PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS -...

37
PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS FRANCISCO CARLOS PEDRO LAVRAS MINAS GERAIS – BRASIL 2010

Transcript of PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS -...

Page 1: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS

FRANCISCO CARLOS PEDRO

LAVRAS

MINAS GERAIS – BRASIL

2010

Page 2: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

2

FRANCISCO CARLOS PEDRO

PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS

Monografia apresentada ao Departamento de

Agricultura da Universidade Federal de Lavras,

como parte das exigências do curso de Pós-

Graduação Lato Sensu em MBA – COFFEE

BUSINESS, para a obtenção do título de

especialização.

APROVADA em 22 de fevereiro de 2011.

Pesq.Myriane Stella Scalco

Prof. Virgílio Anastácio da Silva

Professor orientador Prof. Dr. Rubens José

Guimarães

UFLA

LAVRAS

MINAS GERAIS – BRASIL

2010

Page 3: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

3

DEDICO

A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para que pudesse

concluir este trabalho.

E em especial para algumas pessoas que já me acompanham há muito

tempo ; São elas: minha mãe, Maria Aparecida; meu pai, Antonio Pedro;

minha esposa, Cidinha; nossos filhos biológicos, Maísa, Bruna e Breno;

e a nossa filhinha do coração, Rayssa.

.

Page 4: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

4

AGRADECIMENTOS

A Deus, por permitir mais uma benção.

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais pela

a oportunidade de realizar mais este curso.

À Universidade Federal de Lavras (UFLA), em especial ao Departamento

de Agricultura, pela oportunidade de cursar a pós-graduação.

Ao Prof. Dr. Rubens Jose Guimarães, pela paciência, pela atenção,

ensinamentos e amizade.

A todos os colegas de trabalho da Empresa de Assistência Técnica e

Extensão Rural do Estado de Minas Gerais, em especial aos colegas da Unidade

Regional Lavras, pelo apoio em mais uma conquista pessoal e profissional.

Aos funcionários do Departamento de Agricultura e da FAEPE, pela

atenção, apoio, disponibilidade e presteza.

A Cidinha, meu especial agradecimento pelo companheirismo, apoio e

compreensão nas horas difíceis.

A todos que, de uma forma ou de outra, colaboraram para o encerramento

de mais uma etapa importante da minha vida e que, embora não citados aqui,

recebam meus sinceros agradecimentos.

Page 5: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

5

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 09

2 OBJETIVO ............................................................................................................... 10

3. METODOLOGIA.................................................................................................... 10

4. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................ 10

4.1 Definição das podas ............................................................................................... 12

4.2 Beneficios da poda................................................................................................ . 12

4.3 Aspectos gerais de manejo..................................................................................... 13

4.4 Epoca de podar....................................................................................................... 15

4.5 Tipos de poda......................................................................................................... 17

4.6 Tipos de podas em lavouras adensadas................................................................ . 23

4.7 Podas em lavouras afetadas por geadas ................................................................ 26

4.8 Podas em lavouras afetadas granizo ..................................................................... 29

4.9 Podas em lavouras depauperadas.......................................................................... 30

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 31

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 34

Page 6: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

6

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Valores médios de peso de “café da roça” ( média de 6 plantas), em

três safras e total acumulado, colhidos nos diferentes talhões submetidos a

diferentes tipos de podas laterais e verticais........................................................20

Tabela 2-Valores médios de volume de “café da roça”, ( média de 6 plantas),

em três safras e total acumulado, colhidos nos diferentes talhões submetidos a

diferentes tipos de podas laterais e verticais, em uma lavour,a de café Acaiá IAC

474-19, com 9 anos de idade plantados no espaçamento de 1,5x1,0 m.UFLA,

2002.....................................................................................................................21

Page 7: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

7

RESUMO

PEDRO, Francisco Carlos. Podas em lavouras cafeeiras. 2010. 31p.

Monografia (Especialização em MBA – Coffe Business) - Universidade

Federal de Lavras, Lavras, MG. *

O agronegócio café gera, no Brasil, cerca de 3 bilhões de dólares/ano,

correspondendo a, aproximadamente, 6% das exportações brasileiras. O parque

cafeeiro nacional ocupa área de 2,3 milhões de hectares com, aproximadamente,

5,53 bilhões de pés, sendo 70% do total produzido de Coffea arabica L. e de

30% de Coffea canephora Pierre. A produção brasileira no ano safra 2010/11 foi

estimada em 47,274 milhões de sacas de 60 kg de café beneficiado, mantendo o

país na posição de maior produtor e exportador mundial. O centro-sul é a

principal região cafeeira do país e os estados de Minas Gerais, Espírito Santo,

São Paulo e Paraná somam mais de 90% da produção nacional (COMPANHIA

NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB, 2010).

O custo de produção da lavoura cafeeira é alto e as despesas de custeio

ficam cada vez mais onerosas devido às variações cambiais de produtos como

fertilizantes, herbicidas, fungicidas e outros que são importados e, alem disso, os

cafeicultores estão sujeitos às condições climáticas adversas.

Outra questão que afeta a renda do cafeicultor é o fato de se tratar de

uma planta com produção bienal, ou seja, após um ano de safra com alta

produtividade, o próximo ano será de uma produção razoável ou baixa.

Diante disso torna-se essencial o investimento em técnicas que garantam a diminuição nos custos de produção aproveitando cada vez mais o potencial produtivo do cafeeiro e que também garantam o desenvolvimento sustentável da atividade.

I

Page 8: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

8

O objetivo deste trabalho foi reunir informações sobre podas como

práticas de manejo na busca de recomendações e soluções para uma cafeicultura

produtiva e sustentável.

Palavras-chave: Podas, manejo, produtividade, Coffea arábica. Comitê Orientador: Rubens José Guimarães – UFLA (Orientador)

II

Page 9: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

9

1 – INTRODUÇÃO O café foi introduzido no Brasil em 1727, no estado do Pará, com

sementes e mudas oriundas da Guiana Francesa. Foi levado para o Maranhão

onde ocorreu a expansão para outros estados até a Serra do Mar, atingindo em

1825 o Vale do Paraíba e chegou aos estados de São Paulo e Minas Gerais

(Matiello, 2002). Atualmente a cafeicultura esta presente em 14 estados,

abrangendo cerca de aproximadamente 1900 municípios e gerando direta e

indiretamente 8,4 milhões de empregos.

Um dos momentos mais importantes em se tratando de valor arrecadado

com a “commodies” exportada, acontece no período compreendido de 1925 a

1929, o valor obtido com a exportação de café chegou a contribuir com 70 % da

pauta. Hoje, a atividade cafeeira continua sendo uma das fontes importantes da

economia do Brasil no quesito exportação. Minas Gerais entra neste cenário

como maior produtor do país que corresponde a aproximadamente 50% do café

produzido no país. (FUNCAFE - 2009). Apesar do café se destacar

economicamente, sua produtividade ainda é baixa em relação ao potencial

genético das lavouras cafeeiras brasileiras.

Para agravar ainda mais a situação, os concorrentes brasileiros investem

gradativamente em pesquisas científicas aumentando a competição internacional

e a guerra de preços. Segundo (Carvalho e Chalfoun, 1985) uma das

preocupações atuais é a padronização no manejo da poda, de forma a oferecer

maior estabilidade na produção cafeeira e melhor eficiência nos tratos culturais e

fitossanitários da lavoura, além de potencializar aumento da produtividade e

diminuir os gastos com mão-de-obra. Assim, torna-se essencial o debate sobre

novos sistemas de produção, principalmente aqueles que garantam o

desenvolvimento econômico e sustentável.

