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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP CASSIANO ROBERTO NASCIMENTO OGLIARI O NÍVEL DE EXIGÊNCIA CONCEITUAL DAS PRODUÇÕES DO PROFESSOR NO PDE:A RECONTEXTUALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO ACADÊMICO NO ENSINO DA MATEMÁTICA DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA, SOCIEDADE SÃO PAULO 2012

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

CASSIANO ROBERTO NASCIMENTO OGLIARI

O NÍVEL DE EXIGÊNCIA CONCEITUAL DAS PRODUÇÕES DO PROFESSOR

NO PDE:A RECONTEXTUALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO ACADÊMICO NO

ENSINO DA MATEMÁTICA

DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA, SOCIEDADE

SÃO PAULO

2012

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

CASSIANO ROBERTO NASCIMENTO OGLIARI

O NÍVEL DE EXIGÊNCIA CONCEITUAL DAS PRODUÇÕES DO PROFESSOR

NO PDE:A RECONTEXTUALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO ACADÊMICO NO

ENSINO DA MATEMÁTICA

DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA, SOCIEDADE

Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo, como exigência

parcial para a obtenção do título de Doutor em

Educação: História, Política, Sociedade; sob

orientação da Profª Drª Alda Junqueira Marin.

SÃO PAULO

2012

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Banca Examinadora

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OGLIARI, Cassiano Roberto Nascimento. 2012. O nível de exigência conceitual das

produções do professorno PDE: a recontextualização do conhecimento acadêmico no

ensino da Matemática. Tese defendida no Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação:

História, Política, Sociedade da PUC-SP.

RESUMO

Esta pesquisa recai sobre a relação da formação continuada, proveniente da participação do

professor no PDE e o seu impacto sobre o nível de exigência conceitual contido nas produções

que ele elabora, mediante sucessivas instâncias de recontextualização. O PDE é um programa de

formação docente implantado pelo estado do Paraná que articula as IES públicas com duração

de 2 anos. Durante o primeiro ano, o professor se afasta da atividade docente para realizar

estudos teóricos e produzir material didático que o auxilie a superar dificuldades pedagógicas

diagnosticadas. No segundo ano, o professor retorna à atividade docente para implementar seu

material didático em dupla função: na sua sala de aula e na formação de outros professores.

Importa considerar que existe lacuna teórica que demonstre a relação existente entre processos

formativos de professores e o rigor conceitual contido em produções oriundas desta

participação. Foi adotado o referencial de Bernstein, que tem potencial para estabelecer a

relação indicada, tanto em termos teóricos como metodológicos. Nesse sentido, a pesquisa

privilegiou a aproximação de aspectos qualitativos e quantitativos à questão a ser investigada,

caracterizando aquilo que Bernstein denomina de metodologia mista de investigação. Devido ao

percurso metodológico adotado exigir intenso estudo sobre as produções, elegeu-se as realizadas

por um professor da disciplina de Matemática caracterizando, principalmente, como

procedimento de pesquisa a análise documental. Esta se deteve sobre: (1) projeto; (2) material

didático e; (3) artigo final, constituindo objeto de análise de relações intracontexto na

recontextualização do conhecimento acadêmico da disciplina de Matemática. Também foram

tecidas considerações a respeito da relação entre a formação continuada e o desempenho do

professor PDE, tomando-se como referência suas regras de reconhecimento e de realização

passiva detectadas nos relatos do professor em momento de “entrevista”. Os resultados não

pretendem ser generalistas, mas indicam que o nível de exigência conceitual contido em

produções realizadas por professor inserido em processo de formação continuada com as

características do PDE, favorece a aquisição de competências cognitivas mais complexas,

conteúdos que envolvem gradativamente elevado poder de abstração relacionando temas

unificadores no interior da disciplina e forte relação entre conhecimento acadêmico e não

acadêmico, contribuindo para elevar o nível de exigência conceitual dos materiais para

professores e que beneficiem alunos.

Palavras-chave: Programa de Desenvolvimento Educacional -PDE; Recontextualização;

Formação Continuada de Professores; Nível de Exigência Conceitual no Ensino da Matemática.

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OGLIARI, Cassiano Roberto Nascimento. 2012. The level of conceptual demand in the

teachers’ production in PDE: the recontextualization of academic knowledge in

Mathematics Teaching.Thesis defended in the Program Post-Graduate Studies in Education:

History, Politics, Society of the PUC-SP.

ABSTRACT

This research lies on the relation of continuing education, coming from teachers' participation in

the PDE and their impact on the conceptual requirements in the production developed by them

through successive instances of recontextualization. The PDE is a teachers training program

implemented by the state of Parana, which articulates the public higher education institutions

with a duration of two years. During the first year, the teacher moves away from the teaching

activities to carry out theoretical studies and produce educational materials that will assist them

to overcome existent pedagogical hurdles. In the second year, the teacher returns to the teaching

activities to implement the courseware performing double duty: in the classroom and training

other teachers. It is relevant to consider that there is theoretical gap showing the relation

between teacher training processes and conceptual rigor that is in the production from this

participation. It was used the Bernstein‟s theory which has the potential to establish the relation

pointed, both theoretical and methodological. In this sense, the survey favored the approach of

qualitative and quantitative aspects to the investigated issue, characterizing what Bernstein calls

as the mixed methodology research. Due to the fact that the methodological approach adopted

requires intense study over the production, it was chosen those conducted by a Mathematics

teacher characterizing, mainly, as a research procedure and document analysis. This stood over:

(1) design; (2) courseware; and (3) the final article, comprising three instances of

recontextualization of academic knowledge of Mathematics. Some considerations were also

made about the relation between continuing education and teacher performance PDE, taking as

reference the rules of recognition and the passive realization detected on the teacher‟s reports in

the moment of an "interview". The results are not intended to be generalists, but indicate that the

requirement contained in conceptual productions undertaken by teachers inserted in the process

of continuing education with the characteristics of PDE, favors the acquisition of complex

cognitive skills, content gradually involving high power of abstraction relating unifying themes

within the discipline and strong relationship between academic and nonacademic knowledge,

helping to raise the level of conceptual demand of teachers and students.

Keywords: Educational Development Program; Recontextualization; Continuing Education of

Teachers; Conceptual Requirement in Mathematics Teaching.

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AGRADECIMENTOS

A todos aqueles que sempre me incentivaram a continuar na busca de meus ideais,

especialmente meus pais e irmãos.

Aos amigos que escutaram, por horas e até mesmo por dias, minhas angústias e

descobertas e acompanharam cada conquista neste processo de investigação.

À Lucimara de Souza Monteiro, professora de Língua Portuguesa e amiga, pela revisão

ortográfica da tese.

À Gílian Cristina Barros, professora e amiga, pela ajuda incontestável para a formatação

desta tese.

Ao professor Ricardo Hasper pelo auxílio na obtenção de alguns dos dados da tese.

A todos os colegas do PDE, pelo estímulo e debates calorosos em torno da formação

dos professores.

À professora Maria Terezinha Borguezan pela colaboração na indicação de professores

PDE para compor a pesquisa.

Ao meu grande amigo, Marciano de Almeida Cunha, por ter me indicado este Programa

e pelas parcerias nas viagens de Curitiba a São Paulo.

Às professoras Luciana Giovanni e Claúdia Gallian, pelas valiosas contribuições

realizadas no momento da qualificação deste trabalho.

À professora Alda Junqueira Marin, minha orientadora, pelas palavras de incentivo e

apoio, mas principalmente pelo trabalho sério e comprometido com os quais desenvolve

suas pesquisas e que com isso nos ensina.

À CAPES por ter financiado todo o período de estudos.

À Betinha, secretária do EHPS, pelo seu pronto atendimento e amizade.

Às pesquisadoras, que nem conheço, mas que já são tão familiares, entre elas: Silvia

Calado, Ana Maria Moraes e Isabel Pestana Neves, pelas contribuições, por meio de

seus textos, à continuidade deste trabalho.

A todos aqueles, cuja memória pode me faltar, que me auxiliaram e apoiaram para a

conquista de mais este objetivo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

CAPÍTULO 1 O CONTEXTO DA PESQUISA: O PROGRAMA DE

DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE ................................................... 23

1.1 – Apresentando o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE ........................... 23

1.2 – A proposta do PDE e a discussão no campo da formação do professor ....................... 30

1.3 – Aspectos curriculares do PDE ....................................................................................... 32

1.4 – Condições materiais e financeiras destinadas ao PDE e suas relações com a concepção

de formação assumida pelo Programa ................................................................................... 37

1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores e das escolas

................................................................................................................................................. 41

1.6 – O PDE e as possibilidades de elaboração de materiais didáticos ................................. 44

CAPÍTULO 2 O CONTEXTO TEÓRICO DA PESQUISA: ELEMENTOS DA

TEORIA DE BASIL BERNSTEIN E APROXIMAÇÕES COM A PESQUISA

ANUNCIADA ............................................................................................................... 47

CAPÍTULO 3 OS PERCURSOS DEFINIDOS NA INVESTIGAÇÃO .................. 60

3.1 O “quê” do discurso pedagógico. Grau de complexidade dos conteúdos científicos ...... 69

3.2 O “quê” do discurso pedagógico. Grau de complexidade das competências científicas . 72

3.3 O “como” do discurso pedagógico: relações entre discursos – Intradisciplinaridade .... 76

3.4 O “como” do discurso pedagógico: relações entre discursos – conhecimento

acadêmico/não acadêmico ...................................................................................................... 79

3. 5 O cálculo do nível de exigência conceitual contido nas produções do professor PDE ... 83

3.6 Orientação metodológica para análise do desempenho mediante as regras de

reconhecimento e de realização (passiva) da professora PDE............................................... 86

CAPÍTULO 4 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS DA

PESQUISA .................................................................................................................... 96

4.1 Complexidade dos conteúdos científicos ........................................................................... 97

4.1.1 Projeto de Intervenção Pedagógica ............................................................................ 97

4.1.2 Material Didático ........................................................................................................ 99

4.1.3 Artigo Final .............................................................................................................. 101

4.2 Complexidade das competências científicas ................................................................... 105

4.2.1 Projeto de Intervenção Pedagógica .......................................................................... 105

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4.2.2 Material Didático ...................................................................................................... 107

4.2.3 Artigo Final .............................................................................................................. 110

4.3 Relação Conhecimento Acadêmico/Não Acadêmico ...................................................... 113

4.3.1 Projeto de Intervenção Pedagógica .......................................................................... 114

4.3.2 Material Didático ...................................................................................................... 115

X ........................................................................................................................................ 117

4.3.3 Artigo ....................................................................................................................... 118

4.4 Intradisciplinaridade ....................................................................................................... 120

4.4.1. Projeto de Intervenção Pedagógica ......................................................................... 121

4.4.2 Material Didático ...................................................................................................... 123

4.4.3 Artigo Final .............................................................................................................. 125

4.5 O nível de exigência conceitual contido nas produções do professor PDE .................... 128

4.5.1 O nível de exigência conceitual contido no Projeto de Intervenção Pedagógica do

professor PDE ................................................................................................................... 128

4.5.2 O nível de exigência conceitual contido na Material Didático do professor PDE ... 129

4.5.3 O nível de exigência conceitual contido no Artigo Final do professor PDE ............ 130

4.6 Análise preliminar do desempenho profissional da professora PDE mediante a detecção

das regras de reconhecimento e de realização passiva ........................................................ 132

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 137

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 144

ANEXOS ..................................................................................................................... 149

ANEXO I – Projeto de Intervenção Pedagógica Profa Marilu ............................................. 149

ANEXO II – Material Didático Profa Marilu ........................................................................ 166

ANEXO III – Artigo Profa. Marilu ........................................................................................ 198

ANEXO IV – Instrumento de Análise do Projeto/Complexidade dos Conteúdos Científicos 211

ANEXO V – Instrumento de Análise do Projeto/Complexidade das Competências Científicas

............................................................................................................................................... 212

ANEXO VI – Instrumento de Análise do Projeto/Tabela Complementar sobre a

Complexidade das Competências Científicas ....................................................................... 213

ANEXO VII – Instrumento de Análise do Projeto/Intradisciplinaridade .............................. 214

ANEXO VIII – Instrumento de Análise do Projeto/Conhecimento Acadêmico/Não Acadêmico

............................................................................................................................................... 215

ANEXO IX – Instrumento de Análise do Material Didático/Complexidade dos Conteúdos

Científicos ............................................................................................................................. 216

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ANEXO X – Instrumento de Análise do Material Didático/Complexidade das Competências

Científicas ............................................................................................................................. 217

ANEXO XI – Instrumento de Análise do Material Didático/Tabela Complementar sobre a

Complexidade das Competências Científicas ....................................................................... 218

ANEXO XII – Instrumento de Análise do Material Didático/Intradisciplinaridade ............. 219

ANEXO XIII – Instrumento de Análise do Material Didático/Conhecimento Acadêmico/Não

Acadêmico ............................................................................................................................. 220

ANEXO XIV – Instrumento de Análise do Artigo/Complexidade dos Conteúdos Científicos

............................................................................................................................................... 221

ANEXO XV – Instrumento de Análise do Artigo/Complexidade das Competências Científicas

............................................................................................................................................... 222

ANEXO XVI – Instrumento de Análise do Artigo/Tabela Complementar sobre Complexidade

das Competências .................................................................................................................. 223

ANEXO XVII – Instrumento de Análise do Artigo /Intradisciplinaridade ............................ 224

ANEXO XVIII – Instrumento de Análise do Artigo/Conhecimento Acadêmico/Não Acadêmico

............................................................................................................................................... 225

ANEXO XIX – Excerto Projeto ............................................................................................. 226

ANEXO XX – Excerto do Material Didático ......................................................................... 229

ANEXO XXI – Excerto Artigo ............................................................................................... 236

ANEXO XXII– Entrevista Prof. PDE Marilu ........................................................................ 243

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Modelo do discurso pedagógico de Bernstein ............................................... 14

Figura 2 Plano Integrado de Formação Continuada do PDE......................................... 34

Figura 3 Cenário da pesquisa, com destaque para os dois contextos analisados........... 46

Figura 4 Dispositivo pedagógico e sua relação com a produção do discurso pedagógico

no PDE ............................................................................................................................ 59

Figura 5 Formas de investigação adotadas na pesquisa ................................................. 65

Figura 6 Correspondência dos aspectos a serem analisados com as formas de análise 69

Figura 7 Prática pedagógica dos professores - orientação específica de codificação ... 88

Figura 8 Níveis de orientação específica de codificação dos professores ...................... 89

Figura 9 Orientação específica de codificação e disposições sócio-afetivas ................. 92

Figura 10 Comparativo referente ao grau de complexidade do conteúdos científicos nas

três instâncias de contextualização ............................................................................... 104

Figura 11 Comparativo referente a complexidade das competências científicas nas três

instâncias de recontextualização ................................................................................... 112

Figura 12 Comparativo referente à relação conhecimento acadêmico e não acadêmico

nas três instâncias de recontextualização...................................................................... 120

Figura 13 Comparativo referente à intradisciplinaridade nas três instâncias de

recontextualização ........................................................................................................ 127

Figura 14 Nível de exigência conceitual nas três instâncias de recontextualização

consideradas.................................................................................................................. 131

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Número de vagas para professores participantes por turma e por

áreas/disciplinas PDE ..................................................................................................... 26

Tabela 2 Quantidade de professores orientadores por instituição de ensino superior ... 28

Tabela 3 Custo do PDE com as IES participantes .......................................................... 37

Tabela 4 Investimento Total no PDE por turma ............................................................. 38

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Demonstrativo do Integrar PDE nas IES ....................................................... 27

Quadro 2 Instâncias de recontextualização adotadas na pesquisa .................................. 67

Quadro 3 Caracterização dos níveis de complexidade dos conteúdos científicos .......... 71

Quadro 4 Estruturação da Taxonomia de Bloom no domínio cognitivo ........................ 72

Quadro 5 Caracterização dos níveis de complexidade das competências científicas..... 74

Quadro 6 Caracterização dos níveis de complexidade das competências científicas..... 75

Quadro 7 Caracterização dos quatro níveis de classificação referente à

intradisciplinaridade ....................................................................................................... 78

Quadro 8 Caracterização dos quatro níveis de classificação referente à relação

conhecimento acadêmico/não acadêmico ....................................................................... 82

Quadro 9 Valores atribuídos às unidades de análise, segundo o grau de complexidade

dos conteúdos científicos ................................................................................................ 84

Quadro 10 Valores atribuídos às unidades de análise, segundo o grau de complexidade

das competências científicas ........................................................................................... 84

Quadro 11 Valores atribuídos às unidades de análise, segundo o grau de

intradisciplinaridade ....................................................................................................... 85

Quadro 12 Valores atribuídos às unidades de análise, segundo o grau da relação

conhecimento acadêmico/não acadêmico ....................................................................... 85

Quadro 13 Acompanhamento das propostas dos professores PDE realizado pelo NRE

........................................................................................................................................ 93

Quadro 14 Orientação da professora PDE mediante as regras estabelecidas por

Bernstein ....................................................................................................................... 135

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LISTA DE SIGLAS

ANPED – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

DI – Discurso Institucional

DR – Discurso Regulativo

DPO – Discurso Pedagógico Oficial

DPR – Discurso Pedagógico de Reprodução

EMBAP – Escola de Música e Belas Artes do Paraná

ESSA – EstudosSociológicos de Sala de Aula

FAFIPA – Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí

FAFIPAR – Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranaguá

FAFIUV – Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória

FAP – Faculdade de Artes do Paraná

FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FECILCAM – Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Campo Mourão

GT – Grupo de Trabalho

GTR – Grupo de Trabalho em Rede

IES – Instituição de Ensino Superior

NRE – Núcleo Regional de Educação

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional

PR – Paraná

SAEB – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica

SEED – Secretaria de Estado da Educação do Paraná

SETI – Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

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UEL – Universidade Estadual de Londrina

UEM – Universidade Estadual de Maringá

UENP – Universidade Estadual do Norte do Paraná

UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa

UFPR – Universidade Federal do Paraná

UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná

UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná

UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná

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INTRODUÇÃO

... o foco de análise recai sobre a relação da formação

continuada, proveniente da participação do professor

no Programa Especial de Formação Continuada

denominado Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE…(DO AUTOR)

Este estudo está articulado a um Projeto de dimensão mais ampla, intitulado

Organização Escolar e Práticas Pedagógicas em fase de desenvolvimento no Programa

de Estudos Pós-Graduados em Educação: História, Política, Sociedade da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo sob Coordenação da Professora Doutora Alda

Junqueira Marin. O objetivo desse projeto é abordar questões sobre a escola,

considerando principalmente a sua organização e as práticas pedagógicas desenvolvidas

em seu interior.

Neste sentido, o referido projeto institucional aponta, como sendo uma das

possibilidades de análise das práticas desenvolvidas na instituição escolar, os aspectos

da docência efetivados nas escolas, os quais incidem diretamente sobre as práticas

pedagógicas desenvolvidas.

Explicitar a compreensão da escola por meio das práticas significa entender,

sobretudo a docência no interior das escolas em que os professores exercem

suas funções. Entender como os agentes da escola operam no desempenho de

seu trabalho por meio da focalização das práticas permite apreender a cultura

da escola (Marin, 2007, p.5).

Compreender as práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas a partir da

docência perpassa pelo entendimento dos processos formativos a que os professores

foram/são submetidos durante o exercício de sua profissão. Portanto, abrange a

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compreensão tanto dos processos de formação inicial, como da continuada, como,

também, das relações e das condições efetivadas nas escolas em que atuam.

Sendo assim, pesquisar as práticas pedagógicas nas escolas, supõe pesquisar

ações desenvolvidas pelos agentes escolares que se perpetuam no tempo e no espaço

escolar, permitindo estabelecer significados que perpassam pelas relações de poder e de

controle efetivadas nas instituições escolares e que determinam e são determinadas pela

cultura escolar, incluindo nesta esfera a própria formação do professor e suas

elaborações intelectuais.

Pesquisar estas práticas requer compreender que existem várias possibilidades

de entendimento. Nesta pesquisa, o foco de análise recai sobre a relação entre a

formação continuada, proveniente da participação do professor no Programa Especial de

Formação Continuada denominado Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE

e o seu impacto sobre o nível de exigência conceitual contido nas produções que ele

elabora no Programa, mediante sucessivas instâncias de recontextualização. Portanto,

trata-se de uma articulação entre a formação continuada e as práticas pedagógicas

desenvolvidas nas escolas em que atuam professores PDE, por meio da implementação

de materiais didáticos voltados ao ensino da Matemática.

O PDE foi implantado no Estado do Paraná a partir de 2007, mediante parceria

entre as Secretarias de Estado da Educação - SEED e Ciência, Tecnologia e Ensino

Superior - SETI, com as Instituições de Ensino Superior (IES) Públicas do Estado do

Paraná1.

1Instituições de Ensino Superior parceiras no PDE: Universidade Federal do Paraná – UFPR,

Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR, Universidade Estadual de Londrina - UEL,

Universidade Estadual de Maringá - UEM, Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG, Universidade

Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná –

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A proposta de formação continuada concretizada mediante a implantação do

PDE no estado do Paraná, objetiva oferecer formação teórica suficiente que possibilite

ao professor refletir, de forma aprofundada, sobre uma dificuldade percebida em seu

trabalho diário. Neste sentido, o PDE não propõe formação desvinculada da realidade

escolar. Isto quer dizer que a formação está voltada para uma dificuldade concreta que o

professor percebe em sua prática e que para compreendê-la, na perspectiva de sua

superação, requer estudo teórico. O professor participante do Programa, além de

aprofundar os seus conhecimentos teóricos (que ocorre nas IES), propõe a elaboração de

material didático2, o qual constitui uma das estratégias de ação, para em seguida

implementar ações na escola, visando a superação dos obstáculos anteriormente

diagnosticados por ele, ou seja, neste sentido vislumbra a possibilidade de mudança das

práticas escolares de suas turmas e dos colegas, conforme será detalhado no primeiro

capítulo.

Tal proposta de formação docente considera fundamental a relação entre

professor, escola e universidade para que se rompa com a dicotomia que circunda a

formação de professores. A dicotomia está situada entre dois pólos antagônicos, quais

sejam: a formação acadêmica e a formação na prática, conforme indica levantamento

bibliográfico realizado e apresentado na sequência desta introdução.

Considerando a experiência profissional3 dos professores que participam do

Programa, alterar as práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas exige mobilizar um

UNICENTRO, Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP, Escola de Música e Belas Artes do

Paraná – EMBAP, Faculdade de Artes do Paraná – FAP, Faculdade Estadual de Ciências e Letras de

Campo Mourão – FECILCAM, Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá –

FAFIPAR, Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí – FAFIPA, Faculdade

Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória – FAFIUV. 2 Nesta tese os termos “material didático” e “produção didático-pedagógica serão entendidos como

sinônimos, como são utilizados no Documento Síntese do PDE. 3Os professores PDE possuem no mínimo 10 anos de atuação na Educação Básica.

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grande esforço de transformação dos significados elaborados por estes professores

durante todo o seu percurso de profissionalização e que constituem a cultura escolar

sedimentada. Na perspectiva de superar esta condição é que o Programa compreende o

professor como produtor de conhecimentos sobre a disciplina que ensina e sobre a

escola, exigindo dos professores o exercício da escrita, culminando na produção de

materiais didáticos e artigos científicos que possam enriquecer e auxiliar o trabalho

pedagógico do professor retratando de maneira aprofundada questões que circundam a

sua disciplina e a escola, enaltecendo a relação entre a teoria e a prática e contribuindo

para a formação do coletivo escolar. Neste sentido, o PDE pauta-se pela possibilidade

de alteração nos modos de pensar, agir, sentir e de se relacionar dos agentes, procurando

envolver toda a escola em novos significados. Portanto, o Programa pressupõe que

processos formativos, como os ofertados pelo PDE aos professores participantes,

promovem a reformulação da teia de significados dos professores possibilitando

impactar suas ações pedagógicas.

Nóvoa (1992, p. 28) diz que as escolas não podem mudar sem o empenhamento

dos professores; e estes não podem mudar sem uma transformação das instituições em

que trabalham. O desenvolvimento profissional dos professores precisa estar articulado

com as escolas e os seus projetos. A formação de professores deve ser concebida como

uma das componentes da mudança, em conexão estreita com outros setores e áreas de

intervenção, e não como uma espécie de condição prévia da mudança. A formação não

se faz antes da mudança, faz-se durante a mudança, produz-se nesse esforço de

inovação e de procura dos melhores percursos para a transformação da escola.

Para que o PDE promova a transformação das práticas escolares é necessário

compreender que existem diversas condições a serem consideradas, entre elas: as

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condições de formação ofertadas ao professor na IES, e a própria IES, quando participa

do PDE e as condições que se ofertam aos professores PDE e às escolas em que

implementam seus projetos. Neste sentido, este estudo também evidenciará, de modo

secundário, as condições materiais/objetivas ofertadas pela SEED-PR aos professores

participantes, bem como aquelas ofertadas às Instituições de Ensino Superior, que

oportunizam subsídios teóricos para a elaboração das produções dos professores PDE,

quais sejam: projeto, produção didático-pedagógica e artigo.

Nesse conjunto temos, por um lado, a realidade dos estudos sobre a formação de

professores com todas as insatisfações e propostas de alteração.

A pesquisa sobre formação de professores vem se atendo a relações complexas

que operam no interior das escolas há pelo menos 15 anos. Isso se faz sentir em vários

lugares do mundo, extrapolando a perspectiva técnica da formação de professores, que

se restringia praticamente ao âmbito de procedimentos didáticos e operacionais

(MARCELO, 1998; ZEICHNER, 1998; ANDRÉ, et al., 1999; BRZEZINSKI e

GARRIDO, 2001). Na atual perspectiva mundial da pesquisa sobre formação de

professores, o quadro de análise torna-se muito mais complexo, superando os modelos

prescritivos de pesquisa sobre formação, e neste sentido abre-se a possibilidade de

pesquisas que contemplem processos na formação de professores e suas implicações

sobre as práticas docentes, entre estes está contemplada a relação pretendida nesta

pesquisa.

A análise dos trabalhos apresentados no GT Formação de professores da

Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação e Pesquisa em Educação - ANPED,

no período entre 1992 – 1998, realizada por Brzezinski e Garrido (2001), contribui

sobre o conhecimento do professor produzido na prática e sobre as experiências de

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parceria da universidade com o sistema de educação básica, abrindo caminhos novos de

pesquisa, de revisão e de concepções sobre processos de formação e de

profissionalização docente. Porém, existem ainda lacunas nos processos investigativos

sobre formação de professores, apontadas pelas autoras. Entre tais lacunas, a avaliação

do impacto dos cursos de formação inicial e continuada na melhoria da qualidade do

ensino foi questão muito pouco investigada no período considerado, assim como as

condições de trabalho, valorização profissional e políticas de formação de professores.

Em trabalho publicado na revista Educação e Sociedade, sobre o estado da arte

da formação de professores no Brasil, há indicação que apenas 14,8% das produções de

dissertações e teses, produzidas entre 1990 e 1996, versam sobre formação continuada

de professores e no interior deste pequeno universo de pesquisa os aspectos focalizados

são muito variados. (ANDRÉ et al, 1999). Portanto, não há acúmulo de pesquisas que

versem sobre a relação da formação continuada de professores e o seu impacto sobre o

nível de exigência conceitual contido nas produções que o professor realiza por

decorrência desta formação mediante sucessivos processos de recontextualização.

Analisando as produções de teses e dissertações, disponíveis no Banco da

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, que

pesquisaram a relação entre formação de professores e o nível de exigência conceitual

contido nas produções intelectuais dos professores participantes, não foram encontradas

teses e nem dissertações. Nesta consulta utilizaram-se os seguintes descritores:

formação de professores e níveis de exigência conceitual; recontextualização e

formação de professores; formação de professores e produção de materiais didáticos; e,

formação de professores e impactos na realidade escolar.

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Na busca de outras possibilidades de consulta ao Banco de Teses e Dissertação

da CAPES foram utilizados outros descritores que procurassem indicar pesquisas que se

aproximassem desta proposta de investigação, que articula formação de professores e

impactos sobre a escola e sobre o professor. Assim, a consulta foi realizada priorizando-

se as mudanças nas práticas pedagógicas dos professores via processo de formação

continuada desde 1987 até 2010, a qual reafirmou a pequena produção sobre este foco

de pesquisa. Foram encontradas 18 produções, sendo 2 teses e 16 dissertações

pulverizadas em instituições públicas e privadas distribuídas pelo território nacional.

Isso demonstra que os estudos sobre a relação apontada anteriormente ainda são

modestos, como já salientado. No levantamento das produções foram utilizados os

seguintes descritores: formação continuada e práticas pedagógicas, com 9 produções

encontradas; formação de professores da Educação Básica e mudanças nas práticas

pedagógicas, com 8 trabalhos; formação de professores e organização escolar com 1

produção. Grande parte das conclusões das teses e dissertações defendidas sobre este

foco de pesquisa se concentrou a partir dos anos 2000. Isto significa apontar que a

atenção dos pesquisadores começa a recair sobre esta possibilidade de investigação nos

últimos anos, reforçando a tendência apresentada pelas pesquisas sobre formação de

professores.

Em pesquisas realizadas nos Estados Unidos, Zeichner (1998) informa que a

pesquisa sobre formação de professores se interroga: Será que a formação acadêmica do

professor faz alguma diferença sobre o tipo de ensino que praticam? Essa análise tem

procurado compreender a contribuição dos programas formais de formação no preparo

dos professores, tendo em vista as experiências que trazem consigo e a influência do

local de trabalho da escola. Estas duas categorias: experiência docente e local de

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trabalho, são fundamentais, pois são características que se destacam neste estudo, uma

vez que os professores PDE possuem experiência de sala de aula e dependem das

condições e relações que se estabelecem nas escolas em que implementam seus projetos

PDE.

Como proposta temática, Marcelo (1998) propõe pesquisas que considerem a

formação de professores e o desenvolvimento da escola. Pergunta ele: Em que medida

se produz mudanças na cultura escolar como consequência/condição de atividades de

formação? Isso significa que também na Europa e mais especificamente na Espanha,

essa questão de pesquisa é importante e ainda carece de novos esforços. É necessário

que as pesquisas contribuam com dados sobre os efeitos que a formação produz nos

professores, em seu ensino, na escola e nos alunos para que seja possível aprimorar as

ações políticas de formação continuada de professores, desde o seu planejamento até a

sua avaliação.

Das considerações realizadas sobre os mapeamentos e análises sobre a formação

de professores no Brasil, e em algumas partes do mundo como Estados Unidos e

Espanha, percebe-se que houve crescimento quantitativo e qualitativo sobre as

pesquisas que se debruçam sobre a formação de professores. Apesar disso, ainda

existem lacunas a serem preenchidas por pesquisas futuras como já apontado. Nesta

perspectiva, este estudo tem como foco de análise, uma destas lacunas, que é a de

compreender o impacto da formação proporcionada pelo PDE no nível de exigência

conceitual contido nas produções realizadas pelo professor mediante sucessivos

processos de recontextualização de seu discurso.

Estudos apontam a necessidade de que esta formação continuada seja efetivada

na escola, no lócus em que as dificuldades afloram. Estudos realizados por Marin et al

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(2000) e o relatório do evento encaminhado à FAPESP denominado: “Universidade e

escola: pesquisa colaborativa para a melhoria do ensino público” realizado em 1999

(Mizukami, 2000) trazem contribuições das possibilidades dessa modalidade de

cooperação entre universidade e escola, entre elas a oportunidade para a produção de

novos conhecimentos, assim como de materiais pedagógicos, porém apontam vários

limites presentes nas realidades escolares impeditivos de alterações decisivas ou

duradouras. Assim, Mizukami (2000, p. 6) sintetiza as dificuldades relatadas pelos

participantes do evento:

Sob essa ótica, as dificuldades inerentes à estrutura e ao funcionamento

das instituições escolares, assim como as repercussões de políticas

públicas no interior das escolas e sobre o professorado foram,

reiteradamente, consideradas: a rotatividade dos professores,

dificuldades de relacionamento com delegacias de ensino/diretorias

regionais quanto ao apoio aos projetos, processos de atribuição de

aulas que causam dificuldades para a continuidade da pesquisa e das

intervenções, níveis de formação do professorado (médio e superior),

precariedade de condições de trabalho, relações universidade-escola

parceira, entre outros (grifos nossos).

Os estudos de Marin et al (2000) apontam informações sobre as estruturas que

emperram ou facilitam o cotidiano escolar e sobre as dinâmicas internas da vida diária

das escolas, dados também no texto do evento relatado por Mizukami (2000). Afirmam

a necessidade de se trabalhar com o professor no interior das escolas, visando condições

para a melhoria do conhecimento e intervenção em sua prática diária, por meio do

enfrentamento dos problemas específicos de cada realidade escolar. O engajamento dos

professores em exercício em um projeto colaborativo permite a intervenção nos

problemas detectados, na medida em que possibilita o desencadeamento de reflexão e

transformação da prática educacional, porém os mesmos estudos indicam dificuldades

relacionadas à escola, entre elas: rotatividade e itinerância dos professores nas escolas,

ausência de espaços e tempos para qualquer atividade não prevista pela tradição e rotina

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escolar, falsa autonomia proclamada para as escolas, relações profissionais marcadas

pelo autoritarismo, limites e possibilidades para a construção e implementação de

projetos coletivos. Todas essas informações podem se tornar indicadores importantes do

funcionamento real das escolas públicas (MARIN et al, 2000, pp. 17- 23). Esses estudos

indicam possibilidades e limites para a concepção de formação em que se assenta o

PDE e focalizam a atenção para as condições estruturadas nas escolas.

No que se refere a investigações internas aos cursos de formação inicial e

continuada, algumas iniciativas têm sido feitas nos últimos anos no Brasil. Assim, é que

Gatti (2009) apresenta, para as licenciaturas em geral vários problemas, dentre os quais

a necessidade urgente de verdadeira revolução considerando a alteração substantiva de

se tornar a realidade de nossas escolas como campo de práticas agregando

conhecimentos específicos das várias disciplinas, pois os currículos não se voltam a esta

finalidade: a docência. É no cotejo desta, e das demais pesquisas do levantamento

anteriormente apresentado é que se considera a proposta do PDE do Paraná uma

formação diferenciada como disposto no capítulo específico à frente.

De outro lado do processo, merece destaque, nessa direção, a realidade do

ensino e suas práticas nas nossas escolas como já vem sendo difundido pelos resultados

das avaliações externas, em especial o ensino da Matemática que vem apresentando

resultados problemáticos. No ano de 2001 (BRASIL, 2002) os resultados da avaliação

externa pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) na área de

Matemática, indicaram que apenas 33% das crianças na 4ª. série apresentaram domínio

da adição e subtração, sendo que, no estado Paraná foi de 27% e, de apenas14% para o

domínio das quatro operações. Isso significa que nem as mecânicas dessas operações

estavam sedimentadas, o que certamente levava, e leva ao erro, foco deste estudo.

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Dados como esses são demonstrativos que a situação não é nova no que se refere

à inadequação de práticas de sala de aula para promoverem o aprendizado das noções

básicas para o alunado.

Pesquisas que relacionem a formação dos professores e as dificuldades no

ensino e na aprendizagem, portanto, cada vez mais se afiguram necessárias para auxiliar

a compreensão de onde se encontram os gargalos represadores de uma educação

considerada insatisfatória.

Portanto, é diante desse cenário que esta pesquisa procura contribuir discutindo a

formação fornecida pelo PDE no sentido de compreender questões que possam elevar o

repertório teórico dos professores. O tema deste estudo, portanto, refere-se à formação

dos professores naquilo que possa incidir na alteração do seu ensino, nas práticas de sala

de aula. Nesse sentido, o foco fundamental se refere ao discurso pedagógico presente no

material do professor, instrumento central do ensino para a transmissão de

conhecimentos científicos e de valores para outros professores e seus alunos.

Para tanto, a opção teórico-metodológica privilegiada decorre da teoria de Basil

Bernstein com os conceitos que desenvolveu na análise do discurso pedagógico,

especializado, que se apropria de outros discursos visando sua transmissão e aquisição

mediante seleção.

Uma literatura de base, além dos estudos de Bernstein é constituída pelas

indicações realizadas pelo grupo ESSA (Estudos Sociológicos de Sala de Aula) que têm

na teoria sociológica de Bernstein seus pilares conceituais. O grupo parte de uma forte

linguagem de descrição interna a partir dos conceitos teóricos e altamente abstratos

desenvolvidos por Bernstein para conseguir desenvolver uma forte linguagem de

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descrição externa, ou seja, torná-los mais concretos e capazes de se relacionarem com o

campo empírico de pesquisa. Neste sentido, por meio de muito estudo, o grupo vem

constantemente desenvolvendo metodologia sociológica de investigação que propicie a

possibilidade de uma análise dialética entre o campo teórico e o campo empírico social.

Um dos conceitos básicos nessa abordagem é o de recontextualização, processo

que ocorre quando o discurso é deslocado do seu lugar de origem e relocado em outro

contexto e assim sucessivamente, com alterações.

Dois trabalhos são particularmente referência no estudo desses processos de

recontextualização: o de Calado (2007) e o de Gallian (2009). Essa pesquisadora buscou

evidenciar o que resulta do processo de recontextualização que incide sobre o

conhecimento científico selecionado para a transmissão escolar. Nesse sentido, dedicou-

se a estudar o nível de exigência conceitual a cada instância de recontextualização

considerada em seu estudo, quais sejam: Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs

(Discurso Pedagógico Oficial); livro didático (Discurso Pedagógico de Reprodução) e

prática docente. A autora considerou três aspectos da recontextualização do discurso

pedagógico: 1) a complexidade dos conteúdos e competências; 2) a relação entre

discursos (intradisciplinaridade e relação conhecimento acadêmico/não acadêmico) e 3)

as relações entre sujeitos (seleção, sequência, compassamento, critérios de avaliação).

Vale salientar que os dois primeiros aspectos incidiram sobre as três instâncias de

recontextualização, enquanto que o último incidiu sobre a prática docente. O trabalho

desenvolvido por Calado (2007) se dedicou a estudar os processos de

recontextualização no discurso pedagógico de Ciências Naturais do 3º Ciclo do Ensino

Básico, considerando duas instâncias de recontextualização: (1) as orientações

curriculares, representando o Discurso Pedagógico Oficial (DPO) e (2) os manuais

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escolares representando o Discurso Pedagógico de Reprodução (DPR). A tese de

Calado, defendida na Universidade de Lisboa e vinculada ao grupo ESSA procurou

determinar as aprendizagens científicas valorizadas por esses documentos, em relação a

quatro características pedagógicas específicas: processo de construção da ciência,

intradisciplinaridade, nível de exigência conceitual e critérios de avaliação. Ambos os

trabalhos estiveram preocupados com o “quê” e o “como” das mensagens analisadas,

utilizaram o discurso pedagógico oficial e outras instâncias de recontextualização.

Analisaram, assim, os conteúdos e os modos de transmissão dos materiais detectando

gradativo empobrecimento conceitual nas diferentes categorias focalizadas.

Considero, neste estudo, como no de Gallian (2009) e Calado (2007), que o nível

de exigência conceitual pode ser flagrado por diferentes indicadores tais como: graus

crescentes de complexidade de conteúdos e competências científicas, relações entre

noções de um mesmo campo científico, além da existência da relação entre

conhecimento acadêmico e não acadêmico, aspectos a serem tratados em capítulo

específico.

As categorias privilegiadas pelas autoras citadas foram analisadas pela dimensão

estrutural e interacional do discurso pedagógico. Para tanto utilizaram os dois conceitos

também centrais na abordagem teórica, os conceitos de classificação e enquadramento

que permitem cobrir diversos aspectos da vida escolar e social articulando-os no que

tange especialmente questões de poder e de controle. A Figura 1 representa o esquema

básico de todo esse arcabouço teórico, melhor explicitado posteriormente.

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Fonte: Morais e Neves, 2007a

O discurso pedagógico focalizado neste estudo é o da reprodução ou

recontextualização pedagógica, conforme exposto na parte inferior da Figura 1, como

nível III, âmbito de transmissão. Esse discurso é constituído de duas dimensões, a

estrutural e a interacional, resultantes de um complexo processo. Essas dimensões

referem-se ao “que” e ao “como” do processo de transmissão expressos pelos conceitos

Figura 1

Modelo do discurso pedagógico de Bernstein

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de classificação e enquadramento que podem ser utilizados em diferentes circunstâncias

educativas, quando se trata da vida escolar. Tais conceitos exprimem princípios

organizadores de espaços/ agências, discursos e sujeitos posicionando-os,

classificadamente, assim como funcionam a partir de regras que regem a comunicação

nessas situações sociais.

Esse nível III já é resultante de outros dois níveis: o nível II, de

recontextualização oficial característico do discurso pedagógico oficial que, por sua vez,

vem do nível I, momento em que ele é gerado. Neste, sofre interferência dos campos

econômico, do controle simbólico e internacional, com conflitos, tensões e

contestações. Ao ser deslocado para o nível II o discurso gerado se altera sofrendo

novas influências do campo econômico e controle simbólico, assim como dos princípios

sociais de regulação, da ordem, de relação e de identidade.

Trata-se de processo complexo que o autor construiu para explicar as origens,

variações e mudanças na comunicação sob influências sociais diversas expressas de

modo visual nesse diagrama. Maiores detalhes serão abordados no segundo capítulo.

Partindo das considerações feitas, a problematização deste estudo incidiu,

portanto, sobre as possíveis alterações do conhecimento científico expressos em

circunstâncias recontextualizadoras do discurso pedagógico do professor PDE para

situações de ensino, e a relação entre a formação recebida por ele durante as atividades

do curso expressa na seguinte questão: alteram-se características do conhecimento

científico do professor manifestas nos documentos elaborados por ele ao percorrer as

etapas de curso no PDE?

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Dessa questão decorreram outras questões que orientaram as etapas relatadas nos

próximos capítulos:

1) Quais as características dos cursos do PDE para possibilitar educação

continuada diferenciada que vislumbre essa alteração?

2) Quais as informações necessárias e suas características para verificar

alterações na expressão do conhecimento científico nos materiais?

3) Qual(is) a(s) direção(ões) das alterações que forem detectadas no nível

conceitual desse conhecimento nas diferentes instâncias de

recontextualização?

O objetivo central deste estudo está na detecção da tendência de

recontextualização das produções do professor que cursa o PDE para identificar

possíveis ganhos no nível de exigência conceitual em decorrência de sua formação para

alterar o seu material e, consequentemente, para alteração nas situações de formação

dos professores e futuramente nas salas de aula em que atuam.

Diante desse objetivo e dos dados preliminares apresentados estipula-se como

hipóteses:

1) houve recontextualização do discurso pedagógico nos materiais da

professora sobre questões do erro no ensino de Matemática;

2) essa recontextualização decorreu em direção de melhoria do nível conceitual

para operar em sala de aula compreendendo os motivos dos erros e alterando

o nível conceitual de outros professores que se deparem com o mesmo erro

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dos alunos e possam auxiliar seus alunos a superar obtendo aprendizagem

efetiva.

Pretendia-se, inicialmente, investigar os percursos de quatro professores de

Matemática, já concluintes do Programa. Sendo dois que tivessem obtido êxito na

disseminação do material e dois que não tivessem obtido esse resultado.

Durante o exame de qualificação, entretanto, a banca apontou, e foi acolhida a

sugestão de que deveria ser escolhido um dentre esses quatro sujeitos, e definiu-se que

seria um professor que trabalhou com uma questão essencial para o processo ensino

aprendizagem em qualquer uma das disciplinas curriculares, sobretudo, como já visto,

na Matemática, qual seja: o erro. O título do artigo da professora é assim anunciado:

“Análise de erros de alunos de 5ª série na resolução de operações fundamentais: novas

janelas que se abrem...”.

Baseando-se no referencial de Bernstein utiliza-se, neste estudo, uma proposta

de procedimentos de investigação que tenha potencial para permitir uma relação

dialética-reflexiva entre os conceitos contidos numa teoria e os dados empíricos que se

pretende analisar (MORAIS, 2004, p.27)

Morais e Neves (2010, p. 9) sintetizam esta ideia:

In summary, models and instruments are constructed on the basis of a

methodological orientation that combines aspects of the two research paradigms

(quantitative and qualitative), through the development of an external language of

description that is the result of a constant dialectic between the concepts provided by

the theory (internal language of description) and the empirical data „observable‟ in

the contexts under analysis4.

4 Tradução livre: “Em síntese, os modelos e instrumentos são construídos com base em uma orientação

metodológica que combina os aspectos dos dois paradigmas de investigação (quantitativo e qualitativo),

através do desenvolvimento de uma linguagem externa de descrição que é o resultado de uma dialética

constante entre os conceitos fornecidos pela teoria (linguagem interna de descrição) e os dados empíricos

observados nos contextos em análise”.

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Portanto, nessa abordagem teórica a relação entre perspectivas quantitativas e

qualitativas é entendida como complementar e não oposta como vinha sendo entendida

por pesquisadores ortodoxos, seja em pesquisas quantitativas ou qualitativas em

educação.

In our research we have assumed that the two forms of inquiry are not incompatible

and therefore can be used sequentially or simultaneously, depending on the kind of

research questions we want to address and the data we want to obtain. Our research

thus departs from the dichotomy between naturalistic approaches (qualitative or

ethnographic) and rationalistic approaches (quantitative or experimental) and

reflects an epistemological positioning that rejects, in particular, the strongly

contextualised and idiosyncratic character of qualitative methodologies, guided by

postmodernist perspectives in educational research (Morais e Neves, 2010, p. 2).5

Isso permite compreender que o campo empírico pode ser investigado por meio

de estratégias metodológicas que combinem essas duas perspectivas aparentemente

opostas.

Neste estudo, que visa detectar o nível de exigência conceitual contido nas

produções do professor PDE, possibilitando compreender o impacto da formação sobre

o texto produzido, foi utilizado, para orientar o caminho a ser seguido nesta pesquisa, o

trabalho desenvolvido por Calado (2007) e Gallian (2009), que se detêm na obtenção de

análise de documentos, e, neste caso, são os textos produzidos pela professora.

Para isso este estudo partiu do documento denominado projeto de intervenção

pedagógica (1ª. instância de recontextualização), que, se supunha, retratasse as

dificuldades a serem superadas na prática do professor, alvo do PDE, com a suposição

5Tradução livre: “Em nossa pesquisa, assumimos que as duas formas de investigação não são

incompatíveis e, portanto, podem ser utilizadas de forma sequencial ou simultaneamente, dependendo do

tipo de questões de pesquisa que queremos abordar e os dados que desejamos obter. Nossa pesquisa,

portanto, se afasta da dicotomia entre abordagens naturalistas (qualitativa ou etnográfica) e abordagens

racionalistas (quantitativa ou experimental) e reflete um posicionamento epistemológico que rejeita, em

particular, o carácter fortemente contextualizado e idiossincrático de metodologias qualitativas, orientadas

por perspectivas pós-modernas de pesquisa em educação” (Morais e Neves, 2010, p. 2).

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ainda, de que apresentasse o referencial teórico e metodológico adotado para condução

do estudo no PDE. Em outro nível de recontextualização, será analisado o material

didático (segundo texto) decorrente do projeto e dos estudos realizados pelo professor

PDE, seja na IES e/ou mesmo em seus estudos individuais. Em um terceiro nível, foi

analisado o artigo elaborado pelo professor PDE ao final do curso, buscando retratar o

processo de implementação do material didático. Vale ressaltar que, enquanto o

professor elaborava esses materiais estava em diferentes momentos do curso,

participava de formação; assim os estudos a que a professora se dedicou durante o

Programa devem estar incorporados nos materiais escritos que compõem o segundo e o

documento final.

Esses materiais se caracterizam por serem produções teóricas do professor, mas

que devem manter relação com a escola, portanto representam um caráter teórico-

prático. Para realizar a análise dessas produções, na perspectiva pretendida neste estudo,

foi de fundamental importância compreender o “quê” (complexidade dos conteúdos

científicos e complexidade das competências científicas) e o “como” (relação entre

discursos: intradisciplinaridade e relação entre conhecimento acadêmico e não

acadêmico), presentes nos textos enquanto componentes do discurso instrucional

servindo para o cálculo dos índices parciais de exigência conceitual, circunstância

analisada segundo o referencial teórico de Bernstein.

Na lógica do referencial teórico adotado, os dados oriundos desta pesquisa

poderão contribuir para aprimorar as linguagens externas e internas, ou seja, a própria

teoria e suas possibilidades de análise.

Mesmo não sendo o foco principal desta investigação e na perspectiva de

estabelecer relações importantes acerca da formação do professor no PDE serão

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realizadas considerações a respeito da transmissão do discurso pedagógico contido no

material didático produzido pela professora no PDE, procurando caracterizar o

desempenho da professora PDE na escola em que implementou seu projeto. Os

elementos para esta análise foram conquistados mediante depoimento da professora

PDE, em momento de aplicação de um material, que foi redirecionado para outras

oportunidades futuras de pesquisa, após ser considerado excessivo no exame de

qualificação. Compreenda-se que se trata de indicações ou relatos apresentados pelo

professor que possibilitam “pistas” relativas às suas regras de reconhecimento e de

realização, mediadas pela sua orientação específica de codificação.

Ainda torna-se importante nesta introdução, demonstrar como está constituída a

tese, apresentando os capítulos que fazem parte de todo o estudo. Sendo assim, a tese

está constituída por 4 capítulos, assim caracterizados:

a) O capítulo 1, denominado O Contexto da pesquisa: O Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE, busca apresentar o cenário da pesquisa de

um modo geral, o qual inclui a apresentação do PDE, ao mesmo tempo em que

já procura trazer discussão teórica sobre formação de professores,

problematizando aspectos relevantes da proposta do Programa. Nesse sentido,

apresenta o que se considerou uma formação diferenciada: 1) o PDE e o

relacionamento com o campo da formação de professores; 2) o currículo do

Programa; 3) as condições materiais e financeiras que oferecem sustentação ao

PDE; 4) o PDE e o desenvolvimento profissional dos professores e das escolas;

5) as possibilidades de elaboração de materiais didáticos no PDE. Ainda

apresenta esquematicamente todo o contexto da pesquisa, destacando as

instâncias de recontextualização eleitas neste estudo.

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b) O capítulo 2, chamado de: O contexto teórico da pesquisa: elementos da

teoria de Basil Bernstein e aproximações com a pesquisa anunciada, tratará da

escolha teórica, apresentando os elementos conceituais da teoria de Bernstein

que serão aqui utilizados.

c) O capítulo 3, denominado: Os percursos definidos na investigação, dedica-se

a esclarecer as escolhas metodológicas do estudo a partir do referencial teórico

adotado. O capítulo apresenta detalhadamente as características do discurso

pedagógico, no seu componente instrucional, quanto às informações necessárias

e suas características definidas para serem analisadas no estudo. Sendo assim,

evidencia o “quê” e o “como” do discurso pedagógico, demonstrando exemplos

de unidades de análise. O capítulo encontra-se estruturado da seguinte forma: 1)

O “quê” do discurso pedagógico: nível de complexidade dos conteúdos

científicos; 2) O “quê” do discurso pedagógico: nível de complexidade das

competências científicas; 3) O “como” do discurso pedagógico: relação entre

discursos – Intradisciplinaridade e; 4) O “como” do discurso pedagógico:

relação conhecimento acadêmico/não acadêmico.

d) O capítulo 4 tem por objetivo apresentar os dados coletados, as análises e os

resultados encontrados sistematizados. Como a pesquisa adotou uma

metodologia mista de investigação, o capítulo apresenta muitos dados

quantitativos, apresentados na forma de tabelas anexas e cálculos algébricos que

permitiram estabelecer as análises pretendidas, bem como apresenta a descrição

dos critérios que possibilitaram realizar as categorizações que caracterizam,

neste sentido, uma parcela de subjetividade típica de estudos qualitativos.

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e) E finalmente, na sequência do trabalho, apresentam-se as considerações

finais, nas quais se buscará recuperar a problemática anunciada no início do

texto e articulá-la aos resultados encontrados, na perspectiva de contribuir com

as pesquisas que se dedicam ao estudo da formação do professor e seu impacto

sobre outros professores e sobre as práticas pedagógicas, em um recorte muito

específico, qual seja: o seu impacto sobre o nível de exigência conceitual

contido nas produções que o professor PDE elabora, mediante sucessivas

instâncias de recontextualização.

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CAPÍTULO 1

O CONTEXTO DA PESQUISA: O PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL – PDE

... O PDE não propõe um estudo desinteressado, um

programa curricular desconectado da realidade da

escola ou que vise receitas teóricas mágicas que irão

dar conta de todas as dificuldades anunciadas na

experiência da docência... (DO AUTOR)

O campo em que se insere esta pesquisa é o da educação, mais especificamente

o da educação do professor. Portanto, ao descrever o cenário desta investigação é

necessário perpassar pela discussão sobre a formação de professores no Brasil e aquilo

que marca fortemente este campo, com suas instituições e sujeitos em constante relação

uns com os outros. Além disso, o capítulo apresenta as características do PDE que

possibilitam educação continuada diferenciada, respondendo a primeira questão

norteadora apresentada na introdução. Dessa forma, o capítulo apresenta o Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE, sua proposta, evidenciando seus aspectos

curriculares, suas condições materiais e financeiras, sua relação sobre o

desenvolvimento profissional dos professores e das escolas e, uma característica

importante do PDE, a possibilidade de elaboração de materiais pedagógicos pelos

professores participantes.

1.1 – Apresentando o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE

O Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE é um Programa de

formação continuada de professores da Rede Estadual de Educação do Paraná, com

duração de dois anos, que articula a Educação Básica ao Ensino Superior, previsto pela

Lei nº 103/2004 que dispõe sobre o plano de carreira dos professores da rede pública do

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estado do Paraná e pela Lei nº 130/2010 que normatiza o Programa. Nesse sentido, o

PDE se caracteriza como política de estado e não de um único governo. Além de estar

articulado à promoção na carreira,sendo a única possibilidade para que os professores

alcancem o último nível da carreira, ou seja, o nível III. Anteriormente à Lei 103/2004 a

carreira findava no nível II, que contemplava os professores que possuíssem pós-

graduação (especialização). Além da promoção na carreira, que é a passagem de um

nível para outro mediante titulação acadêmica na área da educação (Lei 103/2004,

Seção III, Art. 11), a lei também prevê a progressão na carreira, que se constitui com a

possibilidade de avanço no interior de um mesmo nível, denominada de classe6. Essa

progressão ocorre a cada dois anos mediante a avaliação de desempenho do professor

que combina frequência, assiduidade e participação em atividades formativas

reconhecidas pela SEED-PR.

Para o professor candidatar-se a uma vaga no PDE precisa estar no mínimo no

nível II, classe 8, como prevê a Lei 130/2010, em seu Capítulo V, Art. 9.

