PLATAFORMA EMPRESAS PELO CLIMA -...

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PLATAFORMA EMPRESAS PELO CLIMA

SIMULAÇÃO DE SISTEMA DE COMÉRCIO DE

EMISSÕES SCE EPC

Relatório Final: março a novembro de 2014

Realização: Parceria:

Agosto/2015

GVces Av. 9 de Julho, 2029 11º andar - 01313-902 - São Paulo - SP | 55-11-3799-3342 | [email protected] | www.fgv.br/ces

EXPEDIENTE

REALIZAÇÃO FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces)

COORDENAÇÃO GERAL Mario Monzoni

VICE-COORDENAÇÃO

Paulo Branco

COORDENAÇÃO EXECUTIVA Annelise Vendramini

COORDENAÇÃO TÉCNICA

Mariana Nicolletti

EQUIPE Beatriz Kiss, Betânia Vilas Boas, Natália Lutti

COLABORAÇÃO

Fernanda Rocha, Guilherme Lefevre e Inaiê Santos

AGRADECIMENTO Renato Armelin

Conselho Consultivo do SCE EPC 2014

David Lunsford, David Hone (Shell), Mario Monzoni (GVces/FGV), Nicolette Bartlett (Universidade de Cambridge), Paula Bennati (CNI), Pedro Moura Costa (Bolsa Verde do Rio de Janeiro - BVRio), Stephan Schwartzman (Environmental Defense Fund – EDF) e Walter Simon (Superintende de Economia Verde no Rio de Janeiro)

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Sumário

Apresentação .................................................................................................................... 4

1- Contexto .................................................................................................................... 5

2- O SCE EPC e o Ciclo de 2014 ...................................................................................... 7

3- Desafios e Aprendizados ......................................................................................... 10

4. Resultados e Análises .............................................................................................. 12

4.1 Resultados Gerais.................................................................................................. 12

4.2 Análise Financeira ................................................................................................ 15

4.3 Análise Operacional .............................................................................................. 16

4.4 Performance e Estratégias .................................................................................... 17

5. Conclusão ................................................................................................................ 19

Referências Bibliográficas ............................................................................................... 22

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Apresentação

O Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces), da Escola de Administração da

Fundação Getulio Vargas (EAESP/FGV), no âmbito de sua iniciativa empresarial

Plataforma Empresas pelo Clima (EPC), promove desde 2013 uma simulação de

Sistema de Comércio de Emissões (SCE EPC). O objetivo desta iniciativa é oferecer ao

setor empresarial brasileiro a oportunidade de experimentar um instrumento de

mercado para precificação de carbono e capacitá-lo a contribuir ao debate sobre este

tema no Brasil e internacionalmente.

Este relatório traz os desafios, resultados, análises e um balanço do 1º ciclo

operacional do SCE EPC, realizado de março a novembro de 2014, sendo que a tabela

(1) abaixo apresenta os principais dados.

Tabela 1- Principais dados do Sistema de Comércio de Emissões da EPC (SCE EPC), em 2014

Número de participantes 20 empresas

Setores representados

Energia, mineração, financeiro, indústria

de transformação, logística, serviços,

comunicação, agroflorestal, construção

civil e gestão de resíduos.

Cap 23.486.332 tCO2e

Volume transacionado de títulos 12.437.607 tCO2e

Volume movimentado em recursos

financeiros (Ec$)1 Ec$ 25.541.400

Preço máximo e médio da permissão de

emissão Ec$ 35,00; Ec$ 27,38

Preço máximo e médio do offset tipo 1 Ec$ 28,00; EC$ 24,47

Preço máximo e mínimo do offset tipo 2 Ec$ 28,00; Ec$ 19,11

As empresas operaram na plataforma de negociações tendo como meta a melhor

combinação possível entre resultados financeiros e operacionais. Elas tiveram como

objetivo equilibrar a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) com

1 Moeda fictícia em circulação no SCE EPC com paridade ao real (Ec$1,00 = R$ 1,00).

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aquisição de títulos de permissão de emissão e offsets (créditos de carbono), levando

em consideração as penalidades previstas pelo SCE EPC no caso de não cobertura da

totalidade de suas emissões de GEE em 2014.

Uma vez que os dados de emissões utilizados na simulação são reais, apenas neste

momento é possível chegar aos resultados e análises finais do primeiro ciclo da

iniciativa. Isto ocorre porque a publicação dos inventários de emissões pelo Programa

Brasileiro GHG Protocol se deu em agosto de 2015.

Este relatório está organizado da seguinte forma: primeiramente, é apresentado o

contexto sobre mecanismos de precificação de carbono existentes. Posteriormente,

são apresentadas as características e informações do primeiro ciclo de operação do

SCE EPC. O terceiro capítulo aborda os desafios encontrados durante o processo. O

quarto capítulo apresenta os resultados e análises do ciclo 2014 do SCE EPC. Por fim,

como conclusão, o quinto capítulo traz um balanço das atividades do ciclo.

