Poemas sinfônicos - Danilo Nunes
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POEMAS SINFÔNICOS
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A presente edição é inspirada nos trabalhos desenvolvidos na América Latina através de Sereia Ca(n)tadora (São Vicente, Santos – Brasil), Dulcinéia Catadora (São Paulo – Brasil), Eloisa Cartonera (Argentina), Sarita Cartonera (Peru), YiYi-Jambo (Paraguai), Yerba Mala (Bolívia), Animita (Chile) e La Cartonera (México).
Edições Caiçaras é uma realização do Instituto Ocanoa, Projeto Canoa, Percutindo Mundos e Imaginário Coletivo de Arte
Capa feita a mão com material reciclado.
Contato:
13-34674387
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DANILO NUNES
POEMAS SINFÔNICOS
Edições Caiçaras
Ilha de São Vicente /SP
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Abril de 2013
© Danilo Nunes
Capa, projeto gráfico, diagramação e editoração:Márcio Barreto
Conselho Editorial:Flávio Viegas AmoreiraMarcelo Ariel
Nunes, Danilo
Poemas Sinfônicos / Danilo Nunes – São Vicente: Edições Caiçaras, 2013.74p. 1.Poesia brasileira I. TítuloImpresso no Brasil
2013Edições Caiçaras
Rua Benedito Calixto, 139 / 71 – CentroSão Vicente - SP - 11320-070
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13-34674387 / 13-91746212Agradecimentos
Agradeço à Maria Raquel Barros minha adorada mãe e ao meu querido irmão André Nunes por serem os amores da minha vida; ao meu amado pai Melquezedeque Vieira Nunes e minha irmãzinha Carolina; ao poeta e amigo Flavio Amoreira por todo o trabalho, orientação e parceria e ao meu amigo e parceiro Marcio Barreto por editar os poemas; aos meus queridos e fiéis amigos Mateus Lopes, Wagner Bastos, Naira Alonso, Juliana Bordallo;
Aos amigos Cesar Sanchez, Maira Souza, Mirianês Zabot, Luis Carlos Gomes, Silvana Garcia Leite, Lídia Maria, Iris La Cava, Ludmilla Correa, Mateus Faconti, Eliene Santana, Maria Auxiliadora, Wilton Bastos, André Azenha, Marcelo Rayel, Paulo Maymone, Regina Alonso, Renato Di Renzo, Claudia Alondo, Thays Aires, Sonia Coelho e Jair, Ana Lua, Anderson KB, André Cajaíba, Paulo Faria, Marcia Marques, Maisa Camilo, Roberta Fraga, Gui Machado, Jorge Lampa, Rogério Baraquet, Marcio Pavesi, Amanda Cervantes, Leni Pereira, Edna Moua, Nívio Mota, Alexandre Maradei, Maurício Garcia, Karla Lacerda, Pedro Norato, Angélica Magenta, André Ghaouí, Merry Yamaguchi, Michel Pereira, Ugo Castro Alves, Lua Marina, Marcia Abbud, Theo Cancello, Daniel Cancello, Daniele Pinho, Bibiana Veronica, Kleber Serrado, Bruno Conde, Cami Conde, Edinho Godoy, Tabata Cavalheiro, Noa Marchese, Bruno de La Rosa, Conrado Pouza, Carlos Pinto, Tanah Correa, Miriam Vieira, Maristela Sild, Sergio Willian, Amauri Alves, Alexandre Camilo, Pedrão e Sandra, Wagner Parra, Mariza Freitas, Fernando Borgomoni, Fabião Nunes, Rivaldo Novaes, Elis Granado, Julinho Bittencourt, Simone Ancelmo e Roney, Ana Beatriz, Laura Ribas, Platão Capurro Filho, Neyde Veneziano, Fabíola Nascimento, Wanner Mussato, Edy Star, Vinicius Piedade, Daniel Morozetti, Lineu Pupo,Daniel Lopes, Luiz
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Claudio dos Santos, Paulo Cesar Luz, Olavo Dada, Sibely de Faria e Paulo, Andrea Chioccarello, Isabel Nascimento, Marcelo Arias, Maurício Martins, Julia Martins, Liliam Martins (in memorian), Priscila Ribeiro, Dona Nilza, Kaian Machado, Viviane Machado, Luciana Machado, Marcio Tinen, Betinho Neto, Toninho Dantas (in memorian), Ricardo Vasconcelos, Ricardo Menezes, Junior Brassaloti, Andre Leahun, Gigi Fernandes, Wylmar Santos, Dani Carneiro, Ederson dos Santos, Alexandre Cortez, Tuca Russi, Luara, Luana, Maria Rosa e Clara (minhas sobrinhas queridas), Rosa Bertholini, Sergio Ferreira, Beto Santos, Livany Sales, Paula Vraja, Jorge Gonçalves, Edna Almeida, Daniel Paulista, Talitha Berti e Douglas, Sibila Berti, Dino Menezes, Gilson de Melo Barros, Gian Di Gregório, Vicente, e a tantos outros amigos, parceiros e familiares que fazem parte de minha vida e história. Grato!
Agradeço a minha companheira, parceira e inspiração Claudia Teixeira por estar ao meu lado alimentando meu coração e alma.
