POEMAS EM RECOLHIMENTO

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Teca Farias Teca Farias Poemas em recolhimento

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Livro de poesias de autoria de Teca Farias

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Teca FariasTeca Farias

Poemasem recolhimento

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TECA DESENCANADA

Maristela Farias

Tenho dito que vou juntar todos os fragmentos que estão espalhados por

aí e juntá-los. Nós não nos conhecemos ou, nos enxergamos pouco e Teca

é poeta e das boas! e é muito justo que seus irmãos, filhos, sobrinhos,

netos e afins a conheçam. Tem muito mais que vamos descobrir à medida

que eu for descobrindo os inúmeros talentos dessa jovem e charmosa

senhora. Acho que ela nem sabe que estas poesias estão comigo em

papel, mas que agora, tão logo publique suas poesias, vou devolve-los,

porque é no mundo virtual que elas ficarão para sempre porque esta é a

nossa família!

A Teca é uma pessoa extremamente ¨ocupada¨ e ela se determina

momentos de sociabilidade e de solidão, o que é uma contradição porque

ao mesmo tempo em que parece ser decidida, resistente, teimosa, tenaz,

sábia e intuitiva intimamente é uma pessoa sensível, gosta de arte,

música, literatura, sobretudo de artes dramáticas, tendo um talento

literário/ artístico imenso.

Ela se encanta em ser extrovertida, mas por outro lado tem tendência a

retrair-se e não é à toa, que quando concilia estas duas qualidades é capaz

de influenciar uma corrente muito jovem com suas ideias.

Teca, é curiosa e jovial, alegre e comunicativa, leve e desencanada, tem

um andar engraçadíssimo, fala com as mãos, faz muitas coisas ao mesmo

tempo e parece estar de bem com todos, mas na verdade não está nem aí

com ninguém. É meio moleca, não segue a moda, está sempre na moda e

tem várias formas de ser. Com seu espírito eternamente jovem, vai custar

a envelhecer né gata? Que bom que o tempo não passa prá você que vai

envelhecer de óculos de grau olhando o mundo prá ver como está lá fora.

Você conhece a história do Peter Pan?

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Poemas em recolhimento...

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BREVE ESTÓRIA DA MENINA FUJONA

A menina dizia: se der meia noite, não vou.

Vai ficar tarde e as estrelas nem vão clarear o caminho.

Pode um bicho qualquer aparecer.

Desses que atacam com gritaria. Todo mundo vai saber que estou acordada

e pegando a bolsa para fugir.

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OUTRA ESTÓRIA DA LUA

Quando olhei de manhã

nem me lembro que ela havia

Muito menos de tarde,

perto do meio dia em ponto.

O tempo passou, passou

e no escuro, ela,

engraçada, deu adeus.

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CAMINHADA

Perambulando na areia da praia, os buscadores de saúde seguem um caminho.

No cimento, na água, na areia, cada um passeia sua ampla gordura, quando não, o colesterol bronzeia.

Gente engraçada, essa!

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MENORES

Respingando suor e espuma, o menino limpou a sujeira do carro

o párabrisa ficou lustroso e o menino saiu correndo

com dez centavos no bolso ele deu nitidez visual o homem nem ligou

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OS GATOS

Os gatos, As gatas,

Os filhotes. Que todos jogam nas

portas das igrejas

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VERSOS LIGEIROS

Porventura vida eu tenho. que possa ser revelada aos quatro cantos do mundo

E ter sua sanha exaltada? O que é ter tanta idade

num mundo tão caos assim? Vale a pena ser amado, conhecer tantas estradas

e não decidir aonde ir? Vai depressa, corre ligeiro,

que o vento balanceia (tão mal) Deixa estar que breve, breve

vai haver um vendaval! Vida é vento Não sabes?

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AUTISTA

Diego hoje chorou, chorou

No esperneio enrodilhado bebê, na mãe buscou mostrar sua paixão

Ainda tão bebê! Com sete anos mal balbucia

duas ou tres palavras dá.. dá,,, Principalmente esta,

enquanto com olhos turvos e branca pele, nem sabe que já nasceu

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FIM DE MÊS

Senhora, senhora, que senta na calçada enquanto espera o banco abrir.

São sete horas da manhã e a roupa da família já lavou.

Fez almoço, arrumou o quarto e varreu o quintal

Que engraçado, senhora! Por este serviço nada recebes

mas o banco, este senhor, te faz esperar, sem ao menos te dar um bom dia!

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PONTE

Aquele escandaloso acidente do carro dentro do canal,

provocou tres mortes físicas e um imenso e negro vazio no coração de tres mães.

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VIDA NADA ENGRAÇADA

Patética gargalhava sem parar sorriam tristes da tragédia

que apresentavam. O palhaço perdeu a mulher, no acidente com a bicicleta

A moça trapezista, quebrou o braço num salto mortal

e o motoqueiro, belo rapaz, vendeu seu instrumento de ganhar o pão,

para comprar pão. Não é ironico?

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VELHOS

Poesia, é ver um senhor de chapéu, óculos, sapato e meia

Roupas limpas, arrumadas ao entardecer. Poesia, é ver uma senhora

de setenta anos mais ou menos, de mãos dadas com este homem.