1- Contexto

A precificação2 de carbono vem sendo aplicada em um número crescente de países,

jurisdições e organizações ao redor do mundo como instrumento para transição a uma

economia de baixo carbono. De acordo com relatório do CDP (Carbon Disclosure

Project) – organização ambiental que reúne informações de interesse de investidores,

grandes corporações como a Dow Chemical Company, o grupo Goldman Sachs e a

petrolífera ExxonMobil afirmam incorporar a precificação interna do carbono (CDP,

2014). Cerca de 40 nações e mais de 20 estados, regiões ou cidades em todo o mundo

já fixaram preço para as emissões de carbono, ou planejam fazê-lo, por meio de taxas

ou pela implementação de sistemas que permitem sua comercialização (World Bank,

2015).

A União Europeia é pioneira na precificação de carbono, via sistema de comércio de

emissões. Sendo que Califórnia e Canadá possuem sistemas bem sucedidos, tanto que

em 2014 aumentaram a abrangência das emissões cobertas passando a considerar as

oriundas do transporte. Além disso, em 2014, foram implantados dois pilotos de

comércio de emissões na China, em Hubei e Chongging, outros cinco pilotos já estão

em operação no país desde 2013.

O SCE EPC é uma iniciativa pioneira na América Latina, sendo que não há nenhum

outro sistema de comércio entre os países latinos. Chile, México e Costa Rica

adotaram sistemas de tributação.

2 A precificação do carbono pode ocorrer de duas formas: tributação ou comércio de emissões (através

de um limite estabelecido por um órgão regulador negocia-se permissão de emissão).

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No que tange ao cenário doméstico, o Ministério da Fazenda coordena uma série de

seminários e estudos setoriais sobre precificação de carbono no Brasil, uma vez que

houve uma mudança no perfil de emissões do país. As emissões oriundas do

desmatamento diminuíram, entretanto, emissões de outros setores estão

aumentando, como do setor de energia, o que faz necessário o estudo e implantação

de novas políticas nacionais de mitigação.

Figura 1- Iniciativas de precificação de carbono ao redor do mundo, 2014

Fonte: Adaptado do Banco Mundial, 2014.

Assim, entre os instrumentos econômicos adotados para precificação do carbono vem

ganhando destaque, em especial pela sua custo-efetividade3 e por oferecer menor

incerteza sobre o resultado ambiental, o chamado sistema de comércio de emissões,

do tipo “cap and trade”. Este tipo de mercado de carbono busca restringir as emissões

de GEE de um setor, da economia de uma região ou país a um limite pré-estabelecido.

Um limite de emissões é estabelecido (cap) para as fontes abrangidas e revertido em

permissões de emissão que podem ser distribuídas e/ou vendidas para as empresas

reguladas, as quais podem negociar entre si. A lógica é que as empresas com os

menores custos marginais de abatimento (custo de reduzir uma tonelada de carbono

3 Custo-efetividade: propriedade que um instrumento de política pública tem de atingir um determinado

objetivo ao menor custo possível (Kolstad, 2000).

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equivalente - tCO2e) invistam em tecnologia e boas práticas para reduzir suas

emissões e negociem as permissões de emissão excedentes com empresas que

possuem custos de abatimento mais altos. Assim, as empresas transacionam

permissões de acordo com suas oportunidades de redução, por isso, o sistema de

comércio de emissões é um instrumento de precificação que confere flexibilidade às

empresas reguladas, e tende a melhor relação custo-efetividade.

O SCE EPC foi desenvolvido neste âmbito e suas características gerais e informações

sobre seu primeiro ciclo de operação são descritas no capítulo seguinte, mas a tabela 2

apresenta um comparativo entre principais dados da iniciativa e dos comércios de

emissão da Califórnia e da União Europeia.

Tabela 2- Principais dados do SCE EPC 2014 e dos sistemas de comércio de emissões

da Califórnia (2013-2014) e União Europeia (2008-2012).

SCE EPC 2014 (simulação – voluntário)

Califórnia (2013- 2014) (regulado)

União Europeia (2008-2012) (regulado)

Abrangência 20 empresas 360 empresas 12.000 instalações

industriais

Setores Representados

Energia, mineração, financeiro, indústria de transformação, logística, serviços,

comunicação, agroflorestal,

construção civil e gestão de resíduos.

Produtores e importadores de

eletricidade, grandes fontes industriais (>

25.000 tCO2e)

Centrais elétricas e instalações de

produção

Cap 23.486.332 tCO2e 162.800.000 tCO2e 2.084.301.856 tCO2e Fonte: European Comission e C2ES (Center for Climate and Energy Solutions), 2015

2- O SCE EPC e o Ciclo de 2014

O GVces e as empresas participantes visam contribuir com o debate sobre precificação

de carbono, tema que é cada vez mais pauta das negociações internacionais e da

mídia. Em 2015, acontece o 2º ano de operações do SCE EPC e ao final de 2016, 3º

ciclo, serão co-criadas a partir dessa experiência propostas para um possível sistema

de comércio de emissões no Brasil.