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UMA POÉTICA PARA AS ESTRELAS
Sinfonia, antologia, caminhos percorridos de encontro da memória num bom acerto de contas com o Tempo... Impossível dissociar o poeta agora revelado com o musico marítimo por natureza! Ambos conviviam em harmônica dissonância: o que cantava pensava no sumo do sentido em forma de palavra e o que tecia os versos entoava no silêncio obsessivo das madrugadas naquele que ecoava menestrel das estrelas o descanso da noite na aurora. Danilo Nunes que admiro companheiro de jornada agora mais próximo por maturação do poeta que acumulava na gaveta de guardados o testemunho amoroso melancólico e venturoso: são textos como pede Nietzsche, feitos de sangue. A paixão sem freios seguida da reflexão rimada: um pendular marulho de ondas, inventário da primeira juventude entre os desvarios da alma exalando lirismo testemunhado da epiderme.
Sim! O lirismo redescoberto para nossos dias turvos de sentimentalidade!
Cúmplices do Oceano, Danilo me honrou ser primeiro debruçar sobre sua geografia melódica em molde de odes e lindamente profanas litanias. Rememorei nossa imensa tradição poético-amorosa: no centenário de Vinicius de Moraes, foi, no entanto, num dialógico monólogo interior refletido nesse livro que fui revisitar a ternura poderosa de Bandeira com a intelecção de Drummond de Andrade. Pulsátil, orgânico, visceral em forma desabrida sem nada que não contenha a verdade dos delírios vivenciados com dor e deleite, essa reunião eloquente de versos gestuais e musicalíssimos! me levaram tirar da estante com reverência desde menino da “Estrela da Vida Inteira”, esse tomo azul donde revi com gozo de redescoberta, ´´Poética´´ do mestre de Pasárgada! Danilo Nunes
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resgata a prédica do legítimo lirismo! “Estou farto do lirismo comedido / Do lirismo bem comportado/ Do lirismo funcionário público/ Quero antes o lirismo dos loucos/ O lirismo dos bêbados/ O lirismo difícil e pungente dos bêbados/ O lirismo dos clowns/ Não quero mais sabe do lirismo que não é libertação”. Em “Agora sou feliz” e nesses órficos cantos embebidos de maresia faz-me feliz por saber que outro artista polivalente, Oscar Niemeyer poeta tem jovens com mesmo sabor de elegia. Se pudesse escolheria o Oscar poeta com essa epígrafe para “Agora sou feliz”:
“Quero olhar as estrelas/ quero sentir a vida/ Estou puto da vida, essa gripe não passa, de ouvir tanta besteira/ não posso me conter. Que se foda o que não me serve/ quero o seio sinuoso da mulher amada”. Motivador, me motivo em compor poemas para serem musicados pelo bardo santense com ares de sátiro em pele de querubim: o amigo em tanto diferente, mas com elo da literatura que me chega desdizendo a ortodoxia e só feito com rigores do coração. Drummond que me perdoe: quero muito mais sinfonias de Danilo Nunes: que faça versos sobre o que o corpo pensa e a alma sente, cante sua cidade que é dum porto de toda gente, porque seus versos o provocam como acontecimentos! e sua natureza é da substância das rimas e estrofes, deixa Drummond! O cristal que se partiu, o amor que se dissipou, tudo aqui vibra melodicamente no reino das palavras a procura da eterna poesia.... Porque se “o Poeta deixou seu legado para a brisa do mar”, ele vai retinindo no que é brisa , essa foz do vento que fecunda o infindo...
Flávio Viegas Amoreira
(Escritor, crítico literário e jornalista)
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A Dissimulada e o Poeta do Mar
Um dia uma moça com jeito de santae fama de nadadançando encantadarebolando com maestriafazendo o poeta do marnavegar em suas falsas curvasde arapucas e emboscadasdo mal que escondia
Dissimulada que erasabia que o venenoao vento espalhavae o destino previapor semanas e mesesque aquela seriaa última batalhado poeta do marque em suas trovas morava
o poeta desfalecidoapós perder o chãona derradeira armadilhade sua amarga jornadano inferno viveuseus últimos versosComo provaçãopara a plena libertaçãoseguia-se firmea completar sua missão
Aos poucos, a dissimulada foilhe roubando a inspiração
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lhe tomando a harmoniaDeixando-o sem coraçãoE de unhadas e estocadasfez do poeta do maro poeta da escuridãoconduzindo-o como um anjo negropara uma loucura irreparável sem ao menos entender que não separa o inseparável
A mulher sem escrúpulos juntou-sea uma tribo de pouca memória de fraco entendimentoe de pobre conhecimentoApoiada num falso poetaQue fazia da cançãoa egocêntrica mentiraInspiração e harmonia já havia deixadoem algum lugar do passadoonde jamais foi achado
O poeta do marcaminhando na escuridãopode respirar uma pequena inspiraçãojunto aos seus amadosque por perto viviame ao seu lado ficavammesmo respingando faíscasdos horrores que suas alegrias levavam.Enquanto de um lado, palavras mal intencionadasdo outro, a paz e o amor reinavammas era por ela impedidode amar a quem o amava
E o poeta deixou seu legadona brisa do marque sempre o inspirava e com ele entoava
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da vida, paz e alegriados amores que sentiada fé que o cuidava.Deixou tudo ajeitado e pediu para quemaldade não se fizesse apenas a defesade tudo que existiae que não dissimulavaporque nessa história conseguiupreservar o que tanto o orgulhavaa lua e o sol amareloo mosaico, e a roda que girava
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Agora sou Feliz
Agora estou feliz
Vivendo como aprendiz
De teus desejos inebriantes
Estou perdido nos afagos
Me entrelaço em teus braços
Com você sigo adiante
Te encontro em versos
Te busco em gestos
Envolvo palavras
Um querer manifesto
Espero o eterno
Em canções me alterno
Trocando carícias
Com olhares, externo
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Espero tocar as notas
E a flor que em teu corpo brota
tua singela magia
Canto para os céus
Um amor a derramar o véu
Desperta em sinfonia
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Ainda Aqui
ao eterno cirandeiro e amigo Zéllus Machado
Aqui ainda mora nossa canção
Ecoa na alma o coração
O mar, as estrelas, a lua
Aqui ainda vive um pégasus
Trovas, melodias e versos
E os encantos das amantes nuas
Aqui ainda mora a saudade
Ainda brindo nossa amizade
Entre fandangos, cirandas e os seus
Aqui ainda está o cantador
Seguem os temporais e o amor
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Sem jamais dizer, adeus
Ainda aqui...
