PME3230-2015-Analise Dimensional Semelhanca Modelos

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Análise Dimen sional , Semel hança e Modelos 1 Análise dimensional (A.D.)  Ligada à abordagem experimental  Planejamento e execução de experimentos; interpretação e corre- lação dos resultados obtidos  Relação entre modelo e protótipo  Aplicação não é restrita à Mecânica dos Fluidos Relevância da A.D. – exemplo: Determinação da força de arrasto no escoamento ao redor de uma auto- móvel, a partir do conhecimento das condições do escoamento . Parâmetros importantes: F a  = f  (D,V, ρ, µ) F a : força de arrasto D: diâmetro V  : velocidade µ: viscos idade dinâmic a ρ: massa especíca Como determinar  f ? Falar sobre túnel de vento Solução óbvia: investigar como F a varia com cada parâmetro, mantendo os outros constantes. Considerando 10 valores dife- rentes para cada parâmetro , teríamos  10 4 experimentos . + Custo do equipamento; + Como combinar os resul- tados? Estimando 5min/experimento, total de 35 dias ininterruptos A A.D. mostra que podemos agrupar as variáveis em duas combinações (ou grupos) adimensionais: F a ρV  2 D 2  = φ ρV D µ A base para a simplicação são as dimensões envolvidas (MLt ou FLt). 1.1 T eor ema Π de Buckingham  “Dada uma relação entre  n parâmetros da forma  g(q 1 ,q 2 ,...,q  n ) = 0, então os  n  parâmetros podem ser agrupados em  n m razões indepen- dentes adimensionais, ou parâmetros  Π, que podem ser expressos em

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Análise Dimensional, Semelhança

e Modelos

1 Análise dimensional (A.D.)

•   Ligada à abordagem experimental

•   Planejamento e execução de experimentos; interpretação e corre-lação dos resultados obtidos

•   Relação entre modelo e protótipo

•   Aplicação não é restrita à Mecânica dos Fluidos

Relevância da A.D. – exemplo:

Determinação da força de arrasto no escoamento ao redor de uma auto-móvel, a partir do conhecimento das condições do escoamento∗.

Parâmetros importantes:

F a  =  f  (D,V, ρ, µ)

F a: força de arrastoD: diâmetroV  : velocidadeµ: viscosidade dinâmicaρ: massa específica

Como determinar f ?

∗Falar sobre túnel de vento

Solução óbvia: investigar como F a  varia com cada parâmetro, mantendoos outros constantes.

Considerando 10 valores dife-rentes para cada parâmetro,teríamos 104 experimentos†.

+ Custo do equipamento;

+ Como combinar os resul-tados?

†Estimando 5min/experimento, total de 35 dias ininterruptos

A A.D. mostra que podemos agrupar as variáveis em duas combinações(ou grupos) adimensionais:

F aρV  2D2

 = φ

ρV D

µ

A base para a simplificação são as dimensões envolvidas (MLt ou FLt).

1.1 Teorema  Π  de Buckingham

 “Dada uma relação entre  n  parâmetros da forma  g(q 1, q 2, . . . , q  n) = 0,então os n  parâmetros podem ser agrupados em  n −m  razões indepen-dentes adimensionais, ou parâmetros   Π, que podem ser expressos em

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forma funcional por

G(Π1,Π2, . . . ,Πn−m) = 0

ou   Π1  =  G1(Π2,Π3, . . . ,Πn−m).

O número  m  é usualmente, mas nem sempre, igual ao número mínimor  de dimensões independentes necessárias para especificar as dimensões

de todos os parâmetros  q 1, q 2, . . . , q  n.”

O teorema‡ não prevê a forma de  G  ou  G1, que deve ser determinadaexperimentalmente.

‡Este teorema é baseado no conceito de homogeneidade dimensional.