O planejamento e a estruturação do SCE EPC ocorreu em 2013, em um processo de co-

criação com as empresas participantes, e tendo como ponto de partida experiências de

mercados de carbono existentes e em construção, como o da União Europeia e da

Califórnia. Em linhas gerais foram definidas como regras para o 1º ciclo (2014): 2013

como o ano-base, adoção de cap absoluto com meta anual de redução das emissões,

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abrangência das emissões de Escopo 1 e Escopo 2, funcionamento de mercado

primário (leilões) e secundário (bolsa) e transação de permissões de emissão e offsets

tipo 1 e 2. As regras e parâmetros conferem ao SCE EPC o esquema de funcionamento

representado na Figura 2 abaixo. Para mais informações, clique aqui ou acesse o

documento de Regras e Parâmetros do SCE EPC 2014.

Figura 2- Lógica de funcionamento do SCE EPC

Como ilustrado na Figura 1, a partir da definição do cap, um determinado volume de

permissões de emissão é distribuído para as empresas por meio da alocação inicial

gratuita e de leilões (mercado primário). A porcentagem de permissões que a empresa

recebe via alocação inicial gratuita é definida de acordo com o estudo de

benchmarking do indicador de intensidade carbônica. A empresa com melhor

indicador recebe 60% do volume de permissões necessário para conciliar suas

emissões do ano base, a empresa com pior indicador recebe 40%. Para os setores que

não foi possível realizar o estudo de benchmarking, devido ausência de dados das

empresas de mesma atividade produtiva, a porcentagem repassada é de 50%.

Após receberem gratuitamente ou comprarem permissões nos leilões, as empresas

podem transacionar este título no mercado secundário, aberto 24 horas por dia. No

mercado secundário também é possível transacionar offsets.

Como recurso financeiro para operação no SCE EPC, as empresas utilizam uma moeda

fictícia criada no âmbito das Regras e Parâmetros, chamada EPCents (Ec$), que possui

paridade com real (Ec$ 1,00= R$ 1,00). No inicio do ciclo operacional é feito uma

alocação financeira, no valor de 150% da quantidade de permissões que teriam que

ser adquiridas pela empresa, considerando as emissões do ano base.

Em anexo, há uma tabela (3) com resumo das principais regras e parâmetros de

funcionamento do SCE EPC 2014.

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Em 2014, participaram do SCE EPC as 20 empresas apresentadas na Figura 3, abaixo.

Outras duas empresas não participaram do ciclo completo, entretanto, seus dados e

resultados são considerados para fins didáticos, e para caso retornem a iniciativa.

Figura 3- Empresas participantes do SCE EPC 2014

O cap estabelecido do SCE EPC em 2014 foi de 23.486.332 tCO2, considerando as

emissões de 2013 dos Escopos 1 e 2 das 22 empresas que iniciaram participação no

SCE EPC. De acordo com as regras e parâmetros do SCE EPC 2014 para cálculo das

emissões do Escopo 2 foi considerado o fator de emissão do SIN (Sistema Interligado

Nacional) de 2012 (ano base inicialmente adotado), desconsiderando as variações do

fator de emissão, pois as empresas não possuem gerência sobre as emissões da matriz

elétrica brasileira.

As operações do SCE EPC ocorrem em uma plataforma online de negociações desenvolvida em parceria com a Bolsa Verde do Rio de Janeiro (BVRio), a BVTrade, onde foram transacionadas, em 2014, 12.437.607 tCO2e em permissões e offsets, movimentando Ec$ 25.541.400.

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3- Desafios e Aprendizados

Engajamento empresarial

Elaboração de inventários, investimento em tecnologia de baixo carbono, boas

práticas, consumo de energia renovável são soluções encontradas pela maioria das

companhias para reduzirem suas emissões, o que sinaliza um avanço no campo da

mitigação.

Entretanto, a adoção de um preço interno para carbono, como um dos elementos para

tomada de decisão, ainda é pouco explorada pelo setor empresarial brasileiro. O

sistema de comércio de emissões, por ser um instrumento econômico que depende de

políticas públicas, relativamente novo e complexo, encontra resistência no setor

empresarial.

Neste contexto, um dos grandes desafios do SCE EPC foi mobilizar e engajar as

empresas a participarem dessa iniciativa. Assim, teve-se um aprendizado de como

sensibilizar as empresas sobre a importância de discutirem e vivenciarem um sistema

de comércio de emissões, de forma prática, real, e combinado a outras agendas

climáticas. Preparar as empresas para o debate sobre um possível instrumento de

mercado no Brasil é um dos principais objetivos do projeto.

Complexidade de estruturar um sistema de comércio de emissões para um grupo

de diversos setores e atividades produtivas

Em 2013, após a adesão das empresas, iniciou se o processo de construção das regras

e parâmetros do SCE EPC e ficou evidente a complexidade de estruturar um sistema de

comércio de emissões, especialmente junto a um grupo de empresas com atividades

diversas. Este tema envolve variáveis econômicas e técnicas, que ainda estão sendo

testadas e estudadas, e que devem ser aplicadas de acordo com a realidade abrangida

pelo sistema, como por exemplo: metal global de redução, forma de distribuição das

permissões, entre outras variáveis. Assim, tendo como partida as experiências dos

sistemas de comércio de emissões já existentes e em construção, como da Califórnia,

União Europeia e China, foram estudadas e discutidas quais regras e parâmetros

melhor se aplicariam para a realidade das empresas brasileiras.

