Plano de recuperação de áreas alteradas para o Acre
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Arnóbio MArques de AlMeidA Júnior
Governador do Estado do Acre
CArlos CésAr CorreiA de MessiAs
Vice-Governador do Estado do Acre
Fábio VAz
Secretário de Governo
CArlos Alberto FerreirA de ArAúJo
Secretário de Estado de Articulação Institucional
JúliA FeitosA
Assessora Gabinete Governador
nilton luiz Cosson MotA
Secretário de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar
MAuro Jorge ribeiro
Secretário de Estado de Agropecuária
CArlos oVídio duArte roChA
Secretário de Estado de Floresta
euFrAn FerreirA do AMArAl
Secretário de Estado de Meio Ambiente
CleísA brAsil dA CunhA CArtAxo
Presidente do Instituto de Meio Ambiente do Acre
FelisMAr MesquitA
Diretor do Instituto de Terras do Acre
PAulo roberto ViAnA de ArAúJo
Diretor Presidente do Instituto de Defesa
Agropecuária e Florestal do Estado do Acre
irAílton liMA
Diretor do Instituto Dom Moacir
João CésAr dotto
Secretário de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia
Diretor Presidente da Fundação de Tecnologia do Estado do Acre
MAriA de nAzAreth Mello de ArAúJo lAMbert
Procuradora Geral do Estado
MárCiA reginA de souzA PereirA
Procuradora Geral Adjunta do Estado
rodrigo FernAndes dAs neVes
Procurador de Meio Ambiente do Estado
Meri CristinA AMArAl gonçAlVes
Promotora de Justiça de Meio Ambiente
Jorge henrique bezerrA nogueirA de queiroz
Secretário de Estado de Comunicação
elAborAção/ConsultoriA
Márcio Rocha Francelino - UFRRJ
orgAnizAção
Edson Alves de Araújo – SEAP/SEMA
ColAborAdores
Adriano Alex Santos Rosário – SEMA
Antonio Willian Flores de Melo
Eufran Ferreira do Amaral - SEMA
Eugênio Pantoja - SEMA
Francilino Monteiro e Silva – SEMA
João Batista Martiniano – Embrapa Acre
João Paulo Santos Mastrangelo – SEF
Júlia Feitosa - SAI
Lourival Marques de Oliveira Filho - SEAP
Maria Antonia Zabala de Almeida Nobre – SEMA
Maria Marli Ferreira da Silva - SEMA
Marília Guerreiro – SEMA
Nadia Valentim - ZEAS
Naika Andrea Silva Teixeira -SEMA
Nilson Gomes Bardales – SEMA
Ronei Santana de Menezes- SEAPROF
Rosangela Maria Cezino da Silva – SEMA
Sarah Zaire –SEMA
Sílvio Guedes - SEF
Sonaira Souza da Silva - UFAC
ÍNDICE 51 INTRODUÇÃO 52 CONTEXTUALIZAÇÃO 62.1 ZONEAMENTO DO ACRE 62.1.1 Subzona 1.1 – Produção familiar em Projetos de Assentamento
e Pólos Agroflorestais 82.1.2 Subzona 1.2 – Produção Agropecuária 102.1.3 2.1.3. Subzona 1.3 – Manejo e Proteção Florestal 102.2 SITUAÇÃO DOS ASSENTAMENTOS RURAIS 132.3 ANÁLISE MULTITEMPORAL (2004-2007) 152.4 SITUAÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTES NA ZONA 1
183 PROPOSTAS 193.1 Recomposição Florestal 213.1.1 Escolha das espécies 223.1.2 Preparo da área e plantio 223.2 Operações de manutenção 233.3 Contrapartida dos proprietários 243.4 Marcação de matrizes 253.5 Formação de coletores de sementes 263.6 Sistemas Agroflorestais 263.7 Regeneração natural 284 PROGRAMAS E EXPERIÊNCIAS PROMISSORAS DE RECUPERAÇÃO/UTILI-
ZAÇÃO DE ÁREAS ALTERADAS NO ESTADO 284.1 Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar –
SEAPROF 284.2 Secretaria de Estado de Agropecuária – SEAP e o Programa de Mecani-
zação 304.2.1 Escolha das áreas 314.2.1.1 Preparo da área e plantio 314.3 Secretaria Estadual de Floresta – SEF e o PROGRAMA DE FLORESTAS
PLANTADAS DO ESTADO DO ACRE 354.3.1 Objetivo do Programa 364.3.2 Componentes do Programa 364.3.3 Ações para Implementação do Programa 364.3.3.1 Desenvolvimento de Padrões de Projeto e Estudos Complemen-
tares 364.3.3.2 Construção e Ampliação de Viveiros para Produção de Mudas
Florestais 374.3.3.3 Produção de Mudas Florestais 374.3.3.4 Implantação de Florestas Plantadas 375 CONSIDERAÇÕES FINAIS 386 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39ANEXOS 41Anexo 1 42Anexo 2 45
índi
ce
�
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
Ainda predomina a percepção de que
a Amazônia é uma fronteira aberta de
recursos, o que induz o setor produtivo
a buscar maior rentabilidade no menor
tempo possível. Esse fato, no entanto,
tem resultado no modelo de exploração
altamente impactante dos recursos na-
turais na região, de acordo com o nível
tecnológico adotado. A atividade agro-
pecuária na Amazônia seja em peque-
na, média ou grande escala, acarreta,
em muitas situações, a degradação do
solo, comprometendo a produtivida-
de do sistema e avançando e fragmen-
tando áreas consideráveis de floresta
(MULLER et al., 2004; ARAÚJO, 2008).
A degradação do solo ocorre em ra-
zão do manejo ineficiente da pastagem
e resulta no abandono da área, acar-
retando o desmate de novas áreas de
floresta nativa. Esse ritmo faz com que
a área desmatada aumente gradativa-
mente. A Amazônia Legal, cuja área é
cerca de 5,2 milhões de km2, possuía
até 2007 uma área cumulativa desma-
tada correspondente a 691.123 km2, o
equivalente a cerca de 17,2% de toda
a floresta amazônica brasileira. (INPE,
2007). Aproximadamente 80 % da área
desmatada têm sido utilizada com pas-
tagens plantadas e acredita-se que me-
tade desta área esteja subutilizada e, ou
em diferentes estágios de degradação
e, em alguns casos, abandonadas (DIAS-
FILHO & ANDRADE, 2006). A pecuária é
uma atividade que demanda extensas
áreas de pastagens formadas por meio
da derrubada e queima da mata, apre-
sentando um perfil pioneiro por estabe-
lecer zonas para posterior uso do solo
para outras atividades agrícolas, entre
outras.
A situação do Estado do Acre não é di-
ferente, uma vez que aproximadamente
12% (19.706,40 km2) dos seus 164.220
km2 de território encontram-se desflo-
restados (INPE, 2007). Desse total, uma
proporção de 81% tem sido utilizados
com pastagens (OLIVEIRA et al., 2006).
O desmatamento tem se concentrado,
em maior proporção, ao longo das prin-
cipais rodovias, estradas vicinais e as
margens dos cursos d água situados a
Leste do Estado. A tendência tem sido
a implantação crescente de pastagens
por colonos, extrativistas, ribeirinhos e
pecuaristas (AMARAL et al., 2000).
Além das pastagens, a capoeira
ocupa 13,1% do total desmatado, o
que engloba uma área de 2.155,80
Km2. Essas capoeiras encontram-se
em diferentes idades e origens, fruto
da agricultura migratória. Já as ativi-
dades agrícolas correspondem apenas
1 INTRODUÇÃO
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
�
a 573 Km2, que equivalem a 3,5% do
total desmatado.
Devido a esse desmatamento sem
adequado planejamento, atualmente
a grande maioria dos produtores rurais
se encontram em condição de irregu-
laridade perante a legislação florestal,
pois o Código Florestal, alterado pela
medida provisória 2166-67 de agosto
de 2001 estabelece que toda proprie-
dade rural com florestas na Amazônia
Legal, tenha um percentual de 80% do
imóvel rural na forma de Reserva Legal
(RL).
