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PONTIFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS MARY CRISTINA DA SILVA A Influência dos grupos Emo, Gótico e Punk no desenvolvimento dos adolescentes. CAMPINAS NOVEMBRO 2006

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PONTIFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

MARY CRISTINA DA SILVA

A Influência dos grupos Emo, Gótico e Punk no desenvolvimento dos adolescentes.

CAMPINAS NOVEMBRO 2006

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PONTIFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

MARY CRISTINA DA SILVA

A Influência dos grupos Emo, Gótico e Punk no desenvolvimento dos adolescentes.

Monografia apresentada como exigência parcial parte final da disciplina Avaliação Psicopedagógica Trabalho de Conclusão do Curso (TCC), para obtenção de créditos no curso de Especialização em Educação e Psicopedagogia da Pontifica Universidade Católica, sob a orientação da Prof. Dra. Maria Helena Melhado Stroili.

CAMPINAS NOVEMBRO 2006

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Sumário

1. Introdução.................................................................................................................... 05

2. Fundamentação teórica................................................................................................ 07

3. Proposta de Intervenção Psicopedagógica................................................................... 21

4. Resposta obtida dos alunos integrantes dos grupos em questão.................................. 23

5. Considerações Finais.................................................................................................... 30

6. Bibliografia.................................................................................................................. 32

7. Anexos......................................................................................................................... 33

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Resumo

Esse trabalho tem como objetivo discutir a influência que a divisão de grupos tem sob o

desenvolvimento da aprendizagem no adolescente. Os grupos em questão são o Emo, o Gótico e

o Punk. Como os adolescentes se reúnem e quais as razões que os levam a aderirem a esses

grupos. Com a definição desses grupos, viso levar ao professor um maior entendimento desse

universo, as vezes, tão diferente dos demais. Com base teórica na teoria de Vygostky e outros

pesquisadores procuro levantar pontos importantes para o entendimento dessa situação tão

comum nas salas de aula. Para finalizar trago uma entrevista com integrantes de cada grupo

procurando entender seu ponto de vista em relação ao grupo e a aprendizagem.

Palavras chaves – Emo, Gótico, Punk, Adolescente, Aprendizagem.

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1. Introdução

Que o ser humano se divide em grupos sociais de acordo com seus interesses, gostos e

status social desde os primórdios é fato. A cada época surgem diferentes grupos com diferentes

filosofias e ideais, reorganizando novamente a sociedade em novos grupos. O que ainda causa

incertezas é a influência que os mesmos exercem sobre o desenvolvimento do indivíduo.

Mediante isso senti a necessidade de entender tal influência no desenvolvimento dos

adolescentes comparando o grupo denominado Emo, abreviação de Emotion hardcore (hardcore

emotivo), Gótico e Punk.

O aumento do número de seguidores, principalmente adolescentes, nos leva a refletir nas

razões e nas inquietações dessa sociedade ainda jovem. Nos motivos pelo qual um indivíduo,

ainda em formação, possua tais sentimentos. E ainda na influência que esses sentimentos possam

ter sob a sua formação. Investigar e conhecer tais razões pode ajudar a compreender algumas das

atitudes dos adolescentes que ainda nos são desconhecidas, tanto no ambiente escolar quanto no

social-familiar.

Ao longo de quatro anos de experiência como educadora tenho percebido que o grupo

social no qual o adolescente está inserido possui influencia no desenvolvimento do mesmo. É ele

que diz como o individuo deve se comportar, as coisas que pode ou não fazer.

A partir de experiências com alunos dessa faixa etária pertencente a esses grupos em sala

de aula surgiram algumas questões que despertaram o desejo de conhecer seu comportamento e

relacionamento com a sociedade; Até onde o individuo é influenciado pelos grupos em que se

dividem? Qual a intensidade de tal influência? Quais as conseqüências no desenvolvimento em

sala de aula do aluno? Qual o valor do grupo sobre o individuo? Quais são os laços de ligação

entre os indivíduos do grupo? Como estabelecer uma ligação com os alunos de diferentes grupos?

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Essas são algumas das questões que serão estudadas neste trabalho. Para isso levantei

dados a respeito dos três grupos em questão, analisei, através de questionário, a influência que

esse grupo possui no desenvolvimento do indivíduo, procurando conhecer os motivos que levam

os adolescentes a se comportarem de tal maneira.

Desenvolvi esse trabalho na escola em que leciono. Sou professora de inglês em uma

escola de idiomas na cidade de Americana. A maioria dos meus alunos são adolescentes e muitos

deles se dividem nos grupos em questão. Por se tratar de aulas de inglês, onde a maioria das

atividades são desenvolvidas em grupo, percebi certa resistência por parte de alguns alunos em se

relacionar com os demais. Daí a proposta do presente trabalho.

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2. Fundamentação Teórica

Para pensarmos na influência que os grupos desenvolvem nos indivíduos, veremos

algumas teorias que servirão de base para a análise dos dados coletados.

