Pobreza Urbana em Portugal · ajudar, aqueles que estão no poder do nosso ... um quinto dos...
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Ficha Técnica
Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Fontes de Informação
Sociológica leccionada pelo Doutor Paulo Peixoto.
● Título: Pobreza Urbana em Portugal
● Autora: Sara Félix
● Nº de Estudante: 20080945
● Curso: Sociologia
● Ano: 1º Ano
● Imagem da capa retirada de: http://acertodecontas.blog.br
● Página consultada a: 10 de Dezembro de 2008 Coimbra, Dezembro de 2008 Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
"A maior miséria das misérias é os miseráveis não a notarem, tão natural lhes
parece."
(Jacinto Benavente)
"A maneira mais segura de perpetuar a miséria é dar esmolas aos pobres, ao
em vez de escolas e empregos."
(B. Calheiros Bomfim)
"É preciso estudar as misérias dos homens, incluindo entre essas misérias as
ideias que eles têm quanto aos meios para combatê‐las."
(Friedrich Nietzsche)
"Se a miséria de nossos pobres não é causada pelas leis da natureza, mas por
nossas instituições, grande é a nossa culpa."
(Charles Darwin)
"É comum que pessoas bem intencionadas se comovam ante a miséria que
está ao alcance dos olhos, mas sejam indiferentes às legiões de miseráveis que
não vêem, embora saibam de sua existência."
(B. Calheiros Bomfim)
Índice
1. Introdução 1
2. Estado das artes 3
3. Desenvolvimento
3.1 Pobreza e Exclusão Social 5
3.2 Os Sem‐abrigo 9
3.3 Formas de integração/ Instituições de apoio às pessoas necessitadas 11
4. Descrição detalhada da pesquisa 13
5. Avaliação de uma página da Internet 14
6. Ficha de leitura 16
7. Conclusão 21
8. Referências bibliográficas 22
Anexos
A‐ Página da Internet avaliada
B‐ Texto de suporte à ficha de leitura
1. Introdução
Este trabalho, com o título “Pobreza Urbana em Portugal”, fala exactamente
disso, da pobreza que em Portugal se faz sentir, dos pobres, dos excluídos, dos
sem‐abrigo e daqueles que tentam o máximo que conseguem para ajudar
aqueles que deles necessitam.
Considerei relevante a escolha deste tema, pois chegada uma época de paz, em
que a abundância de comida e presentes é constante, nada melhor que
contrastar esse facto com algo a que a sociedade está constantemente a fechar
os olhos. Muitos esquecem‐se que é no natal que mais devemos relembrar
quem não tem uma mesa onde se sentar em redor dos seus e que está nas
nossas mãos dar aquele empurrãozinho para que isso mude, e isso tem que
mudar!
Estranho mas real é o facto de ser principalmente nas cidades grandes, onde
deveria haver mais postos de trabalho que o desemprego é maior e causa que
advém disso é a pobreza, pobreza essa que muitas vezes é levada ao extremo,
aumentando assim o número de pessoas sem‐abrigo no nosso país.
É necessário que todos reunamos esforços para combater este flagelo que há
tanto tem assolado a nossa sociedade, e para isso todos têm que participar, não
só o cidadão comum, mas principalmente aqueles que têm mais condições para
ajudar, aqueles que estão no poder do nosso país e que pouco fazem para
ajudar quem realmente da sua ajuda necessita.
No meu trabalho restringi‐me a temas fundamentais no meu ponto de vista e
assim dividi o desenvolvimento do meu trabalho em 4 pontos:
• O que é a pobreza?
• Exclusão Social
1
• Os Sem‐abrigo
• Formas de integração/ Instituições de apoio às pessoas necessitadas
Seguidamente descrevo detalhadamente a minha pesquisa, procedendo à
avaliação de uma página da Internet, neste caso a página da Instituição OIKOS, e
à realização de uma ficha de leitura.
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2. Estado das artes
A pobreza urbana (urbana porque se manifesta nos espaços urbanos) é um
fenómeno mundial. Em Portugal também é bem visível a pobreza que se faz
sentir nos grandes centros urbanos, daí Sofia Lobato Dias (2007), afirmar que “
um quinto dos portugueses vive com menos de 360 euros por mês. E 32% da
população activa entre os 16 e os 34 anos seria pobre se dependesse só do seu
trabalho”. Estes números são alarmantes e traduzem a realidade em que
vivemos.
A pobreza é um termo que não é fácil de explicar, pois conta com diversas
definições, dadas ao longo dos anos.
Importante é perceber que na maioria das vezes a pobreza leva à exclusão
social, a qual é vista por Robert Castel apud Wikipédia (1990), “como o ponto
máximo atingível no decurso da marginalização, sendo este, um processo no
qual o indivíduo se vai progressivamente afastando da sociedade através de
rupturas consecutivas com a mesma”.
