POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

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POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA EMERSON FERNANDES A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA DA SENASP NO APRIMORAMENTO PROFISSIONAL DOS POLICIAIS MILITARES DE SANTA CATARINA Florianópolis 2011

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POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

EMERSON FERNANDES

A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA DA SENASP NO APRIMORAMENTO PROFISSIONAL DOS POLICIAIS MILITARES DE SANTA

CATARINA

Florianópolis

2011

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EMERSON FERNANDES

A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA DA SENASP NO APRIMORAMENTO PROFISSIONAL DOS POLICIAIS MILITARES DE SANTA

CATARINA

Monografia apresentada ao Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da Polícia Militar de Santa Catarina com especialização lato sensu em Administração de Segurança Pública, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Administração de Segurança Pública pela Universidade do Sul de Santa Catarina.

Orientador: Profª. Maria Lúcia Pacheco Ferreira, Dra.

Florianópolis

2011

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EMERSON FERNANDES

A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA DA SENASP NO APRIMORAMENTO PROFISSIONAL DOS POLICIAIS MILITARES DE SANTA

CATARINA

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Especialista em Administração de Segurança Pública e aprovada em sua forma final pelo Curso de Especialização em Administração de Segurança Pública, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 08 de dezembro de 2011.

Profª. e orientadora Maria Lúcia Pacheco Ferreira Marques, Dra.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Profª. Emiko Liz Pessoa Ferreira, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Major PM Jorge Eduardo Tasca, MSc.

Policia Militar de Santa Catarina

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Dedico esta monografia a todos os

profissionais de segurança pública do

Brasil, que, independente das vicissitudes

que enfrentam diuturnamente, saem em

busca de aprimoramento profissional em

prol de bem servir à comunidade.

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente, a Deus, por ter permitido que eu concluísse mais uma tarefa

na missão que Ele nos confere aqui na terra e pelo dom incomensurável da vida.

À minha família, a quem tudo devo, pois soube ensinar os verdadeiros

caminhos da virtude, honradez e justiça.

À minha esposa, Tatiana, pelo amor, apoio incondicional à realização

deste trabalho e compreensão naqueles momentos em que a dedicação à vida

profissional houve de ser maior do que à pessoal.

À professora Maria Lúcia Pacheco Ferreira, amiga de longa data e

orientadora deste trabalho, por envidar seus maiores esforços na consecução deste

objetivo, bem como pelo auxílio inabalável no decorrer de todo o Curso.

À Tenente Coronel da Polícia Militar de Santa Catarina Maria de Fátima

Martins, Coordenadora do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais 2011, pela

competência na condução das atividades administrativas do curso e especial

atenção dedicada aos alunos.

Ao Tenente Coronel da Polícia Militar de Santa Catarina Luiz Ricardo

Duarte, Tutor Master da Rede Educacional de Educação a Distância da SENASP

para o Estado de Santa Catarina, por ter disponibilizado todo o tempo possível em

me auxiliar na confecção deste trabalho, com fundamentais sugestões de

aperfeiçoamento da pesquisa.

À Polícia Militar de Santa Catarina, minha casa, por permitir e incentivar o

aprimoramento profissional de seus membros.

À Universidade do Sul de Santa Catarina, todo corpo docente,

funcionários e servidores, pela qualidade na formação e nos serviços prestados à

comunidade catarinense.

Aos meus colegas de curso, pela amizade e companheirismo

demonstrados ao longo desta jornada.

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“O difícil nós fazemos agora. O impossível leva um pouco mais de tempo”. (Ben

Gurion - Estadista Israelita - 1886 - 1973).

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RESUMO

A presente pesquisa tem por escopo avaliar o impacto da modalidade de ensino a

distância por intermédio da Rede Nacional de Educação a Distância para a

Segurança Pública - Rede EAD - da Secretaria Nacional de Segurança Pública -

SENASP sobre a capacitação profissional dos policiais militares de Santa Catarina.

Sabendo-se que a qualificação profissional é um atributo recorrentemente lembrado

quando da intervenção dos policiais militares em ocorrências diversas e o

investimento no capital intelectual desses profissionais é matéria em voga no âmbito

da segurança pública, julgou-se importante avaliar a relevância da iniciativa da

SENASP em qualificar profissionais através da educação a distância. Para tanto,

buscou-se resgatar o histórico dessa metodologia e sua influência no mundo

atualmente, as vantagens proporcionadas, bem como os mecanismos diferenciais

atinentes ao universo da segurança pública. Ainda, procurou-se efetuar o

mapeamento da atividade sobre os policiais militares desde sua implantação e

através da análise dos dados coletados comprovar a relevância da EAD para a

qualificação dos policiais militares de Santa Catarina, além de identificar algumas

oportunidades de aperfeiçoamento. Espera-se que esta pesquisa possa importante

ante a preocupação constante das autoridades em cada vez melhor preparar seus

profissionais de segurança pública para bem servir à sociedade.

Palavras-chave: Educação a Distância. Ensino a Distância. Segurança Pública.

Polícia Militar. Capacitação.

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ABSTRACT

The present research has as scope assess the impact of distance learning

methodology throughout the National Network of Distance Education for Public

Safety of the National Bureau of Public Security over the professional training of the

Military Police of Santa Catarina. Having in mind that the professional qualification is

an attribute repeatedly reminded during the intervention of military police officers in

several situations and the investment on the intellectual capital of these professionals

is in vogue within the field of public safety, it was deemed important to assess the

relevance of SENASP´s initiative in qualify manpower throughout distance education.

To achieve this purpose, was attempted to rescue the history of this methodology

and its influence in the world currently, the advantages, as well as the differential

mechanisms pertaining to the universe of public security. Moreover, we searched to

make the mapping of the activity on the military police officers since its inception and

through analysis of data collected demonstrate the importance of distance learning

for the qualification of the military police officers in Santa Catarina and also identify

some opportunities of improvement. It is expected that this research may be

important before the constant concern of the authorities to increasingly prepare their

public security professionals to well serve the society.

Keywords: Distance Education. Distance Learning. Public Security. Military Police.

Qualification.

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LISTA FIGURAS

Figura 1 - Desenvolvimento tecnológico: TICs. 17

Figura 2 - Representação Gráfica de um Telecentro EAD SENASP. 53

Figura 3 - Página inicial do Ambiente Virtual de Aprendizagem da SENASP -

Módulo de Tutoria

54

Figura 4 - Página inicial do Ambiente Virtual de Aprendizagem da SENASP -

Módulo Educacional

54

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Percentual total de aprovações por órgão em todos os 23 ciclos de

cursos EAD da SENASP.

63

Gráfico 2 - Quantidade de cursos EAD oferecidos por ciclo. 64

Gráfico 3 - Total de policiais militares de SC inscritos e aprovados em todos os

ciclos EAD SENASP.

65

Gráfico 4 - Cursos de maior interesse pelos PMs, considerando matrículas e

aprovações.

67

Gráfico 5 - Número de policiais militares matriculados por ciclo EAD.

Gráfico 6 - Número de policiais militares aprovados por ciclo EAD.

73

74

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Gerações do EAD. 28

Quadro 2 - Principais ferramentas dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem. 38

Quadro 3 - Cursos EAD oferecidos no ciclo 23 56

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quantidade e percentual de alunos aprovados por órgão desde a

implantação do sistema.

62

Tabela 2 - Cursos mais procurados por PMs levando em consideração as

matrículas e aprovações.

66

Tabela 3 - Cursos com maior procura de PMs por ciclo e por número de

matrículas efetuadas.

70

Tabela 4 - Número de policiais militares inscritos e aprovados por ciclo de curso 72

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LISTA DE SIGLAS ACADEPOL - Academia da Polícia Civil

AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem

BEPE - Batalhão Escola de Pronto Emprego

CAO - Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais

CAS - Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos

CCCP - Centro de Coordenação e Capacitação Policial

CEPM – Centro de Ensino da Polícia Militar

CFC - Curso de Formação de Cabos

CONASP - Conselho Nacional de Segurança Pública

CONSEG - Conferência Nacional de Segurança Pública

CSPM - Curso Superior de Polícia Militar

DIE – Diretoria de Instrução e Ensino

DOU - Diário Oficial da União

EAD - Educação a Distância/ Ensino a Distância

EUA - Estados Unidos da América

FNSP - Força Nacional de Segurança Pública

IUB - Instituto Universal Brasileiro

MCN - Matriz Curricular Nacional

MEC - Ministério da Educação e Cultura

PMSC - Polícia Militar de Santa Catarina

PRONASCI - Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania

SENASP - Secretaria Nacional de Segurança Pública

TIC - Tecnologia de Informação e Comunicação

UDF - Uso Diferenciado da Força

UPF - Uso Progressivo da Força

UPFVA - Uso Progressivo da Força Versão Atualizada

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 16 1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA..................................................................... 17

1.2 JUSTIFICATIVA............................................................................................... 18

1.3 OBJETIVOS..................................................................................................... 20

1.3.1 Objetivo geral ............................................................................................. 20 1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................ 20 1.4 METODOLOGIA .............................................................................................. 21

1.4.1 Método de abordagem ............................................................................... 21 1.4.2 Tipo de pesquisa ........................................................................................ 22 1.4.3 Técnica de pesquisa .................................................................................. 23 1.5 DESCRIÇÃO SUMÁRIA DOS CAPÍTULOS..................................................... 23

2 EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: UMA VISÃO GLOBAL......................................... 25 2.1 GÊNESE E DESENVOLVIMENTO DA EAD NO MUNDO............................... 25

2.2 A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NO BRASIL...................................................... 29

2.3 CONCEITO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA.................................................... 33

2.4 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL PARA A EAD NO BRASIL................................. 35

2.5 FERRAMENTAS UTILIZADAS NA EAD.......................................................... 37

2.6 VANTAGENS DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA................................................ 39

3 O SUPORTE À CAPACITAÇÃO ATRAVÉS DA SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA.................................................................................

42

3.1 A ORIGEM E CRIAÇÃO DA SENASP................................................................ 42

3.2 AS POLÍTICAS DA SENASP........................................................................... 46

3.3 A CAPACITAÇÃO NO ÂMBITO DA SENASP.................................................. 48

3.3.1 A Matriz Curricular Nacional...................................................................... 48 3.3.2 A Rede Nacional de Educação à Distância para a Segurança Pública.. 50 3.4 O PROJETO BOLSA-FORMAÇÃO.................................................................. 57 4 O DIAGNÓSTICO DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA DA SENASP NO APRIMORAMENTO DOS POLICIAIS MILITARES DE SANTA CATARINA........

60 4.1 A IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA EAD DA SENASP EM SANTA CATARINA. 60

4.2 AVALIAÇÃO GLOBAL DO EAD DA SENASP EM SANTA CATARINA........... 61

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4.3 AVALIAÇÃO DO EAD DA SENASP NO APRIMORAMENTO DOS

POLICIAIS MILITARES EM SANTA CATARINA EM SANTA CATARINA............. 65

4.4 O EAD NA ATUAL GESTÃO DA PMSC.......................................................... 75

5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 77 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 80

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1 INTRODUÇÃO

A sociedade moderna passa por um período que se convencionou chamar

de “Era do Conhecimento”. A disseminação das informações ocorre em uma

velocidade assustadora e as organizações estão sempre à busca de novas

tecnologias capazes de manter seus colaboradores à altura das exigências do

mercado. Não é diferente com as instituições públicas, que devem prestar seus

serviços de acordo com as demandas sociais e, para tanto, também têm que estar

constantemente perseguindo novas formas de melhor desempenhar seu trabalho.

No âmbito da Polícia Militar, as cobranças da sociedade são diárias e as

alegações de despreparo técnico em diversas atuações são frequentes. Diariamente

observam-se críticas direcionadas à atuação policial nessa ou naquela ocorrência,

independente da região do Estado. Nessa conjuntura, é necessário que o policial

militar seja impulsionado a estar sempre atualizando seus conhecimentos e que

sejam oferecidas as condições para que ele possa fazê-lo da maneira mais

acessível possível.

Sendo assim, o propósito de diagnosticar o programa de Educação a

Distância (EAD) da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) na esfera

da Corporação, não tem outra intenção que não a de enaltecer as vantagens que o

mesmo oferece, incentivar a sua extensão para outras áreas da instituição e elencar

maneiras de aperfeiçoá-lo, comprovando ser uma iniciativa de elevado valor para a

organização.

O EAD consiste em um recurso moderno da educação na “Era do

Conhecimento” e possibilita atingir o efetivo de policiais militares distribuídos em

todos os retiros do Estado, possibilitando a inserção da PMSC na “Sociedade do

Conhecimento”.

A figura abaixo representa a evolução do desenvolvimento tecnológico

iniciado na “Era Agrária”, culminando na Globalização e a já mencionada “Era do

Conhecimento” com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs1).

1 T”= Tecnologia; “I”= Informação; “C”= Comunicação. As TICs podem ser definidas como tecnologias e instrumentos usados para compartilhar, distribuir e reunir informação, bem como para comunicar-se uns com os outros, individualmente ou em grupo, mediante o uso de computadores e redes de computadores interconectados - via Internet (UNESCO, 2011).

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Figura 1: Desenvolvimento tecnológico: TICs.

Fonte: PPEGC/UFSC, 2010.

Ante ao contexto estabelecido, a presente pesquisa tem por escopo

evidenciar a evolução histórica da educação a distância no mundo e no Brasil,

compreender a circunstância social na qual a SENASP fora criada, juntamente com

as razões e os seus programas e projetos, ressaltando os investimentos na

capacitação e, como objetivo mais relevante, fazer um mapeamento e avaliação da

modalidade de ensino a distância desenvolvida pela SENASP junto aos policiais

militares de Santa Catarina, com o desígnio primário de promover recomendações

que possam aprimorar o sistema, evidenciando a importância do desenvolvimento

dessa atividade no aprimoramento profissional dos policiais militares de Santa

Catarina.

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Os policiais militares de Santa Catarina, pela dinâmica de sua atividade,

tendo em vista a diversidade de áreas que atuam, seja na esfera administrativa ou

operacional, necessitam estar em constante aperfeiçoamento profissional, até

mesmo pela constante evolução das leis e normas que norteiam a atividade de

segurança pública, diante da relevância que este segmento de políticas de governo

alcançou nos últimos tempos.

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Nessa conjuntura, ao se considerar um efetivo de aproximadamente

11.000 (onze mil) policiais militares espalhados por todos os 293 municípios do

Estado de Santa Catarina, observa-se a dificuldade de mantê-los atualizados de

forma harmônica, diante das alterações legais, doutrinárias e técnicas que ocorrem

com frequência.

Sendo assim, a Secretaria Nacional de Segurança Pública - SENASP - foi

criada pelo Governo Federal como órgão de apoio às políticas estaduais de

segurança. Uma das áreas que a Secretaria atua com ênfase é a de capacitação.

Destarte, no ano de 2005, a SENASP criou a Rede Nacional de Educação à

Distância para a Segurança Pública, com o propósito de levar conhecimento aos

profissionais de segurança pública de todo o país, visando atingir um grande público

no que tange ao aprimoramento profissional e também à padronização de técnicas e

doutrinas pelas instituições, haja vista a falta de comunicação entre elas,

independentemente das restrições sociais e geográficas existentes (BRASIL, 2010).

Trazendo para a realidade da Polícia Militar de Santa Catarina, diversos cursos

foram disponibilizados na modalidade de educação a distância, com o objetivo de

criar possibilidades de aprimoramento aos policiais militares de maneira holística,

gerando oportunidades de aprendizado a todos.

Diante desse contexto, emerge o seguinte problema de pesquisa: qual a

contribuição atribuída à ferramenta de educação a distância implementada pela

SENASP no aprimoramento técnico profissional dos policiais militares de Santa

Catarina, desde a gênese até os dias atuais?

A resposta ao questionamento será perseguida através da realização de

um diagnóstico do ensino a distância da SENASP junto à PMSC desde sua

implantação, com vistas a gerar conhecimento a respeito do assunto e buscar

formas de aperfeiçoamento e expansão da modalidade no âmbito da PMSC.

1.2 JUSTIFICATIVA

Atualmente, vive-se uma época em que o recrudescimento da violência e

o acréscimo dos conflitos sociais provocam um inexorável clamor social por

segurança pública. É diário o show midiático e amedrontador dos meios de

comunicação quando da divulgação dos eventos de bestialidade social que, não

obstante terem diferentes causas e naturezas, inúmeros responsáveis e co-

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participantes, inclusive no aparato estatal, desembocam invariavelmente na polícia.

