PLANO DO DICIONÁRIO DAS OBRAS DE ·MACHADO DE ASSIS · OBRAS DE MACHADO DE ASSIS* ANTONIO HOUAISS...

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F 01

A.JTO :ryo HO AISS

PLANO DO DICIONÁRIO DAS OBRAS DE

·MACHADO DE ASSIS

S E P .\ ft A '1' D

REVISTA DO LIVRO

I

MINISTERIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA

INSTITUTO NACIONAL DO LIVRO

REVISTA DO LIVRO RIO DE JANEIRO

BRASIL

Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos - CEBELA MEMORIAL ANTÔNIO HOUAISS- Biblioteca Reg: 6:C'JCJ em: f:f2_/Qi/.rli_ Acervo: Coleção Antônio Houaiss MFN: 3 49 4

PLANO DO DICIONARIO DAS OBRAS DE MACHADO DE ASSIS*

ANTONIO HOUAISS

O. :ll:ste anteprojeto de plano de trabalho é dividido em onze seções. O .1 A seção 1. e parágrafos refere-se ao tipo de trabalho planejado e .ao tipo de execução. O. 2 A seção 2. e parágrafos refere-se às partes do todo. O. 3 A seção 3. e parágrafos refere-se à ordenação das partes e sua definição. O. 4 A seção 4. e parágrafos refere-se a pormenores operacionais ficha, convenções tipográficas e dactilográficas . .(). 5 A seção 5. e parágrafos refere-se às destinações dos fichários. O. 6 A seção 6. e parágrafos refere-se ao vocabulário-índice. {). 7 A seção 7. e parágrafos refere-se ao vocabulário morfológico . .O. 8 A seção 8. e parágrafos refere-se à antroponímia-personália. O. 9 A seção 9. e parágrafos refere-se à toponímia-intitulativa. {) .10 A seção 10. e parágrafos refere-se ao glossário ideológico . .O .11 A seção 11. e parágrafos refere-se à operação de consolidação das diversas partes num todo final e único.

1. :ll:ste plano visa a um tipo de trabalho que seja: a) colegiado, na supervisão e na inspecção e retificação e ratifi­

. cação de suas partes, b) parcelado - e, mesmo, individualizado -, na sua execução, e c) integralizável, através de unidades intermédias, se desejadas,

num todo final.

1.1 :ll:sse todo final chamar-se-á Dicionário (das Obras) de Machado de Assis. 2. O Dicionário decorrerá da integração final das seguintes partes:

a) vocabulário-índice, por volume; b) vocabulário morfológico, por volume; c) antroponímia-personália, por volume; d) toponímia-intitulativa, por volume; e) glossário ideológico, por volume.

(•) Havendo a Comissão Machado de Assis cometido ao Senhor Antônio Houaiss o encargo de elaborar o anteprojeto do Dicionário das Obras de Machado de Assis e, à vista do seu alcance mesmo na forma de anteprojeto, manifestado a conve­ni~ncia de que fôsse publicado na sua feição original, tem o Instituto Nacional do Livro a satisfação de oferec~-lo ao estudo de quantos se interessem pelo grande criador, pela lexicologia, pela lexicografia e pela planificação de trabalho filológico colegiado.

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2.1 Em se querendo - o que se decidirá melhor ante o material pronto na ocasião - cada volume ou livro criticamente editado das Obras de Machado de Assis poderá ser objeto de um Dicionário parcial, que será o somatório relacionado com o livro em causa das unidades próprias discriminadas nas alíneas supra. 2. 2 Em se querendo, ainda, ao cabo dos levantamentos preconizados nas alíneas supra para com todos os livros das Obras de Machado de Assis, poder-se-á reunir em unidades à parte :

a) o vocabulário-índice geral; b) o vocabulário morfológico geral; c) a antroponímia-personália geral; d) a toponímia-intitulativa geral; e) o ideário.

3. Em relação a cada livro criticamente editado, a ordem de execução será de a) seu vocabulário-índice, que será prévio à execução de b) seu vocabulário morfológico, os quais, ambos, precederão à execução, se se quiser concomitante, da c) antroponímia-personália e da d) toponímia­-intitulativa, após o que virá e) o glossário ideológico. 3.1 Por vocabulário-índice entender-se-á a relação alfabética exausti­va de todos os vocábulos de cada livro criticamente editado das Obras de Machado de Assis. Cada vocabulário-índice será exaustivo de todos os vocábulos do livro e de todos os locais de cada vocábulo do livro. 3.2 Por vocabulário morfológico, levantado em conexão e dependência do vocabulário-índice, entender-se-á a averbação alfabética de todos os elementos mórficos de todos os vocábulos levantados no vocabulário-índice. 3. 3 Por antroponímia-personália entender-se-á a relação alfabética exaustiva de todos os nomes próprios de sêres humanos, antropomorfi­zados ou afins. O levantamento inicial derivará do vocabulário-índice; mas dentro de cada verbete alfabeticamente ordenado, far-se-á sinalética e sistemàticamente uma ordenação dos caracteres. físicos e não físicos, relacionados com o mesmo verbete. 3.4 Por toponímia-intitulativa entender-se-á a relação alfabética exaus­tiva de todos os nomes próprios de lugares (continentes, países, regiões, províncias, acidentes geográficos), nomes topográficos (logradouros) e nomes intitulativos (de estabelecimentos ou emprêsas comerciais, indus­triais, de serviços; bibliônimos, nomes de obras outras de ciências, técni­cas e artes). O levantamento inicial derivará do vocabulário-índice; mas, dentro de cada verbete alfabeticamente ordenado, far-se-á sinalé­t ica e sistemàticamente uma ordenação dos caracteres, físicos e não fí­sicos, relacionados com o mesmo verbete. 3. 5 Por glossário ideológico entender-se-á a averbação sinalética gene­ricamente, alfabética especificamente, da tematologia particular a cada livro, quando êsse livro tiver unidade de estruturação (como nos roman­ces, por exemplo), ou particular a cada componente do livro mas com unidade própria de estruturação (como nos contos, nas crônicas, por exemplo). 4. Todo o trabalho de levantamento será feito sôbre fichas de papel, padronizadas nas suas dimensões, e que terão as seguintes características operativas: '

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a) serão dactilografadas ; b) obedecerão a uma pauta dactilográfica, que preverá me­didas para as margens, entrelinhas e demais requisitos pró­prios a cada tipo de ficha.

4 .1 Haverá cinco diferentes tipos de fichas, que se distinguirão entre si, de imediato, já por côres diferentes, já, em não sendo possível obter assim a distinção, por uma inscrição no ângulo superior direito:

a) vi - para as fichas do vocabulário-índice; b) vm - para as fichas do vocabulário morfológico; c) ap - para as fichas da antroponímia-personália; d) ti - para as fichas da toponímia-intitulativa; e) gi - para as fichas do glossário ideológico.

4.2 Ainda no ângulo superior direito, abaixo da sigla prevista no nú­mero anterior, virá, em números romanos, a indicação do volume, de que se esteja fazendo o levantamento, das Obras de Machado de Assis; destarte, por exemplo, as fichas do levantamento do material relacionado com as Memórias Póstumas de Brás Cubas terão sempre, abaixo do pri­meiro tipo de sigla, o número romano VI, que é o indicativo do livro dentro da seqüência da coleção.

4. 3 As seguintes convenções deverão ser observadas nas fichas para fins de correlação tipográfica:

a) o redondo será indicado pelo normal dactilográfico ; b) o grifo (minúsculo ou maiúsculo) será pelo sublinhado; c) o versal pelo normal maiúsculo; d) o versalete pelo dúplice sublinhado.

4. 3.1 Não caberá o uso do negrito, nem de outros tipos, famílias ou recursos.

5. Cada ficha, qualquer que seja seu tipo, será feita em duplicata, a carbono;

a) uma de cada parelha de fichas de cada averbação para vocabu­lário-índice se destinará ao vocabulário-índice particular do livro de onde fôr levantada, outra irá integrar o vocabulário-índice geral;

b) uma de cada parelha de fichas de cada averbação para vocabu­lário morfológico se destinará ao vocabulário morfológico particular do livro de onde fôr levantada, outra irá integrar o vocabulário morfológico geral;

c) uma de cada parelha de fichas de cada averbação para antropo­nímia-personália se destinará à antroponímia-personália particular do livro de onde fôr levantada, outra irá integrar a antroponímia-personá­lia geral;

d) uma de cada parelha de fichas de cada averbação para toponí­mia-intitulativa se destinará à toponímia-intitulativa particular do livro de onde fôr levantada, outra irá integrar a toponímia-intitulativa geral;

e) uma de cada parelha de fichas de cada averbação para glossário ideológico se destinará ao glossário ideológico particular do livro de onde fôr levantada, outra irá integrar o ideário.