Amantes
Quem me dera um seu, um céu
De primavera
Que me dera uma quimera
Me translude em tua esfera
para sonhos de um castelo
e reveste com véu
de desmedida beleza
a fonte de riqueza
da mulher etérea
prende-me em teu olhar
e faz de minha solidão
refém de uma canção
a ecoar no silêncio
O querer estar em ti
O querer estar aqui
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E na lua pulsa o verso
da branca estrela enobrece
eterniza em tênues curvas
na estrada turva
minhas lágrimas, teus cristais
E faço minha sina
a exaustiva procura
por teus beijos teus afagos
tua alma a me encantar
E a pele quase nua
amamos-nos pelas ruas
por terra, céu e mar
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Ao Poeta
ao amigo e poeta Flávio Viegas Amoreira
Inspirações do poeta enlevam minha arte
Permeia meu espírito o trovador
Discursos híbridos com vigor
Em abraços companheiros revela-se a amizade
Canto libertário ecoa dos ventos caiçaras
Despem-se com brisa do mar
Empunha suas palavras e banha-se ao luar
Eterno ofício de beleza rara
Encontros com a profunda solidão
Desejo voraz a tremular a terra
Serena inquietude alimenta o ser
És mestre do pensar e viver
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Desbrava o céu com o pulsar da fera
Encanta a mim com orgulho no coração
Armário
Entrei no armário e ele me engoliu
Encontrei sapatos velhos, meia furada e calça rasgada
manchas que teimavam em ali estar
Não quis sair, quis ficar
Um cheiro esquecido em algum lugar
O calor claustrofóbico
Faltava ar
Respirar
A poeira corroia a estrutura
Mas não caía
Não cedia
Estava por lá
Cartas de tempos que adormeciam em lugar seguro
As palavras não se podem tocar
Letras roubadas, desenhos criados a partir do nada
Era o meu tudo
Segredos, segredos e mais segredos
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Assombrando o desejo de minha alma
Casa de Barro
Letra para música de Zéllus Machado
Ao meu avô Dirceu dos Santos Barros
Tem gente?
Posso entrar?
Estou cansado
quero me sentar
Que casebre mais belo
de barro, de terra, de sonho
É seguro, eu sei,
eu sei...
Mesmo que a chuva caia
Mesmo que o rio transborde
É forte, eu sei,
eu sei...
É terra vermelha
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De dentro posso sentir
tão quente
O cheiro do povo
do novo
Do velho residente
De Barros sempre presente
Aqui sim
posso me deitar
E guardar meus segredos,
desejos
Minha alma acalmar
Casinha de barro
Cuide do meu coração
Da minha alma,
da minha razão
E nunca deixe esfriar
O saudoso coração
Que originou esta minha
inspiração
Que originou esta nossa canção
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Celular
Companheiro na modernidade
Comunicação ágil que ao homem domina
Pequeno tijolo eletroportátil que ilumina
Tecnologia que recria a identidade
Teclas viciosas de letras e símbolos
Máquina radiofônica vibrante
De anafados diálogos distantes
Ferramentas armazenadas no vacúolo
Colorido mutável a cada peça
Rede parabólica ao globo antenada
Códigos e segredos em senha registrada
A música anuncia a chamada que começa
Alô? Quem fala?
Sou eu, o número acusa!
