PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NO PDE · 2016. 8. 15. · 1 PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NO...
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PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NO PDE
Desvendando os Segredos da Crônica Literária
Área PDE: Língua Portuguesa Tema de Estudo: Gêneros Discursivos e Leitura em Sala de Aula Professora PDE: Célia Regina Barbosa IES: Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR, Campus de Paranavaí/Fafipa NRE: Loanda Orientador: Prof. Ms. Jonathas de Paula Chaguri
PARANAVAÍ 2012
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ - UNESPAR - CAMPUS DE PARANAVAÍ
Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí
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CÉLIA REGINA BARBOSA
DESVENDANDO OS SEGREDOS DA CRÔNICA LITERÁRIA
Produção didático-pedagógica apresentada à SEED – Secretaria de Estado da Educação, como parte integrante do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional, sob a orientação do Prof. Ms. Jonathas de Paula Chaguri.
PARANAVAÍ 2012
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FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
1.2 TÍTULO: Desvendando os Segredos da Crônica Literária
1.3 PROFESSOR PDE: Célia Regina Barbosa
1.4 ÁREA DO PDE: Língua Portuguesa
1.5 ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO LOCALIZAÇÃO: Colégio Estadual Alberico
Marques da Silva EFMPRF, Rua Arthur Bernardes, 570, Centro, Santa Isabel do Ivaí - PR
1.6 MUNICÍPIO: Santa Isabel do Ivaí –PR
1.7 NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO: Loanda
1.8 PROFESSOR ORIENTADOR IES: Prof. Ms. Jonathas de Paula Chaguri
1.9 INSTITUTO DE ENSINO - IES: UNESPAR - Campus de Paranavaí/Fafipa
1.10 RELAÇÃO INTERDISCIPLINAR: Arte, Ciências, Sociologia.
1.11 RESUMO:
A análise da situação dos trabalhos de leitura realizada na escola revela que as práticas de
leitura, oralidade e escrita desenvolvidas em sala de aula são mecânicas no sentido de se
trabalhar a decodificação de texto e análise linguística (CHAGURI; MAGALHÃES, 2010;
ZILBERMAN, 1993; MENEGASSI, 2001). Isto tem levado a um desinteresse por parte dos
alunos em sala de aula no momento em que o professor recorre ao trabalho com leitura,
quando necessário. Como fundamentação teórica para a construção deste projeto, apoiamo-
nos no quadro teórico-metodológico do Interacionismo Sócio-Discursivo (ISD) desenvolvido
por Bronckart (1999, 2006) e pesquisadores de Genebra (DOLZ; NOVERRAZ;
SCHNEUWLY, 2004) para fundamentar nossas reflexões sobre a sequência didática (SD) e
nos estudos de Bakhtin (2006, 2003) acerca do trabalho com gêneros discursivos. Em relação
aos aspectos metodológicos, este trabalho configura-se por ser uma pesquisa social aplicada
de natureza qualitativa que se enquadra como pesquisa-ação, tendo como objetivo aprofundar,
por meio da leitura do gênero “crônica literária,” a capacidade de pensamento crítico e
sensibilidade estética, permitindo a expansão da leitura e da escrita. A atual proposta de
intervenção pedagógica será desenvolvida no Colégio Estadual Alberico Marques da Silva, na
cidade de Santa Isabel do Ivaí. Os sujeitos de pesquisa são os alunos do 1º ano do Ensino
Médio. Para a coleta de dados aplicaremos questionários e a sequência didática aos alunos,
bem como as discussões com o Grupo de Trabalho em Rede. No final, os alunos produzirão
uma crônica literária, proporcionando ao educando o desenvolvimento da habilidade de
leitura como sentido à realidade discursiva.
1.12 PALAVRAS-CHAVE: Língua Portuguesa, Gêneros Discursivos, Crônica Literária.
1.13 FORMATO DO MATERIAL: Sequência Didática – SD
1.14 PÚBLICO ALVO DA INTERVENÇÃO: Alunos do 1º ano do Ensino Médio
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PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA NO PDE
Célia Regina BARBOSA (PROFESSORA-PDE/UNESPAR-FAFIPA)
Jonathas de Paula CHAGURI (Orientador – UNESPAR-FAFIPA)
Apresentação
Há uma grande diversidade de textos presentes em nossa sociedade, que podem se
apresentar de forma visual, oral e escrita. Os textos são tipos relativamente estáveis de
enunciados de circulação social; a materialização do discurso, denominados, segundo
Bakhtin, de gêneros discursivos. O ensino de Língua Materna, tendo o gênero discursivo
como instrumento de ensino-aprendizagem é oportunizar ao aluno estar em contato com
gêneros presentes em seu cotidiano, proporcionando-lhes um saber mais elaborado
(PARANÁ, 2008; BAKHTIN, 2003, 2006; ANTUNES 2009; KOCH, 2009; MARCHUSCHI,
2008).
Dentre os diversos gêneros discursivos existentes, recorremos ao gênero “crônica
literária” que caracteriza por ser um relato de um ou mais acontecimentos em um determinado
tempo, conta um fato comum do dia a dia, relata o cotidiano da vida real das pessoas, sempre
em torno de uma realidade social, política ou cultural. É, assim, que se dá a importância de
trabalhar esse gênero em sala de aula, a fim de possibilitar a formação de um sujeito crítico
que possa interpretar as especificidades do gênero em questão, bem como sua
intencionalidade e, ao professor deliberar encaminhamentos de atividades e/ou ações que
envolva o estudo do gênero supracitado em aulas de Língua Portuguesa.
Desse modo, o objetivo dessa sequência didática é aprofundar, por meio da leitura do
gênero “crônica literária,” a capacidade de pensamento crítico e sensibilidade estética,
permitindo a expansão da leitura e da escrita. Decorrente a isso, para que se tenha um trabalho
cuidadoso com gêneros discursivos em sala de aula, recorremos a uso da sequência didática
(BRONCKART, 2009; DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004) que tem como
finalidade auxiliar o aluno a dominar as especificidades de um gênero discursivo, permitindo
que o mesmo escreva, fale e leia de forma mais adequada ao comunicar-se, pois a SD é um
conjunto de atividades escolares que são organizadas de maneira sistemática.
No estudo do gênero discursivo “crônica literária” será explorada a estrutura textual,
os diversos tipos de enredo, bem como sua finalidade/intencionalidade, aspectos culturais e
ainda o recurso linguístico adequado ao gênero, sendo este o discurso direto, indireto e
indireto livre para um trabalho com as habilidades de oralidade, leitura e escrita. O público
alvo para aplicação das atividades aqui proposta são alunos do 1º ano do Ensino Médio do
Colégio Estadual Alberico Marques da Silva da cidade de Santa Isabel do Ivaí, estado do
Paraná. O número mínimo de aulas necessárias para aplicação desta produção didática
pedagógica é de (32) trinta e duas aulas.
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Momento da Discussão 1. Com auxilio do seu professor, discuta as questões abaixo. a) Vocês sabem o que é uma crônica? Já leram alguma? Qual (Quais)? Resposta pessoal (Considera-se que o aluno já tenha tido o contato com esse gênero)
b. Qual é a importância da crônica em nossa sociedade? E em sua vida? Espera-se que o aluno responda que a crônica tem seu valor na sociedade por ser publicada em jornal. Na vida como forma de entretenimento e reflexão.
c. Quem produz a crônica? Como é conhecido, chamado no meio literário? Aquele que gosta de escrever texto para ser publicado no jornal. Possui um olhar Crítico e humorístico para os fatos cotidianos. É conhecido como escritor/cronista.
d. Para que público leitor a crônica é destinada? Primeiramente para um público leitor dos jornais, depois a crônica passa a fazer parte de livros, com isso ela ganha um público maior e acadêmico.
e. Qual a finalidade e intencionalidade da crônica? A crônica tem a finalidade de proporcionar ao leitor um momento de entretenimento ao leitor cansado do seu dia de trabalho. A intencionalidade é levar o leitor à reflexão sobre fatos sociais expresso de maneira implícita na crônica.
f. Você sabe quais são os profissionais que trabalham diretamente e indiretamente com a crônica? O escritor, o publicitário (redator e editor do texto), o revisor de texto, o ilustrador do texto.
g. Você conhece algum autor de crônica? Qual? Espera-se que o aluno se reporte a alguns cronistas como Fernando Sabino, Stanislaw Ponte Preta, Paulo Mendes Campos, Luís Fernando Veríssimo, Fernando Sabido dentre outros.
h. Quais os meios de comunicação que podemos encontrar esse tipo de textos? ( ) rádio ( x ) jornais ( x ) revista ( ) televisão ( x ) internet ( ) placas eletrônicas
1. O professor
deve utilizar
essas questões
como meio de
discussão em
sala de aula com
os alunos.
