. B., 1997. A Rise in Nest Predation
Enhances the Frequency of Intraspecific Brood
Parasitism in a Moorhen Population. The
Journal of Animal Ecology 66, 143-153
Meiwen, Z., Yong, W., Li Bo, 2003. Change in community
composition and population dynamics of commensal
rodents in farmhouses in Dongting Lake region
of China In: Singleton, G. R., Hinds L. A., Krebs
C. J., Spratt, D.M.,(Eds), Rats, mice and people:
rodent biology and management. Australian Centre
for International Agricultural Research. ISBN 1
86320 357 5 [electronic version]. ISSN 1447-090X
[electronic version]. Canberra, ACIAR pp. 256- 259
Norman, F.I. 1975. The Murine Rodents Rattus
rattus, exulans, and norvegicus as avian
predators. Atoll Research Bulletin Nº 182. The
Smithsonian Institute. Washington, D.C., U.S.A.
Pelz, H.J., N.; klemann 2004. Rat control strategies
in organic pig and poultry production with
special reference to rodenticide resistance and
feeding behaviour. NJAS 52-2. http://library.wur.
nl/ojs/index.php/njas/article/ viewFile/352/71
Santos, R., Antunes, P., 1999. Instrumentos económicos
de política de ambiente. In: Conselho Económico
e Social (Ed.), Ambiente, Economia e Sociedade,
Série Estudos e Documentos. CES, Lisboa.
Silva, M. T. 2006. Contributo da identificação de
perigos e avaliação de riscos para estabelecer
formas de actuação segura, na presença e no
controlo de ratos (Mus musculus Linnaeus, Rattus
norvegicus Berkenhout e Rattus rattus Linnaeus)
em meio rural nos Açores. Trabalho para a
obtenção de Certificado de Aptidão Profissional de
Técnico de Higiene e Segurança no Trabalho.
Singleton, G., Hinds, L., Krebs, C., Spratt, D., 2003.
Preface. Rats, mice and people: an interwoven
relationship: In: Singleton, G. R., Hinds L. A., Krebs C.
J., Spratt, D.M., (Eds), Rats, mice and people: rodent
biology and management. Canberra, ACIAR pp. 9-10
Urban, M. C., Phillips, B. L., Skelly, D. K., Shine, R.,
2007. The cane toad’s (bufo marinus) increasing
the ability to invade Australia is revealed by a
dynamically update range midel. Proceedings of The
Royal Society B. http://environment. Yale.edu/topics/
ecology_ecosistems_and_biodiversity/4819/cane
Witmer, W. G., Martins, H., Flor, L. 2005. Leptospirose
in the Azores: The Rodent Connection. Proceedings
of 21st Vertebrate Pest Conference 217-220
��
ElEmENto DE PI Na ProtECção CoNtra roEDorEs
As medidas de protecção integrada a adoptar deverão
ser direccionadas para os meios de luta mecânico e físico,
nomeadamente na prevenção, o que implica que os edi-
ficados devem inviabilizar o acesso aos roedores ao seu
interior (métodos de exclusão) e consequentemente destes
aos produto (construção à prova de roedores).
Listamos um conjunto de seis componentes a considerar
em PI em contexto de armazenamento:
1. Estrutura projectadas de modo a promover a exclusão
física dos roedores e a fácil manutenção da mesma
(construção anti-roedores).
2. Medidas sanitárias, de limpeza e boas práticas de ar-
mazenamento e manuseamento dos produtos
3. Inspecção e vigilância continuada da estrutura e pro-
duto armazenado.
4. Manuseamento adequada dos produtos armazenados
5. Uso apropriado das técnicas de controlo mecânico e
das estratégias de armadilhagem.
6. Selecção e aplicação adequada dos pesticidas.
1. Estrutura projectadas de modo a promover a
exclusão física dos roedores e a fácil manutenção
da mesma (construção anti-roedores).
As estruturas dos equipamentos devem ter em conta as
capacidades físicas dos ratos os quais podem aceder ao
mesmo trepando pelas tubagens, fios, grelhas de esgoto;
saltando entre estruturas na vertical ou horizontal ou arras-
tando-se através de buracos e frinchas e roendo, aceden-
do por qualquer abertura desde que esta apresente largura
superior 1.3 cm, no caso das ratazanas, e 0.6 cm no caso
dos ratinhos (Baker, et al.,. 1994; Hygnstrom, et al., 2003).
