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PLANO DE HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DAS FAVELAS 2013 Batan / Complexo do Andaraí e Grajaú / Complexo do São Carlos e Santa Teresa / Complexo do Turano / Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos / Morro da Formiga / Morro do Vidigal e Chácara do Céu / Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira / Rocinha / Santa Marta

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PLANO DE HISTÓRIAS EMEMÓRIAS DAS FAVELAS

2013

Batan / Complexo do Andaraí e Grajaú / Complexo do São Carlos e Santa Teresa / Complexo do Turano / Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos / Morro da Formiga / Morro do Vidigal e Chácara do Céu / Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira / Rocinha / Santa Marta

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PLANO DE HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DAS FAVELAS

2013

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Para apresentar o Plano de Histórias e Memórias das Favelas, eu preciso destacar a relevância desse encontro. Digo encontro, porque quando assumi a gestão da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, o plano ainda era um projeto em andamento, dentro do Programa Territórios da Paz. E, ao me deparar com ele, encontrei uma projeção das ações e conceitos que sempre acreditei e que venho propondo desde o início da minha vida profissional e política. Quando participei da elaboração do Programa de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), pensava em uma polícia atuando dentro das comunidades e para as comunidades, levando em conta seu cotidiano, seus costumes e suas manifestações culturais. A polícia se adequando àquela realidade, muito mais do que limitando ou moralizando os atores locais. Por isso enxerguei que o projeto deveria transformar-se em Plano e reafirmei a importância de aprovarmos, o mais rápido possível, um edital. É importante manter viva a memória dessas comunidades, é importante dar valor às suas histórias, suas origens.

A cultura do morro deve ser conhecida e conservada porque sempre fez história e sempre esteve na nossa memória. Foi no Morro do São Carlos, considerado berço do samba e da boe-mia, onde foi criada a primeira escola de samba. O morro dialoga com o asfalto através de uma linguagem miscigenada e multicultural. O morro é uma explosão cultural. E essa história, esse dia-a-dia, devem ser relatados e estimulados nas mais diversas expressões. Quem não gostaria de saber de onde vem o nome do morro da Formiga? Ou que o morro do Escondidinho teria se originado, em 1940, como um antigo Quilombo? Ou que o nome do morro da Babilônia foi inspirado nos Jardins Suspensos da Babilônia e abrigou a família do paisagista Burle Marx?

Após diversos encontros com as comunidades, a equipe da Superintendência de Territórios detectou, em cada uma delas, o desejo da população de resgatar e preservar sua história. E o Plano existe para dar esta garantia. Ele é mais do que um identificador, ele reforça o simbolismo e importância das favelas. A importância de se estabelecer uma política social nas UPPs, priorizando a comunidade e seus interesses, porque essas pessoas fizeram, fazem e farão a história do Rio de Janeiro.

Zaqueu da Silva TeixeiraSecretário de Estado de Assistência Social

e Direitos Humanos

PALAVRA DO SECRETÁRIO

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1. Apresentação 13

2. Do direito à memória 15

3. Diretrizes 17 3.1. Identificação e Registro

3.2. Preservação 18

3.3. Promoção e Difusão 19

4. Horizontes 20

1.Breve histórico das favelas participantes 22

Batan 24

Complexo do Andaraí e Grajaú 25

Complexo do São Carlos e Santa Teresa 26

Complexo do Turano 27

Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos 28

Morro da Formiga 29

Morro do Vidigal e Chácara do Céu 30

Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira 31

Rocinha 32

Santa Marta 33

2. Memórias da construção do Plano por localidade 34

Batan 37

Complexo do Andaraí e Grajaú 38

Complexo do São Carlos e Santa Teresa 41

Complexo do Turano 42

Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos 45

Morro da Formiga 46

Morro do Vidigal e Chácara do Céu 49

Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira 50

Rocinha 53

Santa Marta 54

Ficha Técnica 56

PLANO DE HISTÓRIAS EMEMÓRIAS DAS FAVELAS

SUMÁRIO

Parte I Parte II

SuMáRIO

26 30

2824 32

27 312925 33

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PARTE I

1. Breve histórico das favelas participantes

APRESENTAçãO

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PARTE I

Participação de Moradores no I Encontro Intercomunitário do Plano de Histórias e Memórias das Favelas. 25/05/2012. Foto: Simone Pitta.

A proposta de elaboração do Plano de Histórias e Memórias das Favelas¹ surgiu no contexto da atuação das equipes de gestão social do programa Territórios da Paz, criado em novembro de 2010 pelo governo do Estado do Rio de Janeiro no âmbito da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH) e da Superintendência de Territórios (SuTer). O Programa Territórios da Paz busca promover o contato e a articulação entre os atores locais e as instituições e tem por finalidade contribuir para o atendimento das demandas sociais, atuando como interlocutor do Estado junto às favelas, de forma que a população tenha maior possibilidade de participar e intervir nas políticas públicas e nas ações privadas implantadas.

A preservação da memória e da história social tem sido uma das preocupações culturais mais importantes das sociedades contemporâneas. Este fenômeno também foi observado nas favelas em que as equipes de gestão social atuam. Entre as diversas demandas de ordem estruturais e sociais, foi possível observar demandas comunitárias vinculadas à questão da história e da memória social. A partir desta percepção, na primeira metade de 2012, as equipes de gestão do programa Territórios da Paz das favelas do Batan, Complexo do Andaraí e Grajaú, Complexo do

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Moradores no I Encontro Intercomunitário do Plano de Histórias e Memórias das Favelas, 25.05.2012,

Simone Pitta

Apresentação

1. Optou-se pelo termo “favela” em detri-mento de outros, como “conglomerado urbano” ou “comunidade”, seguindo ori-entação dos moradores expressa no I En-contro Intercomunitário do Plano de His-tórias e Memórias das Favelas, ocorrido em maio de 2012, na SEASDH.

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São Carlos e Santa Teresa, Complexo do Turano, Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos, Morro da Formiga, Morro do Vidigal e Chácara do Céu, Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira, Rocinha e Santa Marta realizaram uma série de encontros, tendo em vista a criação de uma estratégia conjunta para fomentar a criação de um projeto para a pre-servação da história e da memória das favelas. Este objetivo começou a tomar forma em maio de 2012, quando foi realizado o 1º Encontro Intercomunitário do então chamado Projeto Memória e História das Co-munidades. O encontro reuniu gestores, moradores, lideranças locais e pesquisadores universitários. Desse encontro ficou estabelecido que o projeto deveria ser construído de forma dialógica e coletiva e ter por princípio o protagonismo dos atores locais. Nesta ocasião, as equipes de gestão social da Superintendência de Territórios responsabilizaram--se em apresentar a forma pela qual cada favela julgava ser o ideal para preservar a sua história e memória social.

Em setembro de 2012, a fim de dar cabo às deliberações do 1º Encon-tro Intercomunitário, as equipes do Programa Territórios da Paz realiza-ram um fórum interno, em que foi apresentado à Superintendência de

Territórios o Projeto Memória e História das Favelas. Desse encontro, concluiu-se que o projeto devia ser transformado em plano, a ser im-plementado pela SEASDH, e que seria necessário convocar novamente os moradores e lideranças locais para o 2º Encontro Intercomunitário, realizado em março de 2013. Para além dos objetivos da construção do Plano, o evento serviu ainda para avaliar o impacto do programa Territó-rios da Paz. Na oportunidade, os moradores e lideranças verbalizaram a importância do programa, como instrumento de valorização das popu-lações das favelas da cidade do Rio de Janeiro.

Atualmente, o Plano de Histórias e Memórias das Favelas encontra-se em sua versão final, a fim de que possa, finalmente, ser posto em práti-ca. Além de servir de mecanismo de fortalecimento das redes locais e de potencializar as iniciativas de base comunitária, o Plano de Histórias e Memórias das Favelas pretende ser um mecanismo de preservação e difusão da história e da memória social, contribuindo de forma sig-nificativa para o fortalecimento dos vínculos sociais e identitários das populações das favelas da cidade do Rio de Janeiro.

PARTE I . 1

Moradores no II Encontro Intercomunitário do Plano de Histórias e Memórias das Favelas. 21/03/2013. Foto: Weder Ferreira.

O arcabouço político e jurídico do direito à memória no Brasil surgiu de forma mais contunden-te no período de redemocratização, após o regime civil-militar instalado com o golpe de 1964. Neste período, familiares de presos políticos, exilados e os próprios civis que sofreram direta e indiretamente com a ditadura iniciaram uma série de ações com objetivo de resgatar a história e memória daquele passado. Este processo buscou e busca dar visibilidade e trazer justiça às vio-lações sistemáticas de direitos humanos que ocorreram no país.

O direito à memória nasce na esfera pública com o propósito de atender à necessidade de res-gatar e preservar a história deste e outros períodos de mobilizações populares e resistências políticas a partir das memórias individuais e coletivas de sua população. A memória se torna um direito, na medida em que estabelece garantias aos cidadãos, como o acesso à informação e aos arquivos públicos e históricos, a preservação destes acervos pessoais e públicos e a difusão des-sa história enquanto atividade política e de expressão cultural.