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Permitindo-nos a recusa
De ouvir a voz que nos fala
Por terra, céu e mar
Aguça novos sentidos
Como seres abduzidos
pelo feitiço do celular
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Da Guerra aos Céus
Numa folha do campo
Desenhando seus sonhos
Com aquarela pintando
O menino risonho
Na esperança de ver o mar
As nuvens opacas
Sombreiam o luminoso sol
silenciam juritis e maritacas
poeira sobe em caracol
e contaminam o ar
Caminhando na terra
Com pegadas bordando
As marcas da guerra
Seu olhar lamentando
Pelo triste luar
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No chão da batalha
Um pedaço de fogo
Derramou em migalhas
Estirou o seu corpo
Fez o mundo chorar
Com esperança no amor
Do seu canto um grito
O menino sonhador
Fez do coração partido
Asas para voar
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Das Ruas
Impávidas palavras de um poeta
Percorrem ávidas madrugadas
Insinuantes, solitárias e alvoroçadas
Defronte com a calçada deserta
No asfalto resvalo a loucura
Corrompo-me nas esquinas amordaçadas
Faço dos papéis, comparsas nas quebradas
Entrego-me a impiedosa vida dura
Ouço o zunir das balas e o grito de horror
Alucinógenos e embriaguez
Onde a paz tem sua escassez
Afogo-me nas letras negras e escapo do furor
Sou dos becos, das ruas, das esquinas
Do agito atordoante de inferno suburbano
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Com frio, calor e solidão, sou ébano
Da orbe extraviado em ruínas
De Amar
O vento
Assopra pensamentos
Arrasta os tormentos
De uma mente desvairada
O tempo
Eterniza o alheamento
Emoldura o acoplamento
De almas enfeitiçadas
O mar
Navega a canoa
Em tardes de garoa
Em noites enluaradas
E nas manhãs o consentimento
De Amar
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Desabafo
De todo modo molda a revolta ambígua
Em todo canto um canto amargo de sofreguidão
Batuca e volta ao encanto de revolta
Gira a roda e rodopiam os dias de ingratidão
Nada é certo apenas o incerto das reviravoltas
Nada é agora que não se espera do ontem um amanhã
Tudo é ríspido na rigidez do coração
Suor e cansaço de uma febre terçã
Adoece o mundo vagabundo do homem sem fé
Ruas e alamedas despem-se da manhã
O vazio negro e nebuloso nos mata de pé
Sordidez pecadora na mordida da maçã
Ébrio envenenado é levado na maré
Golpe fatal no decadente atormentado
Injúrias severas noticiam o final
Lamento do homem de coração abandonado
Desfaz da vida num suspiro brutal
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Despertar
Despertei e vi um sapato
Devorado por um rato
Em meu quarto
No ato
Levantei e vi uma estrela
Teu olhar como vela
Numa branca tela
Aquarela
Adormeci e vi a lua
Amante nua
Pela rua
Nua
Despertei
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Devora-me
Devora-me
palavra escassa no infamo
gesto ríspido insano
medo do silêncio que atordoa meu verso
Cadência rítmica dos batuques tortuantes
Essência de minha inquietude
A fome do amor
Devora-me
Antropófago impiedoso
Mastiga-me até adormecer o sangue
Nutra-se de minha mente fervorosa
E repila seu próprio vulto negro
Das prisões libertárias da anarquia humana
sem permitir a falência da canção
Cuspa-me!
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Devora-me!
Decifre-me!
Faça valer...
Faça –me viver ...faça-me morrer
Sou teu
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Dias de Chuva
Dias de chuva….nostalgia….
Algo está acontecendo lá fora
Mas estou sem coragem de sair
Prefiro as paredes melancólicas de um quarto vazio
Prefiro as palavras que descubro num livro aberto sobre mim
Dias de chuva...
Em minha solidão vou me conhecendo
ouvindo o derramar das águas ...
nas árvores...
no asfalto...
Em minha janela...
Dias de chuva.
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Dúvida
Sem saber o que estava sendo caí em minha própria armadilha de pensar ser o que não era em tempo e tempos que estive ali esperando por nada por ninguém por... Não sei e continuo não sabendo a causa e o efeito não tem nome nem endereço nem telefone... Flores vivem corações morrem e vivos são velados em cristais ressecados que perderam o brilho e... Não sei de nada de nada sem nada e tudo o que espero é o esperar do amanhã que
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agoniza e não cala e sente e sente e anda pra lá e pra cá na escuridão de uma noite de tempestade barulhenta e trânsito em minha mente insana...não sei...onde estão as trovas?