Neste sentido devem ser aplicadas protecções de chapa
metálica nas portas prevenir as roeduras, na envolvente
das conotações das tubagens, cabos e outras componen-
tes de acesso à estrutura. Os orifícios de ventilação devem
ter grelhas de rede metálica com quadrículas até 0.6 cm e
as grelhas de esgoto não devem apresentar espaçamento
superiores ao referido, de preferência estas, se forem com
reticulado horizontal e paralelo devem ser em V, de modo
possibilitar a entrada e impossibilitar a saída dos indivíduos
para o exterior.
Devem ser aplicadas guardas de formatos adaptáveis
as diferentes situações existentes de tubagens e fios para
prevenir que os roedores trepem e acedam ao edifício.
Devem ser colocados discos de protecção, e eliminadas
todas e quais quer fendas que permitam o acesso ao inte-
rior do edifício. Na Figura 1, encontram-se representados
alguns exemplos de aspectos a considerar na construção
dos edificados com vista à exclusão dos roedores.
As áreas envolventes ao edificado devem, num raio de
pelo menos 15 m encontrar-se limpas de quaisquer arte-
factos, que porporcionem abrigo e refúgio, tais como: infes-
tantes, moitas, carrascos, àrvores com ramos suspensos
sobre o edificado, resíduos, entulham, etc. (Hoddenbach,
et al., 2005) (Figura 2).
2. medidas sanitárias, de limpeza e boas práticas de
armazenamento e manuseamento dos produtos
Boas Práticas Sanitárias, tais como, embalamento apro-
priado dos produtos correcto acondicionamento, mudança
frequente com o objectivo de eliminar espaços “mortos”
propícios às instalação/reprodução dos ratos, e conse-
quentemente pouco vigiados;
Remoção de zonas de entulho, lixos, caixas vazias,...
3. Inspecção vigilância continuada da
estrutura e produto armazenado
Deve-se efectuar a vigilância com carácter periódico de
forma a identificar problemas na estrutura, ou qualquer ten-
tativa de infestação, tais como, buracos, roeduras, ou outros
vestígios, de modo a proceder de imediato à sua elimina-
ção. Quando há dúvidas quanto à presença de roedores no
interior da estrutura pode-se recorrer a pó-de-pista neutro
(pó-de-talco; farinha...), junto às paredes, cantos, de modo
a permitir identificar a presença eventual de indivíduos.
aNEXo C - CoNCEPção E loCalIzação Das INFra-Estruturas À Prova DE roEDorEs
��
Redes de protecção em chaminés
Grelhas metálicas de protecção nas janelas
Grelhas metálicas de protecção no sistema de ventilação
Protecções metálicas nas portas Discos de protecção em tubagens
Chapa metálica de protecção
Imagens capturads em:http://www.ianrpubs.unl.edu/epublic/pages/publicationD.jsp?publicationId=23http://icwdm.org/handbook/rodents/RodentExclusion.
Protecção das fundações Fundações Substituição grelha partidas
Figura 1 – Exemplos gráficos de elementos de exclusão a considerar nas construções anti-roedores.
��
4. manuseamento adequado dos
produtos armazenados.
Os produtos devem ser manuseados de forma adequada
sofrendo alterações frequentes de posição.
5. uso apropriado das técnicas de controlo
mecânico e das estratégias de armadilhagem.
Redução das populações – utilização de armadilhas e
postos de engodo, iscos, repelentes.
6. selecção e aplicação adequada dos pesticidas
Devem-se aplicar postos-de-engodo fixos no exterior de
modo a reduzir a probabilidade de acesso ao interior. As
substâncias activas sob a forma de isco são igualmente
aconselhados para a aplicação nas unidades, uma vez que
não apresentam riscos para o aplicador e apresentam con-
dições relativamente estáveis de durabilidade.
Figura 2 – Pontos críticos de entrada dos roedores (Imagem capturada de CropLife International http://www.croplife.org).
aNEXo C - CoNCEPção E loCalIzação Das INFra-Estruturas À Prova DE roEDorEs
��
Para efeitos de Normas Práticas de Gestão do Controlo
de Roedores (NPGCR), propõe-se que se aprove diplo-
ma regional adequado que aborde e enquadre, entre
outros, os seguintes aspectos que em síntese se apre-
sentam:
DOC.TRABALHO.2008.DipReg.NPGCR.1V
EXPosIção DE motIvos
I
Considerando que o controlo dos roedores ocupa um
lugar de destaque na Secretaria Regional da Agricultura
dos Açores face às implicações directas que tem ao nível
da protecção das culturas, da saúde animal e da saúde
humana e aos elevados montantes económicos que mo-
vimenta.