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6. O levantamento das fichas para o vocabulário-índice será feito na base da leitura exaustiva, palavra por palavra, a partir do início absoluto do texto crítico em causa. Tôdas as considerações aqui expendidas sôbre esta operação presumem que o coletor seja de nível de aluno de faculdade de letras, cujos pendores o levem manifestamente para a pesquisa lexi­cológica e lexicográfica - mas ainda sem uma preparação específica cabal. A cada palavra, êsse coletor se deterá e, após haver preenchido as duas siglas do ângulo superior direito, inscreverá a palavra em causa, dentro da convenção dactilográfica que se impuser. Em seguida à pa­lavra em aprêço, na mesma linha, mas junto à margem direita, aporá o número do parágrafo em que ocorre a palavra. Na linha seguinte, o coletor transcreverá o local em que vive a palavra coletada.

6 .l A convenção dactilográfica para a correlação tipográfica, precei­tuada supra em 4. 3, se destinará aos seguintes usos:

a) os nomes próprios grafados com inicial maiúscula, bem como quaisquer outras palavras grafadas com inicial maiúscula por quaisquer outros motivos que não os das convenções de pontuação ou de mudança de verso, manterão nas fichas a maiúscula inicial original (salvo limi­tação para axiônimos de tratamento em f) ;

b) os nomes próprios antroponímicos - quer de sêres humanos, quer de sêres antropomorfizados (inclusive hagiônimos), se original­mente grafados com maiúscula inicial -, já se refiram a sêres histori­camente reais, já a sêres imaginários ou fictícios, inclusive os de criação de Machado de Assis, merecerão na ficha o tratamento de realce material do versal-versalete, por exemplo, BENTO, MARQUÊS DO PARANÁ, (ou, conforme estiver no texto, PARANÁ apenas, de "marquês do Paraná") (mas, quanto à ordem de inscrição na ficha, ver infra) ;

c) os nomes próprios toponímicos e topográficos, grafados origi­nalmente com maiúscula inicial, serão, mantendo a maiúscula inicial, fichados com grifo, por exemplo, Botafogo, ou PARIS, ou NEW YORK, ou NOVA YORK, ou RUA DE MATA-CAVALOS (ou RUA DE MATA-CAVALOS, ou rua de MATA-CAVALOS, ou rua de MATA CAVALOS, conforme fôr o texto) PRAÇA DA SÉ (ou praça da SÉ (mas quanto à ordem de inscrição na ficha, ver infra) ;

d) os nomes próprios, originalmente grafados com maiúscula ini­cial, de livros, periódicos, virão também grifados, mas seguidos entre parênteses da abreviação de bibliônimo para os livros, a saber, bibl., por exemplo, Guerra e Paz (bibl.), ou de periódico, a saber, periód., por exemplo, Novidades (periód.) ;

e) os nomes próprios outros originalmente grafados com maiúscula inicial não terão quaisquer realces materiais além dessa maiúscula inicial, mas receberão uma indicação, entre parênteses, de sua natureza, das quais se prevêem aqui as principais:

1) pintura 2) gravura 3) desenho 4) guache 5) aquarela 6) escultura

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7) estátua 8) monumento 9) arquitetura (isto é, palácios, conjuntos arquitetônicos)

10) engenharia (pontes, etc.) 11) teatro 12) circo 13) casas de espetáculo 14) ópera 15) peça musical 16) peça tea trai 17) firma 18) casa comercial 19) casa industrial 20) casa de serviço 21) concessionária de serviço público 22) vapor, navio, fragata, escaler, etc. 23) casa, vilino, vila, sítio, fazenda, granja, retiro;

f) os nomes não próprios, mesmo os grafados originalmente com maiúscula inicial- já por convenção de pontuação, já por mudança de verso, já nos axiônimos de tratamento (Vossa Excelência, Sua Santidade, etc.) - não serão fichados com maiúscula nem terão realce material qualquer, salvo os estrangeirismos que estiverem no texto crítico em grifo, caso em que serão grifados, mas com indicação de origem entre parênteses (galicismo, anglicismo, italianismo, ~spanholismo, etc.).

6. 2 Se a palavra fichada ocorrer no parágrafo duas ou mais vêzes, pôr-se-á um índice disso, indicando junto ao número do parágrafo da ocorrência, seja êste o número 425, a saber, 4252, ou 4253, ou 425n.

6. 3 Para a fixação de onde vive a palavra coletada, do seu ambiente verbal, dever-se-á:

a) transcrever, redondamente, o período (de ponto a ponto), se, como se verifica com certa freqüência no autor, girar êsse período em tôrno de doze vocábulos brutos (isto é, computados inclusive artigo, preposição, partículas quaisquer) ;

b) transcrever o local de modo que à direita do vocábulo que se abona figurem quatro vocábulos brutos (salvo se o início do período fôr antes) e à esquerda figurem quatro vocábulos brutos (salvo se o fim do período fôr antes) .

6. 4 As palavras deverão ser coletadas na forma por que ocorrem no texto, vale dizer, na flexão em que estiverem, na variante formal que apresentarem.

6. 4 .1 A ordenação numa única ficha das várias fichas que se relacio­narem com o mesmo verbete, como disposto em 6.10 .1 (1.0 ) infra pre­sumirá:

a) que tôdas as flexões verbais do mesmo verbo serão ao cabo reunidas numa ficha única sob um verbete em que êsse verbo venha no infinitivo (ainda que no autor não ocorra o verbo nessa forma) ; des­tarte, essa ficha somatória terá os elementos (1) , (2) referidos em 6. 5 infra, mas o elemento (3) será reiterado tantas vêzes quantas formas

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se consolidarem na ficha única, a cada vez seguido do elemento ( 4) que lhe seja particular; a consolidação se fará na ordem didática de conju­gação verbal; .

b) os substantivos com dois gêneros e dois números virão sob o masculino singular, mas a seguir se consolidarão as fichas como preco­nizado na alínea supra, na ordem seguinte: masculino singular, masculi­no plural, feminino singular, feminino plural;

c) os adjetivos com dois gêneros e dois números terão o trata­mento anterior.

d) os pronomes, no que couber, terão o tratamento anterior.

6.4 .1.1 As palavras em gradação sintética (de substantivos, de adje­tivos, de advérbios [ !] o mesmo de verbos [ !] e pronomes) serão objeto de fichas à parte, com uma remissiva final aos verbetes correspondentes sem gradação (e dêstes se originará, por via de conseqüência, uma remissiva recíproca). A gradação analítica deverá ser consignada ape­nas no ambiente verbal abonador.

6 . 5 A coleta do material do vocabulário-índice é, em princípio, mera­mente indicativa a) da ocorrência, no autor, desta ou daquela palavra, mas não desta outra ou daquela outra - o que dá uma idéia da gama, do espectro, da extensão vocabular e conceptual do autor; b) da fre­qüência, no universo verbal do autor, destas palavras em relação àquelas ·- o que permitirá indicações de recorrência ideológica e, no outro pólo, de incidência de verdadeiro hápax verbal ou conceptual, e c) da prefe­rência do autor, nos casos muito prõximamente sinonímicos, principal­mente de palavras e locuções relacionais (preposições e locuções preposi­tivas, conjunções e locuções conjuntivas) - o que permitirá indicações quanto às convicções de preceptiva gramatical do autor, quanto à sua melódica e sua rítmica (é óbvio que a preferência já é uma como inter­pretação do fenômeno da freqüência). Não cabe, assim, em princípio, qualquer outra inscrição em cada ficha de vocabulário-índice além das já referidas e que são, recapitulativamente:

1) sigla "vi" no ângulo superior direito; 2) número romano do texto logo abaixo da sigla; 3) averbação; 4) número do parágrafo da averbação (com índice eventual) ; 5) ambiente verbal da averbação.

6. 5 .1 Tal como configurada a ficha para vocabulário-índice, dispensa ela ao coletor um sem-número de problemas imediatos, inclusive os de classificação das palavras. Isso não obstante, quatro (pelo menos) questões há em que caberá ao coletor do material do vocabulário-índice extremo cuidado e observação: são as que se re!acionam, primeiro, com as locuções (preposicionais, conjuncionais e adverbiais) ; segundo, com as palavras-reflexos; terceiro, com certas palavras especiais, altamente freqüentes pela própria natureza da língua, e, quarto, com os provérbios, máximas, adágios, anexins. lugares-comuns, em suma, paremias.

