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I N S T I T U T O Informativo do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente BRASIL PNUMA PNUMA Nº 123 FEV/MAR 2012 Visite nosso site www.brasilpnuma.org.br Roberto Gomes/Pnuma/Topham A economia verde e os oceanos Estudo revela importância dos ecossistemas marinhos para o bem-estar humano E m um mundo em transi- ção para uma economia verde, mares e regiões costeiras re- cuperadas e preservadas tra- riam grandes dividendos para as populações. Estudo produ- zido pelo Pnuma e alguns par- ceiros destaca o grande poten- cial que um bom gerenciamen- to dos ecossistemas marinhos tem para alavancar o cresci- mento econômico sustentável e, consequentemente, erradi- car a pobreza no planeta. Lançado no encontro sobre proteção dos mares Third Intergover- nmental Review Meeting on the Imple- mentation of the Global Programme of Action for the Protection of the Marine Environment from Land-Ba- sed Activities, promovido pelo Pnuma em Manilha (Filipinas), o relatório Green Economy in a Blue World en- fatiza que a saúde ecológica e a pro- dutividade econômica dos ecossiste- mas marinhos e costeiros – que se encontram em declínio – podem ser impulsionadas com mudanças no pa- radigma do atual modelo de desen- volvimento econômico, predador dos recursos naturais. Em um planeta onde 40% de sua população vive dentro de faixas de até 100 quilômetros da costa, diferentes ecossistemas marinhos proveem ali- mentos, abrigo e sustento essenciais para milhões de pessoas. No entanto, sublinha o estudo, os impactos deriva- dos das atividades humanas basea- das em terra estão crescentemente prejudicando a qualidade ambiental e a produtividade dos oceanos. Disponível em www.unep.org/pdf/ green_economy_blue.pdf, o relató- rio Economia Verde em um Mundo Azul apresenta uma série de recomen- dações para os países promoverem o desenvolvimento sustentável em seis setores que têm relação com a explo- ração dos mares, como pesca e ener- gias renováveis (ver pg. 2). Os especialistas defendem um no- vo paradigma econômico, com de- senvolvimento sustentável, que ex- plore os potenciais naturais dos ma- res e oceanos, como a geração de energia renovável, a promoção de eco- turismo, a pesca e o transporte marí- timo sustentável. A poucos meses da Conferência da ONU sobre Desen- volvimento Sustentável, a Rio+20, o Pnuma espera estimular, com o estu- do, que diferentes nações deslan- chem o potencial econômico dos seus ecossistemas marinhos. Ao final do encontro nas Fili- pinas, representantes de 65 paí- ses assinaram a Manila Decla- ration, em que formalizam o com- promisso de intensificar, de 2012 a 2016, esforços em níveis in- ternacionais, regionais e locais para proteger os oceanos dos im- pactos promovidos a partir de ativi- dades baseadas em terra – além de destacar o papel central dos ambientes marinhos na transição para uma economia verde, com baixo uso de carbono e eficiência de recursos. O documento enfatiza a impor- tância da saúde ambiental dos oceanos e zonas costeiras para o sustento dos meios de vida e de segurança alimentar das popula- ções – especialmente dos peque- nos países insulares em desenvol- vimento. Os signatários concla- mam por ações colaborativas para a redução da vulnerabilidade de populações costeiras a mudan- ças climáticas e para lidar com a perda de biodiversidade, a presen- ça de poluentes orgânicos persis- tentes (POPs) e a acidificação dos oceanos. Em um planeta onde 40% da população mundial vive em regiões costeiras, são urgentes as iniciativas para a preservação dos mares Compromisso internacional Pnuma 123 FINAL.pmd 15/03/2012, 15:40 1

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Informativo Brasil PNUMA 123.

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I N S T I T U T O

Informativo do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

BRASIL PNUMAPNUMA

Nººººº 123

FEV/MAR 2012

Visite nosso site

www.brasilpnuma.org.br

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A economia verde e os oceanosEstudo revela importância dos ecossistemas marinhos para o bem-estar humano

E m um mundo em transi-ção para uma economia verde,mares e regiões costeiras re-cuperadas e preservadas tra-riam grandes dividendos paraas populações. Estudo produ-zido pelo Pnuma e alguns par-ceiros destaca o grande poten-cial que um bom gerenciamen-to dos ecossistemas marinhostem para alavancar o cresci-mento econômico sustentávele, consequentemente, erradi-car a pobreza no planeta.

Lançado no encontro sobreproteção dos mares Third Intergover-nmental Review Meeting on the Imple-mentation of the Global Programmeof Action for the Protection of theMarine Environment from Land-Ba-sed Activities, promovido pelo Pnumaem Manilha (Filipinas), o relatórioGreen Economy in a Blue World en-fatiza que a saúde ecológica e a pro-dutividade econômica dos ecossiste-mas marinhos e costeiros – que seencontram em declínio – podem serimpulsionadas com mudanças no pa-radigma do atual modelo de desen-volvimento econômico, predador dosrecursos naturais.