O homem é um ser essencialmente social, impossível, portanto, de ser

pensado fora do contexto da sociedade em que nasce e vive. Em outras

palavras, homem não social, o homem considerado como molécula

isolada do resto de seus semelhantes, o homem visto como independente

das influências dos diversos grupos que freqüenta, o homem visto como

imune aos legados da história e da tradição, este homem simplesmente

não existe. (Yves de La Taille, 1951)

Quando pensamos na perspectiva social do desenvolvimento humano, pensamos logo em

Vygotsky. Tendo produzido seus trabalhos dentro das concepções materialistas predominantes na

União Soviética pós-revolução de 1917, Vygotsky tem como um de seus pressupostos básicos a

idéia de que o ser humano constitui-se enquanto tal na sua relação com o outro social. Segundo

ele o organismo e o meio exercem influência recíproca, portanto o biológico e o social não estão

dissociados. Pensando assim, a idéia de que o homem constitui-se como tal através de suas

interações sociais, alguém que é transformado e transforma nas relações produzidas em uma

determinada cultura, faz sentido. Para ele, o desenvolvimento humano é compreendido não como

a decorrência de fatores isolados que amadurecem, mas sim através de trocas recíprocas que se

estabelecem ao longo da vida entre o indivíduo e o meio.

A relação entre os processos de desenvolvimento e de aprendizagem é central no

pensamento de Vygotsky. Para ele, a aprendizagem está relacionada ao desenvolvimento desde o

início da vida humana. Percebendo como o indivíduo se desenvolve socialmente, podemos nos

aproximar para um melhor desenvolvimento da aprendizagem.

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Primeiramente o indivíduo realiza ações externas, que serão

interpretadas pelas pessoas a seu redor, de acordo com os significados

culturalmente estabelecidos. A partir dessa interpretação é que será

possível para o indivíduo atribuir significados a suas próprias ações e

desenvolver processos psicológicos internos que podem ser

interpretados por ele próprio a partir dos mecanismos estabelecidos

pelo grupo cultural e compreendidos por meio dos códigos

compartilhados pelos membros desse grupo. (Oliveira, 1993, p.39)

Não podemos então deixar de pensar na emoção envolvida em todo o processo de

desenvolvimento e de aprendizagem em que o sujeito está inserido. No decorrer do

desenvolvimento, a afetividade é construída sob diferentes níveis de relações, seja devido as

condições maturacionais, seja devido as características sociais de cada idade. Quando se chega à

puberdade, idade dos indivíduos foco desse trabalho, ocorre uma transformação que atinge

principalmente o campo moral das relações com o outro, o adolescente busca ultrapassar a si

mesmo. O eu se defronta com o meio à sua volta e o adolescente passa a questionar os valores, as

relações sociais. E muitas vezes é nesse momento que começa a fazer parte de grupos sociais

totalmente diferente do seu ambiente familiar e/ou escolar, em alguns casos simplesmente para

confrontar as pessoas a sua volta.

O relacionamento com em grupo é vivenciado pelos adolescentes com maior ou menor

intensidade. O grupo pode trazer o fortalecimento de cada um, o surgimento das primeiras

lideranças. É nele que o adolescente encontra, na maioria das vezes, uma relação de

cumplicidade, lealdade e intimidade. Relações que tem como objetivo assegurar a sobrevivência

do grupo.

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Ao lado das profundas mudanças corpóreas e psicossociais, ocorrem transformações

significativas na forma de pensamento do adolescente. O jovem desenvolve um novo e superior

jeito de pensar que lhe abre a possibilidade de construir novas maneiras de compreender

fenômenos e reinterpretar o real.

Não podemos esquecer que embora a capacidade de pensamento e raciocínio do

adolescente seja ampliada, esta capacidade coexiste com as pressões sociais dos grupos de pares,

criando um jeito singular de pensar, centrado em suas prioridades que geralmente não coincidem

com as da escola e da família.

Esse “egocentrismo” gera um isolamento em especial da família e dos adultos da escola.

A rebeldia, tão freqüente nesse momento da vida, pode ser a expressão da não compreensão das

contradições entre o que esses adultos dizem e pensam que seja o melhor para o adolescente, e

aquilo que eles sentem ou desejam. Em contrapartida, o adolescente se apóia no juízo dos outros,

os grupos, para construir seu próprio.

Para entendermos melhor toda essa discussão a cerca dos grupos Emo, Gótico e Punk,

precisamos entender a definição da palavra grupo. Esse termo tem sido usado para referir-se a tão

diferentes tipos de agregação de pessoas. É um conjunto de pessoas em uma ação interativa com

objetivos compartilhados. Assim, os Emos, Góticos e Punks se reúnem a partir de um

determinado ponto em comum.

Sempre, desde o nascimento, o indivíduo participa de diferentes grupos, numa constante

dialética entre a busca de sua identidade individual e a necessidade de uma identidade grupal e

social. O grupo é o habitat natural do adolescente, funciona como um objeto e um espaço

transicional, ou seja, ele permite a saudável criação de uma zona imaginária onde ainda existe

uma mescla do real com um forte sentimento, ilusão e magia onipotente. Dessa forma o grupo

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propicia a formação de uma nova identidade, intermediária entre a família e a sociedade, com a

assunção e o exercício de novos papéis.

A tendência a se agruparem também se deve ao fato de que: sentem-se menos expostos às

críticas diretas, discriminam-se dos adultos, confiam mais nos valores de seus pares, diluem os

sentimentos de vergonha, medo, culpa e inferioridade quando convivem com outros iguais a eles.

Reasseguram a auto-estima através da imagem que os outros lhe remetem.

O segundo passo para um entendimento maior dessa influência é conhecer as origens e

definições dos grupos.

