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PME em Moçambique Oportunidades e Desafios 2014

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PME em MoçambiqueOportunidades e Desafios

2014

Índice

4 Introdução

6 Metodologia

7 Caracterização da Amostra

12 Sumário Executivo

23 Contexto Macroeconómico

30 Funcionamento interno das PME

43 Recomendações

54 Limitações do Estudo

55 Equipa

3

Introdução

Introdução

4

O actual contexto de crescimento sustentado em Moçambique é resultado do investimento realizado por todos os Agentes Económicos no sentido daimplementação de um modelo de desenvolvimento integrador, solidário e ambientalmente responsável. Após a concretização dos primeiros objectivosmacroeconómicos de criação de um ambiente de estabilidade política, social e monetária propício ao crescimento económico, foram realizados osgrandes investimentos nos Sectores Críticos de Actividade. Tal permitiu que grandes empresas assumissem a liderança de um processo de evoluçãoestruturante na Sociedade Moçambicana, no entanto, a manutenção desta dinâmica positiva traz consigo novos e mais ambiciosos desafios.

O próximo passo é assegurar que a melhoria das condições de vida pelo emprego e pela satisfação e realização pessoal chega a todos e de formaequilibrada, pelo que o motor desse processo, como em qualquer Economia desenvolvida do mundo, é o sucesso das Pequenas e Médias Empresas.

O trabalho realizado pelo IPEME / USAID, em parceria com Baker Tilly Moçambique, tem como objectivo principal contribuir de forma sólida para oalargamento da base de Pequenas e Médias Empresas do País e criar condições para o seu sucesso num contexto cada vez mais competitivo.

No âmbito do trabalho desenvolvido, foram recolhidas as sensibilidades dos responsáveis de Pequenas e Médias Empresas no que diz respeito aocontexto macroeconómico e empresarial onde se inserem, e internamente sobre as suas práticas e processos e lacunas sentidas. Este trabalho foidesenvolvido através da selecção de uma amostra de empresas de diversos sectores de actividade e em todas as zonas do país, respeitando os critériosde volume de negócios e dimensão de massa laboral estabelecida por lei para as PME.

Neste contexto, o presente documento respeita os seguintes objectivos:

• Analisar a percepção das empresas em relação à envolvente Macroeconómica do contexto onde se inserem – esta análise foi feita com base nomodelo PEST que identifica quatro vetores centrais – Político e Legal, Económico e de Negócios, Sócio-cultural e Tecnológico - para oenquadramento de factores macro-ambientais como ferramenta na gestão estratégica de empresas

• Identificar as actuais práticas das empresas ao nível dos seus processos internos - esta análise teve por base o estudo da cadeia de valor dasempresas – Estratégia, Recursos Humanos, Contabilidade e Finanças, Aprovisionamento e Logística, Comercial, Marketing, Informática, Produção,Investigação e Desenvolvimento e Responsabilidade Social

• Estruturar recomendações realísticas e fazíveis em resposta aos principais obstáculos sentidos pelas empresas decorrentes de constrangimentosinternos ou externos - as recomendações encontram-se agrupadas em três destinatários-alvo: PME, Estado e Instituições de Apoio às PME.

5

Metodologia

Caracterização da Amostra

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios 6

Metodologia

O estudo foi baseado numa ronda de entrevistas presenciais e não presenciais (por telefone) a 23 empresas participantes, entre os dias 5 a 19de Novembro de 2014, com o intuito de entender a realidade destas empresas, perceber os seus desafios e retirar pontos de aprendizagem quepossam ser partilhados com outras entidades.

As conclusões apresentadas no presente documento tem por base a informação recolhida junto das empresas a par de uma análise interna daBaker Tilly Moçambique.

Empresas de micro, pequena ou média dimensão inscritas nabase de dados do Instituto para a Promoção das Pequenas eMédias empresas (IPEME)

Garantir distribuição geográficaGarantir distribuição por sector de actividadeGarantir distribuição por nível de sofisticação de empresas

Excluir PMEs com volume de negócio muito acima dolimite máximo estipulado pelo Estatuto Geral das Micro,Pequenas e Médias Empresas

344 empresas

30 empresas

23 empresas

Amostra final

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios 7

Caracterização da Amostra

Dimensão de empresas de acordo com Estatuto Geral das MPME’s

Longevidade

8 Províncias

8 Sectores de Actividade

Dimensão da Amostra: 23 Pequenas e Médias Empresas (48% classificadas como 100 melhores PME de Moçambique, 52% não classificadas)

Agricultura8%

Ensino e Formação

8%Actividades financeiras e

seguros8%

Construção e serviços

associados11%

Restauração e Turismo

12%

Comércio15%

Indústria15%

Prestação de serviços

23%

… 39% das empresas são da zona Norte,

34% Centro e 27% Sul

13% Micro Empresas (até 4 trabalhadores/ volume de negóciosinferior a 1.2 milhões de Meticais)

65% Pequenas Empresas (entre 5 e 49 trabalhadores/ volumede negócios entre 1.2 e 14.7 milhões de Meticais)

22% Médias Empresas (entre 50 a 100 trabalhadores/ volumede negócios entre 14.7 e 29.97 milhões de Meticais)

4%

54%19%

23% [0-1]

]1-5]

]5-10]

>10

… 54% das empresas desenvolvem actividades há mais de 1 ano e menos de 5 anos

Número de anos

4% 23%

8%

15%

8%8%

15%

19%Maputo

Gaza

Sofala

TeteNampula

Cabo DelgadoNiassa

Zambézia

Caracterização da Amostra 8

Caracterização da Amostra

Volume de Negócios

Estrutura de custos

Comércio Externo

Estrutura societária e empresarial

… 61% das empresas ainda não tem capacidade financeira ou produtiva para importar ou exportar

… 42% das empresas apresentam o rácio de custos/volume de negócios acima dos 70%

Dimensão da Amostra: 23 Pequenas e Médias Empresas (48% classificadas como 100 melhores PME de Moçambique, 52% não classificadas)

12%

15%

12%

8%

42%

NR/NS

[30-50]

[15-30[

[5-15[

[1-5[

… 42% das empresas tem um volume de negócios entre 1 a 5 milhões de Meticais

… cerca de 50% da amostra global factura menos que 15 milhões de Meticais

61%

27%

8%4%

Não importa nemexportaImporta

Exporta

Importa e exporta

54% Empresas são sociedades por quotas, a maioriafamiliares

27% Empresas são detidas por um único dono

85% Empresas não fazem parte de grupos empresariais

75% Empresas enquadradas em grupos de empresas, sãogrupos moçambicanos

0%

15%

27%

42%

15%

[0%-20%[ [20%-50%[ [50%- 70%[ >=70% NR/NS

Rácio

custos/

volume de

negócios

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios 9

Caracterização da Amostra

Zona Norte

30% Prestação de serviços

20% Indústria

20% Comércio

40% de empresas entre 1 a 5 anos de vida

40% de empresas entre 5 a 10 anos de vida

40% de empresas com volume de negócios

compreendido entre 1 a 5 milhões de meticais

30% de empresas com a percentagem de

mulheres na força laboral inferior a 5

20% de empresas estabelece comércio com o

exterior

Problemas mais sentidos: Mão de obra pouco

qualificada; falta de ética laboral; falta de fundos;

infra-estruturas débeis

Zona Sul

29% Prestação de serviços

71% empresas entre 1 a 5 anos de vida

43% de empresas com volume de negócios

compreendido entre 1 a 5 milhões de meticais

43% de empresas com a percentagem de

mulheres na força laboral compreendida entre

[10-30[

57% de empresas estabelece comércio com o

exterior

Problemas mais sentidos: barreiras ao

comércio com o exterior; alta concorrência com

empresas estrangeiras, principalmente sul

africanas

Zona Centro

22% Restauração e Turismo

22% Construção e serviços associados

56% de empresas entre 1 a 5 anos de vida

44% de empresas com volume de negócios

compreendido entre 1 a 5 milhões de meticais

44% de empresas com a percentagem de

mulheres na força laboral compreendida entre

[30-50[

44% de empresas estabelece comercio com o

exterior

Problemas mais sentidos: mão de obra pouco

qualificada; falta de fundos; corrupção e

complexidade de processos com o Estado;

barreiras ao comércio com o exterior

Análise Geográfica

Caracterização da Amostra 10

Caracterização da Amostra

Construção e serviços associados

Uso massivo de contratos de trabalho sazonais; elevada

dependência de concursos de Estado;

seguimento de normas de qualidade e fiscalização de materiais

e métodos de construção; oferta de garantia com reparações

gratuitas.

23%

15%

15%

11%

12%

8%

8%

8%

Prestação de serviços

Sector com dificuldades em encontrar mão de obra

qualificada; grande preocupação com a satisfação do cliente;

diversas iniciativas de inovação; sector fortemente

desenvolvido por empreendedorismo jovem.

Indústria

Área com mais comércio com o exterior (na vertente

importação e exportação); problemas resultantes da

dependência de terceiros no que concerne ao processo

produtivo; altamente afectado pela falta de pessoal

qualificado e de escolas industriais.

Restauração e Turismo

Sector afectado pela falta de fundos; beneficia de diversos

acordos do Ministério do Turismo para formação e capacitação

de pessoal; melhoria de infra estruturas e serviços para melhor

servir os clientes; cultura acolhedora do povo moçambicano é

uma mais-valia.

Ensino e Formação

Dificuldades assentes nos aspectos culturais de não

matriculação de crianças nas escolas e fraca participação

de pais no acompanhamento escolar; diversificação de

serviços com a inclusão de mini internatos e actividades

extra curriculares.

Comércio

Área com mais comércio com o exterior (na vertente

importação); problemas resultantes da dependência de

transportadores externos; protecção e defesa de produtos

“Made in Mozambique”; parcerias estáveis de fornecimento a

outras empresas.

Agricultura

Sector com mais de 70% da força laboral do sexo feminino;

pouco afectado pela falta de mão de obra qualificada

devido à existência de institutos agrícolas; uso massivo de

contratos de trabalho sazonais.

Actividades Financeiras e de Seguros

Dificuldades assentes na falta de cultura de financiamento e

aquisição de seguros por parte da população, especialmente

no norte do país; relação positiva e estável com carteira de

clientes.

Análise Sectorial

Percentagens indicadas expõem a representatividade dos sectores de actividade na amostra em análise.

11

Sumário Executivo

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios

Sumário Executivo

12

As empresas analisadas reconhecem a importância global do contexto Macroeconómico na sua actividade, identificando um conjunto deeventuais oportunidades de melhoria que, na sua opinião, poderiam assegurar o alcance de um novo e mais elevado paradigma de eficácia eeficiência da operação corrente.