Poesia é tentar advinhar se estão felizes. Poesia, é ve-los felizes e namorando.

um cuidando do outro, enquanto a cidade explode em calor e agonia.

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SOMBRAS

A Avenida Guararapes, o Correio, o Santo Albino, o Almare, de onde vejo o limpador de vidraças

escorregar tão facilmente. De onde vi a mulher branca

se espoucar, entregue. De onde vejo o menino trombadinha

roubar diàriamente o teu pulsar. Vives...

Fétida, urinada e sombria... Recebendo os meus passos que

retiram-se, a caminho

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BEIJO NO ASFALTO

Dispersos estão meus pensamentos. Palmeiras, pedras, estrelas, saguis.

Boca aberta em teu corpo; pele macia, pernas, bocejos,

água, onde flui o espírito e a transgressão não flutua.

Por que se pensar que o beijo foi no asfalto? Não houve beijo!

Só dois seres que se encontraram lá no alto

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CANÇÃO

É pois, um apaixonado que diz, porque o escuro não rejeita luz

e a luz dissolve o teu rubor. que de hoje em diante,

nas águas claras do meu fértil deserto é no imaginário desgastado e virulento,

que transgrido minha inocencia. Dou-te a mim mesma,

como presente de sangue e fogo. No queimor vivo desperto desses mil olhos

o que sombra e luz te devaneia. Espera, despertando entre os lagos de sal

a morte de um grande barqueiro. Que não digas o quanto te avisei

do temor que é amar. Paixão mais violenta, tão branca, que

explode em luz e destroi em lama aquilo que nem restou. Tu pensas que resplandeces do regaço, mas teus beijos não me fazem tremer.

Ouço gritos, medos, desastres e e estou viva. Não querias que viesse a imolação?

Provo que além de viva. resisto, luto contra a entrega. O desejo já não acalenta meus sonhos.

E, nada resta, além de te ver vermelho, pútrido. Se fedes, lava tua alma com

perfumes e gotas salpicadas de jasmins. Do teu pecado nunca serás e nem todo o jasmin do mundo

esconderá a tua carniça. Volta a me amar. Procura em mim teu apogeu novamente.

Não sei se me encontrarás falando sozinha, repito, o quanto temo o encontro.

muito embora a fetidez que já me invade possa desvanecer todos os meus sonhos.

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ARENA

Permitam que se declare guerra aos tiranos Permitam que afundem na tua genial violencia egoística.

E, por fim, permitam que sejam julgados, pela sua própria consciência.

Depois,assista no século 22, que os pobres, foram sacrificados aos leões.

Não aos pacatos animais, mas às famintas goelas diante de nossa presença que os abocanha

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RECOLHIMENTO

Não podes ir e ficar, enquanto à minha esquerda

tamborilo os dedos enfadados e tudo acontece acima de minha cabeça. Os pombos correm ao invés de voarem

e os pardais não calam obico desvairados com o anoitecer que chega

Quando chega o amanhecer, recomeçam seus gritos loucos. As joias antigas, com carmins.

provocam inveja de quem tem. Eu, por mim, prefiro recolher meus pés cansados

no sofá roto da minha solidão...

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NÁUSEA

Se sentes dor, por que tão tolo? Dorme, que o amanhã te cura.

Ah! acordar nauseado e mascarar o mal estar com uma bela coca-cola

Arrotar os tremores e ter uma úlcera, ao menos disfarça o mal estar da dor ( Variação de uma rima de Fernando)

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GEOGRAFIA

No sapé, bases florestais do verde papagaio

As esmeraldas entrelaçadas com as turmalinas envolvem meus dedos de aço,

como garrafas explícitas. É tarde, e eu compro prá matar os ratos.

Não deixo que destruam meus últimos coqueirais

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RIO

Na margem da margem do rio, rio

Em pavorosa espera, reduzo;

As curvas lá adiante, roçam os pêlos da margem, coçam

E no esperneio engraçado da água fria, cio

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PALAVRAS

Use especialmente as palavras, elas podem não revelar o que você sente. Mas o que você quer dizer muitas vezes,

amargo deboche ou tolas fantasias, pode ser que, brincando desabrochem.

Voce nunca esgota a fala pois tudo é pouco e às vezes, nada é

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ROÇA

Vejo campos, flores, mato, capim, uma casinha branca com telhado vermelho,

tal um carmin. Joelhos postos e magras mãos,

cicatrizes que levas, marcas deixam em teu rosto, no teu pelo, na tua alma que Adão desbotou tua crença na vida.

Sofres, mas nada podemos fazer. As vacas no pasto derramam seu leite em minhas mãos.

Falas e tua fala me fere a alma, lembro tuas e relaxo em teus braços.

É um chamado do coração, ao qual, sensível e entregue, abro-me à tua invasão e me entrego a este amor.

Nada me resta, a não ser o consolo da tua voz, embaixo do apego e do céu que divaga

e leva ao jardim do perdão...

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MADRUGADA

Poder chegar ao céu e não tocá-lo ar, asas, oxigenio que respiro puro e não vejo.