Em um planeta onde 40% de suapopulação vive dentro de faixas de até100 quilômetros da costa, diferentesecossistemas marinhos proveem ali-mentos, abrigo e sustento essenciaispara milhões de pessoas. No entanto,sublinha o estudo, os impactos deriva-dos das atividades humanas basea-das em terra estão crescentemente

prejudicando a qualidade ambiental ea produtividade dos oceanos.

Disponível em www.unep.org/pdf/green_economy_blue.pdf, o relató-rio Economia Verde em um MundoAzul apresenta uma série de recomen-dações para os países promoverem odesenvolvimento sustentável em seissetores que têm relação com a explo-ração dos mares, como pesca e ener-gias renováveis (ver pg. 2).

Os especialistas defendem um no-vo paradigma econômico, com de-senvolvimento sustentável, que ex-plore os potenciais naturais dos ma-res e oceanos, como a geração deenergia renovável, a promoção de eco-turismo, a pesca e o transporte marí-timo sustentável. A poucos meses daConferência da ONU sobre Desen-volvimento Sustentável, a Rio+20, oPnuma espera estimular, com o estu-do, que diferentes nações deslan-chem o potencial econômico dos seusecossistemas marinhos.

Ao final do encontro nas Fili-pinas, representantes de 65 paí-ses assinaram a Manila Decla-ration, em que formalizam o com-promisso de intensificar, de 2012a 2016, esforços em níveis in-ternacionais, regionais e locais

para proteger os oceanos dos im-pactos promovidos a partir de ativi-dades baseadas em terra – alémde destacar o papel central dosambientes marinhos na transiçãopara uma economia verde, combaixo uso de carbono e eficiênciade recursos.

O documento enfatiza a impor-tância da saúde ambiental dosoceanos e zonas costeiras para osustento dos meios de vida e desegurança alimentar das popula-ções – especialmente dos peque-nos países insulares em desenvol-vimento. Os signatários concla-mam por ações colaborativas paraa redução da vulnerabilidade depopulações costeiras a mudan-ças climáticas e para lidar com aperda de biodiversidade, a presen-ça de poluentes orgânicos persis-tentes (POPs) e a acidificaçãodos oceanos.

Em um planeta onde 40%da população mundial viveem regiões costeiras, sãourgentes as iniciativas paraa preservação dos mares

Compromissointernacional

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E D I T O R I A L

Presidente: Haroldo Mattos de Lemos Diretor Jurídico: Oscar Graça Couto Diretor Admi-nistrativo: Roberto Carrilho Padula Jornalista Responsável: Ronie Lima (MTb 15.415/RJ)Referências Bibliográficas: Zilda Rodrigues de Souza Arte e Diagramação: Eliana Mac DowellImpressão: Corbã Conselho Consultivo: Adolpho de Marinho Pontes (ex-deputado federal doEstado do Ceará), Aloisio Ferreira de Souza (ex-presidente da Associação Brasileira de Enge-nharia Sanitária e Ambiental/Abes, AL), Cândido Mendes de Almeida (diretor-geral da FaculdadeCândido Mendes/RJ), Carlos Henrique de Abreu Mendes (ex-secretário de Meio Ambiente doEstado do Rio de Janeiro), Carlos Minc (secretário de Estado do Meio Ambiente do Rio de Janeiro),Henrique Brandão Cavalcanti (ex-ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal), Jean C. L.Dubois (presidente do Instituto Rede Brasileira Agroflorestal/Rebraf,RJ), João Augusto Fortes(presidente da Sociedade Civil Pró-Rio), Joaquim Falcão (ex-secretário-geral da FundaçãoRoberto Marinho), José Mário de Oliveira Ramos (ex-vice-presidente da Federação das Indús-trias do Estado do Rio de Janeiro/Firjan), Márcio Nogueira Barbosa (vice-diretor executivo daUnesco), Nelio Paes de Barros (ex-diretor administrativo do Instituto Brasil Pnuma), PauloNogueira Neto (ex-secretário especial do Meio Ambiente), Paulo Protásio (ex-presidente daAssociação Comercial do Rio de Janeiro), Ricardo Boechat (diretor de jornalismo da Band Rio),Roberto Klabin (presidente da SOS Mata Atlântica, SP), Roberto Messias Franco (ex-presidente

Publicação bimestral. Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte.

INSTITUTO

BRASIL PNUMA COMITÊ BRASILEIRO DO PROGRAMA DASNAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE

Haroldo Mattos de LemosPresidente

O interessado em tornar-se sócio doInstituto BRASIL PNUMA e recebereste informativo deve fazer contatopelo nosso telefone ou pelo email.

PNUMA

www.brasilpnuma.org.br

do Ibama) Conselho Fiscal: Joper Padrão do Espirito Santo, Telma de Avellar Guimarães,Vicente Hermogerio Schmall (titulares), João Alfredo Noronha Viegas, Saint Clair ZugnoGiacobbo (suplentes).