Ambiente Político e Legal

• As Políticas e Intervenção do Estado são consideradas como tendorelevância significativo nas actividades das empresas, influenciandodirectamente a eficiência dos processos em termos de tempo e custos

• A Legislação Laboral que é caracterizada como exageradamenteprotectora, a elevada Carga Tributária para jovens empresas eempresas em crescimento e os processos de Tributação do IVA,considerados ineficientes, são as disposições legais mais mencionadaspela amostra

Ambiente Económico e de Negócios

• O Ambiente de Negócios é globalmente considerado positivo, sendoreconhecido um aumento gradual da concorrência

• A principal dificuldade sentida centra-se nos processos demovimentação de mercadorias, nacional ou internacionalmente, sendoidentificadas oportunidades de melhoria no que concerne a eficiência eceleridade dos processos de comércio internacional, bem como nasinfra-estruturas associadas ao transporte rodoviário

• O fornecimento de serviços básicos como água e electricidade étambém reconhecido como factor chave para a competitividadedas empresas

Ambiente Sócio-Cultural

• Os aspectos culturais do meio envolvente a cada uma das empresas daamostra são considerados como extremamente relevantes no queconcerne a eficiência e eficácias da actividade

• O impacto sentido é mais relevante nas dimensões de recrutamentode mão de obra técnica/qualificada, absentismo e na comunicaçãocom colaboradores, clientes e parceiros

• A aposta das empresas, por forma a ultrapassar as dificuldades, passapela implementação de programas de desenvolvimento decompetências internos

Ambiente Tecnológico

• A importância e necessidade da implementação de sistemasinformáticos capazes é amplamente reconhecida, sendo que apenas35% das empresas dispõem de ferramentas consideradas adequadas

• A principal dificuldade sentida centra-se na aquisição de maquinariaespecializada, industrial ou tecnologias avançadas no mercadonacional, representando este facto custos adicionais para as empresas,pela necessidade de recorrer ao mercado externo

• A importação de maquinaria industrial/tecnologia avançada poderia teracesso a apoios Estatais, segundo as empresas entrevistadas, por formaa aumentar a sua competitividade

Conclusões PEST

Contexto Macroeconómico

Sumário Executivo 13

Sumário Executivo

O actual foco das empresas analisadas, a par com as dimensões de Vendas e Produção, passa pela Gestão do Capital Humano. Odesenvolvimento de políticas e práticas evoluídas é considerado como prioritário de forma a assegurar uma maior competitividade dasOrganizações e como meio de possibilitar o desenvolvimento das restantes dimensões da Cadeia de Valor.

• A área de recursos humanos é considerada, globalmente, como estrutural para as empresas, tendosido contudo identificadas práticas ainda rudimentares a este nível, muito embora, já atentas ànecessidade de formação de colaboradores

• As empresas evidenciam uma estrutura rígida de financiamento com poucas empresas a aceder acrédito bancário, pela existência de uma percepção negativa das condições de acesso

• As empresas apresentam fraca capacidade de gestão financeira, o que limita os benefícios a médio-longo prazo

• As boas práticas na área de aprovisionamento identificadas passam pela lógica make-to-order, compreocupação crescente em desenvolver práticas de gestão de inventário. Ao nível da logística, ascondições das infra-estruturas de transporte representam custos adicionais para as empresas

• A boa relação com os clientes, a manutenção de conhecimentos da área de negócio, a participaçãoem concursos e feiras foram identificadas como sendo as melhores práticas na vertente comercial.Verificou-se não ser uma prática comum a realização de estratégias ou objectivos comerciais

• A dimensão marketing foi considerada como incipiente, contudo, diversas empresas definem já osseus clientes alvo e ajustam os produtos/serviços em resposta ao mercado

• A preocupação com a sofisticação organizativa e dos processos internos embora evidente, ainda nãose reflecte na utilização massiva de sistemas informáticos ou na contratação de colaboradoresespecializados

• O investimento em investigação e desenvolvimento não é considerado como prioritário, no entanto,existem já soluções alternativas para as empresas com necessidade deste tipo de actividades

• As empresas desenvolvem acções de responsabilidade social principalmente com os objectivos depromover uma relação próxima e positiva com a população local, manter boas ligações com o Estado,divulgar a marca da empresa e motivar os trabalhadores

As principais estratégias de crescimento mencionadas pelas empresas são:

A crescente preocupação das empresas analisadas relativamente a aspectos não relacionados com vendas e produção foi

evidente

O actual foco em processos de criação de valor para o cliente, reforço da componente de

marketing e formação de colaboradores permite identificar um crescente grau de maturidade dos

responsáveis das empresas em Moçambique

Funcionamento interno das PME

27% Diversificar os produtos e serviços

18%Expandir actividade para outras localizações

16% Aumentar a carteira de clientes

14%Melhorar a qualidade dos produtos/serviços prestados

11% Investir em equipamento de produção

Sumário Executivo 14

Sumário ExecutivoPrincipais Obstáculos

Gestão financeira ineficiente

Lacuna sentida em todo o país.

• A falta de capacidade de gestão financeira foi evidenciada na generalidade de empresas entrevistadas

Obstáculo Impacto Geográfico Fundamentos

Mão de obra pouco qualificada

Impacto mais sentido na região norte do país.

• Menor concentração de instituições de ensino na zona norte

A análise às evidências recolhidas pelas entrevistas às empresas que compõem a amostra do presente estudo permitiu identificar um conjuntode principais obstáculos que as PME, em Moçambique, enfrentam na sua actividade. Apresentamos de seguida os obstáculos identificados.

Impacto Sectorial

Sectores mais afectados:

• Lacuna transversal a todos os sectores de actividade

Sectores mais afectados:

• Impacto igual em todos os sectores de actividade presentes na amostra

Sumário Executivo 15

Sumário ExecutivoPrincipais Obstáculos

Limitada capacidade de planeamento e visão

estratégica

Lacuna sentida em todo o país.

• Fraca definição de planos estratégicos

• Não se evidenciou a definição de planos comerciais

• Não se evidenciou a definição de objectivos comerciais

Obstáculo Impacto Geográfico Fundamentos

Estrutura de financiamento rígida

Impacto mais sentido na região norte do país.

• Maior concentração de micro e pequenas empresas no Norte

• Sector do comércio com menos fontes de financiamento devido à compra de produtos para venda apenas após efectivação de encomendas

Impacto Sectorial

Sectores mais afectados:

• Lacuna transversal a todos sectores de actividade

Sectores mais afectados:

• 31% Comércio

• 23% Prestação de serviços

• 15% Actividades Financeiras

• 15% Indústria

Sumário Executivo 16

Sumário ExecutivoPrincipais Obstáculos

Infra-estruturas públicas pouco satisfatórias

Impacto mais sentido na região norte do país.

• Infra-estruturas no sul do país em melhor estado de conservação

• Empresas do norte sentem o impacto quando transportar/distribuem produtos para o centro e sul

Obstáculo Impacto Geográfico Fundamentos

Barreiras ao comércio com o exterior

Impacto mais sentido nas zonas centro e sul do país.

• Maior concentração de médias empresas no centro e sul

• Empresas de menor dimensão no norte, com comércio com o exterior limitado e maioritariamente na vertente importação

Impacto Sectorial

Sectores mais afectados:

• 21% Comércio

• 21% Indústria

• 18% Prestação de serviços

• 11% Construção e serviços associados

• 11% Agricultura

Sectores mais afectados:• 43% Comércio• 26% Prestação de serviços• 14% Indústria• 14% Construção e serviços

associados

Sumário Executivo 17

Sumário ExecutivoPrincipais Obstáculos

Relacionamento entre sector público e privado

Impacto mais sentido nas zonas norte e centro.

• Iniciativas de apoio centradas maioritariamente no sul do país

• Cidades que não são capitais provinciais e aquelas com maus acessos recebem menos foco no que toca às iniciativas de desenvolvimento empresarial

Obstáculo Impacto Geográfico Fundamentos

Corrupção e complexidade de

processos públicos

Impacto mais sentido na região sul do país.

• Empresas na zona norte afirmam que o meio empresarial é mais pequeno e as pessoas conhecem-se, o que reduz o nível de corrupção

Impacto Sectorial

Sectores mais afectados:

• 29% Actividades Financeiras e Seguros

• 29% Indústria

• 29% Prestação de Serviços

• 14% Restauração e Turismo

Sectores mais afectados:

• 23% Prestação de serviços

• 15% Comércio

• 15% Agricultura

• 15% Construção e serviços associados

• 15% Indústria

Sumário Executivo

Sumário ExecutivoPrincipais Recomendações

• Criar planos de formação e capacitação

• Promover inscrição de trabalhadores em institutos de ensino em regime pós laboral

• Apoiar no pagamento de propinas escolares

• Expandir rede de institutos médios/técnicos e escolas industriais pelo país e melhorar a qualidade de ensino

• Adaptar currículos académicos às necessidades actuais do mercado

• Incentivar as empresas a desenvolver práticas favoráveis a trabalhadores estudantes

• Consciencializar população em relação à ética profissional e criação de hábitos de trabalho

• Divulgar às PME os planos de formações de diversas instituições para os períodos próximos, incindindo nas áreas de maior interesse para as empresas, tendo em conta o sector de actividade, localização e as necessidades sentidas

• Desenvolver programa nacional de estágios profissionais e pré-profissionais para PME, através de parcerias entre instituições de ensino e o IPEME

• Criar um pacote de intercâmbios provinciais para estagiários, em especial, de Maputo para as províncias

• Internalizar actividades de contabilidade e finanças com quadros técnicos qualificados

• Garantir competências de gestão financeira a nível da gestão da empresa

• Realizar auditorias de auditores externos de modo a identificar eventuais problemas

• Desenvolver sistema de incentivos para empresas que apresentem qualidade na informação financeira, de acordo com critérios estabelecidos

• Dinamizar acções regulares de inspecção financeira às empresas

• Consciencializar sobre importância de gestão financeira

• Desenvolver workshops de boas práticas de contabilidade e gestão financeira

• Auxiliar no recrutamento de quadros qualificados

• Auxiliar na identificação e escolha de empresas de contabilidade certificadas

Mão de obra pouco qualificada

Gestão financeira ineficiente

Obstáculo Recomendações por destinatário

Estado Instituições de apoio às PME

18

A cada um dos obstáculos identificados foram também sistematizadas um conjunto de recomendações. Estas estão direccionadas a três agentesprincipais: as empresas, o Estado e as Instituições de apoio às PME.