No final da década de 70, houve a introdução da utilização de lavouras

adensadas e exigiu o surgimento de estudos para melhorar o manejo e garantir a

produtividade. Nos últimos anos, foram grandes os esforços no sentido de

Page 10: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

10

manter a elevação de produtividade, com ganhos significativos na qualidade do

café produzido. Aumentaram também as preocupações com práticas de manejo

que garantam a sustentabilidade das propriedades agrícolas reduzindo o impacto

no meio ambiente, buscando a sustentabilidade da atividade sem perder sua

competitividade. (Marques, 2008; Thomaziello & Pereira, 2008).

2. OBJETIVOS E METODOLOGIA

Este trabalho teve como objetivo fazer uma revisão de literatura

analisando os tipos, formas, aplicações de podas e principalmente a análise da

importância do manejo da poda em lavouras de café depauperadas ou que

sofreram intempéries do clima. Foi buscada portanto uma revisão da literatura

por meio da discussão de resultados e da opinião de autores e pesquisadores que

buscaram os melhores tipos de poda e a eficácia da poda através do manejo mais

adequado.

4. REVISÃO DE LITERATURA

O cafeeiro é um arbusto de crescimento contínuo, com dimorfismo dos

ramos, caracterizado pela formação de dois tipos de ramos diferenciados nas

suas funções: ortotrópicos e plagiotrópicos.

Os ramos ortotrópicos crescem verticalmente e deles se originamos

plagiotrópicos que crescem horizontalmente, perpendicular tronco principal e

são responsáveis pela produção da planta (Thomaziello & Pereira, 2008).

AAppóóss aa lliibbeerraaççããoo ddaass ffoollhhaass ccoottiilleeddoonnaarreess aa mmuuddaa eemmiittee uumm ppaarr ddee

ffoollhhaass vveerrddaaddeeiirraass aa ccaaddaa 2233 ddiiaass aapprrooxxiimmaaddaammeennttee.. GGuuiimmaarrããeess ((11999944)),,

eennccoonnttrroouu iinntteerrvvaallooss ddee tteemmppoo vvaarriiaannddoo ddee 1144 aa 4455 ddiiaass ppaarraa eemmiissssããoo ddee uumm

nnoovvoo ppaarr ddee ffoollhhaass,, sseennddoo ooss mmeennoorreess iinntteerrvvaallooss nnooss ppeerrííooddooss mmaaiiss qquueenntteess ee ooss

mmaaiioorreess nnooss ppeerrííooddooss mmaaiiss ffrriiooss ddoo aannoo.. EEsssseess ppaarreess ddee ffoollhhaass ccrreesscceemm ccoomm uummaa

ttoorrççããoo ddee 6600°° nnoo rraammoo oorrttoottrróóppiiccoo,, sseennddoo qquuee ssóó aappaarreecceerráá nnoovvoo ppaarr nnoo mmeessmmoo

ppllaannoo aappóóss aa eemmiissssããoo ddee 22 ppaarreess iinntteerrmmeeddiiáárriiooss..

Page 11: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

11

EEnnttrree oo 88ºº aaoo 1100ºº ppaarreess ddee ffoollhhaass vveerrddaaddeeiirraass hháá eemmiissssããoo ddooss

pprriimmeeiirrooss rraammooss ppllaaggiioottrróóppiiccooss.. AA ffiilloottaaxxiiaa ddooss ppllaaggiioottrróóppiiccooss éé iiddêênnttiiccaa ãã ddooss

oorrttoottrróóppiiccooss,, mmaass eemm vviirrttuuddee ddee uummaa ttoorrççããoo ddoo eennttrreennóó ee ddooss ppeeccííoollooss,, aass ffoollhhaass

ssããoo ccoollooccaaddaass nnuumm mmeessmmoo ppllaannoo hhoorriizzoonnttaall ((RREENNAA ee MMAAEESSTTRRII,, 11998866))..

OOss rraammooss oorrttoottrróóppiiccooss ee ppllaaggiioottrróóppiiccooss ssããoo oorriiggiinnaaddooss ddee ggeemmaass

ddiiffeerreenncciiaallmmeennttee ddeetteerrmmiinnaaddaass.. NNaa aaxxiillaa ddee ccaaddaa ffoollhhaa,, nnooss eeiixxooss vveerrttiiccaaiiss,,

eexxiissttee uummaa sséérriiee lliinneeaarr oorrddeennaaddaa ddee 55 aa 66 ggeemmaass sseerriiaaddaass ee,, iissoollaaddaa aacciimmaa ddaa

sséérriiee,, uummaa oouuttrraa ggeemmaa,, ddiittaa ““ccaabbeeççaa ddee sséérriiee””,, qquuee ssee ffoorrmmaa nnaa ppllaannttaa aa ppaarrttiirr ddoo

88°° aaoo 1100°° nnóó,, ((CCaarrvvaallhhoo eett aall,, 11995500 cciittaaddooss ppoorr RReennaa ee MMaaeessttrrii,, 11998866)).. IIssttoo

eexxpplliiccaa oo aappaarreecciimmeennttoo ddooss rraammooss ppllaaggiioottrróóppiiccooss nnaass mmuuddaass qquuaannddoo aattiinnggeemm

eessssee eessttááddiioo ((RREENNAA ee MMAAEESSTTRRII,, 11998866))..

AAss ggeemmaass ""ccaabbeeççaa--ddee--sséérriiee"" ddããoo oorriiggeemm uunniiccaammeennttee aa rraammooss

ppllaaggiioottrróóppiiccooss,, aaoo ppaassssoo qquuee aass ggeemmaass sseerriiaaddaass oorriiggiinnaamm rraammooss oorrttoottrróóppiiccooss

((vveerrttiiccaaiiss)) ee qquuaannddoo pprreesseenntteess nnooss ppllaaggiioottrróóppiiccooss ppooddeemm oorriiggiinnaarr oouuttrrooss

ppllaaggiioottrróóppiiccooss ddee mmaaiioorr oorrddeemm ((RREENNAA ee MMAAEESSTTRRII,, 11998866))..

CCoonnhheecceerr oonnddee ssee llooccaalliizzaamm ee aa qquuee ddããoo oorriiggeemm ààss ggeemmaass eevviittaa qquuee

ccoommeettaammooss eerrrrooss ggrraavveess ddee mmaanneejjoo,, ccoommoo ppoorr eexxeemmpplloo nnaass ppooddaass.. SSee ppoorr

qquuaallqquueerr mmoottiivvoo ((ggeeaaddaass,, cchhuuvvaass ddee ggrraanniizzoo,, sseeccaa ddee rraammooss ppoorr ddeeffiicciiêênncciiaa oouu

ddeesseeqquuiillííbbrriioo nnuuttrriicciioonnaall)),, ooccoorrrreerr aa mmoorrttee ddee ppllaaggiioottrróóppiiccooss,, iissssoo nnooss lleevvaarráá aa

ffaazzeerr uummaa ppooddaa ddoo oorrttoottrróóppiiccoo aa bbaaiixxoo ddee oonnddee ooccoorrrreeuu aa mmoorrttee ddooss

ppllaaggiioottrróóppiiccooss,, ffoorrççaannddoo aa bbrroottaaççããoo ddee oouuttrroo oorrttoottrróóppiiccoo qquuee oorriiggiinnaarráá nnoovvooss

ppllaaggiioottrróóppiiccooss.. PPoorrttaannttoo ssee aacciimmaa ddee ccaaddaa sséérriiee ddee ggeemmaass sseerriiaaddaass ssóó eexxiissttee uummaa

““ccaabbeeççaa--ddee--sséérriiee"" ee eessssaa jjáá ddeeuu oorriiggeemm aaoo ppllaaggiioottrróóppiiccoo qquuee mmoorrrreeuu,, aallii nnããoo

nnaasscceerráá oouuttrroo,, ffoorrmmaannddoo oo cchhaammaaddoo ““cciinnttuurraammeennttoo”” ddoo ccaaffeeeeiirroo.. PPoorr oouuttrroo llaaddoo,,

ssee ooss ppllaaggiioottrróóppiiccooss ffoorreemm ppooddaaddooss ddrraassttiiccaammeennttee ccoommoo ppoorr eexxeemmpplloo nnaa

ooppeerraaççããoo ddee ““eessqquueelleettaammeennttoo”” aa mmeennooss ddee 2200ccmm ddaa iinnsseerrççããoo ddeessttee ccoomm oo

oorrttoottrróóppiiccoo,, ttaammbbéémm ppooddeerráá ooccoorrrreerr ssuuaa mmoorrttee ee ccoonnsseeqquueenntteemmeennttee oo

““cciinnttuurraammeennttoo”” ((RREENNAA ee MMAAEESSTTRRII,, 11998866))..