INSTITUTO BRASIL PNUMAAv. Treze de Maio 13, sala 1.315 – CentroCEP 20.031-901 – Rio de Janeiro – RJ – BrasilTelefax: (21) 2262-7546CGC: 40.200.230/[email protected]

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O relatório Green Economy in a BlueWorld lista recomendações para o de-senvolvimento sustentável em seis se-tores econômicos relacionados a ocea-nos e zonas costeiras: pesca e aqui-cultura; transporte marítimo; fontesmarinhas de energia renovável; polui-ção oceânica por nutrientes; turismocosteiro; minerais de águas profundas.

O estudo foi produzido pelo Pnumaem colaboração com o Pnud (Programadas Nações Unidas para o Desenvolvi-mento), FAO (Organização das NaçõesUnidas para a Agricultura e Alimen-tação), IMO (International Maritime Or-ganization), Departamento de RelaçõesEconômicas e Sociais da ONU, Inter-national Union for Conservation of Natu-re, WorldFish Center e GRID-Arendal.

O estudo destaca que o manejosustentável dos fertilizantes contribui-ria para a redução do custo da poluiçãomarinha causada pelo nitrogênio e ou-tros nutrientes. Apenas na União Euro-peia, o prejuízo anual pelo uso inade-quado de fertilizantes no campo – que,através de corpos hídricos, chegam amares, estimulando a proliferação de al-gas e o consumo de oxigênio das águas– é estimado em US$ 100 bilhões.

Uma grande preocupação é em re-lação aos estoques mundiais de pei-xes: 30% estão superexplorados, de-gradados ou em recuperação de situ-ações de degradação; e 50% estãocompletamente exauridos. Segundo aFAO e o Banco Mundial, a economiaglobal poderia ter um ganho anual daordem de US$ 50 bilhões com a recu-peração dos estoques de peixes e aredução da capacidade de pesca paraum nível adequado.

Fontes de energia renovável de ori-gem marinha, como ventos e força dasmarés, representavam em 2008 ape-nas 1% do total da produção mundialde energia renovável. O potencial paraseu crescimento é alto, mas devidoaos altos custos, são necessáriaspolíticas governamentais de apoio efinanciamentos.

As atividades turísticas represen-tam 5% do PIB mundial e contribuemcom 6% a 7% do total de empregos.Estima-se que mais de 1/3 dos viajan-tes favorece um turismo ambiental-mente amigável, existindo um potenci-al considerável para a criação de em-pregos verdes no setor.

A exploração de minerais encontra-dos nas profundezas dos oceanos évista por nações como importante parao desenvolvimento. Mas o manejo des-sas atividades precisa ser precedidopor informações científicas seguras eacoplado a boas práticas ambientaisde exploração.

A situação da pesca preocupa:boa parte dos estoques de peixe

já está comprometida

Pelo manejo sustentável dos maresPelo manejo sustentável dos maresSetores como pesca e turismo precisam ser dinamizados

Nesta edição, publicamos emnossa capa reportagem sobre umnovo estudo do Pnuma e parceirosque aponta o importante potencialeconômico para o planeta advindoda recuperação e preservação denossos oceanos e regiões costei-ras. A reportagem continua aqui aolado, onde são listadas recomen-dações para o desenvolvimento sus-tentável em seis setores relaciona-dos a oceanos e zonas costeiras.

No entanto, além da urgênciade ações para recuperar nossosmares, mostramos na página 3 anecessidade de iniciativas em prolda recuperação e preservação deáreas terrestres que também seencontram em perigoso processode degradação ambiental

No artigo das páginas centrais,a chefe do Escritório do Pnuma noBrasil, Denise Hamú, fala das açõesdo Pnuma em nível internacional e,especialmente, no Brasil em apoioa iniciativas pelo desenvolvimentosustentável, dentro do marco dachamada Economia Verde, um dostemas centrais da Rio+20.

Na contracapa, fechamos estaedição com reportagem sobre reu-nião do Fórum Rio de MudançasClimáticas Globais, na Firjan, emque a Secretaria de Estado do Am-biente do Rio de Janeiro, com apoioda Coppe/UFRJ, apresentou suasavaliações parciais do custo deadaptação e das metas de reduçãodas emissões de gases-estufa deimportantes setores industriais.

Um abraço e até o próximo.

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Áreas terrestres estão se degradandoRecuperação dos solos é fundamental para segurança alimentar e climática

Em um planeta onde 24% de suas áreas terrestres jásofreram grave declínio de sua qualidade e produtividadenos últimos 25 anos, como resultado do seu uso insusten-tável, o novo relatório anual sobre o estado ambiental doPnuma, o Year Book 2012, mostra a necessidade de açõesurgentes para se melhorar a forma como os países lidamcom seus preciosos solos. A recuperação e a preservaçãoambiental dos solos são vistas por especialistas como achave para que as nações alcancem, no século 21, suasegurança alimentar, de abastecimento de água e climática.