Neste sentido, o componente político e simbólico do direito à memória é o de garantir que pes-soas e grupos sociais possam livremente exercer o ato de lembrar o passado, dar-lhe significado e partilhar este passado de diversas formas e com diversos grupos de maneira plena. Cabe ao

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Do direito à memória

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PARTE I . 2

Estado democrático, o dever de garantir condições para que este direi-to possa de fato ser exercido de forma autônoma, livre, por qualquer grupo social e em qualquer localidade.

É a partir deste contexto, e considerando o desenvolvimento de uma política pública do direito à memória, que surge o Plano de Memórias e Histórias das Favelas. O presente documento, construído e pauta-do no diálogo e participação com diferentes grupos de diversas fave-las do município do Rio de Janeiro, tem o potencial de materializar o exercício de um direito – o direito de moradores e cidadãos da cidade de resgatar e reconhecer as memórias e histórias das favelas cariocas, muitas das quais foram silenciadas.

Por meio do trabalho das equipes de gestão do Programa Territórios da Paz da SEASDH foi possível identificar a insatisfação constante em relação à forma como as histórias oficiais dessas localidades foram marcadas pela memória da violência, da criminalização da pobreza e desprovidas de narrativas próprias, fazendo que populações destas fa-velas se sentissem significativamente violadas.

Eleger o que contar e como relembrar é, assim, um gesto político dian-te de um processo que, muitas vezes, foi atravessado por ações de expulsão e reassentamento destas favelas. Diversos locais e monu-mentos se tornaram o símbolo destas disputas históricas. São espaços

e moradores que reconstroem a memória local em uma perspectiva que amplia os olhares e saberes sobre o desenvolvimento de favelas, valori-zando os diferentes grupos e vozes que contam a história local.

O acesso à fala de moradores pioneiros no processo de organização e construção das favelas, relatando o cotidiano local, as lutas por melhorias sociais, as manifestações culturais e religiosas, os processos de produção de trabalho, a culinária e a arquitetura desses locais, precisa fazer parte do conjunto de prioridades de órgãos governamentais e privados, que visam garantir o direito à memória. Isto é, preservar e difundir as histórias de moradores e movimentos sociais que, durante décadas, lutaram para a resistência das favelas. A preocupação, de acordo com moradores, é ainda maior quando se pensa na história que se quer contar para as ge-rações futuras já que, na perspectiva destes atores sociais, os jovens pre-cisam obter consciência histórica, como seus avôs, avós, pais e vizinhos.

O resgate da memória social deve promover a legitimação dos processos constituintes das favelas enquanto regiões políticas, culturais e sociais autônomas e integrantes da cidade. A autonomia de moradores de fa-velas enquanto cidadãos, no exercício pleno de seu direito às memórias que lhes são concernentes, também se apresenta dentro de uma propos-ta inovadora, posto que são os próprios moradores os protagonistas das narrativas sobre a história e a memória de sua localidade.

3.1. Identificação e Registro

Incentivo e apoio à identificação, reunião e/ou registro de material documental, entendido como unidade de registro de informações, qualquer que seja o suporte ou formato².

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A seguir apresentam-se as diretrizes do Plano de Histórias e Memórias das Favelas, discriminadas por áreas de ação com seus respectivos objetivos estratégicos.

O imperativo metodológico do Plano é de que todas as ações deste devem ser desenvolvidas com o protagonismo comunitário, ou seja, devem ser feitas com a participação e execução dos próprios moradores das favelas aqui envolvidas.Diretrizes

Objetivos estratégicos:

Estimular a realização de oficinas de capacitação que oriente o trabalho de identifi-cação e registro de material documental de cunho histórico e/ou memorialístico sobre as memórias e/ou histórias das favelas;

Incentivar a Identificação e Registro de material documental de cunho histórico e/ou memorialístico existente nas favelas;

Estimular a identificação e registro de experiências e/ou iniciativas locais de cunho histórico e/ou memorialístico existentes nas favelas;

Apoiar o funcionamento de espaços físicos ou virtuais que atuem no registro de mate-rial documental de cunho histórico e/ou memorialístico existentes nas favelas;

Estimular a realização de pesquisas realizadas com os moradores sobre as histórias e/ou memórias das favelas;

Estimular a identificação e registo das histórias e memórias das favelas através da história oral;

Apoiar a identificação e registro de publicações de autores locais sobre histórias e/ou memórias das favelas;

Estimular a identificação de músicas de compositores locais que tenham relação com a memória e/ou a histórica das favelas;

Apoiar a identificação dos lugares de memória³ nas favelas; Apoiar a identificação das datas comemorativas nas favelas que se relacionem com a

história e a memória destes locais.

2. Referência: Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística. Disponível em: http://www.arquivonacional.gov.br/Media/Dicion%20Term%20Arquiv.pdf. Acesso: 11 jun. 2013.

3. O conceito de Lugares de Memória foi cunhado pelo historiador francês Pierre Nora e se refere a lugares materiais, ima-teriais e simbólicos, que possuem uma vontade de memória, ou seja, uma in-tenção memorialista, contribuindo para a identidade e pertencimento desses gru-pos.

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Objetivos estratégicos:

Estimular a capacitação de atores locais através de oficinas para o tratamento de ma-terial documental de cunho histórico e/ou memorialístico sobre as memórias e histórias das favelas;

Incentivar a preservação, organização, guarda e manutenção de material documental de cunho histórico e/ou memorialístico existentes nas favelas em seu local de origem, salvo interesse dos moradores de que este se apresente em um distinto espaço;

Incentivar a construção de espaços físicos nas favelas e/ou espaço virtual para a guar-da de material documental de cunho histórico e/ou memorialístico sobre as memórias e histórias das favelas;

Estimular parcerias que apoiem técnica e financeiramente moradores e/ou locais re-sponsáveis pela guarda de material documental de cunho histórico e/ou memorialístico sobre as favelas;

Incentivar a preservação e manutenção dos lugares de memória das favelas; Estimular a salvaguarda de práticas culturais diversas de moradores que busquem

resgatar e preservar histórias e memórias das favelas.

3.3. Promoção e Difusão

Incentivo e apoio à promoção e difusão de material documental.

Objetivos estratégicos:

Estimular a capacitação dos atores locais sobre como promover a difusão e promoção do trabalho de resgate e preservação das histórias e memórias das favelas;

Apoiar a difusão de material documental de cunho histórico e memorialístico existen-te nas favelas;

Estimular parcerias que apoiem a publicação de obras de autores locais sobre históri-as e memórias das favelas, bem como a difusão de músicas dos compositores locais;

Incentivar a produção de livros, revistas e gibis, em formatos diversos, de autores locais, com as histórias e memórias dos moradores de favelas, bem como estimular a sua distribuição nas escolas localizadas nas favelas e/ou no seu entorno;

Estimular a promoção de ações educativas nas escolas a partir do material produzido sobre as histórias e memórias das favelas, a fim de garantir a difusão do trabalho feito e garantir que o ensino se aproxime da realidade local;

Estimular, apoiar e difundir eventos culturais das favelas, e entre elas, que tenham como característica o incentivo e a divulgação das memórias e histórias, envolvendo diversas formas de manifestações e/ou atividades comemorativas. Exemplos: oficinas, exposições, grafites, shows, apresentações teatrais e musicais, concursos, transmissão e/ou contação de histórias, poesia, fotografias, filmes, dentro e fora dos territórios;

Incentivar a promoção de espaços de diálogo e integração das distintas favelas na construção e registro das memórias e histórias da cidade do Rio de Janeiro.

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3.2. Preservação

Incentivo e apoio à preservação, organização, guarda e/ou manutenção de material docu-mental.

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PARTE I . 4

H o r i z o n t e s

Fotografias, recortes de jornais, documentos variados reunidos em di-versas casas de moradores; exposições fotográficas; rodas de conver-sas sobre as histórias e memórias locais; cuidado e preservação de locais considerados históricos; produção de filmes documentários ou simplesmente o registro em áudio e vídeo de depoimentos de mora-dores sobre a história local; registro fotográfico; apresentações musi-cais; composição de músicas e poesias; realização de peças de teatro; produção de livros e pesquisas. Essas e outras inciativas já acontecem nas favelas envolvidas na elaboração do Plano de Histórias e Memó-rias das Favelas. Moradores e parceiros locais trabalham duro há anos, muitas vezes sem qualquer tipo de apoio, para transformarem seus desejos de resgatar, preservar e contar histórias e memórias locais em realidade. O presente Plano é publicado com a intenção de dar visibi-lidade a essas iniciativas e apontar diretrizes que possam orientar a continuidade desse trabalho em cada uma dessas favelas, respeitando a particularidade e desejo de cada local.

O Plano de Histórias e Memórias das Favelas materializa mais de um ano de trabalho entre equipes de gestão social do programa Territórios da Paz da SEASDH e moradores das dez favelas participantes, já apre-sentadas aqui. Desde o início, a construção do Plano ocorreu de forma

dialógica, com igual participação dos representantes de todas as favelas envolvidas.

