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Jeannette Lozano Clariond

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Jeannette Lozano Clariond

Poemas de JeannetteLozano Clariond

Tradução deReynaldo Valinho Alvarez

Poeta e tradutora. Dedicou grande parte de seu exercício profis-sional ao estudo do pensamento e da religião no México antigo.

Realizou palestras e leituras em diversos centros de estudo e ensinosuperior, como a Universidade de Murcia, Espanha, e a St. JohnsUniversity de New York. Seus artigos, poemas e traduções têm sidopublicados em jornais como El País, o ABC, Reforma, El Norte, DallasNews, San Antonio News e o Diario de Chihuahua, entre outros, e tambémem revistas literárias como Letras Libres, Cuadernos Hispanoamericanos, Re-vista de la Universidad Autónoma de Nuevo León, Movimiento Actual y La Tempes-tad, entre outras. Fez parte do Consejo para la Cultura y las Artes deNuevo León, do Centro Cultural Alfa, do Consejo del Museo deMina Nuevo León, e do Consejo del Museo de Historia Mexicana.Durante 15 anos, foi revisora da Revista Movimiento Actual e, atualmente,faz parte do conselho da revista Animal Sospechoso y la Tempestad. Há doisanos, exerce a direção da editora Vaso Roto. Além de ganhar váriosprêmios importantes, teve parte de sua obra traduzida para o inglês, ofrancês, o romeno, o italiano e o árabe.

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Publicou 38 livrosde poesia, ficção,ensaio e literaturainfanto-juvenil.Participou denumerosas antologias.Traduzido para osueco, o italiano, ofrancês, o espanhol,o galego, o persa,o corso e omacedônio, foipremiado no Brasil,em Portugal, naItália e no México,além de editado emPortugal, na Suécia,na Itália, no Canadáe na Espanha. O livroDiáspora ou Aprendiz deGalego reúne 30sonetos escritos emgalego e traduzidospara o português peloautor. El Último Diacontém os seuspoemas em espanhol.

Poes ia Estrange ira

Primeiro esboço de sede

– Tenho sede.– Fala-me de tua sede.– Não vês que minha língua está seca?– Não quero que bebas água.– Minha sede está em minha voz.– Não recorras ao papel, usa tua memória.– Necessito que me escutes.– Eu te escuto.– Só os mortos escutam.– E eu?– Tu não me podes entender.– Quero que me fales e que não bebas água.– Falas do meu deserto?– Falo do que vês.– Deserto e sede. Meus lábios estão secos, sinto uma fina película

[branca no céu da boca.– Fala-me disso: da tua sede de carícias, de ternura...– Já o disse no poema.– Podes deixá-lo comigo?– Não, queria ler-te o que escrevi no impulso.– Tu o trazes amanhã?– Amanhã serei outra.

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Poemas de Jeannette Lozano Clariond

Primer esbozo de sed

– Tengo sed.– Háblame de tu sed.– ¿No ves que está seca mi lengua?– No quiero que bebas del agua.– Mi sed está en mi voz.– No vayas al papel, usa tu memoria.– Necesito que me escuches.– Te escucho.– Sólo los muertos escuchan.– ¿Y yo?– Tú no me puedes entender.– Quiero que me hables y que no bebas del agua.– ¿Hablas de mi desierto?– Hablo de lo que ves.– Desierto y sed. Mis labios están secos, siento una fina tela blanca

[en el techo de mi paladar.– Háblame de eso: de tu sed de caricias, de ternura…– Lo dije en el poema.– ¿Me lo puedes dejar?– No, quería leerte lo que escribí en el vuelo.– ¿Lo traes mañana?– Mañana seré otra.

A casa

A casa, esse lugar incerto. A meninasem lâmpada, brancaa origem, arde em silêncioa revelação.Toda origem é branca,a composiçãoda forma, caladaa névoa, a árvore. A meninacalada, o que é alto, o queé ar. Toda origemé branca, o acaso. Caladaa névoa, cujamúsica é silêncio, sílabasdispersas.

Mina 1004

Arder, eu vi minha avó arder.Agosto. Chihuahua, 1963. Ela ardeupor fora e por dentro, ardeu na rua Mina 1004.Vi meu pai envolvê-la num lençol, o colchão ardia:as cortinas, o tapete, seu vestidoenegreceram. Ele tudo guardou.“Não façam ruído, sua mãe está cansada”.Vi-o sair de luto nessa tarde de agosto com sua gravata preta.Guardou-a. Cinza e pranto ele guardou.

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Poemas de Jeannette Lozano Clariond

La Casa

La casa, ese sitio incierto. La niñasin lámpara, blancoel origen, arde en silenciola revelación.Todo origen es blanco,la composiciónde la forma, calladala niebla, el árbol. La niñacallada, lo alto, loaire. Todo origenes blanco, el azar. Calladala niebla, cuyamúsica es silencio, sílabasdispersas.