Lançado em fevereiro na sede do Pnuma, em Nairóbi(Quênia), durante a 12ª sessão especial do seu conselho degovernança e o Fórum Global de Ministros do Meio Ambien-te (Global Ministerial Environment Forum), o Year Book2012 destaca estudos que indicam que alguns tipos de usoconvencional e intensivo na agricultura estão acelerando aerosão dos solos a taxas que algumas vezes chegam a sercem vezes maiores do que as que a natureza pode recomporos solos.

Por volta de 2030, se não houver mudanças na maneiracomo as terras são gerenciadas, mais de 20% dos habitatsterrestres, como florestas, terras de turfa e pradarias empaíses em desenvolvimento poderão estar convertidos emplantações – agravando assim as perdas da biodiversidadee de serviços ambientais vitais.

Aquecimento global – Esta realidade dramática pode-ria inclusive ter implicações profundas nas mudanças climá-ticas, agravando o aquecimento global. Os solos contêm

grande quantidade de carbono estocada, na forma de maté-ria orgânica, que, por sua vez, fornece os nutrientes neces-sários para o crescimento das plantas e permite que aschuvas penetrem até os aquíferos subterrâneos.

Estima-se que, desde o século 19, cerca de 60% docarbono estocado em solos e vegetações tenha sido perdidocomo resultado de alterações no uso de terras, como emdesmatamentos para plantações e a expansão de cidades.

Algumas estimativas dão conta de que, atualmente, asáreas superficiais terrenas de até um metro de profundidadetêm estocadas por volta de 2.200 gigatoneladas de carbono– o que equivale a três vezes os níveis correntes de carbonona atmosfera! Ou seja: se continuarem os padrões negativosde manejo das terras mundiais, um crescente e perigosomontante de carbono será liberado para a atmosfera, agra-vando o efeito estufa planetário.

A nova edição do Year Book aponta como de especialatenção a situação ambiental das terras de turfa. Essasterras são tão ricas em carbono que, com sua degradaçãocrescente, mais de duas gigatoneladas de dióxido decarbono (CO2) vêm sendo emitidas por ano – montanteequivalente a 6% das emissões de gases-estufa produzidospor atividades humanas.

Outro ponto destacado pelo Year Book 2012 vem sendomotivo de preocupação cada vez maior dos ambientalistas:o desafio de ações de descomissionamento de um númerocrescente de reatores nucleares que estão atingindo ofim de vida.

Mais informações em www.unep.org.

Desde o século 19, cerca de60% do carbono estocado em solos

e vegetações já teria se perdidodevido ao avanço de cidades e da

agricultura, dentre outros usos

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Pnuma Bsomando esforços em prol do deseQuarenta anos se passaram

desde a Conferência da ONU so-bre o Futuro da Humanidade e doPlaneta, realizada em 1972 emEstocolmo, que teve como um deseus resultados históricos o es-tabelecimento do Programa dasNações Unidas para o Meio Am-biente, o Pnuma.

Desde então, o Pnuma vem pro-movendo a conservação do meioambiente e o uso eficiente de re-cursos no contexto do desenvolvi-mento sustentável. Como um pro-grama das Nações Unidas, o Pnu-ma se dedica a manter o estado domeio ambiente global sob contí-nuo monitoramento, a alertar po-vos e nações sobre problemas eameaças ao meio ambiente e arecomendar medidas para melho-rar a qualidade de vida das popula-ções sem comprometer os recur-sos e serviços ambientais das fu-turas gerações.

Naquela época, a humanidadecomeçava a se preocupar com oimpacto do rápido crescimentourbano e populacional do planeta.Os desafios ambientais previstosem Estocolmo, e depois na Cúpu-la da Terra de 1992, no Rio deJaneiro, hoje já são realidade,como a mudança do clima, asperdas dos ecossistemas e dabiodiversidade, o desmatamentoe o declínio de solos produtivos.

A subsistência e bem-estar de 7bilhões de pessoas, em um mun-do que deve chegar a 9 bilhões depessoas em 2050, dependem doequilíbrio e manutenção dos re-cursos naturais do planeta.

Com sede em Nairóbi, no Quê-nia, o Pnuma dispõe de uma rede

DENISE HAM

de escritórios regionais e de al-guns escritórios nacionais paraapoiar instituições e fortalecer agovernança ambiental e, por in-termédio dessa rede, engaja umaampla gama de parceiros dossetores governamental, não go-vernamental, acadêmico e pri-vado em iniciativas de coopera-ção e projetos em prol do meioambiente. O Pnuma opera aindaem estreita colaboração com or-ganismos internacionais, regio-nais e subregionais.