Denomina-se cultura punk os estilos dentro da produção cultural que possuem certas

características comuns àquelas ditas punk, como por exemplo, o princípio de autonomia do faça-

você-mesmo, o interesse pela aparência tosca e agressiva, a simplicidade, o sarcasmo niilista e a

subversão da cultura. Entre os elementos culturais punk estão: o estilo musical, a moda, o design,

as artes plásticas, o cinema, a poesia, e também o comportamento (podendo incluir ou não

princípios éticos e políticos definidos), expressões linguísticas, símbolos e outros códigos de

comunicação.

A partir do fim da década de 1970 o conceito de cultura punk adquiriu novo sentido com a

expressão movimento punk, que passou a ser usada para definir sua transformação em tribo

urbana, substituindo uma concepção abrangente e pouco definida da atitude individual e

fundamentalmente cultural pelo conceito de movimento social propriamente dito: a aceitação pelo

indivíduo de uma ideologia, comportamento e postura supostos comum a todos membros do

movimento punk ou da gangue que ele pertence. O movimento punk é uma forma mais ou menos

organizada e unificada, com o intuito de alcançar objetivos —seja a revolução política, almejada

de forma diferente pelos vários subgrupos do movimento, seja a preservação e resistência da

tradição punk, como forma cultural deliberadamente marginal e alternativa à cultura tradicional

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vigente na sociedade ou como manifestação de segregação e auto-afirmação por gangues de rua.

A cultura punk, segundo esta definição, pode então ser entendida como costumes, tradições e

ideologias de uma organização ou grupo social.

Apesar de atualmente o conceito movimento punk ser a interpretação mais popular de

cultura punk, nem todos indivíduos ligados a esta cultura são membros de um grupo ou

movimento. Um grande número de punks definem o termo punk como uma manifestação

fundamentalmente cultural e ideologicamente independente, cujo o aspecto revolucionário se

baseia na subversão não-coerciva dos costumes do dia-a-dia sem no entanto se apegar à um

objetivo preciso ou a um desejo de aceitação por um grupo de pessoas, representando uma

postura distinta do caráter politicamente organizado e definido do movimento punk e de seu

respectivo interesse na preservação da tradição punk em sua forma original ou considerada

adequada.

Esta diferença de postura entre o movimento punk e outros adeptos da cultura é

responsável por constantes conflitos e discussões, às vezes violentos, que ocorrem no encontro

destes indivíduos em ruas e festivais, ou através de meios de comunicação alternativos como

revistas, fanzines e fóruns.

Originalmente o punk surge por volta de 1975 como uma manifestação cultural juvenil

semelhante aos da década de 1950 e 1960: um modismo cujo interesse era a afirmação de uma

personalidade ou estilo, não envolvendo intencionalmente questões éticas, políticas ou sociais.

Era caracterizado quase que totalmente por um estilo baseado em música, moda e

comportamento. Esta primeira manifestação punk, o estilo punk rock, surge primeiro nos Estados

Unidos com a banda The Ramones por volta de 1975 e é caracterizada por um revivalismo da

cultura rock and roll (músicas curtas, simples e dançantes) e do estilo rocker/greaser (jaquetas de

couro estilo motoqueiro, camiseta branca, calça jeans, tênis e o culto a juventude, diversão e

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rebeldia). Enquanto o rock and roll tradicional ainda criava estrelas do rock, que distanciavam o

público do músico, o punk rock rompeu este distanciamento trazendo o princípio da música

super-simplificada e instigando naturalmente outros adolescentes a criarem suas próprias bandas.

O punk rock chega à Inglaterra e influencia uma série de jovens pouco menos de um ano depois.

Na Inglaterra o princípio de que "qualquer um pode montar uma banda" e o espírito

renovador do punk rock se mesclaram a uma situação de tédio cultural e decadência social,

desencadeando o punk propriamente dito. Extremamente empolgado pela apresentação dos

Ramones, Mark Perry abandona seu emprego e produz a primeira fanzine punk, a Sniffin' Glue

("cheirando cola"), com a intenção de promover esta nova agitação cultural. A fanzine foi o

símbolo marco para o faça-você-mesmo punk, não tinha quase nenhum recurso financeiro e era

marcada pelo estilo visual deliberadamente grosseiro e com senso de humor ácido. Os Sex

Pistols, antes uma banda de punk-rock comum, se torna um projeto mais ambicioso com a tutela

de Malcom McLaren e a inclusão de um vocalista inventivo e provocador, Johnny Rotten. A

banda passa a usar suásticas e outros símbolos nazi-fascistas, além de símbolos comunistas e

indumentária sadomasoquista num agressivo deboche dos valores políticos, morais e culturais.

Além de ridicularizar clássicos do rock and roll, as músicas da banda costumavam

demonstrar um profundo pessimismo e niilismo, agredindo diretamente diversos elementos da

cultura vigente, sempre em tom sarcástico e agressivo. Logo chamam a atenção de entusiastas

que começam a acompanhar os shows produzindo eles próprios de forma caseira estilos de

roupas e acessórios, em geral rearranjos de roupas tradicionais como ternos, camisas e vestidos,

com itens sadomasoquistas, pregos, pinos, rasgos e retalhos. Essas características —sarcasmo,

interesse pelo grosseiro e o ofensivo, valorização do faça-você-mesmo, reutilização de roupas e

símbolos de conhecimento geral em um novo contexto bizarro, crítica social, desprezo pelas

ideologias, sejam políticas ou morais, e pessimismo— somado ao estilo empolgante e direto do

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punk-rock definiram a primeira encarnação do que hoje entendemos como cultura punk. A partir

de 1977 esta postura punk se tornou um fenômeno impactante na maior parte do mundo e pouco a

pouco foi se transformando e ramificando em sub-gêneros.

