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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA SAÚDE Anna Paula Martinez GERENCIAMENTO DE RISCO E SEGURANÇA DO PACIENTE: A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO NAS PROFISSÕES DA SAÚDE SOROCABA/SP 2014

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA SAÚDE

Anna Paula Martinez

GERENCIAMENTO DE RISCO E SEGURANÇA DO PACIENTE:

A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE

MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO NAS PROFISSÕES DA SAÚDE

SOROCABA/SP

2014

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Anna Paula Martinez

GERENCIAMENTO DE RISCO E SEGURANÇA DO PACIENTE:

A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE

MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO NAS PROFISSÕES DA SAÚDE

Trabalho Final apresentado à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE PROFISSIONAL em Educação nas Profissões da Saúde, sob a orientação da Profa. Dra. Gisele Regina de Azevedo.

SOROCABA/SP

2014

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Dedico essa conquista:

- À minha família, especialmente aos meus pais, por sempre estarem ao meu

lado, me incentivando e me apoiando em todas as escolhas da minha vida. Sempre

me dando forças para conquistar meus objetivos.

- Aos profissionais da saúde que buscam a capacitação contínua para melhor

exercer sua profissão.

- Aos pacientes que devem receber um atendimento de qualidade, com uma

assistência segura.

E, por fim, dedico esse mestrado a todos aqueles que sempre me

estimularam e acreditaram em mim, entre eles minha orientadora, meus professores

e meus amigos.

“A mente que se abre a uma nova idéia,

jamais voltará ao seu tamanho original.”

Albert Einstein

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família, que é a minha maior preciosidade. Obrigada

Deborah Martinez, José Eduardo Martinez, Laura Martinez e José Victor Martinez,

por sempre estarem ao meu lado tanto nas vitórias quanto nos desafios da vida. Aos

meus avôs e aos meus tios que também fazem parte dessa conquista. Obrigada,

principalmente, aos meus pais, por serem meus maiores exemplos de competência

e perseverança. Obrigada por sempre exigirem de mim o máximo que eu posso

atingir. Com certeza vocês são os maiores responsáveis por eu ter atingido esse

objetivo. Obrigada, amo vocês.

À Profa. Dra. Gisele Regina de Azevedo, minha orientadora. Agradeço por ter

encarado esse desafio comigo e por ter me proporcionado muitos ensinamentos

durante esse processo em minha vida. Obrigada também, por ser meu exemplo de

dedicação, de competência, de uma pesquisadora de alta qualidade, de uma

enfermeira que preza pelo bem de seus pacientes. Com certeza, é uma das minhas

maiores inspirações como profissional e como ser humano. Obrigada por estar ao

meu lado desde o segundo ano de faculdade e sempre confiar e acreditar no meu

trabalho.

À diretora de enfermagem do Hospital Santa Lucinda, Silvia Stramm e a

coordenadora de enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Santa

Lucinda, Andréia (nome completo).... Agradeço por terem me proporcionado a

oportunidade de realizar meu mestrado em um hospital que possui alta qualidade no

atendimento, aonde a humanização e o respeito ao paciente sempre vêm em

primeiro lugar. Nunca me esqueceu do auxílio que vocês me deram nessa etapa de

minha vida tão importante.

Aos participantes da pesquisa, tanto os estudantes de enfermagem e

medicina quanto os profissionais da UTI do Hospital Santa Lucinda. Obrigada por

terem aceitado participar desse mestrado, por terem exposto todo o seu

conhecimento e suas fragilidades. O depoimento de vocês foi fundamental e trouxe

muitos dados que poderão fazer a diferença para todos os profissionais e

estudantes. Espero que vocês saibam da importância que tiveram nesse processo.

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Por fim, e, sobretudo, agradeço a Deus e a Nossa Senhora Aparecida por me

proporcionarem essa alegria e por me amparar nos momentos difíceis. Obrigada por

sempre me mostrarem o caminho que devo seguir.

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“Cada pessoa que passa em nossa vida, passa

sozinha, é porque cada pessoa é única e

nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que

passa em nossa vida passa sozinha e não nos

deixa só porque deixa um pouco de si e leva um

pouquinho de nós. Essa é a mais bela

responsabilidade da vida e a prova de que as

pessoas não se encontram por acaso.”

Charles Chaplin

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RESUMO

Martinez AP. Gerenciamento de risco e segurança do paciente: a percepção dos

estudantes e profissionais de saúde.

Introdução: O tema segurança do paciente e gerenciamento de risco é pouco

abordado na graduação e necessita estar sempre presente na educação continuada

e permanente. Objetivo: Analisar o conhecimento e as percepções de estudantes e

profissionais de Enfermagem e de Medicina sobre o tema "segurança do paciente” e

“gerenciamento de risco”. Material e Métodos: a população do estudo incluiu

médicos e enfermeiros de um hospital geral de Sorocaba e alunos do último ano de

Enfermagem e Medicina da FCMS/PUCSP. Aplicou-se um questionário com

perguntas abertas sobre os conceitos básicos de gerenciamento de risco e

segurança do paciente. Em seguida, os sujeitos foram convidados a participar de

dois grupos focais: o primeiro apenas com os estudantes e o segundo com os

profissionais. A análise dos dados foi feita através do método de análise de

conteúdo. Resultado: pode-se criar com as falas onze categorias. O grupo dos

profissionais possui uma visão mais humanista e cita o quanto a conduta no

atendimento pode interferir na segurança do paciente. Já os estudantes mostram

conhecimentos teóricos mais aprofundados. Referem possuir esse conhecimento

devido a estágios práticos e internato e relatam ter tido pouco contato com o tema

durante a graduação. Discussão: tanto os estudantes quanto os profissionais

devem estar preparados para práticas que garantam a segurança dos pacientes.

Tanto os professores quanto a própria instituição devem ensinar e exigir de seus

profissionais atitudes seguras, as chamadas boas práticas clínicas.

Palavras-chave: segurança do paciente, gerenciamento de risco e educação em

saúde

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ABSTRACT

Martinez AP. Patient safety and risk management: students and professionals

perceptions.

Introduction: Patient safety and risk management are themes little present at the

undergraduate courses of health professionals. They are also important for

continuous education during all the professional life. Aim: assess the knowledge and

perceptions of students and professionals of Nursing and Medical School on "patient

safety " and "risk management". Method: The study population included physicians

and nurses at a general hospital in Brazil and students of the last year of nursing and

medicine courses of the PUC-SP. It was applied a questionnaire with open questions

about the basics of risk management and patient safety. The subjects were then

asked to participate in two focus groups: one with just the students and the other with

health professionals. Results: eleven speeches categories were created. The group

of professionals has a more humanistic view and discusses how the conduct in

attendance may interfere with patient safety. The students show more depth of the

theoretical knowledge. They possess this knowledge due to internships and

professional practice. They report having had little contact with the subject during

undergraduate course. Discussion: both students and professionals should be

prepared for changes that will make a revolution in care. Both teachers and the

educational institution put emphasis on these themes. Require It is also important to

evaluate students and professional for their safe working attitudes.

Keywords: patient safety, risk management, health education.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AC Análise de Conteúdo

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CFF Conselho Federal de Farmácia

CFM Conselho Federal de Medicina

CFO Conselho Federal de Odontologia

COFEN Conselho Federal de Enfermagem

CONASS Conselho Nacional de Secretários Municipais da Saúde

COREN Conselho Regional de Enfermagem

EUA Estados Unidos da América

FCMS Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde

HSL Hospital Santa Lucinda

IOM Instituto de Medicina

MS Ministério da Saúde

NIHAO National Integrated Accreditation for Healthcare Organizations

OMS Organização Mundial da Saúde

ONA Organização Nacional de Acreditação

OPAS Organização Pan Americana de Saúde

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PBL Problem-based Learning (Aprendizagem Baseada em Problemas)

PS Pronto-Socorro

PUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UTI Unidade de Terapia Intensiva

!

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15

1.1 Contextualização e Justificativa ...................................................................... 15

1.2 Gerenciamento de Risco ................................................................................... 15

1.3 Qualidade de Vida .............................................................................................. 18

1.4 Segurança do Paciente ..................................................................................... 19

1.4.1 Nomenclatura ................................................................................................... 20

1.4.2 Cenário mundial ................................................................................................ 21

1.4.3 Programas nacionais ........................................................................................ 25

1.5 Educação nas Profissões de Saúde e Segurança do Paciente ..................... 26

1.6 Como Avaliar se o Profissional está Preparado? ........................................... 28

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 31

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 31

2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 31

3 MATERIAL E MÉTODO ......................................................................................... 32

3.1 População e Amostra ........................................................................................ 32

3.2 Locais do Estudo ............................................................................................... 32

3.3 Coleta de Dados ................................................................................................. 37

3.3.1 Questionário de caracterização sócio-demográfica ................................... 38

3.3.2 Questionário sobre conhecimentos prévios ................................................ 38

3.3.3 Grupo focal ...................................................................................................... 39

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3.3.4 Procedimentos do grupo focal ...................................................................... 41

3.4 Análise dos Dados ............................................................................................. 42

3.5 Aspectos Éticos ................................................................................................. 43

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 44

4.1 Caracterização Sócio-Demográfica ................................................................. 44

4.1.1 Estudantes de enfermagem e medicina ........................................................... 44

4.1.2 Profissionais de saúde ...................................................................................... 44

4.2 Questionário de Conhecimentos Prévios ....................................................... 45

4.3 Grupo Focal ........................................................................................................ 52

4.3.1 Nível de conhecimento sobre o tema ............................................................... 53

4.3.2 Aspectos que influenciam a segurança do paciente e o gerenciamento de risco

................................................................................................................................... 57

4.3.3 Papel da equipe de saúde na segurança do paciente ..................................... 62

4.3.4 Desconhecimento sobre protocolos institucionais e a importância de seu uso 64

4.3.5 Necessidade de abordar o tema de forma específica na graduação ............... 65

4.3.6 Estudantes ........................................................................................................ 72

4.3.6.1 Papel da instituição ........................................................................................ 72

4.3.6.2 Acreditação hospitalar ................................................................................... 73

4.3.6.3 Contato com o tema ...................................................................................... 74

4.3.7 Profissionais da saúde ...................................................................................... 75

4.3.7.1 Comunicação ................................................................................................. 75

4.3.7.2 Aspectos gerais do cuidado ........................................................................... 78

4.3.7.3 Conhecimento do assunto (vivência do tema) em setor específico do hospital

................................................................................................................................... 79

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5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 81

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 83

APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ............... 92

APÊNDICE B - Questionário de Caracterização Sócio-Demográfica ................. 94

APÊNDICE C - Questionário sobre Conhecimentos Prévios .............................. 95

ANEXO A - Transcrição Grupo Focal Estudantes de Enfermagem e Medicina . 96

ANEXO B - Transcrição do Grupo Focal Profissionais da Saúde ..................... 111

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização e Justificativa

!

A enfermagem tem como uma das principais ferramentas, a arte de cuidar e,

para isso, o enfermeiro deve estar altamente capacitado e qualificado. Assim, a

união do cuidar com a capacitação elevada me atraiu muito, e essas características

fizeram com que eu não tivesse mais dúvidas sobre minha escolha de profissão.

Concluí a graduação no ano de 2010, pela Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo (PUC-SP) e, durante a graduação fiz contato com problemas relacionados às

dificuldades técnicas nesse cuidado com a saúde. Também tomei conhecimento que

essa preocupação vem sendo motivo de pesquisa e estudo, sendo assim passei a

me interessar cada vez mais pelo assunto. Participei de um curso sobre os

princípios de gerenciamento de risco e segurança do paciente, o qual apontava a

incidência de erros, as principais injúrias e o que isso acarretava para a população e

para os profissionais da saúde. A partir daí, decidi que esse seria meu principal

campo de estudo e, se possível, minha linha de pesquisa, e muito do que aprendi

está descrito a seguir.

A segurança do paciente é conceituada como a “redução e mitigação de atos

não seguros dentro do sistema de assistência a saúde, assim como a utilização de

boas práticas para alcançar resultados ótimos para o paciente”.1 A assistência à

saúde tem como objetivo o tratamento de agravos, mas tem como primeira

preocupação e, portanto, prioridade, não causar mais danos durante o processo

terapêutico (“primum non nocere” – em primeiro lugar, não provocar danos).2 Nas

últimas décadas, foi significativo o desenvolvimento de protocolos e técnicas

voltadas para o gerenciamento de riscos e segurança do paciente.1.2

1.2 Gerenciamento de Risco

Gerenciamento de risco é a aplicação sistêmica e contínua de políticas,

procedimentos, condutas e recursos na avaliação e no controle de riscos e de

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eventos adversos que afetam a segurança, a saúde humana, a integridade

profissional, o meio ambiente e a imagem institucional”. 3

Na chamada cultura de “segurança do paciente” tudo começa com a previsão

da ocorrência de erros através do mapeamento dos riscos de estes ocorrerem. Não

só a identificação, quantificação dos riscos, mas o estabelecimento de instrumentos

para minimizá-los, consiste no que a literatura chama de gerenciamento de risco.4

Os objetivos da gestão ou gerenciamento de risco envolvem “a segurança da

comunidade usuária, redução de perdas, preservação da organização, atendimento

à legislação vigente e alinhamento aos padrões e aos critérios para certificação de

qualidade”.4

Gerenciar riscos consiste em um processo que deve ser aplicado em qualquer

situação de assistência, e ter suas etapas estabelecidas de forma proporcional à

complexidade dos serviços de saúde e seus potenciais riscos.5

A implantação do gerenciamento de risco requer, além da vontade de

trabalhar mais e melhor, um suporte político (apoio), organizacional e financeiro por

parte dos gestores em saúde.4

Não só a utilização de métodos e instrumentos de avaliação do risco é

necessária, mas também o treinamento de todos os envolvidos na assistência.

Considerando-se que o trabalho em saúde é multiprofissional, pode se esperar

graus diferentes de aceitação nas mudanças de rotina que podem advir dessa

política. Muitas vezes as mudanças de comportamento exigidas são rejeitadas pelos

profissionais. Portanto, o respaldo dos gestores a essa política é necessário para

que ela venha a ser eficaz.6,7

Segundo Feldman, as principais etapas para implementar o gerenciamento de

risco são:6

1- Identificação dos fatores potenciais de risco e eventos por área e setor

2- Notificação e análise: preenchimento da ficha de notificação para

classificação dos riscos, análises e intervenção para reduzi-los ou eliminá-los.

3- Tratamento dos riscos: monitoramento com utilização de ferramentas;

4- Controle dos riscos: sensibilização, capacitação e aprimoramento;

5- Plano de comunicação: feedback aos envolvidos, divulgação interna e

envolvimento de todos, incluindo o paciente e seus familiares;

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!

6- Disseminação da cultura de gerenciamento de risco.

Algumas entidades importantes, entre elas, a Associação de Enfermeiros dos

Estados Unidos, a Joint Comission Internacional (JCI) e o Institute for Healthcare

Improvement (IHI) trabalham com o tema gerenciamento de risco.8 O IHI é uma

entidade de grande importância, pois identificou, nos EUA, dificuldades recorrentes

nas instituições de saúde e sugeriu mudanças para que houvesse a redução desses

problemas, principalmente os relacionados às complicações cirúrgicas, identificação

dos pacientes, gerenciamento da dor e ainda propôs protocolos para infarto agudo

do miocárdio (IAM), de eventos adversos com medicamentos, de infecção,

pneumonia relacionada a ventilação mecânica (PAV), trombose venosa profunda,

hemorragia digestiva, ulcera por pressão.9

No Brasil, muitos hospitais também vêm trabalhando com esses assuntos e

desenvolvendo protocolos para um gerenciamento de risco mais eficaz, prevenindo

complicações e internações prolongadas. Porém, não estão sendo utilizados os

resultados das pesquisas no cotidiano. Entre os motivos apontados destacam-se o

despreparo dos enfermeiros, já que esses profissionais não percebem que a

pesquisa é parte integrante do seu cotidiano profissional e a falta de tempo e suporte

organizacional, como recursos humanos, materiais e financeiros.10

Alguns estudos apontam a necessidade da aproximação dos avanços

científicos com as práticas assistenciais. A abordagem mais recente é conhecida

como Enfermagem Baseada em Evidências (Evidence Based Nursing) que estipula

cinco passos para um gerenciamento de risco adequado: “a formulação de questões

originárias da prática profissional; a investigação da literatura ou outros recursos

relevantes de informações na busca das evidências; a avaliação das evidências em

relação à validade, generalização e transferência; de conhecimento do uso da

melhor evidência disponível, habilidade clínica e as preferências do cliente no

planejamento e implantação do cuidado e a avaliação do enfermeiro em relação à

sua própria prática”.11

Além de sistematizar o processo de enfermagem, essas medidas e a criação

de protocolos diminuem “o risco de acusações relativas à prática profissional e a

redução de custos”. Essas medidas devem ser reavaliadas periodicamente, pois as

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mudanças de processos e novas tecnologias surgem periodicamente, devendo a

saúde se adequar a elas (12).