II
Considerando que, no futuro, o controlo das populações
de ratos deverá de passar pela elaboração de um Plano
de Gestão, e que é condição de sucesso que a referida
gestão seja desenhada e organizada com o envolvimento
de todos os sectores e parceiros, envolvidos no processo
de proliferação da praga.
III
Considerando que um Plano de Gestão da população
de roedores tem por objectivo contribuir para a gestão do
conflito entre o ecossistema humano e o ecossistema am-
biental e consistirá no desenvolvimento de uma estratégia
de gestão ambiental integrada das populações de roedo-
res numa perspectiva holística baseada nas características
ecológicas, económicas e sociais envolvidas no processo
de proliferação dos ratos.
IV
Considerando que no contexto do arquipélago dos Aço-
res, onde as condições do meio natural, conjugadas com
as práticas as gestão das empresas dos vários sectores
da actividade económica podem propiciar a proliferação e
manutenção de populações de roedores.
V
Considerando que as espécies de roedores em causa
são comensais do ser humano e invasoras.
VI
É motivo importante para o desenvolvimento de normas
e procedimentos que participem para a uniformização de
práticas e comportamentos relativas à gestão das empre-
sas.
VII
É nesta óptica que se apresenta um ante-projecto de
proposta-normativa, o qual pretende evidenciar a impor-
tância de um conjunto de regras relativas às caracterís-
ticas a implementar nas actividades económicas, dos
sectores agrícolas, alimentar, restauração, agro-pecuário,
transformação… com o objectivo de uniformizar e de ga-
rantir o seu modo de funcionamento e a sua segurança
no que refere à problemática dos roedores comensais,
na medida em que se considera, tais medidas, poderem
actuar de forma preventiva contra a proliferação dos ro-
edores.
Aliás a necessidade de se proceder a acções de contro-
lo de vertebrados nocivos e acções de desratização está
previsto em diversas legislação com vista a assegurar as
condições gerais de saneamento e higiene aplicáveis a
instalações e matérias em diversos domínios: condições
de hígio-sanitárias nas explorações pecuárias (boviníco-
las, suinícola, ovinícola caprinícola, avícolas); produção e
colocação no mercado de produtos de pesca; Condições
Sanitárias da Produção de Carnes Frescas e sua Coloca-
ção no Mercado; à produção e à colocação no mercado
de ovoprodutos destinados tanto ao consumo directo como
ao fabrico de géneros alimentícios. Também na indústria
alimentar e no âmbito da HACCP está previsto para as
áreas de aprovisionamento, armazenamento preparação e
confecção a identificação dos perigos onde se incluem as
pragas e nomeadamente os ratos
Pelo exposto, o diploma deverá abordar, entre outros, o
seguinte:
aNEXo D - ProJECto DE DIPloma rEgIoNal quE rEgulamENta as PrátICas ProCEDImENtaIs DE gEstão DE EmPrEsas
�8
objecto:
Este decreto tem como objecto estabelecer normas de
controlo e de redução das populações de ratos. Para o
efeito propõe um conjunto de regras, práticas e compor-
tamentos a aplicar a todas as actividades susceptíveis de
participarem directa ou indirectamente para a proliferação
dos ratos. Os métodos de controlo devem centrar-se nas
medidas preventivas, embora considerem as medidas cor-
rectivas sempre que necessário.
Esta legislação visa garantir a:
a) Sustentabilidade ambiental do ecossistema
b) Protecção da saúde pública
c) Protecção da saúde animal
d) Protecção das plantas
e) Protecção da biodiversidade
Definições:
Para efeito do presente diploma consideram-se sus-
ceptíveis de potenciar o risco à proliferação de roedores
nocivos, toda e qualquer actividade, edificação ou equi-
pamento que providencie condições de abrigo e alimento
aos roedores.
Obrigações dos produtores, comerciantes, particulares:
Todas as actividades económicas cujas áreas de actua-
ção possa actuar como atractivo à proliferação dos ratos,
ficam obrigadas a implementar um programa de controlo
de roedores. Consideram-se para esse efeito as activida-
des legadas à indústrias de produção, transformação, dis-
tribuição, armazenamento e resíduos.