Em Dois
Dois corações que se calam
De frente pra porta antes de partir
Dois corações torturados não ficam parados
Mas se podem ferir
Duas almas eternas que brilham em palcos
Um caminho a seguir
Duas almas se cruzam, se abraçam e se amam
Um adeus sem mentir
A estrada é torta
Não me impeça de chorar e me perder
Conforta-me
No colo que tanto busquei
Jamais encontrei teus beijos
Apenas selei
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Em meu quarto
Misterioso amor
Que torna a incendiar meu quarto
De paredes que estou farto
E palavras em guardanapo
Onde cuspo pensamentos
Que me invadem em momentos
De excessivo devaneio
Enfurecido amor
Da descrença flamejante
Em meu canto rasante
Pensamento inebriante
Onusto de imagens em orgia
Que percorre em noite fria
O meu céu atormentado
Inesquecível amor
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Que não cala em meu gestos
Praticando sobre mim o incesto
Excitando a intimidade manifesto
Minha insanidade adormecida
Impeliando a ferida
Que deixastes abalizada
Eterno amor
Que se faz presente em meu âmago
E me acalenta em teus afagos
Deixando-me seus frutíferos bagos
Nas fissuras de meu peito
Conduzindo-me ao leito
De quiméricas poesias
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Embebedo-me
Bebo a sobra da festa
Por ela resisto nas quebradas dessa terra
Com ela habito o mar
E banho-me no rio
Faço minha refeição numa esquina qualquer
Deserta entre ruínas transparentes
Sombreada por gigantes iluminados
Devorada por senhores do nada
Com tudo nas mãos
e corações seguros na ambição
solitários em suas tocas douradas
Bebo o tesouro oculto
Visto por almas vivas
E por ele choro
Inspiro-me e faço da vida
Meu palco com rica memória
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Dentro dessa história
Sou apenas o servidor
Carregando uma outra dimensão
Saciando a fome, a sede e a saudade
Criando sonhos e morrendo na ilusão
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Encontro
Adentrando a tela iluminada
Numa noite por desejos emoldurada
Senti que me revelavas
Sem perceber a canção
Que ecoava em tons na razão
Um olhar que trocavas
Em palavras intraduzíveis de um nome
A sede, a fé e a fome
Por letras de um lunário
O sorriso de um instante
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Revelando-se o interessante
Encontro milenário
Existência
Procuro-te por caminhos inusitados
Vejo-te no labirinto sem fim, onde o começo florido me dá passagem
Sinto-te com a intensidade de um ser que se apega em prendas da tua alma
E choro por saber de sua existência sem nunca ao menos poder sentir teu abraço
Grito, clamo, chamo você
desconhecendo teu nome
Choro-te em minhas lágrimas diárias
Percebo-te em minha cama todas as noites
mas não posso tocar teu corpo
ainda sim, te amo
e sou feliz em teus rastros onde ninguém mais vê
apenas eu
e você
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Festejo de fé
Deuses , sereias , trovões
Lendas, festas e canções
O colorido popular em terra feliz
Lamentos das orações
As adagas do pirata do mar
Iemanjá me protege a navegar
Leva-me ao topo do mundo
Minha Nossa Senhora do Monte Serrat
Amor e paixão em Vênus
Em todas as crenças nos faremos
Presentes seguidores, fiéis cantadores
Com verdade entidades louvaremos
Oxalá me chama
São Jorge clama
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Iansã em seu divã
Tempestade de afã
Arrebata-me o coração
Ao brincar com Cosme e Damião
Assim sigo a brincadeira
E a canção de qualquer maneira
Enveredo-me nas areias
A melodia permeando minhas veias
Beijo o sol e a lua
Esculpindo com olhos rasos d’água
A beleza da Deusa nua
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Fotografia
E mais que uma canção
Numa tela a ilustração
Da paisagem um olhar
Ainda que de longe teu coração
Tão perto o silêncio, recordação
Pintura que traduz o mar
Flerta em minha alma
A poesia, a lembrança e a calma
Vontade de te querer
Quem me dera um só em você
Quem apenas um querer tem sentido a vida
Quem a lua beija a ciranda que faz minha
Quem uma estrela desejou um verso
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Em seus traços coloridos
Chuva, céu em alarido
Emolduram a fotografia
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Mensagem
Tudo tanto demora
Que não vejo a hora
De gritar perto da estrela
Que eu vim pra cantar
Espero-te aqui em cima
Mando-te uma rima
Que te mostra um caminho, sem espinho
Mas também posso te buscar
A gente não se afoga
Pra fugir do que sufoca
Você precisa respirar
A gente já se sufoca
Em tons de perdão
Apenas ouça a canção
E quando o tempo passar
E tudo sorrir e chorar
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Sentirá o brilho daquela estrela
Que falei em seu coração
O Fim
Está tudo em silêncio
Tudo está calmo
Voltou ao antes
Ficou sem encanto
E choro uma saudade do que não foi
Sem tristezas nem alegrias
Apenas
Não sei...
O surdo pulsa na avenida vazia
E a sanfona chora o que se desfez
O encontro se desencontra nas ruas, na praia, no céu
Um adeus
Um até já
Um adeus
Ainda seguro o coração como se não acreditasse em nada
Despedi-me da esperança e acabei de encontrar com o real
Por aqui amor, está um frio danado
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O mundo continua parado
não sei...
Ainda ouço algumas trovas que silenciam
Ainda sinto falta
Por aqui tudo vai indo
Vou seguindo minha senda
Tenho acordado e tomado um café preto
Estou com um pouco de medo
De passar por nossa praia
To com de medo
de cantar pras estrelas
Mas vou indo...
Por aqui ainda vai passando
a última dose do perfume que deixou
Mas já está indo embora
Sinto-me só
Mas dizem que as vezes
solidão faz bem
Não sei...
Por aqui tudo está quieto
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Acabo de olhar para o céu e só consigo ver o reflexo de uma única estrela
que já se foi.
Amor, eu estou com frio,
mas sei que vai passar
Tenho tido um pouco de insônia,
mas sei que vai passar
Creio demais nas coisas?
Estou com medo
Muito medo
Não sei...