“Os pobres existem! E estão em toda parte. É preciso dar‐se conta da existência deles. A expressão “os pobres” provoca, nos países ricos, o mesmo efeito que nos antigos romanos provocava a expressão “os bárbaros”: confusão, pânico. Eles se empenhavam em construir muralhas e enviar exércitos para as fronteiras para vigiá‐los; nós fazemos a mesma coisa de outros modos. Entretanto, a história nos mostra que tudo isso é inútil. Nossa tendência é interpor entre nós e os pobres vidros duplos. O efeito desses vidros, hoje tão comuns, é impedir a passagem do frio e dos ruídos, tudo abrandar, fazer tudo chegar abafado, atenuado. Com efeito, vemos os pobres que se movem, se agitam, gritam na tela da televisão, nas
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páginas dos jornais e das revistas missionárias, mas o seu grito nos chega de muito longe. Não penetra nosso coração. Nós nos pomos ao abrigo deles. Com o tempo, infelizmente, nos acostumamos a tudo, inclusive, a miséria alheia. E ela não mais nos impressiona tanto e nós acabamos por considerá‐la inevitável” (Lucci, 2003).
Assim é de louvar todos aqueles que não criam barreiras entre ricos e pobres e
que estendem a mão a qualquer um que necessite!
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3.Desenvolvimento
3.1 Pobreza e Exclusão Social
Antes de mais temos que ter em consideração a definição de pobreza e para
isso é necessário saber que existem várias definições para esse termo.
Pessoalmente apresentarei 3 das várias possíveis.
Gilda Farrell (2000: 10) afirmou que “a pobreza corresponde a uma situação de
insuficiência de recursos. Traduz‐se pela impossibilidade de acesso a certos
serviços básicos e abrange o conjunto da célula familiar”.
“Os sociólogos e investigadores têm favorecido duas abordagens diferentes
sobre a pobreza: a da pobreza absoluta e a da pobreza relativa. O conceito de
pobreza absoluta está enraizado na ideia de subsistência – as condições básicas
que permitem sustentar uma existência física saudável. Diz‐se que pessoas que
carecem de requisitos fundamentais para a existência humana – tal como
comida suficiente, abrigo e roupa – vivem em situação de pobreza. Considera‐se
que o conceito de pobreza absoluta é universalmente aplicável. Defende‐se que
os padrões de subsistência humana são mais ou menos os mesmos para as
pessoas de idade e constituição física equivalentes, independentemente do
local onde vivem. Pode afirmar‐se que qualquer indivíduo, em qualquer parte
do mundo, vive na pobreza se estiver abaixo deste padrão universal.
Contudo, nem todos aceitam ser possível identificar tal padrão. Argumentam
que é mais apropriado utilizar o conceito de pobreza relativa, que relaciona a
pobreza com o padrão da vida geral prevalecente numa determinada sociedade.
5
Os defensores do conceito de pobreza relativa afirmam que a pobreza é
culturalmente definida e não deve ser medida de acordo com um padrão de
privação universal. É errado assumir que as necessidades humanas são idênticas
em todo o lado – de facto, elas diferem entre sociedades e no seio destas.
Coisas vistas como essenciais numa sociedade podem ser consideradas luxos
supérfluos noutra (…)“ (Giddens, 2004: 313), (sublinhado do autor).
Segundo Maria Eduarda Ribeiro (2007: 1), “são pobres aqueles que estão
privados da possibilidade de agir por própria iniciativa e responsabilidade e
vivem e trabalham em condições indignas da pessoa humana”.
No entanto todas estas definições apontam para uma pobreza financeira, mas
ela não se traduz só no pouco dinheiro que as pessoas possuem, refere‐se
também à deficiente integração da pessoa na sociedade que a rodeia.
Assim a exclusão social aparece sistematicamente ligada à pobreza, como uma
das situações mais extremas que dela advém. Como refere Anthony Giddens,
(2004: 325), “entende‐se por exclusão social as formas pelas quais os indivíduos
podem ser afastados do pleno envolvimento na sociedade”, mas ora vejamos
uma definição mais minuciosa.
“Procurando num Dicionário de Língua Portuguesa o significado da palavra
EXCLUSÃO, pudemos ler: acto ou efeito de excluir ou de ser excluído; excepção,
reprovação. Um complemento viríamos a encontrar no Dicionário de Sinónimos:
expulsão; privação; repulsa. De SOCIAL, sabemos ser termo que sempre implica
a existência de vários; vários que devem relacionar‐se de um modo particular
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entre si, não bastando por isso que existam à parte uns dos outros, sós,
isolados; é suposto que existam em relação uns com os outros” (Loureiro, 1999:
169).
Assim concluímos que a exclusão social, priva o indivíduo de se relacionar com a
outros, contudo “o que caracteriza o ser humano é o facto de se tornar uma
pessoa, isto é, alguém essencialmente social, capaz de adquirir, criar e
perpetuar uma cultura, bem como o de fazer parte de uma grande rede que é o
grupo humano, a sociedade em que vive” (Loureiro, 1999: 169).
Mas porquê que as pessoas excluem? “A primeira forma de excluir é não
aceitar, não compreender e criticar, sistematicamente, o que difere de nós. A
alteridade justifica‐se naturalmente e por ela própria. É sinal de vitalidade
cultural e responde negativamente, desde logo, a um preconceito que, vindo de
ontem, ainda hoje, povoa algumas mentes: o da superioridade racial e cultural.