Desde o seu início, o Punk teve ideias apartidárias e a liberdade para acreditar ou não em

um deus ou religião qualquer. Porém, por causa do tempo de existência, seu caráter cosmopolita e

amplo, ocorreram distorções de todas as formas, em diversos países, dando ao movimento Punk

uma cara parecida mas totalmente particularizada em cada país.

Por se assemelhar em diversos aspéctos com o anarquismo (posteriormente, a principio o

movimento punk era apolítico), punks e anarquistas passaram a colaborar entre si e muitas vezes

participando das ações.

Passaram então a existir muitos punks que também eram realmente anarquistas, e

posteriormente surgiu o anarcopunk, este ganhou um novo rumo com redirecionamento a uma

nova militância política, com discursos e ações mais ativas, opondo-se à mídia tradicional, ao

Estado, às instituições religiosas e grandes corporações capitalistas.

Como a maior parte dos movimentos populares, o movimento punk tem quase tantas

nuances quanto o número de adeptos, mas em geral sustentam valores como anti-machismo, anti-

homofobia, anti-nazismo, amor livre, anti-lideranças, liberdade individual, autodidatismo,

iconoclastia, e cosmopolismo.

Alguns punks evitam relações com a mídia tradicional por filosofia, e é bem comum que

não seja de conhecimento público o nome de escritores de zines - publicações alternativas,

poetas, artistas plásticos, bandas, já que cada componente do seu grupo faz sua própria mídia,

através da propaganda, que consiste na publicação de zines, promoção de eventos como palestras,

gigs (expressão idiomática inglesa que significa "show" ou "festival", utilizada na cultura

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alternativa britânica e que foi adotada por alguns punks brasileiros), passeatas, panfletagens e

sistemas de boletins-noticiários.

Essa característica do movimento punk acarreta problemas para os seus integrantes que

por algum motivo adquirem espaço na grande mídia, como foi o caso do cantor e atualmente

apresentador de programa de televisão, o brasileiro João Gordo, vocalista da banda Ratos de

Porão e considerado por muitos adeptos do movimento punk brasileiro como traidor.

Emo (abreviação do inglês emotional hard core) é um gênero de música. O termo foi

originalmente dado às bandas do cenário punk de Washington DC que tocavam um estilo mais

emotivo que o normal. Existem várias lendas que tentam explicar a origem do termo emo, mas

uma das que mais prevalece é de que num dos primeiros shows em Washington, DC um fã gritou

"You´re emo!" (Você é emo!) para uma banda (os mitos variam bastante quanto a banda em

questão, sendo provavelmente o Embrace ou o Rites of Spring). O gênero tem suas raízes no

punk rock. Na cultura alternativa diz-se que alguém é ou está emo quando demonstra muita

sensibilidade (em geral, uma tendência à depressão). A mais famosa banda emo do mundo é o

Simple Plan, e seguindo suas tendências destacam-se as bandas Good Charlotte, My Chemical

Romance dentre várias outras com menor destaque. Emotion hardcore, estilo musical com raízes

no Punk Rock, apresenta músicas que expressam sentimentos profundos de depressão, angústia,

indignação pra com o sistema político da sociedade e a dor que o amor causa seja ela

correspondido ou não.

Emotion hardcore, estilo musical com raízes no Punk Rock, apresenta músicas que

expressam sentimentos profundos de depressão, angústia, indignação pra com o sistema político

da sociedade e a dor que o amor causa seja ela correspondido ou não.

Advindo dele surgem os Emos, pessoas que se identificam com essa forma de expressão e

encontram na música uma válvula de escape. Assim como todos os grupos sociais, eles possuem

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linguagem corporal e vestimenta únicas. Sua marca registrada é o visual: cabelos desalinhados e

muitas vezes com franja cobrindo parte do rosto, broches, colares enormes de plástico colorido,

piercings, olhos fortemente delineados com rímel (inclusive homens) são algumas das

características que os destaca do restante da sociedade.

É importante lembrar que nenhuma destas bandas jamais aceitou ou se auto-definiu

através deste rótulo. A palavra "Emo" era vista como uma piada ou algo pejorativo e artificial. O

gênero (ou pelo menos o clássico estilo de Washington, o DC sound) primeiramente explorado

por bandas como Faith, Rites of Spring e Embrace tem suas raízes no punk rock.

O próximo passo na evolução do gênero veio em 1982 e durou até 1993 com as bandas

Indian Summer, Moss Icon, Policy of Three, Still Life e Navio Forge. A dinâmica calmo/gritado

freqüentemente ouvida em bandas recentes tais como Seatia e Thursday tiveram suas raízes

nestas bandas. No que diz respeito a voz, essas bandas intensificaram o estilo emocore. Muitas

delas sempre fizeram uso de berros e gritos durante a apresentação, e motivo para muitos fãs de

hardcore (estilo musical) depreciarem os fãs de emo como "molengas".

Assim como foi infundida uma nova intensidade para o emocore, o emotional hardcore

levou essa intensidade a um nível extremo. A cena teve início entre 1991 e 1992 com as bandas

Heroin, Portraits of Past e Antioch Arrow que tocavam um estilo caótico, com vocais abrasivos e

passionais.

Após a supervalorização inicial da intensidade e da sonoridade caótica, o emotional

hardcore sofreu um processo de "desacelaração". As bandas Sunny Day Real Estate e Mineral

basearam seu estilo do Rites of Spring, outra banda do gênero emo.

