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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO-PUC/SP FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA SAÚDE Juliana Abeche Fermozelli Estratégias de Blended Learning (ensino híbrido) no ensino de patologia geral em um curso de medicina MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO NAS PROFISSÕES DA SAÚDE SOROCABA 2016

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO-PUC/SP

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA SAÚDE

Juliana Abeche Fermozelli

Estratégias de Blended Learning (ensino híbrido) no ensino de

patologia geral em um curso de medicina

MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO NAS PROFISSÕES DA SAÚDE

SOROCABA

2016

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO-PUC/SP

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA SAÚDE

Juliana Abeche Fermozelli

Estratégias de Blended Learning (ensino híbrido) no ensino de

patologia geral em um curso de medicina

MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO NAS PROFISSÕES DA SAÚDE

Trabalho apresentado à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título mestrado profissional em Educação nas Profissões de Saúde, sob a orientação do Prof. Dr. Mário Luís Ribeiro Cesaretti. Coorientadora: Profª Dra. Maria Lourdes Peris Barbo.

SOROCABA

2016

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Elaborado pela Biblioteca Prof. Dr. Luiz Ferraz de Sampaio Júnior.

Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde – PUC-SP

Fermozelli, Juliana Abeche

F361 Estratégias de Blended Learning (ensino híbrido) no ensino de

patologia geral em um curso de medicina / Juliana Abeche Fermozelli.

-- Sorocaba, SP : [s.n.], 2016.

Orientador: Mário Luís Ribeiro Cesaretti.

Trabalho Final (Mestrado Profissional) -- Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde.

1. Educação a Distância. 2. Educação Médica. 3. Patologia. I.

Cesaretti, Mário Luís Ribeiro. II. Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde. III. Título.

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BANCA EXAMINADORA

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AGRADECIMENTOS

Dedico este trabalho a todos que me apoiaram e participaram, direta ou

indiretamente, desta vitória.

À Fundação São Paulo, ao corpo docente, à direção, à administração, à

secretaria e a todos os funcionários da Pontifica Universidade Católica de São Paulo

que contribuíram de alguma forma para eu realizar esta etapa tão importante de minha

formação.

Aos meus pais, responsáveis pela minha formação profissional, meus

exemplos de caráter e princípios, sempre apoiando e incentivando meu crescimento,

tanto profissional quanto emocional. Obrigada pelo amor incondicional.

Ao meu marido, muito obrigada pela compreensão, paciência, apoio e

incentivo. Obrigada por ser um pai maravilhoso para nossas filhas, pela dedicação e

carinho a elas em todos os momentos em que me ausentei para estudar.

Às minhas filhas queridas, cujos sorrisos recarregam minha energia e dão

forças para eu continuar. Meus amores, minhas prioridades, sempre.

Ao meu orientador, obrigada por todo suporte e incentivo, pela paciência e

pela tranquilidade. À minha coorientadora, pelas sugestões, opiniões e reflexões

sobre os caminhos do projeto.

Aos colegas do mestrado que, sempre apoiando uns aos outros, foram

fundamentais para esta conquista.

Aos colegas do Departamento de Patologia da PUC e aos alunos do segundo

ano do curso de Medicina de 2014. Obrigada pela participação colaborativa.

À minha amiga Renata Vecina, que me auxiliou na correção deste trabalho.

E a todos os docentes que fizeram parte da minha formação, da graduação à

especialização, que despertaram em mim o interesse pela docência e o envolvimento

com a educação.

Agradeço à Deus por completar esta etapa da minha vida.

Fermozelli JA. Estratégias de Blended Learning (ensino híbrido) no ensino de

patologia geral num curso de Medicina, 2016.

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RESUMO

Introdução: Atualmente, em muitas escolas médicas, percebe-se que o aprendizado

em patologia é deficiente, principalmente em decorrência do desinteresse, por parte

dos estudantes, pelos conhecimentos não diretamente relacionados à prática

profissional e da falta de recursos pedagógicos que motivem a aprendizagem. O

Blended Learning refere-se a uma metodologia ativa de ensino híbrido que utiliza

diferentes recursos tecnológicos, promovendo maior dinamismo e integração dos

envolvidos. Objetivo: O objetivo desta pesquisa foi avaliar, sob a ótica dos estudantes

do curso de Medicina da FCMS da PUC-SP, a motivação e a capacidade de

contextualização proporcionada pela associação do Blended Learning ao ensino de

patologia geral. Material e Método: As sessões de Blended Learning foram realizadas

durante as sustentações aplicadas de patologia no período de 06 a 31 de outubro de

2014, no módulo de Neoplasias, com os alunos do segundo ano do curso de Medicina

da FCMS da PUC-SP. Resultados: A maioria dos discentes mostrou aceitabilidade

ao método, maior motivação e capacidade de contextualizar os processos

patológicos. Conclusão: O uso de blended learning pode proporcionar aos alunos

maior contextualização da patologia na prática médica, contribuindo para um

aprendizado mais significativo.

Palavras-chave: Educação a distância; educação médica; patologia.

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Fermozelli JA. Blended Learning strategies to the pathology teaching in a Medicine

course, 2016.

ABSTRACT

Introduction: Currently, in many medical schools, it is noted that learning pathology

is poor, mainly due to lack of interest, by students, to knowledge not directly related to

professional practice and the lack of teaching resources motivating learning. Blended

Learning refers to an education active methodology with different technological

resources promoting greater dynamism and integration of those involved. Aim: This

research aimed to assess, from the FCMS Medicine student’s point of view at PUC-

SP, the motivation and the ability of the contextualization provided by associating

Blended Learning to general pathology teaching. Method: Blended Learning sessions

were held during supports applied to pathology in the period of October 06 to 31, 2014,

on Neoplasms module. Results: In the results, most of the students showed the

acceptability to the method, greater motivation and ability to contextualize pathological

processes. Discussion: The blended learning can provide students greater

contextualization of pathology in medical practice, adding to a meaningful learning.

Keywords: Education distance; medical education; pathology.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Gráfico de setores das médias aritméticas das respostas

favoráveis e indiferentes/ não favoráveis à implantação de estratégias de

blended-learning no módulo de Neoplasias do 2º ano de Medicina da

Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde, 2014...........................................

Figura 2 - Média ± desvio-padrão do número de conceitos satisfatórios nas

questões envolvendo patologia no 4º Salto Triplo e 4ª Prova Escrita do 2º Ano

do Curso de Medicina da FCMS nos anos de 2012, 2013 e 2014*....................

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1 - Resultados obtidos na aplicação do questionário........................

Tabela 2 - Resultados Favoráveis ou Não Favoráveis/ Indiferentes à

intervenção...................................................................................................

Tabela 3 - Resultados qualiquantitativos da análise do DSC dos

comentários dos alunos................................................................................

Quadro 1 - Número de conceitos satisfatórios nas questões envolvendo

patologia no 4º Salto Triplo e 4ª Prova Escrita do 2º Ano do Curso de

Medicina da FCMS nos anos de 2012, 2013 e 2014*....................................

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LISTA DE SIGLAS

ABP –

BL –

DCN –

DSC –

FC –

FCMS –

OMS –

PUC-SP –

Aprendizagem Baseada em Problemas

Blended Learning

Diretrizes Curriculares Nacionais

Discurso do sujeito coletivo

Flipped Class

Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde

Organização Mundial de Saúde

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................

1.1 O Blended Learning (ensino híbrido)........................................................

1.2 Os modelos de Blended Learning.............................................................

1.3 A experiência de Blended Learning nas escolas médicas.........................

1.4 O ensino da Patologia nas escolas médicas.............................................

1.5 O ensino de Patologia no curso de Medicina da FCMS da PUC-SP..........

2 HIPÓTESE......................................................................................................

3 OBJETIVO......................................................................................................

4 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................

4.1 Aspectos Éticos........................................................................................

4.2 Caracterização das sustentações aplicadas da intervenção.....................

4.3 O Módulo Neoplasias...............................................................................

4.4 Análise estatística.....................................................................................

5 RESULTADOS................................................................................................

5.1 Número de alunos incluídos na amostra...................................................

5.2. Análise dos questionários........................................................................

5.2.1 Análise individualizada das assertivas................................................

5.2.2 Análise das assertivas divididas em Favoráveis ou Não favoráveis/

Indiferentes à intervenção..................................................................................

5.2.3 Confiabilidade do instrumento de avaliação........................................

5.3 Avaliação dos Conceitos obtidos pelos estudantes nas avaliações do

Módulo Neoplasias.............................................................................................

5.4. Análise das Respostas Abertas...............................................................

6 DISCUSSÃO...................................................................................................

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7 CONCLUSÃO.................................................................................................

REFERÊNCIAS..................................................................................................

APÊNDICES

Apêndice A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE )..............

Apêndice B - Questionário de avaliação sobre a associação de Blended

Lerning ao ensino de patologia geral para o 2º ano de medicina da FCMS da

PUC-SP..............................................................................................................

Apêndice C – Carta de autorização para pesquisa no segundo ano do curso

de Medicina da PUC-SP.....................................................................................

Apêndice D – Atividades práticas da primeira semana de BL- ATIVIDADE 1

Apêndice E – Atividades práticas da primeira semana de BL- ATIVIDADE 2

Apêndice F- Atividades práticas 2ª semana de BL- ATIVIDADE 1..................

Apêndice G- Atividades práticas da 2ª semana de BL- ATIVIDADE 2.............

Apêndice H- Atividades práticas 3ª semana de BL - ATIVIDADE 1.................

Apêndice I – Atividades práticas 3ª semana de BL- ATIVIDADE 2..................

Apêndice J-Atividades práticas 4ª semana- ATIVIDADE 1.............................

Apêndice K- Atividades práticas 4ª semana- ATIVIDADE 2............................

Apêndice L- Transcrição dos 35 comentários dos alunos na questão aberta

do questionário...................................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

O ensino da patologia abrange o estudo dos mecanismos das doenças e as

suas repercussões nas células, tecidos e órgãos. Nos cursos das áreas da saúde, os

conteúdos ministrados são habitualmente divididos em duas partes: patologia geral e

especial. A patologia geral estuda as alterações gerais das células e tecidos aos

estímulos provocados pelas doenças. A patologia especial aborda os processos

mórbidos específicos que afetam cada órgão ou sistema.1 O conhecimento dos

processos patológicos gerais tem papel primordial na formação médica, pois fornece

fundamentações sólidas para uma boa prática clínica e científica.1

Nas últimas décadas, muito se tem discutido a respeito do ensino da patologia

nas escolas médicas. Os docentes vêm sendo desafiados a enfrentar alterações

curriculares que focam um modelo de ensino integrado.2,3 Essas alterações surgiram

a partir da necessidade de formar profissionais em consonância com as demandas da

sociedade, com maior capacidade de ação na resolução dos problemas de saúde dos

indivíduos e da coletividade. 3-5 Assim, o ensino médico tradicional, centrado no

professor e na transmissão passiva do conhecimento, vem sendo substituído por uma

abordagem ampliada e integrada dos currículos, que prioriza a formação de

competências e o estímulo à utilização de metodologias ativas de aprendizagem. 4-7

Especificamente na área da saúde, a discussão sobre o uso de metodologias

ativas de aprendizagem se faz presente na literatura desde a década de 1960, quando

começaram os questionamentos sobre o perfil do médico formado no modelo de

ensino vigente. 7,8 Comparando as competências desenvolvidas pelas metodologias

ativas e pelos currículos tradicionais, alguns estudos concluem que os estudantes que

participam de metodologias ativas de ensino têm melhor desempenho no

enfrentamento de situações-problemas, transformando as dificuldades em ações

possíveis e tornando a reflexão uma prática cotidiana. 7,8

Em 2001, o Ministério da Educação (MEC) divulgou as Diretrizes Curriculares

Nacionais do Curso de Graduação em Medicina (DCN), 9 ressaltando a importância

de adotar metodologias ativas de ensino, centradas na figura do estudante construtor

de seu conhecimento. Desde então, muito se tem discutido e pesquisado acerca das

inovações já implementadas e daquelas ainda a se fazer.10-12 Os projetos políticos

pedagógicos das escolas médicas sofreram transformações e buscaram a adoção de

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metodologias centradas na autoinstrução do aluno, com limitação do conteúdo teórico

e da quantidade de aulas expositivas ministradas pelos docentes. 10-12

Em 2006, a Faculdade de Ciências Médicas e Saúde da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo adotou uma mudança curricular, transformando

seu currículo tradicional e centrado no professor para um currículo com metodologias

ativas de aprendizagem.13 O novo currículo baseou-se em Aprendizagem Baseada

em Problemas (ABP) e a Problematização. 6,8 Com a referida implantação, o segundo

ano do curso de medicina passou a ter como um dos eixos temáticos o ensino da

patologia geral.13

Em 2014, as novas DCNs do Curso de Graduação em Medicina reforçaram a

necessidade de um projeto pedagógico centrado no aluno como sujeito da

aprendizagem, no professor como facilitador e mediador do processo, o uso

metodologias que privilegiem a participação ativa do aluno na construção do

conhecimento e a integração entre os conteúdos.14 As atuais DCNs do Curso de

Graduação em Medicina argumentam que a educação dos futuros médicos precisa

responder aos novos desafios das sociedades contemporâneas, formando

profissionais generalistas e incorporando uma visão mais aprofundada dos problemas

sociais do país.14,15

A educação médica, de um modo geral, atravessa um período de

questionamentos sobre a qualidade do processo de ensino-aprendizagem. Há uma

crescente tendência à busca de métodos inovadores, que admitam uma prática

pedagógica crítica, reflexiva e transformadora, ultrapassando os limites do período do

processo de formação. Os professores devem reconhecer a necessidade de buscar

novas metodologias que tornem o aprendizado mais estimulante e significativo e, se

possível, integrá-las aos recursos tecnológicos atualmente disponíveis. 16,17 Deve-se

considerar as intervenções que privilegiam a participação ativa do estudante na

construção do conhecimento de forma que os conteúdos teóricos sejam apreendidos

em conexão com a prática. É importante compreender que a aprendizagem dos

adultos, para ser eficiente, deve considerar questões como as expectativas,

experiências e perfil dos participantes, análise de realidades e momentos críticos de

reflexões e conclusões.17 A contextualização é um dos pressupostos andragógicos

que se apresentam como elementos facilitadores e orientadores na relação de

aprendizagem entre adultos. 17,18

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A nova geração de estudantes universitários cresceu interagindo com

diferentes recursos tecnológicos e a grande maioria não está confortável com uma

metodologia passiva e com aulas expositivas. É necessário mudar a forma de ensinar-

aprender: o aluno deve tornar-se ativo na construção do seu conhecimento através do

auxílio de professores que facilitem esse processo. Essa mudança permite ampliar os

cenários de aprendizagem, reestruturando as salas de aula e ampliando a

contextualização dos saberes. 19,20

Diante dos novos cenários de ensino médico e, especificamente, no contexto

do processo de aprendizagem em patologia, deve-se buscar um modelo de gestão

pedagógica para que o ensino fique condizente com as novas diretrizes, acessível aos

alunos e que contemple os conteúdos necessários para uma formação médica

adequada. Para alcançar esses objetivos, podemos destacar o desenvolvimento de

competências. 21 Esse modelo valoriza as faculdades de mobilizar um conjunto de

recursos cognitivos – como saberes, habilidades e informações – para solucionar com

pertinência e eficácia diferentes situações, buscando conectar os assuntos

trabalhados em sala de aula com a realidade dos alunos. Para o desenvolvimento de

competências, deve-se realizar atividades dinâmicas e contextualizadas, com

diferentes técnicas pedagógicas e enfoques, aproximando os alunos da futura prática

médica. 21 Os docentes devem estabelecer objetivos de aprendizagem e adequar os

conteúdos a cada realidade, facilitando a contextualização dos processos patológicos.

Nesta busca por novas propostas de metodologias ativas para dinamizar o processo

de aprendizagem e o desenvolvimento de competências encontra-se o Blended

Learning.

O Blended Learning (BL), também chamado ensino híbrido, refere-se a uma

metodologia de ensino em que parte da construção do conhecimento é feita

virtualmente, com diferentes recursos tecnológicos, possibilitando atividades

síncronas ou assíncronas. Aliadas ao ambiente virtual, são necessárias situações

presenciais com professores capacitados para atividades com aplicação prática, de

forma a gerar maior dinamismo, mobilização e integração dos envolvidos. 19,22,23

A necessidade de providenciar um aprendizado mais envolvente e

significativo é o principal foco do Blended Learning. Essa metodologia acredita que a

integração do ensino presencial com o ensino virtual, centrado na autoinstrução,

promove um aprendizado mais significativo, capaz de atender às atuais necessidades

e demandas atribuídas aos profissionais do século XXI. 19

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Atualmente, existem muitas evidências sobre os benefícios do Blended

Learning no desenvolvimento das competências e habilidades dos estudantes das

áreas de saúde que se utilizam desta metodologia. 24-27

Diante destas novas perspectivas no processo ensino-aprendizagem dos

processos patológicos gerais, a utilização de estratégias de Blended Learning pode

proporcionar aos alunos uma metodologia de ensino mais motivadora e com maior

contextualização, favorecendo a formação de profissionais mais críticos e reflexivos.