O Plano expressa, assim, o desejo desses moradores em resgatar e pre-servar as memórias e histórias das favelas onde vivem. A SEASDH, ao pu-blicar e apoiar a execução das suas primeiras atividades do Plano, busca garantir o direito à memória dessas favelas, através do estímulo ao resga-te e preservação das histórias e memórias destes locais. A continuidade da execução, entretanto, vai depender de uma junção de esforços: de instituições públicas e privadas, espera-se o apoio e incentivo às dire-trizes aqui apresentadas, através principalmente do patrocínio às ações previstas; dos moradores das favelas envolvidas no Plano, o compromis-so de protagonizar o desenvolvimento do trabalho de forma a garantir o resgate, preservação e difusão das memórias e histórias destes lugares.

Espera-se ainda que a publicação e execução do Plano contribua para o estímulo ao debate sobre a importância e potencialidades do trabalho de resgate, preservação e promoção das memórias e histórias das fave-las. Tornar essas histórias conhecidas, produzir novas versões a partir de relatos dos moradores, é uma forma de contribuir para a construção de identidades, individuais e coletivas, e de registrar experiências cul-turais diversas.

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PARTE II.1 BREVE HISTÓRICO DAS FAVELAS PARTICIPANTES

1. Breve histórico das favelas participantes

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A comunidade do Batan está localizada no bairro de Realengo, às margens da Avenida Brasil. Existe há aproximadamente 70 anos e seu nome deriva da árvore Ubatan ou Uruba-tã que existia na localidade. O território teve sua ocupação alavancada no final da década de 1970 e início da década de 1980, quando vários terrenos desocupados do loteamento foram invadidos. A história da ocupação da

comunidade está interligada à construção da Avenida Brasil e a consequente expansão da ocupação da zona oeste com a implantação desta importante via da cidade do Rio de Ja-neiro. O perímetro de atuação da UPP Batan abrange outras comunidades como Morrinho, Jardim Batan, Cristalina, Vila Jurema, Ipês e Fu-macê, todas conectadas à Avenida Brasil.

PARTE II . 1

Batan

I Encontro Memória Batan. 2012. Foto: Cíntia Nascimento.

Antigos moradores do Batan. Décadas de 1960 e 1970. Acervo da família residente na Rua Maragogipe.

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O Complexo do Andaraí e Grajaú compreende seis comu-nidades localizadas nos bairros de mesmo nome. São elas: Morro do Andaraí, Jamelão, Juscelino Kubitschek ou Caça-pava, João Paulo II ou Sá Viana, Nova Divinéia e Vila Rica ou Borda do Mato. Não existe consenso sobre o número de habitantes da região e as diferentes estimativas vão de 15 mil até 30 mil habitantes. Sabe-se que o bairro herdou seu nome da expressão “Andirá-y”, proveniente da língua falada pelos índios Tamoios, que habitavam a área, e que significa-

ria “Rio dos Morcegos” (o atual Rio Joana). Nos séculos XVII e XVIII foram desenvolvidas atividades agrícolas de cana--de-açúcar e café, especialmente onde hoje se encontra a comunidade Borda do Mato, na qual ainda podem ser vistas ruínas de uma fazenda cafeeira. O povoamento das encos-tas dos morros teve início nos primeiros anos do século XX com a formação da comunidade Arrelia (hoje considerada uma subdivisão do Morro do Andaraí), provavelmente a pri-meira favela a existir na zona norte da cidade.

BREVE HISTÓRIcO DAS FAVELAS PARTIcIPANTES

Complexo do Andaraí e Grajaú

Entrada do Morro do Andaraí. 1983. Foto: Darcy Silvério.

Lideranças comunitárias do passado e do presente do Complexo do Andaraí e Grajaú. 2012. Foto: Raquel Brum.

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O complexo inclui as favelas São Carlos, Minei-ra, Zinco, Querosene, Prazeres, Escondidinho, Coroa, Fallet e Fogueteiro, compreendendo os bairros do Estácio, Catumbi, Rio Comprido e Santa Teresa. Está situado na região central e norte do Rio de Janeiro.

De acordo com moradores do Fallet, é preciso esclarecer o equívoco quanto à denominação de favela para sua comunidade, acirrada com a chegada do tráfico nos anos 1980-90. Inicial-mente, o Fallet era um loteamento no bairro de Santa Teresa, datado de 1922, cujos primeiros moradores foram imigrantes europeus. No clu-be havia, semanalmente, bailes de gala. Além disso, o Fallet destacou-se tanto nos esportes (time campeão de basquete) quanto na arte e cultura, com seu bloco carnavalesco, vence-dor de vários títulos. A região do Fogueteiro ficou assim conhecida pelo casal, Seu Zé Galo e Dona Katita, que fabricava e vendia fogos de artifício.

O latifúndio onde hoje se localizam parte do Fallet, e a totalidade dos Prazeres e Escondi-dinho pertenceu, até o final do século XIX, a Manuel de Valadão Pimentel, médico e diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Fe-deral do Rio de Janeiro (UFRJ), que recebeu o título de Barão de Petrópolis, da Imperial Or-

dem de Cristo, o qual batiza a principal via de acesso por aquele quadrante de Santa Teresa. Nos Prazeres, uma grande massa migratória de pernambucanos construíram suas primeiras casas perto da antiga Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, posteriormente demolida.

O Escondidinho teria se originado em 1940 como um antigo Quilombo, que refugiou di-

PARTE II . 1

Complexo do São Carlos e Santa Teresa

versos escravos fugidos das fazendas de cana e café, principalmente de Santa Teresa. Devido a sua difícil localização, em função da mata fe-chada, ficou por anos, anônimo. Posteriormen-te, circularam lendas sobre o antigo quilombo, “muito escondidinho de todos”.

O morro da Coroa começou a ser ocupado em 1946. Há três versões para o seu nome: a de que a região fora um haras para os cavalariços da coroa, durante o período imperial; ou devi-do ao antigo campo de futebol localizado no seu topo, e em virtude ao formato arredonda-do do seu topo.

O morro do São Carlos, no bairro do Estácio, é considerado o berço da boemia carioca, com a criação da primeira escola de samba da cida-de, a Deixa Falar, pelo compositor Ismael Sil-va, em 12 de agosto de 1928, que, em 2013, completaria 85 anos. A versão mais conheci-da para a sua história é a de que fazia parte de um conjunto de terras arrendadas por um fazendeiro, cujo tataraneto começou a vender lotes para imigrantes. O nome São Carlos teria se fixado devido à rua de mesmo nome, que corta a comunidade ao meio em quase toda a extensão. Além de Ismael Silva, lá habitaram Gonzaguinha, Luiz Melodia, Dominguinhos do Estácio e Madame Satã. Hoje a grande perso-

Vista parcial do Fallet. 1995. Foto: Waldir Carneiro (Saci).

Grupo de Trabalho Memórias do Fallet. 2013. Foto: Silvana Bagno.

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Localizado no Centro e na Zona Norte da cidade, especificamente nos bairros do Rio Comprido e Tijuca, o Complexo do Turano compreende uma população de mais de 10 mil habitantes. Parte da re-gião que hoje compreende tal conjunto de comunidades começou a ser ocupa-da em meados dos anos 1930 por Emílio Turano, que se dizia dono dessas terras. Os novos moradores que chegavam à re-gião pagavam ao mesmo uma taxa para ocupar o local. Na tentativa de não pagar mais as taxas abusivas cobradas por Emí-lio Turano, os moradores foram ocupando uma nova área, que hoje corresponde ao morro da Liberdade, e iniciaram uma luta para comprovar a ilegalidade da proprie-dade por Turano. Com o apoio político e jurídico na época, os moradores conse-

BREVE HISTÓRIcO DAS FAVELAS PARTIcIPANTES

guiram a vitória no caso e o morro foi então batizado como Liberdade. Nos anos seguintes, a ocupação da região cresceu, dando origem a outras comunidades do Complexo, como o Rodo, Sumaré, Matinha, Bispo, Chacrinha e Pantanal.

Complexo do Turanonalidade viva é o músico Zeca da Cuíca. E, no Bairro do São José Operário, Zinco, havia uma igreja Católica onde o padre Mário abrigava os resistentes da ditadura militar, nos anos 1960-70. Um grupo de 31 voluntários construiu a rua, antes de barro vermelho. A região do Que-rosene foi assim chamada, pois, na ausência de luz elétrica, os moradores precisavam cir-cular com lamparinas a querosene.

Localizado no Catumbi, o morro da Mineira tem em seu nome a homenagem a uma ilustre moradora da área chamada Maria da Silva Dias César, nascida no município de Alto Jequitibá (MG). Aportando na comunidade em 1950, ela dominava o ofício de parteira, profissão a qual se dedicou com afinco, pois sua cidade natal carecia de serviços médicos básicos. A história se repetiu quando se mudou para o Rio, já que era a única parteira da comunidade, ganhando o respeito e admiração de todos. De suas mãos nasceram dezenas de crianças, cujos pais não tinham condições de acesso aos hospitais.