Hoje em dia o termo "emo" continua ambíguo. Com o sucesso de bandas como Good

Charlotte e My Chemical Romance, a "corrente principal" ficou interessada no gênero rotulando

bandas de indie-rock como "emo". O rótulo começou a agregar muitas bandas que emergiam do

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cenário underground. Lembrando que o estilo "emo", é uma mania inventada por estilos de

pessoas, que podemos chamar de "rotulação".

Nota-se uma nova tendência emo em abandonar o punk distorcido em favor de calmos

violões. Na cultura alternativa diz-se que alguém é ou está emo quando demonstra muita

sensibilidade.

No Brasil, o gênero se estabeleceu sob forte influência norte-americana em meados de

2003, na cidade de São Paulo mais precisamente, espalhando-se para outras capitais do Sul e do

Sudeste. Mas o modo de vestir, comportamento e atitude não agradam a sociedade brasileira, que

repudia os atos dos ditos Emos, estes que sofrem com atos de violência e homofobia. Emotion

hardcore, estilo musical com raízes no Punk Rock, apresenta músicas que expressam sentimentos

profundos de depressão, angústia, indignação pra com o sistema político da sociedade e a dor que

o amor causa seja ela correspondido ou não.

Gótico - A definição lingüística desse termo, gótico é um adjetivo derivado da palavra

latina “gotticus” (século XIV). Significa “aquilo que é relativo ou pertence aos Godos”.

Godo por sua vez vem de “gothus”, uma antiga tribo germânica que entre o século III e V invadiu

os impérios ocidentais e orientais da Europa, fundando reinos na Itália, França e Espanha.

Historicamente os Godos situam-se entre os povos bárbaros da linha dos GERMANOS que

invadiram progressivamente o Império Romano Ocidental, quebrando no século V a antiga

unidade da Europa. Esta fixação de reinos bárbaros na Europa configurou-se como a queda do

Império Romano Ocidental (476), a data também marca o início do período denominado como

“Alta Idade Média”.

O desenvolvimento cultural do povo Godo manifestou-se através da escultura, pintura,

música, literatura e sobre tudo na Arquitetura, gerando o denominado “estilo gótico” (apesar de

ser considerada, por alguns críticos, como uma denominação não precisa.) (século XII a XVI)

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Sucedendo-se ao estilo românico, a arquitetura gótica caracteriza-se pelos arcos ogivais e as

perspectivas verticais, sobre tudo nas igrejas e catedrais. Destaca-se neste estilo gótico as

Catedrais de “Chartes, Reims e Paris”.

Toda produção artística deste período ficaria marcada pela profunda influência religiosa

nas concepções do homem medieval. O denominado “estilo gótico” consolidou-se entre o século

XII e XVI, períodos que seriam visitados constantemente pelas gerações futuras.

Durante a renascença (século XV e XVI) a paixão da fé medieval e a visão carregada e

melancólica do mundo foram substituídas progressivamente pela inspiração no equilíbrio e na

estética da antiguidade clássica.

O gótico não desaparece do cenário europeu, a temática funde-se a mitologia greco-

romana e a valorização do homem levaria ao racionalismo. A Renascença consagraria o espírito

crítico e o desenvolvimento da racionalidade científica, opondo-se frontalmente aos dogmas

absolutistas da fé católica. No início do século XIX uma corrente de escritores e artistas

procuram se afastar das regras clássicas impostas pela visão racionalista.

Rechaçando os valores da antiguidade clássica e o racionalismo, o movimento valoriza a

predominância da sensibilidade e da imaginação sobre a razão. No núcleo do romantismo, seja

qual for a vertente visualizada, encontraremos a vida sob um prisma caótico. Explorando aspectos

obscuros da alma humana os autores do romantismo questionam as convenções sociais, desafiam

os poderes estabelecidos, convidam seus leitores a explorarem o lado menos agradável, mas não

menos real da vida em sociedade.

As influências dessa forma peculiar de visão necessariamente visitam e revisitam o

ambiente gótico medieval e irradia-se por obras de todos os gêneros: o romance; o fantástico; o

conto de terror e até mesmo a ficção científica.

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Os questionamentos do “eu” sobre a vida fazem-se presentes, os personagens são

introspectivos e sempre conversam muito consigo mesmos. A expressão é uma regra que fornece

contornos distintos às coisas da vida, da morte e do além. Dracula é genuinamente um romance

gótico, todavia, necessário se fez algumas considerações sobre a peculiar identificação dos

Góticos com o príncipe das Trevas.

O romance Dracula foi totalmente desenvolvido e aclimatado numa atmosfera gótica,

mas muito além disso, observa-se que o comportamento do vampiro é a própria síntese do

universo gótico. Tal qual um vampiro, é na noite que os góticos desenvolvem o Máximo de sua

capacidade de expressão. Dracula é essencialmente um ser introspectivo, angustiado com a sua

própria condição existencial, ele vive inserido no contexto social isolado nos castelos ou nos

porões.

A imagem angustiada e apaixonada do solitário vampiro traduz com fidelidade os

sentimentos daqueles que mesmo inseridos no contexto social, vivem entre as luzes e as trevas.

Além do visual, estes e outros elementos praticamente definem a identificação dos góticos com o

vampiro.