Sugere-se que a
atividade seja
realizada em
pequenos
grupos ou em
pares. Com
auxílio da lousa,
o professor
escreverá as
respostas mais
citadas pelos
alunos.
3. A partir dessa sondagem serão trabalhadas questões orais sobre o gênero discursivo “crônica literária” nas quais os alunos utilizarão respostas curtas e simples, podendo pesquisar, refletir, discutir e opinar.
O trabalho com esse módulo tem por objetivo analisar os conhecimentos prévios dos alunos quanto ao gênero “crônica literária” e ampliar esse conhecimento por meio de atividades práticas de leitura, oralidade e escrita. Logo, faz-se necessário iniciar o trabalho por uma prática oral “Você sabia...” em que se farão questionamentos, para realizar levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos e das hipóteses. As respostas dos alunos aos questionamentos serão pontuadas no quadro pelo professor, com o propósito de auxiliá-los a ampliar os conhecimentos a respeito do gênero discursivo em questão. Após o trabalho com a oralidade, realizar-se-á atividades de estímulo à leitura, visando despertar o interesse dos alunos pela leitura do gênero discursivo supramencionado.
2. Após a primeira aproximação com elementos chaves do
gênero “crônica literária”, o professor passará a trabalhar com seus alunos um pouco sobre o gênero discursivo em questão e, em seguida, passa a apresentar o tema escolhido para trabalhar nesta SD. Portanto, primeiramente apresentamos um panorama geral a respeito da “crônica” e, por conseguinte, as inferências específicas a respeito da “crônica literária”.
CAPACIDADE DE AÇÃO Esta seção é o momento em que nos mobilizamos para tomarmos consciência do gênero discursivo/textual “crônica literária” que será trabalhado na Sequência Didática. Neste primeiro momento sugere-se fazer uma sondagem por meio de questionamentos sobre o gênero discursivo “crônica literária” no intuito de verificar os conhecimentos prévios dos alunos a respeito do gênero em questão. As perguntas serão discutidas, verificando o conhecimento dos alunos para que o professor possa acrescentar saberes que os mesmos ainda não adquiriram.
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Você sabia...
A palavra crônica deriva do Latim chronica que significava, no início do Cristianismo,
o relato de acontecimentos em sua ordem temporal (cronológica). Era, portanto, um registro
cronológico de eventos.
No século XIX, com o desenvolvimento da imprensa, a crônica passou a fazer parte
dos jornais. Ela apareceu pela primeira vez em 1799 no Journal de Débats, publicado em
Paris.
A crônica é, primordialmente, um texto escrito para ser publicado no jornal. Assim o
fato de ser publicada no jornal já lhe determina vida curta, pois à crônica de hoje seguem-se
muitas outras nas próximas edições.
Há semelhanças entre a crônica e o texto exclusivamente informativo. Assim como o
repórter, o cronista se inspira nos acontecimentos diários, que constituem a base da crônica.
Entretanto, há elementos que distinguem um texto do outro. Após cercar-se desses
acontecimentos diários, o cronista dá-lhes um toque próprio, incluindo em seu texto
elementos como ficção, fantasia e criticismo, elementos que o texto essencialmente
informativo não contém.
Com base nisso, pode-se dizer que a crônica situa-se entre o jornalismo a literatura e o
cronista pode ser considerado o poeta dos acontecimentos do dia-a-dia.
A crônica, na maioria dos casos, é um texto curto e narrado em primeira pessoa, ou
seja, o próprio escritor está "dialogando" com o leitor. Isso faz com que a crônica apresente
uma visão totalmente pessoal de um determinado assunto: a visão do cronista. Ao desenvolver
seu estilo e ao selecionar as palavras que utiliza em seu texto, o cronista está transmitindo ao
leitor a sua visão de mundo. Ele está, na verdade, expondo a sua forma pessoal de
compreender os acontecimentos que o cercam.
Geralmente, as crônicas apresentam linguagem simples, espontânea, situada entre a
linguagem oral e a literária. Isso contribui também para que o leitor se identifique com o
cronista, que acaba se tornando o porta-voz daquele que lê.
Em resumo, podemos determinar cinco pontos:
Narração histórica pela ordem do tempo em que se deram os fatos.
Seção ou artigo especial sobre literatura, assuntos científicos, esporte etc., em jornal
ou outro periódico.
Pequeno conto baseado em algo do cotidiano.
Normalmente possui uma crítica indireta.
Muitas vezes a crônica vem escrita em tom humorístico. Exemplos de autores deste
tipo de crônica no Brasil são Fernando Sabino, Leon Eliachar, Luís Fernando
Veríssimo, Millôr Fernandes.
Wikipédia Enciclopédia Livre Online. Disponível online em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%B4nica_%28literatura_e_jornalismo%29 literatura_e_jornalismo%29^>. Acesso em 07-08-12.
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Pesquisa Agora que você já conhece um pouco sobre a história do
gênero crônica, procure, no dicionário, o significado e a
origem dos termos jornal, literatura e humor. Registre no
espaço abaixo.
Jornal: 1. Salário por dia de trabalho; diária. 2. Periódico; gazeta. 3. Publicação ou programa de rádio ou televisão em que se relatam acontecimentos do dia a dia. Literatura: 1. Arte de produzir obras literárias. 2. Conjunto de normas a que obedece a estruturação das obras de arte verbal. 3. Conjunto de obras ou de escritos literários. Humor: 1.Fluído contido num corpo organizado2. Umidade. 3. Líquido. 4. Disposição do espírito. 5. Veia cômica; ironia delicada; espírito.
Trabalhando em grupo
Agora que você já conhece um pouco sobre a história, a
origem e as principais características da crônica e hora
de por em prática o seu conhecimento. Para isso, junte-se
com seu colega e responda por escrito as questões abaixo.
a. Qual é a origem da crônica? A crônica tem sua origem no século XIX com o desenvolvimento da imprensa.
b. O que caracteriza a vida curta da crônica? A crônica apresenta vida curta por se entender que seria um texto para ser publicado no jornal e como esse tem vida curta, pois diariamente sai exemplares com outras notícias, outras crônicas também são produzidas, logo vida curta à crônica. Porém, se não fosse seu caráter literário teria vida curta, mas ganhou espaço nos livros, saindo da efemeridade para a eternidade literária.
c. O que torna a crônica diferente do texto jornalístico informativo? A crônica difere do texto jornalístico informativo por ter na sua essência a fantasia, a ficção e a criticidade implícita.
d. Por que se pode dizer que o cronista é o poeta do dia a dia? O cronista é chamado de o Poeta do dia a dia porque abstraí do cotidiano os fatos, os acontecimentos e escreve de forma literária e não informativa como o repórter.
e. Como é caracterizada a linguagem da crônica? A linguagem da crônica é simples próxima da oralidade, podemos dizer que é uma linguagem entre a fala e a escrita literária.
f. Escreva duas características que marcam o estilo da crônica? Assunto do cotidiano; Linguagem simples, crítica implícita que leva a reflexão.
Professor, essa atividade será desenvolvida em grupo na prática de escrita com o objetivo de verificar se os alunos compreenderam as principais informações sobre a história, a origem e as principais características da crônica.
Fonte: Dicionário: LUFT, Celso Pedro. Minidicionário Luft. São Paulo: Ática, 20ª Ed. 7ª impressão, 2002.
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g. Um dos cinco pontos marcantes da crônica é que ela apresenta uma crítica indireta. O
que leva o cronista a tomar essa posição em seus escritos? O cronista é um repórter literário, o poeta do dia a dia, e para transmitir a sua visão de mundo sobre um fato, utiliza da fantasia, do humor para fazer a crítica social que deseja.
h. Recorra ao texto da seção “Você sabia” e escreva os nomes dos autores que trazem a
marca o humor em suas crônicas. Autores/cronistas que trazem a marca do humor segundo o texto são Fernando Sabino, Leon Eliachar, Luís Fernando Veríssimo, Millôr Fernandes.
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Você sabia...
crônica é considerada um gênero híbrido por estar entre a notícia que informa e ter
seu suporte no jornal, mas há um diferencial, ela está além da notícia por ter
conquistado um valor que denominamos de literário por sua forma linguística e de
composição. A crônica é uma narrativa curta, apresenta um fato do cotidiano com
uma crítica implícita, narrada em primeira ou terceira pessoa, há uma finalidade social de
entretenimento, uma intencionalidade implícita mesclada de humor, visando questionar um
fato do dia a dia.