6. 6 Com relação às locuções, o critério a seguir será o da averbação da locução como um todo, e não nos seus elementos vocabulares compo-

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nentes - o que não impedirá que, nos verbetes finais de cada um dêsses elementos vocabulares componentes, haja remissão para as locuções em que apareçam. O coletor, ainda aqui, não necessitará de discriminar se se trata de locução prepositiva, conjuntiva ou adverbial. Terá, entretan­to, de reconhecer se se trata de fato de locuções ou de duas (três, quatro) palavras distintas, autônomas ou autonomizáveis no texto em que vivem.

6. 6 .1 Para tais efeitos, deverá basear-se sempre no princípio da comu­tação global, segundo a qual os dois (ou três, ou quatro) vocábulos que se supõe constituírem uma locução têm existênda conjunta freqüente e relativamente estabilizada e são comutáveis por uma palavra com estrita xeciprocidade de equivalência funcional (quer dizer, gramatical, mas não expressional, estilística). Por exemplo: 'a fim de eu poder dizer' x 'para eu poder dizer' ; 'de quando em quando êle vai a festas' x 'periOdicamente êle vai a festas' ; 'encabulei ainda que não tivesse motivos para isso' x 'encabulei embora não tivesse motivos para isso'.

6. 7 Com relação às palavras-reflexos, .os cuidados do coletor devem ser grandes, embora a responsabilidade da caracterização total dessas questões venha a cair em outrem que não êle.

6. 7.1 Por palavras-reflexos (que na realidade podem, num contexto, ser palavras-estímulos, ainda que sobrevindas espacialmente depois, mas mentadas, na elaboração expressional, antes, daí determinando o retôrno do autor a passagem anterior em que incluiria a verdadeira palavra-re­flexo) entender-se-ão duas ou mais palavras que estejam fortemente vinculadas entre si pelo têrmo ej ou pelo vocábulo, como que se intermo­tivando o que se dá sobretudo nos processos de aliteração, assonância, rima da prosa ou eco, cognatismos, classificação humorística, trocadi­lhos, jogos de palavras, calembours, em suma, de apoio fonético recí­proco, vocabular ejou conceptual.

6 . 7. 2 Normalmente, a transcrição na ficha do ambiente verbal da averbação deveria bastar a que aparecessem a palavra-reflexo e a pala­vra-estímulo (ou reversivamente). Mas exatamente porque às vêzes elas distam muito uma da outra é que caberá ao coletor ter presente essa possibilidade, caso em que, na ficha, cumprirá inscrever um sexto ele­mento, a saber, a palavra-reflexo ou a palavra-estímulo (que poderão ser genericamente denominadas palavras-conexas).

6 . 7. 2. 1 Escusa lembrar que, destarte, se houver num texto conexão do tipo que acima configuramos entre as palavras, por exemplo, 'bastão' e 'exaustão' (não importando a palavra-estímulo ou a palavra-reflexo, no caso) , na ficha de 'bastão' ocorrerá como sexto elemento de referência não a palavra 'exaustão', mas o ambiente verbal de 'exaustão', seguido entre parênteses da indicação do número paragráfico da sua ocorrência, do mesmo modo que na ficha de 'exaustão' ocorrerá como sexto elemento o ambiente verbal de 'bastão', mais a indicação do número paragráfico. E a hipótese pode, embora não freqüente, ser mais rica, com três, quatro, n palavras-conexas, caso em que cada ficha dessas palavras-co­nexas terá como sexto elemento n ambientes verbais das palavras-cone­xas menos um.

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6. 8. Quanto às palavras altamente freqüentes na língua haveria três. direções a seguir:

a) consignar o número de ocorrências, dispensando-lhes a indica­ção de local e de ambiência verbal;

b) consignar o local e a ambiência verbal como qualquer outra palavra averbada;

c) consignar-lhes local, ambiência verbal e distinção analítica de primeiro grau, para estudo de subseqüentes eventuais distinções e mati­zações gramaticais e estilísticas.

6. 8.1 Escusa especular quanto às vantagens e facilidades do segundo. critério, que é o da rotina já estabelecida e permite atingir posterior­mente o terceiro critério, sem as desvantagens de serem aqui e agora~ a priori em relação ao autor, indicadas as palavras mais freqüentes -pois se o pressuposto é certamente válido para com 'e', 'se', 'que', 'o': 'a', 'os', 'as', 'um', 'uma', 'uns', 'umas', não o é para com 'não', 'talvez'~ 'nunca', 'sem', 'para', 'por' e tantas mais.

6 . 9 Com relação aos elementos paremiológicos lato sensu (que vão desde os provérbios, refrães, adágios, sentenças - caracterizados por uma estrutura fônica própria tradicional, portadora, mais do que de um raciocínio ou juízo, de uma intenção moralista, didática ou estimulante - que vão desde isso, repitamos, até clichês, lugares-comuns e o que. de forma algo incolor, se designa por modismos e torneios tradicionais ou estereotipados), bem como os elementos paraparemiológicos (isto é, aquêles que são deliberados aproveitamentos das estruturas paremioló­gicas para fins de criação estilística ad hoc ou constantes no autor), seria de tôda a conveniência que o coletor tivesse seus olhos particular­mente voltados para êles. Ora, acontece que são vários os vocábulos que se inserem numa estrutura paremiológica - por exemplo, 'quem quer vai, quem não quer manda', ou 'cada macaco no seu galho', ou •mais vale um pássaro na mão do que dez voando' , ou, noutro pólo, 'casa de Orates (ou 'orates')', 'caixa de Pandora', 'atravessar o Letes', ou, noutro pólo ainda ( ! ) , 'fala mole em manha dura tanto dá até que convence' -; seria de todo conveniente que o coletor consignasse cada vocábulo isoladamente na sua ficha, mas inserisse no ambiente verbal tôda a paremia, anotando - generosamente - como sétimo elemento já "paremia", já "paremia ?", isto é, antes pecando por excesso que por falta, mas conotando a sua certeza ("paremia") de sua dúvida ("pa­remia ?"), a fim de orientar os trabalhos subseqüentes.

6.10 Levantadas tôdas as fichas, melhor, tôdas as parelhas de fichas, noutros têrmos, esgotada a leitura do texto crítico - e também do aparato crítico, de que seriam também fichadas as discrepâncias e va­riantes verbais, com a técnica já firmada, sendo que o número paragrá­fico seria seguido apenas da abreviação "ap."- e feita a correspondente averbação, o coletor (que durante todo o seu trabalho se teria mantido em consulta com o membro da Comissão responsável pela direção dêsse aspecto da tarefa) separaria êsse fichário nas suas duas vias, ordenan­do-as alfabeticamente.

6 .10 .1 Quando o número de fichas é vultoso, como no caso, e não se dispõe de elementos mecanizados ele discriminação e classificação (o

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que teria suposto o tratamento da matéria, desde o início, em fichas perfuradas segundo código próprio) , a alfabetação presume as seguintes fases:

a) separação das fichas iniciadas por a num montículo ou reci­piente ; das iniciadas por b noutro ; das iniciadas por c noutro, etc. Na prática, é mais eficaz separarem-se concomitantemente quatro letras apenas, por hipótese, a, b, c e d, cada ficha dessas iniciais num montículo próprio, contra um maior, geral, das outras letras. A seguir, toma-se de novo o geral e procede-se à separação para mais quatro letras, por hipótese, e, f, g e h; etc.;

b) ordenação já agora de cada letra, iniciando-se por a; aqui aplica-se o princípio da alínea anterior adaptado ao caso vertente: sepa­ram-se, por hipótese, as fichas de a em subgrupos ou submontículos de aa, ab, ac e ad contra o montículo geral de a noutro submontículo maior; em seguida, dêsse submontículo maior, retiram-se as fichas de ae, af, ag e ah (o que, logicamente, será dispensável, devendo-se transitar dire­tamente para ai) ;

c) nessa fase, senão que, em certos casos (por exemplo, quando na letra e para a palavra 'e') antes, as fichas da mesma palavra já estarão muito próximas, cumprindo reuni-las e dar a ordem alfabética ao fichário. 6.10 .1.1 Das recomendações supra se infere que não se preconiza que o coletor vá, na medida que trabalha, alfabetando as fichas, pois a perda de tempo é enorme e a tarefa se faz estafante.