Mina 1004

Arder, yo vi a mi abuela arder.Agosto. Chihuahua, 1963. Ella ardió,su fuera y su dentro, ardió en la calle Mina 1004.Vi a mi padre envolverla en una sábana, el colchón ardía;las cortinas, la alfombra, su vestidoennegrecieron. Todo lo recogió.“No hagan ruido, su madre está cansada”.Lo vi salir de luto esa tarde de agosto con su corbata negra.La recogió. Ceniza y llanto recogió.

O fumo da avó no saguão, as tiassorvendo, ásperos, os grumos do café.

Era preciso desfazer a escuridão que doía,dissolver o sal, o pranto, abraçar-se,sufocar o tremor da viagem, escutarPaul Anka, por exemplo, na falta de firmeza,riscar o disco de 45 rotações por minuto.

Por instantes vivia, por instantestudo foi púrpura: a mulher, ocansaço, as copas dos álamos. Depoiso vidro, o vidro no cedro,o rosto queimado pela fumaça.

Também minha mãe ardeu. Em lágrimas, seu sorriso apagado:“Ajeita-me o cabelo, me disse, deixa-me sairpara ver se a roupa já está seca”.

Tive medo. De que seus passos lentos não voltassem, da limpidezda folha, do corroer silencioso,do peso ressecado da hera, já sem muro, dafloreira na cozinha, sem flores. Tive medo desse aposento cego com sua morte.De mim mesma e do infiltrar-se do ventoque levava consigo a poeira dos sicômoros.

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Poemas de Jeannette Lozano Clariond

El humo de la abuela en el zaguán, las tíassorbiendo, ásperos, los grumos del café.

Había que borrar lo oscuro que dolía,disolver la sal, el llanto, abrazarse,sofocar el temblor del viaje, escuchara Paul Anka, por ejemplo, a falta de pulso,rayar el disco de 45 revoluciones por minuto.

Por instantes vivía, por instantestodo fue púrpura: la mujer, elcansancio, las frondas de los álamos. Despuésel vidrio, el vidrio en el cedro,el rostro quemado bajo el humo.

También mi madre ardió. En lágrimas su sonrisa apagada:“Arréglame el pelo, me dijo, déjame salira ver si ya está seca la ropa”.

Tuve miedo. De que sus pasos lentos no volvieran, de la tersurade la hoja, del sigiloso carcomer,del reseco peso de la hiedra, ya sin muro, delflorero en la cocina, sin flores. De ese cuarto ciego con su muerte tuve miedo.De mí misma y el filtrarse del vientoque se llevaba el polvo de los sicomoros.

Tempo da água

Submerges teu corpo no brilhopressagiando o que a areia tem escrito para ti.

Na dor a brisa resume o destino.

Melhor deixar-se arrastar, a água nunca se engana.Escutarás um estranho resplendor, o incêndio e seu tombar de ramos.

Brilho cinzelado na gota, isso é a eternidade,reflexo de uma esferaonde não cabe o pensamento.

Uma fibra é o universo inteiro.

Contra o vidro de teu carro a mesma gota procuras desfazer com o parabrisaenquanto diriges para o lugar indicado.Porém o cristal guarda uma distância, e não a alcanças.

Três horas e o frio não consegue arrancá-la de seu lugar.Treme, permanece. Tempo da água que a velocidade não muda.

No mar suspensa fica.

Como um diamante o olhar da água imprime seu brilho na pedra. Água,água arrebatada pela água, água, apenas água.

Aeroporto Romênia15 de julho de 2006

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Poemas de Jeannette Lozano Clariond

Tiempo del agua

Sumerges tu cuerpo en el brillopresagiando lo que la arena tiene escrito para ti.

En el dolor la brisa cifra el destino.

Mejor dejarse arrastrar, el agua nunca se equivoca.Escucharás un extraño resplandor, el incendio y su desplome de ramas.

Brillo cincelado en la gota, eso es la eternidad,reflejo de una esferadonde no cabe el pensamiento.

Una brizna es el universo entero.

Contra el vidrio de tu coche la misma gota buscas borrar con el parabrisasmientras conduces al sitio asignado.Pero el cristal guarda una distancia, y no la alcanzas.

Tres horas y el frío no logra arrancarla de su sitio.Tiembla, permanece. Tiempo del agua que la velocidad no cambia.

En la mar suspensa queda.

Como un diamante la mirada del agua sella su brillo en la piedra. Agua,agua arrebatada por el agua, agua, agua sin más.

Aeropuerto RumaniaJulio 15 / 2006

Minha irmã

Passava as horas recostada no sofá, elaera chuva e cascata do beiral.Aumentava o volume para não ouvir os passosfatigados no corredor.