Entendem-se como fazendo parte deste conjunto as se-
guintes actividades económicas:
a) Agro-pecuárias (bovinicultores, viteleiros, suiniculto-
res, avicultores, produção de ovos, …);
b) Aterros sanitários;
c) Restauração;
d) Lotas;
e) Matadouros;
f) Indústria transformadora (rações, farinhas, óleos e
sabões; pescado, açúcar, tabaco, lacticínios, carnes,
pescado, panificação, moagem);
g) Entrepostos comerciais
h) Parques Industriais;
i) Saneamento
…
Infra-estruturas:
As infra-estruturas devem ser projectadas de modo a
promover a exclusão física dos roedores e a fácil limpeza e
manutenção das mesmas (construção anti-roedores), de-
vendo considerar nos seus projectos de construção a apli-
cação sistemas de protecção de acordo com a função do
equipamento. Referem-se a instalação de sistema de pro-
tecção nas janelas, portas, tubagens, etc., tais como redes,
guardas metálicas; a aplicação de sarjetas em v, etc.
As áreas envolvente às edificações devem num raio de
15 metros encontrar-se limpas de qualquer artefacto que
permita ou facilite a deslocação dos roedores e o acesso
destes à unidade.
Práticas de gestão:
Empresas do ramo agro-alimentar e restauração:
As práticas de gestão devem prever um conjunto de me-
didas relativas às práticas e comportamentos que promo-
vam a manutenção dos materiais, espaços e produtos em
boas condições de funcionamento e higienização
a) Boas práticas de armazenamento e manuseamento
dos produtos de modo a facilitar as acções de limpeza
e a mobilização dos produtos
b) Inspecção e vigilância continuada da estrutura e pro-
duto armazenado.
c) Manuseamento adequado à protecção da saúde, de
modo que os produtos armazenados não proporcio-
nem locais de abrigo e instalação dos ratos
d) Uso apropriado das técnicas de controlo mecânico e
das estratégias de armadilhagem.
e) Selecção e aplicação adequada dos pesticidas.
f) Avaliação
Empresas de produção agrícola:
Aplicação correcta das metodologias de controlo preco-
nizadas em matéria de protecção da produção agrícola,
aNEXo D - ProJECto DE DIPloma rEgIoNal quE rEgulamENta as PrátICas ProCEDImENtaIs DE gEstão DE EmPrEsas
��
atendendo, no caso da luta química, ao ciclo das culturas e
à biologia da espécie em causa (entre outros).
• Antes da reprodução dos ratos.
• Antes das fases culturais problemáticas.
• Manuseamento adequada dos produtos armazena-
dos.
• Gestão adequada dos resíduos gerados pela activida-
de (matérias vegetais, embalagens).
• Uso apropriado das técnicas de controlo mecânico e
das estratégias de armadilhagem.
• Selecção e aplicação adequada dos pesticidas.
• Avaliação
A secretaria regional com tutela no sector agrícola
(SRAF) reserva-se o direito de intervir através dos instru-
mentos que tiver ao seu dispor, nomeadamente o recurso
a acções de controlo químico, sempre que se verificar a
tendência ao aumento das populações de roedores, dada
a natureza e a especificidade do sector em causa.
Empresas do ramo agro-pecuário:
As práticas de gestão devem prever um conjunto de
medidas relativas às práticas e comportamentos de fun-
cionamento que promovam a manutenção dos materiais,
espaços e produtos em boas condições de funcionamento
e higienização
a) Medidas sanitárias, de limpeza e boas práticas de ar-
mazenamento e manuseamento dos produtos
b) Inspecção e vigilância continuada da estrutura e pro-
duto armazenado.
c) Gestão adequada dos resíduos gerados pela activida-
de (resíduos animais, vegetais, embalagens).
d) Manuseamento adequada dos produtos armazenados
e) Uso apropriado das técnicas de controlo mecânico e
das estratégias de armadilhagem.
f) Selecção e aplicação adequada do rodenticida.