PME

Sumário Executivo

Sumário ExecutivoPrincipais Recomendações

• Procurar informação sobre o uso e benefícios de diversificação de fontes de financiamento, bem como de seguros e corretagem de seguros

• Ajustar financiamentos para que se apliquem a toda a cadeia de valor, em detrimento de financiamentos específicos para uma área

• Promover acordos para constituição de fundos de co-garantia

• Promover a captação de fundos externos com condições mais acessíveis às PME (taxas de juro inferiores, menos exigências)

• Divulgar oportunidades de financiamento existentes • Esclarecer sobre a metodologia de candidatura aos

diferentes tipos de financiamentos e critérios exigidos• Desenvolver acordos com a banca comercial no

sentido de facilitar o acesso das PME a financiamento• Promover protocolos com institutos de micro-finanças

como meio de chegar às PME em zonas mais rurais• Desenvolver workshops de simulação de acesso a

financiamento e criar linhas de apoio para esclarecimento das melhores opções no mercado

• Planear a longo prazo, definir objectivos e metas

• Separar entre relação familiar e gestão profissional da empresa

• Criar políticas de favorecimento às PME que apresentem um conjunto de aspectos para atingir níveis de competitividade mais elevados (planeamento de médio-longo prazo, planos de negócio, objectivos estratégicos e comerciais, contabilidade organizada e relatórios de contas regulares, contratualização formal de todos os colaboradores, entre outros)

• Divulgar iniciativas em curso que visam a capacitação das PME em competências de gestão e desenvolvimento empresarial (CORE, SME ToolKitMoçambique, OCAM, entre outros)

• Oferecer workshops de elaboração de planos estratégicos, planos de marketing e comunicação e de definição de objectivos comerciais

• Criar workshops e outras soluções em formatos alternativos de modo a atingir empresas em locais de difícil acesso e sem internet/computador

Estrutura de financiamento rígida

Limitada capacidade de planeamento e visão estratégica

Obstáculo

19

Recomendações por destinatário

Estado Instituições de apoio às PMEPME

Sumário Executivo

Sumário ExecutivoPrincipais Recomendações

• Reforçar ética profissional na empresa, reportar e não ceder em situações de corrupção

• Procurar informação relativa aos procedimentos e benefícios de importação/exportação

• Ter em mente o processo actual de comércio com o exterior aquando da estipulação de prazos

• Reduzir taxas alfandegárias• Criar políticas favoráveis à

importação de produtos benéficos para o país

• Regular importação de substitutos directos dos produtos produzidos nacionalmente-proteger e valorizar marca “Madein Mozambique”

• Desburocratizar a exportação• Aumentar parcerias com países

SADC

• Consciencializar agentes económicos sobre o papel da exportação no desenvolvimento económico do país

• Divulgar sobre iniciativas já desenvolvidas para a melhoria do comércio com o exterior

• Esclarecer sobre procedimentos a seguir aquando da importação e exportação

• Criar linhas de apoio às PME para encaminhamento de questões

• Criar linha directa de denúncia de situações críticas• Sensibilizar junto do governo para redução de taxas

para a importação/exportação

• Instalar métodos alternativos para dar resposta às lacunas sentidas, em especial, no que diz respeito à higiene e à saúde pública

• Implementar soluções alternativas para diminuir o impacto sentido no curto prazo ou apoiar as empresas em adquirir soluções alternativas

• Melhorar as infra-estruturas já existentes e criar infra-estruturas adicionais

• Co-responsabilizar por danos resultantes do mau funcionamento dos serviços públicos oferecidos

• Divulgar soluções simples que empresários nas zonas mais afectadas podem adoptar, sem grandes custos acrescidos

• Apoiar no desenvolvimento de soluções alternativas que dêem resposta aos problemas sentidos ao nível das infra-estruturas de transporte, electricidade e água

Barreiras ao Comércio com o exterior

Infra-estruturas públicas pouco

satisfatórias

Obstáculo

20

Recomendações por destinatário

Estado Instituições de apoio às PMEPME

Sumário Executivo

Sumário ExecutivoPrincipais Recomendações

• Reforçar ética profissional na empresa e recorrer a outros mecanismos por forma a não recorrer à corrupção como forma de acelerar processos

• Criar e divulgar procedimentos a seguir em caso de corrupção e de situações críticas

• Consciencializar os trabalhadores de instituições públicas em ética de trabalho e valores a seguir

• Implementar leis de prevenção à corrupção

• Implementar sistemas de avaliação de desempenho e de satisfação do cliente no sector público

• Divulgar iniciativas já implementadas de apoio às empresas quando se encontram em algum processo com o Estado

• Partilhar informação que possa ser relevante para outras empresas

• Manter postura pró-activa de mudança e busca de novas soluções

• Consciencializar sobre a importância de trabalhar junto das empresas e criar linhas de apoio direccionadas e padronizadas às suas necessidades

• Manter abertos os canais de contacto com as empresas, garantindo interacções regulares entre as partes (pública e privada) para promover o sentimento de proximidade

• Promover e divulgar mais fortemente iniciativas de instituições de apoio às PME, utilizando diversos canais de comunicação

• Desenvolver eventos de networking entre empresas e o sector público onde seja possível partilhar experiências e promover redes de contactos

• Criar uma rede de agentes que se dirija regularmente a empresas seleccionadas, de forma a acompanhar o seu desenvolvimento

• Criar uma newsletter para partilha de informações pertinentes

Corrupção e complexidade dos processos públicos

Relacionamento entre sector público e

privado

Obstáculo

21

Recomendações por destinatário

Estado Instituições de apoio às PMEPME

22

Contexto Macroeconómico

Ambiente Político e Legal

Ambiente Económico e de Negócios

Ambiente Sócio-cultural

Ambiente Tecnológico

Conclusões

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios

10%

19%

21%

50%

Elevado tempo de resposta

Burocracia

Corrupção

Não sente

23

Ambiente Político e Legal

As empresas reconhecem a influência da política e desempenho do Estado nas actividades daempresa, sendo as disposições legais aspectos que impactam igualmente as iniciativas dasmesmas.

• O desempenho do Estado tem impacto

significativo nas actividades das empresas,

por um lado, com consequências negativas

ao nível dos processos – a morosidade e

complexidade dos processos condicionam o

fluxo e rapidez de resolução de

constrangimentos – e por outro, ao nível dos

custos em resultado dos elevados gastos

adicionais não esperados

• As disposições legais mais mencionadas por

gerarem constrangimentos às empresas são:

Legislação Laboral: sensação de

protecção exagerada do trabalhador,

dificuldade de contratação sazonal

Carga Tributária: impostos elevados

para jovens empresas e empresas em

crescimento

Tributação do IVA: dificuldade em

efectuar o pagamento dentro do prazo

Conclusões

A instabilidade política no último ano teve repercussões em algumas empresas, nomeadamenteao nível da:

redução do volume de negócios

destruição de carga

retracção de investidores

distribuição de produtos

50% das empresas já sentiu algum aspecto negativona interacção com o Estado, nomeadamente acorrupção, a burocracia e o elevado tempo deresposta.

31%

54%

15%Sim

Não

NR/NS31% das empresas afirma existirem disposições legaisque causam constrangimentos à actividade, sendo queas mais mencionadas foram aspectos relacionados coma legislação laboral, o procedimento de pagamento doIVA e a carga tributária elevada.

Constrangimentos

disposições legais

Aspectos

negativos na

Interacção com o

estado

A situação política no último ano teve impacto em 42% das empresas da

amostra

Contexto Macroeconómico 24

Ambiente Económico e de Negócios (I/II)

As condições de acesso ao comércio externo e fornecimento de serviços públicos essenciais têmum elevado impacto no nível do desempenho das empresas.

• As barreiras ao comércio com o exterior, seja

na importação ou exportação, são fortemente

sentidas pelas empresas, em resultado da

burocracia, morosidade dos processos e

elevados custos associados

• O fornecimento de serviços públicos

essenciais encontra-se ainda debilitado,

apresentando deficiências ao nível do

fornecimento de energia eléctrica, água e

segurança pública. Os principais impactos

sentidos pelas empresas são:

Custos adicionais – instalações iniciais,

geradores, reparação de equipamentos,

água de particulares

Redução do tempo de vida dos

equipamentos e atrasos na produção

Deterioração das condições de higiene

e limpeza das empresas (pela falta de

água)

Conclusões

Mais de 50% das empresas classificou o nível deconcorrência no mercado onde operam como sendomoderado a muito forte. As empresas diferenciam-se, ao nível de concorrência, maioritariamente pelosprodutos/serviços oferecidos e pela qualidade deatendimento.

0%

10%

20%

30%

40%

Energiaeléctrica

Abastecimento de água

Segurançapública

Os níveis de serviço dos serviçospúblicos tiveram uma classificaçãobaixa por parte das empresas. Naprática, os cortes e oscilações de luz,o fraco abastecimento de água e osníveis elevados de criminalidadetraduzem-se em gastos acrescidospara as empresas.

39% das empresas da amostra tem negócios com o exterior (importa, exporta ou importa eexporta) e nesta actividade sente que a burocracia, as taxas alfandegárias, as barreiras àexportação e a corrupção reduzem o volume de negócios, aumentam os custos e danificam areputação da empresa perante clientes devido ao atraso da mercadoria/produtos.

8%

0%

12%

19%

27%

27%

8%

NR/NS

Nulo

Muito Fraco

Fraco

Moderado

Forte

Muito Forte

Nível de

concorrência

Níveis de serviços dos serviços públicos

A burocracia, as taxas alfandegárias, as barreiras à exportação e a corrupção constituem barreiras ao comércio com o exterior

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios 25

Ambiente Económico e de Negócios (II/II)

Em termos das infra-estruturas de transporte, as empresas classificam a marítima como a queapresenta melhores condições, seguida da rodoviária e por último ferroviária.

• Denota-se um sentimento generalizado das

empresas que as infra-estruturas de

transporte apresentam necessidades de

melhoria, em especial, para os meios de

transporte rodoviário e ferroviário

• Os impactos das condições das infra-

estruturas nas empresas, são diversos:

Custos elevados de manutenção de

equipamentos – danificações frequentes

Custos e tempo elevados de

transporte/abastecimentos de bens

Fraca assiduidade de trabalhadores

resultante do difícil acesso à empresa

• As empresas do sector de Restauração e

Turismo foram as que menos evidenciaram

constrangimentos à actividade resultantes do

facto acima apresentado

Conclusões

55% das empresas usa a via rodoviáriacomo principal meio de transporte demercadoria e produtos e 73% consideraque as infra-estruturas rodoviárias sãofracas a medianas, o que se traduz emcustos elevados de transporte, custos demanutenção de viaturas e maior tempode transporte.

Só 12% das empresas utiliza a via ferroviária devido ao nível de serviço limitado, ocupação devagões por parte das grandes empresas e mau tratamento da carga. A via aérea não é utilizadapor nenhuma empresa, devido aos custos elevados associados a este tipo de transporte.

A via marítima é a escolhidapara o transporte demercadorias e produtos para oestrangeiro. É também a quetem as melhores infra-estruturas, na visão dosempresários.

23%

0%

38%

35%

4%

0%

0%

NR/NS

Inexistentes

Fracas

Medianas

Boas

Muito Boas

Excelentes

0%

0%

0%

33%

50%

17%

0%

NR/NS

Inexistentes

Fracas

Medianas

Boas

Muito Boas

Excelentes

Via rodoviária

Via marítima

A via rodoviária é a mais usada pelas empresas e é também a que apresenta as infra-estruturas em pior estado de conservação, o que resulta em custos de transporte

acrescidos para as empresas

Contexto Macroeconómico 26

Ambiente Sociocultural

O meio sociocultural local das empresas impacta em grande medida o desempenho dasmesmas, sendo que genericamente as empresas gostariam de ver implementadas iniciativas noâmbito da saúde e formação.

