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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE
SÃO PAULO PUC - SP
Andréa Paz-Oliveira
Procedimentos e Implicações na elaboração de um teste
de sentenças no ruído para o português brasileiro.
DOUTORADO EM FONOAUDIOLOGIA
SÃO PAULO
2017
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE
SÃO PAULO PUC - SP
Andréa Paz-Oliveira
Procedimentos e Implicações na elaboração de um teste
de sentenças no ruído para o português brasileiro.
Tese de Doutorado do Programa de PósGraduação em Fonoaudiologia daPUCSP sob a orientação da Profa.Dra.Teresa M. Momensohn-Santos
SÃO PAULO
2017
FICHA CATALOGRÁFICA
Paz-Oliveira, Andréa
Procedimentos e Implicações na elaboração de um teste de
sentenças no ruído para o português brasileiro. / Andréa Paz-Oliveira. – São
Paulo, 2017. 85f
Tese (Doutorado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa
de Estudos de Pós-Graduação em Fonoaudiologia. Área de concentração: Clínica
Fonoaudiológica. Linha de pesquisa: Procedimentos e Implicações Psicossociais
dos Distúrbios da Audição. Orientadora: Profª. Drª. Teresa M. Momensohn-Santos
Procedures and Implications in the development of a test of sentences in
noise for the Brazilian Portuguese.
1.Testes auditivos 2.Inteligibilidade de fala 3.Ruído 4.Testes de discriminação
da fala 5.Percepção de fala
AUTORIZAÇÃO
Autorizo exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total
ou parcial desta tese, por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos, desde
que na reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e o ano da
tese.
_____________________________________________
Andréa Paz-Oliveira
São Paulo, 13 de Julho de 2017.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia
Coordenadora do Curso de Pós-GraduaçãoProfa. Dra. Dóris Ruth Lewis
Vice-coordenadora do Curso de Pós-GraduaçãoProfa. Dra. Maria Claudia Cunha
Andréa Paz-Oliveira
Procedimentos e Implicações na elaboração de um teste de
sentenças no ruído para o português brasileiro.
Banca examinadora:
_______________________________________Profª. Drª. Teresa Maria Momensohn-Santos
_______________________________________Profª. Drª. Ana Claudia Fiorini
_______________________________________Profª. Drª. Beatriz de Castro Andrade Mendes
_______________________________________Profª. Drª Fátima Cristina Alves Branco-Barreiro
_______________________________________Profª. Drª. Liliane Desgualdo Pereira
Aprovada em: ___/___/___
DEDICATÓRIA
“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós.
Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry
Com carinho, à minha querida e amada mãe (in memorian).
Agradeço o privilégio da estadia ao seu lado, agradeço ainda mais,
por saber que não foi a primeira, e nem será a ultima vez que
estivemos juntas, rumo ao progresso espiritual.
I
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
“Quando a gente anda sempre em frente, não pode ir muito longe”O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry
Muitas vezes, faz-se necessário recomeçar a trajetória, explorando
outras direções além das que nos colocam na nossa zona de conforto... E
desta forma inicio meu agradecimento a minha querida orientadora, Profª. Drª.
Teresa Maria Momensohn-Santos, pelo incentivo, contribuição e paciência, ao
transmitir da melhor maneira possível seus conhecimentos. Resumi-la a minha
orientadora é muito pouco, pois a importância que teve e tem para mim não só
na condução do trabalho, mas também em minha vida é muito grande.
Obrigada por acreditar em mim quando eu achei difícil acreditar em mim
mesma. E por dizer, algumas vezes, o que eu realmente precisava ouvir, em
vez do que eu queria que você dissesse, e por ter me mostrado um outro lado
a considerar. Obrigada por toda dedicação, afeto e respeito. Muito obrigada!!!
“Serás para mim único no mundo e eu serei para ti única no mundo”O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry
Com carinho muito especial agradeço ao meu esposo Marcio Henrique
de Farias, que sempre contribuiu muito com minha formação pessoal,
profissional e acadêmica, que me fez mais forte em momentos difíceis, e que
sempre admirei pela força e coragem com que assume suas decisões e seus
ideais. Obrigada pela compreensão nos momentos de ausência e por me guiar
sempre pelos melhores caminhos, me inspirando a fazer tudo da melhor forma
e da maneira mais inteligente. Amo você!
II
AGRADECIMENTOS
“As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes”O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry
Agradeço a amizade, carinho, risadas, auxílio e laços criados e
fortalecidos de todos vocês: Ana Paula Paz, Alexandra Paz, Adriano Paz,
Tatiane Cristalino, Carlos Eduardo Almeida, Beatriz Albano, Camila Malaman,
Neury Hayashi, May Santos, Michele Picanço do Carmo, Adriana Fiore, Vera
Gelardi, Angélica Biazus, Ana Carla Garcia, Luiza Diniz, Rosy Neves, Ana
Carolina Almendra...
Há muito mais a quem agradecer... A todos aqueles que, embora não
nomeados, me brindaram com seus inestimáveis apoios em distintos
momentos e por suas presenças afetivas, o meu reconhecido e carinhoso
muito obrigado!
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry
Agradeço aos meus sobrinhos lindos e carinhosos, que mesmo estando
ausente, sempre que apareço sou recebida com muito afeto. Com a finalização
desta etapa, fica aqui a promessa de minha presença voltar a ser constante,
pois vocês me cativaram e eu os cativei, e agora temos uma responsabilidade
um com o outro.
III
AGRADECIMENTOS
A Profª. Drª. Ana Claudia Fiorini, por sempre ter aceito meus convites, por
contribuir com seu conhecimento para a finalização deste trabalho.
As Professoras Drª. Beatriz Mendes, Drª. Fátima Cristina Alves Branco-Barreiro, Drª. Liliane Desgualdo Pereira, terem aceito o convite para serembanca de minha tese.
As Professoras Drª. Alessandra Giannella Samelli e Drª. Altair Cadrobbi Pupo(Lila) por terem aceito o convite para serem suplente em minha tese.
A Virgínia que sempre foi solícita e me ajudou em tudo que precisei.
Aos meus queridos sujeitos/amigos que colaboraram para a realização desta
pesquisa.
A empresa SpeechTera Soluções em tecnologia de fala e processamento de
língua natural, que me auxiliou na elaboração deste material.
A Vanessa Marquiafavel, por ser sempre tão atenciosa e me ajudar em todos
os momentos que precisei.
A Profª. Drª. Denise Botter, pela valiosa e indispensável análise estatística e
pela disponibilidade e delicadeza sempre.
Aos meus queridos irmãos pelo companheirismo e carinho.
As minhas amigas Tuisa Said, Adriana Fiore e Michele Picanço do Carmo, pela
ajuda, companheirismo e amizade.
A todos os meus amigos e familiares que me auxiliaram na finalização deste
trabalho.
Ao CNPq pela ajuda financeira que possibilitou a realização desta pesquisa.
IV
“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry
Deus é bom o tempo todo...Obrigada Deus por me guiar, proteger e por ter me
concedido um anjo da guarda tão especial.
V
LISTA DE ABREVIATURAS
CEP Comitê de Ética em PesquisaCONEP Comissão Nacional de Ética em PesquisaTCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Hz HertzPUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
AASI Aparelho de Amplicação Sonora IndividualLRF Limiar de Reconhecimento de SentençasS/R Sinal/RuídoIRF Índice de Reconhecimento de FalaE/D Orelha Esquerda / Orelha direitaD/E Orelha direita / Orelha Esquerda
HINT Hearing in Noise TestQuick-SIN Quick Speech-in-Noise Test
LRF Limiar de Reconhecimento de SentençasDP Desvio padrão
VI
LISTA DE FIGURAS E QUADROS DA REVISÃO INTEGRATIVA
FIGURAS
QUADROS
LISTA DE FIGURAS E QUADROS DO EXPERIMENTO 1
FIGURAS
QUADROS
Quadro I: Número de erros por indivíduo 46
Quadro II: Número de erros por Lista e Sentença para o conjunto de 13 indivíduos 47
LISTA DE QUADROS DO EXPERIMENTO 2
QUADROS
Quadro I: Exemplo de aplicação do ruído. 51
Quadro II: Aplicação das listas. 52
Figura I – Ordem de seleção de artigos que serão incluídos na Revisão Integrativa. 20
Figura II - Percurso realizado para seleção dos artigos. 21
Quadro I: Descritores e termos utilizados para busca dos artigos 19
Quadro II: Combinação dos descritores e termos para busca dos artigos 20
Quadro III: Total dos artigos localizados em cada termo de busca. 21
Quadro IV: Materiais encontrados na Revisão Integrativa 22Quadro V: Análise dos artigos selecionados para fazer parte da Revisão Integrativa deLiteratura sobre testes de fala no ruído disponíveis para uso na clínica audiológica. 23
Figura I – Lista de sentenças elaboradas e fonéticamente balanceadas. 36
Figura II - Balanceamento fonético das de listas 37
Figura III - Frequência de distribuição de fones em cada lista. 45
VII
LISTA DE FIGURAS E QUADROS DO EXPERIMENTO 3
FIGURAS
QUADROS
Quadro I: Média (desvio padrão) da proporção de acertos por sequência e orelha para
cada relação S/R (0, -5, -10, +5, +10 e +15). 56
Quadro II: Intervalos de 95% de confiança para a proporção média de acertos para S/R
0 e S/R -5, por orelha. 57Quadro III: Quadro 3. Intervalos de 95% de confiança para a proporção média de acertos
para S/R -10, S/R +5, S/R +10, S/R +15, por orelha. 57Quadro IV: Intervalos de 95% de confiança para a diferença entre a proporção média de
acertos da orelha direita e da orelha esquerda, por relação S/R. 58Quadro V: Média (desvio padrão) da proporção de acertos por tipo de lista e orelha para
cada relação S/R (0, -5, -10, +5, +10 e +15). 59Quadro VI: Valores-p dos testes de comparação da proporção média de acertos entre as
duas listas, por relação S/R e orelha. 59Quadro VII: Intervalos de 95% de confiança para a diferença entre a proporção média de
acertos da orelha direita e da orelha esquerda, por relação S/R. 59Quadro VIII: Valores-p dos testes de comparação da proporção média de acertos entre
as duas orelhas (D – E), lista mista, por relação S/R. 60Quadro IX: Intervalo de 95% de confiança para a diferença entre a proporção média de
acertos da orelha direita e da orelha esquerda, para a relação S/R -10, lista mista. 60
Figura I - Relações Sinal / Ruído utilizadas. 54
Figura II - Forma de apresentação das listas e relações Sinal / Ruído utilizadas. 55
VIII
RESUMO
Introdução: Na avaliação audiológica básica, sílabas e palavras têm sido
utilizadas para medir o desempenho auditivo do indivíduo em tarefas de
reconhecimento de fala. Porém, cada vez mais aumenta o número de
pesquisas que afirmam que o teste de reconhecimento de sentenças no ruído
é o melhor instrumento para avaliar a comunicação do indivíduo no seu dia-a-
dia. Desta forma, elaborar testes de sentenças no ruído é de extrema
importância para prática clínica. Objetivo: Elaborar um material de sentenças
no ruído para o português brasileiro. Método: Para alcançar o objetivo desta
pesquisa, foi desenvolvido um estudo de natureza prospectiva, descritiva,
exploratória, quanti-qualitativa. A pesquisa foi realizada em três experimentos:
- 1: Processo de desenvolvimento do material - Desenvolvimento de
sentenças e aplicação sem ruído em sujeitos sem perda auditiva. 2: analisar
a influência das diferentes relações Sinal/Ruído no desempenho de sujeitos
normo-ouvintes 3: Analisar o desempenho de sujeitos normo-ouvintes na
aplicação das sentenças com os ruídos selecionados no experimento 2.