Este preconceito exclui, porque hierarquiza, exclui porque inferioriza, exclui
porque mutila um direito insofismável: o da igualdade e o da diferença. Um
excluído é um marginalizado. Regra geral, é a sociedade que marginaliza e
exclui, limitando a liberdade, o humanismo, o respeito, enfim… a verdadeira
dimensão humana.” (Oliveira 1999: 136).
Aparentemente todos diferimos uns dos outros, temos características físicas
diferentes, idades diferentes, até a maneira como agimos e pensamos é
diferente, mas porquê pormos de parte as outras pessoas? “É completamente
errado supor que as pessoas que parecem diferentes de “nós” devam, por isso,
ser postos de lado. A essência da resposta está em que o contexto social e
cultural deve ser totalmente analisado e compreendido para que a qualidade de
“anormal” e “bizarro” desapareça”. (Oliveira 1999: 138).
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“Com efeito, em termos sociais tem existido também uma evolução, mas no
sentido inverso ao desejado. As assimetrias, cada vez mais têm sido postas em
relevo, de tal modo que, hoje, a cidade está cheia de “ilhas de exclusão”, bem
visíveis, mesmo aos olhos dos menos atentos. Ilhas onde vivem seres humanos,
afinal homens que também merecem ter oportunidades para serem felizes.
Homens que aguardam a sua vez para fugir ao estado de Exclusão Social a que
foram condenados por alguns daqueles que vivem no exterior dessas ilhas.
Homens que aguardam o auxilio de outros homens, afinal seus companheiros
de viagem” (Gaspar, 1999: 189).
Segundo José António Oliveira (1999: 136‐138) “há que combater hoje os
factores que originam a exclusão”, pois “ignorar hoje os problemas significa
apanhá‐los amanhã com, pelo menos, o dobro da intensidade”, devemos assim
unir esforços para a “construção de um futuro que se quer sempre melhor, mais
justo, mais humano e menos de exclusão”.
Assim também eu concordo que o tempo fulcral é o presente, é hoje. Não
devemos assim “deixar para amanhã o que podemos fazer hoje”.
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3.2 Os Sem‐abrigo
“A maioria das pessoas pobres vivem em algum tipo de casa ou abrigo
permanente. Aquelas que não o fazem, os sem‐abrigo, tornam‐se bastante
visíveis nas ruas das cidades nos últimos vinte anos. A falta de lugar de
residência permanente é uma das formas mais extremas de exclusão social. As
pessoas sem residência permanente podem ser excluídas de muitas actividades
diárias que os outros têm como garantidas, tal como ir para o trabalhão, manter
uma conta bancária, conversar com os amigos ou mesmo receber cartas pelo
correio” (Giddens, 2004: 330).
Recorrendo a diversos estudos sobre indivíduos sem‐abrigo, Alfredo Bruto da
Costa et al. constatou que “a larga maioria (75%) dos inquiridos dormia na rua.
Os restantes 25% pernoitava em locais diversos: escadas, edifícios, automóveis
ou autocarros, estações e, em pequena proporção (7%), em abrigos para os
sem‐abrigo”
No entanto, existem dois tipos de sem‐abrigo, os que o são por escolha sua e os
que se deparam com esta situação devido a factores que não controlaram e que
os empurraram para a miséria.
Mas embora se pense o contrário, “grande parte dos sem‐abrigo não são ex‐
doentes mentais, nem alcoólicos ou consumidores regulares de drogas ilegais.
São pessoas que acabaram por se encontrar nas ruas devido a problemas
pessoais, muitas vezes mais do que um em simultâneo” (Giddens, 2004: 331).
Em Portugal assiste‐se a um fenómeno degradante em que 30 % dos sem‐abrigo
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se encontram entre a casa dos 25 e a dos 34 anos, o que pode ser comprovado
num artigo do Diário de Notícias que afirma que “um em cada três sem‐abrigo
de Lisboa tem entre 25 e 34 anos. A grande maioria é do sexo masculino (76%),
de nacionalidade portuguesa (64%) e não consome drogas (só 20% são
toxicodependentes)”.
Como forma de ganhar o pão que pelo trabalho não conseguem (pois o trabalho
é‐lhes na maioria das vezes negado), os sem‐abrigo sentam‐se nas ruas a pedir
esmolas, esmolas essas que não lhes devem ser também negadas, pois como
refere Maria Antónia Lopes (2000: 83) “não se trata de caridade, mas de justiça.
A assistência aos pobres é, pois, um dever absoluto para os ricos, é um direito
inalienável dos pobres destituídos de capacidade de subsistência(…)”.
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3.3 Formas de integração/ Instituições de
apoio às pessoas necessitadas
Várias instituições trabalham arduamente todos os dias para combater o flagelo
que é a pobreza. Nomeadamente vou referenciar algumas daquelas que
trabalham com pessoas sem‐abrigo, pois na minha opinião é importante ajudar,
principalmente essas pessoas que já se encontram na margem da sociedade em
que todos os dias são vividos na miséria extrema.