Ela sabia correr e encher de ar seus pulmões,afundar-se quatro metros sob a águaaté obter importantes troféus de bronze.

Alguma vez pensei quanto é perigoso prender por longos minutos a respiração,cheguei a crer que ela desapareceria para sempre.Vivia a ilusão do não regresso: sumir-se por debaixo do nível,alguns centímetros mais abaixo do nível. Ninguém se sente bem exposto

[sempre à intempérie.

Para permanecer é necessária a descida.

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Poemas de Jeannette Lozano Clariond

Mi hermana

Pasaba las horas recostada en el sofá, ellaera lluvia y cascada del alero.Subía el volumen para no oír los pasosfatigados en el pasillo.

Ella sabía correr y llenar de aire sus pulmones,hundirse cuatro metros bajo el aguahasta obtener altos trofeos de bronce.

Alguna vez pensé lo peligroso que es detener largos minutos el aliento,llegué a creer que desaparecería para siempre.Vivía la ilusión del no regreso: sumirse por debajo del nivel,unos centímetros más abajo del nivel. Nadie se siente bien a la intemperie

[siempre.

Para permanecer es necesario el descenso.

Linden 197

O mar está só, como nós os nascidos na água.Nele se afunda a noite sob a lua crescente– sua poeira em nossos rostos.

A primavera é a estação da morte.Inscrevemos o epitáfio, nossos nomes no altopara fazer crer aos desnudos céus que ao menos uma sábia palavraresvalou de nossas bocas apertadas, junto a umas quantas flores.

Vimos para desfolhar, não para contar pulsações.

Enredados os cabelos,maltratados nossos corposregressam à voraz melancolia.

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Poemas de Jeannette Lozano Clariond

Linden 197

El mar está solo, como nosotros los nacidos en el agua.En él se hunde la noche bajo la luna creciente– su polvo en nuestros rostros.

La primavera es la estación de la muerte.Inscribimos el epitafio, en alto nuestros nombrespara hacer creer a los desnudos cielos que al menos una sabia palabraresbaló de nuestras bocas angostas, junto a unas cuantas flores.

Venimos a deshojar, no a contar latidos.

Enredados los cabellos,maltrechos nuestros cuerposregresan a la voraz melancolía.

Derramada luz

Pensa tuas emoções, me dissse, faz um diálogo com os personagensinteriores que criaste ao longo da vida.

De imediato, vi o camelo, um homem caminhava diante dele, e o sol,vi um sol

numa paisagem de cegueira em distância: derramada luz.Dize-me, eu lhe disse, dize-me onde estão. Encolheu-se em sua poltronae calou. O sol desfez a crista. Não havia vozes. Só um canto distantede minarete. O brilho do peitoril me recorda quem sou:a noite, a forma das sombras. Firmo a vista em canteiros sem água,procuro ver tudo e o olhar alcança frágeis manchas em muros

de adobe.Inflam-se os pulmões, há a imagem fazendo aparecer

o interior de um bosque,secreto, vertical, seguro.

Deserto de Chihuahua1996

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Poemas de Jeannette Lozano Clariond

Desparramada luz

Piensa tus emociones, me dijo, haz un diálogo con los personajesinteriores que has creado a lo largo de tu vida.

De pronto vi el camello, un hombre caminaba delante de él, y el sol,vi un sol

en un paisaje de ceguera en lejanía: desparramada luz.Dime, le dije, dime en dónde están. Se incorporó en su sillay calló. El sol desvaneció la cresta. No había voces. Sólo un canto lejanode minarete. El brillo del alféizar me recuerda quién soy:la noche, la forma de las sombras. Fijo mi vista en arriates sin agua,busco verlo todo y la mirada alcanza frágiles manchas en muros

de adobe.Se hinchan los pulmones, hay la imagen haciendo suceder

el interior de un bosquesigiloso, vertical, seguro.

Desierto de Chihuahua1996

A Tia Jeannete

Ela lia a xícara de cafée dava o dinheiro para os cegos.O resplendor da janelaatravessava sua escassa cabeleiraaté alcançar a demi-tasse que sua mão sustinha.

“Vejo tormenta”, disse um dia.Não soube se falava de mim.

Minha mãe encerrava nos livros sua dor. E Jeannette,que trazia no nome sua sina, preferia a leitura do café.

A cada tarde em sua casa a fila de mentes desesperadas:ora uma viagem, ora a amante, ora a morte,um encontro, qualquer coisaque tornasse extraordinária sua vida simples.

Ela, Jeannette, era a essência imperfeita do amor,cega entre cegos velava a tormenta.

“Escreve tudo”, eu lhe disse, “escreve tudo o que vês.”Nunca me escutou, ausente,sob o véu da lua.