1.1 O Blended Learning (ensino híbrido)

Na última década, o termo Blended Learning vem se disseminando em redes

de ensino de todo o mundo e está se consolidando como uma nova tendência em

metodologias ativas de aprendizagem. 28,29 O conceito dessa metodologia pode ser

caracterizado a partir da definição de Michael B. Horn, que considera Blended

Learning qualquer programa educacional formal no qual o estudante aprende, pelo

menos em parte, por meio do ensino virtual, com algum elemento de controle sobre o

tempo, o lugar e o ritmo de sua aprendizagem, associado a momentos presenciais

com professores que desenvolvam atividades práticas integradas.19

A origem exata do termo é incerta. Acredita-se que suas primeiras referências

surgiram no final da década de 1990, nos Estados Unidos, relacionadas ao uso da

metodologia em programas de capacitação profissional nas áreas de computação

para setores empresariais e industriais. Posteriormente, a metodologia passou a ser

amplamente utilizada nas escolas de educação infantil nos Estados Unidos (K-12

education). 20,23,31

Em 2006, o Blended Learning teve a sua consolidação como uma inovadora

proposta pedagógica no ensino superior e foi amplamente aceito no ensino superior,

tornando-se uma grande aposta para renovar o processo ensino-aprendizagem do

século XXI. 19,29,31

Mais do que integrar os momentos presenciais aos não presenciais, pode-se

concluir que o Blended Learning é uma estratégia dinâmica, que envolve recursos

tecnológicos e diferentes abordagens pedagógicas. 28,32

Deve-se ressaltar que a extensa disseminação dessa metodologia só foi

possível com o desenvolvimento de novas tecnologias educacionais online,

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gerenciadas a partir de um único sistema, os chamados Learning Management

System (LMS). Os LMS são ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) de

plataformas destinadas especificamente à aprendizagem formal (cursos de

graduação, atualização e especialização), com a necessidade de inúmeras

ferramentas para promover a gestão da aprendizagem. 28,32 Como exemplo dessas

plataformas de ensino, podemos citar o Moodle, (Modular Object-Oriented Dinamic

Learning Enviroment – ambiente de aprendizagem dinâmico, modular e objeto

orientado), utilizado também pela PUC-SP.

Deve-se enfatizar que o foco do Blended Learning não é a tecnologia, e, sim,

a combinação de diferentes possibilidades de ensino e aprendizagem que conferem

ao aluno uma maior autonomia na aquisição do conhecimento. Os recursos

tecnológicos utilizados são apenas as ferramentas que podem auxiliar nesse

processo, tornando a aprendizagem contínua, de forma que não fique restrita a um só

contexto, espaço ou a um dado momento. 20,28 No ensino tradicional, a combinação

de diferentes metodologias – como, por exemplo, aulas teóricas, laboratórios, tarefas

para resolução de problemas ou pesquisas experimentais - já era bastante utilizada,

mas na maioria das vezes cada uma dessas etapas era aplicada em diferentes

momentos e contextos, pelas limitações de tempo e espaço. Com a disseminação das

tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) e das plataformas e

ambientes de ensino virtual, emergiu o conceito do Blended Learning, no qual os

alunos dispõem de novas oportunidades de aprendizagem, podendo combinar os

recursos consoantes a suas necessidades. 20,32

Na prática, o Blended Learning é uma metodologia em que a construção do

conhecimento é feita integrando o ensino virtual às aulas presenciais. 19 O conteúdo

disponibilizado no ambiente virtual permite que o aluno desenvolva autonomia na

construção de seu conhecimento, mas é no momento presencial que os alunos

perceberão se aquele conteúdo foi realmente compreendido.19,28,32 Os alunos, já

habituados ao ensino presencial, necessitam dele e aproveitam o momento para as

trocas com os colegas e com o professor. Dessa forma, durante as discussões e os

questionamentos, os alunos percebem o quanto aprenderam. Isso não significa que

no ensino a distância não ocorra aprendizagem, mas a maioria dos estudantes ainda

sente a necessidade de um orientador para o processo, que mostre os caminhos a

serem percorridos. Essa metodologia híbrida permite uma maior flexibilidade e

controle no processo de aprendizagem pelos próprios alunos.

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É importante destacar, também, que nessa abordagem pedagógica tanto o

momento a distância quanto o momento presencial são extremamente importantes e

interdependentes; o ensino virtual não substitui o presencial, ou vice-versa. 19 Os

alunos precisam reconhecer que são estudantes, que precisam buscar informações e

construir o conhecimento. Para tanto, necessitam modificar a postura de receptores

de informação e tornarem-se críticos e atuantes. Ao mesmo tempo, os docentes

devem reconhecer as necessidades e deficiências dos alunos, buscando guiá-los para

um aprendizado eficiente e significativo. 12 Aulas com exercícios de aprendizado ativo,

tais como trabalho em equipe, discussões de questões ou estudos de caso, geram

engajamento e reflexão, incentivando os alunos a explorar atitudes e valores,

fomentando, assim, motivação para adquirir novos conhecimentos e aprimorar os já

existentes. 8,10,16

1.2 Os modelos de Blended Learning

A imensa variedade de combinações metodológicas possibilitou que o

Blended Learning apresentasse diferentes formatos de aplicação. No entanto, para

padronizar e facilitar o entendimento e a aplicabilidade do método, o Clayton

Christensen Institute for Disruptive Innovation (USA) 33 estabeleceu quatro modelos

principais: Rotação, Flex, À La carte e Virtual Enriquecido. Vale ressaltar que as

categorias não são exclusivas, visto que muitos programas de Blended Learning

misturam os modelos e os combinam, adaptando-os ao ambiente físico e aos recursos

disponíveis em cada instituição. O Clayton Christensen Institute apresenta um banco

de dados que organiza as principais informações sobre os modelos existentes para

auxiliar na aplicação da metodologia.

Para compreender os quatro modelos principais de forma sucinta, pode-se

adotar os conceitos apresentados por Horn e Staker 19:

1. Modelo de Rotação: os alunos alternam entre modalidades de

aprendizagem (em grupos ou individualmente), e ao menos uma delas é feita pelo

ensino virtual. Dentro desse modelo, estão inseridos três principais tipos de aplicação:

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a. Rotação por estações: em uma sala de aula, são montadas diferentes

estações de aprendizagem, sendo que uma dessas consiste na aprendizagem virtual,

através do uso de computadores individuais, tablets ou smartphones;

b. Laboratórios rotacionais: nesse modelo, os estudantes alternam entre

sala de aula e laboratórios de informática, que servem como uma estação de ensino;

c. Sala de aula invertida (Flipped class): os alunos têm uma parte do ensino

online, em plataformas de aprendizagem, fora das salas de aula. Nas salas de aulas,

os alunos realizam atividades práticas orientadas por um professor.

2. Modelo Flex: mais complexo e com grande variedade de possibilidades,

nesse modelo os estudantes apresentam um cronograma personalizado de

modalidades de aprendizagem. Parte do conteúdo teórico é feito pelo ensino online e

os professores são fundamentais nos momentos presenciais, fornecendo apoio ao

longo das atividades desenvolvidas, como pequenos grupos de discussões,

elaboração de projetos, tutorias de grupos ou individuais.

3. Modelo À La Carte: os estudantes podem escolher entre ensino online

integral ou associado a atividades práticas no espaço físico da instituição. Nessa

modalidade, os professores são tutores online.

4. Modelo Virtual Enriquecido: os alunos têm sessões de aprendizagem

presencial obrigatórias com os professores e completam o aprendizado de forma

online.

A diversidade de modalidades de aplicação do Blended Learning permite uma

metodologia consoante às necessidades de cada instituição.

1.3 A experiência de Blended Learning nas escolas médicas

A introdução de ferramentas de tecnologias de informática e computação na

educação médica provocou mudanças significativas na forma como a medicina é

ensinada. Os recursos tecnológicos no ensino médico foram desenvolvidos para

melhorar as estratégias de ensino tradicionais e para fornecer novos métodos de

aprendizagem. Tanto para os estudantes de medicina quanto para os professores,

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20

tornou-se fundamental desenvolver competências básicas em tecnologia da

informática e da comunicação. 20 Consequentemente, essa expansão da inserção de

recursos tecnológicos na graduação medica contribuiu positivamente para a

disseminação do Blended Learning.

Na literatura, dentre os principais relatos de experiência com a metodologia

na prática médica, tem-se o trabalho realizado por Rossi, Franz e Bozalek, 24 que

analisou todas as publicações de Blended Learning na área da saúde no período de

2000 a 2010. Durante esse período, a grande maioria das intervenções ocorria em

países como Reino Unido, EUA, Canadá e Austrália. Dentre os diferentes estudos

citados pelos autores, foi constatado, em comum, o grande benefício no

desenvolvimento das competências e habilidades dos estudantes que fazem uso

dessa estratégia de aprendizagem.

Desde então, as pesquisas envolvendo o Blended Learning no ensino médico

vêm crescendo de forma exponencial. Alguns estudos concluíram que a associação

especificamente do Blended Learning à ABP pode ser extremamente eficiente no

desenvolvimento da autonomia do aluno no processo de aprendizagem, além de

promover maior motivação e aumento do conhecimento. 25,34 A nova metodologia cria

a possibilidade de reinventar as salas de aula de uma forma que capacite os alunos a

desenvolver habilidades cognitivas e uma aprendizagem significativa, contribuindo

para a formação de profissionais mais competentes. 35

Pode-se encontrar, na literatura, relatos sobre a associação do Blended

Learning no ensino médico, tanto na graduação como em programas de residência

médica. Algumas universidades com programas de residência médica que

associaram o Blended Learning ao ensino obtiveram melhora da performance dos

estudantes em áreas como Anatomia e Fisiologia. 34-37 No Brasil, a Universidade

Federal de Juiz de Fora (UFRJ) incluiu o Flipped Class no projeto pedagógico da

Faculdade de Medicina como uma das metodologias ativas que devem ser utilizadas

e estimuladas para melhorar o processo ensino aprendizagem ao longo do curso. 38

Existem escassos relatos sobre a associação de Blended Learning no ensino

de patologia. A University of Western Australia associou o Blended Learning ao ensino

da patologia e obteve bons resultados, como maior envolvimento dos alunos com a

disciplina. 39 Na Itália, a Alma Mater Studiorum Universitá di Bologna disponibiliza um

curso de patologia em formato Blended Learning, na plataforma Moodle, que contém

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21

um fórum para discussão e material didático, com apresentações explicativas, galerias

de imagens, testes de autoavaliação divididos por temas e microscopia virtual.40

Para a intervenção realizada na presente pesquisa, escolheu-se a modalidade

Sala Invertida ou Flipped Class (FC) do Blended Learning. Considerando o projeto

pedagógico da FCMS, a grade de horários dos alunos e o objetivo da pesquisa, o

modelo FC pareceu o mais acessível e o que poderia proporcionar melhores

resultados.

Este modelo de Blended Learning foi desenvolvido por Jonathan Bergmann,41

um professor de química da Joseph Sears School, em Kenilworth, Illinois (EUA).

Juntamente com o colega Aaron Sams, Bergmann alterou o que os alunos faziam em

suas aulas: os exercícios de casa passaram a ser feitos em salas de aula, sob

supervisão dos professores, e o conteúdo teórico passou a ser acessado através de

recursos tecnológicos. Dessa forma, observaram que a performance dos alunos teve

grande ascensão. 41 Atualmente, há evidencias de que essa modalidade de Blended

Learning pode apresentar impacto positivo para a aquisição de conhecimento e

desenvolvimento das habilidades dos estudantes das áreas de saúde que fazem uso

dessa metodologia. 37,42

1.4 O ensino da Patologia nas escolas médicas

De modo geral, o principal objetivo do ensino da patologia na graduação é

proporcionar aos alunos o conhecimento das alterações funcionais e estruturais na

doença, de modo que os sinais clínicos e sintomas possam ser entendidos e

interpretados corretamente.1

Para compreender o atual contexto da patologia nas escolas médicas, é

relevante conhecer os principais fatos do ensino da patologia ao longo da história.

Faz-se, portanto, necessária uma breve abordagem para que se compreenda a

inserção da patologia no ensino médico.

A visão da patologia como ciência está relacionada à concepção etiológica

dos processos mórbidos. Enquanto o estilo do pensamento se adequava às crenças

espirituais, místicas ou mágicas, não havia avanços no conhecimento das doenças.

Assim, o conhecimento em patologia evoluiu vagarosamente ao longo dos séculos.43

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22

A preocupação com a explicação das doenças, sem ser em bases místicas,

teve início no Ocidente com a Filosofia Grega. Hipócrates (460 a.C. – 377 a.C.) foi

considerado o fundador da ciência médica, encerrando os mitos que descreviam as

patologias como manifestações mágicas ou divinas. Segundo Hipócrates, as doenças

surgiam como resultado de desequilíbrio entre os fluídos corpóreos. A Teoria Humoral

foi o principal arcabouço teórico da explicação racional sobre o processo de doença

entre o século 4 a.C. até o século XVII. 43,44

Aristóteles (384-322 a.C.) foi quem iniciou o estudo anatômico humano na

Alexandria. Nesse período, houve grande incentivo às práticas de dissecação do

corpo humano pelos estudantes de medicina. Mais tarde, Galeno (129- 92 d.C.) teve

importante destaque, propagando as técnicas de dissecação, tecendo importantes

observações sobre as doenças e descrevendo as atividades do coração, das artérias

e das veias, mas ainda atrelado às bases da teoria humoral.43,44

A correlação das alterações orgânicas com os sintomas clínicos, atualmente

chamada “correlação anátomo-clínica”, foi realizada pela primeira vez por Giovanni

Battista Morgagni (1682-1771), considerado o pai da anatomia patológica. Ele foi autor

de uma obra que continha descrições detalhadas de mais de 700 autopsias e onde

podem ser identificadas as principais concepções de doença. Seu trabalho influenciou

a história da medicina e foi necessário para que ocorressem transformações na visão

da ciência médica e uma revolução no pensamento médico, que passou a ser

centrado na concepção dos processos patológicos. Tem início a “fase orgânica” da

patologia (séc. XV - XVI). 44,45

Na França, Marie-Fraçois Xavier Bichat (1771-1802) teve a iniciativa de

submeter fragmentos de órgãos à ação de agentes físicos (como água, calor,

cáustica) para estudar as alterações provocadas por eles. A partir dessas

observações, ele descreveu 21 tipos de tecidos, mesmo sem a existência do

microscópio. Suas ideias foram importantes para o pensamento científico pautado na

“fase tecidual” da patologia (séc. XVI-XVIII). 44

Outro grande marco na história foi a experiência relatada por Karl Rokitansky

(1804-1878), que realizou cerca de 30.000 autopsias e criou o “Manual de anatomia

patológica”. Segundo Karl, todos os órgãos deveriam ser estudados para um melhor

entendimento de um processo patológico. A partir de seu trabalho, surgiu o estudo

sistêmico de todos os órgãos no procedimento de necropsias, o que contribuiu para a

compreensão de muitas doenças com repercussões sistêmicas. 44

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23

No final do século XIX, registrou-se o a “Revolução Pasteuriana”. No

laboratório de Louis Pasteur e em outros laboratórios, o microscópio, inventado no

século XVII, mas até então não muito valorizado, revelava a existência de

microorganismos causadores de doenças, possibilitando a introdução de soros e

vacinas. Essa fase marcou uma revolução, pois, pela primeira vez, fatores etiológicos

estavam sendo identificados; doenças agora poderiam ser prevenidas e curadas. 45

O exame microscópico dos tecidos doentes foi protagonizado por Rudolf

Virchow (1821-1902), que com a observação e descrição detalhadas das alterações

celulares deu origem ao pensamento médico baseado na teoria celular. Nesse

período, houve grande interesse da comunidade médica na elucidação dos processos

patológicos. Assim, com a visão macro e microscópica das doenças, a correlação

anátomo-clínica assumiu um dos pilares da ciência médica, permitindo a consolidação

do conhecimento do processo patológico no século XX. Uma vez consolidado na

comunidade médica, esse novo estilo de pensamento científico influenciou também o

ensino médico. 43,44

Até o final do século XIX, os estudantes de medicina de todo o mundo

aprendiam muito sobre os processos patológicos gerais, visto que ainda havia pouco

conhecimento científico consolidado e a medicina era baseada em estudos

observacionais e práticas empíricas. No início do século XX, a maior necessidade da

compreensão dos mecanismos de doenças enfatizou a importância de aplicar a

ciência no ensino médico. 44

Na Europa, até meados de 1906, os próprios cirurgiões realizavam aulas

sobre patologia através de observações macroscópicas das peças retiradas

cirurgicamente. Não havia médicos especializados para tais procedimentos e o

conhecimento em patologia era bastante superficial. Um importante marco na história

do ensino da patologia na Europa foi a participação de Hubert Maitland Turnbull,

fundador e diretor do Instituto de Patologia do Hospital de Londres, em novembro de