Uma das regras definidas trata-se da adoção de benchmarking de indicadores de

intensidade carbônica4 como base para distribuição gratuita de parte das permissões

4 Indicador de intensidade carbônica: emissões/aspecto econômico ou de produção.

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de emissão que precisam ser adquiridas pelas empresas para conciliarem suas

emissões do ano de 2014 (ano fiscal do 1º ciclo operacional do SCE EPC). Neste

âmbito, o primeiro desafio tratou-se da classificação setorial e determinação do

denominador, de maneira que este seja transversal e representativo das empresas de

cada setor, uma vez que foram adotados indicadores intrasetoriais5, e levando em

consideração que um mesmo player pode desenvolver diferentes atividades

econômicas.

A geração e disponibilização dos dados dos denominadores, em especial, por parte das

empresas, também foi um dos gargalos do processo. Estes dados são atrelados a

aspectos econômicos ou de produção das empresas e são tratados com

confidencialidade pela maior parte delas. Assim, foi necessária a busca por um

denominador, que além de transversal e representativo, fosse público.

Envolver e preparar alta liderança

Uma vez em funcionamento, o principal desafio do SCE EPC refere-se a engajar a alta

liderança das empresas, envolvendo os executivos no debate e análise dos resultados.

O planejamento empresarial de longo prazo, em sua maioria, ainda não incorpora

custos das externalidades causadas pela emissão de gases de efeito estufa, o que se

torna uma barreira para as empresas atrelarem a participação no SCE EPC com a

estratégia de mitigação. Sendo assim, no âmbito do SCE EPC busca-se uma

comunicação mais efetiva com as lideranças para que a lógica de funcionamento de

um sistema de comércio de emissões seja incorporada nas estratégias e gestão de

riscos e oportunidades.

Nesse sentido é fundamental que se torne clara a relação entre a precificação do

carbono e a competitividade do negócio: o investimento em tecnologias e processos

menos carbono intensivos preparam a empresa para uma possível regulação, tornam-

na mais resiliente às mudanças no ambiente e preparada para atender ao mercado

consumidor cada vez mais exigente em relação a critérios socioambientais.

Outras oportunidades diretamente atreladas à atuação em um SCE também são

relevantes, como: redução de emissões pelo menor custo global, e possibilidade de

obter lucro financeiro a partir da operação no mercado, seja por meio da redução das

5 Aquele que pode ser aplicado a diversas empresas pertencentes a um mesmo setor. O indicador

intrasetorial raramente servirá para outro setor, pois se baseia em denominadores específicos do setor

analisado e permite a comparabilidade entre empresas do mesmo setor (FGV, 2014).

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emissões acima da meta e transação dos títulos excedentes, seja por atividade

especulativa6.

Neste âmbito, um aprendizado fundamental a partir do ciclo 2014 do SCE EPC é a

compreensão de como o sistema de comércio de emissões pode trazer oportunidades

para o setor empresarial, e como este instrumento pode-se conectar e agregar a

política de clima das empresas. O próximo passo é esses aprendizados serem levados à

alta gestão.

4. Resultados e Análises

4.1 Resultados Gerais

No primeiro ciclo operacional do SCE EPC, 12.437.607 tCO2e em títulos foram

transacionados pelas empresas participantes nos mercados primário (leilões) e

secundário. O mercado primário movimentou 85% dos títulos transacionados (Gráfico

1).

Gráfico 1- Porcentagem dos títulos transacionados no SCE EPC 2014, por tipo de

mercado (primário e secundário).

6 Especulação financeira refere-se, neste contexto, a venda excedente de títulos , em busca de lucro,

sem comprometer a conciliação de suas emissões

Mercado primário -

permissões 85%

Mercado Secundário- Permissões

11%

Mercado Secundário-

Offsets 4%

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Ainda, 10.978.784 tCO2e em permissões foram distribuídas pela alocação inicial

gratuita. Aproximadamente, 93% do cap foi inserido no mercado através de seis leilões

realizados ao longo do ciclo e da alocação inicial gratuita. Assim, parte dos títulos

disponíveis (na quantidade equivalente ao cap) não foi adquirido pelas empresas;

apenas o 5º leilão teve demanda superior a oferta.

No que tange a demanda, esta mostrou-se “aquecida” nos últimos dois meses de

operação, principalmente no mercado secundário, que registrou em novembro e

dezembro os maiores volumes de negociação de títulos, respectivamente, 389. 450

tCO2e e 485.621 tCO2e. Entre os demais meses, o maior volume negociado foi de

271.500, em abril. Isso demonstra que a maioria das empresas deixou para montar

posição7 nos últimos meses de operação (Gráfico 2).

Gráfico 2- Volume de títulos negociados (tCO2e) por mercado, nos meses de operação do SCE EPC, 2014

A alta demanda por títulos nos últimos meses gerou um aumento nos preços,

entretanto, no mercado secundário o maior preço da permissão, Ec$ 35,00, foi

registrado no inicio das operações (meados de março), resultado de uma única

transação. Após o primeiro mês de operação, o preço da permissão teve uma queda,

registrando Ec$ 25,00, e manteve-se estável até agosto, a partir deste mês o preço

deste título sofreu oscilações, chegando a ser negociado a Ec$ 33,00, em novembro e

encerrando o ciclo operacional pelo valor de Ec$ 28,00.