Page 12: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

12

AAllttaass tteemmppeerraattuurraass,, ppooddaass,,oouu mmeessmmoo ddaannooss mmeeccâânniiccooss ppooddeemm

aattiivvaarr ggeemmaass sseerriiaaddaass nnoo oorrttoottrróóppiiccoo ddaannddoo oorriiggeemm aa oouuttrrooss oorrttoottrróóppiiccooss qquuee

ppaassssaamm aa sseerr cchhaammaaddooss ddee ““rraammooss llaaddrrõõeess””,, qquuee ddeevveemm sseerr ccoonndduuzziiddooss

((ddeessbbrroottaass sseelleettiivvaass)) oouu mmeessmmoo eelliimmiinnaaddooss.. NNoo ccaassoo ddaa eessppéécciiee CCooffffeeaa aarraabbiiccaa

LL..,, aass ppllaannttaass ssããoo uunniiccaauullee,, jjáá nnaa CCooffffeeaa ccaanneepphhoorraa,, aass ppllaannttaass ssããoo mmuullttiiccaauullee,, oouu

sseejjaa,, ssããoo ccoonndduuzziiddaass ccoomm vváárriiooss oorrttoottrróóppiiccooss ((GGUUIIMMAARRÃÃEESS,, MMEENNDDEESS EE

SSOOUUZZAA,, 22000022))..

4.1 Definição de Podas

Para Thomaziello & Pereira (2008), a poda consiste em uma operação

que tem a finalidade de eliminar partes das plantas que perderam ou diminuíram

a capacidade produtiva, cuja possibilidade de recuperação natural seja

praticamente nula. Por meio da poda, a dominância apical é suprimida como

consequência da alteração do equilíbrio hormonal, havendo assim um estímulo

na emissão e no desenvolvimento dos brotos a partir de gemas latente. Já para

Androciolli Filho (2005), a poda consiste na eliminação total ou parcial da

planta.

4.2 Benefícios da Poda

A principal finalidade da poda é eliminar todo tecido foliar e vegetativo

improdutivo; modificar a arquitetura da planta; estimular a produção pela maior

luminosidade em locais com alto sombreamento (fechamento); eliminar ramos

afetados por pragas e doenças; reduzir as condições favoráveis ao ataque de

pragas e doenças mediante a entrada de luz e ar; corrigir danos causados na parte

aérea por efeito de condições climáticas adversas; facilitar trabalhos de manejos

que requerem o uso de equipamentos mecanizados e facilitar a colheita.

Page 13: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

13

4.3 Aspectos gerais de manejo

Segundo Matiello (1995) existem três tipos de manejo de cafeeiros, a

poda programadas, a poda corretiva e a ausência de podas.

As podas programadas são aquelas que possuem efeito preventivo e

impede fechamento das lavouras. É indicada principalmente em lavouras

adensadas. Ela consiste no arranquio de linhas alternadas, recepa de linhas

alternadas, arranquio de linhas duplas alternadas, recepa alternada de 1/3 das

linhas, recepa e decote alternado e recepa de 20% a 25% das linhas, conhecido

como “Poda Tipo Fukunaga”.

As podas corretivas são o decote, desponte, esqueletamento e recepa.

A condução sem podas ocorre a partir do momento em que se comprova

que a poda não beneficiará a lavoura, pois se sabe que a poda deve ser necessária

para ser utilizada.

Os equipamentos utilizados para efetuar a poda do cafeeiro também

influenciam nos resultados. Os equipamentos podem ser manuais ou

mecanizados. Os equipamentos manuais consistem basicamente de foices,

facões, machados, podões, serrotes, moto serras e podadoras costais

motorizadas. Segundo Thomaziello et. al., (2008), eles devem ser utilizados

preferencialmente de acordo com o tamanho da área a ser podada, tipo de poda,

idade da lavoura e tradição regional, sendo indicado para pequenas áreas devido

ao rendimento. Os equipamentos mecanizados são acoplados aos tratores sendo

utilizados normalmente em recepas, decotes e esqueletamento para propriedades

cafeeiras de maior porte.

De acordo com Toledo Filho et. al. (2000) para que a lavoura de café

possa expressar seu potencial produtivo e conseguir uma maior eficiência de

manejo é preciso que seja definido o sistema de condução das plantas tanto na

fase de formação como na fase de produção. Este sistema de condução do

cafezal envolve a definição de espaçamento desde os mais abertos até os mais

adensados, escolha pela maior ou menor densidade de plantio, realização de

Page 14: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

14

controle ou não do crescimento das plantas, determinação da conformação ou

arquitetura da planta e aplicação do manejo, seja manual ou mecanizado.

Segundo Guimarães et. al., (2009), a época mais apropriada para a poda

em cafeeiros parece ser aquela que se segue após a colheita, nos meses de agosto

a setembro, quando as plantas começam a aumentar seu ritmo de crescimento.

Porém, observam-se alguns insucessos na brotação de cafezais podados logo

após a colheita, quando ocorrem fatores, como alta produção, geadas, chuvas de

granizo, secas prolongadas ou ataque intenso de pragas e doenças.

Nesses casos, recomenda-se aguardar até os meses de novembro ou

dezembro, para permitir que as plantas recomponham suas reservas de

fotoassimilados, então, executando assim as podas. Porém deve-se atentar que

podas executadas a partir de dezembro comprometem a produtividade de

lavouras no ano seguinte á realização das mesmas.

Santinato e Fernandes (2008) comentam sobre a seqüência e tipos de

podas. A primeira poda a ser realizada é a denominada decote herbáceo ou

capação. Estas são feitas quando os cafeeiros atingem aproximadamente 2,0 m

de altura. O decote herbácio consiste em cortar com a própria unha, um canivete

ou uma tesoura um dos últimos ramos plagiotrópicos e o ramo ortotrópico,

deixando o outro ramo plagiotrópico. Procedendo-se desta forma, a brotação é

pouca, pois a energia é dirigida para o ramo plagiotrópico que sobrou. Outro

efeito benéfico é o engrossamento geral do caule, evitando o envergamento,

além da limitação da altura, que facilita a colheita e tratos fitossanitários. Desta

forma, o cafeeiro continua crescendo e, em média dois anos depois, faz-se

novamente a mesma operação, castrando-se a 2,4 m de altura. Pode-se também

realizar a castração química, o que facilita bastante esta operação, conforme

estudo foi evidenciado que o uso do antibrotante Primeplus® nas doses e modos

de aplicações aqui estudadas reduz a produtividade do cafeeiro de 5% a 25%. O

Page 15: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

15

uso do glyphosate na dose de 50%, aplicado com esponja e/ou luva não reduz a

produtividade do cafeeiro.

Para que a poda seja satisfatória deve-se realizar uma análise técnica

detalhada na lavoura, a fim de conhecer o sistema de poda mais eficiente a ser

utilizado para condução mais adequada de cada lavoura ou gleba da propriedade.