Fonte: A autora
Você Conhece?
Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987) mineiro de Itabira, o primeiro poeta que
se firmou após as estreias modernistas. Com seu jeito tímido, crítico/irônico e lírico de olhar o
mundo, de perceber a diferença entre as convenções e a realidade, como ele mesmo disse
“ofício de rabiscar as coisas do tempo”, de retratar o Brasil de sua época em uma linguagem
calorosa, informal, fluente, prazerosa e inteligente que alcança a nossa realidade, a
contemporaneidade. Tem o humor constante na sua poesia. Esse traço também levou para as
crônicas, um jeito simples e sarcástico de dizer a vida cotidiana por meio da escrita. Estreou
no Jornal Correio da Manhã em 1954 com a crônica intitulada A pipa. Fonte: A autora.
A
CAPACIDADE DISCURSIVA No plano discursivo trataremos da organização geral do texto, ou seja, de que forma o texto está organizado. Sugerimos um trabalho com os alunos que explore a composição do gênero discursivo “crônica literária”.
Professor apresente o escritor Carlos Drummond de Andrade, sem se delongar. Como sugestão, leia para os alunos o poema “Confidência do Itabirano” para familiarizar o aluno com o autor. Disponível online em: <http://letras.mus.br/carlos-drummond-de-andrade/460645/>. Acesso em 16-08-2012
Professor, antes de pedir ao
aluno que pesquise no
dicionário o significado do
verbete PIPA discuta com
eles sobre o que eles
recordam dessa palavra.
Fonte da Imagem Portal Dia a dia Educação: Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/mylinks/viewcat.php?cid=14&letter=C&min=20&orderby=titleA&show=10> Acesso em 26/08/2012.
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Você sabe o que é uma pipa?
Pesquise no dicionário o verbete PIPA e escreva no quadro abaixo o significado.
Observe a imagem abaixo:
Com auxílio de seu professor descreva oralmente a imagem, observando todos os elementos
característicos que a compõem.
Pipa S. F. 1. Vasilha bojuda de madeira para vinho, azeite, etc. 2. Papagaio (de papel);
quadrado. 3. (fig.) Individuo gordo e baixo.
2. Professor, explique aos alunos que a palavra pipa além dos significados encontrados no dicionário também é usada no processo de formação do substantivo composto, um substantivo simples dando origem a outro substantivo como, por exemplo, caminhão-pipa, carro-pipa, (caminhão-tanque) veículo motorizado que serve para transportar de água potável.
Consultar a gramática de Luiz Antonio Sacconi como sugestão de complementar.
SACCONI, L. A. Novíssima Gramática Ilustrada Sacconi. São Paulo: Editora Geração, 2008.
Wikipédia Enciclopédia Livre Online. Disponível online: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Caminh%C3%A3o-tanque>. Acesso em 18-08-2012.
3. Professor procure explorar todos os
elementos visuais da imagem, fazendo o
aluno realizar as várias leituras que a
imagem pode proporcionar ao leitor.
Professor sugestões de questionamentos: a. Descreva a imagem do lugar. b. Que leitura se pode fazer da imagem? c. Pela imagem os homens estão trabalhando? d. Em que consiste o trabalho dos homens?
Fonte: Dicionário: LUFT, Celso Pedro. Minidicionário Luft. São Paulo: Ática, 20ª Ed. 7ª impressão, 2002.
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Curiosidade
Conheça a primeira crônica impressa do poeta-cronista
Carlos Drummond de Andrade de estreia no Jornal Correio
da Manhã em 1954.
Site Drummond Projeto Memória Disponível online em: <http://www.projetomemoria.art.br/drummond/vida/jornais_a-literatura-nos-jornais.jsp/>. Acesso em 08-08-2012
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Saiba mais sobre o autor
Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987) com o seu
jeito tímido, crítico, irônico e lírico de olhar o mundo, de
perceber a diferença entre as convenções e a realidade é
considerado o poeta-cronista. Como ele mesmo disse
“ofício de rabiscar as coisas do tempo”, de retratar o
Brasil de sua época em uma linguagem calorosa,
informal, fluente, prazerosa e inteligente que alcança a
nossa realidade, ou seja, a contemporaneidade.
Drummond, embora considerado o poeta-cronista, só
estreou de verdade no gênero quando já estava em plena
maturidade. Em 1957, com Fala, amendoeira, é que veio o primeiro livro onde se reuniram os
escritos folhetinescos que podem ser de fato qualificados como crônicas.
Você leu acima um pouco sobre a vida de Drummond esse
relato chama se biografia.
Você sabe o que é biografia?
A palavra BIO vem do radical grego que significa VIDA.
GRAFIA é um substantivo que significa ESCRITA; logo,
BIO+GRAFIA= A ESCRITA DA VIDA. Isto é, formou uma nova
palavra por derivação prefixal cujo significado é o
estudo da vida de uma pessoa.
Vamos conhecer e como deve ser uma biografia, levando
em consideração alguns elementos específicos para a
elaboração desse texto!
Professor faça questionamentos sobre as biografias que já leram, bem como dos autores. Essa prática proporciona a investigação sobre o que sabem sobre
o gênero biografia, seu valor e intencionalidade no meio social.
Fonte da Imagem Portal Dia a dia Educação: Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/mylinks/viewcat.php?cid=14&letter=C&min=20&orderby=titleA&show=10> Acesso em 26/08/2012. Fonte do texto MARQUES, Ivan. Posfácio: fala, amendoeira. Carlos Drummond de Andrade. 2012, p.185-194.
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Conhecendo melhor o autor
Biografia de Carlos Drummond de Andrade
(31-10-1902 a 17-08-1987)
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Minas Gerais, em uma cidade cuja memória
viria a permear parte de sua obra, Itabira. Seus antepassados, tanto do lado materno como
paterno, pertencem a famílias de há muito tempo estabelecidas no Brasil. Posteriormente, foi
estudar em Belo Horizonte, no Colégio Arnaldo, e em Nova Friburgo com os Jesuítas no
Colégio Anchieta. Formado em farmácia, com Emílio Moura e outros companheiros, fundou
"A Revista", para divulgar o modernismo no Brasil.
Em 1925, casou-se com Dolores Dutra de Morais, com quem teve sua única filha,
Maria Julieta Drummond de Andrade.
No mesmo ano em que publica a primeira obra poética, "Alguma poesia" (1930), o seu
poema Sentimental é declamado na conferência "Poesia Moderníssima do Brasil", feita no
curso de férias da Faculdade de Letras de Coimbra, pelo professor da Cadeira de Estudos
Brasileiros, Dr. Manoel de Souza Pinto, no contexto da política de difusão da literatura
brasileira nas Universidades Portuguesas. Durante a maior parte da vida, Drummond foi
Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em online: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Biografia/ >acesso em11/08/2012
Biografia
A Biografia (do grego antigo: βιογραφία , de βíος - bíos, vida e γράφειν – gráphein, escrever) é
um gênero literário em que o autor narra a história da vida de uma pessoa ou de várias pessoas.
De um modo geral as biografias contam a vida de alguém depois de sua morte, mas na atualidade
isso vem mudando. Em certos casos a biografia inclui aspetos da obra dos biografados, como por
exemplo Plutarco, em suas Bíoi parálleloi (Vidas paralelas), numa abordagem muitas vezes de um
ponto de vista crítico e não apenas historiográfico. Em francês o termo biographie é documentado
em 1721; no inglês a palavra biography foi documentada em 1791 e na forma biographia já em 1683;
em espanhol biografía e em português biografia aparecem somente na segunda metade do século
XIX. Mais recentemente é comum se solicitar a biodata de pessoas que produzem trabalhos
artísticos, científicos etc. Este termo remete à vida e as experiências de trabalho do biodatado, bem
como a itens que revelem suas opiniões, valores, crenças e atitudes. Os dados biográficos
transcritos nesta categoria contém, por vezes, o mesmo tipo da informação que um resumo de
trabalho acadêmico, podem também incluir a descrição dos atributos físicos e foto.
A atividade de leitura será realizada
com o objetivo de informar aos
alunos sobre os dados biográficos
do autor e o valor social que o
gênero biografia tem na sociedade.
Adaptado de Wikipédia Enciclopédia Livre Disponível online em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Biografia>. Acesso em 26-08-2012.
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funcionário público, embora tenha começado a escrever cedo e prosseguindo até seu
falecimento, que se deu em 1987 no Rio de Janeiro, doze dias após a morte de sua filha. Além
de poesia, produziu livros infantis, contos e crônicas.