Resultados: Foram elaboradas 23 listas com seis sentenças cada (total de
138 sentenças) foneticamente balanceadas, com cinco palavras alvo cada, e
conteúdo não previsível. A partir da aplicação, no silêncio, em sujeitos sem
perda auditiva, as listas equivalentes entre si foram selecionadas e aplicadas
com ruído de fala para analisar quais ruídos de fundo deveriam ser inseridos
na pesquisa. Os ruídos selecionados foram 0dB, -5 dB, -10dB, +5dB, +10dB e
+15dB. Nas relações sinal-ruído 0dB, -5dB e -10 a proporção de acertos é
maior nas listas mistas e nas demais relações sinal-ruído não há diferença
entre as listas mistas ou completas (+5, +10, +15). Conclusão: As sentenças
desenvolvidas são foneticamente balanceadas, equivalentes entre si, fácies e
rápidas de serem aplicadas.
Palavra chave: 1.Testes auditivos 2.Inteligibilidade de fala 3.Ruído 4.Testes dediscriminação da fala 5.Percepção de fala
IX
SUMMARY
Introduction: basic audiological field evaluation, syllables and words have
been used to measure the individual's auditory performance in speech
recognition tasks. Increasingly, however, increases the number of searches
that claim that the test for the recognition of sentences in noise is the best
instrument to evaluate the communication in your daily life. This way,
elaborate sentences in noise tests is of extreme importance to clinical
practice. Objective: Develop a material of sentences in noise for Brazilian
Portuguese. Method: to achieve the objective of this research, we developed a
study of prospective, descriptive, exploratory, quantitative and qualitative. The
survey was conducted in three experiments: 1: Material development process
development of judgments and application without noise in subjects without
hearing loss. 2: examining the influence of different signal-to-noise ratios on
the performance of subjects visually-listeners 3: analyze the performance of
subjects visually-listeners in the application of sentences with selected noise
in experiment 2. Results: 23 lists were made with six sentences each (total of
138 sentences) phonetically balanced, with five words each target, and
content is not predictable. From the application, in the silence, in subjects
without hearing loss, the equivalent lists with each other were selected and
applied with noise to analyze which background noise should be inserted in
the search. The noises were selected 0dB, -5 dB,-10dB, + 5dB, + 10dB to +
15dB. The relationship signal-noise 0dB,-5dB and -10 the proportion of hits is
greater in mixed lists and other signal-to-noise ratios there is no difference
between the mixed lists or (+5, +10, +15). Conclusion: the sentences
developed are phonetically balanced, equivalent to each other, and rapid
facies are applied.
Keywords: 1. Auditory Tests 2. Speech intelligibility 3. noise 4. speechdiscrimination tests 5. Speech perception
X
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 11
2. OBJETIVOS 15
OBJETIVO DA REVISÃO INTEGRATIVA 15
OBJETIVO DA ELABORAÇÃO DAS SENTENÇAS 15
3. REVISÃO INTEGRATIVA 16
INTRODUÇÃO 17
MÉTODO 19
RESULTADOS E DISCUSSÃO 21
CONCLUSÃO 29
4. MÉTODO DA ELABORAÇÃO DAS SENTENÇAS 30
EXPERIMENTO 1 31
OBJETIVO DO EXPERIMENTO 1 31
MÉTODO DO EXPERIMENTO 1 31
PRIMEIRA ETAPA 1 - EXPERIMENTO 1 31
SEGUNDA ETAPA 2 - EXPERIMENTO 1 34
RESULTADOS EXPERIMENTO 1 35
RESULTADO ETAPA 1 - EXPERIMENTO 1 35
RESULTADO ETAPA 2 - EXPERIMENTO 1 46
EXPERIMENTO 2 50
OBJETIVO DO EXPERIMENTO 2 50
MÉTODO DO EXPERIMENTO 2 50
RESULTADO DO EXPERIMENTO 2 52
EXPERIMENTO 3 54
OBJETIVO DO EXPERIMENTO 3 54
MÉTODO DO EXPERIMENTO 3 54
RESULTADO DO EXPERIMENTO 3 56
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E DIREÇÕES FUTURAS 63
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 64
7. ANEXOS
ANEXO I
ANEXO II
XI
11
1. INTRODUÇÃO
Diversos estudos indicam que o desempenho de reconhecimento de fala
no ruído não pode ser previsto pela audiometria convencional, avaliada
somente por limiares de tom puro ou por desempenho de reconhecimento de
fala no silêncio (Killion, 2002; Wilson e McArdle, 2005). Porém, o
reconhecimento de fala no ruído é um aspecto da função auditiva que não é
avaliado rotineiramente pelos fonoaudiólogos (Strom, 2006). É de fundamental
importância a medição da capacidade de reconhecimento da fala em situações
mais próximas às reais, tais como testes audiológicos que empregam
sentenças como estímulo, sendo realizados também na presença de ruído
competitivo (Costa, 1998).
Sujeitos com as mesmas habilidades de reconhecimento de fala no
silêncio podem apresentar resultados extremamente diferentes em ambientes
ruidosos. Quando a avaliação ocorre no ruído, ao contrário do silêncio, são
exigidos vários mecanismos auditivos para atingir o mesmo nível de
reconhecimento da fala, indicando que informações sensoriais mais detalhadas
são necessárias em condições de escuta difícil (Ziegler et al, 2009).
Para Soli e Nilsson (1994), a habilidade para compreender a fala, na
presença de outro som, é uma das mais importantes capacidades para a
comunicação. Essas considerações sugerem que se realize uma avaliação
precisa da dificuldade de comunicação, para que o tratamento clínico da perda
auditiva seja mais eficiente. Silverman e Hirsh (1955) ressaltaram que um teste
auditivo que empregue fala no ruído é melhor do que um teste empregando
somente tons puros, porque testes de fala no ruído, além de confirmarem a
perda auditiva e renderem informações de diagnóstico e prognóstico, não
dadas pelo audiograma, também proporcionam uma aproximação direta com a
audição do dia-a-dia.
A sensibilidade auditiva é, geralmente, avaliada na clínica por meio da
audiometria tonal convencional, que mede os menores níveis sonoros
detectáveis, em diversas frequências (Lobarinas, Salvi e Ding, 2013). Em
estudo epidemiológico, que investigou a prevalência de dificuldades auditivas,
26% dos adultos entrevistados relataram grande dificuldade de escuta em
ambiente ruidoso, ao passo que apenas 16% destes apresentaram alterações
nos limiares audiométricos (Davis, 1989). Em ambiente de comunicação
12
cotidiana, os níveis de ruído geralmente trazem desafios para ouvintes, (Boyle
et al., 2013).
O reconhecimento de fala é um dos aspectos mais importantes da
função auditiva humana, pois possibilita ao homem comunicar-se de forma
eficiente, o que é fundamental para sua integração social, porém esta
habilidade de compreensão da fala, depende também da integridade do
sistema nervoso auditivo central. Desta forma, inserir na prática clinica testes
de fala no ruído, mesmo para sujeitos sem perda é importante, pois ouvintes
com limiares audiométricos normais podem relatar dificuldades na
compreensão da fala, em ambientes ruidosos (Zhao e Stephens, 2007).
Bocca, Calearo e Cassinari (1954) introduziram a logoaudiometria
sensibilizada exatamente para avaliar pacientes que se queixavam de
dificuldade para ouvir em presença de ruído de fundo ou em ambientes
acusticamente degradados. Esses indivíduos, muitas vezes, não apresentavam
perda auditiva ou porcentagens de acerto baixas na pesquisa dos índices de
reconhecimento de fala.
De acordo com Costa, Iório e Albernaz (2000) testes constituídos por
diferentes listas de sentenças são úteis, na avaliação de pessoas com
distúrbios de audição, especialmente os candidatos ao uso de Aparelho de
Amplicação Sonora Individual (AASI) e de implantes cocleares.