7 Refere-se à atividade de adquirir títulos para conciliar as emissões do ano vigente do ciclo operacional.

0

1.000.000

2.000.000

3.000.000

4.000.000

5.000.000

6.000.000

tCO

2e

Leilão Mercado Secundário

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Os preços do offset tipo 1 e do offset tipo 2 também permaneceram, praticamente,

estáveis até os três meses finais do SCE EPC 2014, sendo estes negociados apenas no

mercado secundário. Nos últimos meses os offsets tiveram uma expressiva valorização,

resultado da movimentação das empresas para diversificar suas carteiras com títulos

com menor custo que a permissão. Além disso, em novembro, foi realizada a

simulação de verificação do offset tipo 28. A partir deste processo este título não

apresentava mais risco de performance e foi valorizado.

Esse aumento da demanda por offsets combinado à oferta de alguns participantes, nos

últimos dias de operação, de permissões de emissão a um preço abaixo da média do

mercado, igualou o preço da permissão e dos offsets em Ec$ 28,00, como refletido no

Gráfico 3.

Gráfico 3- Média dos preços dos títulos negociados no mercado secundário

do SCE EPC 2014, no período quinzenal.

*Os offsets entraram no mercado, apenas na segunda quinzena de abril.

No mercado primário a permissão também teve expressiva valorização nos dois últimos meses. Os dois últimos leilões, realizados em outubro e novembro, registraram

8 Para saber mais sobre a simulação de verificação dos offsets tipo 2, consulte a Instrução Normativa

Offsets (02/2014).

10

15

20

25

30

35

40

Permissão Offset tipo 01 Offset tipo 02

Ec$

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os maiores preços máximos e mínimos. Sendo que o maior preço máximo negociado foi de Ec$ 37,00, no último leilão. Vale destacar que o menor preço máximo negociado foi de Ec$ 24,00, no 3º leilão, ocorrido em junho. E o primeiro leilão, sendo a primeira oportunidade de operação das empresas, apresentou o maior ágio9: Ec$ 8 (Gráfico 4). Gráfico 4- Preço máximo e mínimo da permissão de emissão negociada no mercado primário (leilões), do SCE EPC 2014.

4.2 Análise Financeira As empresas que deixaram para comprar títulos após meados de outubro tiveram um alto custo, uma vez que os títulos registraram as seguintes valorizações no mercado secundário: 16% para permissão de emissão, 7,5% para offset tipo 01 e 28% para offset tipo 02. Neste mesmo período, a permissão teve, no mercado primário, uma valorização de 22% e 14% em relação aos preços máximos e mínimos, respectivamente. Isso comprometeu o resultado dessas empresas no indicador custo por tCO2e conciliada com títulos do SCE EPC. O maior custo obtido pela tCO2e em título foi de quase Ec$ 30,00. Três empresas tiveram este custo acima de Ec$ 20,00, enquanto a média foi de Ec$ 14,12. Três empresas não operaram no mercado, por isso, apresentaram custo zero. Destaque é dado para Vitória Régia que realizou apenas uma transação de venda de permissão, obtendo, portanto, apenas lucro (Gráfico 5).

9 Diferença entre os preços de abertura e fechamento.

20

25

30

35

40

1o leilão(março)

2o leilão (abril) 3o leilão(junho)

4o leilão(agosto)

5o leilão(outubro)

6o leilão(novembro)

Ec$

Preço máximo Preço minimo

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Gráfico 5- Indicador financeiro: custo final por tCO2e em títulos adquiridos pelas empresas no SCE EPC 2014

Siglas e respectivos pseudônimos: ARA = Arara Azul; FCE = FCE; Hiteco = HIT; HOM = HOM; IPA = Ipê Amarelo; JAC = Jacarandá; JAT = Jacutinga; JEN = Jenipapo; LOG = Lobo Guará; MAI = Mailu; MLD = Mico Leão Dourado; ONP = Onça Pintada; PIN = Pinheiro; PIK = Pink; QUA = Quaresmeira; SAP = Sapphire; SUE = Sustainable Energy; TAA = Tamanduá; TAB = Tatu Bola; TUC = Tucano; VIR = Vitória Régia . *Duas empresas não participaram do SCE EPC 2014 durante todo ciclo, entretanto, seus dados são considerados nos resultados e análises.

Nenhuma empresa adotou a estratégia de especulação financeira, obtendo lucro significativo através de operações no mercado. Para diminuir o custo final seria possível vender os títulos excedentes. Além disso, empresas em posição compradora poderiam tanto vender títulos no curto prazo, na expectativa de montar a posição a preços menores no futuro, como montar sua posição no curto prazo e seguir operando na tentativa de gerar receitas com uma eventual tendência de alta dos preços, ou seja, comprar um excedente de títulos a preços mais baixos e revendê-los a preços mais altos.