O recorte realizado nesta pesquisa compreende a primeira turma do PDE, ou

seja, a turma do ano de 2007, cuja entrada foi possível apenas para os professores que

estavam no nível II, classe 11 (Decreto 4482/2005, Capítulo 1, Art. 1°). Posteriormente,

além da alteração desse critério de ingresso previsto pelo Decreto, houve alteração no

número de vagas disponíveis. No PDE 2007 e 2008 foram ofertadas 1.200 vagas,

distribuídas em 17 áreas/disciplinas que compõem o currículo escolar; após 2009 foram

ofertadas 2.400 vagas, o que se manteve até 2010. A determinação legal é que sejam

ofertadas vagas anuais respeitando-se o critério mínimo de 3% do número de

professores que compõem o quadro de docentes efetivos do estado; isso equivale a dizer

6 Cada nível é composto por 11 classes.

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que o número mínimo de vagas ofertadas no PDE é algo em torno de 1.800, uma vez

que a rede possui aproximadamente 60.000 professores efetivos.

Vale ressaltar que a entrada no PDE se fez de diferentes maneiras desde a

primeira turma. Em 2007, foi considerada como prioridade a meritocracia, avaliada

mediante prova de conhecimentos específicos. Essa situação classificou os professores

que menos “necessitavam” de formação continuada, pois demonstraram em “prova” que

possuíam mais conhecimentos, já aqueles que se saíram mal na avaliação foram

desprezados do processo formativo. Dessa forma, a primeira seleção do PDE

demonstrou enorme contradição, pois negou formação aos que mais necessitavam dela.

Em 2008, foi realizado processo seletivo que contemplava análise e avaliação do

projeto de intervenção pedagógica, tendo como critérios a relevância do projeto para a

educação básica, bem como a fundamentação teórica e metodológica. Essa situação

gerou enormes inconvenientes à Coordenação Estadual do Programa, entre elas: criou-

se um “comércio” de projetos e corrigi-los tornou-se uma tarefa árdua devido ao

número elevado de projetos. Para garantir a idoneidade do processo cada projeto passou

por três corretores, professores das Instituições de Ensino Superior Públicas do Paraná.

Mesmo assim, foram inúmeros os recursos impetrados pelos professores solicitando

revisão da classificação.

Em 2009 e 2010, foi privilegiada a ficha funcional do candidato como critério

para classificação dos professores. É nesta ficha que ficam registrados todos os cursos

realizados pelo professor. Considerando-se esse critério os professores que mais

procuraram por cursos de formação continuada foram privilegiados. Essa forma

mostrou-se a melhor, pois reduziu os custos e foi melhor recepcionada pelos

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professores. Porém, a contradição apontada anteriormente persistiu, pois também

atendeu a quem já havia tido outras oportunidades.

Sistematizando essas informações, apresenta-se a tabela a seguir:

Tabela 1

Número de vagas para professores participantes por

turma e por áreas/disciplinas PDE

Nº Áreas/Disciplinas N de vagas/ano

2007 2008 2009 2010

1 Português 200 210 447 420

2 Matemática 160 150 277 275

3 Geografia 80 80 171 170

4 História 110 110 212 215

5 Ciências 80 90 193 190

6 Educação Física 90 100 230 230

7 Arte 40 30 50 50

8 Física 30 30 21 25

9 Química 30 20 38 35

10 Biologia 30 20 59 60

11 Filosofia 10 10 6 10

12 Sociologia 10 10 1 10

13 Pedagogia 130 140 373 385

14 Língua Estrangeira Moderna 80 70 100 110

15 Disciplinas Técnicas 20 20 23 25

16 Gestão Escolar 50 50 105 95

17 Educação Especial 50 50 95 95

Total Geral 1200 1190 2401 2400

Fonte: Paraná, 2010b.

Fica evidenciado pela Tabela 1, o aumento significativo de vagas no PDE, fato

justificado pelo impacto positivo dessa política sobre os professores, uma vez que

proposta prevê 100% de afastamento das atividades docentes além de vantagens no

vencimento do professor, características que motivam os professores a procurarem pelo

PDE, o que pode ter significado um forte apelo político.

Para garantir o aumento do número de vagas que ocorreu de 2008 para 2009, o

governo do estado estabeleceu termo de convênio com as IES públicas acordando a

construção de prédio nas universidades, com estrutura física contando com salas de

aula, auditório, biblioteca, salas de informática e da coordenação do Programa na

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instituição, além disso, ficou acordada a previsão de concursos públicos para a

contratação de professores para suprirem a demanda que se apresentava. Em algumas

instituições essas medidas já se efetivaram e em outras estão em vias de efetivação.

Apresentam-se a seguir os dados gerais sistematizados referentes à construção dos

prédios, denominado de “Integrar PDE” constando local da obra, capacidade física7,

assim como os dados relativos ao número de orientadores por turma PDE e por

instituição participante.

Quadro 1

Demonstrativo do Integrar PDE nas IES

Localização

Área Construída Situação da Obra

Universidade Estadual de Maringá – UEM 1.302 m² Concluída

Universidade Estadual do Norte Pioneiro - UENP

Campus Jacarezinho 787,26 m² Concluída

CampusCornélio Procópio 489,26 m² Concluída

Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG 1.308,08 m² Em andamento

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE

CampusCascavel 3.519,54 m² Em andamento

Campus Mal. Candido Rondon 867,02 m² Em andamento

Universidade Estadual de Londrina – UEL 1308,08 m² Em andamento

Universidade do Centro-Oeste do Paraná – UNICENTRO

Campus Guarapuava 729,21 m² Concluída

Campus Irati 729,21 m² Concluída

Fonte: Paraná, 2010b.

Vale salientar, que o Quadro 1 e a Tabela 2 demonstram os ganhos relativos a

estrutura física e de pessoal conquistados pelo PDE desde 2007, garantindo aos

professores PDE espaço físico apropriado destinado às atividades formativas e quadro

docente para atendimento das necessidades do PDE porém, essa estrutura representou

novas demandas como aquisição de equipamentos e custos relacionados à manutenção e

7 Foram destinados R$ 1.500.000,00 para cada uma das IES para os custos com a obra dos prédios

integrar. Vale salientar que algumas IES ampliaram o projeto original com recursos próprios.

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conservação de tais unidades, além do aumento do corpo docente das IES, o que implica

na elevação dos custos do PDE.

Tabela 2

Quantidade de professores orientadores por

instituição de ensino superior

IES

Professores Orientadores

2007 2008 2009 2010*

UFPR 64 88 65 86

UTFPR 23 27 36 44

EMBAP 0 4 7 4

FAP 0 6 7 5

FAFIPAR 0 5 18 23

UEPG 38 47 90 96

UENP 0 36 68 91

FAFIPA 0 14 40 46

UNICENTRO 32 49 116 105

FAFIUV 0 5 18 8

UNIOESTE 72 84 152 160

UEL 65 64 141 128

UEM 98 113 195 191

FECILCAM 0 10 36 48

Total 392 552 989 1035

Fonte: Paraná, 2010b.

*Números aproximados

Apesar dos dados apresentados extrapolarem o recorte da pesquisa, que é a

turma de 2007, considera-se de fundamental importância na análise pretendida,

estabelecer a relação com as demais turmas, para que seja demonstrado o real cenário

em que se encontra o PDE nos dias de hoje e sua expansão.

Talvez o leitor esteja se perguntando, mas por que a escolha do recorte da

pesquisa recaiu sobre a turma de 2007? Essa opção estava articulada ao interesse da

pesquisa anterior ao exame de qualificação, que visava compreender as relações

estruturadas nas IES e nas escolas de modo que se efetivasse a transformação das

práticas pedagógicas dos professores por meio de processo formativo. Pensando nisso,

foram estabelecidos alguns critérios, entre eles: a turma já ter encerrado sua participação

no Programa; professores estarem 100% em atividades nas escolas; já estarem algum

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tempo em atuação docente após participação no Programa, o que permitiria o olhar

sobre a escola e o que se alterou neste período histórico. Além disso, esta escolha

permitiria realizar relações com as alterações sofridas no Programa nas turmas

posteriores. Por esses motivos escolheu-se a primeira turma do PDE, a de 2007. Mesmo

após novos direcionamentos, manteve-se a escolha sobre a turma 2007 considerando

que toda a documentação já havia sido coletada e algumas informações já constaram na

introdução.

O professor que participa do PDE é afastado 100% de suas atividades de

docência no primeiro ano e 25% no segundo ano do PDE, compreendendo dois anos de

duração. O Programa se pauta pelos seguintes princípios, como consta em seu

Documento Síntese, Paraná (2009):

a) reconhecimento dos Professores como produtores de saberes sobre o ensino

aprendizagem;

b) organização de um programa de formação continuada atento às reais necessidades

de enfrentamento dos problemas ainda presentes na Educação Básica Paranaense;

c) superação do modelo de formação continuada de professores concebido de forma

homogênea, fragmentada e descontínua;

d) organização de um programa de formação continuada integrado às Instituições de

Ensino Superior do Estado do Paraná;

e) criação de condições efetivas, no interior da escola, para o debate e promoção de

espaços para a construção coletiva do saber;

f) consolidação de espaços para discussões teórico-práticas, utilizando-se de

suportes tecnológicos que permitam a interação entre os Professores participantes do

Programa PDE e os demais Professores da rede.

Esses princípios contidos no Documento Síntese de PDE não deixam dúvidas

quanto à posição central da escola no processo formativo ofertado, constituindo a escola

como objeto de estudo, e consideram os professores como produtores de saberes e a

possibilidade da formação/pesquisa colaborar para o real enfrentamento das

dificuldades existentes nas escolas.

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1.2 – A proposta do PDE e a discussão no campo da formação do professor

Os princípios elencados no Documento Síntese do PDE são opostos aos

tradicionalmente colocados no âmbito da formação de professores. Segundo Falsarella

(2002, p. 75) numerosas pesquisas sobre formação continuada de professores no Brasil

apontam que raramente ela configura um projeto articulado. No mais das vezes, os

programas são realizados de forma fragmentada e à margem da realidade das escolas,

desconhecendo os reais anseios, interesses e necessidades dos profissionais que aí

atuam, ignorando mudanças estruturais que deveriam acompanhar as alterações na

prática docente e desconsiderando as múltiplas influências internas (clima e cultura

escolares) e externas (comunidade e sistema de ensino ao qual a escola está vinculada)

sobre o trabalho do professor. Ou seja, desconsideram a escola como organização.

A formação de professores, tanto inicial, quanto continuada tem sido marcada

pelo modelo da racionalidade técnica, que concebe o exercício profissional como uma

atividade meramente instrumental, voltada para a solução de problemas através da

aplicação de teorias, métodos e técnicas, portanto um modelo prescritivo de formação.

Esse modelo, além de fragmentar a função docente, confere ao trabalho um caráter de

repetição alienada. O paradigma taylorista, separa pesquisadores e especialistas, ou seja,

os que elaboram propostas, planos, programas e modelos, enfim os que produzem

conhecimento, dos consumidores e executores dos conhecimentos e ações planejadas

pelos primeiros (ALMEIDA, 2001, p. 1).

Ao contrário disso, pela concepção do PDE os professores necessitam teorizar

sobre uma dificuldade enfrentada por eles na escola, apresentando no primeiro semestre

um projeto de intervenção pedagógica que contemple possibilidade de superar

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dificuldades por eles enfrentadas em sua prática pedagógica, mediante a elaboração de

material didático que seja utilizado nas aulas ou na escola, como uma das estratégias de

ação, no momento da implementação do projeto na escola, no segundo ano do

Programa. Assim, o professor possui a possibilidade de implementar sua proposta na

escola e realiza reflexão teórica sobre os resultados atingidos com a implementação.

Para realizar estas atividades, o PDE propicia, ao professor, retornar à universidade para

aprofundar os seus conhecimentos pedagógicos e específicos de sua área de formação,

com a finalidade de que possa operar conceitualmente as reflexões realizadas sobre a

prática.

O PDE não propõe um estudo desinteressado, um programa curricular

desconectado da realidade da escola ou que vise receitas teóricas mágicas que irão dar

conta de todas as dificuldades anunciadas na experiência da docência, como posto no

modelo da racionalidade técnica. Há indícios de que o Programa se pauta pelo princípio

da reflexividade crítica, proposta por Libâneo (2006, pp.53 – 79) e que difere, embora

se origine, da perspectiva reflexiva proposta por Schön. A reflexividade crítica

considera a relação teoria e prática, considera a realidade social construída e, portanto

histórica e sendo assim, capaz de se transformar. Pauta-se pela apreensão das

contradições e possui visão e atitude crítica frente ao mundo capitalista. Por todas as

características anunciadas não se limitaria apenas à reflexão sobre a prática restrita às

paredes da sala de aula, aliás esta é uma apreensão desvirtuada da proposta da

epistemologia da prática ou do professor reflexivo. Pimenta (2006, p. 41) diz que a

proposta sofreu um grande distanciamento da original quando foi apropriada por

políticas neoliberais. Assim ela se pronuncia:

A tese que defendemos é a de que a apropriação generalizada da perspectiva da

reflexão, nas reformas educacionais dos governos neoliberais, transforma o conceito

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de professor reflexivo em um mero termo, expressão de uma moda, à medida em

que o despe de sua potencial dimensão político-epistemológica, ...

A reflexividade crítica representa, teoricamente, ruptura com a concepção de

formação baseada na racionalidade técnica anteriormente exposta, que coloca ênfase

nos modelos prescritivos de formação e na separação entre a teoria e a prática. No PDE,

representa também a negação desse conceito de professor reflexivo, apontado por

Pimenta (2006), por uma questão política, uma vez que o governo à época da

implantação do PDE se caracterizava como sendo antineoliberal e não poderia estar

associado a uma confusão conceitual, que poderia supor ser a formação proposta

revestida de neoliberalismo. De qualquer forma, o PDE não nega a reflexão por parte do

professor sobre a sua prática e estimula o estudo teórico e sua socialização no interior da

escola.

1.3 – Aspectos curriculares do PDE

O eixo norteador da proposta curricular do PDE é o conhecimento sobre a

realidade escolar, conhecimento que permitirá melhor compreender a escola e, assim,

abrir a possibilidade para superar os seus problemas. Compreender a escola perpassa

pela compreensão de suas condições internas e externas, sobre as organizações e sobre

as práticas pedagógicas, bem como em que contextos elas ocorrem, portanto requer uma

análise teórica e de contexto aprofundada e não imediata.

Nesse sentido, vale destacar que o campo do currículo escolar é fortemente

marcado por discussões conceituais, principalmente, um lado, aquelas que defendem um

currículo mediante o qual caberia ao estado determinar uma base comum de

conhecimentos que organizasse o sistema de ensino favorecendo a unificação nacional e

o desenvolvimento cultural da sociedade e, de outro, aquelas que se posicionam

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favoráveis aos pressupostos de uma educação popular que valorizam o saber popular e

dele buscam partir para empregá-lo no processo de conscientização das camadas

subalternas. O primeiro modelo apresentado tem base nas características disciplinares

do conhecimento, considerando-o universal e objetivo; e o segundo, tendo como eixo

organizador as necessidades e exigências da vida social e não as disciplinas tradicionais

(MOREIRA, 2000).

Em estudo apresentado por Moreira (2000) são apontadas propostas curriculares

alternativas, implantadas em alguns estados e municípios brasileiros, que centram as

discussões entre estes dois posicionamentos: o disciplinar defendido por Saviani por

meio da pedagogia histórico-crítica e o outro pelos defensores de uma educação

libertadora, entre eles Paulo Freire, cujo currículo é mais flexível, mais local,

interdisciplinar, apontado como sendo a tendência pedagógica mais eficaz pelos

movimentos de educação popular. Essas duas perspectivas configuram o quadro das

teorias críticas, que caracterizaram a discussão curricular durante toda a década de 1980

e 1990 e que ainda estão presentes no cenário do debate até os dias de hoje, apesar dos

avanços provenientes das teorias pós-críticas ou multiculturais.

Considerando essas discussões, o currículo do PDE foi elaborado mantendo-se a

organização disciplinar, para valorizar a importância da especificidade do conhecimento

e de seus valores universais, porém sem negar a importância dos problemas locais, no

caso, representado pelas escolas com a perspectiva de que devem estar presentes na

formação dos professores. Sendo assim, o currículo, como foi concebido e elaborado,

permite ser universal e também local. Essa posição reforça a perspectiva de se ter a

escola como objeto de estudo, pensada, com reflexões por meio de apoio teórico

aprofundado, o que permite estabelecer as relações entre os níveis macro e micro.

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O currículo do PDE foi concebido com base nos pressupostos teóricos acima

mencionados e é composto por três eixos norteadores, quais sejam: 1) atividades de

integração teórico-práticas; 2) atividades de aprofundamento teórico e 3) atividades

didático-pedagógicas com utilização de suporte tecnológico, totalizando 808 horas de

formação. Cada atividade formativa constante nos eixos foi proposta com base na

articulação entre formação teórica e escola, ou seja, na relação teórico-prática, uma vez

que a construção do objeto de estudo se faz pelo recorte de um contexto da prática que

deverá ser compreendido à luz de um referencial teórico. Apresenta-se na Figura 2 um

esquema do plano integrado de formação continuada do PDE, como consta no

Documento Síntese do Programa (2009), com posterior esclarecimento sobre as

atividades formativas.

Fonte: Paraná, 2009.

Figura 2

Plano Integrado de Formação Continuada do PDE

I – ATIVIDADES DE INTEGRAÇÃO

TEÓRICO-PRÁTICA (160 horas)

1. Projeto de Intervenção Pedagógica na escola

2. Produção didático-pedagógica

3. Implementação do Projeto na escola

4. Grupos de Implementação (32 horas)

5. Encontros de Orientação IES (128 horas)

6. Trabalho Final

II – ATIVIDADES DE

APROFUNDAMENTO TEÓRICO

(456 horas)

1. Cursos IES (256 horas)

2. Seminários (120 horas)

3. Encontros de Área (24 horas)

4. Inserções Acadêmicas (48 horas)

5. Teleconferências (8 horas)

III – Atividades com utilização de suporte

tecnológico (192 horas)

1. GTR (64horas)

2. Formação tecnológica (128 horas)

ESCOLAS

PROFESSORES

PDE IES/SETI

SEED

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Cumprindo o estabelecido no plano integrado de formação continuada do PDE,

os professores retornam à universidade parceira e participam de atividades de

aprofundamento teórico em 4 disciplinas, são elas: a) Fundamentos da Educação; b)

Metodologia da Pesquisa; c) Curso Específico 1 e d) Curso Específico 2, totalizando

256 horas.

As disciplinas são de responsabilidade das universidades e devem levar em

consideração as discussões a que os professores PDE estão voltados em seus projetos de

intervenção pedagógica. Participam do PDE, oito universidades públicas do estado do

Paraná e para cada uma delas a seleção dos conteúdos das disciplinas é diferente. Os

professores são enviados à universidade que tenha possibilidade de orientá-los na sua

temática específica. Os cursos específicos devem estar articulados à especificidade da

área de formação dos professores e às necessidades dos projetos, porém nem sempre o

Programa consegue atender a especificidade dos cursos, sejam por condições (ou falta

delas) das instituições de ensino superior ou por limitações do próprio PDE no âmbito

da SEED-PR.

Além disso, é previsto que os participantes do PDE realizem encontros de

orientação com seus respectivos professores orientadores durante os dois anos do

Programa; atividades de inserção acadêmica que buscam fazer com que os professores

participantes se integrem e se habituem a frequentar eventos acadêmicos de sua área de

formação específica ou do campo educacional; seminários temáticos com temas atuais e

pertinentes à educação básica e à escola permitindo que os professores PDE debatam

com os professores responsáveis pelo seminário, bem como com outros professores

PDE, o assunto temático trabalhado; encontros de área destinados a reunir professores

PDE da mesma disciplina para socializarem seus estudos no PDE e suas produções sob

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a coordenação de um professor da universidade; atividade de tutoria em Grupo de

Trabalho em Rede – GTR para socializarem as suas produções com os professores da

rede estadual, através de grupo de discussão virtual no qual os professores PDE

apresentam o seu projeto de intervenção pedagógica, seus aportes teóricos e material

didático para outros professores de sua disciplina para serem discutidos e socializados

na rede pela internet.

Durante a participação no PDE, os professores devem produzir: projeto de

intervenção pedagógica; produção didático-pedagógica (material didático) que permita

a implementação do projeto; e artigo final que realize reflexão teórica sobre o processo

de implementação do projeto na escola. Essas produções fazem parte do eixo que

contempla as atividades de integração teórico-prática, consideradas pilares no curso,

pois integram os conhecimentos teóricos às dificuldades da prática escolar. São

atividades que não computam carga horária por serem caracterizadas como produções

essenciais à conclusão do Programa.

Os professores participam de atividades formativas relacionadas à informática

básica, tutoria e ambiente moodle. Essa formação auxilia que os professores PDE

assumam atividades de tutoria no GTR (Eixo III representado na Figura 2),

coordenando um grupo de discussão virtual sobre o seu estudo no Programa, com outros

professores da rede, de preferência da mesma disciplina.

Além dessa possibilidade de socialização dos trabalhos produzidos pela

participação dos professores no PDE, o currículo permite a organização de grupos de

apoio à implementação do projeto na escola. Esse grupo é organizado no interior da

escola e conta com a participação de profissionais que estejam, de alguma forma,

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vinculados ao projeto do professor PDE. A finalidade do grupo é colaborar na discussão

e na implementação do projeto PDE na escola.

1.4 – Condições materiais e financeiras destinadas ao PDE e suas relações com a

concepção de formação assumida pelo Programa

É importante ainda considerar os investimentos financeiros, além dos já

apresentados com o investimento nos prédios “integrar”. Vale destacar que para os

professores PDE poderem se dedicar exclusivamente às atividades do Programa durante

o primeiro ano de sua participação faz-se necessária a contratação de professores

substitutos para rede de ensino, o que representa em média R$ 31.029,60 por professor

PDE. Isso significa que em 2007 esse custo esteve por volta de R$ 35.870.220,68 (para

1.156 professores PDE) e em 2010 (para 2.400 professores PDE 2009 e 2.400

professores PDE 2010), por volta de R$ 93.119.837,60.

Além do pagamento dos professores substitutos, o PDE necessita de recursos

financeiros para a sua execução nas IES, referente ao pagamento aos professores

orientadores, às coordenações do PDE nas IES (cada IES possui uma coordenação) e

taxa de bancada que corresponde aproximadamente a 35% do valor das orientações.

Essa taxa se destina à execução do Programa nas IES. Desse percentual 50% cabem à

SEED e à SETI os outros 50%. O quadro a seguir sintetiza o investimento realizado

com estas rubricas.

Tabela 3

Custo do PDE com as IES participantes

2007 2008 2009 2010 Total

Orientações R$1.664.640,00 R$1.728.000,00 R$3.461.760,00 R$3.456.000,00 R$10.310.400,00

Coordenações R$100.800,00 R$259.200,00 R$302.400,00 R$302.400,00 R$964.800,00

Tx. de Bancada R$617.904,00 R$695.520,00 R$1.317.456,00 R$1.315.440,00 R$3.946.320,00

Total R$2.383.344,00 R$2.682.720,00 R$5.081.616,00 R$5.073.840,00

Fonte: Paraná, 2010b.

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38

Ainda na esfera dos investimentos, todos os professores participantes recebem

“bolsas” para frequentarem as atividades do Programa. Vale lembrar que muitos

professores necessitam viajar até a IES em que realizam seus estudos, pois residem em

municípios diferentes. Além do custeio de passagens e diárias para hospedagem, os

professores recebem valores financeiros para custearem suas despesas com alimentação.

O valor do custo dessa rubrica em 2007 foi de R$ 7.000.735,00 e em 2010 R$

31.985.249,40. (PARANÁ, 2010b)

A seguir, é apresentado um quadro síntese no qual constam todos os valores que

o estado aplicou no PDE para que os professores tenham condições de participar das

atividades formativas previstas no Plano Integrado de Formação Continuada. São

apresentados dados desde 2007.

Tabela 4

Investimento Total no PDE por turma

Ano Despesas nas IES Despesas com professores

substitutos (média)

Despesas com

bolsas

Total

2007 2.383.344,00 35.870.220,68 7.000.735,00 45.254.299,68

2008 2.682.720,00 46.203.078,37 15.992.624,70 64.878.423,07

2009 5.081.616,00 83.904.045,61 23.988.937,05 112.974.598,66

2010 5.073.840,00 93.119.837,60 31.985.249,40 130.178.927,00

Fonte: Paraná, 2010b.

Como pode ser observado é destinada, ao PDE, uma quantidade significativa de

recursos do estado do Paraná. O montante total dos recursos corresponde a

aproximadamente R$ 351.407.049,02 até 2010.

O volume de recursos públicos destinados ao PDE, associado à proposta

pedagógica do Programa expressa em seu Documento Síntese, demonstram a opção

política do governo do estado do Paraná, no período compreendido entre 2006 – 2010,

na perspectiva de romper com a proposta de formação docente pautada pela

racionalidade técnica, assim como, com as propostas neoliberais de formação docente,

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indicadas e caracterizadas neste estudo. Sendo assim, representa a opção por uma

proposta de formação de professores baseada na pedagogia histórico-crítica,

denominada de formação sócio-histórica do educador ou de reflexividade crítica, cuja

proposta filosófica está amparada nos fundamentos do materialismo histórico-dialético.

Nessa perspectiva, a responsabilidade pela formação dos professores cabe ao estado e

deve ocorrer, prioritariamente, nas universidades, local do ensino, da pesquisa e da

extensão, uma vez que em seus fundamentos a formação docente deve estar amparada

em sólida formação teórica apoiada na reflexão filosófica e no conhecimento científico

(SAVIANI, 1995).

A afirmação acima pode ser corroborada pelo seguinte trecho constante no

Documento Síntese, explicitando o que dá rumo ao PDE:

... norteia-se pelo princípio ontológico do trabalho e, portanto, tem como

preocupação básica a análise da realidade dessa categoria na sociedade capitalista e

nas escolas. Essa concepção de conhecimento respalda-se em alguns elementos

considerados fundamentais no processo de formação continuada de professores (...)

o conhecimento produzido historicamente pelos homens, é elemento capaz de

informar, expor ou explicitar as ações humanas como resultado/produto das relações

sociais de produção. Dessa forma,(...) a história dos homens é uma história de sua

existência; é a história do conhecimento e de como os homens se apropriaram

socialmente dos recursos da natureza, para a sua sobrevivência, sempre pelo

trabalho. Isso faz dessa categoria mediação ontológica e histórica na produção do

conhecimento (LUKÁCS, 1978).

Isso significa que a categoria trabalho é central na proposta do Programa.

Trabalho compreendido em sua perspectiva ontológica, como sendo a ação intencional

do homem sobre a natureza ou sobre o próprio homem, transformando-os. Nesse

sentido, revela o caráter da intencionalidade humana e da possibilidade da

transformação dos homens sempre pelo trabalho. Portanto, a proposta do PDE está

baseada na ação intencional humana, ancorada pela reflexão crítica do que se apresenta

na realidade educacional, baseada em um método de análise que se pauta pela

radicalidade, rigor e globalidade.

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40

De acordo com Kosik (1976), o conhecimento da realidade não se dá pela

experiência imediata, mas por meio de abstrações que permitam o estudo de sua gênese,

assim como dos fatores que influenciaram e determinaram seu desenvolvimento e sua

manifestação fenomênica. O método dialético analisa, portanto, as contradições da

realidade existentes entre a essência e a aparência, investigando as relações entre as

partes de forma a compreender o fenômeno em sua totalidade. Esse mesmo percurso

deve ser seguido pela reflexão filosófica preconizada para a formação do professor. Por

esse motivo a proposta do PDE investe em formação considerada rigorosa na

universidade, que propicie aos professores fundamentos teóricos e metodológicos para

realizar reflexão sobre a prática pedagógica e compreendê-la na sua totalidade desde a

origem da questão, rompendo com perspectivas de investigação que se limitam apenas

àquilo que lhes é apresentado de imediato.

A categoria de radicalidade diz respeito ao necessário aprofundamento para se

chegar às raízes, aos fundamentos do problema que se apresenta como objeto de

reflexão constante do projeto do professor PDE. Uma visão superficial, pautada em

impressões imediatas, imprecisas e fragmentárias, não basta para analisar criticamente

as situações e circunstâncias que se apresentam à dinâmica do trabalho educativo. É

necessário que se vá ao fundamento, às bases que dão sustentação ao problema e que

determinam sua manifestação como fenômeno na realidade. Essa categoria pauta-se na

concepção de crítica radical constante em A Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, na

qual é afirmado que “ser radical é agarrar as coisas pela raiz” (MARX, 2005, p. 151).

Nesse sentido, a essência de um fenômeno só pode ser compreendida por meio do

estudo de sua gênese, analisando como se deu seu desenvolvimento e identificando

quais fatores condicionaram sua manifestação (MAZZEO, 2008, pp. 2-3).

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41

Ancorado nessas premissas conceituais é que o PDE provê aos professores

participantes condições materiais necessárias para o desenvolvimento das atividades

formativas previstas. Portanto, o Programa parte do princípio que as condições

materiais/financeiras são necessárias para que se garanta uma formação docente que

tenha a possibilidade de realizar transformação das práticas escolares. Várias questões

desse programa ainda merecem ser pesquisadas.

1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores e

das escolas

É necessário ainda considerar que existem condições diversas nas IES e nas

escolas que influenciam no desenvolvimento das propostas dos professores PDE. Isso

significa compreender que o desenvolvimento profissional do professor, inclusive

desenvolvimento referente à formação, não ocorre separado do desenvolvimento das

organizações em que trabalha, no nosso caso, as escolas e as próprias instituições de

ensino superior, nas quais o professor participa do PDE. Assim Barroso (1995) se

pronuncia:é clara a analogia e a interdependência existente entre “os modos de ensinar”

e os “modos de organizar e gerir a escola”, não restando dúvidas que as organizações

escolares se definem como as próprias pessoas que as constituem, professores,

funcionários, alunos, pais, comunidade civil. As organizações passam a ser

consideradas como construções sociais e não como uma entidade natural (“reificada”)

que existe para lá da ação humana (BARROSO, 2003, p. 71). São essas pessoas que em

relação constante de interdependência umas com as outras formam as organizações e as

caracterizam, conforme sentido trazido por Elias (1994a).

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42

Essa característica das organizações coloca as escolas em uma posição de

centralidade do processo formativo dos docentes, pois está a se considerar a

interdependência entre formação e local de trabalho. É nesse sentido que Barroso (2003,

p. 64) diz que a formação centrada na escola consubstancia a perspectiva de ligar a

formação ao desenvolvimento das organizações, coincidindo com o período atual em

que, progressivamente, intensificam-se as relações entre os tempos e espaços de

formação e os tempos e os espaços de trabalho. Essa perspectiva induz modalidades de

formação centrada nas organizações de trabalho dos participantes com o

desenvolvimento da “formação-ação” (BARROSO, 2003, p. 64).

É necessário considerar dois princípios extremamente relevantes nesta

perspectiva que integra formação e desenvolvimento das organizações que de acordo

com Crozier e Friedberg (apud Barroso 2003, p. 71) são:

- O princípio segundo o qual os indivíduos numa organização são actores capazes de

cálculo e de escolha, isto é, com um raciocínio estratégico. Este princípio tem

repercussões evidentes na atividade de trabalho que deixa de ser vista unicamente

como um lugar de execução e passa a ser vista como um sistema de acção concreta

através do qual os diferentes actores organizam o seu sistema de relações para

resolver problemas concretos colocados pelo funcionamento da organização;

- o princípio segundo o qual a mudança nas organizações é um fenômeno político

que não pode ser reduzido a simples decisões hierárquicas e que depende da

capacidade de aprendizagem pelos actores de novos modos de relações e novas

formas de acção colectiva. Para que a mudança possa ocorrer numa organização não

só é necessário que se estabeleçam novas relações de força que lhe sejam favoráveis,

mas também que os atores desenvolvam novas capacidades cognitivas e relacionais,

e que se estabeleçam novas formas de governo. Por isso, como insistem Crozier e

Friedberg (1977), qualquer processo de mudança deverá resultar de uma ação

convergente sobre os homens e estruturas.

Dessa forma, abre-se a possibilidade de se investigar essas relações no âmbito

das escolas dos professores PDE e mesmo nas IES em que os professores desenvolvem

seus estudos. Desvendar esta configuração nas suas minúcias cabe a outra pesquisa. Isto

oportunizará perceber a possibilidade de transformação das disposições das ações dos

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indivíduos e, portanto, de suas práticas pedagógicas por meio da implementação do

projeto, ou não. Isso implica, entre outras coisas, que se desenvolva nas escolas uma

gestão participada e participativa e que existam lideranças (individuais ou coletivas)

capazes de “empreenderem” as mudanças necessárias para que a formação se possa

finalizar na inovação e no desenvolvimento organizacional da escola (BARROSO,

2003, p. 74).

Na perspectiva de melhor compreender o cenário da pesquisa, é preciso

compreender o papel da formação de professores articulada às transformações da

sociedade e das organizações. Para isso a organização não deve assumir uma

perspectiva “gerencialista” e normativa da formação, vendo nela unicamente, uma das

componentes de uma “tecnização da mudança organizacional”, assim como não deve

assumir uma perspectiva voluntarista, julgando que todos os profissionais se deixam

atrair pela “bondade dos seus princípios”, caindo na “ilusão pedagógica” de mudar a

sociedade (e as organizações) porque se mudam as práticas de formação (BARROSO,

2003, p. 75).

Dessas considerações apreende-se que as transformações nas organizações são

possíveis quando todos acreditam na possibilidade da transformação, portanto a

mudança das organizações não é um processo exterior ao indivíduo, mas antes de tudo

trata-se da mudança do seu interior. Assim, mudar a escola por meio da implementação

do projeto do professor PDE, requer que a comunidade escolar esteja envolvida com o

projeto e acredite nele como uma possibilidade real de superação das dificuldades

encontradas na dia a dia da escola. Sendo assim, para que as organizações se

desenvolvam não é suficiente apenas que as produções dos professores PDE apresentem

um elevado nível de exigência conceitual em relação ao conhecimento científico, é

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necessário que o coletivo da escola atue junto com o professor PDE e, antes disso, é

necessário que ocorra uma alteração nas disposições de ações dos indivíduos

envolvidos, tanto os do PDE como os da escola.

1.6 – O PDE e as possibilidades de elaboração de materiais didáticos

Ainda considerando o cenário desta pesquisa, é imperativo apresentar as

possibilidades de materiais didáticos produzidos pelos professores que participam do

programa visto a centralidade destes na proposta do PDE e que constitui cenário do

estudo.

O material didático, também denominado produção didático-pedagógica,

constitui uma das estratégias de ação elaboradas pelo professor para ser utilizado na

escola e auxiliar na intervenção da realidade escolar. Esse material se caracteriza por ser

uma produção intelectual do professor revestida de intencionalidade na perspectiva de

superação da dificuldade pedagógica detectada pelo professor PDE. Nesse sentido, a

Coordenação Estadual do PDE vem amadurecendo o entendimento sobre este tipo de

produção e sobre as suas possibilidades de elaboração. Para a primeira turma do

Programa que iniciou em 2007 esse entendimento era modesto e hoje a equipe do PDE

já avançou muito nesta direção, o que foi percebido por meio da análise de documentos

relativos à normatização destes materiais emitidos pela SEED-PR durante este período.

Nesse sentido, consta no Documento Síntese do Programa (2009, pp. 5 – 6) que:

Essa atividade refere-se ao material didático a ser elaborado pelo Professor

PDE, enquanto estratégia do Projeto de Intervenção Pedagógica na escola

também sob orientação do Professor Orientador da IES. O Professor PDE,

com o devido acompanhamento de seu orientador da IES, deverá elaborar

uma produção didático-pedagógica pertinente ao seu objeto de

estudo/problema, devidamente sistematizado no Projeto de Intervenção

Pedagógica na Escola e considerando a sua área/disciplina de ingresso no

Programa.

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45

Salientamos que as produções didático-pedagógicas devem ser consideradas

como material didático a ser utilizado pelo Professor PDE em situações

específicas e planejadas, como subsídio ao trabalho a ser desenvolvido junto

a alunos e/ou professores. Nessa perspectiva, irá auxiliar na compreensão da

realidade objetiva, como também contribuir para a sua transformação.

Neste movimento, é de extrema importância a fundamentação teórico-

metodológica do professor, tendo em vista os objetivos aos quais se destina a

sua produção didático-pedagógica – a escola pública paranaense.

Assim sendo, a Coordenação Estadual do PDE indica a elaboração de

produções didático-pedagógicas a serem utilizadas para fins pedagógicos,

como por exemplo: cadernos pedagógicos, cadernos temáticos, unidades

didáticas, mapas, atlas, produção de roteiros, vídeos e documentários para

TV, dentre outras possibilidades.

Produzir esses materiais representa um desafio aos professores participantes do

Programa, pois isso, em princípio, rompe com a cultura dos professores da educação

básica que utilizam, em suas aulas, basicamente materiais didáticos elaborados por

outros e indicados para uso pelas Secretarias de Educação ou pelas escolas privadas.

Exemplo disso são os materiais apostilados, que cabe ao professor utilizar em sala de

aula. Além disso, neste caso é ainda mais difícil por se tratar de material que será

utilizado com colegas, uma situação também pouco usual. Produzir esse material

representa dificuldade aos professores PDE, pois como não são acostumados com este

tipo de elaboração intelectual, apresentam-se muitas vezes inseguros. De certa maneira

isso representa que a posição social que lhes cabia enquanto professores não era o de

“produtor” de material e sim o de “consumidor” de material didático utilizado pela

escola e pelos cursos de formação. Sendo assim, existe certa dificuldade para ativar as

regras de reconhecimento que lhe permitiriam realizar a produção do discurso

pedagógico (material didático) por meio das regras de realização. Isso provoca

insegurança nos professores, por estarem diante do desconhecido, por não

reconhecerem esta nova situação e não possuírem mecanismos para a sua realização. É

nesta esfera que este estudo incide. Isto permitirá compreender o nível de exigência

conceitual contido nessas produções.

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46

Para finalizar este capítulo, é apresentado, de maneira esquemática, na Figura 3,

o cenário desta pesquisa, ou seja, o PDE. Destacam-se os dois contextos em que ele se

assenta: o da produção do material e o da sua transmissão. Além disso, apresenta-se

destacado o recorte que incide sobre esta pesquisa: as instâncias de recontextualização

analisadas.

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

Figura 3

Cenário da pesquisa, com destaque para os dois contextos analisados

CONDIÇÕES DE FORMAÇÃO

CONDIÇÕES ESTRUTURADAS NAS ESCOLAS

ELABORAÇÃO DE ARTIGO

C

O

N

T

E

X

T

O

D

E

U

T

I

L

I

Z

A

Ç

Ã

O

ESCOLA

DEMAIS MATERIAIS DIDÁTICOS

UTILIZADOS PELO PROFESSOR PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICO-

PEDAGÓGICA

IMPLEMENTAÇÃO NA ESCOLA DO PROJETO

DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

3ª RECONTEXTUALIZAÇÃO

C

O

N

T

E

X

T

O

D

E

E

L

A

B

O

R

A

Ç

Ã

O

DISCIPLINAS/ATIVIDADES FORMATIVAS PDE

Professores

PDE

PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

1ª RECONTEXTUALIZAÇÃO

2ª RECONTEXTUALIZAÇÃO

Professores

das IES

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CAPÍTULO 2

O CONTEXTO TEÓRICO DA PESQUISA: ELEMENTOS DA TEORIA DE

BASIL BERNSTEIN E APROXIMAÇÕES COM A PESQUISA ANUNCIADA

Aqueles que possuem a possibilidade de pensar o

impensável criam, como já falado, um espaço, uma

lacuna entre esses dois mundos, o material e o

imaterial. Portanto qualquer discurso

recontextualizado, torna-se um significante para uma

outra coisa diferente dele próprio....(BERNSTEIN,

1996, p.264)

Este capítulo tem por finalidade apresentar elementos da teoria de Basil

Bernstein de interesse neste estudo. Nesse sentido, permite detectar quais informações

são necessárias para compreender o percurso do professor no curso, além de permitir

detectar elementos de como obtê-las. Assim, este capítulo, responde a primeira parte da

segunda questão norteadora apresentada na introdução deste estudo.

Bernstein desenvolve um quadro teórico complexo que permite compreender a

relação entre classe social e o processo de sua reprodução cultural. Procura demonstrar

como a regulação – determinada pela classe social – da distribuição de poder e dos

princípios de controle gera, distribui, reproduz e legitima princípios dominantes e

dominados. Esses princípios regulam as relações no interior dos grupos sociais e entre

eles e, portanto, formas de consciência (BERNSTEIN, 1996, p. 27).

Nesse sentido, a teoria ora apresentada de modo sucinto, permite que se

estabeleça a relação entre o macronível institucional e o micronível interacional que

agem na produção de qualquer discurso, entre eles, o pedagógico, foco deste trabalho,

por isso interessa alguma explicitação. A análise do macronível institucional, entendido

como a estrutura social que caracteriza uma determinada sociedade, permite avançar no

entendimento sobre a influência das relações de classe sobre distintas formas de

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comunicação, informando os códigos e as possibilidades de classificação e

enquadramento.

Bernstein esclarece com qual significado utiliza o termo “relações de classe”.

Diz ele:

Utilizaremos “relações de classe” para designar desigualdades na

distribuição de poder e nos princípios de controle entre grupos sociais,

princípios que são realizados na criação, distribuição, reprodução e

legitimação dos valores físicos e simbólicos que têm sua fonte na divisão

social do trabalho (1996, p.27)

Isso requer compreender que os indivíduos encontram-se posicionados

socialmente de maneiras distintas devido ao lugar que ocupam na divisão social do

trabalho e que por isso estão submetidos a desigualdades na distribuição de poder e de

controle. Para Bernstein (1996, pp. 139-140)

qualquer posição numa divisão social do trabalho é uma função das

relações entre posições. As relações entre posições é dada pelo grau de

isolamento. O grau de isolamento define e regula o grau de especialização

de uma posição. Assim, se há um forte isolamento, as posições têm

identidades não ambíguas, fronteiras claras, práticas especializadas.

Inversamente, se o isolamento é fraco, as identidades são mais

generalizadas, as fronteiras são reduzidas e as práticas são mais

integradas.

Portanto o princípio da divisão social do trabalho tem relação com o grau de

isolamento entre as categorias. Bernstein (1996, p. 140) utiliza o conceito de

classificação para definir o princípio de uma divisão social do trabalho. Assim uma

forte classificação é o conceito atribuído a posições/categorias fortemente isoladas entre

si, enquanto que uma classificação fraca é o conceito para posições/categorias com

isolamento muito reduzido e, como consequência, menos especializada. Assim, a

distribuição de poder se mantém essencialmente por meio da manutenção do grau

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apropriado de isolamento entre as categorias da divisão social do trabalho que ele

legitima. É esse valor da classificação que estabelece a voz da categoria.

Segundo Bernstein (1988), aqueles que se dedicam às práticas, às de educação

em particular, necessitam de regras fortes de descrição do que ocorre. E esse é um dos

critérios da teoria que ele oferece. Passa, então, a tornar explícito o processo pelo qual o

poder e o controle podem ser traduzidos em princípios relacionais sempre que ocorrem

esses contatos entre componentes de conjuntos, de categorias.

Sempre que há conjuntos – de pessoas, de instituições, de objetos – há entre eles

um princípio que os organiza, que pode ser identificado entre diferentes categorias

mantidas por relações de poder. Essas relações, entre diferentes categorias, o autor

denomina de classificação, ou seja, o espaço entre elas. Se uma categoria se encontra

bem marcada entre as demais, pode-se dizer que há isolamento, classificação forte. “Na

medida em que se aceita o princípio de classificação, se aceitam as relações de poder

que se encontram por detrás” (BERNSTEIN, 1988, p. 25). Portanto, há que se

considerar a existência de questões de poder nas circunstâncias observadas e descritas.

No caso do ensino, os conhecimentos constituem essas categorias. As diferentes

disciplinas do currículo podem ter suas fronteiras bem marcadas, ou seja, terem espaços

entre elas e, assim, são consideradas portadoras de forte classificação. Quando esses

conhecimentos entre as disciplinas não têm marcas tão fortes, ou seja, estão mais

próximas entre si, o princípio de classificação é mais fraco, mais brando, há mais

relações entre elas.

Esse princípio de estruturação curricular presente no discurso pedagógico

também pode ser pensado no caso da Matemática nesta pesquisa, considerando os

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conhecimentos internos da área e como eles se posicionam, definindo o poder entre as

partes. A existência de relações entre os conhecimentos, portanto baixa classificação por

não haver fronteiras bem marcadas, significam menores poderes entre as partes, porém

permite considerar elevação de nível conceitual neste trabalho, com pouca

fragmentação, maior visão de conjunto, conhecimento mais complexo e articulado.

Por outro lado, Bernstein considera que as relações sociais no interior da divisão

social do trabalho estão sujeitas a princípios de controle que podem variar. Os

princípios de controle regulam as regras legítimas das relações sociais por meio da

localização da fonte de controle sobre a seleção, organização, sequenciamento,

compassamento e critérios legítimos de comunicação, juntamente com a postura,

posição e vestimentas dos comunicantes. Bernstein (1996, p. 141)

utiliza o “conceito de enquadramento para designar a localização do

controle sobre as regras de comunicação. Assim, um enquadramento forte

significa que o controle está com o transmissor, enquanto que um

enquadramento fraco significa que o controle está mais com o adquirente.

Se a classificação regula a “voz” de uma categoria, o enquadramento

regula a forma de sua mensagem legítima.

É por meio do enquadramento que se descreve e analisa a prática na qual se

desenrola a comunicação. Adquiridos os princípios da comunicação, as pessoas são

socializadas dentro dos princípios da classificação. Essa será sempre dominante,

segundo Bernstein (1988). O controle regula a comunicação, que por sua vez regula as

práticas que estabelecem as relações entre as categorias dos conjuntos.

Na transmissão cultural, a relação central é a que ocorre entre um transmissor e

o que recebe a mensagem. Trata-se de um controle da comunicação nas relações

pedagógicas. Há relações sociais entre transmissores e receptores que o autor denomina

de enquadramento. Esse também pode ser forte ou débil. É forte quando o transmissor

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controla a situação de comunicação e é débil quando permite, ao receptor, alguma

possibilidade de controle sobre a seleção, a sequência, o ritmo e os critérios de qual a

quantidade de aquisição esperada na mensagem.

A diferenciação social ocasionada devido à distribuição desigual de poder

(princípio de classificação) e de controle (princípio de enquadramento), que são

exteriores ao sujeito, imprime diferentes formas de comunicação que são geradas no

interior dos sujeitos. Neste sentido o termo “posicionamento”, utilizado por Bernstein

(1996, p. 28), designa o “estabelecimento de uma relação específica com outros sujeitos

e a criação de relações específicas no interior dos sujeitos”, portanto assumindo duas

dimensões: inter e intrassujeito. A primeira é de natureza social e reflete as relações

criadas pelo tipo de estrutura da sociedade, sendo por isso exterior ao sujeito; a segunda,

embora socialmente determinada, reflete o que ocorre ao nível do sujeito, portanto

interna a ele (MORAIS, 2004, p. 9). Juntos, a classificação e o enquadramento definem

o que será comunicado e a forma de comunicação legítima em determinado

agrupamento social. Essa definição constitui uma orientação para significados e para

realizações consideradas legítimas pela família ou por qualquer outro agrupamento

social, ou seja, define código.

Para Bernstein (1996, p. 143) “código é um princípio regulativo, tacitamente

adquirido, que seleciona e integra significados relevantes, formas de realização e

contextos evocadores”. O código é um regulador das relações entre contextos, mas

também dentro dos contextos. Essa regulação significa criação de princípios. Os

princípios gerados pelos códigos permitirão análises de classificação e de

enquadramento, ou seja, respectivamente, distinguir relações entre contextos e dentro

dos contextos. As relações entre contextos “criam marcadores de fronteiras, pelos quais

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contextos específicos podem ser distinguidos por seus significados e realizações

especializados” (BERNSTEIN, 1996, p. 143). Essas relações são o foco privilegiado de

análise neste trabalho.

Por meio da análise dos materiais é possível estabelecer as marcas da

distribuição de poder (classificação) dos conhecimentos, sendo possível a partir dessa

análise, detectar o nível de exigência conceitual contido nas produções. Nesse sentido,

quando esta pesquisa opta em se debruçar sobre a análise da complexidade dos

conteúdos e das competências científicas, intradisciplinaridade e relação entre

conhecimento acadêmico/não acadêmico presente em cada uma das instâncias de

recontextualização, representadas aqui pelas três produções do professor PDE, significa

a tentativa de compreender quais as características dessas categorias e detectar o

impacto do contexto da formação no PDE que se relaciona com o nível de exigência

conceitual das produções do professor PDE. A reestruturação dos materiais no que

tange às características de nível conceitual deve ser possível, pois a formação do

professor pode se constituir em uma agência de oposição ao conhecimento adquirido no

contexto da formação anterior. Essa é a aposta deste estudo, oportunizada por um

contexto de comunicação diferenciado dos anteriores.

A produção de materiais revela-se extremamente desafiadora para o professor da

educação básica do estado do Paraná, uma vez que a repetição e a memorização do livro

didático demonstram-se constantes no cotidiano escolar. É por isso que a primeira

instância de recontextualização adotada é o projeto, uma vez que é a primeira produção

realizada, ainda no começo do Programa, o que permite, pela análise das demais

produções, perceber a colaboração ou não do PDE sobre a orientação específica de

codificação do professor, representada pelo nível de exigência conceitual de suas

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produções. Essa instância inicial é de recontextualização por não ser a geradora de

conhecimento conforme exposto na Figura 1.

O processo de formação é uma das possibilidades que pode permitir a alteração

desses conhecimentos, dependendo do contexto macroinstitucional e do

microinteracional a que está submetido, ou seja, depende de condições externas ao

indivíduo (no caso desta pesquisa das condições das IES, das escolas e materiais a que

são submetidos, entre outras) e internas articuladas às regras de reconhecimento e de

realização e às disposições sócioafetivas presentes no código. Pela análise dos textos

produzidos pelo professor é possível estabelecer o grau de especialização dos assuntos

nos materiais (classificação), estabelecendo-se categorias de análise bem diferenciadas,

com a finalidade de detectar o nível de exigência conceitual presente nas instâncias de

recontextualização indicadas para análise, ou seja, projeto, material didático e artigo.

Compreenda-se que o código é o regulador das relações entre contextos e, por

meio disso, também o regulador das relações dentro dos contextos. O código cria

princípios que podem ser reveladores de tais diferenças de contextos e de relações no

interior desses contextos. Existem dois conjuntos de regras que atuam neste sentido, são

as regras de reconhecimento e de realização. Bernstein (1996, p. 143), assim se

pronuncia:

As regras de reconhecimento, uma função de classificação, criam os meios

que possibilitam distinguir entre (e, assim reconhecer) o caráter especial

daquilo que constitui um contexto, enquanto as regras de realização, uma

função do enquadramento, regulam a criação e produção de relações

especializadas internas àquele contexto. Ao nível do sujeito, diferenças no

código acarretam diferenças nas regras de reconhecimento e de realização.

Esses dois conjuntos de regras permitem que o indivíduo reconheça contextos e

saiba atuar no interior destes contextos.

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Porém, não podem ser desconsideradas, nesta reflexão, as disposições

sócioafetivas que mantém uma relação mútua com a orientação de codificação

(MORAIS e NEVES, 2007a, p. 119). Estas disposições são entendidas como sendo as

motivações, aspirações, valores. Em sendo assim, para o professor PDE realizar a

superação das dificuldades que marcam seu trabalho na escola, ou seja, para o seu

desempenho é necessária efetiva motivação, aspiração e desejo de querer realizar esta

tarefa, além de orientação de codificação elaborada, que lhe permita reconhecer

diferentes contextos e atuar neles. Esta relação não pode ser quebrada, é uma relação

mútua e interdependente.

Em estudo realizado por Morais e Neves (2005, p. 156) que pretendeu

estabelecer a relação entre o desempenho dos professores e suas regras de

reconhecimento e de realização, bem como com as disposições sócioafetivas dos

professores, fica evidenciado que as práticas pedagógicas dos professores podem ser

analisadas como textos (instrucionais e reguladores) e de que esses textos representam

diversos níveis de desempenho dos professores, isto é, diversos níveis de orientação

específica de codificação para a implementação de práticas pedagógicas com

determinadas características sociológicas. Assim as autoras se manifestam:

Num contexto específico de formação de professores segundo um processo de

investigação-ação, o desempenho dos professores traduzir-se-á pelo tipo de prática

pedagógica que implementam. Segundo esta perspectiva teórica, este desempenho

pressupõe não só a aquisição da orientação específica de codificação para produzir,

como “texto”, uma prática pedagógica com características sociológicas propícias ao

sucesso de todos os alunos, como também a posse de disposições sócio-afetivas

favoráveis à implementação dessa prática (Morais e Neves, 2005, p. 157).

No contexto do PDE isso significa que não basta a formação continuada ofertar

elementos que oportunizem ao professor a aquisição de novos conhecimentos e domínio

teórico com alta capacidade de reconhecimento e de realização (passiva e ativa), se o

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professor que participa desse Programa não possuir as aspirações e motivações

necessárias para aproveitar a formação de modo a implementar um projeto na escola,

que a escola também queira ser alterada, que possua as características de inovação na

direção de superar as dificuldades que os professores encontram em sua prática

pedagógica.

Por outro lado, as autoras interrogam sobre o que significa ter orientação

específica de codificação em relação a uma determinada prática pedagógica? De acordo

com o modelo referido, significa que o professor possui: (a) regras de reconhecimento

que lhe permitem reconhecer as especificidades do contexto dessa prática pedagógica,

nos seus múltiplos aspectos, demarcando-o de outros possíveis contextos de prática

pedagógica; (b) regras de realização passiva que lhe permitem selecionar os

significados/justificações apropriadas àquele contexto, demonstrando conhecer os

princípios de como atuar/agir naquele contexto de prática pedagógica; (c) regras de

realização ativa que lhe permitem produzir o texto requerido, concretizando na sala de

aula uma prática pedagógica com as características desejadas (MORAIS e NEVES,

2005, p. 157). Considerando essas premissas teóricas, quando o professor PDE

implementa com êxito o seu projeto de intervenção pedagógica na escola, isso significa

que ele possui uma orientação específica de codificação que lhe permite reconhecer o

contexto da prática pedagógica (regras de reconhecimento), que lhe assegura selecionar

os significados e justificações para agir naquele contexto elaborando as etapas do

percurso pensando em solucionar a dificuldade (regras de realização passiva) e,

finalmente, lhe permite agir na escola implementando uma prática pedagógica com

resultados efetivos (regras de realização ativa). São as etapas da elaboração dos

diferentes discursos pedagógicos recontextualizados.

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Cabe ainda esclarecer que o discurso pedagógico se constitui com a inserção de

um discurso instrucional em um discurso regulador(

), sendo, portanto um discurso

recontextualizado. Diz Bernstein (1996, p.258):

Definiremos o discurso pedagógico como a regra que embute um discurso de

competência (destrezas de vários tipos) num discurso de ordem social, de

uma forma tal que o último sempre domina o primeiro. Chamaremos de

discurso instrucional o discurso que transmite as competências especializadas

e sua mútua relação; chamaremos de discurso regulativo o que cria a ordem,

a relação e a identidade especializadas.