Outro item de grande importância refere-se aos indicadores de qualidade.

Eles ajudam á identificar o quanto as rotinas se distanciam do ideal e orientam as

mudanças a serem implantadas para a melhora da assistência.12

1.3 Qualidade de Vida

A avaliação dos serviços de saúde deve partir de parâmetros que definam os

tópicos a serem avaliados. Nesse contexto, Donabedian13 atribui à presença de seis

características a definição de um serviço de saúde de qualidade:

• Eficácia: capacidade da assistência em atingir seus melhores

resultados- melhora da saúde e bem estar. A estratégia conhecida como a mais

eficaz estabelece o limite Maximo do que se pode alcançar, é a fronteira tecnológica.

• Efetividade: grau em que as melhorias possíveis na saúde,

identificadas a partir de estratégias mais eficazes, são atingidas na pratica do dia a

dia;

• Otimização: representa o esforço para se obter nível ideal de

investimento no cuidado assistencial, considerando o beneficio à saúde e o custo da

assistência, representando pelo ponto máximo em que os benefícios da assistência

são vantajosos em relação ao acréscimo nos custos. Assim, determinada estratégia

de cuidado pode ser mais efetiva, porém os hipotéticos ganhos adicionais em saúde

podem não compensar o acréscimo nos custos.

• Aceitabilidade da assistência: grau de conformidade da assistência

com os desejos, expectativas e valores dos pacientes e familiares. Tais expectativas

incluem acesso, relação médico paciente, conforto das instalações, preferências do

paciente em relação às estratégias de cuidado e custo assistência.

• Legitimidade: conformidade da assistência com as necessidades de

bem-estar da sociedade ou da comunidade.

• Equidade: relaciona-se com a justiça na distribuição da assistência

prestada e de seus benefícios, em função das necessidades de determinada

população.

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Essas características só podem ser atingidas se houver planejamento,

continuidade, adequação da assistência às necessidades do paciente, “como

adequação da assistência e do tempo de atendimento as necessidades do paciente,

planejamento organizacional, continuidade da assistência, respeito aos valores

individuais e sociais e segurança do paciente, de seus familiares e dos profissionais

da organização”, conforme preconiza a Joint Comission on Accreditation of

Healthcare Organizations (JCAHO). 4,13

Para a implantação da cultura de segurança do paciente os seguintes passos

são fundamentais: 4,14

• Compromisso com a segurança articulado com os níveis mais altos da

organização e traduzido em valores, crenças e comportamentos compartilhados em

todos os níveis.

• Alocação de recursos;

• Valorização como prioridade e responsabilidade de todos;

• Comunicação frequente e aberta entre trabalhadores e os níveis da

organização;

• Atos não seguros são raros e há abertura para se conversas sobre

erros e problemas relatados quando ocorrem;

• A aprendizagem organizacional é valorizada e a resposta ao problema

focaliza na melhora do desempenho do sistema, e não na culpa do individuo;

• Educar a equipe sobre a ciência relacionada a segurança.

1.4 Segurança do Paciente

O conceito de Segurança do Paciente, conforme a Organização Mundial da

Saúde (OMS) é “A redução do risco de danos desnecessários associados à

assistência em saúde até um mínimo aceitável. O “mínimo aceitável” se refere

àquilo que é viável diante do conhecimento atual, dos recursos disponíveis e do

contexto em que a assistência foi realizada frente ao risco de não-tratamento, ou

outro tratamento. Complementando este conceito, a segurança do paciente não é

nada mais que a redução de atos inseguros nos processos assistenciais e uso das

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!

melhoras práticas descritas de forma a alcançar os melhores resultados possíveis

para o paciente”.15

1.4.1 Nomenclatura

Para falarmos sobre segurança do paciente, é fundamental que alguns termos

sejam compreendidos, entre eles:4,16

• Saúde: Estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não

apenas ausência de doença ou enfermidade.

• Fator Contribuinte: Circunstância, ação ou influência que, acredita-se,

teve participação na origem ou no desenvolvimento de um incidente ou aumentou o

risco de um incidente.

• Reação Adversa: Dano inesperado resultante de ação justificada em

que o processo correto foi seguido para o contexto no qual o evento ocorreu.

• Efeito Colateral: Efeito conhecido, diferente do esperado, relacionado

às propriedades farmacológicas do medicamento.

• Evento Sentinela: “incidente que resultou ou poderia ter produzido um

dano muito sério”.

• Iatrogenias: Alteração indesejável, de natureza prejudicial ou danosa

ao paciente, desencadeada por omissão ou ação inadvertida ou falha, voluntária ou

involuntária praticada por quem assiste ao paciente.

• Injúrias: Provocar um dano, não intencional, mas prevenível.

Esses termos podem causar alguma confusão, pois são muitos semelhantes,

o que faz com que muitas vezes sejam utilizados erroneamente.

Em 2004, foi criada a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente pela

OMS, isso fez com que essas nomenclaturas fossem cada vez mais entendidas,

apesar de ainda haver muitas dúvidas. Além disso, a OMS criou um grupo (drafting

group) a fim de “desenvolver uma taxonomia internacional”.17

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1.4.2 Cenário mundial

Estudos internacionais mostram realidades assustadoras. Pesquisas apontam

que, ao ano, ocorrem entre 44.000 a 180.000 óbitos nos Estados Unidos da América

(EUA) devido às iatrogenias ou injúrias assistenciais evitáveis18,19 e que 1,3 milhões

de pessoas já sofreram incapacidades ou tiveram a internação prolongada pelos

mesmos motivos.17,20,21 No Brasil, há poucos estudos que mostrem a incidência de

erros, entretanto, ocorrem vinte e quatro mil mortes anuais, devido à intoxicação

medicamentosa.19 Pesquisas mostram que um em cada dez pacientes sofre eventos

adversos entre os quais se destacam os seguintes: queda, administração incorreta

de medicamentos, falhas na identificação do paciente, erros em procedimentos

cirúrgicos, infecções, mal uso de dispositivos e equipamentos médicos.22-24

Um estudo realizado em três hospitais universitários no Rio de Janeiro em

2009 apontou que a incidência de erros em 1103 pacientes atendidos foi de 7,6% e

que 66,7% eram preveníveis. Esses resultados, quando comparados com estudos

semelhantes realizados na Nova Zelândia, Austrália, Reino Unido, Dinamarca,

França, Espanha e Canadá evidenciam que no Brasil ocorre um número maior de

eventos adversos evitáveis do que nos locais estudados.25,26 Esses resultados

demonstram a relevância da análise desses erros, do estabelecimento de protocolos

de prevenção e da capacitação dos profissionais.25-27

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que uma em cada dez

pessoas é vítima de eventos adversos evitáveis durante a prestação da assistência.

Estudos apontam que a morte por erros de medicação matam mais do que o câncer

de mama, a síndrome da imunodeficiência e três vezes mais do que acidentes

automobilísticos.17

Esses dados são preocupantes, já que o hospital serve justamente para

recuperar a saúde dos clientes e não provocar mais lesões ou até mesmo a

morte.2,27-28

Sabe-se que a equipe de enfermagem possui uma sobrecarga de trabalho,

devido ao grande número de pacientes, à carga horária elevada e ao baixo salário,

que os faz ter mais de um emprego. Isso, entre outras questões, tornam o trabalho

exaustivo, o que aumenta a chance de ocorrerem erros.2,29

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Dentre eles, destacam-se as prescrições ilegíveis e incompletas, erros na

dispensação devido à falta de comunicação entre a enfermagem e a farmácia, e

falha no processo de preenchimento das etiquetas dos medicamentos. Esse

problema é ainda mais sério quando se trata de prescrição de psicotrópicos.2,30

Muitos hospitais passaram a utilizar sistemas informatizados, diminuindo a

chance de prescrições ilegíveis e de falha na dispensação de medicamentos.22

Apesar de a tecnologia poder ser utilizada favoravelmente nesses casos, os

profissionais da saúde possuem a obrigação de se atentarem para essas

questões.22 A atenção e a responsabilidade são fundamentais em qualquer serviço

que envolva saúde, principalmente quando relacionados à emergência, já que os

pacientes estão fragilizados e frequentemente são submetidos a procedimentos

invasivos.22

Quando se fala em erros, mais importante do que identificá-los, é fundamental

conhecer suas possíveis causas para que se realizem intervenções para evitá-los.

Entre os aspectos que podem prejudicar o desempenho no trabalho,

destacam-se a falta de material, a falta de profissionais qualificados, a superlotação,

o quadro de profissionais inferiores à demanda, a desorganização e a falta de

sistematização.29

Dentre os erros mais relatados, a medicação ganha destaque. Os problemas

já começam no seu preparo, pois o profissional que prepara não é o mesmo que

administra.29 Isso é algo muito relevante, pois é essencial que o profissional que

inicie uma tarefa seja o mesmo que a encerre. Essa prática aumentaria a segurança

do profissional e do paciente.29

Em um estudo realizado por Silva,30 cerca de 8,1% dos enfermeiros

estudados relataram ter recebido treinamento sobre o processo de administração de

medicamentos e 70% disseram não terem conhecimento da existência de

protocolos, manuais ou guia de preparo de medicamentos.

Algumas questões de relevância devem ser abordadas, tais como o

sentimento frente ao erro e a reação nesses momentos, já que ninguém gosta de

errar e muitos têm dificuldades em admitir seus erros. Entre as principais emoções

relatadas foram citadas: preocupação, insegurança, raiva, impotência e culpa.31 O

erro gera, portanto, grande sofrimento psicológico para o profissional de

enfermagem.32 Portanto, trabalhar o aspecto emocional do enfermeiro, além de

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(*!

!

prevenir situações que geram erro, fazem com que ele esteja mais seguro diante de

uma complicação do erro, promovendo melhores resultados.32

A conduta dos profissionais após o erro difere de acordo com o profissional e,

entre os pesquisados por Azevedo-Filho et al.,31 69,8% disseram que a prioridade é

comunicar ao médico; 55,1% intensificam os cuidados ao paciente e 28% anotam no

prontuário. Além disso, algo observado no trabalho é que os enfermeiros mais

experientes possuem mais confiança para agir em determinadas situações.

Pode-se citar a importância de protocolos, pois a elaboração de fluxograma

caso um erro desse aspecto ocorra, poderia sistematizar o processo e facilitar o

atendimento, tornando-o mais ágil e eficaz.32

Além disso, muitos enfermeiros não notificam por medo de punições e

julgamentos dos colegas.32 Não é incomum discussões entre membros da equipe

sobre a autoria de erros detectados,29 e as chefias devem estimular a notificação do

erro, já que são estas que irão propiciar uma avaliação da eficiência do serviço,

gerando a possibilidade de intervenções educativas.33

A questão de erros e sua prevenção podem ser verificadas em qualquer nível

de atenção a saúde, mas está particularmente presente naquelas unidades onde a

rapidez do atendimento é fundamental e, portanto, as rotinas têm que estar bem

estabelecidas. Nesse contexto, a urgência e emergência e a unidade de terapia

intensiva (UTI), se destacam.

O pronto socorro (PS) e a UTI são os setores mais sujeitos a erros, devido à

grande carga de trabalho, à gravidade dos clientes, ao escasso quadro de

funcionários, ao acúmulo de empregos dos profissionais de enfermagem e a rapidez

necessária para esse tipo de atendimento. É essencial que estudos científicos

contemplem as principais falhas que ocorrem dentro desses setores e sua

prevenção. Conhecer essas possíveis falhas é fundamental para que se elabore

estratégias para enfrentá-las

A UTI e o PS devem estar em perfeita organização, sistematização e

equipados com materiais adequados para atender qualquer intercorrência, tendo

profissionais atualizados e bem treinados e em número suficiente para dar atenção

adequada aos clientes.

Apesar de algumas unidades estarem cada vez mais se adequando, a

realidade ainda não chega nem perto da ideal. Ainda vemos serviços

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!

desorganizados e com baixa qualidade na assistência, o que prejudica a segurança

do paciente e aumenta o risco de erros assistenciais.

A segurança do paciente é um dos assuntos mais discutidos atualmente entre

os profissionais da saúde e mesmo pela população em geral. O cuidado ás vezes se

torna mecânico e rotineiro, fazendo com que ocorram acidentes que podem ser

prevenidos.34 Há décadas, entidades importantes têm trabalhado com o tema, uma

delas chamada “Joint Comission” foi criada em 1953, sendo a principal organização

de acreditação em saúde nos Estados Unidos e atua também em mais de quarenta

países.34,35 “O processo de acreditação tem a finalidade de criar uma cultura de

segurança e qualidade dentro de uma organização, que continuamente se esforça

para melhorar processos de cuidado ao paciente”.35 O primeiro aspecto para que

uma instituição de saúde consiga a acreditação é justamente gerenciar risco e

promover a segurança do paciente.19

Além da “Joint Comission”, outras organizações mais novas estão envolvidas

com o processo de qualidade na assistência, entre elas: “National Integrated

Accreditation for Healthcare Organizations (NIHAO) e Organização Nacional de

Acreditação (ONA).18 A crescente criação de entidades como as citadas acima, se

deve ao fato de que a segurança do paciente é a primeira obrigação, entre muitas,

da instituição de saúde.18,36 Além disso, a acreditação também é de extrema

importância para as instituições de saúde, sejam de pequeno ou grande porte, pois

isso demonstra a qualidade de sua assistência e eleva seu status.18

Há cinco anos, o “Institute of Medicine” recomendou que as organizações de

saúde se ocupassem desse tema, gerando um aumento em pesquisas sobre

gerenciamento de risco para minimizar a incidência de efeitos adversos e acidentes

durante os procedimentos em saúde.18 A segurança do paciente passa a ser o

principal critério de qualidade na assistência à saúde.18,36 Esse instituto propôs a

implantação de seis domínios da qualidade no livro “Crossing the Chasm” (Cruzando

o Abismo): garantir uma assistência segura, efetiva, centrada no paciente, oportuna,

eficiente e equitativa. Este é o grande desafio do momento.18,36

Recentemente, entidades governamentais frisaram a importância do cliente

ser tratado como “elemento central dos atendimentos em instituições hospitalares,

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sejam públicas ou privadas”. Essa atitude diminuiria erros e mortes evitáveis, que

atualmente ainda são rotineiras.37

1.4.3 Programas nacionais

Por causa dessa realidade, o Ministério da Saúde (MS) e a Agência Nacional

de Vigilância Sanitária (ANVISA) criaram o Programa Nacional de Segurança do

Paciente, “cujo objetivo é prevenir e reduzir a incidência de eventos adversos –

incidentes que resultam em danos ao paciente como quedas, administração

incorreta de medicamentos e erros em procedimentos cirúrgicos”. Entre as

determinações dessa resolução consta a obrigatoriedade de criação de Núcleos de

Segurança do Paciente nos estabelecimentos de saúde e a notificação de eventos

adversos,38 que é um dos grandes empecilhos na segurança do paciente, já que

muitos profissionais da saúde não notificam por medo de punições e julgamentos

dos colegas.32

Além do MS e da ANVISA, há diversas entidades governamentais e

conselhos envolvidos na criação do Programa Nacional de Segurança do Paciente,

como o Conselho Federal de Medicina (CFM), o Conselho Federal de Enfermagem

(COFEN), o Conselho Nacional de Secretários Municipais da Saúde (CONASS), o

Conselho Federal de Odontologia (CFO), o Conselho Federal de Farmácia (CFF) e a

Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), o que demonstra a seriedade e a

amplitude desse programa.38

A linha mestra desse programa é a criação de seis protocolos que enfocarão

os seguintes aspectos: cirurgia segura, prática de higiene das mãos, prevenção de

úlcera por pressão, prevenção de quedas, identificação do paciente, segurança na

prescrição, uso e administração de medicamentos.38

Entretanto, ainda há um déficit de conhecimento por parte dos profissionais

da saúde para que sejam implementadas as medidas necessárias para garantir a

segurança dos pacientes institucionalizados.34,38 A formação universitária atual não

dá ênfase ao conhecimento dos conceitos e instrumentos para o enfrentamento

dessas questões, muito embora se considere que a universidade deva ter uma

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importância inestimável, não apenas para ensinar teorias e técnicas, mas sim para

formar profissionais que visam à qualidade e a prevenção.34,39

1.5 Educação nas Profissões de Saúde e Segurança do Paciente

Na área da saúde, o processo de ensino vai muito além da transmissão de

conceitos teóricos, mas tem que envolver a transposição desses na prática diária,

permeado pela ética que se exige dessa atividade. Esse fato exige que estratégias

didáticas especiais sejam desenvolvidas potencializando o processo ensino-

aprendizagem.39,40 Envolve, portanto, muito mais do que é possível em um ambiente

típico de sala de aula, além de incluir relações entre docentes, alunos e usuários do

sistema de saúde.40

O ensino, realizado em associação com a vivência prática, deve prevalecer

desde a graduação. Essa vivência requer um papel essencial do docente mediando

as relações entre a teoria, prática e ética. Segundo Valente, “cabe ao educador

compartilhar, produzir e gerir.” 40

Melo afirma que a educação “se realiza no interior das relações sociais,

independentemente da consciência que dela se possa ter”.41

Assim, o ensino na área de saúde deve privilegiar o aprendizado em serviços,

envolvendo também os funcionários, os demais profissionais, os alunos e as

pessoas sob cuidado.42,43

Nesse sentido, cada um dos componentes do processo ensino-aprendizagem

tem uma responsabilidade específica. “Ao docente cabe atualizar-se, apropriar-se

dos conteúdos e práticas que permitam ampliar a resolutividade dos problemas de

saúde. Ao aluno cabe, por sua vez, a responsabilização por sua formação, sua

capacitação para a busca autônoma de conhecimentos, para o reconhecimento dos

limites e possibilidades pessoais”.44

Na graduação, os projetos dos cursos de Enfermagem devem seguir as

diretrizes curriculares nacionais, que são estabelecidas em Resolução da Câmara

de Ensino Superior do Ministério da Educação. Embora o tema desse estudo não

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!

esteja explícito na resolução referente à enfermagem, vários dos princípios

abordados requerem um conhecimento dessa temática.45

Já no perfil dos egressos está estabelecido que os profissionais de

enfermagem devem ter como base o rigor científico e intelectual, pautado em

princípios éticos. Assim, segurança do paciente tanto reflete esse rigor científico

quanto um princípio ético. Não causar dano na atenção à saúde é agir eticamente.