Simultaneamente ao aumento das
restrições para a conversão de novas
áreas de florestas, se ofereceu uma
gama variada de alternativas para a re-
gularização de imóveis rurais, que tran-
sitam da recuperação total do passivo
florestal com espécies nativas, passan-
do pela possibilidade de condução da
regeneração natural ou plantio com es-
pécies exóticas, a compensação de áre-
as equivalentes em outra área privada
ou unidade de conservação, até a pos-
sibilidade de redução do percentual de
reserva legal a partir de indicações fun-
damentadas no Zoneamento Ecológico
Econômico Fase II aprovado pelo Estado
em escala de 1:250.000.
Porém, em todas as áreas alteradas
no Estado do Acre são necessárias ações
diferenciadas de intervenções no mo-
mento da implantação de projetos de
recomposição da cobertura florestal. De-
vem-se considerar as características do
meio físico, sua capacidade de suporte,
a resiliência do ecossistema (capacidade
de um dado ecossistema de se recompor
após um dado impacto), o potencial de
uso, o comprometimento dos produto-
res rurais e outros aspectos sócio-econô-
micos, de modo que se possa alcançar o
sucesso almejado nessa empreitada que,
muitas das vezes, necessitam de tempo
e recursos financeiros consideráveis.
Nesse sentido, o objetivo principal
deste plano é apresentar diretrizes que
permitam orientar a elaboração de pro-
jetos de recuperação de áreas alteradas
e subutilizadas da região denominada
“Zona de Consolidação de Sistemas de
Produção Sustentáveis” no Estado do
Acre, de forma a promover a recompo-
sição da paisagem e o aproveitamento
econômico dessas áreas em bases sus-
tentáveis.
�
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
No Zoneamento Ecológico-Econômi-
co do Acre Fase II (ZEE-AC;), concluído
em 2006, para fins de gestão territorial,
foram definidas quatro zonas (Acre,
2006):
zona 1 - Consolidação de sistemas de
produção sustentável
zona 2 - Uso sustentável dos recur-
sos naturais e proteção am-
biental
zona 3 - Áreas prioritárias para o or-
denamento territorial
zona 4 - Cidades do Acre
Cada zona apresenta características
CONTEXTUALIZAÇÃO2
semelhantes em termos de potenciali-
dades e vulnerabilidades do meio biofí-
sico, padrões de ocupação humana, for-
mas de utilização dos recursos naturais
e arcabouço legal. Também constituem
espaços territoriais que compartilham
um conjunto de diretrizes de uso, tendo
em vista suas características e as pro-
postas de gestão negociadas entre o go-
verno e diferentes grupos da sociedade
acreana.
A Zona 1 corresponde às áreas de
influência direta das rodovias BR- 364
e BR-317 (Figura 1), de ocupação mais
antiga do Estado com atividades agro-
2.1 ZONEAMENTO DO ACRE
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
�
pecuárias e madeireiras, entre outras.
Possui uma área de 45.085 km2, cor-
respondendo a 24,7% do Estado, e es-
tão associadas às novas frentes de ex-
pansão e conversão das áreas florestais
para o desenvolvimento de atividades
agropecuárias. É ocupada pela agricul-
tura familiar em projetos de assenta-
mento (PA), pequenos produtores em
posses, médios e grandes pecuaristas
e áreas florestais de grandes seringais.
Parte das áreas desta zona está sem si-
tuação fundiária definida ou não está
inserida no cadastro georreferenciado
do INCRA. As unidades territoriais des-
ta zona incluem áreas de Reserva Legal
e Áreas de Preservação Permanente
(APPs). Nesta zona se concentra a maior
proporção de propriedades com pas-
sivo florestal e compreende a área da
chamada “fronteira aberta”, não se so-
brepondo às áreas já delimitadas para
as outras zonas. Ela se destina à consoli-
dação de sistemas de produção agrope-
cuários, agroflorestais e florestais (silvi-
cultura) sustentáveis.
A Zona 1 está dividida em 3 subzo-
nas:
subzona 1.1 - Produção familiar em
Projetos de Assenta-
mento e Pólos Agro-
florestais
subzona 1.2 - Produção agropecuá-
ria
subzona 1.3 - Manejo e Proteção
Florestal
As subzonas representam um deta-
lhamento das zonas, com maior grau de
especificidade em termos de suas ca-
racterísticas e diretrizes de uso. O mapa
de gestão está subdivido em zonas, que
se constituem na unidade primária de
estratificação. As subzonas se consti-
tuem nas unidades secundárias de es-
tratificação.
10
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
Corresponde às áreas com projetos
de assentamento e pólos agroflorestais
de pequenos produtores rurais (Figura
2), o que evidencia a mão-de-obra fami-
liar como forma predominante de uso
da terra. Encontra-se concentrado prin-
cipalmente nos municípios de Senador
Figura 1: Área correspondente a Zona 1 - Consolidação de Sistemas de Produção Sustentáveis.
2.1.1 Subzona 1.1 – Produção familiar em Projetos de Assentamento e Pólos Agroflorestais
Guiomard, Sena Madureira, Plácido de
Castro e Acrelândia, que juntos somam
50% de toda a área (Tabela 1).
A Subzona 1.1 possui uma área de
1.208.523 ha, dos quais 703.675 ha en-
contram-se alterados, correspondendo
a 58% da sua área total.
tAbelA 1: áreA dA subzonA 1.1 eM relAção Aos MuniCíPios do ACreNOME Área (%)
Acrelândia 9,8Assis Brasil 0,3
Brasiléia 5,2Bujari 1,0
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
1111
Tabela 1 - continuação
tAbelA 1: áreA dA subzonA 1.1 eM relAção Aos MuniCíPios do ACreNOME Área (%)
Capixaba 1,9Cruzeiro do Sul 6,8Epitaciolândia 0,0
Feijó 2,7Mâncio Lima 0,5
Manoel Urbano 2,5Marechal Thaumaturgo 0,8
Plácido de Castro 12,4Porto Acre 9,8
Porto Walter 0,3Rio Branco 7,2
Rodrigues Alves 5,5Santa Rosa do Purus 0,4
Sena Madureira 13,4Senador Guiomard 14,3
Tarauacá 4,7Xapuri 0,6
Figura 2: Áreas correspondentes a Subzona 1.1 - Produção familiar em Projetos de Assentamento e Pólos Agroflorestais
12
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
Nas áreas desmatadas fora dos
projetos de assentamento há predo-
minância do uso de pastagens, mui-
tas delas em diferentes níveis de pro-
dutividade. São áreas de pequenos,
médios e grandes produtores (Figura
3). Em muitas destas áreas a situação
2.1.2 Subzona 1.2 – Produção Agropecuária
fundiária ainda não está totalmente
definida ou não está inserida no ca-
dastro georreferenciado do INCRA, o
que acarreta uma dificuldade adicio-
nal para a estratificação em função da
destinação e do estrato a que perten-
ce cada propriedade.
Figura 3: Áreas correspondentes a Subzona 1.2 (Produção agropecuária).
Essa subzona está localizada princi-
palmente no município de Rio Branco
(17%), seguido de Xapuri (10%) (Tabela
2). Ao total possui uma área de 996.788
ha, destes, 678.396 ha (68%) encon-
tram-se com suas áreas alteradas.
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
13
Estão incluídas as áreas florestais fora
dos projetos de assentamento, carac-
terizadas como Reservas Legais de pro-
priedades privadas, áreas já arrecadadas
pela união, imóveis com a situação fun-
diária ainda não definida ou áreas não
inseridas no cadastro georreferenciado
do INCRA (Figura 4). São áreas com po-
tencial florestal que permite o uso sus-
tentável da floresta. Há possibilidade de
criação de áreas protegidas em fragmen-
tos florestais com relevância ambiental,
com ênfase a criação de Reservas Parti-
culares do Patrimônio Natural-RPPN.
2.1.3. Subzona 1.3 – Manejo e Proteção Florestal
tAbelA 2: distribuição PorCentuAl dA subzonA 1.2 nos MuniCíPios
NOME Área (ha) %
Tarauacá 47694 6,7
Senador Guiomard 45334 6,4
Rio Branco 121458 17,0
Porto Acre 45023 6,3
Manoel Urbano 4171 0,6
Feijó 30807 4,3
Bujari 68549 9,6
Môncio Lima 10980 1,5
Rodrigues Alves 16647 2,3
Cruzeiro do Sul 30225 4,2
Sena Madureira 31900 4,5
Assis Brasil 5518 0,8
Brasiléia 40237 5,6
Epitaciolândia 57874 8,1
Xapuri 71935 10,1
Capixaba 52946 7,4
Plácido de Castro 31545 4,4
Acrelândia 765 0,1
14
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
A subzona 1.3 possui 2.303.248 ha, dos
quais 144.139 ha encontram-se desmata-
do, correspondendo a cerca de 6% da área
total da subzona. Considerando tratar-se
de área destinada ao manejo e proteção
florestal, a parte alterada constitui-se em
área prioritária para recuperação.