1906. Sua grande contribuição para a o ensino de patologia começou com a rotina

diária de convocar os acadêmicos de medicina para assistirem às análises

macroscópicas dos órgãos nas necropsias. Em 1909, Turnbull iniciou um curso

intitulado Anatomia Patológica Especial e Histologia, cujas aulas tinham como objetivo

estudar órgãos e tecidos individuais e, depois, analisar as alterações relevantes que

eram encontradas em comum. Houve grande desenvolvimento dos conceitos de

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patologia geral no processo saúde-doença e o ensino dessa área do conhecimento

passou a ser considerado importante no currículo médico. 44

Enquanto Turnbull enfatizava o ensino de patologia nas escolas médicas em

Londres, e consequentemente, na Europa, Abraham Flexner publicava um relatório

crítico, em nome da Fundação Carnegie, visando uma padronização da educação

médica nos EUA e, posteriormente, no Canadá. 46 Nesse período, a situação do

ensino médico nos EUA era crítica. As escolas de Medicina podiam ser abertas

indiscriminadamente, sem nenhuma padronização, estando vinculadas ou não a

instituições universitárias, com critérios de admissão e tempo de duração

diferenciados e independentes de uma fundamentação teórico-científica. 46,47

Com o relatório, Flexner criou uma matriz disciplinar e pedagógica que veio a

ser chamada de modelo flexneriano de ensino médico. A produção do trabalho de

Flexner permitiu reorganizar e regulamentar o funcionamento das escolas médicas,

no entanto, limitava todas as propostas de atenção em saúde que não seguissem

rigorosamente o modelo proposto. O modelo flexneriano - mais tarde chamado de

modelo biomédico - era focado na doença e com cursos divididos em ciclos básicos,

pré-clínico, clínico e internato. A formação dos profissionais era pautada no uso de

metodologias conservadoras, sob forte influência cartesiana-newtoniana, com

fragmentação do conhecimento. 47,48

Esse modelo teve forte influência nas escolas médicas em todo o mundo e

permaneceu dominante por muitas décadas. No modelo flexneriano, a patologia era

dividida em dois momentos: patologia geral, geralmente no primeiro ou segundo ano,

e a patologia dos sistemas, geralmente no terceiro ou quarto ano do curso médico. A

disciplina era tradicionalmente apresentada numa combinação de exposições teóricas

e práticas com peças macroscópicas, lâminas histológicas e autópsias. Esse modelo

de ensino serviu como referência ao currículo médico predominante no século XX, no

qual a patologia e a realização de autopsias eram consideradas fundamentais para a

formação médica. 44,46

Para entender e analisar o atual contexto do ensino da patologia, é essencial

a compreensão de todas as transformações sofridas no sistema dentro do qual os

conceitos em patologia foram produzidos. 44 O impacto que estas questões têm no

ensino da medicina, e da patologia, em particular, é enorme, já que os alunos são

apresentados a um conhecimento construído em conformidade com os fatos

científicos de interesse da sociedade.

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25

No final da década 70, na Europa, começaram os primeiros questionamentos

sobre a efetividade do estudo das ciências básicas e a necessidade de integração e

socialização dos estudantes de medicina. 48 Muitos já argumentavam a favor da

proposta inovadora da Universidade de MacMaster, no Canadá, que em 1960

implantou uma metodologia de ensino ativa com grande repercussão: a ABP. 12,16

No final da década de 80, havia fortes críticas ao modelo de ensino médico

na América e na Europa. A simples transmissão de conhecimento já não era suficiente

para a formação profissional. Era preciso incentivar o aluno a pensar e estabelecer as

bases da aprendizagem ao longo da vida. Eram necessários, portanto, novos métodos

para o desenvolvimento de alunos com raciocínio crítico e com capacidade de aplicar

o conhecimento em suas práticas cotidianas. 10,11,47 Observou-se, então, a

necessidade de metodologias ativas centradas no desenvolvimento dos alunos. O

grande marco da influência da ABP no ensino médico ocorreu em 1984, quando a

Escola de Medicina de Harvard aderiu à proposta curricular pelo método ABP em

paralelo ao currículo tradicional.

Para neutralizar as críticas ao modelo tradicional, muitas escolas médicas

passaram a adotar essa nova abordagem metodológica, que culminou em

considerável redução da quantidade de aulas ministradas pelos docentes das áreas

denominadas ciências básicas, como a patologia. Muitos departamentos individuais

foram relutantes em reduzir seu tempo de ensino frente aos alunos. O ensino da

patologia teve que mudar para aderir a essas novas ideias. 43,49,50 Em muitas escolas

médicas, a carga horária de aulas em patologia foi bastante reduzida. O ensino foi

centrado apenas no conhecimento dos processos patológicos gerais, com redução

das atividades práticas voltadas para a histologia e desaparecimento da patologia

especial em sala de aula.49-52 O ensino prático nas salas de autopsias também teve

importante redução, tornando-se inexistente em muitos cursos médicos.

Na literatura, podemos encontrar alguns estudos que retratam o impacto das

alterações curriculares no ensino da patologia.49,52-54 Dentre eles, destaca-se o estudo

realizado por Kumar et al., que avaliou o impacto das alterações curriculares no ensino

da patologia em 83 escolas médicas nos EUA durante um longo período (1993 a

1999). Nesse período, houve maior uso de recursos eletrônicos para modernizar o

ensino e a tendência de integração da patologia com outras áreas do conhecimento

médico. 49

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Um estudo britânico da Universidade de Liverpool analisou as principais

alterações no ensino da patologia diante dos novos currículos médicos. A migração

para um modelo de ensino integrado culminou em acentuada redução de aulas de

patologia. No entanto, nesse mesmo estudo, conclui-se que o objetivo da patologia no

currículo médico é dar aos alunos uma base sólida dos princípios (e alguns dos

detalhes) dos processos patológicos, como base para a compreensão da doença e,

por conseguinte, uma prática racional da medicina. Logo, para garantir que os alunos

tenham um aprendizado adequado nesse novo currículo, foi necessário repensar

como ensiná-los, ou, mais precisamente, a forma como os alunos aprendem.55 A

Sociedade Europeia de Patologistas e o Royal College of Pathologists da Austrália

reconhecem os benefícios do ensino integrado, mas enfatizam que aulas com

abordagens teóricas e atividades práticas são necessárias para consolidar o

aprendizado e incentivar a especialidade. 52,56,57

No Brasil, a alteração curricular com a adoção dos novos modelos

pedagógicos teve início mais tarde. As primeiras escolas brasileiras a aplicarem a

metodologia ABP foram a Faculdade de Medicina de Marília -SP (FAMEMA), em 1997,

e a Universidade Estadual de Londrina-PR (UEL), em 1998. Desde então, muitas

escolas médicas brasileiras associaram a ABP em seus currículos. 7,8,10,11

Atualmente, de acordo com a vivência em sala de aula, muitos docentes de

patologia das escolas médicas brasileiras têm observado um aprendizado deficiente

por parte dos alunos, principalmente devido à ausência de recursos pedagógicos que

auxiliem no aprendizado dos processos patológicos de uma forma estimulante,

integrada com as demais especialidades e contextualizada. 43,50,60

Ao longo dos anos, a patologia avançou muito na área de diagnóstico. Com o

incremento de técnicas histológicas, moleculares e genéticas, o foco da patologia

passou a ser a precisão diagnóstica para uma terapia personalizada e com alto

impacto no prognóstico dos pacientes. Dentro deste contexto, muitos patologistas

tornaram-se cada vez mais especialistas, com foco principal nos recursos para

diagnóstico das doenças. A medicina de alta complexidade passou a ser incorporada

ao ensino da patologia e criou um contexto de desinteresse, por parte dos estudantes,

sobre critérios diagnósticos histológicos ou moleculares. 43,60 O objetivo do ensino da

patologia deve ser o conhecimento das bases das doenças. Os alunos devem

entender a patologia como um campo interdisciplinar. A compreensão da condição

fisiológica normal associada aos processos patológicos gerais permite um

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conhecimento sólido sobre a patogenia das doenças, fundamental para uma boa

prática clínica.

Frente a essas observações, muitas discussões têm surgido sobre os rumos

do ensino da patologia na atualidade. Cada vez mais é necessário integrar o ensino

da patologia às novas competências educacionais.

Na literatura, pode-se citar alguns experimentos relatados por docentes, que

visaram modernizar e integrar o ensino da patologia. Um exemplo é o Departamento

de Patologia da Faculdade de Medicina Wood Johnson Robert, nos USA, que, ainda

em 1986, eliminou as aulas teóricas exclusivamente expositivas do curso de patologia.

Os alunos recebiam um material didático para autoaprendizagem em formato digital e

os momentos em salas de aula eram baseados em pequenos grupos de discussões

sobre os temas estudados, orientados pelos patologistas. A grande maioria dos alunos

aprovou a metodologia e apresentou excelente desempenho em exames externos. 58

Ainda há poucos relatos sobre as alterações curriculares no ensino da

patologia no Brasil. Um exemplo que podemos citar é a Escola Baiana de Medicina e

Saúde Pública, que, visando incentivar a autoinstrução dos alunos por meio de

recursos eletrônico, criou um CD-ROM, elaborado pelos docentes de patologia geral.

Esse instrumento continha todos os arquivos das aulas teóricas, um atlas de patologia

geral com lâminas do curso e outros exemplos estudados nos módulos, mas não

apresentados nas aulas. Paralelamente, os docentes enfatizaram atividades práticas

e monitorias. Nesta abordagem, 95,8% dos alunos acharam que o novo modelo

facilitou o processo ensino-aprendizagem. 59

A Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) tem realizado inúmeras discussões

acerca do contexto da patologia na graduação médica. Nos congressos brasileiros,

mesas redondas debatem sobre como motivar o aluno e integrar a patologia com as

demais áreas. Há também a preocupação em aumentar o interesse em exercer a

especialidade, visto a redução do número de formandos ingressos nos programas de

residência médica nos últimos anos. 60

Em 2014, o Conselho Nacional de Educação e a Câmara de Educação

Superior do Ministério da Educação e Cultura publicaram as novas Diretrizes

Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina (Resolução CNE/CES

3/2014, 23 de junho de 2014). 14 Referenciando-se aos conteúdos fundamentais para

o curso de graduação em Medicina, o Artigo 23 destaca a necessidade do

conhecimento dos processos normais e alterados, da estrutura e função dos tecidos,

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aplicado aos problemas da prática profissional e à forma como o médico o utiliza.

Nesta referência, pode-se compreender que o aprendizado dos processos patológicos

gerais é indubitavelmente necessário na graduação médica.

Já a exigência de que os alunos sejam capazes de reconhecer diagnósticos

histológicos é algo questionável, uma vez que o diagnóstico histopatológico é uma

área específica do conhecimento que exige uma experiência para que possa ser feito

com sucesso. 43,54,61 A maioria das especialidades médicas não necessita de

profundos conhecimentos histológicos para sua prática. Por outro lado, conhecer os

mecanismos gerais das doenças é imprescindível para qualquer médico. 43

Podemos sugerir que o problema do aprendizado em patologia não está

centrado só nas alterações curriculares, mas sim na forma de ensinar que necessita

de constante aprimoramento e atualização, tanto nas metodologias quanto na didática

escolhida. Um estudo realizado por Fenderson et al. demonstrou que uma abordagem

de ensino da patologia que considere as diversas formações educacionais dos alunos

possibilita facilitar o aprendizado. Utilizar diferentes recursos educacionais (como

aulas dirigidas e aplicadas, estudo on-line, aulas com sessões de revisão e solução

de dúvidas) podem ser ajustados para superar as dificuldades de aprendizagem. 62

Estamos frente a uma geração que cresceu interagindo com os recursos tecnológicos

e com livre acesso à informação, dinâmica, e que, na maioria das vezes, não está

confortável com a simples transmissão de informações. Talvez a questão-chave seja

criar, no processo de ensino da patologia, mais conexões teórico-práticas, buscando

integrar os alunos ao conteúdo de forma contextualizada. É necessário buscar um

conhecimento programático mínimo e essencial de patologia para a formação de

indivíduos mais críticos e seguros na área médica.

1.5 O ensino de Patologia no curso de Medicina da FCMS da PUC-SP

O Ministério da Educação (MEC), ao divulgar as Diretrizes Curriculares

Nacionais do Curso de Graduação em Medicina (DCN), 9 em 2001, ressaltou a

importância de adotar metodologias ativas de ensino, centradas na figura do

estudante construtor do seu conhecimento, levando-o a desenvolver uma postura

humanitária e ética, voltada para a atenção ao enfermo/usuário. Partindo desses

pressupostos, o MEC, juntamente com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-

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Americana de Saúde, promoveu a criação do Programa de Incentivo às Mudanças

Curriculares na Educação Médica (Promed), em dezembro de 2002.

Em 2006, a Faculdade de Ciências Médicas e Saúde da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo passou por uma reforma político-pedagógica e

adotou como uma das estratégias de ensino principal a Aprendizagem Baseada em

Problemas (ABP). O currículo baseado em um método APB objetiva apresentar seus

conteúdos de modo integrado aos alunos. Não há a divisão por disciplinas, mas, sim,

por módulos temáticos, que reúnem temas derivados do conjunto de habilidades e

conhecimentos previstos como necessários para a formação do profissional

pretendido pelas diretrizes curriculares. O método básico de aquisição de

conhecimentos no ABP é o estudo individual/autodirigido dos alunos, orientados por

discussões de problemas realizadas num grupo tutorial. Na ABP o elemento central é

o aluno. Ele é exposto a situações motivadoras nos grupos tutoriais, onde, através

dos problemas, busca definir objetivos de aprendizado cognitivo sobre os temas

estabelecidos no currículo. O grande objetivo desse método é ensinar o aluno a

aprender, permitindo que ele busque o conhecimento nos inúmeros meios disponíveis

e que aprenda a utilizá-lo de modo reflexivo e crítico. 7,8

Com o novo projeto pedagógico, o segundo ano do curso de medicina passou

a ter como um dos eixos temáticos principais o ensino da patologia geral, que se

realizava através de aulas semanais denominadas Sustentações Aplicadas. Essas

aulas funcionavam como aulas de apoio e/ou consultoria das principais áreas do

conhecimento e tinham duração máxima de 1 hora e 30 minutos.

Ao longo do ano letivo, os alunos desenvolvem sete módulos temáticos que

abordam conceitos de patologia geral. Cada módulo tem duração média de 4-5

semanas e apresenta seus objetivos específicos de aprendizagem. Os módulos

desenvolvidos são:

1) Função celular, lesão celular e reparação;

2) Inflamação;

3) Infecções;

4) Reparo e regeneração;

5) Perturbações hemodinâmicas;

6) Alterações genéticas;

7) Neoplasias.

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As Sustentações Aplicadas de Patologia, no ano de 2014, ocorriam às tardes

de segundas-feiras e quartas-feiras. Eram 107 alunos matriculados no segundo ano,

divididos em quatro turmas (A, B, C e D): duas turmas tinham sustentação às

segundas e as outras duas às quartas.

O sistema de avaliação do estudante é feito de modo integrado com as outras

áreas do conhecimento médico e composto por uma avaliação formativa, decorrente

dos feedbacks e autoavaliações nas sessões de tutoria. O “salto triplo” corresponde a

uma avaliação somativa dividida em três etapas: 1) avaliar a habilidade desenvolvida

para resolver um determinado problema; 2) pesquisar o material necessário de forma

adequada e discutir as informações encontradas e 3) avaliar o ganho em

conhecimento e a aprendizagem autodirigida. Também existe uma prova teórica

dissertativa (somativa) que visa avaliar os conteúdos gerais aprendidos durante o

bimestre.

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2 HIPÓTESE

O uso de estratégias de Blended Learning no ensino da patologia geral pode

proporcionar aos alunos do segundo ano do curso de Medicina da FCMS da PUC-SP

uma metodologia de estudo mais motivadora e com maior contextualização dos

processos patológicos na prática médica.