4.3 Análise Operacional Além do indicador financeiro, custo pago pela tCO2e adquirida em título, deve-se considerar o indicador operacional, que se refere à conciliação das emissões totais (Escopos 1 e 2) de 2014 com títulos negociados no mercado, no mesmo ano. Para o cálculo do Escopo 2 das emissões de 2014 foi considerado o fator de emissão fixo (FE Fixo) de 2012, conforme Regras e Parâmetros do SCE EPC 2014. Considerando as 22 empresas participantes (2 empresas desistiram ao longo do ciclo, entretanto, seus dados e resultados são analisados) 11 empresas conseguiram conciliar suas emissões de 2014 com os títulos disponíveis em suas carteiras no final do ciclo operacional. Deste grupo de 11 empresas, três empresas adquiriram o volume de

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títulos no valor próximo aos seus volumes de emissão, refletindo uma estratégia de participação na simulação mais próxima à gestão de emissão da empresa. Essas empresas são: Pink, Ipê Amarelo e Mico Leão Dourado.

Oito empresas (HOM, Jenipapo, Pinheiro, Mailu, Arara Azul, Quaresmeira, Tatu Bola e Sapphire) adquiriram títulos acima do necessário para conciliação de suas emissões, e no ciclo em questão não há possibilidade de transferir os títulos excedentes para o próximo ano operacional. Sendo assim, essas empresas perderam a oportunidade de ganho financeiro, pois poderiam vender os títulos excedentes e melhorar o indicador financeiro. Por outro lado, 11 empresas não conseguiram conciliar suas emissões, sendo que deste grupo quatro ficaram com menos de 50% do volume de títulos necessários para conciliação, e sete empresas encerram o ciclo com esta porcentagem entre 80% e 50% (Gráfico 6). Gráfico 6 - Indicador operacional (saldo de títulos (tCO2e) /emissão total (tCO2e) ) das empresas participantes do SCE EPC, em 2014.

Vale destacar que caso não fosse mantido o fator de emissão de 2012 para cálculo do Escopo 2 das emissões de 2014, apenas cinco empresas teriam conciliado suas emissões. Essas empresas são: HOM, Jenipapo, Mico Leão Dourado, Mailu e Arara Azul. Outras duas empresas se aproximariam da conciliação, com cerca de 90% dos títulos necessários (Tatu Bola e Ipê Amarelo), e seis empresas teriam menos de 50% do volume necessário em títulos para conciliar as emissões, as demais empresas (oito) permaneceriam com essa porcentagem entre 70% e 50%.

4.4 Performance e Estratégias

Para análise final da performance das empresas deve-se considerar a combinação entre resultados financeiros e operacionais, já que o objetivo é equilibrar a redução de

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emissões de GEE com aquisição de títulos no SCE EPC 2014. Entre o grupo de três empresas que conseguiu melhor posição operacional, que se aproximou da conciliação exata, a que apresentou menor custo por tCO2e adquirida em título foi Pink com Ec$ 12,76/tCO2e, Mico Leão Dourado com Ec$ 15,23 e Ipê Amarelo com Ec$ 15,31. HOM apresentou o menor custo de conciliação (Ec$ 1,08), entretanto, ficou com títulos acima do necessário, o que reflete um descolamento da estratégia de operação na simulação da gestão de emissão da empresa (Gráfico 6).

Gráfico 6- Desempenho das empresas participantes nos indicadores financeiro e operacional do SCE EPC 2014

Siglas e respectivos pseudônimos: ARA = Arara Azul; FCE = FCE; Hiteco = HIT; HOM = HOM; IPA = Ipê Amarelo; JAC = Jacarandá; JAT = Jacutinga; JEN = Jenipapo; LOG = Lobo Guará; MAI = Mailu; MLD = Mico Leão Dourado; ONP = Onça Pintada; PIN = Pinheiro; PIK = Pink; QUA = Quaresmeira; SAP = Sapphire; SUE = Sustainable Energy; TAA = Tamanduá; TAB = Tatu Bola; TUC = Tucano; VIR = Vitória Régia . *Duas empresas não participaram do SCE EPC 2014 durante todo ciclo, entretanto, seus dados são considerados nos resultados e análises.

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As performances são reflexo das estratégias adotadas pelas empresas. Mico Leão Dourado e Ipê Amarelo reduziram suas emissões, e planejaram a conciliação de suas emissões com títulos, e levaram em consideração, para a operação no mercado, o custo de oportunidade10, ou seja, negociaram seus títulos no inicio das operações, considerando a tendência de aumento da demanda e, consequente, valorização dos títulos. Além disso, diversificaram suas carteiras, compondo-as com permissões e offsets, o que favorece o desempenho no indicador financeiro, uma vez que os offsets foram negociados em sua maioria pelo preço menor do que a permissão.

Já Pink adotou a estratégia de redução das emissões, sem necessidade de grandes negociações no mercado. Destaque é dado para HOM que conseguiu o melhor desempenho financeiro, pois apresentou créditos próprios de offsets, os quais foram transformados em títulos pelo CG e creditados em sua carteira. Dessa forma seus custos foram diluídos.