A sonoridade pulsante e anárquica temperada com partículas de música Erudita, mesclada

a elementos sombrios de introspecção demarcaria o surgimento de um novo estilo. Nesta zona de

intersecção podemos visualizar bandas como: Bauhaus; Joy Division; The Cure; Siouxsie and the

Banshees; The Cult; The Sisters of Mercy; The Mission; e outras tantas não menos importantes,

dando origem ao estilo denominado como Gothic Rock.

A partir do Gothic Rock surgiriam novas bandas e novos estilos como o Eletro-gótico e o

Industrial demarcando a influência do gótico na década de 90.

A expressão “DARK” foi adotada pela imprensa para designar uma tribo singular na capital

paulista entre os anos 1982 e 1985. Os integrantes desta nova tribo usavam roupas

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predominantemente pretas como referencial básico e eram afeitos a músicas com construções

mais melódicas e intelectualizadas, características do som das bandas inglesas do Pós-Punk.

Em sua maioria os integrantes desta nova tribo eram formados por jovens de classe média,

estudantes do nível secundário ou universitários, com uma base referencial bastante distinta dos

integrantes do movimento Punk. Progressivamente a nova tribo foi incorporando novos

elementos ao conjunto visual, sobretudos pretos, botas e roupas clássicas e uma série de

acessórios da cultura pagã, como por exemplo o pentagrama.

Ao mesmo tempo as músicas dos grupos referenciais ficam mais longas e complexas,

contemplando citações ou referências a filmes e à literatura gótica do século XIX. Também

foram incorporados outros assuntos de interesse comum, como o vampirismo, o fetichismo e Neo-

Paganismo.

Assim, como inevitável corolário do Pós-Punk consolidaria-se o movimento conhecido

como Gótico. O movimento gótico paulista também se caracterizaria pela manifestação de uma

profunda insatisfação com o estado geral das coisas, por uma experiência de “crise”,

(principalmente a falta de perspectivas) e a busca pela inclusão social por vias alternativas ou

pelo circuito denominado como “Underground”.

O movimento diferencia-se dos movimentos juvenis das gerações anteriores pela

inexistência de propostas de transformação da sociedade. Não há a pretensão de transformação da

sociedade num modelo idealizado, tão somente através da expressão sombria e carregada (onde o

principal veículo é a música), busca-se uma forma de inserção no contexto caótico da cidade e de

espaços delimitados. Era como se aqueles jovens dissessem: “Também estamos aqui...”

O movimento gótico paulista traduz-se como uma atividade genuinamente urbana, tendo o centro

antigo da cidade como seu ponto de referência maior.

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São nos porões de antigos casarões do centro, nos subterrâneos da metrópole caótica que

os góticos se encontram para dançar e fazer as suas conexões.

As tribos góticas também marcam presença aos sábados à tarde nas grandes galerias do

centro, sobre tudo na galeria do rock em lojas góticas como a PROFECIAS, que promove

encontros semanais. Os cemitérios, igrejas e casarões em ruínas são aspectos arquitetônicos

valorizados pela comunidade gótica.

Os góticos são sociáveis e não alimentam conflitos entre si tampouco, com grupos de

outros movimentos. A comunidade mantém um senso de identificação forte, mas dialogam com

facilidade com membros de outros movimentos mais herméticos.

Em alusão ao sangue, o vinho é a bebida preferida dos góticos e o sobretudo preto é peça

indispensável no guarda roupa gótico. Há uma forte orientação para a liberdade sexual e o

homossexualismo é aceito com naturalidade pela maioria dos integrantes do movimento.

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3. Proposta de intervenção Psicopedagógica

Levando em consideração que trabalho com a língua inglesa, utilizarei textos em inglês

que contam a história dos grupos sociais que encontro nas salas de aula.

Dividirei a sala de forma que alunos de diferentes grupos sociais se misturem. Faremos

essa atividade em 3 aulas diferentes, uma para cada grupo estudado, Emo, Gótico e Punk.

Após a leitura e entendimento do texto, cada aluno do grupo estudado no dia irá expor

sua opinião a respeito. Contando um pouco mais sobre sua experiência pessoal nesse meio social.

Como nas aulas de inglês os alunos gostam muito de trabalhar com música, trarei a cada

semana uma música referente ao grupo estudado, já que tanto o Emo, Gótico e Punk tem raízes

musicais. Com isso todos irão conhecer a cultura dos grupos diferentes e poderemos criar um

ambiente de maior aceitação na sala de aula.

Acredito que a partir do momento que conhecemos o que nos é diferente a aceitação fica

melhor. Com a integração dessas “culturas” diferentes poderei desenvolver melhor o trabalho em

sala de aula.

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4. Resposta obtida dos alunos integrantes dos grupos em questão

Após ter conhecimento a respeito de cada grupo e suas definições e características, pedi que 3 alunos pertencentes a classes diferentes que

se caracterizam como pertencentes dos grupos Gótico, Emo e Punk, que respondessem um questionário que será analisado a seguir.

Gótico

J.

24 invernos

Piracicaba

Emo

R.

17 anos

Americana

Punk

G.

19 anos

Americana

Qual é a sua definição de

Gótico/ Emo/ Punk?

Roupas pretas, gosto pela

melancolia, pela tristeza e pela

dor, encontros em cemitérios...

góticos. Levamos a vida e

encaramos a morte de uma

forma diferente do tradicional;

eu diria que vivemos mais a

Emo é só mais um apelido. As

bandas já estavam aí, as roupas

também, mas agora resolveram

rotular, e rotular como ruim,

quem ouve essas bandas e usa

essas roupas. Pra mim Emo é

quem curte um som tipo “Good

Punk é todo aquele que curte

um som mais pesado. Sem se

preocupar com o que as pessoas

vão dizer.