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3 OBJETIVO

Avaliar o efeito das estratégias de Blended Learning no ensino de patologia

geral do curso de Medicina da FCMS da PUC-SP, sob a ótica dos estudantes, quanto

à capacidade de contextualização dos processos patológicos e à motivação

proporcionada pela metodologia.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Aspectos Éticos

Trata-se de um estudo quantitativo exploratório e qualitativo, que propõe a

associação de Blended Learning nas sustentações aplicadas de patologia geral para

os alunos do segundo ano de medicina da FCMS da PUC-SP. O projeto de pesquisa

foi submetido ao comitê de ética da instituição e aprovado (CAAE:

28278214.4.0000.5373, parecer em 10 de junho de 2014). Optou-se por realizar a

intervenção com os alunos do segundo ano, porque essa série tem a patologia geral

como um dos eixos temáticos principais, com as sustentações aplicadas ocorrendo

semanalmente às segundas e quartas feiras. Foi decidido que as sustentações

aplicadas do Módulo Neoplasias seriam realizadas em sessões de Blended Learning.

Esse módulo apresenta maior complexidade e uma grande variedade de temas, os

quais podem ser integrados com diferentes áreas médicas. Além disso, por ser o

último modulo temático de patologia geral, disponibilizaria maior tempo para o preparo

de material e atividades práticas e os alunos teriam mais parâmetros para

comparações.

Nas sustentações aplicadas que antecederam o módulo de neoplasias, os

alunos foram informados sobre a nova metodologia (Blended Learning) que seria

aplicada. Eles foram orientados de que haveria um material didático disponibilizado

no Moodle de forma permanente e que as sustentações aplicadas seriam atividades

práticas voltadas para esses temas. Ficou estabelecido que o material seria

disponibilizado no Moodle com uma semana de antecedência em relação à

sustentação aplicada, para que cada aluno o acessasse e estudasse respeitando seu

ritmo de aprendizagem.

Para avaliação do projeto, foi elaborado um questionário discente com onze

questões, em que o estudante assinalava sua concordância, discordância ou

indiferença através de escala de Likert com 5 variáveis (Apêndice B). Também havia

um espaço aberto para que os estudantes expusessem suas opiniões, críticas e

sugestões. Esse questionário foi entregue para os alunos juntamente com o TCLE, na

última semana de novembro, no período das avaliações de recuperação. Após o

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término do módulo de neoplasia, os alunos se dividiram em diferentes grupos e

passaram pelo módulo das eletivas. Assim, a entrega dos questionários foi adiada em

função dessa divisão dos alunos, que não teriam mais as sustentações aplicadas de

patologia.

4.2 Caracterização das sustentações aplicadas da intervenção

Em 2014, o segundo ano do curso de Medicina tinha 107 alunos matriculados,

divididos em quatro turmas (A, B, C e D), cada uma com média de 26 alunos. Com

essa divisão de turmas, toda semana havia quatro sustentações aplicadas: às

segundas-feiras, das 13h 30 às 15h10 e das 15h30 às 17h10, e às quartas-feiras, das

8h às 9h40 e das 10h às 11h40. As sustentações foram divididas entre os professores

Juliana Abeche Fermozelli e Pedro Henrique Pizzo. Professora Juliana ficou

responsável pelas sustentações das segundas e prof. Pedro, pelas sustentações das

quartas feiras. Professor Pedro foi orientado sobre como seriam as sessões de BL e

concordou em aplicá-las nas suas aulas. Para essa intervenção, durante as

sustentações aplicadas, os alunos de cada turma eram orientados a se dividir em

quatro grupos, à maneira deles, mas respeitando o limite de 6-7 alunos por grupo. Em

cada sustentação, as atividades práticas desenvolvidas eram rotacionais, ou seja,

enquanto dois grupos discutiam sobre uma atividade, os outros dois grupos

realizavam outra atividade. Com pequenos grupos rotacionais, as aulas eram mais

dinâmicas e as discussões mais eficientes. Os professores poderiam observar e guiar

melhor os alunos no processo de aprendizagem. Cada sustentação teve em média

uma hora e meia de duração: 25 minutos para cada atividade e os últimos 30 minutos

reservados para um feedback do professor sobre as atividades desenvolvidas.

4.3 O Módulo Neoplasias

O Módulo Neoplasias teve início no dia 06 de outubro de 2014 e teve duração

de quatro semanas. O conteúdo teórico e as atividades práticas desenvolvidas pela

pesquisadora visavam contemplar os objetivos de aprendizagem definidos no projeto

pedagógico do curso. Os problemas desenvolvidos durante o módulo Neoplasias e os

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37

objetivos de aprendizagem estabelecidos estão presentes no Anexo 1. A intervenção

realizada nesse módulo seguiu o seguinte cronograma:

Semana 1:

Objetivos de aprendizagem: conceitos gerais de neoplasia e as

diferenças entre neoplasias benignas e malignas, tanto na histologia como nos seus

padrões clínicos.

Material didático disponibilizado no Moodle: uma aula em Power

Point e um resumo no Word baseado no principal livro de patologia geral utilizado nas

escolas médicas (Robbins).

Atividades práticas desenvolvidas nas sustentações:

Atividade 1 (Apêndice D): foram selecionadas cinco peças

macroscópicas e cinco lâminas de diferentes tipos de neoplasias (benignas e

malignas). Através do estudo microscópico e da observação macroscópica, os alunos

eram desafiados a classificar as neoplasias em benignas e malignas e utilizar a

nomenclatura adequada para cada uma.

Atividade 2 (Apêndice E): Testes com aplicação do conhecimento.

Foram elaboradas 10 questões de múltipla escolha baseadas no conteúdo teórico do

material didático depositado no Moodle.

Semana 2:

Objetivos de aprendizagem: conhecimentos gerais sobre angiogênese

e metástase;

Material disponibilizado no Moodle: uma apresentação em Power

Point sobre angiogênese e metástase e um artigo científico sobre angiogênese. Caso

tivessem mais interesse sobre o tema, havia também um link para acessar um

programa norte americano, chamado TED Talks, que discorria sobre as novas

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conquistas e expectativas em relação a angiogênese (link informal para incentivar a

contextualização do conhecimento).

Atividades práticas desenvolvidas nas sustentações:

Atividade 1 (Apêndice F): Os alunos receberam um caso clínico sobre

carcinoma gástrico, acompanhado de um laudo anátomo-patológico incompleto e as

lâminas de microscopia referentes. Associando clínica, macroscopia e histologia, os

alunos tentavam completar o laudo e fazer um estadiamento do paciente, discutindo

sobre prognóstico e tratamento mais adequado.

Atividade 2 (Apêndice G): Testes com aplicação do conhecimento.

Foram elaboradas catorze afirmativas para classificar em verdadeiro ou falso e três

questões de múltipla escolha.

Semana 3:

Objetivos de aprendizagem: conhecimentos gerais sobre as etapas da

carcinogenese e graduação e estadiamento das neoplasias.

Material disponibilidado no Moodle: duas aulas em power point: uma

sobre carcinógenos e outra sobre a graduação e estadiamento das neoplasias; um

link para acessar o site do Instituto Nacional do Câncer (INCA), que apresenta muitas

informações sobre epidemiologia e estatística das principais neoplasias do país e o

link para o site de anatomia patológica da UNICAMP, que contém textos de apoio e

muitas imagens macro e microscópicas explicativas.

Atividades práticas desenvolvidas nas sustentações:

Atividade 1 (Apêndice H): Foram selecionadas quatro peças

macroscópicas com diferentes neoplasias. Através da análise dessas peças, os

alunos as classificavam como primárias ou metástase e respondiam algumas

questões sobre epidemiologia das neoplasias referentes. Algumas peças tinham

sobreposição de patologias (ex: fígado com cirrose e hepatocarcinoma).

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39

Atividade 2 (Apêndice I): Essa atividade foi preparada em Power Point e

projetada para os alunos. A apresentação continha três casos clínicos de neoplasia,

todos ilustrados com fotos de macroscopia e microscopia. Ao final de cada caso, havia

questões sobre o tipo de neoplasia, fatores de risco, epidemiologia e prognóstico.

Semana 4:

Objetivos de aprendizagem: conhecimentos gerais sobre câncer de

mama e os principais métodos diagnósticos complementares em patologia.

Material disponibilizado no Moodle: duas aulas em power point: uma

sobre câncer de mama e outra sobre métodos diagnósticos complementares em

patologia.

Atividades práticas desenvolvidas nas sustentações:

Atividade 1 (Apêndice J): Caso clínico sobre câncer de mama,

abordando história familiar, relação com genes BRCA1 e BRCA2, imunohistoquímica

e opções terapêuticas. Nesta atividade, os alunos deveriam relacionar todos os dados,

como se fossem o oncologista da família, e explicar a patogenia da neoplasia.

Atividade 2 (Apêndice K): Testes com aplicação do conhecimento.

Foram realizadas cinco questões de múltipla escolha. Em cada questão, os alunos

deveriam também justificar a escolha da alternativa.

4.4 Análise estatística

Para avaliação da nossa pesquisa, utilizamos como instrumento um

questionário com Escala de Likert e variáveis de 1 a 5, representadas qualitativamente

e respectivamente pelas seguintes percepções: 1) “discordo totalmente”, “discordo

parcialmente”, “indiferente”, “concordo parcialmente” e “concordo totalmente” ou 2)

“muito ruim”, “ruim”, “indiferente”, “bom” e “muito bom” (Apêndice B). Assim, foi

possível tabular tais resultados para chegar às devidas conclusões da pesquisa.

Como qualquer utilização de um instrumento deve implicar a análise das suas

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características métricas e a validade dos dados a serem interpretados, os resultados

obtidos foram submetidos a análise de confiabilidade através do coeficiente alfa de

Cronbach63,64.

A confiabilidade é uma característica essencialmente associada ao

instrumento de medida utilizado e à amostra em que foi aplicado. Ela refere-se à

capacidade dessa medida ser consistente. Dessa forma, se um instrumento de

medida dá sempre os mesmos resultados quando aplicado a alvos estruturalmente

iguais, podemos confiar no significado da medida e dizer que essa medida é

confiável63.

O alfa de Cronbach é um instrumento útil para a investigação da confiabilidade

de uma medida e permite o estudo da precisão de um instrumento. O índice α estima

quão uniformemente os itens contribuem para a soma não ponderada do instrumento,

variando numa escala de 0 a 1. Essa propriedade é conhecida por consistência interna

da escala. De um modo geral, um instrumento ou teste é classificado como tendo

confiabilidade apropriada quando o α é pelo menos 0.70. 63 A utilização de uma única

estimativa de confiabilidade como base para tirar conclusões sobre um instrumento é

sujeita a erro, visto que qualquer estimativa está igualmente sujeita a erro. 63,64 Nessa

análise estatística, obteve-se um coeficiente de 0.7605, classificado como tendo

confiabilidade apropriada.

Para as análises estatísticas foram realizados testes Qui quadrado (X²): um

qui quadrado de aderência para determinar se o conjunto de dados obtidos seguiu

uma determinada distribuição de probabilidades e um Qui quadrado para avaliar a

associação entre aquisição de conhecimento em patologia e a nova metodologia

aplicada.

A estatística Qui-quadrado busca aferir o quanto os dados obtidos são

compatíveis com os valores de probabilidades fornecidos. Sua lógica consiste em

comparar os dados observados com os dados que deveriam ser observados numa

amostra hipotética (amostra de referência) que obedecesse fielmente às

probabilidades fornecidas. A estatística Qui-quadrado é uma medida da distância

entre os valores efetivamente observados e os que esperaríamos observar se a

amostra seguisse fielmente a estrutura fornecida de probabilidades. Quanto maior o

valor dessa estatística, maior é a evidência de que os dados não seguem a estrutura

de probabilidades fornecida.

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41

As pesquisas avaliativas, utilizando metodologias qualitativas e quantitativas,

ainda são pouco acessíveis aos leitores de publicações científicas na área da saúde.

No entanto, deve-se considerar que as questões relativas ao coletivo podem ser mais

adequadamente exploradas a partir de uma metodologia qualitativa. 64 Dentro deste

contexto, foi utilizado o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), uma técnica de tabulação

e organização de dados qualitativos. Assim, as opiniões e depoimentos dos alunos

foram metodologicamente tratados através do Qualiquantisoft (software desenvolvido

com base na teoria do DSC) com o objetivo de obter o pensamento coletivo. Essa

técnica consiste basicamente em analisar os depoimentos como sua matéria-prima,

extraindo-se de cada um destes as Ideias Centrais e as suas correspondentes

Expressões-Chave.

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43

5 RESULTADOS

5.1 Número de alunos incluídos na amostra

No ano letivo de 2014, o segundo ano de medicina da Faculdade de Ciências

Médicas e da Saúde tinha 107 alunos regularmente matriculados. Esta atividade foi

realizada durante a atividade curricular chamada Sustentação Aplicada. Desses 107

alunos, foram incluídos na amostra estudada os alunos que completaram todo o

questionário de avaliação e que concordaram com o Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido, o que resultou numa amostra de 71 alunos.

5.2. Análise dos questionários

Os resultados dos questionários foram avaliados primeiramente de forma

individualizada, por assertivas, através de um quadro. Em um segundo momento, os

escores da escala de Likert foram agrupados em aspectos favoráveis da intervenção

(variáveis 5 e 4) e aspectos indiferentes ou não favoráveis à intervenção (variáveis 3,

2 e 1).

5.2.1 Análise individualizada das assertivas

Os resultados individualizados das questões se encontram na tabela abaixo:

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Tabela 1 - Resultados obtidos na aplicação do questionário Concordo

Totalmente/ Muito Bom

Concordo Parcialmente/

Bom

Indiferente/ Regular

Discordo Parcialmente/

Ruim

Discordo Totalmente/ Muito ruim

Total

Não encontrei dificuldades para ter acesso ao material didático disponibilizado no Moodle.

27 26 05 11 02 71

Todas as vezes que era disponibilizado algum material didático no Moodle, eu acessava e estudava previamente às sustentações aplicadas.

01

25

04

29

12

71

O material depositado no Moodle foi utilizado principalmente nos momentos que antecederam as avaliações.

30 32 05 04 0 71

Avalie a qualidade do material didático que foi disponibilizado no Moodle no módulo de Neoplasias.

09 49 11 02 0 71

O conteúdo teórico de Patologia desenvolvido no material disponibilizado do Moodle aliado as sustentações aplicadas contemplaram os objetivos do Módulo de Neoplasias.

25

39

03

03

01

71

A possibilidade de estudar previamente as aulas e de forma personalizada foi ótima, pois contribuiu muito para consolidar meus estudos.

13

36

16

03

03

71

Nas sustentações aplicadas de Patologia, foi possível resolver todas as dúvidas que surgiram durante o seu estudo prévio individual.

17 37 10 06 01 71

Em relação as atividades práticas desenvolvidas nas sustentações aplicadas, estas foram:

14 40 15 02 0 71

As atividades desenvolvidas nas sustentações aplicadas, aliadas ao estudo prévio dos conteúdos teóricos, contribuíram para que eu conseguisse relacionar os processos patológicos em diversas situações da prática médica.

18

40

10

03

0

71

Acredito que a metodologia aplicada aumentou meu interesse em estudar e, dessa forma, aumentou meu grau de integração entre patologia e clínica.

15

34

11

10

01

71

Qual a sua avaliação geral sobre a experiência de mesclar aulas presenciais práticas com um estudo prévio virtual individual (blended learning)?

13

37

15

06

0

71

Fonte: tabela elaborada pela autora.

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45

5.2.2 Análise das questões divididas em Favoráveis ou Não favoráveis/

Indiferentes à intervenção.

Os resultados das questões divididas em Favoráveis ou Não favoráveis/

Indiferentes à intervenção se encontram na tabela abaixo:

Tabela 2 - Resultados em % Favoráveis ou Não Favoráveis/ Indiferentes à

intervenção.

Indiferente/ Desfavorável a Intervenção (%)

Favorável a Intervenção

(%)

Total

p

Não encontrei dificuldades para ter acesso ao material didático disponibilizado no Moodle.

26 74 100% <0,05

Todas as vezes que era disponibilizado algum material didático no Moodle, eu acessava e estudava previamente às sustentações aplicadas.

74

36

100%

<0,05

Os materiais depositados no Moodle foram utilizados principalmente nos momentos que antecederam as avaliações.

13

87

100%

<0,05

Qualidade do material didático que foi disponibilizado no Moodle no módulo de Neoplasias.

19

81

100%

<0,05

O conteúdo teórico de Patologia desenvolvido no material disponibilizado do Moodle aliado as sustentações aplicadas contemplaram os objetivos do Módulo de Neoplasias.

10

90

100%

<0,05

A possibilidade de estudar previamente as aulas e de forma personalizada foi ótima, pois contribuiu muito para consolidar meus estudos.

31

69

100%

<0,05

Nas sustentações aplicadas de Patologia, foi possível resolver todas as dúvidas que surgiram durante o seu estudo prévio individual.

24

76

100%

<0,05

Avaliação das atividades práticas desenvolvidas nas sustentações aplicadas.

24 76 100% <0,05

As atividades desenvolvidas nas sustentações aplicadas, aliadas ao estudo prévio dos conteúdos teóricos, contribuíram para que eu conseguisse relacionar os processos patológicos em diversas situações da prática médica.