Três municípios concentram quase
60% de toda a área (Sena Madureira,
Tarauacá e Rio Branco) (Tabela 3).
Figura 4: Áreas correspondentes a Subzona 1.3 (Manejo e Proteção Florestal).
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
15
tAbelA 3: distribuição PorCentuAl dA subzonA 1.3 nos MuniCíPios
Município área (%)tarauacá 1�,�senador guiomard 0,�santa rosa do Purus 0,0rio branco 14,0Porto Acre 4,1Manoel urbano �,1Feijó 13,5bujari 4,3Mâncio lima 0,5rodrigues Alves 1,2Cruzeiro do sul 1,0sena Madureira 23,�Assis brasil 1,�brasiléia 1,�epitaciolândia 1,�xapuri 2,5Capixaba 1,5Plácido de Castro 0,�Acrelândia 0,1
Os assentamentos no estado do Acre
somam 1.714.817 ha, distribuídos em
oitos modalidades (WOLSTEIN et al.,
2006; Acre, 2006):
1. Projetos de Assentamento Dirigi-
do (PAD);
2. Projetos de Assentamento (PA);
3. Projetos de Assentamento Rápido
(PAR);
4. Projetos Estaduais Pólos Agroflo-
restal (PE);
5. Projetos Casulo (PCA);
�. Projetos de Assentamento Agro-
Extrativista;
�. Projetos de Desenvolvimento Sus-
tentável (PDS);
�. Projetos de Assentamento Flores-
tal (PAF).
Os Projetos de Assentamento Diri-
gido (PAD) foram implantados durante
o período da ditadura militar e tinham
2.2 SITUAÇÃO DOS ASSENTAMENTOS RURAIS
1�
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
como prioridade o assentamento de co-
lonos originários de outras regiões do
país, através do processo de migração
induzida pelo governo federal, com o
objetivo de viabilizar o sistema de agri-
cultura familiar intensivo, articulada ao
mercado.
Os Projetos de Assentamento (PA)
não diferem dos PDA’s segundo o pro-
pósito da forma de exploração do solo,
nem segundo a gestão. Inserem-se, no
entanto, em outro momento político e,
ao invés de promoverem a colonização,
como os anteriores, busca equacionar
os problemas gerados pela linha política
de reorganização do espaço, dominante
no período da ditadura militar. Voltam-
se, assim, para a agricultura tradicional,
procurando viabilizar o acesso à terra
aos pequenos produtores rurais, bem
como àqueles que, expulsos do espa-
ço rural, não encontraram inserção no
mercado de trabalho urbano.
Os Projetos de Assentamento Rá-
pido (PAR) se constituem em ações de
regularização fundiária, no caso de pro-
dutores que ocupavam terras da União.
Não podem, a rigor, ser considerados
projetos, dado que não há uma gestão
propriamente dita, nem estão sujeitos à
políticas que buscam direcionar o pro-
cesso produtivo.
Os Projetos Estaduais Pólos Agroflo-
restal (PE) são assentamentos em pe-
quenas parcelas, localizados no entorno
das áreas urbanas, com o objetivo de
garantir ocupação da população prove-
niente do meio rural. A gestão dos refe-
ridos projetos é de responsabilidade do
governo estadual, embora tenham sido
reconhecidos pelo INCRA, em 2001.
Os Projetos Casulo (PCA), como o PE,
tem o objetivo de integrar a população
ao processo produtivo, ao mesmo tem-
po em que buscam criar um espaço de
abastecimento das áreas urbanas. Cons-
tituem-se em uma parceria do INCRA
com as Prefeituras Municipais, cabendo
a estas a gestão dos projetos. Consti-
tuem-se em pequenos lotes, voltados,
prioritariamente, para a produção de
horti-fruti-granjeiros.
Não foram consideradas as seguintes
tipologias de assentamentos: Projetos
de Assentamento Agro-Extrativista, os
Projetos de Desenvolvimento Susten-
tável e os Projetos de Assentamento
Florestal, por considerar tratar-se de
modelos em que as áreas alteradas se-
jam mínimas. Essas tipologias excluídas
somam apenas cerca de 30% de toda a
área ocupada pelos assentamentos no
Estado do Acre.
Em relação às tipologias conside-
radas, verifica-se que os modelos de
Projeto Casulo (PCA) e o de Pólo Agro-
florestal (PE) apresentam quase que a
totalidade de suas áreas alteradas (Ta-
bela 4). Isso ocorre devido à proximida-
de das áreas urbanas e as características
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
1�
próprias dessa tipologia, onde se verifi-
ca o uso mais intenso do solo. Porém,
comparando com as demais tipologias,
ocupam uma área insignificante, onde
juntas somam 0,4% do total da área.
Os modelos que ocupam as maiores
áreas são o PAD e o PA, com aproximada-
mente 94% de toda a área (1.113.166,2
ha) e juntos somam 669.854,7 ha de
área desmatada. Os projetos de assen-
tamentos com maiores percentagens de
áreas desmatadas estão concentrados
na região leste do Estado (Figura 5) e
86% deles apresentam mais de 20% de
suas áreas desmatadas (Tabela 1A).
Com essa dimensão de áreas alte-
radas, tornam-se unidades prioritárias
para intervenção no sentido de recom-
posição florestal, devendo ter soluções
diferenciadas em relação ao passivo flo-
restal devido às suas condições sociais
e ambientais. Como corresponde basi-
camente a subzona 1.1 da Zona 1, a ca-
racterização dessas áreas estará incor-
porada na análise conjunta das demais
subzonas.
tAbelA 4: CArACterístiCAs dos ProJetos de assenTamenTos do esTado do acre (FonTe: acre, 2006)
CATEGORIA Qtde. Área totalÁrea
desmatada
(ha) % (ha) %
PA 71 484.192,9 40,7 244.204,6 50,4
PAD 5 628.973,3 52,9 425.650,1 67,7
PAR 2 71.427,5 6,0 29.619,7 41,5
PCA 3 665,8 0,1 561,6 84,4
PE 11 3.270,2 0,3 2.743,9 83,9
Total 92 1.188.529,7 100 702.780,0 59,1
PA= Projetos de Assentamento; PAD = Projetos de Assentamento Dirigido; PAR = Projetos deAssentamento Rápido; PE= Projetos Estadual Pólo Agroflorestal; PCA = Projeto Casulo
1�
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
Sobrepondo o tema de áreas des-
matadas do ano de 2007 com o de uso
de solo do ano de 2004 das subzonas,
foi possível realizar algumas análises
que permitiram determinar a dinâmica
de uso do solo no período de três anos
(2004-2007). Por exemplo: na subzona
1.1 entre os anos de 2004 e 2007, cer-
ca de 162 mil hectares que antes eram
ocupados por florestas, referente a 23%
de toda a área alterada, foram desma-
tados. Fato que chama atenção, vis-
to que representa um desmatamento
de 54 mil ha/ano. O mesmo ocorre na
Figura 5: Assentamentos com mais de 50% da sua área desmatada (em amarelo)
2.3 ANÁLISE MULTITEMPORAL (2004-2007)
subzona 1.2, porém em menor inten-
sidade. Mesmo a subzona 1.3 (manejo
e proteção florestal) teve uma redução
de 5% (96.751,3 ha) da sua floresta. No
total foram suprimidas aproximada-
mente 334 mil ha de florestas nas três
subzonas no referido período. Mesmo
as áreas antes ocupadas com capoeira
tiveram redução de 138.497 ha nas três
subzonas.