Futebol na Quadra Vista Alegre, na Raia. Sem data. Autor desconhecido

Vista parcial do Turano. 2013. Foto: Fabrízia Amaral.

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O topônimo Ladeira dos Tabajaras tem sua ori-gem a partir do etnônimo “tabajaras”, relativo a um grupo indígena oriundo do Ceará que se instalou nas imediações da via que liga o bair-ro de Botafogo a Copacabana. Com a expansão urbana do século XIX no Rio de Janeiro, a atual Ladeira dos Tabajaras constituía-se numa via de atalho entre o Jardim Botânico e Copacaba-

PARTE II . 1

Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritosna. O caminho ganhou notoriedade durante o século XIX pela possibilidade de se observar de forma panorâmica, toda a porção inicial da baía de Guanabara, além de se poder observar, a partir de um ângulo panorâmico, o Corcova-do, o Pão de Açúcar e as praias litorâneas de Niterói. Há relatos de que o próprio D. Pedro II utilizava-se frequentemente deste atalho, já que em local conhecido como Cocheira, o imperador descansava durante a travessia do íngreme percurso.

Ao longo do século XX, a proto-urbanização da encosta expandiu-se, sobretudo para a re-gião conhecida como Morro dos Cabritos, de-nominação referente à criação extensiva de caprinos pela população local. Essa expansão urbana pautou-se em construções irregulares e precárias do ponto de vista técnico. A partir da segunda metade do século XX, sobretudo nas décadas de 1970 e 1980, a região regis-trou uma série de deslizamentos de terra, pro-vocando mortes por soterramento. Segundo dados oficiais, as duas comunidades possuem cerca de 4.200 habitantes.

Expedição das equipes Territórios da Paz e INEPAC na Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos. 2012. Foto: Weder Ferreira

Expedição ao Rio de Janeiro, com vista para a Ladeira dos Tabajaras. Início do século XX. Foto: Marc Ferez

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O Morro da Formiga, situado no bairro da Ti-juca, zona norte da cidade, possui atualmente cerca de 7 mil habitantes. Por volta de 1911, foi ocupado por imigrantes portugueses e alemães. A ocupação se intensificou entre as décadas de 1940 a 1960, a partir de um lotea-mento que se estendeu pelas encostas. Nesse período, deu-se início à urbanização do mor-ro. Os trabalhadores, encantados com o lugar, decidiram fixar residência e foram repreendi-dos pela polícia, que passou a demolir seus barracos. Esse conflito perdurou até os traba-lhadores terem a ideia de construir as casas e imediatamente ocuparem-nas. Assim, iniciou a história de luta e resistência dos moradores do Morro da Formiga, o qual já foi cenário de

BREVE HISTÓRIcO DAS FAVELAS PARTIcIPANTES

Morro da Formiga

muita peleja e conquista. Essa comunidade é originalmente (escritura dos lotes) conhecida como Morro da Cascata, possivelmente em função da presença do Rio Cascata. Conforme relato de um morador antigo da comunidade, o nome Formiga surgiu quando abriram as ruas 2 e 3, que com o remexer da terra surgiram muitas formigas cabeçudas, formando montes de formigueiros. Então, o grupo de especialistas, enviado pela prefeitura para combatê-las, ao se encaminhar para o local dizia que ia para o “morro das formigas”.

Morro da Formiga. 1971. Foto: Gilmar (Arquivo Nacional, acervo Correio da Manhã)

Caminhada Ecológica no Morro da Formiga. 2013. Foto: Fabrízia Amaral

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O Morro do Vidigal ganhou esse nome em re-ferência ao ex-comandante da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro, no século XIX, o major Miguel Nunes Vidigal, que devido aos seus serviços, recebeu de presente dos mon-ges beneditinos, em 1820, um terreno ao pé do Morro Dois Irmãos, o qual foi ocupado por barracos a partir de 1940, dando origem à atual favela. O caso do Vidigal se tornou um marco na resistência à remoção de favelas, quando em 1970, em plena ditadura militar, a associação de moradores, com o apoio dos advogados da Pastoral de Favelas, entre eles os juristas Sobral Pinto e Bento Rubião, con-seguiu evitar que os barracos da atual comu-nidade 314 fossem destruídos para dar lugar à construções de luxo. A comoção e apoio político deram origem, em 1978, à assinatura pelo Governador Chagas Freitas, do decreto de desapropriação da área para fins sociais. Tal fato é sempre lembrado como emblemáti-co, inclusive, pela visita do Papa João Paulo II, em 1980, quando o mesmo presenteou a co-munidade com seu anel, simbolizando a resis-tência dos moradores que se negaram a serem removidos da comunidade que construíram.

A Chácara do Céu, conforme depoimentos de moradores, nasceu nos anos de 1950, a partir de uma antiga chácara escondida no alto do

PARTE II . 1

Morro do Vidigal e Chácara do Céu

morro e praticamente isolada. Nela vendiam--se frutas e legumes para os bairros vizinhos e tinha acesso restrito por trilhas no meio do mato. O clima de tranquilidade e a vista es-petacular serviram como inspiração para os primeiros moradores que – sem saber – bati-zaram a comunidade com este nome. Há certa discussão, sobre esta ter sido um quilombo, mas os próprios moradores estão tentando se certificar do processo.

Vista de parte do Morro do Vidigal. Sem data. Foto: Felipe Paiva

Localidade conhecida como Pedrinha. Sem data. Foto: Felipe Paiva.

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BREVE HISTÓRIcO DAS FAVELAS PARTIcIPANTES

Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira

Babilônia e Chapéu Mangueira, comunidades do bairro do Leme, zona sul da cidade, pos-suem cerca de 5 mil habitantes e comemoram, entre os anos de 2013 e 2014, o seu centená-rio de ocupação. Tal conquista dos moradores se deu, na Babilônia, em sua parte mais ele-vada para, em seguida, se espraiar pelas de-mais regiões; no Chapéu Mangueira ocorreu o oposto. De acordo com relatos dos moradores, os primeiros habitantes firmaram residência para facilitar o acesso a seus locais de traba-lho. Eram militares que atuavam no Forte do Leme e operários da construção do Túnel do bairro. As famílias que ali residem são oriun-das, principalmente, dos estados de Minas Ge-rais, Ceará, Pernambuco, Paraíba e do próprio Rio de Janeiro.

As comunidades têm formações históricas di-ferentes. Na Babilônia havia a presença cons-tante do Exército, por meio da delimitação do território e do controle do fluxo de pessoas, relação que teria se intensificado durante os anos de ditadura militar. Já no Chapéu Man-gueira, a ação do exército não era explícita, talvez porque parte da comunidade localiza-va-se em propriedade privada. Assim, de acor-do com relatos, os moradores eram ligados a movimentos de esquerda; fato que, provavel-mente, influenciou no seu engajamento atra-vés de mutirões que construíram a Associação de Moradores, o Posto de Saúde, a Creche, en-tre outros equipamentos.

Sobre a origem dos seus nomes, supõe-se que a Babilônia teria sido batizada em função da riqueza da flora local, tal como os Jardins Sus-pensos da Babilônia. A região abrigou a família do paisagista Roberto Burle Marx e dizem que muitas das espécies vegetais de seus jardins foram coletadas no terreno de sua chácara, hoje Área de Proteção Ambiental. Já o nome do Chapéu Mangueira teria surgido por conta de uma placa fixada na entrada do morro com seguintes dizeres: “Em breve neste local, Fá-brica de Chapéus Mangueira”.

Vista aérea do Morro. Sem data. Foto: Genilson Araújo

Mutirão de Construção no Chapéu Mangueira. Sem data. Acervo da Associação dos Moradores do Chapéu

Mangueira

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A Rocinha se localiza no Morro dos Dois Ir-mãos, entre os bairros de São Conrado e Gá-vea, na zona sul da cidade. De acordo com o censo demográfico do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) realizado entre 2009-2010, a Rocinha é a favela mais populosa do país, com mais de 100 mil habitantes vivendo em mais de 23.350 domicílios. Segundo his-tórias contadas por pessoas que residiram e residem na Rocinha, a comunidade recebeu seus primeiros habitantes logo após a II Guer-ra Mundial, vindos de Portugal, França e Itália. Eles viviam, basicamente, da agricultura, pos-

PARTE II . 1

Rocinha

suíam pequenas roças e vendiam suas produ-ções na região vizinha, dando origem ao nome Rocinha. A partir da década de 50, com os pro-cessos de reurbanização e remoção de favelas em regiões na zona sul na cidade, e com a imi-gração de famílias nordestinas, bem como de mineiros e baianos, para a cidade, a Rocinha se torna uma grande favela, não só em termos de população como na oferta de serviços e vida social na comunidade.