Com isto surge o “Projecto de Integração para os Sem‐Abrigo” da Instituição de
Solidariedade CAIS, o qual consiste na edição de revistas que seriam vendidas
pelos sem‐abrigo, com a finalidade de uma parte do lucro das vendas ser
entregue a essas pessoas, criando‐se assim “um campo de trabalho digno onde
estas pessoas podiam começar a sua inserção na vida profissional, criando
hábitos de trabalho, que os levaria a ambicionarem outros modelos de vida”
(Reis, 1997: 134).
Seguidamente contamos com o apoio da AMI‐ Assistência Médica Internacional
‐ que pôs em vigor em Portugal o projecto Porta Amiga, que passou pela
abertura de centros com serviços de refeitório, balneário, lavandaria, roupeiro,
apoio social, apoio médico/enfermagem, apoio jurídico, clube de emprego e
formação/ informação. Assim estes centros têm “vindo a prestar serviços
dirigidos para populações em situação de pobreza, lidando com varias formas
de exclusão social (imigrantes, idosos, sem‐abrigo, desempregados de longa
duração, toxicodependentes, alcoolismo e isolamento social)” ( Martins, 1997:
142).
11
Outro exemplo é o Exército de Salvação, integrante da Igreja Cristã, que tem
como missão “proclamar o Evangelho de Cristo, persuadindo homens e
mulheres a se tornarem discípulos de Jesus, empenhando‐se num programa de
preocupação prática pelas necessidades da humanidade. Os seus serviços são
oferecidos a todos, independentemente de raça, credo, cor, idade ou sexo”
(Reis, 1997: 146).
Para finalizar convém reforçar o nome da Associação OIKOS, que trabalha com
pessoas necessitadas e que lançou a campanha “Pobreza Zero”, para tentar
assim sensibilizar e recrutar pessoas para o combate à pobreza e á fome.
Assim estas associações ajudam a que a sociedade se disponibilize a ajudar
quem precisa, e como exprime Elian Alabi Lucci (2003) “amar os pobres
significa principalmente respeitá‐los (é notório o preconceito contra os
pobres, que são sistematicamente preteridos, digamos, no serviço público ou
na vida em geral...) e reconhecer sua dignidade, sobretudo hoje quando, na
sociedade globalizada em que vivemos, não se respeita de uma forma geral a
dignidade da pessoa. Ela é apenas considerada como um comprador em
potencial por aquilo que ela pode consumir e obviamente dar lucro”.
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4.Descrição detalhada da pesquisa
Inicialmente escolhi um tema de entre vários propostos pelo Doutor Paulo
Peixoto, “A Pobreza Urbana”.
Escolhido um tema prossegui a pesquisa bibliográfica do mesmo, deslocando‐
me para isso ao Centro de Estudos Socias e à Biblioteca da Faculdade de
Economia da Universidade de Coimbra. Aí requisitei 4 livros que me pareciam
interessantes, pois todos os outros encontrados não estavam disponíveis. Para
chegar a estes livros elaborei uma pesquisa simples nos catálogos de ambas as
bibliotecas em opção “todas as palavras” por pobreza urbana e também por
exclusão social.
Seguidamente passei a fazer a minha pesquisa na Internet, nomeadamente no
motor de busca Google onde comecei por pesquisar em modo simples <pobreza
urbana em Portugal> , onde foram registados cerca de 185.000 resultados.
Depois pesquisei, também em modo simples <pobreza em Portugal>,
encontrando 2.480.000 resultados. Prossegui com uma pesquisa por <exclusão
social> tendo como resultado 5.240.000 páginas. Finalmente pesquisei <sem‐
abrigo>, encontrando 281.000 resultados para esse tema.
Apesar de o meu trabalho apresentar poucas fontes, considero que isso se deve
ao facto de, principalmente na Internet, as fontes consultadas repetirem
demasiada informação, o que fez com que me restringisse apenas a algumas.
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5.Avaliação de uma página da Internet
Como um item integrante deste trabalho apresenta‐se a avaliação de uma
página da internet. Para tal avaliação elegi a página da Instituição OIKOS
(http://www.oikos.pt).
A OIKOS é uma instituição sem fins lucrativos, reconhecida como ONGD ‐
Organização Não Governamental para o Desenvolvimento, que se destina a
proporcionar uma vida digna a pessoas necessitadas. É composta por cidadãos
dos dois sexos e de várias idades, que juntamente com governos, autarquias,
organizações não‐governamentais, grupos de base, empresas, igrejas, centros
de cultura e associações profissionais, trabalham com comunidades
desfavorecidas dos países mais pobres.
Recentemente, esta instituição tem prestado um grande apoio quando
qualquer das comunidades com que trabalha é vítima de catástrofes naturais ou
provocadas pela mão humana.
Esta ONGD, particularmente em Portugal, realiza programas de "Educação para
o Desenvolvimento" para crianças e jovens, associações e empresas, com a
finalidade de consciencializar essas pessoas a contribuírem para a erradicação
da pobreza.