Curtimos a música que nos

deixa livre. As camisetas de

bandas, que chamamos de

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morte que a própria vida em

vida. O termo gótico surgiu de

um povo germânico, os Godos,

vulgarmente chamados de

Bárbaros e que foram os

primeiros germânicos a se

converterem ao cristianismo.

Charlote” e “My chemical

romance” é... quem curte se

vestir diferente do normal.

“peitas” é um estilo.

Quais são os principais valores

do seu grupo?

Os góticos gostam da noite, da

vida e também da morte, da

literatura, da arte, da solidão, do

ocultismo, do amor. O mundo

dos góticos não pode ser muito

caracterizado, cada um define-

se de uma maneira.

A gente é bem sussegado com

relação ao que os outros pensam

e falam da gente. Talvez

daí que tenha vindo a imagem

de “viadinhu” do Emo. Não

somos machões que é só

cutucar que caímos no pau. A

gente curte umas bandas que

tocavam letras introspectivas,

Cultivamos a música e a

liberdade de expressão. Cada

um na sua.

25

com batida pesada,

composições emos que falam

do que os adolescentes sentem.

O que o caracteriza como

Gótico? / Emo? / Punk?

Principalmente o visual. Minhas

roupas, como trajes antigos e

sempre na cor preta, unhas

pretas, anéis e crucifixos,

maquiagem mórbida, etc...

Mas o interessante é que as

pessoas me vêem como gótico,

julgando minha aparência

somente e não o modo pelo qual

eu levo a vida. Minhas ações

como góticos, eu diria que me

caracterizam muito mais do que

minha casca.

Minha roupa, meu estilo. É meu

allstar, meu boné torto, meu

cabelo na cara, minhas pulseiras

e coisas penduradas, os

piercings, a cor rosa (mais um

motivo pra imagem de

viadinhu). Essa mania de cor

rosa que Emo tem é porquê

meu, ninguém usa, ou pelo

menos usava né. Homem jamais

usava rosa, e agora quando usa

é Emo.

O estilo de música que eu ouço.

Gosto de Heavy Metal, de

músicas que expressam todo o

grito preso por essa sociedade

em decadência. O uso de peitas

(camisetas de bandas) e

acessórios de metal também são

nossa marca.

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Porque você escolheu fazer

parte desse grupo social? O que

te chamou atenção?

Não foi uma escolha

propriamente dita como se eu

tivesse que escolher. Sabe

quando você se sente deslocado

no mundo ? Não fazendo parte

dele ? Foi nesse momento que

eu olhei para mim mesmo e me

caracterizando descobri onde

me encaixava. Eu acredito que

o eu gótico sempre existiu em

mim, estava apenas esperando

cair a noite para despertar.

Além da identificação com a

moda e música, definitivamente

as pessoas. Se estamos longe do

grupo estamos solitários no

mundo, tristes de um jeito

disfarçado, mas tristes. Dentro

do grupo existe muito carinho

independente de ser menino ou

menina.

Porque é aqui que me

identifico. Tudo bem.... o fato

de meus pais serem todos

certinhos e isso causar um certo

desconforto a eles também

ajudou!!!

O que me chamou a atenção foi

o modo como podemos libertar

todo nosso sentimento através

da música. O que pra vocês é só

grito, para nós é liberdade de

expressão!

Como é o relacionamento

dentro do grupo com o qual

Os góticos se afirmam

românticos natos. Românticos

Já falei na pergunta anterior.

Nos reunimos para ouvir

música, ir para as baladas e nos

27

você convive? ao ponto do suicídio pelo

mesmo. Os relacionamentos

que mantemos é de carinho e

sustento um pelo outro. Não só

o carinho físico, mas na intriga

e no “teaser” do olhar... mesmo

na pura intenção da amizade.

desprender do problemas que

nos rodeam no dia-a-dia.

Vivemos cada um na sua.

Como é seu relacionamento

com as pessoas que não fazem

parte desse grupo?

O mínimo necessário. Não é

total porquê não somos auto-

suficientes como nenhum outro

grupo é. Mas por sermos um

grupo que vive muito mais em

nosso mundo, as pessoas

tendem a se limitar apenas em

apontar do que atacar.

Com quem eu preciso manter

um relacionamento como

familiares por exemplo, eu

mantenho de boa. Mesmo

aqueles que tiram sarro, se é

preciso, eu mantenho o mínimo

de relacionamento pelo menos.

Quem não faz diferença na

minha vida...eu apenas relevo.

Não tenho problemas com

ninguém de outros grupos. Para

ser sincero só não curto muito

esses tal de Emos. Poxa vida,

esses caras depravam todo o

movimento punk. Não estão

com nada. Vivem de beijinhos e

abraços todos sentimentalistas.

Mas fora isso eu sou um cara

28

legal!

Como sua família encara seu

jeito de viver?

Hoje os calos já fizeram seu

trabalho. Não sou mais estranho

à eles. Mas um dia já fui...

Quando me encontrei como

gótico, não ocorreu nenhuma

briga ou proibição; apenas

alguns deboches...talvez tenham

pensado que era somente uma

fase.

De boa. Na minha família eu

não tenho nenhum tipo de

preconceito por ser do jeito que

sou. Minha mãe até já brincou

comigo que eu deveria ter

escolhido um outro estilo

porquê o meu é caro demais rs...