• Pela dificuldade de encontrar mão de obra

qualificada nas zonas onde operam, as

empresas tendem a optar pela contratação

de recém-formados (ensino médio/técnico)

e capacitação interna dos mesmos

• Os aspectos socioculturais interferem no

desempenho das empresas, especificamente

ao nível dos seguintes vectores:

Recursos humanos, pelo elevado grau

de faltas e dispensas e dificuldade em

recrutar localmente mão de obra

técnica/qualificada

Funcionamento interno da empresas,

pela restrições de comunicação com os

colaboradores

Rentabilidade, pela dificuldade em

comunicar eficientemente com os

clientes locais e pelos costumes/hábitos

que influenciam a captação de clientes

Conclusões

A cultura do meio envolvente à empresa influencia o modo de funcionamento de 50% dasempresas. Os aspectos socioculturais mais sentidos pelas empresas prendem-se com:

Nível de habilitações da mão de obra local

Costumes locais

Hábitos de trabalho

Estilo de comunicação/língua

“Pessoas da região são acolhedoras e criam ambiente agradável para turistas”

Citação de responsável entrevistado

Os principais impactos dos aspectos socioculturais mencionados nas empresas, são ao nível dovolume de negócios e absentismo dos colaboradores.

10%

18%

36%

36%

Qualidade no atendimentoa clientes

Capacidade de recrutar

Absentismo decolaboradores

Volume de negóciosAlguns exemplos de factores socioculturaisque impactam o volume de negócios são:

Género - empresas cujo público-alvo sãoas mulheres, deparam-se comconstrangimentos ao nível dadependência na tomada de decisão

Cultura/hábitos educacionais –empresas que se dedicam à formaçãode crianças/jovens deparam-se comconstrangimentos ao nível davalorização e cultura de educação

Impacto dos

aspectos sócio

culturais na empresa

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios 27

Ambiente Tecnológico

Empresas que necessitam de equipamentos industriais ou tecnologias avançadas, sentemrestrições ao nível do fornecimento destes bens no mercado local. Em termos de sistemas deinformação, diversas empresas têm interesse em investir em programas que auxiliem na gestão,contudo, consideram ser um passo a ser tomado num estágio de maturidade mais avançado.

• Para o grupo de empresas que necessitam

fortemente de equipamentos industriais ou

tecnologias avançadas – tendencialmente no

sector da agricultura, construção, indústria

ou empresas que comercializam estes

equipamentos – a principal lacuna sentida é

a dificuldade em comprar este tipo de

equipamentos no mercado nacional. A

dependência do mercado externo representa

custos adicionais para as mesmas

• Algumas das sugestões mencionadas pelas

empresas entrevistadas com vista à melhoria

deste entrave são:

Promoção de pontos de venda de

equipamentos em zonas tipicamente

agrícolas/industriais

Isenções/benefícios para importação

de tecnologias avançadas

Apoios ao investimento em

equipamento

Conclusões

23% das empresas estudadas requerem grandes investimentos em tecnologia, sendo a maiorparte desses investimentos em equipamentos de produção ou informático.

As empresas consideram encontrar com relativafacilidade no mercado local sistemas informáticos deapoio à gestão.

A nível dos serviços de internet, 54% das empresas consideram que o mesmo tem um nível defuncionamento satisfatório e preço adequado.

35%

15%

31%

0% 19%

Já adopta

Tem interesse

Não adopta

Não tem interesse

NR/NS

31% das empresas não adoptou ainda sistemas informáticos de gestão, sendo que 15%reconhece-lhes benefícios e revela interesse em vir a adoptar.

0%

10%

20%

30%

40%

Sistemas de gestão Equipamentos

Utilização de sistemas informáticos de gestão

Facilidade de compra no mercado nacionalEquipamentos industriais e tecnologias

avançadas são bens com oferta limitada no mercado nacional

Contexto Macroeconómico 28

Conclusões

As empresas analisadas reconhecem a importância global do contexto Macroeconómico na sua actividade, identificando um conjunto deeventuais oportunidades de melhoria que, na sua opinião, poderiam assegurar o alcance de um novo e mais elevado paradigma de eficácia eeficiência da operação corrente.

Ambiente Político e Legal

• As Políticas e Intervenção do Estado são consideradas como tendorelevância significativo nas actividades das empresas, influenciandodirectamente a eficiência dos processos em termos de tempo e custos

• A Legislação Laboral que é caracterizada como exageradamenteprotectora, a elevada Carga Tributária para jovens empresas eempresas em crescimento e os processos de Tributação do IVA,considerados ineficientes, são as disposições legais mais mencionadaspela amostra

Ambiente Económico e de Negócios

• O Ambiente de Negócios é globalmente considerado positivo, sendoreconhecido um aumento gradual da concorrência

• A principal dificuldade sentida centra-se nos processos demovimentação de mercadorias, nacional ou internacionalmente, sendoidentificadas oportunidades de melhoria no que concerne a eficiência eceleridade dos processos de comércio internacional, bem como nasinfra-estruturas associadas ao transporte rodoviário

• O fornecimento de serviços básicos como água e electricidade étambém reconhecido como factor chave para a competitividadedas empresas

Ambiente Social

• Os aspectos culturais do meio envolvente a cada uma das empresas daamostra são considerados como extremamente relevantes no queconcerne a eficiência e eficácias da actividade

• O impacto sentido é mais relevante nas dimensões de recrutamentode mão de obra técnica/qualificada, absentismo e na comunicaçãocom Colaboradores, clientes e parceiros

• A aposta das empresas, por forma a ultrapassar as dificuldades, passapela implementação de programas de desenvolvimento decompetências internos

Ambiente Tecnológico

• A importância e necessidade da implementação de sistemasinformáticos capazes é amplamente reconhecida, sendo que apenas35% das empresas dispõem de ferramentas consideradas adequadas

• A principal dificuldade sentida centra-se na aquisição de maquinariaespecializada, industrial ou tecnologias avançadas no mercadonacional, representando este facto custos adicionais para as empresas,pela necessidade de recorrer ao mercado externo

• A importação de maquinaria industrial/tecnologia avançada poderia teracesso a apoios Estatais, segundo as empresas entrevistas, por forma aaumentar a sua competitividade

Conclusões PEST

29

Funcionamento interno das PME

Estratégia

Recursos Humanos

Contabilidade e Finanças

Aprovisionamento e Logística

Comercial

Marketing

Informática

Produção

Investigação e Desenvolvimento

Responsabilidade Social

Conclusões

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios

Estratégia

30

• Apesar de já se evidenciar algum

planeamento por parte de certas empresas,

este é pouco estruturado e com

incidência apenas no curto prazo

• Algumas empresas não definem nenhum

tipo de objectivos a médio-longo prazo e,

por consequência, não dispõem de

ideias/estratégias de crescimento

• Já é notável a preocupação de empresas em

relação a aspectos não directamente

relacionados com a produção e venda de

produtos/serviços, como a criação de valor

para o cliente, o reforço da componente

de marketing e a formação e capacitação

dos seus colaboradores

Conclusões

Alguns empresários apresentam conhecimentos prévios do sector onde operam, por terem jáalguma experiência de trabalho nesse ramo. É notável o empreendedorismo dos empresáriosmoçambicanos pela capacidade de identificação de necessidades no mercado e criação desoluções para satisfazê-las.

12%

12%

19%

27%

31%

Compra de empresa existente

Projecto de apoio

Outro

Necessidade no mercado

Conhecimento prévio do mercado

Motivos para a

criação das PME

31% das PME foram criadas porpessoas que trabalharam porconta de outrem no mesmosector, adquiriram experiênciasuficiente e juntaram poupançaspara abrir o seu negócio.

Os principais drivers decrescimento identificadospelas empresas foram adiversificação de produtos eserviços, a expansão paraoutras localidades e oaumento da carteira declientes.

27% Diversificar os produtos e serviços

18% Expandir actividade para outras localizações

16% Aumentar a carteira de clientes

14% Melhorar a qualidade dos produtos/serviços prestados

11% Investir em equipamento de produção

27% surgiram de ideias de empreendedores que, ao identificar a necessidade no mercado,apressaram-se a criar um produto/serviço de modo a responder à procura.

Outras ainda, surgiram da ideia de apoiar instituições ou grupos específicos da população para amelhoria da sua condição económica.

Drivers de crescimento

14% das empresas não identificou estratégias de crescimento para os próximos anos

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios

Recursos Humanos (I/II)

31

• Falta de formação na mão de obra local é

um dos principais constrangimentos ao

recrutamento local. Muitas empresas

optam por formar internamente os

colaboradores como forma de mitigar a falta

de formação dos candidatos, contudo,

realçam os custos elevados de formações,

motivo pelo qual consideram não ter

capacidade para proporcionar aos seus

colaboradores as formações necessárias

• A maioria das empresas não dispõe de uma

área dedicada à gestão de recursos

humanos, sendo este tipo de actividades

desenvolvidas pelo departamento de

administração. Apesar de já se notar, por

parte das empresas, algum esforço em

implementar medidas de retenção de

trabalhadores, estas encontram-se ainda

num estado rudimentar

Conclusões

3%

6%

9%

9%

18%

21%

Rádio

Jornal

Outras instituições

BD de institutos do Estado

Universidades

Pessoas conhecidas

Candidaturas espontâneas

57%

7%3%

33%Formação Inicial

Estágios

Outros

Não tem

37%

29%3%

31%

Avaliação dedesempenho

Plano deFormação

Plano decarreira

Não tem

Ao nível das práticas de integração, 57% dasempresas referiram desenvolverem formaçãoinicial aquando da entrada do colaborador,como forma de mitigar a falta de formação doscandidatos.

A área de recursos humanos é considerada estrutural para as empresas, tendo sido identificadaspráticas atentas, com especial enfoque na formação dos colaboradores e parcerias cominstituições de educação para recrutamento e realização de estágios.

Empresas indicam ter dificuldades em reter osseus colaboradores - 31% de empresasauscultadas não desenvolvem actividades deretenção – afirmando também não ser capazesde responder financeiramente à procura demelhores condições por parte doscolaboradores.

35%

Práticas de

integração

Práticas de

retençãoFontes de

recrutamento

Apenas 35% das empresas têmáreas de RH bem definidas e/ouprocessos de integração e retençãoformais

Funcionamento interno das PME

Recursos Humanos (II/II)

32

• Pacotes remuneratórios diversificados – é

notável a preocupação actual das empresas

em diversificar os pacotes remuneratórios

oferecidos aos colaboradores, em especial,

tratando-se de parcelas remuneratórias que

mitiguem aspectos críticos para as

organizações, como sendo:

Falta de formação – empresas optam

pelo pagamento das propinas das

universidades ou de prémios de

desempenho académico

Absentismo – bónus associados à

assiduidade

Envolvimento e responsabilização –

parcela variável dependente da

satisfação do cliente, alcance de

objectivos e outros

Conclusões

Para além do salário base, trabalhadores recebem… Sim Não NR/NS

… outro tipo de retribuição fixa 38% 50% 12%

… retribuição variável 46% 46% 8%

… benefícios 42% 46% 12%

77% das empresas alvo já apresentam pacotes de condições com mais do que apenas o saláriobase, como sendo os prémios de desempenho (69%), subsídio de refeição (45%), telemóvel eplafond para telemóvel (37%), planos de saúde (21%), entre outros.