Diante dessa realidade, urge a necessidade das instituições de segurança pública

buscarem novos rumos para incrementar suas formas de atuação, investindo em

tecnologia e no componente humano, mormente na forma de capacitação. Nesse

contexto, se faz relevante que o conhecimento seja distribuído de forma harmônica,

rápida e abrangente. Destarte, a Secretaria Nacional de Segurança Pública -

SENASP - instituiu no ano de 2005 a Rede Nacional de Educação à Distância para

aperfeiçoar os profissionais de segurança pública no Brasil, atingindo também o

Estado de Santa Catarina, como forma de proporcionar a capacitação continuada

desses profissionais.

Com a implantação da Rede Nacional de Educação à Distância, a

SENASP entendeu que restou superada de muitas maneiras as limitações sociais e

geográficas que impediam o aperfeiçoamento profissional e considerou a

capacitação através do EAD como uma possibilidade de transformação no modo de

se fazer Segurança Pública (BRASIL, 2010).

Com base no exposto, compreende-se que a relevância em pesquisar

pormenorizadamente de que forma a formação continuada à distância está

contribuindo para o refinamento profissional dos policiais militares de Santa

Catarina, pode ser auferida sob várias dimensões da atividade de segurança

pública.

Sob o ponto de vista pessoal, do incremento cultural do policial militar,

encontram-se a possibilidade de inclusão digital e do aprendizado de conhecimentos

que podem vir a ser utilizados no ambiente externo à profissão, ou seja, na vida

cotidiana do policial militar. Hodiernamente, por exemplo, já são disponibilizados

para os profissionais de segurança pública cursos de Espanhol e Inglês,

inteiramente à distância e de forma gratuita, contribuindo para o crescimento pessoal

do policial e atendendo também aos interesses da SENASP.

Levando-se em conta o prisma profissional, observa-se a intenção da

promoção do aperfeiçoamento técnico dos profissionais de segurança pública, assim

como a difusão de uma cultura fundada sob os paradigmas da modernidade, da

inteligência, da informação e do exercício de competências estratégicas, técnicas e

científicas (BRASIL, 2010).

Sob o ponto de vista organizacional, nota-se a potencialização da

instituição através do aprimoramento de seus profissionais. Ademais, o estímulo à

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20

difusão e partilha de conhecimento e informação de todos os profissionais da área,

englobando diferentes organizações e incentivando doutrinas e práticas unificadas,

contribuindo para o diálogo entre as instituições que integram o sistema (BRASIL,

2010).

Por derradeiro, sob a dimensão social do problema, o policial bem

capacitado tende a prestar um melhor serviço à comunidade, gerando um ciclo

vicioso de desenvolvimento na qualidade de vida das pessoas.

Diante da conjuntura estabelecida, infere-se que o diagnóstico detalhado

da situação da formação continuada dos policiais militares de Santa Catarina,

através da modalidade de EAD da SENASP, se torna de suma importância, à

medida que pode gerar oportunidades de aperfeiçoamento que contribuam ainda

mais com o aprimoramento do sistema, em um processo de gestão estratégica da

qualidade visando à melhoria contínua.

1.3 OBJETIVOS

Para a construção da monografia, foram estabelecidos os seguintes

objetivos:

1.3.1 Objetivo Geral

Comprovar a contribuição da modalidade de educação a distância

desenvolvida pela SENASP junto à PMSC, através do diagnóstico dessa atividade

desde sua implantação até os dias atuais.

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Demonstrar a evolução histórica da modalidade de educação a

distância no mundo e no Brasil;

b) Compreender as atribuições da Secretaria Nacional de Segurança

Pública como órgão contribuinte na capacitação dos profissionais da área em todo o

território nacional;

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c) Promover o levantamento de dados relativos às atividades de

capacitação da SENASP junto aos policiais militares de Santa Catarina, com foco na

modalidade de educação a distância, desde o princípio até os dias atuais;

d) Analisar o mapeamento executado com o escopo de gerar

oportunidades de aperfeiçoamento da ferramenta EAD na Polícia Militar de Santa

Catarina.

1.4 METODOLOGIA

A metodologia é um instrumento poderoso justamente porque representa

e apresenta os paradigmas de pesquisa vigentes e aceitos pelos diferentes grupos

de pesquisadores (LUNA, 2007). Dentro desta seara, levando-se em consideração

as inúmeras possibilidades de enquadramento metodológico para uma dada

pesquisa, é importante que o pesquisador explicite e justifique em seu trabalho um

método de pesquisa que seja coerente com o objeto de estudo, considerando as

bases do conhecimento científico e o problema que se dispõe a solucionar.

Com vistas a desenvolver o presente trabalho científico buscar-se-á na

literatura a fundamentação teórica para solidificar os parâmetros do estabelecimento

da modalidade de educação a distância como peça essencial na capacitação dos

policiais militares de Santa Catarina.

De acordo com Gil (1989, p.19), “a pesquisa deve ser desenvolvida

mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de

métodos, técnicas e outros processos científicos”.

Segundo Vergara (1998, p.48), pesquisa bibliográfica é: [...] o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material, acessível ao público em geral. Fornece instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se em si.

1.4.1 Método de abordagem

Para Lakatos e Marconi (2006, p.86) método pode ser definido como: [...] o conjunto das atividades sistemáticas e reacionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

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22

O método de abordagem a ser utilizado na presente pesquisa será o

dedutivo, o qual consiste na utilização de uma premissa geral, um modelo genérico

para referenciar uma premissa específica. Desta forma, será contemplado no

trabalho toda a evolução histórica da educação a distância, seguida pela criação da

Secretaria Nacional de Segurança Pública, acompanhada pelo viés da capacitação

policial e as modalidades de formação e aperfeiçoamento dos profissionais de

segurança pública. Em seguida, parte-se para a realidade catarinense, na procura

de oferecer um diagnóstico da atividade em Santa Catarina para, após a análise dos

dados, buscar formas de aperfeiçoamento.

A consecução de uma pesquisa através da lógica dedutiva é um estudo

no qual uma estrutura conceitual e teórica é desenvolvida e depois testada pela

observação empírica. Vai do geral para o específico. Se o pesquisador tem o que

acredita ser a resposta a um determinado questionamento e vai à busca da

confirmação, ele está engajado em uma pesquisa dedutiva (IUDIBÚCIUS, 2004).

1.4.2 Tipo de pesquisa

A pesquisa será desenvolvida de forma exploratória, através do estudo da

legislação, livros, artigos científicos e também da coleta de dados.

Ruiz (1996, p. 50) define a pesquisa exploratória como: Quando um problema é pouco conhecido, ou seja, quando as hipóteses ainda não foram claramente definidas, estamos diante de uma pesquisa exploratória. Seu objetivo, pois, consiste numa caracterização inicial do problema, de sua classificação e de sua reta definição.

Na mesma esteira, Vieira (2002, p. 5) afirma que “a pesquisa exploratória

visa proporcionar ao pesquisador uma maior familiaridade com o problema em

estudo”.

Além de uma pesquisa exploratória, trata-se também, quanto ao seu

resultado, de uma pesquisa básica, haja vista que objetiva gerar conhecimentos

novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve

verdades e interesses universais (GIL, 1999).

Em relação à coleta de dados a mesma se dará através de dados

secundários. Os dados secundários são aqueles obtidos, por exemplo, de obras

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23

bibliográficas ou de relatórios de pesquisas anteriores sobre o tema.

(RICHARDSON, 1999).

1.4.3 Técnica de pesquisa

A técnica de pesquisa a ser utilizada será a de revisão bibliográfica,

através da qual, utilizando material já elaborado, como livros, artigos científicos e a

própria legislação, pretende-se verificar a hipótese e responder a pergunta problema

formulada e atender o objetivo geral e os específicos.

De acordo com Gil (1989, p. 44), a pesquisa bibliográfica nos ensina que: [...] é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas. As pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente mediante fontes bibliográficas.

Além da revisão bibliográfica, será realizada também a pesquisa

documental, que é aquela elaborada a partir de materiais que não receberam

tratamento analítico (GIL, 1999). Um dos principais objetos de análise nesta

pesquisa são os relatórios gerados pela SENASP acerca da atividade do EAD em

Santa Catarina, o que reforça o enfoque da pesquisa documental, além da revisão

bibliográfica.

1.5 DESCRIÇÃO SUMÁRIA DOS CAPÍTULOS

O presente trabalho monográfico apresenta um estudo que tem por

escopo evidenciar a importância da modalidade de educação a distância

desenvolvida pela SENASP junto à PMSC, através do diagnóstico dessa atividade

desde sua implantação até os dias atuais. Para isso, o estudo será dividido em

quatro capítulos.

O primeiro e presente capítulo, a Introdução, mostra o tema e a sua

delimitação, os problemas que levaram a esta pesquisa, a justificativa para a

realização do trabalho, seguindo as hipóteses, os objetivos propostos e a

metodologia a ser utilizada.

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No segundo capítulo, são trabalhados enfoques propedêuticos a respeito

da educação a distância, como o surgimento e desenvolvimento da EAD no mundo,

a evolução histórica no Brasil, os conceitos mais importantes de ensino a distância,

o arcabouço legislativo que lastreia essa modalidade de ensino no Brasil e também

questões técnicas referentes à metodologia como as principais ferramentas que o

sistema utiliza e as vantagens associadas a ele.

No terceiro capítulo, busca-se esclarecer ao leitor qual o papel da

SENASP no contexto da segurança pública nacional, dando conta de como surgiu a

Secretaria, quais são seus projetos mais relevantes e uma ênfase na área de

capacitação, com foco na Rede EAD, direcionamento maior da pesquisa.

O quarto e último capítulo trata da apresentação dos dados relativos ao

desempenho da modalidade de educação a distância junto aos policiais militares de

Santa Catarina, desde o princípio da atividade até os dias atuais. Por intermédio da

coleta de dados, é feita a análise da importância que a modalidade teve no

aperfeiçoamento dos policiais militares de Santa Catarina ao longo de sua

existência.

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2 EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: UMA VISÃO GLOBAL

O objetivo primordial deste capítulo é demonstrar a evolução histórica da

modalidade de ensino a distância no mundo e no Brasil, buscando compreender as

razões para a implementação desta ferramenta de educação e quais os contextos

sociais envolvidos. Ademais, abordar-se-ão também os principais conceitos e

paradigmas da educação a distância (EAD), os modelos mais utilizados, assim como

as ferramentas necessárias para o sucesso da modalidade e a evolução dessas

ferramentas ao longo do tempo.

2.1 GÊNESE E DESENVOLVIMENTO DA EAD NO MUNDO

Não existe um consenso na literatura acerca da origem precisa da

educação a distância no mundo. Sabe-se apenas que não se trata de um fenômeno

recente, da “Era dos Computadores” (ARRIVABENI, 2004). Alguns consideram

como gênese desta modalidade de ensino o intercâmbio de mensagens escritas

destinadas a provocar a aprendizagem em discípulos fisicamente distantes que

ocorria na Antigüidade (HACKBARTH, 2006). Os primeiros pergaminhos escritos

para registro de conhecimentos, as lições dos antigos sacerdotes gauleses que

eram memorizadas como canções, as epístolas de Paulo às igrejas no Novo

Testamento e as cartas trocadas entre filósofos da Academia e da Escola de

Alexandria, são exemplos de que a educação a distância tem suas origens nos

primórdios da civilização, sendo utilizada sempre quando a transmissão de

conhecimentos não era possível de ser realizado na forma tradicional (FIALHO,

1998).

Não obstante ao apanhado histórico que conduz a origem da educação a

distância à Antiguidade, entende-se que foi com a invenção da imprensa, por

intermédio de Johannes Gutttenberg, na Alemanha, no século XV, que a EAD deu

seus primeiros passos mais efetivos. A criação da máquina de prensar permitiu a

leitura diretamente nos livros, aquilo que anteriormente só era acessível quando os

“mestres” liam para seus discípulos nos livros copiados, extremamente caros e

produzidos manualmente (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2011). Desta forma, foram

criadas as primeiras condições para que fosse desenvolvido aquilo que

hodiernamente é chamado de indústria da tecnologia de informação e comunicação.

Page 27: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

26

Todavia, o que muitos autores reconhecem como marco histórico da

introdução deste novo método de ensino, teria sido um anúncio publicado na

Gazzete de Boston, EUA, em 1728, no qual o Professor Caulleb Phillips orientava às

pessoas de toda região que ambicionassem aprender a arte da taquigrafia que

poderiam receber em suas residências várias lições semanais, de forma que

pudessem ser perfeitamente doutrinadas, da mesma maneira que as pessoas que

viviam em Boston e freqüentavam sua escola (LITTO e FORMIGA, 2009).

A partir de então, foi no século XIX, com o incremento significativo dos

serviços de correio e a melhoria da eficiência dos meios de transporte, que se nota

uma expansão mais expressiva nas ofertas de cursos EAD.

Os principais destaques da ampliação da modalidade de educação a

distância no século XIX são fornecidos por Garcia Aretio (2002), que traz como

exemplos:

� 1883 (Suécia): publicada a oferta de um curso de ensino por

correspondência;

� 1856 (Berlim): primeira escola por correspondência destinada ao ensino de

línguas;

� 1873 (Boston): fundação da Society Encourage Study at Home;

� 1891 (Pensilvânia): Surgimento do International Correspondence Institute;

� 1891 (Universidade de Wisconsin): Cursos de extensão universitária por

correspondência.

Importa registrar também como marcos da evolução histórica do EAD, o

ano de 1840, na Inglaterra, quando o professor Isaac Pitman sintetiza os princípios

da estenografia em cartões postais que trocava com seus alunos (LITTO e

FORMIGA, 2009). E ainda o registro histórico do ano de 1881, ocasião em que

Willian Rainey Harper, fundador e primeiro reitor da Universidade de Chicago,

ofereceu, com completo êxito, um curso de Hebreu por correspondência (LOYOLA E

PRATES, 1998).

Ao longo do século XX o ensino por correspondência se aprimorou e se

expandiu, até que em 1969, por iniciativa do governo britânico, é fundada a UK

Open University, considerada pela literatura uma referência mundial no modelo,

dando assim origem à chamada segunda geração de Educação a Distância

(LANDIM, 2004).

Page 28: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

27

Infere-se de todo o exposto que o advento da máquina de prensar

forneceu todo o impulso para que o processo de ensino-aprendizagem buscasse

novos métodos de ser realizado, ampliando o espectro de atuação e

democratizando, de certa forma, o acesso a determinados tipos de conhecimento.

Desde então, o ensino a distância, evidentemente, continuou evoluindo

significativamente de acordo com o desenvolvimento tecnológico. Assim, como a

invenção da imprensa contribuiu para a efetivação da modalidade, outras criações

tecnológicas auxiliaram na sua expansão, passando por diferentes fases ou

gerações, as quais se passam a destacar a seguir.

A maior parte da literatura divide a EAD em quatro estágios ou gerações.

A primeira geração caracterizou-se pelo estudo por correspondência, cujo meio de

comunicação era o material impresso, geralmente um guia de estudos com

exercícios escritos e tarefas diversas enviadas através do correio. A segunda

geração iniciou-se na década de 1970 com a criação das Universidades Abertas,

que utilizavam recursos de instrução por correspondência e transmissão de material

gravado por intermédio de rádio e televisão e envio de videotapes. A partir dos anos

de 1990 surge uma terceira geração, baseada em redes de computadores, recursos

para conferência e multimídia. A EAD ingressou em um terceiro momento histórico

que possibilita a universalização do aprendizado como consequência dos avanços

tecnológicos. Atualmente, o ensino a distância se encontra em sua quarta geração,

caracterizada pelo uso de banda larga de comunicação, permitindo estabelecer e

manter a interação dos participantes de um ambiente de aprendizagem com mais

qualidade e velocidade (ROPOLI, et al. 2003).

O quadro abaixo apresenta de forma sintética as gerações do EAD,

trazendo as tecnologias utilizadas e seus exemplos de aplicação, bem como o

momento histórico de cada uma delas.

Page 29: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

28

Fases Tecnologias Exemplos 1ª Geração (até 1970)

Tecnologias sobre papel Correspondência Módulos impressos

2ª Geração (1970-1990)

Tecnologias Eletrônicas Rádio e TV

3ª Geração (1990-2000)

Tecnologias Digitais com ênfase na informação e na comunicação

CD, softwares educativos, Internet, intranet, videoconferência

4ª Geração (A partir de

2000)

Tecnologias Digitais – Ambientes Virtuais de Aprendizagem e comunidades de aprendizagem

Ambientes virtuais: WEBCT; Blackboard; Eproinfo; Teleducação Outros meios: E –Grupos; MSN; Blogs.

Quadro 1: Gerações do EAD. Fonte: Adaptado de Ministério da Justiça (2011).

Atualmente alguns autores já consideram o surgimento de uma 5ª

Geração. Rodrigues (2004) fraciona a história da educação a distância em cinco

gerações, onde a 4ª Geração seria composta pela utilização de bibliotecas

eletrônicas e a 5ª Geração por equipamentos sem fio e sistemas de respostas

automáticas.