Acho que não sei me defender
Mas gostava tanto das noites com sol
Sentia-me tão bem no dia branco
Queria olhar sempre para o céu de Santo Amaro
E poder encontrar a princesa do mar
que por algum tempo me esperou
Acho que perdi a hora
Pelo meu sonho era tudo bem
Você passava olhando pra mim
A lua foi dormir e o sol anunciou o fim
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O mais engraçado é que não restou nada por aqui
Estou só, olhando pra janela
Mas ainda te ouço ao longe
Não me arrependo
Vivo aprendendo
Agora posso falar do Amor
Que me permitiu
por alguns instantes
estar em você.
O meu melhor:
Foi
É
E sempre será
Teu...
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O Guardador
Letra para música de Zéllus Machado
Ô rapaz, o que fazes aí sentado?
Nesta calçada gelada
Nesta rua abandonada
Sem ter o quê comer
Sem ter o quê fazer
Eles estão com o motor ligado
Talvez te esqueçam no mesmo lugar
Eles estão com o motor ligado
Talvez nem te vejam lá, nem te vejam cá
Tu esperas... esperas...
A moeda na primavera
Ou talvez no verão
Que lhe traz a multidão
51
Os carros estão indo embora
Nessa noite, nessa hora
Mas não se vê o teu rosto
Ou perde-se entre tantos
Na brisa, nos cantos
Da cidade delirante
Nesta selva de animais
Imundos e perdidos
De mundos sem paz
Em seus vícios vendidos
Uma moeda!
uma cachaça!
Um pão!
uma mordaça!
Tá com fome?
Estou voltando
Fique aí no seu canto
Mais um dia de valentia
Mais um pouco de rebeldia
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O Poeta da Insônia
Letra para música de Zéllus Machado
Eis que surge no silêncio da madrugada
Sob o lençol negro brilhante
O malandro da insônia nas quebradas
Das águas cinzas, errantes
Com suas rimas e amantes
E sua lua a delirar
Faz seu canto ecoar
Lá vem o marujo das incertezas /Em sua prosa e poesia
E na triste melodia a solfejar belezas
Lá vem o marujo das madrugadas / Assim parceiro da lua
De amantes nuas / Meu camarada
Embriaga-se dos amores
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Corteja seus vícios constantes
Chora suas mágoas e dores
Nas tocas de aventuras alucinantes
Ginga pra lá, pra lá e pra cá
Drunk! Drunk! Baby
pra lá e pra cá!
E na linha de seus improvisos sortidos
Deixa a sua lenda sobreviver
E em seu pranto eterno, eterno e contido,
Ao nascer do sol vai adormecer
Lá vem o poeta da insônia
Em tom menor cantarolar
Lá vai o marujo da noite
Em sua toca inquieta descansar
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Pra dentro de ti
Não sei o que será
o que achar em você
Não posso dizer o que existe em minha gaveta
Nem mesmo redigir com caneta
fora da moda
O que é tão moderno em nós
Estou tão você
Estou tão aqui
Não quero sair
Não quero ficar parado
Me ensina a andar dentro de ti?
Mais e mais...
Até o que há de mais certo na certeza do Amor
Me deixa ficar?
Me deixa seguir o caminho do teu desejo?
Vamos tirar a maquiagem e ser o que somos?
55
Aqui ou ali
Vamos beijar o mar negro daquela noite de vento no rosto?
Junto
Em meu peito
Em nosso céu
Sem perder a direção
56
Qualquer que seja
Numa esquina qualquer
Espero alguém passar
Fico a noite imaginando rostos
De semblante jovem
De sorriso ingênuo
Espero por ela que não vem
Sou beijado pelo luar
E o sereno já ofusca meu olhar
Numa noite qualquer
Onde meu querer faz a curva
A vontade turva
De um beijo se quer
Deixa-me ao avesso
E o ruído do silêncio que corrói
Ensurdece o coração
57
Emudece o verso
Num corpo qualquer
Que imagino meu
Repouso meu desejo
Disparo meu beijo
Sem saber do ensejo
Do amanhã desconhecido
Sendo o agora
Eterno na canção
58
Recriação
Arte no ar te respiro
Sou mensageiro em teu choro
Arte amar em suspiros
Trago-te em versos, em coro
Arte une o versal
mares, palcos e ruas
Reconstruo o normal
Com fogo, paixão e brandura
Mesmo sem saber
Mesmo sem querer
Signos em compreensão
Derrama com o coração
És força e valentia
59
O pulsar do dia a dia
Canta, declama...és chama
Em mim , em ti, a quem ama
Minha identidade esquecida
Jamais no mundo vencida
Na origem do humano
No palco de insanos
Nada se cria
Tudo se recria
60
Santos Futebol Arte
São brancos, índios e negros
Empunhando a bandeira do alvinegro
Em gritos de eterna paixão
Com chuva ou com sol
Caiçaras de futebol
No peito estampado, o brasão
Batuque de samba e carnaval
Disputas com o arquirrival
A festa faz o céu iluminar
Terra verde e arquibancada
Pela santa do monte abençoadas
Um hino a contaminar
Clube de Santos
Ecoa em teus cantos
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Amores, lágrimas e glórias
No passado, presente por vento e mar
Nas derrotas, vitórias, poesia a primar
Em telas bordando suas histórias
Vila de grandes imortais
De passes e dribles geniais
Da praia, eternas peladas
Pagão, Pelé e Coutinho
Giovanni, Neymar e Robinho
Meninos e suas pedaladas
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Santos
Girando
Contemplando
A Fé
Cantando
O malandro
José
Em cantos
De Santos
Esquina qualquer
Menino
Maroto
Com seu boné
Em redoma
O aroma
Do café
Em portos
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Homens tortos
De pé
Iemanjá
A navegar
Abençoa a maré
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Será?