57%28%

10%5%

Por tempo indeterminado

A prazo certo

Sazonal

Outros

Em termos de tipologias de contrato, os contratos por tempoindeterminado são fortemente utilizados para colaboradoresde áreas administrativas e centrais. Os contratos sazonais sãoutilizados maioritariamente em empresas agrícolas.

Uma das práticas identificadas nas empresas como diferenciadora é a diversificação dos pacotesremuneratórios, com componentes associadas ao desempenho dos colaboradores, como formamotivar e promover a autonomia. A realização de eventos de empresas é também uma prática jácomum nas empresas, com vista a robustecer a cultura empresarial.

58% das empresas realiza eventos de empresa, 19%não realiza e 23% não disponibilizou esta informação- os eventos variam entre festas de natal, convíviosem happy hour ou comemorações no dia 1 de Maio.Tipologias

de contrato

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios

Contabilidade e Finanças

33

• As empresas apresentam estruturas de

financiamento rígidas, centradas no

reinvestimento dos lucros, que limitam a

capacidade de novos investimentos e/ou

expansão de actividades

• As empresas caracterizam-se por uma fraca

capacidade de gestão financeira,

nomeadamente, pela centralização da

tomada de decisão nas disponibilidades

imediatas da empresa (gestão com base no

cash-flow)

• Os principais motivos alegados pelas

empresas para não recorrer ao

financiamento por crédito através de

instituições financeiras são:

processos de acesso e elegibilidade

exigentes, morosos e com custos

associados

taxas de juros elevadas

exigência de garantias reais

Conclusões

46%

54%

Internamente

Serviço deterceiros

Todas as empresas realizam relatórios de prestaçãode contas no final do período contabilístico(maioritariamente anual ou trimestral), sendo que em46% realiza a contabilidade internamente.

50% das empresas já foi alvo de auditorias, seja através de auditores externos ou autoridade tributária.

54% das empresas considera que as condições para acesso a crédito bancário são desfavoráveis e as restantes apresentam fraco conhecimento sobre o processo

A maioria das empresas externalizam os serviços de contabilidade, contudo, algumas destasempresas já começam a expressar a vontade de integrar colaboradores com as competênciasnecessárias para assegurar internamente esta actividade. A estrutura de financiamento dasempresas apresenta-se rígida, com a totalidade das empresas a recorrer ao reinvestimento delucros e 50% a utilizar uma segunda fonte de financiamento.

Os empréstimos bancários constituem asegunda fonte de financiamento maisutilizada pela empresas e representa emmédia um máximo de 25% da estrutura definanciamento.

A totalidade das empresas baseia-se no reinvestimentode lucros como principal fonte de financiamento esomente 50% destas recorre a uma segunda fonte definanciamento.

Fontes de financiamento adicionais

Actividade de contabilidade

62%

23%

8%

7%

Empréstimos bancários

Aumentos de capital

Contas caucionadas

Outros

As empresas apresentam fraca capacidade de gestão financeira

Funcionamento interno das PME 34

Aprovisionamento e Logística

O principal factor paraselecção dos fornecedores éa qualidade dosprodutos/serviços, seguidados custos dos mesmos.

• As empresas demonstram satisfação na

relação com os fornecedores,

apresentando critérios claros para selecção

dos mesmos. A contratualização é em

grande medida informal, contudo, este

aspecto não aparenta resultar em

consequências negativas para as empresas

• Ao nível da armazenagem de bens

essenciais à actividade, mais de metade das

empresas com este tipo de necessidade

dispõe de infra-estruturas de armazenagem,

sendo que cerca de 40% das mesmas

apresentam processos formais de gestão de

inventário

• O estado das infra-estruturas de

transporte constitui um constrangimento

nesta área por se traduzir em custos

acrescidos e elevado tempo de transporte

de bens transaccionados

Conclusões

19% das empresas realizam contratos formais com osfornecedores, em contrapartida 39% apenas dispões decontratos informais e 42% não disponibilizou esta informação.

As boas práticas na área de aprovisionamento e logística identificadas pelas empresas são acompra de materiais de boa qualidade e apenas após efectivação de encomendas, para evitargastos de armazenagem e extravio de mercadoria.

7%

7%

7%

11%

25%

43%

Outros

Facilidades de pagamento

Único fornecedor no mercado

Localização

Preço

Qualidade dos produtos/serviços

19%

39%

42%Contrato formais

ContratosinformaisNR/NS/NA

De uma forma geral, os fornecedores cumprem com osrequisitos de encomenda e não apresentam falhas dequalidade ou atrasos significativos nos prazos deentrega.

Das empresas que compram benspara as suas actividades, 68%adquirem-nos no territórionacional e 32% importa.

Alguns motivos apresentados para compra de bens

no estrangeiro…

… preços mais atractivos

… inexistência do produto no mercado nacional

… melhor qualidade dos produtos

Contratos com fornecedores

Selecção de

fornecedores

“A questão mais preocupante nesta área é a da distribuição/transporte demercadorias, devido ao estado das infra-estruturas de transporte no país.”

Citação de responsável entrevistado

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios 35

Comercial

• As empresas apresentam crescente

maturidade na abordagem comercial, com

identificação dos aspectos críticos para a

consistência e melhoria das práticas

comerciais – criação de uma rede de

contactos, satisfação do cliente, participação

em concursos e feiras -, e obtenção de

novos/mais negócios

• Denota-se cuidado por parte das empresas

em criar valor ao cliente, através da

inovação, adequação de produtos às

necessidades do cliente e distinção nos

serviços prestados

• Apesar de algumas empresas já deterem

equipas dedicadas ao atendimento a

clientes, verifica-se falta de formação às

equipas comerciais, com cerca de apenas

23% das empresas a formar os seus

colaboradores em técnicas de atendimento

ao cliente

Conclusões

Foram identificadas como sendo as melhores práticas na vertente comercial, a boa relação comclientes ou potenciais clientes - criação e manutenção de redes de contactos -, conhecimentosda área de negócio, participação em concursos Estatais e participação em feiras nacionais.Verificou-se não ser uma prática comum a realização de estratégias comerciais nem dedefinição de objectivos comerciais.

61%

31%

8%

Cliente contacta Empresa

Empresa aborda clientes

NR/NS

Em 75% das empresas contactadas por clientes, existe um númerode telefone específico para o contacto de clientes e 44% dispõe deuma equipa dedicada a atendimento de clientes.

81% das empresas desenvolve acçõespós-venda com vista à melhoria daqualidade de serviço, como sendo arecolha de feedback e gestão dereclamações as mais usadas.

Do grupo de empresas cujo modelo comercial é de abordagemdirecta a clientes, todas definem uma estratégias de clientes aabordar.

6%

6%

9%

11%

14%

17%

37%

Assistência técnica

Garantia

Apoio ao cliente

Distrubuição/entrega

Montagem/reparações

Gestão de reclamações

Recolha de feedback

“Queremos criar valor aos nossos clientes”Citação de responsável entrevistado

Acções pós-venda

Abordagem

comercial63% das empresas não define planos de estratégia comercial

Funcionamento interno das PME 36

Marketing

• De uma forma geral, as empresas

desenvolvem algumas acções de

marketing, numa lógica pouco estruturada

e de acordo com as necessidades mais

imediatas, como sendo:

Definição de clientes alvo

Resposta ao mercado

Realização de estudos de mercado

Desenvolvimento de actividades de

gestão de marca

Acções de comunicação externa e

interna

• As empresas devem apostar na dimensão de

marketing como uma área estratégica

para a organização, com vista à projecção

dos seus produtos e serviços, captação de

quota de mercado e, consequentemente,

geração de mais receita

Conclusões

42%

12%

46%Sim

Não

NR/NS

42% das empresas definem clientes alvo e um terço destas adequa os seus produtos/serviços à procura do mercado

O canal de comunicaçãoexterno mais utilizado éa rádio local, por atingirum número elevado depotenciais clientes a umpreço acessível.

27% das empresas desenvolve actividades de gestão da marca através de participação emeventos, concursos, feiras ou pela realização de iniciativas sociais.

Em termos comunicação interna, 65% das empresas desenvolve este tipo de iniciativas, sendo asmais usuais as reuniões de ponto de situação regulares e partilha de informação através de email.

No geral, a capacidade de marketing das empresas é frágil e o "passa a palavra“ continua a serusado como meio de comunicação externa. Ainda assim, diversas empresas já reconhecem aimportância desta área e pretendem expandi-la nos próximos anos.

Um número residual de empresas realiza estudos demercado numa lógica ad hoc, maioritariamente paraanalisar práticas de concorrentes e identificar preferênciasregionais.

22%

16%

16%

16%

13%

13%

6%

Rádio local

Jornal/publicidade impressa

Internet/website/redes sociais

Cartazes fixos/outdoors

Tv

Passa a palavra

Páginas amarelas Canal de

comunicação

externo

Definição de

clientes alvo

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios

8%

15%

19%

19%

38%

Sistema contabilístico

Sistemas específicos dosector

Pacote de gestãocompleto

Processo manual

Ferramentas em Excel

37

Informática

• Com excepção de empresas que possuem

conhecimento informáticos in house em

resultado da sua área de negócio, a maioria

das empresas opta por recorrer a

fornecedores externos no que diz respeito

a fornecimentos de programas, bem como

de equipamentos

• Dada a dimensão das empresas em análise,

revela-se pouco estratégico apostar em

sistemas de informação robustos ou até

mesmo na contratação de pessoal

especializado nesta área

Conclusões

Tem equipa interna de informática?

Sim 35%

Não 58%

NR/NS 7%

Das 58% das empresas que não têmequipa interna de Informática, 46%recorre a serviços de terceiros e 19%tem processos estritamentemanuais.

42% das empresas utilizaprogramas informáticos para agestão das actividades diárias(sistema contabilístico, sistemasespecíficos do sector ou pacotede gestão completo).

Embora seja evidente uma sofisticação organizativa e nos processos internos das empresas, amaioria ainda não apresenta um volume de negócio que justifique a implementação desistemas informáticos de gestão, o uso massivo de equipamento informático ou a contrataçãode pessoal especializado nesta área.

Ainda que o equipamento informático faça parte do dia-a-dia das empresas, apenas 27% temcapacidade de garantir internamente suporte técnico a programas ou manutenção deequipamentos, maioritariamente por falta de fundos para a contratação de pessoal especializado.

Ferramentas

utilizadas na gestão

38% das empresas utiliza o Microsoft Excel como ferramenta principal de gestão

Funcionamento interno das PME 38

Produção

• A automatização do processo de

produção constitui uma vantagem

competitiva entre as empresas, permitindo

produzir mais e melhor, alcançar economias

de escala e reduzir custos

• As empresas apresentam situações

financeiras incapazes de investir em

equipamentos produtivos, contudo,

reconhecem a sua importância e

ambicionam prosseguir com esses

investimentos assim que reúnam as

condições necessárias

• A dependência de entidades externas para

finalização/realização de partes do processo

produtivo – através da contratação de

serviços a terceiros ou aluguer de

equipamentos - representa riscos

potencialmente elevados para as

empresas

Conclusões

A área de produção aplica-se a 35% das empresas analisadas, mais especificamente nossectores de Indústria, Agricultura e Construção e serviços associados.