Muitos métodos têm sido propostos para medir a inteligibilidade de fala
no silêncio e na presença de ruído competitivo, e esses métodos se diferem em
diversos aspectos, tais como: a estrutura do material de fala, do procedimento
de aplicação dos testes, do nível de apresentação, do intervalo da relação
sinal-ruído e do tipo de ruído utilizado (Versfeld et al, 2000).
No Brasil, um teste padronizado em 2008 (Bevilacqua et al) é o Hearing
in Noise Test (HINT). O HINT é um teste adaptativo onde o indivíduo é
solicitado a reconhecer e repetir sentenças simples no silêncio e no ruído. É
composto por 12 listas de sentenças com 20 sentenças em cada, totalizando
240 sentenças disponíveis. A intensidade de apresentação é variável até que
seja estabelecido o Limiar de Reconhecimento de Sentenças (LRF/HINT), que
é obtido quando 50% das sentenças são repetidas corretamente.
Um outro teste utilizado no Brasil tem sido a Lista de Sentenças em
Português, elaborado por Costa (1998), com o principal objetivo de avaliar a
13
habilidade dos indivíduos com distúrbios da audição para reconhecer a fala em
ambiente ruidoso. O teste é constituído por uma lista de 25 sentenças (1A),
outras sete listas com dez sentenças cada (Listas 1B, 2B, 3B, 4B, 5B, 6B, 7B) e
um ruído com espectro de fala. O indivíduo precisa identificar 50% dos
estímulos de fala apresentados, em uma determinada relação sinal/ruído (S/R).
Fora do Brasil, diversos testes foram desenvolvidos (Wilson, McArdle e
Smith, 2007), e um dos testes de sentenças no ruído utilizado é o Quick
Speech-In-Noise Test (Quick-SIN), desenvolvido por Killion et al (2004) através
da empresa americana Etymotic Research, para testar a capacidade de uma
pessoa em ouvir a fala num ambiente ruidoso. Os autores preconizam que este
teste deva ser usado em todos os pacientes adultos como parte da bateria de
testes audiométricos, pois somente a audiometria convencional não é
suficientemente confiável para prever a compreensão de uma pessoa num
ambiente ruidoso. Os objetivos do Quick-SIN são: fornecer uma estimativa de
perda de relação S/R; fornecer uma maneira rápida para os profissionais
quantificarem a capacidade de o sujeito entender a fala na presença de ruído;
determinar, se dar ênfase em agudos melhora ou piora a compreensão de fala
no ruído; ajudar os profissionais na escolha de amplificação apropriada e de
outro apoio da tecnologia; demonstrar se os aparelhos auditivos com
microfones direcionais melhoram a inteligibilidade de fala no ruído; fornecer um
grande número de listas de teste equivalentes para uso em clínica e trabalho
de investigação; fornecer aconselhamento e informação realista sobre as
expectativas dos pacientes.
O teste QuickSIN fornece 12 listas equivalentes para testar indivíduos
sem perda auditiva e com deficiência auditiva. O teste é eficiente no tempo; a
administração de uma única lista leva aproximadamente 1 min. O desvio
padrão para uma estimativa SNR usando uma única lista é de 1,4 dB. A média
de múltiplas listas resulta em um menor desvio padrão. Além das 12 listas
equivalentes, outras seis listas são equivalentes às 12 quando usadas em
pares de lista designados (Killion et al, 2004).
Em estudo realizado por Wilson, McArdle e Smith (2007), cujo objetivo
foi examinar, em sujeitos com audição normal e com perda auditiva
neurossensorial, as diferenças entre grupos obtidas com 4 protocolos de fala
no ruído disponíveis para uso (Bamford-Kowal-Bench Speech-in-Noise Test
14
(BKB-SIN); Quick Speech-in-Noise Test (QuickSIN); Words-in-Noise test (WIN)
e Hearing in Noise Test (HINT) , os autores relataram que as listas do
QuickSIN e WIN são mais sensíveis para medir o desempenho de
reconhecimento de fala no ruído do que os materiais BKB-SIN e HINT. Os
autores ainda esclarecem que caso a necessidade seja de utilizar sentenças no
ruído, o Quick-SIN é o material mais indicado. Eles ainda sugerem que esse
material seja incorporado na prática clínica do audiologista.
O uso de materiais da sentença para testar a inteligibilidade da fala tem
muitas vantagens sobre outros tipos de estímulos de discurso, como palavras
ou sílabas, porque as sentenças são mais representativas das situações
comunicativas reais cotidianas que são palavras ou sílabas (Cervera e
González-Alvarez,2011).
15
2. OBJETIVOS
1 - O objetivo do estudo foi realizar uma revisão integrativa da literatura
sobre os testes de fala desenvolvidos para serem usados na clínica audiológica
para o diagnóstico diferencial dos distúrbios auditivos.
2 - Elaborar um teste de percepção de sentenças baseado no teste
Quick-SIN, que auxilie de uma maneira rápida o fonoaudiólogo a quantificar a
capacidade de o sujeito entender a fala na presença de ruído.
Observação:
Esta tese está dividida em duas pesquisas:
1º Uma Revisão Integrativa e 2º A tese em si, com a elaboração das
listas de sentenças. A Revisão Integrativa será a Revisão de Literatura desta
tese, e como para se fazer este tipo de revisão, uma série de procedimentos
padrão são necessários, terá método, resultados, discussão e conclusão da
Revisão Integrativa e posteriormente da tese. Desta forma, esta pesquisa teve
dois objetivos, conforme exposto acima.
16
1ª. Pesquisa
3. REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
O objetivo do estudo 1 foi realizar uma revisão integrativa da literatura sobre
os testes de fala desenvolvidos para serem usados na clínica audiológica
para o diagnóstico diferencial dos distúrbios auditivos
Título - O uso dos testes de fala no ruído na clínica audiológica – Uma Revisão Integrativa.
RESUMO
Introdução: A comunicação humana se dá primordialmente através da
linguagem e da fala, e por meio da audição o homem as adquire e as mantém.
A habilidade para compreender a fala pode ser considerada como a mais
importante entre os aspectos mensuráveis na avaliação dos distúrbios da
comunicação humana. A audiometria convencional não é suficientemente
confiável para prever a compreensão de uma pessoa num ambiente
barulhento, desta forma, inserir testes de fala no ruído na rotina clínica
audiológica pode ser uma ferramenta útil para detectar possíveis problemas da
função auditiva central. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão
integrativa da literatura sobre testes de fala no ruído disponíveis para uso na
clínica audiológica. Método: Busca de publicações sem delimitação temporal
nos bancos de dados Lilacs, PubMed, Medline, IBCS e SciELO, utilizando-se
como descritores: Teste de fala no ruído, percepção auditiva, testes de
discriminação auditiva, distúrbios auditivos, padronização, desenvolvimento,
validação, testes do limiar de recepção da fala, percepção auditiva, perda
auditiva. Resultado: Foram localizados um total de 1200 artigos, que após
leitura do título ficaram 134, após leitura do resumo ficaram 74 e após leitura do
artigo na íntegra restaram 58 artigos, que após exclusão dos repetidos, tivemos
39 artigos inseridos nesta revisão sistemática. Discussão: Foram localizados 25
materiais diferentes de fala no ruído e a maioria relatou a importância de inserir
testes de fala no ruído na rotina clínica.
17
INTRODUÇÃO
Cada vez se tornam mais frequentes as queixas de dificuldade de
compreensão da fala em ambientes ruidosos, mesmo para indivíduos
considerados com audição normal do ponto de vista audiométrico. Por esse
motivo, analisar a relação entre os limiares audiométricos e a capacidade de
reconhecer os estímulos de fala em presença de ruído vem se tornando funda-
mental no processo de avaliação audiológica (Henrique, Miranda e Costa,
2008).
A avaliação da inteligibilidade da fala desempenha um papel importante
na clínica audiológica (Cervera, González-Alvarez, 2011). A audiometria
convencional não é suficientemente confiável para prever a compreensão de
uma pessoa num ambiente barulhento, desta forma, testes de fala no ruído
devem fazer parte da bateria de testes dos audiologistas para avaliar a função
auditiva central (Killion et al, 2004).
Além das medições tradicionais, devem-se inserir testes que
reproduzam situações em ambientes complexos de escuta, pois o desempenho
de reconhecimento de fala no ruído não pode ser previsto somente por limiares
de tom puro ou utilização de fala no silêncio (Wilson e McArdle, 2005). Embora
pesquisas venham apontando que inserir testes de fala no ruído na rotina
clínica do audiologista é recomendado e sua importância tenha sido
reconhecida por muitos (Wagener et al, 2003; Smits et al., 2004), o uso destes
testes é limitado na prática clínica (Houtgast e Festen, 2008).
Os testes de fala em ruído são necessários para determinar a
capacidade do paciente em situações do cotidiano. Avaliar a habilidade de
entender a fala em ambiente ruídos é importante na avaliação e otimização dos
parâmetros de ajuste dos amplificadores, tais como os Aparelhos de
amplificação sonora Individual e o Implantes cocleares. Uma outra finalidade
da inserção de testes de fala no ruído na prática clínica é que a partir do
conhecimento sobre a capacidade do indivíduo em entender a fala no ruído,
pode-se fazer um aconselhamento e intervenção mais direcionado e eficaz
(Smits, Goverts e Festen, 2013).
Muitos métodos têm sido propostos para medir a inteligibilidade de fala
no silêncio e na presença de ruído competitivo. Esses métodos se diferem em
diversos aspectos, tais como: a estrutura do material de fala, o procedimento
18
de aplicação dos testes, o nível de apresentação, o intervalo da relação sinal-
ruído e o tipo de ruído utilizado (Versfeld et al, 2000).
Em vista dessas questões é importante conhecer os testes de fala no
ruído usados na clínica audiológica para o diagnóstico diferencial dos distúrbios
auditivos. Desta forma formulamos a seguinte pergunta: Quais os testes de fala
no ruído que foram desenvolvidos para diagnóstico diferencial dos distúrbios
auditivos na clínica audiológica e que estão disponíveis?