A transversalidade no trato dotema ambiental, além da sua natu-ral complexidade, exige do Pnumauma contínua e permanente atua-lização de sua agenda, de modali-dades e formas distintas de co-operação e da sua presença es-tratégica em diversas regiões doplaneta. Isso se faz particularmenteimportante num país como o Bra-sil, que conta com um riquíssimopatrimônio natural, social e econô-mico. O Brasil dispõe de um diver-sificado arcabouço de instrumen-tos públicos e ampla participaçãosocial com vistas a avançar cada

vez mais na consolidação das prá-ticas e princípios do desenvolvi-mento sustentável, apesar dosimensos desafios ainda a superar.

O Escritório do Pnuma no Bra-sil, com sede em Brasília, foi cria-do como parte de uma estratégiade descentralização de ações,com vistas a facilitar a identifica-ção de prioridades e o desenvolvi-mento de iniciativas nos contextossubregionais e nacionais.

Nesses oito anos de operação,o Pnuma Brasil tem exploradooportunidades e vencido desafiospor meio de novas abordagens,mecanismos e práticas voltadosa favorecer a cooperação técnicanacional. Além disso, iniciativasdo Pnuma e novas linhas globaisde trabalho alcançaram maior êxi-to por se alinharem com as ne-cessidades do país, um aspectocrucial para alcançar e fortalecero desenvolvimento de políticas eestratégias sustentáveis. Comoresultado, o Pnuma Brasil, pormeio de suas parcerias, vem apoi-ando o efetivo desenvolvimento eefetivação de políticas ambien-tais nacionais e de acordos ambi-entais multilaterais assumidospelo país.

Exemplo disso é o apoio aoscompromissos assumidos em de-corrência da participação do Bra-sil no Processo de Marrakech ca-pitaneado pelas Nações Unidas,um acordo global no qual os paí-ses signatários se comprometema elaborar planos de Produção eConsumo Sustentáveis.

O governo brasileiro lançou,no ano passado, o Plano de Açãopara a Produção e Consumo Sus-

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Denise Hamú

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ma Brasil:desenvolvimento sustentável no país

Denise Hamú é chefe doEscritório do Pnuma no Brasil

DENISE HAMÚ

tentáveis. As políticas públicasdecorrentes desse plano contamcom o apoio de um projeto decooperação técnica com o Pnu-ma Brasil, e têm como objetivoso desenvolvimento de ações es-tratégicas em educação para aprodução e consumo sustentá-vel, aumento da reciclagem,compras públicas sustentáveis,Agenda Ambiental na Adminis-tração Pública (A3P) e constru-ções sustentáveis.

Paralelamente a isso, o Pnumaidentificou, no âmbito do crescen-te setor imobiliário brasileiro, umaoportunidade para aplicação depráticas e procedimentos de sus-tentabilidade com vistas aos ne-cessários e oportunos benefíciossociais e ambientais. A constru-ção civil tem um papel importanteno desenvolvimento sustentávelpor se tratar de um setor-chave dedesenvolvimento socioeconômicobrasileiro.

Globalmente esse setor é res-ponsável por mais de 30% dasemissões de gases de efeito estu-fa, somando aproximadamente40% do consumo de energia, 20%do consumo da água e 30% dageração de resídos sólidos. Pararesponder a tamanho desafio, oPnuma engajou no Brasil parcei-ros locais de diversos setores parao estudo e o desenvolvimento demetodologias e práticas sustentá-veis em habitações de interessesocial, no contexto de um projeto-piloto na cidade de Cubatão, noEstado de São Paulo. Atençãoespecial foi dada à redução doconsumo de energia e de água,levando em conta as necessida-

des básicas, o conforto e a quali-dade de vida dos moradores.

Além disso, o Pnuma vem tra-balhando para disseminar os prin-cípios da Economia Verde, que seevidenciou com a crise econômi-ca global de 2008 e se tornou umaalternativa a favor do desenvolvi-mento sustentável, principalmen-te nos seus aspectos econômico,ambiental e social. Dentre outrosbenefícios, a Economia Verde pro-move o aumento de renda e dasoportunidades de trabalho e deempregos, impulsionados por in-vestimentos públicos, associadosà redução da poluição e da emis-são de carbono, aumentando aeficiência de energia e do uso dosrecursos naturais, além de preve-nirem perdas da biodiversidade edos serviços ambientais.

Tais investimentos precisam sercatalisados e apoiados por políti-cas públicas específicas, basea-das em reformas e ajustes na re-gulamentação. Esses caminhoscontemporâneos do desenvolvi-mento visam a fazer com que ocapital natural seja consideradoum ativo econômico crítico parabenefício público, especialmentepara os pobres, que dependemfortemente da natureza para a se-gurança de sua subsistência.

Cada vez mais, os governosestão reconhecendo a importân-cia da valoração dos recursos na-turais, tanto que “A Economia Ver-de no Contexto do Desenvolvimen-to Sustentável e da Erradicaçãoda Pobreza” será um dos pilaresdas discussões da Conferênciadas Nações Unidas sobre Desen-volvimento Sustentável, a Rio+20,

que acontecerá em junho desteano no Brasil.

