Política, Espaço e Cultura No Estado Do Tocantins - J.C.rodrigues

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Artigo sobre política, espaço e cultura

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  • POLTICA, ESPAO E CULTURA NO ESTADO DO TOCANTINS

    Prof. Dr. Jean Carlos RodriguesUniversidade Federal do Tocantins (UFT)

    Campus Universitrio de AraguanaCurso de Licenciatura em Geografia

    E-mail: [email protected]

    1. INTRODUO

    A temporalidade e seus atributos parece ser mesmo um dos maiores contribuintespara a manifestao espacial da cultura. So pelas relaes dialticas estabelecidas entretempo e espao, que os momentos se constituem e se materializam na paisagem em forma derugosidades. Para Santos (2008, p. 173), o espao torna-se a testemunha da memria dascoisas fixadas na paisagem criada, o que possibilita a consolidao e produo de um espaosimblico que reorganiza a cada instante os sentidos de objetos, lugares e pessoas.

    Mas no s isso: poltica e ideologia, poder e representao, tambm fazem partedeste inventrio espacial constitudo por elementos materiais e imateriais que produzem opatrimnio de cada paisagem que atores polticos, em cada momento, manipulam de modoorganizado no esforo de produo de significados e imaginrios que contribuem para oexerccio do controle e da dominao. Uma relao de poder! Nesse sentido, a cultura passaa ter uma funo poltica que lhe prpria e integra um conjunto de elementos que contribuempara compreendermos as organizaes espaciais. Juntos, cultura, economia e polticaproduzem territrios e territorialidades que so, nas palavras de Santos (2007, p. 18), umfator ativo na construo do universo social.

    Isso implica em afirmar que, no mundo contemporneo, a anlise do fato culturalpossui o mesmo valor que as anlises econmicas e polticas para a elucidao da realidadevivida e a investigao dos processos ideolgicos que resultam em formaes espaciais. Osespaos produzidos em diversas escalas no esto isentos de ideologias e de representaeselaboradas por seus produtores, quais sejam, indivduos e instituies. Assim, o espao poltico.

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  • Neste sentido, o trabalho que apresentamos traz significativas contribuies para oentendimento da produo do espao simblico. Ele trata da criao do Estado do Tocantinsno final da dcada de 1980. Ele contribui para a compreenso da articulao entre cultura epoltica para o entendimento da sociedade contempornea e de suas reorganizaes espaciais.Consideramos o Tocantins como uma miscelnea de elementos importantes para seremanalisados, um novo territrio no serto do cerrado brasileiro que se tornou um plo deatrao de diversos migrantes, vindos de outros estados e regies da federao, alimentadose atrados por um discurso de desenvolvimento regional produtor de novas paisagens,sentidos e significados na vida de muitas pessoas.

    Colocado desta forma, o trabalho caminha no esforo de apresentar comunidadegeogrfica a necessidade de repensarmos metodologicamente as formas de interpretao domundo presente no instante em que identificamos uma disposio da cincia em reorientarsuas anlises a luz de novas matizes tericas subsidiadas por acontecimentos de ordem globalque exigem novos esforos para compreend-los. E a intrnseca relao entre espao, polticae cultura deve ser mais explorada nesse contexto.

    2. A CRIAO DO ESTADO DO TOCANTINS E FORMAO DEIDENTIDADES REGIONAIS

    O Estado do Tocantins a mais nova unidade poltica-administrativa da federaobrasileira. Foi criado pelo Ato das Disposies Constitucionais Transitrias da Constituioda Repblica Federativa do Brasil em 1988, em seu artigo 13, a partir de uma diviso doEstado de Gois. Tambm conhecido at o fim da dcada de 1980 como o norte goiano,como uma referncia de pertencimento espacial antes da diviso do estado goiano, a regioque compreende o atual estado tocantinense pertence, hoje, regio norte do Brasil e estsituado na rea de abrangncia poltica da Amaznia Legal, no bioma do Cerrado Brasileiro,conforme mapa 1.

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  • MAPA 1: LOCALIZAO DO ESTADO DO TOCANTINS

    Org. Sousa, Benilson Pereira de.

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    O espao de representao tornara-se o meio pelo qual poltica e cultura (incluindo ouniverso religioso) se articulam para apresentar novos significados espacializao da vidasocial. Ele nasce dessa imbricao entre o poltico, o cultural e o religioso. Estes so

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  • mediados pelos discursos que, por meio da elaborao de smbolos, imaginrio e memriaprocuram construir uma identidade ao habitante do Estado do Tocantins que legitime as falasde seus produtores que, em muitos momentos, recorrem a uma representao mtica da vidasocial. Nessas articulaes, podemos estabelecer uma clara relao entre o poder, a prticasocial e o fato cultural como elementos centrais do espao de representao desta unidade dafederao brasileira. (RODRIGUES, 2010).