19

81

100%

<0,05

Acredito que a metodologia aplicada aumentou meu interesse em estudar e, dessa forma, aumentou meu grau de integração entre patologia e clínica.

31

69

100%

<0,05

Avaliação geral sobre a experiência de mesclar aulas presenciais práticas com um estudo prévio virtual individual (Blended Learning).

30

70

100%

<0,05

Fonte: tabela elaborada pela autora.

Para fins ilustrativos, foi construído um gráfico de setores da média aritmética

dos resultados favoráveis e indiferentes/ não favoráveis (Figura 01). É importante

ressaltar que nos 11 itens avaliados, existiram resultados favoráveis em 10 deles.

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46

Mais ainda, em todos os momentos que existiram resultados favoráveis, ele excedeu

66% (dois terços) das respostas.

Figura 1 - Gráfico de setores das médias aritméticas das respostas favoráveis e

indiferentes/ não favoráveis à implantação de estratégias de Blended-Learning no

módulo de Neoplasias do 2º ano de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da

Saúde, 2014.

Fonte: gráfico elaborado pela autora.

5.2.3 Confiabilidade do instrumento de avaliação

Entre os diferentes métodos que nos fornecem estimativas do grau de

consistência de um instrumento de avaliação salienta-se o índice de Cronbach. Esse

método é preconizado para os casos em que os itens da escala são heterogéneos.

Nesta pesquisa, obtivemos um coeficiente de 0.7605, classificado como confiabilidade

apropriada. A utilização de uma única estimativa de confiabilidade como base para

tirar conclusões sobre um instrumento é sujeita a erro, visto que qualquer estimativa

está igualmente sujeita a erro.

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47

5.3 Avaliação dos Conceitos obtidos pelos estudantes nas avaliações do

Módulo Neoplasias

Como o curso de Medicina da FCMS avalia seus alunos apenas por conceitos

Satisfátorio e Insatisfatório, buscou-se nos dois anos anteriores as questões

referentes aos conteúdos de patologia no módulo de Neoplasia. No ano de 2012, nas

avaliações somativas, avaliaram-se 4 questões de patologia no 4o Salto Triplo e 4a

Prova Escrita. No ano de 2013, foram 4 questões. No ano desta intervenção (2014),

avaliaram-se 3 questões. A análise de variância não paramétrica das medianas

evidenciou que houve uma melhor performance dos alunos de 2014 na avaliação,

quando comparados aos dados de 2013.

Quadro 1 - Número de conceitos satisfatórios nas questões envolvendo patologia no

4º Salto Triplo e 4ª Prova Escrita do 2º Ano do Curso de Medicina da FCMS nos anos

de 2012, 2013 e 2014.

Ano Letivo

Número de

Alunos

Número da

Questão

Tipo de Avaliação

Número de Alunos

Satisfatórios

% de Alunos Satisfatórios

Média de alunos Satisfatório no

Módulo Neoplasia

2012 99

3 Salto Triplo 85 85,86

82,0715,87 4 Prova Escrita 99 100,00

5 Prova Escrita 61 61,62

7 Prova Escrita 80 80,81

2013 112

1 Salto Triplo 71 63,39

75,369,96*

2 Salto Triplo 80 71,43

3 Salto Triplo 80 71,43

3 Prova Escrita 97 86,61

4 Prova escrita 94 83,93

2014 107

1 Salto Triplo 98 91,59

89,724,94 2 Salto Triplo 90 84,11

1 Prova Escrita 100 93,46

p < 0,05 vs 2014

Fonte: quadro elaborado pela autora.

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48

Figura 2 - Média ± desvio-padrão do número de conceitos satisfatórios nas questões

envolvendo patologia no 4o Salto Triplo e 4a Prova Escrita do 2o Ano do Curso de

Medicina da FCMS nos anos de 2012, 2013 e 2014*.

*O uso da médiadesvio padrão, como medida de tendência central, é ilustrativa. Fonte: Figura elabora pela autora.

5.4. Análise das Respostas Abertas

No final dos questionários, existia um espaço para que os estudantes

pudessem fazer comentários, críticas e sugestões. Dos 71 alunos que participaram

da implantação do Blended Learning, 35 alunos preencheram o espaço de respostas

abertas.

Esses relatos coletados foram metodologicamente tratados através do

Qualiquantisoft (software desenvolvido com base na teoria do DSC), com o objetivo

de obter o pensamento coletivo. Extraíram-se de cada um desses depoimentos as

Ideias Centrais, que foram divididas em 8 categorias: A) Aprovam a metodologia; B)

Blended Learning

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A metodologia auxilia na contextualização; C)Tempo em sala de aula inadequado para

a metodologia; D) Não estudaram previamente/Não utilizaram de forma adequada a

metodologia; E) É necessário maior empenho dos professores em sala de aula; F)

Preferem aulas teóricas-expositivas; G) Poderia ter mais aulas práticas com histologia;

H) Faltou organização na aplicação da metodologia.

Os resultados quali-quantitativos da pesquisa são demostrados abaixo:

Tabela 3 - Resultados qualiquantitativos da análise do DSC dos comentários dos

alunos.

(n)

Frequência relativa (ideias)

Frequência relativa

(entrevistados)

Pesquisa

Estratégias de Blended Learning (ensino hibrido) no ensino de patologia geral num curso de Medicina

Opinião sobre a metodologia utilizada (Blended Learning) no módulo Neoplasias

A- Aprovam a metodologia

7 20.00 % 20.00 %

B- A metodologia auxilia na contextualização

7 20.00 % 20.00 %

C- Tempo em sala de aula inadequado para a metodologia

4 11.43 % 11.43 %

D- Não estudaram previamente/ Não utilizaram de forma adequada a metodologia

8 22.86 % 22.86 %

E- Necessário maior empenho dos professores em sala de aula

1 2.86 % 2.86 %

F- Preferem aulas teóricas expositivas

5 14.29 % 14.29 %

G- Poderia ter mais aulas práticas com histologia;

1 2.86 % 2.86 %

H- Faltou organização na aplicação da metodologia

2 5.71 % 5.71 %

TOTAL DE IDEIAS 35 TOTAL DE ENTREVISTADOS 35

Fonte: tabela elaborada pela autora.

A pesquisa resultou em interessantes discursos / posicionamentos dos

alunos. Os discursos-síntese de cada categoria estão descritos abaixo:

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50

Categoria A - “Na minha opinião a metodologia está caminhando bem e

poderia ser utilizada em mais módulos, mesclando com as aulas teóricas. As aulas

foram mais dinâmicas. As discussões em grupos e com os professores foram muito

válidas. Achei a metodologia muito proveitosa e eficiente. Acredito que poderiam ter

mais aulas práticas com essa metodologia. Não tenho críticas sobre a intervenção

realizada. ”

Categoria B - “Acredito que a metodologia permitiu um maior conhecimento,

trabalho em grupo e aulas mais dinâmicas. Com mais atividades práticas foi possível

aprender melhor, gravar mais e estar mais próximo da prática médica. Aliar os

conhecimentos prévios às aulas permitiu visualizar melhor a teoria, sendo mais

produtivo que as aulas apenas teóricas. A metodologia permitiu correlacionar os

temas com a realidade, estimulando o raciocínio e me colocando em situações

problemas que exigiram discussões e integração de diferentes áreas. ”

Categoria C – “Na minha opinião, as aulas não possibilitaram um tempo de

aprendizado do que deveria ser previamente resumido, pois havia pouco tempo em

sala de aula para realizar as atividades e na hora da correção, esta era feita

superficialmente e o professor não conseguia fazer o feedback da aula. Outras vezes

as aulas demoravam muito e os alunos dispersavam.”.

Categoria D – “Não utilizei o recurso de forma regular, pois havia dificuldade

em ler o material previamente. A disponibilização dos materiais deve ser feita com

maior tempo de antecedência. Estes nem sempre foram disponibilizados antes da

aula, o que dificultou o estudo. Acredito que faltou estimular o estudo prévio e, por

parte dos alunos, desenvolver a metodologia de forma correta. A metodologia só era

benéfica quando eu conseguia ter acesso ao material previamente. A aula depender

do estudo prévio não flui de maneira adequada. ”

Categoria E – “Na minha opinião, faltou maior participação dos professores

nas aulas. ”

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51

Categoria F – Eu ainda prefiro as aulas em que as informações são dadas

em sala. Nesta metodologia os conteúdos são passados de forma muito superficial,

as aulas não são boas e tenho que recorrer aos vídeos de aulas na internet (youtube).

O mais interessante seria realizar uma aula convencional e depois disponibilizar

atividades para serem feitas na aula ou em casa. Atividades práticas em aula são

desmotivantes. Seria melhor fazer uma autoavaliação do que se leu em casa, por meio

de apresentação de slides.

Categoria G – “Acredito que a metodologia poderia dar mais ênfase na

histologia. ”

Categoria H – “Na minha opinião, faltou organização na preparação dos

materiais e também na disponibilização dos materiais. Seria legal aprimorar as

atividades em sala e o material oferecido para estudo. ”

Todas as 35 sugestões/ comentários dos alunos estão transcritas no Apêndice

L.

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53

6 DISCUSSÃO

O presente estudou analisou o impacto da associação do Blended Learning

ao ensino de patologia através das respostas discentes obtidas em questionário

estruturado.

Durante a implantação do Blended Learning, pôde-se observar que a grande

maioria dos alunos se mostrou receptiva à nova metodologia e bastante colaborativa,

o que demonstrou consonância à literatura sobre a aceitabilidade e a satisfação dos

alunos às metodologias ativas. 65 O planejamento das atividades e conteúdos foram

desenvolvidos visando contemplar os objetivos de aprendizagem propostos no

Módulo Neoplasias e buscando adequá-los à proposta metodológica. Dessa forma,

não houve interferência negativa da intervenção ao cronograma e a grade curricular

do curso.

Atualmente, há estudos que comparam o efeito do método expositivo

tradicional de aulas ao Blended Learning na aprendizagem e a satisfação dos alunos

no processo de ensino médico. 66-68 Em alguns estudos, a aquisição de conhecimento

dos participantes em avaliações não teve diferença estatística entre os dois grupos.

Um estudo realizado por Sadeghi 67 na Escola de Saúde Pública da Universidade de

Ciências Médicas do Teerã, entre 2012 e 2013, comparou o impacto de aulas com

metodologia Blended Learning ao das aulas tradicionais. Quatro classes foram

selecionadas aleatoriamente e divididas em dois grupos: duas classes (45 alunos)

com método tradicional de aulas expositivas e nas outras duas classes (48 alunos)

com Blended Learning. No final da intervenção, o conhecimento dos alunos dos dois

grupos foi avaliado e medido por meio de pré e pós-testes. A satisfação dos

estudantes e comentários sobre os dois métodos foram investigados por meio de

questionários. Os escores de conhecimento aumentaram em ambos os grupos após

a intervenção. No entanto, a satisfação dos alunos com o método blended foi maior

do que com o método tradicional. Os resultados revelaram que o método pode ser

eficaz para motivar a aprendizagem dos alunos. Logo, quando se refere à motivação,

engajamento e desenvolvimento de habilidades dos alunos, a maioria dos estudos

aponta um maior benefício destas competências com o uso da metodologia. 68-71

Outra observação feita durante a intervenção e que merece ser discutida é a

relação que os alunos mostraram com a histopatologia. Durante algumas atividades

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práticas, houve abordagem do estudo microscópico, no entanto não era necessário

dar diagnósticos específicos sobre os casos mostrados. A histologia era apresentada

apenas para que os alunos pudessem identificar algumas características gerais das

neoplasias benignas e malignas. No entanto, a maioria dos alunos demonstrou grande

dificuldade para executar essas atividades. Muitos não eram capazes de identificar o

tecido ou órgão que estava sendo estudado. Além das dificuldades, muitos mostraram

também desinteresse em aprender.

Esse fato nos leva a questionar o papel da abordagem histopatológica no

ensino. Seria realmente importante o aprendizado das alterações microscópicas dos

processos patológicos? Como valorizar esse conhecimento para os alunos e como

aplicá-lo de forma contextualizada? Tais questionamentos levantados na presente

pesquisa se dão de modo a confirmar a importância de repensar a prática pedagógica

e, por isso mesmo, já são problematizados por diversos estudiosos da área de

patologia. 54,55,61,72 O profundo conhecimento histológico e diagnóstico não é

necessário para a grande maioria das especialidades médicas. A elaboração de

diagnósticos e laudos anátomo-patológicos exige um treinamento intensivo, muita

técnica e conhecimento específico73. Não é possível exigir tais conhecimentos dos

estudantes de medicina e dos médicos generalistas. No entanto, deve-se considerar

um conteúdo mínimo de histopatologia para que haja adequada compreensão dos

mecanismos de doenças e das repercussões causadas por elas.61 Torna-se

necessária uma discussão sobre os conteúdos de patologia que devem ser ensinados

na graduação e, principalmente, quais métodos devem ser utilizados para uma

aprendizagem significativa. 52,72,74,75

Em 2015, a Associação Canadense de Patologistas (ACP) se propôs a

estabelecer as competências básicas em patologia e medicina laboratorial que devem

ser desenvolvidas em todos graduandos. 74 Essas competências foram

posteriormente aprovadas pelo setor executivo da ACP e do Conselho de Liderança

Canadense em Medicina Laboratorial. Esse documento fornece a primeira lista

abrangente de competências em patologia e medicina laboratorial esperadas para a

formação de um bom médico generalista, independente da especialidade médica que

irá cursar. Dentre as competências estabelecidas, pode-se destacar a compreensão

dos mecanismos gerais das doenças, permitindo correlacionar os sinais e sintomas

delas; desenvolvimento de um raciocínio médico adequado sobre a etiopatogenia das

principais doenças, com capacidade para planejar ações para prevenção ou

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tratamento; condições teórico-científicas adequadas para dialogar sobre a

patogênese de uma doença, de forma clara e com segurança, com outros

profissionais da área da saúde ou pacientes e busca de conhecimentos gerais em

patologia para desenvolver diagnósticos diferenciais plausíveis. O estudo enfatiza

também a importância de integrar a patologia à área de medicina laboratorial,

fornecendo condições para que o egresso do curso médico saiba solicitar exames

médicos específicos de forma adequada e com as informações necessárias,

compreendendo as limitações de cada exame.

Um estudo americano realizado por Sadofsky et al. 75 também propôs o

desenvolvimento de competências específicas em patologia a serem implementadas

em todo o país, através de um conjunto coerente de objetivos de aprendizagem e um

instrumento adequado para avaliar a aquisição, integração e aplicação do

conhecimento. O estudo alega que a existência de normas nacionais para

competências preserva a independência das escolas na concepção específica do

currículo, garantindo simultaneamente que todos os alunos atendam às crescentes

necessidades da prática médica.

Um estudo que comparou os dois modelos de metodologias (tradicional x

centrada nos alunos) nas aulas de patologia na Universidade Wright State, em Ohio,

nos EUA, demonstrou que o desempenho geral nos exames finais não foi diferente

entre os dois grupos de alunos. No entanto, as discussões centradas nos alunos

apresentaram um melhor rendimento para a parcela de estudantes que estavam entre

os 25% com menor de desempenho acadêmico. 76 A metodologia centrada no aluno

permitiu resgatar os alunos que estavam com deficiências de aprendizagem em

patologia.

O acesso à tecnologia e o domínio das ferramentas é um dos fatores mais

importantes para adequada aplicação do Blended Learning e consequente satisfação

dos alunos que fazem uso dessa metodologia. 77 Nesta intervenção, 74% dos

discentes relataram fácil acessibilidade ao ambiente virtual. O material era

disponibilizado no Moodle com uma semana de antecedência às sustentações

aplicadas. Havia comunicação no fórum geral do segundo ano de medicina sobre o

material depositado. No entanto, mesmo assim, alguns alunos (26%) apresentaram

dificuldades no acesso, o que pode prejudicar o desempenho no uso da referida

metodologia, visto que, para uma aplicação eficiente do Blended Learning, os alunos

deveriam realizar o estudo virtual prévio sobre os temas propostos.19

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Outro aspecto importante encontrado foi que 87% dos alunos afirmaram que

só acessaram o material didático para estudar no período prévio às avaliações.

Nitidamente, percebe-se que muitos só sentem a necessidade de consolidar o

aprendizado para obter um melhor desempenho no processo de avaliação. Esse

resultado reflete que, apesar dos alunos estudarem numa instituição que preconiza

metodologias ativas de aprendizagem e centradas nos alunos, eles ainda estão

atrelados a conceitos do ensino tradicional e têm as avaliações somativas como o

principal motivador para aquisição do conhecimento.