Assim a OIKOS visa, não só com a ajuda humanitária mas também através de
programas e projectos, dar a todos as pessoas uma vida digna, que deveria ser
algo fixo na vida humana.
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Esta página dispõe de uma razoável quantidade/ qualidade de informação sobre
a temática do meu trabalho. Conta com sete separadores de fácil utilização, que
reencaminham para subtemas específicos.
A nível de ilustração, apresenta imagens oportunas, relacionadas com os
assuntos expostos.
Contém ainda hiperligações a sites, como PobrezaZero, Tierradetodos,
DevelopmentPortal.eu, entre outros.
É uma página gratuita que carrega com muita rapidez e que apresenta a data e
o número de visitantes, que neste caso era 1155976.
Penso que a informação desta é credível, pois é a página oficial da Instituição
OIKOS e a mesma disponibiliza o contacto de vários dos seus responsáveis.
Esta página tem um carácter informativo mas também de auxílio para quem
quer prestar a sua ajuda a pessoas necessitadas, através da possibilidade de
inscrição em trabalhos de voluntariado e de contribuição com donativos.
Analisando bem a finalidade desta página entendo que está organizada de uma
maneira exímia, pois está acessível a todos e de fácil navegação.
Em jeito de conclusão, considero que é uma página bastante interessante, com
óptimo conteúdo e que consegue impressionar até o visitante menos sensível
para esta causa que é a luta contra a pobreza.
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6.Ficha de leitura
Título da publicação: A habitação e a reinserção social em Portugal
Autor : Carlos Pestana Barros et al.
Local onde se encontra: Biblioteca da Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra
Data de publicação: 1997
Edição: 1ª
Local de Edição: Lisboa
Editora: Vulgata
Título do capítulo: “CAIS: Um Projecto de Integração para os Sem‐Abrigo”
Autor do capítulo: Reis Marques
Cota: 332 HAB
Nº de páginas do capítulo: 133‐137
Assunto: Exclusão Social
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Palavras‐chave: Pobreza, exclusão social, integração
Social, sem‐abrigo.
Data de leitura: 23 de Dezembro de 2008
Observações: A obra “A habitação e a reinserção social em Portugal” está
bastante interessante, focando temas de exclusão social e tentando mostrar
formas de combate a esse problema. Quanto ao capítulo que analisei entendi
que, no âmbito do tema “Pobreza Urbana em Portugal”era muito relevante pois
dava a conhecer um projecto que eu pessoalmente, considerei fantástico, pela
forma como as pessoas que nele trabalharam mostraram uma solidariedade de
aplaudir, dando hipótese das pessoas a quem todos viram a cara na rua lutarem
e serem capazes de triunfar na vida.
Notas sobre o autor
Marques Reis foi o autor do capitulo que me propus a analisar, com o titulo de
“CAIS: Um Projecto de Integração para os Sem‐Abrigo”, inserido na obra “A
habitação e a reinserção social em Portugal”.
Resumo
A revista CAIS, editada pela Associação de Solidariedade Social Cais, nasce da
vontade de fazer algo para ajudar pessoas sem‐abrigo, pessoas essas que
revelam pouca auto‐estima e pouca força para enfrentarem o dia‐a‐dia. Assim
os editores desta revista ambicionam acompanhar essas pessoas, através de
técnicos, para assim as ajudarem a sair da marginalidade em que se encontram,
tentando para isso também integrá‐las no mundo do trabalho.
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Para esse segundo objectivo, que consta em oferecer uma base de rendimento
àqueles que mais precisam, com a edição da CAIS, criaram‐se postos de vendas
que logo foram preenchidos por essas pessoas. Estes postos tinham o objectivo
de ao inserirem as pessoas na vida profissional, ajudarem à criação de hábitos
de trabalho.
O dinheiro ganho com cada venda, tinha o intuito de ser repartido da seguinte
maneira: 200 escudos para o vendedor e 50 escudos para uma associação de
solidariedade, o que demonstra que a Associação Cais não detinha qualquer
proveito da venda das revistas.
Existem assim regras específicas para os vendedores, como por exemplo, a fim
de o incentivar a procurar outro emprego, só são distribuídas 300 revistas
mensais a cada vendedor.
Contudo este projecto visa somente ajudar cada sem‐abrigo a entrar no mundo
do trabalho e a ganhar gosto por ele, não sendo definitivo este posto de
vendedor, tentando assim fazer com que estes procurem novas ocupações.
De esperar era que alguns vendedores tivessem comportamentos diferentes
dos requeridos, dando espaço a situações como a venda das revistas por um
preço superior ao estipulado, etc.
Neste projecto trabalham‐se essencialmente com dois tipos de indivíduos:
aqueles que nunca se esforçaram para sair da miséria em que se encontram e
aqueles que se viram nesta situação de marginalidade pelos dissabores que a
vida lhe ofereceu. E claro que é mais fácil ajudar uns que outros e assim, mesmo
com a curta existência deste projecto já se assistiram a casos de alguns sem‐
abrigo que voaram mais alto e conseguiram empregos como taxistas,
seguranças, etc.