O Brasil, como anfitrião daRio+20, tem ocupado uma posi-ção de destaque no cenário inter-nacional e nas negociações sobremeio ambiente e desenvolvimentosustentável. Na condição de na-ção em rápido desenvolvimento erica em recursos naturais, o Brasiltem exercido um papel protago-nista em conferências internacio-nais e tem mostrado seu interesseem investir nos princípios e valo-res preponderantes da sustenta-bilidade. A Economia Verde, comoum arcabouço/espaço novo emque cabem as necessidades decrescimentos econômicos, asoportunidades de consagração douso racional dos recursos natu-rais e as reais possibilidades deampliação das oportunidades detrabalho e empregos em todos osníveis, certamente vai ao encon-tro dos objetivos, propósitos e an-seios brasileiros de alcançar ple-namente o desenvolvimento sus-tentável, combater e erradicar apobreza.

O Pnuma Brasil espera conti-nuar contribuindo para essa agen-da, tornando suas ações no paísmais relevantes e estratégicas,somando-se aos esforços do se-tor publico, da sociedade civil or-ganizada, do setor privado e aca-dêmico, promovendo também oengajamento da sociedade brasi-leira para que o Brasil realize asua vocação de país líder do de-senvolvimento sustentável.

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E S T A N T E

Parte das publicações, periódicos e DVDs recebidos pela biblioteca

A G E N D A16

S E X T A

M A R Ç O

.Enersolar Greenergy 2012 – Feira Internacional de Tecnologias Limpas eRenováveis para Geração de Energia – De 11 a 13 de julho, em São Paulo (SP).Realização: Grupo Cipa. Informações em www.cipanet.com.br, pelo [email protected] ou pelo tel. (11) 5585-4355.

ALTIERI, Miguel A. Agrocecology: thescience of sustainable agriculture. 2.ed.Colorado: Westview Press, 1989. 433 p.

AMARAL JÚNIOR, Alberto do. Comérciointernacional e a proteção do meio am-biente. São Paulo: Atlas, 2011. 420 p.

DEMOCRACIA VIVA. Rio de Janeiro: Iba-se, n.46, abr. 2011.

ECCLESTON, H. Charles. Environmentalimpact assessment: a guide to best pro-fessional practices. Taylor and FrancisGroup, 2011. 268 p.

EHLERS, Eduardo. Agricultura susten-tável: origens e perspectivas de um novoparadigma. São Paulo: Livro da Terra,1996. 178 p.

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Desafi-os do saneamento em metrópoles daCOPA 2014: estudo da região metropo-litana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:FGV, 2011. 18 p.

LEONARD, Annie. A história das coisas:da natureza ao lixo, o que acontece comtudo que consumimos. Rio de Janeiro:Zahar, 2011. 302 p.

MARCONDES, Liana John Pyr. O valorda água: primeiros resultados da co-brança nas Bacias PCJ. São Paulo: Ca-mirim, 2010. 171 p.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE.Áreas de Preservação Permanente eUnidades de Conservação & Áreas deRisco. O que uma coisa tem a ver com aoutra? Relatório de Inspeção da áreaatingida pela tragédia das chuvas naRegião Serrana do Rio de Janeiro. Bra-sília: MMA, 2011. 96 p.

MINISTÉRIO FEDERAL PARA O MEIOAMBIENTE, PRESERVAÇÃO DA NA-TUREZA E SEGURANÇA NUCLEAR.Manual de Gestão da Biodiversidadepelas Empresas: guia prático de imple-mentação. Brasília, 2011. 64 p.

PLANETA SUSTENTÁVEL E EDITORAABRIL. BIODIVERSIDADE e a nova eco-nomia no Brasil. 2010, 35 p.

PALMA, Carol Manzoli. Petróleo: Ex-ploração, Produção e Transporte sob aÓptica do Direito Ambiental. Campinas,SP, 2011. 223 p.

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDASPARA O MEIO AMBIENTE. Relatório eco-nomia verde: resumo das conclusões.Brasília: Pnuma, 2011. 10 p.

RAYNER, A.J., COLMAN, David. Currentissues in agricultural economics. NewYork: St. Martin´s Press, 1993. 279 p.

SÃO João Marcos: patrimônio e progres-so. Rio de Janeiro: Cidade Viva: InstitutoCultural Cidade Nova, 2011. 167 p.

SIEMEENS AG. Latin American greencity index: assessing the environmentalperformance of Latin America’s majorcities. Munich, 2010. 99 p.

SOUZA FILHO, Benedito Fernandes de.A Cultura do Feijão no Estado do Rio deJaneiro. Niterói: Pesagro-Rio, 2010.96 p.

THE COCA-COLA EXPORT CORPO-RATION. 125 Razões para acreditar emum MUNDO MELHOR. México, 2011.279 p.