Essa característica é novamente repetida quando essas diretrizes tratam das

competências necessárias para a boa prática da enfermagem, a saber, “Os

profissionais devem realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de

qualidade e dos princípios da ética/bioética [...]”.45

Nesse contexto, mesmo considerando-se que gerenciamento de risco e

segurança do paciente têm recebido uma maior atenção e uma abordagem mais

explícita nos cursos atualmente, isso não exime o profissional que atua há mais

tempo, de se inteirar dos conceitos atuais. As próprias diretrizes curriculares

apontam a necessidade de educação permanente.45

A preocupação com a baixa ênfase sobre esse tema nos currículos de

enfermagem não se restringe ao Brasil, no Reino Unido, observam-se algumas

poucas recomendações sobre segurança no paciente no documento que estabelece

os requerimentos para os cursos de enfermagem no país e que foram publicados em

2002.46 Mesmo assim, observa-se alguns tópicos que são sugeridos para que os

educadores encorajem seus alunos a serem capazes de realizar.46 Entre eles,

destacam-se a identificação de práticas inseguras e uma resposta adequada para

garantir um resultado satisfatório; contribuir para a identificação de riscos potenciais

para os pacientes, colegas e para si próprios; entender e implementar os princípios e

políticas de saúde e segurança.46

Em 1999, o Instituto de Medicina (IOM) publicou recomendações referentes á

uma política de assistência á saúde voltada para esses conceitos. As conclusões do

relato do IOM foram referendadas pela Associação de Enfermagem Americana.47

Essas recomendações tiveram implicações para os educadores e escolas de

enfermagem. Os cursos foram estimulados a mudar seus currículos de forma a

expor os alunos á conteúdos e experiências que simulem as realidades diárias.

Também devem ser enfatizadas as práticas de trabalho em equipe.48,49 Também nos

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Estados Unidos da América (EUA), a preocupação com a segurança do paciente

tem se mostrado crescente.48,49

Pesquisas apontam que nada é tão importante quanto alterar o processo

educacional para que a segurança do paciente seja inserida no cotidiano dos

estudantes, desde a graduação. Entre as mudanças necessária estão o

gerenciamento de situações clínicas e científicas, conceitos básicos do ser humano,

da segurança do paciente e da teoria de sistemas e desenvolvimento da gestão,

comunicação e trabalho em equipe.20

No presente estudo, que tem como objetivo a análise do que foi apreendido

sobre os temas gerenciamento de risco e segurança do paciente, pretende-se

verificar o quanto os estudantes e profissionais conhecem sobre os conceitos

internacionalmente estabelecidos e se esses foram incorporados na prática diária.

1.6 Como Avaliar se o Profissional está Preparado?

“A reforma educacional é um processo longo e difícil, que exige liderança e

requer mudanças de perspectivas, de estilos e trabalhos e de boas relações entre

todos os envolvidos”.49

Desde 1950 aproximadamente, inúmeras mudanças ocorreram no processo

de avaliação na área da saúde. Vários métodos de avaliação foram criados ao longo

dessas décadas e os mais discutidos atualmente entre os que enfocam as

habilidades práticas associadas ao conhecimento teórico são a simulação com

bonecos ou atores, a simulação utilizando a informática, os programas de

computador e a participação dos pacientes durante o processo de avaliação (36).

Esses métodos, quando associados à tecnologia, aumentam a fidedignidade do

processo de avaliação, já que é possível verificar ao mesmo tempo o conhecimento

teórico e as habilidades do estudante e/ou profissional.50

Entende-se que, dentro da avaliação do conhecimento sobre qualquer tema,

tem que estar claro quais os critérios que serão utilizados nesse processo. Em geral,

os bons critérios de avaliação devem contar com coerência, reprodutibilidade,

equivalência, aplicabilidade, efeito educacional, efeito catalítico e boa

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aceitabilidade.51,52 A forma de avaliar não pode ser uniforme para qualquer situação

tendo, portanto, que ser adaptada ao ambiente e processo de ensino. Em geral, os

métodos avaliativos são classificados em formativos ou somativos.50 Os métodos

formativos devem ser realizados durante o ensino-aprendizagem e tem como pilar a

possibilidade de corrigir o rumo desse processo.50 Já o somativo tem um papel mais

relacionado à determinação do quanto foi aprendido.50 Também é importante que a

perspectivas de todos os envolvidos seja levada em conta, a saber, alunos,

docentes, instituição, professores, pacientes e sistema de saúde. Do ponto de vista

da instituição e do curso o importante é que os critérios de avaliação existam, sejam

bem conhecidos e tenham qualidade.50

A questão da relação entre o ensino de profissionais de saúde, a sociedade e

o cuidado prestado, tem merecido atenção em todo o mundo e tem gerado um

volume grande de informações.50 Baseada em dados históricos e análises

comparativas, a forma de ensinar saúde tem se modificado ao longo do tempo.49 As

sociedades e seus respectivos sistemas de saúde, através da necessidade da

população geram a demanda de como deve ser o profissional de saúde.50 Essa

demanda é transferida para as instituições de ensino que reformulam seu currículo e

modo de ensinar para dar conta dos novos desafios.50 Paulatinamente, o modo

tradicional de ensinar vem sendo substituído por um ensino baseado em

competências. Obviamente os profissionais formados nesses novos modelos

provocarão mudanças e melhorias no próprio sistema de saúde gerando, portanto

novas necessidades e evolução.50-52

Neste estudo, os temas escolhidos “gerenciamento de risco” e “segurança do

paciente” apresentam-se como eixos centrais no atendimento à saúde em todas as

instituições de qualquer sistema de saúde. Esses temas envolvem não somente

conhecimento de conteúdo teórico, mas, sobretudo, de novos comportamentos no

trabalho e no desenvolvimento de diretrizes e métodos de controle. Dessa forma,

para sabermos se esses temas são realmente conhecidos pelos novos profissionais,

temos que levar em conta os novos conceitos em avaliação. Utilizar esses conceitos,

bem como os instrumentos decorrentes deles dará segurança ao pesquisador de

que seus resultados são fidedignos e podem ser generalizados.

Considera-se que o tema segurança do paciente pode ser investigado sobre

três pontos de vista: formação dos profissionais de saúde, condições de trabalho e

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existência dos protocolos de prevenção. O enfoque central deste estudo é a

formação dos profissionais da saúde, tendo em vista que, ao serem apresentados

precocemente a esses temas, muito provavelmente eles sejam incorporados à

prática diária dos profissionais de saúde.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

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Analisar o conhecimento e as percepções de estudantes e profissionais de

enfermagem e de medicina sobre os temas "segurança do paciente” e

“gerenciamento de risco”.

2.2 Objetivos Específicos

!

1. Analisar o conhecimento de estudantes e profissionais de enfermagem

e medicina sobre os conceitos de “gerenciamento de risco” e “segurança do

paciente”.

2. Analisar o conhecimento dos instrumentos de avaliação de

gerenciamento de risco pela mesma clientela.

3. Analisar as principais medidas ou protocolos, nos discursos dos

sujeitos, para estabelecimento de segurança do paciente nas unidades hospitalares

dos entrevistados.

4. Analisar a diferença deste conhecimento por parte dos componentes

dos grupos estudados tanto no questionário de conhecimentos aplicado

previamente, como no grupo focal.

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3 MATERIAL E MÉTODO

3.1 População e Amostra

A população do estudo incluiu profissionais de várias subáreas da saúde

como, por exemplo, enfermagem (enfermeiros, auxiliares e técnicos), médicos,

nutricionistas e fisioterapeutas da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Santa

Lucinda (HSL) e alunos do último ano dos cursos de Enfermagem e Medicina da

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Os sujeitos convidados a

participar do estudo assinarão o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(Apêndice 1). Na primeira fase da pesquisa foi aplicado um questionário com

perguntas abertas sobre os conceitos básicos sobre gerenciamento de risco e

segurança do paciente para que haja uma caracterização prévia da amostra

(APÊNDICE B).

Em seguida, os sujeitos foram convidados a participar de dois grupos focais,

com 6 a 12 pessoas, a saber:

• Estudantes de medicina e enfermagem do último ano da graduação da

FCMS-PUC-SP;

• Equipe multidisciplinar da UTI do Hospital Santa Lucinda.

3.2 Locais do Estudo

A Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP (FCMS) abrange

os Cursos de Medicina, Enfermagem e Ciências Biológicas, além de Programas de

Residência Médica e Aprimoramento de Estudos, Cursos de Especialização e

Extensão e um Programa de Mestrado Profissional em Educação nas Profissões da

Saúde, implantado há três anos.

A ideia da fundação da então Faculdade de Medicina de Sorocaba foi lançada

pelo então prefeito Gualberto Moreira em 1949. Esse projeto contou com o apoio do

Bispo de Sorocaba e do Cardeal de São Paulo e passou a se desenvolver sob o

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acompanhamento e o prestígio da PUC-SP. Constituiu-se então a Fundação

Sorocaba, então mantenedora da recém-criada faculdade e que vinha a substituir a

Fundação Votorantim, responsável pela Maternidade Santa Lucinda que se

transformou em Hospital Santa Lucinda destinado a ser o hospital-escola.

Dessa empreitada participaram numerosas personalidades, porém três são

consideradas fundamentais: Dr. Gualberto Moreira (prefeito municipal), Padre André

Pieroni Sobrinho (professor do seminário e secretário de Assistência Social) e Dr.

Linneu Mattos Silveira (médico)

As atividades acadêmicas iniciaram-se em 1951, sendo que a aprovação para

esse funcionamento foi obtido junto ao Ministério de Educação e Cultura em 21 de

março de 1950, transformando Sorocaba na primeira cidade do interior do país a

sediar um curso médico. Os primeiros alunos formaram-se em 1956. Em 1971, a

Faculdade foi incorporada à PUC-SP, nascendo, assim, o campus Sorocaba da

Universidade. Desde sua fundação, a Faculdade pode contar com um hospital

próprio doado pelo filantropo Dr. José Ermírio de Moraes, o Hospital Santa Lucinda.

Atualmente, a FCMS conta com 202 professores, distribuídos em seis

departamentos: Ciências do Ambiente; Ciências Fisiológicas; Cirurgia; Enfermagem;

Medicina; e Morfologia e Patologia. O corpo discente da Faculdade conta com

aproximadamente 626 alunos no curso de Medicina, 176 em Enfermagem e 121 em

Ciências Biológicas, e o corpo de funcionários, que dá suporte técnico e acadêmico

às atividades, é composto por 104 profissionais.

A última avaliação do Ministério da Educação (MEC) concedeu nota 4 para o

curso de Medicina, 4 para o de Enfermagem e 4 para o de Ciências Biológicas. As

três graduações receberam estrelas na avaliação feita pela Editora Abril em 2010: 4

estrelas para Enfermagem e 3 para Medicina e para Ciências Biológicas.

A articulação da Universidade com o Sistema Único de Saúde (SUS) ocorre

no Hospital Santa Lucinda, que possui 60% de seus 168 leitos a ele destinados.

Encontra-se sob a gestão da Prefeitura Municipal de Sorocaba, conforme convênio

vigente entre esta e a Fundação São Paulo, mantenedora da PUC-SP. Os serviços

oferecidos neste hospital são secundários e terciários. Além desse acordo

específico, estas duas entidades também mantêm outro convênio, vigorando desde

1996 até os dias atuais, voltado inicialmente às atividades no Centro de Saúde

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Escola (localizado em área vizinha ao campus). Porém, desde sua primeira

renovação, em 2002, o campo de atuação conjunta foi estendido às demais

unidades de saúde do município, amparado pela lei municipal n.º 6.546, de 01 de

abril de 2002.

Além dos convênios com o município de Sorocaba, a PUC-SP tem desde

26/01/1962 um convênio com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo que

permite a utilização de dois hospitais públicos (Drª. Leonor Mendes de Barros e Prof.

Linneu de Mattos Silveira, totalizando 400 leitos) e do Ambulatório de Especialidades

Dr. Nelson da Costa Chaves (que juntos formam o Conjunto Hospitalar de

Sorocaba), integrados ao SUS, como campo de treinamento. Esses hospitais

recebem pacientes de toda a região da DRS-XVI, composta de 48 municípios (com

sede em Sorocaba), para atendimento de nível secundário e terciário. O Ambulatório

de Especialidades tem administração integrada à gestão do SUS, recebendo

exclusivamente pacientes referenciados. Recentemente a Fundação São Paulo

passou a compor o Conselho Gestor desse Conjunto Hospitalar junto com

representantes da Secretaria Estadual e Municipal de Saúde.

Na mesma linha, a Universidade tem convênio com prefeituras da região e

empresas educacionais para atuação dos alunos do curso de Ciências Biológicas,

voltado para o estudo do meio ambiente.

Em relação aos cursos de graduação, atualmente a FCMS tem dado

preferência à utilização de métodos ativos de ensino (como por exemplo, o ensino

baseado em problemas, ensino baseado na prática etc.), sem abandonar totalmente

métodos tradicionais já consolidados pela experiência prolongada. Os cursos de

Medicina e Enfermagem têm nos métodos ativos sua base de ensino; o curso de

Ciências Biológicas ainda utiliza o método tradicional e tem como tema central o

meio ambiente.

Na educação continuada, são oferecidos 21 Programas de Residência

Médica, 19 Programas de Aprimoramento de Estudos e os cursos de Especialização

em Enfermagem Obstétrica e Enfermagem Neonatal. Há ainda cursos de extensão

de outras áreas do saber no campus Sorocaba.

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Outro aspecto relevante é a atuação da FCMS em assistência à saúde e

educação em saúde e meio ambiente, por meio de encontros com a população e da

utilização de meios de comunicação.

Vislumbra-se agora uma fase de maior desenvolvimento da pesquisa que

passa a contar, além dos já consolidados programas de iniciação científica, com o

programa de mestrado profissional em “Educação para Profissões de Saúde” , mas

sobretudo com a perspectiva promissora de nossa participação no futuro Parque

Tecnológico de Sorocaba.

O Hospital Santa Lucinda (HSL), localizado no município de Sorocaba – SP

foi construído e doado em 1950 pelo grupo Votorantim para atender às

necessidades de ensino da Escola de Enfermagem e da Faculdade de Medicina de

Sorocaba. Desde 01/01/1977 passou a ser parte integrante da Faculdade de

Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP, mantida pela Fundação São

Paulo (FUNDASP). Desde 01/01/2003 passou da gestão estadual para gestão

municipal, através do convênio firmado entre a Fundação São Paulo/HSL e a

Prefeitura Municipal de Sorocaba (PMS), aproximando ainda mais a Universidade da

comunidade e das necessidades locorregionais.

O Hospital é campo de estágio para os alunos dos três cursos disponíveis na

Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS): Medicina, Enfermagem e

Ciências Biológicas, tanto na graduação quanto na pós-graduação lato-sensu. Em

dezembro de 2010 possui 422 funcionários diretos e aproximadamente 300

indiretos. O hospital passou por um processo de abertura do corpo clínico,

respeitando todo um conjunto de normatizações pertinentes para o ingresso de

novos médicos. Atualmente o seu corpo clínico conta com mais de 700 médicos, nas

diferentes especialidades.

Na área ambulatorial, devido a suas características, o HSL atende na sua

maioria, casos de pré ou pós-operatórios. Com um serviço de ortopedia de

referência regional, executa também cirurgias e diversos tratamentos ambulatoriais.

Outros destaques são os serviços de litotripsia extracorpórea, ecocardiografia e

tomografia computadorizada.

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O HSL também atende no máximo 40% de pacientes de convênios e

particulares, sempre primando por seus compromissos com a qualidade, a ética, a

responsabilidade e o humanismo, indistintamente.