Na década de 1960, são fundadas a União Pró-Melhoramentos dos Moradores da Roci-nha (UPMMR) e a Ação Social Padre Anchieta

(ASPA) como instituições de representação de moradores. Logo em seguida, com a expansão e novos sub-bairros, foram criadas a Associa-ção de Moradores e Amigos do Bairro Bar-cellos (AMABB) e a Associação de Moradores e Amigos da Vila Laboriaux. Naquele período, uma das formas que os moradores da Roci-nha encontraram para resistir às remoções foi se mobilizar e se organizar em mutirões para limpezas de valas, tendo como órgão estimu-lador a Capela N. S. Aparecida, no Largo do Boiadeiro.

Na década de 1970, surgem discussões de gru-pos organizados, visando o desenvolvimento social da comunidade, onde são reivindicados perante o poder público, o acesso à saúde, à educação, ao fornecimento regular da água, luz e saneamento básico. Na década de 80, surgem as escolas, creches e centros comuni-tários, como o Centro de Saúde Albert Sabin, o Núcleo da CEDAE e a Região Administrativa. E a partir das obras do PAC em 2007, grandes in-vestimentos e obras de infraestrutura passam a compor este universo, alterando significati-vamente o cenário da favela atualmente.

Rocinha. 2012. Acervo Jornal O Globo

Vista parcial da Rocinha. 2012. Foto: Simone Pitta

BREVE HISTÓRIcO DAS FAVELAS PARTIcIPANTES

Santa Marta

Santa Marta ou Dona Marta? Um padre de nome Clemente tornou-se proprietário das terras onde hoje se encontra o bairro de Bota-fogo, zona sul da cidade, e batizou um de seus morros de Dona Marta, em homenagem a sua mãe. A encosta, que ficou conhecida por esse nome na década de 20, pertencia ao Colégio Santo Inácio. Os primeiros moradores que ali se instalaram haviam sido abrigados pelo Pa-dre José Maria Natuzzi e contratados para tra-balhar na ampliação da igreja desse colégio. Eram famílias vindas do estado de Minas Ge-rais e norte fluminense, que habitaram inicial-mente a parte mais alta e mais recolhida do morro, longe da vigilância florestal.

A ocupação foi se dando de cima para baixo com barracos de madeira, barro ou estuque. As residências eram mais amplas, com quintal e área externa. Atualmente a favela comporta cerca de 1.400 domicílios e 5.000 moradores. Santa Marta é considerada a padroeira do Mor-ro e sua imagem teria sido levada ao Pico em seus primórdios, na década de 30. Mais tarde, foi construída uma igreja para abrigá-la.

Simply by not owning three medium-sized castles in Tuscany I have saved enough money in the last

medium-sized castle in Tuscany.

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Campeonato União do Santa Marta. 2005. Foto: Tandy Firmino

Imagem da área do Pico. 2012. Foto: Mariana Adão

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MEMÓRIAS DA CONSTRUçãO DO PLANO POR LOCALIDADE

1. Breve histórico das favelas participantes

PARTE II.2

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PARTE II . 2

Chá da Memória Batan e Fumacê. 2013. Foto: Renata Brum.

MEMÓRIAS DA cONSTRuÇÃO DO PLANO POR LOcALIDADE

Chá da Memória Batan e Fumacê. 2013. Foto: Cíntia Nascimento

Batan

No Batan, a demanda por iniciativas promotoras de atividades de preservação e divulgação das histórias e memórias locais surgiu nas reuniões do café comunitário, a partir de discussões sobre a necessidade da criação de espaços culturais na comunidade. Os participantes abordaram a importância de reunir os relatos de moradores antigos em uma publicação porque não há registros sobre a memória do Batan. Contudo, seria fundamental que eles próprios contassem suas histórias, seus olhares sobre os diferentes momentos da comunidade, destacando a construção da Avenida Brasil. Foi realizado um encontro com lideranças e moradores, que levaram recortes de jornais e fotografias antigas, como um primeiro movimento de criação do acervo para contar a história da comunidade. Uma parceria com o Projeto Bairro Educador, da Secretaria Municipal de Educação, levou o tema para as escolas e alguns professores promoveram atividades sobre a memória local nas salas de aula.

Equipe de gestão:Cintia Nascimento de Oliveira Conceição – Gestora SocialRenata da Silva Brum – Assistente de Gestão

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PARTE II . 2

Desde a entrada em campo, da Equipe de Gestão do Programa Territórios da Paz no Complexo do Andaraí e Grajaú, puderam ser observadas demandas em relação à preservação e divulgação da história local. Realizou-se, então, um mapeamento dos moradores que tinham tal interesse e/ou já realizavam algum tipo de trabalho nesse sentido. Em maio de 2012, ocorreu o primeiro encontro “Café com memória”, na comunidade Juscelino Kubitschek, no Grajaú. Estiveram presentes alguns moradores e representantes de instituições que atuam na região, os quais discutiram a importância do resgate das histórias e memórias do Complexo na ressignificação dos vínculos entre as comunidades que o compõem. Foi formada uma comissão que esteve presente no 1º Encontro Intercomunitário, realizado na SEASDH também em maio. No mês de julho, organizou-se o segundo “Café com memória”, na comunidade Borda do Mato, o qual já contou com aproximadamente 50 pessoas, todas discutindo como deveria ocorrer o processo de preservação e divulgação histórica. Uma nova comissão participou do 2º Encontro Intercomunitário realizado na SEASDH em 2013.

Equipe de gestão:Raquel Brum Fernandes da Silveira – Gestora SocialIsabelle Furtado de Moura – Assistente de Gestão

Grupo de Trabalho Café com Memória. 2012. Foto: Raquel Brum

Complexo do Andaraí e Grajaú

Equipe de gestão Territórios da Paz e grupo FelizIdade. 2012. Foto: Ana Barros.

MEMÓRIAS DA cONSTRuÇÃO DO PLANO POR LOcALIDADE

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PARTE II . 2

Grupo de Trabalho Memórias do Complexo do São Carlos e de Santa Teresa. 2012. Foto: Silvana Bagno

Nos momentos iniciais de sua gestão em território, a equipe fez um levantamento acerca das principais demandas, em reuniões com moradores locais. O desejo de preservação e divulgação da história e das memórias de sua comunidade foi sinalizado por lideranças, jovens e idosos. Nos Prazeres, a intenção é de produzir um catálogo e exposição de fotos e um documentário sobre as histórias e memórias de sua comunidade. Jovens da Coroa desejam documentar as memórias dos ancestrais da sua comunidade e fazer uma exposição permanente, nos becos, da árvore genealógica dos moradores, com dados de identificação e fotos. No Zinco, há o desejo de encontros intergeracionais entre avós e netos, compartilhando as memórias dos mais velhos e confeccionando um livro e exposições com essas memórias. No Fallet, há o desejo pelo resgate dos tempos áureos da localidade, em termos socioculturais e esportivos. O Fogueteiro deseja transmitir suas memórias através de um documentário com os idosos e primeiros habitantes. O Morro do São Carlos, sua tradição cultural e musical.

Equipe de gestão:Silvana Bagno – Gestora SocialCíntia Aparecida Pereira Guimarães – Assistente de GestãoFernando Capitulino da Silva – Assistente de Gestão

Complexo do São Carlos e Santa Teresa

Grupo Orun Mila no Santa Música Faz, na Mineira. 2012. Foto: Vanessa Nolasco

MEMÓRIAS DA cONSTRuÇÃO DO PLANO POR LOcALIDADE

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PARTE II . 2

Em janeiro de 2012, a equipe do Programa de Gestão Social em Territórios Pacificados – Ter-ritórios da Paz para as áreas do Turano e Pau-la Ramos deu início às atividades em campo. Como uma das primeiras etapas do trabalho, a equipe desenvolveu um diagnóstico social amplo, buscando identificar os principais pro-blemas, desejos, potencialidades locais, a fim de, a partir desse documento, construir um plano de atuação para o território. Como parte desse diagnóstico, identificou-se no Turano o desejo de alguns atores locais de desenvol-ver um projeto que preservasse a memória da favela do Turano. As motivações que levaram os moradores a solicitar que uma ação desse tipo fosse desenvolvida no Turano foram: con-tar uma história positiva do morro, diferente da história do tráfico de drogas e da violência que normalmente foi e ainda é noticiada pela

III Mostra Cultural Turano, na Raia. 2013. Foto: Fabrízia Amaral

Complexo do Turano

mídia; mostrar os aspectos positivos de viver no morro, suas histórias e belezas naturais; fa-zer com que a comunidade sinta orgulho de viver no local onde vive. Deve-se destacar que ações no campo da memória já haviam sido realizadas no Turano por diferentes pessoas, como a tentativa de realizar um filme sobre a história da favela. Contudo, nem todas as ações iniciadas tiveram continuidade. É nesse contexto que surgem as demandas de mora-dores e atores locais por ações no campo da memória.