6.10 .1. 2 Mas das recomendações supra se infere que seria extrema­mente conveniente que cada parelha de ficha fôsse, tão pronta termi­nada cada averbação, grampeada no ângulo superior esquerdo (gram­peamento que pode, aliás, ser feito antes da averbação, se o carbono das fichas tiver seu ângulo superior esquerdo chanfrado), a fim de que a alfabetação seja numa só operação. Quando terminada, a separação dos dois fichários será extremamente simples. 6.10. 2 Dessa ordenação alfabética decorrerão as operações finais do vocabulário-índice de um livro:

a) as várias fichas relativas a um mesmo vocábulo serão exami­nadas, para ver se se trata do mesmo têrmo, caso em que serão ordena­das na ordem crescente da numeração paragráfica, em se tratando de palavras que não sejam verbo, substantivo, adjetivo ou pronome; no caso destas, serão elas antes ordenadas como se preconiza em 6. 4 .1 supra, após o que, dentro dos subgrupos obtidos, se fará a ordenação final segundo a ordem crescente da numeração paragráfica;

b) as várias fichas relativas a um mesmo vocábulo serão exami­nadas, para ver se se trata do mesmo têrmo, e não se tratando serão separadas nessa consonância; após o que se voltará ao tratamento pre­conizado supra;

c) a primeira ficha de cada palavra receberá, então, a inscrição de sua categoria gramatical - devendo-se, para isso, adotar a nomen­clatura simplificada preconizada pelo Ministério da Educação e Cultura.

d) passar-se-á, então. ao cômputo das ocorrências de cada verbete, contando-se-lhe o número de ficha; êsse número será inscrito na pri-

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meira ficha, entre parênteses, logo após a inscrição da categoria gra­matical;

e) proceder-se-á, por fim, à elaboração das matrizes mimeográfi­cas, para tiragem de um número determinado de exemplares do, por hipótese, Vocabulário-indice do Dom Casmurro, de Machado de Assis.

6.10.3 Terminada a operação a que se refere o número anterior, ha­verá disponibilidade, de novo, dos dois fichários dêsse vocabulário-índice. Um, o destinado ao vocabulário-índice geral, ficará intocado após a ordenação e manipulação prevista até à letra d supra. O outro - de que se terá feito a edição mimeográfica - terá cumprido o seu destino, sendo então transferido para o segundo tipo de tarefa - a do vocabu­lário morfológico.

7. Os trabalhos de levantamento do material destinado ao vocabulário morfológico serão feitos, por conseguinte, sôbre as seguintes peças:

1) o texto crítico mesmo; 2) o fichário do vocabulário-índice, e 3) a edição mimeográfica dêsse vocabulário-índice.

7. 1 Essencialmente, a tarefa para a organização do vocabulário mor­fológico consistirá das seguintes operações sucessivas:

a) decomposição de cada vocábulo constante do vocabulário-índice em todos os seus elementos mórficos, fichamento à parte de cada ele­mento mórfico assim decomposto, constando, neste caso, de cada parelha. de fichas, os seguintes elementos :

1) no ângulo superior direito a sigla "vm"; 2) logo abaixo, o número romano do volume; 3) no local que era antes destinado à inscrição da palavra

coletada, aparecerá o elemento mórfico, seguido entre pa­rênteses da indicação da sua natureza;

4) logo abaixo virá o vocábulo de que no (3) supra se indica. o elemento mórfico decomposto ;

b) alfabetação de tôdas as parelhas de fichas; as relacionadas com o mesmo elemento mórfico já ordenado alfabeticamente serão por sua vez internamente alfabetadas segundo as palavras do elemento ( 4) supra;

c) separação dos dois fichários genérica e especificamente alfa­betados; um se destinará ao vocabulário morfológico geral, ficando in­tocado até segunda ordem; o outro servirá para dêle fazer-se até con­tínua matriz mimeográfica, de que se tirará edição destinada aos mem­bros da Comissão e à circulação por esta recomendada.

7. 2 Os elementos mórficos de que se cogitará serão tão-somente os seguintes:

a) raiz, até o nível do latim, ou do grego, ou das línguas empres­tadoras, nos casos de palavras eruditas ou de empréstimos; até o nível do românico, para as populares (inclusive arábicas e germânicas);

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b) radical; c) vogal temática ; d) tema; e) prefixos ; f) sufixos ; g) desinências nominais ; h) desinências número-pessoais; i) desinências modo-temporais; j) desinências ou sufixos de gradação ; k) vogais e consoantes de ligação, eruditas ou v.ernáculas

(analógicas) .

7 . 2 .1 Quanto aos elementos vocabulares amaríndios, africanos ou de <>utras origens exóticas, não se procederá à análise mórfica dos seus .componentes dessas origens; mas os elementos vernaculizados que os integrarem serão computados para efeitos do número anterior, bem .como o serão, globalmente, os radicais extensos que ficarem, deduzidos aquêles elementos, radicais que terão o tratamento do número anterior como se radical fôra.

8 . Os trabalhos de levantamento do material destinado à antroponí­mia-personália serão feitos sôbre as seguintes ·peças:

1) o texto crítico mesmo ; 2) o fichário do vocabulário-índice; 3) o fichário do vocabulário morfológico ; 4) a edição mimeográfica do vocabulário-índice, e 5) a edição mimeográfica do vocabulário morfológico.

8 .1 A primeira operação consistirá em copiar do vocabulário-índice as fichas que se relacionarem com a antroponímia e a personália - tais como lá se acharem. As indicações dos números paragráficos servirão como ponto de referência :

a ) nos casos episódicos, raros ou hápax na obra, para a localiza­ção presumível episódica, rara ou hápax;

b) nos casos mais freqüentes, para chamar a atenção sôbre êsses locais certos, além das incidências prováveis não referidas por antro­pônimo.

8 . 2 Com êsse levantamento preliminar do vocabulário-índice, far-se-á, também por cópia, a extratação dos elementos relacionados com êle do vocabulário morfológico, na presunção de que, subseqüentemente, pos­sam ter algum valor indicativo. Ato contínuo serão abertas fichas que de fato integrarão a antroponímia-personália, pela remissão recíproca das variantes e de tôdas estas para a ficha definitiva. Vale dizer, por sua natureza, no vocabulário-índice, cada ocorrência de Brás está sob o verbete Brás, cada ocorrência de Cubas está sob o verbete Cubas e cada ocorrência de Brás Cubas está sob o verbete Brás Cubas; proceder-se-á, já agora, à remissão recíproca de Brás, para os dois outros (e mais um) verbetes- Cubas, Brás Cubas e Cubas, Brás-; de Cubás para os três verbetes- Brás, Brás Cubas e Cubas, Brás-; de Brás Cubas para os três verbetes - Brás, Cubas e Cubas, Brás -; e de Cubas, Brás para

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os três verbetes - Brás, Cubas e Brás Cubas. É que de fato a vocabu­larização antroponímica deverá ser - tanto para os personagens his­tóricos, reais, míticos ej ou externos à obra do autor mas nela referidos, quanto para os de sua ficção, quando êstes ao longo do livro tiverem uma vez que seja a menção do seu sobrenome - tratada com minúcia, após as remissivas recíprocas, apenas no verbete iniciado pelo sobrenome (ou pelo único nome), como, por exemplo, "Matos, Paulo Vaz Lôbo César de Andrade e Sousa Rodrigues de (VI, 95) ", ainda que, eventual­mente, se tivesse, porque referido também assim, de remeter para aquêle verbete êste outro - "Vaz Paulo - ver Matos, Paulo Vaz Lôbo César de Andrade e Sousa Rodrigues de".

8. 3 A partir de então, a tarefa consistirá em fazer uma leitura metó­dica, de início ao fim do livro, tendo em mente a preocupação exclusiva de participar pelos sentidos - visão, audição, olfação e tato, sobretudo, mas, quem sabe?, termação, levitação, sinestesia ... - dos sêres huma­nos ou antropomórficos que povoarem, direta ou indiretamente, "pre­sente" ou alusivamente, a obra em causa, extratando tudo o que se rela­cionar com cada ser já alfabetado na relação antroponímica.