Agora é com você
Agora que você já sabe o que significa pipa, leia com
atenção o texto A pipa do escritor Carlos Drummond de
Andrade que foi publicado no jornal Correio da Manhã em
1954.
Carlos Drummond de Andrade
A Rua Joaquin Nabuco, no Posto 6, é uma rua feliz: há anos que não se queixam de
falta d’água.
Não que disponha de grandes nascentes, adutoras ou reservatórios: dispõe do mar e de
Deus. E se os moradores não se queixam, isso não se deve a uma delicada constituição
psicológica. Chegaram à conclusão que não adiante queixar-se. Seria malbaratar um tempo de
ouro que melhor se emprega na pesquisa e na expectação da pipa.
A pipa é uma instituição moderna, disposta sobre pneus que dá ou promete água. É
sobre tudo um sonho, uma alegoria motorizada, e a suprema aspiração do vivente.
Se você pensa em telefonar para 22-2172, dizendo que falta água em seu apartamento,
não faça isso: o aparelho está ocupado e assim continuará até a consumação dos séculos. Use
a imaginação, e peça com voz doce e descuidosa que, se não for muito incômodo mandem o
carro-pipa. Pode ser que um dia o telefone não esteja ocupado, e ouça o pedido. E que
continue ocupado: fale assim mesmo, como um palerma, fale sempre com doçura, porque um
dia há o milagre e a pipa chega.
Se não chegou é azar seu; saia à sua procura. A qualquer momento do dia e da noite.
Há sempre um carro-pipa nas ruas da zona sul, demonstrando ao mesmo tempo a falta d’água
e a existência dela. Identifica-se esse veículo pela cor alva e principalmente pelo ronco surdo
pungente, e avassalador com que suas entranhas cortam o sono da madrugada. Descoberta a
Professor providencie cópias do texto “A pipa” para entregar aos alunos. Sugere-se que a leitura do texto (crônica) seja realizada primeiramente de forma silenciosa para que o aluno entre em contato com o texto (interação leitor-texto) e se aproprie do conteúdo/assunto do texto. Após essa prática, realize a leitura oral. Observe a fluência, o ritmo, o humor e o uso da pontuação.
Adaptado de Wikipédia Enciclopédia Livre Disponível online em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Drummond_de_Andrade>.
Acesso em 11-08-2012.
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pipa, entre em contato com sua guarnição. Terá o conforto de saber que o seu nome “está na
lista” há quinze dias. A pipa ia justamente visitá-lo, pois chegou a sua vez de tirar o cascão do
corpo e lavar a cara; mas sucede que as pipas, como tudo no Rio, obedecem a um
regulamento, e este manda o motorista que telefone para o Serviço de Água, de cada casa de
onde chegue. E o Serviço manda desrespeitar a lista, porque há um clamor aflito partindo da
residência do senador Procópio. Ainda bem. Pelo menos o Procópio não dormirá imundo esta
noite; se você votou em Procópio, tanto melhor; convém que seu representante no Parlamento
seja um homem limpo. E um dia a pipa chegará.
Chegou? Realmente, uma algazarra festiva se levanta em frente ao seu lar. É a pipa!
Ás vezes as mangueiras são curtas não atingem a caixa d’água. Não importa. Alguém na
Prefeitura pensou em você, embora com equipamento insuficiente. Outras vezes, é a própria
água que falta a própria pipa d’água como se faltassem lençóis ao Copacabana-Palace,
incenso à Candelária, dinheiro ao Banco do Brasil. Não importa. Chega um momento que
você ouve o ronco tenebroso do motor enchendo de água a sua casa, embora um pouco
demais, porque o jato inunda as paredes e as pessoas, você sabe que há no mundo uma coisa
chamada água, embora barrenta; que ela pode chegar a seu domicílio, embora jamais pela
torneira. Gratifique então os honrados homens da pipa com 50 cruzeiros; é o bastante, embora
o Dr. Café Filho dê 100.
Conversando sobre o texto
O texto A pipa que acabamos de ler foi publicado no Jornal
Correio da Manhã em 09 de janeiro de 1954. O autor Carlos
Drummond de Andrade, poeta-cronista, retira do
cotidiano (Rio de Janeiro) uma problemática (falta de
água) e escreve de acordo com o seu olhar de cidadão
crítico diante daquele contexto social.
1. Ao ler o título A pipa qual foi a sua primeira compreensão da palavra? O aluno poderá responder papagaio, pipa quadrada.
2. Já faltou água em sua casa? Por quê? Pode se considerar que sim ou não depende da situação de moradia/bairro/social do aluno.
3. A falta de água implica em quais consequências em sua vida e de sua família? Resposta pessoal. Sugere-se que o professor trabalhe a importância da água para a vida.
Fonte: A crônica “A pipa” foi digitada pela professora PDE com base na leitura impressa no Jornal Correio da Manhã que já está referenciando ao longo da SD.
Após as leituras (silenciosa e oral) serão realizadas três práticas: 1ª Conversando sobre o texto; 2ª Compreensão e interpretação, 3ª Sugestão.
Essas práticas têm por objetivos respectivamente fazer questionamentos para observar o nível de compreensão leitora dos alunos; informar os dados biográficos do autor; perceber o nível de compreensão e interpretação textual dos alunos, visando a ampliação e transformação do conhecimento.
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4. Há desperdício de água em sua comunidade ou até mesmo em sua casa? Como você
pode mudar essa situação? Resposta pessoal. Sugere-se que á água apresenta o valor vital: saúde, higiene. Fechar bem a torneira, não demorar no banho, não usar a água como vassoura para lavar calçada, etc.
5. A água é um bem natural que os viventes precisam. Há algum trabalho de
conscientização na sua escola, na sua região, no seu estado ou no país sobre a
importância de se preservar da água? Espera-se que a resposta seja sim, pois as aulas de Ciências trabalha o conteúdo e há propagandas que visam a conscientização da preservação da água.
6. Qual a qualidade da água que você consome? Espera-se que o aluno responda água potável é filtrada, porém se a resposta for negativa abra uma discussão sobe o porquê e do não consumo de água não potável.
7. Existe rede de água no seu bairro ou cidade? Sim ou não. A resposta irá depender do local em que o aluno mora.
Compreensão e interpretação do texto
1. Releia o texto A pipa do autor Carlos Drummond de Andrade e realize as atividades abaixo:
1. Vamos reler o 2º parágrafo e esteja atento ao texto: “Seria malbaratar um tempo de
ouro que melhor se emprega na pesquisa e na expectação da pipa.” No contexto da
frase o que pode se compreender com as palavras grifadas malbaratar e
expectação? Seria desperdiçar o tempo precioso, aqui ele usa o termo ouro para valorizar o tempo que melhor se emprega na pesquisa de procurar ou de espera provável do carro-pipa, o mesmo que expectativa.
2. Por que o cronista sugere que “Use a imaginação, e peça com voz doce e
descuidosa” para pedir água? O cronista faz a sugestão de que o consumidor que não tem água deve ser criativo na hora de solicitar a água e para isso deve usar um tom de voz gentil e não muito formal com o propósito de que quem o ouça se sensibilize e mande a água ao seu apartamento.
3. A desobediência a uma regra, uma norma estabelecida pela legislação implica em
uma consequência para aquele que a desobedece. No caso do motorista do carro-
pipa precisa desobedecer a regra da lista de entrega de água para atender a um
clamor da residência do senador Procópio. Comente. Resposta pessoal. Sugestão Essa regra que precisa ser quebrada nos remete ao abuso de poder.
4. “se você votou em Procópio, tanto melhor; convém que seu representante no
Parlamento seja um homem limpo.” Que sentido esse trecho apresenta no contexto
da crônica? Na crônica a limpeza está colocada em sentido ambíguo: limpeza no sentido de se lavar
o corpo de estar limpo, mas há uma crítica implícita no contexto, pois “se você votou” em alguém essa pessoal deve ser limpo no sentido de ser um representante do povo pelo povo e não para si mesmo.
Professor levar em consideração o contexto sócio-cultural do aluno, pois, caso o aluno resida na zona rural, é comum a água vir de cisterna (poço) e/ou poço artesiano.
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5. Pode-se dizer que a crônica apresenta características do humor, do sarcástico? Espera-se que o aluno diga que sim. O humor está nas atitudes descritas pelo cronista dos cidadãos em precisar de água e ter que implorar para ao Serviço de água para a ter em casa.