Como em todas as metodologias ativas, o aluno deve assumir a

responsabilidade na construção do seu conhecimento, visto que as metodologias

ativas concebem a educação como a forma de apontar caminhos para a

autonomia.7,8,16,17 Ela é indispensável para o desenvolvimento da consciência crítica

no sentido de transformar a realidade. No Blended Learning, em particular, sobretudo

no modelo Flipped Class, as aulas práticas são mais produtivas quando o aluno faz o

estudo individual prévio. Assim, durante as discussões e questionamentos, os

estudantes podem perceber as suas deficiências e tomar medidas para superá-las.

19,36 No entanto, deve-se considerar as dificuldades que os discentes possam ter

devido à imaturidade, inerente a díspares fatores, como a idade e a forte presença da

metodologia tradicional em sua vida acadêmica até então. Muitas vezes, isso pode

levar à incompreensão do papel das metodologias ativas e da independência que

devem adquirir na construção do conhecimento.17,18 Cabe às instituições de ensino

fornecer aos discentes as informações acerca das propostas metodológicas utilizadas,

de modo a criar com eles uma parceria que seguirá coesa até o fim do curso, fazendo-

os se sentirem mais seguros e confiantes no processo de aprendizagem78.

Em relação aos conteúdos de patologia que devem der ensinados na

graduação, são necessários objetivos de aprendizagem claros e bem estabelecidos,

bem como o que se espera do aluno para as atividades práticas, avaliações e futuro

profissional. Nesta intervenção, 90% dos alunos consideraram que os temas

desenvolvidos (conteúdo teórico e aulas práticas) contemplaram adequadamente os

objetivos propostos no Módulo Neoplasias do projeto pedagógico da faculdade. Nas

atividades práticas desenvolvidas em sala de aula, 76% dos alunos afirmaram que

conseguiram solucionar as dúvidas que apresentavam, o que pode propiciar um

aprendizado mais eficiente em patologia.

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Dentre os principais fatores que contribuem para uma aprendizagem eficiente

e significativa estão as abordagens didáticas em sala de aula e as interações

interpessoais78. A aprendizagem ativa com feedback regular de um professor e dos

pares serve como reforço para garantir que o aprendizado ocorra16,18,78. Esses fatores

foram possibilitados nas sessões práticas de Blended Learning e ajudaram a criar um

ambiente produtivo e motivador de aprendizagem.

A maioria das escolas médicas tende a centrar o ensino dos processos

patológicos gerais das doenças mais comuns, com base na observação de que a

maioria dos estudantes será de clínicos gerais e que atuarão dentro de um número

limitado de enfermidades, de acordo com dados epidemiológicos. Mesmo assim, há a

percepção de que o aprendizado em patologia é difícil, pois nem todo conhecimento

está claro e diretamente relacionado à prática profissional futura, o que não desperta

interesse dos estudantes. 50,60 A grande dificuldade de contextualização dos

processos patológicos limita o aprendizado, pois a contextualização é um dos

pressupostos andragógicos que se apresentam como elementos facilitadores e

orientadores na relação de aprendizagem entre adultos. Na andragogia, há a

necessidade de se estabelecer uma coerência entre o campo teórico e as realidades

encontradas no processo de aprendizagem.17,18

Neste estudo, a contextualização dos processos patológicos pôde ser

explorada durante as atividades práticas desenvolvidas em aula. Nas respostas

discentes, 81% dos alunos afirmaram que a metodologia contribuiu para que

relacionassem a patologia a diversas situações da prática médica, favorecendo a

integração entre as diferentes áreas. Essa análise revela o quanto é possível integrar

a patologia a outras áreas do conhecimento através de metodologias ativas,

facilitando a compreensão dos processos patológicos. O Blended Learning colocou

aos alunos a oportunidade não apenas de aprender o conteúdo, mas também de

produzir conhecimento de forma contextualizada, cooperativa e prática, reforçando o

potencial desenvolvimento de competências que a metodologia proporciona. 24,69

Um ambiente de ensino diversificado pode adicionar satisfação ao processo

discente de aprendizagem. A combinação de metodologias e diferentes recursos é

muitas vezes mais criativa do que a abordagem de métodos passivos e tradicionais,

o que melhorara a motivação dos alunos. 79 As variadas metodologias ajudam a tornar

o conteúdo interessante, o que motiva os alunos a estudar.

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O tema complexo de motivação e aprendizado tem sido descrito

extensivamente por Keller. 80 O autor destaca que para alcançar motivação dos alunos

é necessário despertar a curiosidade, percebida com uma lacuna no conhecimento

atual e a relevância, ou seja, quando os alunos percebem que a informação é

relevante para seu aprendizado e futura atividade profissional, eles se sentem mais

motivados.

No presente estudo, 69% dos alunos se sentiram mais interessados em

estudar patologia com essa metodologia. Esse dado reforça o efeito motivador do

Blended Learnig no processo de aprendizagem.

A análise comparativa entre os conceitos obtidos nas avaliações de patologia

do Módulo Neoplasias nos anos 2012, 2013 e 2014 mostrou que o ano da intervenção

teve um maior número de alunos com o conceito satisfatório nas questões. Deve-se

considerar que a comparação está atribuída a grupos de alunos heterogêneos e

avaliados por questões diferentes e em diferentes momentos. No entanto, o alto índice

de conceito satisfatório nas avaliações pode sugerir uma aprendizagem mais eficiente

com a nova metodologia. Adicionalmente, a comparação demonstra que a iniciativa

pôde ser conseguida de forma eficaz, respeitando o projeto pedagógico e que, acima

de tudo, não prejudicou o desempenho dos estudantes.

Um estudo recente realizado na Universidade de Johannesburg, África do Sul,

buscou avaliar o impacto da adoção de uma metodologia blended no ensino de

Anatomia e Fisiologia. Através das repostas discentes, a pesquisa avaliou a satisfação

dos alunos em relação à metodologia e à percepção de aprendizagem proporcionada

pela metodologia. Em relação à satisfação e capacidade de aprendizado, a maioria

dos alunos respondeu positivamente. 81 Nos EUA, em 2013, na Universidade da

Carolina do Norte, um estudo avaliou a performance dos alunos que utilizaram

Blended Learning no ensino de farmacoterapia cardiovascular. A maioria dos

participantes afirmou que a união de ensino prévio dos conteúdos, atividades práticas

aplicadas em aulas e atividades online melhorou a capacidade de aprendizagem. 82

Na avaliação geral sobre a satisfação dos alunos em relação à experiência

com o Blended Learning, 70% das respostas foram de escore 5 e 4, considerando

então a aprovação da metodologia pela maior parte dos alunos. Esse resultado está

consoante aos dados encontrados na literatura, visto que a maioria dos estudos

recentes sobre Blended Learning na área da saúde demonstram maior satisfação dos

alunos com a nova metodologia. 65-68,77,82

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Os dados quali-quantitativos mostraram que as respostas mais frequentes

foram relacionadas aos Discursos do Sujeito Coletivo (DSC) cujo sentido girava em

torno da ideia de que a metodologia utilizada teve boa aceitabilidade e propicia um

aprendizado contextualizado (Categorias A e B). Esse resultado reforça consonância

à literatura sobre a aceitabilidade, a satisfação dos alunos e o desenvolvimento de

competências com a metodologia. 65

Outro ponto que merece ser destacado é o DSC das categorias C (11,43%) e

H (5,71%). O tempo utilizado nas atividades desenvolvidas em sala de aula variava

de acordo com a dinâmica dos grupos. Alguns grupos apresentavam maior facilidade

para desempenhar as atividades, enquanto outros necessitavam de um tempo maior.

Essa heterogeneidade do corpo discente alterava o ritmo da metodologia em sala de

aula. No entanto, deve-se ressaltar que essa percepção sobre a aprendizagem

discente reforça a importância do ensino personalizado que o Blended Learning pode

proporcionar. 19,28,32 Para melhores resultados, deve-se adequar as atividades práticas

desenvolvidas ao espaço físico, tempo disponível e ao número de alunos e docentes

participantes. Tais correções podem ser feitas em novas edições da metodologia.

Os discursos das categorias D e F refletem a dificuldade que alguns alunos

apresentam no desenvolvimento da autonomia do aprendizado. O DSC da categoria

D demonstra que alguns discentes não estudaram previamente às sustentações.

Como discutido anteriormente, os alunos precisam abandonar a postura de receptores

de informação e tornarem-se críticos e autônomos. 12,19 O DSC da categoria F

demonstra que alguns alunos ainda estão fortemente atrelados ao ensino tradicional

com aulas expositivas. Entretanto, para o desenvolvimento de competências, é

preciso que o conteúdo trabalhado em sala de aula seja agradável e venha

acompanhado de atividades interessantes e criativas, que desenvolvam as

habilidades necessárias para a aprendizagem do aluno. 10,16

Os DSC das categorias E e G tiveram um baixo percentual. Apenas um aluno

mostrou interesse em histopatologia e um aluno relatou a necessidade de maior

empenho dos docentes nessa metodologia.

Deve-se destacar que a análise quali-quantitativa se mostrou um instrumento

importante para a geração de dados primários que, na qualidade de “feedback”,

podem ser úteis tanto para os docentes quanto para as instituições de ensino.

Por fim, convém ressaltar que o foco desta pesquisa foi adotar uma

metodologia ativa que auxiliasse a contextualização dos processos patológicos. O

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Blended Learning foi a ferramenta que pareceu mais adequada para a intervenção.

Não visamos, neste trabalho, defender o Blended Learning como estratégica única ou

a metodologia mais eficiente da atualidade. O desafio das mudanças na formação

médica passa pelo rompimento de estruturas pedagógicas rígidas e inflexíveis, em

busca de múltiplas abordagens que formem profissionais adequados às demandas

sociais e com valorização da qualidade da assistência à saúde.10

A maior parte dos estudos realizados sobre a metodologia do Blended

Learning na área médica se refere a relatos de experiências de curta duração,

apresentando ampla diversidade de métodos instrucionais e limitados à avaliação da

reação dos alunos e da aprendizagem. Há poucos estudos sobre mudanças efetivas

no ambiente, pois, para isso, seria necessário um maior tempo de intervenção e

estabelecimento de critérios precisos de avaliação da intervenção e dos grupos

populacionais.

Esta pesquisa é importante para alertar sobre a abordagem do ensino da

patologia nas escolas médicas. Há a perspectiva de que os resultados obtidos sejam

agora alvo de reflexão por parte de docentes, de forma a ultrapassar fragilidades e

propor alternativas para novas edições da metodologia ou outras propostas

pedagógicas. Deve-se enfatizar que, apesar das alterações curriculares, o

conhecimento dos processos patológicos ainda é fundamental para a formação

médica. Para essa área do conhecimento ter um aprendizado significativo, deve-se

avaliar qual a melhor abordagem metodológica para promover a contextualização do

saberes e integração com as diferentes áreas médicas.

É importante que se repense a organização do ensino da patologia, da postura

dos professores à organização das salas, e se estabeleça uma seleção criteriosa dos

conteúdos e da maneira como a tecnologia pode ser inserida neste cotidiano,

respeitando as condições materiais, locais, perfil dos alunos e dos docentes.

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7 CONCLUSÃO

Pode-se concluir que a associação do Blended Learning proporcionou um

aprendizado mais contextualizado e motivador para os alunos, permitindo a integração

do ensino da patologia às novas competências educacionais.

Este trabalho permitiu garantir aos estudantes novos ambientes e estratégias

de aprendizagem, buscando maior dinamismo, envolvimento e contextualização dos

saberes. A possibilidade de os estudantes terem acesso a suporte tecnológico para

as aulas é um evento motivador com expectativa de melhorar os resultados da

aprendizagem e diversificar o currículo médico.

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APÊNDICES

Apêndice A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE )

Título do Trabalho de Pesquisa: Associação de blended learning ao ensino de

Patologia Geral no curso de Medicina da FCMS da PUC-SP.

Você está sendo convidado a participar da pesquisa cujo título está descrito

acima. Trata-se de um estudo quantitativo exploratório de estudo de caso, que propõe

a associação de blended learning ao ensino da Patologia Geral como um recurso

adicional de estudo, respeitando a matriz curricular atual. Nestas últimas semanas, no

módulo de Neoplasias, foi disponibilizado um material didático para estudo no

ambiente Moodle. Essa combinação de estudo virtual prévio e aulas presenciais

práticas é conhecida como blended learning, mais especificamente o modelo flipped

class. O blended learning refere-se a um sistema de ensino em que parte da

construção do conhecimento teórico é feita virtualmente, individualmente ou em

grupos, num ambiente online específico. Aliadas a este ambiente virtual, são

necessárias situações presenciais com professores capacitados para atividades de

aplicação prática, propondo maior dinamismo, mobilização e integração dos

envolvidos. O objetivo desta pesquisa é avaliar o efeito da associação do blended

learning ao ensino de patologia para os alunos do 2º ano do curso de medicina da

FCMS da PUC-SP, sob a ótica dos estudantes, quanto ao estímulo ao estudo

proporcionado pela nova metodologia e a capacidade de contextualizar os processos

patológicos na pratica médica.

Para participar desta pesquisa, você deve apenas responder ao questionário

a seguir, baseando-se na sua experiência com a metodologia aplicada nas aulas de

patologia. O questionário será disponibilizado pelo pesquisador responsável (Juliana

Abeche Fermozelli) e cada aluno terá privacidade para responder. Ao respondê-lo,

estará aceitando os termos do estudo e assinando este TCLE. Você não é obrigado a

participar da pesquisa respondendo ao questionário e poderá desistir de participar a

qualquer momento, bastando para isso não entregá-lo. Você poderá retirar seu

consentimento da pesquisa solicitando por e-mail ao pesquisador responsável, que

excluirá seus dados e respostas. Os pesquisadores se comprometem a manter em

sigilo sua identidade. A recusa em participar do estudo não trará qualquer

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consequência à sua vida acadêmica ou profissional. Caso existam dúvidas sobre o

questionário, o entrevistado pode, a qualquer momento, entrar em contato com a

pesquisadora Juliana Abeche Fermozelli, pelo telefone 15-991094180. O Prof. Dr.

Mário Luís Ribeiro Cesaretti é o orientador da pesquisa, e também poderá atendê-lo

no telefone 15-997224486. O Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências

Médicas e da Saúde da PUC/SP aprovou este estudo e, caso você necessite de outros

esclarecimentos ou tenha algo a comunicar ao comitê, o telefone é: 15-32129896, em

horário comercial. Aceitando participar deste estudo, você fornecerá informações

importantes e que poderão ser úteis para que a FCMS da PUC-SP possa avaliar sua

tarefa na construção de conhecimento em Patologia e fazer ajustes, caso seja

necessário, contribuindo consequentemente na formação de profissionais médicos.

Ao final do estudo, os pesquisadores se comprometem a comunicar-lhe os resultados

e orientações que possam ser úteis para sua formação médica. Uma cópia deste

consentimento informado será mantida em arquivo do pesquisador responsável pelo

estudo e você deve guardar uma cópia deste e-mail como seu documento consentindo

em participar (TCLE). Sua participação no estudo não lhe acarretará custos e não

haverá qualquer compensação financeira adicional.

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Apêndice B - Questionário de avaliação sobre a associação de Blended

Lerning ao ensino de patologia geral para o 2º ano de medicina da FCMS da

PUC-SP

Questionário de avaliação sobre a associação de blended learning ao ensino

de Patologia Geral para o 2º ano de Medicina da FCMS da PUC-SP

Caros alunos:

Nestas últimas semanas, no módulo de Neoplasias, foi disponibilizado um

material didático para estudo prévio no ambiente Moodle e as sustentações aplicadas

foram atividades práticas com discussões em grupos e posterior orientação do

professor. Essa combinação de estudo virtual prévio e atividades práticas em aulas

presenciais é conhecida como blended learning, mais especificamente o modelo de

flipped class. Esta pesquisa tem como objetivo avaliar, sob a ótica dos estudantes, a

associação do blended learning ao ensino da Patologia Geral.

I) Informações pessoais:

Sexo:

( ) Masculino

( ) Feminino

Faixa Etária:

( ) 18- 20 anos

( ) 20- 22 anos

( ) 22- 25 anos

( ) acima de 25 anos.

II) Avaliação sobre a associação de blended learning ao ensino de Patologia

Geral. Dê a sua opinião sobre as afirmações de 1 a 11.

1) Não encontrei dificuldades para ter acesso ao material didático

disponibilizado no Moodle.

a) Concordo totalmente;

b) Concordo parcialmente;

c) Indiferente;

d) Discordo parcialmente;

e) Discordo totalmente.

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2) Todas as vezes que era disponibilizado algum material didático no ambiente

Moodle, eu acessava e estudava previamente às sustentações aplicadas.

a) Concordo totalmente;

b) Concordo parcialmente;

c) Indiferente;

d) Discordo parcialmente;

e) Discordo totalmente.

3) Os materiais depositados a distância (Moodle) foram utilizados

principalmente nos momentos que antecederam as avaliações.

a) Concordo totalmente;

b) Concordo parcialmente;

c) Indiferente;

d) Discordo parcialmente;

e) Discordo totalmente.