8.3.1 A extratação em causa é, ainda aqui, a preconizada, nas suas características operacionais, para as fichas do vocabulário-índice, a saber, cada ocorrência de personagem, nominalmente citado ou não, será objeto

. de uma parelha de fichas, sob verbete que corresponde ao nome referido na passagem ou, não o sendo, ao nome que se tenha fixado na mente do coletor para designá-lo, passando a ficha a conter os elementos do local relacionados com a personagem. Fixem-se, por conseguinte, as hipóteses de cabeças de verbete operacionais seguintes:

a) sob um nome certo, referido pelo autor no local da extratação, ou em local muito próximo, antes ou depois;

b) sob um nome certo, não referido pelo autor no local da extra­tação, nem muito próximo (uma página) antes ou depois; neste caso, na ficha virá a cabeça de verbete entre parênteses, por oposição à letra supra, em que virá sem parênteses ;

c) sob um nome hipotético, não se sabendo quem é o personagem, caso em que o coletor porá entre parênteses o nome presumível do per­sonagem seguido de " ? ";

d) sob um elemento descritivo de situação, caso em que a cabeça do verbete será, por hipótese, dos tipos seguintes, dentre muitos outros possíveis: "Anônimo: um negro que surra outro na rua de Mata-Cava­los etc .... "; "Anônimo: uma jovem mulher que dirige a Bento um olhar promissor quando êste está a caminho de ... ".

8 . 4 A coleta do material relacionado com as personagens parte do pressuposto de que, em cada ficha, pode ocorrer um elemento a mais para caracterizar uma personagem, na sua sincronia ou na sua diacronia. A fim de facilitar a tarefa de "construção" do verbete definitivo (e da "personagem") será de extrema conveniência capitular a extratação quanto à sua natureza sistematizável, na conformidade do seguinte có­digo - bem como na conformidade das possibilidades abertas pelo se­guinte código :

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o 0.1 0.2 0.3 1. 1.1 1.2 1.3 1.3.1 1.3.2 1.4 1.4.1 1.4.2 1.4.2.1 1.4.2.2 1.4.3 1.4.4 1.4.5 1.4.6 1.4. 7 1.4.8 1.4.9 2. 2.1 3. 3.1 3.2 3.2.1 3.2.2 3.3 3.4 4. 4.1 4.2 4.3 4.3.1 4.3.1.1 4.3.2 4.3.2.1 4.3.3 5. 6. 7. 7.1 7.2 7.3 7.3.1 7.3.2 8.

9. 9.1

talhe, porte, aparência geral andar, ademanes, gestos, mímica magreza, robustez, obesidade Deformações, aleijões, mutilações ostensivas cabeça cabelos, penteado, melenas, calva testa, fronte, têmporas, nuca orelha orelha direita orelha esquerda rosto sobrancelhas olhos ôlho direito ôlho esquerdo nariz faces, bochechas bôca lábios, comissuras gengivas, dentes, língua, úvula, céu da bôca queixo, covinhas do barba, bigodes, suíças pescoço pomo-de-adão tórax ombros peitos, seios seio direito seio esquerdo colo, entre-seio, rêga dos seios espáduas, omoplatas, costas braços antebraços cotovelos mãos mão direita dedos da mão direita mão esquerda dedos da mão esquerda unhas cintura ancas, cadeiras, bacia, ventre, barriga pernas coxas canela, barriga da perna pés pé direito pé esquerdo chapéu, fitas, adornos, brincos, da cabeça lato sensu, em função da personagem roupas e jóias no tórax roupas do tórax não visíveis

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9.2 9.3 9.4

10. 10.1 10.2 10.3 10.4 10.5 10.6 ll. 11.1 11.2 11.3 11.4 11.5 11.6 11.7 11.8 11.9 11.10 11.11 11.12 11.13

relacionadas com a cintura relacionadas com as ancas e as pernas relacionadas com os pés volições, desejos, ambições, preferências relações e julgamentos amorosos sexuais profissionais de parentesco de serviçais mercantis, monetários atitudes, opiniões, convicções gener1cas religiosas, místicas, supersticiosas filosóficas morais, moralísticas, moralizantes estéticas políticas econômicas sôbre origem das coisas, de tudo sôbre a morte sôbre a vida, sua finalidade, sua inutilidade sôbre o trabalho sôbre a ciência, a sabedoria, o folclore sôbre a estrutura social, a situação social sôbre o tempo, o deperecimento, a velhice.

8.4 .1 Não esquecer que uma personagem importará ser posta em re­lêvo, é a da primeira pessoal real, não a de ficção, pois até agora não se levantaram tôdas as referências do autor a si mesmo. O esquema para o código pode ser o supr a referido, mas antecedido de (O).~ noutros têrmos, mima passagem em que Machado de Assis emite suas opiniões políticas, será ela extratada para o seu verbete, com a indicação (O) .11. 5; em que se refere ao seu todo, será (O) . O.

8. 4. 2 Não esquecer, ainda, que no autor a técnica da primeira pessoa leva a que alguns personagens se refiram a si mesmos; nessas situações de autodescrição, de autojulgamento, tôda a sistemática do código deve ser antecedida de ( 1) .

8.4.3 No código classificatório acima, o tratamento da realidade do texto poderá revelar setores inutilmente previstos, enquanto outros ha:. verá mal discriminados. Ensej a-se, assim, tentar êsse plano em função de um livro, após o qual poderá êle ser retificado e corrigido. De todos os modos, se por hipótese o coletor tiver necessidade de incluir unidades particulares, isso sempre lhe fica aberto; por exemplo, se necessitar distinguir as relações de serviçais em geral e as de escravos, poderá manter as primeiras como 10.5 e fazer as segundas como 10.5 .1; se necessitar, nas relações de parentesco, discriminações do tipo "pai para com filho", "filho para com pai", "marido para com mulher", "mulher para com marido", poderá criar além da genérica já existente 1 O .4, as seguintes 10.4.1, 10.4.2, 10.4.3, 10.4.4; se necessitar classificaçã() própria para Positivismo, Humanitismo, Anti-Humanitismo, poderá~ dentro de 11. 2, fazer 11. 2. 1, 11. 2. 2 e 11. 2. 3.

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8.4.4 Importará muito que o coletor fique vigilante quanto aos fatos. de diacronia, de evolução, no tempo, das personagens. Mecânicamente, a sucessão da numeração paragráfica em ordem crescente suporá a sucessão no tempo; de modo que, sob o número 10.1 - relações amo­rosas -, uma referência a Marcela no parágrafo 125 (por hipótese) e a Virgília no parágrafo 143 (por hipótese) será interpretada como se a primeira dama tivesse acontecido na vida sentimental da personagem antes da segunda: se os fatos forem, entretanto, outros, isto é, se o autor deliberadamente pratica procronias ou !lnacronias estruturais, o coletor deverá fazer menção disso na ficha competente.

8. 5 A ficha da antroponímia-personália suporá os seguintes elementos,. para cada extratação.

1) a sigla "ap" no ângulo superior direito; 2) logo abaixo, o número romano do livro; 3) a cabeça do verbete (ver 8.3 e 8.3.1); 4) a classificação do código, conforme 8. 4 e seções; 5) a extratação da passagem característica, seguida, entre.

parênteses, do número paragráfico; 6) lembretes eventuais.

8. 6 Esgotado o livro, passar-se-á às operações finais para a constitui­ção da edição mimeográfica da antroponímia-personália:

a) alfabetação das fichas, reunindo tôdas as que se referem à mesma personagem (as meramente remissivas ficarão meramente alfa­betadas);

b) ordenação das fichas relacionadas com uma só personagem segundo o sistema de cillssificação dos caracteres adotados, vale dizer,. segundo a numeração crescente do código;

c) separação dos dois fichários já assim devidamente ordenados; um se destinará à futura antroponímia-personália geral, ficando intocado até segunda ordem; outro deverá servir para a imediata feitura das matrizes mimeográficas, passando-se à tiragem, para uso dos membros, da Comissão e para os fins que esta dispuser.

8. 6 .1 Seria de extrema conveniência que entre a cabeça de verbete definitiva, de cada personagem, e o corpo do •verbete (a sucessão siste­mática dos elementos extratados relacionados com a personagem) se interpusesse um elemento informativo que seria:

a) nos casos de personagens históricos, uma ficha biográfica, sin­tética, tal como aparece, por exemplo, no Webster's Biographical Dic­tionary;

b) nos casos de personagens míticos, tal como aparece num, por exemplo, The Oxford Classical Dictionary, para o mundo greco-romano, ou no Dicionário do Folclore Brasileiro para o que coubesse, ou numa enciclopédia, a Britannica, por exemplo, para o resto.

8.6.2 Seria, ainda, de extrema conveniência que, antes da feição defi­nitiva, os verbetes fôssem objeto de eventuais anotações concernentes, onde houvesse, a contradições objetivas, ubiqüidades, impossibilidades. lógicas e equivalentes.