A maior parte das áreas desmata-
das das subzonas 1.1 e 1.2 encontram-
se ocupadas por pastagem (59% e 74%
respectivamente) (Tabela 5), indicando
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
1�
tAbelA 5: uso do solo nAs áreAs AlterAdAs ConForMe subzonAs
tipo de usosubzona 1.1 subzona 1.2 subzona 1.3
-----------------------------(%)---------------------------sem identificação �,2� 5,51 1,�Agricultura 2,13 0,�0 0,1Capoeira �,�� �,�� 0,�espelho d’água 0,51 0,�3 0,0Floresta 23,43 �,�� �5,0Pastagem 5�,�1 �4,20 2,3Praia 0,04 0,03 0,0área urbana 0,13 0,1� 0,0
Em relação aos solos verifica-se na
Tabela 6 que mais da metade das áre-
as alteradas encontram-se na classe
dos Argissolos, seguido pelos Latosso-
los, justamente os solos com maiores
potencias para uso agrícola, trata-se,
portanto, de áreas que podem ser in-
seridas no processo produtivo. Já os
solos hidromórficos: Gleissolos e Ne-
ossolos (Flúvicos) são os menos uti-
lizados. Estes são encontrados prin-
cipalmente nos terraços fluviais, ou
seja, prováveis áreas de preservação
permanente.
tAbelA �: ClAsses de solos nAs áreAs AlterAdAs ConForMe A subzonA
Classesubzona 1.1 subzona 1.2 subzona 1.3
área (%)Argissolo 50,� 5�,� 4�,�CAMbissolo 2,� �,0 2�,4gleissolo 4,� 0,1 0,1lAtossolo 2�,1 20,� 2,�luVissolo �,0 10,� 13,�neossolo 0,� 0,1 0,�Plintossolo 3,2 4,1 4,1Vertissolo 2,4 0,4 3,5
que a pecuária é uma importante ati-
vidade econômica tanto para os pro-
prietários particulares como para os
assentados, enquanto que a agricul-
tura ocupa áreas proporcionais muito
pequenas.
20
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
tAbelA �: ClAsses de geoMorFologiA nAs áreAs AlterAdAs ConForMe subzonA
unidade* subzona 1.1 subzona 1.2 subzona 1.3
área
ha % ha % ha %
Af 205�5 2,� �0,�0 0,01 101,0 0,00
aptf 10�20 1,5 1�54,45 0,2� 2��0�,4 1,2�
aptfl �02 0,1 ��,5� 0,01 0,0 0,00
atf 2�252 3,� 25��3,�3 3,�� 53�1�,0 2,4�
da ��54 1,4 330�4,�4 4,�� ��1101,1 31,14
dc 32�5�1 4�,1 3�5��3,�� 5�,34 114���4,� 52,5�
dt 1�1��� 2�,4 2122�2,�1 31,2� 214�3�,0 �,�1
Pri 1���� 2,� ��32,5� 1,14 3034,� 0,14
s/inf �02�� 12,� 1���,�� 0,2� 5�235,� 2,�2
* legenda segue abaixo.
Em relação ao tipo de relevo, mas
da metade das áreas alteradas estão
nos domínios dos topos convexos (Dc),
com vales pouco profundos e encostas
de declividades suaves (Tabela 7), alta-
mente favoráveis a pastagem e a agri-
cultura. Outra unidade representativa
é o domínio dos topos tabulares (Dt),
com rampas inclinadas e lombadas com
vertentes de pequena a média declivi-
dade. Essa feição resulta da instauração
de processos de dissecação atuando so-
bre superfície de aplainamento (Brasil,
1976; Westaway, 2006).
legendA desCriçãoAf Planície fluvial. Área plana resultante de acumulação fluvial sujeita
a inundações periódicas, correspondendo às várzeas atuais. Ocor-
re nos vales com preenchimento aluvial holocênico.Atf Terraço fluvial. Acumulação fluvial de forma plana, levemente inclinada,
apresentando ruptura de declive em relação ao leito do rio e às várzeas
recentes situadas em nível inferior, entalhada devido às mudanças de
condições de escoamento e consequente retomada de erosão. Foram
mapeados três níveis de terraços fluviais: Atf1, atf2 e atf3.continua
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
2121
Implementar e difundir o Programa de Regulari-zação do Passivo Ambien-tal Florestal do Estado do
Acre, com prioridade nas áreas alteradas de proprie-dades privadas e públicas da Zona-01 do ZEE-AC.
Objetivos Específicos7
legendA desCrição
Aptf Planície e terraço fluvial. Área plana resultante de acumulação flu-
vial, periódica ou permanentemente alagada, podendo comportar
meandros abandonados, ligada com ou sem ruptura de declive a
patamar mais elevado.Aptfl Planície e terraço fluviolacustre. Área plana resultante de acumu-
lação fluvial e lacustre, periódica ou permanentemente alagada,
podendo comportar lagos de meandro e de várzea, ligada com ou
sem ruptura de declive a patamar mais elevado.Pri Pediplano retocado inumado. Superfície de aplainamento elabora-
da durante fases sucessivas de retomada de erosão, sem no entan-
to perder suas características de aplainamento, cujos processos ge-
ram sistemas planos inclinados às vezes levemente côncavos. Pode
apresentar cobertura detrítica e/ou encouraçamentos, indicando
remanejamentos sucessivos. Ocorre nas depressões e no sopé de
ressaltos que dominam os níveis de erosão inferiores.Da Conjunto de formas de relevo de topos estreitos e alongados, es-
culpidas em rochas sedimentares dobradas, definidas por vales en-
caixados. Os topos de aparência aguçada são resultantes da inter-
ceptação de vertentes de declividade acentuada, entalhadas por
sulcos e ravinas.Dc Conjunto de formas de relevo de topos convexos, esculpidas em
rochas sedimentares, às vezes denotando controle estrutural. São
definidas por vales pouco profundos, apresentando vertentes de
declividade suave, entalhadas por sulcos e cabeceiras de drena-
gem de primeira ordem.Dt Conjunto de formas de relevo de topos tabulares, conformando
feições de rampas inclinadas e lombadas, esculpidas em rochas se-
dimentares, denotando eventual controle estrutural. São em geral
definidas por vales rasos, apresentando vertentes de pequena a
média declividade. Resultam da instauração de processos de dis-
secação atuando sobre superfície de aplainamento.
22
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
(As áreas de preservação permanen-
te foram geradas com base no código
florestal de 1965 e suas alterações na
resolução CONAMA 303 de 2002). A
principal categoria existente no Acre é
a mata ciliar, em suas diferentes faixas
marginais conforme a largura do rio:
g Faixa marginal de 30 metros,
para cursos d’água com menos
de dez metros de largura;
g Faixa marginal de cinqüenta me-
tros, para cursos d’água com dez
a cinqüenta metros de largura;
g Faixa marginal de cem metros,
para cursos d’água com cinqüen-
ta a duzentos metros de largu-
ra.
As demais categorias não foram con-
sideradas, pois apresentam pequenas
áreas e não são mapeáveis na escala de
trabalho utilizada (1:250.000).
As APP’s também foram segmenta-
2.4 SITUAÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTES NA ZONA 1
das em função das diferentes subzonas
(Tabela 8). Ao total elas somam mais de
68 mil hectares, dos quais quase 32%
estão desmatados. O caso mais grave
encontra-se na subzona 1.2, que possui
cerca de 90% das suas APP’s desmata-
da, indicando um uso mais intenso do
solo nessas áreas. Entretanto, a maior
área desmatada de APP encontra-se na
subzona 1.1, com mais de 32 mil hecta-
res, correspondendo a aproximadamen-
te 52% de toda sua APP. A subzona 1.3
concentra uma área de APP maior que
a soma das demais subzonas e apresen-
ta 6,4% desmatada, correspondendo a
quase 8 mil hectares. A princípio pare-
ce pouco, porém ao se considerar que
se trata de área destinada a manejo e
proteção florestal, é uma situação pre-
ocupante.
Como são áreas protegidas por
lei, essas se tornam prioritárias para re-
cuperação, independe de possíveis po-
tenciais para outros usos.
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
2323
tAbelA �: áreAs de PreserVAção PerMAnente e desMAtAMento Por subzonA
área área - ha APP - ha APP desmatada
ha %
subzona 1.1 1.20�.523 �1.5�2,� 32.233,4 52,3
subzona 1.2 ���.��� 32.15�,� 2�.�1�,0 ��,3
subzona 1.3 2.303.24� 123.3�1,1 �.�0�,3 �,4
totAl 21�.110,� ��.�5�,� 31,�
24
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
O Estado do Acre ainda mantém
cerca de 88% da sua cobertura flores-
tal, representada por onze tipologias
florestais, dos quais as cinco principais
representam 83% da cobertura flores-
tal e que abriga uma diversidade alta
de plantas. A preservação dessa diver-
sidade deve ser priorizada, inclusive
nos projetos de recuperação das áreas
alteradas.