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Poemas de Jeannette Lozano Clariond

La tía Jeannette

Ella leía la taza del caféy el dinero lo daba a los ciegos.El resplandor de la ventanaatravesaba su escasa cabellerahasta alcanzar la demi-tasse que sostenía su mano.

“Veo tormenta”, dijo un día.No supe si hablaba de mí.

Mi madre en los libros encerraba su dolor. Y Jeannette,que llevaba en el nombre su sino, prefería la lectura del café.

Tarde a tarde en su casa la fila de mentes desesperadas:que un viaje, que la amante, que la muerte,un encuentro, cualquier cosaque volviera extraordinaria su vida simple.

Ella, Jeannette, era la esencia imperfecta del amor,ciega entre ciegos velaba la tormenta.

“Escríbelo todo”, le dije, “escribe todo lo que ves.”Nunca me escuchó, ausente,bajo el humo de la luna.

Epílogo

IÁgua. Água sem luz à sombra da luz. Água crescendo do fundo.Borbotões manam sob a ponte.Os pilares suportam a calamidade. Logo do remanso o fluirdos reflexos no rio.Falas da primeira voz, e não a escutas.O rio deixa seu rastro dolentee avança.Caminhas pela margem e observas o coro dos pássaros,o brilho dourado sobre as pedras.Paras diante do cristal.Um pequeno inseto de quartzo te recorda que existe um destino.Perguntas a data, anotas o dia no papel,sais da tenda e segues o curso do rio.

IIPensativa, frente a um jarro de cerveja, chegam acordes de Mahler.Perto é a a música e, no entanto, se desvanece em teus ombros a história.Não, ele não chorou. A vontade tem seu limite.O látego, a castração do boi, o barrido do elefantee sua anca de chumbo.

IIITomas um gole e a espumase desfaz em teus lábios.Olhar o rio sob a ponte te consola,o óxido nas efígies dos reis,a corrente desbotando as pilastras de pedras trabalhadas.

Cai o sol e mancha o ourodas telhas.

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Poemas de Jeannette Lozano Clariond

Epílogo

IAgua. Agua sin luz a la sombra de la luz. Agua creciendo desde el fondo.Borbotones manan bajo el puente.Las pilastras toleran la calamidad. Luego del remanso el fluirde los reflejos en el río.Hablas de la primera voz, y no la escuchas.El río deja su estela dolientey avanza.Caminas la orilla y observas el coro de los pájaros,el brillo dorado sobre las piedras.Te detienes frente al cristal.Un pequeño insecto de cuarzo te recuerda que existe un destino.Preguntas la fecha, anotas el día sobre el papel,sales de la tienda y sigues el curso del agua.

IIPensativa, frente a una jarra de cerveza, llegan acordes de Mahler.Casi es la música, y sin embargo, se desvanece en tus hombros la historia.No, él no lloró. La voluntad tiene su límite.El látigo, la castración del buey, el barritar del elefantey su grupa de plomo.

IIIDas un sorbo y la espumarevienta en tus labios.Mirar el río bajo el puente te consuela,el óxido en las efigies de los reyes,la corriente deslavando las pilastras de sillar.

Cae el sol y mancha el orode las tejas.

IVTu te encaminhas para o hotel e levas ainda o amargo sabor do malte.Oferecem-te florins por dólares, olhas as vitrinas repletas de antiqualhas,os ícones contra a parede, os móveis de madeiras de Flandres,os entalhes inscrustados de pérola.

VAh, se apenas pudesses encher tua casa de belas coisas de outras épocas, repetiras palavras do proprietário:“Isto pertenceu ao arquiduque e seu neto...”,simular uma história que armas tal como o poeta o quebra-cabeça,contar uma e outra vez o desabamento da casa queimada,o colchão ardendo, a tia cega gritando do saguão... Não, ninguém te acreditaria.Em poesia a história é calúnia. As coisas da estirpe se calam.São outros os momentos da água.

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Poemas de Jeannette Lozano Clariond

IVTe encaminas al hotel y llevas aún el amargo sabor de la malta.Te ofrecen florines por dólares, miras las vitrinas repletas de antiguallas,los íconos contra la pared, los muebles de maderas de Flandes,las tallas de perla incrustada.

VAh, si sólo pudieras llenar tu casa de bellas cosas de otras épocas, repetirlas palabras del propietario:“Esto perteneció al archiduque y a su nieto…”,simular una historia que armas como el poeta el rompecabezas,contar una y otra vez el derrumbe de la casa quemada,el colchón ardiendo, la tía ciega gritando desde el zaguán… No, nadie te creería.En poesía la historia es calumnia. Las cosas de la estirpe se callan.Son otros los momentos del agua.