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9. Os trabalhos de levantamento do material destinado à toponímia­-intitulativa serão feitos sôbre as seguintes peças:

1) o texto crítico mesmo ; 2) o fichário do vocabulário-índice; 3) o fichário do vocabulário morfológico; 4) o fichário da antroponímia-personália; 5) a edição mimeográfica do vocabulário-índice; 6) a edição mimeográfica do vocabulário morfológico, e 7) a edição mimeográfica da antroponímia-personâlia.

9.1 A primeira operação consistirá em copiar do vocabulário-índice as fichas que se relacionarem com a toponímia e os intitulativos - tais como lá se acharem. As indicações dos números paragráficos servirão como pontos de referência:

a) nos casos episódicos, raros ou hápax na obra, para a localiza­·ção presumível episódica, rara ou hápax;

b) nos casos mais freqüentes, para chamar a atenção sôbre essas passagens certas, além das incidências prováveis de passagens não refe­ridas pelos topônimos ou intitulativos.

·9. 2 Com êsse levantamento preliminar do vocabulário-índice, far-se-á também por cópia a extratação dos elementos mórficos relacionados com os topônimos e intitulativos do vocabulário morfológico, na presunção de que, subseqüentemente, possam ter algum valor indicativo. Ato con­tínuo serão abertas fichas que de fato integrarão a toponímia-intitula­tiva, pela remissão recíproca das variantes e de tôdas estas para a ficha ·definitiva. Vale dizer, por sua natureza, no vocabulário-índice cada ocorrência de Rua de Mata-Cavalos (abandona-se aqui a questão orto­gráfica conexa e suas decorrências para a averbação) está no verbete Rua de Mata-Cavalos, cada ocorrência de Mata-Cavalos tout court (mas referindo-se à rua) está em Mata-Cavalos apenas, ou cada ocorrência de Museu do Louvre está no verbete Museu do Louvre, enquanto cada ocorrência de Louvre está no verbete Louvre apenas. Proceder-se-á, já agora, à remissão recíproca tal como se recomenda em 8. 2, mutatis mutandis. Ê que de fato a vocabularização toponímica e intitulativa .deverá ser tratada com minúcia, ·após as remissivas recíprocas, apenas no verbete iniciado pelo topônimo ou intitulativo propriamente ditos (Louvre, museu, palácio; Mata-Cavalos, rua; Orfeu, ópera, etc.).

·9. 3 A partir de então, a tarefa consistirá em fazer uma leitura metó­dica, de início ao fim do livro, tendo em mente a preocupação exclusiva de participar pelos sentidos dos elementos de que se cogita, extratando tudo o que se relacionar com os topônimos e com os intitulativos.

9. 3 .l A extratação em causa é, ainda aqui, a preconizada, nas suas ·características operacionais, para as fichas do vocabulário-índice, a saber, cada ocorrência de topônimo ou intitulativo, nominalmente citado ou não, .será objeto de uma parelha de fichas, sob verbete que corresponde ao nome referido na passagem ou, não o sendo, ao nome que de fato tenha, passando a ficha a conter os elementos da passagem relacionados com o topônimo ou o intitulativo. Fixem-se, entretanto, as hipóteses de .cabeças de verbete operacionais seguintes:

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a) sob um nome certo, referido pelo autor na passagem da extra­tação, ou em passagem muito próxima, antes ou depois;

b) sob um nome certo, não referido pelo autor na passagem da extratação, nem muito próximo (uma página), antes ou depois; neste caso, na ficha virá a cabeça de verbete entre parênteses, por oposição à letra suP'I·a, em que virá sem parênteses;

c) sob um nome hipotético, não se sabendo qual o topônimo ou intitulativo, caso em que o coletor porá entre parênteses o topônimo ou o intitulativo presumível seguido de "?", se o puder, senão recorrerá ao que dispõe a letra infra;

d) sob um elemento descritivo, caso em que a cabeça de verbete será, por hipótese, dentre muitas possíveis: "rua em que F., depois de visitar A., passa, a caminho de ... "; "quadro de pintor flamengo que representa ... ".

9 . 4 A coleta de material relacionado com os topônimos e os intitula­tivos independe de sistemática do tipo preconizado para a antroponímia­-personália (ver 8. 4). Isso não obstante, convém que o coletor tenha sempre presente as considerações que a êste respeito já foram feitas em 6.1 (c), (d) e (e) supra, cuja releitura se recomenda.

9. 4. 1 Após essa releitura, não esquecer que uma cidade importará ser posta em relêvo: a do Rio de Janeiro. O verbete que lhe corresponda terá que ter, de futuro, uma sistemática própria de apresentação, que consistirá das achegas coletadas das referências explícitas ou implícitas na obra do autor, mais, em seguida, uma série de remissivas, segundo certa ordenação a fixar, aos outros v.erbetes autônomos que por sua factualidade, existencialidade ou realidade se inserem dentro do Rio de Janeiro (praças, ruas, palácios, museus, teatros, jornais ... ).

9. 5 A ficha da toponímia-intitulativa suporá os seguintes elementos, para cada extratação:

1) a sigla "ti" no ângulo superior direito; 2) logo abaixo, o número romano do livro; 3) a cabeça do verbete (ver 9.3 .1 S?-tpra) ; 4) a extratação da passagem característica, seguida, entre

parênteses, do número paragráfico; 5) lembretes ou observações eventuais.

9. 6 Esgotado o livro, passar-se-á às operações finais para a constitui­ção da edição mimeográfica da toponímia-intitulativa:

a) alfabetação das fichas, reunindo tôdas as que se referem ao mesmo topônimo ou ao mesmo intitulativo (as meramente remissivas ficarão meramente alfabetadas) ;

b) ordenação das fichas relacionadas com um só topônimo ou um só intitulativo segundo um dos dois critérios cabíveis, em função da quantidade da matéria achegada, a saber, mera seqüência dos elementos na mesma ordem da numeração paragráfica, ou organização a cada caso de uma orgânica expositiva de acôrdo com o valor ou a importância do topônimo ou .intitulativo;

c) separação dos dois 'fichários já assim devidamente ordenados; um se destinará à futura toponímia-intitulativa geral, ficando intocado

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REVISTA DO LIVRO

até segunda ordem; outro deverá servir para a imediata feitura das matrizes mimeográficas, passando-se à tiragem, para uso dos membros da Comissão e para os fins que esta dispuser.

9. 6.1 Seria de extrema conveniência que entre a cabeça de verbete definitiva, de cada topônimo ou de cada intitulativo, e o corpo do verbete se interpusesse um elemento informativo que seria:

a) nos casos dos topônimos, uma ficha geográfica do mesmo se­gundo a situação ao tempo do autor, ao tempo da ocorrência, ou durante o tempo das referências;

b) no caso de intitulativos, uma referência sintética de tipo enci­clopédico, situada conceptualmente, quando possível, ao tempo da citação ou referência.

9. 6. 2 Seria, ainda, de extrema conveniência que, antes da feição defi­nitiva, os verbetes fôssem objeto de eventuais anotações concernentes, onde houvesse, a contradições objetivas, ubiqüidades, impossibilidades lógicas e equivalentes.

10. Para a elaboração do glossário ideológico, os elementos disponí­veis são os seguintes :

1) o texto crítico mesmo; 2) o fichário do vocabulário-índice; 3) o fichário do vocabulário morfológico; 4) o fichário da antroponímia-personália; 5) o fichário da toponímia-intitulativa; 6) a edição mimeográfica do vocabulário-índice; 7) a edição mimeográfica do vocabulário morfológico; 8) a edição mimeográfica da antroponímia-personália; 9) a edição mimeográfica da toponímia-intitulativa.