19
MÉTODO DA REVISÃO INTEGRATIVA
Trata-se de um estudo exploratório por meio de revisão integrativa da
literatura. A busca por artigos foi realizada nos bancos de dados do Sistema da
Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (Lilacs), U.S. National
Library of Medicine(PubMed e Medline), Information Behavior in Everyday
Contexts (IBECS) e no Scientific Eletronic Library Online (SciELO) sem
delimitar o período de publicação dos artigos.
A pergunta de investigação do trabalho foi: Quais os testes de fala no
ruído que foram desenvolvidos e que estão disponíveis para o diagnóstico
diferencial dos distúrbios auditivos na clínica audiológica?.
Após a formulação da pergunta, foi realizada pesquisa bibliográfica
sobre os temas centrais do trabalho usando os termos que melhor
identificavam os estudos. Para o levantamento dos descritores, utilizou-se o
vocabulário estruturado e trilíngue – Descritores em Ciências da Saúde
(DeCS), elaborado pela Biblioteca virtual em Saúde – BVS e também pelos
descritores elaborados pela Medical Subject Headings - MeSH. No quadro 1
pode-se observar os descritores utilizados na pesquisa:
Quadro 1: Descritores e termos utilizados para busca dos artigos.
Após a junção dos termos de busca, elaboramos as estratégias de
localização dos artigos, onde em cada periódico eram informados as mesmas
estratégias, conforme quadro 2. Desta forma, nos resultados, sempre que
houver referência a “número de termos de busca”, esse número será baseado
no quadro 2, conforme segue abaixo:
20
Quadro 2: Combinação dos descritores e termos para busca dos artigos.
Critério de inclusão:
• Estudos clínicos prospectivos controlados e randomizados;
• Envolver pesquisas sobre o desenvolvimento de testes de fala no ruído
para diagnóstico de distúrbios auditivos;
A figura 1 mostra a ordem de seleção dos estudos após serem
localizados nos bancos de dados, através dos termos da estratégia de busca:
Figura 1: Ordem de seleção de artigos que serão incluídos na Revisão Integrativa.
21
RESULTADOS E DISCUSSÃO – REVISÃO INTEGRATIVA
Foram encontrados um total de 1200 artigos, que após leitura do titulo
resultaram em 134 artigos. A leitura do resumo dos 134 artigos foi realizada,
sendo selecionados 74 artigos para leitura na íntegra. A leitura dos artigos
resultou em 58 artigos para serem inseridos na pesquisa, porém, destes 58
artigos, 19 foram retirados, pois eram repetidos. Desta forma restaram 39
artigos, que foram inseridos nesta Revisão IntegrativaSistemática. Esse
percurso pode ser visualizado na figura 2 e o total de artigos por temos pode
ser visualizado no quadro 3.
Figura 2 – Percurso realizado para seleção dos artigos.
Quadro 3: Total dos artigos localizados em cada termo de busca.
No quadro 4 estão todos os materiais localizados nas 39 pesquisas
inseridas nesta revisão integrativa. Como algumas pesquisas tiveram materiais
repetidos, pois fizeram adaptações para diferentes línguas, no quadro estão
apenas os materiais desenvolvidos.
22
Quadro 4: Materiais encontrados na Revisão Integrativa
O quadro 5 mostra o resultado dos materiais encontrados nesta revisão.
Dentre os 39 artigos localizados, 25 materiais foram desenvolvidos, pois três
materiais foram elaborados em diferentes versões e idiomas. Desta forma, para
não ficar repetitivo, optamos por colocar no quadro somente um material por
versão, e citar todas as outras versões localizadas. Na coluna “Foram
encontradas outras versões do mesmo material nesta busca de dados?” podem
ser visualizadas todas as referências e versões. .
23
Quadro 5: Análise dos artigos selecionados para fazer parte da Revisão Integrativa de Literatura sobre testes de fala no ruído disponíveis para uso na clínica audiológica.
24
Continuação Quadro 5.
25
Continuação Quadro 5.
26
ANÁLISE DOS TESTES
Foram analisados um total de 39 artigos. Destes, o mais antigo foi publicado
em 1984 e o mais recente em 2017. Foram localizados 25 testes diferentes de
fala no ruído, conforme Quadro 4, e destes, os que tiveram sua padronização
em diferentes países foram o Sentence Matrix Test (MATRIX)2 com oito
padronizações localizadas neste estudo, e o Hearing In Noise Test (HINT)12,
com sete padronizações localizadas. Dos testes elaborados, oito utilizam
palavras3,8,9,10,15,17,21, 13 utilizam sentenças2,4,5,6,7,11,12,14,16,19,20,22,25, dois utilizam
dígitos1,24, um utiliza sílabas13, um utiliza palavras e tonalidade18 um material
utiliza palavras e sentenças23. Com relação ao tipo de ruído empregado nos
testes, nove testes utilizam ruído do tipo Espectro de fala2,10,12,13,16,17,18,23,25,
sete utilizam ruído tipo Babble4,6,11,14,15,19,20, quatro utilizam ruído branco3,7,22,24,
um utiliza dois tipos de ruídos no mesmo teste (ruído branco e espectro de
fala)21, um utiliza dois tipos de ruídos no mesmo material (espectro de fala e
tipo babble)8, dois testes utilizam ruído estacionário1,9 e em um artigo não foi
especificado o tipo de ruído utilizado no teste5. Com relação ao público para o
qual o teste foi desenvolvido, sete artigos foram direcionados para
adultos1,2,7,12,22,23,25, cinco para crianças3,5,6,18,21, 10 para todas as
idades4,8,10,11,13,14,16,17,19,20, um teste foi elaborado para jovens de 12 a 24 anos9,
um foi elaborado para membros do exército dos EUA15 e um para Sul-
Africanos24 Dos 39 artigos, 12 foram elaborados para pessoas com perda
auditiva3,4,5,6,8,10,11,15,16,17,18,25, 11 para pessoas com e sem perda
auditiva1,2,12,13,14,19,20,21,22,23,24 e dois para pessoas sem perda auditiva7,9.
A avaliação da inteligibilidade da fala apresentada em ruído mascarante
é de importância crucial para diagnósticos de audiologia, reabilitação auditiva,
acústica de salas e indústria de telecomunicações (Hochmuth et al, 2012).
Testes auditivo que empregue fala no ruído é melhor do que um teste
empregando somente tons puros, porque testes de fala no ruído, além de
confirmarem a perda auditiva e renderem informações de diagnóstico e
prognóstico, não dadas pelo audiograma, também proporcionam uma
aproximação direta com a audição do dia-a-dia (Silverman e Hirsh, 1955), além
disso, a habilidade para compreender a fala, na presença de outro som, é uma
das mais importantes capacidades para a comunicação. Essas considerações
27
sugerem que se realize uma avaliação precisa da dificuldade de comunicação,
para que o tratamento clínico da perda auditiva seja mais eficiente (Nilsson,
Soli e Sullivan, 1994).
O número de materiais que utilizam sentenças localizados nesta revisão
vai de encontro ao que Cervera e González-Alvarez (2011) relataram, já que o
uso de sentenças para testar a inteligibilidade da fala tem muitas vantagens
sobre outros tipos de estímulos de discurso, já que sentenças são mais
representativas das situações comunicativas reais cotidianas do que as
palavras ou sílabas.
Os materiais mais citados foram o Hearing In Noise – HINT e o Teste de
Sentenças Matrix. O HINT faz uso de frases diárias significativas (Plomp e
Mimpen, 1979) e embora sejam eficientes para o diagnóstico por terem
estimativas de SRT precisas, mostram um alto grau de redundância, limitando
assim seu uso quando são necessários reteses (Wagener, Brand e Kollmeier,
1999) . Já o Teste de Sentenças Matrix, ao contrário do HINT, é constituído por
sentenças que são semanticamente imprevisíveis, desta forma, eles mostram
baixa redundância e uma palavra não pode ser prevista com base no contexto
(Hochmuth et al, 2012).
O número de materiais nesta revisão que utilizaram palavras, também foi
considerável. Para Wilson e McArdle (2005), utilizar palavras na rotina clínica
auxilia o profissional nos direcionamentos da reabilitação, já que desempenho
de reconhecimento de fala no ruído não pode ser previsto pela audiometria
convencional, avaliada somente por limiares de tom puro ou por desempenho
de reconhecimento de fala no silêncio.
O ruído mais citado foi o do tipo Espectro de Fala. As propriedades
espectrais e temporais do sinal de fala auxiliam nos diagnósticos, nos
resultados de um teste de inteligibilidade da fala em ruído. Pois, utilizar um
ruído com o mesmo espectro da fala, elimina diferenças entre o sinal de fala e
o ruído e permite uma intensa função de inteligibilidade do teste (Jansen et al,
2012).
Em seguida o ruído mais citado foi o do tipo babble, que é a junção de
várias pessoas falando, reproduzindo um ambiente como uma cafeteria. Utilizar
esse tipo de ruído faz com que a avaliação se aproxime da realidade cotidiana
dos sujeitos, garantindo avaliar a comunicação de forma efetiva (Fontan et al,
28
2015), isso porque o ruído de fala é o mais encontrado pelos sujeitos, com isto,
utilizar na avaliação este tipo de ruído torna a avaliação mais próxima da
realidade (Cullington e Zeng, 2008).
Davis (1989) relatou que de 26% de adultos que relatam dificuldade de
escuta em ambiente ruidoso, apenas 16% destes apresentaram alterações nos
limiares audiométricos, isso ocorre porque, em ambientes de comunicação
cotidiana, os níveis de ruído geralmente trazem desafios para ouvintes, mesmo
sem apresentarem perda auditiva, desta forma, é necessário avaliar essa
população.