6. Podemos afirmar que em alguns trechos do texto o cronista fez uso da critica
implícita/indireta. Relia o texto e transcreva um trecho em que há a crítica e o
comente. Professor há vários trechos no texto de crítica implícita. Sugestão: “Gratifique então os honrados homens da pipa com 50 cruzeiros; é o bastante, embora o Dr. Café Filho dê 100.”. O fato de o cidadão ter que gratificar os honrados homens ( homens com o poder político) pela água.
Sugestão
Se for viajar para Minas Gerais ou ao Rio de Janeiro não
deixe de visitar o Memorial, em Itabira e, a Estátua em
Copacabana de Carlos Drummond de Andrade.
Memoiral -Itabira - MG Estátua – Copacabana- RJ
Até aqui estudamos crônicas de Carlos Drummond de
Andrade. Agora, vamos conhecer outro cronista também de
grande sucesso e popularidade. Trata-se de Luiz Fernando
Veríssimo.
Aqui encerramos a capacidade discursiva. Essa seção fez-se importante para
contemplarmos até aqui o conhecimento prévio dos alunos acerca do gênero
discursivo “crônica literária” e levamos ao seu conhecimento características que
eles precisam conhecer sobre o gênero em estudo. Aos poucos os alunos estão
adquirindo conhecimento sobre esse gênero. Passamos agora para a capacidade
discursiva.
Fonte Imagem Wikipédia Enciclopédia Livre Disponível online em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Biografia/>. Acesso em 16-08-2012.
Revista de História Disponível online: <http://www.revistadehistoria.com.br/>. Acesso em 12/08/2012
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Sobre o autor
uis Fernando Veríssimo (1936), filho do escritor Érico Veríssimo, escritor de “O
tempo e o Vento”; nato de Porto Alegre-RS, é um dos mais populares escritores
brasileiros contemporâneos, é considerado o cronista do humor. De um fato
corriqueiro do cotidiano escreve de uma forma simples e humorística, fazendo o leitor
interagir com o texto e, um adentrar na trama que o faz esquecer-se da vida agitada; porém,
leva o leitor a reflexão sobre um fato que a sociedade precisa questionar. Vamos conhecê-lo
melhor.
Conhecendo melhor o autor
Luís Fernando Veríssimo nasceu aos 26 dias
de setembro de 1936, em Porto Alegre – Rio Grande
do Sul. É filho do escrito Érico Veríssimo autor do
livro “O Tempo e o Vento”. Iniciou seus estudos no
Instituto Porto Alegre, tendo passado por escolas nos
Estados Unidos quando morou lá, em virtude de seu
pai ter ido lecionar em uma universidade da Califórnia,
por dois anos. Voltou a morar nos EUA quando tinha
16 anos, tendo cursado a Roosevelt High School de
Washington, onde também estudou música, sendo até
hoje inseparável de seu saxofone. É casado com Lúcia
Helena Massa com quem teve três filhos. Escritor prolífero. Veríssimo é um dos mais
populares escritores brasileiros contemporâneos é considerado o cronista do humor. Autor de
contos, crônicas, romances, poesias, obras infanto-juvenis. Participou também da televisão,
criando quadros para o programa "Planeta dos Homens", na Rede Globo e, mais
recentemente, fornecendo material para a série "Comédias da Vida Privada", baseada em
livro homônimo. Em 1967, iniciou sua carreira no jornal "Zero Hora" de Porto Alegre.
Trabalhou em diversas seções até conseguir a coluna diária, que o consagrou por seu estilo
humorístico. O primeiro livro, "O popular", de crônicas e cartuns, foi publicado em 1973.
Depois veio "A Grande Mulher Nua", uma coletânea de seus textos. Em 1981 lançou "O
Analista de Bagé", um grande sucesso editorial. Entre suas obras destacaram-se as séries Ed
Mort; O Analista de Bagé; a série de Viagens "traçando Paris", e outras. Atualmente, o autor
escreve para os jornais “Zero Hora”, “O Estado de S. Paulo” e “O Globo”.
L
1) Professor sugere-se que esta atividade seja realizada por meio das práticas de leitura silenciosa e leitura dramática. Essas práticas têm por objetivos desenvolver as capacidades de atenção, abstração do texto e a oralidade por meio da leitura dialogada/dramática desenvolver a habilidade do falar em público, da expressão corporal e do ritmo da leitura.
2) Professor a atividade de leitura será realizada com o objetivo de informar aos alunos sobre os dados biográficos do
autor e o valor social que o gênero biografia tem na sociedade.
Fonte da Imagem Portal Dia a dia Educação: Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/mylinks/viewcat.php?cid=14&letter=L&min=30&orderby=titleA&show=10/>. Acesso em 23/08/2012. Fonte do texto Disponível online em: <http://www.releituras.com/lfverissimo_bio.asp/>. Acesso em 23-07-2012.
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Agora é com você
Leia com atenção o texto Emergência do escritor Luís Fernando Veríssimo.
Luís Fernando Veríssimo
É fácil identificar o passageiro de primeira viagem. É o que já entra no avião
desconfiado. O cumprimento da aeromoça, na porta do avião, já é um desafio para a sua
compreensão.
____ Bom dia...
____ Como assim?
Ele faz questão de sentar num banco de corredor, perto da porta. Para ser o primeiro a
sair no caso de alguma coisa dar errado. Tem dificuldade com o cinto de segurança. Não
consegue atá-lo. Confidencia para o passageiro ao seu lado:
____ Não encontro o buraquinho. Não tem buraquinho?
Acaba esquecendo a fivela e dando um nó no cinto. Comenta, com um falso riso
descontraído: “Até aqui, tudo bem”. O passageiro ao lado explica que o avião ainda está
parado, mas ele não ouve. A aeromoça vem lhe oferecer um jornal, mas ele recusa.
____ Obrigado. Não bebo.
Quando o avião começa a correr na pista antes de levantar voo, ele é aquele com os
olhos arregalados e a expressão de Santa Mãe do Céu! no rosto. Com o avião no ar, dá uma
espiada pela janela e se arrepende. É a última espiada que dará pela janela.
Mas o pior está por vir. De repente ele ouve uma misteriosa voz descarnada.
Olha para todos os lados para descobrir de onde sai a voz.
“Senhores passageiros, sua atenção, por favor. A seguir, nosso pessoal de bordo fará
uma demonstração de rotina do sistema de segurança deste aparelho. Há saídas de emergência
na frente, nos dois lados e atrás”.
____ Emergência? Que emergência? Quando eu comprei a passagem ninguém falou
nada em emergência. Olha, o meu é sem emergência.
Uma das aeromoças, de pé ao se lado, tenta acalmá-lo.
____ Isto é apenas rotina, cavalheiro.
____ Odeio a rotina. Aposto que você diz isso para todos. Ai meu santo.
“No caso de despressurização da cabina, máscaras de oxigênio cairão automaticamente
de seus compartimentos.”
____ Que história é essa? Que despressurização? Que cabina?
“Puxe a máscara em sua direção. Isto acionará o suprimento de oxigênio. Coloque a
máscara sobre o rosto e respire normalmente.”
____ Respirar normalmente?! A cabina despressurizada, máscara de oxigênio caindo
sobre nossas cabeças ___ e ele quer que a gente respire normalmente?!
“Em caso de pouso forçado na água...”
____ O que?!
“ os assentos de suas cadeiras são flutuantes e podem ser levados para fora do
aparelho e ...”
Emergência: Situação crítica; incidente.
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____ Essa não! Bancos flutuantes, não! Tudo, menos bancos flutuantes!
____ Calma, cavalheiro.
____ Eu desisto! Parem este troço que eu vou descer. Onde é a cordinha? Parem!
____ Cavalheiro, por favor. Fique calmo.
____ Eu estou calmo. Calmíssimo. Você é que está nervosa e, não sei por que, está
tentando arrancar as minhas mãos do pescoço deste cavalheiro ao meu lado. Que, aliás,
também parece consternado e levemente azul.
____ Calma! Isso. Pronto. Fique tranquilo. Não vai acontecer nada.
____ Só não quero mais ouvir falar em banco flutuante.
____ Certo. Ninguém mais vai falar em banco flutuante.
Ele se vira para o passageiro ao lado, que tenta desesperadamente recuperar a
respiração, e pede desculpas. Perdeu a cabeça.
____ É que banco flutuante foi demais. Imagine só. Todo mundo flutuando sentado.
Fazendo sala no meio do Oceano Atlântico!
A aeromoça diz que lhe vai trazer um calmante e aí mesmo é que ele dá um pulo:
____ Calmante, por quê? O que é que está acontecendo? Vocês estão me escondendo
alguma coisa?