O anteceder e o presente do tempo de agora, vivo.

Despertar com a carne já morta, não direi, em decomposição, porque não fui perfeita luz.

Já não ouço o camto dos pardais às quatro e meia da manhã.

durmo tranquila, para que meus sonhos encontrem lugar em minha vida

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TELEVISÃO

Que fim levou o Robin? Por que a cidade agora não desperta?

Biscoito de morango que chorei ao ver na prateleira do supermercado

apenas antecede tua presença. Gosto, como gosto.

Sinto tua falta...

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INFINITO

Por que não despertar em pronta ligação com o infinito?

Não tece o infinito anseio do meu coração?

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ESCULTURA

Pedra - mármore branco, estúpido, roto,

mendigo, esfarrapado. Plástico - acrílico manso

face desarticulada qual cicatriz esfacelada. Ferro - metal liganado do qual cinzel modelar retira a alma do barro

e nele, rompe como carne dilacerada a vida que lhe quer presentear.

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PODER ESTAR

O sol aquece o domingo está aqui e está contigo, por isso vamos passear. Penso num lugar bonito, onde vamos conversar,

falar de nossos sonhos e projetos no verde do mato e no azul da água.

E, enquanto mitiga minha alegria, lembro que ser feliz é

poder estarmos juntos..

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VENENO

Veneno é para matar Mas será que é preciso veneno

para matar?

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SALÕES

Os sete salões, cujas ardentes borboletas batem em solo fértil

das memórias humanas. Envoltórios dos mais sombrios

ou das mais luzidias lembranças.

Atacam em lenta zombaria a desordem/ordem da sobrevivência.

Refletir, realçar as diferenças

e, em todos os sentidos não deixar que esmoreçam

os acompanhantes desta bizarra morte...

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PEDIDO

Eu quero um presente... Eu quero um abraço de presente

um abraço muito caro de presente... Ele deve valer pelo menos

um amor. Seu preço deve ser sincero

para que não possa me decepcionar. Como a criança que não ganha

presente de Natal ou no aniversário. Com certeza, eu garanto que

saberei lembrá-lo o resto dos meus dias provavelmente, se você me amar. Eu poderei encerra-lo no fundo do

meu coração e então, compartilharei com você

a minha verdade e todos os meus segredos...

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PRAIA

Céu lindo... estrelas, braços, pernas

entrelaçadas dentes...

Lua de prata metade iluminada outra, escura...

Escuridão e liuz trevas, clarão, náuseas e medo...

Que amor ousaste buscar na água deste mar insano? Tão e quanto desperdício no frio da noite em que buscaste

conforto de braços fortes na mente entorpecida. Bukowiskianamente complexos, reservados apenas

ao teu pensar não compartilhado, sozinho e na negritude de tua mente,

não és mais feliz que eu

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VIAGEM

Você voltou sinto-me feliz, embora não te vi ainda.

Penso em como seria bom, perdermos novamente os sapatos.

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AS CRIANÇAS (CHICO)

Tomar o teu tempo, gritar, descansar, dormir, acordar, felicidadear, vagabundar,

comer, almoçar, guaranear, gelar, esquentar, pintar, esquecer, aquecer,

esfriar, bibicletar,. Ô tênis do caralho!

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COMPLEXO

Navegar onde navegas, ondas do teu amor, onde sonhos moram.

E sem dormir, uma dama ela teu sono gostando do que vê.

Ela relaxa e cai no sonho tranquilo onde navegas

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FRANCISCO

Fizeste dez anos de alma, corpinho branco que tanto amo

cabelos encaracolados no uniforme escolar que teimas em usar sujinho.

Na rua não dispensas energia e em casa a energia dos teus micro sistemas

encadeiam centelhas de fogo. Tuas mãos me dizem tua infancia Teus olhos me falam teu amor.

Enquanto rezo a Deus sejas apenas Meu menino...

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ILUSÃO

Eu não conseguia vê-lo tão especial e diferente.

E, ao tocar em meu cetim, abocanha todo o meu corpo.

Você vem e eu não minto as estrelas ficam mais próximas eu vejo a lua e posso tocá-la...

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LOUCURA

Quando no caminho verde te encontrei sozinho, a tempestade já não tinha mais forças.

Viajei contigo até onde pude, e então amanheceu

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CRUELDADE

Se todo o poder corrompesse se tudo o que eu tivesse escrito

jamais chegasse aos seus ouvidos, não aceitaria em mim as marcas da paixão.

Da forma como voce fez!!!

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ARTE EFÊMERA

Pobres incertezas quando o mais certo seria não, não, não

Por que afligir-se diante do inevitável ou fingir que nada se sabe,

quando as circunstancias/instancias do meu ser

rebelam-se logo depois do Apocalipse? Raul Seixas? Morreu Elis Regina? Morreu

Elvis? Morreu Cazuza? Morreu

seres etéreos de nossa memória, já não palpita em vida

sua criação. deixaram para a morte

o romper de laços e das transfigurações. Já desorganizaram a ordem.

Já não existem: ar volatilizado que habitam no meu quintal...