Isso significa que o discurso pedagógico não possui identidade própria. É

sempre constituído pela relação de ordem que determina o discurso da instrução. Isso

quer dizer que o texto a ser comunicado no espaço pedagógico sofre relação direta com

aquilo que se quer comunicado. Bernstein (1996, p. 259) assim se pronuncia:

Num sentido importante, o discurso pedagógico, desse ponto de vista, é um

discurso sem um discurso específico. Ele não tem qualquer discurso próprio.

O discurso pedagógico é um princípio para apropriar outros discursos e

colocá-los numa relação mútua especial, com vistas à sua transmissão e

aquisição seletivas. O discurso pedagógico é, pois, um princípio que tira

(desloca) um discurso de sua prática e contexto substantivos e reloca aquele

discurso de acordo com seu próprio princípio de focalização e reordenamento

seletivos. ...Nesse processo de deslocação e relocação o discurso original

passa por uma transformação: de uma prática real para uma prática virtual ou

imaginária. ...Trata-se de um princípio recontextualizador.

Para a compreensão disso que foi afirmado é imprescindível, também, antes

entender o que Bernstein denomina de dispositivo pedagógico. Nesse sentido, cumpre

esclarecer que este dispositivo se constitui em um conjunto de regras que regulam

internamente a comunicação pedagógica e incidem sobre uma série de significados

passíveis de serem transmitidos pela escola (GALLIAN, 2009).

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Bernstein (1996, p. 255) considera que o dispositivo pedagógico fornece a

gramática intrínseca do discurso pedagógico, através das regras distributivas,

recontextualizadoras e de avaliação.

O que interessa a este trabalho é o tipo de regra que compõe o dispositivo

pedagógico que Bernstein (1996, p. 258 - 261) denomina de regras

recontextualizadoras. Qualquer discurso recontextualizado, torna-se um significante

para uma outra coisa diferente dele próprio. O que constitui esse outro varia de acordo

com os princípios dominantes de uma dada sociedade. Neste sentido, o discurso

regulativo é ele próprio, a pré-condição para qualquer discurso pedagógico. É óbvio que

todo discurso pedagógico cria uma regulação moral das relações sociais de

transmissão/aquisição, isto é, regras de ordem, relação e identidade e que essa ordem

moral é anterior à transmissão de competências (discurso instrucional) e uma condição

para essa transmissão.

É sobre a regra recontextualizadora do dispositivo pedagógico que age a relação

DI/DR, ou seja, de um discurso instrucional embutido em um discurso regulativo. Nesse

sentido, cumpre ressaltar que sempre o discurso pedagógico será um discurso

recontextualizado. Nesta esfera, sempre o discurso pedagógico (recontextualizado) será

diferente daquilo que se veicula no contexto primário de produção. Assim a Matemática

e a Física ensinada na escola, são exemplos de discursos pedagógicos

recontextualizados. Foram deslocados de seu contexto primário para serem transmitidos

na escola, porém para isso foram “pedagogizados”, passaram por critérios de escolha de

conteúdos, sequenciamento, compassamento, avaliação segundo as regras morais e de

ordem da sociedade atual. Portanto um discurso instrucional é determinado por um

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discurso regulativo.A análise das produções dos professores PDE permite dizer que

moral rege a instrução, qual seja, a atenção ao que o PDE especifica.

Assim, as produções que o professor PDE elabora (projeto, material didático e

artigo) representam instâncias de recontextualização tendo como referências o

conhecimento científico e a realidade escolar. É necessário buscar compreender a

relação que existe entre essas instâncias de recontextualização do conhecimento

científico em face do processo de formação dos professores no PDE. Até que ponto esse

processo formativo que resulta na produção dos materiais, legitima discursos

pedagógicos que representam a articulação entre a teoria e a prática e, portanto

recontextualizados, distanciam-se do conhecimento científico elaborado em seu

contexto primário? Ou seja, pode a formação ofertada no PDE colaborar para que exista

a elevação do nível de exigência conceitual presente nas produções dos professores

PDE, mesmo considerando que transformações estarão presentes?

Procurando clarificar a lógica do dispositivo pedagógico e sua relação com este

estudo, é proposta a Figura 4:

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Fonte: Sistematizado pelo próprio autor.

Fica evidenciado pela Figura 4 que a etapa apresentada se refere aos processos

de recontextualização de onde se obtém o discurso pedagógico. Nesse sentido é sobre

essa etapa que se dedica este estudo, ou seja, sobre as produções dos professores no

PDE, que constituem discursos pedagógicos em instâncias de recontextualização, como

nos esclarece o modelo apresentado sobre o dispositivo pedagógico. Portanto, nesta

pesquisa não serão focalizadas as demais etapas, pois elas se referem respectivamente à

geração de conhecimentos e à aplicação prática nas escolas.

DISPOSITIVO PEDAGÓGICO

1 – Regras

Distributivas

2 – Regras

Recontextualizadoras

3 – Regras de avaliação

da prática pedagógica

Transmissão do discurso

pedagógico, na relação

DI/DR.

Produções realizadas no

PDE (projeto, material

didático e artigo).

Figura 4

Dispositivo pedagógico e sua relação com a produção do discurso pedagógico no PDE

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CAPÍTULO 3

OS PERCURSOS DEFINIDOS NA INVESTIGAÇÃO

Na investigação que se tem desenvolvido assume-se

também que as duas formas de inquérito não são

incompatíveis e que, por isso, podem ser usadas

sequencialmente ou simultaneamente, em função da

natureza das questões de investigação que se

pretendem levantar e dos dados que se pretendem

obter. Nesse sentido a investigação parte da dicotomia

entre abordagens naturalistas (qualitativa e

etnográfica) e abordagens racionalistas (quantitativa

ou experimental) e reflecte um posicionamento

epistemológico que rejeita, em particular, o carácter

fortemente contextualizado e idiossincrático das

metodologias qualitativas guiadas por perspectivas

pós-modernistas em investigação educacional.

(MORAIS e NEVES, 2007b, p.77-78).

Considera-se que o plano geral da pesquisa foi enunciado brevemente na

introdução deste estudo. Todavia cabe, neste momento, uma breve retomada, com a

finalidade de detalhar o plano delineado para este estudo.

Este capítulo busca responder parte da segunda questão norteadora apresentada

na introdução desta tese, em específico, o modo de verificar as alterações no

conhecimento científico da professora PDE em virtude de sua participação no

Programa. Vale salientar que as definições metodológicas deste estudo estão

intimamente articuladas com a teoria adotada nesta pesquisa, qual seja, a de Basil

Bernstein, que nos fornece elementos importantes na direção de compreender as

informações necessárias de serem obtidas a fim de compreender a questão central do

estudo.

Esta pesquisa buscou identificar o nível de exigência conceitual contido nas

produções do professor do PDE após sucessivas instâncias de recontextualização

incidindo sobre o discurso do conhecimento acadêmico na área da Matemática. O

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professor PDE teve acesso a esse conhecimento em diversas oportunidades: na

graduação, na pós-graduação e no próprio PDE. Com a intenção de identificar possíveis

alterações na forma de manifestar esse conhecimento e possibilitar a eventual detecção

da influência da formação continuada proporcionada pelo PDE aos professores

participantes, o primeiro nível de recontextualização adotado foi o projeto de

intervenção pedagógica na escola, seguido do material didático e artigo final,

elaborados em decorrência da participação no Programa.

Esta análise incidiu especialmente sobre o discurso instrucional do discurso

pedagógico, portanto sobre o “quê” e sobre o “como”.

Na sequência será apresentado como se chegou aos quatro professores

(anteriores ao exame de qualificação) e, em seguida, a justificativa pela escolha de um

destes quatro.

Os critérios considerados para a seleção dos 04 professores PDE foram:

a) ser professor PDE da turma 2007;

b) ser professor da disciplina de Matemática, visto o interesse do pesquisador

por essa disciplina do currículo escolar, uma vez que é a sua área de formação

inicial;

c) a facilidade/dificuldade de implementação dos projetos nas escolas. Esse

critério era considerado essencial, pois forneceria elementos para compreender

as condições estruturadas nas escolas e que, provavelmente, repercutiram para

que a proposta do professor PDE se efetivasse ou não com facilidade. Apesar de

existirem documentos que servem para registrar o acompanhamento do projeto

do professor PDE na escola, preenchido pela equipe pedagógica, pelo diretor e

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pela equipe do Núcleo Regional de Educação, a informação sobre a

facilidade/dificuldade de implementação não pôde ser verificada por esses

documentos uma vez que 100% deles declaravam extrema facilidade na

implementação dos projetos. Sendo assim, a representante do PDE no NRE

indicou quais foram os projetos que apresentaram dificuldades de

implementação na escola. Ficou estabelecido que seriam selecionados dois

projetos que tiveram dificuldades de implementação e outros dois que não

tiveram dificuldades de implementação;

d) serem todos professores PDE orientados por um mesmo professor, na mesma

universidade e com percursos formativos semelhantes no interior do Programa.

Isso permite diminuir o número de variáveis envolvidas e potencializa a

possibilidade de se entender que condições estão presentes e que propiciam que

dois projetos sejam bem aceitos e de fácil implementação, em contraposição aos

outros dois;

e) serem residentes em Curitiba, município de residência do pesquisador.

Com relação aos critérios de escolha dos 04 professores que participaram da

implementação dos projetos dos professores PDE nas escolas estabeleceu-se,

inicialmente, que seriam professores pedagogos uma vez que devem acompanhar todas

as ações formativas desenvolvidas nas escolas. Porém eles se recusaram a participar da

pesquisa por não terem vivenciado o projeto; ou o próprio professor PDE indicou outro

professor que houvesse participado do processo na escola.

Todas essas situações já se apresentam como dados de pesquisa e serão

retomadas no decorrer do trabalho para relacionar com situações da própria teoria ou

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como elementos no momento da análise dos dados. A apresentação dos sujeitos da

pesquisa objetiva familiarizar o leitor com as características dos sujeitos pesquisados e

com os critérios estabelecidos.

Com relação aos critérios estabelecidos anteriormente para a definição dos

sujeitos da pesquisa, o trabalho escolhido se caracteriza como sendo de um professor

PDE da disciplina de Matemática da turma de 2007, que foi indicado pelo NRE como

sendo um trabalho que teve dificuldades de implementação. O tema já foi referido

anteriormente.

Neste momento é importante enfatizar que foi o aporte teórico utilizado nesta

pesquisa que determinou o método adotado. Nesse sentido, como já explicitado em

momento anterior, este trabalho se caracteriza por uma abordagem quanti e qualitativa,

entendendo ser esta articulação complementar uma a outra. Assim sendo, poder-se-á

articular estes dados entrelaçados para que em um movimento dialético com o

referencial teórico adotado se possa analisar o nível de exigência conceitual presente

nas produções do professor PDE considerando os processos de recontextualização a que

estão submetidos.

Nessa perspectiva de pesquisa o teórico e o empírico são vistos de forma

dialética e isso exige uma forte linguagem de descrição interna que permita estabelecer,

em sua decorrência, uma forte linguagem de descrição externa permitindo a análise do

empírico, e a re-estruturação da própria teoria. Morais e Neves (2007, p. 78) assim se

manifestam: “Rejeita-se quer a análise do empírico sem uma base teórica, quer a

utilização da teoria que não permita a sua transformação com base no empírico.” Dessa

afirmação, fica evidente a relação dialética entre teórico e empírico, o que aponta para a

importância da pesquisa constante na busca do aperfeiçoamento do quadro conceitual

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presente na teoria de Bernstein. Essa última relevância não é a intenção desta pesquisa.

Essa metodologia de pesquisa vem sendo utilizada pelo Grupo ESSA (Estudos

Sociológicos de Sala de Aula), que se constitui em um grupo de investigação da

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Morais e Neves (2007b, p. 78) indicam bases teóricas que permitem a utilização

da perspectiva mista de investigação. Dizem elas que teorias/conceitos das áreas da

epistemologia (POPPER, 1968; ZIMAN, 1984), da psicologia (BRUNER, 1973;

VYGOTSKI, 1978) e sociologia (BERNSTEIN, 1990, 2000), têm constituído as

principais linguagens internas de descrição, com particular ênfase na teoria do discurso

pedagógico de Bernstein. Com base nessa teoria, tem-se desenvolvido uma linguagem

externa de descrição de forma a originar e aprimorar modelos e instrumentos destinados

a orientar a investigação.

Adotar essa perspectiva de investigação permite utilizar características das duas

formas de abordagens (qualitativa e quantitativa), o que para Morais e Neves (2007b, p.

77) significa assumir que as duas formas de inquérito não são incompatíveis e que, por

isso, podem ser usadas sequencialmente ou simultaneamente, em função da natureza das

questões de investigação que se pretendem levantar e dos dados que se pretendem obter.

Partir de um quadro teórico de referência para orientar a construção dos

instrumentos de análise dos dados com valores numéricos é uma característica mais

associada às abordagens quantitativas, portanto com forte apelo racionalista.

Por outro lado, ao nível da análise dos dados estão presentes procedimentos

metodológicos fundamentalmente de natureza qualitativa, pautados em abordagem

naturalista. Após o estabelecimento das unidades de análise, através da divisão do texto

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dos vários documentos, procedeu-se à análise interpretativa, tendo-se adotado

descritivos das categorias pré-determinadas a cada unidade de análise. Posteriormente,

transformaram-se os dados qualitativos em dados quantitativos, o que permitiu o cálculo

do nível de exigência conceitual contido nas produções do professor PDE.

A Figura 5 apresenta as formas de investigação adotadas nesta pesquisa que

optou por aspectos das abordagens quantitativa e qualitativa. Procura relacionar

características das duas abordagens quanto à orientação metodológica, à obtenção dos

dados, bem como ao tratamento destes dados.

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

A figura apresentada demonstra a relação entre as abordagens de pesquisa

(quantitativa e qualitativa) assumida neste estudo. Para a construção dos instrumentos

de análise dos documentos (projeto de intervenção pedagógica, produção didático-

pedagógica e artigo) foram adotadas categorias já empregadas em diversas pesquisas

Racionalista

ProcedimentosMetodológicos

Naturalista

AbordagemQualitativa

Análise Interpretativa de

conteúdos dos excertos

das Produções PDE

OrientaçãoMetodológica

Tratamento dos Dados

Atribuição de valores à

Categorização dos

excertos das Produções

PDE

ProcedimentosEstatísti

cos

AbordagemQuantitativa Obtenção dos

Dados

Formas de Investigação

Entrevista

Figura 5

Formas de investigação adotadas na pesquisa

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realizadas no âmbito do Grupo ESSA da Universidade de Lisboa, entre elas citamos

Silva (2009), Calado (2007) em Portugal e também Gallian (2009), no Brasil. Estas

pesquisadoras definiram como categorias a serem estudadas em suas pesquisas, entre

outras:

1 – Nível de Complexidade dos Conteúdos Científicos;

2 – Nível de Complexidade das Competências Científicas;

3 - Relação Conhecimento Acadêmico/Não Acadêmico;

4 – Intradisciplinaridade.

Essas categorias foram adotadas, por permitirem compreender o “quê” e o

“como” do discurso pedagógico, visando detectar o nível de exigência conceitual

contido nas produções do professor PDE. Vale salientar que no contexto instrucional o

nível de complexidade das competências científicas e o grau de complexidade dos

conteúdos científicos representam o “quê” do discurso pedagógico, enquanto que

intradisciplinaridade e relação entre conhecimento acadêmico/não acadêmico

representam o “como” e estão associadas à relação entre discursos. Ainda cabe

esclarecer que para cada uma das categorias apontadas utilizou-se de instrumentos

(descritivos) de análises, também elaborados pelo grupo ESSA (Anexos IV e XVIII). A

possível detecção desses elementos nas produções poderão fornecer pistas sobre a

influência do curso sobre essa formação do PDE.

Elas representam o que está contido no discurso pedagógico oficial representado

pelos documentos oficiais do PDE, portanto demonstram o discurso regulador, em que

se apontam os princípios e valores em que se assenta a proposta do Programa. O PDE

propõe, ao professor participante, a superação das dificuldades encontradas por ele na

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prática pedagógica, o que compreende estabelecer relações teórico-práticas

(compreendidas pela relação conhecimento acadêmico/não acadêmico), estabelecer a

relação entre os diversos conteúdos da própria disciplina, uma vez que a proposta do

PDE é disciplinar (compreendida pela categoria intradisciplinaridade), e o

aprofundamento teórico do professor sobre aquilo que ensina e como ensina

(compreendido pelo grau de complexidade dos conteúdos e pelo nível das competências

científicas). Sendo assim, essas categorias permitem compreender a relação entre os

discursos regulador e instrucional (que deve estar submetido ao regulador) da proposta,

ambos,contidos nas produções do professor PDE e que servirão para compor o cálculo

do nível de exigência conceitual presente no projeto, material didático e artigo

científico.

O Quadro 2 apresenta as instâncias de recontextualização adotadas neste estudo

e que serão analisadas na sequência do trabalho.

Quadro 2

Instâncias de recontextualização adotadas na pesquisa

Instância de

Recontextualização

Material a ser

analisado

Descrição da intencionalidade do material

Semestre em que o

professor se encontra no

PDE

1ª Projeto de Intervenção

Pedagógica

Relata os desafios a serem superados na

prática pedagógica do professor e apresenta o

referencial teórico e metodológico a ser

adotado.

2ª Material Didático Produção que apresenta proposta de

abordagem metodológica de conteúdos

específicos da disciplina que o professor

ensina e objetiva contribuir para a superação

das dificuldades relacionadas à prática do

professor e apresentadas no projeto.

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3ª Artigo Final Material elaborado no último semestre do

PDE. Objetiva apresentar discussão teórica

que apresente os limites e as possibilidades

do uso do material em sala de aula.

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

Apoiando-se nos trabalhos á citados, este estudo buscou evidenciar o resultado

do processo de recontextualização que incide sobre as produções do discurso

pedagógico do professor no PDE centralmente no quesito nível de exigência conceitual.

Considera para isso três instâncias de recontextualização do discurso pedagógico:

projeto de intervenção pedagógica; material didático e artigo final. E adotou os dois

primeiros aspectos de recontextualização do discurso pedagógico considerados por

Gallian, ou seja: 1) a complexidade dos conteúdos e competências e 2) a relação entre

discursos (intradisciplinaridade e relação conhecimento acadêmico/nâo acadêmico) para

as três instâncias indicadas. O presente estudo não considerou o terceiro aspecto

utilizado por Gallian (2009) – as relações entre sujeitos – devido ao fato de que a prática

docente não foi critério selecionado para esta análise.

Evidenciar esses dois aspectos (1 e 2) permite que a investigação recaia sobre o

“quê” e o “como” do discurso pedagógico representados na Figura 6.

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Fonte: Adaptado de GALLIAN (2009)

Fica evidenciada, pelo que já foi relatado, a análise documental dos materiais

produzidos pelos professores PDE (projeto de intervenção, material didático e artigo

final) e de legislação específica, além de contar também com dados importantes

coletados por este pesquisador durante participação na gestão do Programa, o que inclui

diferentes informações obtidas por meio de reuniões e depoimentos de professores das

universidades representantes da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino

Superior – SETI, bem como os das universidades participantes.

3.1 O “quê” do discurso pedagógico. Grau de complexidade dos conteúdos

científicos

Na análise do “quê” do domínio do DPR preconizado para a produção da

professora PDE foram analisados os conhecimentos e finalidades que constam em tais

produções, em termos de complexidade dos conteúdos que a professora PDE privilegiou

em suas produções para serem transmitidas no contexto da sala de aula.

Figura 6

Correspondência dos aspectos a serem analisados com as formas de análise

O “QUÊ” O “COMO”

Conteúdos

Científicos Competências

Científicas

Relações entre discursos

Grau de complexidade

dos conteúdos

científicos

Nível de complexidade

das competências

científicas

Classificação

Índice de Exigência Conceitual presente nas instâncias de recontextualização consideradas:

1) Projeto de Intervenção Pedagógica; 2) Material Didático e 3) Artigo Final

DP

Intradisciplinaridade

Conhecimento

Acadêmico/ Não

Acadêmico

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Diversos estudos já demonstraram que o caminho a ser perseguido para a

aquisição do conhecimento é a aprendizagem dos conceitos contidos nos conteúdos que

se ensina. Vale esclarecer o que está sendo entendido com conceito. Para Ferreira

(1999) em seu dicionário Aurélio Século XXI, conceito significa “representação de um

objeto pelo pensamento, por meio de suas características gerais”. Sendo assim, conceito

sempre está ligado a uma atividade abstrata e especificamente humana que parte de

fatos observáveis e concretos. Para Brandwein, Watson & Blackwood (1958, p. 112),

um conceito é uma construção mental, um grupo de elementos ou atributos partilhados

por certos objetos ou eventos e representam uma ideia, resultante da associação de

vários fatos ou de outros conceitos. Fatos e conceitos são diferentes, enquanto os

primeiros são fenômenos observáveis, correspondente situações muito concretas, os

segundos são abstrações, ideias que são construídas a partir daqueles.

Sendo assim, quanto mais distante for a relação entre o conceito e o fato, maior é

o nível de abstração exigido e, portanto, maior o grau de complexidade do conteúdo.

Isso permite compreender que existe uma hierarquia com relação ao grau de

complexidade dos conteúdos, estabelecida entre diferentes níveis de abstração. Cantu &

Herron (apud Calado (2007, p. 72), definem que

os conceitos de primeira ordem referem-se a conceitos simples, que apresentam um

baixo nível de abstração, atributos definidores e exemplos facilmente perceptíveis;

conceitos de segunda ordem são conceitos complexos, que não apresentam

exemplos perceptíveis ou têm atributos definidores relevantes que não são

perceptíveis, e; os conceitos de terceira ordem dizem respeito aos temas

unificadores, às ideias estruturantes, representando em Matemática as grandes leis

Matemáticas, teoremas e axiomas, que expressam generalizações acerca do mundo

aceites pelos acadêmicos desta área.

Na construção do instrumento de análise relativo à complexidade dos conteúdos

científicos (Anexos IV, IX e XIV) foi adotada, pautada nos estudos já indicados, uma

escala de três graus de complexidade de conteúdos (G1, G2 e G3). G1 corresponde ao

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71

grau 1, que está sendo associado aos conteúdos de ordem simples (fatos generalizados e

conceitos de primeira ordem) e G2 e G3 que correspondem aos graus 2 e 3, que

referem-se a conteúdos de ordem complexa, em que G2 inclui os conceitos de segunda

ordem e o G3 inclui os de terceira. Os vários graus da escala caracterizam um gradiente

crescente de exigência conceitual no sentido do grau 1 para o grau 3.

O Quadro 3 procura resumir os três graus de complexidade dos conteúdos, bem

como procura exemplificar cada um deles para esta pesquisa.

Quadro 3

Caracterização dos níveis de complexidade dos conteúdos científicos

Grau de complexidade dos conteúdos

científicos

Características Exemplos

Grau 1 (Conceitos de 1ª ordem) Conceitos simples: baixo nível de

abstração; atributos definidores e

exemplos facilmente perceptíveis.

João foi à feira com R$ 20,00, comprou

três quilos de carne a R$ 4,00 e dois

quilos de tomate a R$ 0,50 o quilo,

quanto recebeu de troco? (Anexo XX -

U.A12-MD)8

Grau 2 (Conceitos de 2ª ordem) Conceitos complexos: não apresentam

atributos definidores e nem exemplos

perceptíveis.

Um aluno elaborou a seguinte resolução

da expressão numérica:

20 - (3 X 4 + 2 X 0,5) =

20 - (3 X 6 X 0,5)= 20 - 9=

11(Anexo XX - U.A12-MD)

Grau 3 (Conceitos de 3ª ordem) Conceitos complexos: referem-se a

temas unificadores que supõem para a

sua compreensão o estabelecimento de

diversas relações entre diferentes

fenômenos.

Quando se fala em algoritmos das

operações fundamentais, a discussão fica

restrita à idéia de adicionar ou retirar

quantidades, porém, é necessário que o

professor oportunize ao aluno lidar com

as situações que constituem o campo

aditivo, bem como a composição e

decomposição dos números dentro do

sistema de numeração, para que possam

construir os conceitos de adição e

subtração, a partir de um embasamento

sobre a construção do número e, do

sistema de numeração, assim como

posteriormente construir o conceito de

multiplicação e divisão (Anexo XIX -

U.A3-P)

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

8UA significa Unidade de Análise e MD representa Material Didático; P representa Projeto.

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72

3.2 O “quê” do discurso pedagógico. Grau de complexidade das competências

científicas

Com referência ao nível de complexidade das competências científicas

considerou-se as capacidades intelectuais de memorização, compreensão, aplicação,

análise, síntese e avaliação, requisitadas em cada uma das unidades de análise

selecionadas para cada uma das instâncias de recontextualização adotadas neste estudo.

Essas características fazem parte daquilo que é denominado domínio cognitivo.

A caracterização dos diferentes níveis de complexidade das competências

científicas será realizada com base na Taxonomia dos Objetivos Educacionais de

Bloom, assim como utilizado por Calado (2007), Silva (2009) e GALLIAN (2009) em

suas pesquisas. Bloom (et al., 1972) organizou um gradiente de níveis de complexidade

de competências, objetivando pontuar o que se espera em termos de mudanças que

ocorrem nos indivíduos, resultantes de experiências educacionais (GALLIAN, 2009, p.

67).

Cada um dos níveis de complexidade estão apresentados no Quadro 4 abaixo,

assim como suas caracterizações e verbos que auxiliam na identificação do nível de

competência requerida no objetivo considerado.

Quadro 4

Estruturação da Taxonomia de Bloom no domínio cognitivo

Categoria Descrição Verbos associados

1. Conhecimento/memorização Habilidade de lembrar informações e conteúdos previamente abordados como fatos, datas, palavras,

teorias, métodos, classificações, lugares, regras,

critérios, procedimentos etc. A habilidade pode envolver, lembrar uma significativa quantidade de

informação ou fatos específicos. O objetivo principal

desta categoria é trazer à consciência esses conhecimentos.

enumerar, definir, descrever, identificar, denominar, listar,

nomear, combinar, realçar,

apontar, relembrar, recordar, relacionar, reproduzir,

solucionar, declarar, distinguir,

rotular, memorizar, ordenar e reconhecer.

2. Compreensão Habilidade de compreender e dar significado ao

conteúdo. Essa habilidade pode ser demonstrada por

meio da tradução do conteúdo compreendido para uma nova forma (oral, escrita, diagramas etc.) ou

alterar, construir, converter,

decodificar, defender, definir,

descrever, distinguir, discriminar, estimar, explicar,

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73

contexto. Nessa categoria, encontra-se a capacidade

de entender a informação ou fato, de captar seu significado e de utilizá-la em contextos diferentes.

generalizar, dar exemplos,

ilustrar, inferir, reformular, prever, reescrever, resolver,

resumir, classificar, discutir,

identificar, interpretar, reconhecer, redefinir,

selecionar, situar e traduzir.

3. Aplicação Habilidade de usar informações, métodos e conteúdos

aprendidos em novas situações concretas. Isso pode incluir aplicações de regras, métodos, modelos,

conceitos, princípios, leis e teorias.

aplicar, alterar, programar,

demonstrar, desenvolver, descobrir, dramatizar,

empregar, ilustrar, interpretar,

manipular, modificar, operacionalizar, organizar,

prever, preparar, produzir,

relatar, resolver, transferir, usar, construir, esboçar, escolher,

escrever, operar e praticar.

4. Análise Habilidade de subdividir o conteúdo em partes

menores com a finalidade de entender a estrutura final. Essa habilidade pode incluir a identificação das

partes, análise de relacionamento entre as partes e

reconhecimento dos princípios organizacionais envolvidos. Identificar partes e suas inter-relações.

Nesse ponto é necessário não apenas ter

compreendido o conteúdo, mas também a estrutura do objeto de estudo.

analisar, reduzir, classificar,

comparar, contrastar, determinar, deduzir, diagramar,

distinguir, diferenciar,

identificar, ilustrar, apontar, inferir, relacionar, selecionar,

separar, subdividir, calcular,

discriminar, examinar, experimentar, testar,

esquematizar e questionar.

5. Síntese Habilidade de agregar e juntar partes com a finalidade

de criar um novo todo. Essa habilidade envolve a produção de uma comunicação única (tema ou

discurso), um plano de operações (propostas de pesquisas) ou um conjunto de relações abstratas

(esquema para classificar informações). Combinar

partes não organizadas para formar um “todo”.

categorizar, combinar,

compilar, compor, conceber, construir, criar, desenhar,

elaborar, estabelecer, explicar, formular, generalizar, inventar,

modificar, organizar, originar,

planejar, propor, reorganizar,

relacionar, revisar, reescrever,

resumir, sistematizar, escrever,

desenvolver, estruturar, montar e projetar.

6. Avaliação Habilidade de julgar o valor do material (proposta,

pesquisa, projeto) para um propósito específico. O

julgamento é baseado em critérios bem definidos que podem ser externos (relevância) ou internos

(organização) e podem ser fornecidos ou

conjuntamente identificados. Julgar o valor do conhecimento.

Avaliar, averiguar, escolher,

comparar, concluir, contrastar,

criticar, decidir, defender, discriminar, explicar,

interpretar, justificar, relatar,

resolver, resumir, apoiar, validar, escrever um review

sobre, detectar, estimar, julgar e

selecionar.

Fonte: Bloom et al. (1956), Bloom (1986), Driscoll (2000) e Krathwohl (2002)

A partir dessa estruturação, Calado (2007) utilizou quatro níveis de

complexidade das competências científicas: competências cognitivas simples de nível

baixo (CS-); competências cognitivas de nível elevado (CS

+); competências cognitivas

complexas de nível baixo (CC-) e; competências cognitivas complexas de nível elevado

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(CC+) (Anexos V, X, VI, XI, XV e XVI). O Quadro 5 pretende caracterizar cada uma

destas competências cognitivas, com a finalidade de situar o leitor quanto a elas.

Quadro 5

Caracterização dos níveis de complexidade das competências científicas

Nível de complexidade das

competências científicas

Caracterização dos níveis de complexidade das competências científicas

CS- Abrangem processos psicológicos como a evocação e compreensão de nível mais

elementar (Bloom et al, 1972). Envolvem o nível mais baixo de abstração, estando implicados a aquisição e armazenamento das informações susceptíveis de serem

evocadas futuramente.

CS+ Implicam um nível de abstração superior ao das CS-, como a compreensão de

conteúdos ao nível da translação que implica a capacidade de transformar uma informação numa forma de comunicação diferente daquela em foi aprendida.

CC- Envolvem um nível de abstração superior ao das CS- e das CS+. Envolvem a

compreensão ao nível da interpretação, que se traduz na capacidade de reordenação

de conhecimentos e ideias, no estabelecimento de inter-relações entre estes e a valorização relativa que apresentam e a compreensão ao nível da extrapolação, como

a capacidade de efetuar estimativas e previsões. Ainda inclui-se neste nível, a

capacidade de aplicação a um nível simples, o que implica a capacidade de reconhecer um contexto, recorrer e utilizar aprendizagens anteriores em situações

novas, com o estabelecimento de relações entre contextos.

CC+ Envolvem o nível mais elevado, incluindo a capacidade de aplicação a um nível mais

elevado e as capacidades de análise, síntese e avaliação.

Fonte: Calado (2007, pp. 70-71)

Com base nos quatro níveis de complexidade apresentados no Quadro 5, foi

estabelecido um escala de quatro graus (G1, G2, G3 e G4), em que o grau 1 corresponde

ao nível de complexidade das competências científicas mais baixas (CS-) e o grau 4 diz

respeito ao nível mais elevado de complexidade (CC+). Dessa forma, entre os vários

graus da escala ocorre um gradiente de complexidade das competências, no sentido de

G1 para G4 (CS- para CC

+), correspondendo ao aumento do nível de exigência

conceitual.

No Quadro 6 é apresentado um exemplo para cada um dos níveis de

complexidade apresentados, retirados dos materiais produzidos pelo professor PDE.

Estes exemplos poderão ser das próprias unidades de análise selecionadas ou não, e no

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caso de não constar um ou mais níveis nos materiais produzidos pelo professor PDE,

será utilizado outra fonte para exemplificar o nível desejado.

Quadro 6

Caracterização dos níveis de complexidade das competências científicas

Nível de

complexidade

das

competências

científicas

Exemplificação

CS- Para Cury (1995), os erros cometidos pelos alunos são possibilidades que abrem para o sujeito a

oportunidade de ser construtor do próprio conhecimento. O erro é elemento importante para a aprendizagem, uma vez que a evolução da inteligência e dos conhecimentos provém de situações

perturbadoras (Anexo II – Material Didático)

CS+ Resolva as operações 678 + 987 e 453 + 123 pelo método da criança (Anexo II – Material Didático)

CC- Outro erro muito comum cometido pelos alunos é subtrair o menor do maior, coluna a coluna, por

exemplo: 961 – 185 ele fará 9 – 1 = 8, 8 – 6 = 2 e 5 – 1 = 4, dando o resultado como 824 ao invés de 776. Muitas vezes o aluno faz uma miscelânea destas construções errôneas que o levou a generalizações, como

no exemplo a seguir:

Acredita-se que este tipo de erro o aluno comete porque desde as séries iniciais é levado a considerar a

subtração como a operação onde deve retirar o menor número do maior, o que leva a concluir que o

conceito de subtração que ele construiu foi embasado em uma generalização a partir de uma particularidade da subtração, fazendo sempre um algarismo maior menos o algarismo menor, generalizou

o que deveria pensar como número para algarismo. Também, um dos fatos que reforçam essa idéia

errônea da subtração é a hierarquização das etapas para se ensinar as operações fundamentais, onde se trabalha exaustivamente um passo-padrão para depois outro passo e assim por diante, sucessivos passos

desconectados entre si. Por exemplo, subtração sem reserva que reforça as subtrações coluna a coluna,

levando o mesmo a fazer generalizações e a criar regras a partir de particularidades que nem sempre podem ser aplicadas a casos gerais (Anexo II – Material Didático)

CC+ Situação 1: Uma criança obteve as seguintes adições:

1) 345 + 959= 1799

2) 4345 + 1739= 9999

a) Procure descobrir como ela pensou e o que a professora enfatizou para

que a criança tenha cometido este erro? b) Resolva as operações 678 + 987 e 453 + 123 pelo método da criança:

c) O que essa aluna sabe sobre adição e o que ela não sabe?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com essa criança? (Anexo XX - U.A 4-MD)

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

x

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76

3.3 O “como” do discurso pedagógico: relações entre discursos –

Intradisciplinaridade

Esta pesquisa está considerando a existência de relação direta entre o nível de

exigência conceitual contido nas produções realizadas pelo professor PDE e as possíveis

relações intradisciplinares presentes em tais elaborações. Trata-se de identificar a

relação entre diversos conteúdos da disciplina de Matemática realizados pelo professor

PDE quando elaborou seu projeto de intervenção pedagógica, material didático e artigo

final.

Esta característica do discurso pedagógico (contexto instrucional), relativa ao

“como”, foi analisada segundo os fundamentos teóricos de Bernstein, especialmente

com o suporte do conceito de classificação. Isso significa compreender, como já

explicitado anteriormente, que valores fortes de classificação correspondem a fronteiras

bem definidas entre os conteúdos (não são estabelecidas relações), enquanto que valores

fracos de classificação manifestam-se num esbatimento ou numa inexistência de

fronteiras entre conteúdos (relações são estabelecidas). Assim como Calado (2007) e

Gallian (2009), foi considerado que a ocorrência de relação entre conteúdos conduz a

níveis mais elevados de abstração e a uma efetiva compreensão da ciência, neste caso,

também considero para a ciência Matemática. Para Calado (2007, p. 74), esta

consideração reflete a natureza organizacional do próprio conhecimento científico que é

caracterizado por um discurso vertical, com uma estrutura hierárquica orientada no

sentido de integrar proposições para operar em níveis de abstração cada vez mais

crescentes.

Para Bernstein (MORAIS e NEVES, 2001), as estruturas hierárquicas de

conhecimento (como é o caso das ciências naturais) correspondem a formas de

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conhecimento que se caracterizam por integrar proposições e teorias que operam a

níveis cada vez mais abstratos, no sentido de explicar a uniformidade subjacente a uma

gama extensa de fenômenos aparentemente diferentes. Portanto, as estruturas

hierárquicas do discurso vertical, caracterizam o conhecimento matemático típico de ser

aprendido na escola, justamente por ser a gramática deste discurso. Considerar uma

forte relação entre os diversos conteúdos e conceitos da disciplina de Matemática

significa considerar que este fato possibilita a elevação do nível de exigência conceitual

das produções do professor PDE.

Esses pressupostos teóricos permitiram estabelecer quatro graus de classificação

(C++

, C+, C

-, C

--) e, tal como nos instrumentos anteriores adotou-se os mesmos

descritivos utilizados por Calado (2007) e Gallian (2009) para orientar a análise das

produções do professor PDE referente à Intradisciplinaridade (Anexos VII, XII, XVII).

Explicitando melhor essa categorização entenda que se em determinado excerto

(unidade de análise) não for encontrada nenhuma relação entre conteúdos de

Matemática ou se as relações estabelecidas envolvem apenas conceitos de ordem

simples dentro do mesmo tema, considerou-se uma classificação extremamente forte: C

++, ou seja, as fronteiras entre os temas encontram-se fortemente preservadas; porém, se

houver relações de conceitos de ordem simples de temas diferentes, a classificação

considerada foi C+, indicando um ligeiro esbatimento de fronteiras entre os conteúdos.

No caso de haver relações entre conceitos de ordem complexa, ou entre estes e

conceitos de ordem simples dentro do mesmo tema, foi considerado C-, indicando que o

esbatimento entre fronteiras, ainda que relativo, ocorria em um maior nível conceitual

do que no caso anterior. Se houvesse a relação entre conceitos de ordem complexa, ou

entre estes e conceitos de ordem simples de temas diferentes, a classificação

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considerada seria muito fraca: C--, ou seja, a atenuação das fronteiras entre os conteúdos

era bastante marcada e estabelecida em um elevado nível conceitual (Gallian, 2009).

Quadro 7

Caracterização dos quatro níveis de classificação referente à intradisciplinaridade

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

Graus de

Intradisciplinaridade

Características Exemplos

Grau 1 C ++

Não há indicação do estabelecimento de qualquer

relação entre conteúdos da

Matemática ou tais relações envolvem conceitos simples

dentro do mesmo tema

Este estudo buscará mostrar que o erro em Matemática é um reflexo e ao mesmo tempo um instrumento de modificação

do pensamento que está em constante (trans)formação

(Anexo XIX - U.A2-P)

Grau 2 C +

Há indicação do estabelecimento de relação

entre conceitos de ordem

simples de temas diferentes

Quando se fala em algoritmos das operações fundamentais, a discussão fica restrita à idéia de adicionar ou retirar

quantidades, porém, é necessário que o professor oportunize

ao aluno lidar com as situações que constituem o campo aditivo, bem como a composição e decomposição dos

números dentro do sistema de numeração, para que possam

construir os conceitos de adição e subtração, a partir de um embasamento sobre a construção do número e, do sistema

de numeração, assim como posteriormente construir o

conceito de multiplicação e divisão (Anexo XIX - A3-P)

Grau 3

C -

Há indicação do

estabelecimento de relação entre conceitos de ordem

complexas, ou entre estes e

conceitos de ordens simples dentro do mesmo tema

Situação 25: Ao Ed (um aluno do segundo ano), foi dado o

seguinte problema durante uma entrevista: "Quanto é quarenta e dois dividido por sete?".

Ed respondeu: "Quarenta dividido por dez são quatro; três mais três mais três mais três são doze; doze mais dois são

quatorze; quatorze dividido por dois são sete; dois mais

quatro são seis". Para garantir que a resposta do Ed não havia sido acidental,

e para tentar elucidar maiores informações sobre o seu

método, a professora colocou outra pergunta ao Ed: "Quanto é setenta e dois dividido por oito?"

Ed respondeu: "Setenta dividido por dez são sete; sete vezes

dois são quatorze; quatorze mais dois são dezesseis; dezesseis dividido por dois são oito; dois mais sete são

nove. A resposta é nove".

a) Como você justificaria o pensamento do Ed? b) Resolva outra divisão usando a estratégia do Ed.

c) O que Ed entende sobre a divisão?

(Anexo XX - U.A10-MD)

Grau 4

C --

Há indicação do

estabelecimento de relação entre conceitos de ordem

complexa, ou entre estes e

conceitos de ordem simples de temas diferentes

A autora buscou em seu trabalho mostrar que o erro em

Matemática é um reflexo e ao mesmo tempo um instrumento de modificação do pensamento que está em

constante (trans)formação. Acredita-se que saber

Matemática é muito mais que decorar e aplicar fórmulas, regras ou algoritmos para realizar certos exercícios com

êxito. Saber Matemática é tudo isso, porém sempre a partir

da compreensão e da contextualização do que se aprende, a fim de aplicar esse conhecimento em diversas situações.

Para que o aluno possa ter sucesso em Matemática, não basta ensinar definições, regras, esquemas e treinar tais

procedimentos repetidamente, deve-se preocupar muito mais

com a compreensão e com a formação dos conceitos levando assim ao desenvolvimento do pensamento

matemático. (Anexo XXI - U.A 8-A)

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3.4 O “como” do discurso pedagógico: relações entre discursos – conhecimento

acadêmico/não acadêmico

Este estudo também parte do pressuposto que quanto maior for a relação entre

conhecimento acadêmico e não acadêmico maior será a contribuição para elevar o nível

de exigência conceitual contido nas produções do professor PDE. Salienta-se que esta

relação não deve anular nenhum dos discursos, nem o vertical (conhecimento

acadêmico) e nem o horizontal (conhecimento não acadêmico). A relação indicada deve

possibilitar ao adquirente estabelecer diversas relações que propiciem a apropriação dos

conceitos apresentados, que por sua natureza são universais e independentes de

contexto, portanto entende-se que esta relação pode contribuir para que os adquirentes

apreendam os conceitos científicos desvinculando-se do conhecimento ligado a

situações particulares, de base material.

A Matemática é uma ciência que possui um forte discurso vertical com estrutura

hierárquica. Bernstein esclarece o que entende por discurso vertical: “O discurso

vertical, referido como conhecimento escolar ou oficial, pode assumir a forma de uma

estrutura coerente, explícita, hierarquicamente organizada (como é o caso das ciências

naturais)” (MORAIS e NEVES, 2007a, p.125). O autor faz a diferenciação entre

discurso horizontal e vertical, considerando o primeiro como conhecimento do senso

comum, fortemente vinculado a contextos sociais e culturais, enquanto que o segundo,

caracterizado pelo conhecimento científico, fortemente ligado a estruturas simbólicas

especializadas de conhecimento explícito, o discurso vertical é um processo que decorre

ao longo do tempo. Portanto, nesta seção da tese, trata-se de apresentar a forma como

serão analisados dois tipos de discurso contidos nas produções do professor PDE: o

discurso horizontal e o discurso vertical.

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Bernstein (MORAIS e NEVES, 2007a, p. 126) ainda distingue duas

modalidades de conhecimento no interior do discurso vertical: estruturas hierárquicas de

conhecimento e as estruturas horizontais do conhecimento. As estruturas hierárquicas de

conhecimento (como é o caso das ciências naturais e especificamente da Matemática)

correspondem a formas de conhecimento que se caracterizam por integrar proposições e

teorias que operam a níveis cada vez mais abstratos, no sentido de explicar a

uniformidade subjacente a uma gama extensa de fenômenos aparentemente diferentes.

As estruturas horizontais de conhecimento (como é o caso das ciências sociais e das

humanidades) são caracterizadas por uma série de linguagens especializadas com os

seus modos especializados de questionamento e com critérios especializados para a

produção e circulação de textos. Enquanto nas estruturas hierárquicas de conhecimento

existe uma integração da linguagem, nas estruturas horizontais de conhecimento existe

uma acumulação de linguagens.

É por meio desta fundamentação teórica que foi afirmado anteriormente que a

Matemática está fortemente pautada por um forte discurso vertical com estrutura

hierárquica, o que significa compreender que esta ciência possui várias estruturas

simbólicas de conhecimento que perfazem uma única linguagem. Nesse sentido, as

estruturas simbólicas de conhecimento adotadas no interior da Matemática permitem

refutar ou aprimorar novas estruturas simbólicas, que passam a fazer parte da linguagem

Matemática. E nesse sentido que as estruturas hierárquicas do conhecimento se

diferenciam das estruturas horizontais, que permitem diversas linguagens ao mesmo

tempo, como é o caso das disciplinas como a Sociologia e a Filosofia.

Fica evidenciado o caráter de cientificidade e de unicidade da Matemática, e,

sendo assim, a Matemática possui caráter universal e não dependente de contextos.

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81

Porém, a característica desta ciência, quando no contexto pedagógico, pode ser

relacionada a situações práticas e contextuais, não no sentido de superficializar o ensino

dos conteúdos e conceitos, mas na perspectiva de contribuir para o seu entendimento e

avançar nas características correspondentes a própria complexidade das competências

científicas, no sentido de superar a marca típica do ensino dessa disciplina que é a

memorização e às vezes, a compreensão e a aplicação, para estruturas que permitam

avançar no sentido da análise, síntese e avaliação.

É nesse sentido que a Educação Matemática vem se apoiando e se

desenvolvendo. A partir dessa compreensão, diversas são as tendências do ensino da

Matemática que propõem a importância de se relacionar os dois tipos de discursos: o

horizontal e o vertical. Vale salientar que estas premissas são adotadas pelas Diretrizes

Curriculares do Estado do Paraná – DCEs, além de ser uma das características

essenciais do PDE que considera importante que o professor, após haver experienciado

a prática da docência, traga questões consideradas complexas para serem estudadas,

compreendidas e “enfrentadas” por meio de suas produções e implementação na escola.

Portanto, a relação entre os discursos verticais e horizontais é uma premissa para o

Programa de Desenvolvimento Educacional. Assim, será adotado nesta pesquisa que

quanto maior for a relação entre os dois discursos maior será a contribuição para a

elevação do nível de exigência conceitual e, portanto será atribuída maior pontuação.

Por se tratar da relação entre discursos e, portanto, de fronteiras ou não entre

eles, será adotado o conceito de classificação para realizar a análise pretendida. Serão

adotadas quatro escalas crescentes, variando de: C++

(forte separação entre os

discursos), C+(existe a indicação de fenômenos do dia a dia), C

– (apresenta relações

superficiais entre os discursos) e C– –

(apresenta relações profundas entre os discursos).

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82

A seguir Quadro 8 que apresenta os níveis considerados para a análise da relação

conhecimento acadêmico/não acadêmico e a exemplificação de cada um deles.

Quadro 8

Caracterização dos quatro níveis de classificação referente à relação conhecimento acadêmico/não

acadêmico

Graus de relação entre

conhecimento

acadêmico e não acadêmico

Características Exemplo

Grau 1

C ++

Não são estabelecidas relações entre

conhecimentos acadêmicos e não

acadêmicos

(ESTEPHAN, 2012,p.269)

Grau 2

C +

São indicados fenômenos do dia a dia que têm relação com o tema a

ser estudado, embora as relações

entre conhecimentos acadêmicos e não acadêmicos daí decorrentes não

sejam esclarecidas

Muito se tem discutido sobre o funcionamento da mente e o

estudo da cognição humana, assim a análise de erros passou a

despertar muito interesse, pois se acredita que os erros são

indicativos do funcionamento mental, permitindo a

compreensão dos processos cognitivos do aluno. Pode-se

considerar os erros como estágios necessários para o

desenvolvimento das idéias que fazem parte do caminhar dos

alunos na formação dos conceitos, neste caso conceitos

matemáticos. (Anexo XXI – U.A 2-A)

Grau 3

C -

São indicados fenômenos do dia a

dia que têm relação com o tema a

ser estudado e as relações conhecimento acadêmico e não

acadêmico daí decorrentes são

abordadas superficialmente

O aluno, ao fazer empréstimos na subtração, muitas vezes

devido à mecanização, não compreende esse empréstimo

como sendo uma decomposição do numeral de maneira

global, e somente da primeira casa (ordem) à esquerda desse

algarismo, sem contextualizá-lo como ordem da dezena, da

centena, da unidade de milhar, etc. E é por esse motivo que

muitas vezes o aluno ao subtrair, não desconta esse

empréstimo feito, caindo assim no erro. (Anexo XXI – U.A 5-

A)

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Grau 4

C --

São indicados fenômenos do dia a

dia que têm relação com o tema a ser estudado e as relações

conhecimento acadêmico e não

acadêmico daí decorrentes são abordadas com profundidade

Também se caracteriza como outro obstáculo para o aluno

resolver corretamente uma subtração, o fato de o minuendo ser um número composto por zeros, um ao lado do outro, o

aluno muitas vezes não compreende que os empréstimos

serão sucessivos, devendo então começar da esquerda para a direita. Numa situação como essa, o professor deve deixar

claro ao aluno que aquele número deverá ser decomposto de

forma a satisfazer a situação do empréstimo. Veja alguns exemplos:

(Anexo XXI -U.A 6-A)

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

3. 5 O cálculo do nível de exigência conceitual contido nas produções do professor

PDE

Conforme já apresentado anteriormente, para compor o nível de exigência

conceitual contido nas produções do professor PDE foram considerados: o grau de

complexidade dos conteúdos científicos, o grau de complexidade das competências

científicas, a intradisciplinaridade e a relação entre conhecimento acadêmico/não

acadêmico, identificados nas unidades de análise extraídas nas três instâncias de

recontextualização (projeto de intervenção pedagógica – Anexos IV a VIII, produção

didático-pedagógica - Anexos IX a XIII e artigo – Anexos XIV a XVIII) consideradas.

Para cada instância de recontextualização foi calculado um nível de exigência

conceitual. Sendo assim foram calculados três níveis de exigência conceitual: (1)

Projeto, (2) Material Didático e (3) Artigo Final. Para se chegar ao nível de exigência

conceitual de cada instância de recontextualização foram calculados os índices parciais

(IP) para as categorias analisadas: conteúdos científicos, competências científicas,

intradisciplinaridade e relação conhecimento acadêmico/não acadêmico.

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84

O cálculo dos índices parciais obedeceu as fórmulas apresentadas:

a) Índice Parcial relativo à complexidade dos conteúdos científicos ( )

( ) ( ) ( )

Quadro 9

Valores atribuídos às unidades de análise, segundo o grau de complexidade dos conteúdos

científicos

Complexidade dos conteúdos científicos Valor atribuído

Grau 1 1

Grau 2 2

Grau 3 3

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

b) Índice Parcial relativo à complexidade das competências científicas ( )

( ) ( ) ( ) ( )

Quadro 10

Valores atribuídos às unidades de análise, segundo o grau de complexidade das competências

científicas

Complexidade das competências

científicas

Valor atribuído

Grau 1 (CS-) 1

Grau 2 (CS+) 2

Grau 3 (CC-) 3

Grau 4 (CC+) 4

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

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85

c) Índice Parcial relativo à Intradisciplinaridade( )

( ) ( ) ( ) ( )

Quadro 11

Valores atribuídos às unidades de análise, segundo o grau de intradisciplinaridade

Intradisciplinaridade Classificação Valor atribuído

Grau 1 C++

1

Grau 2 C+ 2

Grau 3 C- 3

Grau 4 C-- 4

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

d) Índice Parcial relativo à relação conhecimento acadêmico/não acadêmico ( )

( ) ( ) ( ) ( )

Quadro 12

Valores atribuídos às unidades de análise, segundo o grau da relação conhecimento acadêmico/não

acadêmico

Relação Conhecimento

Acadêmico/Não Acadêmico Classificação Valor atribuído

Grau 1 C++

1

Grau 2 C+ 2

Grau 3 C- 3

Grau 4 C-- 4

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

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86

Para o cálculo de um único índice que represente o nível de exigência conceitual

(NEC) contido em cada uma das instâncias de recontextualização, é necessário calcular

aquilo que se denomina de índice compósito (Gallian, 2009). Esse cálculo envolve

todos os índices parciais apresentados anteriormente e foi calculado por meio da

seguinte fórmula:

3.6 Orientação metodológica para análise do desempenho mediante as regras de

reconhecimento e de realização (passiva) da professora PDE

Na intenção de complementar a análise que ora recai sobre o PDE e a sua

influência sobre o nível de exigência conceitual contido nas produções dos professores

participantes e, considerando, que já existiam dados relativos às disposições dos

professores referentes às regras de reconhecimento e de realização (passiva), coletadas

anteriormente mediante processo de entrevista semiestruturada (Anexo XXII) é possível

estabelecer relações entre a formação no PDE e o desempenho da professora na escola,

segundo a detecção de sua orientação específica de codificação.

A análise do desempenho e desenvolvimento profissional dos professores em

função do conceito de orientação específica de codificação surgiu pela primeira vez

numa investigação realizada pelo Grupo ESSA, centrada na relação entre modalidades

distintas de prática pedagógica e a aprendizagem de um texto regulador específico por

crianças do 1º ciclo do ensino básico (ROCHA, 1995; ROCHA & MORAIS, 2000).

No contexto do estudo aqui proposto importa detectar o que a professora

pensava (suas concepções, ideias, representações) sobre a proposta de implementação

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que apresentou ao PDE. É possível proceder à sua discriminação, tomando como

componentes de análise a ideia que a professora tem quanto às características da prática

pedagógica mais favoráveis à aprendizagem de todos os alunos (regras de

reconhecimento) e as ideias que tem sobre a forma como essas características podem ser

concretizadas e sobre os princípios pedagógicos que a fundamentam (regras de

realização passiva). Ao nível das práticas, é possível proceder também à sua

discriminação, tomando como componentes de análise os contextos instrucional e

regulador da prática pedagógica e, dentro de cada contexto, as múltiplas relações

sociológicas que o definem (MORAIS e NEVES, 2005, p. 158). Entretanto, importa

destacar que a análise aqui pretendida não focalizará o nível das práticas, uma vez que

os instrumentos definidos não permitem tecer considerações sobre as regras de

realização ativa (ao nível das práticas), porém permitem tecer considerações a respeito

do que pensa a professora (regras de reconhecimento) e sobre as justificativas sobre o

que pensa (regras de realização passiva).

Importa ainda reforçar que qualquer ação no contexto da prática (regras de

realização ativa) somente ocorre se houver o reconhecimento do contexto (regras de

reconhecimento) e se houver a ideia de como realizá-la. Nesse sentido, pode-se por

meio dos dados coletados no momento da entrevista semiestruturada, detectar se

existem as condições relativas à orientação específica de codificação para que o texto

possa ser implementado no contexto da prática pedagógica, pois na ausência das regras

de reconhecimento e das de realização passiva, fica impossibilitado a “ativação” das

regras de realização ativa.