Finalmente, a muito custo, conseguem acalmá-lo. Ele fica rígido na cadeira. Recusa
tudo que lhe oferece. Não quer o almoço. Pergunta se pode receber a sua comida em dinheiro.
Deixa cair a cabeça para trás e tenta dormir. Mas, a cada sacudida do avião, abre os olhos e
fica cuidando a portinha do compartimento sobre sua cabeça, de onde, a qualquer momento,
pode pular uma máscara de oxigênio e matá-lo do coração.
De repente, outra voz. Desta vez é a do comandante.
____ Senhores passageiros, aqui fala o comandante Araújo. Neste momento, à nossa
direita, podemos ver a cidade de ...
Ele pula outra vez da cadeira e grita para a cabina do piloto:
____ Olha para a frente, Araújo! Olha para a frente.
Referência:
NOVAES, Carlos Eduardo; OLIVEIRA, José Carlos; DIAFÉRIA, Lourenço. Crônicas. Vol
7. Edição Didática, 8 ed. São Paulo: Ática, 1992, p.52-54.
Conversando sobre o texto
1º) Por que é fácil identificar um passageiro de primeira viagem? É fácil identificar uma pessoa que viaja pela primeira fez em um determinado transporte, no caso avião, porque desconhece algumas informações e fica preocupado, nervoso e comete algumas gafes que são percebidas pelos passageiros veteranos.
2º) A aeromoça ou comissária de bordo ofereceu ao passageiro um jornal. Qual foi a resposta?
O que o motivou responder assim? O passageiro respondeu “Obrigado. Não bebo.” O medo fez com que ele não prestasse atenção à fala da comissária.
Após a leitura dramática será realizada a prática oral “Conversando sobre o texto”, a prática escrita ”Compreensão e interpretação”. Essas práticas têm por objetivo fazer questionamentos para observar o nível de compreensão leitora dos alunos.
Professor procure instigar os alunos a responder aos questionamentos dados. Conduza a atividade de forma que os alunos possam interagir.
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3º) O passageiro entrou na aeronave muito nervoso. Que fatos aconteceram que o deixaram
ainda mais nervoso e confuso? Cite-os Fatos acontecidos que deixaram o passageiro ainda mais nervoso: o passageiro dá uma espiada pela janela; ouve uma voz desencarnada que diz que há saídas de emergências; a aeromoça tenta acalmar o passageiro dizendo que é apenas rotina; a voz fala da despressurização; respirar normalmente em caso da máscara de oxigênio cair sobre as cabeças; em caso de pouso forçado na água os assentos são flutuantes; a aeromoça diz que vai trazer um calmante; a voz do comandante dizendo que à direita dá para ver a cidade.
4º) Lemos o texto Emergência do autor Luís Fernando Veríssimo. Esse texto classifica-se
no gênero crônica e teve como suporte de circulação social o jornal e depois reunido em
coletânea em um livro. Vocês já leram outras crônicas desse escritor. Qual (Quais)? Resposta pessoal. (Sugestão Títulos: Volume 7 - Confuso; Comunicação; Matemática)
Compreensão e interpretação do texto Releia a crônica “Emergência” do autor Luís Fernando Veríssimo e faça as atividades
abaixo:
1º) As ações narrativas são os fatos, os acontecimentos vividos pelos personagens em um
dado espaço e tempo. Que ações dos personagens presentes na crônica marcam o lugar? Entra no avião desconfiado. Cumprimenta a aeromoça, na porta do avião.
2º) O cronista, com sua artimanha de escrita, procura prender a atenção do leitor do início ao
fim da narrativa. No texto lido, o cronista consegue manter o leitor atento aos fatos até o
desfecho? Como ele faz isso? Explique. Espera-se que o aluno responda que sim. O cronista procura manter a atenção do leitor através dos acontecimentos sucessivos que vão acontecendo com o passageiro.
3º) Todo texto possui uma finalidade, uma intencionalidade discursiva. Nesse texto (crônica)
pode se dizer que esses dois aspectos estão presentes. Coloque (F) para falso e (V) para
verdadeiro, conforme os dois aspectos afirmados:
a) ( F ) criticar o atendimento das comissárias de bordo;
b) ( V ) divertir o leitor com um assunto do cotidiano;
c) ( V ) mostrar por meio de um fato cômico o medo que apavora as pessoas;
d) ( F ) passar informações básicas sobre o que é despressurização;
e) ( V ) cativar o leitor para uma leitura lúdica por meio da linguagem simples.
4º) As ações vividas pelos personagens no texto podem estar relacionadas aos nossos dias
atuais? Explique Espera-se que o aluno responda que sim, pois muitas pessoas precisam viajar e têm medo da viagem por ser de avião. A comicidade que o cronista deixou nas entrelinhas no texto foi apenas para tornar o texto prazeroso.
Professor, sugerimos outros títulos de crônicas desse autor que estão reunidas em: Para Gostar de ler Volume 7 da ed. Ática.
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5º) Você já presenciou um fato em que a pessoa tem medo de viajar em um determinado meio
de transporte? Escreva-o para contar aos colegas. Resposta pessoal (Sugestões: navio, barco, trem, carro, ônibus, moto, etc.).
7º) O autor Luís Fernando Veríssimo de acordo com a biografia é considerado o cronista do
humor. De humor temos humorismo ( ironia, veia cômica, que faz rir, engraçado) e humorista
(pessoa que fala, escreve, desenha ou pinta com humorismo). Em que fatos consistem a
marca do humor na crônica “Emergência”? O humor está nas atitudes do passageiro como, por exemplo, não conseguir por o cinto, dizer que não bebia quando a aeromoça ofereceu um jornal, não entender o que é despressurização, saber que os bancos das aeronaves são flutuantes, que muitas pessoas tomam calmantes para viajar de avião e mandar o comandante olhar para frente.
8º) Sentir medo é bom porque você parar para pensar. O medo faz você tomar decisões mais
próximas da probabilidade do que é o certo. O medo faz parte das emoções do ser humano, é
como um sinal: cuidado. Como você analisa o seu medo diante do que lhe apavora? Resposta pessoal.
9ª) Pesquise e escreva o que significa a despressurização? Sugestão: Na medida em que a altitude aumenta, a densidade do ar diminui, tornando o ar mais rarefeito. Esse decréscimo provoca dificuldade de respirar. Com o desenvolvimento da aviação, as aeronaves passaram a ser pressurizadas para poder voar acima de 12 mil pés sem causar problemas respiratórios aos passageiros e tripulantes. Para isso, no interior das cabines a pressão é regulada para menos de 10 mil pés, este é o limite compatível com a fisiologia humana.
Vamos relembrar: Crônica
Vamos assistir a um vídeo “Um Papo Com Luís Fernando
Veríssimo” em que ele procura definir o que é crônica.
Professor, sugerimos o vídeo “Um papo com Luís Fernando Veríssimo” para que os alunos possam compreender ainda mais sobre o gênero discursivo/textual Crônica Literária. Neste vídeo o escritor procura definir o que é Crônica, fala-nos um pouco da história de vida e da
profissão de escritor/cronista. Sugerimos também que o professor peça aos alunos para fazerem anotações dos comentários do escritor, características da crônica, isto é, elementos para a discussão posterior. Professor vale lembrar que o vídeo se trata de uma entrevista, sendo outro gênero (oralidade) para falar do gênero discursivo (escrita) “crônica”.
Vídeo: Entrevista com Luís Fernando Veríssimo Programa Sempre Um Papo Com Luís Fernando Veríssimo - 2008 – (25:39) Disponível em online: <http://www.youtube.com/watch?v=hxedNyidyew> Acesso em 04/09/2012.
Fonte da Imagem Portal Dia a Dia Educação Disponível em online: <http://www.cinema.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1071>. Acesso em 26-08-2012
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Conversando sobre o vídeo
1º) Você já havia assistido entrevista com Luís Fernando Veríssimo? Resposta pessoal
2º) Que fatos mencionados pelo escritor na entrevista foram marcantes para você? Resposta pessoal
3º) Veríssimo é considerado o cronista maior da atualidade. Na entrevista, como ele fala
da profissão de escritor? Não precisou estudar fazer o ensino superior para escrever, começou a escrever porque leu grandes escritores e por ser filho de escritor o livro era um elemento presente na sua vida desde menino. Escreve por gostar, por ser a sua profissão.
4º) Como Veríssimo define a crônica na entrevista? Ele dá uma definição de crônica uma espécie de texto cujo assunto é retirado do dia a dia, na crônica o autor tem certa liberdade para escrever, por isso ele diz que a crônica se confunde com o artigo e o conto.