4) Avalie a qualidade do material didático que foi disponibilizado no Moodle no

módulo de Neoplasias:

a) Ótimo;

b) Bom;

c) Regular;

d) Ruim;

e) Muito ruim.

5) O conteúdo teórico de patologia desenvolvido no material disponibilizado do

Moodle aliado as sustentações aplicadas contemplaram os objetivos do Módulo de

Neoplasias.

a) Concordo totalmente;

b) Concordo parcialmente;

c) Indiferente;

d) Discordo parcialmente;

e) Discordo totalmente.

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75

6) A possibilidade de estudar previamente as aulas e de forma personalizada

foi ótima, pois contribuiu muito para consolidar meus estudos.

a) Concordo totalmente;

b) Concordo parcialmente;

c) Indiferente;

d) Discordo parcialmente;

e) Discordo totalmente.

7) Nas sustentações aplicadas de patologia, foi possível resolver todas as

dúvidas que surgiram durante o seu estudo prévio individual.

a) Concordo totalmente;

b) Concordo parcialmente;

c) Indiferente;

d) Discordo parcialmente;

e) Discordo totalmente.

8) Em relação as atividades práticas desenvolvidas nas sustentações

aplicadas, estas foram:

a) Ótimas;

b) Boas;

c) Regulares;

d) Ruins;

e) Muito ruins.

9) As atividades desenvolvidas nas sustentações aplicadas, aliadas ao estudo

prévio dos conteúdos teóricos, contribuíram para que eu conseguisse relacionar os

processos patológicos em diversas situações da prática médica.

a) Concordo totalmente;

b) Concordo parcialmente;

c) Indiferente;

d) Discordo parcialmente;

e) Discordo totalmente.

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76

10) Acredito que a metodologia aplicada aumentou meu interesse em estudar

e desta forma, aumentou meu grau de integração entre patologia e clínica.

a) Concordo totalmente;

b) Concordo parcialmente;

c) Indiferente;

d) Discordo parcialmente;

e) Discordo totalmente.

11) Qual a sua avaliação geral sobre a experiência de mesclar aulas

presenciais práticas com um estudo prévio virtual individual (blended learning)?

a) Ótima;

b) Boa;

c) Regular;

d) Ruim;

e) Muito ruim.

Deixe, neste espaço, a sua opinião sobre a experiência com o blended learning.

Críticas e sugestões são sempre bem vindas para que possamos melhorar o processo

de ensino-aprendizagem da nossa instituição.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Muito obrigada pela atenção!

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Apêndice C – Carta de autorização para pesquisa no segundo ano do curso de

Medicina da PUC-SP

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Apêndice D – Atividades práticas da primeira semana de BL- ATIVIDADE 1

SUSTENTAÇÃO APLICADA DE PATOLOGIA

OUTUBRO/2014

GRUPO:____________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Atividade Prática

Macroscopia e microscopia aplicadas:

As peças macroscópicas representadas de 1 a 5 mostram diferentes tipos de

neoplasias em diferentes localizações. Baseando-se nas características

macroscópicas de cada uma e nos seus conhecimentos prévios, tente classificá-las

em benignas ou malignas e usar a nomenclatura adequada.

1)

2)

3)

4)

5)

As lâminas representadas de 1 a 5 também são referentes a neoplasias. Baseando-

se nas características microscópicas de cada uma e nos seus conhecimentos prévios,

tente classificá-las em benignas ou malignas e usar a nomenclatura adequada.

1)

2)

3)

4)

5)

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Apêndice E – Atividades práticas da primeira semana de BL- ATIVIDADE 2

SUSTENTAÇÃO APLICADA DE PATOLOGIA

OUTUBRO/2014

GRUPO:____________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

TESTES APLICADOS

Para cada uma das histórias a seguir, escolha (B) para benigno ou (M) para

maligno e dê o número correspondente ao nome da neoplasia mais provável:

1. Adenocarcinoma

2. Adenoma

3. Carcinoma in situ

4. Fibroadenoma

5. Neoplasia Intraepitelial cervical (NIC I) / Displasia leve

6. Hemangioma

7. Leiomioma

8. Leiomiossarcoma

9. Melanoma

10. Nevo Melanocitico

11. Papiloma

12. Rabdomioma

13. Teratoma

1) Uma mulher de 23 anos tem um nódulo elevado, indolor, de 5 cm de diâmetro

na pele da região superior do tórax. Esse nódulo tem superfície lisa e é vermelho-

escuro (violácea). Ela afirma que o nódulo está presente há muitos anos e não mudou

de tamanho. ( )

2) Uma mulher de 29 anos é submetida a biopsia cervical após um esfregaço

de Papanicolau anormal (ASCUS). Ela é assintomática. O aspecto microscópico da

biopsia mostra epitélio escamoso metaplásico com perda da polarização e coilocitose.

( )

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3) Uma mulher de 32 anos apresentava dor pélvica fraca e contínua nos últimos

2 meses. Ultrassonografia do abdome revela massa envolvendo o ovário direito que

tem 8 cm de diâmetro. A massa é excisada cirurgicamente. A superfície da massa é

lisa, e ela não está aderida às estruturas pélvicas adjacentes. Macroscopicamente, a

massa observada é cística e com áreas preenchidas por material ora mucoso ora

sebáceo. Microscopicamente, há epitélio escamoso, epitélio glandular colunar alto,

cartilagem e tecido conjuntivo fibroso, todos bem diferenciados. ( )

4) A avaliação de rotina de um homem de 40 anos incluiu pesquisa de sangue

oculto nas fezes, que foi positiva. Uma sigmoidoscopia revelou uma massa

pediculada, circunscrita, de 1,5 cm em um pedículo curto localizado na porção

superior do reto. A melhor designação para esta lesão é ( )

5) Uma mulher de 45 anos de idade apresenta dor abdominal e sangramento

vaginal. Realiza-se uma histerectomia que mostra um tumor no corpo uterino, de

localização intramural e de aproximadamente 4,0cm, bem delimitado e

esbranquiçado. O provável diagnostico é ( )

6) Um homem de 68 anos de idade queixa-se de alterações recentes nos

hábitos intestinais e fezes com sangue. A colonoscopia revela uma massa de 3 cm no

cólon sigmóide. A biópsia da massa revelou adenocarcinoma do cólon. Essas células

neoplásicas mais provavelmente adquiriram um conjunto de mutações que provoca

qual das seguintes mudanças no comportamento celular?

a) Aumento da adesão intercélulas

b) Aumento da susceptibilidade a apoptose

c) Diminuição da mobilidade celular

d) Estímulo da diferenciação de células-tronco

e) Perda do controle do ponto de restrição do ciclo celular

7) Uma mulher de 35 anos de idade queixa-se de secreção do mamilo e

menstruação irregulares nos últimos 5 meses. O exame das mamas revela uma

secreção leitosa oriunda dos dois mamilos. A mamografia não detectou alterações

texturais do parênquima mamário. Para prosseguir investigação foi solicitada uma

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RNM que mostrou um aumento da adeno-hipófise. Qual das seguintes alterações é o

diagnóstico histológico mais provável do dessa paciente?

a) Adenoma hipofisário

b) Coristoma

c) Hamartoma

d) Papiloma intraductal mamário

e) Carcinoma in situ da mama

8) Uma mulher de 66 anos de idade apresenta abdome muito inchado. A

paciente recebeu o diagnóstico de cistadenocarcinoma seroso papilar do ovário 3

anos antes. Ela morre em uma instituição para pacientes terminais 1 mês depois. A

necropsia, o peritônio está salpicado de tumores, e há 10 L de ascite. Qual das

seguintes vias de metástase tumoral contribui para esses achados microscópicos?

a) Disseminação hematogênica

b) Disseminação linfática

c) Disseminação venosa

d) Extensão tumoral direta

e) Disseminação transcelômica

9) Uma mulher de 33 anos é submetida a exame físico de rotina. Não há

achados anormais. Como parte do exame pélvico, é realizada um esfregaço de

Papanicolau. Citologicamente, as células obtidas no esfregaço do colo mostram

displasia epitelial grave. O que você diria a essa paciente sobre o diagnóstico do

esfregaço de Papanicolau?

a) Esta lesão pode evoluir para carcinoma cervical invasivo

b) Há um tumor ovariano.

c) Houve regressão de um carcinoma cervical

d) Tratamento adequado curará a lesão

e) Seus parentes do sexo feminino estão sob risco de apresentar o mesmo

problema

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10) Qual a provável alteração genética mais comum no câncer humano?

A) Ciclina D

B) Mutações de p53

C) Inibidores de cdk

D) Oncogene Ras

E) Alteração de Citocinas

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Apêndice F- Atividades práticas 2ª semana de BL- ATIVIDADE 1:

Sustentação aplicada de Patologia

Outubro/2014

Grupo:_____________________________________________________________

___________________________________________________________________

Caso clínico

Identificação: R.A.B.R., 62 anos, mulher, branca, casada.

Queixa principal: Má digestão e dor no estômago.

História da doença atual: Paciente relata ter sido "sadia e forte" até há oito

meses, quando passou a apresentar dispepsia e a fazer uso frequente de antiácidos.

Há aproximadamente seis meses, começou a sentir plenitude gástrica, mesmo após

refeições ligeiras, e discreta dor epigástrica, sem irradiação, e que, progressivamente,

se tornou contínua, porém suportável. Passou a apresentar anorexia, percebendo

perda de peso de 5,5 kg desde o início dos sintomas. Há quatro meses, procurou um

posto de saúde, onde o médico, após examiná-la, informou sobre a necessidade de

submeter-se à uma endoscopia. Após um mês, conseguiu realizar a endoscopia e

teve o diagnóstico de Adenocarcinoma de células em anel de sinete. Com o resultado

da bióspia, foi encaminhada para um serviço de Oncologia e agendada uma cirurgia

para ressecção total do tumor.

A macroscopia da peça cirúrgica deste caso segue abaixo:

EXAME MACROSCÓPICO:

1) Segmento gástrico medindo 19,0 e 12,0 cm respectivamente pela grande e

pequena curvatura, apresentando a serosa granulosa e acastanhada. À abertura

observa-se a 0,7 cm da menor margem cirúrgica uma lesão ulcero vegetante medindo

4,5x3,5 cm nos maiores eixos, de consistência firme e esbranquiçada, com a parede

espessada medindo até 1,8 cm. No restante a mucosa é granulosa exibindo aspecto

mamelonado.

1a) margem proximal (2c)

1b) margem distal (2c)

1c) lesão/tumor (6c)

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2) Na pequena curvatura, foram dissecadas 17 estruturas nodulares, a maior

medindo 0,7 cm no maior eixo. Fragmentos representativos foram enviados à inclusão

(17c).

3) Na grande curvatura, foram dissecadas 23 estruturas nodulares, a maior

medindo 1,3 cm no maior eixo. Fragmentos representativos foram enviados à inclusão

(23c).

4) Epíploon medindo 56,0x25,0x1,8 cm, macio, de aspecto lobulado e

coloração amarelada, tendo de permeio vasos sanguíneos ectasiados e congestos.

Fragmentos representativos foram enviados à inclusão (3c).

Agora, analisando as lâminas deste caso, complete o laudo anátomo-patológico

que deve ser entregue ao oncologista:

LAUDO ANÁTOMO PATOLÓGICO:

CONCLUSÃO:

1) SEGMENTO GÁSTRICO:

Adenocarcinoma de células em “anel de sinete” localizado em antro gástrico.

A neoplasia mede ............. cm no maior eixo e infiltra até a ...................do

órgão.

Invasão vascular e infiltração perineural

...................................................................

Presença de moderada desmoplasia peritumoral.

Margens cirúrgicas proximal e distal

........................................................................

2) LINFONODOS, PEQUENA CURVATURA:

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

3) LINFONODOS, GRANDE CURVATURA:

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

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4) EPIPLON:

Tecido adiposo com vasocongestão. Ausência de infiltração neoplásica.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Após receber o laudo anátomo-patológico o oncologista necessita conversar

com a paciente e seus familiares para esclarecer a atual situação.

Quais informações contidas neste laudo são importantes para o prognóstico

desta paciente?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

Você, sendo o oncologista, o que explicaria para essa paciente e seus

familiares? (O que ela tem? Ela está curada? É necessário algum tratamento

complementar?)

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Apêndice G- Atividades práticas da 2ª semana de BL- ATIVIDADE 2

SUSTENTAÇÃO APLICADA DE PATOLOGIA – OUTUBRO/2014

GRUPO:____________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Aplicação do conhecimento:

Assinale “V” para VERDADEIRO e “F” para FALSO.

1. Em relação às neoplasias benignas, as mesenquimais são as mais

frequentes, enquanto as neoplasias malignas mais frequentes são as de linhagem

epitelial. ( )

2. O osteossarcoma é uma neoplasia maligna epiteial que compromete

somente pessoas acima dos 59 anos, ocorrendo preferencialmente em ossos longos.

( )

3. O leiomioma é uma das neoplasias mesenquimais mais frequentes sendo o

miométrio sua principal localização. ( ). Sua variante maligna, o leiomiossarcoma,

também é extremamente frequente e pode ocorrer no mediastino. ( )

4. O rabdomioma e o mixoma são neoplasias mesenquimais raras e quando

presentes comprometem o coração. ( )

5. O linfoma e o seminoma são neoplasias benignas. ( )

6. Os lipomas são frequentes na pele e em menor frequência no trato gastro-

intestinal. ( )

7. O emprego de células tronco embrionárias é condenado por alguns

pesquisadores porque podem gerar Teratomas. ( )

8. A angiogenese favorece o aparecimento de metástase e estimula o

crescimento de neoplasia. ( )

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9. Em relação aos oncogenes podemos afirmar que: são genes promotores de

crescimento celular que sofrem mutações e alteram sua atividade levando a cânceres.

( )

10. Todos os cânceres humanos revelam múltiplas alterações genéticas

envolvendo a ativação de vários oncogenes e a perda de dois ou mais genes

supressores tumorais. ( )

11. Nas neoplasias epiteliais, os vasos sanguíneos são também malignos, pois

tem um crescimento excessivo e produzem fatores de crescimento tais como VEGF e

FGF básico. ( )

12. As metástases caracterizam os tumores malignos e os tumores benignos

têm sempre cápsula que os separa dos tecidos circunvizinhos. ( )

13. Os cânceres colorretais estão relacionados com os adenomas do cólon e

as lesões com maior chance de malignização são os adenomas vilosos com mais de

4,0 cm de diâmetro. ( )

14. As células germinativas mantêm ativa a ação da telomerase, assim como

as células tumorais, e isso resultam na manutenção do seu potencial replicativo. ( )

15. A proteína bcl-2 protege as células da apoptose e é hiperexpressa nos

linfomas B logo estes se caracterizam por hiperproliferação de células malignas. ( )

16. Os melanomas podem originar-se a partir da transformação maligna de

nevos melanociticos ou então podem originar-se como lesões “de novo”. ( )

17. As neoplasias, sejam benignas ou malignas, são constituídas por

parênquima e estroma. O estroma é importante no crescimento, na proliferação e na

capacidade de metástases das neoplasias malignas ( )

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18. As características de alta coesão entre as células, baixa capacidade de

adesão e baixa capacidade de migração são fundamentais para o aparecimento das

metástases. ( )

Nas questões de 1 a 3, assinale a alternativa correta:

1. A primeira etapa para que células malignas epiteliais estabeleçam

metástases é:

A) Penetração nos canais vasculares ou linfáticos

B) Sobrevida e detenção no sangue ou na linfa circulantes

C) Movimento através da matriz extracelular

D) Invasão da membrana basal subjacente ao tumor

E) Saída da circulação para o novo local tecidual

2. Toda a sequência metastática das neoplasias depende basicamente de:

A) Moléculas de adesão

B) Citocinas

C) Fator de crescimento de fibroblastos

D) Fator de crescimento endotelial vascular

E) Fator de crescimento derivado de plaquetas

3. Foi realizada uma mastectomia com dissecção de linfonodos axilares em

uma mulher de 48 anos com diagnóstico de carcinoma ductal infiltrativo da mama

esquerda. Qual dos fatores a seguir é mais responsável pela presença das

metástases para linfonodos?

A) Aumento dos receptores laminina nas células tumorais.

B) Presença de queratina nas células tumorais.

C) Diminuição da apoptose das células tumorais.

D) Monoclonalidade das células tumorais.

E) Linfadenite.

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89

4. Qual dos princípios da carcinogênese a seguir é mais bem ilustrado pelo

estudo de alterações moleculares que ocorrem durante a evolução de um adenoma

colônico esporádico para um carcinoma invasivo?

a) Os proto-oncogenes podem ser ativados por translocação cromossômica.

b) A transformação maligna envolve acúmulo de mutações em proto-

oncogenes e genes supressores tumorais de forma gradual.

c) A extensa regeneração dos tecidos aumenta o risco de mutações

causadoras de câncer

d) Defeitos hereditários no reparo do DNA aumentam a suceptibilidade ao

desenvolvimento de cânceres.