Deve-se também conhecer os tipos de podas, épocas, estado fisiológico e

nutricional da planta, bem como as pragas e doenças que prejudicam o vigor da

lavoura.

4.4 Épocas de podar

“A época da poda, por regular o crescimento vegetativo afeta a safra

futura. Desse modo, quanto mais cedo se poda, a partir de julho, maior será a

próxima produção. A época mais apropriada é logo após a colheita (Fagundes et.

al., 2007)”.

Cunha et. al. (2008), resume as podas das seguintes formas:

a ) lavoura em bom estado: logo após a colheita;

b) lavoura com geada severa: após as primeiras brotações;

c) lavoura com geada leve: não podar.

Segundo Thomaziello e Pereira, (2008), os cafeeiros podados logo após

a colheita tem seu comprimento e diâmetro do broto, diâmetro da “saia” e

número de ramos plagiotrópicos maiores em relação àqueles realizados

tardiamente.

As podas executadas a partir de dezembro comprometem a

produtividade das lavouras no ano seguinte a realização das mesmas, cafeeiros

que sofreram podas mais drásticas e tardias no prazo de três anos após a

execução das mesmas ainda não conseguem superar a produtividade de cafeeiros

sem poda, considerando as produções acumuladas; e decote herbáceo realizado

Page 16: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

16

nos três primeiros anos de produção de lavouras cafeeiras adensadas/ super

adensadas não alteram a produtividade. (Guimarães et. al. 2008). Já para

(Matiello et. al., 2002), a época indicada para a poda é o período compreendido

entre o término da colheita e o início das chuvas, normalmente em agosto-

setembro. As podas menos drásticas devem ser realizadas mais cedo para

possibilitar o arejamento da planta e um maior pegamento da florada. Já as

podas mais drásticas (recepas) devem ser retardadas, pois quando antecipadas

dentro do período seco, podem aumentar a porcentagem de morte de raízes. Para

Guimarães e Mendes, (1997), a época mais indicada para a realização das podas

parece ser após a colheita, nos meses de agosto e setembro. No entanto, é

comum observar alguns insucessos na brotação de cafezais podados nesta época,

devido a altas produções, ou chuva de granizo, secas prolongadas ou mesmo

ataque severo de pragas ou doenças. Nesses casos, recomenda-se podar nos

meses de novembro ou dezembro, estando às plantas com maiores reservas de

fotoassimilados, tornando-se mais resistentes.

Os estudos realizados por Livramento et. al. (2003), sobre a influência

da produção nos níveis de carboidratos e recuperação de cafeeiros após a recepa,

no município de São Sebastião do Paraíso-MG, em um talhão do cultivar café

Catuaí Vermelho IAC99, com 10 anos de idade, plantado no espaçamento de 3,5

x 0,7m. Os autores concluíram que plantas com maiores produções apresentam

maiores teores de amido nos ramos e caules, proporcionaram após a poda e

também após a colheita, menor o número de brotações, porém mais vigorosas.

As plantas que sofreram desbaste de frutos apresentaram, após a poda, menor

número de brotos, porém com mesmo vigor daqueles observados nas plantas que

estavam com frutos. Assim para cafeeiros em bom estado fitossanitário e

nutricional, existe uma relação positiva entre os níveis de produtividade e teores

de carboidratos nos ramos e que os efeitos da poda são mais positivos quando

realizados após a colheita. Os cafeeiros que receberam tratos culturais

adequados apresentaram–se bem enfolhados e sintetizaram quantidades de

Page 17: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

17

carboidratos suficientes para assegurar elevada carga de frutos, bem como a

manutenção de um bom aparato vegetativo, inclusive após a poda. Em lavouras

depauperadas e com produções elevadas, deve ocorrer esgotamento das reservas,

por isso, sugere-se uma poda tardia com tratos culturais normais entre o período

de colheita e de poda.

4.5 Tipos de Podas

4.5.1 Decote

Para Androciolli Filho (2005), o decote é uma poda realizada na metade

superior da planta, varia desde 1,20 m até 2,0 m. Indicado para lavouras que não

perderam a saia (ramos da parte baixa da planta). Revigora os ramos da base

forçando seu crescimento e ramificação e mantém a planta com altura mais

adequada para colheita. Aplicado a cada quatro ou cinco anos, o decote é a poda

mais adequada para a maioria das lavouras cafeeiras do Brasil. É indicado para

lavouras que ainda não perderam a saia (ramos da parte baixa da planta).

Revigora os ramos da base forçando seu crescimento e ramificação e mantém a

planta com altura mais adequada para colheita. Já para Toledo Filho et al.,

(2000), o decote é uma poda do tronco principal, feita a uma altura variável de

1,7 a 2,2 metros. Essa poda deve ser feita se possível após um ano de grande

produção, eliminando-se a parte superior da planta. Esse tipo de poda também é

aconselhado para lavouras em vias de “fechamento”, nas quais não houve perda

significativa de ramos plagiotrópicos inferiores, ou que apresentem

“cinturamento”, ou ainda que apresentem altura excessiva. A eliminação da parte

superior do tronco estimula o crescimento de ramos laterais, melhorando as

condições vegetativas da copa do cafeeiro.

Segundo Guimarães e Mendes (1997), o decote deve ser utilizado em

lavouras em início de fechamento, mas que não perderam a parte inferior da

copa. Em lavouras em estado de depauperamento, com seca de ponteiros, com

Page 18: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

18

excesso de brotos,“cinturamento” mas que não perderam a parte inferior da

copa, e também lavouras com excesso de brotos ou que passaram por geadas,

faíscas elétricas ou granizos, sem prejuízo da saia, ou que necessitem de controle

da altura para facilitar os tratos culturais.

Mas os estudos realizados por Oliveira et. al., (2002), em café Acaiá

com 9 anos de idade, espaçamento de 1,5x 0,70, no município de Santo Antônio

do Amparo, demonstraram que os sistemas de condução com podas menos

drásticas como o decote não proporcionam altas produtividades.

Page 19: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

19

Tabela 1- Valores médios de peso de “café da roça” ( média de 6 plantas), em

três safras e total acumulado, colhidos nos diferentes talhões submetidos a

diferentes tipos de podas laterais e verticais, em uma lavoura de café Acaiá IAC

474-19, com 9 anos de idade plantados no espaçamento de 1,5 X 1,0 m.

Tratamentos Peso(Kg) 2000 Peso(Kg) 2001 Peso(Kg) 2002 Peso(Kg) 2003

Vertical 0,70 m + lateral 0,30 m 0,00 3,22 ab 3,30 a 6,52 a

Vertical 0,70 m + lateral ,0,50 m 0,00 2,55 ab 7,18 a 9,73 a

Vertical 0,70 m + lateral sem

poda

0,00 2,75 ab 4,68 a 7,43 a

Vertical 1,35 m + lateral 0,30 m 2,50 a 7,40 a 4,83 a 12,85 a

Vertical 1,35 m + lateral 0,50 m 0,00 3,67 ab 1,70 a 5,38 a

Vertical 1,35 m + lateral sem

poda

1,16 a 7,57 a 2,90 a 11,35 a

Vertical 2,0 m + lateral 0,50 m 0,71 a 4,65 a 1,75 a 7,11 a

Vertical 2,0 m + lateral 0,30 m 1,01 a 2,57 a 1,30 a 4,89 a

Vertical 2,0 m + lateral sem

poda

0,40 a 1,10 b 3,69 a 8,66 a

Testemunha sem poda 3,57 a 3,02 ab 3,73 a 10,33 a

C.V 127,28 63,94 103,29 71,81

Adaptado de: Oliveira et. al., 2002.