Morais e Neves (2005, p. 158) elucidam bem essa questão por meio da Figura 7:

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88

O que é que os professores pensam que fazem

Reconhecimento

Como é que os professores pensam que deve ser feito e que razões apresentam

Realização passiva

Características da prática pedagógica

O que é que os professores realmente fazem

Realização ativa

Relações entre discursos Relações entre espaços Relações entre sujeitos

Fonte: Morais e Neves, 2005, p. 158.

É preciso considerar que entre o que os professores pensam que fazem, bem

como o que pensam sobre o como fazer e suas razões para isso, existem características

específicas da prática pedagógica na qual se estabelecem relações entre discursos,

espaços e sujeitos, determinando os valores de classificação e de enquadramento deste

contexto. Essas características da prática pedagógica afetam as regras de realização

ativa, influenciando o modo de como realmente os professores agem, assim como as

suas disposições sócio-afetivas, que também impactam sobre a forma de agir ou o

contrário, o do não agir em determinados contextos.

Dado que qualquer contexto é definido por relações de poder (classificação) e de

controle (enquadramento), a sua especificidade é determinada pelo grau de isolamento

Figura 7

Prática pedagógica dos professores - orientação específica de codificação

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89

relativamente a outros contextos (classificação) e pela natureza da comunicação

considerada legítima no contexto (enquadramento). O reconhecimento está relacionado

a classificação, pois demarcar o contexto de outros contextos, significa reconhecer seu

grau de isolamento de outros contextos. A realização está relacionada com o

enquadramento, pois selecionar os significados e produzir um texto apropriado ao

contexto significa uma forma de comunicação adequada à especificidade das relações

sociais que caracterizam o contexto (MORAIS e NEVES, 2007a, p. 92-93)

Na perspectiva de compreender a percepção da professora quanto ao contexto

(classificação) e quanto à produção dos significados (enquadramento), serão utilizados

os dados da entrevista. Isso permitirá relacionar a formação proporcionada pelo

Programa com o desempenho da professora PDE na escola.

Para esta compreensão serão utilizadas quatro possibilidades de análises como

indicadas por Morais e Neves (2005, p. 173) considerando os níveis de orientação

específica de codificação dos professores, neste caso da professora PDE, as quais são

apresentadas no esquema representado na Figura 8:

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

Figura 8

Níveis de orientação específica de codificação dos professores

Não possui reconhecimento

Não possui realização passiva

Não possui realização ativa (Situação 1)

Possui reconhecimento

Não possui realização

passiva

Não possui realização

ativa (Situação 2)

Possui realização

passiva

Não possui realização

ativa (Situação 3)

Possui realização ativa

(Situação 4)

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90

A título de exemplificar o que está sendo proposto para a análise do desempenho

da professora PDE em sua escola, torna-se importante recorrer aos 04 professores PDE

que foram primeiramente selecionados para compor os sujeitos de pesquisa deste

estudo. Vale recordar que, após exame de qualificação, foi eleito um desses quatro

professores para que fosse analisado o nível de exigência conceitual contido nos

materiais desse professor e que versam sobre o estudo dos erros cometidos pelos alunos

na disciplina de Matemática, como já relatado anteriormente. Esses quatro professores

PDE da disciplina de Matemática e atuantes em Curitiba foram orientandos de um

mesmo professor da IES (orientador) e atuam em escolas diferentes. Para a escolha

inicial da pesquisa foi determinado que houvesse dois grupos de professores, a saber:

um em que as propostas contidas nos projetos de intervenção pedagógica foram bem

aceitas pela escola, sem dificuldades de implementação; e outro em que as propostas

não foram bem aceitas ou que tiveram dificuldades no momento da sua

operacionalização. A questão que permanecia era a seguinte: como saber quem seriam

os professores que tiveram propostas bem aceitas ou não? Apesar de existir mecanismo

de acompanhamento das propostas nas escolas, necessariamente acompanhadas pelas

equipes pedagógicas, percebe-se, pela análise desses procedimentos com protocolos,

preenchidos pela escola, unanimidade nos tipos de respostas informando que a

implementação foi muito boa/ excelente. Dessa forma, esses documentos pouco

serviram para diferenciar propostas bem aceitas.

Apesar disso, esse fato por si só já demonstra um forte dado de pesquisa, qual

seja, as escolas se protegem do olhar da administração. Assumir que projetos passaram

por dificuldades na escola, é assumir fragilidades da escola perante órgãos superiores.

Na produção desse discurso, fortemente influenciado pelo discurso regulador, fica

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91

evidente a relação hierárquica no sistema de ensino, no qual as escolas precisam de

certa forma se proteger das interferências externas, para se demonstrarem mais fortes ou

melhores. Assim, fica evidenciada, a dominação exercida pelo discurso regulativo sobre

o discurso instrucional, quando da constituição do discurso pedagógico.

Nessa perspectiva, as instituições escolares assumem posicionamento que

produz discursos coerentes com aquilo que pensam ser o que os superiores, a

administração querem ouvir. Reconhecem o contexto “avaliativo” e realizam o discurso

que não expõe a unidade escolar. Desta forma, a equipe pedagógica, na pessoa de seu

responsável, também na perspectiva de autoproteção e auxiliada pelo seu nível de

orientação específica de codificação, ativa as regras de reconhecimento e de realização.

Pois se o projeto teve dificuldades, isso ocorreu porque as condições estruturadas nas

escolas o impediram (relações entre discursos, sujeitos e espaços). Expor essas

condições significa tornar o estabelecimento visível ao sistema e nesse sentido, Lima

(2008, p. 66) diz que a centralização, o normativismo e a formalização – traduzidas pelo

instrumento de acompanhamento emitido pela equipe pedagógica da escola do professor

PDE por solicitação da SEED – ao mesmo tempo em que permitem e legitimam o

discurso de oposição por parte dos agentes, oferecendo-lhes um bode expiatório e

alguns argumentos de desculpabilização, podem permitir-lhes, por outro lado, a

proteção que necessitam e que valorizam, assim como a manutenção de situações

consideradas favoráveis. Sendo assim, esses agentes podem até considerar em certos

momentos que os professores PDE não exercem muita influência para a transformação

da escola, o que significaria, por extensão do raciocínio, que o PDE não traria muitos

resultados para a escola, culpando a SEED ou até mesmo as universidades, o que de

certa forma retiraria a culpa da escola. Assim, como forma de se proteger, informam à

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92

Secretaria que não existem dificuldades permeando a escola e o trabalho dos

professores PDE. Esta pode ser uma das explicações para compreender o porquê na

grande maioria dos acompanhamentos entregues à SEED os resultados são sempre

positivos. Esse fato pode ser explicado pelo esquema da Figura 9.

Fonte: Morais e Neves, 2001.

É necessário superar essa perspectiva de responsabilização de culpados e se

conscientizar de que a escola aprende enquanto organização, é certo que aprende por

meio das aprendizagens individuais, como a que ocorre com o professor no PDE, porém

a aprendizagem da escola só ocorre quando essa é transferida para o coletivo da escola,

para a estrutura conjunta das pessoas numa organização. Diz Bolívar (1997, p. 83):

“uma organização pode limitar-se a uma aprendizagem zero, que apenas recebe uma

informação externa”. Isso significa, de um lado, que a escola, neste caso, pode não ter

aprendido nada, ou quase nada, com o trabalho do professor PDE, ou, por outro lado,

pode ter aprendido muito, dependendo de seu contexto, de suas relações internas e

disposições dos indivíduos. Utilizando o conceito de Bernstein, a escola aprende quando

os indivíduos que a compõem possuem disposições sócio-afetivas e possuem orientação

Desempenho do aluno

COMPETÊNCIAS COGNITIVAS E

SÓCIO-AFETIVAS

REGRA DE

RECONHECIMENTO REGRAS DE REALIZAÇÃO

Seleção dos significados

(realização passiva)

Produção textual

(realização ativa)

ORIENTAÇÃO ESPECÍFICA DE CODIFICAÇÃO DISPOSIÇÕES SÓCIO-AFETIVAS

Figura 9

Orientação específica de codificação e disposições sócio-afetivas

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específica de codificação que lhes permitam ativar as regras de reconhecimento e de

realização. Isto implica que a escola aprende quando a coletividade assume esta

aprendizagem, ou seja, quando os indivíduos reconhecem a necessidade da mudança e a

realizam, conforme retratado pela Figura 9.

Os quatro professores PDE, que de forma fictícia serão denominados de

Aparecida, Márcio, Denise e Marilu, foram assim “avaliados” pelas equipes

pedagógicas das escolas em que implementaram seus projetos, cujos resultados

indicaram majoritariamente o conceito excelente/bom.

Quadro 13

Acompanhamento das propostas dos professores PDE realizado pelo NRE

Critério Conceito Aparecida Marcio Denise Marilu %

Relevância do tema proposto para atender os

problemas da realidade

escolar

Muito Relevante X X X X 100

Relevância Satisfatória Pouco relevante

Articulação do professor

PDE com a equipe pedagógica da escola

Excelente/boa X X X X 100

Satisfatória Insatisfatória

Articulação do professor PDE com a equipe gestora

da escola

Excelente/boa X X X X 100

Satisfatória

Insatisfatória

Articulação do Professor PDE com os professores da

escola

Excelente/boa X X X X 100

Satisfatória

Insatisfatória

Articulação do professor

PDE com com outros

segmentos da escola

Excelente/boa X X X X 100

Satisfatória

Insatisfatória

Compromisso do professor

PDE com a implementação

Excelente/boa X X X X 100

Satisfatória

Insatisfatória

Iniciativa na busca de

soluções para entraves encontrados

Excelente/boa X X X x 100

Satisfatória Insatisfatória

Cumprimento do cronograma

Excelente/boa

X X X 75

Satisfatória X

25

Insatisfatória

Resultados Alcançados

Excelente/boa

X X X 75

Satisfatória X

25

Insatisfatória

Fonte: Dados sistematizados pelo autor a partir do arquivo PDE/SEED-PR, 2010

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Em vista desse panorama não seria possível detectar propostas bem aceitas

daquelas com dificuldades no momento da implementação na escola, pois os

documentos analisados não ofereciam esta possibilidade de diferenciação. Recorreu-se

então ao Representante do PDE no Núcleo Regional de Educação de Curitiba, o qual,

pautado pelos mesmos critérios apresentados no quadro anterior, indicou os 04

professores PDE. A indicação foi possível, pois a função desse profissional é

acompanhar os professores PDE de seu Núcleo, garantindo-lhe o assessoramento

pedagógico e administrativo decorrente da participação do professor no Programa.

Portanto, deste processo conseguiu-se chegar aos quatro professores PDE que seriam os

sujeitos desta pesquisa, salientando que a professora Marilu foi a eleita para a análise

que é central neste estudo.

Na situação retratada os profissionais responsáveis pela equipe pedagógica de

cada uma das escolas agiram em conformidade com suas orientações específicas de

codificação, ativando as regras de reconhecimento e de realização. Se agiram indicando

que todas as propostas foram muito bem implementadas na escola pelo professor PDE

(regras de realização ativa), isso significa que existe justificativa para essa ação (não

expor a unidade escolar) compondo as regras de realização passiva, e indica o que

pensam os professores quando expostos a atividades “avaliativas” (regras de

reconhecimento), além de que todo esse processo está fortemente amparado pelas

disposições sócio-afetivas, que perpassam pelas relações efetivadas no interior da

unidade escolar.

Para este aspecto do trabalho, ou seja, a análise do desempenho do professor

PDE selecionado (Professora Marilu) será realizada na perspectiva de compreender o

que pensa a professora (regras de reconhecimento) e como pensa que isso deve ser feito

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95

(regras de realização passiva) pelos dados obtidos por meio da entrevista. Não há

pretensão de se detectar as regras de realização ativa, uma vez que os dados disponíveis

neste estudo não permitem esta análise.

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CAPÍTULO 4

APRESENTAÇÃO, ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capítulo estão apresentados os dados obtidos conforme os procedimentos

detalhados no capítulo anterior. Assim estão apresentados os resultados quantitativos

resultantes do uso dos índices e análises sobre o significado desses resultados.

Vale salientar que não foi definido à priori o número de unidades de análises

(U.A) para cada uma das instâncias de recontextualização. Para a primeira instância de

recontextualização – projeto de intervenção pedagógica realizado logo no início do

curso – foram utilizadas 6 unidades; para a segunda instância de recontextualização –

material didático elaborado no segundo semestre do curso – foram utilizadas 13

unidades de análise e; para a terceira instância – artigo científico de divulgação

elaborado ao final do curso – foram utilizadas 8 unidades. Para cada uma dessas

unidades foram analisadas as características já apresentadas relativas ao “quê”

(complexidade dos conteúdos científicos e complexidade das competências científicas)

e ao “como” do discurso pedagógico (relações entre discursos: intradisciplinaridade e

relação entre conhecimento acadêmico e não acadêmico). O conjunto das unidades de

análise permitiu estabelecer duas sessões que perpassam pelas três produções do

professor PDE: 1) Finalidade e 2) Conhecimento.

Para esclarecer o percurso adotado nesta pesquisa relativo à análise dos

materiais elaborados pelo professor PDE, segue descrição das etapas para a composição

dos dados da pesquisa, assim como é apresentado o resultado da análise para cada um

dos critérios analisados.

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97

4.1 Complexidade dos conteúdos científicos

4.1.1 Projeto de Intervenção Pedagógica

Na análise do projeto da professora PDE Marilu foram analisadas 7 unidades de

análise, compreendendo 3 unidades relativas à sessão finalidades e 4 relativas à sessão

conhecimentos. Estabelecer os excertos de cada uma das unidades de análise (Anexo

XIX) não foi tarefa tão simples e por esta razão se constituem em breves excertos,

devido a professora ter apresentado um Plano de Trabalho no qual descreve todas as

ações do Programa.

Esta análise permitiu estabelecer o índice parcial para compor o cálculo do nível

de exigência conceitual relativo ao projeto. Nesse sentido, calculou-se um

, utilizando os critérios estabelecidos de acordo com o especificado no Quadro 9 e

demonstrado a seguir:

( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

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98

O valor encontrado para esse índice parcial indica que os conteúdos

contemplados no projeto de intervenção pedagógica elaborado pela professora Marilu

no PDE podem ser caracterizados como conteúdos que não exigem grande poder de

abstração e apresentam atributos não definidores. Na verdade a própria natureza do

material proposto pela professora remete a essas características, uma vez que ao propor

um projeto que se dedica ao estudo do erro das operações fundamentais de alunos de 5ª

série, os conteúdos matemáticos aí veiculados, são considerados simples e/ou básicos no

interior dos diversos conteúdos a serem ensinados na Matemática. Porém, o resultado

desta análise indica que por se tratar da análise do erro, mesmo que se refira a conteúdos

simples, os atributos definidores não são tão evidentes e por isso o índice parcial

relativo aos conteúdos sobe significativamente.

Para ilustrar as unidades de análises indicadas nesta pesquisa e que representam

o projeto da professora, apresenta-se uma delas a seguir:

Na adição e na multiplicação, um dos erros mais cometidos pelos alunos

acontece quando surge a regra do "vai um" que, muitas vezes, é esquecido pelo

mesmo ao encontrar o total da adição. Percebe-se que o aluno, ao cometer um

erro como esse, quando é questionado e levado a expressar oralmente seu

raciocínio, muitas vezes, atribui o motivo do erro apenas ao esquecimento, sendo

necessário que o professor esteja atento para detectar se é realmente

esquecimento ou se o erro aconteceu devido à incompreensão da composição do

sistema de numeração. Pois para o aluno compreender a regra do "vai um" como

um agrupamento de dezenas, de centenas e assim por diante, é necessário que

tenha bem embasada a noção de formação do sistema de numeração.(Anexo XIX

- U.A 4-P)

As unidades selecionadas e demonstradas no anexo XIX, referem-se a

finalidades e conhecimentos relativos ao conteúdo do ensino da Matemática, sendo que

as primeiras explicitam objetivos a serem alcançados (uma vez que o material refere-se

ao projeto) e as segundas, dizem respeito à conceitos específicos relacionados às

operações básicas em Matemática. De uma maneira geral, as unidades de análise

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99

selecionadas demonstram informações que revelam conhecimentos não aprendidos

pelos alunos, como por exemplo, a falta de domínio sobre a formação do sistema de

numeração decimal e consequentemente sobre o valor posicional de cada algarismo que

forma um número, vinculando o projeto da professora a conteúdos de ordem mais

simples do que os desenvolvidos no material didático, além de que o número de

conteúdos contemplados é significativamente menor.

A análise do projeto permite apontar a relevância do mesmo, pois revela a

preocupação da professora sobre conhecimentos não aprendidos pelos alunos e que já

deveriam estar sedimentados por eles na 5ª série, além de conter as intenções sobre a

elaboração do material didático e a implementação na escola.

As unidades de análise relativas ao projeto de intervenção pedagógica, bem

como, o resultado das análises realizadas estão apresentadas no Anexo XIX.

4.1.2 Material Didático

No material didático elaborado pela professora PDE percebeu-se que das treze

(13) unidades de análise, três (3) foram relativas à sessão finalidades e dez (10) relativas

à sessão conhecimento. É preciso esclarecer que foram considerados na sessão

conhecimentos tanto aqueles de origem disciplinar (da própria Matemática) quanto

aqueles de teor metodológico. Nesse sentido, como o material elaborado se destina ao

professor da disciplina de Matemática, ora ele serve como material destinado a

aquisição de conhecimentos da própria disciplina e ora como conhecimentos articulados

ao ensino da disciplina, portanto conhecimentos para o professor, com características

metodológicas. Inclusive pela própria especificidade do material didático, o número de

excertos relativos aos conhecimentos sobressaiu-se em relação aos da sessão finalidade.

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100

Das treze (13) unidades de análise selecionadas do material didático da

professora PDE Marilu, três (3) foram classificadas com Grau 1 no critério

complexidade dos conteúdos científicos e dez (10) classificadas com Grau 2. (Anexo

XX)

Como já salientado na análise do projeto para este critério, os conteúdos

abordados pela professora no seu estudo são básicos, fundamentais e essenciais na

Matemática, porém não apresentam grande complexidade quando comparados aos

demais conteúdos da Matemática. Por isso, são denominados de operações

fundamentais, sendo assim, no material didático os conteúdos continuam sendo

caracterizados, como no projeto, como sendo conteúdos que não exigem muito poder de

abstração, porém por se tratar da análise do erro, apresentam exemplos que não

possuem atributos definidores tão perceptíveis, o que eleva o índice parcial relativo à

complexidade dos conteúdos científicos, além de exigir o conhecimento de diferentes

conteúdos para ser possível compreender o erro do aluno.

Na esteira desse raciocínio o presente no material didático foi de

0,59, utilizando os critérios estabelecidos de acordo com o especificado no Quadro 9 e

demonstrado abaixo:

( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

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101

Segue um exemplo de unidade de análise que embasou o cálculo deste IP.

Esse aluno conhece o algoritmo da multiplicação, porém o zero como algarismo

da dezena no segundo fator foi ignorado já que representa o "nada", por isso ele

não considerou seu valor posicional e multiplicou em seguida o 3 das centenas,

sem perceber que ele fez na verdade 409x33 ao invés de 409x303. Novamente

eis o zero sendo problema para a multiplicação, e a necessidade de reconstruir o

algoritmo a partir da decomposição do número que tem o zero entre seus

algarismos.(Anexo XX - U.A 2-MD)

O índice parcial relativo ao conteúdo presente na material didático da professora

é superior ao valor encontrado para o projeto, pois ocorre ganho de conteúdos, em

número e em qualidade (conteúdos mais abstratos), conforme já pode ser percebido pela

unidade demonstrada anteriormente. O material envolve todas as operações básicas:

adição, subtração, multiplicação e divisão, além de várias propriedades de cada uma

delas, que estão detalhadas no material pedagógico da professora em comentários sobre

as questões propostas (Anexo XX). Além disso, apresenta conteúdos de ordem

metodológica para os professores ensinarem seus alunos. Nesse sentido, o ganho

relacionado ao índice parcial de exigência conceitual referente ao conteúdo no material

didático da professora, é superior quando comparado ao projeto, provavelmente reflexo

da formação e estudos da professora no PDE.

As demais unidades de análise relativas ao material didático, bem como o

resultado das análises realizadas estão apresentadas no Anexo XX.

4.1.3 Artigo Final

Das oito (8) U.A selecionadas da análise do Artigo Final elaborado pela

professora Marilu, quatro (4) U.A foram classificadas como sendo de grau 1, ou seja, os

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102

conteúdos científicos referem-se a fatos generalizados e/ou a conceitos simples, com um

baixo nível de abstração (conceitos de 1ª ordem) e e quatro (4) U.A foram classificadas

como grau 2 representando conceitos complexos sem atributos definidores e nem

exemplos perceptíveis. As análises realizadas estão apresentadas no Anexo XXI.

Esta análise representou um índice parcial de 0,50 para o critério relativo à

complexidade dos conteúdos científicos (Anexo XXI), utilizando os critérios

estabelecidos de acordo com o especificado no Quadro 9e demonstrado a seguir:

( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

O índice parcial referente ao conteúdo contido no artigo final da professora PDE

acompanha a tendência demonstrada nas duas análises anteriores, ou seja, por se tratar

de conteúdos básicos da Matemática o índice não representa alta relevância conceitual.

Como o artigo final possui a intenção de apresentar as possibilidades e limites do

processo de implementação do material didático na escola, deveria fazer explicações

sobre este processo a um nível mais concreto de sala de aula, diminuindo a

característica dos atributos não definidores típicos dos conteúdos contidos no raciocínio

matemático. Essa intenção metodológica presente no artigo, reflexo do discurso

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103

regulador, reduz o índice que traduz a complexidade dos conteúdos científicos de

Matemática.

Na verdade o artigo da professora representa uma espécie de síntese do conteúdo

apresentado no material didático. De certa maneira, isso não reflete os

encaminhamentos sugeridos pela coordenação do Programa, talvez por ser esta a

primeira turma do PDE e ainda não estivesse sedimentado este direcionamento pelos

professores participantes referente ao artigo, que objetiva reflexão teórica sobre os

aspectos da implementação do projeto em sala de aula, apresentando os limites e

possibilidades do uso desse material em sala de aula. Isso também dificultou a escolha

das unidades de análises para que as mesmas não fossem se repetindo no decorrer das

análises.

A seguir um exemplo das unidades de análise estudadas.

Pois para o aluno compreender a regra do “vai um” como um agrupamento de

dezenas, de centenas e assim por diante, é necessário que tenha bem embasada a

noção de formação do sistema de numeração. Assunto a ser trabalhado

concretamente nas séries iniciais através de quantificação e comparação de

coleções, bem como agrupamento e reagrupamento das mesmas: antes de

perceber o 12, por exemplo, como sendo 10 + 2, ele perceberá sendo 1 + 1 + 1 +

... + 1, embora mentalmente ele saiba o que representa a quantidade 12. Dessa

forma, percebe-se que é fundamental o aluno conceber a adição a partir da

atividade e da ideia de agrupar quantidades. Se ele perceber o sistema de

numeração decimal como sendo composto por agrupamentos de dez em dez,

perceberá também perfeitamente o porquê da regra do “vai um”. (Anexo XXI -

U.A 4-A)

Foi possível perceber que no artigo final a professora repete conteúdos contidos

no material didático, porém no artigo em número e com qualidade inferior, uma vez que

o nível de abstração dos conteúdos matemáticos envolvidos é menor. Fazendo com que

o índice parcial relativo à categoria conteúdo seja menor em relação à instância de

recontextualização anterior (material didático), porém os elementos estão em nova

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104

sistematização procurando articular informações presentes no projeto e, também, no

material didático.

Com a finalidade de apresentar o resultado das análises referentes ao grau de

complexidade dos conteúdos atribuídos às unidades de análise nas três instâncias de

recontextualização analisadas, apresenta-se a Figura 10 com valores em percentuais,

uma vez que o número de unidades de análise variou em cada uma das instâncias de

recontextualização. O valor em percentual permite estabelecer comparações ao peso

atribuído à complexidade dos conteúdos nas três instâncias de recontextualização.

Figura 10

Comparativo referente ao grau de complexidade do conteúdos científicos nas três instâncias de

contextualização

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

Os resultados comparativos permitem afirmar que o material didático foi a

instância de recontextualização que apresentou o maior índice parcial relativo à

categoria de complexidade de conteúdos científicos, como já apontado. Isso ocorreu,

pois o resultado da análise das unidades selecionadas no material didático,

demonstraram que os conteúdos presentes nele estavam situados nas características

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Grau 1 Grau 2 Grau 3

Vla

roe

s e

m p

erc

en

tuai

s

Graus de Complexidade dos conteúdos

Projeto

Material Didático

Artigo

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105

definidas para o grau 2 (Quadro 9), o que significa que o material apresenta conteúdos

mais significativos em quantidade e qualidade (mais abstratos), demonstrando a

reestruturação do código para uma perspectiva elaborada. Significativamente essa

característica foi superior nesta instância quando comparada com as demais, fazendo o

IP conteúdo ser maior, o que fica bem evidenciado na leitura dos três discursos

pedagógicos (projeto, material didático e artigo).

4.2 Complexidade das competências científicas

O estudo da professora PDE Marilu dedica-se a compreender o erro que os

alunos cometem quando praticam as operações fundamentais. Isso requer competências

cognitivas complexas (CC+), como analisar, inferir, formular hipóteses, como

apresentado no Anexo XI.

Isso permite apontar que a complexidade das competências científicas exigida

no estudo proposto pela professora PDE requer competências complexas, com alto valor

nos índices parciais relativos à análise das competências científicas.

4.2.1 Projeto de Intervenção Pedagógica

No projeto de intervenção pedagógica o grau de complexidade das competências

científicas atingiu um índice parcial de 0,89,utilizando os critérios estabelecidos de

acordo com o especificado no Quadro 10 e demonstrado a seguir:

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

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106

É relevante apontar que todas as unidades de análise foram classificadas como

indicadoras de competências complexas, culminando em atividades que envolvem a

capacidade de análise, síntese e avaliação, em algumas delas. Isso ocorre devido a

própria característica do estudo da professora que contém a proposta de alcance dessas

competências.

Com a finalidade de ilustrar uma dessas unidades de análise apresenta-se um dos

excertos analisados.

Outro erro muito comum cometido pelos alunos é subtrair o menor do maior,

coluna a coluna, por exemplo: 961 – 185 ele fará 9 – 1 = 8, 8 – 6 = 2 e 5 – 1 = 4,

dando o resultado como 824 ao invés de 776.

9 6 1

-1 8 5

8 2 4

Acredita-se que este tipo de erro o aluno comete porque desde as séries iniciais é

levado a considerar a subtração como a operação onde sempre deve retirar o

menor número do maior, deixando de pensar assim no valor posicional de cada

algarismo e considerando a regra válida para cada algarismo não somente para as

quantidades (números), o que leva a concluir que o conceito de subtração que ele

construiu foi embasado em uma generalização a partir de uma particularidade da

subtração. Acredita-se também que um dos fatos que reforçam essa idéia

errônea da subtração é a hierarquização das etapas para se ensinar as operações

fundamentais, onde se trabalha exaustivamente um passo-padrão, por exemplo

subtração sem reserva que reforça as subtrações coluna a coluna, levando o

mesmo a fazer generalizações e a criar regras a partir de particularidades

que nem sempre podem ser aplicadas à casos gerais.

(ANEXO XIX – U.A 7-P)

O exemplo apresentado remete a características complexas típicas do trabalho da

professora. O aluno utiliza um caso específico da subtração e o generaliza, considerando

que somente pode ser efetuada tal operação se ocorrer a partir de um número maior do

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107

que o outro. Assim, não compreende a diferença entre número e algarismo, não

compreendendo que sendo 961 maior que 185, poderá ser efetuada a subtração. Apesar

do algarismo seis (6) ser menor do que o algarismo 8(oito), a subtração poderá ser

realizada pois existem centenas (representadas pelo algarismo 9 (nove), que podem ser

transformadas em dezenas, neste caso, deveria ser transformado 9 para 8 centenas e 6

dezenas para 16. Esse raciocínio representa grande complexidade para a criança, até

mesmo para adultos, exigindo grande capacidade de análise, síntese e avaliação sobre a

situação apresentada, que envolve esforço cognitivo no sentido de mobilizar

conhecimentos referentes ao sistema de numeração decimal, números inteiros, e

subtração. Além disso, o projeto da professora PDE, ainda faz consideração

metodológica aos professores, reforçando que não deve ocorrer a hierarquização das

etapas para o ensino da subtração, pois isso leva o aluno a realizar generalizações

equivocadas, como o que ocorreu com esse aluno.

Foram destacados sete (7) excertos, dos quais três (3) foram caracterizados como

sendo de grau 3 e os outros quatro (4) com sendo de grau 4 (Anexo XIX). O que reforça

a compreensão de que as características do estudo proposto pela professora no PDE

exigem competências científicas complexas.

As demais unidades de análise relativas ao projeto de intervenção pedagógica,

bem como, o resultado das análises realizadas estão apresentadas no Anexo XIX.

4.2.2 Material Didático

O índice parcial relativo à complexidade das competências científicas presente

no material didático da professora Marilu foi de 0,96, utilizando os critérios

estabelecidos de acordo com o especificado no Quadro 10 e demonstrado a seguir.

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108

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

Das treze (13) unidades de análise selecionadas, apenas uma foi associada ao

grau 2, sendo todas as demais associadas ao grau 4, o máximo considerado (Anexo

XX). Isso significa compreender que a grande maioria dos excertos analisados exigem

capacidade de análise, síntese e avaliação, bem como a elaboração de hipóteses. Abaixo

é apresentado um exemplo de unidade de análise:

Situação 25: Ao Ed (um aluno do segundo ano), foi dado o seguinte problema

durante uma entrevista: "Quanto é quarenta divididos por sete?"

Ed respondeu: “Quarenta dividido por dez são quatro; três mais três mais três

mais três são doze; doze mais dois são quatorze; quatorze dividido por dois são

sete; dois mais quatro são seis". Para garantir que a resposta do Ed não havia

sido acidental, e para tentar elucidar maiores informações sobre o seu método, a

professora colocou outra pergunta ao Ed: "Quanto é setenta dois divididos por

oito?" Ed respondeu: "Setenta dividido por dez são sete; sete vezes dois são

quatorze; quatorze mais dois são dezesseis; dezesseis dividido por dois são oito;

dois mais sete são nove. A resposta é nove".

a)Como você justificaria o pensamento do Ed?

b)Resolva outra divisão usando a estratégia do Ed.

c)O que Ed entende sobre a divisão?

(Anexo XX - U.A 10-MD)

O material se caracteriza por apresentar situações vivenciadas pela professora

em sua prática pedagógica e demonstra a alta complexidade que é exigida do professor

quando da análise dos erros cometidos pelos alunos. Isso fica evidenciado, pois o

material elaborado pela professora exige a análise por meio de comparações (relações

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109

complexas) no sentido de investigar possibilidades para explicar o fenômeno por meio

da formulação de hipóteses e fundamentação que possibilite justificar por meio de

argumentação os resultados alcançados, sendo possível que o resultado seja colocado a

prova por meio de outras resoluções. Nesse sentido, a unidade de análise apresentada

sintetiza um exemplo de competência cognitiva científica com alta complexidade no

sentido da análise, síntese e avaliação. No caso específico do exemplo a professora

possibilita a análise revelando em passos o pensamento do aluno, diz ela:

Ed pensou assim:

Primeiramente ele arredonda o dividendo para a dezena mais próxima e

a divide por 10 para ver quantas dezenas há no dividendo.

No exemplo fez 40: 10 = 4

Depois ele verifica quantas unidades o 10 tem a mais que o divisor

dado, multiplicando essa quantidade pelo número de dezenas

encontrada na aproximação.

No exemplo: 4 x 3 = 12

Em seguida Ed soma esse resultado às unidades que faltaram quando

arredondou o dividendo, no exemplo 42 - 40=2 então fez 12+2= 14.

Depois ele verifica quantas vezes o divisor cabe nessa soma, fazendo

sempre a pergunta " a soma dividida por quanto é igual ao divisor?" , no

exemplo seria " 14 dividido por quanto dá 7?", por isso fez 14 : 2 = 7

E finalmente somou o quociente obtido no primeiro passo pelo divisor

obtido na última divisão.

Assim no exemplo fez 2 + 4 = 7 , e 7 é o resultado.

(ANEXO I – M.D,pp.199-200)

Além da análise realizada pela professora Marilu o material apresenta mais uma

característica de complexidade relacionado a competência científica que é a

característica de síntese. Isso é importante, pois possibilita ao professor compreender a

eficácia do processo ensino-aprendizagem. A professora PDE assim se manifesta:

Ed sabe perfeitamente que divisão é a operação usada para ver quantas

vezes um número cabe no outro, e domina bem esse processo , bem

como o SND, ordens e classes, além de arredondamentos. Sua estratégia

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110

só não é tão útil quando quer saber o resto da divisão não exata, mas

sempre dá certo para qualquer divisão.

(ANEXO I – M.D,p.200)

Finalizando o raciocínio complexo a professora verifica se os argumentos da

hipótese levantada confirmam o pensamento do aluno e realiza divisões pelo método de

Ed.

Veja algumas divisões usando a estratégia de Ed.

(ANEXO I – M.D,p.200)

4.2.3 Artigo Final

Das oito (8) unidades de análise selecionadas no artigo elaborado pela

professora PDE, duas (2) estão associadas ao grau 3 (competências complexas,

envolvendo a capacidade de interpretação) e todas as demais associadas ao grau 4

(competências complexas, envolvendo a capacidade de análise, síntese e avaliação)

(Anexo XXI). Essas características se revelaram no índice parcial encontrado no artigo

final referente à complexidade das competências científicas, que foi de 0,94, utilizando

os critérios estabelecidos de acordo com o especificado no Quadro 10 e demonstrado a

seguir:

( ) ( ) ( ) ( )

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111

( ) ( ) ( ) ( )

Destaca-se uma das unidades de análise selecionadas para a análise na

perspectiva de utilizá-la como exemplo:

Outro erro muito comum cometido pelos alunos é subtrair o menor do maior,

coluna a coluna, por exemplo: 961 – 185 ele fará 9 – 1 = 8, 8 – 6 = 2 e 5 – 1 = 4,

dando o resultado como 824 ao invés de 776. Muitas vezes o aluno faz uma

miscelânea destas construções errôneas que o levou a generalizações, como no

exemplo a seguir:

Acredita-se que este tipo de erro o aluno comete porque desde as séries iniciais é

levado a considerar a subtração como a operação onde deve retirar o menor

número do maior, o que leva a concluir que o conceito de subtração que ele

construiu foi embasado em uma generalização a partir de uma particularidade da

subtração, fazendo sempre um algarismo maior menos o algarismo menor,

generalizou o que deveria pensar como número para algarismo. Também, um

dos fatos que reforçam essa idéia errônea da subtração é a hierarquização das

etapas para se ensinar as operações fundamentais, onde se trabalha

exaustivamente um passo-padrão para depois outro passo e assim por diante,

sucessivos passos desconectados entre si. Por exemplo, subtração sem reserva

que reforça as subtrações coluna a coluna, levando o mesmo a fazer

generalizações e a criar regras a partir de particularidades que nem sempre

podem ser aplicadas a casos gerais. (Anexo XXI - U.A 7-A)

Percebe-se que a professora se esforça na tentativa de explicar o erro do aluno,

em uma capacidade de síntese, análise e avaliação objetivando elaborar hipóteses sobre

os fatores que levaram o aluno ao erro, inclusive realiza isso detalhadamente no

material didático.

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112

A Figura 11 a seguir apresenta a distribuição das unidades de análise

selecionadas pelos diferentes graus de complexidade atribuídos às competências

científicas nas três instâncias de recontextualização. Uma vez que o número de unidades

de análise em cada uma das três instâncias de recontextualização é diferente, para

permitir a comparação entre elas os valores estão referenciados em percentuais.

Figura 11

Comparativo referente a complexidade das competências científicas nas três instâncias de recontextualização

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

Do comparativo realizado fica constatado que o material didático é fortemente

caracterizado por situações problema que exigem, do interlocutor, capacidade cognitiva

complexa, como caracterizado anteriormente. É nessa perspectiva que a Figura 11

apresenta alta concentração de unidades de análise com grau 4 referente à categoria

complexidade das competências científicas no material didático, exigindo dos

professores e dos alunos a que tiverem acesso a esse material a capacidade de formular

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4

Val

ore

s e

m p

erc

en

tuai

s

Graus de complexidade das competências

Projeto

Material Didático

Artigo Final

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113

hipóteses e validá-las. O artigo também apresenta esta característica, embora em menor

proporção, uma vez que deriva do material didático.

4.3 Relação Conhecimento Acadêmico/Não Acadêmico

Conforme já descrito, será considerada neste estudo a existência de relação

direta entre o nível de exigência conceitual e a relação entre conhecimento acadêmico e

não acadêmico. Como este estudo tem por objetivo detectar o nível de exigência

conceitual contido nas produções que o professor realiza quando participa do PDE, será

realizada a análise desta relação nas três produções consideradas: projeto, material

didático e artigo final, considerando que quanto maior a relação entre conhecimento

acadêmico e não acadêmico, ocorre um incremento no nível de exigência conceitual,

uma vez que isso oportuniza aos alunos estabeleceram relações importantes para o

desenvolvimento das competências científicas ao nível das capacidades de

compreensão, análise e síntese, além de permitir a elaboração de hipóteses levando à

necessidade de experimentações que propiciam aceitar ou refutar as hipóteses

elaboradas pelos alunos. Sendo assim, está sendo considerado que ao estabelecer estas

relações isto permite elevar o nível de exigência conceitual das produções dos

professores no PDE.

Foram analisadas as três instâncias de recontextualização, considerando o maior

estatuto para as unidades de análise que apresentarem grau de classificação muito fraco

(C--), o que significa que são indicados fenômenos do dia a dia que têm relação com o

tema a ser estudado e as relações conhecimento acadêmico e não acadêmico daí

decorrentes são abordadas com profundidade; para aquelas que apresentarem um grau

de classificação fraca (C-), são indicados fenômenos do dia a dia que têm relação com o

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114

tema a ser estudado e as relações conhecimento acadêmico e não acadêmico daí

decorrentes são abordadas superficialmente; na classificação forte (C+), são indicados

fenômenos do dia a dia que têm relação com o tema a ser estudado, embora as relações

entre conhecimentos acadêmicos e não acadêmicos daí decorrentes não sejam

esclarecidas; e finalmente no grau de classificação muito forte (C++

), não são

estabelecidas relações entre conhecimentos acadêmicos e não acadêmicos, ou seja, as

fronteiras entre ambos estão muito marcadas.

4.3.1 Projeto de Intervenção Pedagógica

No projeto foram selecionadas sete (7) unidades de análises e dessas nenhuma

foi categorizada como apresentando classificação muito forte (C++

), três (3) unidades de

análise foram consideradas com classificação forte (C+), duas (2) de classificação fraca

(C-) e duas (2) classificação muito fraca (C

- -). (Anexo XIX).

O índice parcial relativo à relação conhecimento acadêmico e não acadêmico na

instância de recontextualização “projeto” foi calculado em 0,71. Isso indica que o

projeto do professor PDE se caracteriza por apresentar fenômenos do dia a dia que têm

relação com o tema a ser estudado e as relações conhecimento acadêmico e não

acadêmico daí decorrentes são abordadas superficialmente. Os valores para compor o

índice parcial estão de acordo com o especificado no Quadro 12 e demonstrado a seguir:

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

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115

A seguir é apresentado um exemplo de unidade de análise que represente a

relação indicada.

Percebe-se que um dos grandes obstáculos para o algoritmo da subtração e,

consequentemente para a divisão, é o número "zero", em situações como

"emprestar do zero" ou "emprestar para o zero". Parece que o aluno não faz idéia

de que o numeral serve para designar a presença de certa quantidade, não

percebendo que o "zero" é apenas um sinal gráfico que se convencionou para

indicar a ausência de quantidade. Muitas vezes ele associa mecanicamente o

sinal gráfico à expressão "nada" sem compreender o significado dessa negação

no que se refere a quantificação da realidade. (Anexo XIX – U.A 5-P)

Nota-se, assim, que a professora estabelece relação com questões do dia a dia e

com o tema a ser estudado, embora aborde superficialmente, uma vez que o projeto

representa apenas a intenção de seu estudo. Essas questões levam em consideração a

vivência na escola e a prática pedagógica da professora, que representam que ela atenta

para o aluno e seus esquemas cognitivos incompletos e que o levam ao erro. Assim, a

professora levanta hipótese sobre o que ocorre com o aluno quando em situação de erro,

relacionando conhecimentos de ordem diversa, acadêmicos e não acadêmicos. Nesse

sentido, a professora demonstra preocupação com o aluno e com o conteúdo a ser

ensinado.

4.3.2 Material Didático

Das treze (13) unidades de análise selecionadas no material didático, nenhuma

delas foi categorizada como representativa de classificação muito forte (C++

), ou seja,

aquela em que não são estabelecidas relações entre conhecimentos acadêmicos e não

acadêmicos. Apenas uma (1) unidade de análise selecionada foi categorizada como

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116

classificação forte (C+) na qual são indicados fenômenos do dia a dia que têm relação

com o tema a ser estudado, embora as relações entre conhecimentos acadêmicos e não

acadêmicos daí decorrentes não sejam esclarecidas. Três (3) unidades de análise foram

consideradas como representativas de classificação fraca (C-), na qual são indicados

fenômenos do dia a dia que têm relação com o tema a ser estudado e as relações

conhecimento acadêmico e não acadêmico daí decorrentes são abordadas

superficialmente. Nove (9) unidades de análise foram categorizadas como sendo de

classificação muito fraca (C--), ou seja, significa que são indicados fenômenos do dia a

dia que têm relação com o tema a ser estudado e as relações conhecimento acadêmico e

não acadêmico, daí decorrentes, são abordadas com profundidade (Anexo XX).

Considerando essas análises, o cálculo do índice parcial de exigência conceitual

obtido foi de 0,90, o que significa que o material didático indica fenômenos do dia a dia

que têm relação com o tema a ser estudado e as relações conhecimento acadêmico e não

acadêmico daí decorrentes são abordadas com profundidade.Os valores para compor o

índice parcial estão de acordo com o especificado no Quadro 12 e a seguir segue a

demonstração do cálculo realizado para a determinação do índice parcial de exigência

conceitual relativo à relação conhecimento acadêmico e não acadêmico na instância de

recontextualização “material didático”.

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

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117

A seguir segue exemplo que explicita esta característica encontrada no material

didático do professor PDE.

Situação 27: Um aluno elaborou a seguinte resolução da expressão numérica:

20 - (3 x 4 + 2 x 0,5) =

20 - ( 3 x 6 x 0,5) =

20 - 9 = 11

Em outra ocasião a professora passou o seguinte problema:

""João foi à feira com R$ 20,00, comprou três quilos de carne a R$ 4,00 o quilo

e dois quilos de tomate a R$ 0,50 o quilo, quanto recebeu de troco?"" O mesmo

aluno pensou e começou a falar: "" dois quilos de tomate a R$ 0,50 cada dá

R$1,00, três quilos de carne a R$ 4,00 dá R$ 12,00, então gastei ao todo R$

13,00. Conta nos dedos: 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20. Sobrou R$ 7,00 de

troco"".

a) Compare as duas propostas e o encaminhamento dado pelo aluno.

b) Reflita sobre o que ocorreu na segunda situação.

c) Que estratégias didáticas esse tipo de situação sugere?

(Anexo XX - U.A 12-MD)

Essa situação exemplifica uma unidade de análise de classificação muito fraca

(C--) com relação à relação entre conhecimento acadêmico e não acadêmico. A

professora estabelece relação tanto em situação prática com um aluno, como elabora

questões para o professor em situação de formação na escola. Tal articulação permite o

desenvolvimento de competências cognitivas complexas, como a capacidade de

compreensão, análise e síntese, além da elaboração de hipóteses, o que permite

compreender que unidades de análise com essas características permitem elevar o nível

de exigência conceitual, para um patamar superior ao encontrado no projeto do

professor PDE.

X

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118

4.3.3 Artigo

No artigo foram selecionadas oito unidades de análise. Destas nenhuma foi

categorizada como possuindo classificação muito forte (C++

) quanto à relação

conhecimento acadêmico e não acadêmico; uma (1) unidade de análise com

classificação forte (C+); cinco (5) unidades de análise com classificação fraca (C

-) e,

duas (2) unidades com classificação muito fraca (C--) (Anexo XXI).

O índice parcial de exigência conceitual encontrado a partir destas análises para

a relação conhecimento e não acadêmico contido no artigo final do professor PDE foi

de 0,78, portanto inferior ao encontrado no material didático, porém, superior ao

encontrado no projeto do professor. Os valores para compor o índice parcial estão de

acordo com o especificado no Quadro 12 e demonstrado a seguir:

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

Esse índice parcial revela que o artigo final elaborado pelo professor como uma

das exigências do PDE situa-se em zona de transição entre o grau 3 e 4 referente aos

critérios de análise estipulados para a relação conhecimento acadêmico e não acadêmico

quando se tem em mente a média aritmética realizada, porém das oito (8) unidades de

análise cinco (5) foram categorizadas como de grau 3 (C-), enquanto que apenas duas

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119

(2) foram de grau 4, isso pode ser bem observado na Figura 15 apresentada na

sequência deste texto.

A seguir apresenta-se uma unidade de análise que exemplifica a situação

retratada.

Os conceitos e modelos que os alunos constroem são baseados em situações

escolares previamente programadas pelo professor e, que também ocorrem fora

de sala de aula. Esse é um dos motivos pelos quais o professor deve conhecer

seus alunos a fim de buscar saber como eles estão pensando, para procurar

entender a organização das idéias elaboradas por eles, bem como conhecer e

analisar os erros que cometem em conseqüência das visões ainda pouco

desenvolvidas, que possuem, pois assim estará procurando compreender como

esses conceitos estão sendo formados. (Anexo XXI - U.A 1-A)

A Figura 12 a seguir apresenta a distribuição das unidades de análise

selecionadas pelas diferentes escalas de classificação utilizadas (de muito fraca até

muito forte) e atribuídas à relação conhecimento acadêmico e não acadêmico nas três

instâncias de recontextualização. Uma vez que o número de unidades de análise em

cada uma das três instâncias de recontextualização é diferente, para permitir a

comparação entre as instâncias de recontextualização, os resultados estarão sendo

referenciados em percentuais.

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120

Figura 12

Comparativo referente à relação conhecimento acadêmico e não acadêmico nas três instâncias de

recontextualização

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

Do comparativo realizado e representado na Figura 12 fica evidenciada a

importância creditada a relação conhecimento acadêmico e não acadêmico

principalmente no material didático da professora Marilu. Ressalta-se que essa

característica é importante na produção de materiais didáticos e rompe com a

padronização proporcionada pelos livros didáticos. Sendo assim, o material didático

elaborado pela professora articula necessidades dos alunos com os conhecimentos

científicos da disciplina Matemática.

4.4 Intradisciplinaridade

Como já salientado anteriormente está sendo considerado que existe relação

direta entre intradisciplinaridade e nível de exigência conceitual, portanto quanto maior

for a relação estabelecida entre diferentes conteúdos/conceitos no interior da disciplina

de Matemática, maior será o nível de exigência contido nas produções da professora

0

10

20

30

40

50

60

70

80

C ++ C + C - C --

Val

ore

s e

m p

erc

en

tuai

s

Escalas de classificação

Projeto

Material Didático

Artigo Final

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121

PDE. Essa característica está associada ao “como” do discurso instrucional,

representando a relação entre discursos e por se tratar de “fronteiras” entre discursos,

será analisada por meio do conceito de classificação.

4.4.1. Projeto de Intervenção Pedagógica

No projeto foram elencadas sete (7) unidades de análise, sendo que dessas uma

(1) foi categorizada como classificação muito forte (C++

), três (3) como classificação

forte (C+) e três (3) como classificação fraca (C

-) (Anexo XIX). Isso indica que das sete

(7) unidades, apenas uma (1) não menciona nenhum tipo de relação intradisciplinar ou

apresenta a relação, porém ela é caracterizada como sendo entre conceitos de ordem

simples dentro do mesmo tema. Já as demais indicam que houve relação entre diferentes

conteúdos/conceitos da disciplina de Matemática. Dessas seis (6) unidades de análise

que indicam a existência de relação entre conteúdos/conceitos, constatou-se que três (3)

indicam relação entre conteúdos/conceitos de ordem simples de temas diferentes (grau

2) e três (3) se caracterizam por apresentar o estabelecimento de relação entre conceitos

de ordem complexas (grau 3), ou entre esses e conceitos de ordens simples dentro do

mesmo tema.

A partir dessas análises foi calculado o índice parcial de exigência conceitual

referente à intradisciplinaridade contido no projeto de intervenção pedagógica elaborado

pela professora PDE Marilu. Esse índice foi definido em 0,54, o que equivale dizer que

o projeto estabelece relação entre conteúdos/conceitos da Matemática, priorizando a

relação entre conceitos e conteúdos de ordem simples de temas diferentes. Na verdade

como a proposta desenvolvida pela professora se detém ao estudo do erro das operações

fundamentais, realmente os conceitos contidos no projeto de intervenção representam

conteúdos/conceitos de ordem simples.

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122

A seguir será demonstrado como foi calculado o índice parcial de 0,57 referente

à intradisciplinaridade contida no projeto da professora PDE, utilizando os critérios

estabelecidos de acordo com o especificado no Quadro 11 abaixo.

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

Sendo assim, o projeto da professora Marilu apresenta relações entre conceitos

simples, pois envolve conceitos relacionados ao sistema de numeração decimal e

posição relacional dos algarismos em um número reduzido de operações básicas,

indicando que os conceitos versam praticamente sobre o mesmo tema. O projeto não

fica caracterizado por apresentar forte estrutura hierárquica, ou seja, não fica

evidenciado o caráter intradisciplinar. Evidentemente que ele está presente de forma

subliminar no projeto, uma vez que o discurso matemático é fortemente hierárquico.

Em seguida será apresentada uma unidade de análise que exemplifica o índice

encontrado.

Ao fazer 9000 - 1838 o professor deverá mostrar ao aluno que 9000 pode ser

decomposto em 8000 + 900 + 90 + 10. Algumas vezes o aluno de 5ª série ainda

não compreende o que significa essas decomposições e as realiza da direita para

a esquerda, acumulando-as no último algarismo da esquerda. No exemplo acima

ele faria 9000 - 1838 como sendo:

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123

6 10 10 10

9 Ø Ø Ø

- 1 8 3 8

5 2 7 2

(Anexo XIX - U.A 6-P)

Com o exemplo acima, percebe-se que a professora estabelece relação entre

subtração e decomposição numérica, porém entre conteúdos/conceitos de ordem

simples de temas diferentes.

4.4.2 Material Didático

No material didático foram estabelecidas 13 unidades de análise. Com relação à

característica de intradisciplinaridade não foram encontradas unidades que não realizam

nenhum tipo de indicação dessa relação, ou seja, nenhuma unidade de análise

apresentou uma classificação muito forte (C++

) de grau 1, quatro (4) unidades indicam

classificação forte (C+) de grau 2, ou seja, estabelecem relação entre

conteúdos/conceitos de ordem simples de temas diferentes, sete (7) unidades indicam

classificação fraca (C-) de grau 3 que estabelecem relação entre conteúdos/conceitos de

ordem complexa, ou entre estes e conteúdos/conceitos de ordem simples dentro do

mesmo tema e duas (2) unidades de análise indicam classificação muito fraca (C--) de

grau 4, ou seja, há indicação do estabelecimento de relação entre conceitos de ordem

complexa, ou entre esses e conceitos de ordem simples de temas diferentes (Anexo

XX).

Considerando essas análises o índice parcial de exigência conceitual contido no

material didático referente à característica intradisciplinaridade foi de 0,71, isso indica

que a análise das unidades indica que o material didático se caracteriza por apresentar

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124

relação entre conteúdos/conceitos de ordem complexa ou entre esses e

conteúdos/conceitos de ordem simples dentro do mesmo tema, a seguir demonstra-se o

cálculo realizado para se chegar no índice parcial. Os valores para compor o índice

parcial estão de acordo com o especificado no Quadro 11, cujo o cálculo está

demonstrado na sequência:

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

A unidade de análise apresentada abaixo exemplifica o que este índice

representa.

É necessário que o professor que ensina Matemática, ouça a voz do aluno, de

modo que ele, professor, possa construir um modelo da Matemática do aluno. E,

para isso é fundamental que ele tenha um conhecimento profundo, mas não

operacional dos conceitos trabalhado, pois é muito mais complexo que isso.

Deve estar atento a novas dimensões e flexível para alterar suas próprias

construções. ...Afirma também, que o maior dilema do professor é quando ele

procura interpretar o trabalho de um aluno, pois muitos deles são aprovados nos

cursos de Matemática e estão convencidos de que possuem o conhecimento

necessário para lecionar e, ao ter que interpretar os trabalhos dos alunos, se

deparam com dificuldades, pois de fato não possuem o conhecimento profundo

necessário para desempacotar a Matemática formal e reconstruir, ou enriquecer,

seu repertório de soluções. (Anexo XX - U.A 1-MD)

Fica evidenciado o estabelecimento de relação entre conteúdos/conceitos de

ordem complexas ou entre estes e conteúdos/conceitos de ordem simples dentro do

mesmo tema, indicando a relação entre sistema de numeração decimal, ordens e classes

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125

e arredondamentos. Essa relação indica classificação fraca de grau 3, o que contribui

para elevar o nível de exigência conceitual contido no material didático elaborado pela

professora PDE Marilu.

4.4.3 Artigo Final

Das oito (8) unidades de análise selecionadas no artigo produzido pela

professora Marilu, nenhuma foi categorizada como sendo de classificação muito forte

(C++

) de grau 1 e nem como classificação forte (C+) de grau 2. Sete (7) foram

categorizadas como sendo de classificação fraca (C-) de grau 3, o que significa que

estabelecem relação entre conteúdos/conceitos de ordem complexas ou entre esses e

conteúdos/conceitos de ordem simples dentro do mesmo tema, e apenas uma (1) foi

categorizada como classificação muito fraca (C--) de grau 4, que indica o

estabelecimento de relação entre conteúdos/conceitos de ordem complexa ou entre esses

e conteúdos e conceitos de ordem simples de temas diferentes.(Anexo XXI)

O índice parcial de exigência conceitual referente à intradisciplinaridade contido

no artigo final foi de 0,78, o que indica que o artigo final apresenta classificação fraca

(C-) quanto ao critério de intradisciplinaridade. Os valores para compor o índice parcial

estão de acordo com o especificado no Quadro 11 e demonstrado a seguir:

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

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126

Abaixo apresenta-se exemplo desse tipo de classificação.