Impende salientar, entretanto, que não há precisamente a substituição

de uma geração por outra, porém, uma assimilação pelo desenvolvimento de novas

tecnologias e possibilidades (NASCIMENTO e SILVA, 2009).

Sob o ponto de vista das tecnologias utilizadas para a transmissão da

informação, Ropoli, et. al. (2003), considera que a evolução do ensino a distância

pode ser dividida em três fases: Textual (1890 a 1960), Analógica (1960 a 1980) e

Digital, a partir da década de 1980.

A fase digital da EAD foi, definitivamente, o divisor de águas desta

modalidade de ensino. Caracterizadas pela inserção de novas tecnologias de

informação e comunicação lastreadas em redes de computadores, possibilitaram ao

indivíduo o acesso a uma comunicação global, na qual a inovação e a descoberta

consubstanciam-se em etapas essenciais do processo de aprendizagem.

Page 30: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

29

2.2 A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NO BRASIL

Após uma breve explanação acerca das origens da educação a

distância no mundo, bem como o seu desenvolvimento ao longo da história, abordar-

se-á a realidade brasileira. Será explorado o surgimento do ensino a distância no

Brasil, quais foram as metodologias de aplicação desde seu aparecimento e em qual

estágio se encontra atualmente esta modalidade de ensino.

Assim como no resto do mundo, também no Brasil a educação a

distância atravessou diversas etapas evolutivas, iniciando com os cursos por

correspondência, passando por transmissão radiofônica, televisiva, informática e

internet (RIBEIRO e HIRANO, 2011).

Também não há registro preciso na literatura acerca do surgimento da

EAD no Brasil, todavia, o marco mais antigo encontrado data de 1891. Tratava-se de

um curso de datilografia oferecido por intermédio de um anúncio no Jornal do Brasil

(VILARINHO, 2001).

O segundo registro mais antigo localizado data de 1904, quando as

escolas internacionais divulgaram no Brasil a profissionalização através da

correspondência. Os cursos ofertados à época eram direcionados às pessoas que

procuravam empregos, sobretudo nos setores de comércio de serviços. O ensino se

dava por correspondência, com remessa de materiais didáticos pelos correios, que

utilizavam predominantemente as ferrovias para o transporte (LITTO e FORMIGA,

2009).

O período do ensino a distância fazendo uso da correspondência como

ferramenta de aplicação não foi um período muito próspero para a EAD no Brasil. A

estagnação se deu principalmente ao fato de que os serviços de correios não eram

muito eficientes, assim como também não eram os meios de transporte. Por

diversas oportunidades o processo de ensino-aprendizagem era prejudicado em

função das ferramentas de distribuição serem ineficientes, o que veio a melhorar

com a segunda etapa da EAD no Brasil, a que se utilizava de meios eletrônicos para

a difusão do conhecimento.

Listado como precursor desta nova geração do ensino a distância no

Brasil, como um dos grandes contribuintes para o seu desenvolvimento, encontra-se

Edgard Roquette Pinto, com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em

1923, posteriormente conhecida como Rádio MEC, referência ao Ministério da

Page 31: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

30

Educação e Cultura. A emissora visava o ensino popular por meio de um sistema de

difusão no Brasil e no mundo, dando origem a programas de EAD por radiodifusão e

popularizando a educação a distância, fazendo-a alcançar diferentes regiões

brasileiras (ROPOLI, 2003).

A respeito desse período, Alves (2007), apud Litto e Formiga (2009),

afirma: A educação via rádio foi, dessa maneira, o segundo meio de transmissão a distância do saber, sendo apenas precedida pela correspondência. Inúmeros programas, especialmente os privados, foram sendo implantados a partir da criação, em 1937, do Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação (ALVES, 2007 apud LITTO; FORMIGA, 2009, p. 9).

Com o surgimento do Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério

da Educação, foram implantados, vários programas, com destaque: a Voz da

Profecia, com cursos bíblicos; o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

(SENAC), com a Universidade do Ar; a Igreja Católica, com algumas escolas

radiofônicas e projetos como o Mobral, vinculado ao Governo Federal (RIBEIRO e

HIRANO, 2011).

Ainda levando em consideração a primeira e segunda gerações da

EAD no Brasil, observa-se a criação do Instituto Monitor, em 1939 e do Instituto

Universal Brasileiro (IUB), em 1941, consolidando a formatação do ensino por

correspondência e impulsionando o “novo” modelo via radiodifusão, que atingiria

milhões de brasileiros com esta modalidade de ensino.

De todas as iniciativas fomentadas, Ropoli (2003) oferece destaque

para o IUB, que possui uma organização de educação a distância modular, que há

mais de 50 anos desempenha um relevante papel na aplicação e modernização

desse método de ensino. Atualmente possui cerca de 160 mil alunos matriculados,

aprimorando ou atualizando uma profissão e complementando assim sua formação

cultural. O Instituto ainda oferece cursos oficiais supletivos de ensino fundamental e

médio (antigo 1º e 2º graus).

Outro registro histórico importante da disseminação da EAD no Brasil

data de 1960, ocasião em que o Bispo D. Fernandes do Paraná promoveu uma

parceria com a Professora Eda de Souza para elaborar um projeto de EAD

destinado à zona rural paranaense, nos mesmos moldes de outro projeto

desenvolvido pelo Bispo D. Eugênio Sales, em Natal - RN (ROPOLI, 2003).

Page 32: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

31

O Guia de Orientação ao Aluno da Rede Nacional de Educação à

Distância da Secretaria Nacional de Segurança Pública (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA,

2011, p.4), traz como exemplos mais significativos do desenvolvimento da EAD no

Brasil, os seguintes:

� O Instituto Universal Brasileiro, criado em 1939 e em funcionamento até os

dias atuais;

� Os sistemas de rádio-educação utilizados pelo Movimento de Educação de

Base (MEB) 1961-65;

� O Projeto Minerva - convênio entre Fundação Padre Landell de Moura e

Fundação Padre Anchieta para produção de textos e programas – 1970;

� Supletivos para 1º e 2º Graus - Fundação Roberto Marinho – Surgidos na

década de 70.

O Projeto Minerva teve origem no serviço de Radiodifusão Educativa

do Ministério da Educação e Cultura. Foi estabelecido em 1º de setembro de 1970 e

o nome é uma homenagem à deusa grega da sabedoria. Sob o ponto de vista legal

foi ao ar tendo como base um decreto presidencial que determinava a transmissão

de programação educativa em caráter obrigatório, por todas as emissoras de rádio

do país. A obrigatoriedade era fundamentada na Lei 5.692/71. O objetivo maior do

Projeto Minerva enfatizava a educação para adultos, tendo como funções básicas do

ensino supletivo: a suplência, suprimento, qualificação e aprendizagem

(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, 2011).

O Projeto Minerva tinha como principais características:

� Contribuição para renovação e o desenvolvimento do sistema educacional e

para a difusão cultural, conjugando o rádio e outros meios;

� Complementação ao trabalho desenvolvido pelo sistema regular de ensino;

� Possibilidade de promoção da educação continuada;

� Divulgação de programação cultural de acordo com o interesse da audiência;

� Elaboração de textos didáticos de apoio aos programas instrutivos;

� Avaliação dos resultados da utilização dos horários da Portaria nº408/70 pela

emissora de rádio.

Com a queda da educação a distância via rádio, apresentaram-se novas

formas de se desenvolver o ensino no Brasil, e, dentre elas, destaca-se a televisão

com objetivos educacionais, por volta da década de 1970.

Page 33: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

32

Na opinião de Alves (2007 apud LITTO; FORMIGA, 2009, p. 10), com o

Código Brasileiro de Telecomunicação, foi determinado à transmissão de programas

educativos pelas televisões. Neste período, as universidades e fundações recebiam

incentivos para instalar canais de difusão educacional. Em 1972, foi criado o

Programa Nacional de Teleducação (Prontel), que durou poucos anos, logo em

seguida fundou-se o Centro Brasileiro de TV Educativa (Funtevê), como órgão

integrante do Departamento de Aplicações Tecnológicas do Ministério da Educação

e Cultura (ALVES, 2007 apud LITTO; FORMIGA, 2009).

Os anos se passaram e as emissoras de televisão ficaram desobrigadas a

ceder horários diários para programas educacionais, deixando então, de transmiti-

los. Isto foi um retrocesso a EAD no Brasil.

Após o ensino por correspondência, via rádio e televisão, outros cenários

começaram a se destacar no Brasil, isso em função dos computadores e da Internet.

Com a redução nos preços dos computadores e o avanço na Internet, a

EAD passou a ser um sistema educativo brasileiro e mundial, já que é uma

alternativa eficiente e que proporciona a educação em qualquer lugar geográfico,

com qualidade, não se limitando a horários preestabelecidos e com menor custo,

isso com o intermédio das tecnologias de informação e comunicação cada vez mais

interativa (RIBEIRO e HIRANO, 2011).

Acerca da evolução histórica da EAD no Brasil, Belloni (1999), apresenta

um panorama geral, como segue:

� 1923: Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e Fundação Roquete Pinto -

programas educativos;

� 1936: Instituto Rádio Técnico Monitor - cursos de eletrônica;

� 1941: Instituto Universal Brasileiro - formação profissional;

� 1949: Movimento de Educação de Base - alfabetização de jovens e adultos

no Norte e Nordeste;

� 1970: Projeto Minerva – Universidade de Brasília – Parceria com a UK Open

University;

� 1974: Projeto SACI – Educação primária em formato de telenovela;

� 1978: Telecurso 2º Grau – preparação para o supletivo; e;

� 1991: Salto para o Futuro – formação de professores.

A exemplo de outros países, a evolução da EAD no Brasil se deu de

acordo com o progresso dos meios de comunicação, tendo como impulso mais

Page 34: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

33

expressivo o aparecimento das novas tecnologias da informação e das

comunicações (TICs), caracterizadas primordialmente pelas redes de computadores

e pela internet.

Atualmente, a educação a distância é largamente difundida no Brasil,

sendo aproveitadas nas Universidades em cursos de graduação, de forma integrada

com as aulas presenciais, em cursos de pós-graduação e extensões universitárias,

demonstrando ser uma ferramenta eficiente e de vasta aceitação social. Além disso,

o uso da modalidade EAD nas Universidades é feito de forma harmônica com o

ensino presencial, proporcionando uma simbiose que garante inúmeras vantagens,

como será vislumbrado posteriormente neste trabalho.

Segundo Hackbarth (2006), dentro em breve não haverá mais distinção

precisa entre ensino presencial e à distância. Quando se falar em educação estará

subentendido que ela incorpora atividades de aprendizagem presenciais e à

distância.

2.3 CONCEITO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Segundo a American Council on Education (1996, apud MINISTÉRIO DA

JUSTIÇA, 2011), “Educação a Distância (EAD) é uma forma de educação que

conecta alunos a recursos distantes de aprendizagem”.

Inúmeras são as definições disponibilizadas na literatura a respeito das

expressões “Educação à Distância”, “Ensino à Distância” ou no idioma inglês

“Distance Education” e “Distance Learning”. Entretanto, todos os conceitos firmados

partem da mesma premissa básica: a separação temporal e ambiental entre

professores e alunos. Dentre os autores mais citados na área estão Moore e

Kearsley (2008) e Keegan (1996).

Moore e Kearsley (2008) tratam a educação à distância como um

conjunto de métodos de ensino-aprendizagem, onde, os comportamentos de ensino

são executados de forma apartada dos comportamentos de aprendizagem e a

comunicação entre o docente e o discente necessita ser facilitada por alguns

dispositivos, tais como: eletrônica, impressos e mecânicos.

Keegan (1996), por sua vez, assevera que o EAD é uma forma

sistematicamente organizada de auto-estudo, onde o aluno se instrui a partir do

material que lhe é apresentado; onde o acompanhamento e a supervisão do

Page 35: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

34

sucesso do aluno são levados a cabo por um grupo de professores. Isto é possível à

distância, através da aplicação de meios de comunicação capazes de vencer essa

distância, mesmo longa.

O autor destaca ainda, como características do processo: - a quase permanente separação do professor e aluno durante todo o processo de aprendizagem (distingue-se da educação convencional face a face); - a influência de uma organização educacional que planeja e prepara o material de aprendizagem e oferece suporte ao aluno [...]; - o uso de meios técnicos [...] para unir o professor e o aluno, e transmitir o conteúdo do curso; - a quase permanente ausência de aprendizagem em grupo, sendo usual o ensino individual [...] com a possibilidade de encontros ocasionais face a face ou por meio eletrônico com propósitos didáticos e de socialização (KEEGAN, 1996 apud NASCIMENTO e SILVA, 2009).

Na mesma esteira de raciocínio dos autores mencionados, Vianney

(2003, p.241) assim aduz: A educação a distância deve ser compreendida como atividade pedagógica que é caracterizada por processo de ensino-aprendizagem realizado com mediação docente e a utilização de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes tecnológicos de informação e comunicação, os quais podem ser utilizados de forma isolada ou combinadamente, sem a freqüência obrigatória de alunos e professores [...].

Rebel (1983 apud BELLONI, 1999), conceitua a EAD como uma forma

não contígua de transmissão entre o professor e os conteúdos do ensino e

estudante e conteúdos de aprendizagem, de modo a permitir maior liberdade ao

aluno para atender suas necessidades de aprendizagem.

No entender de Moran (2002 apud PIMENTEL, 2006), a EAD é um

processo de ensino-aprendizagem, no qual os alunos e professores são separados

fisicamente, mas podem estar conectados através do uso de tecnologias como: o

rádio, a televisão, o vídeo, a internet e outras tecnologias semelhantes.

Em uma visão globalizada e multinacional da EAD, Perriault (1996),

apresenta a mesma como um termo que envolve o processo de ensino-

aprendizagem, referidas como “educação por correspondência”, ou “estudo por

correspondência” em nível pós-escolar de educação, no Reino Unido; como “estudo

em casa” em nível pós-escolar, e “estudo independente”, em nível superior, nos

Estados Unidos; como “estudos externos”, na Austrália; como “ensino à distância” ou

“ensino a uma distância”, pela Open University. Na França, é referido como “tele-

Page 36: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

35

ensino” ou ensino à distância; Na Alemanha como “estudo à distância” ou “ensino à

distância”; “educação à distância” em Espanhol e “Teleeducação”, em Português.

Extrai-se do exposto que não existe a necessidade de divagar

excessivamente a respeito da conceituação de Educação à Distância, posto que

todas as definições, não obstante com considerável diferença de datas, partem do

mesmo pressuposto, como já mencionado: o da quebra do paradigma da presença

necessária de professor e aluno em um determinado ambiente para que haja a

promoção do aprendizado.

Como em sala de aula, para que o aprendizado seja enriquecido há a

necessidade de utilização de recursos e meios auxiliares de ensino. A diferença é

que, em um ambiente comum, esses dispositivos são úteis, porém não obrigatórios.

Já para o sucesso da metodologia educacional do EAD, é obrigatória a existência de

recursos e dispositivos que encurtem a distância entre professor e aluno, fazendo

com que o processo não seja prejudicado. Como já estudado, esses recursos

iniciaram como materiais didáticos enviados por correspondência e hoje estão no

estágio das tecnologias digitais, utilizando-se de ambientes virtuais de

aprendizagem.

2.4 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL PARA A EAD NO BRASIL

Não obstante a educação a distância no Brasil não seja uma novidade,

como já resgatado no histórico a respeito, os fundamentos legais que lastreiam o

seu desenvolvimento são relativamente recentes. A modalidade de EAD como forma

de disseminação da educação não foi mencionada na Constituição Federal de 1988,

vindo a ser contemplada apenas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação em 1996

(Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996).

A referida lei, conhecida como lei Darcy Ribeiro, em homenagem a um

dos ícones da educação no Brasil, estabelece as diretrizes e bases da educação

nacional e, em matéria de educação a distância, estabelece, em seu artigo 80: Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. § 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância.

Page 37: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

36

§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais.

Segundo Hackbarth (2006), anteriormente à Lei de Diretrizes e Bases da

Educação nacional, os programas de educação a distância eram regidos com base

no artigo 25, § 2º da Lei nº 5.692/71 – que possibilitava cursos ministrados mediante

a utilização de rádio, televisão, correspondência e outros meios de comunicação que

possibilitavam alcançar um maior número de alunos – recebiam pareceres dos

Conselhos Estaduais de Educação e eram classificados como experimentais e seu

funcionamento permitido apenas a título precário.