g) Avaliação
Empresas de serviços:
As práticas de gestão devem prever um conjunto de
medidas relativas às práticas e comportamentos de fun-
cionamento que promovam a manutenção dos materiais,
espaços e produtos em boas condições de funcionamento
e higienização
a) Medidas sanitárias, de limpeza e boas práticas de ar-
mazenamento e manuseamento dos produtos
b) Inspecção e vigilância continuada da estrutura e pro-
duto armazenado.
c) Manuseamento adequada dos produtos armazenados
d) Gestão adequada dos resíduos gerados na actividade.
e) Uso apropriado das técnicas de controlo mecânico e
das estratégias de armadilhagem.
f) Selecção e aplicação adequada dos pesticidas.
g) Avaliação
autarquias
A prática de gestão das autarquias ao centrar-se na ges-
tão de resíduos e na limpeza e higienização dos espaços
públicos e de lazer, património arquitectónico e natural de-
voluto, linhas de águas, rodovias, deve fazer cumprir os re-
quisitos de limpeza e higienização, por parte da população,
que visam, na óptica do controlo dos roedores, a eliminação
de fontes de alimento e abrigo. Para o efeito devem recorrer
aos instrumentos existentes ou que se vierem a desenvol-
ver, nomeadamente a aplicação de coimas em situações
de vazamento de resíduos nas linhas de água e ambiente,
ou na libertação de matérias nas rodovias, pelas empresas
transportadoras.
Estas competências estão parcialmente contempladas
nos regulamentos municipais, mas direccionadas para ou-
tros objectivos, nomeadamente os da poluição ambiental
ou do assoreamento das linhas de água. Pretende-se in-
troduzir aqui a abordagem das pragas considerando que a
sua proliferação está associada a factores antropogénicas
ou naturais geradores de condições propiciadoras à multi-
plicação e dispersão dos ratos (ex. actividades humanas,
crescimento exuberante da vegetação, etc.).
Edificações:
Passa a ser obrigatório para qualquer pessoa, firma,
associação de construtores reparadores, remodeladores,
instalações residenciais … cumprir os requisitos de cons-
trução à prova de roedores
80
Instituições responsáveis:
Consideram-se envolvidas no processo as instituições
responsáveis pela gestão empresas, actividades e equi-
pamentos considerados de risco à potenciação da prolife-
ração dos roedores as seguintes: SRAF – DSAP, DRRF,
IROA, SRAM; SREC; SRHE; SER; SRAS; CM
Comissão/gabinete:
Criação de uma Comissão Controlo de Pragas – Ratos
(CCP-R) que integre membros das instituições responsá-
veis que terá como objectiva avaliar a evolução das ac-
ções
Criação de uma comissão
1. Identificar constrangimentos
2. Propor alterações
3. Avaliar resultados
4. Discutir metodologias
5. Elaborar as checklist
acompanhamento técnico
As Instituições para cumprimento dos requisitos podem
recorrer a uma entidade externa tais como empresas de
controlo de pragas ou terem nos seus quadros um técnico
responsável com formação na área de controlo de pragas.
Esta função pode ser acumulada pelo técnico de qualidade
ambiental, o qual deve prestar frequentar um curso de for-
mação de pragas: ratos.
os Planos
Os planos de controlo de roedores ficam sujeito à apro-
vação da CCP-R, salvo se forem concebidos por empresas
de Controlo de Pragas que esteja acreditada para o efeito.
As propostas de controlo devem ser submetidas à a entida-
de competente (CCP-R).
Da proposta deve constar:
a) Fluxograma de funcionamento da unidade. Nele deve
constar todo o processo de laboração desde a recep-
ção da matéria-prima, tratamento, laboração, armaze-
namento e expedição do produto final.
b) Mapa da localização dos postos de engodo
c) Rodenticida aplicado e respectiva formulação
d) Procedimentos operativo em termos de calendariza-
ção dos controlos e reposições, técnico responsável
…
Fiscalização e inspecção
A fiscalização e inspecção é da competência das entida-
des fiscalizadoras com competência inspectiva em matéria
de economia, transportes, ambiente, agricultura e pecuá-
ria, e municípios. A fiscalização assegurada na perspecti-
va de actividades produtoras de condições propiciadoras
ao desenvolvimento e dispersão das populações de roe-
dores. Referem-se a título orientador: o Instituto Regional
das Actividades Económicas (IRAE), a Secretaria Regional
de Agricultura e Florestas (SRAF), Serviços de Inspecção
Regional Transportes, Serviços de Inspecção Regional do
Ambiente, Municípios no âmbito das suas competências
em matéria de gestão de resíduos e de condições higiene
e salubridade pública.