Em maio de 2012, realizou-se no Turano o pri-meiro encontro do Grupo de Trabalho Memó-rias do Turano. A atividade tinha o objetivo de identificar as demandas específicas dos mora-dores no campo da memória, assim como pro-mover um espaço de diálogo e articulação dos

diferentes atores que tinham ou desejavam promover ações de preservação da memória e história local. O grupo se reuniu novamente e desde então não parou mais. Os moradores decidiram continuar organizados em torno do GT para poder desenvolver trabalhos no cam-po da memória. Foi assim que o GT promoveu três mostras culturais no Turano, em diferen-tes comunidades, com o objetivo de promover um dia de lazer e discussão sobre a história do local, assim como divulgar o trabalho do grupo e sensibilizar os moradores a aderirem à incia-tiva. Até maio de 2013, o GT Memórias do Tu-rano já havia se reunido 36 vezes. Atualmente, o grupo está dividido em comissões, cada uma delas cuidado de uma atividade específica.Equipe de gestão: Marco Antonio dos Santos TeixeiraGestor SocialFabrízia Clécia do Amaral – Assistente de Gestão

12ª Reunião do Grupo de Trabalho Memórias do Turano. 2012. Foto: Nyeta Magalhães

MEMÓRIAS DA cONSTRuÇÃO DO PLANO POR LOcALIDADE

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PARTE II . 2

Expedição das equipes Territórios da Paz e INEPAC na Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos. 2012. Foto: Antonio Soares

As demandas relativas à questão da história e da memória nas favelas da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos surgiram no contexto dos fóruns comunitários realizados junto à associação de moradores. Ao identificar junto com a população local, a existência de áreas que foram no passado regiões quilombolas, realizou-se a identificação das mesmas. Na sequência, realizamos uma série de reuniões com membros do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Cultura (SECULT). Desses encontros, resultou uma visita em campo, para identificar supostos vestígios das antigas ocupações quilombolas. Além desta ação, coletamos os nomes das pessoas mais antigas das comunidades, a fim de realizar com elas, o Café com História. Além disso, foi distribuído para as associações de moradores, um relatório contendo um esboço histórico da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos.

Equipe de gestão:Weder Ferreira da Silva – Gestor SocialGloria Maria de Moraes Rego Fairbairn – Assistente de Gestão

Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos

MEMÓRIAS DA cONSTRuÇÃO DO PLANO POR LOcALIDADE

Debate sobre a Proposta do Projeto Memórias. 2012. Foto: Weder Ferreira.

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PARTE II . 2

Na Formiga, diferente das demais comunida-des, a demanda pelo resgate e divulgação da história e memória do morro surgiu no âmbito institucional, cinco meses após a entrada da equipe em campo. Assim, em junho de 2012, a equipe de gestão do programa Territórios da Paz participou de uma reunião, juntamente com as equipes de Matriciamento da Coorde-nadoria Geral de Saúde da Área Programática 2.2 (CAP 2.2) e de Estratégia de Saúde da Fa-mília do Centro Municipal de Saúde Prof. Jú-lio Barbosa (antigo CEMASI), onde a equipe da CAP citou o Encontro de Memória do Andaraí

II Café Memória da Formiga. 2012. Foto: Ana Barros

Morro da Formiga

I Café Memória da Formiga. 2012. Foto: Ana Barros

MEMÓRIAS DA cONSTRuÇÃO DO PLANO POR LOcALIDADE

como uma estratégia positiva a ser replicada na Formiga, visando à garantia da atenção in-tegral em saúde, de modo a considerar não só o contexto socioeconômico, mas, também o aspecto cultural da população. A partir de en-tão, a equipe iniciou diálogos com lideranças comunitárias, com a finalidade de ratificar tal demanda comunitária e estabelecer parcerias para a realização de quatro encontros de me-mória, que envolveram cerca de oitenta pes-soas, entre moradores e representantes insti-tucionais. No mês de julho, houve dois Chás da Memória, onde foi sugerida a organização

de um terceiro encontro, em que os moradores “contassem” a história do morro. Nessa pers-pectiva, em setembro foi realizado o I Café da Memória, destinado ao registro dos relatos so-bre a história e memória da Formiga, produzi-do por dois jovens com formação em audiovi-sual e memória, cujo vídeo editado foi exibido em dezembro, no II Café da Memória.

Equipe de gestão:Ana Cláudia Borba Gonçalves Barros – Gestora SocialFabiana Braga Silva – Assistente de Gestão

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Evento da AMAR. Sem data. Foto: Felipe Paiva

A entrada em campo da Equipe de Gestão do Vidigal e Chácara do Céu ocorreu em fevereiro de 2012, concomitantemente, a uma demanda institucional. A proposta advinda do Governo do Estado era a de que a comunidade se organizasse, a fim de elaborar e apresentar um projeto que estivesse em sintonia com os objetivos da Rio+20. Com isso, após reuniões e deliberações de comissões organizadoras de tais projetos, suas ideias foram apresentadas, respeitando e valorizando as particularidades de cada território. Em tal cenário, surgiu a demanda pela valorização, preservação e divulgação da história das referidas comunidades, uma vez que a Chácara do Céu é remanescente de um quilombo e a ‘permanência’ do Vidigal é fruto de um movimento de resistência ocorrido na década de 1980. Assim, após tais reuniões da comissão organizadora da Rio+20, foi realizado um evento no dia 18 de junho de 2012 na Capela São Francisco de Assis, composto por exposição de fotos da década de 80; uma palestra abordando a história da comunidade, seguida da apresentação de cinco músicas compostas por moradores do Vidigal.

Equipe de gestão:Denise Martins da Luz – Assistente de Gestão

Morro do Vidigal e Chácara do Céu

Localidade conhecida como Pedrinha. Sem data. Foto: Felipe Paiva

MEMÓRIAS DA cONSTRuÇÃO DO PLANO POR LOcALIDADE

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PARTE II . 2

Logo após o início do trabalho, a equipe de gestão social Babilônia e Chapéu Mangueira identifi-cou, a partir de relatos de diversos moradores, o desejo de preservar e difundir a memória destas comunidades. Esta necessidade parecia estar fortemente ligada aos sentimentos de identidade e de pertencimento que, rotineiramente, eram associados ao orgulho dos muitos mutirões que fizeram nascer, resistir e reinventar estas favelas: “Não podemos deixar se perder o que construí-mos, como se tudo tivesse sido em vão”, escutamos. Um aspecto interessante destas localidades é o fato de que a preocupação com a memória não parece ser uma demanda restrita aos “mais velhos”. Há, neste grupo plural, idosos, jovens e até novos residentes. No que se refere às temáti-cas, mapeou-se um desejo de identificar, registrar, preservar e difundir saberes e acervos ligados aos movimentos sociais, às resistências, às lideranças comunitárias, aos lugares de memória, às iniciativas culturais diversas e, também, à violência. Assim se consolidou o Grupo de Memórias Babilônia e Chapéu Mangueira que, além de refletir e debater a respeito do papel social e polí-tico da memória, teve parte de seu potencial revelado no emocionante espaço dedicado a estas histórias durante o evento internacional Rio+20, em junho de 2012.

Equipe de gestão:Flora Côrtes Daemon de Souza Pinto – Gestora Social

I Encontro Local GT Memórias Babilônia e Chapéu Mangueira. 2013. Foto: Flora Daemon

Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira

III Encontro Local GT Memórias Babilônia e Chapéu Mangueira. 2013. Foto: Flora Daemon

MEMÓRIAS DA cONSTRuÇÃO DO PLANO POR LOcALIDADE

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Membros do Museu Sankofa com a equipe da Biblioteca e Parlamentares, na Semana Cultural da Rocinha. 2013. Acervo Biblioteca Parque da Rocinha

Na década de 80, surge o grupo Pró-Museu da Rocinha, formado por moradores e profissionais que atuaram na Rocinha nos segmentos da saúde, educação, cultura e meio ambiente. Com o início das obras do PAC, entre 2007 e 2008, através do Fórum Cultural da Rocinha, é lançado o Plano Cultural da Rocinha, que entre suas ações, prioriza a preservação das Memórias e Histórias dos moradores enquanto um direito. A partir desta iniciativa, se inicia uma série de atividades de promoção da memória como chá de museus, exposições de grafitti, e o lançamento de publicações pelos membros do grupo do Museu Sankofa Memória e História da Rocinha. Em 2012, a equipe da Rocinha do Programa Territórios da Paz, ao tomar conhecimento desta iniciativa, participou como convidado em duas ações realizadas pelo grupo, o Chá de Museu, com apresentação de acervos pessoais de moradores, e o lançamento do livro “Memória Feminina em três tempos”, referenciando lideranças mulheres na Rocinha através de suas biografias. Durante a Rio +20, a equipe realizou a impressão de 40 cartazes fotográficos, com fotos do trabalho do Museu, realizado no mural da “Curva do S”, que também expôs seu trabalho em uma tenda na Feira Semeando a Arte, no Complexo Esportivo, entre os dias 18 e 19 de junho. Através de reuniões do Fórum Cultural da Rocinha e com o grupo do Museu Sankofa, seus integrantes foram convidados a participar da iniciativa coletiva da SEASDH, na elaboração do Plano de Histórias e Memórias das Favelas.