Como a área total desmatada nas
três subzonas soma 1.526.210 ha, se-
riam necessárias mais de quatro bilhões
de mudas considerando o espaçamen-
to recomendado de 2m x 2m entre as
mudas. Os recursos e esforços para tal
empreendimento seriam astronômicos,
tornando-o praticamente inviável. Nes-
se sentido, foram selecionadas áreas
prioritárias para intervenção, conforme
critérios abaixo:
i. áreas de preservação
permanente desmatadas:
Subzonas Área (ha)
Subzona 1.1 32.233
Subzona 1.2 28.717
Subzona 1.3 7.908
Total 68.858
ii. Todas as áreas desmatadas da
subzona 1.3, excluindo as APPs: devido
ao fato de tratar-se de zona de manejo
PROPOSTAS3e proteção florestal. Somam 136.231
há;
iii. Considerando o mapa de gestão
Territoral do Acre (Acre, 2006), foram de-
finidas três categorias de intervenção:
a) Áreas destinadas a recomposi-
ção florestal: aquelas destinadas a pre-
servação da flora e fauna e sem aptidão
agroflorestal;
b) Áreas destinadas a sistemas
agrosilvopastoril;
c) Áreas a ser mantidas ou incorpo-
radas ao sistema produtivo: são aquelas
que possuem solos e relevo adequados
a atividade agrícola, com potencialida-
de para produção intensiva de grãos e
de culturas perenes.
Para todas essas áreas foram exclu-
ídas as APPs desmatadas. Ainda assim,
a soma dessas áreas ultrapassa os 200
mil hectares. Nesse sentido, a área se-
lecionada para desenvolver o trabalho
será as áreas desmatadas das APPs da
subzona 1.1, que totalizam 32.233 ha.
Pode-se verificar na Tabela 9, que a
tipologia predominante na subzona 1.1
é a Floresta Aberta com Palmeira (FAP) e
Floresta Aberta com Bambu (FAB), com
10,5% e 15,2% respectivamente.
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
25
As ações serão apresentadas de for-
ma distinta, mas são complementares
entre si, de forma a viabilizar todas as
etapas necessárias para o sucesso do
empreendimento.
Para o desenvolvimento dos projetos
de recuperação em áreas alteradas das
APPs, Rodrigues e Gandolfi (1993) em
trabalho sobre métodos aplicados em
reflorestamento de APPs, recomenda
que de início deve-se definir o sistema
de reflorestamento, a partir do grau
de preservação das áreas. Este proce-
dimento avaliado por meio de estudos
florísticos e/ou fitossociológicos, ou
mesmo pela avaliação fisionômica da
vegetação que ocorre na área. Neste
sentido o sistema de reflorestamento
deverá ser definido a partir da análise
da condição da área focal para recupe-
ração, o que implicará em redução de
custos e melhor eficiência nos resulta-
dos. Basicamente, os sistemas de reflo-
restamento se incluem:
a) Implantações – em áreas bas-
tante perturbadas que não conservam
nenhuma das características bióticas
das formações florestais ciliares origi-
nais daquela condição. Situação típica
de áreas cuja floresta original foi subs-
tituída por alguma atividade agropasto-
ril.
b) Enriquecimento – em áreas com
estágio intermediário de perturbações
que mantém algumas das característi-
cas bióticas e abióticas das formações
tAbelA �: tiPologiAs FlorestAis enContrAdAs nA subzonA 1.1.
tipologia1Florestal área (ha) área (%)FAb + FAP 125.15�,0 10,5FAb + FAP + Fd 1�.0�2,� 1,3FAb + Fd 1�.��0,� 1,5FAb – Aluvial 5�5,4 0,0FAbd �.�54,4 0,�FAP 11.2�3,2 0,�FAP + FAb �.1�24,2 �,�FAP + FAb + Fd 3.013,� 0,3FAP + Fd 1�1.300,2 15,2FAP + Fd + FAb 2�.2��,3 2,4FAP – Aluvial 30.�25,0 2,�FAP - Aluvial + Pab 0,5 0,0Fd + FAP �0.314,0 �,5áreas Antropizadas �01.���,� 50,3
2�
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
ciliares típicas daquela condição. Situ-
ação de áreas cujas floresta original foi
degradada pela ação antrópica ocupada
por capoeiras, com domínio de espécies
dos estágios iniciais de sucessão.
c) Recuperação natural – nas áreas
pouco perturbadas que retém a maio-
ria das características bióticas e abióti-
cas das formações florestais típicas da
área. De preferência as áreas devem ser
isoladas dos possíveis fatores de pertur-
bações para que os processos naturais
possam atuar. É considerado um siste-
ma de reflorestamento eficiente, uma
vez que os custos são reduzidos e a di-
nâmica florestal é mantida sem interfe-
rência externas.
3.1 Recomposição FlorestalA ação de recomposição florestal
deve ser realizada utilizando apenas as
espécies arbóreas típicas das diferentes
tipologias encontradas no Estado do
Acre (Acre, 2006). Para isso será neces-
sário compilar todos os dados dos in-
ventários florestais já realizados no Es-
tado, de forma a compor uma listagem
própria para cada tipologia. Exemplo
desta listagem pode ser verificado no
anexo 2A. Caso esses dados não sejam
suficientes para abranger todas as tipo-
logias existentes, será necessária a rea-
lização de levantamentos florísticos.
3.1.1 Escolha das espécies Serão indicadas diversas espécies de
ocorrência natural considerando as di-
ferentes tipologias existentes no Acre,
escolhidas a partir de critérios estabe-
lecidos pelo diagnóstico ambiental. O
modelo de plantio parte do princípio
de que as espécies arbóreas nativas
apresentam características fisiológicas,
morfológicas, de crescimento e disper-
são que caracterizam as mesmas como
sendo típicas de cada estágio da suces-
são natural. Deste modo, as espécies
sugeridas deverão estar classificadas
em pioneiras e não pioneiras, sendo
observados os critérios de distribuição
espacial na ocasião do plantio.
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
2�
3.1.2 Preparo da área e plantioa. Roçada: Será realizado o corte da
vegetação herbácea, antes do plantio, a
uma altura máxima de 10 cm do solo,
com uso de roçadeira mecânica, e ou
foice manual;
b. Controle das formigas cortadei-
ras: O controle será realizdo antes, du-
rante e após o plantio, estendendo-se
até 180 dias após o plantio, com uso de
iscas granuladas. Nos dois primeiros
meses após o plantio, o controle será
realizado através de rondas em dias
alternados, e nos outros meses, uma
vez por semana. As rondas ocorrerão
sempre no final da tarde. As iscas são
colocadas em portas iscas, para evitar
o contato direto com o solo e absorver
umidade, além de evitar que as mes-
mas sejam transportadas pela água,
devido à ocorrência de chuvas fortes.
Todo controle está e será realizado
abrangendo 100 m além dos limites
das áreas de plantio;
c. Alinhamento e marcação das covas
e coveamento: O espaçamento utilizado
será o de 2 x 2 m;
d. Coveamento: Será feita capina ao
redor (coroamento) do local das covas,
com aproximadamente 50 cm de di-
âmetro e, em seguida a abertura das
mesmas, com dimensões de 30 x 30 x
30 cm;
e. Transporte e distribuição das mu-
das: O transporte das mudas até o lo-
cal de plantio deverá ser em caminhão
baú. Na área de plantio as mudas serão
transportadas manualmente. As mudas
das espécies não-pioneiras receberão
marcação, com uma fita vermelha, para
facilitar a sua distribuição no campo. O
arranjo espacial das mudas no campo
obedecerá ao esquema de uma linha
de espécie pioneira e outra linha in-
tercalando uma muda de espécie pio-
neira e outra de espécie não pioneira.
Deste modo, o plantio será realizado
utilizando-se 75% de espécies pionei-
ras e secundárias iniciais (denominadas
conjuntamente como pioneiras) e de
25% de espécies secundárias tardias e
clímax (denominadas conjuntamente
como não-pioneiras);
f. Plantio das mudas: De acordo com
a análise química do solo da área será
definida a adubação. Em seguida, será
efetuado o plantio. Atenção especial
deverá ser tomada, para manter o colo
da muda perpendicular ao solo, evitan-
do sua inclinação. Após o plantio, todas
as sacolas plásticas serão recolhidas.