Hum... no começo não fizeram

cara boa não! Mas depois se

acostumaram. Enchiam o saco

principalmente por causa da

música. Minha mãe diz que isso

é só um monte de gente

gritando, que ela não entende

nada do que eles falam!

Você acredita que a divisão em

diferentes grupos sociais facilita

ou dificulta o processo de

aprendizagem na sala de aula?

Como é esse desenvolvimento

Com certeza se houvesse uma

escola destinada a góticos, não

teriam góticos. Talvez

alguns...que logo se juntariam a

outra parte. A convivência em

Humn...facilita e dificulta.

Facilita porquê não vai ter

ninguém tirando sarro de

ninguém pelo que a pessoa é ou

escolheu ser. Mas também

Olha.. eu acho que isso não tem

nada a ver. Claro que a gente

gosta de sentar perto e fazer os

trabalhos e tal com as pessoas

que a gente mais se identifica.

29

com você? sala de aula não precisa ser tão

difícil para pessoas de grupos

como góticos ou qualquer outro

grupo. Cada um precisa

somente viver sua vida e deixar

que o outro viva a dele.

dificulta porquê quando a

pessoa sair dali, vai ter que

conviver com os outros grupos,

querendo ou não.

Agora a questão de aprender é

mais individual eu acho. Eu não

sou o melhor da sala. Mas

sempre faço o que a escola

manda então no final do ano

fico sossegado.

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5. Considerações Finais

Pude concluir através dessa pesquisa, que o ser humano se divide em grupos desde os

primórdios. Com a era globalizada e cheia de informações, cada vez mais a sociedade está se

agrupando de acordo com crenças, gostos e níveis sociais.

O adolescente é um indivíduo em transformação, que busca no outro apoio para

superar as transformações biológicas e psicológicas natural do seu desenvolvimento.

Através da pesquisa com integrantes de três diferentes grupos sociais, pude perceber

que todos carregam em comum o agrupamento através da música e cultura. Criam formas de

vestimenta para se destacar dos demais, tidos como “comuns”. Seus conceitos de sociedade se

baseiam na liberdade de expressão e sentimentos, principalmente o grupo Emo onde o

sentimento é demonstrado sem medida.

Todos os entrevistados, afirmaram não possuir relacionamentos com pessoas de outros

grupos devido à própria discriminação da sociedade. São grupos que se destacam dos demais,

principalmente, na maneira de se vestir. Segundo eles, a sociedade “comum” já os trata

diferente, e para evitar tal discriminação já evitam o contato inicial.

A divisão em grupos é inevitável. Principalmente nessa época de transição em que o

adolescente vivencia. Cabe ao professor e ao psicopedagogo criar formas em sala de aula para

amenizar essas diferenças. O aluno precisa sentir que a sala de aula é um ambiente neutro,

onde ele não será julgado pela maneira que se veste ou que se porta, e da mesma maneira deve

respeitar os demais.

Para que esse ambiente neutro seja criado, o próprio professor necessita ter

conhecimento acerca de seus alunos. Primeiramente, conhecer os diferentes grupos sociais

com o qual irá trabalhar. Para que assim ele possa desenvolver um trabalho cultural e

desinibidor em sala de aula.

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No decorrer do trabalho percebi que os próprios alunos entrevistados sentiram –se

interessados em participar. Durante as aulas, pude desenvolver algumas atividades referentes

a esses grupos, descobrimos as suas origens, seus hábitos e crenças. Pude perceber o interesse

de todos em conhecer esse novo mundo para muitos.

Com certeza, o primeiro passo antipreconceito é a informação que o professor irá

passar aos seus alunos.

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6. Bibliografia BLOS, Peter. “Psicologia e Pedagogia – Adolescência, uma interpretação psicanalítica”. São Paulo: ed. Martins Fontes, 1985. CASTORINA, José Antonio. “Piage - Vygotsky: Novas contribuições para o debate”. LA TAILLE, Yves de; KOHL, Marta. “Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão”. São Paulo: ed. Summus, 1992. REGO, Teresa Cristina. “Vygotsky: uma perspectiva histórico cultural da educação”. SAITO, Maria Ignez; SILVA, Luiz Eduardo Vargas da. “Adolescencia: Prevenção e risco”. São Paulo: ed. Atheneu, 2001. OSORIO, Luiz Carlos. “Grupos: teorias e práticas – acessando a era da grupalidade”. Porto Alegre: ed. Artes Médicas Sul, 2000. ZIMERMAM, David E. “Como trabalhamos com grupos”. Porto Alegre: ed. Artes Médicas, 1997. http://pt.wikipedia.org/wiki/Emo http://pt.wikipedia.org/wiki/Punk http://www.gothiccastle.net/?pag=gotico

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7. Anexo

Questionário aplicado a um integrante de cada grupo analisado:

1. Qual é a sua definição de Gótico? / Emo? / Punk?

2. Quais são os principais valores do seu grupo?

3. O que o caracteriza como Gótico? / Emo? / Punk?

4. Porque você escolheu fazer parte desse grupo social? O que te chamou atenção?

5. Como é o relacionamento dentro do grupo com o qual você convive?

6. Como é seu relacionamento com as pessoas que não fazem parte desse grupo?

7. Como sua família encara seu jeito de viver?

8. Você acredita que a divisão em diferentes grupos sociais facilita ou dificulta o

processo de aprendizagem na sala de aula? Como é esse desenvolvimento com você?