Page 20: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

20

Tabela 2-Valores médios de volume de “café da roça”, (média de 6 plantas), em

três safras e total acumulado, colhidos nos diferentes talhões submetidos a

diferentes tipos de podas laterais e verticais, em uma lavour,a de café Acaiá IAC

474-19, com 9 anos de idade plantados no espaçamento de 1,5x1,0 m.

Tratamentos Volume (L)

2000

Volume (L)

2001

Volume (L)

2002

Volume (L)

Total 3 anos

Vertical 0,70 m + lateral 0,30 m 0,00 6,25 ab 4,75 a 11,03 a

Vertical 0,70 m + lateral 0,50 m 0,00 4,75 ab 11,28 a 16,73 a

Vertical 0,70 m + lateral sem

poda

0,00 5,50 ab 6,63 a 12,13 a

Vertical 1,35 m + lateral 0,30 m 4,00 a 13,00 a 7,50 a 21,50 a

Vertical 1,35 m + lateral 0,50 m 0,00 7,50 ab 2,75 a 10,25 a

Vertical 1,35 m + lateral sem

poda

4,00 a 14,25 a 4,75 a 20,00 a

Vertical 2,0 m + lateral 30 m 5,00 a 5,25 ab 2,13 a 8,63 a

Vertical 2,0 m + lateral 0,50 m 2,00 a 9,25 ab 2,65 a 12,90 a

Vertical 2,0 m + lateral sem poda 1,00 a 2,66 b 5,63 a 13,88 a

Testemunha sem poda 6,87a 6,00 ab 6,13 a 19,00 a

C.V. 16,48 57,36 102,86 66,45

Adaptado de: Oliveira et. al., 2002.

Page 21: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

21

4.5.2 Decote Herbáceo

É realizado quando o cafeeiro atingir a altura que se deseja limitá-lo,

mantendo- o sempre nesse patamar com desbrotas constantes. É uma prática

recomendada para cultivares de porte alto e vigorosas como Mundo Novo e

Icatu.

4.5.3 Recepa:

É uma poda baixa e drástica que elimina grande parte aérea.

Recomenda-se para casos extremos como o fechamento com alto grau de

intensidade e para lavouras atingidas por geadas.

4.5.4 Desbrota das plantas

A retirada de brotações que surgem no ramo ortotrópico do cafeeiro são

comumente conhecida como desbrotas.. Os ramos “ladrões”são brotos que

aparecem geralmente estimulados pela insolação que incide no tronco ou

qualquer anomalia que interfira na dominância apical. A pratica de retirada

desses brotos quando novos pode ser fácil e realizada manualmente, mas,

quando esta desenvolve, ganha espessura e tamanho torna-se mais trabalhosa

Cunha 2008.

Esta ultima operação exige maior tempo de recuperação do cafeeiro em

termos de produção e também mais onerosa, pela necessidade de várias

desbrotas à condução de ramos, além de aumentar as operações de manejo do

mato. É uma poda que permite a recuperação da lavoura, corrigindo os defeitos

da parte aérea das plantas (Thomaziello & Pereira, 2008). Para Cunha et. al., (

2008), a recepa é o corte do tronco da planta em altura inferior a 0,80m, mas

geralmente é realizada a uma altura de 40 cm e a quando possível deixa-se 1 ou

2 ramos laterais no tronco, "ramos pulmões", esses contribuem para um melhor

Page 22: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

22

desenvolvimento da brotação nova e para melhores produções nos primeiros

anos, deve ser recomendada somente quando não existe a possibilidade de

aplicar outra tipo de poda.

Segundo Thomaziello & Pereira (2008), existe dois tipos de recepa: a

recepa baixa que é realizada de 30 a 40 cm do solo, e não se deixa nenhum

ramo, geralmente para lavouras que não tenha mais ramos plagiotrópicos. A

recepa alta, a qual é realizada de 50 a 80 cm do solo, deixando-se os ramos

plagiotrópicos que estão abaixo do corte, denominados de ramos “pulmões”,

úteis para acelerar a recuperação dos cafeeiros, por ter maior área

fotossinteticamente ativa. Foi realizado experimento sobre o efeito de podas em

diferentes épocas em lavouras cafeeiras adensadas, no município de Santo

Antônio do Amparo-MG e segundo os estudos de Vallone et. al. (2008), foi

concluído que a tendência é que os sistemas de condução com podas mais

drásticas superem os demais nas próximas avaliações em função do fechamento

natural da lavoura e as recepas, tanto a 30 quanto a 80 cm de altura, possuem

uma tendência de que quanto mais tarde se realiza esta poda, menor será a

produção

4.5.5 Esqueletamento:

Segundo Androciolli Filho (2005), o esqueletamento é o corte dos

ramos laterais a uma distância de 20 a 30 cm do tronco do cafeeiro. Nesta poda

aproveita-se também para fazer um decote cortando-se o tronco a uma altura

superior a 1,20 m. É indicado para lavouras adensadas e superadensadas, pois,

ela diminui o diâmetro da copa do cafeeiro e renova os ramos laterais. Os

cafeeiros esqueletados recompõem mais rapidamente a copa e são menos

afetados pelas geadas moderadas do que os cafeeiros recepados .

Para Thomaziello & Pereira (2008), a principal característica desta poda

é a recuperação total da planta em um ano, com perda de apenas uma safra. A

Page 23: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

23

exposição inicial do tronco do cafeeiro ao sol poderá provocar a emissão de

ramos ladrões, que devem ser eliminados pelas desbrotas. A não-execução das

desbrotas provoca deformações na estrutura do cafeeiro e comprometerá tanto a

produtividade quanto a longevidade da lavoura. Segundo os autores, o

esqueletamento também é indicado para lavouras em vias de fechamento, para

lavouras desgastadas pela idade com perda de produção; para lavouras atingidas

por geada de “capote” e para lavouras no sistema adensado mecanizável, que

necessitam de podas a cada quatro ou cinco anos.

Já para Guimarães et. al., (2009), o esqueletamento é indicado para

lavouras mais velhas, plantadas em livre crescimento, mas que se encontram em

vias de fechamento, com plagiotrópicos longos e pouco produtivos.

4.5.6 Recepa por talhão

O plantio é realizado de forma parcelada, de modo que a cada ano é

plantado uma parte do talhão. Fazer a poda no lote que completar um total de

quatro a cinco colheitas, conduzindo um broto por planta dependendo do stand

do talhão.

4.6 Podas em lavouras adensadas

Atualmente o sistema de adensamento tem sido utilizado na cafeicultura

mundial e no Brasil para permitir maior produtividade. Mesmo onde a

mecanização é possível em grande parte das áreas cafeeiras do Brasil, nota-se

uma intensa utilização dos sistemas adensados (Matiello, 1991). Os produtores

têm adotado espaçamentos que possibilitam o cultivo de 5.000, 10.000 e até

acima de 20.000 plantas por hectare. Esta tendência proporcionou uma grande

demanda de informações relativas à condução destas lavouras, maximizando

suas vantagens e minimizando as desvantagens.

Page 24: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

24

A prática do adensamento provoca uma alteração no ambiente da

lavoura ocasionando modificações nos padrões fisiológicos, morfológicos e

produtivos dos mesmos. Reduções no espaçamento de plantio, tanto entre as

linhas quanto entre as plantas na linha, refletem em maior altura do ramo

ortotrópico primário (Nacif, 1997; Pereira & Cunha, 2004; Rena et. al., 1994),

causam morte mais intensa dos ramos plagiotrópicos no terço inferior dos

cafeeiros (Matiello et. al., 2002; Pereira & Cunha, 2004; Thomaziello et. al.,

1998) e diminuem a área útil produtiva de cada planta, representada pelo

diâmetro e o comprimento da copa (Pereira & Cunha, 2004), comprometendo

assim a sua vida útil e ainda resultando numa menor produtividade e renda do

cafeicultor. Segundo Oliveira et. al., (1990); Cunha et. al., (1999), uma das

formas para reverter este processo é a utilização de podas adequadas para cada

tipo de lavoura em questão para obter uma maior estabilidade, qualidade na

produção cafeeira, facilitar os tratos culturais e fitossanitários da lavoura,

maximização da mecanização e mão-de-obra principalmente com colheita.