As entidades fiscalizadoras devem-se fazer acompanhar
de uma checklists a desenvolver aprovada pela CCP-R e
dirigidas para os diferentes equipamentos e actividades
de modo a garantir a correcta observação e vigilância dos
pontos críticos ou de risco de potenciação à proliferação
dos ratos. As checklists devem ter em atenção os procedi-
mentos das empresas.
sanções
Proporcionais e dissuasoras
aNEXo D - ProJECto DE DIPloma rEgIoNal quE rEgulamENta as PrátICas ProCEDImENtaIs DE gEstão DE EmPrEsas
81
Para efeitos de Coordenação e Implementação, pro-
põe-se que se aprove diploma regional adequado que
aborde, entre outros, os seguintes aspectos:
DOC.TRABALHO.2008.DipReg.GGCP.1V
Exposições e motivos:
Tendo em consideração as propostas apresentadas no
documento DOC.TRABALHO.2008.DipReg.NPGCR.1V
considera-se necessário promover a articulação de res-
ponsabilidades e a gestão partilhada das acções de con-
trolo dos ratos. É pois numa lógica de gestão ambiental
integrada de pragas: ratos, que se apresenta a seguin-
te proposta de criação de um gabinete técnico que visa
a coordenação do Plano de Gestão de Pragas – Ratos
proposto no Relatório de Avaliação Técnica “Uma Pro-
posta de um Plano de Gestão Ambiental Integrada de
Roedores para o Arquipélago dos Açores. Caso de Es-
tudo – Ilha de São Miguel”. (Protocolo de cooperação
técnica. Direcção Regional de Desenvolvimento Agrário
– Direcção de Serviços de Agricultura e Pecuária e a Ex.
- Direcção-Geral de Protecção das Culturas)
objecto:
Criação de um Gabinete de Gestão de Controlo de Pra-
gas (GGCP)
Composição:
Um presidente e um representante indicado/nome-
ado por cada uma das secretarias regionais relevan-
tes no processo: Secretaria Regional da agricultura e
Florestas (SRAF), Secretaria Regional do Ambiente
e do Mar (SRAM), Secretaria Regional dos Assuntos
Sociais (SRAS), Secretaria Regional da Habitação e
Equipamento (SRHE), Secretaria Regional da Econo-
mia (SER)
• Gerir os planos de acção de controlo de pragas (con-
certação, calendarização, articulação);
• Nomear as comissões de trabalho para a elaboração
dos Manuais de Boas Práticas que se propõe desen-
volver;
• Aprovar os Manuais de Boas Práticas que se venham
a desenvolver no âmbito da temática dos roedores no
Arquipélago;
• Avaliar e aprovar as proposta dos planos de acção de
controlo de ratos propostos pelas unidades produti-
vas.
• Aprovar manuais de procedimentos;
• Aprovação das checklists a ser utilizadas pelas entida-
des fiscalizadoras.
• Propor superiormente as medidas legislativas adequa-
das à implementação dos planos;
• Pronunciar-se sobre a legislação.
• Providenciar assistência técnica
• Discutir metodologias
• Avaliar resultados
• Propor alterações
• Identificar constrangimentos
• O CCP-R pode recorrer a consultadoria externa espe-
cializada sempre que tiver de manifestar em matérias
para as quais não reconhece ter competência.
ao presidente, compete:
Convocar as reuniões e os convidados, quando neces-
sário;
Coordenar os trabalhos;
Fixar a agenda de trabalhos;
Adoptar as providências necessárias ao funcionamento
das reuniões;
Designar, sempre que necessário, relatores dos assuntos
em estudo;
Sempre que se mostre conveniente, convocar ou convidar
outros elementos estranhos ao Gabinete;
secretariado:
As reuniões são secretariadas por um secretário sem direi-
to a voto e designado pelo presidente;
Ao secretário do Gabinete compete:
Preparar as reuniões, efectuando as convocatórias e agen-
das de trabalho;
Elaborar as actas das reuniões e desenvolver as acções
delas resultantes;
Assegurar o arquivo e o expediente do Gabinete.
aNEXo E - ProJECto DE DIPloma rEgIoNal quE rEgulamENta as ComPEtÊNCIas aDmINIstratIvas
8�
Funcionamento
As reuniões do Gabinete funcionam em reuniões plenárias
ou restritas
As deliberações do Gabinete são tomadas por maioria sim-
ples de votos dos representantes permanentes presentes,
dispondo o presidente de voto de qualidade no caso de
empate.