    Para tanto, necessitamos de uma anlise da dimenso simblica construda sobre osespaos de vivncia para podermos detectar as representaes elaboradas em torno deles ede suas geografias. Para Gil Filho (2005, p. 57), uma Geografia das Representaes umaGeografia do conhecimento simblico. Assume as representaes sociais como ponto departida para uma Geografia Cultural do mundo banal, da cultura cotidiana, do universoconsensual impactado pelo universo reificado da cincia e da poltica. A questo daidentidade cultural emerge e ganha fora, sentido e significado nessa anlise por aentendermos como um fato poltico e que por meio dela podemos construir espaos derepresentao regional sem perder de vista que sua dimenso, alm de espacial, tambm temporal.

    Desse modo, as identidades culturais regionais construdas caracterizam o Tocantinse os seus sujeitos no momento de sua instituio e consolidao (...) carregado de significadosque, acreditamos, potencializam a veiculao de imagens do Tocantins e dos tocantinensesque tendem a ser marcantes no imaginrio de esferas da populao (MOTTER, 2010, p.11). Nesse sentido, as rugosidades impregnadas na paisagem pelo processo histrico e aproduo de seus momentos colaboram na construo desta identidade cultural regional pormeio da construo de um patrimnio, tanto material como imaterial, que ajudam os atorespolticos a elaborarem o que eles consideram como referncias culturais regionais do estado.

    Alm do patrimnio, as notcias e editoriais veiculados pela imprensa, a literaturaregional e a formao de smbolos regionais (como hinos, bandeiras, festas) so instrumentosque auxiliam na elaborao e divulgao de uma identidade cultural construda em umatemporalidade histrica que se (re)atualiza a cada instante a fim de manter a memria e arepresentao regional sempre presente no imaginrio coletivo (RODRIGUES, 2010). Dessaforma, concordamos com Hall (2009, p. 81), quando este autor afirmou que as identidades,

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  • portanto, so construdas no interior das relaes de poder. Toda identidade fundada sobreuma excluso, e nesse sentido, um efeito do poder.

    No caso da identidade cultural regional tocantinense, possvel detectarmos asrelaes de poder inerentes a sua formao quando a mesma foi construda como um atopoltico de um grupo social interessado em justificar a diviso do Estado de Gois e aformao do Estado do Tocantins. A construo desta identidade cultural influencia, inclusive,as opes polticas feitas pelo eleitorado estadual em pleitos para o cargo de executivoestadual (governador), o que demonstra sua interferncia na representao poltica local.

    Assim, verifica-se que a formao do estado e de sua representao cultural mediadapela poltica e pela cultura no foi um processo construdo coletivamente, mas imposto poruma elite que se afirmava enquanto representante da populao local e que dizia estar falandoem nome do povo (RODRIGUES, 2010), uma reprise da Proclamao da RepblicaBrasileira, em 1889, na qual a populao apenas assistiu, como figurante, um ato poltico queatendeu os interesses de uns poucos beneficiados. Nesse caso, fica clara a relaoestabelecida entre poltica e identidade, na perspectiva de Claval (1999, p. 357) na qual asconstrues polticas moldam as identidades, mas, nem sempre as formas identitriaselaboradas pelas elites interessam s camadas populares.

    Uma outra problemtica sobre as identidades regionais que podemos levantar dizrespeito a um conflito existente entre fronteiras polticas e fronteiras culturais. Pensamos queas manifestaes das identidades culturais regionais transgridem os limites polticos. Hall(2009, p. 35) afirma que as culturas sempre se recusaram a ser perfeitamente encurraladasdentro das fronteiras nacionais. Elas transgridem os limites polticos. Se essa transgressoocorre entre as fronteiras nacionais, acreditamos que o mesmo se faz presente entre asfronteiras regionais haja vista a deteco de muitas caractersticas culturais goianas presentesna vida cotidiana do Tocantins, como hbitos alimentares e de linguagem.

    Conforme j afirmamos em outra ocasio (RODRIGUES, 2010), foi na frgilconstruo representativa dos contrrios, das oposies (goianos versus tocantinenses)forjadas por uma elite poltica detentora do poder que o sentido de identidade regional seestruturou. Se do ponto de vista territorial o Estado do Tocantins teve data e hora para serinstalado (01/01/1989), o mesmo no ocorreu com sua territorialidade cultural, uma heranaque permanece ainda hoje dos tempos em que a regio sobre a qual foi instalado

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  • identificava-se por pertencer ao Estado de Gois. Assim, compreende-se que a identidadecultural regional torna-se algo que extrapola as construes polticas e torna-se uma questode pertencimento territorial. Deixa de ser um territrio da poltica para ser uma poltica deterritrio. Territrio e cultura, portanto, so elementos indispensveis na anlise dasidentidades regionais, coletivas ou individuais.