Dessa forma, em plantios adensados, a poda é uma prática indispensável

que deve ser empregada após o fechamento da lavoura, com o objetivo de

recuperar as lavouras através do desenvolvimento de novos ramos, propiciando

assim aumento da luminosidade e produção.

“As lavouras cafeeiras adensadas necessitam de um cuidado especial

quanto ao manejo de podas, que devem ser programadas antes mesmo da

implantação da lavoura. ”(Oliveira, et. al., 2002)

Segundo Thomaziello & Pereira, (2008), a altura exagerada, perda dos

ramos baixeiros e o tombamento da planta para o meio da rua são fatores que

levam à adoção da poda.

Em lavouras adensadas torna-se obrigatória a realização de podas

sistemáticas. Com relação às recepas, tanto a 30 quanto a 80 cm de altura,

observa uma tendência de quanto mais tarde se realiza esta poda, menor será a

produção (Vallone, Barbosa et. al., 2002). Segundo este mesmo autor em

Page 25: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

25

lavouras de 8 anos da cultivar Catuaí, a tendência é que os sistemas de condução

com podas mais drásticas, como a recepa e o esqueletamento superem os demais

em função do “fechamento” natural da lavoura. Os pesquisadores observam que

há uma tendência à menor produção quanto mais tarde se realiza a poda.

Segundo Androciolli Filho (2005), as lavouras adensadas são planejadas

para ser conduzidas com podas leves, do tipo decote, esqueletamento ou

esqueletamento parcial, a cada quatro a cinco colheitas. A recepa é realizada

apenas nos casos de geadas severas. Já alguns pesquisadores como Thomaziello

& Pereira (2008), o esqueletamento é uma poda drástica.

Os tipos de poda indicados nesses casos são decote, esqueletamento;

esqueletamento em apenas um lado da planta em um ano de grande safra e

esqueletamento do outro lado, quando ocorrer novamente outra grande colheita

e, finalmente, recepa, em casos de danos severos causados por geadas ou

granizo.

Segundo Androciolli Filho (2005), o número de brotos a ser conduzidos

por planta deve ser tanto para lavoura com duas plantas por cova, ou para

lavoura com uma planta por cova (manter um broto por planta).

4.6. Podas em lavouras super adensadas

Em lavouras super adensadas, as podas são mais drásticas e aplicadas de

forma sistemática, independentemente da ocorrência da geadas. São lavouras

preparadas para receber podas, visto possuírem 8.000 a 12.000 plantas por

hectare, dependendo da variedade e da região, com o que se obtém rápida

recuperação da produtividade após as podas. Em populações de 5.000 plantas

por hectare, a recuperação da produtividade é lenta após a recepa, sendo

preferível, neste caso, optar pelo esqueletamento. Os tipos de podas utilizados

são o esqueletamento e a recepa. O sistemas de podas podem ser, poda por

talhão, tanto para recepa como para esqueletamento, poda por planta, no caso do

Page 26: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

26

esqueletamento e poda por linha alternadas . Nos sistemas superadensados,

deve-se manter sempre um broto por tronco em todos os casos (Androciolli,

2005). Plantios mais adensados, embora com altas produções, acabam por levar

a lavoura a um fechamento precoce, dificultando o manejo, a colheita e ainda

impossibilitam operações mecanizadas que possam auxiliar na redução dos

custos de produção. Essa dificuldade de se processar os tratos culturais com

intervenções mediante o uso de podas podem ser menizadas com o uso de podas

programadas, por tanto a poda devera ser considerada como mais um a atividade

de manejo da lavoura, lembrando que a produtividade e o retorno financeiro da

atividade também deverão ser assegurados (Thomaziello; Pereira, 2008). A

recepa é o tipo de poda mais adequado para sistemas de podas por linha na

lavouras superadensadas. Pode ser realizada em linhas alternadas ou no sistema

BF, em ciclos de três, quatro ou cinco anos.

4.6.1 Podas por linhas

Podem ser aplicadas em lavouras super adensadas. É um sistema usado

em pequena escala em alguns países cafeeiros, nos casos de falta de mão-de-

obra especializada e em grandes lavouras. Tem a desvantagem de poder ocorrer

a poda de plantas boas em uma linha que está sendo trabalhada, ficando sem

podar plantas que não produzirão no ano seguinte, por estar em linha não eleita

para ser podada.

4.7 Poda em lavouras afetadas por geadas

Segundo Androciolli Filho (2005), a poda deve ser utilizada para

recompor as plantas afetadas e em seguida devem ser feitas as desbrotas.

A condução da planta será influenciada pelo dano causado à planta.

(Guimarães, Mendes, e Theodoro, 2004), Guimarães et. al., (2004) concordam

quando recomendam a poda após a ocorrência de geadas ou chuvas de granizo, a

Page 27: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

27

poda se torna necessária para a recomposição das plantas afetadas, através das

podas e em seguida das desbrotas.

Os melhores resultados são obtidos quando a poda é realizada 60 a 120

dias após as geadas. A indicação é esperar as primeiras chuvas (agosto a

outubro), quando as plantas iniciam a brotação e dão indicação mais real do

dano e do ponto a ser cortado. Segundo Cunha et. al., (2008), o decote deve ser

utilizado em geadas de capote dos ponteiros. Já Thomaziello & Pereira (2008),

indicam o esqueletamento para lavouras atingidas por geada de capote.

Thomaziello (2005) indica que as geadas causam danos em frutos em diferentes

estágios de “verde”, chumbinho; chumbão; verde cana, mas não afeta frutos

maduros e secos.

Danos mais severos

Ocorre a morte dos ramos, das folhas e da maior parte do tronco.

Esqueletamento por Planta

Esta poda é realizada anualmente apenas nas plantas que não produzirão

satisfatoriamente no ano seguinte, em plantas com excesso de produção e nas

plantas com ramos laterais secos. É aplicada desde a primeira produção. O

cafezal fica com altura irregular. É um sistema adequado para as condições onde

ocorrem geadas com mais freqüência. É muito importante avaliar a intensidade

dos danos, para evitar cortar além do que a geada danificou. A brotação do

tronco e ramos é um bom indicador para identificar a parte sadia.

Independentemente dos danos sofridos pelos cafeeiros, deve-se colher o mais

rápido possível (lavouras com produção), para não perder qualidade do produto

e fazer a esparramação dos cordões (lavouras que receberam arruação antes da

colheita do cafeeiro. São causados por geadas que afetam todas as regiões

cafeeiras do Brasil, e têm freqüência aproximada de uma em cada 30 anos. A

Page 28: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

28

recepa é o tipo de poda predominante, tanto no sistema de poda por talhão como

em poda por linha.

Danos severos

Segundo Thomaziello (2006) e Androciolli Filho (2005), os cafeeiros

apresentam danos parciais ou totais nas folhas e ramos em diferentes

intensidades, dependendo da localização da lavoura na propriedade. Pode

ocorrer a morte de grande parte do tronco, nos caso de lavouras localizadas nas

baixadas ou de lavouras com plantas desfolhadas e com deficiências

nutricionais. A produção do ano seguinte é afetada parcialmente ou totalmente.