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Apêndice H- Atividades práticas 3ª semana de BL - ATIVIDADE 1

SUSTENTAÇÃO APLICADA DE PATOLOGIA-OUTUBRO 2014

GRUPO:_______________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

ATIVIDADE PRÁTICA

Analise as peças de macroscopia representadas de 1 a 4 e responda as

seguintes questões:

1) Observando as características das peças 1 e 2, responda:

-Em 1, trata-se de uma neoplasia primária ou secundária? Justifique

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

-Qual o provável diagnóstico de 1? (tipo de neoplasia, benigna ou malina)

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_______________________________________________________________

-Qual a neoplasia maligna mais comum que compromete esse órgão?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

-Em 2, trata-se de uma neoplasia primária ou secundária? Justifique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

- Se o paciente da peça 2 fosse um homem de 72 anos, qual seria sua principal

suspeita para a neoplasia primária?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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2) Observando as peças 3 e 4, responda:

- A peça 3 apresenta uma sobreposição de patologias. Quais são elas?

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

- Qual a relação entre essas duas patologias?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

-A peça 4 representa uma neoplasia primaria ou secundária?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

-Considerando o fígado um importante órgão de sitio de metástases, qual a

neoplasia primária que mais metastatiza para o fígado?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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92

Apêndice I – Atividades práticas 3ª semana de BL- ATIVIDADE 2

SUSTENTAÇÃO APLICADA DE PATOLOGIA

OUTUBRO 2014

Grupo:_________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

Baseado nos casos apresentados (power point), escreva aqui suas respostas.

QUESTÃO 1:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

QUESTÃO 2:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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93

QUESTÃO 3:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Apêndice J-Atividades práticas 4ª semana- ATIVIDADE 1

Sustentação Aplicada de Patologia

Módulo Neoplasia

Outubro 2014

Grupo:______________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Atividade prática de Patologia

Você é oncologista e tem uma paciente com câncer de mama, cuja irmã

também teve diagnosticado um carcinoma medular da mama há 4 anos. O diagnóstico

da sua paciente resultou em Carcinoma intraductal (carcinoma ductal “in situ”) com

nódulo de 2,0 cm de diâmetro situado no quadrante externo superior da mama direita.

A neoplasia foi completamente retirada, sem margens comprometidas. A paciente tem

38 anos, uma filha de 15 anos e um garoto de 10 anos. Após o diagnóstico histológico,

você pretende planejar o tratamento complementar e pede imunohistoquímica para

receptores de estrógeno (ER) e progesterona (PR) e imunohistoquímica para HER2,

resultando forte positividade para ER e HER2/neu. Preocupada com a incidência da

neoplasia na família, foi feito um estudo genético com mãe e filha mostra, que mostrou

perda da função dos genes BRCA1 e BRCA2.

Interprete os dados informados, em relação à mãe e à filha, relacionando os

conceitos adquiridos no atual módulo de neoplasias .

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Apêndice K- Atividades práticas 4ª semana- ATIVIDADE 2

Sustentação Aplicada de Patologia

Outubro 2014

Módulo de Neoplasias

Grupo:_________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Testes- Aplicação do conhecimento

1- Um homem de 65 anos de idade, queixa-se de fraqueza muscular e

tosse seca durante 4 meses. Ele fumou dois maços de cigarros por dia durante 45

anos. A radiografia de tórax revela massa pulmonar esquerda central, de 4

centímetros. Os exames laboratoriais revelam hiperglicemia e hipertensão. A biópsia

transbrônquica é diagnóstica para carcinoma de células pequenas. Metástases para

o fígado são detectadas por tomografia computadorizada. QUAL DAS SEGUINTES

ALTERAÇÕES PODE CONTRIBUIR PARA O DESENVOLVIMENTO DA

HIPERGLICEMIA E HIPERTENSÃO NESSE PACIENTE?

A- Adenoma hipofisário

B- Metástases adrenais

C- Metástases hipofisárias

D- Sindrome Paraneoplásica

E- Trombose da artéria renal

Justifique a sua escolha:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2- Uma mulher de 56 anos tem um tumor de células granulosas tecais do

ovário esquerdo produzindo excesso de estrógeno. Ela também tem um carcinoma

endometrial. A COEXISTÊNCIA DESSES DOIS TUMORES É UM EXEMPLO DE:

A- Promoção da carcinogênese

B- Heterogenicidade do tumor

C- Uma síndrome paraneoplásica

D- Susceptibilidade genética à tumorogênese

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96

E- Mutação de um gene supressor tumoral

Justifique a sua escolha:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3- Qual dos princípios de carcinogênese a seguir é melhor ilustrado pelo

estudo de alterações moleculares que ocorrem durante a evolução de um adenoma

colônico esporádico para um carcinoma invasivo?

A- Os protooncogenes podem ser ativados por translocação

cromossômica.

B- A transformação maligna envolve acúmulo de mutações em

protooncogenes e genes supressores tumorais de forma gradual

C- A extensa regeneração dos tecidos aumenta a risco de mutações

causadoras de câncer

D- Defeitos hereditários no reparo de DNA aumentam a susceptibilidade ao

desenvolvimento de cânceres

Justifique a sua escolha:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4- Paciente feminina, 38 anos, com história de dor abdominal no baixo

ventre, dispaureunia (dor durante o ato sexual), leucorréia fétida e por vezes com

aspecto lavado de carne. Associa-se emagrecimento de aproximadamente 12 kg em

dois meses e icterícia acentuada. Ao exame especular observa-se extensa lesão

ulcero-infiltrativa e destrutiva do colo uterino. Como hábitos e vícios, refere parceiros

sexuais múltiplos, etilismo e tabagismo.

Supondo que a paciente falecesse após a internação, com base nas

informações apresentadas qual seria a alternativa que preencheria mais

adequadamente a declaração de óbito?

a) septicemia, necrose de neoplasia colo uterino

b) caquexia, metástases hepáticas, carcinoma do colo uterino

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97

c) carcinoma metastático, infecção por HPV, displasia grave do epitélio

ectocervical

d) broncopneumonia, caquexia e metástase hepática de câncer.

e) Tudo depende se foi ou não realizada a autópsia.

Justifique:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

5- Uma das alternativas abaixo NÃO é uma utilização habitual em

imunoistoquímica:

a) Categorização das neoplasias indiferenciadas

b) Subtipagem de linfomas e leucemias

c) Tentativa de determinação de sítios primários em determinadas

neoplasias metastáticas

d) Qualificação de partículas virais como diferenciação entre papilomas

humanos de alto e baixo risco

e) determinação de índices de proliferação celular através, por exemplo, do

PCNA ou Ki67 (marcadores de índice mitótico) em neoplasias nas quais é difícil

estabelecer o caráter maligno (lesões borderline).

Justifique:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

6- Das afirmações abaixo assinale a que lhe parecer CORRETA:

a) Em relação às metaplasias é correto afirmarmos que por serem

irreversíveis são um campo fértil onde se desenvolvem as displasias.

b) Um homem de 40 anos desenvolve aumento generalizado dos

linfonodos e hepatoesplenomegalia. A biópsia dos linfonodos revela um tumor maligno

das células linfóides. A expressão por imunoperoxidase das células tumorais com

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anticorpos contra bcl-2 é positiva em grande parte dos núcleos dos linfócitos. Isto

indica nas células do linfoma ausência do mecanismo de apoptose.

c) Carcinomas “in situ” são aqueles restritos ao local primário, isto é, sem

metástases seja por via sanguínea ou linfática.

d) Lesões de alto risco segundo a classificação de Bethesda são aquelas

provocadas por HPVs de alto risco como os dos grupos 18 e 16.

e) As leucoplasias são lesões encontradas na mucosa oral, de coloração

branca e histologicamente correspondem a displasias de graus variáveis ou mesmo

carcinomas.

Justifique:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

7- Um cirurgião está realizando uma colectomia parcial em uma mulher de

75 anos que tem uma massa séssil de 5 cm no cólon sigmóide inferior. Qual das

técnicas a seguir realizada durante a cirurgia mais ajuda o cirurgião a determinar se a

ressecção é adequada para reduzir a probabilidade de uma recorrência?

a) Aspiração com agulha fina

b) Ensaio de antígeno carcinoembrionário sérico

c) Corte por congelamento

d) Microscopia eletrônica

e) Citometria de fluxo

Justifique:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

8- Os pacientes com infecção crônica pelo vírus da hepatite B (HBV) ou

hepatite C (HCV) estão sob risco muito aumentado de desenvolver carcinomas

hepatocelulares. Essa predisposição é mais bem explicada por

a) A integração consistente destes vírus na vizinhança dos proto-oncogenes.

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99

b) A capacidade destes vírus de capturar proto-oncogenes do DNA do

hospedeiro.

c) Lesão dos hepatócitos induzida por vírus seguida por regeneração

extensa.

d) A capacidade dos genes virais de inativar a expressão Rb e p53.

e) A capacidade destes vírus de causar imunossupressão do hospedeiro.

Justifique:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

9- Os carcinomas invasivos de mama são reconhecidos pela falta de arquitetura

e infiltração desordenada de células em uma quantidade de estroma. Em relação aos

subtipos mais comuns, marque o item INCORRETO.

a) O carcinoma ductal invasivo é a apresentação mais comum do câncer

de mama, responsável por 50 a 70% dos carcinomas

b) O carcinoma lobular infiltrante é responsável por 10 a 15% dos cânceres

de mama

c) Nos tumores mucinosos ou colóides as células podem secretar

quantidades copiosas de material mucinoso, sendo porém consideradas lesões de

baixo grau

d) No carcinoma tubular infiltrante as células formam pequenas glândulas,

revestidas por uma camada única de epitélio branco

e) Células invasivas bizarras, com características de baixo grau, e com

componente in situ, caracterizam o carcinoma medular de mama

Justifique:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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100

10- Mulher de 20 anos, com quadro de tumor de mama direita e relato de

mãe falecida de câncer de mama aos 44 anos. Qual a ordem mais adequada de

conduta para esta paciente?

a) Ultrassonografia mamária e acompanhamento clínico de rotina

b) Exame clínico e orientações

c) Ultrassonografia mamária, em caso de se tratar de lesão nodular sólida,

biópsia de fragmento (core-biopsy) e posterior exérese da lesão

d) Retirar de imediato a lesão, sem necessidade de biópsia prévia

e) Ultrassonografia mamária somente

Justifique:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

11-Em relação ao câncer de mama hereditário, podemos afirmar corretamente

que:

a) corresponde cerca de 50% dos cânceres de mama.

b) as mutações genéticas mais comuns são as deleções BRCA1 e BRCA2

c) qualquer história familiar de câncer de mama não aumenta o risco relativo

geral para o desenvolvimento da doença.

d) as mutações genéticas são comuns na população geral.

e) nenhuma das alternativas anteriores.

Justifique:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Apêndice L- Transcrição dos 35 comentários dos alunos na questão aberta do

questionário.

1. “BL poderia ter sido utilizado nos outros módulos, mesclando com as

aulas teóricas”.

2. “Achei bom, pois aprendemos melhor e gravamos mais, além de ser

mais próximo à prática. O que achei ruim foi que enquanto os professores estão com

um grupo, o resto fica livre e depois tem que sair mais tarde.”

3. “Falta de organização durante as sustentações não levou a um ‘tempo

de aprendizado’ do que deveria ser previamente resumido. Falta de compromisso com

o horário da sustentação acompanhou isso”.

4. “A ideia é ótima e estimula nossa participação. Porém acho faltou um

pouco de organização na execução das atividades, já que às vezes o conteúdo era

extenso e a explicação do professor acabava tornando-se cansativa”.

5. “Não aproveitei muito pois não utilizei o recurso de forma regular. Por

isso não me considero um bom alvo para pesquisa.”

6. “Talvez seja necessário encontrar formas de estimular o estudo prévio,

dando um aspecto mais sério para a atividade, através de uma avaliação todas as

aulas, com valor na nota final”.

7. “A atividade foi ótima, porém faltou por parte dos alunos empenho para

desenvolvê-la de forma correta”.

8. “Seria interessante que fossem colocados horários fixos para cada etapa

na sustentação aplicada, pois as aulas demoravam muito, e por vezes, os alunos

dispersavam e, também o professor não conseguia fazer o feedback da aula.”

9. “Seria bom que houvesse mais aulas práticas”.

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102

10. “A disponibilização dos materiais deveria ser feita com maior tempo de

antecedência para as aulas”.

11. “Textos rápidos e diretos; atividades mais práticas e menos lâminas.”

12. “O método é interessante, porém temos várias outras atividades, há uma

dificuldade em ler o material previamente. Eu mesma, por muitas vezes, acabava

esquecendo de ler o material e em aula ficava perdida”.

13. “Foi muito interessante desenvolver durante as aulas as atividades de

casos, assim como o contato com as peças, que permitiu visualizar melhor a teoria.

Achei bem mais produtivo do que as aulas teóricas. Seria também interessante haver

um breve resumo da teoria após as atividades”

14. “A ideia é boa. Porém muitos alunos não estudam antes da aulas,

portanto se a aula depender do estudo prévio não flui de maneira adequada.”

15. “Talvez a realização dessa experiência seria melhor aproveitada se os

professores ficassem 100% dentro da aula”.

16. “Está caminhando bem”.

17. “A ideia é interessante. Mas os conteúdos são passados de forma muito

superficial, o que não acrescenta muito no conhecimento e não facilita o estudo”.

18. “Não tenho críticas sobre isso”.

19. “Havia muito tempo para realizar as questões, deixando os alunos parte

da aula apenas conversando e, na hora da correção, faltava tempo e era feita

superficialmente”.

20. “A ideia de ter acesso ao material antes da aula, para mim, é muito boa.

Entretanto as atividades práticas em aula foram desmotivantes. Seria mais dinâmico

fazer uma autoavaliação do que se leu em casa, por meio de apresentação de slides.”

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103

21. “Avalio o BL como uma boa alternativa quanto ao estudo e associação

teórico pratica. Minha maior dificuldade foi acessar o material no Moodle.”

22. “Caso julgado necessário, mais ênfase na histologia.”

23. “As aulas nem sempre foram disponibilizadas antes da aula, então

dificultou um pouco.”

24. “Tive dificuldade com as lâminas, provavelmente por não ter uma

excelente base histologia. Mas aprendi muito, as aulas foram bem mais dinâmicas.”

25. “Acho que as discussões em grupo durante a aula com os professores

tirando as dúvidas são muito válidas. Porém muitas vezes não lembrava que tínhamos

que nos preparar para as aulas.”

26. “Aliar os conhecimentos prévios e sustentação aplicada à pratica clínica

e reforçar o estudo microscópico.”

27. “Foi uma experiência nova que para mim só era benéfica quando eu

conseguia ter acesso ao material previamente, o que não ocorria constantemente. Um

outro ponto negativo foi a grande perda de tempo durante as discussões em grupos.

Reforçando, é uma ideia boa apenas quando seguida à risca todos os passos, porém

não é sempre que temos essa oportunidade”.

28. “A intenção do novo método é excelente para o ensino dos alunos,

porém faltou organização na preparação dos materiais e também na disponibilização

dos materiais, visto que muitos não foram postados para estudo prévio e o estímulo

foi reduzido devido à desorganização”.

29. “Acredito que muitas vezes as aulas não são boas e tenho que recorrer

às aulas virtuais no youtube da USP para entender muitas coisas.”

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104

30. “As sustentações aplicadas que aconteceram em associação ao BL

permitiram um maior conhecimento, trabalho em grupo e, principalmente, aulas mais

dinâmicas, funcionando com um outro modelo de estudo.”

31. “Acho que seria legal aprimorar as atividades em sala e o material

oferecido para estudo. A patologia é o foco principal do 2º ano e qualidade dessas

aulas deve ser a melhor possível”.

32. “Eu ainda prefiro aulas em que as informações são dadas em sala e

aprimoradas com materiais fornecidos no Moodle”.

33. “Acredito que seja uma atividade de muito bom proveito e eficiência para

os alunos”.

34. “O BL é interessante, porém quando não há consulta prévia do material

disponibilizado no Moodle, seja por falta de tempo ou organização do próprio aluno,

acaba sendo pouco produtivo na minha opinião. Ao meu ver, o mais interessante seria

realizar uma aula convencional e depois disponibilizar atividades, questões para

serem feitas na aula ou em casa”.

35. “Considero uma iniciativa muito importante para enfatizar o ensino de

patologia, uma vez que traz a oportunidade de correlacionar com a realidade, além de

estimular o raciocínio, nos colocando em situações problema que exigiram discussões

e integraram disciplinas. Portanto, sugiro os seguintes ajustes: aumentar o número de

atividades práticas e disponibilizar teoria previamente”.