    Para Motter (2010, p. 146), as identidades resultam de disputas de representaes,so sempre inacabadas e respondem aos interesses dos grupos sociais que procuram, atravsde prticas e tambm do ato verbal, renovar essas representaes, dando novos sentidos smesmas. Dessa forma, ao desenvolvermos nossa atividade de pesquisa sobre a criao doEstado do Tocantins, verificamos a importncia da construo de espaos de representaode uma identidade cultural regional bem como sua veiculao e constante (re)atualizao paraque a mesma servisse como mais um argumento para a elite poltica interessada na criao doTocantins. Nesse sentido, Heidrich (2000, p. 133) afirma que a associao entre cultura epoltica aspecto que predomina nas afirmaes que cumprem a funo de tornarhegemnico um determinado interesse. Faz-se da cultura um recurso da poltica.

    Assim, consideramos que a construo da identidade regional do Tocantins se deupor imposies polticas. Foi uma identidade cultural regional inventada para dar suporte auma elaborao discursiva criada por um grupo social interessado na criao do Estado doTocantins que implicou em uma nova diviso regional do Brasil. isso que Heidrich (2000, p.148) denomina de instrumentalizao poltica do sentimento construdo. O que importantese atentar nesse processo de construo de identidades, que tanto a poltica como a culturae o territrio fornecem suporte na inteno de contribuir com essa formao. Sabe-se que aformao da identidade coletiva no estanque. Ela se movimenta da mesma forma como soconstrudas e reconstrudas as representaes desse universo coletivo. Nesse quesito, umaanalise dos fatos poltico, cultural e territorial sobre esses processos so extremamentenecessrios, porque o espao, como produto social, poltico.

    3. O MITO POLTICO E FUNDADOR DO ESTADO DO TOCANTINS

    Os mitos possuem um valor e um papel poltico importante na construo daidentidade cultural regional. Claval (2002) j havia chamado a ateno para os mitos quando

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  • afirmou que tanto os mitos religiosos quanto os polticos modificam a natureza de parcelas doespao social. No caso do Estado do Tocantins, a anlise do mito poltico fundador,materializado em discursos e monumentos, permite uma ampla compreenso da influncia doselementos e racionalidades religiosas na formao da identidade cultural regional(RODRIGUES, 2010).

    O mito de criador do Estado do Tocantins em Siqueira Campos, por exemplo, algoa ser problematizado a fim de compreendermos a reatualizao de discursos e a construode uma historiografia regional que atribui a ele a conduo de todo processo de formao doTocantins. Siqueira Campos foi Deputado Federal por vrios mandatos e participouativamente na Assemblia Nacional Constituinte, instituda para escrever a nova ConstituioFederal do Brasil entre 1987 e 1988. Naquela ocasio, Siqueira Campos foi redator daSubcomisso dos Estados que tinha por objetivo analisar a proposta de criao de novasunidades da federao a serem criadas pela Constituio Federal que estava sendoelaborada.

    Logo aps a aprovao da criao do Estado do Tocantins, Siqueira Campos secandidatou para ser o primeiro governador do novo estado. As eleies ocorreram em 15 denovembro de 1988 e ele saiu vitorioso com o lema de campanha quem criou, merece,atribuindo a si o ato de criao do Tocantins, constituindo-se como um mito poltico efundador regional. Ele tomou posse em 01 de janeiro de 1989 por dois anos. De 1988 at2010, Siqueira Campos j foi governador do Tocantins 3 (trs) vezes.

    A problemtica em torno do mito poltico fundador do Tocantins em Siqueira Camposest na forma como ele articula memria, imaginrio e poltica a seu favor. Para Heidrich(2000, p.138), o mito, como se apresenta na condio de existncia longnqua, como fatopraticamente natural, permite que a referncia ao passado misture-se a ele como origem dascoisas, conferindo fidelidade ao argumento que nele se sustenta. Siqueira Camposconsidera-se o criador do Tocantins e constri toda uma historiografia regional baseada nessainterpretao da histria.

    Ele construiu monumentos, smbolos regionais (bandeira, hino do estado) e a prpriacapital do estado, Palmas, que contriburam para a elaborao da identidade cultural regional.Segundo Silva (2008, p. 14) a criao de Palmas e o investimento macio em propagandaacabaram por impregnar no iderio popular a identidade tocantinense de uma maneira

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  • fabulosa, ao que parece, envolvendo, sobretudo, a populao flutuante vinda de outrosEstados para a nova capital.