5ª ) O que é o humor para Veríssimo? Para ele o humor é a maneira de surpreender o leitor, a ideia de repetição no texto também está relacionada ao humor. Aquilo que surpreende o leitor.
Vamos dialogar mais um pouco
1º) Você sabe por que a crônica é uma narrativa curta? A crônica é uma narrativa curta por ter a finalidade de propiciar ao leitor um momento e prazer,
deleite, de descontração diante de fatos cotidianos difíceis de viver. A crônica faz o contrário, tem um caráter lúdico, da irreverência.
2º) De quais circunstâncias o cronista retira o assunto para escrever a crônica? O assunto da crônica é retirado do cotidiano, das situações sociais, culturais, políticas e econômicas que ganham evidência aos olhos do cronista.
3º) A crônica apresenta quase sempre um caráter lúdico. Em que ele consiste? O lúdico está relacionado ao humor que o cronista dá à crônica
4º) Qual é a finalidade e a intencionalidade social da crônica? A finalidade da crônica é divertir o leitor, proporcionar uma leitura prazerosa, descontraída pelo humor e a maneira simples de dizer os fatos. Por trás do lúdico a intencionalidade implícita/indireta é a crítica a algum fato social que o cronista quer passar ao leitor de acordo com o seu olhar de mundo.
5º) Sabemos que existem muitos meios de entretenimento. A leitura em geral possui essa
característica. O que caracteriza a crônica a ser uma forma de entreter o leitor? A crônica é uma leitura de entretenimento, porque leva o leitor ao riso, a reflexão por meio da descontração.
Professor essa atividade visa dialogar sobre crônica por meio de questionamentos, objetivando aprimorar os conceitos do gênero discursivo em estudo.
Professor inicie a atividade com os questionamentos e após peça aos alunos que leiam as anotações e as registre no quadro para que possa fazer com os alunos uma síntese da fala do escritor Luis Fernando Veríssimo, assim eles vão se apropriando dos conceitos do gênero discursivo em estudo.
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6º) A crônica é vista, no círculo acadêmico, como formadora de leitores. Como você
analise essa afirmativa. A crônica é um texto que no circulo acadêmico é formadora de leitores por apresentar características que fazem o despertar o gosto e o prazer de ler.
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Linguagem e Gramática
As línguas são sistemas de signos verbais que o
homem na evolução dos tempos criou e as transformou
para a comunicação entre os povos. O homem se interage
por meio da linguagem para expressar o sentimento, as
ideias. É por meio dela, utilizando-se da fala, escrita,
gestos, desenhos, sons que ocorre o processo de interação
verbal. A língua escrita e a oral podem apresentar
características de formalidade ou informalidade, isso
depende do contexto sociocultural de quem faz uso da
linguagem, isto é, do sujeito que utiliza a língua de
acordo com as situações reais de comunicação,
considerando o seu interlocutor no momento da interação
verbal.
Ao se escrever um enunciado (escrita), ou proferir um
discurso (fala) é preciso se reportar as regras
gramaticais, ou seja, os recursos linguísticos que a
língua do falante normatiza.
Um dos recursos que a língua possui é o discurso
direto e indireto. Aqui discurso se entende a forma de
como o narrador se coloca para narrar os fatos. O
Discurso pode ser Direto, Indireto e Indireto Livre.
O Discurso Direto é quando o narrador dá vez e voz ao
personagem para contar por si mesmo os fatos. Nesse
discurso o narrador interrompe a narração e recorre aos
verbos dicendi (falar, questionar, perguntar, dizer,
responder e outros) que introduzem a fala dos
personagens, acrescido da pontuação dois pontos (:). Para
marcar a fala do personagem na escrita, usa-se no plano
formal o recurso de pontuação o travessão (___) ou as
aspas (“......”) para marcar o diálogo entre os personagens.
Nesse caso, o narrador se coloca como narrador dos fatos
em 1ª pessoa (Eu, Nós), e denominamos de narrador-
personagem ou narrador onipresente.
CAPACIDADE LINGUÍSTICO-DISCURSIVO
Essa capacidade refere-se ao vocabulário e estruturas linguísticas adequadas para o gênero em questão (crônica). Sugerimos que o professor aborde com seus alunos os recursos da língua por meio de exercícios para a prática dos mesmos.
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Vamos exemplificar:
Ouvi vozes na sala do meu chefe que me assustou. Fui
até lá para ver o que aconteceu. Um sujeito entrou
apavorado na sala e falou:
____ Senhor, senhor! Está faltando água em minha casa!
Meu chefe olhou para mim e lhe respondeu calmamente:
____ Não se preocupe, daremos um jeitinho.
Olhei para meu chefe e sai à francesa.
O Discurso Indireto o próprio narrador conta os fatos
pela personagem. O narrador interfere na fala do
personagem e relata ao leitor o que a personagem disse.
Neste caso o narrador utiliza a 3ª pessoa (Ele, Ela (s)),
chamamos de narrador-observador ou narrador-
onisciente. A voz do personagem é reproduzida pela
linguagem do narrador e não há o recurso do travessão,
pois não existe diálogo.
Vamos exemplificar:
Ouvira vozes na sala do chefe que lhe assustara. Foi
até lá para ver o que acontecera. Um sujeito entrara
apavorado na sala dizendo que estava faltando água
em casa. O chefe olhara para o funcionário que
respondera calmamente ao sujeito que daria um
jeitinho. O funcionário olhava para o chefe e saiu à
francesa.
A título de conhecimento
Observe que o tempo verbal do Discurso Direto muda
quando se usa o Discurso Indireto. Veja o quadro abaixo:
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DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO
Verbo no presente do indicativo
Eu escrevo uma crônica.
Verbo no pretérito imperfeito do indicativo
Eu escrevia uma crônica.
Verbo no pretérito perfeito do indicativo
Eu escrevi uma crônica.
Verbo no mais-que-perfeito do indicativo
Eu escrevera uma crônica.
Verbo no futuro do presente do indicativo
Eu escreverei uma crônica.
Verbo no futuro do pretérito do indicativo
Eu escreveria uma crônica.
Verbo no imperativo
Escreva uma crônica.
Verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo
Seu eu escrevesse uma crônica.
Fonte: A Autora
O Discurso Indireto Livre pode se dizer que é um
misto de reprodução das falas dos personagens em que se
fundem as palavras do narrador e a dos personagens. O
leitor necessita estar atento para perceber essa fusão,
pois se trata de um recurso belíssimo da língua.
Vamos exemplificar:
Ouvi vozes na sala do meu chefe que me assustou. Fui
até lá para ver o que aconteceu. Um sujeito entrou
apavorado na sala e falou ‘está faltando água em
minha casa’. O meu chefe olhou para mim e disse que
íamos dar um jeitinho ‘só se for pagando o caminhão-
pipa’. Sai à francesa.
O escritor se reporta aos três tipos de discursos
para escrever as crônicas. A escolha do discurso depende
de como ele quer dar sentido a língua, ao assunto e a
visão que deseja passar do fato cotidiano a ser narrado.
Agora é com Você
Releia o 4º parágrafo do texto A pipa de Carlos
Drummond de Andrade, observando que o narrador usou o
discurso indireto para sugerir como o cidadão deve
solicitar a água ao Serviço de Abastecimento de Água.
Imagine o diálogo entre aquele que atendeu ao telefone e
o cidadão que está solicitando a água para a casa.
1) Professor releia o 4º parágrafo da Crônica “A pipa” com os alunos para que relembrem o contexto do discurso do narrador, assim poderão realizar a atividade de forma coerente com o solicitado.
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Escreva esse diálogo em forma de discurso direto
(diálogo): tempo verbal adequado, use os verbos dicendi, o
travessão que marca a fala de cada personagem, a
pontuação que indica a expressividade na escrita e a
coerência textual.
Resposta pessoal
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2) Professor, neste momento será realizado atividade de escrita que trabalha com a estrutura composicional do gênero discursivo a crônica. Essa atividade tem por finalidade relembrar o conhecimento do aluno quanto aos elementos que compõem o texto narrativo o discurso direto.
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Relembrando a estrutura do texto
Discurso é a transmissão que o narrador faz da fala ou do
pensamento dos personagens. Quando há o diálogo entre
os personagens ocorre o discurso direto. O narrador dá
vez e voz aos personagens para dialogar por meio dos
verbos dicendi (falar, perguntar, dizer, responder,
questionar e outros), acompanhado dos dois pontos ( : ). O
diálogo é marcado na escrita pelo travessão (____) e pelas
aspas (“....”) que indicam a fala dos personagens.
a) Releia o texto “Emergência” e copie um exemplo de discurso direto.