10.1 Para enfrentar esta talvez a mais delicada operação coletora, impõe-se, a fim de reduzir ao mínimo possível as flutuações da objetivi­dade, como decorrência de distração, desatenção, cansaço e fatôres afins, impõe-se (repetimos) que o coletor se deixe guiar por uma dire­triz prospectiva e planejada, que se consubstancia numa sistemática codificada, do tipo já acima adotado em função da personália. Para o caso vertente, propõe-se a seguinte :

1 . céu e terra 1. 1 estrêlas, comêtas, asteróides 1 . 2 planêtas 1.3 lua 1.4 ar, vento, tempo (estados do), fenômenos me-

teorológicos 1. 5 montanhas, montes, vales, acidentes orográfico~ 1 . 6 terrenos, campos, paisagens 1. 7 águas 1.8 fogo 2. geologia e mineralogia 2 .1 metais 2 . 2 pedras preciosas 3 . geografia

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3.1 3.2 3.3 3.4 4. 4.1 4.2 4.3 4.4 5. 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 5.7 5.8 6. 6.1 6.2 6.2.1 6.2.2 6.2.3 6.2.4 6.2.5 6.2.6 6.3 6.4 6.4.1 6.4.1.1 6.4.1.2 6.4.2 6.4.2.1 6.4.3 6.4.3.1 6.4.4 6.4.4.1 6.4.5 6.4 .5.1 6.4.5.2 6.4.6 6.4.7 6.5 6.5.1 6.5.2 6.5.2.1 6.5.2.2 6.5.3 6.5.4 6.5.5

acidentes geográficos litorâneos acidentes geográficos mediterrâneos fito geografia zoogeografia plantas matas, selvas, florestas, bosques flores frutos árvores animais partes dos animais, subprodutos· aves cavalo e equitação burros, mulas cão gato pássaros de gaiola animais domésticos de quintal homem físico grupos de idade, de sexo classes sociais escravos mesteirais burgueses aristocratas, nobres, nobilitados sacerdotes marginais partes do corpo sentidos visão formas côres olfação perfumes, cheiros, olores, odores audição sons, ritmos, cadências, melodias, música ta c to impressões tácteis gustação impressões gustativas comidas, bebidas termação, impressões térmicas outros sentidos família legal família de fato cônjuges marido mulher noivos namorados filhos

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216

6.5.6 6.5.7 6.6 6.6.1 6.7 6.7.1 6.8 6.8.1 6.8.2 6.8.2.1 6.8.3 6.8.4 6.8.5 6.8.5.1 6.8.6 6.8.6.1 6.9 6.9.1 6.9.2 6.9.3 6.9.4 6.9.5 6.9.6 6.9.7 6.9.8 6.10 6.10.1' 6.10.2 6.10.3 6.10.4 6.10.5 6.11 6.11.1 6.11.2 6.11.3 6.11.4 6.11.5 6.11.6 6.11.7 6.11.8 6.11.9 6.11.10 6.11.10.1 6.11.10.2

relações extraconjugais prostituição saúde remédios, tratamentos, mezinhas, curas insânia, loucura, vesânia, alienação assistência psiquiátrica, tratamentos necessidades corporais descanso sono sonhos comer (não 'comidas', ver 6 .4 . 5 . 2)

. beber (não 'bebidas', ver 6 .4 . 5 . 2) coabitar concupiscência, desejo sexual limpeza corporal toucador trajes trajes femininos trajes masculinos trajes infantis trajes típicos, ocasionais. exóticos adornos, jóias, paramentas ato de vestir, de vestir-l:!e matéria dos trajes matéria dos adornos, jóias, paramentas gestualidade, mímica, :-.tividade mãos pés corpo fisionomia pugilato, recontro físico, luta singular profissões domésticas não serviçais serviçais liberais mesteirais comerciais industriais bancárias, agiotagens, parasitismo de alto nível gregarismo, agregados, parasitas menores sacerdotes, sacerdócio militares terrestres navais

6 . 11 .11 , marginais 6.11.12 7. 7.1 7.2 7.3 7.4 7.4.1'

criminosos homem psíquico pensar julgar sonhar aprender, compreender, explicar filosofia

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7.4.2 7.4.3 7.4.3.1 7 .4.3.2 7.4.4 7.5 7.5.1 7.5.2 7.5.3 7 .5.4 7.5.5 7.5.6 7.5.6.1 7.5.7 7.5.8 7.5.9 7.5.10 7.5.11 7.6. 7.6.1 7.7 7.7.1 7.7.2 7.8 7.9 8. 8.1 8.2 8.3 8.4 8.5 8.5.1 8.5.1.1 8.5.1.2 8.5.1.3 8.5.1.4 8.5.2 8.5.3 8.5.4 8.6 8.6.1' 8.7 8.7.1 9 9.1 9.2 9.3 9.4 9.5 9.6 9.7 9.8

ciências artes criação artística emoção artística técnicas sentir amor-ódio prazer-desprazer esperança-desesoêro alegria-tristeza euforia-disforia, angústia confiança-desconfiança ciúmes piedade, inveja, gratidão, ingratidão interêsse, desinterêsse, egoísmo, altruísmo admiração, escárnio, insulto, louvor mêdo, coragem outros sentimentos vontade determinação, vacilação, dúvida procedimentos morais bondade, crueldade lealdade, deslealdade memória · outras qualidades e faculdades mentais convívio amparo, ajuda, favor, obséquio, atenção côrte, cortesia, bajulação, incensamento conselho, persuasão, dissuasão paz conturbação social guerra armas, corpos, divisões hierarquia operações de ataque, de defesa derrota, vitória, trégua, armistício revolução rebeldia intentona estrutura social, opiniões, conceitos eevolução social calamidades naturais, hecatombes assistência social, estatal ativicJades humanas coleta agricultura extração em geral mineração pescaria pecuária outras criações outras plantações

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!18

9.9 9.9.1 9.9.2 9.9.3 9.9.4 9.10 9.10.1 9.10.2 9.10.3

10. 10.1 10.2 10.3 10.4 11. 11.1 11.2 11.2.1 11.2.1.1 11.2.1.2 11.2.1.3 11.3 11.4 12. 12.1 12.2 12.3 12.4 12.5 12.5.1 12.5.2 12.5.3 12.5.4 12.5.5 12.5.6 12.5.7 12.5.8 12.5.8.1 12.5.9 12.6 12.6.1 12.6.1 12.7 12.7.1 12.7.2 12.7.3 13. 13.1 13.2

13.3

transportação terrestre marítima fluvial aérea comunicação correio telégrafo próprio rural, urbano; mensageiro riqueza, dinheiro, ações e afins herança terras próprias poder miséria linguagem oral conversa, elocução linguagem escrita arte de escrever qualidades de estilo defeitos de estilo correção gramatical (conceitos sôbre) conhecimento de línguas estrangeiras defeitos e qualidades da fala cidade ruas, praças, logradouros ordem urbana limpeza urbana administração urbana, edilidade, prefeitura edifícios partes construção materiais mobiliário alfaias utensílios de cama e mesa utensílios de cozinha utensílios de costura costureira, modista utensílios outros domésticos transportes urbanos coches, vitórias, tílburis outros transportes urbanos povoamento bairros . hotéis, pensões, cortiços bordéis, casas de encontros furtivos organização judiciária tribunais

•I

processos, certidões, públicas-formas, rabulice

papel6rio,

senten~as', penas, crimes, castigos

PLANO DO DICIONÁRIO DAS OBRAS DE MACHADO DE ASSIS

13.4 14. 14.1 14.2 14.3 15. 15.1

15.2 15.3 15.4 16. 16.1 16.2 16.3 17. 17.1 17.2 17.3 18. 18.1 18.2 18.3 18.4 19. 19.1 19.1.1 19.2 19.2.1 19.3 19.4 19.5 19.6 19.6.1 19.6.2 19.7 20. 20.1 20.2 20.3 20.4 20.4.1 20.4.2

20.5 20.6 20.7 20.8 20.9 20.10 21.

fôro ·: organização legislativa

senadores deputados tramitação parlamentar organização executiva reis, imperadores, presidentes, primeiros mi­nistros ministérios, ministros, secretários de Estado burocracia, repartições, funcionários subôrno, ineficácia, rotina instituições intelectuais escolas em geral institutos, laboratórios, seminários atos intelectuais públicos, conferências instituições religiosas igrejas, templos, missas, ofícios atos religiosos, atos supersticiosos enterros instituições e práticas recreativas e festivas clubes, associações, bailes festas, festividades populares casamentos batizados belas-artes literatura, crítica literária livros, bibliotecas música instrumentos musicais artes plásticas museus coreografia, balé teatro operístico dramático circos, outros espetáculos homem no universo no tempo, na história, na irreversibilidade no espaço, no infinito na origem, na finalidade, no fim na transcendência a idéia de Deus antropomorfização de Deus, do Diabo, mani­queísmo os fenômenos as existências as essências as idéias o espírito a matéria retórica e estilística

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REVISTA DO LIVRO

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21.1 21.2 21.3 21.4 21.5 21.6 21.7 21.8 21.9 21.10 21.11 21.12 21.13 21.14 21.15 21.16 21.17 21.18 21.19 21.20 21.21 21.22 21.23 21.24 21.25 21.26 21.27 21.28 21.29 21.30 21.30(n)

22. 22.1 22.2 22.3 22.3.1 22.3.2 22.3.3 22.3.4 22.3.5 22.3.6 22.3.7 22.4 22.4 .1 22.4.2 22.4.3 22.5 22.6 22.7 22.8

repetição, anáfora numeração, enumeração, séries cognatismo rima, eco aliteração assonância palavras-conexas trocadilho, jôgo de palavras, calembourg isto, isto?, isto hipérbole antítese símbolo alegoria comparação metáfora antinomia sinestesia contradições motivos mitológicos (clássicos) motivos míticos motivos folclóricos motivos greco-romanos motivos bizantinos motivos românicos motivos medievais motivos renascentistas motivos asiáticos motivos africanos motivos oceânicos motivos americanos motivo ( n = nome do país do tempo do autor tomado como motivo) . Características gerais poemáticas Metro Ritmo Vocalismo do verso AssonânCia Hiatos intervocabulares Hiatos intravocabulares Ditongações intervocabulares Ditongações intravocabulares Alongamentos Elisões Consonantismo do verso Aliterações Fenômenos de epêntese (suarabácti) Outros fatos de consonantismo Sinafia, embebimento, acavalgamento Fenômenos outros de versificação Formas poemáticas e estróficas fixas Rima

PLANO DO DICIONARIO DAS OBRAS DE MACHADO DE ASSIS

22.9 22.10 22.11

Rimário Esquema de rimas Vária.