O aluno, devido à mecanização da aritmética, é levado a considerar este tipo de

decomposição como uma "decomposição diferente" e, dessa forma, deve ter um

procedimento diferente, próprio, fato este que inclusive acaba induzindo-o

muitas vezes ao erro. Porém, é neste momento que o professor deve estar atento,

pois embora o zero introduza uma dificuldade a mais, a técnica operatória

continua a ser a mesma. Por exemplo, ao fazer 9000 - 1838 ele deve mostrar ao

aluno que 9000 pode ser decomposto como 8000 + 900 + 90 + 10, para que a

subtração com reserva possa ser compreendida adequadamente, como sendo

apenas mais uma subtração. (Anexo III – Artigo, p.209)

A professora se esforça por apresentar relação entre conteúdos/conceitos de

ordens complexas ou entre estes e conteúdos/conceitos de ordem simples dentro do

mesmo tema, procurando compreender e esclarecer os processos cognitivos

(complexos) utilizados pelos alunos na resolução de operações fundamentais.

A Figura 13, a seguir, apresenta a distribuição das unidades de análise

selecionadas pelas diferentes escalas de classificação utilizadas (de muito fraca até

muito forte) e atribuídas à intradisciplinaridade nas três instâncias de

recontextualização. Uma vez que o número de unidades de análise em cada uma das três

instâncias de recontextualização é diferente, para permitir a comparação entre as

instâncias de recontextualização, os resultados estarão sendo referenciados em

percentuais.

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127

Figura 13

Comparativo referente à intradisciplinaridade nas três instâncias de recontextualização

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

O comparativo apresentado na Figura 13 referente à categoria

intradisciplinaridade nas três instâncias de recontextualização demonstra que as

produções da professora Marilu realizam relações entre os conteúdos requeridos dentro

de um mesmo tema, ou seja, o tema do erro presente nas operações fundamentais, foco

de seu trabalho, é necessário evidenciar que devido ao discurso fortemente hierárquico

presente na Matemática é forte a necessidade de realizar estas relações, uma vez que,

um conteúdo está articulado ao outro. É justamente esta articulação entre os conteúdos

que torna a Matemática uma disciplina do currículo escolar considerada difícil pelos

alunos. A carência conceitual de um conteúdo pode comprometer todo o restante da

aprendizagem dessa disciplina escolar, sendo assim se há uma lacuna no conteúdo

relacionado ao sistema de numeração decimal os alunos encontrarão dificuldades na

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

C ++ C + C - C --

Val

ore

s e

m p

erc

en

tuai

s

Escalas de Classificação

Projeto

Material Didático

Artigo Final

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128

resolução de qualquer questão Matemática, inclusive, na resolução das quatro operações

básicas, levando o aluno ao erro. Isso fica evidenciado nas produções da professora.

4.5 O nível de exigência conceitual contido nas produções do professor PDE

A partir do cálculo dos índices parciais de exigência conceitual contido nas três

instâncias de recontextualização (projeto, material didático e artigo final) para cada um

dos critérios estipulados (grau de complexidade dos conteúdos científicos, grau de

complexidade das competências científicas, intradisciplinaridade e relação

conhecimento acadêmico e não acadêmico) é possível detectar o nível de exigência

conceitual (NEC) contido nas produções do professor, ou seja, em três diferentes pontos

do processo de recontextualização.

O cálculo foi realizado considerando a equação:

A e B referem-se ao critério grau de complexidade dos conteúdos científicos; C

e D ao grau de complexidade das competências científicas; E e F à intradisciplinaridade

e, G e H à relação conhecimento acadêmico e não acadêmico, para cada uma das

instâncias de recontextualização.

4.5.1 O nível de exigência conceitual contido no Projeto de Intervenção Pedagógica do

professor PDE

Para realizar o cálculo do nível de exigência conceitual contido no Projeto de

Intervenção Pedagógica do professor PDE é necessário recuperar informações relativas

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129

aos cálculos realizados e apresentados anteriormente. Nesse sentido: A= 8; B=21;

C=25; D=28; E=16; F=28; G=20; H= 28

Portanto, o cálculo do nível de exigência conceitual (NEC) contido no projeto do

professor PDE fica assim demonstrado:

4.5.2 O nível de exigência conceitual contido na Material Didático do professor PDE

Do mesmo modo, para o cálculo do nível de exigência conceitual contido no

material didático do professor PDE, é necessário recuperar informações, já apresentadas

anteriormente. Assim, A= 23; B=39; C=50; D=52; E=37; F=52; G=47; H= 52.

Portanto, o cálculo do nível de exigência conceitual (NEC) contido no material

didático do professor PDE fica assim demonstrado:

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130

4.5.3 O nível de exigência conceitual contido no Artigo Final do professor PDE

Para o cálculo do nível de exigência conceitual contido no artigo final do

professor PDE os valores recuperados são: A= 12; B= 24; C=30; D= 32; E= 25; F= 32;

G= 25; H=32.

A partir desses resultados fica evidenciado que ocorre uma elevação no nível de

exigência conceitual a partir do processo formativo do PDE, tanto no material didático

como no artigo final, quando toma-se como referência o nível de exigência conceitual

contido no projeto de intervenção pedagógica do professor PDE, que é realizado no

início do processo formativo. Os níveis de exigência conceitual obtidos nas três

instâncias de recontextualização podem ser identificados e comparados entre si a partir

da Figura 14.

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131

Figura 14

Nível de exigência conceitual nas três instâncias de recontextualização consideradas

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

Isso significa que quanto aos critérios analisados tanto o material didático

quanto o artigo científico apresentam maior relação entre conteúdos de diferentes áreas

do conhecimento científico; maior relevância atribuída ao desenvolvimento das

competências científicas mais complexas; maior ênfase nos conteúdos científicos que

exigem, compreensão, análise e síntese em níveis crescentes de abstração; e, maior

ênfase na relação entre os conhecimentos científicos e não científicos, permitindo o

estabelecimento de relações importantes para a apreensão do conhecimento matemático

do que quando comparados com o projeto de intervenção pedagógica.

0,66

0,8

0,77

0,60

0,65

0,70

0,75

0,80

0,85

0,90

Projeto Material Didático Artigo Final

Nív

el d

e e

xigê

nci

a co

nce

itu

al

Instâncias de recontextualização

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132

4.6 Análise preliminar do desempenho profissional da professora PDE mediante a

detecção das regras de reconhecimento e de realização passiva

Restam algumas considerações sobre o uso desse material na escola de origem

da Profa. Marilu. Como já delineado nos aspectos metodológicos deste estudo, a análise

relativa ao desempenho da professora PDE será realizada mediante a detecção de suas

regras de reconhecimento e de realização passiva, isto é, mediante dados de entrevista,

pois não é possível detectar as suas regras de realização ativa, uma vez que a pesquisa

aqui apresentada não analisou a prática pedagógica da professora no momento da

implementação do projeto na escola.

Porém a detecção das duas regras indicadas anteriormente permitem apontar se

existem possibilidades para que a proposta de fato tenha sido implementada na escola

ou nao, não esquecendo da importância das disposições sócio-afetivas da professora.

As regras de reconhecimento podem ser percebidas mediante as concepções,

ideias e representações da professora PDE sobre o tema de seu estudo. Nesse sentido,

assim a professora se manifesta (Entrevista Anexo XXII):

Porque a minha preocupação maior era assim: os professores de 5ª série dizem

que os alunos chegam à 5ª série sem saber nada. Mas enquanto passou o ano, a

minha preocupação, claro desde o início, era nesse momento, ele é o seu aluno.

Eu não posso ir lá e evitar o incêndio, mas eu posso apagá-lo e compete a você,

porque você tem um ano para trabalhar com os alunos ...

Eu percebi que muitos erros, eram erros de construções malfeitas durante os

anos iniciais e isso me preocupou bastante. Porque, tudo bem houve um erro de

construção, mas agora esse aluno é teu e você precisa reconstruir, tem que

mudar essa formação. Os professores não paravam para pensar que aquilo era

uma forma de construção errônea e que ele poderia corrigir. Ele só tratava

como erro, o erro pelo erro, só diziam tá errado, tá errado, tá errado.

Não havia intervenção. Eu fiquei tão preocupada com essa análise e eu também

dava aula no Ensino Médio, que eu também fiz essa análise no Ensino Médio, no

primeiro ano do Ensino Médio. E observei que lá no Ensino Médio, aqueles

erros que os alunos cometiam lá na 5ª série, eles cometiam igual. Quer dizer

ninguém interviu nesses quatro anos até ele chegar no primeiro ano. A ponto de

eu pegar um bimestre inteiro, para ensinar os meus alunos do primeiro do

Ensino Médio a fazer operação que eles não sabiam. Então eu encontrava lá na

subtração um aluno tirando, é ... fazendo zero menos nove dando nove, eu

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133

encontrava um aluno fazendo divisão cento e pouco divididos por dois e

encontrando mil e pouco, porque aquela história que não sabe abaixar um

número...não sabe, ele não para para pensar, colocou um zero para continuar a

divisão, então coloca um zero no quociente.

Essa coisa de não analisar o resultado eu encontrei muito. E assim o que me

preocupou muito foi perceber que o aluno entrava na 5ª série cometendo um

erro e chegava no primeiro ano do Ensino Médio cometendo o mesmo erro.

Quer dizer, que em momento algum houve um professor na vida escolar desse

aluno que interviu. Então eu percebi que é sempre a constatação do erro, o erro

pelo erro. Tá errado e tá certo, pronto!

Todos estes excertos foram retirados do depoimento da professora Marilu,

ficando evidenciado que a professora possui regras de reconhecimento do contexto em

que está inserida, sendo assim a sua orientação específica de codificação lhe permitiu

reconhecer uma das possibilidades para a superação das dificuldades dos alunos naquilo

que concerne à resolução das operações fundamentais e também crucial no trabalho

pedagógico, isto é, a ação do professor sobre a relação ensino-aprendizagem. Isso

demonstra a preocupação da professora, sobre o trabalho de seus próprios colegas e na

importância de uma pedagogia que não descarta o trabalho do professor e nem coloca o

professor como apenas um agente reprodutor. Nessa concepção, compreende o

professor como o profissional mais capacitado para intervir nas situações de

aprendizagem e como profissional capaz de lidar com o erro dos alunos, para utilizá-los

como estratégia para o ensino da disciplina de Matemática. Portanto, distancia-se de

uma concepção de ensino e de aprendizagem que se pauta pelo “livre-fazer” e pelas

pedagogias do aprender a aprender.

Portanto, a professora PDE demonstra possuir regras de reconhecimento para o

problema a ser enfrentado, que se pauta na análise realizada pelos professores dos erros

cometidos pelos alunos quando da resolução de operações fundamentais.

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134

Com relação às regras de realização passiva, essas se relacionam com aquilo que

pensa a professora sobre o que pode ser feito para o enfrentamento desta questão. Nesse

sentido, assim se pronuncia a professora (Entrevista Anexo XXII):

Inclusive todos os erros eu passei muito tempo, cerca de um mês, indo pra

escola, eu nem trabalhava com a 5ª série, mas eu ia, e pegava as avaliações dos

professores e olhava e analisava os erros dos alunos. Em um outro momento

havia uma professora que iria fazer uma avaliação sobre operações, aí eu

elaborei a prova e corrigi para realizar o levantamento e análise dos erros e

conseguir tabular, então eu selecionei os que mais apareceram e foram esses os

que eu coloquei no material didático.

Eu trabalhava à noite e fiz minha pesquisa à tarde. O que facilitou bastante eu

não estar trabalhando era o acesso aos professores que estavam corrigindo

provas, era hora-atividade, então eu via que praticamente os erros eram os

mesmos praticados pelos alunos, independente da classe social. Havia alunos

que entravam na 5ª série, a escola ofertava a partir daí, que vinham de escolas

municipais, estaduais e particulares, eram escolas bem diferentes umas das

outras, mas os erros se repetiam. E eu aleguei que um dos fatores para explicar

a origem desses erros é a formação do professor de primeira à quarta série na

hora de construir e ao professor que é especialista atribuo também a ele a falha

ao não detectar e não realizar a intervenção necessária durante os anos

seguintes de escolarização...

Depois que eu realizei toda a coleta de dados, eu procedi à análise dos erros.

Discuti com meu orientador, dei a minha opinião e ele a opinião dele, fui

pesquisar quem já havia trabalhado com esse tipo de situação. Depois eu

produzi um material que levei para a escola e que primeiramente discuti com os

professores, o retorno daquela pesquisa que eu tinha realizado anteriormente,

no sentido de mostrar para os professores novas possibilidades de análise destes

erros. Vamos ver o pensar do aluno e eles ficaram assustados ao perceber que

os alunos tinham o conceito. Eu realizei este trabalho no momento da hora

atividade junto com todos os professores de Matemática. Fizemos 4, 5 ou 6

encontros trabalhando com aquele caderno pedagógico, trabalhando os erros

um por um. De um modo geral o que os professores passavam é que eles não

tinham essa visão e outra coisa que ficou bem clara é que eles não tinham por

hábito ouvir os alunos. Eles não sentavam com os alunos buscando compreender

os erros, era apenas tá certo ou tá errado, refaz! Outra situação que é bem

comum na divisão, o aluno termina a divisão apresentando um resto maior que o

divisor , diz o professor: não pode! Mas em momento nenhum foi mostrado ao

aluno que não podia e o porquê que não podia. O que na verdade também não é

verdade, porque pode, o que ocorre é o aluno não terminou a divisão, mas a

divisão até este ponto está correta, não está errada, ele só não concluiu.

A análise desses excertos permite demonstrar as regras de realização passiva da

professora. Na verdade foram consideradas como passivas neste estudo, pois são relatos

realizados pela professora de como teria agido no momento anterior e até no próprio

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135

momento da implementação. Não se confundem com as regras de realização ativa

porque estas seriam detectadas no momento da ação da implementação na escola, fato

não observado nesta pesquisa.

De qualquer forma, é importante destacar que a professora possui regras de

realização passiva também, ou seja, além de reconhecer o problema, aponta para

justificativas e procedimentos que devem ser adotados para a superação da dificuldade

detectada.

Nesse sentido, se a professora possui as regras de reconhecimento e de

realização passiva e recorrendo ao Quadro 14, as situações possíveis compreendem as

apresentadas como situação 3 ou 4, ou seja, para que o desempenho da professora na

escola tenha sido realizado haverá a necessidade de compreender as regras de realização

ativa, bem como as evidências das disposições sócio-afetivas da professora.

Resumindo a análise do desempenho, apresenta-se o quadro abaixo:

Quadro 14

Orientação da professora PDE mediante as regras estabelecidas por Bernstein

Tipo de Regras Orientação da professora PDE Marilu

Regras de reconhecimento Possui

Regras de realização passiva Possui

Regras de realização ativa Indefinido. Necessidade de constatação por

meio da análise da prática pedagógica da

professora.

Fonte: Sistematizado pelo próprio autor

Dito isso ainda é necessário tecer considerações a respeito deste capítulo. Nesse

sentido foram apresentados os cálculos relativos aos níveis de exigência conceitual nas

três instâncias de recontextualização, quais sejam: projeto de intervenção pedagógica;

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136

material didático; artigo final. Esses níveis foram calculados a partir das categorias

estipuladas neste estudo, ou seja, a partir a complexidade dos conteúdos científicos,

complexidade das competências científicas, relação conhecimento acadêmico não

acadêmico e intradisciplinaridade. As duas primeiras categorias compõe o “quê” e as

duas últimas o “como” do discurso pedagógico.

Cabe esclarecer que para a análise a que se propõe esta pesquisa foram utilizados

todos os materiais apresentados nos Anexos desta tese. Porém cumpre ressaltar que

especificamente os Anexos XIX a XXI, que correspondem aos excertos extraídos das

produções da professora Marilu, constituíram grande dificuldade, posto que a análise

subjetiva dos excertos gerou certo desconforto em sua distribuição entre os diferentes

graus quantitativos existentes para as categorias. Apesar dessa dificuldade, foi possível

detectar que a segunda instância de recontextualização considerada apresentou o maior

nível de exigência conceitual seguida pela terceira, revelando que a formação

continuada no PDE tem relação com a melhoria do nível conceitual, pelo menos neste

caso. Isto será retomado nas considerações finais.

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137

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise demonstrou que tanto o material didático,

quanto o artigo final possuem maior relação entre

conteúdos de diferentes áreas do conhecimento

matemático; maior relevância atribuída ao

desenvolvimento das competências científicas mais

complexas com maior ênfase nos conteúdos científicos

que exigem, compreensão, análise e síntese em níveis

crescentes de abstração; e, maior ênfase na relação

entre os conhecimentos acadêmicos e não acadêmicos,

permitindo o estabelecimento de relações importantes

para a apreensão do conhecimento matemático do que

quando comparados com o projeto de intervenção

pedagógica. (DO AUTOR)

Na introdução desta tese, foi apresentado um amplo levantamento bibliográfico

que procurou mapear o campo da pesquisa sobre a formação do professor e a relação

com seu desenvolvimento profissional, ficando evidenciado que apenas a partir dos

anos 2000 as pesquisas começaram a se deter sobre esta relação, restando ainda diversas

lacunas a serem supridas por meio de pesquisa. A compreensão a que se deteve este

estudo, está localizada sobre uma dessas lacunas, ou seja, estabelecer relação entre a

formação do professor e o nível de exigência conceitual contido em suas produções, o

que ainda se constitui interesse de estudo e pesquisa, pois é uma das possibilidades de

que a escola, no caso, pública, se constitua, de fato, como um espaço que busca garantir

o acesso dos alunos ao código elaborado, e, portanto, distante de significados

diretamente relacionados à base material concreta, o que significa privilegiar as

competências cognitivas complexas em especial relacionadas às características de

análise, síntese e avaliação.

Assim, de um lado, diferentes estudos vêm apresentando resultados que indicam

pouca influência dos processos de formação de professores na melhoria da qualidade da

educação pública, demonstrando que variados fatores interferem sobre esta relação.

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138

Nesse sentido, priorizam propostas de que a formação do professor deve levar em

consideração a escola em que atua e as relações que lá se efetivam, contrariando

propostas tradicionais que se perpetuam sobre os processos de formação de professores,

pautados pela racionalidade técnica e que concebe o professor como um profissional

que recebe um “pacote” de informações que lhe é suficiente para o exercício da

docência, um aplicador de teorias, um modelo prescritivo de formação, que

desconsidera a realidade complexa com que se defronta a escola. Por outro lado, há

dados suficientes sobre o mau resultado das escolas no que tange ao desempenho dos

alunos em especial na área de ensino da Matemática.

Diante desse panorama, o PDE despertou atenção para a pesquisa, por assumir

em sua concepção, vários aspectos apontados pela literatura especializada da área como

importantes para a superação dos limites apresentados por diferentes políticas de

formação de professores. Entre os aspectos valorizados pelo PDE estão: liberação do

professor para estudos, parceria com universidades, forte fundamentação teórica e

metodológica, assumir o professor como produtor de conhecimentos sobre a escola e

sobre o ensino-aprendizagem, o Estado como elemento responsável pela formação do

professor, com pesados investimentos materiais/financeiros, entre outros aspectos

apontados no documento síntese do Programa que pretende, de fato, desenvolvimento

da educação passando a outros patamares de realização.

Portanto, o campo para a pesquisa já estava constituído, restava propor pesquisa

para compreender este contexto formativo e sua contribuição para a escola e, esta,

provavelmente é apenas uma delas. Nesse sentido, vários seriam os recortes possíveis e

diferentes as escolhas teóricas, o que em um primeiro momento representou

dificuldades, mas que aos poucos foram sendo superadas. Assim, definiu-se o recorte

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sobre a busca de relação entre a formação e o nível de exigência conceitual contido nas

produções da professora PDE para enfrentar um crucial problema do ensino da

Matemática ao alunado, bem como o referencial teórico e metodológico advindo das

contribuições de Bernstein para a construção do objeto de estudo.

A pesquisa se deteve sobre as produções de uma professora PDE 2007 da

disciplina de Matemática, que percebia em seu trabalho docente que de fato professores

dessa disciplina pouco intervêm nos erros apresentados pelos alunos nos conteúdos

relativos às operações básicas. Para ela isso seria impeditivo para a apropriação do

conhecimento da disciplina de Matemática pelos alunos, o que pode vir a explicar as

dificuldades dos alunos na Matemática, retratada pelos exames nacionais. Sendo assim,

o trabalho da professora no PDE objetivava munir os professores de conhecimentos e

conceitos relativos ao processo de ensino e aprendizagem de ensino da disciplina, com

foco no erro dos alunos. É perspectiva bem diferente da proposta pela racionalidade

técnica também presente no ensino e não apenas na formação, ao assumir somente o

acerto do algoritmo como importante no processo de ensino, pois a ênfase está na

técnica, esquecendo muitas vezes dos conceitos que sustentam a ação de resolução dos

algoritmos.

Essas produções elaboradas no percurso das atividades do PDE constituem

discurso pedagógico destinado aos professores na escola em que trabalha a professora e

nessa condição é recontextualizado. Nesse sentido, consideraram-se nesta pesquisa três

instâncias de recontextualização do conhecimento acadêmico a que a professora teve

condição de elaborar na Universidade: 1) o projeto de intervenção pedagógica; 2) o

material didático e; 3) o artigo final.

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140

A primeira hipótese levantada nesta pesquisa, amparada por outros estudos que

se dedicaram a compreender o nível de exigência conceitual presente em diferentes

instâncias de recontextualização, era a de que ocorreria esse processo a cada mudança

de instância ao abordar questões sobre o erro nas operações básicas em Matemática. E

isso de fato ocorreu, confirmando mais uma vez resultados de pesquisa anteriormente

realizadas relatadas nos capítulos desta tese. E mais. Verificou-se que a segunda

hipótese também se confirmou, pois a recontextualização ocorreu em direção positiva e

não de empobrecimento como nas demais pesquisas, sobretudo nas de Gallian (2009) e

de Calado (2007) abordadas nos capítulos anteriores. Detectou-se que o material

didático e o artigo final produzidos pela professora no PDE, apresentam níveis mais

elevados de exigência conceitual do que quando comparados com a primeira produção

da professora apresentada logo no início do curso (projeto).

A análise demonstrou que tanto o material didático, quanto o artigo final

possuem maior relação entre conteúdos de diferentes áreas do conhecimento

matemático; maior relevância atribuída ao desenvolvimento das competências

científicas mais complexas com maior ênfase nos conteúdos científicos que exigem

compreensão, análise e síntese em níveis crescentes de abstração; e, maior ênfase na

relação entre os conhecimentos acadêmicos e não acadêmicos, permitindo o

estabelecimento de relações importantes para a apreensão do conhecimento matemático

do que quando comparados com o projeto de intervenção pedagógica.

Demonstrou, também, que o material didático foi a instância de

recontextualização que apresentou o maior índice de exigência conceitual entre as

consideradas, isso pode ter ocorrido por parte do discurso regulador (a ênfase dada à

escola) e das disposições sócio-afetivas da professora PDE, uma vez que o ápice do

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141

PDE ocorre com a elaboração da produção didático-pedagógica(material didático)e sua

implementação na escola. Há que se considerar, ainda, a proximidade dessa elaboração

com o discurso instrucional, vinculado às questões cognitivas específicas do

conhecimento matemático, diferente com o que ocorre com o artigo final, que envolve

conhecimentos de outras naturezas, não tão específicos quanto ao conhecimento da

Matemática. Da análise do material didático, a especificidade quanto ao conhecimento

matemático, fica bem evidenciada, embora exista muito dessa contribuição no artigo,

porém há que se reconhecer que são produções diferenciadas em termos de seus

objetivos.

Este resultado implica considerar que existem elementos que contribuem para

enriquecer o nível de exigência conceitual dos professores e de suas produções e que a

formação continuada de professores pode ser um desses elementos. Todavia, não há

intenção de fazer generalizações e estender o raciocínio de que todos os professores que

participam do PDE elevam seus níveis conceituais. Para isso é necessário que o

professor desenvolva orientação específica de codificação elaborada que lhe

proporcione desenvolver regras de reconhecimentos e de realização para esse fim.

Outra questão a ser focalizada, é a importância creditada ao professor como

produtor de materiais didáticos, assim a ênfase dada ao livro didático pode ser reduzida,

pelo fato desse material se constituir em mais uma instância de recontextualização, que

pode colaborar para o rebaixamento do nível de exigência conceitual, conforme

verificado nas pesquisas citadas. Porém, se o professor possuir forte fundamentação

teórica/conceitual articulada a forte fundamentação metodológica advinda de bons

processos de formação, além de produzir materiais didáticos, poderá elevar o nível de

exigência conceitual que chega até o aluno, mesmo com o uso de livro deficiente, pois o

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142

domínio teórico permite, aos professores, percorrer etapas no ensino e aprendizagem

nem presentes no livro didático. Ainda é preciso reconhecer que esta produção de

materiais pelo professor, não se constitui como realidade na maioria das escolas

brasileiras da educação básica e nem mesmo no ensino superior, sobretudo nos cursos

de formação inicial e continuada, por diferentes questões.

Importa ainda reconhecer que neste estudo não foi verificado como esse

conhecimento chega, por meio prático, à escola e aos professores da disciplina de

Matemática. Portanto, não foi verificado o desempenho da professora em situação de

implementação do referido material com os demais professores, porém vale registrar

que a escola, por meio da equipe pedagógica, classificou a proposta de professora como

de difícil implementação, talvez devido a própria cultura escolar sedimentada, onde

ainda impera o isolamento entre os agentes, a reprodução de relações desgastadas. Com

relação à professora, a detecção de suas regras de reconhecimento e de realização

passiva, nas narrativas relatadas, demonstra que a professora possui códigos que lhe

permitem detectar as dificuldades que marcam o ensino da Matemática e propor

situações de aprendizagens que propiciam o enfrentamento da realidade escolar. Com

relação àquilo que se passa no interior das escolas em que atuam professores PDE no

momento de suas implementações, ficam indicadas as necessidades de outros estudos.

Dois pontos ainda merecem considerações. O primeiro se refere à contribuição

deste estudo para a percepção do PDE como parte de instituições de formação de

professores que retornam ao estudo durante seu exercício profissional, permitindo

identificar diversificadas práticas formativas. Foi possível, ainda divulgar como elas

ocorrem no seu interior e como os professores operam no desempenho de seu percurso

formativo para superar dificuldades do ensino.

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143

Por último, penso que este trabalho contribui para ampliar a divulgação dessa

abordagem teórica em estudos da área educacional demonstrando seu potencial para

análise do conhecimento escolar e das relações com aspectos da vida social, sobretudo

as características ligadas à estratificação social e divisão do trabalho.

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149

ANEXOS

ANEXO I – Projeto de Intervenção Pedagógica Profa Marilu

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ANÁLISE DE ERROS DE ALUNOS DE 5a

SÉRIE NA RESOLUÇÃO DE

OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS: NOVAS JANELAS QUE SE ABREM...

CURITIBA

NOVEMBRO/07

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150

MARILU

ANÁLISE DE ERROS DE ALUNOS DE 5a SÉRIE NA RESOLUÇÃO DE

OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS: NOVAS JANELAS QUE SE ABREM...

Plano de trabalho elaborado para conclusão do

Projeto de Desenvolvimentoda Educação

da SEED xxxx.

CURITIBA

NOVEMBRO/07

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151

1. IDENTIFICAÇÃO:

1.1. ÁREA: Matemática

1.2. Professor PDE : Marilu

1.3. Professor Orientador: x

2. TEMA DE ESTUDO DA INTERVENÇÃO: Educação Matemática e a formação de professores

3. TÍTULO: ANÁLISE DE ERROS DE ALUNOS DE 5a

SÉRIE NA RESOLUÇÃO DE OPERAÇÕES

FUNDAMENTAIS: NOVAS JANELAS QUE SE ABREM...

4. PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA:

Nesta proposta, a autora estará focalizando os erros que os alunos cometem ao chegar a 5a

série,

no que tange a resolução dos algoritmos das operações fundamentais, após quase 20 anos de observação em sua

atuação em sala de aula.

Também acredita que não se nasce professor e sim torna-se professor ao longo dos anos, sendo a

formação acadêmica apenas um pontapé inicial para um processo contínuo, pois o professor deve estar em

constante formação. Um ponto importante é que, o professor deve dominar os conteúdos que ensina,

aprofundando-se cada vez mais em sua área, além de também dominar as características dos processos de

desenvolvimento a de aprendizagem, para somente assim acompanhar as mudanças que a educação e os

educandos como um todo, sofrem ao longo do tempo.

A autora apresentará algumas situações que podem estar levando o aluno de 5asérie ao fracasso

escolar, pois, após anos de observação notou que determinados erros na resolução dos

algoritmos das operações fundamentais repetem-se ano após ano, em alunos de escolas estaduais

oriundos de diferentes níveis sócio-econômico-cultural, bem como de diferentes escolas da

primeira parte do ensino fundamental, o que motivou a autora a pesquisar tal fato.

Dessa forma, inicialmente a autora discutirá o papel do professor na análise dos erros para

entender a organização das idéias dos alunos.

Em seguida, serão levantados alguns motivos que levam ao erro na resolução da dos algoritmos

das operações, principalmente na subtração e na divisão.

Finalizando, será discutido o papel dos erros cometidos em Matemática na busca de compreensão

da construção do conhecimento lógico-matemático do aluno bem como uma proposta de encaminhamentos

metodológicos para auxiliar o trabalho do professor em sala de aula.

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5. DEFINIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO:

É muito comum dar-se grande valor ao acerto do aluno, pois o senso comum leva a crer que a

Matemática, sendo ciência exata, é disciplina onde todos devem sempre chegar à mesma resposta frente às

situações similares.

Este estudo buscará mostrar que o erro em Matemática é um reflexo e ao mesmo tempo um

instrumento de modificação do pensamento que está em constante (trans) formação. Acredita-se que saber

Matemática é muito mais que decorar e aplicar fórmulas, regras ou algoritmos para realizar certos exercícios

com êxito. Saber Matemática é tudo isso, porém sempre a partir da compreensão e da contextualização do que

se aprende, a fim de aplicar esse conhecimento em diversas situações. Para que o aluno possa ter sucesso

em Matemática, não basta ensinar definições, regras, esquemas e treinar tais procedimentos repetidamente,

deve-se preocupar muito mais com a compreensão e com a formação dos conceitos levando assim ao

desenvolvimento do pensamento matemático.

A partir dessas conclusões, pode-se concordar com Moro (1996) quando diz que:

Se um professor descobriu, nele próprio, o prazer real de fazer Matemática, de compreender suas

noções, de percorrer os caminhos dessa compreensão, seria impossível ele não colocar seus

alunos nesse caminho não lhes proporcionar situações para viver esse tipo de sentimento. (p. 132)

Quando se amplia as considerações sobre o erro do aluno, percebe-se que novas janelas se

abrem permitindo assim novos sentimentos, novas idéias, novas perspectivas de ensino-aprendizagem. Assim,

essas novas janelas abertas exigem do professor, a reavaliação do que se está fazendo em sala de aula, do que se

está ensinando e como se está ensinando.

6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

O PAPEL DO PROFESSOR

Quando se fala em algoritmos das operações fundamentais, a discussão fica restrita à idéia

de adicionar ou retirar quantidades, porém, é necessário que o professor oportunize ao aluno lidar com as

situações que constituem o campo aditivo, bem como a composição e decomposição dos números dentro do

sistema de numeração, para que possam construir os conceitos de adição e de subtração, a partir de um

embasamento sobre a construção do número e, do sistema de numeração, assim como posteriormente construir

o conceito de multiplicação e divisão, já que ambos são formas diferentes de representar adições e

subtrações.

Muitas vezes os erros cometidos pelos alunos são frequentemente causados pelo

desconhecimento da composição aditiva de um número.

Neste sentido, a autora concorda com Nunes (1997), quando diz:

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É fácil ver que a hierarquia das unidades contidas dentro de dezenas, dezenas contidas dentro de

centenas, centenas dentro de milhares, e assim por diante, exige uma compreensão da composição

aditiva, e os dados que apresentamos demonstram que as crianças precisam compreender sobre

composição aditiva a fim de dominar o sistema hindu-arábico que usamos para escrever

os números. (p. 228)

Os conceitos e modelos que os alunos constroem são baseados em situações escolares

programadas pelo professor, que também ocorrem fora de sala de aula. Esse é um dos motivos pelos quais o

professor deve conhecer seus alunos a fim de saber como eles estão pensando, para procurar entender a

organização das idéias elaboradas por eles, bem como conhecer e analisar os erros que cometem em

conseqüência das visões ainda pouco desenvolvidas, que possuem, pois assim estará procurando entender

como esses conceitos estão sendo formados. De certa forma, pode-se considerar que todos os acertos de um

aluno não provam que suas representações e seus conceitos estejam de acordo com o que os professores

aceitam como correto (Moro, 1996).

Nesse sentido, o professor deve assumir um papel de pesquisador, fazendo sempre uma análise

crítica de sua prática em sala de aula, lembrando que ele pode aprender muito com seu aluno.

O professor que assume o papel de pesquisador pode perceber nitidamente que algumas crianças

manejam perfeitamente bem uma atividade e mal outra, ambas exigindo um raciocínio bastante semelhante. A

partir da análise será possível perceber que muitas vezes o que para a maioria dos adultos é matematicamente

equivalente, para o aluno que tem uma aprendizagem ou uma concepção superficial e mecânica não é um

raciocínio equivalente. Sendo assim, como professor, deve-se prestar muita atenção aos erros e às dificuldades

dos alunos.

Muito se tem discutido sobre o funcionamento da mente e o estudo da cognição humana, assim

a análise de erros passou a despertar muito interesse, pois se acredita que os erros são indicativos do

funcionamento mental, permitindo a compreensão dos processos cognitivos do aluno. Os erros são estágios

necessários para o desenvolvimento das idéias e fazem parte do caminhar dos alunos na formação dos

conceitos, neste caso conceitos matemáticos.

Muitas vezes, os erros cometidos pelos alunos de forma sistemática são decorrentes de

idéias próprias, criadas de maneira nem sempre corretas, a partir de modelos ingênuos, incorretos ou

incompletos. Assim, pode-se encarar o erro como revelador das dificuldades de aprendizagem dos alunos.

No que se refere a resolução do algoritmo das operações fundamentais deve-se buscar meios de

reverter os casos de erro em uma situação de aprendizagem e, tentar fazer com que o aluno externe a maneira

de pensar que o levou ao erro, contribuindo à formação da imagem de “mau” que ele possui na aprendizagem

matemática.

É muito comum deparar-se com alunos que resolvem mentalmente uma situação aditiva ou

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subtrativa corretamente. Porém, se esta mesma situação for proposta de forma ao aluno usar lápis e papel, esse

aluno utiliza um procedimento muitas vezes errado, ou mesmo informa não saber fazer ou diz só saber fazer “de

cabeça”. Neste momento, o professor pode questioná-lo sobre como raciocinou mentalmente e mostrar que a

maneira de resolver o algoritmo é basicamente a mesma, a partir da composição e decomposição do

número, bastando ele registrar a forma que pensou, passo-a-passo.

Assim, pode-se perceber que uma situação aditiva ou subtrativa, quando está inserida num

contexto prático para o aluno, faz com que ele chegue à resposta certa, dando a impressão que é mais simples.

Razão pela qual o professor deve buscar contextualizar os conteúdos à realidade do aluno, bem como

quantificar a realidade, evitando a mecanização pura e simples das atividades aritméticas, especialmente

das operações fundamentais, abolindo a presença de modelos-padrão de situações aditivas e/ou subtrativas.

OS ERROS

No tocante aos erros, que ocorrem especificamente da falta de compreensão dos algoritmos das

operações fundamentais, percebe-se que alguns deles são decorrentes de técnicas operatórias treinadas

exaustivamente pelos alunos.

Na adição e na multiplicação, um dos erros mais cometidos pelos alunos acontece quando surge a

famosa regra do “vai um” que, muitas vezes, é esquecido pelo mesmo ao encontrar o total da adição. Percebe-

se que o aluno, ao cometer um erro como esse, quando é questionado e levado a expressar oralmente seu

raciocínio, muitas vezes, atribui o motivo do erro apenas ao esquecimento, sendo necessário que o professor esteja

atento para detectar se é realmente um esquecimento ou se o erro aconteceu devido à incompreensão da

composição do sistema de numeração. Pois para o aluno compreender a regra do “vai um” como um

agrupamento de dezenas, de centenas e assim por diante, é necessário que tenha bem embasada a noção

de formação do sistema de numeração. Assunto que deveria ser trabalhado bem concretamente nas séries iniciais

através de quantificação e comparação de coleções, bem como agrupamento e reagrupamento das mesmas:

antes de perceber o 12, por exemplo, como sendo 10 + 2, ele deveria percebê-lo como sendo 1 + 1 + 1 +

... + 1, embora mentalmente ele saiba o que representa a quantidade 12. Dessa forma, percebe-se que é

fundamental o aluno conceber a adição a partir da atividade e da idéia de agrupar quantidades e a multiplicação,

por conseqüência, como agrupar quantidades iguais. Se ele perceber o sistema de numeração decimal como

sendo composto por agrupamentos de dez em dez, perceberá também perfeitamente o porquê da regra do “vai

um”.

É importante ter em vista, como diz Rangel (1992, p.88), que “o número não é um conceito isolado,

o que é constituído no pensamento infantil é a sucessão dos números em um sistema organizado a partir das

unidades adicionadas e concebidas em totalidades relacionadas entre si”.

Embora existam erros na resolução do algoritmo da adição e da multiplicação, percebe-se que

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os erros decorrentes de subtrações e divisões são muito mais freqüentes e repetitivos nos diversos alunos que

chegam a 5a

série.

Muito dos erros decorrentes da incompreensão do algoritmo da subtração e da

divisão, são heranças de técnicas operatórias exaustivamente treinadas sem que houvesse a identificação, por

parte do professor, do motivo que leva o aluno ao erro, tentando assim superar tal dificuldade na origem.

Percebe-se que um dos grandes obstáculos para o algoritmo da subtração e,

consequentemente para a divisão, é o numeral “zero”, em situações como “emprestar9 do zero” ou “emprestar

para o zero".

Nesse sentido a autora concorda com Moro (1996) quando diz que:

Parece que o aluno não faz idéia de que o numeral serve para designar a presença de certa

quantidade, não percebendo que o “zero” é apenas um sinal gráfico que se convencionou para

indicar a ausência de quantidade. Muitas vezes ele associa mecanicamente o sinal gráfico à

expressão “nada” sem compreender o significado dessa negação no que se refere a quantificação

da realidade. (p. 122)

Esse fato acredita-se que ocorra como herança de uma experiência escolar onde os nomes dos

numerais são atribuídos a qualquer coleção ou agrupamento, sem verificação da quantidade referente ou,

quando há a verificação, essa ação dos alunos é de origem de uma contagem mecânica, só para satisfazer a uma

solicitação do professor.

Percebe-se essa mecanização também na realização dos algoritmos quando o aluno “conta tudo

no dedo”, chama “continha de mais”, “continha de menos”, quando “faz uso de tracinhos” para adicionar ou

subtrair. Essas atitudes, entre outras, vêm confirmar a mecanização sem compreensão nas atividades aritméticas

dos alunos, bem como muitas vezes sequer percebidas pelo professor. O aluno, ao fazer “empréstimos” (que

deveria compreender e ser chamado de decomposição, pois não emprestamos nada e o que se empresta deveria ser

devolvido) na subtração, muitas vezes devido à mecanização, não compreende esse “empréstimo” como

sendo uma decomposição do numeral de maneira global, e somente da primeira ordem, à esquerda desse

número, sem contextualizá-lo como dezena, centena, unidade de milhar, etc. E é por esse motivo que muitas

vezes o aluno ao subtrair, não desconta esse “empréstimo” feito (na verdade não completa a decomposição do

número), caindo assim no erro.

Também se caracteriza como um outro obstáculo para o aluno resolver corretamente

uma subtração, o fato de o minuendo ser um número composto por zeros, um ao lado do outro, o aluno muitas

vezes não compreende que os “empréstimos” (decomposições) serão sucessivos, devendo então começar da

esquerda para a direita, da maior para a menor ordem. Numa situação como essa, o professor deve deixar claro

9 Entende-se “emprestar” como sendo uma decomposição do minuendo quando o valor posicional dos algarismos do subtraendo são

menores que os de mesma ordem no minuendo. A autora reconhece que o termo “emprestar” é incorreto do ponto de vista

matemático, já que o que ocorre é, na verdade uma “troca”. No entanto optou em utilizar tal termo por ser o mais usual em sala de aula.

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ao aluno que aquele número deverá ser decomposto de forma a satisfazer a situação do empréstimo, decompondo

da maior ordem para a menor, se necessário fazendo uso de material dourado para mostrar as

decomposições (fazendo trocas de cubos por placas, de placas por barras, barras por cubinhos, etc, conforme a peça

considerada como referencial) .

O aluno, devido a mecanização da aritmética, é levado a considerar este tipo de decomposição

como uma “decomposição diferente” e, dessa forma, deve ter um procedimento diferente, próprio, fato este que

inclusive acaba induzindo-o muitas vezes ao erro. Porém, é neste momento que o professor deve estar

atento, pois embora o zero introduza uma dificuldade a mais, a técnica operatória continua a ser a mesma,

usando material concreto poderá mostrar que a operação será feita da mesma forma que as demais. Por

exemplo, ao fazer 9000 – 1838 ele deve mostrar ao aluno que 9000 pode ser decomposto como

8000+900+90+10, para que a subtração com reserva possa ser compreendida adequadamente, como sendo apenas

mais uma subtração.

Algumas vezes o aluno de 5a

. série ainda não compreende o que significa essas

decomposições e as realiza da direita para a esquerda, acumulando-as no último algarismo da esquerda. No

exemplo acima, ele faria 9000 – 1838 como sendo:

6 10 10 10

9 ∅ ∅ ∅

- 1 8 3 8

5 2 7 2

O aluno fez 9-3=6 porque imaginou 1+1+1=3 sem

perceber que estava decompondo o 9 que vale 900

dezenas, assim emprestou 1 para cada um dos zeros,

sem preocupar-se com valor posicional ou com a

formação do número

Outro erro muito comum cometido pelos alunos é subtrair o menor do maior, coluna a coluna, por exemplo:

961 – 185 ele fará 9 – 1 = 8, 8 – 6 = 2 e 5 – 1 = 4, dando o resultado como 824 ao invés de 776.

9 6 1

-1 8 5

8 2 4

Acredita-se que este tipo de erro o aluno comete porque desde as séries iniciais é levado a

considerar a subtração como a operação onde sempre deve retirar o menor número do maior, deixando de

pensar assim no valor posicional de cada algarismo e considerando a regra válida para cada algarismo não

somente para as quantidades (números), o que leva a concluir que o conceito de subtração que ele construiu foi

embasado em uma generalização a partir de uma particularidade da subtração. Acredita-se também que um

dos fatos que reforçam essa idéia errônea da subtração é a hierarquização das etapas para se ensinar as

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operações fundamentais, onde se trabalha exaustivamente um passo-padrão, por exemplo subtração sem

reserva que reforça as subtrações coluna a coluna, levando o mesmo a fazer generalizações e a criar regras

a partir de particularidades que nem sempre podem ser aplicadas à casos gerais.

Embora seja difundida a idéia de que há necessidade de partir do caso mais simples para o

caso de maior dificuldade ao se ensinar os algoritmos, também se acredita que o professor deva estar atento ao

fato de que, muitas vezes, o excesso de treinamento em determinadas atividades pode levar o aluno a criar

regras falsas, que geram erros quando o conceito não está firmemente construído ou compreendido, aumentando

assim as dificuldades ao invés de desenvolver a compreensão. Tais fatos contribuem para levar o aluno ao

fracasso escolar em Matemática, inclusive nas séries escolares posteriores a que está emcurso.

Na mesma direção das conclusões da autora, David (1996) afirma:

Nas escolas primárias as crianças são encorajadas a praticar rotinas para se tornarem “fluentes”

na aritmética elementar. A progressão vai das rotinas mais simples para as mais complexas. Esta

parece ser a forma lógica de proceder. Porém, se observarmos o que realmente acontece na sala

de aula, vamos verificar que esta seqüência pode encorajar as crianças a praticarem técnicas que

funcionam num contexto limitado, mas que não podem ser generalizadas. Muito longe de lhes

fornecer um processo de crescimento contínuo e cuidadosamente seqüenciado, esta abordagem

pode levar as crianças a aprenderem técnicas “defeituosas” que só podem ser diagnosticas num

estágio mais avançado.

Entretanto, pode-se lhes estar dando páginas e páginas de exercícios que os levam a praticar os

seus erros, obtendo um sucesso de curta duração mas preparando-os, desavisadamente para o

fracasso futuro. (p. 27)

Do exposto, pode-se afirmar que os alunos não erram por acaso ou por falta de atenção, pura e

simplesmente, existe sempre um motivo sustentando esse erro, e compete ao professor estudar os erros para

poder auxiliar e melhorar a compreensão dos alunos, retirando assim a idéia de Matemática como sendo uma

disciplina de regras desvinculadas da realidade.

Não se pretende cultuar o erro neste texto, mas alertar os professores para os motivos que

levam o aluno ao erro, tornando possível reorganizar a prática pedagógica de forma a auxiliar o

desenvolvimento do aluno, evitando uma aprendizagem superficial de regras, linguagem de sinais operatórios

ou mesmo truques e esquemas.

Acredita-se que tanto alunos como professores têm muito a aprender a partir do erro, ao

invés de tratá-lo como algo intrinsecamente “mau”.

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158

7. DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO

A autora pretende trabalhar com pesquisa-ação, fazendo análise de atividades de resolução de

algoritmos feitos por alunos de quinta série, observando o tipo de erro cometido, também lançando mão de

conversas com alunos sobre a forma de pensar em cada operação. Além dessa análise, num segundo

momento, pretende ouvir os professores sobre seu olhar diante os erros dos alunos, e como acham que os

alunos pensaram em cada tipo de erro cometido, além de questionar sobre o motivo que os professores

acham que possa ter levado o aluno ao erro. Também fará uso das informações coletadas junto aos professores

do grupo de trabalho em rede (GTR) através de fóruns para troca de idéias.

Após todo esse levantamento de informações pretende-se estudar propostas

metodológicas que venham de encontro à tentativa de solucionar ou no mínimo amenizar a dificuldade

operatória dos alunos de quinta série.

Os encontros de orientação, seminários e cursos promovidos pela SEED/PDE e pela IES,

onde foram discutidos e argumentados vários procedimentos e posicionamento com relação à educação e o

papel do professor na rede pública de ensino, vieram contribuir para a realização deste plano de trabalho

durante o primeiro período.

7.1. ESTUDOS ORIENTADOS:

A partir de 24 de abril de 2007, todos os encontros com orientação serviram de base para

construção, delimitação e enriquecimento do tema, objetivos, justificativas, problematização, fundamentação

teórica e revisão contínua da bibliografia do projeto de pesquisa e do plano de trabalho.

7.2. ENCONTROS DE ORIENTAÇÃO:

O primeiro encontro de orientação foi realizado na Universidade Federal do Paraná

(Politécnico), no dia 24 de abril de 2007, terça-feira às 17h30min com uma breve introdução sobre as

Tendências em Educação Matemática com o relato sobre o movimento Matemática Moderna na década de

70 e descrição sobre as principais Tendências em Educação Matemática (resolução de problemas, mídias

tecnológicas e educação matemática, etnomatemática e modelagem matemática).

Os demais encontros ocorreram nos dias 24 de maio, 21 de junho e 26 de julho, onde

analisamos OACs e Folhas já produzidos para compreensão dos elementos integrantes para uma futura

produção dos mesmos.

Além desses encontros oficiais, tivemos a oportunidade de conversar com o orientador

semanalmente por ocasião da realização de um curso: de extensão denominado Tendências em Educação

Matemática, ministrado pelo mesmo.

Durante o segundo período os encontros acontecem às terças-feiras, às 20h30m. Os encontros

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159

são usados para elaboração do material didático OAC ou caderno pedagógico conjunto com outros

professores participantes do PDE/UFPr e UFPr-litoral e, também da proposta de intervenção e suas datas de

realização são 7 de agosto, 4 de setembro, 2 de outubro, 6 de novembro e 4 de dezembro.

7.3. ORIENTAÇÃO AOS GRUPOS DE TRABALHO EM REDE:

O Grupo de Trabalho em Rede (GTR) está ocorrendo de forma virtual, a partir de 3 de

outubro de 2007, onde os grupos foram formados por professores de todo o Estado, previamente selecionados

e distribuídos pela SEED/PDE, por disciplina/área para a orientação de cada professor PDE, de acordo com

instruções específicas.

O Grupo de Trabalho em Rede se desenvolverá em 6 módulos virtuais, no período de 03

outubro de 2007 até 30 de junho de 2008, com apresentação dos integrantes do grupo, troca de

experiências, discussões reflexivas, relato de percepções e observações, análise da proposta de

intervenção e do plano de trabalho do professor PDE através de fóruns e diários

O objeto de estudo no Grupo de Trabalho em Rede é a ANÁLISE DE ERROS DE ALUNOS

DE 5a. SÉRIE NA RESOLUÇÃO DE OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS, que está sendo desenvolvido na

plataforma MOODLE, com os módulos assim distribuídos:

• MÓDULO 1 : de 03 a 10/10 de 2007 → Primeiros contatos

• MÓDULO 2: de 11 a 31/10 de 2007 → Estudos Orientados

• MÓDULO 3: de 01 a 26/11 de 2007 → Objeto de Estudo

• MÓDULO 4 : de 27/11 a 18/12 de 2007 → Material Didático

• MÓDULO 5 : de 04/02 a 30/04 de 2008 → Proposta de Intervenção

• MÓDULO 6 : de 02/05 a 30/06 de 2008 → Proposta de Implementação

7.4. ENCONTROS REGIONAIS – PDE:

As atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) iniciaram em 12 de

março de 2007 no Centro de Convenções de Curitiba com a aula inaugural para

1200 professores PDE, docentes orientadores das IES e autoridades responsáveis pelo PDE nas IES e na

SEED, cujo palestrante convidado foi o professor Dr. Gaudêncio Frigotto da UFRJ, que abordou A Formação

Continuada de Professores como política Pública: Um Desafio Institucional.

No dia 03 de abril de 2007 na UFTPR, foi realizado o 1º Encontro do PDE

para orientações do Programa Curricular do Programa de Desenvolvimento Educacional.

7.5. ENCONTROS DE ÁREAS ESPECÍFICAS:

Esses encontros ocorreram nos dias 26 e 27 de setembro, 03, 04, 10, 11, 17 e

18 de outubro de 2007, constituíram-se de reuniões entre Orientadores e Orientandos da mesma

disciplina/área, ou entre disciplinas/áreas afins, nas quais os orientandos apresentaram seu projeto de pesquisa para

discussão coletiva, análise e contribuições de forma a melhorar o mesmo.

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160

7.6. SEMINÁRIOS ESPECÍFICOS DO PDE:

Foram realizadas nos dias 27 e 28 de março de 2007, no Canal da Música TV Paulo Freire, a

palestra Cidadania e Cultura com a palestrante Profª. Dra. Olgária Chain Feres Matos da USP e A

Educação Popular na Escola Cidadã e a Educação como Cultura com o Prof. Dr. Carlos Rodrigues

Brandão.

O 1º Seminário Temático do Programa de Desenvolvimento Educacional foi realizado nos

dias 03 de 04 de maio de 2007, no Canal da Música TV Paulo Freire. Os temas abordados foram A Educação no

Contexto do mundo do Trabalho com a profª Dra Acácia Zeneida Küenzer da UFPR, mesa redonda A

Formação Continuada Frente aos Desafios do Mundo do Trabalho, Conhecimento e Teorias Pedagógicas

com a Profª. Dra. Lízia Helena Nagel da UEM e mesa redonda sobre A Formação de Docentes e a Necessária

Articulação com a Educação Básica.

O 2º. Seminário Temático do Programa de Desenvolvimento Educacional foi realizado nos

dias 23 e 24 de outubro de 2007, no Colégio Militar de Curitiba onde os temas abordados foram Imaginários

Pedagógicos e o Contexto Educacional Ibero-Americano com o palestrante Prof. Dr. Miguel Rojas Mix,

filósofo e historiador, cátedra UNESCO da Comunidade Ibero americana/Paris e diretor do Centro Extremeño de

Estudios y Cooperación com Ibero América - CEXECI / ES e debate com professor Romeu Gomes de

Miranda, Presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE); palestra Ciência, Conhecimento Escolar e

Suas Relações com Prof. Dr. Nilson Marcos Garcia da UTFPr e debate com professora Dra. Odisséa

Boaventura de Oliveira da UFPR; palestra Educação, Mídia, Ideologia e seus Embates com professora

Dra. Lígia Klein da UFPR e debate com a professora Dra. Inês Lacerda Araújo da PUC-Curitiba, tendo

como mediadora professora. Maria Madselva, diretora Geral do Colégio Estadual do Paraná .

7.7. CURSOS/IES:

7.7.1. Curso Tendências em Educação Matemática realizado às terças-feiras das 17h30 às

20h30, de 8 de maio a 11 de setembro de 2007, no Centro Politécnico da UFPR , sob a orientação do

professor Emerson Rolkouski, com duração de 64 horas,.

7.7.2. Curso Produção de Material didático com Enfoque Tecnológico realizado no período de 25 a 29

de junho de 2007 no Centro Politécnico da UFPR, das 13 às 17 horas (módulo presencial), de 02 á 07 de

julho (módulo virtual) e de 06 a 10 de agosto (módulo presencial) com a apresentação de pôsteres encerrando o

curso, com as seguintes temáticas:

• Revisão e atualização do cronograma.

Relatório e discussão das tarefas no ambiente virtual (monitores) Inclusão

utilizando as TICs com a Dra. Valéria Luders.

• Linguagens Cinematográficas – Dra. Susana da Costa Ferreira.

• A TV e a Escola – Doutora Rosa Maria Cardoso Dalla Costa.

• Metodologia dos 5E com Dra. Harriett Stubbs – North Carolina State University – EUA .

• Ciclo de aprendizagem e sistema de Informação Geográfica num material sobre avaliação da

aprendizagem , com mestrando Ricardo Vieira da Silva e Dra. Christiane Gioppo, da UFPR.

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161

• Montagem dos painéis e instalação dos pôsteres .

Apresentação dos pôsteres.

7.7.3. Curso Metodologia da Pesquisa Educacional no período de 10 de setembro a 4 de outubro de 2007

sob orientação da professora Dra. Sonia Maria Chaves Haracemiv, na UFPr, com carga horária de 64 h.

7.7.4. Curso Pesquisa em Educação Matemática e Suas Implicações na Prática Pedagógica realizado

às terças-feiras das 17h30 às 20h30, no Centro Politécnico da UFPR, sob a orientação do professor Dr. Emerson

Rolkouski com carga horária 64 h.

Toda essa dinâmica do PDE, desde o 1º Seminário Temático serviu de embasamento

para a fundamentação teórica da pesquisa, além de

enriquecer os conhecimentos a fim de planejar e executar nosso projeto de pesquisa.