No âmbito das parcerias, o HSL e a FCMS-PUC-SP, implementaram acordos

e convênios com outras instituições de ensino, tais como Faculdades de

Fisioterapia, Serviço Social, Fonoaudiologia, Nutrição e Psicologia, escolas técnicas

de enfermagem e de instrumentação cirúrgica, além de outras, que propiciaram a

efetivação da Equipe Multidisciplinar, permitindo de fato a implantação do

atendimento humanizado no Hospital Santa Lucinda, de acordo com o modelo

preconizado pelo Ministério da Saúde.

Desde 2002, o HSL vem processando paulatinamente mudanças substantivas

em suas instalações prediais, adquirindo novos equipamentos e buscando

convênios que aprimorem suas possibilidades de atendimento integral aos

pacientes. Desta forma foram feitas: a reforma de todos os quartos do 3º andar, a

instalação de um novo e moderno elevador, a construção de uma nova área de

recepção, a aquisição de novos e modernos equipamentos como: arcos cirúrgicos,

endoscópio para aparelho digestório alto, duodenoscópio para colangiografia

endoscópica, videolaparoscópios, litotripsor e aparelho de hemodinâmica de ponta.

O hospital terminou a segunda fase de reformas do centro cirúrgico, que passou a

operar com 12 salas praticamente novas, servidas por um sistema de ar

condicionado central projetado para atender as mais rigorosas normas técnicas de

qualidade. As metas atuais são as reformas da recepção central, a estruturação do

Hospital-Dia SUS e a melhoria dos quartos nas alas de internação dos pacientes do

Sistema Único de Saúde, onde em breve serão colocados televisores.

O HSL possui 10 leitos de UTI adulto e seis leitos de UTI neonatal. Quatro

leitos da UTI Neonatal estão credenciados junto ao SUS integrando a Unidade

Materno Infantil. Esta unidade conta ainda com o centro obstétrico e maternidade

com alojamento conjunto (mãe e bebê).

O HSL tem implantado projetos de humanização do parto e orgulha-se em ter

a mais baixa taxa de partos cesárea em pacientes SUS de Sorocaba (inferior a

30%).

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Outra reforma prevista era a adequação do Setor de Pediatria em parceria

com a Prefeitura Municipal de Sorocaba, este projeto já implantado está

minimizando a crescente demanda por leitos dessa especialidade na cidade. O

hospital viabilizou parcerias para instalação de uma brinquedoteca para recreação

dos pequenos enfermos.

O estabelecimento de protocolos clínicos, o uso racional de medicamentos e

o desenvolvimento de rotinas técnicas nos seus diferentes setores, tem sido

instrumento largamente utilizado neste hospital o que se traduz em melhorias

inequívocas, tanto para o atendimento, como para o controle dos custos

hospitalares. Atualmente integra a rede de Hospitais Sentinelas no Brasil, uma

iniciativa da ANVISA, e trabalha para obtenção da certificação de qualidade. Aderiu

ao programa de qualidade patrocinado pela CPFL/CEALAG, destacando-se por sua

performance.

Como Hospital Sentinela, o HSL vem reestruturando o serviço de farmácia

através da padronização de medicamentos, implantou o serviço de engenharia

clínica e agência transfusional, reforçando o papel da Comissão de Infecção

Hospitalar e estabelecendo o processo de busca ativa de eventos adversos.

Atualmente opera o sistema da ANVISA para notificação eletrônica de eventos

adversos.

Realiza protocolos de pesquisas clínicas a partir do interesse dos alunos e

professores da FCMS, alguns de nível internacional, respeitando a legislação

vigente e mediante aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, também

referência.53

3.3 Coleta de Dados

!

Primeiramente, os sujeitos da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE), estando cientes do foco da pesquisa e dos preceitos

éticos que a envolvem, como por exemplo, o anonimato e a livre escolha de deixar

de participar em qualquer momento da pesquisa. Após devidamente assinado o

TCLE (APÊNDICE A), a coleta de dados foi feita em duas etapas: questionário de

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*&!

!

caracterização sócio-demográfica e questionário de conhecimentos prévios sobre o

tema e debate em grupos focais.

3.3.1 Questionário de caracterização sócio-demográfica

O questionário (APÊNDICE B) consiste de perguntas sobre os seguintes

dados: idade, gênero, estado civil, escolaridade, formação acadêmica e dados

profissionais (tempo de trabalho, local, horas). Este foi entregue ao sujeito logo no

início da pesquisa. Os dados obtidos nesse questionário serão mostrados através de

estatística descritiva, ou seja, média e desvio padrão ou frequência e percentual.

3.3.2 Questionário sobre conhecimentos prévios

Aplicou-se um questionário com perguntas abertas sobre os temas

“segurança do paciente” e “gerenciamento de risco” (APÊNDICE C). Os sujeitos

responderam sobre seus conhecimentos prévios adquiridos na universidade e/ou no

trabalho. Além disso, deram dar sugestões de melhoria em seu local de trabalho.

Esse questionário consiste em perguntas sobre os principais conceitos, seu

conhecimento sobre protocolos, sobre o impacto desse conhecimento no seu

trabalho no caso dos profissionais e sobre o ensino desse conteúdo na graduação

no caso dos alunos. Os conceitos declarados pelos entrevistados foram comparados

com aqueles internacionalmente aceitos, apresentados a seguir, e as semelhanças e

diferenças foram motivo de análise. Já em relação aos demais quesitos, listamos as

principais opiniões e também comentamos essas respostas.

Definição dos Conceitos

Segurança do paciente: “redução do risco de danos desnecessários

associados à assistência em saúde até um mínimo aceitável”.15

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*'!

!

Gerenciamento de Risco: “aplicação sistemática de políticas, procedimentos e

práticas de gerenciamento às tarefas de análise, avaliação, controle e monitoração

de risco”.54

3.3.3 Grupo focal

A técnica “grupo focal’ foi criada em 1926 no mundo e em 1989 no Brasil, na

área da saúde, na Universidade de São Paulo”. Têm sido muito utilizada nas áreas

de antropologia, ciências sociais, mercadologia e educação em saúde.55 As ciências

sociais e as pesquisas de marketing foram pioneiras na utilização dessa técnica em

1920, entretanto, apenas na década de 70 e 80 que as demais áreas começaram a

utilizá-la.56

Essa técnica é realizada em pesquisas qualitativas e trouxe um avanço

significativo nessa área, já que o sujeito da pesquisa participa de forma ativa. Além

disso, permite a “interação grupal e promove uma ampla problematização sobre um

tema ou foco específico”.57

O grupo focal é uma modalidade de pesquisa científica com objetivos

diferentes dos métodos quantitativos.58 Com ele pode-se analisar os fenômenos com

maior profundidade, intensificando o acesso às informações. Dessa forma é possível

que novos pontos de vista sejam gerados e a discussão pode ser realizada em

maior profundidade.58 Ao mesmo tempo, a coleta de dados em grupo gera um

trabalho em equipe entre os pesquisados fazendo com que o relato individual ganhe

em qualidade e em perspectiva.58 O senso crítico e a criatividade são consequências

da participação em um grupo focal.

Além das ideias que os participantes trazem a priori, a discussão faz com que

a interação de opiniões promova mudança de julgamento dos próprios

pesquisados.38,39 Essa interação auxilia o pesquisador a identificar os conceitos

individuais e aqueles gerados no coletivo.59,60

São grupos cujos componentes discutem sobre temas específicos a partir de

perguntas abertas. Isso requer que os participantes recebam estímulos apropriados.

Essa é uma técnica diferenciada para coletar dados a partir da interação de um

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+)!

!

grupo de pessoas ligadas ao assunto estudado. Sendo assim, os sujeitos devem ter

pelo menos um critério de semelhança entre si.61,62

Esse método favorece a troca de conhecimento, novas descobertas e

participações comprometidas. Além disso, a formação de novas ideias é a principal

qualidade dessa técnica.58-60

Para que isso ocorra os procedimentos do grupo focal devem ser planejados

e bem executados. Cada grupo deve conter de 6 a 15 participantes, que deverão ser

entrevistados antes de iniciar a discussão em grupo, para identificação pessoal e

para verificar conhecimentos prévios sobre o tema 58,60

Além disso, é extremamente importante um ambiente agradável, confortável e

acolhedor, iluminação adequada, gravação, formação de círculo para interação face

a face.57

Todos os momentos do desenvolvimento do grupo focal devem ser

aproveitados pelo pesquisador, tanto para provocar um ambiente adequado para a

coleta de dados como também para a sua obtenção.57 A monitorização dos

participantes de maneira que o tema não gere discussão antes do momento

adequado deve começar já na chegada dos participantes. Nesse início pode-se

aproveitar para se obter informações pessoais de todos os envolvidos.57,58

A fase inicial é dirigida pelo moderador, que apresenta todos os componentes

da equipe de pesquisadores (observador e relator), além de esclarecer os objetivos

da pesquisa.59 A ideia que todos ganham em termos de informação, independente

de serem pesquisadores ou pesquisados deve ser claramente explicitada desde o

início.60 Todos devem ficar a par de todos os procedimentos a serem desenvolvidos

e de que o importante é que todas as opiniões serão igualmente valorizadas e o

consenso não é o objetivo, nem é indesejável. Assegurar o sigilo do que for

discutido é fundamental para garantir a liberdade de expressão.60

O momento principal é a exploração do tema de estudo. Um roteiro de

condução que inclui as questões a serem colocadas para o grupo faz parte do

material do moderador.57,58 Esse roteiro não deve ser extenso, para dar liberdade

para que a discussão se desenvolva. As questões não devem ser perguntas diretas,

e sim, sugestões para introduzir o debate. Materiais ilustrativos podem ser utilizados

como motivadores. Entre as funções do moderador as seguintes se destacam:

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+"!

!

• Solicitar esclarecimento ou aprofundamento de pontos específicos;

• Conduzir o grupo para o próximo tópico quando um ponto já foi

suficientemente explorado;

• Estimular os tímidos;

• Desestimular os tipos dominadores (que não param de falar);

• Finalizar o debate.

Ao final do encontro deve ocorrer uma síntese dos depoimentos e um espaço

para considerações finais dos sujeitos que podem manter ou reformar suas

considerações. Nesse momento, eles podem também expressar como se sentiram

durante sua participação.58,60,61

3.3.4 Procedimentos do grupo focal

A coleta de dados realizou-se por meio de dois grupos focais, um deles

composto por estudantes e outro por médicos e profissionais que compõem a equipe

de enfermagem (auxiliares de enfermagem, técnicos de enfermagem e enfermeiros)

que trabalham na UTI do Hospital Santa Lucinda (HSL) de Sorocaba, uma

coordenadora, uma secretária e uma observadora da discussão. Os participantes

utilizarão um crachá com números, mantendo assim seu anonimato. A coordenadora

utilizou uma questão chave para despertar interesse dos participantes, enquanto o

grupo compartilhou opiniões e perspectivas sobre a questão de segurança do

paciente e gerenciamento de risco. A secretária garantiu que todas as pessoas

tenham uma chance de falar ao organizar a inscrição dos alunos, sem colocar suas

opiniões ao grupo. A observadora foi responsável por anotar tudo que não puder ser

captado pelo gravador, ferramenta essa que, grava melhor o áudio e ajuda a fazer a

transcrição das discussões fidedignamente.

A seguir, um breve resumo sobre a técnica que foi utilizada na coleta de

dados.

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+(!

!

A – Os participantes utilizaram um crachá para serem identificados por

números, fazendo com que sua identificação seja preservada.

B- Foram apresentados um coordenador e um secretário;

C- Cada membro recebeu um número de identificação;

D – Cada elemento comentou suas opiniões sobre as questões sugeridas e

pôde falar mais de uma vez com a anuência do coordenador;

E – As falas e comportamentos foram registradas pelo secretário e gravadas.

3.4 Análise dos Dados

A análise dos dados foi ponderada com cuidado e em ordem e, para isto,

utilizou-se o método de Análise de Conteúdo (AC), de Laurence Bardin, que se

baseia nas noções de objetividade e de neutralidade, afastando qualquer

subjetividade do pesquisador.62

Segundo a autora, esse método consiste em “um conjunto de técnicas de

análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e

objetivos de descrição do conteúdo das mensagens.62

A AC é feita através de dedução frequencial ou análise por categorias

temáticas. A dedução frequencial se caracteriza em enumerar quantas vezes uma

mesma palavra ou frase se repete, sem se preocupar com o sentido.63,64 Os

resultados são apresentados através de estatística descritiva. A análise por

categorias temáticas consiste em se identificar categorias nas quais os dados

podem ser classificados.62,63 Essa categorização se faz pelos significados dos dados

obtidos no discurso. A análise categorial é o tipo de análise mais antiga e na prática

a mais utilizada. Para classificar os elementos em categorias é preciso identificar o

que eles têm em comum.62

O desenvolvimento da AC ocorre em três grandes fases: 1) a pré-análise

(formulação de hipóteses); 2) a exploração do material; 3) o tratamento dos

resultados e interpretação. A primeira etapa é descrita como a fase de organização

que inclui: “leitura flutuante, hipóteses, objetivos e elaboração de indicadores que

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+*!

!

fundamentem a interpretação”.62-64 Na segunda etapa ocorre a codificação dos

dados e na última fase se faz a categorização.62

Portanto, para que isso ocorresse, foi realizada uma primeira leitura dos

textos transcritos produzidos pelos informantes, chamada de leitura flutuante. A

partir dessa primeira leitura, suas intuições foram transformadas em hipóteses que

foram validadas ou não pelas etapas consecutivas.41 E, das hipóteses formuladas,

foi possível extrair as categorias.62,63 A categorização permitiu reunir maior número

de informações à custa de uma esquematização, e assim, correlacionou-se classes

de acontecimentos para ordená-los.62,63 Para serem consideradas boas, as

categorias tinham que possuir certas qualidades: exclusão mútua, homogeneidade,

pertinência, objetividade, fidelidade e produtividade.62 Por fim, foi realizada a

interpretação dos discursos e dessa forma foi possível reconhecer padrões, temas,

explicações e hipóteses.62-64

3.5 Aspectos Éticos

O projeto e o TCLE foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa na

Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUCSP, e registrados

09722412.0.0000.5373.

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++!

!

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Caracterização Sócio-Demográfica

Esta etapa foi realizada por meio de questionário escrito e incluiu algumas

questões pessoais como a idade e o estado marital e outras relacionadas com a

profissão como, por exemplo, o ano de ingresso no curso, ano de formação, local de

trabalho. As características de ambos os grupos serão abordadas a seguir.

4.1.1 Estudantes de enfermagem e medicina

O grupo dos estudantes foi composto por oito integrantes, todos solteiros,

sendo quatro do curso de Medicina e quatro do curso de Enfermagem; cinco eram

do sexo masculino e três do sexo feminino e as idades variaram entre 22 e 30 anos.

Todos os estudantes do curso de Medicina ingressaram no ano de 2008, já os

alunos da Enfermagem, três deles ingressaram no ano de 2010 e apenas um no ano

de 2008. Apenas dois alunos do curso de Enfermagem trabalham como técnicos de

enfermagem, com carga horária de 36 horas por semana, em período noturno.

4.1.2 Profissionais de saúde

!

O grupo dos profissionais foi composto também por oito pessoas, sendo dois

médicos, três enfermeiros e três técnicos de enfermagem. As idades variaram entre

25 a 55 anos.

Em relação aos médicos ambos são casados, entre os enfermeiros apenas

um é casado e os demais solteiros, e os técnicos de enfermagem todos são

casados.

O tempo de formado dos médicos variou de 28 a 29 anos, os enfermeiros de

um ano e meio a dez anos e os técnicos de enfermagem de sete a 24 anos.

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!

Um dos médicos possui especialização em medicina esportiva, já o outro é

especialista em unidade de terapia intensiva. Todos os enfermeiros possuem

especialização, sendo dois em unidade de terapia intensiva e um em clínica

cirúrgica.

Os médicos trabalham em torno de doze a quinze horas por dia, todos os

enfermeiros trabalham seis horas por dia e os técnicos de enfermagem apenas um

trabalha 18 horas por dia, os demais também trabalham seis horas por dia.

Um médico trabalha em sete lugares diferentes, já o outro em cinco. Os

enfermeiros trabalham em apenas um local e entre os técnicos apenas um trabalha

em dois locais diferentes.

4.2 Questionário de Conhecimentos Prévios

Com esse questionário procurou-se observar os conhecimentos adquiridos

pelos integrantes dos grupos, antes do grupo focal. Como apontado anteriormente o

grupo focal proporciona a troca de informações e a consequente agregação de

conhecimentos. Com isso, pudemos observar o quanto os integrantes aprenderam

um com o outro.

Os resultados obtidos no tocante ao conhecimento prévio dos temas

estudados apontaram:

Pergunta: Fale tudo o que você sabe sobre “segurança do paciente”.

Estudantes

Ao analisar as falas dos estudantes, percebe-se que a grande maioria

consegue relacionar a segurança do paciente com as medidas para prevenir erros e

agravos à saúde. Entretanto, nenhum dos estudantes descreveu fidedignamente seu

conceito, o que já era esperado.