O arcabouço legal consistente em dar acostamento à EAD no Brasil, de

forma genérica, ainda é composto pelos seguintes diplomas, ressaltando que alguns

já foram revogados ou substituídos:

� Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998 (publicado no D.O.U. de

11/02/98), que regulamentava o artigo 80 da Lei 9.394, mas foi revogado pelo

Decreto nº 5.622, de 2005;

� Decreto n.º 2.561, de 27 de abril de 1998 (publicado no D.O.U. de 28/04/98),

cujo propósito era também regulamentar alguns dispositivos do artigo 80 da

Lei 9.394, alterando o Decreto anterior, mas foi igualmente revogado pelo

Decreto nº 5.622, de 2005;

� Portaria Ministerial n.º 301, de 07 de abril de 1998 (publicada no D.O.U. de

09/04/98), cujo objetivo foi normatizar os procedimentos de credenciamento

de instituições para a oferta de cursos de graduação e educação profissional

tecnológica à distância;

� Resolução CNE/CES n.º 1, de 03 de abril de 2001, a qual estabelece normas

para o funcionamento de cursos de pós-graduação;

� Portaria Ministerial n.º 2253, de 18 de outubro de 2001 (publicada no D.O.U.

de 19/10/01), visando a autorização da introdução nas instituições de ensino

superior disciplinas que utilizem método não-presencial;

Page 38: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

37

� Portaria Ministerial nº 4.361, de 29 de dezembro de 2004, (publicada no

D.O.U. de 30/12/04), cujo objetivo era dar nova normatização ao processo de

credenciamento e recredenciamento de instituições de educação superior

para a oferta de cursos superiores à distância;

� Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que Regulamenta o art. 80 da

Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, revogando os decretos anteriores.

O Decreto 5.622, amparado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação,

é o texto legal que atualmente disciplinas as atividades de Educação à Distância no

Brasil. Em seu artigo 1º o diploma caracteriza a Educação à Distância como

“modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de

ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de

informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades

educativas em lugares ou tempos diversos”. O texto legal ainda traz disposições

acerca da aplicação do EAD em todos os níveis educacionais e a equivalência da

EAD ao ensino presencial.

Diante do exposto pode-se concluir que a educação a distância no Brasil

se encontra consolidada hodiernamente, sob o ponto de vista legal, e que os

dispositivos que surgiram ao longo do tempo permitiram segurança jurídica para a

expansão dessa modalidade de ensino, possibilitando investimento por parte das

instituições de ensino no país.

2.5 FERRAMENTAS UTILIZADAS NA EAD

No entender de Pimentel (2006), as ferramentas da educação à distância

são um conjunto de recursos de comunicação e gerenciamento de informação

capazes de promover a aproximação entre docentes e discentes, proporcionando a

interação e permitindo o processo de ensino-aprendizagem.

Segundo Ropoli (2003), os ambientes que comportam essa ferramentas

são comumente conhecidos como Ambientes Virtuais de Aprendizagem, softwares

que armazenam, disponibilizam e administram conteúdos em formato web. Ainda de

acordo com o autor, os ambientes devem “possuir um conjunto de funcionalidades

que viabilizem a proposta pedagógica definida no planejamento do curso” (ROPOLI,

2003, p.60).

Page 39: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

38

Ropoli (2003) divide o conjunto de ferramentas em três categorias: i) As

de coordenação (utilizadas pelo professor para organizar e subsidiar a dinâmica do

curso); ii) As de comunicação (que permitem a interação entre professores e alunos

e entre os próprios alunos); e iii) As de administração (apoio ao professor para

gerenciar o curso).

O quadro abaixo elenca as principais ferramentas utilizadas nos

Ambientes Virtuais de Aprendizagem dos cursos à distância:

Ferramentas/Interfaces Categoria Emprego

Quadro de Avisos/ Mural Comunicação Permite enviar notícias ou avisos a todos os alunos de seu curso ou disciplina;

Correio eletrônico/e-mail Comunicação Usado para enviar mensagens, anexar arquivos e prestar apoios individuais.

Fórum Comunicação Ferramenta para promover os debates acerca dos assuntos mais importantes do curso.

Chat Comunicação Utilizado para a comunicação entre os membros em tempo real.

Agenda Gerenciamento Organização de tarefas e horários de atendimentos.

Listas de Discussão Comunicação Ferramenta acessória aos fóruns no auxílio aos debates.

Perfil/Status Gerenciamento/ administração

Contribui para a obtenção de informações dos alunos.

Vídeos/tele-aulas Comunicação

Ferramenta acessória ao conteúdo do curso. Palestras e aulas gravadas.

Tarefas Comunicação Auxilia no envio/recebimento de tarefas.

Usuário online Comunicação

Identifica quem está online e permite a interação entre os interessados em tempo real.

Avaliações Comunicação/ gerenciamento

Proporciona ao aluno a avaliação online.

Page 40: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

39

Atividades Recentes Comunicação

Informa as atividades criadas ou alteradas, com datas e duração, desde o último acesso do aluno.

Anotações Comunicação/ gerenciamento

Permite ao aluno efetuar anotações daquilo que ele achar relevante.

FAQ Comunicação/ gerenciamento

Auxilia o professor/tutor a responder as perguntas mais frequentes.

Acompanhamento Gerenciamento/ Administração

Auxilia o acompanhamento dos alunos pelos professores/tutores

Quadro 2: Principais ferramentas dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Fonte: Adaptado de Pimentel (2006).

Conforme pode ser apresentado no quadro acima, os ambientes virtuais

de aprendizagem possuem ferramentas diversas que permitem inúmeras ações por

parte dos alunos. Quando nos conceitos elaborados acerca do EAD comumente se

fala dos recursos, instrumentos ou ferramentas de suporte necessárias a suplantar a

distância entre professor e aluno e entre os próprios alunos, está se referindo as

ferramentas aqui demonstradas.

Impende salientar também que o número de ferramentas à disposição

aumenta conforme o desenvolvimento tecnológico dos sistemas. Quanto mais

avançado for o Ambiente Virtual de Aprendizagem, mais ferramentas ele disporá

para facilitar o acesso e aprendizado do aluno, tornando o curso mais agradável e

atrativo.

2.6 VANTAGENS DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Esta seção visa apresentar as inúmeras vantagens que a educação a

distância possui como modalidade de ensino. No entender de Voigt (2007), algumas

das potenciais vantagens da EAD já se encontram explícitas em suas próprias

características, como por exemplo, a aprendizagem autônoma, o planejamento

meticuloso do processo de ensino-aprendizagem e a utilização necessária de

recursos tecnológicos. Várias outras vantagens podem ser suscitadas, destacando-

se as seguintes (VOIGT, 2007):

Page 41: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

40

� Flexibilidade de tempo: o estudante possui liberdade para se adaptar as datas

e horários que deseja estudar. O material didático está à disposição no

ambiente virtual e pode ser acessado a qualquer momento;

� Flexibilidade de espaço: não há a necessidade de deslocamento à nenhuma

instituição ou permanência em nenhum ambiente físico específico para que

se realize o estudo. A localização geográfica do aluno deixa de ser fator

determinante;

� Maior adequação ao ritmo individual: na EAD, não existe exposição a

comparações. Cada aluno realiza o seu estudo de acordo com suas

dificuldades ou facilidades de compreensão, mas de acordo com

necessidades, possibilidades e objetivos individuais;

� Trabalho colaborativo: as ferramentas mais modernas de EAD permitem

ações cooperativas entre estudantes, contribuindo na produção e

complementação do conhecimento;

� Redução de custos: A implementação da EAD em uma instituição geralmente

vem acompanhada da expectativa de imediata redução de custos e aumento

da lucratividade. Ao alcançar um maior número de estudantes e adotar uma

política de preparação de material em escala, a instituição pode reduzir

custos.

Ropoli (2003) apresenta outras vantagens para a modalidade de EAD,

dentre as quais podem ser mencionadas:

� Eficácia: estimula a capacidade de o aluno pensar independentemente,

trabalhar, se aperfeiçoar e decidir por si;

� Promoção da Inclusão Social: pode-se considerar a EAD como uma forma de

promover a inclusão social, uma vez que beneficia portadores de

necessidades especiais que tem dificuldades de se locomover. Com a EAD,

essas pessoas passam a ter a oportunidade de estudar;

� Trabalha a Formação Permanente e Pessoal do Aluno: trabalha o aluno para

torná-lo ativo no desenvolvimento de atitudes, interesses, valores, iniciativas e

hábitos educativos;

� Promove a Democratização do Ensino: engloba uma diversidade econômica,

cultural e social;

Page 42: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

41

� Atualização de Conteúdos: é constante na EAD, a atualização e a revisão dos

conteúdos programáticos, de forma a proporcionar o melhor aprendizado aos

alunos;

� Abertura: atende um público mais variado e maior que dos métodos

presenciais de ensino. Minimiza ou elimina barreiras de acesso (concorrência

nos vestibulares) aos cursos ou níveis de estudo;

� Comunicação: utiliza a comunicação multimídia e a comunicação bidirecional,

ou seja, comunicação entre ambas as partes;

Observa-se a partir do exposto um grande de número de proficuidades

que o ensino a distância traz ao cidadão, sendo que a vantagem mais comentada

entre os autores da área é a da “democratização do ensino”, possibilitando um

acesso mais facilitado, que não impõe a dependência das limitações geográficas,

sociais e até mesmo físicas dos interessados em aprender. Outras vantagens de

caráter específico para o campo da Segurança Pública serão mencionadas em

momento oportuno.

Ropoli (2003) acrescenta que, diante do número de vantagens que a

metodologia de ensino proporciona, muitas as pessoas e organizações estão

passando das mídias unidirecionais, como a televisão, o rádio e o jornal, para as

mídias mais interativas, como a videoconferência, o vídeo e a Internet. Até mesmo

os meios de comunicação tradicionais estão buscando novas formas de interação.

Parece razoável compreender também que esta modalidade de ensino

apresenta também algumas limitações. Todavia, as restrições da EAD não serão

mencionadas nesta pesquisa por não configurarem no rol de objetivos da mesma.

Este capítulo procurou oferecer um panorama holístico acerca da

educação a distância no mundo e no Brasil, explicitando a evolução histórica da

modalidade, os conceitos predominantes, os paradigmas da atividade, o amparo

legal no território nacional, bem como as principais ferramentas e as vantagens que

esta metodologia de ensino apresenta.

O capítulo seguinte tem por escopo dimensionar as maneiras com as

quais a Segurança Pública no Brasil aproveitou a EAD como instrumento de suporte

à capacitação dos profissionais da área no país.

Page 43: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

42

3 O SUPORTE À CAPACITAÇÃO ATRAVÉS DA SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA

O escopo primário deste capítulo é compreender as atribuições da

Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) como órgão de apoio aos

Governos Estaduais para as políticas de Segurança Pública, de forma integrada,

levando em consideração o país como um todo. Ênfase será dada à área de

capacitação profissional em todo o território nacional.

Para que o objetivo seja atingido, será analisado o surgimento da

SENASP, bem como o contexto social que deu origem à Secretaria, quais são os

projetos mais relevantes que a SENASP desenvolve para a área e quais são as

ideias na esfera de habilitação profissional. Adentrando especificamente nesta

seara, será explorada a Matriz Curricular Nacional, como principal doutrina

educacional vigente no âmbito da Secretaria, a Rede Educacional de Educação à

Distância para Segurança Pública e o projeto Bolsa-Formação, como instrumentos

fomentadores da capacitação profissional dos agentes de Segurança Pública no

Brasil.

3.1 A ORIGEM E CRIAÇÃO DA SENASP

A Constituição da República Federativa do Brasil prevê, em seu artigo

144, que a Segurança Pública é “dever do Estado, direito e responsabilidade de

todos” (BRASIL, 2009). Não obstante, durante muitos anos a responsabilidade de

cuidar da Segurança Pública recaiu de forma enfadonha sobre os governos

estaduais. Embora o próprio artigo 144 mencione um conjunto de órgãos federais

também responsáveis pela promoção da paz social, esses órgãos invariavelmente

possuem efetivos insignificantes e atribuições exclusivas, restando as competências

residuais para a polícias estaduais. Estas Corporações, por sua vez, costumam

trabalhar de forma isolada, não compartilhando informações entre os Estados,

tampouco dentro das próprias unidades federativas, prejudicando sobremaneira o

trabalho desenvolvido.

Diante dessa conjuntura e de um quadro de recrudescimento expressivo

da criminalidade no Brasil, em resposta a um clamor social crescente por Segurança

Pública, o Governo Federal tomou a iniciativa de dar uma atenção maior à

Page 44: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

43

segurança pública por intermédio da instituição de um órgão, vinculado ao Ministério

da Justiça, que pudesse prestar maior apoio aos Estados em suas demandas.

O termo Secretaria Nacional de Segurança Pública apareceu pela

primeira vez na legislação nacional por intermédio do Decreto nº 2.802, de 13 de

outubro de 1998, que versava acerca da estrutura regimental e do quadro

demonstrativo dos cargos em comissão e funções gratificadas no Ministério da

Justiça. Em seu artigo 2º, onde trata da estrutura organizacional, o Decreto previa,

no item “c”, a Secretaria Nacional de Segurança Pública, sendo que suas atribuições

específicas constavam no artigo 17 do referido diploma legal (BRASIL, 1998). A

legislação anterior que abordava do mesmo assunto era o Decreto nº 1.796, de 24

de janeiro de 1996 e mencionava o órgão como Secretaria de Planejamento e Ações

Nacionais de Segurança Pública (BRASIL, 1996).

Atualmente, a norma vigente sobre o assunto é o Decreto nº 6.061, de 15

de março de 2007, cujo teor também é a estrutura regimental do Ministério da

Justiça. Neste Decreto, a SENASP também aparece como órgão da estrutura

organizacional do Ministério da Justiça (art. 2º, b) e a ela estão vinculados o

Departamento de Políticas, Programas e Projetos, o Departamento de Pesquisa,

Análise de Informação e Desenvolvimento de Pessoal em Segurança Pública,

Departamento de Execução e Avaliação do Plano Nacional de Segurança Pública e

o Departamento da Força Nacional de Segurança Pública (BRASIL, 2007).

De acordo com o artigo 12 do Decreto supramencionado, são atribuições

da Secretaria Nacional de Segurança Pública: Art. 12. À Secretaria Nacional de Segurança Pública compete: I - assessorar o Ministro de Estado na definição, implementação e acompanhamento da Política Nacional de Segurança Pública e dos Programas Federais de Prevenção Social e Controle da Violência e Criminalidade; II - planejar, acompanhar e avaliar a implementação de programas do Governo Federal para a área de segurança pública; III - elaborar propostas de legislação e regulamentação em assuntos de segurança pública, referentes ao setor público e ao setor privado; IV - promover a integração dos órgãos de segurança pública; V - estimular a modernização e o reaparelhamento dos órgãos de segurança pública; VI - promover a interface de ações com organismos governamentais e não-governamentais, de âmbito nacional e internacional; VII - realizar e fomentar estudos e pesquisas voltados para a redução da criminalidade e da violência; VIII - estimular e propor aos órgãos estaduais e municipais a elaboração de planos e programas integrados de segurança pública, objetivando controlar ações de organizações criminosas ou fatores específicos geradores de criminalidade e violência, bem como estimular ações sociais de prevenção da violência e da criminalidade;

Page 45: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

44

IX - exercer, por seu titular, as funções de Ouvidor-Geral das Polícias Federais; X - implementar, manter, modernizar e dirigir a Rede de Integração Nacional de Informações de Segurança Pública, Justiça e Fiscalização - Rede Infoseg; XI - promover e coordenar as reuniões do Conselho Nacional de Segurança Pública; XII - incentivar e acompanhar a atuação dos Conselhos Regionais de Segurança Pública; XIII - coordenar as atividades da Força Nacional de Segurança Pública.

Não obstante todos os textos legais aqui referenciados, a contribuição

efetiva da Secretaria Nacional nas políticas estaduais de segurança pública durante

muito tempo careceu de atitudes que pudessem fazer alguma diferença na realidade

dos Estados. O ponto crucial de transição da SENASP de mero órgão figurativo para

organização mais atuante nas práticas de segurança ao cidadão foi, de acordo com

Soares (2007), a ocorrência policial conhecida como sequestro do ônibus 174, na

cidade do Rio de Janeiro, em 2000, que teve repercussão mundial e escancarou as

deficiências na área, além do aumento evidente da criminalidade. Um dos pontos

mais questionados foi justamente a ausência de preparo técnico e psicológico dos

profissionais responsáveis por prestar segurança ao cidadão.

Sobre o assunto, Soares (2007, p.83) assim aduz: Sucessivos ministros da Justiça do segundo governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), com a colaboração de secretários nacionais de segurança, gestavam, lentamente, um plano nacional de segurança pública, quando um jovem sobrevivente da chacina da Candelária, Sandro, sequestrou, no coração da Zona Sul carioca, o ônibus 174, ante a perplexidade de todo o país, que as TVs transformaram em testemunha inerte da tragédia, em tempo real. Ato contínuo, o presidente da República determinou que seus auxiliares tirassem da gaveta o papelório, e decidissem, finalmente, qual seria a agenda nacional para a segurança, pelo menos do ponto de vista dos compromissos da União. Em uma semana, a nação conheceria o primeiro plano de segurança pública de sua história democrática recente, o qual, em função do parto precoce, precipitado a fórceps, vinha a público sob a forma canhestra de listagem assistemática de intenções heterogêneas.

