Poemethos 7 Adroaldo Bauer 2008. Pluriversos Penetrar teus versos vários Em gozo até, ponto a...

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Poemethos 7 Adroaldo Bauer 2008

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Poemethos 7Adroaldo Bauer 2008

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Pluriversos

Penetrar teus versos váriosEm gozo até, ponto a ponto.

Virar as páginas de tuas oraçõesEntendê-las cósmicas.

Não cosméticas.Fazer a leitura toda do conteúdoDo continente, mesmo os ocos,

Os vazios, os entretantos e alinhavos...Gostar de toda a história de amor

Varrer o ódio para fora de casaPara fora do planeta e da rosa

Para longe do universo da prosa Um ser de vícios poucos,

Virado em viço, por ti renovado, de caquético a caótico, remoçado

Enlouquecido, abusado, o faro postoNo fino aroma das intensas fragrâncias tuas.E deu-se assim o tudo que tinha e que tens E agora nos temos, por fim, que é começo.

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Soturno

Uma outra madrugada fria agarra-me forteSacode réstias em que se penduram bolhasEsperanças balouçantes dos meus soluços

Eu choro ainda tua perda, muito mais que na partida

Conto nos dedos as horas à madrugadanem sono me vem,

só ausência desamor

ressaibos do teu perfume. recebo o novo dia.

cinza, nublado, soturno.molhado das lágrimas noturnas

de um amor minguante e duma chuva rala.

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Não te apresses, querida, sabes, bem, em Hades,

Há relatividade também, não existe o tempo,

só a dor e o sol a nascer e a se pôr, em fogaréu

mesmo nos dias de céu cinza.

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O cristalino sonoro da água nas quedasvibra a alma tanto que a enleva e eleva.

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Da saudade do teu olhar

A dor da faltaNão é a dor da perda

Não é a dor da ausênciaSe parece com a saudade

A saudade não pede licençaAcontece de acontecer

Se impõe a qualquer tempoNão se importa com a idade

No entanto, é dor tambémEmbora possa ser sanada

Salva-se quem a aliviacom lembranças doces

Distrações existempara tornar saudade

em recordações de amor

Para mudar essa quase dorem uma rara e bela flor

O principal é recordar

Teu aroma, teu olharA tua pele macia

O teu canto terno

Tudo será equilíbrio na jornada

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Pelas mortes, as perdas, a miséria e o horror

Sim chove muito, E lágrimas tambémE há dores demais

Pelas mortes, as perdasA miséria e o horror

A dor de sempre Novamente única dor

A ribanceira rolouO pesadelo do retorno

De volta à lama para morrer

2.Na boca o gosto do fracasso

Empolga a solidariedadeAs gentes de todo canto

entregam o de sirepartem o pouco ou muito

que ainda será escassotanta a necessidade é

[ainda que haja ladrões e aproveitadores]

3.Água que é a vidaA natureza cobra

sempre seus espaçosseus elementos ativos

seus vazios nativosseus cursos originais

se não os há maisreclama outroscontorna freios

derruba barreirasdestrói artifícios

e mesmo o natural

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Sapatos novos

óleo diesel,ócio

fumaça de combustível.fóssil

O petróleo é osso!...

São olhos de ler duvidandoDe ver desconfiando

A alma querendo, amandoOs passos estalando sapatos novos

Já novamente flertandoSe vai a vida levando

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Filhos da esperança, da noite, do desespero

Já mais que 10 da noite, entra um deles, criança,

passa por sob a roleta e te oferece, por um real, filho da noite, esperança,

filho do desespero, do desleixo, do maltrês balas de goma

ou dois quebra-queixos... - podia tá assaltando,

nos diz, avisando.

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A vida sem amor é inútil

Eu deveria morrer por amar quem não mais me ama.Como amar quem me ame sem tentar saber?

Deveria furtar-me ao convívio inútil para me poupar...Como viver, sem conviver?

Eu tento ser indiferente ao que seja tolo e fútil...Como seria possível viver sem mesmo assim parecer?

Insisto em amar, insisto em ser fiel aa humano em mim,insisto em conhecer o que há no mundo,

insisto em tê-la próximo, insisto em ficar longe de odiar o próximo- de verdade, eu tentei... por isso, vivo...

Eu prefiro amar e aprender sempre ...

Sobre milhões de cadáveres é hipocrisia falar-me de amor.

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A pessoa comum que sou

O mel prefiro ao fel, o doce da alma à bile .Sei que há distintas mulheres e mulheres

Homens e homens diferentescada um é único, cada uma única pessoa é

o que fazem mulheres e homensdiz das pessoas que são

e das circunstâncias em que sãonão o fazem porque pedem os deuses

fazem porque o querem fazerfazem porque os fazem fazer

deixam de fazer por quererdesistem por medo de ser

Deuses e deusas não me servem,nem ao espírito nem a mesa

nem a eles e elas sirvo eu,

pessoa comum, vim vadiarno pó da planície, pouca vez

raras musas vêm-me inspirar

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Nada muda, tudo muda

Não te apresses, querida, sabes, bem, em Hades,

Há relatividade também, não existe o tempo,

só a dor e o sol a nascer e a se pôr, em fogaréu

mesmo nos dias de céu cinza.

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O cão e o proprietário

Há um cão rosnando pela ordemHá um ladrão se pensando bom

Há uma apropriação privada Do público alimentada, esquivaUma alma vadia, até virulenta

Se atrita nela mesma, ou tentaSe exercita pestilenta, urra,

Derramam-se as burras em pus Tanta empáfia engorda o ego

Espantando está NarcisoDas toscas tocas carcomidasUsadas cabotinas botinadas

Há um amontoado de estrumeA montanha de esterco fede

Não surpreende o egoísmoTravestido está de solidário

Revela-se, enfim, proprietário...