As geadas que ocasionam este tipo de dano ocorre com freqüência aproximada

de uma em cada seis anos. Para Androciolli (2005), pode haver casos que

dispensam a poda até situações que necessitam de um tipo de poda mais drástica,

como a recepa e aconselha os seguintes sistemas de podas: poda por planta e

poda por talhão. Porém Thomaziello (2006) ressalta que antes de se adotar

qualquer tipo de poda, é necessário analisar alguns aspectos como: o cultivar,

idade da lavoura, localização, áreas com incidência de nematóides e alto índice

de falhas nas lavouras.

Danos moderados

Para Androciolli Filho (2005), os cafeeiros que apresentam danos

superficiais na copa, com queima de folhas e de pontas de alguns ramos. Estes

podem ocorrer com mais freqüência em lavouras localizadas nas partes mais

baixas da propriedade. Geralmente , causa pouco efeito sobre a produção. Não

se deve podar, fazer apenas a desbrota, colhendo o café o mais rápido possível.

Page 29: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

29

Geada de canela

Para Thomaziello (2006) este tipo de geada pode ocorre em cafeeiros

sem saia e novos, devido a falta do escoamento do ar frio e ainda ao acumulo

intenso de ar frio entre a copa e o solo.

Segundo Androciolli Filho, (2005), a geada de canela ocorre em plantas

sem saia, geralmente lavouras com até três anos de idade. É causada pelo

resfriamento e movimentação descendente da camada de ar próxima à superfície

do solo. Quando essa massa de ar apresenta temperatura em torno de -2°c

provoca lesões e morte da casca do caule do cafeeiro, na parte em contato com a

massa de ar frio. Os danos da geada aparecem dois a três meses depois. As

folhas amarelecem e caem e os ramos secam. Ocorre um super brotamento em

todas as partes da planta. O tipo de poda indicado é a recepa, no sistema de poda

por planta ou da área afetada.

4.8 Poda nas lavouras afetadas por granizo

Dependendo da duração e intensidade da chuva de granizo e da

velocidade do vento, podem ocorrer danos apenas nas folhas e ramos ou danos

também no caule. Geralmente um dos lados da planta é mais afetado do que o

outro. Vários tipos de poda, dependendo da situação (esqueletamento;

esqueletamento no lado mais afetado; decote e recepa). Nos cafeeiros com dano

no tronco a melhor opção é a recepa. O sistema de poda é o de poda por planta.

Para Androciolli Filho (2005), o granizo provoca desfolha nas plantas, causando

o super brotamento e mesmo os cafeeiros com danos apenas nas folhas podem

apresentar grande quantidade de brotos. Foram realizados tratamentos com

recepas, com e sem eliminação de troncos, com e sem desbrota; palitamento e

decote, com e sem desbrota. As plantas decotadas a 1,50m, sem desbrota, foram

as que mais produziram. Parece haver um efeito estimulante do decote, em

relação aos cafeeiros geados e não podados. A parcela decotada, com eliminação

da brotação do ponteiro também deu alta produção. Tipos de podas para

Page 30: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

30

recuperação de cafezal adulto atingido por “Geada de queima parcial". (Kaiser,

p.157, 1975).

4.9 Podas em plantas depauperadas

Para Androciolli Filho (2005), são lavouras que apresentam plantas com

deficiências nutricionais acentuadas, terço superior do tronco sem ramos laterais,

"Pescoço de galinha" e às vezes com quantidade de brotos acima do padrão para

o espaçamento adotado. Esse tipo de lavouras responde muito pouco à poda. É o

caso, por exemplo, de lavouras afetadas por nematóides. Devem ser apenas

desbrotas e adubada adequadamente.

Guimarães et. al., (2003) contradiz e ressalta que a poda nesta

circunstância é essencial porque elimina as partes afetadas do cafeeiro e

recompõe as estruturas das plantas. Já os produtores utilizam a poda na tentativa

de resolver o problema de depauperamento sendo que após a mesma o cafeeiro

rejuvenesce a sua copa mediante o desenvolvimento de novos ramos. Cunha et.

al., (1999) mostraram que mesmo em cafeeiros depauperados, deve-se optar pela

poda no período da chuva. Na falta de resultados mais conclusivos o cafeicultor

normalmente poda seu cafezal logo após uma grande safra.

Também o descuido ou falta de recursos financeiros para as adubações

e/ou tratos culturais levam as lavouras ao depauperamento, que só é reversível

através da adoção de podas que vão recompor a planta. A idade da cultura do

cafeeiro pode conduzir a uma curva descendente de produção, pela dificuldade

de produção de ramos novos. A altura das plantas, dependendo do cultivar

utilizado, pode exigir podas precocemente devido à morte descendente de planta

e dificuldade de colheitas (Guimarães, Mendes & Theodoro, 2004).

Page 31: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

31

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos realizados por meio da revisão de literatura demonstram que

a poda é eficiente quando a lavoura se encontra com baixa produção, com

problemas de fechamento com perdas dos ramos plagiotropicos inferiores,

excesso de hastes, esgotamento de plantas por alta produtividade entre outros.

Na discussão constatou-se que a poda em cafeeiros proporciona maiores

produções e menores custos de produção. Em lavouras adensadas a poda é

essencial.

Em relação à época da poda, os dados da literatura relatam que a poda

deve ser realizada após a colheita, mas como a poda requer cuidados especiais,

torna-se essencial a análise técnica da lavoura antes de realizá-la.

O esqueletamento é indicado para lavouras adensadas e super adensadas.

Os cafeeiros esqueletados recompõem mais rapidamente a copa e são

menos afetados pelas geadas moderadas do que os cafeeiros recepados. Este

tipo de poda também é indicado para lavouras mais velhas, plantadas em livre

crescimento, mas que se encontram em vias de fechamento, com plagiotrópicos

longos e pouco produtivos.

A tendência é que os sistemas de condução com podas mais drásticas,

como a recepa e o esqueletamento superem os demais em função do

“fechamento” natural da lavoura.

Os pesquisadores observaram que existe uma tendência à menor

produção quanto mais tarde se realiza a poda.

Para Androciolli Filho (2005), as lavouras que apresentam plantas com

deficiências nutricionais acentuadas, terço superior do tronco sem ramos laterais,

"Pescoço de galinha" e às vezes com quantidade de brotos acima do padrão para

o espaçamento adotado respondem muito pouco à poda. É o caso, por exemplo,

de lavouras afetadas por nematóides que devem ser aplicados apenas desbrotas e

adubada adequadamente. Já Guimarães et. al., (2003) ressalta que a poda nesta

Page 32: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

32

circunstância é essencial porque elimina as partes afetadas do cafeeiro e

recompõe as estruturas das plantas.

Na condução de um cafezal, a poda, utilizada de forma adequada e

racional, é uma prática cultural como a adubação, tratamento fitossanitário bem

como o manejo do mato. É uma ferramenta para a condução quanto à renovação

de lavouras e correção de problemas a partir do momento em que se realiza uma

análise minuciosa da lavoura cafeeira em questão. Existe uma poda específica

para cada problema existente no cafezal.

As pesquisas realizadas apresentam dados controversos sobre o manejo,

principalmente quando se trata da época da poda e de suas variações. Assim de

acordo com os autores, para conseguir resultados significativos tanto na

facilidade de manejo como na garantia de produtividade, é de grande

importância levar em consideração a época da formação, a produção das plantas,

como também a área a ser podada, os espaçamentos na lavoura, as condições

fisiológicas da planta no momento da poda e os instrumentos utilizados para

cada tipo de poda., pois esses fatores influenciam diretamente nos resultados.

As podas deverão ser recomendadas em lavouras adensadas, para evitar

o fechamento do cafezal, em plantas depauperadas e para atenuar o problema da

bienalidade da safra cafeeira.

Os estudos em cafeeiros são comprovados à longo prazo e são

respeitadas as particularidades de cada lavoura cafeeira. As pesquisas relativas

às podas têm demonstrado capacidade de sanar os problemas do cafeeiro, assim

melhorando o manejo e aumentando a produtividade da lavoura cafeeira

brasileira.