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+$!

!

Apenas dois dos estudantes não mostraram nenhum conhecimento sobre o

tema, apesar de relatarem sobre a importância da segurança. Os demais atingiram

os objetivos esperados.

Além disso, em algumas falas percebe-se que há uma confusão entre o que é

segurança do paciente, segurança do profissional e segurança em relação a riscos

biológicos e químicos.

Um dos integrantes citou o risco de queda, o risco de flebite e o risco de

trombose e, para haja segurança, esses riscos devem ser minimizados.

Comentou-se também sobre algumas formas de prevenir erros, como por

exemplo: identificação correta do cliente, “cinco certos na administração de

medicamentos”, cirurgia segura com a realização do “check list/time out”, a

administração segura dos hemoderivados, cuidado na administração dos

medicamentos, entre outros.

Um estudo qualitativo de Carraro et al.65 com 17 estudantes do terceiro ano

de enfermagem também aponta uma certa confusão entre segurança do paciente e

segurança do próprio profissional, sendo que o termo biossegurança é utilizado para

englobar as duas situações e, mais ainda, a segurança do meio ambiente.

Um aspecto não abordado pelos sujeitos no presente estudo, mas citado na

literatura, é a questão da influência do conhecimento sobre o tema para o bom

desenvolvimento dos estágios práticos para os estudantes. Santos et al.66 ressaltam

que o estresse da formação acadêmica prática pode levar a situações de risco aos

pacientes que devem ser prevenidos pelo corpo docente.

“São ações que previnem o agravo do estado de saúde dos pacientes, através a

assistência integral a saúde dos mesmos, como por exemplo, identificação do paciente ao ser

admitido no serviço de saúde, entre outros.”

“Segurança do paciente é um tema muito amplo que engloba medidas preventivas para

garantir a segurança do paciente em ambientes de saúde. Todos os profissionais de saúde

devem exercer a profissão e realizar procedimentos e cuidados de forma a não colocar a vida e

a saúde do paciente em risco.”

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!

Profissionais da Saúde

Observa-se que no questionário a grande maioria dos sujeitos não soube

conceituar a segurança do paciente. Alguns listaram as atividades relacionadas,

mesmo sem dar um conceito adequado e apenas três integrantes deixaram explícito

em seus textos que não possuem conhecimento algum sobre o assunto.

Dois integrantes disseram que a segurança deve vir desde o momento da

internação na recepção até sua alta.

Ficou claro que os profissionais não possuem o conhecimento aprofundado

sobre o tema, nenhum conseguiu definir de forma adequada o que é e o que envolve

a segurança do paciente, apesar de terem dado exemplos de como prevenir erros.

Apesar disso, três dos integrantes conseguiram correlacionar a segurança com

algumas ações como cuidados na administração dos medicamentos e a restrição do

cliente quando necessário.

A maioria daqueles que possuem algum conhecimento básico sobre o tema,

correlaciona a segurança do paciente apenas com os cuidados com as medicações.

Apenas um dos integrantes comentou também sobre cuidados com os drenos e

sondas.

Embora não haja artigos que abordem especificamente o conhecimento do

conceito em si, muito se comenta sobre os fatores que contribuem para um bom

desempenho na prevenção de erros e, sobretudo, para a criação da chamada

cultura de segurança.67 Também na literatura, a questão específica relacionada à

prescrição e dispensação de medicamentos, enquanto potencialmente geradora de

riscos, é enfatizada.68

“Todas as medidas desenvolvidas dentro da unidade hospitalar que vise a segurança

do paciente dentro de todos os aspectos desde o momento da sua internação ao chegar na

recepção, passando por todas as etapas, até o momento de sua alta.”

“É proporcionar o bem estar do paciente não expondo a risco, desde sua internação

até sua alta, ficando sempre atendo ao paciente e suas necessidades.”

“Atendimento de qualidade. Administração de medicamentos. Prevenção de riscos.

Orientação sobre procedimentos.”

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+&!

!

Pergunta: Escreva tudo o que você sabe sobre “gerenciamento de

risco”.

Estudantes

Quase todos os estudantes souberam relacionar o gerenciamento de risco

com a segurança do paciente, e somente um deles não conseguiu descrever o

gerenciamento de risco e o que ele envolve.

Novamente o conceito não foi fidedignamente descrito, entretanto, a maioria

entende que no gerenciamento de risco, medidas são tomadas para aumentar a

segurança do paciente e, com isso, diminuir a incidência de erros, comentando

sobre a elaboração de protocolos, planos de ação, intervenção, treinamentos,

levantamento de dados e indicadores de qualidade.

“Gerenciamento de risco envolve a elaboração de protocolos, planos de ação e

intervenção para gerenciar/controlar fatores de exposição ao risco, dessa forma diminuindo a

ocorrência de situações que envolvam a agressão física, psíquica ou social do paciente.

Envolvem ainda ações para manejo de pacientes ou até dos profissionais expostos ao risco.”

“Gerenciamento de risco, compreendo como um estudo/organização que levanta

dados para depois adequá-los sobre o quanto os profissionais de saúde e pacientes estão

expostos a riscos.”

“O gerenciamento de risco faz todo o levantamento do processo (setores) avaliando a

complexidade e riscos envolvidos, a fim de se trabalhar e contribuir para a manutenção da

integridade do trabalhador e paciente, definindo planos e protocolos e orientando todos os

profissionais de como podem fazê-lo de acordo com os valores políticos nessa instituição.

Trabalha com análise de indicadores que embasam (o trabalho), a utilização de

métodos/treinamento pertinentes a cada dado analisado.”

Profissionais da Saúde

Em relação ao gerenciamento de risco e aos mecanismos que ele envolve,

metade do grupo (quatro integrantes) não soube conceituar e não mostrou nenhum

conhecimento sobre o assunto. Dois deles confundiram gerenciamento de risco com

gerenciamento de resíduos e um deles com investimento em equipamentos.

Os demais integrantes, apesar de não terem descrito o conceito

fidedignamente, chegaram bem próximo do que envolve o gerenciamento de risco,

comentando sobre protocolos, sobre indicadores de qualidade, medidas para

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+'!

!

minimizar os riscos, anotação de eventos adversos, mapeamento dos riscos, a

importância de um bom gerenciamento da enfermeira na equipe, e apenas um dos

integrantes relacionou o gerenciamento de risco com o aumento da segurança do

paciente.

Embora a maior parte dos profissionais esteja ciente da magnitude do

problema em relação à frequência de erros em ambientes hospitalares, o

conhecimento do conceito da gestão de riscos ainda deixa a desejar. Em estudo

realizado em uma unidade de terapia intensiva, mais da metade (65.1%) afirma não

conhecer os conceitos relacionados ao tema e não ter tido nenhum treinamento

específico pela instituição onde trabalham.69

Os mesmos autores obtiveram resultado semelhante em unidade de

emergência da mesma instituição hospitalar. Nesse estudo, mesmo referindo

dificuldades conceituais, a maior parte dos sujeitos da pesquisa afirmou que todos

os profissionais da saúde são responsáveis pelo gerenciamento dos riscos

hospitalares.70

“Gerenciamento de resíduos, cuidado no manuseio dos materiais, principalmente

perfuro-cortantes. Destino adequado de cada resíduo.”

“Seria organizar e investir em técnicas e equipamentos para melhor segurança do

desenvolvimento dos tratamentos.”

“São os protocolos dos procedimentos, que envolvem o atendimento/relacionamento

do paciente com os profissionais, ambientes e métodos dos seus cuidados”.

Pergunta: Você conhece algum protocolo a respeito desses temas?

Quais?

Estudantes

Em relação ao conhecimento dos protocolos, as respostas foram

insatisfatórias, apenas um dos estudantes deu o exemplo de alguns tipos de

protocolos (quedas, flebite, úlcera por pressão e alergias).

Dois dos integrantes deram exemplos de protocolos, mas não eram

compatíveis com protocolos que visam segurança do paciente (protocolo de

contaminação com materiais biológicos, manuseio de material infectante, condutas

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!

em procedimentos cirúrgicos). Dois comentaram que não possuem o conhecimento

ou que já tiveram contato durante a graduação, mas não se recordam.

Dois estudantes de enfermagem citaram a cartilha criada pelo COREN-SP

sobre os 10 passos para a segurança do paciente, e a correlacionaram com

protocolos.

“Conheço, já estive em contato durante a faculdade, mas não me lembro mais.”

“Sei que existem protocolos, mas não me recordo.”

“Sim, protocolo para risco de quedas, flebite, upp, alergias.”

Profissionais da Saúde

Nenhum dos participantes soube discutir o uso de protocolos e três deles não

deram qualquer exemplo.

Um dos participantes deu alguns exemplos sobre o uso de protocolos no setor

de internação, como por exemplo, atendimento para controle de sinais vitais,

instalação de sondas e cateteres, administração de medicamentos, transporte de

pacientes, cuidados de higiene, procedimentos de alimentação. Além disso, outro

sujeito escreveu sobre o protocolo de notificação de eventos adversos.

Um deles comentou que conhece vários protocolos institucionais, mas não

exemplificou nenhum, e os demais não souberam responder à pergunta, sendo que

um deles confundiu protocolos com indicadores de risco, outro com risco de

contaminação e uso de equipamentos de proteção individual.

Foi obtida apenas uma resposta satisfatória nessa questão, evidenciando que

os profissionais não possuem conhecimento sobre os protocolos e não relacionam a

implantação de rotinas com protocolos institucionais. Além disso, não associam a

segurança do paciente e o gerenciamento de risco com o uso dos protocolos.

A necessidade de uma cultura de segurança onde a existência de protocolos

de gerenciamento de risco, bem como uma estrutura organizacional que envolva um

gerente de risco e uma comissão específica para analisar erros, é uma constante

nos estudos sobre o assunto.71 Embora hajam poucos estudos específicos que

analisem o grau de conhecimento de protocolos por estudantes e profissionais, a

ênfase é dada em uma estrutura de educação continuada e permanente voltada

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!

para esses protocolos, tanto para os ingressantes quanto para a atualização dos

profissionais mais antigos.

“Protocolo: “segurar o paciente de qualquer risco, sendo ele biológico, ou físico.”

“Atendimento para controle de sinais vitais; instalação de sondas e cateteres;

administração de medicamentos; transporte de pacientes; cuidados de higiene; procedimento

de alimentação.”

“Não.”

Pergunta: O que você acha que poderia melhorar no seu trabalho/

estágio para garantir maior segurança aos clientes?

Estudantes

Os estudantes de enfermagem e medicina comentaram sobre inúmeras

mudanças que poderiam ser realizadas no seu ambiente de trabalho ou estágio para

assegurar a segurança do paciente, entre elas, maior comunicação, treinamento em

protocolos, aumento de recursos materiais e meios de diagnósticos, uso de

equipamentos de proteção individual, união das equipes multidisciplinares, maior

qualificação dos profissionais, maior confiança dos profissionais, mais atenção, mais

respeito, seguir normas de segurança, esclarecimento para o paciente sobre sua

segurança, maior cobrança, entre outros.

Durante o grupo focal, os participantes foram questionados sobre as

mudanças sugeridas no ensino, para que se pudesse ter uma visão geral da opinião

dos estudantes quando ao tema.

“Profissionais melhor qualificados, com maior interesse em realizar aquilo que é

destinado, mais segurança (no sentido de confiança no que está fazendo), mais atenção

durante os procedimentos, pensar menos em assuntos secundários. Mais respeito ao

paciente. Seguir normas de segurança.”

“Domínio teórico-prático da equipe de saúde. Esclarecimento aos pacientes sobre sua

segurança, conscientização dos mesmos para que possam interagir como os profissionais da

saúde; cobrá-los sobre o assunto, podendo ser atores e não apenas figurantes nesse

processo. Além disso, consolidação de um cuidado multidisciplinar levando a maior

integralidade não só da segurança, bem como de toda equipe.”

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!

Profissionais de Saúde

Entre as sugestões dos profissionais, dois escreveram sobre a necessidade

de aumentar o número de funcionários no hospital, um dos avaliados sugeriu que

deveriam ter conhecimento mais aprofundado dos diversos protocolos e outros três

indicaram a necessidade de mais treinamento, oficinas e reciclagem. Comentou-se

também a necessidade de haver normas administrativas sobre o tema e que se

promova melhor integração dos serviços de saúde, com discussão frequente sobre

condutas bem estabelecidas.

“Orientações frequentes com palestras e oficinas; número de funcionários adequados;

menor carga horária de trabalho para os profissionais.”

“Conhecimento e domínio de todos os protocolos da área própria e dos demais

profissionais, e das diversas áreas.”

“Qualidade do atendimento em prevenção, normas administrativas referente aos

pacientes.”

Redução da sobrecarga de trabalho, qualificação de profissionais, criação de

protocolos, melhoria da infraestrutura, educação continuada e treinamento para

trabalho em equipe também têm sido citados em artigos em periódicos científicos da

saúde, como fatores que poderiam melhorar o desempenho e a segurança na

assistência à saúde. As sugestões oferecidas pelos sujeitos dessa pesquisa são

corroboradas por estudos presentes na literatura.69,70 Shinyashiki et al.71 enfatizam o

papel da enfermeira nesse processo de aperfeiçoamento da cultura de segurança

através de medidas que visam a manutenção de documentação adequada, criação

de sistemas de melhoria continua, coordenação de grupos de solução de problemas

e desenvolvimento de caminhos críticos.

4.3 Grupo Focal

O grupo focal abordou as mesmas perguntas do questionário de

conhecimento prévio, de uma maneira mais dinâmica e interativa. Percebe-se que

esse tipo de coleta de dados é muito flexível e proporciona um debate muito grande,

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já que é possível explorar o tema de diversas maneiras, além de possibilitar que os

participantes aprendam uns com os outros.

Categorização

Com a análise dos dados foi possível categorizar os principais temas

abordados durante o grupo focal. A maior parte das categorias foi discutida por

ambos os grupos e serão apresentadas a seguir: nível de conhecimento sobre o

tema, aspectos que influenciam a segurança do paciente e o gerenciamento de

risco, papel da equipe de saúde na segurança do paciente, desconhecimento sobre

protocolos institucionais e a importância de seu uso, necessidade de abordar o tema

de forma específica na graduação.

Já as categorias que foram discutidas apenas por um único grupo, serão

apresentadas ao final, separadamente.

4.3.1 Nível de conhecimento sobre o tema

Os estudantes consideraram que a segurança do paciente é um conceito

amplo e genérico e enfatizaram que envolve a garantia de que não ocorram riscos à

saúde do paciente nos ambientes de atendimento. Portanto, relacionaram-no à

prevenção de danos.

Os componentes do grupo também comentaram que as atividades de

prevenção de lesões devem envolver todos os aspectos e momentos do

atendimento e que essa preocupação deve ser de toda a equipe de saúde que, em

geral, é multiprofissional.

Um dos membros do grupo destacou a importância da qualidade do

atendimento e da necessidade de rigor na execução dos procedimentos, além da

necessidade de se seguir protocolos já estabelecidos. Outro aspecto citado foi que

este cuidado não deve se restringir ao físico, mas também levar em conta os

aspectos psicológico e social.

Em relação ao gerenciamento de risco, destacaram que seu objetivo principal

é detectar os problemas e que podem ser utilizados alguns mecanismos para isso

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como protocolos, fluxogramas, algoritmos, a fim de minimizar os riscos. Além disso,

citou-se também a importância de reuniões dos profissionais para que os problemas

detectados sejam resolvidos e prevenidos da melhor maneira possível, visando

sempre o bem estar do cliente. Para que isso ocorra, um dos integrantes destacou a

importância da aplicação e da efetividade dos protocolos criados.

Apesar dos estudantes citarem aspectos importantes relacionados aos temas,

pode-se notar que com relação ao conceito o conhecimento ainda é parcial.

Já no grupo focal dos profissionais de saúde, o primeiro aspecto que se

abordou foi o significado de “segurança do paciente” para os profissionais, com o

objetivo de conhecer se o profissional de enfermagem e medicina entende o que

envolve a segurança do paciente, já que estão diretamente ligados nesse assunto

durante a prática profissional.

Apenas um dos integrantes do grupo falou sobre o conceito, dizendo que para

ele a segurança é assegurar-se de todos os riscos químicos, biológicos e físicos.

Esta observação define a extensão do conceito, incluindo-se não só a figura

do paciente, mas do próprio profissional, ampliando para o que já denominamos

anteriormente de biossegurança. Esse aspecto é importante quando se trata do risco

de infecções, mas também para elementos químicos e físicos. Nesse sentido,

Garner et al.72 preconizam medidas de prevenção padrão que envolvem o uso de

barreiras, medidas de proteção pessoal como lavagem das mãos, cuidados com o

descarte e a utilização adequada de protocolos institucionais.