TRAMONTINA, Carlos. Rios de São Pau-lo: Tietê presente e futuro. São Paulo:BEI Comunicação, 2011. 231 p.

TRANSBOUNDARY groundwaters: thebellagio draft treaty = AGUAS subterrâ-neas transfronterizados: anteproyectode Tratado “Bellagio”. InternationalTransboundary Resources Center, 199.414 p.

TRIGUEIRO, André. Mundo Sustentável2: novos rumos para o planeta em crise.São Paulo: Globo,2012. 399p.

Como 'esverdear'o sistema educional

Membros da academia, respon-sáveis por políticas públicas, re-presentantes de governos e deagências internacionais de desen-volvimento, administradores deescolas e professores e profissio-nais de gerenciamento ambiental,entre outros, estarão reunidos, de10 a 12 de outubro, na cidade ale-mã de Karlsruhe, no encontro In-ternational Greening EducationEvent, para debates e propostasde soluções de temas relaciona-dos ao meio ambiente e ao siste-ma educacional.

Na pauta do encontro, entreoutros pontos, como as mudan-ças climáticas, o esgotamentodos recursos naturais, a perda dabiodiversidade e outras ameaçasgraves à vida planetária estão afe-tando o setor educacional; porque e como introduzir a susten-tabilidade nos currículos escola-res; os desafios e as melhorespráticas para “esverdear” o siste-ma educacional. Mais informaçõesem www.etechgermany.com/IGEE2012.pdf ou pelo email [email protected].

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Energia Sustentávelpara Todos

Em sua primeira visita oficial à Áfri-ca, como embaixadora da Boa Vonta-de do Pnuma, a modelo brasileira Gise-le Bündchen (foto) chamou a atençãopara um problema dramático: em umplaneta com 7 bilhões de habitantes,um em cada grupo de cinco pessoasnão tem acesso à eletricidade. No con-tinente africano, o problema é maior:2/3 de sua população não contam comacesso à energia. Ela lembrou queapenas 2% dos investimentos globaisseriam necessários para prover toda ahumanidade com fontes de energia.

Gisele participou de coletiva à im-prensa na sede do Pnuma, em Nairóbi,divulgando o lançamento pela ONU,em fevereiro, do Ano Internacional daEnergia Sustentável para Todos, quevisa a criar um ambiente favorável paraa promoção e uso de tecnologias deenergia renovável. Ao conhecer cen-tros de produção de energia por bio-gás, a partir da queima de lixo, nafavela de Kibera – a maior do Leste daÁfrica –, a modelo assinalou: “Energiaafeta tudo. Crianças podem estudar ànoite quando têm acesso à eletricida-de. Se pudermos levar eletricidadepara todos, poderemos ajudar as pes-soas a sobreviver”.

Pesquisa sobresustentabilidade

Pesquisa promovida junto a 642especialistas de empresas, de orga-nizações não governamentais, daacademia e de governos revela que agrande maioria (88%) avalia que apressão no mundo empresarial porretornos financeiros de curto prazotem sido uma barreira para tornarmais sustentáveis os negócios aoredor do planeta.

Realizado em dezembro pelaempresa de pesquisa de opiniãoGlobeScan e pela companhia deconsultoria estratégica SustainAbility, o levantamento The Sus-tainability Survey perguntou o queesses especialistas consideravamfatores que funcionavam como bar-reiras para o incremento da sus-tentabilidade pelas empresas.Embora a maioria tenha identifica-do múltiplas barreiras, o foco em-presarial em retornos financeirosde curto prazo foi apontado como oempecilho mais significativo.

Em seguida, as barreiras maiscitadas por 65% dos pesquisadosforam regras inapropriadas e a baixaconscientização sobre os imperati-vos de negócios sustentáveis. A bai-xa demanda dos consumidores porpráticas de negócios verdes foi iden-tificada por 57% dos especialistas,seguida pela falta de ferramentasefetivas de gerenciamento (45%) epela falta de padronizações interna-cionais (50%).

O resultado da pesquisa constaráde relatório do Pnuma sobre o mundocorporativo em uma economia verde,a ser divulgado este ano. Mais infor-mações em www.unep.org.

O Meio Ambiente FalaNos preparativos para o Dia Mundial

do Meio Ambiente de 2012, em 5 dejunho, na Cidade do Rio de Janeiro, oPnuma lançou, em parceria com oTreeHugger, a iniciativa The Environ-ment Speaks, para incentivar o registrode fotos ambientais no aplicativo Piictu,do iPhone. Os participantes deverãopostar suas fotos do meio ambiente,nesta rede interativa, com sugestõessobre o que uma árvore, uma planta,uma montanha, um animal ou um lago,por exemplo, poderia estar pensandoou dizendo. Os autores das melhoresfotografias ganharão pequenas premia-ções, como uma camisa do Dia Mundi-al do Meio Ambiente autografada pelaembaixadora da Boa Vontade do Pnu-ma, Gisele Bündchen. Quem já tiver oaplicativo Piictu, basta procurar por@WorldEnvironment Day e se divertir.