7.8. ATIVIDADES/DISCIPLINAS OPTATIVAS IES:

7.8.1. ATIVIDADES OPTATIVAS:

• 13 de junho de 2007 – Conferência “Relacion entre la Universidad y la Escula: compromisso em

la elaboración del conocimento” com Professor Dr. Jaume Martinez Bonafé da Universidade de Valência

– Espanha, na UFPr, Centro Politécnico, Projeto Pró docência na UFPr: Formação de professores em

Ciências da Natureza, Educação Física e Matemática com carga horária de 4 h.

• 16 de junho de 2007 – II Seminário de Educação Matemática da RME, realizado no

Centro de Capacitação da Secretaria Municipal de Educação, com carga horária de 8h.

1ª. Palestra “Educação Matemática Contemporânea” com professor Antônio José Lopes

2ª. Palestra “ Monstros e Educação Matemática” com professor Dr Carlos Roberto Vianna

3ª. Palestra “O Papel do Cálculo na Aprendizagem de Matemática” com professor Luiz Marcio Imenes.

Oficina: Resolução de problemas heurísticos como possibilidade avaliativa com professor Roberto J.

Medeiros Júnior.

• 23 de agosto de 2007 - Visita a exposição ESPAÇO, TEMPO, ESTRUTURA, ABSTRAÇÃO,

DIÁLOGOS ENTRE ARTE E MATEMÁTICA, no MusA - Museu de Arte da UFPR com carga

horária de 2h.

7.8.2. DISCIPLINAS OPTATIVAS/ IES:

• Disciplina “ Projetos Integrados em Educação Matemática I ” com aulas de agosto a dezembro de

2007, no período noturno, na UFPr com professor Alexandre Pereira, carga horária de 30h.

• Disciplina “ Projetos Integrados em Educação Matemática II ” aulas de agosto a

dezembro de 2007, no período noturno, na UFPr com professor Alexandre Pereira, carga horária de 64h.

7.9. ATIVIDADES DE FORMAÇÃO E INTEGRAÇÃO EM REDE – PDE:

• Dia 06 de setembro de 2007 ocorreu o curso de capacitação do ambiente MOODLE ministrado pelas

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162

professoras Cristiane Jakymiu e Cilene Vieira do CRTE do NRE Curitiba, com carga horária de 8 h.

Com os seguintes tópicos:

• Instruções sobre a plataforma MOODLE.

• Primeiros passos na interface MOODLE.

• Edição do perfil do usuário.

• Identificação das ferramentas do ambiente: mensagens, fórum, diário, mensagem e programação dos

módulos.

7.10. ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO:

O segundo período do PDE, de julho a dezembro de 2007, envolve a pesquisa bibliográfica

sobre os algoritmos das operações fundamentais e como se processa a aprendizagem dos mesmos nas

séries iniciais até a 5ª. série (6º. Ano) do ensino fundamental, como o estudo de estratégias para facilitar a

compreensão do pensar do aluno para assim entender a organização de suas idéias, pois através da compreensão

do pensamento do aluno o professor poderá reorganizar sua prática pedagógica, dessa forma revertendo o

erro em situação de aprendizagem.

A partir desse estudo elaborar um Objeto de Aprendizagem Colaborativo (OAC), envolvendo

análise de erros nas operações fundamentais e/ou a elaboração de um caderno pedagógico em conjunto com

outros professores participantes do PDE na área de matemática.

Neste período também acumulou a carga horária das disciplinas obrigatórias e optativas,

pois não foram ofertadas no primeiro período do PDE, bem como os encontros de área, de orientação e

atividade de Formação e Integração em Rede (GTR), sobrecarregando a todos os professores PDE e muito a

mim, pois tenho apenas 20h no período noturno na Rede Estadual de Ensino das quais estou em licença

para estudos do PDE, e as outras 37h de trabalho diurno estou em plena atividade na rede privada de

ensino, onde não disponho de licença para o PDE.

7.11. IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NA ESCOLA:

Durante o terceiro período pretendo levar estes estudos à prática no colégio, bem como discutir

e trocar idéias com colegas de área e série fonte da pesquisa, além da pesquisa feita com professores do GTR.

A proposta de intervenção consiste em formar grupos de estudos com professores da área no

colégio, para que participem das discussões referentes ao meu objeto de estudo, com troca de experiências,

sugestões de atividades, além das trocas com professores do GTR.

Para que possamos organizar esse Grupo de Estudos é necessário a certificação do professor

participante, com carga horária validada pela SEED para que este possa ter avanço na carreira. É condição

mínima para a implementação da proposta de intervenção a participação do professor do colégio, pois sem a

participação dos colegas, torna-se inviável qualquer intervenção, lembrando que não há como intervir

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163

sozinho numa situação que afeta a todo o grupo.

Ao término do processo, no final do quarto período, haverá apresentação do trabalho de

final de curso, com a produção de um artigo científico ou Objeto de Aprendizagem Colaborativo (OAC), tendo

a temática voltada ao plano de estudo, sob a orientação do professor xxxxx sendo validado pelo mesmo e pelo

Coordenador do PDE na UFPr.

Nosso objetivo é coletar uma gama de erros de alunos de 5ª. série e discutir com professores da

rede as causas desses erros. Essa discussão poderá ser dada em forma de oficinas de análise de erros, além dos

fóruns do GTR.

Além disso, nossa análise será publicada na forma de artigo científico ou caderno pedagógico. O

objetivo de tal publicação é auxiliar os professores tanto a analisar erros como na elaboração de propostas

metodológicas que visem a saná-los e/ou a evitá-los.

7.12. AVALIAÇÃO E REGISTRO DOS RESULTADOS DO TRABALHO: a definir.

8. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES:

Ano: 2007

ETAPAS Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Aula Inaugural X

Estudos Orientados X X X X X X X X X

Encontros de Orientação X X X X X X X X X

Orientação aos Grupos de

Trabalho em Rede

X

X

X

X

X

Encontros Regionais PDE X X

Encontros de Áreas

Específicas

X

X

Seminários Específicos do

PDE

X

X

X

X

Cursos/IES X X X X X X X X

Atividades/Disciplinas

Optativas/IES

X

X

X

X

X

Atividades de Formação e

Integração em Rede – PDE

X

X

X

X

X

Elaboração de Material

Didático

X

X

X

X

X

Revisão de literatura X X X X X X X X X

Elaboração do plano de

Trabalho

X

X

X

X

Disseminação do trabalho em

grupos de estudo

X

X

X

X

X

Redação do Plano de

Trabalho

X

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164

Entrega do Plano de

Trabalho

X

Ano: 2008

ETAPA Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Implementação da

Intervenção na Escola

X

X

X

X

X

X

Atividade de Formação e

Integração em Rede

X

X

X

X

X

X

Encontros de Orientação X X X X X X X X

Elaboração do Trabalho

Final do PDE

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

Avaliação e Registro dos

Resultados do Trabalho

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

Apresentação do Seminário

de Socialização

X

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DAVID, Maria Manuela; MACHADO, Maria da Penha. Como alguns procedimentos de ensino estão

contribuindo para o erro e o fracasso em matemática. Educação e Matemática. Lisboa:

Revista da Associação de Professores de Matemática, n. 40, p. 25-

29, nov. 1996.

MORO, Maria Lúcia. Quando as crianças constroem juntas a adição/subtração... e a construção

do professor? in: NOVAES, Maria Helena; BRITO, Marcia Regina F. de. Psicologia na

educação: articulação entre pesquisa, formação e prática pedagógica. Rio de Janeiro:

Associação Nacional de Pesquisa e Pós Graduação em Psicologia, 1996, p. 120-133.

NUNES, Terezinha; BRYANT, Peter. Tradução: COSTA, Sandra. Crianças fazendo matemática.

Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

RANGEL, Ana Cristina Souza. Educação matemática e a construção do número pela criança:

uma experiência em diferentes contextos sócio-econômicos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

DAVID, Maria Manuela M S. A formação matemática do professor. Belo Horizonte: Autêntica,

2007.

PONTE, João Pedro da. Investigações Matemáticas na Sala de Aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

CURY, Helena Noronha. Análise de erros - O que podemos aprender com as respostas dos alunos. Belo

Horizonte: Autêntica, 2007.

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165

PARANÁ. Secretaria da Educação. Diretrizes Curriculares da educação Fundamental da

Rede de Educação Básica do Estado do Paraná. 2006

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166

ANEXO II – Material Didático Profa

Marilu

ESTADO DO PARANÁ

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

CADERNO PEDAGÓGICO DE ANÁLISE DE ERROS

2008

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167

INTRODUÇÃO

A autora, neste caderno pedagógico, estará enfocando os erros mais comuns que os

alunos cometem ao chegar a 5a série, no que tange a resolução dos algoritmos das operações

fundamentais, após quase 20 anos de observação em sua atuação em sala de aula.

Por acreditar que não se nasce professor e sim se torna professor ao longo dos anos,

sendo a formação acadêmica apenas um pontapé inicial para um processo contínuo, o professor

deve estar em constante (trans)formação.

Um ponto importante é que, o professor deve dominar os conteúdos que ensina,

aprofundando-se cada vez mais em sua área, além de também dominar as características dos

processos de desenvolvimento a de aprendizagem, para somente assim acompanhar as

mudanças que a educação e os educandos como um todo, sofrem ao longo do tempo.

A autora apresentará algumas situações que podem estar levando o aluno de 5a série

ao fracasso escolar, pois, após muita observação notou que determinados erros na resolução dos

algoritmos das operações fundamentais repetem-se ano após ano, em alunos de escolas

estaduais oriundos de diferentes níveis sócio-econômico-cultural, bem como de diferentes

escolas das séries iniciais do ensino fundamental, o que motivou a autora a pesquisar tal fato.

Dessa forma, inicialmente explanará o papel do professor na análise dos erros para

entender a organização das idéias dos alunos.

Em seguida, apresentará alguns motivos que levam ao erro na resolução da dos

algoritmos das operações, principalmente na subtração e na divisão e apresentará atividades

para análise de erros proposta para os professores.

Finalizando, discutirá o papel dos erros cometidos em Matemática na busca de

compreensão da construção do conhecimento lógico-matemático do aluno, bem como uma

proposta de encaminhamentos metodológicos para auxiliar o trabalho do professor de quinta-

série, na resolução dos algoritmos das operações fundamentais e comentários sobre a atividade

de análise de erros proposta.

O PAPEL DO PROFESSOR

Quando se fala em operações fundamentais, a discussão fica restrita à idéia de

adicionar ou retirar quantidades, porém, é necessário que o professor oportunize ao aluno lidar

com as situações que constituem o campo aditivo, bem como a composição e decomposição dos

números dentro do sistema de numeração, para que possam construir os conceitos de adição e

de subtração, e posteriormente de multiplicação e de divisão, a partir de um embasamento sobre

a construção do número e também do sistema de numeração, pois muitas vezes os erros

cometidos pelos alunos são freqüentemente causados pelo desconhecimento da composição

aditiva de um número.

Neste sentido, a autora concorda com NUNES (1997), quando diz:

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168

É fácil ver que a hierarquia das unidades contidas dentro de dezenas, dezenas

contidas dentro de centenas, centenas dentro de milhares, e assim por diante,

exige uma compreensão da composição aditiva, e os dados que apresentamos

demonstram que as crianças precisam compreender sobre composição aditiva a

fim de dominar o sistema hindu-arábico que usamos para escrever os números.

(p.228)

Os conceitos e modelos que os alunos constroem são baseados em situações escolares

previamente programadas pelo professor e, que também ocorrem fora de sala de aula. Esse é um

dos motivos pelos quais o professor deve conhecer seus alunos a fim de buscar saber como eles

estão pensando, para procurar entender a organização das idéias elaboradas por eles, bem como

conhecer e analisar os erros que cometem em conseqüência das visões ainda pouco

desenvolvidas que possuem, pois assim estará procurando compreender como esses conceitos

estão sendo formados. De certa forma, pode-se considerar que todos os acertos de um aluno não

provam que suas representações e seus conceitos estejam de acordo com o que os professores

aceitam como correto.

Nesse sentido, o professor deve assumir um papel de pesquisador, fazendo sempre

uma análise crítica de sua prática em sala de aula, lembrando que ele pode aprender muito com

o pensar de seu aluno.

De acordo com D'Ambrósio (2005), é necessário que o professor que ensina

Matemática, ouça a voz do aluno, de modo que ele, professor, possa construir um modelo da

Matemática do aluno. E, para isso é fundamental que ele tenha um conhecimento profundo, mas

não operacional dos conceitos trabalhados, pois, é muito mais complexo que isso. Deve estar

atento a novas dimensões e flexível, para alterar suas próprias construções. Ela usa uma

metáfora para descrever a ação do professor como o ato de "desempacotar" o seu próprio

conhecimento formal da Matemática para entender as construções dos alunos e, ao mesmo

tempo, "desempacotar" o conhecimento destes para analisá-lo a fundo. Afirma também, que o

maior dilema do professor é quando ele procura interpretar o trabalho de um aluno, pois muitos

deles são aprovados nos cursos de Matemática e estão convencidos de que possuem o

conhecimento necessário para lecionar e, ao ter que interpretar os trabalhos dos alunos, se

deparam com dificuldades, pois de fato não possuem o conhecimento profundo necessário para

desempacotar a Matemática formal e reconstruir, ou enriquecer, seu repertório de soluções.

O professor que assume esse papel de "desempacotador" pode perceber nitidamente

que algumas crianças manejam perfeitamente bem uma atividade e mal outra, ambas exigindo

um raciocínio bastante semelhante. A partir da análise será possível perceber que muitas vezes o

que para a maioria dos adultos é matematicamente equivalente, para o aluno que tem uma

aprendizagem ou uma concepção superficial e mecânica não é um raciocínio equivalente e

muitas vezes o contrário, muito complexo. Sendo assim, como professor, deve-se prestar muita

atenção aos erros e às dificuldades dos alunos.

Muito se tem discutido sobre o funcionamento da mente e o estudo da cognição

humana, assim a análise de erros passou a despertar muito interesse, pois se acredita que os

erros são indicativos do funcionamento mental, permitindo a compreensão dos processos

cognitivos do aluno.

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169

Pode-se considerar os erros como estágios necessários para o desenvolvimento das

idéias que fazem parte do caminhar dos alunos na formação dos conceitos, neste caso conceitos

matemáticos.

Muitas vezes, os erros cometidos pelos alunos de forma sistemática são decorrentes de

idéias próprias, criadas de maneira nem sempre corretas, a partir de modelos ingênuos,

incorretos ou mesmo incompletos. Assim, pode-se encarar o erro como revelador das

dificuldades de aprendizagem dos alunos.

No que se refere à resolução das operações fundamentais deve-se buscar, em sala de

aula, meios de reverter os casos de erro em uma situação de aprendizagem e, tentar fazer com

que o aluno externe a maneira de pensar que o levou ao erro, pois se sabe que o erro contribui à

formação da imagem de "mau" que ele possui na aprendizagem Matemática, muitas vezes

inclusive, na visão dos professores.

É muito comum deparar-se com alunos que resolvem mentalmente uma situação

aditiva ou subtrativa corretamente. Porém, se esta mesma situação for proposta de forma ao

aluno usar lápis e papel, esse aluno utiliza um procedimento muitas vezes errado, ou mesmo

informa não saber fazer ou diz só saber fazer "de cabeça". Neste momento, o professor pode

questioná-lo sobre como raciocinou mentalmente e mostrar que a maneira de resolver o

algoritmo é basicamente a mesma de seu raciocínio mental, a partir da composição e

decomposição do número, bastando ele registrar a forma que pensou, passo-a-passo.

Assim, pode-se perceber que uma situação aditiva ou subtrativa, quando está inserida

num contexto prático para o aluno, faz com que ele chegue à resposta certa, dando a impressão

que é mais simples. Razão pela qual o professor deve buscar contextualizar os conteúdos à

realidade do aluno, bem como quantificar a realidade, evitando a mecanização pura e simples

das atividades aritméticas, especialmente das operações fundamentais, abolindo a presença de

modelos-padrão de situações aditivas e/ou subtrativas.

ERROS NAS OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS: ALGUMAS VISÕES

Para Cury (1995), os erros cometidos pelos alunos são possibilidades que abrem para

o sujeito a oportunidade de ser construtor do próprio conhecimento. O erro é elemento

importante para a aprendizagem, uma vez que a evolução da inteligência e dos conhecimentos

provém de situações perturbadoras.

Baseando-se na epistemologia genética, Macedo (1994) reforça a importância do erro

no processo de desenvolvimento da criança e o seu significado para a apropriação dos

conhecimentos escolares. Para ele, no contexto escolar o erro pode ser encarado de duas

maneiras, uma formal e uma natural. Na formal o errado se opõe ao certo, que é uma verdade

incontestável. Nesse caso o erro é visto como algo ruim, a ser evitado ou punido. Na maneira

natural, o erro faz parte do processo de aprendizagem, pois "as estruturas, os esquemas, os

conceitos, as idéias, são criados, construídos, por um processo de auto-regulação" (MACEDO,

1994, p.69) buscando a sintonia necessária para atingir um resultado positivo no que se refere à

aprendizagem do aluno.

O posicionamento de diversos educadores, autores de pesquisas na área de análise de

erros, complementa essas idéias, pois considera que dependendo de como o erro é visto pelo

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170

professor, pode se constituir num obstáculo emocional à aquisição de novos conceitos se a

aprendizagem ocorrer forma traumática, e pode-se constatar que a Matemática é considerada

uma das disciplinas curriculares que mais proporciona esses sentimentos negativos na escola.

Silva e Emerique (2000) mostram que existe um círculo vicioso quanto ao erro, em

Matemática: o obstáculo emocional induz ao erro e, ocorrendo o erro, este desencadeia emoções

como frustração, angústia, raiva, entre outras, que se tornam obstáculos para a aprendizagem.

Com relação à análise dos erros cometidos pelos alunos, ela pode ser realmente uma

estratégia poderosa para a prática dos professores, uma vez que identificado o pensamento dos

alunos fica mais claro o caminho que pode conduzi-los ao sucesso na aprendizagem.

Muitas vezes os erros são recorrentes para um aluno e por isso sua superação precisa

ser individual, com atendimento particular do professor, impossibilitando assim o trabalho em

sala de aula, quando temos muitos alunos nessa situação e/ou turmas com grande quantidade de

alunos. Entretanto, o professor tem ali o aluno e pode questioná-lo sobre o próprio desempenho,

ajudando-o inclusive a refletir sobre ele, mostrar sua dificuldade de compreensão além de poder

conduzí-lo de forma a superar tal dificuldade, o que seria um ganho fantástico em termos de

aprendizagem e desenvolvimento, principalmente se pudermos contar com a ajuda do professor

da sala de apoio (somente nas 5ª séries).

Constata-se, assim, a necessidade de alterar a forma de ver o erro do aluno, e não

apenas no que se refere às operações fundamentais. Entretanto, apenas constatar que os alunos

não dominam determinados conteúdos é pouco para mudar a nossa prática pedagógica. Para ir

um pouco além é preciso analisar o que os alunos erram para que se possa ir mais diretamente

ao ponto "frágil" do ensino e da aprendizagem. Os erros, por outro lado, não podem ser

considerados como desempenhos definitivos nem como conhecimentos irrecuperáveis e

conhecê-los é importante para proporcionar aprendizagem.

Por esses motivos, a partir da aplicação de atividades envolvendo as operações

fundamentais com alunos de 5ª. séries, a autora selecionou alguns dos erros mais comuns e

freqüentes, para que possamos fazer uma análise e discussão, buscando a sua transformação em

situação de aprendizagem, buscando uma nova visão frente ao erro dos alunos. Algumas das

situações de erros foram baseadas em oficinas aplicadas pelo professor orientador desta

pesquisa.

ALGUMAS SITUAÇÕES DE ERROS NAS OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS

PARA VOCÊ RESOLVER E REFLETIR

Situação 1: Uma criança obteve as seguintes adições10

:

10

Esse erro vem sendo utilizado pelos pesquisadores Rômulo Campos Lins, Antonio Vicente Maraffioti

Garnica e Emerson Rolkouski, para exemplificar o que Lins denomina de leitura positiva, que,

basicamente, se resume em procurar encontrar o que o aluno sabe sobre o que faz, ao contrário da leitura

comumente realizada em sala de aula, qual seja, o que o aluno não sabe sobre o que faz.

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171

345 4345

+ 959 + 1739

1799 9999

a) Procure descobrir como ela pensou e o que a professora enfatizou para

que a criança tenha cometido este erro?

b) Resolva as operações 678 + 987 e 453 + 123 pelo método da criança:

c) O que essa aluna sabe sobre adição e o que ela não sabe?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com essa criança?

Situação 2: Um aluno calculou 709 + 291 e encontrou 1090.

a) Como o aluno pensou?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que esse aluno sabe sobre adição e o que ele não sabe?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com esse aluno?

Situação 3: Veja como um aluno calculou 8007 - 3289.

a) Como você acredita que o aluno pensou?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que esse aluno sabe sobre subtração e o que ele não sabe?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com esse aluno?

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172

Observe como outro aluno fez a mesma operação:

5

8 10 10 17

-3 2 8 9

2828

Situação 4: Um aluno calculou 48003 – 29135 e obteve 8868.

a) Como o aluno pensou?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que esse aluno sabe sobre subtração e o que ele não sabe?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com esse aluno?

Situação 5: Um aluno fez 80007 – 32899 = 58112.

a) Descubra como ele pensou.

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que esse aluno não sabe sobre subtração?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com esse aluno?

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173

Situação 6: Observe como outro aluno fez 80007 - 32899:

a) Como esse aluno pensou ao resolver?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) E esse aluno, o que sabe sobre subtração e o que ele não sabe?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com esse aluno?

Situação 7: Um aluno resolveu a multiplicação 26 x 3 e encontrou 98:

a) Como você acredita que o aluno pensou?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que esse aluno sabe sobre multiplicação e o que ele não sabe?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com esse aluno?

Situação 8: Um aluno resolveu 27 x 15 assim:

27

x 15

135

+570

705

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a) Como o aluno pensou?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que esse aluno sabe sobre multiplicação e o que ele não sabe?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com esse aluno?

Situação 9: Um aluno resolveu a operação 43 x 25 da seguinte forma:

43

x 25

215

+ 86

301

a) Como o aluno pensou?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que esse aluno sabe sobre multiplicação e o que ele não sabe?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com esse aluno?

Situação 10: Um aluno resolveu a multiplicação 409 x 6 e encontrou 2704:

409

_x6

2704

a) Como você acha que o aluno pensou?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que esse aluno sabe sobre multiplicação e o que ele não sabe?

d) Que estratégias didáticas você usaria para trabalhar com esse aluno?

Situação 11: Outro aluno resolveu a multiplicação 108 x 35 e encontrou 1120.

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175

a) Qual foi a forma de pensar desse aluno?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que esse aluno sabe sobre multiplicação e o que ele não sabe?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com esse aluno para sanar essa

dificuldade?

Situação 12: Um aluno resolveu a multiplicação 308 x 47 assim:

a) Qual foi a forma que esse aluno pensou ?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que falta esse aluno saber sobre multiplicação?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com esse aluno para sanar essa

dificuldade?

Situação 13: Um aluno resolveu a multiplicação 2057 x 46 assim:

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176

a) Qual foi o raciocínio desse aluno?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que falta esse aluno saber sobre multiplicação?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com esse aluno para sanar essa

dificuldade?

Situação 14: Um aluno resolveu a multiplicação 409 x 302 e encontrou 4918:

a) Como você acha que o aluno pensou?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que esse aluno sabe sobre multiplicação e o que ele não sabe?

d) Que estratégias didáticas você usaria para trabalhar com esse aluno?

Situação 15: Outro aluno resolveu a multiplicação 409 x 303 e encontrou 13497:

a) Qual foi a forma de pensar desse aluno?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que esse aluno sabe sobre multiplicação e o que ele não sabe?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com esse aluno?

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177

Situação 16: Outro aluno resolveu a multiplicação 3138 x 102 e encontrou

351456.

a) Qual foi a forma de pensar desse aluno?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que esse aluno sabe sobre multiplicação e o que ele não sabe?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com esse aluno?

Situação 17: Um dos motivos que levam os professores a não permitirem que seus alunos

resolvam as operações de maneiras diferentes da usual é acreditarem que aquele algoritmo,

aquela forma é a única. No entanto, ao percorrermos alguns livros nos deparamos com

algoritmos usados na história, e outros que ainda são utilizados em outros países. É o caso do

exemplo a seguir utilizado na França (gelosia)11

a) Resolva 123 x 26 utilizando este método:

b) Procure explicar utilizando a idéia de valor posicional porque o método funciona:

c) Você já mostrou esse método para seus alunos?

11

Extraído de Oficina do professor Emerson Rolkouski (2007)

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Situação 18: Um aluno resolveu a divisão de 7105 por 35 assim:

7105 |35 x

705 2221

105

05

0

a) Como o aluno pensou?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que esse aluno sabe sobre divisão e o que ele não sabe?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com esse aluno?

Situação 19: Veja como um segundo aluno resolveu a mesma divisão:

7105 |35 x

-700020021

0105

- 70

35

- 35

0

a) Como o aluno pensou?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que faltou, para esse aluno, saber sobre divisão?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com ele?

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179

Situação 20: Outro aluno resolveu a divisão 7105 : 35 e encontrou 10103, veja.

a) Qual foi a forma de pensar desse aluno?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que esse aluno sabe sobre divisão e o que ele não sabe? d) Que relação há entre as formas

de pensar dos três alunos?

e) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com esse aluno?

Situação 21: Uma criança resolveu a divisão a seguir assim:

11980 |59 x

11800 20003

00180

177

017

a) Como ela pensou?

b) Porque você acha que ela cometeu esse erro?

c) O que essa criança sabe sobre divisão e o que ele não sabe?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com essa criança?

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180

Situação 22: Outro aluno resolveu a mesma divisão assim:

a) Como ele pensou?

b) Porque você acha que ele cometeu esse erro?

c) O que esse aluno sabe sobre divisão e o que ele não sabe?

d) Que estratégias didáticas você sugere para trabalhar com esse aluno?

Situação 23: Observe como um aluno resolveu a divisão 156 : 3,25:12

a) Resolva 345 : 3,5 utilizando o método do aluno

b) Utilizamos algo próximo desse método em alguma outra situação?

Quando?

Situação 24: Observe esse algoritmo de divisão e observe como ele funciona.13

12

Extraído de Oficina do professor Emerson Rolkouski (2007) 13

Extraído de Oficina do professor Emerson Rolkouski (2007)

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a) Qual sua opinião sobre ele?

b) Resolva a divisão 2345 : 6 utilizando esse método:

c) Esse método guarda alguma semelhança com o algoritmo usual da divisão?

Situação 25: Ao Ed (um aluno do segundo ano), foi dado o seguinte problema durante uma

entrevista: "Quanto é quarenta e dois dividido por sete?".14

Ed respondeu: “Quarenta dividido por dez são quatro; três mais três mais três mais três

são doze; doze mais dois são quatorze; quatorze dividido por dois são sete; dois mais

quatro são seis”.

Para garantir que a resposta do Ed não havia sido acidental, e para tentar elucidar maiores

informações sobre o seu método, a professora colocou outra pergunta ao Ed: “Quanto é setenta

e dois dividido por oito?”

Ed respondeu: “Setenta dividido por dez são sete; sete vezes dois são quatorze; quatorze

mais dois são dezesseis; dezesseis dividido por dois são oito; dois mais sete são nove. A

resposta é nove”.

a) Como você justificaria o pensamento do Ed?

b) Resolva outra divisão usando a estratégia do Ed.

c) O que Ed entende sobre a divisão?

14

Extraído de D‟Ambrósio (2005) p.26.

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Situação 26: O seguinte problema foi dado para algumas crianças:15

"Três piratas, não muito espertos, encontraram um pequeno tesouro. Eles levaram o tesouro para

seu acampamento. Já era tarde, e resolveram dormir, dividindo o tesouro na manhã seguinte.

Um dos piratas, temendo que seus colegas não entendessem muito de Matemática, levantou-se

no meio da noite, pegou um terço do tesouro e fugiu. Mais tarde, o segundo pirata acordou e

percebeu que já faltava parte do tesouro. Levantou-se correndo, pegou um terço do tesouro e

também fugiu. O terceiro pirata acordou e viu que os outros haviam fugido e que várias moedas

estavam faltando. Acreditando na honestidade de seus amigos, o pirata levou o restante do

tesouro consigo. Será que os três piratas ficaram com uma mesma parte do tesouro?"

a) Resolva o problema.

b) Uma criança ofereceu a seguinte resposta:

"Nós estamos resolvendo um problema na aula de Matemática que pergunta qual dos três

piratas acabou ficando com a maior parte do tesouro. Bem, o primeiro ficou com a

quantidade certa, pois havia três piratas e ele pegou um terço do tesouro. O segundo

pirata pegou somente um terço do que restou, portanto ele não pegou a quantidade certa.

Ele deveria ter pegado ½ do que restou. Então, o terceiro pirata ficou com mais tesouro.

Portanto, para refrescar sua memória, o primeiro pegou a parte correta do tesouro, o

segundo pegou menos, e o terceiro acabou pegando mais tesouro que os outros."

Reflita sobre a solução da criança. Está correta?

Situação 27: Um aluno elaborou a seguinte resolução da expressão numérica:16

20 - (3 x 4 + 2 x 0,5) =

20 - ( 3 x 6 x 0,5) =

20 - 9 = 11

Em outra ocasião a professora passou o seguinte problema:

"João foi à feira com R$ 20,00, comprou três quilos de carne a R$ 4,00 o quilo e dois

quilos de tomate a R$ 0,50 o quilo, quanto recebeu de troco?"

O mesmo aluno pensou e começou a falar:" dois quilos de tomate a R$ 0,50 cada dá R$1,00,

três quilos de carne a R$ 4,00 dá R$ 12,00, então gastei ao todo R$ 13,00. Conta nos dedos:

13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20. Sobrou R$ 7,00 de troco".

a) Compare as duas propostas e o encaminhamento dado pelo aluno.

b) Reflita sobre o que ocorreu na segunda situação.

c) Que estratégias didáticas esse tipo de situação sugere?

15

Extraído de D‟Ambrósio (2005) p.28. 16Extraído de Oficina do professor Emerson Rolkouski (2007)

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183

Situação 28: Observe a resolução dada por alunos a dois problemas:17

I) "Um barco pode transportar, no máximo, 10 passageiros. Há 35 pessoas para atravessar o rio.

Quantas viagens, no mínimo, deverão ser feitas?"

O aluno respondeu 3,5.

II) "Existem 315 pacotes de bolacha para serem embalados em três

caixas. Quantos pacotes serão colocados em cada caixa?"

Cinco alunos responderam 15 e ao perguntarmos por que, responderam "3 por 3 dá 1 e 1

por 3 não dá, então 15 por 3 dá 5".

a) Elabore estratégias para evitar esse tipo de resposta. b) Elabore hipóteses sobre o porquê

ocorrem esses erros.

c) Como você abordaria essa situação em sala de aula?

d) Elabore estratégias para diminuir a incidência desse tipo de erro.

17

Extraídos da Oficina do professor Emerson Rolkouski.

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184

COMENTÁRIOS SOBRE AS QUESTÕES PROPOSTAS

Situação 1:

Neste tipo de erro o aluno não domina a formação do Sistema de Numeração Decimal

e conseqüentemente o valor posicional de cada algarismo que forma o número. Ao resolver as

adições o aluno acredita que algarismo e número seja a mesma coisa, por isso ele soma cada

ordem até no máximo 9, o que passa de 9 ele acrescenta à ordem seguinte e assim faz em todas

as ordens, por isso só pode passar de 9 a maior ordem da soma, sem considerar o seu valor

posicional na parcela.

Para esse aluno, 678+987 seria resolvido assim:

Com esse aluno há a necessidade de voltar a trabalhar a composição do

número, fazendo agrupamentos de 10 em 10 usando material dourado, pode-se

também usar o quadro valor lugar, dramatizações usando as próprias crianças sendo as

diferentes ordens, usar dinheiro fazendo trocas e trocos, usar dinheiro em situações do tipo

trocar certa quantidade de cédulas pelo maior número de cédulas possível, sempre buscando

enfatizar que número representa quantidade e algarismos são os símbolos usados para

representar essa quantidade.

Assim como com qualquer material estruturado, deve-se tomar muito cuidado no uso

de dinheiro nestes casos, pois, muitas vezes encontramos crianças que usam o dinheiro com

grande maestria, mas não trazem esse conhecimento para a formação do sistema de numeração

decimal, desvinculando seu conhecimento do cotidiano com o conhecimento usado na escola,

assim como bem trata Caraher (1998) em seu livro "Na vida dez, na escola zero".

A criança que comete esse tipo de erro, sabe muito sobre adição, porém, não ficou

bem fundamentado para ela a diferença entre número e algarismo, valor posicional de cada

algarismo ou mesmo a diferença entre as ordens que formam o número. Há a necessidade de

usar o que ele sabe para, a partir daí reconstruir o algoritmo da adição, usando a composição e

decomposição do número, somente trabalhar algoritmo após bem fundamentada a construção do

número. É bem provável que o professor no decorrer do processo de construção do algoritmo

tenha enfatizado algo como: "Em cada ordem, só podemos escrever no máximo 9" e o aluno

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com uma compreensão superficial do valor posicional generalizou erradamente, considerando a

quantidade nove ao invés do algarismo nove, desconsiderando o número como um todo.

Sugiro para o professor, a leitura dos livros:

CARAHER, T., Caraher, D. e Schliemann, A. Na Vida Dez, Na Escola Zero, SP: Ed.Cortez,

1998.

NUNES, T.; BRYANT, P. Crianças fazendo Matemática. Tradução: S. Costa. Porto. Alegre:

Artes Médicas, 1997. RÊGO, R. G.; SILVA, A. C.

Situação 2:

O aluno não adicionou a dezena que foi formada pelo 9+1=10 na ordem da dezena,

pois acredita que o zero não tem valor, por esse motivo somou ao 7, algarismo da centena. Esse

é um tipo de erro comum, onde o aluno acredita que zero sendo nulo não precisa usá-lo na

adição, por esse motivo ele o acrescentou à centena e não à dezena. Ele sabe muito de adição,

mas precisa ser retomado com ele que o valor posicional dos algarismos e das ordens que

compõem o número independem do algarismo, além de que o zero é um algarismo, um símbolo

gráfico, que está naquele número representando que não há grupos de 10 (dezenas) sozinho,

pois todos foram agrupados formando centenas. Novamente sugiro trabalho de formação do

algoritmo usando a decomposição a partir do valor posicional dos algarismos, assim:

Situação 3:

Em ambos os casos estes alunos não dominam também a composição do número,

assim como valor posicional de cada algarismo que o formam, embora saibam que há a

necessidade de decompor o número quando o algarismo do minuendo é menor que o algarismo

do subtraendo (atualmente chamados de 1º. e 2º. termos), mas não dominam o fato de que o que

ocorre são decomposições consecutivas, por isso ambos consideram os valores que foram

acrescentando aos zeros e ao 7 como sendo todos de igual valor (1,1 e 1 ao invés de 10,100 e

1000) por isso somaram 1+1+1= 3 e fizeram 8 - 3= 5 ao invés de 800 dezenas menos 1 dezena

igual a 799 dezenas. Estes alunos sabem o que é subtrair, dominam o conceito, mas não

compreendem as decomposições, que ainda muitos professores chamam de empréstimos.

Neste caso novamente voltamos ao problema de formação do conceito de subtrair, que

depende muito da decomposição. Aconselho nestes casos, trabalhar com material de contagem

como sugerido na situação 1, buscando enfatizar o vocabulário correto ao falar das ordens e das

decomposições. No exemplo poderia dizer: há 800 dezenas e 7 unidades, preciso transformar

uma dezena em unidades, ficando com 17 unidades e 799 dezenas. Dessa forma evitamos os

"empréstimos sucessivos" decompondo somente uma vez.

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Situação 4:

Este aluno cometeu erro que na maioria das vezes atribuímos a falta de atenção ao

decompor o número, mas ele domina perfeitamente o conceito de subtração e suas

decomposições consecutivas

Situação 5:

Este aluno sabe o que é subtrair mas, pode ter sido dado muita ênfase ao fato de que

"subtrair é tirar o menor número do maior" e na sua frágil concepção ele considerou essa

situação como regra para cada algarismo (cada ordem) e não para o número como um todo, por

isso ele fez 9 - 7 nas unidades ao invés de decompor o 8000 dezenas como 7999 dezenas + 17

unidades. Mas ao mesmo tempo ele fez a decomposição ao subtrair as dezenas e as centenas,

voltando a esquecer nas unidades e dezenas de milhar. Assim pode- se concluir que pela forma

de seu registro ele deve ter sido ensinado a subtrair de diversas formas ao longo de seus anos

escolares, pois podemos perceber através dos algarismos 1 que ele coloca ao lado da dezena e

da centena do 2º. termo da subtração, forma que se ensinava na década de 70 ainda, logo há uma

grande mistura em sua cabecinha sobre o algoritmo da subtração. Com este aluno há a

necessidade de reconstruir o algoritmo usando a decomposição, buscando usar sempre o

vocabulário matemático correto para uma compreensão correta do mecanismo do algoritmo.

Situação 6:

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Este aluno cometeu o mesmo tipo de erro dos alunos da situação 3, com o diferencial

de ter feito quatro decomposições , mas ter subtraído somente 3 delas da dezena de milhar.

Quando fui questioná-lo sobre esse fato ele me alegou ter se esquecido de 1, que deveria ser na

verdade 4, ficando assim 18218 o resultado correto. Aliado a falta de atenção temos aqui as

mesmas dificuldades da situação 3, por isso o encaminhamento deve ser o mesmo.

Situação 7:

Este aluno não tem bem claro a construção do algoritmo da multiplicação com

reserva, pois o que ele fez foi acrescentar a dezena do produto das unidades antes de multiplicar.

É necessário neste caso trabalhar a multiplicação a partir da decomposição, para

somente depois introduzir o algoritmo prático.

É necessário neste caso trabalhar a multiplicação a partir da decomposição, para

somente depois introduzir o algoritmo prático.

Situação 8:

Este aluno cometeu um erro ao multiplicar 10 por 27, fazendo 570 ao invés de 270.

Apesar deste erro ele domina perfeitamente o conceito de multiplicação e a construção de seu

algoritmo, basta uma maior atenção na resolução.

Situação 9:

Ele cometeu um erro ao pensar no algarismo 2 do segundo fator como sendo 2 ao

invés de ser 20. Este problema será facilmente resolvido ao professor mostrar que 25 vale 20+5

e por isso ao construir o algoritmo ele pode colocar um zero na ordem das unidades pois,

quando multiplicamos por 10 ou seus múltiplos o resultado sempre terminará em zero, porque

representa o número de dezenas que haverá nele. Assim não há aquela história de pular casas ou

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colocar o sinal de + na casa vaga, que geralmente leva ao erro quando multiplicamos por

centenas, milhares , etc. Assim:

Situação 10:

Este aluno tem grande dificuldade na compreensão do algoritmo da multiplicação, ele

não acrescentou o algarismo 5 das dezenas do 6x9 ao zero que representava dezenas, e sim ao 4

que era centenas, além de fazer 6x4+5=27 ao invés de 29.

Com este aluno há a necessidade de construir todo o conceito de multiplicação para

depois mostrar o algoritmo pelo processo prático, além de ter que reforçar o conceito de valor

posicional dos algarismos no número.

Situação 11:

Este aluno sabe multiplicar por unidade mas não sabe por dezena, o que o leva a fazer

o segundo produto totalmente errado, fazendo 3x8=28, colocando o 2 das dezenas sobre o 1 das

centenas e depois fazendo 3x1+2=5.Neste caso devemos reconstruir o algoritmo da

multiplicação por dezenas, a partir da decomposição, como na situação 9.

Situação 12:

Este aluno inicialmente não tem clara a tabuada,fez 7x 8 = 54 e 7x 3=24 depois fez

4x8=32, mas registrou 22 mesmo tendo colocado corretamente o 3 da dezena do 32 na ordem

correta (sobre o zero), em seguida fez 4x3=13. Mas apesar disso ele conhece o mecanismo do

algoritmo, por isso é necessário trabalhar com ele a construção do mecanismo da tabuada,

inclusive mostrando a ele que pode usar as mãos para contagem, pois é a primeira calculadora a

que temos acesso e que deu origem ao termo dígitos (dígitus=dedos). Que ele pode quando não

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souber um produto, partir de um produto conhecido dessa tabuada para chegar ao produto

desejado. Por exemplo se não sabe 7x8, mas sabe que 7x5=35, basta partir do 35.

Situação 13:

Esse aluno conhece o algoritmo da multiplicação, porém comete erros por falta de

atenção e por ter uma concepção errada na formação do sistema de numeração decimal. Ao

multiplicar o 6 por 2057 ele fez 6x3 ao invés de 6x0+3 e, ao multiplicar 40x2057 ele novamente

fez 4x3 ao invés de 4x0+2.

Quando foi questionado sobre como pensou ele formalizou isso verbalmente, sem

perceber o erro. Dessa forma podemos afirmar que ele não compreende onde errou pois acredita

que o zero não tenha valor e por isso não há erro, devemos retornar na construção do algoritmo

envolvendo zero, inicialmente usando a decomposição para que ele perceba que o zero, é um

algarismo que expressa nesse caso a ausência de milhar incompleto, ou seja, há somente grupos

de milhares, de dezenas e de unidades isoladas. Seria interessante o uso de material dourado e

do quadro valor lugar para mostrar esses agrupamentos em que apareça o zero nas diversas

ordens dos números formados.

Situação 14:

Ao multiplicar por zero este aluno também acredita que o mesmo não tenha valor e

por isso multiplicou pelo 1 que era o algarismo das dezenas do produto de 2 por 9 unidades. Em

seguida ele reafirma essa opinião, ignorando novamente o zero que representava as dezenas,

além de errar a multiplicação por 3 como se fosse por 1. Esse aluno conhece o algoritmo da

multiplicação, superficialmente, e por isso comete erros por falta de atenção e por ter uma

concepção errada na formação do sistema de numeração decimal, também devemos retornar na

construção do algoritmo envolvendo zero, inicialmente usando a decomposição para que ele

perceba que o zero, é um algarismo que expressa nesse caso a ausência de milhar incompleto,

ou seja, há somente grupos de milhares, de dezenas e de unidades isoladas. Seria interessante o

uso de material dourado e do quadro valor lugar para mostrar esses agrupamentos em que

apareça o zero nas diversas ordens dos números formados.

Situação 15:

Esse aluno conhece o algoritmo da multiplicação, porém o zero como algarismo da

dezena no segundo fator foi ignorado já que representa o "nada", por isso ele não considerou seu

valor posicional e multiplicou em seguida o 3 das centenas, sem perceber que ele fez na verdade

409x33 ao invés de 409x303. Novamente eis o zero sendo problema para a multiplicação, e a

necessidade de reconstruir o algoritmo a partir da decomposição do número que tem o zero

entre seus algarismos.

Situação 16:

Neste caso o aluno conhece o algoritmo mas desconhece que zero multiplicado por

qualquer número é sempre zero. Basta aqui trabalhar diversos produtos por zero para que ele

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automatize esse fato. Interessante para isso contextualizar esse produto por zero como sendo

zero unidades de certo produto, por exemplo nenhuma bola, nenhum brinquedo, nenhum doce,

etc...

Situação 17:

Em cada linha oblíqua temos uma ordem e a soma dos algarismos desta linha se dá

como nas colunas do algoritmo convencional, seguindo as ordens.

Você poderá saber um pouco mais sobre o método da gelosia nos endereços:

http://matematica.com.sapo.pt/gelosia.htm

http://educamat.ese.ipcb.pt/0607/images/PDF/Mater_1C/sessao_05_gelosia.pdf

Situação 18:

Ao dividir o aluno errou no início quando dividindo 71 centenas por 35 sobraria 1

centena e não 7 como ele fez. A partir daí todo o algoritmo ficou comprometido. Pode-se dizer

que este aluno pouco sabe sobre o algoritmo, embora saiba o que é dividir, que é repartir em

partes iguais, que é ver quantas vezes um número cabe no outro. Quando ele colocou 21 no

quociente ele pensou cabe 2 vezes e depois cabe mais 1 vez. Esse errou acontece muitas vezes

pelo fato de que cada ano o professor daquela série trabalhou de uma forma o algoritmo, e ao

longo dos anos o aluno foi misturando os diversos modos de fazer uma divisão, acabando de

não saber nenhuma das formas corretamente.

Seria um caso típico da falta de unidade na forma de trabalho muitas vezes na mesma

escola e, pior ainda quando o aluno passa por diversas escolas.

Neste caso há a necessidade de se iniciar todo o trabalho de construção do algoritmo

da divisão, e acredito que o caminho mais recomendável seria a divisão pelo processo das

estimativas, conforme sugiro abaixo, veja:

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192

Depois que os alunos compreenderam bem o algoritmo, podemos mostrar os demais

algoritmos abreviados que eles entenderão e poderão optar em fazer pelo modo que julgar mais

fácil.

Situação 19:

Este aluno sabe resolver por estimativas, porém cometeu o erro quando o 35 cabiam

200 vezes no 7105, em seguida cabia mais 2 vezes e depois cabia mais 1 vez, e ao invés de

somar 200+2+1 sendo o quociente 203 ele apenas escreveu o 2 e o 1 ao lado do 200 e não os

somou. O trabalho com este aluno é apenas uma retomado no sentido dele perceber desde o

início que o quociente está entre 100 e 1000, quando estimou no início do processo, por isso é

conveniente ele sempre iniciar estimando o intervalo numérico onde estará o quociente e depois

de terminada a divisão analisar se o quociente encontrado está naquele intervalo estimado

inicialmente.

Situação 20:

Já este aluno sabe resolver por estimativas, porém cometeu o erro quando o 35 cabiam

100 vezes no 7105 ele escreveu só 10 vezes e , em seguida cabia mais 100 vezes e novamente

ele escreveu só 10 e depois cabia mais 3 vezes e ao invés de somar 100+100+3 ele escreveu

10103, sendo o quociente 203. è claro que caberia 10 vezes, mas ainda seria pouco, poderia ser

100 vezes ao invés de 10, se usasse o 10 caberiam muitas outras vezes no 7105. Podemos

mostrar nesse momento que o 10 poderia deixar o algoritmo muito grande, por isso antes

devemos estimar, 10x, 100x, 1000x, etc., para escolhermos o mais próximo. O trabalho com

este aluno é apenas uma retomada no sentido dele cuidar com a subtração, pois ele sempre

precisará subtrair do todo e não de parte do número como fez, e inclusive até que tenha bastante

habilidade, é importante fazer o registro dessas subtrações, não colocando somente os resultados

(diferenças). Além disso ele deve perceber desde o início que o quociente está entre 100 e 1000,

quando estimou no início do processo, por isso é conveniente ele sempre iniciar estimando o

intervalo numérico onde estará o quociente e depois de terminada a divisão analisar se o

quociente encontrado está naquele intervalo estimado inicialmente.

Situação 21:

Este aluno aprendeu a resolver pelo processo longo, mas depois que dividiu as

centenas ele baixou o 8dezenas sem perceber isso, e pensou: como não cabem 59 em 19 é

necessário colocar a vírgula (inclusive disse ao ser questionado que quando não cabe sempre

devemos colocar a vírgula) depois abaixou a unidade e agora passaram a caber 3 vezes o 59 nos

180. Neste caso há a necessidade de reconstruir todo o algoritmo, pois ele tem formalizado de

uma forma muito confusa a divisão de inteiros com a divisão de decimais. Recomendo a

reconstrução por estimativas ou mesmo pelo processo longo, mas de forma a sempre frisar o

que está sendo dividido (as ordens), neste caso 119 centenas, sobrou 1 centena que são 10

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dezenas; depois juntando 8 dezenas temos 18 dezenas e quando não cabe usamos o zero para

representar que não cabe nenhuma vez inteira por isso juntou o zero das unidades, pois estamos

transformando em 180 unidades. Embora o processo longo seja mais abstrato para a

reconstrução da divisão, há professores que prefiram, apenas há a necessidade de deixar muito

claro o que está sendo feito, pois se não for assim será algo apenas mecânico e sem

compreensão, levando ao erro novamente.

Situação 22:

Utilizamos situação semelhante a esta quando construímos com as crianças que dividir

por 0,5 ou ½ é o mesmo que multiplicar por dois, pois estamos verificando quantas vezes a

metade cabe no dividendo, e em cada inteiro temos duas metades. A mesma coisa quando

dividimos por 0,25 ou ¼ pois em cada inteiro cabem 4 vezes, quando dividimos por 1/8 e assim

por diante .

Porém no caso deste método usado pelo aluno, é preciso ficar atento ao resto, pois a

divisão não sendo exata há sempre o resto, que para fazer a verificação deverá ser acrescentado

antes de multiplicar o quociente encontrado pelo divisor, no exemplo 345:3,5 seria

14x24+9=345 mas 345:3,5 é diferente de 345:14 . Veja a seguir.

Pelo método desse aluno podemos perceber que devemos parar quando o divisor for

inteiro, pois caso contrário o quociente poderá não dará certo. Vejam se fosse 345 : 14

obteríamos 96 ao invés de 98, pelo fato de que o resto seria 9 e o 3,5 ainda caberia duas vezes

no 9, fazendo a operação inversa estaria certa a divisão (14x24+9=345) mas o quociente estaria

errado pois seria 96.

Na verdade o método usado pelo aluno, neste caso, baseia-se no fato de que estamos

trabalhando com equivalência de frações, observe:

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Situação 24:

Este aluno domina muito bem o sistema de numeração decimal, principalmente no que

se refere a valor posicional e ordens. O que ele faz em seu algoritmo é trabalhar apenas com as

ordens e não com os seus valores, além disso é uma divisão por estimativas, aonde ele vai

verificando quantas vezes cabe usando o algarismo da ordem correspondente, sempre buscando

ir da ordem mais simples para a maior, além de usar um raciocínio mental muito bom. Compare

o seu método com o das estimativas.

Situação 25:

Ed pensou assim:

Primeiramente ele arredonda o dividendo para a dezena mais próxima e a divide por 10

para ver quantas dezenas há no dividendo.

No exemplo fez 40: 10 = 4

Depois ele verifica quantas unidades o 10 tem a mais que o divisor dado, multiplicando

essa quantidade pelo número de dezenas encontrada na aproximação.

No exemplo: 4 x 3 = 12

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Em seguida Ed soma esse resultado às unidades que faltaram quando arredondou o

dividendo, no exemplo 42 - 40=2 então fez 12+2= 14.

Depois ele verifica quantas vezes o divisor cabe nessa soma, fazendo sempre a pergunta

" a soma dividida por quanto é igual ao divisor?" , no exemplo seria " 14 dividido por

quanto dá 7?", por isso fez 14 : 2 = 7

E finalmente somou o quociente obtido no primeiro passo pelo divisor obtido na última

divisão.

Assim no exemplo fez 2 + 4 = 7 , e 7 é o resultado.

Ed sabe perfeitamente que divisão é a operação usada para ver quantas vezes um

número cabe no outro, e domina bem esse processo , bem como o SND, ordens e

classes, além de arredondamentos. Sua estratégia só não é tão útil quando quer saber o

resto da divisão não exata, mas sempre dá certo para qualquer divisão.

Veja algumas divisões usando a estratégia de Ed.

No caso da divisão 121 : 8 ele saberá que não é uma divisão exata pois 25:3 não é

exata também.

Situação 26:

Realmente a resposta da criança está correta, ela tem exatamente a noção de fração,

sabe compará-las usando um raciocínio muito bom, independente de cálculo usando frações.

Matematicamente seria:

O primeiro pegaria 1/3 que é equivalente à 3/9 do todo que representa o tesouro,

sobrando 2/3 que é equivalente à 6/9 do tesouro. O segundo pegou 1/3 de 2/3 que representa 2/9 do tesouro, restando assim 4/9 do

tesouro, pois 9/9 – 3/9 – 2/9 = 4/9 (todo menos a parte do primeiro menos a parte do

segundo).

O terceiro pegou o restante que representa 4/9 do tesouro.

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Assim percebemos que a resposta da criança está perfeita.

Situação 27:

Esta situação vem a reafirmar o que sempre estamos discutindo na área de

Matemática, a necessidade de contextualizarmos os conteúdos matemáticos, para que façam

sentido para nosso aluno, pois neste caso a resolução da expressão era apenas um amontoado de

operações e regras sem sentido, da forma como foi apresentada. Já no momento em que ela foi

aplicada numa situação prática , as regras de prioridade operatórias passaram a fazer sentido.

Acrescento que na situação problema dada, poder-se-ia explorar as prioridades das

operações para então colocá-las como regra, pois ao apresentarmos uma situação como essa,

raros serão os casos de alunos que iriam montar uma expressão para resolvê-la.

Existem diversas situações como essa para aplicação das regras de resolução de

expressões numéricas, por exemplo, para explicar a prioridade das operações podemos usar

exemplos de filas de atendimento, onde existem prioridades para seguir (gestantes, idosos, etc.),

também é fundamental mostrar que a multiplicação tem prioridade em relação a adição pelo fato

de representar adições sucessivas de um mesmo fator, bem como a divisão como sendo a

subtração sucessiva de um mesmo termo.

Além disso há a necessidade de mostrar que as vezes precisamos alterar esta ordem

operatória e por isso existe o uso dos sinais de associação (parênteses, colchetes e chaves) que

indicarão alteração na prioridade operatória.

ALGUMAS OBSERVAÇÕES FEITAS DURANTE A PESQUISA

Durante os dois anos do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) a

atividade proposta neste caderno foi aplicada em Oficina Virtual com os professores

participantes do Grupo de Trabalho em Rede (GTR) e em Oficina com os professores da escola

de lotação da autora, onde os professores deveriam resolver a atividade e em seguida discutir

suas opiniões em fóruns ou em grupos, somente depois desta discussão foi apresentado o

gabarito das situações e novamente proposta outra discussão.

De uma maneira geral, a autora, poderia dizer que a maioria dos professores

encontraram muita dificuldade em descobrir a forma de pensar dos alunos em cada situação

proposta, bem como alegaram ser uma tarefa muito difícil, colocar-se no lugar do aluno para

compreender o seu modo de pensar.

Muitos professores também informaram que ao corrigir atividades operatórias se

preocupam mais com os acertos e menosprezam os erros, considerando-os indicadores de falta

de atenção ou de estudos dos alunos, sem preocupar-se com os motivos que levaram ao erro.

Tais observações reafirmam a hipótese inicial de que o professor especialista, na

maioria das vezes ensina como aprendeu e raramente tira proveito das situações de erro

cometidos pelos alunos, muitas vezes desconhecendo as diversas formas de construção dos

conceitos operatórios que levam a construção dos algoritmos das operações fundamentais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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ano 3, n.4. p. 61-72, 1995.

2) CURY, H. N. Retrospectiva histórica e perspectivas atuais da análise de erros em

educação Matemática. Zetetiké, ano 3, n.4. p. 39-50, 1995.

3) CURY, Helena Noronha. Análise de erros - O que podemos aprender com as respostas dos

alunos. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

4) D'AMBRÓSIO, Beatriz S.. Conteúdo e metodologia na formação de professores. In:

FIORENTINI, D.; NACARATO, A. M.. (Org.). Cultura, Formação e Desenvolvimento

Profissional de Professores que Ensinam Matemática: investigando e teorizando a partir da

prática. 1 ed. São Paulo: Musa Editora, 2005, v. 1, p. 20-32.