2�
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
a. Controle das formigas cortadeiras:
Semelhante à área de recomposição flo-
restal;
b. Replantio: O replantio das mudas
será realizado aos 30 e 60 dias após o
plantio;
c. Capina de manutenção: Capinar,
um raio de 50 cm ao redor das mudas,
aos 2, 4, 7 e 12 meses após o plantio;
d. Roçada de manutenção: O Cor-
3.2 Operações de manutenção
te da vegetação herbácea será feito
com uso de foice, a uma altura máxi-
ma de 10 cm do solo. Esta operação
deverá ser realizada aos 4, 7 e 12 me-
ses após o plantio, podendo ser rea-
lizada novamente, de acordo com o
grau de infestação da área. Cuidado
especial para evitar o corte de muda
e não deixar o material roçado sobre
a muda.
A tAbelA 10 APresentA o CronogrAMA de iMPlAntAção e
MAnutenção no 1o Ano APós o PlAntio.
tAbelA 10: CronogrAMA de iMPlAntAção e MAnutenção no PriMeiro Ano APós o PlAntio
Atividade -------------------------- Primeiro ano-------------------------Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7
Roçada X XControle das formigas
cortadeirasX X X X X X X
Aração e gradagem X XAlinhamento e
marcação das covasX X X
Coveamento X X XAdubação e plantio X XReplantio X X X X1ª Capina de
manutenção X X
2ª Capina de
manutençãoX X
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
2�2�
Para que o projeto tenha maior chan-
ce de sucesso é importante selecionar
agricultores que realmente estejam en-
gajados na atividade agrícola, freqüen-
tando e participando de reuniões. O
fato de um projeto poder ser a “fundo
perdido” atrai muitos agricultores, mas
não deve ser esquecido que há necessi-
dade de dedicação como qualquer ou-
tra atividade. Viveiros
Para produção de mudas reco-
mendam-se a construção de viveiros,
que propiciem às plantas expressa-
rem todo seu potencial genético,
obtendo-se assim mudas vigorosas
que garantem o sucesso do projeto
de recomposição das áreas alteradas.
O viveiro garante aos materiais pro-
pagativos, ambiente adequado, no
tocante aos fatores componentes do
desenvolvimento vegetal, tais como:
fornecimento de luz e água na me-
dida certa, obtidos com a utilização
de sistemas de irrigação e cobertura
com telas apropriadas (sombrites);
eficiência no controle fitossanitá-
rio, propiciado por espaços adequa-
dos entre as plantas, que permitam
o manuseio de equipamentos para
a realização deste controle; além de
substratos (solos) adequadamente
esterilizados, que impeçam a disse-
minação de doenças e pragas.
Os viveiros deverão ser do tipo per-
manente em áreas próximas das unida-
des de recuperação, visando um menor
custo de transporte, uso de material
genético local, diminuição de desloca-
mento das mudas de forma a diminuir
estresse e perdas de mudas. Como o
plantio deverá ocorrer no período chu-
voso, evitaria o transporte em condi-
ções de estrada inadequada.
Deverão ser construídos três vivei-
ros, dois com a capacidade produtiva
de um milhão de mudas/ano, os quais
serão localizados nos municípios de Fei-
jó e Cruzeiro do Sul, e outro com capaci-
dade de quatro milhões de mudas/ano
no município de Rio Branco, de forma
a diminuir o máximo possível o percur-
so entre o viveiro e o campo para evi-
tar danos às mudas e diminuir custo de
transporte (Figura 6).
Os viveiros contarão com mão-de-
obra local, o que representará uma
oferta de empregos em cada um desses
municípios. Esta etapa deverá contar
com a parceria com as respectivas pre-
feituras.
3.3 Contrapartida dos proprietários
30
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
Figura 6: Raio de abrangência dos viveiros no Estado do Acre.
3.4 Marcação de matrizesPara se obter êxito no cultivo de
espécies arbóreas nativas é neces-
sário que se utilize mudas sadias,
de espécies adaptadas às condições
ambientais. Para isso é fundamental
um controle sobre todas as etapas
na sua produção, principalmente na
escolha de sementes, visando ter
maior qualidade em relação ao seu
potencial genético, poder de germi-
nação, sanidade e vigor. Para isso
torna-se fundamental conhecer as
matrizes que fornecerão o material
utilizado.
Para ter controle das espécies que se-
rão utilizadas na recomposição florestal,
de forma a garantir a manutenção dos
atributos genéticos de cada região, se-
rão realizadas atividades de campo para
marcação de matrizes em cada uma das
tipologias. O número de matrizes mar-
cadas será em função das informações
levantadas a partir do levantamento
florístico. Cada indivíduo arbóreo rece-
berá uma plaqueta numerada em cam-
po e será georreferenciado com uso de
um GPS, em alguns casos a trilha de
marcação será georreferenciada e ha-
verá um croqui esquemático-descritivo
acompanhando os dados. Material bo-
tânico será coletado e posteriormente
incorporado no acervo do herbário da
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
31
UFAC. As informações registradas sobre
as árvores matrizes seguirão modelo de
ficha que segue em anexo. As sementes
produzidas nas matrizes marcadas irão
posteriormente abastecer os Viveiros
Florestais.
Para viabilizar o uso de material
genético local, as sementes deverão
de coletadas das matrizes marcadas
conforme descrito na etapa anterior.
Para isso será necessário treinar mão-
3.5 Formação de coletores de sementes
de-obra local (mateiros) para atuar na
coleta das sementes. Deverão ser for-
necidos os equipamentos necessários
para a coleta, incluído os de seguran-
ça.
Os Sistemas Agroflorestais (SAF’s) são
formas de uso e manejo dos recursos
naturais, nas quais espécies lenhosas
(árvores, arbustos, palmeiras) são utili-
zadas em consórcio com cultivos agríco-
las e, ou com animais, em uma mesma
área, de forma simultânea ou em uma
seqüência temporal. Estes sistemas
conjugam aspectos de conservação do
solo (controle da erosão, manutenção
da matéria orgânica, manutenção das
propriedades físicas) e da fertilidade do
solo (ciclagem de nutrientes).
As subzonas 1.1 e 1.2 apresentam
848.781 ha de área com aptidão para
atividades agrosilvopastoril, segundo o
mapa de aptidão agrícola, já excluindo
as áreas de APP desmatada. Nessas áre-
as pode-se incrementar a exploração
3.6 Sistemas Agroflorestaisde produtos Florestais não-madeirei-
ros como sementes com potencial para
artesanato e reflorestamento, além da
borracha e castanha. O açaí, murmuru,
andiroba e coopaíba são outros produ-
tos que podem gerar rendas para os
produtores rurais. Como não é possível
atuar numa área tão extensa, serão ins-
taladas vinte unidades demonstrativas,
cada uma com 10 ha, de forma a divul-
gar essa prática entre os agricultores.
Deve ser levado em consideração
que a doação de recursos é importante
apenas para iniciar o processo, e que os
agricultores deverão estar aptos a levar
adiante a experiência após o término do
projeto. Ou seja, os lucros gerados pela
experiência devem ser suficientes para
prover o sustento da família e investir
32
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
ainda mais na atividade. Para tanto, é
preciso ser criterioso na escolha das es-
pécies a serem plantadas. É importante
selecionar espécies que frutifiquem em
diferentes épocas, pois é uma maneira
de garantir a renda do agricultor duran-
te todo o ano. Também devem ser plan-
tadas espécies que frutifiquem desde
o primeiro ano, pois como para os be-
neficiários se trata de uma maneira al-
ternativa de cultivar a terra, é de funda-
mental importância mostrar resultados
em curto prazo, motivando o agricultor.
Nesta fase também é importante pen-
sar no mercado consumidor.
Outro ponto importante é a esco-
lha dos agricultores, dando preferência
para os que têm mais experiência no
cultivo da terra. Devem-se considerar
as suas opiniões, pois quando isto acon-
tece, o nível de aceitação e a probabi-
lidade do projeto ser levado adiante
são muito maiores. A participação dos
agricultores também é importante no
sentido de fazê-los se sentirem respon-
sáveis pela experiência. Levando-se em
consideração que a maioria dos agri-
cultores não tem muita experiência no
plantio consorciado, a orientação para
a condução da experiência é extrema-
mente relevante. Para tanto, é necessá-
rio buscar parcerias institucionais e go-
vernamentais, onde possa ser garantida
assistência técnica de qualidade e com
freqüência.