A segurança do paciente é um dos temas mais discutidos entre os

profissionais da saúde e pela própria população além de estar bastante presente na

literatura científica.73-75 !Apesar dessa atenção crescente ao tema, a incidência de

erros no atendimento não está diminuindo. Observa-se ao contrário que há um

aumento significativo no número de casos.74

Cada vez mais se comenta sobre os erros durante procedimentos realizados

pelas equipes médica e de enfermagem. Um estudo de 2002 apontou que 78% dos

eventos adversos são causados pela enfermagem.73 Além disso, a literatura relata

que um dos fatores também apontado como frequente causador de danos é o

diagnóstico e tratamentos incorretos. Isso pode ocorrer devido à “ausência de

diretrizes baseadas em evidências”.75

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Essas injúrias podem causar prolongamento de internação, aumento de

sequelas e até mesmo à morte. Esses fatos têm repercussão não só na comunidade

da saúde, mas também na grande mídia e redes sociais. Sendo assim, a cobrança

de atos seguros, ou seja, as chamadas boas práticas clínicas, tem um crescimento

importante em todo mundo.76 O conhecimento e a atitude dos profissionais da saúde

são essenciais para minimizar falhas assistenciais.76

As pessoas procuram uma instituição de saúde, esteja ela no nível de

atenção primário, secundário ou terciário, para serem tratadas e melhorar sua

saúde. Muitas vezes saem de lá com mais problemas do que quando entraram,

sendo que 66,7% dos erros cometidos poderiam ser evitados, segundo pesquisa

realizada em três hospitais no Rio de Janeiro.25 Isso tem feito com que muitos

clientes exijam cada vez mais dos profissionais e da própria instituição. Entretanto,

o nível de exigência e o conhecimento da população sobre seus direitos ainda está

longe de ser o ideal. O presente estudo procurou identificar qual o conhecimento do

tema entre os profissionais de saúde na prevenção desses erros, e outro foco foi

analisar essa questão entre os estudantes de enfermagem e medicina do último ano

de graduação, verificando-se como esse tema é abordado nesse momento da

formação. Procurou-se avaliar se esses estudantes possuem o preparo adequado

para prestar assistência à população, já que estão prestes a se tornarem totalmente

responsáveis por seus pacientes.

As universidades e os cursos técnicos que formam esses profissionais

deveriam ensinar como prevenir erros e gerenciar os riscos, e o primeiro

aprendizado que o estudante deve adquirir é como não causar malefícios ao

paciente, através da conscientização. As demais áreas de conhecimento como

fisiologia, anatomia, farmacologia e patologia, são de grande importância, mas de

nada adiantam se não forem utilizadas para o bem do cliente. Se o profissional não

possui o conhecimento sobre a segurança do paciente e o gerenciamento de risco,

ele não será qualificado o suficiente, mesmo que tenha conhecimentos

aprofundados sobre outras áreas.

A necessidade de uma ênfase no tema segurança do paciente durante a

graduação na enfermagem e medicina tem sido discutida no mundo todo. Em

particular no Reino Unido, observou-se que o cuidado com essa temática durante a

vida profissional não se reflete nos currículos. Em revisão sistemática publicada em

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2005 evidenciou-se que aprender como lidar com os erros permite de uma forma

efetiva que os profissionais em treinamento melhorem o cuidado do paciente.24

Ainda no Reino Unido, Pearson et al.77 concluíram que é necessário se criar

uma interface entre os empregadores e os educadores para o desenvolvimento de

um currículo atualizado sobre segurança do paciente, justificando que os estudantes

não estão envolvidos e podem não estar conscientes dos procedimentos para relato

de incidentes.

Desta forma, a importância do ensino fica evidente e, sabendo-se que após a

formação, o profissional torna-se responsável pelos seus atos, deverá sempre

atualizar-se sobre esses temas e procurar fazer o melhor para o cliente.

O conceito de segurança do paciente deve ficar claro para todos os

estudantes já nos primeiros meses de faculdade. Acredito que isso seja um dever

tanto dos professores quanto das instituições de ensino. Não só os professores

devem enfatizar essas questões em todos os momentos possíveis, mas as grades

curriculares dos cursos devem privilegiar esses temas. Essa questão deve ter

cobrada do primeiro ano até o último, fazendo com que o estudante sempre se

atualize sobre o tema e se conscientize sobre o mal que pode fazer ao cliente caso

não esteja devidamente preparado. Esse estudo mostra concordância com a

literatura já que enfatiza a importância da formação acadêmica na prevenção de

erros gerando uma cultura de segurança de paciente.21

A conscientização da importância de se estabelecer um conceito, discutir os

aspectos envolvidos e criar medidas para melhorar a segurança do paciente teve um

estímulo a partir da publicação do relatório de Kohn et al.47 Conhecer o conceito e o

que envolve a segurança do pacientes reflete o que é conhecido como “clima de

segurança”. O termo se refere aos componentes mensuráveis do que se conhece

por cultura da segurança tais como comportamentos, sistemas de segurança e

percepção dos funcionários sobre segurança.78

Da mesma forma que as instituições de ensino, aquelas de prestação de

serviço em saúde também devem estimular e cobrar que seus colaboradores se

reciclem e se qualifiquem. Podem promover cursos e treinamentos de educação

continuada e a educação permanente ou ainda facilitar o acesso a eles.

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Em relação ao gerenciamento de risco é fundamental que se aceite a

inevitabilidade do erro. A existência de processos e protocolos permite que esforços

sistemáticos possam reduzir a frequência e a gravidade dos efeitos adversos.

Alguns pontos podem ser abordados para o estabelecimento da estratégia desse

gerenciamento como a detecção de falha na comunicação, estabelecimento de uma

liderança na equipe de atendimento, preparação e planejamento dos procedimentos

e vigilância para detecção de erros.79,80

O processo de gerenciamento de risco deve fazer parte de uma política

institucional que crie uma base sólida para o planejamento que vise à segurança do

paciente e dos profissionais de saúde. Essa política deve gerar medidas de

monitoramento, minimização e prevenção de incidentes durante a prática

assistencial. Em geral essa decisão leva a criação de uma comissão

multiprofissional que estabeleça as medidas de monitoramento de ameaças e

oportunidades de prevenção.8,81

“Conceito de não maleficiência, primum non nocere”

”Seguir procedimentos de acordo com que é o certo, de acordo com protocolos, até

mesmo o respeito que você vai ter com o paciente, isso também é uma forma de segurança.”

“Serve pra detectar os problemas em um determinado setor e... as pessoas se reúnem

pra estar conversando e estar resolvendo esses problemas detectados, e... através problemas

detectados eles elaboram protocolos né...”

“Segurança do paciente, segurar-se de tudo e qualquer tipo de risco. Segurar de

qualquer tipo de risco, risco químico, biológico, físico.”

4.3.2 Aspectos que influenciam a segurança do paciente e o gerenciamento de risco

Entre as condições citadas como influenciadores para a manutenção da

integridade do paciente, foram citadas pelos estudantes as seguintes: cenários de

atendimento, condições do ambiente de trabalho e relação profissional-cliente.

Quanto aos cenários de assistência, falou-se que a segurança não está

associada apenas ao ambiente hospitalar, mas deve receber atenção em qualquer

instituição que realize a assistência á saúde.

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As condições do ambiente em que é prestada a assistência também foi um

dos temas discutidos. Um dos integrantes apontou que o aspecto geral que envolve,

por exemplo, a higiene e o estado de preservação do local estão diretamente ligados

ao tema de nosso estudo.

A relação entre o profissional de saúde e o paciente atendido também foi

discutida. Os participantes enfatizaram a importância do respeito não só aos

aspectos físicos, mas também aos psíquicos e sociais que estão diretamente ligados

ao resultado do atendimento. Além disso, os aspectos culturais e conscientização da

população podem influenciar, fazendo com que o próprio cliente possa vir a

participar do processo de atendimento e cobre dos profissionais condutas que

previnam erros.

A participação dos pacientes, bem como o reconhecimento por parte deles do

empenho dos profissionais de saúde e das instituições na redução dos riscos foi

apontado por Martínez Ques et al.82 como uma mudança radical com a criação de

um modelo onde as preferências dos pacientes são consideradas. Esse novo

paradigma está crescendo com a criação e popularização das associações de

pacientes.

Além disso, as medidas que envolvem a segurança e a prevenção de erros

foram muito discutidas durante o grupo focal, entre os assuntos discutidos o que

mais teve destaque foi a necessidade de uma distribuição adequada das medidas de

prevenção em todas as fases do atendimento, que envolvem desde a entrada do

cliente na instituição de saúde, a identificação do paciente e do procedimento a ser

realizado e os encaminhamentos.

A criação e a execução correta dos protocolos assistenciais também tiveram

um espaço muito importante durante os debates, falou-se sobre o impacto positivo

que os “check-list” podem trazer dentro do setor do centro cirúrgico, por exemplo, e

que cada instituição pode elaborar seus protocolos e rotinas de atendimento,

podendo tomar como base as orientações do COREN, que estão expostas na

cartilha dos 10 passos para a segurança.

Um dos integrantes citou que fazer um diagnóstico correto e todas as

profilaxias possíveis dentro da instituição de saúde, pode fazer a diferença no

tratamento do cliente. Além disso, o acompanhamento após alta também é um

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assunto que envolve a segurança, pois pode impedir que o paciente volte a adoecer,

sendo importante dar seguimento ao atendimento mesmo não estando mais

hospitalizado.

Por fim, o treinamento e a qualificação da equipe também foram apontados

como uma das medidas que visa à segurança do paciente.

Já o grupo dos profissionais citou dois fatores como influenciadores para a

segurança do paciente, o primeiro é que o próprio cliente pode garantir sua

segurança em determinadas ocasiões ou provocar danos como, por exemplo, uma

queda.

O segundo aspecto, muito comentado nesse grupo se refere aos problemas

de comunicação do profissional com o paciente. Foi citado que quando os

profissionais deixam de orientar os pacientes quanto aos procedimentos clínicos e

cirúrgicos que serão realizados pode gerar uma grande insegurança. Isso pode fazer

até com que ele desista de uma cirurgia que poderia solucionar uma doença grave.

Além da questão das consequências da falta de orientação como, por exemplo, a

desistência da realização de procedimentos, discutiu-se com a maneira com que

ocorre essa orientação e até que a forma de falar também pode influenciar nas

escolhas do paciente.

Pontes et al.83 em estudo realizado em hospital público de Fortaleza

exploraram o tema da comunicação profissional da saúde-paciente ao qual

denominaram comunicação terapêutica. Os autores concluíram que a falha de

comunicação é responsabilidade de ambas as partes, uma vez que a enfermeira não

prioriza em seu tempo de trabalho as visitas aos pacientes internados. Por outro

lado, os pacientes têm dificuldade de distinguir as enfermeiras de outros membros

da equipe.

Por fim, outra questão apontada foi à falta de tempo para executar as rotinas

nas instituições de saúde. Um dos sujeitos comparou o atendimento realizado com

máquinas e linhas de produção em indústrias para exemplificar o quanto o tempo

influencia na qualidade do atendimento.

A questão da sobrecarga de trabalho com fator de insegurança tem sido

discutida na literatura internacional.84 O risco de errar aumenta significativamente

quando os turnos de trabalho são maiores que 12 horas ou quando o profissional de

enfermagem trabalha mais de 40 horas por semana. Em estudo americano realizado

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com a enfermagem de 393 hospitais foi constatado que 40% dos participantes

trabalham em turnos que excedem 12 horas.84

Discutiu-se também procedimentos e rotinas do atendimento que visam à

segurança do paciente, entre elas: as etapas no atendimento, os procedimentos

relacionados aos pacientes, o papel da família na segurança do paciente, os

esclarecimentos ao paciente e o conhecimento do histórico do paciente.

Em relação às fases do atendimento, dois integrantes relataram que a

segurança é um processo completo e deve ser iniciada desde a recepção até a alta

do paciente, e deve envolver todos os profissionais dentro do hospital, desde o

médico aos profissionais de apoio.

Quanto aos procedimentos realizados diretamente junto ao paciente, os

sujeitos da pesquisa acreditam que algumas ações devem ser realizadas mais

rotineiramente para prevenir erros, como por exemplo, restringir o cliente ao leito

quando haja um risco potencial, para evitar lesões. Também, é de suma importância

que os riscos aos quais os pacientes estejam expostos sejam previamente

conhecidos pela equipe, permitindo que medidas sejam realizadas para preveni-los,

por exemplo, o cuidado na administração de medicamentos em clientes homônimos.

A família foi citada como um auxiliador, por proporcionar maior conforto ao

paciente, sendo necessário o envolvimento da mesma para melhorar o processo do

cuidado.

O esclarecimento, as orientações e o acolhimento também são ações que,

segundo os sujeitos da pesquisa, acrescentam muito no atendimento gerando mais

segurança para a pessoa que irá receber esse cuidado e resultando em maior

colaboração do paciente e da família.

Um assunto de muito valor abordado na discussão foi à importância de

conhecer o histórico do paciente, como por exemplo, alergias, doenças prévias,

cirurgias já realizadas, isso auxilia na prevenção de erros e na efetividade do

tratamento.

A satisfação no trabalho do profissional de enfermagem interfere diretamente

na segurança. Sendo assim, os administradores e gestores devem realizar ações

para que essa satisfação aumente, proporcionando um ambiente mais seguro.85

O próprio profissional também deve procurar novos conhecimentos, ainda

mais quando o trabalho é realizado em áreas de risco, como a UTI e Pronto-socorro.

O estudo constante é uma característica das profissões de saúde. Observa-se que

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muitas vezes, após a formação, muitos profissionais tendem a se acomodar e a

atualização fica para um segundo plano.

Saber o que envolve a segurança do paciente é fundamental para que se

estabeleça uma estratégia de prevenção. Segurança e gerenciamento de risco não é

um imperativo apenas na saúde.86 Bagian, em artigo publicado em 2006 comenta

que podemos aprender muito de outras áreas do conhecimento como, por exemplo,

a aviação, que melhorou em muito as condições de segurança a partir da adoção de

procedimentos padronizados e “check-list”.86 O autor comenta que, na saúde,

conhecer os aspectos que envolvem a segurança dos pacientes é ainda mais

essencial já que em uma unidade de saúde os procedimentos podem variar em cada

andar ou unidade de atendimento.86

Miller et al.87 definem segurança do paciente como a não existência de lesões

acidentais causadas pela assistência por profissionais de saúde. Seria a falha de

uma ação planejada ou o uso de um plano errado para atuar na saúde. Tais erros

podem incluir problemas na prática, nos produtos, nos procedimentos e no sistema.

Entre os fatores apontados a autora cita o conhecimento da enfermagem.

Com relação aos aspectos que influenciam a segurança do paciente, os

estudantes mostraram que entendem o que pode prejudicar e agregar na segurança.

Pode-se dizer que eles têm essa visão ampla por estarem nos ambientes de

assistência à saúde desde o primeiro ano e realizarem estágios em instituições de

saúde de naturezas variadas, inclusive fora da cidade, nos estágios eletivos. Isso faz

com que a sensibilidade e a critica do estudante estejam mais presentes em seu dia

a dia. Em vários momentos durante a discussão eles deram exemplos de boas

práticas e aspectos que podem causar riscos, o que mostra um discernimento muito

importante para os futuros profissionais.

Os treinamentos possuem um papel fundamental para melhorar a segurança

do paciente. Entretanto, não são capazes de minimizar o estresse causado no dia a

dia pelo trabalho. Esse estresse possui diversas causas, entre elas: carga horária

elevada, conflitos familiares e no trabalho, falta de recursos, responsabilidade pelo

desfecho na saúde do paciente, entre outros,85 o que demonstra a necessidade de

desenvolver estratégias mais amplas nessas situações.

“A segurança do paciente eu acho que é desde a entrada na recepção, que é o

desenvolvimento do paciente, dando orientação caso o paciente consciente até a alta dele.”

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“Tem que envolver família junto pra que possa dar um conforto melhor ao paciente.”

“A gente lida com uma variável que é muito complicada, que é o nível cultural dos

pacientes atendidos”

“... teve um paciente que o médico falou pra ele, explicitamente como era a cirurgia e o

risco que corria na cirurgia e ele ficou muito assustado do jeito que foi falado e ele também

desistiu da cirurgia.”

4.3.3 Papel da equipe de saúde na segurança do paciente

Para o grupo dos estudantes a segurança do paciente, além dos protocolos e

rotinas, envolve inúmeros aspectos relacionados à equipe de saúde, como por

exemplo, a importância do trabalho e da união multiprofissional.

Associa-se também, segundo um dos integrantes, a segurança do paciente

com a do próprio profissional, já que evitar erros pode não só dar um retorno

satisfatório, mas também prevenir problemas futuros.

O sigilo e o respeito também foram aspectos citados, apontando que nada

adianta possuir protocolos e rotinas bem elaboradas se não houver essas

características no atendimento.

A dedicação durante a jornada de trabalho, a não influência dos problemas

trazidos de fora para o hospital e o cuidado com o cansaço excessivo foram também

apontados como itens que devem fazer parte do atendimento integral pela equipe de

saúde, proporcionando o cuidado com a mesma qualidade que o próprio profissional

gostaria de ser cuidado.