Será assim
O que pensamos
O que fazemos
Pra vida sem fim
Um toque em mim
De ti um sim
Será o céu
Guardando a alma
E o mar cantando a calma
De Amar
E sonhar em teus braços
Será o agora
Sendo agora pra sempre
A toda hora
Em você
Te ver
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Te ser
Te ter
Será...
Sina de Pescador
Sou dos mares, confessode prosa verso e valentianavego vendaval e puxo redemato a sede em toadas e cantorias
Sou devoto de Iemanjásaio no despertar do sol pela manhãE retorno ao meio diaà minha abadia caiçara tupã
Descanso na varanda meu olharcontemplando o mar e minha canoaesperando o anoitecer porvirme encolho ao sentir chuva fina, uma garoa
E busco incansavelmente o amorno coração de pescador por terra e marsabendo-me um amador desconhecidobuscando o sentido da arte de amar
Do baque das ondas bravasde minhas lavras entre cana e caféprocuro rosas e florescheiros e sabores do perfume de mulher
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Quando na alta madrugadapercorrendo a estrada que inquieta minha calmaencontro o desejo deliranteE a lua num instante despe minha alma
Interrogando o fim
Na porta de pé após perambular por aí parei e me pus a pensar para que?
Rasguei como raio meu rosto robusto arranhando com a raiva as rugas de onde?
Na sala sem luz suor sem saber do sorriso só saudade de que?
O tempo tornou a tomar-me em tormenta travestindo a ternura em tristeza por que?
Via-me a viver venerando a varanda e num vacilo viajei no voo voraz a vagar por onde?
Um frio frenético ofuscava facilmente com furor o final fatídico de quem?
Não sei, não sinto, não entendo, não compreendo o que?
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Quero hoje na hora que chora orar lá fora onde acabei
E agora?
Danilo Nunes nasceu em Santos/SP no ano de 1979. É músico, ator, poeta, historiador e pesquisador de cultura popular brasileira. Fundador da banda Carrossel de Baco e do grupo Teatro do Pé, iniciou sua carreira em 1991 no grupo artístico do colégio Lusíada em Santos/SP.
Como ator participou de diversas montagens como Romeu e Julieta de Willian Shakespeare, Bodas de Sangue de Garcia Lorca, Woyzeck de Georg Buchner, Gota d’Água de Chico Buarque e Paulo Pontes dentre outras.
Fundou o grupo Teatro do Pé e com o espetáculo Argumas de Patativa ganhou projeção nacional participando dos grandes eventos de teatro pelo Brasil.
Fundou a banda Carrossel de Baco e lançou seu primeiro disco “Danilo Nunes e o Carrossel de Baco” em 2010. No segundo semestre de 2013 lança seu segundo disco pela produtora Cavalo de Praia.
Danilo é integrante do Movimento Caiçara Contemporâneo e em seus trabalhos busca as influências de suas identidades.
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A música e a poesia caminham juntas em suas composições. Nasce então, o desejo de juntar o que é apenas poema e letras já musicadas em Poemas Sinfônicos, seu primeiro livro.
Texto de Zéllus Machado para lançamento do disco Danilo Nunes e o Carrossel de Baco
Cinco. Carrossel chega aos cinco anos. Faz o Pentagrama girar incessantemente em sua sinagoga cordelistíca e causar furor com suas letras profanas, malandras, contundentes, irônicas e, no sentido mais elevado da palavra, poéticas.
Capitaneado por Danilo Nunes, Carrossel estreou na Cadeia Velha, e, paradoxalmente, se libertou das grades pragmáticas e popularescas da musicalidade atual, sem circos, sem pops, sem ser crooner baladista de noites covers. A tentação que o cerca é a sua aguçada sede pela Cultura Popular Brasileira que deixa explícito em sua alma e nos palcos por onde pousa, ora só, ora com o Carrossel. Salve, salve a Cultura Popular! Estudioso e Pesquisador dessa vertente, levou para o eletrônico toda essa riqueza, assim como fez Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Chico Science, porém com uma diferença: esculpiu a canoa caiçara onde vem singrando sua forte identificação ao som de Fandango, Cirandas, Sambas, Declamações e vociferações tropicalistas, deixando-nos a imagem de nosso grandioso Mar.
Dois mil e dez, marca o início da Magia. Cinco, a História de giros entre Sindicatos, Bares do Litoral, Teatro Municipal, Teatro a Bordo e outros palcos onde incendiou com seu lança-chamas musical. Cinco é o número da Autoridade, prudência, benevolência, dignidade, líder, conselheiro, facilidade de expressão. Com estes atributos Danilo Nunes vertiginosamente conduz seu Carrossel de Baco rumo à estrada iluminada por sua presença de
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Bardo Tropicalista: Não tenho carro, eu tiro um sarro, eu vôo no céu, eu to no carrossel
Respeitável Publico! Neste momento os trovões alardeiam. Os céus se abrem. O fogo esparge incandescente. A Pulsação se eleva. O coração bate forte. A sinagoga o espera, assim como todos nós. Senhoras e Senhores abram as portas de vossas mentes, de vossas almas, cantem e dancem que Baco se alegrará, por nós, para nós, por agora e por todo o sempre.