Determinação dos grupos  Π

1. Liste os parâmetros envolvidos.   {n}

2. Selecione um conjunto de dimensões fundamentais (primárias) –MLt ou FLt  {r}.

3. Liste as dimensões dos parâmetros em termos das dimensões pri-márias (matriz dimensional).

4. Selecione da lista um número m  de parâmetros, chamados de  repe-tentes , que, em conjunto, incluam todas as dimensões primárias.Não selecione o parâmetro dependente. (m   é igual ao posto damatriz dimensional)

5. Estabeleça equações dimensionais combinando os parâmetros re-petentes com cada um dos remanescentes  {n−meqs.}.

6. Verifique se cada grupo obtido é adimensional.

Aplicando o método para o nosso problema:

1   F a,D ,V, ρ, µ   {n = 5}

2 Usaremos MLt {r = 3}

3   F a.

= ML

t2  ;   D

  .= L;   V 

  .=

 L

t ;   µ

  .=

  M

Lt;   ρ

  .=

  M

L3

Matriz dimensional:

F a   D V    ρ   µ

M 1 0 0 1 1L 1 1 1 -3 -1t -2 0 -1 0 -1

(m = posto = 3)

4 Usaremos D ,  V   e  ρ

5 {n−m = 2 eqs.}

Π1 =  F aDaV  bρc = (MLt−2)(L)a(Lt−1)b(ML−3)c = M0L0t0

[M]:  1 +  c = 0   ⇒   c = −1

[L]:  1 +  a + b − 3c = 0

[t]: −2− b = 0   ⇒   b = −2

Substituindo os valores de  b  e  c  na eq. de L:  a  = −1 + 2 − 3 = −2

Π1 =   F aρV  2D2

Π2 =  µDaV  bρc = (ML−1t−1)(L)a(Lt−1)b(ML−3)c = M0L0t0

[M]:  1 +  c = 0   ⇒   c = −1

[L]: −1 + a + b − 3c = 0

[t]: −1− b = 0   ⇒   b = −1

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Substituindo os valores de  b  e  c  na eq. de L:  a  = 1 + 1− 3 = −1

Π2 =  µ

ρV D

6 Usando FLt (M =  FL−1t2)

Π1  =   F aρV  2D2

 =   F(FL−4t−2)(Lt−1)2(L)2

  = F0L0t0 X

Π2  =  µ

ρV D  =

  FL−2t

(FL−4t−2)(Lt−1)(L) = F0L0t0 X

∴  F aρV  2D2

  = φ1

  µ

ρV D

Qualquer potência ou produto de adimensionais§ também é adimensio-nal.

Π02

 = Π−1

2  =

 ρV D

µ

F aρV  2D2

 = φ

ρV D

µ

  ( φ   é determinado experimentalmente)

§incluindo constantes numéricas

Exercício 1

∆h =  f (D, γ ,σ)

Exercício 2

Escoamento permanente incompressível viscoso através de um tubo re-tilíneo horizontal.

∆ p =  f (ρ, V̄ ,D, `, µ, ε)

1.2 Grupos adimensionais importantes na MecFlu

Número de Reynolds   Re  = ρV L

µ  =

 F. inércia

F. viscosas

Número de Euler   Eu  =  ∆ p1

2ρV  2

  = F. pressão

F. inércia

Número de Froude   Fr  =

  V √ gL  =

  F. inércia

F. gravidade

Número de Weber   We  = ρV  2L

σ  =

  F. inércia

F. tensão superficial

Número de Mach   Ma  = V 

c  =

  F. inércia

F. compressibilidade

Número de Strouhal   St  = ωL

V   =

  F. acel. local

F. acel. convectiva

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1.3 Correlação de dados experimentais

a) 1 parâmetro  Π:   Π1 =  C    ⇒   a A.D. revela a forma específicada relação.

Exemplo:  partícula esférica se movendo em fluido ultra-viscoso:

F a  =  f (d ,V,µ)   ⇒   Π1 =  F aµV d   ⇒   F a =  CµV d

b) 2 parâmetro  Π:  gráfico  xy¶

c) 3 parâmetro  Π:  curvas de nível (gráfico  xy  com várias curvas)k

¶Mostrar gráfico do coeficiente de arrasto da esferakMostrar diagrama de Moody

2 Modelos e semelhança

2.1 Modelos

Representação de um sistema físico (protótipo) que pode ser utilizadopara predizer o comportamento de alguma característica do sistema.Podem ser matemáticos, computacionais,  físicos , . . .

2.2 Semelhança

Característica que faz com que os dados obtidos em testes com modelospossam ser transpostos por escala e predizer características do protótipo.

3 tipos:

a) Geométrica:  dimensões∗∗

b) Cinemática: velocidades no escoamento††

c) Dinâmica:   forças aplicadas. Grupos adimensionais têm que tero mesmo valor no modelo e no protótipo.