78% das empresas apresentam uma percentagem de automatização dos processos de produção abaixo dos 50%

Das empresas que detêm equipamentos de produção, 78% fazem manutenção dos mesmos:57% com recurso a capacidade interna, 43% com recurso a externas.

As boas práticas de produção identificadas pelas empresas são:

a produção por encomenda de forma a reduzir custos e evitar desperdícios a maximização do aproveitamento da matéria prima a automatização do processo de produção, permitindo produzir mais quantidades de melhor

qualidade

Em alternativa à aquisição de equipamentos próprios, as empresas recorrem à contratação deserviços de terceiros ou aluguer de equipamentos.

“Não temos capacidade financeira para investir em equipamento

próprio”Citação de responsável entrevistado

As empresas apresentam processos de produçãomaioritariamente manuais, sendo que em 78% dasempresas a percentagem de automatização dosprocessos de produção encontra-se abaixo dos 50%.Este facto está altamente ligado à escassez defundos e à rigidez das fontes de financiamentoapresentadas pelas empresas.

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios 39

Investigação e Desenvolvimento

• As empresas que desenvolvem actividades

de investigação e desenvolvimento – ainda

um reduzido número -, têm como principal

objectivo o aumento de qualidade dos

produtos ou serviços oferecidos e a

optimização dos processos de actividade

• Empresas que identifiquem este tipo de

necessidades mas que não tem capacidade

interna para desenvolver em pleno as acções

pretendidas, podem socorrer-se junto de

universidades ou institutos de

investigação para recolha de informação

relevante

• Poderá revelar-se estratégico no médio-

longo prazo a melhoria das condições para

que as empresas desenvolvam actividades

de I&D contudo, actualmente, o universo de

empresas com necessidades desta natureza

não é ainda significativo

Conclusões

Denota-se um sentimento generalizado por parte das empresas que as PME em Moçambiqueainda não se encontram num estado de desenvolvimento que justifique a criação de áreas deInvestigação e Desenvolvimento internas. Existem, contudo, soluções para as empresas comnecessidade deste tipo de actividades, como sendo a realização de parcerias com universidadesou a recolha de informação relevante através de institutos de investigação (e.g. Instituto deInvestigação Agrária).

A empresa desenvolve actividades de

Investigação e Desenvolvimento?

Sim 27%

Não 73%

Das empresas analisadas, apenas 27% realiza actividades de I&D

A realização de actividades deI&D têm como objectivo oaumento da qualidade dosprodutos e serviços e aoptimização de processos deprodução/acção.

Os factores que melhor explicam oreduzido número de empresas arealizar este tipo de actividades são:

falta de recursos humanos emonetários

volume/estrutura insuficiente parajustificar actividades destanatureza

23%

23%

15%

15%

15%

9%

Optimização de processos

Aumento de qualidade deprodutos/serviços

Resposta ao mercado

Inovação

Diversificação de produtos/oferta

Redução de custos

Principal objectivo das actividades de I&D

Funcionamento interno das PME 40

Responsabilidade Social

As empresas desenvolvem acções de responsabilidade social (RS) principalmente com osobjectivos de promover uma relação próxima e positiva com a população local, manter boasligações com o Estado, divulgar a marca da empresa e motivar os trabalhadores.

• As empresas reconhecem a importância

das iniciativas de responsabilidade social,

nomeadamente como meio de:

Promover uma relação positiva com as

comunidades locais

Manter boas relações com o Estado

Divulgar a marca da empresa

Motivar e envolver os colaboradores

• O principal constrangimento identificado

pelas empresas impeditivo de realizar mais

actividades e/ou de forma mais estruturada,

é a falta de recursos monetários, sendo a

tipologia de acções mais utilizada os apoios

monetários a instituições ou a causas

especificas

• As empresas poderão equacionar

iniciativas que necessitem de menor

investimento financeiro e que resultem em

igual ou superior impacto interno e externo

Conclusões

Desenvolve actividades de RS?

Sim 65%

Não 31%

NR/NS 4%

Apesar de as empresas considerarem asacções no âmbito da RS benéficas tantopara a população/ambiente como para aprópria empresa, estas mencionam a faltade recursos monetários como o principalobstáculo para as desenvolver.

As principais actividades de RSpraticadas pelas empresas sãoapoios monetários ainstituições (de saúde, cuidadoà criança, entre outros) ouapoios a acções específicas.

As actividades de responsabilidade social decorrem durante todo o ano embora apresentemmaior incidência em alturas festivas como o Natal, fim do ano, dia do trabalhador e dia da criança.

41%

18%

18%

12%

6%

6%

Apoios monetários

Bolsas de estudo

Prestação de serviços (patrocínio)

Doação de produtos alimentares

Apoio à comunidade

Protecção do ambiente

Actividades de Responsabilidade Social

“Tentamos contribuir para a comunidade com actividades que gerem impacto mas não representem custos elevados para a empresa”

Citação de responsável entrevistado

Sumário Executivo 41

Conclusão

O actual foco das empresas analisadas, a par com as dimensões de Vendas e Produção, passa pela Gestão do Capital Humano. Odesenvolvimento de políticas e práticas evoluídas é considerado como prioritário de forma a assegurar uma maior competitividade dasOrganizações e como meio de possibilitar o desenvolvimento das restantes dimensões da Cadeia de Valor.

• A área de recursos humanos é considerada, globalmente, como estrutural para as empresas, tendosido contudo identificadas práticas ainda rudimentares a este nível, muito embora, já atentas ànecessidade de formação de colaboradores

• As empresas evidenciam uma estrutura rígida de financiamento com poucas empresas a aceder acrédito bancário, pela existência de uma percepção negativa das condições de acesso

• As empresas apresentam fraca capacidade de gestão financeira, o que limita os benefícios a médio-longo prazo

• As boas práticas na área de aprovisionamento identificadas passam pela lógica make-to-order, compreocupação crescente em desenvolver práticas de gestão de inventário. Ao nível da logística, ascondições das infra-estruturas de transporte representam custos adicionais para as empresas

• A boa relação com os clientes, a manutenção de conhecimentos da área de negócio, a participaçãoem concursos e feiras foram identificadas como sendo as melhores práticas na vertente comercial.Verificou-se não ser uma prática comum a realização de estratégias ou objectivos comerciais

• A dimensão marketing foi considerada como incipiente, contudo, diversas empresas definem já osseus clientes alvo e ajustam os produtos/serviços em resposta ao mercado

• A preocupação com a sofisticação organizativa e dos processos internos embora evidente, ainda nãose reflecte na utilização massiva de sistemas informáticos ou na contratação de colaboradoresespecializados

• O investimento em investigação e desenvolvimento não é considerado como prioritário, no entanto,existem já soluções alternativas para as empresas com necessidade deste tipo de actividades

• As empresas desenvolvem acções de responsabilidade social principalmente com os objectivos depromover uma relação próxima e positiva com a população local, manter boas ligações com o Estado,divulgar a marca da empresa e motivar os trabalhadores

As principais estratégias de crescimento mencionadas pelas empresas são:

A crescente preocupação das empresas analisadas relativamente a aspectos não relacionados com vendas e produção foi

evidente

O actual foco em processos de criação de valor para o cliente, reforço da componente de

marketing e formação de colaboradores permite identificar um crescente grau de maturidade dos

responsáveis das empresas em Moçambique

27% Diversificar os produtos e serviços

18%Expandir actividade para outras localizações

16% Aumentar a carteira de clientes

14%Melhorar a qualidade dos produtos/serviços prestados

11% Investir em equipamento de produção

42

Recomendações

Mão de obra pouco qualificada

Gestão financeira ineficiente

Estrutura de financiamento rígida

Limitada capacidade de planeamento e visão estratégica

Barreiras ao Comércio com o exterior

Infra-estruturas públicas pouco satisfatórias

Corrupção e complexidade de processos públicos

Relacionamento entre sector público e privado

Conclusão

Recomendações 43

Estrutura da presente secção

Obstáculo das PME

identificado no estudo

Recomendaçõespropostas, divididas em trêsdestinatários alvo:

• PME: iniciativas a serem

tomadas internamente pelasempresas para reduzir oimpacto do obstáculo

• Estado: acções a

serem tomadas por parte deinstituições públicas, como aformulação de políticas, leisou medidas para omelhoramento do ambientede negócios

• Instituições deapoio às PME:recomendaçõesdireccionadas às instituiçõesde apoio às micro, pequenase médias empresas

Análise do impacto do

obstáculo por região do país, sectorde actividade e apresentação defundamentos

Descrição do

problema

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios 44

Obstáculo PME 1: Mão de obra pouco qualificada

ImpactosSectores de actividade mais afectados:

Impacto igual em todos os sectores deactividade representados na amostra.

O problema da fraca qualificação da mão de obra no

mercado nacional é uma preocupação expressa pela

maioria das empresas participantes no estudo.

Esta fragilidade da população moçambicana vai desde a

alfabetização, à reduzida percentagem de conclusão do

ensino médio/técnico.

Este factor tem um impacto negativo no crescimento das

empresas pois representa uma força laboral pouco

competente e custos acrescidos de formação geral e

técnica.

Já estão em acção esforços para melhorar esta situação,

contemplados na Estratégia II de Alfabetização e

Educação de Adultos (AEA) para 2010-2015 do Ministério

da Educação, que visa reduzir a taxa de alfabetização

para 30% até 2015 e proporcionar oportunidades de

desenvolvimento pessoal e profissional aos cidadãos

moçambicanos.

O sector do turismo tem um conjunto de iniciativas que

exemplifica o tipo de acções tomadas por parte do Estado

para colmatar o problema, como os acordos entre

empresas e Direcções Provinciais de Turismo para a

formação e capacitação de trabalhadores, entre outros.

Lacuna mais sentida na região Norte do país.

• Criar planos de formação e capacitação

• Promover inscrição de trabalhadores em institutos de ensino em regime pós

laboral

• Apoiar no pagamento de propinas escolares

• Expandir a rede de institutos médios/técnicos e escolas industriais pelo país

• Criar condições para melhorar a qualidade de ensino médio/técnico das escolas

públicas

• Adaptar currículos académicos às necessidades actuais do mercado

• Incentivar as empresas a desenvolver práticas empresariais favoráveis a

trabalhadores estudantes

• Promover a importância da educação infantil

• Consciencializar população em relação a ética profissional e criação de hábitos

de trabalho

• Divulgar às PME os planos de formações de diversas instituições para os

períodos próximos, incindindo nas áreas de maior interesse para as empresas,

tendo em conta o sector de actividade, localização e as necessidades sentidas

• Desenvolver um programa nacional de estágios profissionais e pré-profissionais

para PME, através de parcerias entre instituições de ensino e o IPEME. De

realçar os benefícios fiscais que as empresas gozam por lei, por receberem

estudantes finalistas em regime de estágio pré-profissional

• Criar um pacote de intercâmbios provinciais para estagiários, como meio de

promover a descentralização de conhecimento, em especial, de Maputo para as

províncias

PME

Estado

Instituições de apoio às

PME

Recomendações por destinatário

Fundamentos:

• Menor concentração de instituições de ensino nazona norte

• Menor importância dada à educação no norte dopaís

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios 45

Obstáculo PME 2: Gestão financeira ineficiente

Impactos

Foi notado que todas as empresas participantes do

estudo realizam um relatório de fecho de contas no

final do período (anual para empresas no regime

normal de IRPC e trimestral para empresas no

regime simplificado ISPC).