10.1.1 Tôdas as partes da sistemática codificada supra deverão ser objeto de elucidações oportunas, para fins de se distinguirem claramente os seus enunciados. Algumas dessas partes, entretanto, merecem, já e aqui, algumas precisões:

a) sob o título "22. Características gerais poemáticas" se inscre-verão apenas fatos genéricos relacionados com os seguintes itens:

1) poemas curtos - até sonêto 2) poemas médios - de 15 a 25 versos 3) poemas longos - de 26 versos em diante 4) poemas líricos 5) poemas épicos 6) poemas dramáticos 7) poemas filosóficos 8) poemas descritivos 9) poemas narrativos

10) poemas sem divisão estrófica 11) poemas com divisão estrófica 12) poemas sem rima 13) poemas com rima 14) poemas alométricos 15) poemas isométricos 16) poemas heterométricos 17) poemas de seqüência poemática 18) poemas traduzidos 19) poemas parafraseados.

b) sob o título "22. 9 Rimário" compreender-se-á o levantamento sistemático de tôdas as formas de rima usadas pelo poeta, o que cons­tituirá o seu "dicionário de rimas", segundo a metodologia tradicional a êsse respeito - abonando-se, entretanto, todos os versos de cada tipo de rima que ocorrerem no autor.

1 O .1. 2 Para a coleta, tal como preconizada adiante, fica aberta ao coletor, por ensaio-e-êrro, a possibilidade de introdução de subseções que se revelarem necessárias ou úteis, sem, entretanto, desordenar-se a estruturação proposta.

10.2 A coleta se baseará: a) na classificação das cabeças de verbete do fichário do vocabu­

lário-índice (pois nessas fichas estão extratados os ambientes verbais gra<;as aos quais se pode julgar da pertinência) de acôrdo com a siste­mática codificada supra;

b) na primeira leitura exaustiva do texto crítico - ou melhor, numa leitura dêsse texto por um primeiro tipo de coletor -, se comple­mentará o tombamento da letra anterior;

c) numa segunda leitura exaustiva do texto crítico - ou melhor, numa leitura dêsse texto por um segundo tipo de coletor -, se suple-

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R El YI S TA DO --L~ V R O·

mentarão os dois tombamentos anteriores, mas êste com .vistas, exclu­sivamente, como coroamento, à seção 21. e parágrafos da sistemática codificada - isto é, a parte retórica e estilística.

10.3 ·As fichas do glossário ideológico apresentam os dados seguintes:.

1) a sigla do ângulo superior direito "gi"; 2) logo abaixo, nesse ângulo, o número romano do livro; 3) a classificação da sistemática codificada; 4) a palavra (mais raramente o sintagma, a passagem) cor:­

respondente, seguida entre parênteses da numeração para-gráfica; ·

5) observações eventuais.

10.4 A grupação das fichas do glossário ideológico será sinalética~. operação que terá como elemento ordenador a seqüência da numeração da sistemática codificada.

10.4 .1 As fichas que se integrarem num só número da sistemática eodificada deverão, depois, ser objeto de uma nova ordenação interna a êsse número; essa ordenação poderá ser alfabética, se o material fôr muito extenso, ou da ordem crescente das ocorrências, se não o fôr -o que deverá ser decidido oportunamente, in concreto.

1 O. 4. 2 Terminada essa ordenação final, proceder-se-á à separação dos dois fichários, sendo um imediatamente destinado a integrar o ideário, ficando, por isso, a partir daí, intocado até segunda ordem, enquanto do outro se farão as matrizes mimeográficas do glossário ideológico, que terá, nas suas fôlhas introdutórias, como sumário, a própria siste­mática codificada.

11. A consolidação do Dicionário, por fim, poderá ser intermédia ou direita.

11. 1 A consolidação intermédia suporá a edição à parte das seguintes unidades:

a) do vocabulário-índice geral, que decorrerá da mera alfabetação dos verbetes dos diversos vocabulários-índices, fundindo-se os verbetes c.ornuns num único, mas distinguindo-se todos os números paragráficos pela anteposição, a cada um, do número romano cabível;

b) do vocabulário morfológico geral, cuja técnica de consolidação, quanto aos verbetes, será igual à anterior, cabendo, tão-somente, na exemplificação (que não é seguida de numeração paragráfica) reordenar alfabeticamente as palavras abonadoras dos elementos mórficos ordena­dos como cabeças de verbete;

c) da antroponímia-personália geral, que terá a mesma técnica de consolidação prevista na letra (a) supra; nos casos de ficção do autor, só para com dois ou três personagens consabidos haverá sua presença em dois livros, razão por que a sistemática de apresentação interna do verbete correspondente a um livro não deverá fundir-se com a do outro livro, mas sucederem-se; quanto às personagens históricàs, míticas ou externas à criaÇão do autor, que possam ter referência em mais de um

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1ivro, far-se-á a ordenação de suas características segundo a sucessão dos livros na coleção;

d) da toponímia-intitulativa geral, que se consolidará como a letra anterior, segunda parte;

e) do glossário ideológico geral, já então chamado ideário, cuja técnica de consolidação (consolidação esta que, por todos os títulos, se recomenda seja feita à parte, esta pelo menos) presume:

1) uma consolidação prévia da sistemática codificada naquelas inovações que, em função de cada livro, tiverem sido necessárias ;

2) a consolidação do material reunido sob cada número da sistemática codificada na seqüência numérica dos livros da coleção.

11. 2 A consolidação direta, ou a final, do Dicionário suporá a alfabe­tação dos verbetes dos vocabulários-índices (ou do vocabulário-índice geral), dos vocabulários morfológicos (ou do vocabulário morfológico geral), das antroponímias-personálias (ou da antroponímia-personália geral), das toponímias-intitulativas (ou da toponímia-intitulativa geral) - merecendo, entretanto, tratamento especial os glossários ideológicos (ou os que, no seu conjunto, passam a ser o ideário).

11. 2 .1 De fato, dado o tipo de estruturação diferente dos glossários ideológicos (ou do ideário), que não é alfabética, que é (em suma) sinalética segundo a sistemática codificada - ~eu aproveitamento para um dicionário único consolidado supõe a adoção de um dos três critérios seguintes:

a) redução do sistema à ordenação alfabética segundo os títulos das partes da sistemática, havendo, logo após, menção do tipo "ideário, ver 6.4.1" (por exemplo, se se tratar por hipótese de "visão"), impon­do-se, na introdução do Dicionário, a apresentação da sistemática codi­ficada do ideário;

b) impressão, como segunda parte do Dicionário, do ideário tal como estruturado na conformidade de 11.1 (e);

c) combinação - embora idealmente redundante - dos dois cri­térios anteriores, sendo que de (a) se aproveitariam as cabeças de ver­bete e as remissões à sistemática codificada, e de (b) a estampação total do ideário.

11. 3 É de crer na utilidade de semelhante Dicionário; não se deve engrandecer a dificuldade de sua execução; não se deve diminuir essa dificuldade. Mas é incontestável que, de posse dêle, os estudos macha­dianos -, e, por via de conseqüência, os estudos literários, críticos, estilísticos, cognitivos, lingüísticos, estéticos, no Brasil - poderão contar com os elementos fundamentais para um grande passo qualitativo à frente.

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, NOTICIA RIO