Em áreas de pastagens, tem sido
difundido o emprego de sistemas silvi-
pastoris, ou seja, a utilização de espé-
cies florestais com potencial madeireiro
juntamente com a pastagem (FRANKE &
FURTADO, 2001; OLIVEIRA et al., 2003).
A interação das árvores e pasta-
gens traz alguns benefícios, tais como:
o bem-estar animal, enriquecimento
do solo e melhoria no valor nutritivo
do pasto. Além disso, o incremento na
renda com a comercialização de pro-
dutos, obtidos das árvores proporciona
melhoria ao ambiente e valorização da
propriedade.
Pode-se testar uso de plantas com
potencial para serem usadas como ma-
téria prima para biocombustível.
Outra opção é utilizar plantas de
maior valor econômico, como a serin-
gueira (Hevea brasiliensis) ou mesmo
algumas exóticas, como a teca (Tectona
grandis).
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
33
Estudando a regeneração natural
de uma floresta de várzea na região
do Médio rio Purús, D’Oliveira (1989)
verificou que a floresta resultante
apresentou-se mais densa e com me-
lhor distribuição das espécies. As áre-
as desmatadas na subzona 1.3 – Ma-
nejo e proteção florestal, que somam
144.139 ha, serão submetidos a um
processo de regeneração natural. De-
verão ser instalado poleiro sistematica-
mente espalhados nas áreas desmata-
das de forma a promover a dispersão
de propágulos.
3.7 Regeneração natural
34
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
A atividade a ser desenvolvida por par-
te dos pequenos produtores, necessaria-
mente, deverá passar por uma dinâmica
de uso da terra que possa, ao mesmo
tempo, recompor o passivo florestal e ge-
rar renda para as famílias envolvidas.
Essa iniciativa deverá estar baseada
numa realidade que intervenha mini-
4 PROGRAMAS E EXPERIÊNCIAS PROMISSORAS DE RECUPERAÇÃO/UTILIZAÇÃO DE ÁREAS ALTERADAS NO ESTADO
4.1Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar – SEAPROF
mamente nas características tradicio-
nais das famílias, considerando suas
limitações de mão-de-obra, calendário
agrícola e disponibilidade de recursos
técnicos, infra-estrutura e oportunida-
des de comercialização dos produtos.
Os consórcios de plantios de cultu-
ras de ciclos curtos médio e longo (na
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
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forma de sistemas agroflorestais) se
constituem na condução de uso da ter-
ra que, segundo a SEAPROF, instituições
de pesquisa, organizações não gover-
namentais, e entidades representativas
dos movimentos sociais é a metodolo-
gia mais adequada à realidade produti-
va local.
Deste modo, ao longo dos últimos
quatro anos a SEAPROF vem desenvol-
vendo um sistema denominado “ro-
çados sustentáveis” (Figura 7), como
mecanismo de transição da agricultura
tradicional de corte-e-queima para sis-
temas produtivos de bases agroecológi-
cas.
Figura 7: Roçado Sustentável.
O mecanismo consiste no plantio
de leguminosas (plantas com vagens,
como feijão, puerária e mucuna) para
reincorporar áreas abandonadas (pas-
to tomado por invasoras, capoeiras de
três a quatro anos, improdutivas) com a
meta de torná-las viáveis à produção de
arroz, feijão, milho e mandioca, princi-
3�
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
palmente para cumprimento das ações
de segurança alimentar. A prática é con-
siderada ambientalmente correta por-
que, à exceção do primeiro ano, as fa-
mílias não precisariam mais usar o fogo
e evitariam novos desmatamentos.
O que se propõem aqui é uma adap-
tação deste método para que as famílias
possam acrescentar os cultivos de ciclo
médio e longo (perenes e semi-perenes).
Nesta derivação, os (as) produtores (as)
podem proceder do seguinte modo:
1º- No primeiro ano e nos meses
propícios realizam a queima (de forma
controlada e com acompanhamento
técnico) ou mecanizam (com recursos
próprios) as áreas (1 a 3 hectares, como
é tradicional) no (s) período (s) do ano
propício. Este é o único momento em
que o uso do fogo seria adotado. É im-
portante enfatizar que não serão permi-
tidas derrubadas e queima de áreas de
floresta nativa, uma vez que estas pro-
priedades já estão com passivo florestal
a ser recomposto.
2º- Metade desta área será destina-
da ao plantio de milho (podendo ser
consorciado com mandioca), arroz e
feijão. De acordo com a disponibilida-
de de mudas, nesta mesma fase do ano
(início das chuvas) as famílias já podem
(se quiserem), se assim o desejarem,
plantar 1 ou 2 culturas de ciclo perene
(seringueira, fruteiras, essências). As
culturas perenes podem ser plantadas
nesta mesma área no início das chuvas
do ano 2.
3º- A outra metade da área queima-
da no ano 1 deverá ser ocupada com
leguminosas (de preferência a mucuna)
para que o capim e invasoras possam
desaparecer (permanecendo pelo pe-
ríodo mínimo de um ano) e incorporar
matéria orgânica e nitrogênio. Neste
momento as famílias necessitam de
custeio da mão-de-obra, mudas, horas
de máquina (quando possível), insumos
como as sementes de mucuna e, em
muitas situações, calcário para melho-
rar as condições de acidez do solo. O
crédito deve contemplar recursos para
financiar estas necessidades.
4º- Entre fevereiro e maio serão re-
alizadas as colheitas de grãos, além das
sementes de mucuna para plantio desta
metade da área (plantada ainda no ano
1). A mandioca será colhida após um
ano, isto é, no ano 2 do processo.
5º- No ano 2 faz-se o plantio de mi-
lho (consorciado com mandioca), arroz
e feijão na outra metade anteriormente
ocupada com leguminosas, podendo-
se fazer um segundo plantio de grãos
entre as culturas perenes do ano 1. No
ano 2 completa-se o plantio de mudas
semi-perenes entre as essências flores-
tais e fruteiras do ano 1. Repetem-se os
mesmos procedimentos do ano 1.
�º- Do ano 3 em diante as duas me-
tades da área estarão ocupadas com as
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
3�
a) Destoca: Em áreas de capoeira
é realizado a destoca e enleira-
mento;
b) Correção do Solo: consiste na
amostragem do solo e análise
espécies perenes e semi-perenes, com
possibilidade de mais uma colheita de
mandioca e milho e, dependendo dos
espaçamentos, arroz e feijão.
Ainda no ano 3 as famílias já deverão
determinar no Termo de Ajustamento
de Conduta (TAC) de outra área para re-
petir os ciclos descritos acima. Seguindo
as seqüências acima as famílias podem
adicionar 1 a 3 hectares/ano. Se o TAC
assinado junto ao IMAC for de 30 hecta-
res, por exemplo, segundo o Código Flo-
restal, deveriam estar em recuperação
da reserva legal pelo menos 1 décimo
a cada 3 anos. Neste caso, as famílias
cumpririam as exigências e até mesmo
ultrapassariam a meta, tornando-se
muito eficientes.
Conforme o mapeamento de apti-
dão agrícola do Acre, a SEAP vem tra-
balhando nos municípios de Rio Branco
(AC-090 - Transacreana km 40 ao 60),
Senador Guiomard, Plácido de Castro,
Porto Acre (P.A Caquetá, P.A. Humaitá),
4.2 Secretaria de Estado de Agropecuária – SEAP e o Programa de Mecanização
Capixaba, Epitaciolândia e Brasiléia em
áreas com potencialidades para produ-
ção intensiva de grãos, principalmente
a cultura do milho, um dos principais
produtos para abastecimento da agroin-
dústria de frango em Brasiléia.
4.2.1 Escolha das áreasAs propriedades selecionadas são áre-
as de capoeiras e pastagens subutilizadas
e degradadas, onde serão transformadas
em áreas de produção agrícola.