Cessação do gabinete
Após implementada as medidas preconizadas no Plano de
Gestão de Pragas o CCP-R cessará as funções para as
quais é criado, sendo as respectivas competências inte-
gradas na nova estrutura sem prejuízos do bom funciona-
mento do Plano.
aNEXo E - ProJECtos E DIPlomas rEgIoNal quE rEgulamENta as ComPEtÊNCIas aDmINIstratIvas
8�
Curso de Protecção Integrada de Roedores (Programa provisório)
Programa (temas a abordar)Monitor/Entidade
Cargahorária
DRDA/DSAP – INRB
1. Características gerais dos roedores 1.1. Porque são os roedores bem sucedidos
2. Identificação e bioecologia das espécies existentes em Portugal e sua distribuição geográfica.
3. Ecologia dos estragos
4. Os roedores como reservatórios zoonóticos
5. O conceito de roedor selvagem e roedor comensal
5.1. O conceito de problema ambiental associado aos roedores comensais
6. Os meios de luta contra os roedores6.1. Meios de luta – Razões históricas6.2. Meios químicos
6.2.1. Conceito de pesticida/rodenticida6.2.2. Evolução dos rodenticidas6.2.3. Modos de acção6.2.4. Resistência aos rodenticidas
6.3. Meios não químicos6.3.1. Meios alternativos
6.4. Os meios de luta dirigidos às espécies a combaterem6.4.1. Espécies invasoras6.4.2. Espécies comensais6.4.3. A perspectiva dos meios de luta no meio:
6.4.3.1. Urbano6.4.3.2. Rural
7. Estudo de caso7.1. As acções de controlo nos ecossistemas insulares
7.1.1. Ilhas – Madeira e Açores7.1.1.1. O caso das Ilha de São Miguel
7.2. A perspectiva da protecção dos roedores nas regiões espanholas7.2.1. Perspectiva rural7.2.2. Perspectiva urbana
8. Organização do controlo
9. Gestão ambiental integrada das populações de roedores
10. Futuro do controlo dos roedores
Visita de Campo
aNEXo g - Curso DE Formação DE CoNtrolo DE roEDorEs
8�
ANO MÊS DIADirecção Regional ____________________________________________________
Concelho ___________________ Freguesia _______________________________
Local _______________________________________________________________
Nome do agricultor __________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
Morada ___________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
Ocorrência dos estragos:
Se em culturas, quais e área afectada. (Descrimine a área de cada parcela e cultura afectada,
idade e respectiva percentagem de área afectada):
Ex: bananas 2 ha, com 2 anos de idade e 2 de área afectada, ou 4 plantas e 20 (4/20)
____________ ____ ha, com anos de idade e de área afectada, ou ___________/____________
____________ ____ ha, com anos de idade e de área afectada, ou ___________/____________
____________ ____ ha, com anos de idade e de área afectada, ou ___________/____________
____________ ____ ha, com anos de idade e de área afectada, ou ___________/____________
Como se manifestam os estragos: parte radicular: raiz, colo; parte aérea, tronco, ramos, frutos,
semente, _________________________________________________________________________________
Se em estruturas, quais, produtos armazenados afectados, e como se manifestam os estragos. (Descrimine
áreas e locais da estrutura e respectivos produtos): Ex.: armazém da quinta, roem junto à porta, circulam nas
vigas, e roem as batatas e sacaria, comem os ovos ….
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
Exemplares para identificação1:
Proveniência, local e data de captura: __________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
Tipo de armadilha utilizada na captura __________________________________________________________
Assinatura do técnico ________________________________________________________________________
1 Os exemplares para identificação quando não podem ser de imediato entregues neste serviço, devem ser congelados ou conservados em álcool a 90% para posterior reenvio.
aNEXo H - CoNsulta téCNICa
8�
No decurso dos anos anteriores têm-se verificado estragos em diversas culturas agrícolas em vários concelhos da Ilha
de São Miguel.
As culturas mais afectadas foram o milho, a batata comum e a batata-doce, mas os estragos foram extensíveis a outras
culturas como a fava, banana, ananás, melão e fruteiras.