Equipe de gestão:Simone Souto Pitta – Gestora SocialPricila Gonçalves de Freitas – Assistente de Gestão

Rocinha

Mural da “Curva do S”. 2011. Acervo do Museu Sankofa

MEMÓRIAS DA cONSTRuÇÃO DO PLANO POR LOcALIDADE

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PARTE II . 2

No Santa Marta o tema da memória surgiu através de diversas frentes e grupos. Dois deles, no entanto, foram responsáveis pelo “pontapé inicial”: 1) o processo de remoção realizado no ponto mais alto e antigo do morro; 2) o trabalho de turismo de base comunitária, que vem se desenvol-vendo de forma intensa. A partir de encontros pontuais que passaram a delinear tais demandas, encontros maiores passaram a ser feitos em torno do tema. O intuito dessas reuniões foi verificar com os participantes, a pertinência do tema para a comunidade, com a intenção de que, com a ratificação do coletivo, pudéssemos pensar então, em como poderíamos colocar em prática tais demandas. Ao todo, cerca de 30 a 40 pessoas se envolveram com tais conversas.

Equipe de gestão:Karina Lopes Padilha – Assistente de GestãoMariana Adão da Silva – Assistente de Gestão

Santa Marta

Família que deu origem ao Projeto Ecomuseu Nêga Vilma. Sem data.

Foto: Marcelo Terranova

Encontro de Turismo de Base Comunitária. 2013. Foto: Sheila Souza

MEMÓRIAS DA cONSTRuÇÃO DO PLANO POR LOcALIDADE

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Governador do Estado do Rio de JaneiroSérgio CabralVice-governador do Estado do Rio de JaneiroLuiz Fernando de Souza - PezãoSecretário de Estado de Assistência Social e Direitos HumanosZaqueu da Silva TeixeiraChefe de GabinetePedro Henrique Pereira PrataSubsecretário de Defesa e Promoção dos Direitos HumanosEloi Ferreira de AraújoSuperintendente de Territórios da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos HumanosWilliam Resende de Castro JúniorAssessoria de ComunicaçãoAssessora-chefe de ComunicaçãoPaula Pinto ChristóvãoRevisão e EditoraçãoDanielle RabelloFloriano RodriguesDesign EditorialMarcelo SantosEquipe da Superintendência de Territórios da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos HumanosAlvaro MacielAnne Christhine LimaFernanda Fernandes de AmurilloJulia Carvalho Silva SobreiraLucia Maria Xavier da SilvaMaria de Lourdes Fernandes dos SantosGestores e Assistentes de Gestão do Programa Territórios da Paz (Organizadores)Ana Cláudia Borba Gonçalves BarrosCíntia Aparecida Pereira GuimarãesCíntia Nascimento de Oliveira ConceiçãoClarissa Coelho FerreiraDenise Martins da LuzFabiana Braga SilvaFabio Leon MoreiraFabrízia Clécia do AmaralFernando Capitulino da SilvaFlora Côrtes Daemon de Souza PintoGloria Maria de Moraes Rego FairbairnIsabelle Furtado de MouraKarina Lopes PadilhaLivia Fortuna do ValleMarco Antonio dos Santos TeixeiraMariana Adão da SilvaNathalia Massi PiresPricila Gonçalves de FreitasRaquel Brum Fernandes da SilveiraRenata da Silva BrumSabira de Alencar CzermakSilvana BagnoSimone Souto PittaTania Albuquerque Mendes BragaVanessa Nolasco FerreiraWeder Ferreira da SilvaAutores do PlanoAbelardo Roque da Silva – morador do Complexo do TuranoAdailton Pena – morador do Morro da Coroa

Adalberto Ferreira – morador do Morro do Vidigal e Chácara do CéuAdão Rodrigues Santos – morador do Morro da CoroaAguinaldo Santos – morador do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaAlberto (Beto da Igreja) – morador do Morro do Vidigal e Chácara do CéuAlexandre Magno dos Santos – morador do Morro do QueroseneAlexandre Salgueiro – morador do Complexo do TuranoAline Fernandes – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do CéuAloísio S. Pacheco – morador do Ocidental FalletAluan Carlos Gomes – morador do Complexo do TuranoÁlvaro Maciel Júnior – morador do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaAlvimar – morador do Complexo do Andaraí e GrajaúAna Beatriz da Costa – moradora do Complexo do TuranoAna dos Santos de Souza – morador do Complexo do TuranoAnderson Costa – morador do Complexo do Andaraí e GrajaúAnderson Ribeiro Lula – morador do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaAndré Castilho Tavares Júnior – morador do Complexo do TuranoAndré Köller – morador do Morro do Vidigal e Chácara do CéuAndre Leonardo Silva de Carvalho – morador do Morro da FormigaAndré Luiz Abreu de Souza – morador do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaAndré Luiz Gomes de Araújo – morador do BatanAndré Santana – morador do Complexo do Andaraí e GrajaúAndréa Alelluia – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do CéuAndreza Gomes – moradora do Complexo do TuranoÂngela Gomes– moradora do Complexo do TuranoAntonio – morador do Complexo do Andaraí e GrajaúAntônio Carlos Firmino – morador da RocinhaAntônio José Paiva – morador do Morro do Vidigal e Chácara do CéuArmando Flávio da Silva Gamboa – morador do BatanArmindo Lobo – morador do Morro do FalletArthur Viana – morador do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaAugusto Santos – morador do Morro da FormigaAura de Souza – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúÁureo Efigênio Nascimento – morador do Morro da CoroaBernadete Soares Pereira – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do CéuBruno Ferreira – morador do Complexo do Andaraí e GrajaúBruno Gomes Luiz – morador do Morro da CoroaCarlos Alberto Gomes – morador do Complexo do TuranoCarlos Alberto Moreira (Carlão) – morador do Morro do FalletCarlos Alexandre Rosa – morador do BatanCarlos Eduardo Lucio Ribeiro (Carlinhos) – morador do Morro da FormigaCarlos Henrique Alves (Marreta) – morador do Morro do ZincoCarlos Henrique da Conceição – morador do Morro da FormigaCaroline Campos de Oliveira – moradora do Morro da CoroaCatarina Andrade – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúCervasia dos Santos – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúCharles Siqueira – morador do Morro dos PrazeresCíntia Paulo Luna – moradora do Morro do FogueteiroClaudia Cristiane – moradora da RocinhaClaudio Batista – morador do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaCléa da Silva – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúCleber de Jesus – morador do BatanCosme Cesar Santos – morador do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaCristiano Mendes Campos – morador do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaDalva – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúDanilo de Souza – morador do Morro do ZincoDanilo Ferreira de Souza – morador da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos CabritosDarcy Silvério – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú

Dejair Thomé dos Santos – morador do Morro da FormigaDell Delambre – Ecomuseu Nêga Vilma/Santa MartaDenilda Souza da S. Almeida – moradora do Morro da FormigaDercy Cruz Moraes – moradora do Complexo do TuranoDinei Medina – morador do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaDornel da R. Pereira – morador do Morro da FormigaEdilson Benedito Alves – morador do Santa MartaEdna Maria Moreira da Rocha – moradora do Complexo do TuranoEdson (Buluca) – morador do Morro da FormigaEdson Dias – morador do Complexo do Andaraí e GrajaúEduardo Barbosa – morador do Complexo do Andaraí e GrajaúEduardo Henrique Baptista – morador do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaEliane Sales – moradora do Complexo do TuranoEliane Santos – moradora do Santa MartaEliza Rosa Brandão da Silva – moradora do Morro dos PrazeresElma Allelluia – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do CéuElzira Timóteo – moradora do Complexo do TuranoEmile Thiago do Carmo – moradora do Morro da CoroaÉrica Souza Silva – moradora do Morro da CoroaEudyr dos Santos – morador do Morro da FormigaEvandro Machado – morador do Complexo do TuranoFabiana de Souza – moradora do Complexo do TuranoFábio Barbosa – morador do Complexo do TuranoFátima Alexandre Saraiva – morador do Complexo do TuranoFernanda Lima – moradora do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaFernando Ermiro – morador da Rocinha Fernando Machado – morador do BatanFlavia Eloah – moradora do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaFlávio Mazzaro de Abreu (Fafá) – morador do Morro do FalletGabriel Richard da Silva Barbosa – morador do Complexo do TuranoGenecy Soares – moradora do Complexo do TuranoGeni de Moura – moradora do Morro da FormigaGeni Pereira da Silva – moradora do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaGian Carlos Gomes – morador do Complexo do TuranoGibeon de Brito Silva – morador do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaGisele de Jesus Santos – moradora da Vila JuremaGisele Rosa dos Santos – morador do Morro da FormigaGuilhermina – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúHaroldo José de Souza Netto (Haroldinho) – morador do Morro do FalletHélia Constantino de Araújo – moradora do Morro da FormigaHeraldo Martins dos Santos – morador do Complexo do TuranoHeverton Leite Santana – morador do Morro da FormigaHilton Marques – morador do Ocidental FalletHiram Lima – morador do Morro do Vidigal e Chácara do CéuIlza Vieira dos Santos – moradora do Morro da FormigaIndara Moreira Paula da Silva – moradora do Complexo do TuranoIrmã Maria de Fátima – moradora da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos CabritosIsabel Telles Cabral – moradora do Morro da FormigaIvanilda de Abreu – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúIzabel Telles Cabral – morador do Morro da FormigaJair Borges Queiroz – morador do Morro da FormigaJandira Evaristo Ferreira – moradora do Morro da FormigaJanete dos Santos Goulart – moradora do Morro da CoroaJoanita Galvão Rosa – moradora do Morro da FormigaJoão Batista da Silva – morador do Complexo do TuranoJoão Roberto Nunes Procópio – morador do Complexo do TuranoJoão Vasconcelos – morador do Complexo do TuranoJoesse José de Oliveira (Délcio) – morador do Complexo do TuranoJorge de Souza – morador do Morro do Fallet