5) DAVID, Maria Manuela M S. A formação Matemática do professor. Belo Horizonte:

Autêntica, 2007.

6) DAVID, Maria Manuela; MACHADO, Maria da Penha. Como alguns procedimentos de

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Lisboa: Revista da Associação de Professores de Matemática, n. 40, p. 25-29, nov. 1996.

7) MACEDO, L. Ensaios Construtivistas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.

8) MORO, Maria Lúcia. Quando as crianças constroem juntas a adição/subtração... e a

construção do professor? in: NOVAES, Maria Helena; BRITO, Marcia Regina F. de.

Psicologia na educação: articulação entre pesquisa, formação e prática pedagógica. Rio de

Janeiro: Associação Nacional de Pesquisa e Pós Graduação em Psicologia, 1996, p. 120-133.

9) NUNES, Terezinha; BRYANT, Peter. Tradução: COSTA, Sandra. Crianças fazendo

Matemática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

10)PARANÁ. Secretaria da Educação. Diretrizes Curriculares da educação Fundamental da

Rede de Educação Básica do Estado do Paraná. 2006

11)PONTE, João Pedro da. Investigações Matemáticas na Sala de Aula. Belo Horizonte:

Autêntica, 2006.

12)RANGEL, Ana Cristina Souza. Educação Matemática e a construção do número pela

criança: uma experiência em diferentes contextos sócio- econômicos. Porto Alegre: Artes

Médicas, 1992.

13)SILVA & EMERIQUE. Do erro construtivo ao erro epistemológico: um espaço para as

emoções. Bolema, ano 13, n.14. p.51-65, 2000.

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198

ANEXO III – Artigo Profa. Marilu

ESTADO DO PARANÁ

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

xxxx

ANÁLISE DE ERROS DE ALUNOS DE 5a SÉRIE NA

RESOLUÇÃO DE OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS: NOVAS

JANELAS QUE SE ABREM...

Artigo elaborado para conclusão do

Programa de Desenvolvimento da

Educação da Secretaria de estado de

Educação do Paraná juntamente com a

Universidade Federal do Paraná através

do Departamento de Desenho da UFPR,

sob a orientação do xxxxx xxxx.

CURITIBA

DEZ/08

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199

RESUMO

ANÁLISE DE ERROS DE ALUNOS DE 5a SÉRIE NA RESOLUÇÃO DE

OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS: NOVAS JANELAS QUE SE ABREM...

Neste artigo, a autora estará focalizando as dificuldades que os alunos apresentam ao chegar a

5a série, no que tange a resolução dos algoritmos das operações fundamentais. Conforme

recomendação de Piaget o professor deve dominar os conteúdos que ensina, aprofundando seu

conhecimento cada vez mais como também as características dos processos de desenvolvimento

e de aprendizagem. Este artigo também apresentará algumas situações que "podem estar"

levando o aluno de 5a série ao fracasso escolar em Matemática na resolução dos algoritmos das

operações fundamentais, pois após anos de observação notou-se que determinados erros que os

alunos cometem na resolução das operações fundamentais, repetem-se ano após ano, em alunos

oriundos de diferentes níveis sócio-econômico- cultural. Sendo de fundamental importância

neste estudo, o papel do professor na análise dos erros que os alunos cometem, para assim

entender a organização de suas idéias, pois através da compreensão do pensamento do aluno o

professor poderá reorganizar sua prática pedagógica e, dessa forma perceberá que o erro pode

ser revertido em situação de aprendizagem. Quando se amplia as considerações sobre o erro do

aluno, percebe-se que novas janelas se abrem permitindo assim novos sentimentos, novas

idéias, novas perspectivas de ensino aprendizagem. Assim, essas novas janelas abertas exigem

do professor, a reavaliação do que se está fazendo em sala de aula, do que se está ensinando e

como se está ensinando, para então pensar em novas formas de trabalho com os algoritmos das

operações fundamentais.

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200

INTRODUÇÃO

A autora, neste artigo, estará enfocando os erros que os alunos cometem ao chegar a 5a

série, no que tange a resolução dos algoritmos das operações fundamentais, após quase 20 anos

de observação em sua atuação em sala de aula.

Também acredita que não se nasce professor e sim se torna professor ao longo dos

anos, sendo a formação acadêmica apenas um pontapé inicial para um processo contínuo, pois

o professor deve estar em constante (trans)formação. Um ponto importante é que, o professor

deve dominar os conteúdos que ensina, aprofundando-se cada vez mais em sua área, além de

também dominar as características dos processos de desenvolvimento a de aprendizagem, para

somente assim acompanhar as mudanças que a educação e os educandos como um todo, sofrem

ao longo do tempo.

A autora apresentará algumas situações que podem estar levando o aluno de 5a série ao

fracasso escolar, pois, após anos de observação notou que determinados erros na resolução dos

algoritmos das operações fundamentais repetem-se ano após ano, em alunos de escolas

estaduais oriundos de diferentes níveis sócio-econômico-cultural, bem como de diferentes

escolas da primeira parte do ensino fundamental, o que motivou a autora a pesquisar tal fato.

Dessa forma, inicialmente discutirá o papel do professor na análise dos erros para

entender a organização das idéias dos alunos.

Em seguida, serão levantados alguns motivos que levam ao erro na resolução da dos

algoritmos das operações, principalmente na subtração e na divisão.

Finalizando, será discutido o papel dos erros cometidos em Matemática na busca de

compreensão da construção do conhecimento lógico-matemático do aluno bem como uma

proposta de encaminhamentos metodológicos para auxiliar o trabalho do professor em sala de

aula.

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201

O PAPEL DO PROFESSOR

Quando se fala em operações fundamentais, a discussão fica restrita à idéia de adicionar

ou retirar quantidades, porém, é necessário que o professor oportunize ao aluno lidar com as

situações que constituem o campo aditivo, bem como a composição e decomposição dos

números dentro do sistema de numeração, para que possam construir os conceitos de adição e

de subtração, e posteriormente de multiplicação e de divisão, a partir de um embasamento sobre

a construção do número e também do sistema de numeração. Muitas vezes os erros cometidos

pelos alunos são freqüentemente causados pelo desconhecimento da composição aditiva de um

número.

Neste sentido, a autora concorda com NUNES (1997), quando diz:

É fácil ver que a hierarquia das unidades contidas dentro de

dezenas, dezenas contidas dentro de centenas, centenas

dentro de milhares, e assim por diante, exige uma

compreensão da composição aditiva, e os dados que

apresentamos demonstram que as crianças precisam

compreender sobre composição aditiva a fim de dominar o

sistema hindu-arábico que usamos para escrever os números.

(p. 228)

Os conceitos e modelos que os alunos constroem são baseados em situações escolares

previamente programadas pelo professor e, que também ocorrem fora de sala de aula. Esse é

um dos motivos pelos quais o professor deve conhecer seus alunos a fim de buscar saber como

eles estão pensando, para procurar entender a organização das idéias elaboradas por eles, bem

como conhecer e analisar os erros que cometem emconseqüência das visões ainda pouco

desenvolvidas, que possuem, pois assim estaráprocurando compreender como esses conceitos

estão sendo formados. De certa forma, pode-se considerar que todos os acertos de um aluno não

provam que suas representações e seus conceitos estejam de acordo com o que os professores

aceitam como correto.

Nesse sentido, o professor deve assumir um papel de pesquisador, fazendosempre uma

análise crítica de sua prática em sala de aula, lembrando que ele pode aprender muito com o

pensar de seu aluno.

O professor que assume o papel de pesquisador pode perceber nitidamenteque algumas

crianças manejam perfeitamente bem uma atividade e mal outra, ambasexigindo um raciocínio

bastante semelhante. A partir da análise será possível perceber que muitas vezes o que para a

maioria dos adultos é matematicamente equivalente, para o aluno que tem uma aprendizagem

ou uma concepção superficial e mecânica não é um raciocínio equivalente e muitas vezes o

contrário, muito complexo. Sendo assim, como professor, deve-se prestar muita atenção aos

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202

erros e às dificuldades dos alunos.

Muito se tem discutido sobre o funcionamento da mente e o estudo da cognição

humana, assim a análise de erros passou a despertar muito interesse, pois seacredita que os

erros são indicativos do funcionamento mental, permitindo a compreensão dos processos

cognitivos do aluno. Pode-se considerar os erros comoestágios necessários para o

desenvolvimento das idéias que fazem parte do caminhar dos alunos na formação dos

conceitos, neste caso conceitos matemáticos.

Muitas vezes, os erros cometidos pelos alunos de forma sistemática são decorrentes de

idéias próprias, criadas de maneira nem sempre corretas, a partir de modelos ingênuos,

incorretos ou mesmo incompletos. Assim, pode-se encarar o erro como revelador das

dificuldades de aprendizagem dos alunos.

No que se refere à resolução das operações fundamentais deve-se buscar meios de

reverter os casos de erro em uma situação de aprendizagem e, tentar fazer com que o aluno

externe a maneira de pensar que o levou ao erro, contribuindo à formaçãoda imagem de "mau"

que ele possui na aprendizagem Matemática.

É muito comum deparar-se com alunos que resolvem mentalmente uma situação aditiva

ou subtrativa corretamente. Porém, se esta mesma situação for propostade forma ao aluno usar

lápis e papel, esse aluno utiliza um procedimento muitas vezeserrado, ou mesmo informa não

saber fazer ou diz só saber fazer "de cabeça". Nestemomento, o professor pode questioná-lo

sobre como raciocinou mentalmente e mostrarque a maneira de resolver o algoritmo é

basicamente a mesma, a partir da composição e decomposição do número, bastando ele

registrar a forma que pensou, passo-a-passo.

Assim, pode-se perceber que uma situação aditiva ou subtrativa, quando está inserida

num contexto prático para o aluno, faz com que ele chegue à respostacerta, dando a impressão

que é mais simples. Razão pela qual o professor deve buscarcontextualizar os conteúdos à

realidade do aluno, bem como quantificar a realidade, evitando a mecanização pura e simples

das atividades aritméticas, especialmente das operações fundamentais, abolindo a presença de

modelos-padrão de situações aditivas e/ ou subtrativas.

OS ERROS

No tocante aos erros, que ocorrem especificamente da falta de compreensão o

algoritmo da adição e da subtração, percebe-se que alguns deles são decorrentes detécnicas

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operatórias treinadas exaustivamente pelos alunos ao longo dos anos escolares.

Na adição, um dos erros mais cometidos pelos alunos acontece quando surge a famosa

regra do "vai um" que, muitas vezes, é esquecido pelo mesmo ao encontrar o total da adição.

Percebe-se que o aluno, ao cometer um erro como esse, quando é questionado e levado a

expressar oralmente seu raciocínio, muitas vezes, atribui o motivo do erro apenas ao

esquecimento, mas faz-se necessário que o professor esteja atento para detectar se é realmente

um esquecimento ou se o erro aconteceu devido à incompreensão da composição do sistema de

numeração. Pois para o alunocompreender a regra do "vai um" como um agrupamento de

dezenas, de centenas e assim por diante, é necessário que tenha bem embasada a noção de

formação do número. Assunto a ser trabalhado concretamente nas séries iniciais através de

quantificação e comparação de coleções, bem como agrupamento e reagrupamento das

mesmas: antes de perceber o 12, por exemplo, como sendo 10 + 2, ele perceberá sendo 1 + 1 +

1 + ... + 1, embora mentalmente ele saiba o que representa a quantidade 12.

Dessa forma, percebe-se que é fundamental o aluno conceber a adição a partir da

atividade e da idéia de agrupar quantidades. Se ele perceber o sistema de numeração decimal

como sendo composto por agrupamentos de dez em dez, perceberá também perfeitamente o

porquê da regra do "vai um".

É importante ter em vista, como diz RANGEL (1992,p.88), que "o número não é um

conceito isolado, o que é constituído no pensamento infantil é a sucessão dos números em um

sistema organizado a partir das unidades adicionadas e concebidas em totalidades relacionadas

entre si".

Embora existam erros na resolução do algoritmo da adição, percebe-se que os erros

decorrentes de subtrações são muito mais freqüentes e repetitivos nas diversasséries do 1o grau

até a 5a série.

Muito dos erros decorrentes da incompreensão do algoritmo da subtração, são heranças

de técnicas operatórias errôneas exaustivamente treinadas sem que houvesse a identificação,

por parte do professor, do motivo que leva o aluno ao erro, tentando assim superar tal

dificuldade na origem.

Percebe-se que um dos grandes obstáculos para o algoritmo da subtração é o numeral

"zero", em situações como "emprestar18

do zero" ou "emprestar para o zero".

18

Entende-se " emprestar" como sendo uma decomposição do minuendo quando o valor posicional dos algarismos do subtraendo são menores que os de mesma ordem no minuendo.A autora reconhece que o

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204

Nesse sentido a autora concorda com MORO (1996) quando diz que:

Parece que o aluno não faz idéia de que o numeral serve para

designar a presença de certa quantidade, não percebendo que

o "zero" é apenas um sinal gráfico que convencionou-se para

indicar a ausência de quantidade. Muitas vezes ele associa

mecanicamente o sinal gráfico à expressão "nada" sem

compreender o significado dessa negação no que refere-sea

quantificação da realidade.(p. 122)

Esse fato acredita-se que ocorra como herança de uma experiência escolaronde os

nomes dos numerais são atribuídos a qualquer coleção ou agrupamento, sem verificação da

quantidade referente ou, quando há a verificação, essa ação dos alunos éde origem de uma

contagem mecânica, só para satisfazer a uma solicitação do professor.

Percebe-se essa mecanização também na realização dos algoritmos quando o aluno

"conta tudo no dedo", chama "continha de mais, continha de menos", quando "faz uso de

tracinhos" para adicionar ou subtrair. Essas atitudes, entre outras, vêmconfirmar a pura

mecanização nas atividades aritméticas dos alunos, além de mostrar que o ensino das técnicas

operatórias precede o trabalho com a solução de problemas, onde na maioria das vezes os

alunos têm que dominar técnicas de cálculos que,geralmente, não têm sentido algum para eles.

O aluno, ao fazer empréstimos na subtração, muitas vezes devido à mecanização, não

compreende esse empréstimo como sendo uma decomposição do numeral de maneira global, e

somente da primeira casa (ordem) à esquerda dessealgarismo, sem contextualizá-lo como

ordem da dezena, da centena, da unidade de milhar, etc. E é por esse motivo que muitas vezes o

aluno ao subtrair, não desconta esse empréstimo feito, caindo assim no erro.

Também se caracteriza como outro obstáculo para o aluno resolver corretamente uma

subtração, o fato de o minuendo ser um número composto por zeros, um ao lado do outro, o

aluno muitas vezes não compreende que os empréstimos serão sucessivos, devendo então

começar da esquerda para a direita. Numa situação comoessa, o professor deve deixar claro ao

aluno que aquele número deverá ser decomposto de forma a satisfazer a situação do

empréstimo. Veja alguns exemplos:

termo "emprestar" é incorreto do ponto de vista matemático, já que o que ocorre é, na verdade uma troca. No entanto optou em utilizar tal termo por ser mais usual em sala de aula.

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205

O aluno, devido à mecanização da aritmética, é levado a considerar este tipo de

decomposição como uma "decomposição diferente" e, dessa forma, deve ter um procedimento

diferente, próprio, fato este que inclusive acaba induzindo-o muitas vezes ao erro. Porém, é

neste momento que o professor deve estar atento, pois embora o zero introduza uma dificuldade

a mais, a técnica operatória continua a ser a mesma. Por exemplo, ao fazer 9000 - 1838 ele deve

mostrar ao aluno que 9000 pode ser decomposto como 8000 + 900 + 90 + 10, para que a

subtração com reserva possa ser compreendida adequadamente, como sendo apenas mais uma

subtração.

Algumas vezes o aluno de 5a série ainda não compreende o que significa essas

decomposições e as realiza da direita para a esquerda, acumulando-as no últimoalgarismo da

esquerda. No exemplo acima, ele faria 9000 - 1838 como sendo:

6 10 10 10

9 ∅∅∅

-1 8 3 8

5 2 7 2

O aluno fez 9-3=6 porque imaginou 1+1+1= 3 sem perceber que estava decompondo

o9 que vale 900 dezenas, assim emprestou 1 para cada um dos zeros, sem preocupar-se com

valor posicional ou com a formação do número.

Outro erro muito comum cometido pelos alunos é subtrair o menor domaior, coluna a

coluna, por exemplo: 961 - 185 ele fará 9 - 1 = 8, 8 - 6 = 2 e 5 - 1 = 4, dando o resultado como

824 ao invés de 776.

961

-1 8 5

824

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206

Muitas vezes o aluno faz uma miscelânea destas construções errôneas que o levou a

generalizações, como no exemplo a seguir:

Acredita-se que este tipo de erro o aluno comete porque desde as séries iniciais é

levado a considerar a subtração como a operação onde deve retirar o menornúmero do maior, o

que leva a concluir que o conceito de subtração que ele construiu foi embasado em uma

generalização a partir de uma particularidade da subtração, fazendo sempre um algarismo maior

menos o algarismo menor, generalizou o que deveria pensar como número para algarismo.

Também, um dos fatos que reforçam essa idéia errônea da subtração é a hierarquização das

etapas para se ensinar as operações fundamentais, onde se trabalha exaustivamente um passo-

padrão para depois outro passo e assim por diante, sucessivos passos desconectados entre si.

Por exemplo, subtração sem reserva que reforça as subtrações coluna a coluna, levando o

mesmo a fazer generalizações e a criar regras a partir de particularidades que nem sempre

podem ser aplicadas a casos gerais.

Embora seja difundida a idéia de que há necessidade de partir do caso mais simples

para o caso de maior dificuldade ao se ensinar os algoritmos, também acredita- se que o

professor deva estar atento ao fato de que, muitas vezes, o excesso de treinamento em

determinadas atividades pode levar o aluno a criar regras falsas, quegeram erros, aumentando

assim as dificuldades ao invés de desenvolver a compreensão.

Tais fatos contribuem para levar o aluno ao fracasso escolar em Matemática, inclusive

nas séries escolares posteriores a que está em curso.

Na mesma direção das conclusões da autora, DAVID (1996) afirma:

Nas escolas primárias as crianças são encorajadas a praticar

rotinas para se tornarem "fluentes" na aritmética elementar.

A progressão vai das rotinas mais simples para as mais

complexas. Esta parece ser a forma lógica de proceder.

Porém, se observarmos o que realmente acontece na sala de

aula, vamos verificar que esta seqüência pode encorajar as

crianças a praticarem técnicas que funcionam num contexto

limitado, mas que não podem ser generalizadas. Muito longe

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207

de lhes fornecer um processo de crescimento contínuo e

cuidadosamente seqüenciado, esta abordagem pode levar as

crianças a aprenderem técnicas "defeituosas" que só podem

ser diagnosticas num estágio mais avançado.

Entretanto, pode-se lhes estar dando páginas e páginas de

exercícios que os levam a praticar os seus erros, obtendo um

sucesso de curta duração mas preparando-os,

desavisadamente para o fracasso futuro. (p. 27)

Do exposto, pode-se afirmar que os alunos não erram por acaso ou por faltade atenção,

pura e simplesmente, existe sempre um motivo sustentando esse erro, ecompete ao professor

estudar os erros para poder auxiliar e melhorar a compreensão dos alunos, retirando assim a

idéia de Matemática como sendo uma disciplina de regras inventadas e desvinculadas da

realidade.

Não se pretende cultuar o erro neste trabalho, mas alertar os professores para os

motivos que levam o aluno ao erro, tornando possível reorganizar a práticapedagógica de forma

a auxiliar o desenvolvimento do aluno, evitando uma aprendizagem superficial de regras,

linguagem de sinais operatórios ou mesmo truques e esquemas.

Acredita-se que tanto alunos como professores têm muito a aprender a partir do erro, ao

invés de tratá-lo como algo intrinsecamente "mau".

METODOLOGIA DE TRABALHO

A autora trabalhou com pesquisa-ação, onde fez análise de atividades de resolução de

algoritmos feitos por alunos de quinta série, observando o tipo de erro cometido, seguido de

conversa com os alunos sobre a sua forma de pensar em cada operação onde houve erro. Além

dessa análise, num segundo momento, ouviu os professores sobre seu olhar diante os erros

cometido pelos alunos, sobre como eles achavam que os alunos pensaram em cada tipo de erro

cometido e também em qual seria o motivo que levou o aluno a cada um dos erros.

Após todo esse levantamento de informações elaborou um caderno pedagógico de

análise de erros com propostas metodológicas que venham de encontro à tentativa de solucionar

ou no mínimo amenizar a dificuldade operatória dos alunos de quinta-série.

CONCLUSÃO

É muito comum dar-se grande valor ao acerto do aluno, pois o senso comumleva a crer

que a Matemática, sendo ciência exata, é disciplina onde todos devem sempre chegar à mesma

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208

resposta frente às mesmas situações ou similares.

A autora buscou em seu trabalho mostrar que o erro em Matemática é um reflexo e ao

mesmo tempo um instrumento de modificação do pensamento que está emconstante

(trans)formação. Acredita-se que saber Matemática é muito mais que decorar e aplicar

fórmulas, regras ou algoritmos para realizar certos exercícios com êxito.

Saber Matemática é tudo isso, porém sempre a partir da compreensão e da

contextualização do que se aprende, a fim de aplicar esse conhecimento em diversas situações.

Para que o aluno possa ter sucesso em Matemática, não basta ensinar definições, regras,

esquemas e treinar tais procedimentos repetidamente, deve-se preocupar muito mais com a

compreensão e com a formação dos conceitos levando assim ao desenvolvimento do

pensamento matemático.

A partir dessas conclusões, pode-se concordar com MORO (1991) quando diz que:

Se um professor descobriu, nele próprio, o prazer real de

fazer Matemática, de compreender suas noções, de percorrer

os caminhos dessa compreensão, seria impossível ele não

colocar seus alunos nesse caminho não lhes proporcionar

situações para viver esse tipo desentimento. (p. 132)

Quando se amplia as considerações sobre o erro do aluno, percebe-se que novas janelas

se abrem permitindo assim novos sentimentos, novas idéias, novas perspectivas de ensino-

aprendizagem. Assim, essas novas janelas abertas exigem do professor, a reavaliação do que se

está fazendo em sala de aula, do que se está ensinando e como se está ensinando. Através

dessa abertura a autora espera poder através das propostas de encaminhamentos metodológicos

propostos em seu caderno pedagógico de análise de erros auxiliar o trabalho do professor em

sala de aula, principalmente promovendo a reflexão nos professores dos primeiros anos do

ensino fundamental.

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209

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1) BATISTA, C. G. Fracasso Escolar: análise de erros em operações Matemáticas.

Zetetiké, ano 3, n.4. p. 61-72, 1995.

2) CURY, H. N. Retrospectiva histórica e perspectivas atuais da análise de

erros em educação Matemática. Zetetiké, ano 3, n.4. p. 39-50, 1995.

3) CURY, Helena Noronha. Análise de erros - O que podemos aprender com as

respostas dos alunos. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

4) D'AMBRÓSIO, Beatriz S. . Conteúdo e metodologia na formação de professores.

In: FIORENTINI, D.; NACARATO, A. M.. (Org.). Cultura, Formação e

Desenvolvimento Profissional de Professores que Ensinam Matemática:

investigando e teorizando a partir da prática. 1 ed. São Paulo: Musa Editora, 2005, v. 1, p.

20-32.

5) DAVID, Maria Manuela M S. A formação Matemática do professor. Belo

Horizonte: Autêntica, 2007.

6) DAVID, Maria Manuela; MACHADO, Maria da Penha. Como alguns

procedimentos de ensino estão contribuindo para o erro e o fracasso em Matemática.

Educação e Matemática. Lisboa: Revista da Associação de Professores de Matemática, n.

40, p. 25-29, nov. 1996.

7) MACEDO, L. Ensaios Construtivistas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.

8) MORO, Maria Lúcia. Quando as crianças constroem juntas a adição/subtração... e a

construção do professor? in: NOVAES, Maria Helena; BRITO, Marcia Regina F. de.

Psicologia na educação: articulação entre pesquisa, formação e prática pedagógica.

Rio de Janeiro: Associação Nacional de Pesquisa e Pós Graduação em Psicologia, 1996, p.

120-133.

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210

9) NUNES, Terezinha; BRYANT, Peter. Tradução: COSTA, Sandra. Crianças

fazendo Matemática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

10) PARANÁ. Secretaria da Educação. Diretrizes Curriculares da educação

Fundamental da Rede de Educação Básica do Estado do Paraná. 2006

11) PONTE, João Pedro da. Investigações Matemáticas na Sala de Aula. Belo

Horizonte: Autêntica, 2006.

12) RANGEL, Ana Cristina Souza. Educação Matemática e a construção do número

pela criança: uma experiência em diferentes contextos sócio-econômicos. Porto Alegre:

Artes Médicas, 1992.

13) SILVA & EMERIQUE. Do erro construtivo ao erro epistemológico: um espaço

para as emoções. Bolema, ano 13, n.14. p.51-65, 2000.

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211

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e 2

ª o

rdem

)

Co

nte

mp

lam

tem

as u

nif

icad

ore

s, e

nvo

lven

do

um

nív

el d

e

abst

raçã

o m

uit

o e

levad

o (

con

ceit

os

de

ord

em)

Ad

apta

do

de:

CA

LA

DO

, S

. (2

007

). C

urr

ícu

lo e

Man

uai

s E

sco

lare

s: P

roce

sso

s d

e re

con

textu

aliz

ação

no

dis

curs

o p

edag

ógic

o d

e C

iên

cias

Nat

ura

is d

o 3

º ci

clo

do

en

sino

bás

ico

. IN

: G

rupo

ES

SA

, D

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tam

ento

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Ed

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ção

da

Fac

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ade

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Ciê

nci

as d

a U

niv

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e L

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e d

e G

AL

LIA

N,

C.

(200

9).

A r

eco

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aliz

ação

do

con

hec

imen

to c

ien

tífi

co.

Os

des

afio

s d

a

con

stit

uiç

ão d

o c

on

hec

imen

to e

sco

lar.

Tes

e d

e d

ou

tora

do

ap

rese

nta

da

ao P

rogra

ma

de

Est

udo

s P

ós-

Gra

du

ado

s em

Ed

uca

ção

: H

istó

ria,

Po

líti

ca, S

oci

edad

e d

a P

UC

-SP

.

Page 226: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

212

AN

EX

O V

– I

nst

rum

ento

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An

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se d

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roje

to/C

om

ple

xid

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Com

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nci

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Cie

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fica

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Inst

rum

ento

1.b

Inst

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men

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náli

se d

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roje

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óg

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Co

nte

xto

In

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cio

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Co

mp

lexid

ade

das

co

mp

etên

cias

co

gn

itiv

as c

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tífi

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Seç

ões

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Pro

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G

rau

1 (

CS

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Gra

u 2

(C

S +

) G

rau

3 (

CC

-)

Gru

a 4

(C

C +

)

Co

nh

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tem

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om

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ênci

as q

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ngem

um

b

aixo

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e

abst

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o,

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do p

roce

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s

qu

e im

pli

cam

a a

qu

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ão e

arm

azen

amen

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e in

form

ação

Co

nte

mp

lam

co

mp

etên

cias

qu

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vo

lvem

um

nív

el d

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abst

raçã

o s

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erio

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das

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mo

a c

om

pre

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o a

o

nív

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Co

nte

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lam

co

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etên

cias

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abra

ngem

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nív

el d

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su

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pre

ensã

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da

inte

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o e

da

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o e

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ple

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Co

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lam

co

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e ab

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nív

el e

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bem

co

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as

cap

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ades

de

anál

ise,

sín

tese

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aval

iaçã

o

Fin

alid

ades

S

ão r

efer

idas

co

mp

etên

cias

qu

e

abra

ngem

um

b

aixo

nív

el d

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abst

raçã

o,

envo

lven

do p

roce

sso

s

qu

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pli

cam

a a

qu

isiç

ão e

arm

azen

amen

to d

e in

form

ação

São

ref

erid

as c

om

pet

ênci

as

qu

e en

vo

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um

nív

el d

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abst

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mo

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pre

ensã

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São

ref

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as c

om

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ênci

as q

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abra

ngem

um

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stra

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su

per

ior

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S,

envo

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do

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om

pre

ensã

o

ao n

ível

da

inte

rpre

taçã

o e

da

extr

apo

laçã

o e

a c

apac

idad

e d

a ap

lica

ção

ao n

ível

sim

ple

s

São

ref

erid

as c

om

pet

ênci

as q

ue

abra

ngem

um

nív

el d

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stra

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mu

ito

ele

vad

o, en

vo

lven

do a

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ade

de

apli

caçã

o a

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nív

el e

levad

o,

bem

co

mo

as

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de

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ise,

sín

tese

e

aval

iaçã

o

Ad

apta

do

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CA

LA

DO

, S

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Fac

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LIA

N,

C.

(200

9).

A r

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xtu

aliz

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con

hec

imen

to c

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tífi

co.

Os

des

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con

stit

uiç

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hec

imen

to e

sco

lar.

Tes

e d

e d

ou

tora

do

ap

rese

nta

da

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rogra

ma

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Est

udo

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ós-

Gra

du

ado

s em

Ed

uca

ção

: H

istó

ria,

Po

líti

ca, S

oci

edad

e d

a P

UC

-SP

.

Page 227: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

213

AN

EX

O V

I – I

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Co

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Co

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enta

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Gra

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Gra

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CC

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Gra

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C +

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reen

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lica

ção

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Ap

lica

ção

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lex

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Rel

emb

rar

Ref

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Des

crev

er

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tifi

car

Inte

rvir

Ob

serv

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Rec

on

hec

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Leg

end

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squ

emas

Co

mp

arar

(re

laçõ

es s

imp

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Exp

lica

r (f

enô

men

os

sim

ple

s)

Exp

lica

r (f

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os

sim

ple

s)

Infe

rir

(rel

açõ

es s

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Just

ific

ar (

fen

ôm

eno

s si

mp

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Inte

rpre

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Ref

leti

r

Rel

acio

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(re

laçõ

es s

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Dis

cuti

r

Mo

bil

izar

(re

laçõ

es

sim

ple

s)

Ap

lica

r

Cla

ssif

icar

Mo

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izar

(rel

açõ

es

com

ple

xas

)

An

alis

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Cat

ego

riza

r

Co

mp

arar

(re

laçõ

es

com

ple

xas

)

Dis

tin

gu

ir I

nfe

rir

(rel

açõ

es c

om

ple

xas

)

Inves

tigar

(p

esq

uis

ar,

sele

cio

nar

, e

org

aniz

ar

info

rmaç

ão)

Pes

qu

isar

Qu

esti

on

ar

Rel

acio

nar

(re

laçõ

es

com

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xas

)

Exp

lica

r (f

enô

men

os

com

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xo

s) F

orm

ula

r

pro

ble

mas

Fo

rmu

lar

hip

óte

ses

Fu

nd

amen

tar

(fen

ôm

eno

s

com

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s)

Just

ific

ar (

fen

ôm

eno

s

com

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lan

ejar

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real

izar

trab

alh

os/

con

ceb

er

pro

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s

Arg

um

enta

r

Aval

iar

Co

mp

arar

Cri

tica

r

Julg

ar

Pre

ver

Res

olu

ção

de

pro

ble

mas

Exer

cíci

os

de

tom

ada

de

dec

isão

Fo

nte

: C

AL

AD

O,

S.

(200

7).

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ulo

e M

anu

ais

Esc

ola

res:

Pro

cess

os

de

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nte

xtu

aliz

ação

no

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o p

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Nat

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o 3

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rup

o E

SS

A,

Dep

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e d

e C

iên

cias

da

Un

iver

sidad

e d

e L

isb

oa

Page 228: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

214

AN

EX

O V

II –

In

stru

men

to d

e A

náli

se d

o P

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to/I

ntr

ad

isci

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nari

dad

e

Inst

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ento

1.c

Inst

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men

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ençã

o P

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óg

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Co

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xto

In

stru

cio

nal

Rel

açõ

es e

ntr

e d

iscu

rso

s

Intr

adis

cip

lin

arid

ade

Seç

ões

do

Pro

jeto

C

+ +

C

+

C-

C-

-

Co

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ento

s

Co

nte

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lam

a r

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ão e

ntr

e co

nte

úd

os

de

ord

em s

imp

les,

den

tro d

o m

esm

o t

ema

OU

Não

são

esta

bel

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as q

uai

squ

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elaç

ões

en

tre

con

teúd

os

da

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Co

nte

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lam

as

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ções

en

tre

con

teúd

os

de

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em s

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les

de

tem

as d

ifer

ente

s

Co

nte

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lam

as

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ções

entr

e co

nte

úd

os

de

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em

com

ple

xa

ou

en

tre

este

s e

con

teúd

os

de

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em

sim

ple

s d

entr

o d

o m

esm

o

tem

a

Co

mte

mp

lam

as

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ções

en

tre

con

teú

do

s d

e

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em c

om

ple

xa

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en

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s e

con

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os

de

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em s

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les

de

tem

as d

ifer

ente

s

Fin

alid

ades

C

on

tem

pla

m a

rel

ação

en

tre

con

teú

do

s d

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den

tro d

o m

esm

o t

ema

OU

N

ão

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est

abel

ecid

as q

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squ

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ões

en

tre

con

teúd

os

da

dis

cipli

na

Co

nte

mp

lam

as

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ções

en

tre

con

teúd

os

de

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em s

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de

tem

as d

ifer

ente

s

Co

nte

mp

lam

as

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ções

entr

e co

nte

úd

os

de

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em

com

ple

xa

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en

tre

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s e

con

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os

de

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em

sim

ple

s d

entr

o d

o m

esm

o

tem

a

Co

nte

mp

lam

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ções

en

tre

con

teú

do

s d

e o

rdem

com

ple

xa

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en

tre

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s e

conte

úd

os

de

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em

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ple

s d

e te

mas

dif

eren

tes

Ad

apta

do

de:

CA

LA

DO

, S

. (2

007

). C

urr

ícu

lo e

Man

uai

s E

sco

lare

s: P

roce

sso

s d

e re

con

textu

aliz

ação

no

dis

curs

o p

edag

ógic

o d

e C

iên

cias

Nat

ura

is d

o 3

º ci

clo

do

en

sin

o b

ásic

o.

IN:

Gru

po

ES

SA

, D

epar

tam

ento

de

Ed

uca

ção

da

Fac

uld

ade

de

Ciê

nci

as d

a U

niv

ersi

dad

e d

e L

isb

oa

e d

e G

AL

LIA

N,

C.

(20

09

). A

rec

on

tex

tual

izaç

ão d

o c

onh

ecim

ento

cie

ntí

fico

. O

s d

esaf

ios

da

con

stit

uiç

ão d

o c

on

hec

imen

to e

sco

lar.

Tes

e d

e d

ou

tora

do

ap

rese

nta

da

ao P

rogra

ma

de

Est

udo

s P

ós-

Gra

du

ado

s em

Ed

uca

ção

: H

istó

ria,

Po

líti

ca, S

oci

edad

e d

a P

UC

-SP

.

Page 229: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

215

AN

EX

O V

III

– I

nst

rum

ento

de

An

áli

se d

o P

roje

to/C

on

hec

imen

to A

cad

êmic

o/N

ão A

cad

êm

ico

Inst

rum

ento

1.d

Inst

ru

men

to d

e A

náli

se d

o P

roje

to d

e In

terv

ençã

o P

edag

óg

ica

Co

nte

xto

In

stru

cio

nal

Rel

açõ

es e

ntr

e d

iscu

rso

s

Co

nh

ecim

ento

Aca

dêm

ico

/Não

Aca

dêm

ico

Seç

ões

do

Pro

jeto

C

++

C+

C-

C-

-

Co

nh

ecim

ento

s N

ão s

ão e

stab

elec

idas

rel

açõ

es e

ntr

e

con

hec

imen

tos

e n

ão a

cad

êmic

os.

São

ind

icad

os

fen

ôm

eno

s d

o d

ia a

dia

qu

e tê

m r

elaç

ão c

om

o t

ema

a se

r

estu

dad

o,

emb

ora

as

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ções

en

tree

con

hec

imen

tos

acad

êmic

os

e n

ão

acad

êmic

os

daí

dec

orr

ente

s se

jam

apen

as c

itad

as.

São

ind

icad

os

fen

ôm

eno

s d

o d

ia a

dia

qu

e tê

m r

elaç

ão c

om

o t

ema

a se

r

estu

dad

o e

as

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ções

en

tre

con

hec

imen

tos

acad

êmic

os

e n

ão

acad

êmic

os

daí

dec

orr

ente

s sã

o

abo

rdad

as s

up

erfi

cial

men

te.

São

ind

icad

os

fen

ôm

eno

s d

o d

ia a

dia

qu

e tê

m r

elaç

ão c

om

o t

ema

a se

r

estu

dad

o e

as

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ções

en

tre

con

hec

imen

tos

acad

êmic

os

e n

ão

acad

êmic

os

daí

dec

orr

ente

s sã

o t

rata

das

com

pro

fun

did

ade.

Fin

alid

ades

N

ão s

ão e

stab

elec

idas

rel

açõ

es e

ntr

e

con

hec

imen

tos

e n

ão a

cad

êmic

os.

São

ind

icad

os

fen

ôm

eno

s d

o d

ia a

dia

qu

e tê

m r

elaç

ão c

om

o t

ema

a se

r

estu

dad

o,

emb

ora

as

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ções

en

tre

con

hec

imen

tos

acad

êmic

os

e n

ão

acad

êmic

os

daí

dec

orr

ente

s se

jam

apen

as c

itad

as.

São

ind

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os

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ôm

eno

s d

o d

ia a

dia

qu

e tê

m r

elaç

ão c

om

o t

ema

a se

r

estu

dad

o e

as

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ções

en

tre

con

hec

imen

tos

acad

êmic

os

e n

ão

acad

êmic

os

daí

dec

orr

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Page 230: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

216

AN

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-SP

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Page 231: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

217

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O X

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bem

co

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218

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enô

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Cat

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ple

xas

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Rel

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Exp

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com

ple

xo

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ula

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pro

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mas

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rmu

lar

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tar

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ific

ar

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eno

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ejar

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izar

trab

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ceb

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pro

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s

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um

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r

Aval

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Co

mp

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tica

r

Julg

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Pre

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ção

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ble

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Page 233: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

219

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Pro

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C

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C

+

C-

C-

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tre

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de

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Co

mte

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lam

as

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entr

e

con

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os

de

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em c

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ple

xa

ou e

ntr

e

este

s e

con

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do

s d

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s d

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tem

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ifer

ente

s

Fin

alid

ades

C

on

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pla

m a

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ação

en

tre

con

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do

s

de

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les,

den

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do

mes

mo

tem

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OU

Não

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tre

con

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Co

nte

mp

lam

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en

tre

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teúd

os

de

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em s

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Co

nte

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con

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ple

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teú

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esm

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Co

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s d

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sim

ple

s d

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tem

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ifer

ente

s

Ad

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do

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CA

LA

DO

, S

. (2

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). C

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09

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ção

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ria,

Po

líti

ca, S

oci

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UC

-SP

.

Page 234: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

220

AN

EX

O X

III

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ôm

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ôm

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dia

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co

m o

tem

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estu

dad

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tre

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êmic

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São

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co

m o

tem

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tre

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os

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-SP

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Page 235: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

221

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con

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co

nce

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nív

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e

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s co

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os

po

r at

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não

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cep

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s (c

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Co

nte

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lam

te

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u

nif

icad

ore

s, en

vo

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do u

m

nív

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mu

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vad

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-SP

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222

AN

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lam

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cap

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sín

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223

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s)

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(fen

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(rel

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Just

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ar

(fen

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Ref

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açõ

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Dis

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r

Mo

bil

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(re

laçõ

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imp

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lica

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Cla

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Mo

bil

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(re

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ple

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(rel

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com

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xas

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men

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ific

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ôm

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ceb

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ar

Pre

ver

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olu

ção

de

pro

ble

mas

Exer

cíci

os

de

tom

ada

de

dec

isão

Fo

nte

: C

AL

AD

O,

S.

(200

7).

Cu

rríc

ulo

e M

anu

ais

Esc

ola

res:

Pro

cess

os

de

reco

nte

xtu

aliz

ação

no

dis

curs

o p

edag

ógic

o d

e C

iên

cias

Nat

ura

is d

o 3

º ci

clo d

o e

nsi

no

bás

ico

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: G

rup

o E

SS

A,

Dep

arta

men

to d

e E

du

caçã

o d

a F

acu

ldad

e d

e C

iên

cias

da

Un

iver

sidad

e d

e L

isb

oa

Page 238: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

224

AN

EX

O X

VII

– I

nst

rum

ento

de

An

áli

se d

o A

rti

go /

Intr

ad

isci

pli

nari

dad

e

Inst

rum

ento

3.c

Inst

ru

men

to d

e A

náli

se d

o A

rtig

o F

inal

Co

nte

xto

In

stru

cio

nal

Rel

açõ

es e

ntr

e d

iscu

rso

s

Intr

adis

cip

lin

arid

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Seç

ões

do

Pro

jeto

C

++

C+

C-

C--

Co

nh

ecim

ento

s C

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tem

pla

m a

rel

ação

en

tre

con

teú

do

s d

e

ord

em s

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les,

den

tro d

o m

esm

o t

ema

OU

Não

são

esta

bel

ecid

as q

uai

squ

er r

elaç

ões

en

tre

con

teúd

os

da

dis

cipli

na

Co

nte

mp

lam

as

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ções

en

tre

con

teú

do

s

de

ord

em s

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de

tem

as d

ifer

ente

s

Co

nte

mp

lam

as

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ções

en

tre

con

teú

do

s

de

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em c

om

ple

xa

ou

en

tre

este

s e

con

teúd

os

de

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em s

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les

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tro

do

mes

mo

tem

a

Co

mte

mp

lam

as

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ções

entr

e co

nte

úd

os

de

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em

com

ple

xa

ou

en

tre

este

s e

con

teúd

os

de

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em

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ple

s d

e te

mas

dif

eren

tes

Fin

alid

ades

C

on

tem

pla

m a

rel

ação

en

tre

con

teú

do

s d

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les,

den

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o m

esm

o t

ema

OU

Não

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bel

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squ

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en

tre

con

teúd

os

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cipli

na

Co

nte

mp

lam

as

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ções

en

tre

con

teú

do

s

de

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de

tem

as d

ifer

ente

s

Co

nte

mp

lam

as

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ções

en

tre

con

teú

do

s

de

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em c

om

ple

xa

ou

en

tre

este

s e

con

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os

de

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tro

do

mes

mo

tem

a

Co

mte

mp

lam

as

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ções

entr

e co

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úd

os

de

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em

com

ple

xa

ou

en

tre

este

s e

con

teúd

os

de

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ple

s d

e te

mas

dif

eren

tes

Ad

apta

do

de:

CA

LA

DO

, S

. (2

007

). C

urr

ícu

lo e

Man

uai

s E

sco

lare

s: P

roce

sso

s d

e re

con

textu

aliz

ação

no

dis

curs

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ógic

o d

e C

iên

cias

Nat

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º ci

clo

do

en

sino

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ico

. IN

: G

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ES

SA

, D

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tam

ento

de

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uca

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Fac

uld

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de

Ciê

nci

as d

a U

niv

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dad

e d

e L

isb

oa

e d

e G

AL

LIA

N,

C.

(200

9).

A r

eco

nte

xtu

aliz

ação

do

con

hec

imen

to c

ien

tífi

co.

Os

des

afio

s d

a

con

stit

uiç

ão d

o c

on

hec

imen

to e

sco

lar.

Tes

e d

e d

ou

tora

do

ap

rese

nta

da

ao P

rogra

ma

de

Est

udo

s P

ós-

Gra

du

ado

s em

Ed

uca

ção

: H

istó

ria,

Po

líti

ca, S

oci

edad

e d

a P

UC

-SP

.

Page 239: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

225

AN

EX

O X

VII

I – I

nst

rum

ento

de

An

áli

se d

o A

rti

go

/Con

hec

imen

to A

cad

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o/N

ão A

cad

êm

ico

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rum

ento

3.d

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men

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Co

nte

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In

stru

cio

nal

Rel

açõ

es e

ntr

e d

iscu

rso

s

Co

nh

ecim

ento

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dêm

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dêm

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Seç

ões

do

Pro

jeto

C

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C+

C-

C--

Co

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ento

s N

ão s

ão e

stab

elec

idas

rel

açõ

es

entr

e co

nh

ecim

ento

s e

não

acad

êmic

os.

São

ind

icad

os

fen

ôm

eno

s d

o d

ia a

dia

qu

e

têm

rel

ação

co

m o

tem

a a

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estu

dad

o,

emb

ora

as

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ções

en

tre

con

hec

imen

tos

acad

êmic

os

e n

ão a

cad

êmic

os

daí

dec

orr

ente

s se

jam

ap

enas

cit

adas

.

São

ind

icad

os

fen

ôm

eno

s d

o d

ia a

dia

qu

e tê

m r

elaç

ão c

om

o t

ema

a se

r

estu

dad

o e

as

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ções

en

tre

con

hec

imen

tos

acad

êmic

os

e n

ão

acad

êmic

os

daí

dec

orr

ente

s sã

o

abo

rdad

as s

up

erfi

cial

men

te.

São

in

dic

ado

s fe

men

os

do

dia

a

dia

qu

e tê

m r

elaç

ão c

om

o t

ema

a

ser

estu

dad

o e

as

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ções

en

tre

con

hec

imen

tos

acad

êmic

os

e n

ão

acad

êmic

os

daí

dec

orr

ente

s sã

o

trat

adas

co

m p

rofu

nd

idad

e.

Fin

alid

ades

N

ão s

ão e

stab

elec

idas

rel

açõ

es

entr

e co

nh

ecim

ento

s e

não

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êmic

os.

São

ind

icad

os

fen

ôm

eno

s d

o d

ia a

dia

qu

e

têm

rel

ação

co

m o

tem

a a

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dad

o,

emb

ora

as

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ções

en

tree

co

nh

ecim

ento

s

acad

êmic

os

e n

ão a

cad

êmic

os

daí

dec

orr

ente

s se

jam

ap

enas

cit

adas

.

São

ind

icad

os

fen

ôm

eno

s d

o d

ia a

dia

qu

e tê

m r

elaç

ão c

om

o t

ema

a se

r

estu

dad

o e

as

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ções

en

tre

con

hec

imen

tos

acad

êmic

os

e n

ão

acad

êmic

os

daí

dec

orr

ente

s sã

o

abo

rdad

as s

up

erfi

cial

men

te.

São

ind

icad

os

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ôm

eno

s d

o d

ia a

dia

qu

e tê

m r

elaç

ão c

om

o t

ema

a

ser

estu

dad

o e

as

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ções

en

tre

con

hec

imen

tos

acad

êm

ico

s e

não

acad

êmic

os

daí

dec

orr

ente

s sã

o

larg

amen

te a

bo

rdad

as

Ad

apta

do

de:

CA

LA

DO

, S

. (2

007

). C

urr

ícu

lo e

Man

uai

s E

sco

lare

s: P

roce

sso

s d

e re

con

textu

aliz

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no

dis

curs

o p

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ógic

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e C

iên

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Nat

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is d

o 3

º ci

clo

do

en

sino

bás

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ES

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tam

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Fac

uld

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as d

a U

niv

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dad

e d

e L

isb

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e d

e G

AL

LIA

N,

C.

(200

9).

A r

eco

nte

xtu

aliz

ação

do

con

hec

imen

to c

ien

tífi

co.

Os

des

afio

s d

a

con

stit

uiç

ão d

o c

on

hec

imen

to e

sco

lar.

Tes

e d

e d

ou

tora

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ap

rese

nta

da

ao P

rogra

ma

de

Est

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s P

ós-

Gra

du

ado

s em

Ed

uca

ção

: H

istó

ria,

Po

líti

ca, S

oci

edad

e d

a P

UC

-SP

.

Page 240: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

226

AN

EX

O X

IX –

Exce

rto

Pro

jeto

EX

CE

RT

O P

RO

JET

O

Cla

ssif

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ção

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s

Un

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de A

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Pro

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(U.A

-P)

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s

Gra

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e C

om

ple

xid

ad

e

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s C

on

teú

do

s

Cie

ntí

fico

s

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u d

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ple

xid

ad

e

da

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om

petê

ncia

s

Cie

ntí

fica

s

Rela

ção

Co

nh

ecim

en

to

Aca

dêm

ico X

o a

cad

êm

ico

Gra

u d

e

Intr

ad

iscip

lin

ari

d

ad

e

Fin

alid

ade

(U

.A1

-P)

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ta p

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ost

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auto

ra e

star

á fo

cali

zand

o o

s er

ros

qu

e os

alu

nos

com

etem

ao c

heg

ar a

séri

e n

o q

ue

tan

ge

a re

solu

ção

dos

algori

tmos

das

op

eraç

ões

fu

nd

amen

tais

Gra

u 1

Gra

u 4

C +

C +

Fin

alid

ade

(U.A

2-P

)

Est

e es

tud

o b

usc

ará

most

rar

qu

e o e

rro e

m M

atem

átic

a é

um

refl

exo e

ao m

esm

o t

emp

o u

m i

nst

rum

ento

de

modif

icaç

ão d

o

pen

sam

ento

qu

e es

tá e

m c

on

stan

te (

tran

s) f

orm

ação

Gra

u 1

Gra

u 4

C +

C +

+

Fin

alid

ade

(U.A

3-P

)

Qu

and

o s

e fa

la e

m a

lgori

tmos

das

oper

ações

fu

nd

amen

tais

, a

dis

cuss

ão

fica

re

stri

ta

à id

éia

de

adic

ion

ar

ou

re

tira

r

quan

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ades

, p

oré

m,

é n

eces

sári

o q

ue

o p

rofe

ssor

op

ort

un

ize

ao

alu

no

lidar

co

m

as

situ

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que

con

stit

uem

o

cam

po

adit

ivo,

bem

co

mo

a co

mp

osi

ção

e d

ecom

posi

ção

dos

mer

os

den

tro d

o s

iste

ma

de

nu

mer

ação

, p

ara

qu

e p

oss

am

con

stru

ir o

s co

nce

itos

de

adiç

ão e

sub

traç

ão,

a p

arti

r d

e u

m

emb

asam

ento

sob

re a

con

stru

ção d

o n

úm

ero e

, d

o s

iste

ma

de

nu

mer

ação

, as

sim

com

o p

ost

erio

rmen

te c

on

stru

ir o

conce

ito

de

mu

ltip

lica

ção e

div

isão

Gra

u 1

G

rau

3

C +

C +

Conh

ecim

ento

(U.A

4-P

)

Na

adiç

ão e

na

mu

ltip

lica

ção,

um

dos

erro

s m

ais

com

etid

os

pel

os

alu

nos

acon

tece

qu

and

o s

urg

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do "

vai

um

" q

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mu

itas

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es,

é es

qu

ecid

o p

elo m

esm

o a

o e

nco

ntr

ar o

tota

l da

adiç

ão.

Per

ceb

e-se

qu

e o a

lun

o,

ao c

om

eter

um

err

o c

om

o

esse

, q

uan

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esti

on

ado e

lev

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exp

ress

ar o

ralm

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seu

rac

iocí

nio

, m

uit

as v

ezes

, at

ribui

o m

oti

vo d

o e

rro a

pen

as

ao

esq

uec

imen

to,

sen

do

nec

essá

rio

qu

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pro

fess

or

este

ja

aten

to p

ara

det

ecta

r se

é r

ealm

ente

esq

uec

imen

to o

u s

e o e

rro

aconte

ceu

dev

ido à

in

com

pre

ensã

o d

a co

mp

osi

ção d

o s

iste

ma

de

nu

mer

ação

. P

ois

par

a o a

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o c

om

pre

end

er a

reg

ra d

o "

vai

um

" co

mo u

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pam

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de

dez

enas

, d

e ce

nte

nas

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ssim

por

dia

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, é

nec

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rio q

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tenh

a b

em e

mb

asad

a a

noçã

o d

e fo

rmaç

ão d

o s

iste

ma

de

num

eraç

ão

Gra

u 1

Gra

u 3

C-

C-

Page 241: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

227

EX

CE

RT

O P

RO

JET

O

Cla

ssif

ica

ção

da

s

Un

ida

des

de A

lise

do

Pro

jeto

(U.A

-P)

Excerto

s

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ad

e

do

s C

on

teú

do

s

Cie

ntí

fico

s

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e C

om

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xid

ad

e

da

s C

om

petê

ncia

s

Cie

ntí

fica

s

Rela

ção

Co

nh

ecim

en

to

Aca

dêm

ico X

o a

cad

êm

ico

Gra

u d

e

Intr

ad

iscip

lin

ari

d

ad

e

Conh

ecim

ento

(U.A

5-P

)

Per

ceb

e-se

qu

e u

m d

os

gra

nd

es o

bst

ácu

los

par

a o a

lgori

tmo

da

sub

traç

ão e

, co

nse

qu

ente

men

te p

ara

a div

isão

, é

o n

úm

ero

"zer

o",

em

sit

uaç

ões

com

o "

emp

rest

ar d

o z

ero"

ou

"em

pre

star

p

ara

o ze

ro".

P

arec

e q

ue

o al

un

o n

ão fa

z id

éia

de

qu

e o

nu

mer

al s

erve

par

a d

esig

nar

a p

rese

nça

de

cert

a q

uan

tid

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não

per

ceb

end

o q

ue

o "

zero

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apen

as u

m s

inal

grá

fico

qu

e se

co

nven

cion

ou p

ara

indic

ar a

au

sên

cia

de

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anti

dad

e. M

uit

as

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es e

le a

ssoci

a m

ecan

icam

ente

o s

inal

grá

fico

à e

xp

ress

ão

"nad

a" s

em c

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pre

end

er o

sig

nif

icad

o d

essa

neg

ação

no q

ue

se r

efer

e a

qu

anti

fica

ção d

a re

alid

ade.

Gra

u 2

Gra

u 3

C -

C -

Conh

ecim

ento

(U.A

6-P

)

Ao f

aze

r 9

000

- 1

83

8 o

pro

fess

or

dev

erá

most

rar

ao a

lun

o

qu

e 90

00

pod

e se

r d

ecom

post

o e

m 8

000

+ 9

00

+ 9

0 +

10

.

Alg

um

as v

ezes

o a

lun

o d

e 5

ª sé

rie

aind

a não

com

pre

end

e o

q

ue

signif

ica

essa

s d

ecom

posi

ções

e a

s re

aliz

a d

a d

irei

ta p

ara

a es

qu

erd

a, a

cum

ula

nd

o-a

s n

o ú

ltim

o a

lgar

ism

o d

a es

qu

erd

a.