Os profissionais citaram a importância do atendimento da equipe

multidisciplinar, a união da mesma para que haja um trabalho completo em relação à

segurança e para que o cliente confie na equipe.

A relação entre o paciente e a equipe, segundo o número 7 traz maior

interação e mais segurança para o paciente, isso deve ser realizado através de

conversas, de estudos e de uma relação criada pela equipe médica, enfermagem

com o paciente.

Trabalhar em equipe nem sempre é fácil. A necessidade de comunicação

entre os membros da equipe e a análise dos erros após a sua ocorrência podem

gerar um estratégia efetiva de prevenção, segundo estudo sobre o tema.21 Esse

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aspecto foi abordado em vários momentos da discussão nos grupos focais e

merecerá um detalhamento em um capítulo específico abaixo.

O trabalho em equipe é fundamental para um desempenho de qualidade na

assistência à saúde e, embora tenha sido apontado pelos sujeitos dessa pesquisa

que trabalhar em equipe nem sempre é fácil, Clinco88 em sua dissertação de

mestrado na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, refere que os enfermeiros

brasileiros são otimistas nesse aspecto, apontando que 98% deles e 87% dos

administradores hospitalares estudados acreditam que há cooperação entre as

unidades dos hospitais. Ainda nesse estudo, 89% dos enfermeiros julgam que as

informações sobre os casos são adequadamente transmitidos nas passagens de

plantão da equipe de enfermagem.

Nesse mesmo sentido, Mello e Barbosa,89 em um estudo em hospitais de

Florianópolis, mostraram que as dimensões trabalho em equipe e expectativas e

ações de promoção da segurança do paciente pelo supervisor/gerente que

compõem o instrumento de avaliação Hospital Survey on Patient Safety Culture”

(HSOPSC) foram as melhor avaliadas.

Número 2- “Então envolve a parte multidisciplinar, desde a recepção, equipe médica,

enfermeiro, recepcionista, fisioterapeuta, assistente social, pessoal da limpeza, pessoal da

hotelaria, então é uma equipe mesmo que vai ta trabalhando para que haja essa segurança.”

“Segurança do paciente eu acho que tem que ser estabelecido primeiro uma relação,

equipe de saúde e paciente, pra que esse tenha segurança no tratamento. Se esse fica a

vontade e possa ter interação nessa relação. Isso é feito através de conversas, de estudos e

principalmente uma relação médico e enfermagem com o paciente.”

“... oferecer segurança ao paciente, também tem que ser oferecido respeito ao

paciente e não só protocolo tem que ser seguidos...”

“... quando eles estão tratando do paciente tem que se dedicar a ele de uma forma

íntegra e não é, mas pensando em problemas que você tem fora daquele ambiente, eu acho

que tem que se dedicar 100%, como você gostaria que se dedicassem a você.”

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4.3.4 Desconhecimento sobre protocolos institucionais e a importância de seu uso

Apenas um dos sujeitos do grupo dos estudantes listou alguns protocolos de

seu conhecimento, que foi adquirido durante o seu trabalho como técnico de

enfermagem, os protocolos citados foram o de queda, de flebite, de úlcera por

pressão e alergias.

Muitas observações foram feitas durante o grupo focal relacionadas ao uso de

protocolos nas instituições, entre elas, foi falado sobre a importância desses

instrumentos serem utilizados com rigor pela instituição, fazer com que os

profissionais sigam todos os itens, evitando assim não realizar etapas que podem vir

a prevenir erros. Um dos aspectos negativos dos protocolos citados foi em relação

ao desperdício, um dos sujeitos da pesquisa que fez estágio em SP expôs que na

instituição muitos materiais e medicamentos, principalmente as pomadas eram muito

desperdiçadas, apesar de isso ser uma maneira de evitar contaminação, também

acarretava muitos gastos com materiais.

Além disso, o número 4 que também realizou estágio em SP disse que apesar

das limitações por ser um hospital público haviam protocolos que eram seguidos

rigidamente e que ficou impressionado com a efetividade dos mesmos,

principalmente relacionado à prevenção da infecção hospitalar. Sendo assim, uma

das discussões no grupo foi que independente do hospital ser público ou privado e

possuir ou não maiores recursos financeiros devem existir protocolos que visem à

segurança do paciente.

A questão de heterogeneidade dos hospitais públicos ou privados tem sido

motivo de discussão na literatura. Em particular os hospitais de pequeno porte são

motivo de discussão em relação à questão da segurança do paciente. Corrêa,90 em

sua dissertação de mestrado, aponta que os hospitais de pequeno porte, apesar de

constituírem a maioria no Brasil não são seguros para os pacientes.

Uma das alunas da enfermagem citou que durante as tutorias muitas vezes

era falado sobre a cartilha dos 10 passos do COREN, e que a mesma não tinha o

conhecimento se isso poderia ser chamado de protocolo, mas que é uma política de

segurança que esse conselho vem criando ao longo dos anos e que tem sido muito

falada entre os profissionais de enfermagem.

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Os profissionais não souberam especificar o uso dos mesmos, entretanto

falaram sobre algumas medidas utilizadas no hospital como, por exemplo, a

identificação do risco de queda no leito do paciente, as cores de equipos diferentes,

a dupla conferência das bolsas de sangue, a identificação dos medicamentos na

bomba de infusão. Todas essas medidas com certeza são protocoladas e fazem

parte da rotina do hospital. Os profissionais não conseguiram relacionar esses

procedimentos com os protocolos institucionalizados, entretanto, sabem que isso faz

parte da segurança do paciente.

Além disso, foi questionado sobre a criação desses protocolos, quem seriam

os autores, obtivemos a resposta de que esses protocolos são criados pela

enfermagem e, que uma vez por ano são revistos para adequação conforme as

necessidades.

Com relação ao uso e a importância dos protocolos, Paes destaca que “a

ausência de padronização das ações significa fragilidade da mesma, podendo levar

a uma grande variação nos modos de fazer as ações”.91

A ANVISA propõe algumas rotinas no Programa Nacional de Segurança do

Paciente, a saber: protocolo para prática de higiene das mãos em serviços de

saúde, protocolo para prevenção de úlcera por pressão, protocolo para cirurgia

segura, protocolo para prevenção de quedas, protocolo de identificação do paciente,

protocolo de segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos. Esses

instrumentos são fundamentais para que hajam rotinas institucionalizadas, o que

traz maior segurança e melhor qualidade no atendimento.92

“A identificação das bombas foi o próprio pessoal da enfermagem, pra facilitar o

manuseio, foi à enfermagem.”

“Foram criados protocolos a partir de reuniões com as enfermeiras, multidisciplinar,

às vezes a respeito de um assunto específico.”

“... uma vez que tem um protocolo que você é obrigado a abrir um material novo, você

ta sujeito a ter um desperdício maior

“ Eu nunca trabalhei em nenhum lugar com isso, mas eu sei que é de extrema

importância que os protocolos sejam seguidos.”

4.3.5 Necessidade de abordar o tema de forma específica na graduação

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Outro assunto muito discutido foi à necessidade dos temas serem mais

explorados durante a graduação. Os estudantes deram inúmeras sugestões, entre

elas a criação de uma disciplina específica relacionada à segurança do paciente.

Além disso, outras sugestões foram dadas para melhorar o ensino nessa

área.

A integração dos estudantes de enfermagem e medicina foi muito citada,

alguns participantes falaram que ainda há um preconceito de ambas as partes e que

não há união entre os profissionais de diferentes classes, o que prejudica o

atendimento e a própria segurança do paciente. A UTI foi dada como um exemplo

positivo, pois na maioria das vezes as equipes são muito unidas e agem com total

integração o que faz com que o trabalho flua com mais facilidade, ficando clara a

importância do respeito e da união de todas as classes para o bem estar do

paciente.

A dificuldade de se trabalhar em uma equipe multiprofissional tem sido

apontada em vários estudos como um desafio a ser enfrentado. O ambiente de

terapia intensiva é frequentemente usado como um exemplo de bons e maus

resultados. Leite e Vila93 em um estudo de caso com uma equipe multiprofissional de

uma UTI realizado na Universidade Federal de Goiás, observaram que um dos

principais geradores de estresse para a equipe multiprofissional é a própria equipe.

A heterogeneidade de formação e compromisso dos vários profissionais

compromete a eficácia uma vez que o trabalho depende de todos. Aponta que saber

o que esperam do trabalho de cada um diminui a ansiedade. Aconselha que a

capacidade de relacionamento deva ser estimulada, pois um dos maiores

estressores é a falta de coleguismo.

Em relação ao docente, a atualização do mesmo foi um assunto que fez com

que todos concordassem, entretanto, os alunos observam uma grande resistência

da parte deles, por acharem o conhecimento que eles possuem hoje já é o suficiente

não havendo necessidade de obter conhecimentos novos, principalmente

relacionados à segurança do paciente, isso faz com que o ensino e a formação dos

alunos seja prejudicada.

Este é um aspecto muito preocupante, pois os professores são os exemplos

para os futuros profissionais e deveriam ser os primeiros a mostrar o quanto é

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importante atualizar-se não só na questão de segurança do paciente, mas nos

diversos assuntos sobre a saúde. Essa preocupação não se restringe ao nosso país.

Embora uma força tarefa da Associação Americana de Faculdades de Enfermagem

sobre as competências dos profissionais sobre a segurança do paciente

completaram o protocolo educacional essencial sobre o assunto, faltam as ideias de

como ensinar e como avaliar o ensinamento.94,95

Uma maior cobrança por parte dos professores com os alunos em relação à

segurança do paciente também foi citada como uma maneira de melhorar o ensino,

como por exemplo, a utilização dos equipamentos de proteção individual, o uso da

roupa privativa, a maneira de se comportar, o preenchimento correto dos

prontuários, etc.

A conscientização, a humanização e a comunicação também foram aspectos

citados como essenciais no atendimento e que necessitam de melhoras tanto dos

profissionais da saúde, quanto dos estudantes. A faculdade tem um papel

fundamental em ensinar para os alunos a importância desses itens.

Uma das alunas falou sobre a importância de se ter um ambiente e materiais

adequados, que não adianta possuir o conhecimento se não há condições para

colocá-los em prática devido à falta de instrumentos.

Por fim, uma das estudantes de enfermagem citou que em algumas tutorias

foram inseridas perguntas relacionadas à segurança do paciente e gerenciamento

de risco, entretanto, os alunos não davam importância a essas questões, pois

achavam que esse assunto era secundário e que matérias como fisiologia,

anatomia, procedimentos deveriam vir em primeiro lugar. Além disso, há escassez

de referências bibliográficas sobre os assuntos, o que prejudica a pesquisa. Já os

alunos de medicina falaram que esse tema nunca foi abordado em nenhuma tutoria

e que em algumas matérias na prática, como a UTI e pediatria a segurança do

paciente é mais exigida. Teigland et al.,96 demonstraram que os estudantes

reconhecem a importância do tema, apesar de uma exposição variada em conteúdo

e, em geral, eles preferem ser ensinados nos cenários clínicos.

O método PBL não apresenta qualidade só por fazer os estudantes buscarem

conhecimento, serem mais independentes e mais críticos, mas também faz com que

os problemas criados possam ser modificados de acordo com a necessidade

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!

docente. O tutor (professor) pode fazer com que a discussão seja encaminhada,

direcionando os estudantes a pensarem por diversos aspectos e terem visões

diferentes. Assim, seria muito positivo se a segurança do paciente e o

gerenciamento de risco fossem inseridos nos temas de tutoria, pois haveria uma

troca de informação muito positiva.

Além disso, os docentes precisam cobrar dos estudantes esse conhecimento.

A avaliação é sempre necessária quando se vincula aos objetivos de aprendizagem

e seus métodos influenciam diretamente o ensino.97 A segurança do paciente e o

gerenciamento de risco não são assuntos secundários, não possuem menos

importância do que anatomia e fisiologia, muito pelo contrário. É dever do professor

mostrar aos estudantes a importância de estar capacitado e preparado, ensinando

não apenas o conceito, mas o que ele envolve, falando sobre protocolos,

indicadores de qualidade, acreditações hospitalares e setor de gerenciamento de

risco.

Estudos americanos apontam que a segurança do paciente vem sendo

incorporado na formação dos estudantes de enfermagem e medicina. Isso resulta

em inúmeros benefícios, entre eles uma maior confiança e maior eficiência no

trabalho.98,99

O ensino sobre segurança do paciente deve ser realizado envolvendo uma

equipe multiprofissional. Anderson et al.100 sugerem que um evento baseado em

uma equipe, ao final do curso médico pode ajudar os alunos a assimilar todos os

aspectos curriculares relevantes sobre o tema. Além disso, a participação de

administradores de serviços de saúde na educação de estudantes de graduação foi

sugerida como de grande ajuda, como demonstrado na China.101

Entre as inúmeras sugestões dadas pelos integrantes do grupo dos

profissionais para melhorar o conhecimento sobre o tema estavam os treinamentos,

palestras e a educação continuada, que todos concordaram que são maneiras de

abordar o tema na instituição, mas que muitas vezes não atingem os objetivos.

A literatura científica tem apontado que a melhoria da qualidade do

atendimento requer um treinamento contínuo e um processo de educação

continuada. A maior qualidade depende da competência dos profissionais além do

sistema que dá apoio ao seu trabalho. Várias estratégias podem ser utilizadas, tais

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!

como, novos currículos nos cursos de graduação em saúde, novas estratégias de

ensino e o uso de ambientes de simulação. A simulação pode dar benefícios éticos,

maior precisão e relevância no treinamento e avaliação de competências.25

Um dos assuntos que não foi discutido pelos participantes e que tem extrema

importância, é a notificação dos erros. As dificuldades do registro de erros parecem

ser maiores nos casos daqueles com menor seriedade.102 Jeffe et al.102 publicaram

um estudo que mostra uma maior consciência da necessidade desse registro por

parte de enfermeiros do que médicos. Relataram, por outro lado, que o medo de

represália devido à falta de anonimato ao relatar os erros e a dúvida do benefício faz

com muitos não sejam informados.

Pode-se verificar que os grupos dos estudantes e dos profissionais possuem

visões diferentes sobre o assunto. Com a análise e comparação entre os grupos

nota-se que os estudantes possuem maiores conhecimentos sobre os temas

gerenciamento de risco e segurança do paciente. Acredita-se que isso ocorra devido

a esses assuntos estarem cada vez mais presentes no dia a dia dos hospitais e,

grande parte do conhecimento adquirido por eles sobre o tema, principalmente pelos

estudantes de medicina, foi em estágios eletivos, em hospitais de grande porte em

São Paulo. Isso mostra a necessidade dos estudantes participarem mais do

processo de segurança dentro dos hospitais de ensino.

Já os profissionais possuem uma visão mais prática e menos teórica. Apesar

de a prática ser essencial no atendimento, a teoria também contribui muito, havendo

necessidade de atualização e treinamento desses profissionais.

Uma discussão da forma mais adequada para o ensino sobre segurança do

paciente tem sido promovida inclusive pela Organização Mundial da Saúde e a

American Association of Medical Colleges. A proposta que parece ser mais eficaz é

integrá-la durante todo o curso médico e não apenas em momentos especiais para

abordagem desse tema.103 Entretanto, a literatura sobre o ensino de segurança do

paciente é pequena em relação à graduação. Há poucos dados nesse sentido e em

geral esse ensino ocorre em cursos eletivos ou um programa de palestras e muito

pouco de forma integrada nos currículo mesmo em países desenvolvidos com

sistemas educacionais avançados. Poucos países deram passos no sentido de

aumentar o treinamento e ensino sobre segurança do paciente entre estudantes de

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!

graduação de medicina. Revisão de literatura recente mostra que entre os países

que se preocupam com o tema, em especial, Estados Unidos da América e Reino

Unido, há grandes diferenças de desenho dos cursos, conteúdo, corpo docente,

estrutura física e sistemas de avaliação. A maior parte das escolas médicas dos

Estados Unidos ensina esse tema no terceiro ano com uma duração que varia entre

4 a 30 horas, ministrada por clínicos e especialistas em ética e educação médica.103

Além disso, a cobrança de uma atitude segura e necessidade de readequar e

utilizar itens positivos de cada setor para todo o hospital também foram aspectos

citados.

A humanização, o respeito, a conscientização e a comunicação também

foram fatores citados como maneiras simples de melhor a qualidade no atendimento

e dar maior segurança para o paciente. Todas essas sugestões poderiam ser

realizadas e trariam inúmeros benefícios tanto para os profissionais, que iriam

adquirir novos conhecimentos, quanto para a própria instituição de saúde, que teria

profissionais mais capacitados e a diminuição do índice de erros, o que contribui

para o custo dos atendimentos, já que erros causados por profissionais podem

prolongar a permanência do paciente no hospital.104

Além disso, no final da discussão os integrantes citaram que os profissionais

de outros setores deveriam os mesmos cuidados mínimos que são realizados na

UTI, que esses procedimentos fossem expandidos para todo o hospital.