Materiais de fala elaborados para crianças foram localizados nesta
revisão. A perda auditiva em crianças pode afetar a fala, a linguagem e o
desenvolvimento psicossocial e, posteriormente, o desempenho acadêmico
(Paradise, 1998). Ao ouvir uma conversa, a criança faz uso de inúmeras pistas
acústicas, linguísticas e contextuais para compreender a mensagem. Todos
esses fatores dificilmente podem ser abordados em um teste no silencio, desta
forma, elaborar teste de fala no ruído direcionado para crianças precisa ser
uma preocupação dos audiologistas (Bishop, 1997).
Sujeitos com as mesmas habilidades de reconhecimento de fala no
silêncio podem apresentar resultados extremamente diferentes em ambientes
ruidosos. Quando a avaliação ocorre no ruído, ao contrário do silêncio, são
exigidos vários mecanismos auditivos para atingir o mesmo nível de
reconhecimento da fala, indicando que informações sensoriais mais detalhadas
são necessárias em condições de escuta difícil (Ziegler et al, 2009).
29
CONCLUSÃO – REVISÃO INTEGRATIVA
Todos os autores apontaram para a importância de inserir testes de fala no
ruído na prática clínica. Porém, no Brasil só temos dois testes elaborados: o
HINT, que foi elaborado a partir da adaptação de material já existente, e que
sua utilização está sendo mais para pesquisas, e o Lista de Reconhecimento
de Sentenças, que foi elaborado, validado e está disponível para uso. Desta
forma, elaborar testes em português brasileiro para serem inseridos na prática
clínica se faz necessário.
30
2ª. Pesquisa - Desenvolvimento e validação do teste de sentenças
no ruído.
Objetivo. Elaborar um teste de percepção de sentenças baseado no
teste Quick-SIN, que auxilie de uma maneira rápida o fonoaudiólogo a
quantificar a capacidade de o sujeito entender a fala na presença de ruído.
4. MÉTODO
NATUREZA DO ESTUDO
Para alcançar o objetivo desta pesquisa, foi desenvolvido um estudo de
natureza prospectiva, descritiva, exploratória, quanti-qualitativa.
LOCAL
A pesquisa foi realizada em uma clínica particular da Zona Oeste de São
Paulo, chamada Núcleo Saúde Integral. Nesta clínica atendem profissionais de
diversas áreas da saúde, e tem como missão melhorar a qualidade de vida do
paciente de forma integral.
PROCEDIMENTOS
Para desenvolvimento desta pesquisa, foi necessário realizar 3 experimentos,
conforme segue:
31
EXPERIMENTO 1. DESENVOLVIMENTO DAS SENTENÇAS.
OBJETIVO: Desenvolver um teste padronizado de sentenças no ruído para
ser usado na clínica audiológica de forma rotineira.
MÉTODO:
O Experimento 1 foi realizado em duas etapas que serão descritas
separadamente.
EXPERIMENTO 1 - ETAPA 1.
Desenvolvimento das sentenças
O desenvolvimento das listas de sentenças foi baseado no teste QuickSin,
elaborado por Killion et al, 2004, a partir de uma base de sentenças do Institute
of Electrical and Electronics Engineers (IEEE, 1969). Os critérios para a
seleção das sentenças foram: O material de sentenças deveria ser de
referência para estudos na área; as sentenças deveriam conter cinco palavras-
alvo; as sentenças deveriam ser foneticamente balanceadas; as referidas
sentenças não deveriam possuir conteúdo previsível; as sentenças deveriam
representar situações de conversação do dia-a-dia, não possuir gírias e ser
formada por período simples.
Atendendo estes critérios, e com o auxílio da empresa SpeechTera,
especializada em tecnologia de fala e processamento de língua natural, foi
dado início à elaboração das listas de sentenças do português/brasileiro.
Utilizou-se uma base de sentenças cujo corpus foi composto por cerca de
9.500.000 sentenças e palavras do português brasileiro, oriundas de:
1) Notícias publicadas no jornal “Folha de São Paulo”. Jornal diário brasileiro de
grande circulação, fundado em 1960; Portal G1 - Globo.com. O portal
disponibiliza o conteúdo de Jornalismo das diversas empresas do Grupo
Globo (Rede Globo, Globo News, Rádios Globo e CBN, Jornais O
Globo e Diário de São Paulo, revistas Época e Globo Rural, entre outras).
Cerca de 1 milhão de notícias (13.579.839 de sentenças) foram coletadas para
compor o corpus.
32
2) Livros digitais em domínio público - Foram coletadas 37 obras da literatura
brasileira, disponibilizadas gratuitamente pelos próprios autores. A preferência
de nossa coleta foi por obras que possuíssem uma linguagem formal próxima
da utilizada atualmente pelos brasileiros e que a data de sua publicação fosse
posterior aos anos 2000. Dessa forma, textos mais antigos ou com linguagem
rebuscada não fizeram parte da seleção. O gênero predominante das obras do
corpus foi o romance, por apresentarem elementos de natureza real ou fictícia.
A partir deste material, foram geradas 23 listas, com 6 sentenças contendo 5
palavras-alvo cada. (Quadro 1)
ORGANIZAÇÃO DAS SENTENÇAS
A organização das sentenças seguiu os seguintes passos:
1. As sentenças foram filtradas (selecionadas) automaticamente, conforme o
número de palavras que apresentavam, com o objetivo de se obter 5 palavras-
alvo (de conteúdo) em cada sentença escolhida.
2. Essas sentenças foram novamente filtradas para a exclusão daquelas que
possuíssem palavras estrangeiras. Essa segunda filtragem foi realizada por
meio de um algoritmo que identifica palavras estrangeiras a partir da
ortografia.1
3. As sentenças restantes foram balanceadas, considerando-se o seguinte
requisito de riqueza: os 5 mil trigramas2 de fonemas presentes nas palavras
mais frequentes3 do português brasileiro.
1 Trata-se do algoritmo desenvolvido por Mendonça et al. (2014):
http://www.producao.usp.br/bitstream/handle/BDPI/48603/2660138.pdf?sequence=1&isAllowed=y 2 N-grama é uma sequência de n itens dentro de uma frase. Tais itens podem ser fonemas -
como é o caso - como também, letras, sílabas, palavras, classes gramaticais de palavras, entre outros. Um n-grama com tamanho 1 é chamado unigrama, com tamanho 2, bigrama, com tamanho 3, trigrama. 3 Para se obter um conjunto de palavras candidatas a mais frequentes do PB, foram coletadas
frases de fontes diversas, tais como, site G1 de notícias, o Jornal Folha de SP, legendas de filmes, livros de domínio público da literatura contemporânea brasileira e blogs, perfazendo um total de 32 milhões de sentenças. A partir de tal conjunto, foi possível extrair a frequência de palavras e selecionar aquelas que apresentavam maior frequência de ocorrência.
33
4. As sentenças foram balanceadas foneticamente (Mendonça et al, 2014), de
forma que cada conjunto de seis sentenças apresentasse a mesma distribuição
de monofones do português do Brasil.
5. Realização de revisões manuais dos conjuntos de frases, por pares de
linguistas. A referida revisão teve como objetivo avaliar a adequação do
conteúdo das frases selecionadas automaticamente. Foi observado, por
exemplo, se tais frases continham gírias, nomes próprios ou palavras de difícil
pronúncia. Em caso afirmativo, eram substituídos por outras palavras cuja
sequência de fones era a mais semelhante possível da palavra alterada. Além
dessas substituições, outras também foram realizadas a fim de obter ao final,
conjuntos de frases com frequência de ocorrência de fones o mais próximo
possível da frequência apresentada, em geral, no Português Brasileiro. O
motivo de se utilizar pares de linguistas é para aumentar o grau de
confiabilidade nos dados analisados manualmente. Como diferentes pessoas
analisam o mesmo conjunto de frases, nos casos discordantes, quando
identificados, estes foram discutidos pelos linguistas até que se chegasse a um
consenso.
6. Estatísticas foram calculadas e as frases revisadas foram ajustadas para
conterem o máximo de riqueza fonética. Para mais detalhes sobre o cálculo
das estatísticas, vide Mendonça et al. (2014).
GRAVAÇÃO DAS SENTENÇAS
As gravações ocorreram em estúdio profissional, na cidade de São Paulo-SP.
Os equipamentos utilizados na elaboração dos áudios foram: computador
Macbook Pro, microfone MXL 990, interface de gravação M-Audio ProFire 2626
(26 canais simultâneos), pré-amplificador valvulado ART DPS II. Gravação da
voz feminina - optou-se pela contratação de uma cantora, ou seja, uma
profissional da voz, que já está acostumada com gravações em estúdio. O
julgamento da agradabilidade do timbre e da “neutralidade” do sotaque foram
priorizados pelos integrantes do grupo de trabalho. Isso porque a voz escolhida
não deveria cansar o usuário.
A organização do áudio foi composta por 23 faixas sem ruído
competitivo, contendo as 23 listas das palavras balanceadas foneticamente.
34
EXPERIMENTO 1 - ETAPA 2
ANÁLISE DA EQUIVALÊNCIA DAS LISTAS
QUESTÕES ÉTICAS
Esta pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da PUC-
SP (CEP) tendo sido aprovada sob o número: 65754117.1.0000.5482 (Anexo
I). Todos os sujeitos foram convidados a participar do estudo e foram
solicitados a assinar o termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo II),
conforme determinação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
(CONEP), resolução 466/12.
CASUÍSTICA
A amostra foi constituída por 15 sujeitos, com idades entre 18 e 50 anos,
que atenderam aos seguintes critérios de seleção:
• Não ter queixas auditivas;
• Ter curva audiométrica dentro do padrão de normalidade bilateralmente;
• Ter como língua materna o Português Brasileiro;
• Não apresentar distúrbios neurológicos, psicológicos ou mentais
aparentes.
PROCEDIMENTOS
Todos os sujeitos se submeteram aos seguintes procedimentos:
• Inspeção visual do Meato Acústico Externo;
• Audiometria tonal limiar, e logoaudiometria - As medidas foram obtidas
em cabine tratada acusticamente, com um audiômetro digital de dois
canais, marca Otometrics modelo MADSEN Itera II e fones auriculares
tipo TDH- 39P.