____ Essa não! Bancos flutuantes, não! Tudo, menos bancos flutuantes! ____ Calma, cavalheiro. ____ Eu desisto! Parem este toco que eu vou descer. Onde é a cordinha? Parem! ____ Cavalheiro, por favor. Fique calmo. ____ Eu estou calmo. Calmíssimo. Você é que está nervosa e, não sei por quê, está tentando arrancar as minhas mãos do pescoço deste cavalheiro ao meu lado. Que, aliás, também parece consternado e levemente azul.
Narrador é aquele que narra/conta os fatos acontecidos e
descreve o ambiente. Ele pode se colocar no texto como
narrador-personagem, 1ª pessoa (onipresente) personagem
participante das ações; ou como narrador-observador, 3ª
pessoa (onisciente) fora das ações.
b) Releia o início do texto “Emergência” e classifique o tipo de narrador que aparece. Copie
um trecho para justificar a sua classificação.
Narrador-observador. Narra os fatos sem participar dos acontecimentos “Ele faz questão de sentar num banco de corredor, perto da porta. Para ser o primeiro a sair no caso de alguma coisa dar errado. Tem dificuldade com o cinto de segurança. Não consegue atá-lo. Confidencia para o passageiro ao seu lado:”
A crônica “Emergência” apresenta uma estrutura
composicional organizada da seguinte forma:
1. situação inicial;
2. situação de conflito;
3. clímax do conflito;
4. resolução do conflito;
5. situação final (desfecho).
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c) Relacione a estrutura composicional do texto “Emergência” com os parágrafos
referendados.
Estrutura Composicional
(a) Situação inicial;
(b) Início do conflito/problemática;
(c) Clímax do conflito;
(d) Resolução do conflito;
(e) Desfecho: situação final.
Parágrafos
( b ) 3º parágrafo – “Como assim?”
( a ) 1º parágrafo - “É fácil identificar o passageiro de primeira viagem.”
( e ) 38º parágrafo –“ ____ Olha para a frente, Araújo! Olha para frente!”
( c ) 22º parágrafo – “____ Essa não! Bancos flutuantes, não! Tudo, menos bancos
flutuantes!”
( d ) 34º parágrafo – “ Finalmente, a muito custo, conseguem acalmá-lo.”
O homem interage por meio da linguagem: fala, escrita,
gestos, desenhos, sons. A língua escrita e a oral podem
apresentar características de formalidade ou
informalidade, isso depende do contexto sociocultural de
quem faz uso da linguagem, isto é, do sujeito que utiliza a
língua de acordo com as situações reais de comunicação,
considerando o seu interlocutor no momento da interação
verbal.
d) Com base no referencial acima, marque um (X) na alternativa em que a marca da
informalidade (linguagem espontânea) está expressa na língua (oral) utilizada pelos
personagens.
a)( ) “____ Cavalheiro, por favor. Fique Calmo.”
b)( X ) “____ Respirar normalmente?! (...) ___ e ele quer que a gente respire normalmente?”
c)( ) “____ Isso é apenas rotina, cavalheiro.”
d)( ) “____ Senhores passageiros, aqui fala o comandante Araújo.”
A coesão se constrói por meio de mecanismos gramaticais
(pronomes, artigos, conjunções e etc.), os articuladores
textuais.
A coesão e a coerência são elementos constitutivos dos enunciados.
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a) Releia o 6º parágrafo do texto “Emergência” que foi transcrito abaixo e responda:
“Puxe a máscara em sua direção. Isto acionará o suprimento de oxigênio. Coloque a
máscara sobre o rosto e respire normalmente.”
A palavra máscara foi repetida, isso caracteriza o jeito
da linguagem da crônica: simples, despretensiosa. Em uma
linguagem formal, de acordo com a Gramática, dever-se-
ia ter usado um elemento articulador. a) Reescreva a frase para uma linguagem formal, substituindo a palavra máscara por um pronome. “Puxe a máscara em sua direção. Isto acionará o suprimento de oxigênio. Coloque-a sobre o rosto e respire normalmente.”
A coerência: dizemos que há coerência quando o fato tem
sentido no texto seja ele escrito ou oral. A coerência
está relacionada à ideia que o discurso (fala) e o
enunciado (escrita) expressam no texto.
Observe o subentendido diálogo entre o sujeito e a aeromoça: “A aeromoça vem lhe oferecer um jornal, mas ele recusa” ____ Obrigado. Não bebo.”
a) Em que consiste a falta de coerência no diálogo entre a aeromoça e o passageiro? A falta de coerência entre as falas dos personagens está no fato do passageiro estar nervoso, em pânico por viajar de avião, por isso não ouviu atentamente a pergunta da aeromoça que tentava acalmá-lo, oferecendo–lhe um jornal para se distrair.
b) O título é o nome que o autor dá ao texto. Ele deve estar coerente com a proposta de
escrita. O título Emergência está coerente com o fato narrado no texto? Dê acordo com o fato narrado que outro título você daria à crônica, mantendo a coerência? Sim, pois está coerente com o assunto do texto. Resposta pessoal. Sugestão: O homem medroso; Pânico de avião; O medroso, etc.
Fonte: A Autora
Pronome é a palavra que substitui ou acompanha um substantivo, relacionando-o à pessoa do discurso.
A Crônica apresenta uma linguagem simples, espontânea,
dita informal. Isso é uma marca que a fez conquistar o
público leitor em uma época em que se prezava o Português
rebuscado. A linguagem simples é uma marca dos
precursores da Semana de Arte Moderna no Brasil e a
Crônica ganhou o seu espaço na sociedade.
Professor lembre-se que texto é uma unidade básica de organização semântica (sentido), coerência (ideia) e coesão (elementos articuladores do discurso). Texto é a materialização do discurso.
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Agora é com você
Agora que você compreendeu o que é crônica
literária, produza seu próprio texto. Para isso,
observe na sua escola ou na comunidade local um
fato que pode ser assunto para a escrita do seu
texto ou pesquise em jornais e revistas algo que lhe pareça
interessante e que possa ser contado por você. Não se esqueça de
usar todas as dicas que você aprendeu ao longo dessas aulas.
Professor leve os alunos ao Laboratório de Informática para que possam pesquisar crônicas de Luís Fernando Veríssimo e Carlos Drummond de Andrade. Sugerimos que cada aluno após ler várias crônicas escolha uma crônica em especial; após essa prática será formada uma roda de leitura onde os alunos irão contar aos colegas o enredo da crônica. Essa prática a denominamos de roda de leitura para recontar crônica escolhida. Essa prática tem por objetivo o incentivo da leitura e a socialização da mesma.
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Momento de Avaliação
Após a realização da atividade anterior, troque sua crônica
produzida com outro colega ou dupla de amigos, observando se o
texto apresenta as características de uma crônica. Em um segundo
momento, com as crônicas dos seus amigos, relate as impressões
que teve como leitor em relação aos textos de seus colegas. O
seu texto também terá essa mesma atividade realizada pelo seu
colega.
Professor, neste momento faça uma breve retomada com os alunos sobre as principais características que o gênero discursivo “crônica literária” compõe, reforce com os alunos que o assunto da crônica - o escritor retira do cotidiano e deixa nas entrelinhas, de uma forma cômica, humorada, uma crítica implícita que leva o leitor a reflexão do fato social narrado pelo cronista. Essa retomada ajudará os alunos a realizar a atividade de escrita com mais propriedade.
Professor, ao propor a troca de textos entre os alunos, sugerimos no apêndice I desta SD um roteiro que o aluno poderá utilizar para auxiliá-lo na correção do texto do colega.
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APÊNDICE I
ROTEIRO PARA CORREÇÃO DO TEXTO
ITENS A SEREM OBERVADOS
SIM
NÃO ÁS
VEZES
a. A crônica narra um acontecimento atual?
b. O texto apresenta marcas (características) do tempo
presente?
c. Há a presença de realidade e ficção?
d. A situação que o texto apresenta, há elementos como:
personagens e uma breve situação (contexto) onde esses
personagens possam estar inseridos?
e. A linguagem do texto é adequada ao gênero?
f. A crônica apresenta algo engraçado e irônico?
g. Os parágrafos que compõem a crônica estão distribuídos de
forma que o leitor possa compreender o seu sentido?
h. A crônica lida é agradável ao ponto de conseguir prender a
atenção do leitor?
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REFERÊNCIAS
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