4.2.1.1 Preparo da área e plantionos laboratórios credenciados e
após, o resultado é recomenda-
do as necessidades de correção
(calcário) e adubação (fertilizan-
tes);
3�
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
c) 1º corte com grade aradora: é
realizado o corte da terra com
uma grade aradora, o calcário é
incorporado ao solo;
d) 2º corte com grade aradora:
após 30 dias é realizado o 2º
corte com grade aradora para
incorporar a massa de capim e
pragas ao solo;
e) Nivelamento do solo: antes do
plantio da semente é realizado o
nivelamento do solo;
f) Plantio: após a 2ª chuva de se-
tembro dar-se inicio ao plantio
mecanizado de milho, onde é
utilizado uma plantadeira agrí-
cola acoplada com adubadeira
e semeadeira, neste momento é
utilizado uma adubação de NPK
recomendado conforme a análi-
se do solo;
g) Colheita: Após 100 a 120 dias ao
plantio dar-se início a colheita
mecanizada, a produtividade che-
ga a ser de até 130 sacos de 50kg
por ha, uma ótima produtivida-
de para as terras que antes eram
consideradas improdutivas;
h) Contrapartida dos proprietários:
o produtor disponibilizará recur-
sos para aquisição de semente,
adubo, calcário e pagamento da
hora máquina ao valor de 50%
mais barato do que é praticado
no mercado;
i) Governo: Cabe ao governo dis-
ponibilizar as máquinas e equi-
pamentos necessários para
atender a produção; garantir as-
sistência técnica; secar e arma-
zenar os grãos nos silos grane-
leiros. Todas as áreas plantadas
são georeferenciadas.
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
3�
Figura 8. Diversas operações realizadas na recuperação de áreas alteradas com uso da mecanização
As dificuldades deste programa
são o número limitado de máquinas,
equipamentos e insumos para aten-
der a demanda dos produtores; os
investimentos são altos e de riscos,
mas ainda é a melhor maneira de re-
cuperação de áreas degradadas onde
o produtor é beneficiado financeira-
mente conforme o resultado da pro-
dução.
40
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
4.3 Secretaria Estadual de Floresta – SEF e o PROGRAMA DE FLORESTAS PLANTADAS DO ESTADO DO ACRE
Nos últimos anos o Estado do Acre
obteve grandes avanços com relação
ao uso sustentável do seu patrimônio
florestal natural. Por meio de políticas
públicas de incentivo ao manejo flores-
tal de uso múltiplo em florestas estadu-
ais, comunitárias e privadas, foi possível
praticamente inverter a base de supri-
mento industrial madeireiro, que antes
grande parte era proveniente de des-
matamentos.
Atualmente o Estado está preocu-
pado, também, em desenvolver ações
que trazem em sua concepção “o re-
florestamento da região amazônica”.
A proposta ganha características de
apelo popular, além de torna-se uma
tendência nos campos empresariais
e científicos, unindo o sentimento de
conservação da principal floresta na-
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
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tiva e a demanda por atividades eco-
nômicas de maior rentabilidade e am-
bientalmente mais sustentáveis para
a população da região. Pelo exposto o
Programa se fundamenta nas seguin-
tes premissas:
• Existem áreas degradas e as plan-
tações florestais se constituem em
uma forma de conciliar a recupera-
ção destas com atividade geradora
de trabalho e renda;
• Os bens e serviços gerados pelas
plantações florestais são seme-
lhantes aos gerados pelas florestas
nativas;
• As florestas plantadas não compe-
tem com as nativas, são comple-
mentares na proteção e na conser-
vação ambiental;
• A madeira de plantações corrobora
para a melhoria da competitividade
da indústria de madeira tropical;
• Sistemas agroflorestais são uma
forma de integrar políticas de con-
servação e preservação ambiental
com a geração de renda e a segu-
rança alimentar;
• A estratégia de plantações flores-
tais e o conseqüente aumento da
oferta de madeira é um fator im-
portante na atração de investimen-
tos na área industrial.
Diante desta perspectiva, o Gover-
no do Estado pretende nos próximos
anos desenvolver um conjunto de
ações visando à recuperação de ex-
tensas áreas alteradas e degradadas,
que segundo o Zoneamento de Ecoló-
gico-Econômico do Acre (ZEE-AC), es-
tão concentradas principalmente na
Zona 1 – Consolidação de Sistemas de
Produção Sustentável. Para isto, se-
rão criados instrumentos de fomento
a implantação de florestas plantadas
nestas áreas, visando à recuperação
de áreas degradadas aliada a produ-
ção com fins madeireiros, não-madei-
reiros, energéticos e segurança ali-
mentar.
Promover o estabelecimento de
floresta plantadas em áreas alteradas
e degradadas, com vistas à oferta de
suprimento de caráter produtivo e es-
4.3.1 Objetivo do Programa tratégico, aumentando a competitivi-
dade das indústrias de base florestal
do Estado, com geração de trabalho e
renda.
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Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
Os componentes do programa são:
(i) Florestas Públicas; (ii) Florestas Co-
munitárias; e, (iii) Florestas Privadas.
4.3.2 Componentes do ProgramaEstes representam também as áreas
prioritárias de implementação do pro-
grama.
4.3.3.1 desenvolvimento de
Padrões de Projeto e estudos
Complementares
(i) Desenvolvimento de padrões
de projetos para florestas com
fins madeireiros (madeira serra-
da, laminada, cavacos/resíduos,
painéis reconstituídos, energia
– etanol e térmica); seringueira;
castanha; sistemas agroflores-
tais – SAF’s e agrosilvopastoril;
fruticultura/cosméticos; e, den-
dê;
(ii) Mercado de produtos florestais;
(iii) Diagnóstico das condições locais,
incluindo a situação fundiária,
aspectos sócio-econômicos, lo-
gística, infra-estrutura, aspectos
legais e institucionais.
(iv) Análise de potencialidades, in-
cluindo a obtenção de indicado-
res de aptidão dos fatores físi-
cos, identificação de terras com
aptidão florestal e macrozonifi-
4.3.3 Ações para Implementação do Programa
cação florestal;
(v) Prospecção de espécies poten-
ciais contemplando a tecnologia
apropriada para produção de
mudas, os coeficientes técnicos
para implantação, produtivida-
de, rendimentos esperados, im-
pactos ambientais e opções de
produto e mercado;
(vi) Ofertas e demandas de linhas de
crédito para financiamento ope-
rado por agências oficiais (Pro-
naf Florestal, BB Florestal, Pro-
pflora, FNO Floresta e outros);
(vii) Viabilidade econômica e outros
inerentes ao processo de imple-
mentação do programa.
4.3.3.2 Construção e Ampliação
de Viveiros para Produção de
Mudas Florestais
(viii) Implementação de zonas para
rustificação no interior, deno-
minados “viveiros de espera”;
Plano de recuperação de áreas Alteradas na zona de Consolidação de sistema de Produção sustentável - zonA 1.
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(ix) Ampliação da capacidade insta-
lada de produção do Viveiro Flo-
restal da SEF em Rio Branco;
(x) Aquisição de tecnologia e implan-
tação de laboratório para produ-
ção de clones “in vitro”, visando o
desenvolvimento de programas de
melhoramento florestal e forneci-
mento de mudas de alto valor ge-
nético.
4.3.3.3 Produção de
Mudas Florestais
(xi) Aquisição de sementes de coope-
rativas de produtores florestais;
(xii) Aquisição de insumos necessá-
rios para produção e expedição
de mudas florestais;
(xiii) Implementar cooperativas de
serviços para o gerenciamento e
produção de mudas nos viveiros
florestais da SEF.
4.3.3.4 implantação de
Florestas Plantadas
(xiv) Operacionalização da linha rela-
tiva ao fomento florestal no âm-
bito do Fundo Estadual de Flo-
restas, criado pela Lei Estadual
n.º 1.426 de 27 de dezembro de
2001;
(xv) Concessão pública para plantio
de áreas alteradas e degradadas
das Florestas Estaduais;
(xvi) Fornecimento de mudas de espé-
cies florestais nativas e exóticas
para produtores comunitários;
(xvii) Fornecimento dos insumos ne-
cessários para implantação de
florestas plantadas em áreas de
produtores comunitários;
(xviii) Implementação de cooperativa
de serviços para assistência téc-
nica dos fomentados, sendo duas
visitas técnicas, uma para implan-
tação e outra para manutenção;
(xix) Implementação de cooperativa
de serviços para o gerenciamen-
to e fiscalização da implantação
das florestas plantadas;
(xx) Implementação de cooperativa
de serviços para operação da im-
plantação de florestas plantadas;
(xxi) Articulação para promoção de
mecanismos de financiamento destina-
dos a estes investimentos;
(xxii) Atração de investidores
para implantação de florestas planta-
das.