• Medida da imitância acústica: através da timpanometria e pesquisa dos
reflexos acústicos, usando equipamento da marca Maico Hearing
Instruments Inc, modelo MAICO MA 630. Os reflexos acústicos da via
aferente contralateral foram pesquisados nas frequências de 500, 1000,
2000 e 4000 Hz.
• Lista de Sentenças - A lista de sentenças, para ser repetida, foi
apresentada sem ruído competitivo, na mesma intensidade do Índice de
35
Reconhecimento de Fala (IRF), de forma binaural, com fones TDH-39
das seguintes formas:
a) A ordem de aplicação da lista foi realizada através de sorteio,
desta forma, a lista foi apresentada em ordem diferente para cada
sujeito, para que não houvesse influência no desempenho das
listas em questões como aprendizado ou cansaço. O sorteio foi
realizado através de uma fórmula do Excel.
b) Todas as listas foram aplicadas em todos os sujeitos, desta
forma, os 15 sujeitos repetiram as 23 listas (138 sentenças).
c) A forma binaural foi escolhida porque nesta etapa do estudo o
objetivo seria a análise da equivalência entre as listas, e não
avaliar a performance de cada orelha.
d) Todos os sujeitos receberam instrução antes do início da
aplicação das sentenças e foram orientados a repetirem o que
entenderam mesmo se entendessem somente metade da
sentença, pois cada palavra repetida era importante para a
análise final.
RESULTADOS - EXPERIMENTO 1
PARTE 1 - LISTA DE SENTENÇAS
Em uma avaliação audiológica básica, embora existam relações bem
estabelecidas entre alguns limiares para tons puros e a intensidade necessária
para a compreensão da fala, as dificuldades na compreensão da fala só podem
ser realmente demonstradas com estímulos de fala que representem uma
situação de comunicação (Freitas, Lopes e Costa, 2005).
A utilização de sentenças é considerada o melhor instrumento para
avaliar a comunicação do indivíduo no seu dia-a-dia. O desempenho do
indivíduo frente às frases nos dá uma medida direta de como ele é capaz de
participar de uma situação habitual de fala (Soncini et al, 2003).
36
As listas de sentenças com as palavras-alvo em negrito podem ser visualizadas na figura 1. O balanceamento fonético de
cada lista pode ser visualizado na figura 2.
Figura1 – Lista de sentenças elaboradas e foneticamente balanceadas.
37
Figura 2 – frequência com que cada fonema aparece nas listas desenvolvidas, representam o balanceamento fonético de cada uma das 23 listas
LISTA 1
LISTA 2
LISTA 3
38
LISTA 4
LISTA 5
LISTA 6
39
LISTA 7
LISTA 8
LISTA 9
40
LISTA 10
LISTA 11
LISTA 12
41
LISTA 13
LISTA 14
LISTA 15
42
LISTA 16
LISTA 17
LISTA 18
43
LISTA 19
LISTA 20
LISTA 21
44
LISTA 22
LISTA 23
45
Na figura três pode-se observar a repetição dos fones em cada lista.
Figura 3 - Frequência de distribuição de fones em cada lista.
46
PARTE 2 - ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS
De acordo com Nielsen e Dau (2011), dados normativos para listas de
palavras ou sentenças, só podem ser estabelecidos para os sujeitos com
audição dentro do padrão de normalidade.
Cada sujeito foi avaliado quanto ao número de erros cometidos no total das
23 listas. Cada palavra alvo que o sujeito não repetiu corretamente foi contada
como um erro, desta forma, em cada sentença, poderiam ocorrer até 5 erros. O
Quadro 1 mostra o número de erros por indivíduo pesquisado.
Quadro 1 - Número de erros por indivíduo.
Abaixo seguem os erros que os sujeitos cometeram no total das 23 listas, e
que merecem destaque:
• O indivíduo 13 cometeu 15 erros,
• O indivíduo 10 cometeu 6 erros,
• Os indivíduos 2, 3 e 11 cometeram 4 erros cada um,
• O indivíduo 2 cometeu 2 dos seus quatro erros na Lista 6, Frase 1;
• O indivíduo 13 cometeu 2 dos seus 15 erros na Lista 23, Frase 4.
Aplicado o teste não paramétrico de Friedman (Conover, 1971) e
utilizando-se um nível de significância de 5% (p≤ 0,05), constatou-se que há
47
pelo menos uma diferença entre os 15 indivíduos, com respeito ao número de
erros (valor-p < 0,001).
Retirando-se o indivíduo 13, foi possível verificar que ainda há pelo menos
uma diferença entre os 14 indivíduos restantes, com respeito ao número de
erros (valor-p = 0,063).
Retirando os indivíduos 10 e 13, verificamos que não há diferença entre os
13 indivíduos restantes, com respeito ao número de erros (valor-p = 0,219).
O quadro 2 mostra o número de erros, por Lista e Sentença, para os 13
indivíduos pesquisados, excluindo-se os indivíduos 10 e 13.
Quadro 2. Número de erros por Lista e Sentença para o conjunto de 13
indivíduos.
Observa-se que:
• Na Lista 1, Sentença 1 e na Lista 2, Sentença 1, foram cometidos 2
erros em cada sentença.
• Na Lista 6, Sentença 1, foram cometidos 4 erros.
48
Aplicado o teste não paramétrico de Friedman e utilizando-se um nível de
significância de 5% (p≤ 0,05), constatou-se que há pelo menos uma diferença
entre as 138 combinações de Listas e Sentenças (valor-p = 0,011).
Retirando a combinação Lista 6, Sentença 1, verificou-se que não houve
diferença entre as 137 combinações de Listas e Sentenças restantes, com
respeito ao número de erros (valor-p = 0,261).
Os achados desta análise mostraram a necessidade de que os indivíduos
10 e 13 fossem substituídos, entretanto, observando a tabela 1 optou-se por
substituir também os sujeitos 2; 3 e 11.
Embora esses sujeitos apresentassem limiares audiométricos dentro dos
padrões de normalidade, a dificuldade apresentada por eles pode refletir a
perda de sensibilidade aos sons, que segundo Lobarinas, Salvi e Ding (2013)
pode ser produto de danos na estrutura de células ciliadas externas, internas,
ou alterações no nervo auditivo, podem ocorrer, sem afetar os limiares
audiométricos. Como o objetivo do estudo não foi avaliar essas estruturas, e
sim avaliar a equivalência entre as listas, os cinco sujeitos foram retirados da
próxima etapa da pesquisa.
Observando os resultados que são apresentados no quadro 3, que mostra
o número de erros por sentença em cada conjunto de lista, foi constatado a
necessidade de retirar a sentença 1 das listas 1, 2 e 6. Porém, como não se
pode simplesmente retirar e/ou substituir uma sentença, pois cada lista foi
balanceada foneticamente, as três listas foram retiradas.
No teste QuickSIN, cada lista tem um intervalo de tempo entre as
sentenças de 5 segundos. Segundo os autores, esse foi o tempo de resposta
adequado para a maioria dos sujeitos, desta forma, cada lista de QuickSIN leva
cerca de 1 minuto para ser ministrada. Nesta pesquisa foram cronometrados o
tempo de respostas de 10 sujeitos, e o tempo necessário para resposta para 8
dos 10 sujeitos foi de 5 segundos, sendo que para um sujeito foram 4
segundos e para um foram 6 segundos. Desta forma, como o tempo de
intervalo entre as sentenças para a maioria dos sujeitos foi de 5 segundos,
esse foi o tempo escolhido de intervalo entre as sentenças.
Com a inclusão do intervalo de 5 segundos entre cada sentença, a
duração de cada lista variou de 46 segundos a 52 segundos, ficando numa
média de 49 segundos cada lista.
49
Após a análise das 23 listas, foi constatado que as listas 1, 2 e 6
poderiam induzir a erro e por isso foram retiradas, restando então 20 conjuntos
de 6 sentenças cada. As listas são equivalentes entre si, foneticamente
balanceadas e tem duração média de 49 segundos cada.
50
EXPERIMENTO 2. APLICAÇÃO DAS SENTENÇAS COM RUÍDO
COMPETITIVO.
OBJETIVO: Aplicar as listas de sentenças selecionadas no experimento 1 e
analisar a influência das diferentes relações Sinal/Ruído no desempenho de
sujeitos normo-ouvintes
MÉTODO:
EXPERIMENTO 2 - REAPLICAÇÃO DAS SENTENÇAS NO RUÍDO
Esta etapa foi realizada pelos mesmos sujeitos do experimento 1 –
Etapa 2. Após análise estatística, foram retirados da pesquisa: a. os sujeitos 2;
3; 10; 11 e 13, devido ao número de erros que cometeram no experimento 1, o
que comprometia a análise da equivalência das listas; b. As listas 1; 2 e 6
foram retiradas, restando 20 listas para a reaplicação.
No experimento 2 fizeram parte da amostra 10 sujeitos e seu
desempenho foi avaliado para as 20 listas de sentenças. A ordem de aplicação
da lista foi realizada através de sorteio, desta forma, as listas foram
apresentadas em ordem diferente para cada sujeito, conforme realizada no
experimento 1. As listas foram apresentadas através de fones supra-aurais,
modelo TDH-39, de forma monoaural e ipsilateral. Cada orelha foi avaliada
individualmente e as listas de sentenças foram apresentadas simultaneamente
ao ruído.
GRAVAÇÃO DO RUÍDO
As gravações ocorreram em estúdio profissional, na cidade de São
Paulo-SP. Os equipamentos utilizados na elaboração dos áudios foram:
computador Macbook Pro, microfone MXL 990, interface de gravação M-Audio
ProFire 2626 (26 canais simultâneos), pré-amplificador valvulado ART DPS II.