FIcHA TécNIcA

Jorge Eduardo dos Santos de Souza – morador do Complexo do TuranoJorge Eduardo dos Santos de Souza – morador do Complexo do TuranoJorge Mathias de Souza – morador do Complexo do Andaraí e GrajaúJorgina Soares Silva – moradora do Morro do ZincoJosé Antônio de Pontes – morador do Complexo do TuranoJosé Barbosa (Araújo) – morador do Morro da FormigaJosé Carlos – ex-morador do Morro da FormigaJosé Martins – morador da RocinhaJosé Milton da Silva – morador do Complexo do TuranoJosé Roberto Lopes – morador do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaJoselice Rodrigues da Silva – moradora do Morro do ZincoJosete Cavalcante – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do CéuJoyce Barbosa – moradora do Complexo do TuranoJúlia Chaves Giglio – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do CéuJúlia Geraldina dos Santos (Julinha) – moradora da CoroaJulyanna Elena Ferreira da Costa - Ecomuseu Nêga Vilma/Santa MartaLucimar Alves de Araujo – moradora do Complexo do TuranoLuís Felipe Paiva – morador do Morro do Vidigal e Chácara do CéuLuiz Carlos (Cabeção) – morador do Morro da FormigaLuiz Gonzaga – morador do Complexo do TuranoLurdes das Dores – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúLuzinete H. Madens – moradora do Morro da CoroaManoel Borges Sampaio – morador do BatanMarcelo Alves – morador da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos CabritosMarcelo da Silva – morador do Morro do Vidigal e Chácara do CéuMárcio Andrade – morador do Complexo do TuranoMarcos Burgos – morador da RocinhaMaria Alice Tiberto – moradora do Morro da FormigaMaria Amélia da S. Dias – moradora do Morro do ZincoMaria Augusta Nascimento Silva – moradora do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaMaria Cressiullo Meniguelle – moradora do Morro da FormigaMaria da Conceição Mendes Alves – moradora do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaMaria da Glória Silva – moradora do Morro da FormigaMaria de Fátima da Silva – morador do Complexo do TuranoMaria de Fátima de Jesus – moradora do Complexo do TuranoMaria do Carmo Silva – moradora do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaMaria Efigênia Pereira da Silva – moradora do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaMaria F. Nascimento – moradora do Morro da CoroaMaria Helena Cardoso – moradora da RocinhaMaria Helena Teixeira Mendonça – moradora do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaMaria José – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúMaria José B. Bezerra – moradora do BatanMaria José Ferreira – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúMaria Mendes – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúMaria Miniguelle – moradora do Morro da FormigaMaria Solange Martins Nery – moradora do BatanMarilda Alves de Oliveira – moradora do Morro da FormigaMarilena Alves da Silva – moradora do Morro da FormigaMarília de L. Rangel – moradora do Ocidental FalletMarina Albaneses – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do CéuMariuza de Lima – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúMarlene Gonçalves Buriti – moradora do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaMarta Alves – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do CéuMartinha dos Santos Teodoro – morador do Complexo do TuranoMoacir Camargo – morador do Morro da Formiga

Nádia Paula de Figueiredo – moradora do Morro do ZincoNadir Pereira Rocha – moradora do Morro da FormigaNanci Rosa Jovencio Luciano – moradora do Morro da FormigaNara Ludovice – moradora do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaNéa dos Santos Moreira – moradora do Morro do FalletNeli Silva – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúNeyde – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúNilo Guimarães Pimentel – morador do Morro da Formiga Nilton Freitas Cavalcanti – morador do Morro do FalletNilza Rosa dos Santos – moradora do Morro da FormigaNoêmia Alexandre Machado – moradora do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaOctaviano Gomes de Araújo – morador do Morro da CoroaOtacílio Duarte – morador do Complexo do TuranoPatrícia Fernandes – moradora do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaPaulo Roberto Gomes – morador do Complexo do TuranoPaulo Roberto Muniz – morador do Morro do Vidigal e Chácara do CéuPaulo Sérgio de Souza Cruz – morador do Morro do ZincoPaulo Sérgio Oliveira dos Santos – morador do Morro da FormigaPedro de Freitas Dias – morador do Morro do ZincoPedro Gonzaga – morador do Morro do ZincoPr. Sebastião Mateus da Silva – morador do Morro da FormigaPriscila Alves – morador do Complexo do TuranoQuênia Allelluia – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do CéuQuitéria R. da Silva – moradora do BatanRaff Giglio – morador do Morro do Vidigal e Chácara do CéuRegina Tchelly – moradora do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaRenato Lopes de Souza – morador do Complexo do TuranoRicardo Costa – ex-morador do Santa Marta/Ecomuseu Nêga VilmaRita de Cássia dos Reis – moradora do Morro do ZincoRita de Cássia Gonçalves Penha – morador do Complexo do TuranoRoberta Lopes – moradora do Complexo do TuranoRoberto Nunes – morador do Complexo do TuranoRogeria Teixeira – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúRogéria Xavier Santos – moradora do FumacêRomero Alves de Souza – morador do Morro da CoroaRomildo de Oliveira – morador do Morro da FormigaRonaldo Batista – morador da RocinhaRosa Batista – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do CéuRosane Soares dos Santos – moradora do Morro da FormigaRosângela Tertuliano – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúRose Firmino – moradora da RocinhaRoseane Cardoso – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúSalete Martins – moradora do Santa MartaSandra – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúSaulo Ferraz Ramos – morador do Morro da CoroaSebastiana Castro Lima – moradora do Morro Chapéu Mangueira e BabilôniaSebastiana dos Santos – moradora do Morro da CoroaSebastião do Carmo Rezende (Adão de Deus) – morador do Morro da FormigaSebastião Neves – morador do Complexo do TuranoSerafina Rosa Nunes – moradora do Morro da FormigaSeverina Geni da Silva – moradora do Morro da FormigaSheila M. G. de Souza – moradora do Santa MartaSilvio Cesar da Conceição – morador do Morro da FormigaSiomara Alves dos Santos – moradora do Complexo do TuranoSirley de Souza – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúSolange Rosa de Souza – moradora do Morro da CoroaSônia Maria Oliveira – moradora do Santa MartaSônia Marlene Polessa dos Reis – moradora do Morro da Formiga

Sônia Regina – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúSueli da Costa Barros – moradora do Morro da FormigaTaiani Mendes da Silva – moradora do Morro da FormigaTandy Firmino – morador do Santa MartaTerezinha de Souza – moradora do Morro da CoroaTherezinha Ribeiro – moradora da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos CabritosUbirajara da Fonseca (Bira) – morador do Morro do FalletVerônica Moura – moradora do Santa MartaVilma Mota – moradora do Complexo do Andaraí e GrajaúVitor Lira – morador do Santa MartaViviane de L. Scalzo – moradora do Morro do FogueteiroWaldir Carneiro (Saci) – morador do Morro do FalletWalter dos Santos – morador do Ocidental FalletWandercy Dias de Souza – morador do Morro da CoroaWanderson da Silva Alves – morador do Complexo do TuranoWellington Castro dos Santos – morador do FumacêWellington Luiz Aquino – morador do Complexo do TuranoWellington Marcello – morador do Complexo do TuranoWilson Cesar Moraes – morador do Complexo do TuranoZoraide Francisca Gomes (Cris dos Prazeres) – moradora do Morro dos PrazeresColaboradoresAlberto de La RosaAline PortilhoAneci PalhetaAngela Josefa Almeida GuedesAnthony TaiebDaniel MisseDaniel Soares RodriguesErnesto AlvesEster Ferreira do NascimentoFábia MoraisFlavia VogelFlora Moana BeuqueGina NesiJoão Marcos CividanesJoelle RouchouJuliana VellosoJulio Cesar BorgesKleber MendonçaLuciana HeymannLuiz Alberto NascimentoMaria Isabel CoutoMaría José LuzuriagaMariana BonfimMariana Machado MelloMilena SalgueiroMorgana EneileNyeta Magalhães CamposRoberto LoboRui de Souza ChavierSabrina GuergheSandra Mônica Silva SchwarzsteinSarah CardosoSuellen Ferreira GuarientoTerezinha VasconcelosWilma Silva Palmares

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