A CAIS orgulha‐se por nunca ter fechado as portas a qualquer caso, mesmo ao
de toxicodependentes e assim tem trabalhado com as zonas mais problemáticas
do país.
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Marques Reis critica a sociedade, pelo seu comodismo face a este enorme
problema que é a exclusão social e afirma que a comunicação social não
colabora no sentido de alertar as pessoas para este facto que está tão presente
hoje em dia, educando os jovens com violência e não com o espírito de
entreajuda e solidariedade.
Finalizando é importante perceber que a palavra CAIS funciona de varias
maneiras: como ponto de chegada a um destino desejado, ponto de partida
rumo a um porto feliz e também como um lugar de reencontro.
Estrutura
Este capítulo está integrado na obra “A habitação e a reinserção social em
Portugal” e vem na sequência do conceito de exclusão social e reinserção dos
sem‐abrigo.
Inicialmente o autor dá a conhecer a Associação de Solidariedade Social CAIS e a
origem da revista CAIS. Fala sobre as pessoas sem‐abrigo, caracterizando‐as
psicologicamente.
Num segundo momento explica qual o objectivo do projecto que originou a
revista CAIS: a criação de postos de trabalho para indivíduos sem‐abrigo. Faz
compreender como é feita a gestão de vendas e refere que a associação não
detém qualquer lucro da venda das revistas.
Num terceiro momento, Marques Reis define quais as regras estabelecidas aos
vendedores da revista CAIS. Esclarece também que não é o objectivo deste
projecto que as pessoas dependam definitivamente das vendas, mas sim que
lhes seja incutido o espírito de quererem fazer mais. Refere também quais as
zonas onde as vendas são executadas, Almada, Lisboa, Porto e Viana do Castelo.
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Em seguida refere‐se aos resultados que este projecto teve e também ao facto
de não terem fechado a portas do mesmo às pessoas suspeitas de
toxicodependência.
Num quinto momento Marques Reis, atribui culpas á sociedade pela escassa
reinserção dos sem‐abrigo numa vida digna e também à comunicação social por
esta não educar as pessoas no sentido de querem ajudar e fazer mais pelos
outros.
Finalmente termina este capítulo com a definição da palavra “cais”, que reverte
para a ideia da partida para uma vida melhor.
http://www.vulgata.com/livros/sociais/habitacao_reintegracao.htm
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7.Conclusão
A realização deste trabalho abriu‐me os olhos para um problema do qual não
me tinha dado conta. Problema esse cada vez maior e mais dramático: a
pobreza! Na minha cidade de origem ainda não é bem visível a pobreza extrema
que se denota em certas zonas do país, como Lisboa e Porto, onde as pessoas
chegam mesmo a viver nas ruas e a fazerem das sobras que encontram nos
caixotes do lixo as suas refeições, pois o dinheiro já não existe nem para se
alimentarem.
De lamentar é o facto de a sociedade que as envolve passar indiferente ao que
estas pessoas vivem. A forma como as pessoas viram a cara ao passar nas ruas,
sem pensar que um sorriso, uma mão amiga ou mesmo uma esmola faria
diferença. Realmente não é uma esmola agora que vai assegurar o futuro de um
sem‐abrigo, mas talvez uma palavra pudesse fazer diferença e incentivar essas
pessoas a lutarem pela vida digna que merecem.
Admito que este trabalho me sensibilizou e criou em mim uma enorme vontade
de ajudar, com ele deparei‐me com a faceta do meu país da qual não quero
fazer parte, não quero contribuir para uma maior exclusão social, mas sim para
uma inclusão daqueles que necessitam da nossa ajuda.
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8.Referências bibliográficas
1‐ LIVROS:
Baptista, Isabel Carvalho (1999), “As cidades e os rostos da
hospitalidade”. As cidades e os rostos de exclusão. Porto: Universidade
Portucalense Infante D. Henrique, 81‐83.
Carvalho, Adalberto Dias (1999), “As cidades e as encruzilhadas da
exclusão”. As cidades e os rostos de exclusão. Porto: Universidade
Portucalense Infante D. Henrique, 14‐20.
Gaspar, Paulo Alexandre Brito Pais (1999), “Os homens‐ilha”. As cidades e
os rostos de exclusão. Porto: Universidade Portucalense Infante D.
Henrique, 189‐190.
Giddens, Anthony (2004), Sociologia. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian.
Lopes, Maria Antónia (2000), “A esmola na economia da salvação ou o
interesse próprio”. Pobreza, Assistência e Controlo Social em Coimbra.
Viseu: Palimage Editores, 78‐ 84.
Loureiro, Olímpia (1999), “Da exclusão social: uma perspectiva histórica”.
As cidades e os rostos de exclusão. Porto: Universidade Portucalense
Infante D. Henrique, 169‐176.
22
Martins, Margarida (1997), “AMI‐ o projecto Porta Amiga”. A habitação e
a reintegração social em Portugal. Lisboa: Vulgata, 139‐143.