Destarte, com a criação do Plano Nacional de Segurança Pública aliada

ao posterior estabelecimento do Fundo Nacional de Segurança Pública, através da

Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001, ofertando um maior aporte de recursos

destinados à área, mormente como forma de repasse aos governos estaduais, a

SENASP se robusteceu e se consolidou ao longo dos anos como órgão com uma

contribuição mais efetiva no trato da Segurança Pública Nacional, diferente do que

vinha ocorrendo até aquele momento.

Page 46: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

45

Desde então, importantes esforços foram feitos pela Secretaria Nacional

de Segurança Pública (SENASP) na direção correta: o estabelecimento de

condições de cooperação entre as instituições da segurança pública; o apoio a

iniciativas visando a qualificação policial; o investimento (ainda que tímido) na

expansão das penas alternativas à privação da liberdade; o desenvolvimento de

perspectivas mais racionais de gestão, nas polícias estaduais e nas secretarias de

segurança, através da elaboração de planos de segurança pública, nos quais se

definissem metas a alcançar (SOARES, 2007).

Apesar do expressivo incremento do papel da SENASP nas políticas

estaduais de segurança, a Secretaria não possui o poder de regular as políticas

estaduais de segurança pública. Em função do Pacto Federativo2 , a Secretaria

Nacional apenas elabora recomendações aos governos estaduais, com o objetivo

primordial de integrar e harmonizar as estratégias em nível nacional. Entretanto, a

SENASP utiliza o repasse de recursos como moeda de troca para o atendimento

das exigências do Governo Federal em relação às políticas estaduais de segurança

pública. Na prática, se o Governo Estadual atender as demandas da SENASP para

a área recebe recursos do governo central, na forma de aporte financeiro,

armamentos, equipamentos, viaturas, capacitação, etc. Caso não haja o

atendimento das recomendações emanadas da Secretaria Nacional, esta pode

deixar de fornecer suporte ao Estado desinteressado.

Para o melhor acompanhamento e apoio nas diferentes áreas que

compõe o universo da Segurança Pública, a SENASP dispõe de uma gama de

políticas, programas e projetos que dão sustentação à contribuição que o órgão

provê aos Estados. Dentre as principais estão as políticas estruturantes, as de

valorização profissional, as políticas para prevenção da criminalidade e violência e

as políticas para a educação em segurança pública, que serão mais bem

visualizadas na seção seguinte.

2 O Pacto Federativo pode ser entendido como uma forma de fortalecimento dos governos subnacionais, impedindo que o governo federal reúna sozinho as condições para propor e efetivar políticas que objetivem a solução de problemas nacionais (SADEK, 2000).

Page 47: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

46

3.2 AS POLÍTICAS DA SENASP

Visando a participação mais ativa do Governo Federal junto aos Estados

na área de segurança pública, o Ministério da Justiça resolveu dividir as ações em

inúmeras políticas de atuação, dentre as quais é importante evidenciar alguns eixos

de trabalho.

No eixo Políticas Estruturantes, destacam-se o Policiamento

Especializado de Fronteiras, as campanhas de desarmamento, os Gabinetes de

Gestão Integrada, a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), o Batalhão

Escola de Pronto Emprego (BEPE), o Fundo Nacional de Segurança Pública, Ações

de Reaparelhamento, projetos na área de Aviação de Segurança Pública, a

Comissão Interministerial de Combate a Crimes e Infrações Ambientais e a Diretriz

Nacional de Uso da Força e Arma de Fogo.

De acordo com o Ministério da Justiça (2010), as políticas estruturantes

são compostas por um conjunto de projetos que, atuando de forma integrada, são

capazes de transformar, positivamente, a realidade da Segurança Pública no País. A

execução destes projetos busca articular secretarias e órgãos das instâncias federal

e estaduais, com rigoroso acompanhamento da execução dos convênios firmadas

entre ambos. Em suas ações estão presentes a melhora na qualidade do serviço

público, o uso racional dos recursos, o desenvolvimento de infraestrutura e a

inovação tecnológica.

No eixo Políticas para a Prevenção da Criminalidade e Violência, cabe

ressaltar os seguintes projetos: i) Proteção de jovens em território vulnerável; ii)

Mulheres da paz; iii) Programa Educacional de Resistência às Drogas (PROERD);

iv) Espaços urbanos seguros; v) Grupos em situação de vulnerabilidade, entre

outros.

As políticas para prevenção da criminalidade e violência têm como

objetivo planejar, pactuar, implementar, coordenar e apoiar junto aos Estados,

Distrito Federal, municípios e Consórcios Intermunicipais a elaboração e

implementação de projetos multisetoriais de prevenção, com objetivo de enfrentar a

violência, a criminalidade e a discriminação de credo, etária, gênero, raça e

orientação sexual, bem como promover os espaços de convivência pacífica por meio

Page 48: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

47

de profissionais de segurança pública, com a sociedade civil organizada, lideranças

comunitárias e comunidade, de forma geral, com enfoque especial em crianças,

adolescentes e jovens, na participação e gestão da segurança pública (MINISTÉRIO

DA JUSTIÇA, 2010).

No eixo Participação da Sociedade na Segurança Pública destacam-se a

Conferência Nacional de Segurança Pública (CONSEG), o Conselho Nacional de

Segurança Pública (CONASP) e a estruturação dos conselhos municipais de

segurança e formação de lideranças comunitárias, objetivando aproximar o cidadão

da responsabilidade de fazer Segurança Pública, em parceria com os órgãos

policiais.

Além dos eixos já destacados, vale citar também as políticas na área dos

grandes eventos, visando primordialmente os acontecimentos esportivos

internacionais vindouros, como a Copa das Confederações em 2013, a Copa do

Mundo em 2014 e as Olimpíadas de 2016, demandando um preparo especial das

organizações envolvidas na segurança dos cidadãos, no trato com os turistas e dos

próprios eventos.

A SENASP conta ainda com outras políticas, porém, as de maior

interesse para este trabalho são as políticas na área de valorização do capital

humano e capacitação profissional, que serão mais bem delineadas a seguir.

As Políticas para Valorização do Profissional de Segurança Pública

buscam planejar, pactuar, implementar, coordenar e supervisionar as atividades de

educação - gerencial, técnico e operacional, dos profissionais de Segurança Pública

em cooperação com as Unidades da Federação; identificar e propor novas

metodologias e técnicas de educação voltadas ao aprimoramento das atividades de

Segurança Pública, Justiça Criminal a apoiar e promover educação qualificada e

continuada dos profissionais de Segurança Pública, Justiça Criminal e órgãos

periciais; identificar, propor, planejar, implementar, monitorar e avaliar mecanismos

de valorização do profissional de segurança pública (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA,

2010).

Os projetos componentes dessa política são o Centro de Coordenação e

Capacitação Policial (CCCP), o Plano Nacional de Habitação para Profissionais de

Segurança Pública, o Projeto Qualidade de Vida para Profissionais de Segurança

Pública e o Projeto Bolsa-Formação, que será pormenorizado em seção

particularizada.

Page 49: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

48

O outro eixo direcionado à área de capacitação são as Políticas para

Educação em Segurança Pública, onde estão inseridas a Matriz Curricular Nacional,

a Formação e Capacitação de Guardas Municipais, a Trilha do Educador - Curso de

Formação de Formadores, o Programa de Construção de Padrões de Qualidade e a

Rede Nacional de Educação à Distância para a Segurança Pública - Rede EAD.

Esse eixo tem como objetivo a elaboração e pactuação de referências e

diretrizes para a formação profissional (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2010).

Atenção especial será conferida à Matriz Curricular Nacional e,

evidentemente, como mote principal desta pesquisa, à Rede Nacional de Educação

à Distância.

3.3 A CAPACITAÇÃO NO ÂMBITO DA SENASP

Como já vislumbrado na seção anterior, a capacitação e a valorização dos

profissionais de segurança pública são duas das principais preocupações da

Secretaria Nacional de Segurança Pública para alavancar e incrementar a prestação

do serviço de segurança ao cidadão em todo o território nacional. Para levar a cabo

essas intenções, a SENASP confeccionou a Matriz Curricular Nacional, implantou a

Rede Nacional de Educação à Distância para a Segurança Pública e o Projeto

Bolsa-Formação, fomentadores da qualificação dos profissionais da área em todo o

Brasil.

3.3.1 A Matriz Curricular Nacional

A Matriz Curricular Nacional (MCN) foi apresentada em 2003, em um

Seminário Nacional sobre Segurança Pública, que tinha por escopo divulgar e

incentivar ações formativas no âmbito do Sistema Único de Segurança Pública.

Sofreu a sua primeira adequação em 2005, quando foram anexados ao trabalho

realizado pela SENASP outros dois documentos: as Diretrizes Pedagógicas para as

Atividades Formativas dos Profissionais da Área de Segurança Pública e a Malha

Curricular; um núcleo comum composto por disciplinas que congregam conteúdos

conceituais, procedimentais e atitudinais, cujo objetivo é garantir a unidade de

pensamento e ação dos profissionais da área de segurança pública (MINISTÉRIO

DA JUSTIÇA, 2010).

Page 50: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

49

Acerca do objetivo da Matriz Curricular Nacional, o Ministério da Justiça

(2010, p. 71) assevera: A Matriz Curricular Nacional foi criada com o objetivo de ser uma referência pedagógica e metodológica reconhecida pelas instituições de ensino de segurança pública (Polícias Militares e Civis e Bombeiros Militares), para dar suporte ao planejamento de suas ações no que tange a formação e capacitação de seus profissionais, independentemente do nível ou modalidade de ensino. Este documento é considerado uma ferramenta de gestão educacional e pedagógica, com idéias e sugestões que estimulam o raciocínio estratégico-político e didático-educacional necessários à reflexão e ao desenvolvimento das ações formativas na área de Segurança Pública.

O principal fulcro da Matriz Curricular Nacional era promover uma malha

curricular que tivesse o condão de padronizar ao longo do tempo os currículos dos

cursos de formação e aperfeiçoamento dos profissionais de segurança pública do

Brasil, independente da instituição a qual pertencesse. Para alcançar essa meta,

diante do quadro multifacetado que existe no país, ainda existe um caminho árduo a

seguir. Entretanto, a elaboração da Matriz e sua implantação em todas as 27

Unidades da Federação como referencial pedagógico deu um enorme passo nessa

direção.

O objetivo geral da MCN, conforme consta no corpo do documento

“favorecer a compreensão do exercício da atividade de Segurança Pública como

prática da cidadania, da participação profissional, social e política num Estado

Democrático de Direito, estimulando a adoção de atitudes de justiça, cooperação,

respeito à lei, promoção humana e repúdio a qualquer forma de intolerância”

(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2008, p.14).

Infere-se do exposto que a MCN é a principal referência pedagógica para

a área de Educação em Segurança Pública no Brasil atualmente.

Dentre os preceitos e moldes educativos presentes na MCN, a Educação

à Distância ocupa papel de destaque. Segundo a MCN, “é inegável a contribuição

das tecnologias da comunicação para o processo educacional e, principalmente,

para a educação à distância” (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2008, p.38). As principais

razões enfatizadas, como já ressaltado nesta pesquisa, são a oportunidade do

estudante gerenciar o tempo de estudo e também de escolher o local dedicado à

aprendizagem.

Sobre a dinâmica do ensino a distância na esfera da segurança pública, a

Matriz Curricular Nacional assim dispõe:

Page 51: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

50

Por ter dentre seus objetivos a ampliação do conhecimento na área de Segurança Pública e o acesso à tecnologia, muitos centros de formação e academias estão utilizando os cursos da Rede Nacional de Educação a Distância como parte dos currículos das Ações Formativas que executam na modalidade presencial. Tais arranjos permitem uma dinamicidade ao currículo, possibilitam a integração dos profissionais, minimizam custos e promovem a unidade de pensamento e ação (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2008, p.38).

Sendo assim, observa-se que a Matriz Curricular Nacional contemplou de

forma incisiva a atividade de Educação à Distância como parte fundamental do

processo de aprimoramento profissional dos agentes de segurança pública no Brasil

e lastreou essa atividade criando a Rede Nacional de Educação à Distância para a

Segurança Pública, responsável por administrar e disseminar os conteúdos,

atingindo um grande número de profissionais e cumprindo exitosamente até o

momento as metas buscadas com a implantação da MCN.

3.3.2 A Rede Nacional de Educação à Distância para a Segurança Pública

A política da formação continuada em segurança pública implementada

através da Matriz Curricular Nacional (2005) acarretou um conjunto de

desdobramentos pedagógicos e metodológicos ao ensino da prática policial em todo

o território nacional. A agregação da modalidade de EAD com a formação da rede

SENASP/EAD em cursos tutoriados pelos próprios agentes de segurança pública

(Policiais Civis, Militares, Bombeiros Militares, Agentes Prisionais, Guardas

Municipais, etc.), inovou o modelo de formação continuada em segurança pública.

Proporcionando aos profissionais acesso a cursos inteiramente virtuais, gratuitos,

exclusivos aos operadores da segurança pública, de curta duração (40h e 60h),

absorvendo os conceitos fundamentais da prática da segurança pública, tal rede

possibilita o acesso de 200 mil alunos à educação continuada em todo o país a cada

ciclo (CHRISTÓFARO e SANTOS, 2011).

Instituída no ano de 2005, a Rede Nacional de Educação a Distância para

a Segurança Pública da SENASP viabilizou a formação continuada, até o final do

ano de 2009, para aproximadamente 2,4 milhões de profissionais de segurança

pública de todo o Brasil.

O Programa EAD/SENASP oferece, atualmente, aproximadamente 70

cursos, abrangendo, em cada ciclo, cerca de 200 mil colaboradores, o que

Page 52: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

51

representa, nos três ciclos anuais oferecidos, perto de 600 mil profissionais de

segurança pública capacitados em diferentes áreas. Considerando que o número de

Profissionais de segurança pública, no Brasil, está estimado em torno de 750 mil

homens e mulheres, significa que, anualmente, mais de um profissional de

segurança pública é contemplado pelo Programa EAD/SENASP, realizando, no

mínimo, um curso3.

A Rede EAD da SENASP está atualmente presente nas 27 Unidades da

Federação e conta com 257 Telecentros instalados nas Capitais e nos principais

municípios.

O Programa EAD/SENASP dispõe de um canal de televisão exclusivo, a

TV SENASP, oferecendo às Unidades um ambiente de ensino, mediado pela

tecnologia da TV digital e Internet para comunicação e informação, incluindo

transmissões de alguns temas específicos de segurança pública.

Em relação aos objetivos do projeto e as principais vantagens

direcionadas à segurança pública associadas a ele, o Ministério da Justiça (2010)

afirma o seguinte: O objetivo principal da Rede EAD é viabilizar o acesso dos profissionais de todas as instituições de segurança pública do país à formação continuada, independentemente das limitações sociais e geográficas existentes com o propósito de transformar o modo de fazer Segurança Pública. Todos os cursos promovidos pela Rede EAD estão pautados na Matriz Curricular Nacional para as Ações Formativas dos Profissionais da Área de Segurança Pública (MCN), nos fundamentos dos Direitos Humanos, nos princípios da Andragogia (pedagogia voltada para adultos) e nas teorias que enfocam o processo de construção do conhecimento. Dentre os objetivos específicos e resultados esperados da Rede EAD estão: disseminar e compartilhar conhecimento e informação com todos os profissionais da área, estimulando doutrinas e práticas unificadas; favorecer o diálogo entre as instituições que compõem a Segurança Pública; contribuir com a integração dos profissionais da área; promover a consolidação das políticas públicas na área de Segurança Pública; auxiliar as Instituições de Ensino da Segurança Pública nos processos de ensino-aprendizagem; promover o aperfeiçoamento da atuação dos profissionais de segurança pública; impulsionar a inclusão digital de todos os segmentos da área; difundir e reforçar a construção de uma cultura de segurança pública fundada nos paradigmas da modernidade, da inteligência, da informação e do exercício de competências estratégicas, técnicas e científicas (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2010, p.95).

O processo de solidificação da Rede EAD como parte complementar da

política nacional de qualificação dos profissionais da área de segurança pública foi

gradativo, intenso e continua em patente desenvolvimento. A cada Ciclo, novos

3 Informações do Ministério da Justiça/Secretaria Nacional de Segurança Pública.

Page 53: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

52

cursos são estudados e sugeridos buscando atender as demandas destes

profissionais inseridos num contexto social deveras complexo. Além de um sistema

de avaliação de aprendizagem que possibilita o acompanhamento das ações dos

alunos no ambiente virtual, desde o acesso ao módulo até a avaliação final. A Rede

EAD possui ainda recursos que permitem avaliar a efetividade de todo o processo,

constituindo, atualmente, um grande diferencial no sistema de educação em

segurança pública no país (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2010).