Dinâmica   ⇒   Cinemática   ⇒   Geométrica

2.3 Escalas

Razão entre o valor de uma grandeza no modelo e o valor da mesmagrandeza no protótipo.

Comprimento:  λL = Lm

L p, Velocidade:   λV   =

 V mV  p

∗∗razão de escala linear, ângulos e direções do escoamento preservados.††partículas homólogas atingem pontos homólogos em tempos homólogos

Massa específica:  λρ = ρm

ρ p

Exemplo:   números de Reynolds iguais

Re m =  Re  p   ⇒V mLm

ν m=

 V  pL pν  p

⇒   λV   = λV 

λL

Exercício 3

Um experimento para predizer a força de arrasto em um sonar de subma-rino é realizado com um modelo em escala 1:5 em água a 20�. Quandoa velocidade do escoamento no modelo é de   V m   = 60km/h, mede-seuma força  F am = 30N. Sabendo que o protótipo navegará em águas a4�, qual será a velocidade do protótipo  V  p  para que haja semelhançacompleta? Neste caso, qual será a força de arrasto correspondente F ap?

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Exercício 4

Um hélice de 6 m de diâmetro desloca um barco com   V    = 7,5 m/s,girando a 120rpm. Para um modelo geometricamente semelhante, escala1:10, usado para medir a força axial  F , determine qual a velocidade erotação do modelo, V m e  nm, para que haja semelhança completa. Nessacondição, qual a escala das forças?   Dado:   F  = f (ρ,V,D ,n ,g).

3 Semelhança incompleta

A semelhança dinâmica pode requere a duplicação de diversos adimen-sionais, o que pode não ser possível na prática. Analisaremos algunsexemplos.

3.1 Escoamentos com superfície livre

•   gravidade (Fr ) e tensão superficial (We ) podem ser importantespara a formação de ondas.

•  Casos típicos: navios, rios e lagos.

Exemplo: arrasto em navio.

Duas origens: resistência de onda (g), forças viscosas (µ)

C A  =  f (Fr ,Re )

Igualando os adimensionais do modelo e do protótipo:

Fr m =  Fr  p   ⇒V m√ gLm

=  V  pp 

gL p⇒   λV   = λ

1/2L   (1)

Re m =  Re  p   ⇒V mLm

ν m=

 V  pL pν  p

⇒   λν  =  λV λL   (2)

Substituindo (1) em (2):   λν  =  λ1/2L   λL  =  λ

3/2L

Considerando λL ≈1

100  ⇒   λν  =

  1

1000.

Não existe líquido com  ν  = 0,001ν água!

Solução:   utilizar a hipótese  C A(Fr ,Re ) =  C Ao(Fr ) + C Av(Re )  e utilizarrelações derivadas da teoria da camada limite para predizer  C Av .

Procedimento:

1. Realiza-se o experimento com semelhança de número de Froudecom o protótipo.

2. Mede-se o arrasto total no modelo.

3. Calcula-se o arrasto viscoso no modelo com relação derivada dateoria da camada limite.

4. Subtrai-se o arrasto viscoso calculado do arrasto total medido paraobter o arrasto de onda no modelo.

5. Transpõe-se por escala o arrasto de onda para o protótipo (poisFr  p =  Fr m).

6. Calcula-se o arrasto viscoso no protótipo com relação derivada dateoria da camada limite.

7. Somam-se os arrastos viscoso e de onda no protótipo para se obtero arrasto total.

Exemplo: rios e lagos.

Pequena profundidade do modelo faz com que a tensão superficial torne-se importante no experimento. A solução normalmente adotada é utili-

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zar duas escalas de comprimento diferentes, uma para o plano horizontale outra para a direção vertical.

3.2 Escoamentos confinados

•   Internos ou externos, sem superfície livre

•   Dominam forças de inércia e viscosas (Re  é importante)

•   Compressibilidade também é importante se  Ma  >  0,3

Exercício 5

Um modelo de automóvel em escala 1:5 será usado para estimar a forçade arrasto no protótipo andando a 90 km/h. Qual deve ser a velocidade

do modelo,   V m? Qual será a escala de forças,   λF    =   F Am/F Ap, nestacondição?