É da vida que se quer o sonhoÉ do sonho que se quer o amorÉ da flor que se quer o perfume

Sem queixumes, sem mais dor

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Colapso

Eu vou dizer a ela que sofro A ausência do perfume dela

A falta do calor do corpo dela,Mas eu temo que ela Não mais me escute Como eu penso nelaEu temo dizer a ela

Que a amo e soe lamúriaEu temo dizer a ela

Que a queroEu temo amar

Tanto que a aprisioneEu temo não suportar

Se não disser quanto a elaEu a queria aquiOu me quero lá

Eu e ela de mãos dadas,Corações palpitando,

Não mais aflitos, ternos.Eu a queria me acariciando

E, penso, poderia querer-me também,Não nos podemos ter-nosNem isso pode ser eterno

Não me basta mais a lembrança, Que desvanece, cogito

Não mais me é suficiente e se prolonga a ausência

Conhecida, compreendida, suportada, Amplia-se o tempo da infértil espera

É já angústia, quimera, Eu não sei esperar tanto

Eu pensei saber, que suportaria.Nem contar as horas, os dias,

Um tempo tamanho, Não mais faço planos.

Desengano-me, Não a quero fazer sofrerÉ minha compulsão tê-la

Inda penso acordado que a amo.

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Hurra!

Há, ainda, mesmo agoranessa escassa hora

no espaço entre o sapato, as botas, a espada e a lama,

não é o dizer do amor não se diz tanto da dor.

É que partem em nome de nada É que voltam em mortalha por ninguém.

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No sol e na lua

Há no sol um brilho de pôr-seà mão para o deleite dos sem

à vista para o romance e amoro mar ao dispor, a areia a rolaras pessoas, multidões mínimas

as almas turbilhões máximasos ideais, relações essenciais

Há na lua um brilho de sol

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Por um mor, louco

amor pingente, paixão tatuada ...

Se eu te amo, tenho cá minhas razões, se me amas, são paixões

tens pouco juízo,teu brinco, um guizo

teu amor, meu sorrisoA tatuagem, emoções.

...A angústia de serde deixar de ser e ser novamente

a mente abertaa alma inquieta

o pé na lua a cabeça num colo.

o tempo se esvaie vem novo tempo.

...um horizonte

à frente nos faz andar

um céu forrado de estrelas acima

nos faz sonhar impulsa um a caminhar, outro que não deixemos

de andar pelo que queremos. E se for amar,

ah, se for para amar...

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Corresponsales

Ainda que não encontres razãosou, sim, louco

por ti, amor. Assim

respondidoviva!

então somoscorresponsáveis

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O amor por fim

Se o coração é postono que se faz, há amor,

o fim é verdade, realidade.

Mesmo só nossa verdade.importa nem quando, onde,

quanto tempo passe, afinal.

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Se o pássaro voa...

Sim, eu prefiro Se posso escolherSim, eu prefiro ser

Sempre vou preferirEu prefiro

martelo nem prego

Apenas ser Se eu puder escolher

Sim, sempre vou preferir

Seja alegre aquiloSeja isto triste

Eu prefiro ser teu

Eu te prefiro minhaUma floresta toda

Toda uma rua

Sim eu prefiro serUm caminho, um lugar

Que aprecies e ames

Enquanto eu puder serCertamente iria preferir

Nem ainda sei velejar

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Uma outra vida

[Uma rosa é uma rosa é uma rosa na aurora que é rosa]

Já não conto mais os anos,estou atento aos minutos,

às horas, aos dias e noites,da aurora às vezes,

até o pôr do sol,do latido de cachorros

ao chilreio de pássarosàs formas das nuvens,

o cheiro da grama,o perfume das flores,da casca das árvores,

de colher amoras no pé,atento à vida,

como há muito não a via.E tomo gosto por tanto e tudo isso.

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Em 04.10.2008

Sei lá se o tempo existeSe não tem cheiro bomNão tem mau odor, corNão tem sabor, faz-secoisa uma, semeia-se.Eu não acerto receita

de bolo. Sai cada tortaEscrevi há pouco que

o instante, o momento,realmente importa. Ano,

mês, semana, dia sem solnoite sem estrela ou lua.

Não há, mas não lamento.Sei que continua muita

gente aventando do temposem sequer ouvir o vento.

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Sofro mais um dia sem ti

Hoje, já por mais um diaA lua apareceu tão nua

E ninguém bateu à porta

Sem campainhas. Os cãesameaçam ou festejam as

visitas nem. Não ladram...

As festas que te faziamAs horas de rebuliço, os

pássaros em chilrreio, asauroras perdidas sob oslençóis. Tudo é silêncio.

Silencio sem mais aquelaSem tua leveza tão bela.Ser sequer teu perfume, desvanecido no tempo já

Dizer o quê? Nova jornadaé fechada, inda não estás.

Ausente de mim és, queridameu amor inda é dor só, edizer que, de tanto assim?

Dizer nada, que não magoeainda mais a dorida passada

dos noites e dias, o distanciarmais, cada vez muito mais de ti.

Rompem-se já as últimas fibrasenlaçadas na carne endurecida

do meu peito, que afrouxaraante a visão do éden ao lado

teu, minha tão sempre amada.

É tarde, tão tarde, soa o alarme! 30.09.2008