5. Conclusão

O SCE EPC é uma oportunidade única de aprendizado sobre sistema de comércio de emissões, e seu primeiro ciclo alcançou resultados positivos, principalmente as lições aprendidas ao longo do processo. Assim, um de seus objetivos principais foi atingido: capacitar as empresas brasileiras para o debate sobre uma abordagem de mercado abrangente e robusta para reduzir as emissões nacionais de gases do efeito estufa. No que tange ao objetivo final de um sistema de comércio de emissões, a meta global de redução de emissões da simulação não se refletiu na realidade da gestão da maioria das empresas. Em 2013, o volume total de emissão (Escopos 1 e 2) das empresas participantes foi de 26.504.347 tCO2e, já em 2014 este valor foi de 24.607.653 tCO2, havendo portanto, uma redução global de emissões de 8%, pouco abaixo da meta do ciclo 2014, de 10%. Do grupo de 22 empresas participantes, 13 empresas reduziram suas emissões.

Ainda, ao compararmos o volume de emissões de 2014 com o número de títulos em posse das empresas (21.425.981 tCO2e), conclui-se que, aproximadamente, 13% das emissões não foram cobertas com títulos. Vale mencionar que a redução citada pode ter ocorrido não apenas por causa dos esforços empresariais de mitigação, mas também devido a atual desaceleração da economia brasileira. Ainda no cerne dos fatores de influência da mitigação de gases do efeito estufa deve-se considerar o aumento da composição de energia fóssil na matriz energética brasileira. Deste modo, é fundamental que os esforços corporativos de mitigação consideram e articulem-se às políticas públicas em mudanças do clima. 10

Custo de oportunidade é o valor do benefício que se deixa de ganhar quando, no processo decisório

se toma um caminho em detrimento de outro (Leone, 1992).

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Neste contexto, combinando reduções à negociação de títulos no mercado, 50% das empresas conseguiram atingir a meta de conciliar suas emissões com títulos disponíveis no SCE EPC, sendo que, deste grupo, oito empresas ficaram com títulos excedentes para conciliação. Entre as demais empresas, 32% conseguiu relativamente se aproximar da meta, tendo de 80 a 50% dos títulos necessários para conciliação e 18% terminou o ciclo operacional com menos de 50% dos títulos necessários para conciliação (Gráfico 6). Gráfico 6- Porcentagem da posição das empresas em relação à conciliação das emissões (E1 e E2) com títulos do SCE EPC 2014.

Operar em uma plataforma de negociações com leilões e mercado secundário, diversificar a carteira de títulos, analisar o custo de oportunidade11, balancear o volume de títulos adquiridos com o volume de emissão a ser conciliado, são os principais aprendizados no que tange a operação nesta simulação. Além dos aprendizados operacionais, destacam-se os estratégicos: atrelar a lógica de funcionamento de um sistema comércio de emissões à política de mitigação da empresa e montar estratégia de participação no mercado com base na gestão de emissão. Entretanto, alguns pontos devem ser aperfeiçoados pelas empresas para obterem melhor performance no SCE EPC. Desagregar dados de emissão é um dos pontos que pode contribuir para uma estratégia mais precisa de operação, uma vez que a empresa terá maior poder de gestão e análise mais acurada sobre sua capacidade de redução de emissão. Portanto, tomando decisões mais assertivas em relação à compra e venda de permissões. A periodicidade de acompanhamento dos dados também deve ser aprimorada, já que muitas empresas descolaram (para mais e para menos) o volume de títulos comprados do volume de emissão a ser conciliado.

50% das empresas conseguiram conciliar suas emissões

18% das empresas obtiveram menos de 50% dos títulos necessários para conciliação

32% das empresas obtiveram de 80% a 50% dos títulos necessários

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O envolvimento da área financeira é outro ponto que pode contribuir para uma melhor performance, principalmente, em relação a obter o menor custo por tCO2e adquirido em título. A equipe financeira pode utilizar a experiência com mercado de capitais, que apresenta alta liquidez e dinâmica, para um maior aproveitamento do custo de oportunidade. Pelo lado da sistematização e estruturação do SCE EPC, também se fez necessário alguns aperfeiçoamentos, já incorporados no 2º ciclo operacional (2015), como por exemplo, a exclusão do Escopo 2 dos cálculos da simulação. Nenhum mercado de carbono real inclui as emissões indiretas (Escopos 2 e 3) no cálculo do cap e demais contabilizações. Além disso, a maior parte dos sistemas de comércio de emissões reais tem suas operações baseadas no mercado futuro, sendo assim, este tipo de mercado foi incorporado ao SCE EPC. A meta de redução também foi incrementada em 2%, o que equivale uma meta de redução de emissões de 12% das emissões de 2013. A definição de uma meta de redução é um desafio em todos os sistemas de comércio de emissões, pois envolve análises econômicas, além de fatores políticos. Levando em consideração que o SCE EPC é um exercício didático, pode-se adotar uma meta ambiciosa, sem prejuízo à competitividade das empresas. Assim, o primeiro ciclo operacional do SCE EPC foi rico em aprendizados operacionais e estratégicos, tanto no âmbito da participação das empresas quanto da estruturação da iniciativa. Para avançar nesse processo, o segundo ciclo está em operação em 2015, explorando soluções aos gargalos identificados em 2014 e aprimorando a experiência das empresas participantes. Ao mesmo tempo em que a disseminação do SCE dentro das empresas, engajando outras áreas e a alta gestão nessa agenda, este ciclo abre a possibilidade para um grupo maior participar: inclui as empresas membro do Programa Brasileiro GHG Protocol com emissões de Escopo 1 acima de 10.000 tCO2e.