Outro aspecto importante a ser salientado da educação a distância

especificamente relacionado à segurança pública é o custo-benefício do projeto.

Aferido em 2010, o investimento por aluno foi de R$ 10,554 (dez Reais e cinquenta e

cinco centavos) por mês, bem aquém do investimento necessário para eventos

presenciais.

Em relação aos recursos, instrumentos e ferramentas que possibilitam

controlar o processo e perseguir a melhoria contínua do sistema, a Rede EAD da

SENASP disponibiliza de uma série de recursos divididos primariamente entre os

telecentros e o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), que por sua vez lança

mão de inúmeras interfaces para interagir com os estudantes, sendo que todas

serão brevemente expostas a seguir.

Os telecentros são instrumentos de apoio à capacitação por intermédio do

uso das tecnologias digitais de informação e comunicação, promovendo o

fortalecimento do projeto e proporcionando a inclusão digital (MINISTÉRIO DA

JUSTIÇA, 2011). Àqueles alunos que desejam frequentar os cursos EAD oferecidos

pela SENASP, mas não possuem as condições de acesso, é disponibilizado o

espaço dos telecentros para que eles possam realizar os cursos de interesse. Ou

seja, até mesmo a barreira tecnológica em função de restrições sociais é rompida

com a viabilização dos telecentros para realização dos cursos EAD da SENASP.

A figura abaixo traz uma representação gráfica do funcionamento dos

telecentros para a Educação à Distância na Segurança Pública.

4 Informações do Ministério da Justiça/Secretaria Nacional de Segurança Pública.

Page 54: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

53

Figura 2 - Representação Gráfica de um Telecentro EAD SENASP. Fonte: Ministério da Justiça, 2011.

Os telecentros foram idealizados possuindo quatro ambientes

perfeitamente definidos, dotados dos mais modernos recursos de informática,

comunicação de dados e de suporte educacional. São eles: Telesala, SalaWeb, Sala

de Tutoria e Sala de Conexão. Tais ambientes proporcionam infra-estrutura e os

meios necessários para teleconferências videoconferências, treinamento em

computador, e-learning e exibição de vídeos e filmes. Eles estão disponíveis tanto

para treinamento corporativo quanto para o treinamento de instituições parceiras e

também para a própria comunidade (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2011).

Além dos telecentros, que são instalações físicas destinadas a prestar

apoio à atividade de EAD, a Rede possui o instrumento essencial para o decurso da

atividade, qual seja, o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e suas interfaces.

O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) é um software de simples

acesso e navegação, concebido para facilitar a realização dos cursos, de modo que

sua utilização não se torne um fator complicador da consecução da atividade.

O AVA possui duas páginas principais, a do tutor e a dos alunos em geral,

sendo que as interfaces são praticamente as mesmas para as duas. O tutor possui

alguns mecanismos adicionais, direcionados ao gerenciamento do curso e ao

controle dos alunos em andamento, porém, os principais recursos disponíveis são

idênticos para todos e serão sinteticamente expostos adiante.

As duas figuras a seguir mostram as páginas iniciais do Tutor (figura 3) e

do aluno (figura 4), após a identificação através de login e senha.

TeleSala

Sala de Tutoria

Sala de Conexão SalaWeb

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54

Figura 3 - Página inicial do Ambiente Virtual de Aprendizagem - Módulo de Tutoria Fonte: ead.senasp.gov.br.

Figura 4 - Página inicial do Ambiente Virtual de Aprendizagem - Módulo Educacional Fonte: ead.senasp.gov.br.

As principais interfaces de interação disponíveis no AVA da SENASP, de

acordo com o Guia de Orientação ao Aluno da Rede Nacional de Educação à

Distância para a Segurança Pública (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2011, p.11), bem

como suas funcionalidades, são:

Page 56: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

55

� (Painel de Avisos) - Espaço destinado a avisos do tutor e

Administração para os alunos.

� (Agenda) – Espaço para que você possa ver os eventos registrados

pelo seu tutor e possa também registrar compromissos que julgar necessário.

� (Caixa postal) – Permite o aluno enviar, receber e gerenciar suas

mensagens

� (Enviar mensagem) – Ferramenta que permite o aluno enviar

mensagens para colegas de turma, tutores e gestores.

� (Participar de Fórum) - Espaço de interação virtual da

comunidade de aprendizagem, assíncrono, onde o grupo participante expõe

idéias, discute, sintetiza e elabora conclusões acerca de um assunto.

Disponibilizado e mediado pelo tutor.

� (Participar de um CHAT) - Espaço de interação virtual da

comunidade de aprendizagem, síncrono (diálogo no momento), onde o grupo

participante expõe de forma rápida idéias, discutem, sintetizam e elaboram

conclusões acerca de um assunto, muitas vezes sob a orientação do tutor.

Além das interfaces de interação, importantes ferramentas de

comunicação entre professor e aluno e entre os próprios alunos, o sistema dispõe

também das interfaces de conteúdo, permitindo o auto-estudo por parte doas alunos.

Entre as interfaces de conteúdo estão os próprios módulos dos cursos,

materiais complementares, os exercícios de fixação e as avaliações. É permitido ao

aluno salvar o conteúdo do curso frequentado em arquivo PDF e guardá-lo para

consulta a qualquer tempo.

Ainda concernente aos conteúdos disponibilizados, bem como as

temáticas exploradas pela SENASP para a qualificação dos profissionais de

segurança pública no Brasil, são oferecidos correntemente mais de 60 cursos, nas

mais diversas áreas, abrangendo temáticas de polícia ostensiva, polícia judiciária,

bombeiros, e até mesmo de cultura multidisciplinar.

Page 57: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

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O quadro a seguir apresenta a relação de cursos EAD disponibilizados

pela SENASP no ciclo 235:

Quadro 3: Cursos EAD oferecidos no Ciclo 23. Fonte: Ministério da Justiça, 2011. 5 Ciclo de cursos EAD desenvolvido entre 13/09/2011 e 05/11/2011.

Ações para o Controle de Armas Investigação Criminal 2

Análise Criminal Investigação de Estupro

Aspectos Jurídicos da Abordagem Policial Licitações e Contratos

Atendimento as Mulheres em Situação de Violência

Local do Crime: Isolamento e Preservação - VA

Atuação Policial Frente aos Grupos Vulneráveis Mediação Comunitária

Busca e Apreensão Mediação de Conflitos 1

Capacitação em Educação Para o Trânsito Mediação de Conflitos 2

Cartéis Ocorrências envolvendo Bombas e Explosivos

Combate a Lavagem de Dinheiro Operações de manutenção da paz e policiamento internacional

Concepção e Aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente

Papiloscopia 1

Crimes Ambientais Papiloscopia 2

Democracia Participativa Planejamento Estratégico

Elaboração de Materiais para Educação a Distância

Polícia Comunitária

Emergencista Pré-Hospitalar 1 Policiamento Orientado para o Problema

Emergencista Pré-hospitalar 2 Português Instrumental

Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte

Espanhol Básico 1 Psicologia das Emergências

Espanhol Básico 2 Redação Técnica

Filosofia dos Direitos Humanos Aplicados à Atuação Policial

Representação Facial Humana 1

Fiscalização Interestadual de Transportes de Passageiro

Representação Facial Humana 2

Formação de Formadores - Senasp Resolução de Conflitos Agrários

Gerenciamento de Crises Saúde ou Doença: de qual lado você está? - VA

Gestão de Projetos Segurança Pública sem Homofobia

Identificação Veicular 1 Sistema de Comando de Incidentes

Identificação Veicular 2 Sistemas e Gestão em Segurança Pública

Inglês 1 Técnicas e Tecnologias Não Letais de Atuação Policial

Integração das Normas Internacionais de Direitos Humanos na Área de Segurança Pública

Tópicos em Psicologia Relacionados à Segurança Pública e Defesa Civil

Intervenção em Emergências com Produtos Perigosos

Tráfico de Seres Humanos - VA

Introdução a Atividade de Inteligência - CIAI Uso da Informação na Gestão de Segurança Pública

Investigação Criminal 1 Uso Diferenciado da Força

Page 58: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

57

3.4 O PROJETO BOLSA-FORMAÇÃO

Ao longo da história, a valorização e a qualificação dos profissionais de

segurança pública no Brasil não estiveram entre as ações prioritárias

governamentais. A omissão de sucessivos governos de todas as esferas do poder

público resultou em um quadro de desvalorização profissional, defasagem salarial,

desprestígio ocupacional, demasiada carga horária de trabalho e de excesso de

tempo entre a primeira formação do profissional e as novas capacitações, quando

existentes. Diante dessa conjuntura, com o objetivo de buscar a valorização e

fomentar a qualificação dos agentes de segurança pública, por intermédio de uma

política de qualificação profissional continuada, promovida pela Rede de Educação a

Distância, utilizando-se como incentivo a transferência direta de renda, que nasce o

Projeto Bolsa-Formação no âmbito do Programa Nacional de Segurança Pública

com Cidadania – PRONASCI6. Esse empreendimento baliza uma transformação na

forma do Estado gerir a segurança pública, à medida que deixa de investir quase

que exclusivamente em viaturas, armamentos e equipamentos, ou seja, bens

perecíveis, e passa a voltar suas ações, primordialmente, para o capital humano,

transformando-o de mero assistente para agente transformador da realidade social

brasileira (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2010).

É nesse contexto de mudança de paradigmas e fortalecimento do capital

humano e intelectual, bens intangíveis de maior valor na segurança pública nacional,

que foi concebido o Projeto Bolsa Formação, idealizado para ser um dos grandes

incentivadores da capacitação profissional no âmbito dos operadores de segurança

pública no Brasil.

O Projeto Bolsa-Formação foi instituído pela Lei nº 11.707, de 19 de junho

de 2008 e regulamentado pelo Decreto nº 6.609, de 22 de outubro de 2008 e 7.081,

de 26 de janeiro de 2010. Ele prevê o pagamento de R$ 400,00 (quatrocentos

Reais) a policiais militares, policiais civis, bombeiros, agentes penitenciários,

carcerários, peritos e guardas municipais que frequentassem ao menos um curso à

distância oferecido pela SENASP. Ou seja, além de ter acesso gratuito à

qualificação profissional, com o advento do Projeto Bolsa-Formação, o agente de

6 Projeto da SENASP que articula políticas de segurança com ações sociais; prioriza a prevenção e busca atingir as causas que levam à violência, sem abrir mão das estratégias de ordenamento social e segurança pública. (portal.mj.gov.br)

Page 59: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

58

segurança pública receberia para fazer o curso, desde que tendo obedecido a

determinados requisitos.

Os requisitos para a percepção do benefício estão presentes no Decreto

6.609/2008 e são os seguintes (artigo 10):

I - perceber remuneração mensal bruta de até R$ 1.700,00 (mil e

setecentos reais);

II - não ter sido responsabilizado ou condenado pela prática de infração

administrativa grave, nos últimos cinco anos;

III - não possuir condenação penal nos últimos cinco anos;

IV - freqüentar, a cada doze meses, ao menos um dos cursos oferecidos

pela Secretaria Nacional de Segurança Pública ou pelo Departamento Penitenciário

Nacional do Ministério da Justiça; e

V - pertencer à corporação de ente federado que tenha assinado o termo

de adesão.

A legislação aduz ainda que em sendo aprovado o requerimento, que é

feito por meio do sítio do Ministério da Justiça, o profissional recebe o benefício

durante doze meses, consecutivos ou não.

Como será oportunamente analisado em momento posterior, o incentivo

instituído pelo Projeto Bolsa-Formação gerou grande procura pelos cursos EAD

oferecidos pela SENASP em todo o Brasil. Levando em consideração a realidade de

Santa Catarina, os ciclos de cursos mais procurados foram justamente aqueles em

que maior número de profissionais preenchia os requisitos necessários, mormente

referentes à questão salarial. A procura diminui quando um considerável efetivo da

segurança pública, recentemente, recebeu incremento salarial do Governo do

Estado em forma de abono e grande parte do contingente perdeu o direito ao

benefício.

Este capítulo teve como escopo compreender as atribuições da Secretaria

Nacional de Segurança Pública como órgão contribuinte na capacitação dos

profissionais da área em todo o território nacional. Para tanto, buscou-se entender

como se originou a SENASP e os motivos pelos quais ela foi criada, além de

apresentar um panorama global das políticas e projetos desenvolvidos atualmente

pela Secretaria. No âmbito das políticas, deu-se ênfase as que realçavam a

Page 60: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

59

qualificação do profissional de segurança pública. Buscou-se apresentar também, de

uma forma mais detalhada, como funciona a capacitação à distância disponibilizada

pela SENASP, através da Rede Nacional de Educação à Distância para a

Segurança Pública, bem como seus instrumentos e ferramentas de gestão.

Finalmente, foi explanado em linhas gerais o Projeto Bolsa-Formação e sua

influência na capacitação, sobretudo através do EAD, para os agentes de segurança

pública em todo o Brasil.

O próximo capítulo abordará a realidade de Santa Catarina, com

referência ao acesso ao EAD da SENASP por parte dos profissionais da Segurança

Pública daquele Estado, dando ênfase a um mapeamento do status quo, com

especial atenção ao efetivo da Polícia Militar.

Page 61: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

60

4 O DIAGNÓSTICO DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA DA SENASP NO APRIMORAMENTO DOS POLICIAIS MILITARES DE SANTA CATARINA

Este Capítulo tem por fulcro realizar uma avaliação da atividade de

Educação à Distância fomentada pela SENASP junto aos policiais militares de Santa

Catarina. Para tanto, será promovido um levantamento de dados a respeito do

desenvolvimento dessa atividade desde o princípio até os dias atuais, bem como a

análise desses dados, com o objetivo de gerar oportunidades de aperfeiçoamento da

ferramenta EAD na Polícia Militar de Santa Catarina.

4.1 A IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA EAD DA SENASP EM SANTA CATARINA

O princípio da atividade de Ensino à Distância desenvolvido pela

SENASP na Segurança Pública do Estado de Santa Catarina se deu

concomitantemente à criação da Rede Nacional de Educação à Distância para a

Segurança Pública, no ano de 2005.

A SENASP selecionou um Tutor Master7, na pessoa do então Major PM

Luiz Ricardo Duarte. Este, por sua vez, fez a seleção de dois tutores para os cursos

à distância ofertados na oportunidade, sendo escolhidos no âmbito da Polícia Militar

de Santa Catarina, o então Tenente Coronel PM Fred Harry Schauffert e o Capitão

PM Izaías Otacílio da Rosa, levando em consideração a qualificação técnica desses

dois oficiais nas áreas estabelecidas. Com essas atividades, iniciava-se, assim, a

capacitação à distância via SENASP para a Polícia Militar de Santa Catarina8.

O primeiro ciclo de cursos a distância da SENASP contou com a

realização de quatro cursos, sendo eles: Direitos Humanos; Violência, Criminalidade

e Prevenção; Local do Crime: Isolamento e Preservação; e Tráfico de Seres

Humanos. Os quatro cursos disponibilizados obtiveram a participação de 149

policiais militares, sendo que 40 foram aprovados e se tornaram os primeiros a

receberem o certificado nessa modalidade na esfera da PMSC9.

7 Responsável por coordenar as ações relacionadas à educação à distância na área de segurança pública no seu estado. (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2011b). 8 Informações do Tenente Coronel Luiz Ricardo Duarte, Tutor Master da SENASP em Santa Catarina. 9 Dados obtidos através do Login e Senha do Tutor Master em ead.senasp.gov.br

Page 62: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

61

Posteriormente, veio a implantação dos telecentros de EAD no estado.

Os dois primeiros telecentros implantados em Santa Catarina foram na cidade de

Florianópolis, sendo o pioneiro na Academia da Polícia Civil (ACADEPOL) e o

segundo no Centro de Ensino da Polícia Militar de Santa Catarina (CEPM - PMSC).

Ato contínuo, iniciou-se o processo de interiorização dos telecentros de EAD pelo

estado.

Na oportunidade, foi realizada a consulta a todos os órgãos vinculados à

segurança pública acerca do interesse em receberem os telecentros em suas

instalações no interior do estado, em função de que o telecentro, uma vez

estabelecido, atenderia a todos os profissionais, independente de órgão ou categoria

a que pertencesse. Só houve manifestação de interesse por parte da Polícia Militar e

do Corpo de Bombeiros Militar10.

Atualmente, a Rede Nacional de Educação a Distância para a Segurança

Pública em Santa Catarina conta com sete telecentros instalados, sendo dois em

Florianópolis, como já mencionado, um em Joinville (instalado na sede da 5ª Região

de Polícia Militar), um em Blumenau (localizado na sede do 10º Batalhão de Polícia

Militar), um em Chapecó (instalado na sede do 2º Batalhão de Polícia Militar), um em

Criciúma e um em Lages (ambos estabelecidos na sede do Corpo de Bombeiros

Militar dos respectivos municípios).