Amém!
Viva a Cultura Popular Brasileira!
Zéllus Machado
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EDIÇÕES CAIÇARAS
São Vicente Brasil
A Edições Caiçaras é uma pequena editora independente artesanal inspirada nas cartoneras da América Latina, principalmente na Sereia Cantadora de Santos e na Dulcinéia Catadora de São Paulo. Nasceu pela dificuldade homérica e labiríntica em publicar meus livros em uma editora convencional. É uma forma de reavivar o ideal punk do “faça você mesmo”, incentivando a auto-gestão e o uso da habilidade manual, algo que está se perdendo em nossa sociedade tecnocrata. Assim, de fato, começa a tomar forma a filosofia da Edições Caiçaras, mais do que um caráter social, nos interessa, ousar na forma e no conteúdo. Na forma é um aprimoramento das técnicas das cartoneras - os livros são feitos com capa dura, costurados com sisal e presos com detalhes em bambu, e no conteúdo, priorizamos um diálogo profundo com a Internet e com as literaturas locais do Brasil.
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Márcio Barreto
CATÁLOGO
POESIA
O Novo em Folha - Márcio Barreto
Nietszche ou do que é feito o arco dos violinos - Márcio Barreto
Pequena Cartografia da Poesia Brasileira Contemporânea - Marcelo Ariel (Org.)
Perdas & Danos - Madô Martins
Mundocorpo– as aerografias e outros desvios do tempo – Márcio Barreto
Peixe-palavra (poesias caiçaras) – Domingos Santos
DRAMATURGIA
Atro Coração - Márcio Barreto
Ácidos Trópicos – uma livre criação sobre a obra de Gilberto Mendes – Márcio Barreto
ENSAIO
Obras Cadáveres - Arthur Bispo do Rosário, Estamira, Jardelina, Violeta e o Deus do Reino das Coisas Inúteis - Ademir Demarchi
Desaforismos (aforismos) - Flávio Viegas Amoreira
Meu Namoro com o Cinema – André Azenha
ROMANCE
Teatrofantasma: O Doutor Imponderável contra o onirismo groove –
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Marcelo Ariel
O IMAGINÁRIO COLETIVO
O Imaginário Coletivo de Arte agrega artistas do litoral paulista em suas diferentes linguagens e tem como proposta fortalecer e propagar a “Arte Contemporânea Caiçara”, valorizando nossas raízes e misturando-as à contemporaneidade. Formado em fevereiro de 2011, é resultado de anos de pesquisas desenvolvidas em diferentes áreas que culminaram na busca de uma nova sintaxe através da reflexão sobre os processos criativos na Arte Contemporânea Caiçara.
Seus integrantes convergem da dança, eutonia, teatro, circo, música, literatura, história, jornalismo, filosofia e artes visuais. Estão diretamente ligados à experimentação através de núcleos de pesquisas desenvolvidos no grupo Percutindo Mundos – música contemporânea caiçara (2008), Núcleo de Pesquisa do Movimento - dança contemporânea (2011), no Espaço de Consciência Corporal Célia Faustino - eutonia (2003), no Projeto Canoa e Instituto Ocanoa – pesquisa da Cultura Caiçara (2007).
Em seu repertório constam “Ácidos Trópicos – uma livre criação sobre a obra de Gilberto Mendes” (teatro), “Atro Coração” (teatro), “Homo Ludens – fluxos, lugares e imprevisibilidades” (dança contemporânea), “O Jardim de Patrícia” (dança contemporânea) “Percutindo Mundos – universo em Gentileza” (música), “Percutindo o samba” (música) e “poéticas para um novo tempo” (música). Ao longo do tempo realizou encontros, oficinas e palestras, tais como o "Sarau Caiçara" - Pinacoteca Benedito Calixto - Santos /SP, "Mostra de Arte Contemporânea Caiçara" - Casa da Frontaria Azulejada - Santos/SP, "Itinerâncias - Encontros Caiçaras" - Casa da Cultura de Paraty - Paraty /RJ, "Sarau Filosófico" - SESC Santos - Santos /SP, "Virada Caiçara" - São Vicente /SP e “Vitrine Literária” – SESC Santos – Santos /SP.
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Seu trabalho está presente em universidades, escolas públicas e instituições de cultura através de cursos, apresentações e palestras, além de inserir sua proposta artística em espaços públicos.
www.edicoescaicaras.blogspot.com
www.youtube.com/projetocanoa
www.percutindomundos.blogspot.com
www.soundcloud.com/percutindomundos
Poemas Sinfônicos foi impresso sobre papel reciclado 75g/m²
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(miolo). A capa foi composta a partir de papelão e sacolas de papel doadas pelo Espaço de Consciência Corporal Célia Faustino.
www.celiafaustino-conscienciacorporal.blogspot.com
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