A poda é uma técnica bastante empregada na cafeicultura e é

imprescindível que se faça algumas observações como particularidade de cada

propriedade, talhão, gleba, numero de plantas por hectare, total de numero de

covas, chegando até mesmo ser observado em nível de planta. Também

Page 33: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

33

ferramentas, nível tecnológico do produtor e até mesmo a cultura e tradição da

região deverão ser observados no momento da decisão.

Page 34: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

34

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDROCIOLLI, FILHO, A. Poda do cafeeiro, 2005, 6p. disponível em: <http://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?tipo=ler&mat=3649> Acesso em: 14 agosto 2010.

COMPANHIA BRASILEIRA DE ABASTECIMENTO. Divulgação da previsão de safra de café 2010-2011. Brasília, 2010. 15 p. CARVALHO, V.D.; CHALFOUN, S.M. Aspectos qualitativos do café. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.11, n.126, p.79-92, 1985. PEREIRA, s. p.; CUNHA, R. L. Caracterização fenológica e reprodutiva de cafeeiros em diversos espancamentos, antes e após a poda. 2004. 105 p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2004. CUNHA, R. L. da. MENDES, A.N.G. GUIMARÃES, R.J. & CARVALHO, J. Efeito da época, altura de poda e adubação foliar na recuperação de cafeeiros (Coffea arabica L.) depauperados. Ciência e Agrotecnologia. 1999, 23:222-6. CUNHA, R. L. Poda do cafeeiro: índices e coeficientes técnicos, in Circular técnica EPAMIG, n.41, 2008, 5p. CUNHA, R. L. Poda do cafeeiro: índices e coeficientes técnicos. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.29, n.247, p.64-73, Nov./Dez. 2008. LIVRAMENTO, D. E. et., al. . Influência da produção nos níveis de carboidratos e recuperação de cafeeiros após a recepagem. Revista Ceres, 50(292), 737-732, 2003, p.737739. FAGUNDES, A.V.; GARCIA, A.W.R.; REIS, R.P. Determinação da melhor época de esqueletamento em lavouras de café. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 33. 2007, Lavras. Trabalhos apresentados... Rio de Janeiro: MAPA/PROCAFÉ, 2007. p.17-18.

Page 35: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

35

FERNANDES, André Luís Teixeira. Irrigação na cultura do café / André Luís Teixeira Fernandes, Roberto Santinato, Durval Rocha Fernandes – 2 Ed. rev. ampl. Uberaba, 2008. { XE "Irrigação na cultura do café / André Luís Teixeira Fernandes, Roberto Santinato, Durval Rocha Fernandes – 2 Ed. rev. ampl. Uberaba, 2008." } 476 p.: Il{ XE "476 p. : Il" } FUNCAFE – Relatorio de Atividades 2009 - http://www.agricultura.gov.br/images/MAPA/arquivos_portal/FUNCAFE2009_F4.pdf GONÇALVES, J.C. Fechamento e poda dos cafezais. Campinas: CATI, 1970. 30p. GUIMARÃES et. al., p.739, 2003 GUIMARÃES, R.J. Análise do crescimento e da quantificação de nutrientes em mudas de cafeeiro (Coffea arabica L.) durante seus estádios de desenvolvimento em substrato padrão. Lavras: UFLA, 1994. 113p. (Dissertação de mestrado em Agronomia). GUIMARÃES, R. J.; MENDES, A. N. G. Manejo da lavoura cafeeira, Lavras: UFLA/FAEPE, 1997. 49p. Curso de Especialização “Lato Sensu” por Tutoria à Distância – Cafeicultura Empresarial: Produtividade e Qualidade. GUIMARÃES, R. J.; MENDES, A. N. G.; SOUZA, C. A. S. Culturas intercalares. In: Cafeicultura. Lavras: UFLA/FAEPE, 2002. p. 247-257. GUIMARÃES, R.J.; MENDES, A.N.G.; THEODORO, V.C.A. Manejo da lavoura cafeeira. Lavras: UFLA/FAEPE, 2004, 49p. GUIMARÃES, R. J.; ALVARENGA G.; VALLONE H. S.; OLIVEIRA S. de Épocas de Podas e Decote Herbáceo em Lavouras Cafeeiras Adensadas. IN: III Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, 2008. GUIMARÃES, R.J. et al., Manejo da lavoura cafeeira, podas, arborização, culturas intercalares.Lavras: UFLA/FAEPE, p.19, 2009. KAISER, AA. P G.. Tipos de Podas para recuperação de cafezal adulto atingido por "Geada de queima parcial", p.157, 1975.

Page 36: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

36

MARQUES DA SILVA, M.T. Podas do cafeeiro, Muzambinho, 2009, p.13opcit THOMAZIELO & PEREIRA, 2008). MATIELLO, J.B. O café do cultivo ao consumo. São Paulo: Globo, 1991. 320p. MATIELLO, J.B. Sistemas de produção na cafeicultura moderna. Rio de Janeiro: koogan, 1995, 102p. MATIELLO, J.B et al. Cultura de café no Brasil. Novo manual de recomendações, Rio de Janeiro: Procafé, 2002. 387p. OLIVEIRA, E. G..; COSTA, T.E. Manual de podas do cafeeiro. Belo Horizonte: Bayer cropcience, 2002. OLIVEIRA S. de; VALLONE H. S.; GUIMARÃES, R. J.; ALVARENGA G.; BARBOSA C. M. Efeito de diferentes intensidades de decote e desponte na produção de cafeeiros adensados. IN: III Simpósio de Pesquisa cafeeira do Sul de Minas, Brasil, 2002. RENA, A.B. e MAESTRI, M. Fisiologia do cafeeiro. In: SIMPÓSIO SOBRE FATORES QUE AFETAM A PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO, Poços de Caldas, 1986. Anais...Piracicaba: POTAFÓS,1986. P.13-85. RENA, A.B.; NACIF, A.P.; GUIMARÃES, P.T.G.; PEREIRA, A.A. Fisiologia do cafeeiro em plantios adensados. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE CAFÉ ADENSADO, 1., 1994, Londrina. Anais... Londrina: IAPAR, 1994. p.71-85. THOMAZIELLO, E. A.; OLIVEIRA, E. G.;TOLEDO FILHO, J.A.; COSTA,T. E. Cultura do café. Campinas: CATI, 1998. 57 p. (Boletim técnico, 193). THOMAZIELLO, R.A. Como caracterizar os efeitos da geada no cafeeiro. Disponível em: http://www.megaagro.com.br/cafe/art_como_carct_efeit_geada_cafeei.asp?banner=entermaq. Acesso em 30/07/2010.

Page 37: PODAS EM LAVOURAS CAFEEIRAS - emater.mg.gov.bremater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/conhec_tecnico/monografia... · 3 DEDICO A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para

37

THOMAZIELLO, R.A. Como caracterizar os efeitos da geada no cafeeiro. In: http:/WWW.megaagro.com.br/café/art_como_carct_efeit_geada_cafeei.asp?banner=ent… KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de Metodologia Científica: Teoria da Ciência e Iniciação à Pesquisa. 23 ed. Petrópolis: Vozes, 2006. THOMAZIELLO, R.A.; PEREIRA, S.P. Poda e condução do cafeeiro arábica. Campinas: IAC, 2008. 39p. TOLEDO FILHO, J.A. et al. Poda e condução do cafeeiro. Boletim Técnico - 238. Campinas: CATI, 2000, 35p. VALLONE, Barbosa et. al. Efeito de podas em diferentes épocas em lavouras cafeeiras adensadas. in: Anais do III Simpósio de Pesquisa Cafeeira do Sul de Minas Gerais, 2002.