O ruído competitivo foi composto pela mixagem das vozes de 4 locutores (2
femininos e 2 masculinos) falando ao mesmo tempo, com fluxo contínuo de
voz, ou seja, não houve intervalos de silêncio nas falas dos locutores. Para a
criação do ruído, foram selecionados 4 textos, com conteúdos diferentes para
cada falante e sua leitura foi feita sem pausas.
51
A organização do áudio foi constituída da seguinte forma: Canal 1 - As
20 faixas elaboradas no experimento 1 (faixas 1, 2 e 6 foram retiradas) e Canal
2 - ruído competitivo composto pela mixagem das vozes de 4 locutores.
APLICAÇÃO
Foram aplicadas dez listas em cada orelha. Dos 10 sujeitos
selecionados, 05 iniciaram a pesquisa pela orelha direita e 05 iniciaram pela
orelha esquerda e todas as sentenças foram aplicadas na intensidade
recomendada para pesquisa do Índice de Reconhecimento de Fala (média
tritonal + 40dB NS), enquanto que o ruído (babble) foi aumentado e diminuído
em degraus de 5 dB a cada sentença apresentada, tendo sido aplicado em 10
Relações Sinal/Ruído diferentes.
Para a gravação do ruído babble, foram utilizados quatro textos, cada
texto foi lido por um locutor diferente. Foram utilizados 2 locutores masculinos e
2 locutores femininos.
Quadro 1. Exemplo de aplicação do ruído.
O exemplo no quadro 1 mostra a forma como o ruído foi aplicado em um
sujeito cuja média tritonal tenha sido 10 dBNA, ou seja, o nível de
apresentação da fala ocorreu a 50 dBNA
52
Quadro 2. Aplicação das listas.
Conforme exposto no quadro 2, foram aplicadas 10 listas na orelha direita e 10
listas na orelha esquerda.
RESULTADOS - EXPERIMENTO 2
Neste estudo, conforme exposto no método, o ruído de fala utilizado foi
do tipo babble, com quatro pessoas falando ao mesmo tempo, sendo dois
homens e duas mulheres. Segundo Rhebergen, Versfeld e Dreschler (2008),
utilizar um ruído que seja mais próximo dos ruídos da vida real é importante
para medir a habilidade de figura-fundo em situações cotidianas.
Para S/R -15 e S/R -20, a porcentagem de acertos foi muito baixa com
pouca variabilidade, para as duas orelhas e para as duas sequências (os 5
indivíduos deram resposta iguais ou muito parecidas).
Para S/R -5 e S/R -10, as porcentagens médias de acertos diminuem
quando comparadas à S/R 0, sendo menores em S/R -10. No entanto, para
esses dois valores de S/R, a variabilidade é muito grande (em alguns casos,
maior do que a média). Isso significa que os 5 indivíduos responderam de
maneira muito diferente. Esse dado vai de encontro a literatura, que relata que
a medida que o sinal de fala se torna mais degradado, ou seja, aumenta o
ruído, a variabilidade nas respostas dos pacientes aumentam (Fontan et al,
2015).
53
Sujeitos com as mesmas habilidades de reconhecimento de fala no
silêncio podem apresentar resultados extremamente diferentes em ambientes
ruidosos. Quando a avaliação ocorre no ruído, ao contrário do silêncio, são
exigidos vários canais auditivos para atingir o mesmo nível de reconhecimento
da fala, indicando que informações sensoriais mais detalhadas são necessárias
em condições de escuta difícil (Ziegler et al, 2009). A avaliação da
inteligibilidade da fala é especialmente importante em condições adversas de
escuta que simulam situações cotidianas de audição, tais como o ruído de
fundo em diferentes níveis (Gordon-Salant, Fitzgibbons e Friedman, 2007).
Para os valores positivos de S/R (+5, +10, +15, +20 e +25) a
porcentagens médias de acertos são muito altas, para as duas sequências e
para as duas orelhas.
Desta forma, as relações Sinal/Ruído selecionadas foram -10dB, -5dB,
0dB, +5dB, +10dB e +15dB.
Para estimar a proporção média de acertos por sequência (orelha e
relação S/R), com margem de erro de 7%, foi dimensionada uma amostra de
tamanho igual a 32 sujeitos, sendo 16 para sequência E/D e 16 para sequência
D/E.
54
EXPERIMENTO 3. APLICAÇÃO DAS SENTENÇAS COM OS RUÍDOS
SELECIONADOS.
OBJETIVO: Analisar o desempenho de sujeitos normo-ouvintes na aplicação
das sentenças com os ruídos selecionados no estudo 2.
MÉTODO:
EXPERIMENTO 3
De acordo com as análises realizadas no Estudo 2, as relações
Sinal/Ruído apresentadas na figura 1 foram consideradas adequadas para
avaliar o desempenho de sujeitos normo-ouvintes na lista de sentenças do
português-brasileiro:
Figura 1 – relações Sinal / Ruído utilizadas.
• Para esta etapa foram selecionados 32 novos sujeitos;
• Todos os sujeitos estavam dentro dos critérios de inclusão e exclusão
dos sujeitos do Experimento 1, a saber:
✓ Não ter queixas auditivas;
✓ Ter curva audiométrica dentro do padrão de normalidade
bilateralmente;
✓ Ter como língua materna o Português Brasileiro;
✓ Não apresentar distúrbios neurológicos, psicológicos ou mentais
aparentes.
Todos os sujeitos passaram pelos seguintes procedimentos:
• Assinar o termo de Consentimento Livre e Esclarecido;
55
• Realizar Audiometria tonal, vocal e imitanciometria;
• Repetir as Listas de Sentenças - As listas foram apresentadas
com e sem ruído competitivo, na mesma intensidade do IRF, de
forma monoaural, com fones TDH-39;
• A ordem de aplicação da lista foi realizada através de sorteio,
desta forma, as listas foram apresentadas em ordem diferente
para cada sujeito;
• Dos 32 sujeitos selecionados, 16 iniciaram a pesquisa pela orelha
direita e 16 iniciaram pela orelha esquerda;
Para que um maior número de listas fosse aplicado, algumas listas
precisaram ser repetidas, pois no final restaram 20 listas, e foi preciso aplicar
um total de 15 listas em cada orelha, dando um total de 30 listas, desta forma,
10 listas precisaram ser repetidas.
Figura 2 – Forma de apresentação das listas e relações Sinal / Ruído utilizadas.
A Figura 2 mostra as relações Sinal/Ruído apresentadas, bem como a
quantidade de listas aplicadas em cada relação. Na lista mista, cada uma das
seis sentenças foi aplicada numa relação sinal-ruído diferente, completando as
seis relações S/R utilizadas na pesquisa.
56
RESULTADOS - EXPERIMENTO 3
ANÁLISE DAS LISTAS INTEIRAS
O Quadro 1 mostra a média e o desvio padrão da proporção de acertos
por sequência (E/D e D/E) e por orelha (D e E) para cada relação S/R (0, -5, -
10, +5, +10 e +15). Por meio dessa tabela, nota-se que para o S/R 0, a
proporção de acertos é alta com muita variabilidade.
Já, para S/R -5, a proporção de acertos situa-se em torno de 0,30
também com alta variabilidade. Para S/R -10, as proporções médias de acertos
são praticamente iguais a zero e para os valores positivos de S/R, as
proporções médias de acertos são próximas a 1, com variabilidade muito
próxima a zero.
Quadro 1. Média (desvio padrão) da proporção de acertos por sequência e
orelha para cada relação S/R (0, -5, -10, +5, +10 e +15).
Para verificar se os fatores Sequência, Orelha e Relação S/R têm efeito
sobre a proporção média de acertos, foi ajustado um modelo de medidas
repetidas (Kutner et al., 2004). Somente as relações S/R 0 e S/R -5 foram
consideradas, uma vez que a proporção de acertos para as demais relações
S/R apresentou variabilidade quase nula na maioria dos casos.
Com base no modelo ajustado, foi verificado, ao nível de 5% de
significância, que não há efeito de Sequência (valor-p = 0,380) sobre a
proporção média de acertos, mas há efeito de interação (valor-p = 0,027)
entre Orelha e Relação S/R (o comportamento da proporção média de acertos
quando se passa da orelha D para a E na relação S/R 0 não é o mesmo do que
na relação S/R -5).
57
Em estudo realizado por Xu e Cox (2014) na elaboração de um teste de
fala no ruído, também não foi observado efeito sequência, ou seja, iniciar o
teste pela orelha direita ou pela orelha esquerda não interfere nos resultados.
Mediante esse resultado de efeito de interação, foram construídos
intervalos de 95% de confiança para a proporção média de acertos para cada
combinação Relação S/R x Orelha, conforme mostra o quadro 2.
Quadro 2. Intervalos de 95% de confiança para a proporção média de
acertos para S/R 0 e S/R -5, por orelha.
Vale ressaltar que a margem de erro de cada intervalo de confiança é
igual a 0,071.
Para as relações S/R -10, S/R +5, S/R +10 e S/R +15, as estimativas da
proporção de acertos e os respectivos intervalos de 95% de confiança são
dados na Quadro 3 (Bussab e Morettin, 2013).
Quadro 3. Intervalos de 95% de confiança para a proporção média de
acertos para S/R -10, S/R +5, S/R +10, S/R +15, por orelha.
58
No Quadro 4, observa-se que, para as relações S/R -5, S/R +5, S/R +10
e S/R +15, que não há diferença entre a proporção média de acertos na orelha
direita e a proporção média de acertos na orelha esquerda (o valor zero
pertence a todos os intervalos). Já, para a relação S/R -10, a proporção média
de acertos é maior na orelha direita e na relação S/R 0 é maior na orelha
esquerda.
Quadro 4. Intervalos de 95% de confiança para a diferença entre a
proporção média de acertos da orelha direita e da orelha esquerda, por
relação S/R.