Contudo, a qualidade da informação que consta nestes

relatórios não foi avaliada.

É extremamente importante que as empresas tenham a

contabilidade organizada, reportem dados verídicos e

tomem iniciativas de gestão financeira na empresa.

A gestão financeira é fortemente preponderante visto

que pode resultar em maior informação credível que

poderá ser usada como base para a tomada de

decisões estratégicas pelo gestor, reduzindo a margem

de erro e contribuindo para uma gestão mais eficiente

da empresa.

Nisto, é necessário formalizar o processo de

transacções financeiras, conhecer a origem de cada

fluxo, ter a capacidade de avaliar em que períodos

existe uma escassez ou uma abundância de fundos- o

que dependerá da estratégia traçada e influenciará a

procura por financiamento externo - e ser capaz de

tomar decisões que apontem para o crescimento da

empresa.

Lacuna sentida em todo o país.

Fundamentos:

• A falta de capacidade de gestão financeira foi evidenciada na generalidade de empresas entrevistadas

Sectores de actividade mais afectados:

Lacuna transversal a todos os sectores de actividade.

• Internalizar actividades de contabilidade e finanças com quadros técnicos

qualificados

• Garantir competências de gestão financeira a nível da gestão da empresa

• Realizar auditorias de auditores externos de modo a identificar eventuais

problemas

• Desenvolver sistema de incentivos para empresas que apresentem qualidade na

informação financeira , de acordo com critérios estabelecidos

• Dinamizar acções regulares de inspecção financeira às empresas

• Consciencializar sobre importância de gestão financeira

• Desenvolver workshops de boas práticas de contabilidade e gestão financeira

• Auxiliar no recrutamento de quadros qualificados

• Auxiliar na identificação e escolha de empresas de contabilidade certificadas

PME

Estado

Instituições de apoio às

PME

Recomendações por destinatário

Recomendações

Obstáculo PME 3: Estrutura de financiamento rígida

46

Impactos

Algumas empresas identificam a falta de fundos como

entrave para crescerem e expandirem as suas

actividades, resultando numa fraca capacidade de

investimento (em capital fixo, I&D, inovação) e um

modelo de funcionamento centrado no curto prazo.

Esta realidade resulta de uma estrutura de financiamento

rígida, altamente dependente do reinvestimento de lucros

e de uma percepção generalizada, negativa, por parte das

empresas, sobre as condições de acesso ao crédito.

No mercado é notório que estão a ser tomadas medidas

neste âmbito, nomeadamente, pelas instituições

financeiras privadas que estão a apostar em ofertas

específicas para PME e fundos estatais e externos para

promoção do desenvolvimento económico – seja através

de fundos específicos para certos sectores de actividade

ou fundos mais generalistas.

Do lado do sector privado, as principais dificuldades no

acesso ao financiamento são as elevadas taxas de juro e

a exigência de garantias reais.

É também possível concluir que as empresas não só têm

pouco conhecimento sobre as oportunidades de

financiamento disponíveis no mercado, como têm

dificuldade em identificar as melhores opções para o seu

negócio.

As fontes de financiamento são mais rígidas no norte do país.

Fundamentos:

• Maior concentração de micro e pequenas empresas no Norte

• Sector do comércio com menos fontes de financiamento devido à compra de produtos para venda apenas após efectivação de encomendas

Recomendações

Sectores de actividade mais afectados:

31% Comércio23% Prestação de serviços15% Actividades Financeiras e Seguros15% Indústria

• Procurar informação sobre o uso e benefícios de diversificação de fontes de

financiamento, bem como de seguros e corretagem de seguros

• Ajustar os financiamentos para que se tornem mais generalistas, com aplicação

em toda a cadeia de valor, em detrimento de financiamentos específicos para

apenas uma área

• Promover acordos para constituição de fundos de co-garantia

• Promover a captação de fundos externos com condições mais acessíveis às

PME (taxas de juro inferiores, facilitação em termos de colaterais)

• Divulgar as oportunidades de financiamento existentes no mercado, com

especial atenção para a zona norte do país

• Esclarecer sobre a metodologia de candidatura aos diferentes tipos de

financiamentos e critérios exigidos

• Desenvolver acordos com a banca comercial no sentido de facilitar o acesso

das PME a financiamento

• Promover protocolos com institutos de micro-finanças (que apresentem bons

indicadores de concessão e pagamento de crédito) como meio de chegar às

PME em zonas mais rurais

• Desenvolver workshops de simulação de acesso a financiamento e criar linhas

de apoio para esclarecimento das melhores opções no mercado

PME

Estado

Instituições de apoio às

PME

Recomendações por destinatário

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios 47

Obstáculo PME 4: Limitada capacidade de planeamento e visão estratégica

Impactos

Apesar de algumas empresas já estarem

devidamente enquadradas no mercado e terem a

capacidade de gerar lucro, a maioria não

desenvolve planeamento estratégico e determina as

suas necessidades de forma pouco organizada.

Em outras palavras, as empresas operam numa lógica

de curto prazo, sem estruturarem/definirem quais são

os seus objectivos estratégicos para o longo prazo e

que medidas que terão de tomar.

Assim, oportunidades de redução de custos, de

economias de gama e de financiamento passam

despercebidas e não são aproveitadas por estas

empresas, que poderiam induzir a uma taxa de

crescimento mais acelerada e sustentada.

Empresas com planos estratégicos e planos de negócio

definidos, com uma clara visão do mercado e das

oportunidades internas e externas, têm maior

probabilidade de obter financiamento, de capturar maior

quota de mercado e de transmitir confiança e

estabilidade para clientes, fornecedores e investidores.

Os empresários já estão a receber apoio para colmatar

este problema através de instituições de apoio às PME.

Lacuna sentida em todo o país.

Recomendações

Fundamentos:

• Fraca definição de planos estratégicos• Não se evidenciou a definição de planos comerciais• Não se evidenciou a definição de objectivos

comerciais

Sectores de actividade mais afectados:

Lacuna transversal a todos sectores de actividade.

• Planear a longo prazo, definir objectivos e metas de modo a obter benefícios

que advêm de uma abordagem estruturada ao mercado

• Separar entre relação familiar e gestão profissional da empresa

• Criar políticas de favorecimento às PME que apresentem um conjunto de

aspectos essenciais para atingir níveis de competitividade mais elevados

(planeamento de médio-longo prazo, planos de negócio, objectivos estratégicos

e comerciais, contabilidade organizada e relatórios de contas regulares,

contratualização formal de todos os colaboradores, entre outros) de modo a

incentivar por exemplo outras PME

• Divulgar iniciativas em curso que visam a capacitação das PME em

competências de gestão e desenvolvimento empresarial (CORE, SME ToolKit

Moçambique, OCAM, entre outros)

• Oferecer workshops de elaboração de planos estratégicos, planos de marketing

e comunicação e de definição de objectivos comerciais

• Criar workshops e outras soluções em formatos alternativos de modo a

atingirem empresas em locais de difícil acesso e sem internet/computador

PME

Estado

Instituições de apoio às

PME

Recomendações por destinatário

Recomendações

Obstáculo PME 5: Barreiras ao Comércio com o exterior

48

Impactos

A percentagem de empresas que estabelece

comércio com o exterior é relativamente baixo. Este

facto pode ser explicado pela dimensão/capacidade

produtiva actual das empresas e pelas barreiras

impostas ao comércio com o exterior.

Estima-se que para exportar, demora-se cerca de 21

dias (contra os 10.5 da OECD), são necessários 7

documentos (contra 4 da OECD) e há um custo

associado de aproximadamente 31,000 Mts por

contentor (Doing Business Report, 2015).

Para importar, demora-se cerca de 25 dias (contra 9.6

da OECD), são necessários 9 documentos (contra 4 da

OECD) e há um custo associado de aproximadamente

48,000 Mts por contentor (Doing Business Report,

2015).

Já existem iniciativas de desburocratização do comércio

com o exterior, como a implementação da Janela Única

Electrónica, contudo, para além de questões

burocráticas – que têm vindo a ser endereçadas – as

empresas mencionam actos de corrupção por parte de

agentes alfandegários que dificultam os processos,

exigindo valores monetários que encarecem os

produtos, traduzindo-se na perda de competitividade.

Impacto mais sentido nas zonas centro e sul do país.

Recomendações

Fundamentos:

• Maior concentração de médias empresas no centro e sul

• Empresas de menor dimensão no norte, com comércio com o exterior limitado e maioritariamente na vertente importação

Sectores de actividade mais afectados:

43% Comércio26% Prestação de serviços14% Indústria14% Construção e serviços associados

• Reforçar ética profissional, reportar e não ceder em situações de corrupção

• Procurar informação relativa aos procedimentos e benefícios de

importação/exportação

• Ter em mente o processo actual de comércio com o exterior aquando da

estipulação de prazos para não sofrer danos de reputação

• Proteger e valorizar a marca “Made in Mozambique”

• Criar políticas favoráveis à importação de produtos não produzidos

internamente e/ou benéficos para o desenvolvimento do país

• Implementar políticas desfavoráveis à importação de produtos que são

produzidos no mercado nacional

• Desburocratizar o processo de exportação e reduzir taxas alfandegárias

• Aumentar parcerias com países SADC e PALOP para troca de bens e serviços

• Consciencializar os agentes alfandegários em ética de trabalho e valores a

seguir

• Consciencializar agentes económicos sobre o papel da exportação no

desenvolvimento económico do país

• Divulgar sobre iniciativas já desenvolvidas para a melhoria do comércio com o

exterior

• Esclarecer sobre procedimentos a seguir aquando da importação e exportação

• Criar linhas de apoio às PME para encaminhamento de questões

• Criar linha directa de denúncia de situações críticas

• Sensibilizar junto do governo para redução de taxas para a

importação/exportação

PME

Estado

Instituições de apoio às

PME

Recomendações por destinatário

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios 49

Obstáculo PME 6: Infra-estruturas públicas pouco satisfatórias

Impactos

A questão das infra-estruturas, tanto de transportes

(rodoviário, marítimo, ferroviário e aéreo) como de

energia eléctrica e água potável é motivo de

preocupação para alguns empresários.

“É muito complicado ter o negócio a crescer se cada

vez que tenho de fazer uma entrega gasto valores

absurdos em manutenção de viaturas porque as

estradas não estão em condições.”