Hodiernamente, a Rede EAD em Santa Catarina dispõe de 45 tutores

ativos e seis inativos, sendo 23 tutores policiais militares. Os tutores são

selecionados de acordo com a formação e qualificação técnica para a área de

interesse e obrigatoriamente têm que realizar os cursos EAD de formação de tutores

e formação de formadores da própria SENASP, além do curso específico que foi

elencado para tutorar, preparando-se em relação ao funcionamento do sistema, à

forma e aos conteúdos a serem compartilhados (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2011b).

4.2 AVALIAÇÃO GLOBAL DO EAD DA SENASP EM SANTA CATARINA

Desde o ano de 2005, a Rede EAD da SENASP realizou 23 ciclos de

cursos, sendo que a cada ciclo oferecido havia um incremento do número de

10 Informações do Tenente Coronel Luiz Ricardo Duarte, Tutor Master da SENASP em Santa Catarina.

Page 63: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

62

conteúdos disponibilizados e ampliavam-se as áreas exploradas no universo da

segurança pública.

Não obstante o presente trabalho possuir seu foco no aprimoramento

profissional dos policiais militares por intermédio da Rede EAD, julga-se importante

apresentar como dados introdutórios, estatísticas concernentes a toda a segurança

pública catarinense, haja vista que os cursos EAD são disponibilizados a todas as

instituições.

Desde o início foram conferidos mais de 53.800 certificados de conclusão

a profissionais da segurança pública no estado de Santa Catarina. A tabela e o

gráfico abaixo apresentam os números da capacitação, bem como a percentagem

da participação de cada órgão vinculado à segurança pública.

Tabela 1: Quantidade e percentual de alunos aprovados por órgão desde a implantação do sistema.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011. Dados da SENASP, 2011.

DESCRIÇÃO QUANTIDADE DE ALUNOS APROVADOS

% DE PARTICIPAÇÃO

Agente Penitenciário 5.349 9,93%

Bombeiro Militar 5.245 9,74%

Departamento de Polícia Federal 345 0,64%

Departamento de Polícia Rodoviária Federal 1.002 1,86%

Guardas Municipais 813 1,51%

Instituto Geral de Perícias 453 0,84%

Polícia Civil 15.340 28,49%

Polícia Militar 25.085 46,59%

Servidores Administrativos da SSP/SC 209 0,39%

TOTAL 53.841 100,00%

Page 64: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

63

Gráfico 1: Percentual total de aprovações por órgão em todos os 23 ciclos de cursos da SENASP.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011. Dados da SENASP, 2011.

Pela expressividade dos números absolutos acima expostos (53.841

alunos aprovados), vale ressaltar que o número é referente à quantidade de

certificados expedidos, ou seja, diversos profissionais realizaram mais de um curso,

denotando o interesse pela capacitação em diferentes áreas e também o apreço

pela sistemática implementada.

Ademais, infere-se do exposto que a Polícia Militar de Santa Catarina

representa parcela significativa da quantidade de aprovações, com quase metade

das conclusões auferidas (46,79%) até hoje. Não obstante a PM seja o maior órgão

da Segurança Pública do estado, com aproximadamente 11.000 colaboradores, é

relevante salientar o grande interesse dos policiais militares pela qualificação

proporcionada pela SENASP. Pelos números absolutos apresentados, a PM conta

com mais de 25.000 aprovações, representando uma média superior a dois cursos

realizados por policial militar até hoje.

Outro aspecto importante a ser considerado diz respeito à expansão do

sistema de Ensino à Distância. O primeiro ciclo de cursos EAD da SENASP contou

com a realização de quatro cursos. Desde então, a Secretaria procurou

incessantemente ampliar a oferta de conteúdos com o objetivo de atingir o máximo

de temáticas abrangidas pela segurança pública. Foram proporcionados inclusive

9,93% 9,74%

0,64%

1,86% 1,51%

0,84%

28,49%

46,59%

0,39%

Percentual de Aprovações por Órgão

Agente Penitenciário

Bombeiro Militar

Departamento de Polícia Federal

Departamento de Polícia Rodoviária Federal Guardas Municipais

Instituto Geral de Perícias

Polícia Civil

Polícia Militar

Page 65: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

64

cursos que, a primeira vista, não têm relação direta com a atividade, porém, ao

analisar um espectro mais amplo, observar-se-á que todas as temáticas abordadas

pela SENASP se tornam relevantes para a atividade de segurança ao cidadão. O

gráfico 2 explicita a expansão da modalidade nos 23 ciclos realizados até o

momento.

Gráfico 2: Quantidade de cursos EAD oferecidos por ciclo.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011. Dados da SENASP, 2011.

Extrai-se do gráfico acima que a oferta de cursos a distância sofreu uma

tendência de expansão quase ininterrupta ao longo dos anos. Passou de quatro

cursos oferecidos no início da atividade para 60 cursos disponibilizados no último

ciclo, demonstrando um avanço inconteste no ensino a distância na segurança

pública de Santa Catarina. Vale ressaltar que, ao todo, foram mais de 70 cursos

EAD colocados à disposição pela SENASP nesse período. Entretanto, alguns cursos

foram se aperfeiçoando, atualizando seus conteúdos e substituindo versões

anteriores, com novas denominações. Outras temáticas foram divididas em níveis,

para que o profissional tivesse condição de se aprofundar no conteúdo, um pouco

mais extenso, no decorrer do tempo. Então, atualmente são oferecidos 60 cursos de

um universo superior a 70 ao longo da história, com uma tendência de expansão,

tendo em vista o sucesso da atividade.

4 7 4 7 10 12 12 12 12 15 20

25 28 31 36

42 49 52 53

49 53

57 60

0

10

20

30

40

50

60

70

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

Qua

ntid

ade

de C

urso

s

Ciclo

Quantidade de Cursos Oferecidos

Page 66: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

65

4.3 AVALIAÇÃO DO EAD DA SENASP NO APRIMORAMENTO DOS POLICIAIS

MILITARES EM SANTA CATARINA EM SANTA CATARINA

Após as considerações gerais acerca do EAD no contexto da segurança

pública catarinense, será apresentado o levantamento de dados e realizada a

análise da conjuntura da Polícia Militar, com fulcro em gerar conhecimento sobre o

desempenho dessa modalidade junto à PMSC, bem como buscar oportunidades de

aperfeiçoamento do sistema.

O primeiro fenômeno a ser explicitado refere-se à participação total de

policiais militares nos cursos EAD da SENASP nos 23 ciclos, levando em

consideração os alunos matriculados e aprovados em todos os cursos. O gráfico

abaixo traz essa representação.

Gráfico 3: Total de policiais militares de SC inscritos e aprovados em todos os ciclos EAD SENASP.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011. Dados da SENASP, 2011.

Extrai-se do gráfico acima que mais de 29 mil policiais militares só em

Santa Catarina se preocuparam em realizar algum curso a distância oferecido pela

SENASP desde 2005. Esse número representa quase três inscrições por policial

29.178

25.085

-

10.000

20.000

30.000

Matrículas Aprovação

Qua

ntid

ade

Total de PMs Matriculados e Aprovados

( 85,97% )

Page 67: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

66

militar, demonstrando amplo interesse pela atividade. Ocorre que, do contingente de

inscritos, pouco mais de 25 mil completaram os cursos, representando cerca de 86%

do total de matriculados, o que pode ser considerado um elevado índice de

aprovação.

As causas principais de não aprovação nos cursos EAD da SENASP são

as solicitações de desistência no decorrer do evento e as evasões, quando o prazo

de realização do curso se esgota e o aluno não o completa, sem qualquer motivo

alegado11.

Outro dado importante a ser salientado concerne às temáticas de maior

interesse pelos policiais militares. Dentre os mais de 70 diferentes cursos

proporcionados até o momento, os expostos na tabela e gráfico seguintes foram os

que atraíram maior número de policiais militares.

Tabela 2: Cursos mais procurados por PMs levando em consideração as matrículas e aprovações.

CURSO MATRÍCULAS APROVAÇÕES

Direitos Humanos 2808 2240

UPF + UPF - VA + UDF 2768 230612

Identificação Veicular 1 2087 1874

Crimes Ambientais 1684 1472

Busca e Apreensão 1266 1112

Emergencista Pré-Hospitalar 1 1167 1062

Gerenciamento de Crises 1148 1024

Aspectos Jurídicos da Abordagem Policial 1010 901

Polícia Comunitária 899 808

Capacitação em Educação Para o Trânsito 849 722

Investigação Criminal 1 702 631

Português Instrumental 632 544

Espanhol Básico 1 614 507

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011. Dados da SENASP, 2011.

11 Informações do Tenente Coronel Luiz Ricardo Duarte, Tutor Master da SENASP em Santa Catarina. 12 Relatório Final referente ao curso de Uso Diferenciado da Força (UDF) do ciclo 23 ainda não concluído. Foram inscritos 58 alunos para o curso de UDF, mas não está computado nenhum concludente.

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Gráfico 4: Cursos de maior interesse pelos PMs, considerando matrículas e aprovações.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011. Dados da SENASP, 2011.

As estatísticas explicitadas na tabela 2 e no gráfico 4 acima merecem

diferentes considerações:

O curso mais procurado pelos policiais militares foi o de Direitos

Humanos, com 2.808 inscrições. Um dos motivos a ser trazidos à baila é o fato de

que este curso existe desde o primeiro ciclo, entretanto, não deve ser considerado

como fator motivador de estar em primeiro lugar, haja vista que atualmente ele já foi

substituído por outro, não existindo mais.

O significativo interesse dos PMs de Santa Catarina em frequentar o

curso com temática de Direitos Humanos acaba se tornando um importante

fenômeno para a Polícia Militar, podendo gerar um entendimento de que o efetivo

está preocupado com o atendimento à sociedade sob à ótica da doutrina

internacional de Direitos Humanos e Direito Internacional Humanitário. Outro ponto

importante a ser realçado é a apreensão do policial militar em agir de acordo com a

lei, evitando potenciais problemas legais e disciplinares. Por ser o conteúdo mais

visado até hoje, entende-se interessante trazer à pesquisa o resumo do que é

tratado no curso.

2808 2768

2087

1684

12661167 1148

1010899 849

702 632 614

2240 2306

1874

1472

1112 1062 1024901

808722 631

544 507

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Qua

ntid

ade

Cursos

Matrículas e Aprovações em Cursos

MATRÍCULAS

APROVAÇÕES

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A elaboração do conteúdo do curso de Direitos Humanos foi pautada na

palestra do Dr. Ricardo Brisolla Balestreri, ex-Secretário Nacional de Segurança

Pública, acerca do assunto. O curso possui 40 horas-aula, é dividido em dois

módulos sendo o módulo 1 composto por treze reflexões sobre polícia e direitos

humanos e o módulo dois com o título de Homo Faber ou Homo Humanos. As treze

reflexões de que trata o primeiro módulo são: Cidadania, dimensão primeira; Policial,

cidadão qualificado; Policial, pedagogo da cidadania; A importância da auto-estima

pessoal e institucional; Polícia e superego social; Rigor versus violência;

Metodologias Antagônicas; A visibilidade moral da polícia: importância do exemplo;

Ética corporativa versus Ética cidadã; Permanência e acompanhamento;

Humilhação versus Hierarquia; Necessidade da hierarquia; e a Formação dos

policiais (SENASP, 2011).

O curso foi aperfeiçoado e no ciclo 23 foi oferecido o curso de Filosofia de

Direitos Humanos Aplicados à Atuação Policial, sendo considerado um

aprofundamento da primeira versão, haja vista que este último tem como pré-

requisito a conclusão do primeiro (SENASP, 2011).

Outro curso bastante procurado foi o curso que trata do Uso da Força na

atividade policial, que, no decorrer do período se apresentou em três versões,

abordando o mesmo assunto. São elas: Uso Progressivo da Força (UPF), Uso

Progressivo da Força - Versão Atualizada (UPFVA) e Uso Diferenciado da Força

(UDF). Impende ressaltar que as três versões tratam basicamente da mesma

temática, com conteúdos praticamente idênticos, que foram apenas atualizados no

decorrer dos anos, diferentemente de outros cursos, que apresentaram variantes

aprofundadas para temáticas semelhantes.

O Uso Progressivo da Força ou Uso Diferenciado da Força, como

correntemente denominado pela SENASP tem sido uma temática bastante

explorada ultimamente no âmbito da PMSC. Recentemente, o Manual de Técnicas

de Polícia Ostensiva da PMSC foi reformulado, enfatizando a perspectiva do Uso

Progressivo da Força na atividade policial, sob a ótica do Respeito aos Direitos

Humanos e Direito Internacional Humanitário (ROSA et. al. 2010).

Além disso, também no ano de 2010, foi elaborada uma pesquisa

sugerindo que o UPF fosse considerado uma disciplina autônoma, desmembrando

da disciplina de Técnicas de Polícia Ostensiva nos cursos de formação e

Page 70: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

69

aperfeiçoamento, tamanha sua relevância para a atividade policial e também pelo

potencial de melhor explorar suas variáveis (SILVA, 2010).

Sobre o assunto, Silva (2010) assevera que o Uso Progressivo da

Força como disciplina autônoma servirá como elemento de transformação,

proporcionando um salto nos conhecimentos, habilidades e atitudes do policial

militar catarinense. Ademais, conforme se depreende das informações do gráfico 4, os cursos

que abordam o conteúdo Uso da Força na Segurança Pública foram os que mais

aprovaram policiais militares na história da EAD da SENASP em Santa Catarina,

com mais de 2.300 alunos formados, superando o curso de Direitos Humanos, que

atingiu maior procura, porém, formou menos.

Mais uma inferência relevante que pode ser feita a partir da análise do

gráfico supra é o elevado interesse dos policiais militares por cursos mais vinculados

à atividade de polícia judiciária, como o curso de Busca e Apreensão, que atraiu a

atenção de 1266 PMs, com 1112 aprovações e o curso de Investigação Criminal 1,

com 702 inscritos e 631 aprovados.

Sendo a Polícia Militar uma instituição responsável pela polícia ostensiva

e preservação ad ordem pública, suas atividades estão mais vinculadas ao exercício

da polícia administrativa, sendo o exercício da polícia judiciária na esfera estadual

de responsabilidade da Polícia Civil. Consequentemente, a preocupação dos

policiais militares em realizar cursos mais atinentes a outras searas da segurança

pública, como os acima referenciados, denota o interesse dos policiais militares em

entender o contexto da atividade como um todo e a forma de trabalho das outras

instituições dentro do sistema.

Vale ressaltar que também é útil e necessário para a atividade policial

militar, o entendimento dos conceitos e variáveis da busca e apreensão e da

investigação criminal, realizadas com frequência pela Polícia Militar. Contudo, são

atividades típicas de polícia judiciária (Polícia Civil, Polícia Federal) e chamam a

atenção pelo número de policiais militares que realizaram esses cursos até hoje.

Outro ponto a ser salientado é a procura dos policiais militares por cursos

não diretamente ligados a nenhuma esfera da segurança pública, como os cursos de

Português Instrumental, com 632 policiais militares inscritos e 544 formados e o de

Espanhol Básico 1 com 614 matrículas e 507 aprovações.

Page 71: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

70

É evidente que SENASP, ao lançar estes cursos na modalidade a

distância, vislumbra a potencial utilidade desses conhecimentos no âmbito da

segurança ao cidadão, com melhoria na prestação dos serviços. Entretanto, prima

facie, não existe relação direta entre os conteúdos de Português Instrumental e

Espanhol, por exemplo, com a prestação de segurança à sociedade. Todavia, a

necessidade de preenchimento constante de documentação diversa levaram os

policiais militares de Santa Catarina a frequentar cursos como o de Português

Instrumental, bastante procurado, e o de Redação Técnica, também disponibilizado

pela SENASP, mas frequentado em menos escala. Em relação aos cursos de

línguas estrangeiras, como o Espanhol 1, Espanhol 2 e o recém estabelecido curso

de Inglês, a SENASP visualiza um maior preparo dos profissionais de segurança no

atendimento aos turistas estrangeiros, sobretudo com a aproximação de eventos de

escala mundial, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, a serem

realizados no Brasil.

Para a realidade catarinense, o interesse de policiais militares pelo curso

de espanhol pode ser explicado pelo elevado número de turistas de língua

espanhola que visitam o estado, mormente no verão.

Por derradeiro, vale destacar o interesse dos policiais militares pelos

cursos de Identificação Veicular, na área de trânsito, de Crimes Ambientais, dentro

da área de polícia ambiental, onde a PMSC tem grande destaque e pelo curso de

Polícia Comunitária, atividade de polícia em voga atualmente e muito incentivada

pela SENASP.