LISTAS MISTAS
A Quadro 5 mostra a média e o desvio padrão da proporção de acertos
por tipo de lista (Mista e Inteira) e por orelha (D e E) para cada relação S/R (0, -
5, -10, +5, +10 e +15). Por meio dessa tabela, nota-se que para o S/R 0, a
proporção de acertos é alta. Já, para S/R -5, a proporção de acertos para a
lista Mista parece ser maior do que para a lista Inteira nas duas orelhas. Para
S/R -10, as proporções médias de acertos são bem pequenas e para os
valores positivos de S/R, as proporções médias de acertos são próximas a 1.
As maiores variabilidades são observadas para S/R 0 e S/R -5.
59
Quadro 5. Média (desvio padrão) da proporção de acertos por tipo de lista e orelha para cada relação S/R (0, -5, -10, +5, +10 e +15).
Para comparar a proporção média de acertos entre as duas listas, foi
aplicado o teste t-pareado (Bussab e Morettin, 2013) para todas as relações
S/R. O Quadro 6 apresenta os valores-p dos testes realizados.
Quadro 6. Valores-p dos testes de comparação da proporção média de
acertos entre as duas listas, por relação S/R e orelha.
Quadro 7. Intervalos de 95% de confiança para a diferença entre a
proporção média de acertos da orelha direita e da orelha esquerda, por
relação S/R.
60
Ao nível de 5% de significância, há evidência de diferença entre as duas
listas, a respeito da proporção de acertos, para a relação S/R 0, orelha direita
(valor-p = 0,007), relação S/R -5, orelha direita (valor-p = 0,032), relação S/R -
5, orelha esquerda (valor-p = 0,037) e relação S/R -10, orelha esquerda (valor-
p = 0,010), sendo que, nestes casos, a proporção de acertos é maior na lista
Mista (Quadro 7). Nos demais casos, não há evidência de diferença entre as
listas (valores-p > 0,05).
Quadro 8. Valores-p dos testes de comparação da proporção média de
acertos entre as duas orelhas (D – E), lista mista, por relação S/R.
Para comparar a proporção média de acertos entre as duas orelhas, na
lista mista, aplicamos o teste t-pareado (Bussab e Morettin, 2013) para todas
as relações S/R. O quadro 8 apresenta os valores-p dos testes realizados.
Quadro 9. Intervalo de 95% de confiança para a diferença entre a
proporção média de acertos da orelha direita e da orelha esquerda, para a
relação S/R -10, lista mista.
Ao nível de 5% de significância, há evidência de diferença entre as duas
orelhas apenas para a relação S/R -10 (valor-p = 0,016), sendo que a
61
proporção de acertos é maior orelha esquerda (Quadro 9). Nos demais casos,
não há evidência de diferença entre as orelhas (valores-p > 0,05).
Avaliar a compreensão da fala na presença do ruído através de listas de
sentenças e com ruído de fala faz com que a avaliação se aproxime da
realidade cotidiana dos sujeitos, garantindo avaliar a comunicação de forma
efetiva (Fontan et al, 2015), até porque o ruído de fala é o mais encontrado
pelos sujeitos, com isto, utilizar na avaliação este tipo de ruído torna a
avaliação mais próxima da realidade (Cullington & Zeng, 2008).
Pesquisas vêm sendo realizadas com diferentes populações e objetivos
e têm demonstrado que o teste de reconhecimento de sentenças no ruído é o
melhor instrumento para avaliar a comunicação do indivíduo no seu dia-a-dia.
Porém, acredita-se que testes ainda não fazem parte da rotina audiológica por
requererem muitas pesquisas para estabelecer os parâmetros e variáveis
relacionadas à sua aplicação e a interpretação dos resultados, além de
despender um maior tempo (Freitas, Lopes e Costa, 2005), desta forma, testes
com aplicação mais rápida são importantes de serem desenvolvidos.
O Quick-SIN fornece uma estimativa rápida de como um paciente
entende a fala na presença do ruído, e pode ser usado para auxiliar na
avaliação, reabilitação e aconselhamento sobre expectativas para diferentes
situações de escuta dos pacientes (Muller, 2010).
De acordo com Wilson e McArdle (2004), o Quick-SIN ganhou
popularidade porque é rápido e fácil de aplicar. Em uma pesquisa realizada por
Strom (2003) com 167 audiologistas, apenas 42% dos profissionais realizam
testes de fala no ruído em sua rotina clínica, e destes 39% indicaram que o
QuickSIN era o instrumento escolhido.
Segundo Cervera e Gonzalez-Albernaz (2011), a necessidade da
utilização de testes que simulem uma situação real de escuta torna-se
fundamental para avaliar as dificuldades enfrentadas pelos sujeitos com perda
auditiva, desta forma, a investigação da percepção da fala tornou-se assunto
bastante discutido no decorrer dos tempos.
Portanto, deve-se incluir na avaliação audiológica clínica de rotina,
testes que empregam sentenças na presença de ruído competitivo, pois esta é
a forma mais confiável e eficiente de quantificar o desempenho dos indivíduos
62
na tarefa de reconhecer a fala quando um ambiente sonoro é desfavorável
(Becker et al, 2011). E testes rápidos e fáceis de aplicar são mais aceitos pelos
profissionais (Taylor, 2003).
À vista disso, a elaboração de testes de sentenças no ruído que sejam
rápidos e fáceis de aplicar se faz necessário.
63
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E DIREÇÕES FUTURAS
Utilizar e estimular o desenvolvimento e adaptações para o português de
testes de fala no ruído deve fazer parte dos objetivos dos fonoaudiólogos. Pois
já é sabido que a dificuldade em ouvir na presença do ruído limita a
comunicação do sujeito, trazendo prejuízos sociais e emocionais, interferindo
diretamente em sua qualidade de vida. A audiometria convencional não é
suficientemente confiável para prever a compreensão de uma pessoa num
ambiente ruidoso e inserir testes de fala no ruído na rotina clínica do
audiologista irá auxiliar no correto diagnóstico. Isto posto, o objetivo desta
pesquisa foi elaborar um teste de percepção de fala baseado no teste Quick-
SIN, que pudesse fornecer uma maneira rápida para os profissionais
quantificarem a capacidade de o sujeito entender a fala na presença de ruído.
Na lista de sentenças elaborada neste estudo, pode-se concluir que: 1º
são foneticamente balanceadas e equivalentes entre si; 2º são de fácil e rápida
aplicação; 3º não há efeito sequência, ou seja, iniciar pela orelha direita ou pela
orelha esquerda não interfere nos resultados; 4º nas relações sinal-ruído 0dB, -
5dB e -10 a proporção de acertos é maior nas listas mistas; 4º nas demais
relações sinal-ruído não há diferença entre as listas mistas ou completas (+5,
+10, +15); 6º essas diferenças apresentadas são achados estatísticos, porém,
como é uma diferença mínima, clinicamente não há interferência nos
resultados.
Para conhecer melhor a aplicabilidade deste material, na clinica
audiológica, seria importante: 1. Comparar os resultados obtidos neste material
com os obtidos com outros materiais semelhantes, ou seja, que usem
sentenças; 2. Avaliar o desempenho de pessoas com perda auditiva para este
teste; 3. Avaliar o desempenho de diferentes populações, por exemplo, grupos
expostos a ruído em funções de risco, tais como pilotos de helicóptero, para
este teste; 4. Avaliar pessoas com audição normal e queixa de
hipersensibilidade a ruído; 5. Avaliar pessoas com audição normal e queixa de
dificuldade para ouvir em presença de ruído; 6. Avaliar o benefício do uso do
aparelho antes e depois da adaptação em adultos com perda auditiva.
64
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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7. ANEXOS ANEXO I – PARECER DE ÉTICA DA PUC-SP
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ANEXO II – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Nome do Participante:__________________________________ Data:__/__/__
Pesquisadora responsável: Andréa Paz-Oliveira
Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC
Eu, __________________________________________________________, RG: _________________________________, estou sendo convidado(a) a participar de um estudo denominado “Procedimentos e Implicações na elaboração de um teste de sentenças no ruído para o português brasileiro”, cujo objetivo é “elaborar um teste de percepção de fala que auxilie de uma maneira rápida o fonoaudiólogo quantificar a capacidade do sujeito entender a fala na presença de ruído”. A minha participação na pesquisa será no sentido de realizar o Exame de audiometria tonal, vocal, imitanciometria, e repetir listas de sentenças em português brasileiro com e sem ruído. Precisarei comparecer para fazer parte da pesquisa em dois dias, sendo que no primeiro dia realizarei a audiometria tonal, vocal, imitanciometria, e ouvir e repetir as138 sentenças em português brasileiro sem ruído. E no segundo dia será para ouvir e repetir as sentenças em português brasileiro com ruído. Fui informado (a) que esta pesquisa não trará riscos a minha saúde, porém, devido ao grande número de sentenças que terei que repetir, pode ser que eu sinta desconforto com o fone e cansaço. Nestes momentos, poderei relatar meu desconforto e/ou cansaço à pesquisadora, e esta irá retirar os fones e na medida que eu me sentir bem, continuar com a pesquisa. Sei que poderei me retirar deste estudo a qualquer momento. Estou ciente de que minha privacidade será respeitada, ou seja, meu nome ou qualquer outro dado ou elemento que possa, de qualquer forma, me identificar, será mantido em sigilo. Também sei que os resultados poderão ser publicados em jornais profissionalizantes ou apresentados em congressos.
Não existirão despesas ou compensações pessoais para mim, na qualidade de participante em qualquer fase do estudo. Também não haverá qualquer compensação financeira relacionada à minha participação.
Se eu tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entrarei em contato com a fonoaudióloga Andréa Paz-Oliveira, no telefone 11-98669-2163 / 3423-5999. Após ser devidamente esclarecido(a) sobre todos os procedimentos que terei que realizar, aceito participar da pesquisa. ____________________________ __________________________ Assinatura do participante Andréa Paz de Oliveira