Os ratos podem reproduzir-se durante o ano inteiro coincidindo os picos de reprodução com o ciclo de abundância dos
alimentos. Com os pico de reprodução da Primavera a iniciar-se em fins de Fevereiro e durante o mês de Março, as popu-
lações encontram-se em crescimento, sendo este período, o mais oportuno para efectuar o controlo.
Na época em que se realizam amanhos culturais os ratos encontram-se nas bordaduras dos terrenos, junto às valas e
zonas circundantes às áreas mobilizadas, o que possibilita tratamentos localizados.
metodologia de controlo
Aplicar nos campos afectados iscos rodenticidas à base das substâncias activas brodifacume, bromadiolona, e difena-
cume homologadas para o efeito e respeitar as normas de utilização indicadas no rótulo.
Aplique o isco rodenticida ao longo dos campos, e na envolvente da área a proteger, em postos de engodo ou qualquer
artefacto que torne o isco inacessível às espécies não visadas.
Para os ratinhos os pontos de iscagem devem ser espaçados de cerca de 10 a 30m, com 10 a 25g de isco em cada
posto, localizando-os nas zonas com vestígios dos roedores, tais como buracos e trilhos. Para as ratazanas a distância
pode variar entre 50 a 150m, e a quantidade entre 100 a 300g. A dose normal pode variar de 1 a 5kg / ha. No período de
crescimento vegetativo pode ir aos 10kg/ha para garantir a total protecção dos campos. A quantidade de isco e a distância
entre pontos, devem ser adaptadas de acordo não só com o nível de infestação mas também com o relevo do terreno.
Fazer a vigilância dos postos cada 3 dias e repor os iscos consumidos. Prolongar o tratamento durante a fase de risco de
prejuízo nas culturas e enquanto se verificar o consumo.
Manter o campo em observação após o tratamento e fazer a manutenção da área desratizada durante o período em que
as culturas estão no campo.
Sempre que possível eliminar os cadáveres de forma a prevenir envenenamentos secundários de espécies não visa-
das.
Pretende-se assim reduzir as populações dos roedores para níveis mais baixos inviabilizando futuros prejuízos.
Em caso de dúvida consultar a Direcção de Serviços de Agricultura e Pecuária
roEDorEs PrEJuDICIaIs Em agrICulturaavIso N.º0
DoCumENto DE trabalHo
aNEXo I - avIso téCNICo
8�aNEXo J - trÍPtICo DE DIvulgação téCNICa
Ges
tão
Ambi
enta
l
Inte
grad
a de
Roe
dore
s –
S. M
igue
l –
O c
ontro
le d
e ro
edor
es n
ão é
um
pr
oble
ma
de c
ada
um,
mas
sim
um
pr
oble
ma
de
todo
s.
Cont
amos
co
nsig
o pa
ra
dar
iníc
io
a um
pr
ogra
ma
de
gest
ão
ambi
enta
l in
tegr
ada
de
roed
ores
. To
dos
os
sect
ores
da
s ac
tivid
ades
ec
onóm
icas
, pro
prie
tário
s de
imóv
eis
indu
stria
is,
com
erci
ais
ou
resi
denc
iais
dev
em c
olab
orar
.
Cum
pra
os re
gula
men
tos
que
vão
ser
cria
dos
e ad
opte
as
or
ient
açõe
s po
stas
ao
seu
disp
or.
Qua
is
as
etap
as
que
deve
sa
ber
para
aju
dar
a pr
even
ir o
prob
lem
a do
s ra
tos:
• O P
ROBL
EMA
• QUE
M SÃ
O E C
OMO
SE C
OMPO
RTAM
• CO
MO
SAB
ER O
ND
E ES
TÃO
• QU
E FA
ZER
• ER
RAD
ICAÇ
ÂO
• LIN
HA
DIR
ECTA
• OR
GAN
IZAÇ
ÃO
MAN
TEN
HA
O S
EU C
ON
CEL
HO
LI
VRE
DE
RAT
OS
AJU
DE
A
CO
NTR
OLA
R
OS
RA
TOS
EM
S. M
IGU
EL
Diri
ja-s
e ao
s se
rviç
os
ofic
iais
on
de
pode
rá
obte
r in
form
ação
de
co
mo
parti
cipa
r no
pr
oces
so
de
gest
ão
ambi
enta
l in
tegr
ada
de
roed
ores
. M