Quando se parte para a divisão por ciclos, a procura dos policiais militares

ao longo dos 23 ciclos de cursos realizados se dá de acordo com a tabela abaixo.

Tabela 3: Cursos com maior procura de PMs por ciclo e por número de matrículas efetuadas.

CICLO CURSO MATRÍCULAS

1 Local do Crime: Isolamento e Preservação 53

2 Local do Crime: Isolamento e Preservação 67

3 Saúde ou Doença: de qual lado você está ? 38

4 Uso Progressivo da Força 87

5 Uso Progressivo da Força 156

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71

6 Uso Progressivo da Força 116

7 Uso Progressivo da Força 67

8 Busca e Apreensão 75

9 Local do Crime: Isolamento e Preservação 52

Uso Progressivo da Força 52

10 Gerenciamento de Crises 111

11 Identificação Veicular 1 183

12 Identificação Veicular 1 89

13 Investigação Criminal 1 79

14 Uso Progressivo da Força 49

15 Uso Progressivo da Força 368

16 Uso Progressivo da Força - VA 511

17 Direitos Humanos 558

18 Direitos Humanos 573

19 Direitos Humanos 496

20 Direitos Humanos 156

21 Espanhol Básico 1 71

22 Inglês 1 83

23 Inglês 1 107

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011. Dados da SENASP, 2011.

A partir da coleta das informações contidas na tabela 3, observa-se que

diferentes cursos se revezam na preferência dos policiais militares a cada ciclo,

porém obedecendo a uma certa tendência. Primeiramente, é importante frisar que

dentre os 74 cursos EAD oferecidos pela SENASP ao longo da história da Rede

Nacional de Educação à Distância para a Segurança Pública, apenas oito cursos

dividem a preferência dos policiais militares no decorrer dos 23 ciclos. Os motivos

são diversos.

A primeira constatação a se fazer é que, seguindo tendência já levantada

anteriormente, os cursos de Uso Progressivo da Força e suas versões, assim como

o Curso de Direitos Humanos têm procura e aceitação enorme por parte dos

policiais militares, levando em consideração as matrículas e aprovações,

respectivamente. Destaque deve ser dado ao Curso de Uso Progressivo da Força

Page 73: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

72

que foi o mais procurado em oito ciclos dentre os 23 já realizados. Como

mencionado previamente, o UPF é uma temática recorrente na PMSC atualmente e

atrai o interesse dos policiais militares desde que a SENASP implantou este curso, a

partir do ciclo 2. Vale lembrar que o UPF é o carro chefe da aplicação da técnica

policial no exercício da polícia ostensiva, atividade precípua da Polícia Militar

(SILVA, 2010).

Em relação ao curso de Direitos Humanos, nota-se que ele obteve a

preferência dos policiais militares em quatro ciclos seguidos, com elevado número

de matrículas, totalizando quase 1800 policiais militares inscritos, destoando

significativamente dos demais.

Outra inferência relevante a ser destacada, é que as estreias de cursos

costumam ser muito procuradas pelos policiais militares, como aconteceu com os

cursos de Identificação Veicular no ciclo 11, mantendo a liderança de inscrições

também nos ciclos 12 e 13 e o curso de Inglês, que foi o mais procurado em sua

estreia no ciclo 22 e manteve a preferência dos policiais militares no ciclo 23.

Mais um item a ser analisado é o número de matrículas e aprovações de

policiais militares nos cursos EAD da SENASP, levando em conta cada ciclo

realizado. A tabela 4 e os gráficos 5 e 6 trazem essas informações.

Tabela 4: Número de policiais militares inscritos e aprovados por ciclo de curso.

Ciclo PMs Matriculados PMs Aprovados

1 149 40

2 192 89

3 103 58

4 162 106

5 528 359

6 591 436

7 334 302

8 439 381

9 397 342

10 628 496

11 826 670

12 669 582

13 750 666

14 544 497

Page 74: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

73

15 2.162 2.045

16 4.265 3.954

17 4.005 3.581

18 3.413 3.031

19 3.475 3.042

20 1.871 1.611

21 1.177 1.007

22 836 709

23 1.662 1.06713

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011. Dados da SENASP, 2011.

Gráfico 5: Número de policiais militares matriculados por ciclo EAD.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011. Dados da SENASP, 2011.

13 Relatórios Finais de todos os cursos ainda não concluídos.

149 192

103 162

528 591

334 439

397 628

826 669

750 544

2.162 4.265

4.005 3.413

3.475 1.871

1.177 836

1.662

0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000 4.500

123456789

1011121314151617181920212223

Matrículas

Ciclo

PMs Matriculados

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74

Gráfico 6: Número de policiais militares aprovados por ciclo EAD.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011. Dados da SENASP, 2011.

Com as informações colhidas a partir da análise da tabela e gráficos

acima, verifica-se que o ápice, tanto de policiais militares inscritos como de

aprovados se deu nos ciclos 15, 16, 17, 18 e 19, com ênfase para o ciclo 16 que

obteve o maior número de PMs matriculados (4.265) e também de aprovados

(3.954). Uma das razões que podem ser alegadas para explicar esse fenômeno,

haja vista que o incremento dos números é considerável em relação aos ciclos

anteriores, principalmente a partir do ciclo 15, é a influência do Projeto Bolsa-

Formação.

Durante os ciclos retrocitados, a maioria dos Soldados da Polícia Militar

de Santa Catarina satisfazia os requisitos para o recebimento do benefício instituído

pelo Projeto Bolsa-Formação, qual seja, R$ 400,00 (quatrocentos Reais) mensais

durante um ano. Destarte, o incentivo atraiu uma gama expressiva de policiais

militares a realizar os cursos, inclusive com taxas de aprovação bem acima da

média existente até então. Consequentemente, é irrefutável concluir que o fomento

financeiro através do Projeto Bolsa-Formação fez com que a frequência nos cursos

EAD fosse inexoravelmente potencializada.

40 89

58 106

359 436

302 381

342 496

670 582

666 497

2.045 3.954

3.581 3.031 3.042

1.611 1.007

709 1.067

0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000 4.500

123456789

1011121314151617181920212223

Aprovações

Ciclo

PMs Aprovados

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75

Após o ciclo 19, muitos policiais militares perderam o direito ao benefício,

seja por já terem recebido no período de um ano, ou, principalmente, por deixarem

re preencher os requisitos em função de a margem salarial romper o limite

estabelecido de R$ 1.700,00 de remuneração total. Em função do exposto, o

interesse dos PMs pelos cursos sofreu um sensível redução, embora ainda possa

ser considerado expressivo, atraindo 1662 policiais militares para os cursos do

último ciclo realizado.

4.4 O EAD NA ATUAL GESTÃO DA PMSC

A expansão da modalidade de EAD em diferentes níveis de ensino e o

êxito da SENASP com seus cursos a distância no âmbito da segurança pública,

aliados as vantagens já aqui elencadas e a outras questões administrativas vigentes

na PMSC, contribuíram para que o atual comando colocasse em pauta o EAD em

alguns cursos de formação e aperfeiçoamento da Corporação.

No início do ano de 2011, ao assumir a Instituição, o atual Comando

lançou um plano de metas distribuídas em diferentes eixos estruturantes que contam

com 109 indicadores nas mais diversas áreas de trabalho da Polícia Militar de Santa

Catarina. Dentre esses indicadores, inseridos na perspectiva estratégica de suporte

organizacional, estão alguns relativos ao aprimoramento da atividade de ensino e na

formação continuada, a ampliação da oferta de cursos, estágios e treinamentos

presenciais e de ensino a distância faz parte da estratégia corporativa do atual

comando (SANTA CATARINA, 2011).

Para o ano de 2012 está prevista a realização do Curso de Formação de

Cabos (CFC) com uma etapa presencial e outra etapa à distância14. Na forma

híbrida, a realização desse curso contribui para reduzir diversos percalços que a

corporação enfrenta todos os anos na hora de realizar o planejamento como a

questão das salas de aula insuficientes, alojamentos, alimentação e outros custos

diretos e indiretos.

Para diversas disciplinas, como a técnica policial, por exemplo, se faz

necessário a realização de treinamentos e exercícios práticos para o sucesso da

mesma. Todavia, observando a carga curricular do curso ora em estudo, observa-se

14 Informações da Diretoria de Instrução e Ensino (DIE) da PMSC.

Page 77: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

76

que é possível disponibilizar uma série de disciplinas na modalidade EAD sem

qualquer prejuízo ao processo de ensino-aprendizagem. Por estas razões, entende-

se que idealizar e implantar para a formação continuada da polícia militar cursos que

integram a modalidade presencial com etapas a distância é uma decisão produtiva e

acertada para o desenvolvimento da PMSC na área de ensino.

Este capítulo teve por objetivo promover o levantamento de dados

relativos às atividades de capacitação da SENASP junto aos policiais militares de

Santa Catarina, com foco na modalidade de Educação à Distância, desde o princípio

até os dias atuais, bem como analisar o mapeamento executado com o escopo de

gerar oportunidades de aperfeiçoamento da ferramenta EaD na Polícia Militar de

Santa Catarina.

Para o cumprimento das metas citadas, optou-se por abordar inicialmente

a história da implantação do sistema EAD da SENASP na segurança pública

catarinense, assim como realizar uma avaliação sintética global acerca do alcance

da modalidade em todos os órgãos de segurança de Santa Catarina.

Após as análises primitivas, partiu-se para explorar mais

pormenorizadamente a influência da Rede Nacional de Educação a Distância para a

Segurança Pública especificamente junto aos policiais militares do estado, com o

levantamento de tudo que foi feito na área desde o princípio da atividade até os dias

atuais. Entende-se que o êxito foi atingindo a partir da explicitação dos números que

atestam a fundamental relevância dessa atividade para o aprimoramento profissional

dos PMs de Santa Catarina.

Por derradeiro, foi apresentado de forma breve o que o atual comando da

PMSC está fazendo na área de ensino, com foco nas realizações que vislumbram a

educação a distância como alternativa.

Page 78: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

77

CONCLUSÃO

No decorrer da elaboração desta pesquisa, foi identificado que as

demandas sociais por melhoria na prestação dos serviços de segurança pública ao

cidadão exigem das autoridades constituídas criatividade, inovação e investimentos

massivos na área. O maior investimento intangível para a área de segurança ao

cidadão é no capital humano e intelectual e uma vertente importante é a capacitação

profissional. A utilização cada vez mais acentuada das Tecnologias de Informação e

Comunicação (TICs) contribui para que a qualificação profissional na seara da

segurança pública seja potencializada, tendo a modalidade de educação a distância

como “carro-chefe” dessa disseminação mais efetiva de tecnologia e conhecimento.

Na esteira da conjuntura apresentada, surgiu a ideia de pesquisar a

relevância da EAD por intermédio da SENASP junto aos policiais militares do Estado

de Santa Catarina, com o intuito de descobrir se a atividade estava mesmo sendo

efetiva para a Corporação.

Desta maneira, necessário se faz o resgate da problemática inicial da

pesquisa, que deu razão e forma a elaboração do presente estudo, qual seja: qual a

contribuição atribuída à ferramenta de Educação a Distância implementada pela

SENASP no aprimoramento técnico profissional dos policiais militares de Santa

Catarina, desde a gênese até os dias atuais?

Para que se pudesse responder à pergunta de pesquisa, foi necessário

que se atingisse cada um dos objetivos propostos no trabalho. Destarte, buscou-se

inicialmente explicitar os aspectos propedêuticos da educação a distância em nossa

sociedade, fornecendo uma visão holística a respeito do sistema. Para tanto, foi

abordado o histórico da modalidade no mundo e no Brasil, os conceitos de EAD

mais recorrentes na literatura, a legislação que rege esta atividade no Brasil, bem

como as ferramentas mais importantes do sistema e as vantagens que ele

proporciona.

Ato contínuo, buscou-se na unidade textual seguinte elucidar o contexto

do surgimento da Secretaria Nacional de Segurança Pública, suas políticas

vigorantes e suas principais atribuições na esfera da segurança pública nacional.

Dentro das políticas vigentes na SENASP, aprofundou-se na capacitação,

estudando-se os ditames da Matriz Curricular Nacional e sobretudo da Rede

Nacional de Educação a Distância para a Segurança Pública - Rede EAD - foco

Page 79: POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO SUL …

78

primário desta pesquisa, encerrando com pinceladas a respeito do Projeto Bolsa-

Formação.

No capítulo 4, o mais importante deste trabalho, iniciou-se com uma

síntese sobre a implantação do sistema EAD da SENASP em Santa Catarina e com

uma breve avaliação global de sua contribuição, considerando todos os órgãos de

segurança pública atuantes no Estado. Após a visão geral, deu-se ênfase a

influência do sistema no aprimoramento dos policiais militares, uma vez que se

buscou-se realizar um mapeamento e análise pormenorizada a respeito da atuação

da SENASP através da Rede EAD junto aos PMs de Santa Catarina.

Foram avaliados todos os 23 ciclos que a SENASP desenvolveu,

levantando-se todos os cursos já realizados por policiais militares, estratificando

quantos PMs já se envolveram com a metodologia, quais os cursos mais procurados

por ciclo e no cômputo geral, os ciclos mais frequentados, a relação entre matrículas

e aprovação, bem como qual é a tendência da modalidade no âmbito da PMSC.

Diante da abordagem efetuada, chegou-se com a elaboração desta

pesquisa as seguintes conclusões:

A implantação dos cursos na modalidade EAD por intermédio da Rede

Nacional de Educação a Distância para a Segurança Pública da SENASP é de

fundamental importância para o aprimoramento profissional dos policiais militares de

Santa Catarina, à medida que atraiu o interesse de quantia superior a 29 mil

inscritos, levando à concessão de mais de 25 mil certificados de conclusão em

aproximadamente 70 diferentes cursos nos mais diversos domínios de trabalho do

universo da segurança pública ou até mesmo fora dela. Ressalte-se que, mesmo os

policiais militares não concludentes, mas que ingressaram no sistema em algum

momento do curso, tiveram acesso aos conteúdos dos mesmos, podendo

disponibilizá-lo quando preciso.

Outro aspecto a se destacar foi a influência positiva do Projeto Bolsa-

Formação no interesse dos policiais militares em realizar os cursos EAD oferecidos

pela SENASP. Diante dessa conjuntura, seria importante que a instituição envidasse

esforços em recuperar o incentivo de alguma forma aqueles policiais que atingiram o

limite remuneratório estabelecido pela legislação (R$ 1.700,00) e perderam o

benefício. A sugestão é que o benefício seja concedido de forma gradual. Inicia-se

com R$ 400,00 para os PMs que percebem abaixo do limite e vai decrescendo

gradualmente, de forma que só seja interrompido o pagamento integralmente aos

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profissionais que recebem acima de R$ 2.100,00, como resultado da soma do

benefício com o valor limite estipulado. Para a realidade vivenciada pela Segurança

Pública em Santa Catarina, entende-se também que os valores correspondentes a

horas-extras (estímulo operacional) e adicionais noturnos não devem ser

computados no limite remuneratório para efeito de concessão do benefício.

Mais uma sugestão advinda da produção desta pesquisa é que seja feita

a integração dos conteúdos do EAD com a formação presencial, incentivando ainda

mais os PMs a realizarem os cursos. Ou seja, como diversos conteúdos dos cursos

presenciais de formação e aperfeiçoamento são semelhantes ou idênticos aos

oferecidos na modalidade a distância pela SENASP, observa-se que seria

interessante a integração, de forma a aproveitar carga-horária e evitar a repetição de

conteúdos ministrados.

Por derradeiro, como quarta oportunidade de aperfeiçoamento originada

da geração de conhecimento proporcionada pela realização deste trabalho, julga-se

importante a instituição de módulos EAD nos cursos de formação continuada (Curso

de Formação de Cabos - CFC; Curso de Formação de Sargentos - CFS) e de

aperfeiçoamento da PMSC (Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos - CAS; Curso

de Aperfeiçoamento de Oficiais - CAO; e Curso Superior de Polícia Militar - CSPM),

dadas as inúmeras vantagens que a metodologia apresenta e que foram explicitadas

no corpo do trabalho, mormente o custo-benefício do sistema.

Finalizando, acredita-se que todos os objetivos propostos para este

trabalho foram atingidos, conforme exposto acima e no corpo dos capítulos desta

monografia.

Como limitações desta pesquisa, é importante elencar o tempo exíguo

para a realização da mesma, haja vista que o curso teve duração total de quatro

meses e cinco semanas foram disponibilizadas para a realização da monografia.

Outra é que o foco da mesma foi orientado aos policiais militares, desconsiderando

uma análise mai detalhada de outros agentes de segurança pública do Estado.

Para pesquisas vindouras na área, fica a sugestão de aprofundamento da

influência da EAD em todas as áreas da segurança pública catarinense, com foco a

harmonizar o entendimento entre as instituições.

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