No e

xem

plo

aci

ma

ele

fari

a 900

0 -

183

8 c

om

o s

end

o:

6

10 1

0

10 k

k

kkkk k

-kk9

Ø

Ø

Ø

j

jjjj

j1 8

3

8

jk5

2

7

2 h

Gra

u 1

Gra

u 4

C -

-

C +

C

onh

ecim

ento

(U.A

7 –

P)

Ou

tro e

rro m

uit

o c

om

um

co

met

ido p

elos

alu

nos

é su

btr

air

o

men

or

do m

aior,

colu

na

a co

luna,

por

exem

plo

: 9

61

– 1

85 e

le

fará

9 –

1 =

8,

8 –

6 =

2 e

5 –

1 =

4,

dan

do o

res

ult

ado c

om

o

824

ao i

nvés

de

776

.

9 6

1

-1 8

5

8 2

4

Acr

edit

a-se

qu

e es

te

tip

o

de

erro

o

alu

no

com

ete

porq

ue

des

de

as

séri

es

inic

iais

é

levad

o

a co

nsi

der

ar

a su

btr

ação

com

o a

op

eraç

ão o

nd

e se

mp

re d

eve

reti

rar

o m

enor

mer

o

do m

aior,

dei

xan

do d

e p

ensa

r as

sim

no v

alor

posi

cion

al d

e

cada

algar

ism

o

e co

nsi

der

and

o

a re

gra

vál

ida

par

a ca

da

Gra

u 1

Gra

u 4

C -

-

C -

Page 242: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

228

algar

ism

o n

ão

som

ente

par

a as

qu

anti

dad

es (

mer

os)

, o q

ue

leva

a co

ncl

uir

qu

e o c

once

ito d

e su

btr

ação

qu

e el

e co

nst

ruiu

foi

emb

asad

o

em

um

a gen

eral

izaç

ão

a par

tir

d

e

um

a

par

ticu

lari

dad

e d

a s

ub

traç

ão.

Acr

edit

a-s

e t

amb

ém

qu

e u

m

dos

fat

os

qu

e re

forç

am e

ssa

idéi

a er

rôn

ea d

a su

btr

ação

é a

hie

rarq

uiz

ação

das

et

apas

p

ara

se

ensi

nar

as

op

eraç

ões

fund

amen

tais

, on

de

se

trab

alh

a ex

aust

ivam

ente

u

m

pas

so-

pad

rão,

por

exem

plo

su

btr

ação

sem

res

erva

qu

e re

forç

a as

subtr

ações

co

lun

a a

colu

na,

le

van

do

o

mes

mo

a fa

zer

gen

eral

izaç

ões

e

a

cria

r

regra

s

a

par

tir

d

e

par

ticu

lari

dad

es

qu

e n

em

sem

pre

p

od

em

ser

apli

cadas

à

caso

s ger

ais.

Índ

ices

Par

ciai

s (I

P)

de

exig

ênci

a co

nce

itual

0

,38

0,8

9

0,7

1

0,5

7

Niv

el

de E

xig

ên

cia

Co

nce

itu

al

rel

ati

vo

ao P

roje

to

0,6

6

Page 243: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

229

AN

EX

O X

X –

Exce

rto

do M

ate

rial

Did

áti

co

EX

CE

RT

O M

AT

ER

IAL

DID

AT

I C

O

Cla

ssif

icaç

ão d

as

Un

idad

es d

e A

nál

ise

do M

ater

ial

Did

átic

o

(U.A

-MD

)

Exce

rtos

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ade

dos

Con

teúd

os

Cie

ntí

fico

s

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ade

das

Com

pet

ênci

as

Cie

ntí

fica

s

Rel

ação

Conh

ecim

ento

Aca

dêm

ico

X N

ão a

cad

êmic

o

Gra

u d

e In

trad

isci

pli

nar

idad

e

Fin

alid

ade

(U

.A1

-MD

)

...

É n

eces

sári

o q

ue

o p

rofe

ssor

qu

e en

sin

a M

atem

átic

a, o

uça

a v

oz

do

alu

no,

de

mod

o q

ue

ele,

p

rofe

sso

r, p

oss

a co

nst

ruir

u

m m

od

elo d

a

Mat

emát

ica

do a

lun

o.

E,

par

a is

so é

fun

dam

enta

l qu

e el

e te

nh

a u

m

con

hec

imen

to

pro

fund

o,

mas

n

ão

op

erac

ion

al

dos

conce

itos

trab

alh

ado,

pois

é m

uit

o m

ais

com

ple

xo q

ue

isso

. D

eve

esta

r at

ento

a

novas

dim

ensõ

es

e fl

exív

el

par

a al

tera

r su

as

pró

pri

as co

nst

ruçõ

es.

...A

firm

a ta

mb

ém,

qu

e o m

aior

dil

ema

do p

rofe

ssor

é q

uan

do el

e p

rocu

ra in

terp

reta

r o tr

abal

ho d

e um

al

un

o,

pois

m

uit

os

del

es sã

o

apro

vad

os

nos

curs

os

de

Mat

emát

ica

e es

tão

con

ven

cid

os

de

qu

e

poss

uem

o

conh

ecim

ento

n

eces

sári

o

par

a le

cionar

e,

ao

te

r qu

e in

terp

reta

r os

trab

alh

os

dos

alu

nos,

se

dep

aram

com

dif

icu

ldad

es,

pois

de

fato

não

p

oss

uem

o

conh

ecim

ento

p

rofu

nd

o

nec

essá

rio

par

a

des

emp

acota

r a

Mat

emát

ica

form

al e

rec

on

stru

ir,

ou

en

riqu

ecer

, se

u

rep

ertó

rio d

e so

luçõ

es.

Gra

u 1

G

rau

4

C -

C -

Conh

ecim

ento

(U.A

2-M

D)

Ess

e al

un

o c

onh

ece

o a

lgori

tmo d

a m

ult

ipli

caçã

o,

poré

m o

zer

o c

om

o

algar

ism

o d

a d

ezen

a n

o s

egu

nd

o f

ator

foi

ign

ora

do j

á q

ue

rep

rese

nta

o

"nad

a",

por

isso

ele

não

con

sid

erou

seu

val

or

posi

cion

al e

mu

ltip

lico

u

em s

egu

ida

o 3

das

cen

ten

as,

sem

per

ceb

er q

ue

ele

fez

na

ver

dad

e

409

x33

ao i

nvés

de

40

9x3

03

. N

ovam

ente

eis

o z

ero s

end

o p

rob

lem

a

par

a a

mu

ltip

lica

ção,

e a

nec

essi

dad

e d

e re

con

stru

ir o

alg

ori

tmo a

p

arti

r da

dec

om

posi

ção

do

mer

o

qu

e te

m

o

zero

en

tre

seu

s

algar

ism

os.

G

rau

2

Gra

u 4

C

- C

+

Fin

alid

ade

(U.A

3-M

D)

...a

p

arti

r da

apli

caçã

o

de

ativ

idad

es

envolv

end

o

as

op

eraç

ões

fu

nd

amen

tais

com

alu

nos

da

séri

e, a

auto

ra s

elec

ion

ou

alg

un

s d

os

erro

s m

ais

com

un

s e

freq

uen

tes,

par

a qu

e p

oss

amos

faze

r u

ma

anál

ise

e d

iscu

ssão

, bu

scan

do

a su

a tr

ansf

orm

ação

em

si

tuaç

ão

de

apre

nd

izag

em,

bu

scan

do u

ma

nova

vis

ão f

ren

te a

o e

rro d

os

alun

os.

G

rau

1

Gra

u 4

C

+

C +

Page 244: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

230

EX

CE

RT

O M

AT

ER

IAL

DID

AT

I C

O

Cla

ssif

icaç

ão d

as

Un

idad

es d

e A

nál

ise

do M

ater

ial

Did

átic

o

(U.A

-MD

)

Exce

rtos

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ade

dos

Con

teúd

os

Cie

ntí

fico

s

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ade

das

Com

pet

ênci

as

Cie

ntí

fica

s

Rel

ação

Conh

ecim

ento

Aca

dêm

ico

X N

ão a

cad

êmic

o

Gra

u d

e

Intr

adis

cip

lin

arid

ad

e

Conh

ecim

ento

(U.A

4-M

D)

Sit

ua

ção

1:

Um

a c

ria

nça

ob

teve a

s se

gu

inte

s a

diç

ões:

0345

4345

+

+9

59

+ 1

739

1799

9

99

9

a

) P

rocu

re d

esco

bri

r co

mo e

la p

enso

u e

o q

ue

a p

rofe

ssora

en

fati

zou

par

a

qu

e a

cria

nça

ten

ha

com

etid

o e

ste

erro

?

b)

Res

olv

a as

op

eraç

ões

67

8 +

987

e 4

53

+ 1

23

pel

o m

étod

o d

a

cria

nça

:

c)

O q

ue

essa

alu

na

sab

e so

bre

ad

ição e

o q

ue

ela

não

sab

e?

d)

Qu

e es

trat

égia

s d

idát

icas

você

su

ger

e p

ara

trab

alh

ar c

om

ess

a

cria

nça

?

Gra

u 2

G

rau

4

C -

- C

-

Conh

ecim

ento

(U.A

5-M

D)

Nes

te t

ipo d

e er

ro (

situ

ação

1)

o a

lun

o n

ão d

om

ina

a fo

rmaç

ão d

o

Sis

tem

a d

e N

um

eraç

ão

Dec

imal

e

con

seq

üen

tem

ente

o

val

or

posi

cion

al

de

cad

a al

gar

ism

o

qu

e fo

rma

o n

úm

ero.

Ao re

solv

er as

ad

ições

o al

un

o ac

redit

a qu

e

algar

ism

o e

mer

o s

eja

a m

esm

a co

isa,

por

isso

ele

som

a ca

da

ord

em

até

no m

áxim

o 9

, o q

ue

pas

sa d

e 9

ele

acr

esce

nta

à o

rdem

seg

uin

te e

assi

m

faz

em

tod

as

as

ord

ens,

por

isso

só p

od

e p

assa

r d

e 9

a m

aior

ord

em d

a so

ma,

sem

con

sid

erar

o s

eu v

alor

posi

cion

al n

a par

cela

.

Gra

u 2

G

rau

4

C -

C +

Conh

ecim

ento

(U.A

6-M

D)

Sit

ua

ção

6:

Ob

serve c

om

o o

utr

o a

lun

o f

ez 8

000

7 -

328

99

:

a)

Com

o e

sse

alun

o p

enso

u a

o r

eso

lver

?

b)

Porq

ue

você

ach

a qu

e el

e co

met

eu e

sse

erro

?

c)

E e

sse

alun

o,

o q

ue

sab

e so

bre

su

btr

ação

e o

qu

e el

e n

ão s

abe?

d)

Qu

e es

trat

égia

s d

idát

icas

você

su

ger

e p

ara

trab

alh

ar c

om

ess

e

alu

no?

Gra

u 2

G

rau

4

C -

- C

-

EX

CE

RT

O M

AT

ER

IAL

DID

AT

I C

O

Page 245: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

231

Cla

ssif

icaç

ão d

as

Un

idad

es d

e A

nál

ise

do M

ater

ial

Did

átic

o

(U.A

-MD

)

Exce

rtos

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ade

dos

Con

teúd

os

Cie

ntí

fico

s

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ade

das

Com

pet

ênci

as

Cie

ntí

fica

s

Rel

ação

Conh

ecim

ento

Aca

dêm

ico

X N

ão a

cad

êmic

o

Gra

u d

e In

trad

isci

pli

nar

idad

e

Conh

ecim

ento

(U.A

7-M

D)

Em

am

bos

os

caso

s es

tes

alun

os

não

dom

inam

tam

bém

a c

om

posi

ção

do n

úm

ero,

assi

m c

om

o v

alor

posi

cion

al d

e ca

da

algar

ism

o q

ue

o

form

am,

emb

ora

sai

bam

qu

e há

a n

eces

sid

ade

de

dec

om

por

o n

úm

ero

quan

do o

alg

aris

mo d

o m

inu

end

o é

men

or

qu

e o a

lgar

ism

o d

o

subtr

aend

o (

atual

men

te c

ham

ados

de

1º.

e 2

º. t

erm

os)

, m

as n

ão

dom

inam

o f

ato d

e qu

e o q

ue

oco

rre

são d

ecom

posi

ções

con

secu

tivas

,

por

isso

am

bos

con

sid

eram

os

val

ore

s qu

e fo

ram

acr

esce

nta

nd

o a

os

zero

s e

ao 7

com

o s

end

o t

od

os

de

igual

val

or

(1,1

e 1

ao i

nvés

de

10,1

00

e 1

00

0)

por

isso

som

aram

1+

1+

1=

3 e

fiz

eram

8 –

3=

5 a

o

invés

de

800

dez

enas

men

os

1 d

ezen

a ig

ual

a 7

99

dez

enas

. E

stes

alu

nos

sab

em o

qu

e é

subtr

air,

dom

inam

o c

on

ceit

o, m

as n

ão

com

pre

end

em a

s d

ecom

posi

ções

, qu

e ai

nda

mu

itos

pro

fess

ore

s

cham

am d

e em

pré

stim

os.

Nes

te c

aso n

ovam

ente

volt

amos

ao p

rob

lem

a d

e fo

rmaç

ão d

o c

on

ceit

o

de

sub

trai

r, q

ue

dep

end

e m

uit

o d

a d

ecom

posi

ção. A

con

selh

o n

este

s

caso

s, t

rab

alhar

com

mat

eria

l d

e co

nta

gem

com

o s

uger

ido n

a si

tuaç

ão

1, bu

scan

do e

nfa

tiza

r o v

oca

bu

lári

o c

orr

eto a

o f

alar

das

ord

ens

e das

dec

om

posi

ções

. N

o e

xem

plo

pod

eria

diz

er:

800

dez

enas

e 7

unid

ades

, p

reci

so t

ran

sform

ar u

ma

dez

ena

em u

nid

ades

, fi

can

do c

om

1

7 u

nid

ades

e 7

99

dez

enas

. D

essa

form

a ev

itam

os

os

“em

pré

stim

os

suce

ssiv

os”

dec

om

pon

do s

om

ente

um

a vez

.

Gra

u 2

G

rau

4

C -

- C

+

Conh

ecim

ento

(U.A

8-M

D)

Sit

ua

ção

12

: U

m a

lun

o r

eso

lveu

a m

ult

ipli

caçã

o 3

08

x 4

7 a

ssim

:

a)

Qual

fo

i a

form

a q

ue

esse

al

un

o

pen

sou

?

b)

Porq

ue

você

ac

ha

qu

e el

e co

met

eu

esse

er

ro?

c)

O

qu

e fa

lta

esse

al

un

o

sab

er

sob

re

mu

ltip

lica

ção?

d)

Qu

e es

trat

égia

s d

idát

icas

você

su

ger

e p

ara

trab

alhar

com

ess

e al

un

o

par

a sa

nar

ess

a dif

icu

ldad

e?

Gra

u 2

G

rau

4

C -

- C

-

EX

CE

RT

O M

AT

ER

IAL

DID

AT

I C

O

Page 246: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

232

Cla

ssif

icaç

ão d

as

Un

idad

es d

e A

nál

ise

do M

ater

ial

Did

átic

o

(U.A

-MD

)

Exce

rtos

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ade

dos

Con

teúd

os

Cie

ntí

fico

s

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ade

das

Com

pet

ênci

as

Cie

ntí

fica

s

Rel

ação

Conh

ecim

ento

Aca

dêm

ico

X N

ão a

cad

êmic

o

Gra

u d

e In

trad

isci

pli

nar

idad

e

Conh

ecim

ento

(U.A

9-M

D)

Est

e al

un

o i

nic

ialm

ente

não

tem

cla

ra a

tab

uad

a,fe

z 7

x 8

= 5

4 e

7x

3=

24 d

epois

fe

z 4

x8

=32

, m

as re

gis

trou

2

2 m

esm

o te

nd

o co

loca

do

corr

etam

ente

o 3

da

dez

ena

do 3

2 n

a ord

em c

orr

eta

(sob

re o

zer

o),

em

segu

ida

fez

4x3

=1

3.

Mas

apes

ar d

isso

ele

con

hec

e o m

ecan

ism

o d

o

algori

tmo,

por

isso

é

nec

essá

rio

trab

alh

ar c

om

ele

a c

on

stru

ção d

o m

ecan

ism

o d

a ta

buad

a, i

ncl

usi

ve

most

rand

o

a el

e q

ue

pod

e u

sar

as m

ãos

par

a co

nta

gem

, p

ois

é

a

pri

mei

ra c

alcu

lad

ora

aqu

e te

mos

aces

so e

qu

e d

eu o

rigem

ao t

erm

o

díg

itos

(díg

itu

s=d

edos)

. Q

ue

ele

pod

e qu

and

o n

ão s

oub

er u

m p

rod

uto

, p

arti

r d

e u

m p

rodu

to c

onh

ecid

o

des

sata

bu

ada

par

a ch

egar

ao p

roduto

des

ejad

o.

Por

exem

plo

se

não

sa

be

7x8

, m

assa

be

qu

e 7

x5

=35

, bas

ta p

arti

r d

o 3

5.

Gra

u 2

G

rau

4

C -

- C

-

Conh

ecim

ento

(U

.A1

0-M

D)

Sit

ua

ção

25

: A

o E

d (

um

alu

no

do

seg

un

do

an

o),

fo

i d

ad

o o

seg

uin

te p

rob

lem

a d

ura

nte

um

a e

ntr

evis

ta:

"Q

ua

nto

é q

uaren

ta e

do

is d

ivid

ido

po

r se

te?

".

Ed

res

pon

deu

: "Q

ua

renta

div

idid

o p

or

dez

o q

ua

tro

; tr

ês m

ais

trê

s

ma

is t

rês

mais

trê

s sã

o d

oze

; d

oze

mais

dois

o q

ua

torz

e; q

ua

torz

e d

ivid

ido p

or

do

is s

ão

set

e; d

ois

ma

is q

ua

tro s

ão

sei

s".

Par

a gar

anti

r q

ue

a re

spost

a d

o E

d n

ão h

avia

sid

o a

cid

enta

l, e

par

a

ten

tar

elu

cid

ar m

aiore

s in

form

ações

sob

re o

seu

mét

od

o,

a p

rofe

ssora

co

loco

u o

utr

a p

ergu

nta

ao E

d:

"Quan

to é

set

enta

e d

ois

div

idid

o p

or

oit

o?"

Ed

res

pon

deu

: "S

eten

ta d

ivid

ido

po

r dez

o s

ete;

set

e ve

zes

do

is s

ão

q

ua

torz

e; q

ua

torz

e m

ais

dois

são

dez

esse

is;

dez

esse

is d

ivid

ido

po

r

dois

são

oit

o;

do

is m

ais

set

e sã

o n

ove

. A

res

po

sta

é n

ove

".

a)

Com

o v

ocê

ju

stif

icar

ia o

pen

sam

ento

do E

d?

b)

Res

olv

a ou

tra

div

isão

usa

nd

o a

est

raté

gia

do E

d.

c)

O q

ue

Ed

ente

nd

e so

bre

a d

ivis

ão?

Gra

u 2

G

rau

4

C -

- C

-

Page 247: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

233

EX

CE

RT

O M

AT

ER

IAL

DID

AT

I C

O

Cla

ssif

icaç

ão d

as

Un

idad

es d

e A

nál

ise

do M

ater

ial

Did

átic

o

(U.A

-MD

)

Exce

rtos

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ade

dos

Con

teúd

os

Cie

ntí

fico

s

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ade

das

Com

pet

ênci

as

Cie

ntí

fica

s

Rel

ação

Conh

ecim

ento

Aca

dêm

ico

X N

ão a

cad

êmic

o

Gra

u d

e In

trad

isci

pli

nar

idad

e

Conh

ecim

ento

(U

.A1

1-M

D)

Ed

p

enso

u

assi

m:

Pri

mei

ram

ente

ele

arr

edon

da

o d

ivid

end

o p

ara

a d

ezen

a m

ais

pró

xim

a

e a

div

ide

por

10

par

a ver

q

uan

tas

dez

enas

h

á n

o d

ivid

end

o.

No

exem

plo

fez

40

: 1

0 =

4 D

epois

ele

ver

ific

a qu

anta

s unid

ades

o 1

0 t

em

a m

ais

qu

e o d

ivis

or

dad

o,

mu

ltip

lica

nd

o e

ssa

qu

anti

dad

e p

elo n

úm

ero

de

dez

enas

en

con

trad

a n

a ap

roxim

ação

.

No

exem

plo

: 4

x

3=

12

E

m

seguid

a E

d

som

a es

se

resu

ltad

o

às

unid

ades

qu

e fa

ltar

am q

uan

do a

rred

on

dou

o d

ivid

end

o, n

o e

xem

plo

42

- 40

=2

entã

o f

ez 1

2+

2=

14

Dep

ois

ele

ver

ific

a qu

anta

s vez

es o

div

isor

cab

e n

essa

som

a, f

azen

do s

emp

re a

per

gu

nta

“ a

som

a d

ivid

ida

por

quan

to é

igual

ao

div

isor?

” ,

no ex

emp

lo se

ria

“ 1

4 d

ivid

ido p

or

quan

to d

á 7

?”,

por

isso

fez

14

: 2

E f

inal

men

te s

om

ou

o q

uoci

ente

ob

tid

o n

o p

rim

eiro

pas

so p

elo d

ivis

or

ob

tid

o n

a ú

ltim

a d

ivis

ão.

Ass

im

no

exem

plo

fe

z 2

+

4

=

7

,

e 7

é o

resu

ltad

o.

Ed

sab

e p

erfe

itam

ente

qu

e d

ivis

ão é

a o

per

ação

usa

da

par

a ver

qu

anta

s

vez

es u

m n

úm

ero c

abe

no o

utr

o,

e dom

ina

bem

ess

e p

roce

sso ,

bem

co

mo

o

SN

D,

ord

ens

e cl

asse

s,

além

d

e ar

red

on

dam

ento

s.

Su

a

estr

atég

ia s

ó n

ão é

tão

úti

l q

uan

do q

uer

sab

er o

res

to d

a d

ivis

ão n

ão

exat

a, m

as s

emp

re d

á ce

rto p

ara

qual

qu

er d

ivis

ão.

Gra

u 2

G

rau

4

C -

- C

-

Page 248: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

234

EX

CE

RT

O M

AT

ER

IAL

DID

AT

I C

O

Cla

ssif

icaç

ão d

as

Un

idad

es d

e A

nál

ise

do M

ater

ial

Did

átic

o

(U.A

-MD

)

Exce

rtos

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ade

dos

Con

teúd

os

Cie

ntí

fico

s

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ade

das

Com

pet

ênci

as

Cie

ntí

fica

s

Rel

ação

Conh

ecim

ento

Aca

dêm

ico

X N

ão a

cad

êmic

o

Gra

u d

e

Intr

adis

cip

lin

arid

ade

Conh

ecim

ento

(U

.A1

2-M

D)

Sit

ua

ção

27

: U

m a

lun

o e

lab

oro

u a

seg

uin

te r

eso

luçã

o d

a e

xp

ress

ão

nu

méric

a:

20

- (

3 x

4 +

2 x

0,5

) =

20

- (

3 x

6 x

0,5

) =

20

- 9

= 1

1

Em

o

utr

a

oca

siã

o

a

profe

ssora

p

ass

ou

o

se

gu

inte

p

ro

ble

ma

:

"Joã

o f

oi

à f

eira

co

m R

$ 2

0,0

0,

com

pro

u t

rês

quil

os

de

carn

e a

R$

4,0

0 o

qu

ilo e

do

is q

uil

os

de

tom

ate

a R

$ 0

,50

o q

uil

o,

qu

anto

rec

ebeu

de

troco

?"

O

mes

mo

alu

no

pen

sou

e c

om

eçou

a f

ala

r: "

do

is q

uil

os

de

tom

ate

a

R$

0,5

0 c

ada

dá R

$1,0

0,

três

qu

ilo

s d

e ca

rne

a R

$ 4

,00 d

á R

$ 1

2,0

0,

entã

o g

ast

ei a

o t

od

o R

$ 1

3,0

0.

Con

ta n

os

ded

os:

13

, 14

, 15

, 16

, 17

, 1

8,

19

, 2

0.

So

bro

u

R$

7,0

0

de

tro

co".

a)

Com

par

e as

du

as p

rop

ost

as e

o e

nca

min

ham

ento

dad

o p

elo a

lun

o.

b)

Ref

lita

so

bre

o

qu

e oco

rreu

n

a se

gu

nd

a si

tuaç

ão.

c)

Qu

e es

trat

égia

s did

átic

as e

sse

tip

o d

e si

tuaç

ão s

uger

e?

Gra

u 2

G

rau

4

C -

- C

- -

Page 249: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

235

EX

CE

RT

O M

AT

ER

IAL

DID

AT

I C

O

Cla

ssif

icaç

ão d

as

Un

idad

es d

e A

nál

ise

do M

ater

ial

Did

átic

o

(U.A

-MD

)

Exce

rtos

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ade

dos

Con

teúd

os

Cie

ntí

fico

s

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ade

das

Com

pet

ênci

as

Cie

ntí

fica

s

Rel

ação

Conh

ecim

ento

Aca

dêm

ico

X N

ão a

cad

êmic

o

Gra

u d

e In

trad

isci

pli

nar

idad

e

Conh

ecim

ento

(U.A

13

-MD

)

Est

a si

tuaç

ão v

em a

rea

firm

ar o

que

sem

pre

est

amos

dis

cuti

nd

o n

a ár

ea d

e M

atem

átic

a, a

nec

essi

dad

e d

e co

nte

xtu

aliz

arm

os

os

conte

úd

os

mat

emát

icos,

par

a q

ue

faça

m s

enti

do p

ara

noss

o a

lun

o,

pois

nes

te c

aso

a re

solu

ção d

a ex

pre

ssão

era

ap

enas

um

am

onto

ado d

e op

eraç

ões

e

regra

s se

m s

enti

do,

da

form

a co

mo f

oi

apre

sen

tad

a. J

á n

o m

om

ento

em q

ue

ela

foi

apli

cad

a u

ma

situ

ação

prá

tica

, a

s re

gra

s d

e p

riori

dad

e

op

erat

óri

as

pas

sara

m

a fa

zer

sen

tido.

Acr

esce

nto

q

ue

na

situ

ação

p

rob

lem

a dad

a, p

od

er-s

e-ia

exp

lora

r as

pri

ori

dad

es d

as o

per

ações

par

a

entã

o

colo

cá-l

as

com

o

regra

, p

ois

ao

ap

rese

nta

rmos

um

a si

tuaç

ão

com

o es

sa,

raro

s se

rão os

caso

s d

e al

un

os

qu

e ir

iam

m

on

tar

um

a ex

pre

ssão

par

a re

solv

ê-la

. E

xis

tem

div

ersa

s si

tuaç

ões

com

o e

ssa

par

a

apli

caçã

o

das

re

gra

s d

e re

solu

ção

de

exp

ress

ões

n

um

éric

as,

por

exem

plo

, p

ara

exp

lica

r a

pri

ori

dad

e d

as

op

eraç

ões

p

od

emos

usa

r ex

emp

los

de

fila

s d

e at

end

imen

to,

on

de

exis

tem

p

riori

dad

es

par

a

segu

ir (

ges

tan

tes,

id

oso

s, e

tc.)

, ta

mbém

é f

un

dam

enta

l m

ost

rar

qu

e a

mu

ltip

lica

ção

tem

p

riori

dad

e em

re

laçã

o

a ad

ição

p

elo

fato

d

e re

pre

sen

tar

adiç

ões

su

cess

ivas

d

e um

m

esm

o

fato

r,

bem

co

mo

a

div

isão

com

o s

end

o a

sub

traç

ão s

uce

ssiv

a d

e u

m m

esm

o t

erm

o.

Alé

m

dis

so h

á a

nec

essi

dad

e d

e m

ost

rar

qu

e as

vez

es p

reci

sam

os

alte

rar

esta

ord

em op

erat

óri

a e

por

isso

ex

iste

o u

so d

os

sin

ais

de

asso

ciaç

ão

(par

ênte

ses,

colc

het

es e

ch

aves

) q

ue

indic

arão

alt

eraç

ão n

a p

riori

dad

e

op

erat

óri

a.

Gra

u 1

G

rau

2

C

- -

C -

-

Índ

ices

Par

ciai

s (I

P)

de

exig

ênci

a co

nce

itual

0

,59

0,9

6

0,9

0

,71

Niv

el

de E

xig

ên

cia

Co

nce

itu

al

rel

ati

vo

ao M

ate

rial

Did

áti

co

0

,80

Page 250: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

236

AN

EX

O X

XI

– E

xce

rto

Art

igo

EX

CE

RT

O A

RT

IGO

Cla

ssif

ica

ção

da

s

Un

ida

des

de A

lise

do

Arti

go

(U

.A-A

)

Excerto

s G

rau

de C

om

ple

xid

ad

e d

os

Co

nte

úd

os

Cie

ntí

fico

s

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ad

e d

as

Co

mp

etê

ncia

s C

ien

tífi

cas

Rela

ção

Co

nh

eci

men

to

Aca

dêm

ico X

o

aca

dêm

ico

Gra

u d

e

Intr

ad

iscip

lin

ari

da

de

Co

nh

ecim

ento

(U

.A1

-A)

Os

con

ceit

os

e m

od

elo

s q

ue

os

alu

no

s co

nst

roem

são

bas

ead

os

em

situ

açõ

es

esco

lare

s p

revia

men

te p

rogra

mad

as p

elo

pro

fess

or

e,

qu

e ta

mb

ém o

corr

em f

ora

de

sala

de

aula

. E

sse

é u

m

do

s m

oti

vo

s p

elo

s q

uai

s o

p

rofe

sso

r d

eve

con

hec

er

seu

s al

uno

s a

fim

d

e b

usc

ar sa

ber

co

mo

el

es es

tão

pen

san

do

, p

ara

pro

cura

r en

ten

der

a

org

aniz

ação

d

as

idéi

as

elab

ora

das

p

or

eles

, b

em

com

o

con

hec

er

e

anal

isar

os

erro

s q

ue

com

etem

em

co

nse

ênci

a d

as

vis

ões

ain

da

po

uco

des

envo

lvid

as,

qu

e po

ssu

em,

po

is

assi

m

esta

pro

cura

ndo

co

mp

reen

der

co

mo

es

ses

con

ceit

os

estã

o s

end

o f

orm

ado

s.

Gra

u 1

G

rau

4

C -

C -

Co

nh

ecim

ento

(U

.A2

-A)

Mu

ito

se

te

m

dis

cuti

do

so

bre

o

fu

nci

on

amen

to

da

men

te e

o e

stud

o d

a co

gn

ição

hum

ana,

ass

im a

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ális

e

de

erro

s p

asso

u a

des

per

tar

mu

ito

in

tere

sse,

p

ois

se

acre

dit

a q

ue

os

erro

s sã

o i

nd

icat

ivo

s do

fu

nci

on

amen

to

men

tal,

p

erm

itin

do

a

com

pre

ensã

o

do

s p

roce

sso

s

cogn

itiv

os

do

alu

no.

Pod

e-se

co

nsi

der

ar o

s er

ros

com

o

está

gio

s n

eces

sári

os

par

a o

des

envo

lvim

ento

das

id

éias

qu

e fa

zem

par

te d

o c

amin

har

dos

alu

no

s n

a fo

rmaç

ão

do

s co

nce

ito

s, n

este

cas

o c

on

ceit

os

mat

emát

ico

s.

Gra

u 1

G

rau

4

C +

C

-

Page 251: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

237

EX

CE

RT

O A

RT

IGO

Cla

ssif

ica

ção

da

s

Un

ida

des

de A

lise

do

Arti

go

(U

.A-A

)

Excerto

s G

rau

de C

om

ple

xid

ad

e d

os

Co

nte

úd

os

Cie

ntí

fico

s

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ad

e d

as

Co

mp

etê

ncia

s C

ien

tífi

cas

Rela

ção

Co

nh

eci

men

to

Aca

dêm

ico X

o

aca

dêm

ico

Gra

u d

e

Intr

ad

iscip

lin

ari

da

de

Co

nh

ecim

ento

(U

.A3

-A)

É m

uit

o c

om

um

dep

arar

-se

com

alu

no

s q

ue

reso

lvem

men

talm

ente

u

ma

situ

ação

ad

itiv

a o

u s

ub

trat

iva

corr

etam

ente

. P

oré

m,

se

esta

mes

ma

situ

ação

fo

r p

ropo

sta

de

form

a ao

alu

no

usa

r lá

pis

e p

apel

, es

se a

lun

o u

tili

za u

m p

roce

dim

ento

mu

itas

vez

es

erra

do

, o

u

mes

mo

in

form

a n

ão

sab

er

faze

r o

u

diz

sa

ber

fa

zer

“de

cab

eça”

. N

este

mo

men

to,

o p

rofe

sso

r p

od

e qu

esti

on

á-l

o s

ob

re c

om

o

raci

oci

no

u m

enta

lmen

te e

mo

stra

r q

ue

a m

anei

ra d

e

reso

lver

o a

lgo

ritm

o é

bas

icam

ente

a m

esm

a, a

par

tir

da

com

po

siçã

o e

dec

om

po

siçã

o d

o n

úm

ero

, b

asta

ndo

ele

regis

trar

a f

orm

a q

ue

pen

sou

, p

asso

-a-p

asso

.

Gra

u 2

G

rau

4

C -

C -

Page 252: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

238

EX

CE

RT

O A

RT

IGO

Cla

ssif

ica

ção

da

s

Un

ida

des

de A

lise

do

Arti

go

(U

.A-A

)

Excerto

s G

rau

de C

om

ple

xid

ad

e d

os

Co

nte

úd

os

Cie

ntí

fico

s

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ad

e d

as

Co

mp

etê

ncia

s C

ien

tífi

cas

Rela

ção

Co

nh

eci

men

to

Aca

dêm

ico X

o

aca

dêm

ico

Gra

u d

e

Intr

ad

iscip

lin

ari

da

de

Co

nh

ecim

ento

(U

.A4

-A)

Po

is p

ara

o a

luno

co

mp

reen

der

a r

egra

do

“vai

um

com

o

um

ag

rup

amen

to

de

dez

enas

, d

e ce

nte

nas

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assi

m

po

r d

ian

te,

é n

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sári

o

qu

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nh

a b

em

emb

asad

a a

no

ção

d

e fo

rmaç

ão

do

si

stem

a d

e

nu

mer

ação

. A

ssu

nto

a

ser

trab

alh

ado

co

ncr

etam

ente

nas

ries

in

icia

is

atra

vés

d

e q

uan

tifi

caçã

o

e

com

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d

e co

leçõ

es,

bem

co

mo

ag

rup

amen

to e

reag

rup

amen

to

das

mes

mas

: an

tes

de

per

ceb

er o

12

, p

or

exem

plo

, co

mo

sen

do

10

+ 2

, el

e p

erce

ber

á se

ndo

1 +

1 +

1 +

...

+ 1

,

emb

ora

m

enta

lmen

te

ele

saib

a o

qu

e re

pre

sen

ta

a

qu

anti

dad

e 12

. D

essa

fo

rma,

p

erce

be-s

e q

ue

é

fun

dam

enta

l o

al

uno

co

nce

ber

a

adiç

ão

a p

arti

r d

a

ativ

idad

e e

da

idéi

a d

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ar q

uan

tid

ades

. S

e el

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per

ceb

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sis

tem

a d

e n

um

eraç

ão d

ecim

al c

om

o s

end

o

com

po

sto

po

r ag

rup

amen

tos

de

dez

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dez

, p

erce

ber

á

tam

bém

per

feit

amen

te o

po

rqu

ê da

regra

do

“vai

um

”.

Gra

u 1

G

rau

4

C -

C -

Page 253: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

239

Co

nh

ecim

ento

(U

.A5

-A)

O a

lun

o,

ao f

azer

em

pré

stim

os

na

sub

traç

ão,

mu

itas

vez

es

dev

ido

à

mec

aniz

ação

, n

ão c

om

pre

end

e es

se e

mp

rést

imo

co

mo

sen

do

u

ma

dec

om

po

siçã

o

do

n

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eral

d

e m

anei

ra

glo

bal

, e

som

ente

da

pri

mei

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asa

(ord

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à es

qu

erd

a

des

se a

lgar

ism

o,

sem

co

nte

xtu

aliz

á-l

o c

om

o o

rdem

da

dez

ena,

da

cen

ten

a, d

a un

idad

e de

mil

har

, et

c. E

é p

or

esse

mo

tivo

qu

e m

uit

as v

ezes

o a

lun

o a

o s

ub

trai

r, n

ão

des

con

ta

esse

emp

rést

imo

fei

to,

cain

do

ass

im n

o e

rro

.

Gra

u 1

G

rau

4

C -

C -

EX

CE

RT

O A

RT

IGO

Cla

ssif

ica

ção

da

s

Un

ida

des

de A

lise

do

Arti

go

(U

.A-A

)

Excerto

s G

rau

de C

om

ple

xid

ad

e d

os

Co

nte

úd

os

Cie

ntí

fico

s

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ad

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as

Co

mp

etê

ncia

s C

ien

tífi

cas

Rela

ção

Co

nh

eci

men

to

Aca

dêm

ico X

o

aca

dêm

ico

Gra

u d

e

Intr

ad

iscip

lin

ari

da

de

Page 254: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

240

Co

nh

ecim

ento

(U

.A6

-A)

Tam

bém

se

cara

cter

iza

com

o o

utr

o o

bst

ácu

lo p

ara

o

alu

no

reso

lver

corr

etam

ente

um

a su

btr

ação

, o

fat

o d

e o

min

uen

do

ser

um

mer

o c

om

po

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r ze

ros,

um

ao

lad

o d

o o

utr

o,

o

alu

no

m

uit

as

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es

não

co

mp

reen

de

qu

e o

s

emp

rést

imo

s se

rão

su

cess

ivo

s, d

even

do

en

tão

co

meç

ar

da

esq

uer

da

par

a a

dir

eita

. N

um

a si

tuaç

ão c

om

o e

ssa,

o

pro

fess

or

dev

e d

eixar

cl

aro

ao

al

uno

q

ue

aqu

ele

mer

o d

ever

á se

r d

eco

mp

ost

o d

e fo

rma

a sa

tisf

azer

a

situ

ação

do e

mp

rést

imo

. V

eja

algu

ns

exem

plo

s:

Gra

u 2

G

rau

3

C -

- C

-

EX

CE

RT

O A

RT

IGO

Page 255: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

241

Cla

ssif

ica

ção

da

s

Un

ida

des

de A

lise

do

Arti

go

(U

.A-A

)

Excerto

s G

rau

de C

om

ple

xid

ad

e d

os

Co

nte

úd

os

Cie

ntí

fico

s

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ad

e d

as

Co

mp

etê

ncia

s C

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tífi

cas

Rela

ção

Co

nh

eci

men

to

Aca

dêm

ico X

o

aca

dêm

ico

Gra

u d

e

Intr

ad

iscip

lin

ari

da

de

Co

nh

ecim

ento

(U

.A7

-A)

Ou

tro e

rro m

uit

o c

om

um

com

etid

o p

elos

alu

nos

é su

btr

air

o

men

or

do m

aior,

colu

na

a co

lun

a, p

or

exem

plo

: 9

61 –

18

5 e

le

fará

9 –

1 =

8,

8 –

6 =

2 e

5 –

1 =

4,

dan

do o

res

ult

ado c

om

o

824

ao

in

vés

d

e 77

6.

Muit

as

vez

es

o

alu

no

faz

um

a

mis

celâ

nea

d

esta

s co

nst

ruçõ

es

errô

nea

s qu

e o

levou

a

gen

eral

izaç

ões

, co

mo

no

exem

plo

a

segu

ir:

Acr

edit

a-se

q

ue

este

ti

po

de

erro

o

alu

no

com

ete

porq

ue

des

de

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séri

es

inic

iais

é

levad

o

a co

nsi

der

ar

a su

btr

ação

com

o a

op

eraç

ão o

nd

e d

eve

reti

rar

o m

enor

mer

o d

o m

aior,

o q

ue

leva

a co

ncl

uir

qu

e o c

once

ito d

e su

btr

ação

qu

e el

e co

nst

ruiu

foi

embas

ado e

m u

ma

gen

eral

izaç

ão a

par

tir

de

um

a

par

ticu

lari

dad

e d

a su

btr

ação

, fa

zendo s

emp

re u

m a

lgar

ism

o

mai

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os

o a

lgar

ism

o m

enor,

gen

eral

izou

o q

ue

dev

eria

p

ensa

r co

mo n

úm

ero p

ara

algar

ism

o.

Tam

bém

, u

m d

os

fato

s

qu

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forç

am

essa

id

éia

errô

nea

d

a su

btr

ação

é

a

hie

rarq

uiz

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das

et

apas

p

ara

se

ensi

nar

as

op

eraç

ões

fu

nd

amen

tais

, on

de

se

trab

alh

a ex

aust

ivam

ente

u

m

pas

so-

pad

rão p

ara

dep

ois

ou

tro p

asso

e a

ssim

por

dia

nte

, su

cess

ivos

pas

sos

des

con

ecta

dos

entr

e si

. P

or

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plo

, su

btr

ação

sem

re

serv

a q

ue

refo

rça

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ubtr

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colu

na

a co

lun

a, l

evan

do o

mes

mo a

faze

r gen

eral

izaç

ões

e

a cr

iar

regra

s a

par

tir

de

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ticu

lari

dad

es q

ue

nem

sem

pre

podem

ser

ap

lica

das

a c

asos

ger

ais.

Gra

u 2

G

rau

3

C -

- C

-

EX

CE

RT

O A

RT

IGO

Page 256: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

242

Cla

ssif

ica

ção

da

s

Un

ida

des

de A

lise

do

Arti

go

(U

.A-A

)

Excerto

s G

rau

de C

om

ple

xid

ad

e d

os

Co

nte

úd

os

Cie

ntí

fico

s

Gra

u d

e C

om

ple

xid

ad

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as

Co

mp

etê

ncia

s C

ien

tífi

cas

Rela

ção

Co

nh

eci

men

to

Aca

dêm

ico X

o

aca

dêm

ico

Gra

u d

e

Intr

ad

iscip

lin

ari

da

de

Fin

alid

ade

(U.A

8-A

)

A a

uto

ra b

usc

ou

em

seu

tra

bal

ho

mo

stra

r q

ue

o e

rro

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Mat

emát

ica

é u

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refl

exo

e

ao

mes

mo

te

mp

o

um

in

stru

men

to

de

mo

dif

icaç

ão

do

p

ensa

men

to

que

está

em

co

nst

ante

(tra

ns)

form

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. A

cred

ita-

se q

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sab

er M

atem

átic

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mu

ito

mai

s q

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dec

ora

r e

apli

car

fórm

ula

s, r

egra

s o

u

algo

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os

par

a re

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ar c

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s ex

ercí

cio

s co

m ê

xit

o.

Sab

er M

atem

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tud

o i

sso

, po

rém

sem

pre

a p

arti

r

da

com

pre

ensã

o

e d

a co

nte

xtu

aliz

ação

d

o

qu

e se

apre

nd

e,

a fi

m

de

apli

car

esse

co

nh

ecim

ento

em

div

ersa

s si

tuaç

ões

. P

ara

qu

e o

alu

no

po

ssa

ter

suce

sso

em M

atem

átic

a, n

ão b

asta

en

sin

ar

def

iniç

ões

, re

gra

s,

esq

uem

as e

tre

inar

tai

s p

roce

dim

ento

s re

pet

idam

ente

,

dev

e-se

pre

ocu

par

mu

ito

mai

s co

m a

co

mp

reen

são

e

com

a

form

ação

d

os

con

ceit

os

levan

do

assi

m a

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esen

vo

lvim

ento

do

pen

sam

ento

mat

emát

ico

.

Gra

u 2

G

rau

4

C -

C -

-

Índ

ices

Par

ciai

s (I

P)

de

exig

ênci

a co

nce

itu

al

0,5

0

0,9

4

0,7

8

0,7

8

Niv

el d

e E

xig

ênci

a C

on

ceit

ual

rel

ati

vo a

o A

rtig

o

0,7

7

Page 257: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

243

ANEXO XXII– Entrevista Prof. PDE Marilu

Pesquisador: Título do Projeto, a senhora lembra?

Marilu: Análise de erros das operações fundamentais de 5ª série: novas janelas que se abrem.

Pesquisador: Escola de implementação foi lá no João Bettega, né?

Marilu: Sim.

Pesquisador: Que conteúdos foram privilegiados no trabalho? Houve algum conteúdo

específico?

Marilu: As quatro operações fundamentais

Pesquisador: Ah! As quatro operações fundamentais

Pesquisador: Você ficou de olho em como os alunos operavam a adição, subtração,...

Marilu: Exatamente. Como eles chegam e como eles saem da 5ª série.

Pesquisador: Dando prioridade para o erro?

Marilu: Isso

Pesquisador: A análise do erro.

Marilu: Inicialmente eu fiz uma coleta de erros. Mostrei para os professores e eles deveriam

dizer por que que o aluno errou. O que que faltava para o aluno que o levou ao erro. Alguns

professores diziam por que ele não sabe tabuada, ou isso ou aquilo. Em momento algum eu tive

uma análise de erros onde os professores dissessem assim: esse aluno sabe dividir, apenas está

faltando determinado trabalho em relação aquela operação. Então assim, eu não tive nenhum

caso de professor que analisou o erro por um lado positivo. É sempre a falha do aluno. Porque

a minha preocupação maior era assim: os professores de 5ª série dizem que os alunos chegam

à 5ª série sem saber nada. Mas enquanto passou o ano, a minha preocupação, claro desde o

início, era nesse momento ele é o seu aluno. Eu não posso ir lá e evitar o incêndio, mas eu

posso apagá-lo e compete a você, porque você tem um ano para trabalhar com os alunos.

Quando chegou o final do ano, eu voltei a conversar com os professores e a opinião não

mudou.

Pesquisador: Não mudou?

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244

Marilu: Não mudou. Eles continuavam jogando a culpa no aluno. Eles jogavam a culpa no ano

anterior, mas também não faziam nada para recuperar aquele aluno. Em um segundo momento

eu peguei aqueles erros e fui conversar com as crianças, como você pensou? Fui ouvir o pensar

deles. Me explique como vc foi pensando? Falei para ele: vá resolvendo e falando ao mesmo

tempo o que que você tá fazendo. Então fiz isso..., deu catorze por causa daquilo. Então o que

eu percebi é que na maioria das crianças eles sabiam aquelas operações, eles dominavam o

conceito. O que eles não dominavam eram algumas intervenções que os professores deveriam

ter feito. Do tipo assim, na subtração zero menos nove não dá, o que é possível é 9 menos zero.

Mas em nenhum momento foi feito uma intervenção dizendo que isso não podia.

Pesquisador: Ele tinha ideia do que era a subtração, mas em algum momento no algoritmo ele

não conseguia desenvolver.

Marilu. Não conseguia, por que o mecânico..., e assim uma coisa que eu percebi bastante é

assim eu não posso, por exemplo, tirar nove de zero, então eu tenho que tirar zero de nove. Na

cabeça deles tirar nove de zero não foi trabalhado a ideia que esse zero tem que ser

transformado em alguma coisa, ninguém mostrou para ele. Eu percebi que muitos erros, eram

erros de construções malfeitas durante os anos iniciais e isso me preocupou bastante. Porque,

tudo bem houve um erro de construção, mas agora esse aluno é teu e você precisa reconstruir,

tem que mudar essa formação. Os professores não paravam para pensar que aquilo era uma

forma de construção errônea e que ele poderia corrigir. Ele só tratava como erro, o erro pelo

erro, só diziam tá errado, tá errado, tá errado.

Pesquisador: Então eles não intervinham no ponto em que precisava?

Marilu: Não havia intervenção. Eu fiquei tão preocupada com essa análise e eu também dava

aula no Ensino Médio, que eu também fiz essa análise no Ensino Médio, no primeiro ano do

Ensino Médio. E observei que lá no Ensino Médio, aqueles erros que os alunos cometiam lá na

5ª série, eles cometiam igual. Quer dizer ninguém interviu nesses quatro anos até ele chegar no

primeiro ano. A ponto de eu pegar um bimestre inteiro, para ensinar os meus alunos do

primeiro do Ensino Médio a fazer operação que eles não sabiam. Então eu encontrava lá na

subtração um aluno tirando, é ... fazendo zero menos nove dando nove, eu encontrava um aluno

fazendo divisão cento e pouco divididos por dois e encontrando mil e pouco, porque aquela

história que não sabe abaixar um número...não sabe, ele não para para pensar, Colocou um

zero para continuar a divisão, então coloca um zero no quociente.

Page 259: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC …...de formação assumida pelo Programa ..... 37 1.5 – O PDE e a reflexão sobre o desenvolvimento profissional dos professores

245

Pesquisador: E as vezes ele ficava tão preocupado com a resolução do algoritmo que perdia até

o conceito.

Marilu: Essa coisa de não analisar o resultado eu encontrei muito. E assim o que me preocupou

muito foi perceber que o aluno entrava na 5ª série cometendo um erro e chegava no primeiro

ano do Ensino Médio cometendo o mesmo erro. Quer dizer, que em momento algum houve um

professor na vida escolar desse aluno que interviu. Então eu percebi que é sempre a

constatação do erro, o erro pelo erro. Tá errado e tá certo, pronto!

Pesquisador: Mas assim você trabalhou com os alunos ou com os professores?

Marilu: Os dois.

Pesquisador: Você trabalhou com estas duas frentes?

Marilu: Duas frentes.Com professores e alunos. Com os professores para tentar perceber como

que os professores tratavam estes erros com os alunos e com o aluno para analisar o

pensamento da resolução dos algoritmos, para verificar se eles estavam pensando certo, se o

conceito estava correto ou se foi apenas a construção errada. E aí eu percebi que a maioria

tinha o conceito correto. E o erro era causado pela falta de algumas intervenções que são

necessárias de serem realizadas pelo professor referentes aos procedimentos mecânicos. Coisa

assim, tabuada..., eles erravam tabuada e eu não acredito que isso seja um problema com

relação ao algoritmo, então a tabuada você vai trabalhar com ele, se ele sabe compor a

tabuada não há problema. Então errar uma divisão porque errou a tabuada, eu tive muitos

casos assim. E os professores não demonstram onde foi que o aluno errou, eu fazia com ele

toda a trajetória e dizia olha vc não errou a construção está certa, apenas faltou isso ou aquilo.

Então é necessário formas diferentes de pensar pois os professores estão acostumados com o

quadrado e se sair do quadradinho tá errado.

Pesquisador: E eu prestei atenção no seu material didático que eu peguei para dar uma olhada, a

senhora coloca vários, vários exemplos de erros.

Marilu: Inclusive todos os erros eu passei muito tempo, cerca de um mês, indo pra escola, eu

nem trabalhava com a 5ª série, mas eu ia, e pegava as avaliações dos professores e olhava e

analisava os erros dos alunos. Em um outro momento havia uma professora que iria fazer uma

avaliação sobre operações, aí eu elaborei a prova e corrigi para realizar o levantamento e

análise dos erros e conseguir tabular, então eu selecionei os que mais apareceram e foram

esses os que eu coloquei no material didático.

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Pesquisador: Foram erros que você selecionou da prática ou foram erros selecionados da

literatura?

Marilu: Da prática, da sala de aula mesmo! Mesmo não atuando com5ª série agora, eu atuei

muitos anos com 5ª e mesmo com 1ª a 4ª série e sempre me preocupei com essa construção.

Quando eu trabalhava com a 5ª série me afligia as crianças chegarem com aqueles tipos de

erros e ninguém ter feito uma intervenção. Então isso sempre me preocupou. Quando eu tive a

oportunidade de escolher um tema..., embora trabalhando com Ensino Médio, a escola tinha 5ª

série e tinha assim 10 – 12 quintas séries, então eu fiz minha pesquisa em quase todas as

quintas.

Pesquisador: Então a senhora não trabalhava com as quintas séries?

Marilu: Não. Eu trabalhava à noite e fiz minha pesquisa à tarde. O que facilitou bastante eu

não estar trabalhando era o acesso aos professores que estavam corrigindo provas, era hora-

atividade, então eu via que praticamente os erros eram os mesmos praticados pelos alunos,

independente da classe social. Havia alunos que entravam na 5ª série, a escola ofertava a

partir daí, que vinham de escolas municipais, estaduais e particulares, eram escolas bem

diferentes umas das outras, mas os erros se repetiam. E eu aleguei que um dos fatores para

explicar a origem desses erros é a formação do professor de primeira à quarta série na hora de

construir e ao professor que é especialista atribuo também a ele a falha ao não detectar e não

realizar a intervenção necessária durante os anos seguintes de escolarização. Então o estudo

ficou voltado um pouco para as duas formas.

Pesquisador: O que ainda precisa ficar claro para mim é como que você trabalhou isso no seu

material didático?

Marilu: Depois que eu realizei toda a coleta de dados, eu procedi a análise dos erros. Discuti

com meu orientador, dei a minha opinião e ele a opinião dele, fui pesquisar quem já havia

trabalhado com esse tipo de situação. Depois eu produzi um material que levei para a escola e

que primeiramente discuti com os professores, o retorno daquela pesquisa que eu tinha

realizado anteriormente, no sentido de mostrar para os professores novas possibilidades de

análise destes erros. Vamos ver o pensar do aluno e eles ficaram assustados ao perceber que os

alunos tinham o conceito. Eu realizei este trabalho no momento da hora atividade junto com

todos os professores de Matemática. Fizemos 4, 5 ou 6 encontros trabalhando com aquele

caderno pedagógico, trabalhando os erros um por um. De um modo geral o que os professores

passavam é que eles não tinham essa visão e outra coisa que ficou bem clara é que eles não

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tinham por hábito ouvir os alunos. Eles não sentavam com os alunos buscando compreender os

erros, era apenas tá certo ou tá errado, refaz! Outra situação que é bem comum na divisão, o

aluno termina a divisão apresentando um resto maior que o divisor, diz o professor: não pode!

Mas em momento nenhum foi mostrado ao aluno que não podia e o porquê que não podia. O

que na verdade também não é verdade, porque pode, o que ocorre é o aluno não terminou a

divisão, mas a divisão até este ponto está correta, não está errada, ele só não concluiu.

Pesquisador: Então você trabalhou bastante com os professores?

Marilu: Foi, foi bastante!

Pesquisador: Você apresentava um erro para que eles descobrissem como que os alunos

erraram.

Marilu: É, eles deveriam se colocar no lugar do aluno. Foi muito interessante, havia questões

que nenhum dos seis professores que estavam lá, conseguiram fazer. Foi muito interessante

porque no começo tinham três professores que eram justamente de Matemática da quinta série,

com o passar do tempo e pelas nossas discussões, foram vindo professores de outras séries,

porque já estava interessante a discussão. Com o passar do tempo eles foram percebendo que

todo erro pode ser analisado e que há o que aprender com ele e até então eles pensavam o erro

somente no seu aspecto negativo.

Pesquisador: Eu percebo que o seu trabalho focou fortemente os professores.

Marilu: Sim. Porque a minha inquietação era sobre a falta de intervenção dos professores e

culpar os professores anteriores e jogar o problema para frente.