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Referências Bibliográficas

CDP, 2014. Carbon Disclosure Program: Global corporate use of carbon pricing. Disponível em: https://www.cdp.net/CDPResults/global-price-on-carbon-report-2014.pdf C2ES (Center for Climate and Energy Solutions), 2015.California Cap and Trade. Disponível em: http://www.c2es.org/us-states-regions/key-legislation/california-cap-trade#Details Europe Comission, 2015. Climate Action. Disponível em: http://ec.europa.eu/clima/policies/ets/cap/index_en.htm Kolstad, Charles D. Envrionmental Economics. New York Oxford. Oxford University Press, 2000. LEONE, George S.G. Custos: Planejamento, Implantação e Controle. São Paulo. Atlas. 1982. SCE EPC, 2014. Regras e Parâmetros do Sistema de Comércio de Emissões da Plataforma Empresas pelo Clima. Disponível em: https://s3.amazonaws.com/arquivos2.gvces.com.br/epc/original/sce-epc_in-parametros-04_2015.pdf SCE EPC, 2015. Regras e Parâmetros do Sistema de Comércio de Emissões da Plataforma Empresas pelo Clima. Disponível em: https://s3.amazonaws.com/arquivos2.gvces.com.br/epc/original/epc_regras- parametrossce_2015_final.pdf World Bank, 2014. Carbon Pricing Watch, 2015. Disponível em: http://documents.worldbank.org/curated/en/2015/05/24528977/carbon-pricing-watch-2015-advance-brief-state-trends-carbon-pricing-2015-report-released-late-2015

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Anexo 1 Tabela de Resumo das principais regras e parâmetros do SCE EPC 2014

Objetivo das empresas participantes

Obter a melhor combinação possível entre resultados financeiros e operacionais, equilibrando redução das emissões com a aquisição de títulos de carbono e as possíveis penalidades previstas pelo SCE EPC no caso de não cobertura da totalidade de suas emissões de GEE em 2015.

Meta das empresas participantes

(1) cobrir cada tCO2e emitida em 2015

com títulos disponíveis no SCE EPC e (2)

obter o menor custo por tCO2e entregue

ao Comitê Gestor12

Operadores Regulados de Mercado

(ORM)

Empresas integrantes do SCE EPC e habilitadas a negociar títulos no mercado, são os “operadores regulados”, isso é, que têm suas emissões de GEE reguladas e devem conciliá-las com títulos do mercado no final de cada ciclo.

Ano base 2013

Cap global

Limite máximo de emissões para o conjunto de participantes, determinando um volume correspondente de permissões a serem emitidas pelo Comitê Gestor, que são distribuídas ou vendidas para os participantes. Calculado a partir das emissões do Escopo 1 de todos participantes, por isso, cap global.

Meta de redução Meta aplicada no cálculo do cap. A meta de redução foi de 10% das emissões de 2013 (ano-base).

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Comitê Gestor (CG): composto pela equipe do GVces, é responsável pela operação do SCE EPC. Atua

no sentido de evitar e corrigir distorções no mercado, utilizando como instrumento a oferta de títulos

via leilões, a compra e venda de títulos no mercado secundário e a revisão de parâmetros de preço e

limite de uso de créditos de offset.

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Títulos negociados

Permissão de emissão: distribuído para os ORMs pelo CG (leilão e alocação inicial gratuita).

Offset: tipo 01- verificado e validado; tipo 02- validado, mas com verificação pendente.

É permitido o uso de até 10% de offsets na compensação das emissões.

Alocação gratuita de permissão

Parte (40 a 60%) das permissões necessárias para a conciliação é repassada gratuitamente aos ORMs, com base no ranking de eficiência carbônica a partir do benchmark setorial. Os ORMs de setores para os quais não são encontrados benchmarks recebem 50% das permissões necessárias.

Recursos financeiros

Moeda fictícia: EPCents (Ec$). Alocação inicial representa 150% da quantidade de permissões que teriam que ser adquiridas pelo ORM.

Empresas provedoras e compradoras de

créditos de offset

Agentes habilitados a atuar no SCE EPC como trader de offsets, não estando habilitados a negociar permissões de emissão.

Banco de Investimentos

Agentes habilitados a atuar no SCE EPC como trader. Negociam diretamente com os participantes, podendo comprar ou vender quaisquer títulos disponíveis no mercado secundário – não está habilitado a participar de leilões.

Comitê Gestor (CG)

Comitê Gestor (CG): composto pela equipe do GVces, é responsável pela operação do SCE EPC. Atua no sentido de evitar e corrigir distorções no mercado, utilizando como instrumento a oferta de títulos via leilões, a compra e venda de títulos no mercado secundário e a revisão de parâmetros de preço e limite de uso de créditos de offset.

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