Oliveira, José António (1999), “A dimensão sócio‐antropológica da
exclusão”. As cidades e os rostos de exclusão. Porto: Universidade
Portucalense Infante D. Henrique, 135‐139.
Reis, Luís Pedro (1997), “O Exército da Salvação”. A habitação e a
reintegração social em Portugal. Lisboa: Vulgata, 145‐167.
Reis, Marques (1997), “CAIS: um projecto de integração para os sem‐
abrigo”. A habitação e a reintegração social em Portugal. Lisboa: Vulgata,
133‐137.
2‐ INTERNET:
Costa, Alfredo Bruto et al. (1999) “POBREZA E EXCLUSÃO SOCIAL EM
PORTUGAL”. Pagina consultada em 21 de Dezembro de 2008. Disponível
em http://www.dpp.pt/pages/files/pobreza_lvt.pdf .
Diário de Notícias (2005), “30% dos sem‐abrigo têm entre 25 e 34 anos”,
4 de Dezembro. Página consultada em 21 de Dezembro de 2008.
Disponível em
http://dn.sapo.pt/2005/12/04/sociedade/30_semabrigo_entre_e_anos.h
tml .
23
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B‐ Texto de suporte à ficha de leitura
CAIS:
Um Projecto de Integração para os Sem‐Abrigo
Reis Marques (Revista Cais)
Resumo: Neste artigo apresenta‐se o projecto da revista "Cais", revista por‐tuguesa de apoio à reinserção social dos sem‐abrigo, caracterizando‐se o projecto, a sua recente experiência e os seus objectivos.
Palavras chave: "Cais", jornal do sem‐abrigo.
A associação de Solidariedade Social CAIS nasce a 20 de Maio de 1994, inspirada num modelo inglês "THE BIG ISSUE", que edita unia revista com este mesmo nome. Foi a revista "FÓRUM ESTUDANTE" que então pegou no modelo inglês e o concretizou aqui em Portugal, destinada a indivíduos "SEM ABRIGO E MARGINAIS".
Conhecendo a psicologia dos destinatários do nosso projecto, pessoas sem auto estima, e, portanto, sem possibilidades psíquicas de enfrentarem os problemas da vida, é objectivo desta iniciativa levar estas pessoas a encontrarem‐‐se consigo próprias, a ganharem confiança nas suas possibilidades, e assim fazerem a sua integração social.
Todo este "PROJECTO" consta de duas vertentes: a integração dos indivíduos no campo do trabalho e o acompanhamento por técnicos especializados a fim de ajudarem as pessoas a saírem do seu estado de marginalidade.
Para darmos resposta a este objectivo, passámos a editar a revista CAIS, à base de fotojornalismo, que , nos primeiros sete números, tratou dos principais acontecimentos ocorridos no mês, passando a ser uma revista temática a partir do número oito, com a periodicidade mensal desde Dezembro de 1994.
Estava criado um campo de trabalho digno, onde estas pessoas podiam começar a sua inserção na vida profissional, criando hábitos de trabalho, que os levaria a ambicionarem outros modelos de vida.
Reconhecendo o esforço das organizações não governamentais já existentes no terreno, e, não querendo duplicar acções, optámos por um espírito de cooperação com essas organizações, apresentando‐lhes um meio de poderem oferecer aos seus protegidos a possibilidade de ganharem as suas vidas digna‐mente. Assim, a CAIS faz a gestão de vendas da sua revista através dessas insti‐tuições de solidariedade social que aderiram ao PROJECTO, ao preço de esc. 250$00 (duzentos e cinquenta escudos), sendo esc. 200$00 (duzentos escudos) para o vendedor e esc. 50$00 (cinquenta escudos) para a respectiva associação a que o vendedor pertence, a fim de fazer face a possíveis encargos.
De referir, que a Associação Cais, enquanto associação sem fins lucrativos não tem qualquer proveito na sua actividade, vivendo apenas de quotas dos seus associados e de subsídios de entidades oficiais e de privados. A maior compensação que desejamos ter, é contribuirmos, ainda que minimamente, para a recuperação de populações excluídas.
Naturalmente toda a gestão do PROJECTO obedece a regras que estão previamente estabelecidas, quer no relacionamento da Associação CAIS com as diversas Instituições de Solidadiedade, quer entre estas e os seus vendedores, e estes também têm as suas regras de conduta.
Dando alguns exemplos:
‐ A cada vendedor é distribuído, no máximo, trezentas revistas por mês, para que adquirindo hábitos de trabalho, o indivíduo possa procurar outras actividades profissionais
Há excepções para casos especiais:
‐ Cada vendedor tem de estar devidamente identificado e não pode exercer outra actividade com a identificação da Cais.
‐ Há zonas de venda específicas para cada vendedor, para evitar conflitos.
- Sendo a primeira remessa de revistas entregues ao vendedor gratuita mente, a segunda remessa só pode ser entregue contra o pagamento dos esc. 50$00 (cinquenta escudos) por cada revista da entrega anterior, a fim de os responsabilizar.