Prêmio ANA 2012A Agência Nacional de Águas esta-

rá recebendo, até 1º de junho, asinscrições para a quarta edição doPrêmio ANA, que reconhece iniciati-vas que se destacam pela excelênciae contribuição para a gestão e o usosustentável dos recursos hídricos dopaís. As inscrições são gratuitas. Nestaedição, serão oito categorias de pre-miação: governo; empresas; organiza-ções não governamentais; pesquisa einovação tecnológica; organismos debacia; ensino; imprensa; e água e pa-trimônio cultural. Os oito vencedoresreceberão o Troféu Prêmio ANA, con-cebido pelo mestre vidreiro italianoMário Seguso. O regulamento e a fichade inscrição estão em www.ana.gov.br/premio. Mais informações peloemail [email protected] oupelo telefone (61) 2109-5412.

Para articular o apoio do Comitê Brasileiro do Pnumaà participação do Pnuma na Conferência da ONU sobreDesenvolvimento Sustentável, a Rio+20, estiveram visi-tando o escritório carioca do instituto, em fevereiro, odiretor de Comunicação do Pnuma, Nick Nuttal, a chefede Eventos Especiais do Pnuma, Lucita Jasmin, e

Pnuma e a Rio+20Amanda Talamonte, assessora da chefe do Escritório doPnuma em Brasília. Recebidos pelo presidente do comitê,Haroldo Mattos de Lemos, os integrantes do Pnuma com-binaram também o apoio na organização da cerimôniapelo Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho, queocorrerá na Cidade do Rio de Janeiro antes da Rio+20.

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Os principais setores industriais do Estado do Rio deJaneiro – como petroquímica, siderúrgica e cimenteira –terão que cumprir metas de redução de suas emissõesde carbono. Em fevereiro, na 8ª reunião do Fórum Rio deMudanças Climáticas Globais, na Federação das Indús-trias do Rio de Janeiro (Firjan), no Centro do Rio, a Secreta-ria de Estado do Ambiente apresentou avaliações iniciaisdos custos dos abatimentos das emissões de gases-estufae das respectivas metas de redução do setor.

As metas definitivas para o setor, que estão sendo cal-culadas pela equipe do professor Roberto Schaeffer, doPrograma de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ,deverão ser apresentadas até a Conferência da ONU sobreDesenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que, em junho,reunirá representantes de mais de cem países na Cidadedo Rio de Janeiro.

Na mesa de abertura do fórum, o secretário estadual doAmbiente, Carlos Minc, apresentou as regras de um impor-tante instrumento que deverá ajudar o setor a cumprir suasmetas de redução: o mercado de crédito de carbono, umdos ativos ambientais da Bolsa Verde (BVRio), lançada,em dezembro, com o apoio dos governos do Estado e doMunicípio do Rio de Janeiro.

Inédito no Brasil, esse mercado funcionará da seguin-te forma: ao exceder o limite de sua meta de redução deemissões de carbono, uma empresa ficará em débito, maspoderá comprar créditos de outra indústria que produzamenos gases-estufa que o teto estabelecido pelo governo.

Na Firjan, ao lado de outras autoridades públicase do setor industrial, o secretário Carlos Minc falousobre as metas de redução das emissões de CO2

Indústria do RJ terá metas de redução de CO2Bolsa Verde será instrumento usado pelo governo para estimular adaptação

Em fase posterior, a BVRio poderá incluir em seu leque deopções commodities, efluentes industriais, reposição flo-restal e até lixo.

Segundo Minc, o objetivo é se chegar a 2030, no Estadodo Rio de Janeiro, com emissões anuais equivalentes àsemissões da indústria em 2005. “Para conseguir alcançara meta, as companhias vão contar com o mercado decrédito de carbono, um dos ativos ambientais da BolsaVerde do Rio de Janeiro. O estado também terá poder paramultar indústrias que poluírem acima do permitido. Elasserão obrigadas a comprar créditos das empresas quechegarem à meta estipulada”, afirmou.

Emissões autodeclaratórias – Durante o fórum, oInstituto Estadual do Ambiente (Inea) lançou oficialmente osite www.sistemas.inea.rj.gov.br em que empresas compotencial de emissão de GEE (gases de efeito estufa), queutilizam combustível fóssil, deverão preencher formulárioautodeclaratório sobre suas emissões. As indústrias terãoaté 30 de abril para preencher o formulário, enviando atéjunho, para o Inea, o inventário de suas emissões.

A partir do estudo da Coppe/UFRJ sobre os custos dosabatimentos das emissões de gases-estufa do segmentoindustrial, em que serão detalhados os custos de adapta-ção de cada setor, a Secretaria de Estado do Ambientepoderá estabelecer uma linha de corte – ou seja, o quantoserá possível para cada segmento reduzir suas emissõesde GEE.

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