    A importncia da construo de Palmas por Siqueira Campos algo que envolvepoder e controle sobre a elaborao de formas de significao e pertencimento regional. Porser uma cidade planejada no modelo de Braslia (DF), capital da Repblica, ela misturatradio com modernidade, esttica e poder, e torna-se uma cidade de tempos ausentes empleno serto do cerrado brasileiro. Edificada a partir das plantas e croquis de arquitetos eengenheiros, Palmas tornou-se uma forma urbana rf de tempos prprios e toma para sioutras temporalidades histricas para inserir em sua configurao espacial em um esforo deforjar sua prpria memria. Para Silva (2008, p. 32), na ausncia de temporalidade urbana,outros tempos ocupam a cidade construda. Tempos forjados, cuidadosamente colocados noespao, que imprimem vises e projees muito particulares para a cidade e permanecero lat que a ausncia se dilua na passagem, no fluxo, e esse tempo ausente deixe de s-lo.

    Cassirer (2003) destaca o papel dos mitos polticos na formao de umarepresentao de nao. Se eles foram teis na constituio do sentimento nacional emmeados do sculo XX, detectamos que eles tambm influenciaram na constituio de umaidentidade cultural regional, sobretudo quando a representao desta identidade utilizadacomo recurso para justificar a criao do Estado do Tocantins. A atuao de SiqueiraCampos considerando-se o criador do estado e construtor da capital gera dividendos quealimentam o imaginrio coletivo em torno de seu mito fundador e demonstra claramente opoder poltico que ele ainda exerce sobre o estado, mesmo no sendo mais governador doTocantins.

    exatamente isso que sustenta os argumentos de Siqueira Campos: destacando que aluta pela criao do Estado do Tocantins histrica, com mais de 179 anos entre os primeirosmovimentos iniciados no sculo XIX at a emancipao com o Estado de Gois, ocorrida em1989, coube a ele concretiz-la. Aqui, o espao tornou-se um produto da histria. O discursoe a racionalidade religiosa do mito, nesse caso, foram utilizados como finalidade poltica eencontra retorno na massa qual se destinava.

    Assim, podemos afirmar que, quando os universos da poltica e da cultura seencontram, quando se articulam, as representaes se cruzam e constroem espaos derepresentao mediados pelos fatos poltico, cultural e territorial permitindo uma interpretao

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  • de facetas da identidade cultural regional tocantinense. Entendemos que o processo deformao espacial do Estado do Tocantins e de sua identidade cultural regional ainda est emcurso e necessitam serem explorados.

    As definies de fronteiras de controle e apropriao de determinada realidade socialperpassam pela questo da territorialidade e neste ponto precisamos refletir sobre asarticulaes existentes entre as estruturas dos sistemas simblicos produtores de fatospolticos, culturais e territoriais que do suporte a produo de uma identidade culturalregional contextualizada no processo de emancipao do estado devidamente pensada poratores polticos envolvidos neste processo.

    CONSIDERAES FINAIS

    Na exposio que realizamos acima sobre as relaes entre espao, poltica e culturana formao do Estado do Tocantins podemos perceber o quanto o fator cultural foiimportante e determinante para a construo do espao de representao tocantinense pormeio da elaborao de smbolos, construo de memrias e produo de discursosorganizados por atores polticos que tinham interesses na emancipao do at ento nortegoiano.

    O estudo sobre o Estado do Tocantins, no tomado como um estudo de caso, mascomo anlise de um fenmeno que apresenta as intrnsecas relaes entre espao, poltica ecultura para a reorganizao do espao brasileiro por meio da produo de novasregionalidades, demonstra o quanto o fato cultural deve ser considerado nos estudos queprocuram compreender as dinmicas espaciais. Assim, abre-se uma nova perspectiva nos estudos que tratam da compreenso dasmanifestaes regionais, tanto polticas quanto culturais, e as necessidades de incluir nestasanlises, alm de outros fatores, tambm a dinmica cultural e sua produo enquanto fatopoltico. Pois, conforme nos alertou Lefebvre (2008), o espao poltico e sua produo noesta isenta de ideologias, discursos e produo de memrias que procuram elaborarreferencias culturais regionais que as particularizam em um mundo em que pessoas, coisas eobjetos parecem se globalizar. S parecem!

    REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS

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    SILVA, Valria Cristina Pereira da. Girassis de Pedra: imagens e metforas de uma cidadeem busca do tempo. Tese. (Doutorado em Geografia), 2008. Universidade Estadual Paulista UNESP.

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