“É impossível manter a produção na fábrica quando há

4 cortes de energia de longa duração por dia e

frequente oscilação de corrente.”

“Imaginam como é ter mais de 200 alunos a frequentar

a escola e não ter água a sair pelas torneiras?”

Encontram-se no país zonas sem abastecimento de

água potável e sem postes de energia eléctrica. Neste

cenário as empresas não conseguem desenvolver as

suas actividades sem que seja feito um investimento

próprio na criação de condições mínimas de trabalho- o

que resulta em elevados custos operacionais.

Este obstáculo afecta a capacidade de crescimento das

empresas, a qualidade dos seus produtos/serviços, a

proporção de custos em percentagem do volume de

negócios e induz também, a problemas de saneamento,

higiene e saúde pública.

Impacto mais sentido na região norte do país.

Recomendações

Fundamentos:

• Infra-estruturas no sul do país em melhor estado de conservação

• Empresas do norte sentem o impacto quando transportar/distribuem produtos para o centro e sul

Sectores de actividade mais afectados:

21% Comércio21% Indústria18% Prestação de serviços11% Construção e serviços associados11% Agricultura

• Instalar métodos alternativos para dar resposta às lacunas sentidas, em

especial, no que diz respeito à higiene e à saúde pública

• Implementar soluções alternativas para diminuir o impacto sentido no curto

prazo ou apoiar as empresas em adquirir soluções alternativas

• Melhorar as infra-estruturas já existentes e criar infra-estruturas adicionais

• Co-responsabilizar por danos resultantes do mau funcionamento dos serviços

públicos oferecidos

• Divulgar soluções simples que empresários nas zonas mais afectadas podem

adoptar, sem grandes custos acrescidos

• Apoiar no desenvolvimento de soluções alternativas que dêem resposta aos

problemas sentidos ao nível das infra-estruturas de transporte, electricidade e

água

PME

Estado

Instituições de apoio às

PME

Recomendações por destinatário

Recomendações

Obstáculo PME 7: Corrupção e complexidade dos processos públicos

50

Impactos

Os níveis de ineficiência nos processos do

Estado, a baixa confiança nos políticos e os

elevados níveis de corrupção, inserem-se na

lista de obstáculos mencionados pelas PME.

“Sempre que temos de tratar de algum assunto

importante, é necessário dirigirmo-nos a mais do que

uma instituição e perder mais do que um dia de

trabalho.”

“É pouco satisfatório saber que para ganharmos

concursos, não basta servirmos com excelência mas

temos de fazer pagamentos por fora.”

“Estamos a entrar na época crítica de produção e ainda

não temos resposta em relação à candidatura a

financiamento que submetemos.”

O impacto destes obstáculos é mais sentido em

empresas jovens e com menor volume de negócios, o

que pode constituir uma barreira à entrada de novas

empresas no mercado.

Actualmente estão já em curso iniciativas para redução

dos níveis de corrupção em instituições públicas.

Impacto mais sentido na região sul do país.

Recomendações

Fundamentos:

• Empresas na zona norte afirmam que o meio empresarial é mais pequeno e as pessoas conhecem-se, o que reduz o nível de corrupção

Sectores de actividade mais afectados:

23% Prestação de serviços15% Comércio15% Agricultura15% Construção e serviços associados15% Indústria

• Reforçar ética profissional na empresa e procurar outros mecanismos por forma

a não recorrer à corrupção como forma de acelerar processos

• Divulgar os procedimentos a seguir em caso de corrupção

• Consciencializar os trabalhadores de instituições públicas em ética de trabalho

e valores a seguir

• Fortificar a criação e implementação de leis de prevenção à corrupção

• Implementar sistemas de avaliação de desempenho para o sector público

• Implementar sistemas de avaliação da satisfação do cliente no sector público

• Criar mecanismos de denúncia à corrupção e situações críticas

• Criar a figura de agentes “anti-corrupção” em diversos organismos públicos

• Divulgar iniciativas já implementadas de apoio às empresas quando se

encontram em algum processo com o Estado

PME

Estado

Instituições de apoio às

PME

Recomendações por destinatário

PME em Moçambique | Oportunidades e desafios 51

Obstáculo PME 8: Relacionamento entre sector público e privado

Impactos

Muitas empresas manifestaram vontade e interesse

em desenvolver uma relação mais próxima com as

instituições pública de apoio empresarial.

As empresas demonstram vontade em desenvolver

uma relação activa e mais próxima com o Estado que

proporcione, por um lado, a partilha de informação

interna para auxiliar na estruturação de medidas mais

adequadas às suas necessidades como, por outro,

poderem beneficiarem em maior medida das iniciativas

já existentes, criando assim win-win situations.

O objectivo principal desta interacção não é para

motivar uma maior concessão de apoios monetários

entre o sector público e o sector privado, mas sim fazer

sentir aos empresários, investidores nacionais e

internacionais que o Estado acredita no potencial das

PME moçambicanas e toma uma posição presente no

seu desenvolvimento.

Diversas iniciativas estão a ser desenvolvidas neste

âmbito, nomeadamente pelo IPEME, que deverão ser

continuadas, promovidas e continuadas, garantindo

assim um impacto crescente junto das organizações.

Estas instituições poderão também ter um papel

importante em estreitar as relações entre PME e

grandes empresas.

Impacto mais sentido nas zona norte e centro.

Recomendações

Fundamentos:

• Iniciativas de apoio centradas maioritariamente no sul do país

• Cidades que não são capitais provinciais e aquelas com maus acessos recebem menos foco no que toca às iniciativas de desenvolvimento empresarial

Sectores de actividade mais afectados:

29% Actividades financeiras e seguros29% Indústria29% Prestação de serviços14% Restauração e turismo

• Partilhar informação que possa ser relevante para outras empresas

• Manter postura pró-activa de mudança e busca de novas soluções

• Consciencializar sobre a importância de trabalhar junto das empresas e criar

linhas de apoio direccionadas e padronizadas às suas necessidades

• Manter abertos os canais de contacto com as empresas, garantindo interacções

regulares entre as partes (pública e privada) para promover o sentimento de

proximidade

• Promover e divulgar mais fortemente as iniciativas de instituições públicas de

apoio às PME, utilizando diversos canais de comunicação (rádio é bastante

utilizado pelas PME)

• Desenvolver eventos de networking entre empresas (PME e grandes empresas)

e o sector público onde seja possível partilhar experiências, preocupações e

factores de sucesso, promovendo também as redes de contactos

• Criar uma rede de agentes que se dirija regularmente a empresas seleccionadas,

de forma a acompanhar o seu desenvolvimento

• Criar uma newsletter para partilha de informações pertinentes (acções de

formação, novos apoios, prazos de candidaturas, entre outros) às PME

PME

Estado

Instituições de apoio às

PME

Recomendações por destinatário

Recomendações 52

Em síntese, foi possível identificar um conjunto de aspectos ao nível interno das PME ou ao nível externo, do contexto envolvente, que deverãoser alvo de melhorias com vista a atingir objectivos de eficiência e eficácia no desempenho das empresas. A tabela abaixo resume asrecomendações elaboradas, tendo em conta os destinatários alvo para cada recomendação.

Conclusão

RecomendaçõesDestinatários Alvo

• Criar e fortificar planos de formação/capacitação detrabalhadores

• Internalizar contabilidade, desenvolver gestão financeira erealizar auditorias

• Informar-se sobre uso e benefícios de diversificação defontes de financiamento, seguros e corretagem de seguros

• Planear e definir objectivos a médio-longo prazo

• Expandir rede de instituições de ensino pelo país e adaptarcurrículos às necessidades do mercado

• Desenvolver sistema de benefícios para empresas queapresentem a contabilidade organizada

• Criar condições de acesso a financiamento mais acessíveis• Desenvolver políticas de favorecimento às PME que

demonstrem capacidade de planeamento e visão estratégica

• Criar programa de estágios entre instituições de ensino ePME e divulgar iniciativas de formação de trabalhadores

• Desenvolver workshops de contabilidade e gestão financeira• Dar a conhecer oportunidades de financiamento existentes e

esclarecer os processos de cada uma• Criar e divulgar workshops de capacitação em gestão e

planeamento estratégico• Criar soluções de capacitação e sessões de esclarecimento

para zonas de difícil acesso

PME

Estado

Instituições de apoio às PME

• Procurar informação relativa ao procedimento e benefíciosda importação/exportação

• Instalar soluções alternativas aos serviços públicos com nívelnão satisfatório de funcionamento

• Reforçar ética profissional e valores a seguir na empresa• Manter postura pró activa em relação ao mercado, procurar

soluções e partilhar informação com outras empresas

• Reforçar políticas de protecção do mercado nacional(importação) e de desburocratização da exportação

• Melhorar infra-estruturas de transportes e de serviçospúblicos

• Implementar sistemas de avaliação de desempenho dostrabalhadores públicos e de satisfação do cliente

• Intensificar contacto com empresas de modo a manter canalde comunicação entre sector público e privado aberto

• Consciencializar agentes económicos sobre benefícios daexportação e prestar apoio às empresas nesse processo

• Apoiar empresas no desenvolvimento de soluções a baixocusto para colmatar os problemas de infra-estruturas eserviços públicos

• Apoiar empresas nos processos complexos com o Estado• Desenvolver iniciativas de aproximação do sector público e

privado (eventos de networking, divulgação de iniciativasexistentes, entre outras)

53

Limitações do Estudo

Equipa

Recomendações 54

Limitações do Estudo

No desenvolvimento do Estudo foram identificados alguns aspectos que dificultaram a recolha de

informação e limitaram as análises possíveis de fazer.

Aspectos que dificultaram o acesso à informação junto das empresas:

• Listagem do universo de empresas contemplava empresas fora do âmbito do estudo, i.e. não PME, resultando

em substituições frequentes de empresas

• Dificuldade em estabelecer contacto com as empresas devido a interrupções nas linhas e falhas de rede

• Falta de disponibilidade das empresas para participarem no estudo

• Elevado grau de perguntas sem resposta ou para as quais os entrevistados não dispunham de informação – este

facto intensifica-se em entrevistas realizadas a colaboradores e não aos responsáveis/donos das empresas

Aspectos que limitaram as análises:

• Falta de informação prévia acerca de dimensão da empresa de modo a garantir distribuição de micro,

pequenas e médias empresas representativa do universo

• Não inclusão de outros factores – e.g. longevidade, comércio com exterior - nos critérios de selecção da

amostra, de modo a garantir um número aproximado de empresas pelos intervalos aplicáveis

Equipa 55

Equipa

Paulo Lopes Baker Tilly Moçambique [email protected] T: 844 141 138

João Barbosa Baker Tilly Moçambique [email protected] T: 847 131 893

Teresa Graça Baker Tilly Moçambique [email protected] T: 845 646 903

Inayah Sultan Baker Tilly Moçambique [email protected] T: 845 909 181

Horácio Morgado USAID/SPEED [email protected] T: 840 360 779

Manuel Chicane IPEME [email protected] T: 824 673 880

José Tembe IPEME [email protected] T: 827 129 050

Yara Roberto OCAM [email protected] T: 844 450 868