- As revistas são‐lhes entregues em doses diárias, para que ele aprenda a gerir as suas finanças.
Toda esta actuação tem um objectivo pedagógico que é acompanhado por técnicos das diversas associações, como atrás já dissemos. Não é, no entanto, objectivo do Projecto que estas pessoas fiquem definitivamente a vender a revista, mas sim, contribuir para a sua plena integração social, levando‐as a cri‐arem gosto pela vida, a encontrarem a sua auto‐estima e dar‐lhes um pouco de ambição e oportunidade para "voos mais altos" que os leve depois a encontrarem outros modos de vida.
Dado que este Projecto é único no país, não havendo portanto qualquer experiência nesta área, tivemos de usar algumas cautelas, limitando‐nos a áreas geográficas restritas, onde os problemas de exclusão social são maiores, e vamos alargando conforme julgamos conveniente. Temos funcionado em Almada, Lisboa, Porto e Viana do Castelo, num total de treze associações e cerca de cem vendedores, estando para breve o alargamento a Coimbra, Setúbal e Faro, sendo nosso desejo atingirmos todo o País.
O Projecto Cais tem sido muito bem aceite pelo público em geral e até com rasgados elogios e muitas expressões de carinho, como poderei ler algumas. Se alguns problemas tem havido, deve‐se ao comportamento de alguns vendedores que vendem a revista mais cara que o preço da capa, que vendem revistas antigas sem avisarem o cliente e até aceitando assinaturas, quando não temos qualquer espécie de assinantes. Embora estas atitudes nos entristeçam, e sejam motivo disciplinar, não nos surpreendem e não desmotivam, antes pelo contrário, mais nos obrigam a esforçarmo‐nos para os ajudar a alterarem o seu comportamento.
Estão V Exas., neste momento a perguntar "e quais os resultados práticos do Projecto?"
Reconhecemos que há dois tipos de indivíduos nesta circunstâncias: os excluídos de longa data e que nunca fizeram nada para saírem desta situação, e os que foram cair na marginalidade da vida, pelas mais diversas circunstância e razões. Os primeiros, com mais dificuldade de ultrapassarem a situação, os segundos, com mais possibilidades de recuperação.
Sabemos, também, que os problemas humanos não se resolvem dum momento para o outro: É necessária uma caminhada, por vezes longa, e o nosso
Projecto é muito jovem, tem praticamente dois anos e meio. Mas, no entanto, podemos testemunhar que já alguns sem‐abrigo, vendedores de revistas deixaram de a vender e arranjaram trabalho noutras áreas como seguranças, taxistas, ser‐ventes de refeitório, etc.
Outra problemática foi‐nos posta em relação à admissão dos vendedores: Os indivíduos suspeitos de toxicodependência podiam ser vendedores? Seria que o proveito das vendas serviria para a compra de droga? Após aturada reflexão e discussão, decidimos que a Cais não deveria fechar as portas a ninguém, desde que devidamente integrado nas regras do Projecto. A história veio a dar‐nos razão.
Sendo muito modesto o contributo do PROJECTO CAIS para a resolução deste grande problema da reinserção Social de tantos SEM ABRIGO no nosso país, julgamos ser de algum modo uma maneira de alertar a nossa sociedade para uma situação complicada e crescente, sem vislumbrarmos qualquer solução para o problema. A marginalidade é uma chaga da sociedade, que esta teima apor de lado, ignorando o assunto. Como atrás já referi, havendo duas causas de marginalidade, a que resulta da própria psicologia do indivíduo e a que é gerada pela sociedade, esta tem sempre responsabilidade na situação, não podendo acomodar‐se sem nada fazer, e criando situações novas sem nada fazer para as evitar, remetendo as culpas para o Estado.
É necessário para as entidades públicas e privadas façam uma convergência de esforços, saindo do seu comodismo, para que lancemos mãos deste terrível problema.
Também da comunicação social é esperada maior colaboração com as actividades de solidariedade social, a fim de que a sociedade tome conhecimento de todo este movimento e entusiasme pessoas de boa vontade para trabalharem neste campo, principalmente os nossos jovens que tanto necessitam que lhes sejam apontados os grandes valores da vida.
Constatamos que grande parte da comunicação social é veículo e ampli‐ficador da violência e do sensacionalismo.
Os grandes valores da solidariedade, e as iniciativas de promoção desses mesmos valores, não têm o lugar que deviam ter nos meios da comunicação social.
Perante tal situação, como dar a conhecer tantas iniciativas boas que a nossa sociedade ainda tem, e que seriam opções para quem deseja participar na construção de uma sociedade mais fraterna?
O PROJECTO CAIS é uma iniciativa que pretende ser útil à sociedade mas que precisa da sociedade.
CAIS ‐ Ponto de chegada e ponto de partida, lugar seguro para os barcos que querem fugir ao temporal, e que querem abastecer‐se de mantimentos para a viagem.
CAIS ‐ E também lugar de encontro com alguém que nos pode dar uma palavra de carinho e amizade, o aperto de mão, o abraço amigo, o abraço