Antigamente, todos os funcionários do hospital passam por treinamento temporário

na UTI, justamente para aprenderem as rotinas e cuidados que eram realizados e

isso fazia muita diferença no atendimento após aquele profissional voltar ao setor.

Foi dada a ideia que isso retorne, apesar de grande parte dos profissionais não

gostar de trabalhar em setores fechados como a UTI, todos concordaram que isso é

um preconceito e que fazer um treinamento mensal com cada funcionário do hospital

traria resultados muitos satisfatórios.

A melhoria do controle de erros depende de uma cultura de segurança do

paciente e a continuidade das ações de prevenção bem como da educação dos

profissionais envolvidos nos cuidados. A política de segurança deve ter como

objetivo a criação e manutenção de um ambiente seguro permanente. Envolve ainda

a motivação de cada individuo envolvido para o estabelecimento de esforços

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!

coordenados e eficientes. O envolvimento da equipe e a sua integração são

essenciais.105-106

O entendimento que os métodos tradicionais de transmissão de conhecimento

não são eficientes é reconhecido na literatura internacional. Embora o ensino

individual e estruturas organizacionais de ensino podem auxiliar a capacitação do

profissional sobre segurança do paciente, a educação continuada realizada em

conjunto pela equipe assistencial parece mais efetivo. Um bom aprendizado decorre

da disposição dos membros das equipes assistenciais para a aprender tanto com

seus próprios erros bem como seus sucessos. A instituição assistência deve criar

um ambiente propício para esse processo de aprendizagem.107

O papel central da educação foi enfatizado por Shinyashiki et al.71

comentando que em sua opinião “as melhores organizações do futuro serão aquelas

que descobrirão como despertar o empenho e a capacidade de aprender das

pessoas em todos os níveis da organização”.Os autores também destacam que,

além do docente nas instituições de ensino, a gerência da enfermagem tem uma

grande responsabilidade na disseminação rápida e eficiente do conhecimento, e

portanto, dos protocolos de gerenciamento de risco para toda a organização.71

A cooperação entre as instituições profissionais e de ensino pode ser em nível

nacional, sendo que os profissionais de enfermagem, profissionais vinculados ao

ensino, assistência, pesquisa e estudantes de graduação/pós-graduação vem se

mobilizando para criar a Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente

(REBRAENSP). Para que o cuidado seja seguro, é necessário construir uma cultura

de segurança, definida pelo Programa Nacional de Segurança do Paciente, instituída

por essa organização.108

“Que o resto do hospital fizesse as coisas mínimas que a UTI faz, seria importante.”

“Através de palestras expondo o que que acontece, o que que dá certo em um

determinado setor do hospital é.. abordando o restante do hospital da necessidade de

readequações.”

“Em um ambiente acadêmico é crucial que haja um treinamento docente pra que isso

seja realizado, ai já se encontra varias barreiras, a resistência docente ao novo, a

interdisciplinaridade, a própria resistência docente de adquirir novos conhecimentos.”

“Acho que em curso deveria ter disciplina específica pra isso é... pelo menos pra dar

noção em como se portar.”

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!

“E eu acho que assim...todo profissional da saúde, principalmente docente, tinha que

ter conhecimento desses protocolos, pra ensinar pros seus alunos...”!

Algumas das categorias foram discutidas especificamente por cada grupo e,

portanto, serão abordadas separadamente.

4.3.6 Estudantes

!

4.3.6.1 Papel da instituição

!

O papel da instituição relacionado ao gerenciamento de risco também foi algo

muito discutido. Um dos integrantes citou que durante seu estágio em SP uma

equipe multidisciplinar realizava reuniões periodicamente para discutir condutas

específicas para cada cliente. Isso fazia com que todos os representantes de cada

classe (enfermeiro, médico, fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo) ficassem cientes

do que seria feito com aquele paciente de forma integral, garantindo assim uma

melhor assistência e uma maior segurança nos cuidados.

Além disso, foi dito que o gerenciamento de risco pode ser definido como um

setor dentro do hospital, fazendo com que esse setor gerencie os maiores índices de

risco e implantar medidas preventivas, como treinamento e capacitação dos

profissionais.

As comissões hospitalares foram citadas por um dos integrantes, que disse

não possuir nenhum contato com as mesmas, mas que acredita que elas também

são um dos instrumentos para gerenciar e prevenir os riscos, apontou como

exemplo a comissão de infecção hospitalar.

A criação de comissões como instrumentos de gestão para oferecer qualidade

no atendimento tem sido estimulada tanto em hospitais públicos e privados. Entre

essas comissões está a de gerenciamento de risco. As instituições públicas

hospitalares do Estado de São Paulo já começaram esse processo.109

“... pode até ser definido como um setor pra se ter dentro de um hospital.”

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!

“... mas acredito que um exemplo pra mim seria as comissões que todos os hospitais

tem, como por exemplo, a comissão de controle de infecção hospitalar, ela gerencia um risco

de todos os pacientes que estão internados”

4.3.6.2 Acreditação hospitalar

O participante número 5 que já trabalhou em instituições acreditadas (ONA),

citou a importância dos indicadores de qualidade nesse processo e que os

profissionais que trabalham no setor de qualidade conhecem todos os riscos através

dos indicadores, que são fundamentais para manter a assistência segura.

Outro sujeito da pesquisa também falou sobre o processo de acreditação que

pode acompanhar em um estágio realizado em SP no Hospital Israelita Albert

Einstein. O processo foi realizado pela Joint Comission a maior comissão de

acreditação do mundo. Foi verificado inúmeros aspectos desde a segurança na

entrada, a limpeza, posicionamento do lixo, equipamentos de proteção individual,

NR32, protocolos institucionais, treinamentos. Os integrantes da Joint Comission

entravam a paisana e fiscalizavam o ambiente, o conhecimento técnico e científico

dos profissionais, sem que eles soubessem que estavam sendo avaliados, para que

assim pudessem ter uma visão mais fidedigna.

A política de segurança do paciente e os processos de gerenciamento de

riscos fazem parte dos critérios envolvidos na avaliação dos hospitais através do

Programa de Garantia e Aprimoramento da Qualidade em Saúde do Ministério da

Saúde criado em 1995. Esse programa teve como consequência lógica à criação do

Programa Brasileiro de Acreditação Hospitalar.110 Os hospitais devem atender

requisitos que vão desde básicos até os que envolvem os princípios de segurança,

organização e práticas de gestão e qualidade. A partir dessa avaliação podem ser

classificados em níveis que vão do 1 ao 3.110 Entre as medidas exigidas nos níveis

de melhora qualidade podemos citar a presença de evidências de vários ciclos de

melhoria em todas as áreas, atingindo a organização de modo global e sistêmico, a

utilização de sistema de informação institucional consistente, baseado em taxas e

indicadores, que permitam análises comparativas com referenciais adequados e a

obtenção de informação estatística e sustentação de resultados, a utilização de

sistemas de aferição da satisfação dos clientes (internos e externos) e a existência

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!

de um programa institucional da qualidade e produtividade implantado, com

evidências de impacto sistêmico.110

“É... a parte de gerenciamento de risco também trabalha bastante com indicadores

né.. na qualidade...Então.. são levantados esses riscos, o pessoal da qualidade conhece todos

esses riscos e através do levantamento dos indicadores vão saber exatamente o que eles

precisam estar melhorando e ta contribuindo pra instituição pra ta mantendo esse tipo de

assistência segura.”

“... nesse estágio que eu fiz no Einstein eles tavam sujeitos anualmente a uma

comissão que eles chamavam de Joint que é uma comissão americana que ela visava a

segurança hospitalar de uma forma geral...”

4.3.6.3 Contato com o tema

Em algumas falas os integrantes, principalmente os estudantes de medicina,

citaram que adquiriram conhecimento sobre os temas nos estágios eletivos, que são

realizados em outras instituições de saúde, muitas vezes em outra cidade.

Além disso, todos relataram que em momento algum durante a graduação

tiveram contato sobre o tema.

A escassez de artigos sobre o tema segurança do paciente e gerenciamento

de risco como conteúdo curricular na graduação é clara, e o pouco conhecimento

demonstrado pelos sujeitos dessa pesquisa reflete a necessidade de uma maior

exposição dos alunos ao tema.24 Estudos para avaliar o conhecimento dos alunos

estão surgindo na literatura. Gabriel et al.111 em um estudo qualitativo com 24

estudantes de enfermagem explorou o tema da qualidade da assistência. Embora

sejam conceitos distintos a segurança do paciente aparece nos discursos como

parte integrante da qualidade. A necessidade de preservar a segurança relacionada

à diminuição de riscos.

A pouca exposição ao tema durante a graduação também é destaque no

estudo de Steven et al.,112 realizado na Northumbria University, no Reino Unido em

que constataram que a segurança do paciente não é um tema curricular visível, e

os estudantes relataram que as habilidades são ensinadas com ênfase no que não

fazer.

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!

Urbaneto e Gerardt108 em editorial na Revista Gaúcha de Enfermagem

advertem que “o tema da segurança do paciente deve perpassar todo o currículo”, e

que é necessário que o educador e o aluno vivenciem experiências práticas.

Tella et al.113 publicaram em 2014 uma revisão de literatura em 20 grades

curriculares do Reino Unido e apontaram os seguintes conteúdos referentes à

segurança do paciente presentes: aprender com os erros, responsabilidade

individual e trabalho em equipe, ação antecipatória em ambientes complexos e

enfermagem centrada na segurança do paciente.

“... e uma forma que eu vi uma vez em um hospital que era pra minimizar os acidentes,

gerenciar todos os riscos, é que todos os dias acontecia uma reunião multidisciplinar entre

médico, enfermeira chefe do setor, auxiliar de enfermagem, fisioterapeuta, nutricionista e

psicólogo, em que todos os casos daquele setor era discutir e as condutas eram firmadas

frente a todos os profissionais da saúde pra que todos tivessem a ciência do que deveria ser

feito, do que deveria ser melhorado com cada paciente individualmente, e dessa forma, o

paciente deixava de ser segmentado”

“... no Einstein, na enfermaria da clínica cirúrgica.”

“Talvez, justamente por esse tipo de política, um hospital publico, eu tive a

oportunidade de fazer um estágio em uma instituição publica na USP de Ribeirão e eles levam

muito a sério essa questão de causar menos dano ao paciente.”

Medicina (todos): “Não, nunca discuti isso na tutoria nem na prática aqui...”

4.3.7 Profissionais da saúde

!

4.3.7.1 Comunicação

Uma questão que foi discutida desde o início do grupo focal, foi à importância

da comunicação.

O número 6 citou que o conhecimento das funções de cada integrante dentro

da equipe é de suma importância para que o próprio profissional tenha domínio das

suas atribuições e que saber sobre as funções dos demais profissionais traz maior

interação entre a equipe.

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!

Além disso, a comunicação entre as equipes também foi citado como um

aspecto essencial para um melhor desempenho no trabalho. Um dos integrantes

comentou que durante a passagem de plantão muitas informações são perdidas e

que isso dificulta o trabalho e impede que ações sejam criadas para prevenir futuros

erros recorrentes.

A importância da comunicação antes dos procedimentos foi comentada como

um aspecto positivo dentro da equipe na UTI, o integrante do grupo falou que essa é

uma ação muito realizada, que nenhum procedimento é realizado sem que o

paciente fique ciente do que esta sendo feito. A equipe de enfermagem foi muito

elogiada nesse sentido.

Um aspecto negativo, segundo um dos participantes, é a divergência da

comunicação entre membros de equipes diferentes, como por exemplo, o cirurgião e

o intensivista, cada profissional da uma informação diferente, o que gera ansiedade

e insegurança para a família e para o próprio paciente.

Em relação à comunicação e o trabalho em equipe, que são essenciais para

um trabalho de alta qualidade e seguro do paciente, observa-se que as falhas de

comunicação são bastante frequentes.114 A comunicação é tão fundamental que

deve-se gerar instrumentos de comunicação padronizados, criar um ambiente onde

as pessoas possam explicar e expressar suas preocupações e compartilhar uma

linguagem comum para alertar os membros da equipe de saúde sobre situações

inseguras. A comunicação é um das diversas formas de realizar um atendimento

individualizado e humanizado, sendo possível verificar a importância dessas

características para que se tenha segurança no atendimento.110

Um estudo americano realizado em 2013, com a participação de vinte

profissionais da saúde de diversas áreas, apontou em seus resultados que as falhas

de comunicação podem causar uma potencial insegurança para o paciente.96 Outros

estudos também apontam a importância da comunicação. Sendo assim, a

comunicação aparenta ser uma questão mundial de grande impacto, que deve ser

melhorada e que influencia diretamente na segurança do paciente.115-117

A comunicação é um desafio para os gestores. Treinamentos realizados por

equipes específicas, que atuaram em centro cirúrgicos e UTIs nos EUA, com o

enfoque no trabalho em equipe, mostraram resultados satisfatórios.73,115 Além disso,

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existem alguns programas utilizados também para melhorar a comunicação, sendo

que os diversos treinamentos existentes proporcionam conhecimentos e mudanças

no comportamento dos profissionais, mostrando que esse pode ser um dos

caminhos para modificar a cultura de comunicação dentro das instituições de

saúde.118-119

Embora a comunicação seja sempre citada como elemento fundamental para

a segurança do paciente e gerenciamento de risco, poucos estudos dão ênfase a

essa temática. Em estudo bibliométrico publicado por Tobias et al.,120 apenas 2,8%

entre 106 publicações durante 6 anos, citaram a questão de comunicação vinculada

à segurança do paciente.120

Ainda em relação à comunicação, Toralles-Pereira, em estudo qualitativo,

realizado com pacientes acamados em hospital universitário, observou que a

priorização da técnica assistencial sobre a dimensão relacional nem sempre é o

mais correto. A falta de informações sobre seu estado de saúde por falha de

comunicação parece gerar mais insegurança prejudicando o atendimento.121

Outro aspecto da questão comunicação é aquele que estuda esse tema entre

equipes e profissionais. Esse tema foi citado pelos profissionais no grupo focal como

importante. Também a literatura cita dificuldades nessa área. Cernadas122 em

editorial de um periódico científico argentino comenta que houve poucos avanços

nessa área. Enfatiza também a pouca e ineficiente comunicação entre os

profissionais com a equipe administrativa.

“Isso eu sempre vi e eu me orgulho disso, é quando chega e a enfermagem vem e fala

como que vai fazer, e agora nos vamos tirar a roupa, nós vamos fazer isso, e agora nos vamos

pegar a veia, vamos dar um medicamento pro senhor, vamos por a máscara de nebulização. A

enfermagem nesse aspecto é... e que eu acho que tem muito mais contato com o paciente, é...

sempre procurou aqui ser um dos pontos fortes. Ta? Eu procuro fazer a minha parte também.”

“Dentro da classe médica o cirurgião tem o ato de operar o paciente tem uma visão

muito otimista, porque otimista, porque ele vê a cicatriz... já o intensivista tem que ver o

paciente como um todo, as vezes a cirurgia corre tudo bem mas a condição clinica do paciente

é grave e ai há uma distocia de noticias pra família, o cirurgião passa pra família que a cirurgia

foi tudo bem, mas a condição do paciente na UTI na verdade não é essa, as vezes é grave,

então essa relação fica difícil as vezes.”

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4.3.7.2 Aspectos gerais do cuidado

Alguns aspectos gerais no cuidado também foram citados para a prevenção

dos erros, entre eles: atendimento integral, nível cultural dos pacientes e a

prevenção da influência dos aspectos emocionais dos profissionais no cuidado.

O atendimento integral foi citado como de extrema importância para o

gerenciamento de risco, segundo o profissional o paciente deve ser visto como um

todo e não segmentado como ainda é muito realizado e isso influencia na prevenção

dos riscos, o gerenciamento deve ser feito de forma integral e não por partes.

Outro aspecto muito interessante citado foi quanto ao nível cultural dos

pacientes e que dependendo das condições de conhecimento e até mesmo de

moradia o tratamento deve ser alterado, ou a orientação deve ser realizada de

alguma outra forma para que o mesmo entenda e de segmento ao tratamento

estipulado pelo médico após a alta. Para o número 7 isso é uma das diversas formas

de gerenciar e prevenir os riscos.

Esse aspecto foi citado por Carvalho123 em seu trabalho de conclusão de

curso em enfermagem, realizado com pacientes ambulatoriais em um hospital de

Porto Alegre, onde identificou um problema de interpretação por parte do paciente

que entendeu a informação de acordo com seus valores e conhecimento informal

adquirido.

Por fim, uma das profissionais de enfermagem falou que é muito importante

que os problemas externos não influenciem durante o trabalho, que os problemas

sejam deixados de lado enquanto é prestada a assistência e que é umas das

funções do enfermeiro gerencial que ele perceba e realize orientações a respeito

desse assunto, pois muitas vezes a enfermagem pode estar cansada ou estressada

e isso pode acarretar muitos riscos, entre eles erros na medicação, falta de

humanização, estresse para o paciente, não realização de procedimentos como a

lavagem das mãos, etc.

Quando se trata de literatura científica, os erros relacionados à administração

de medicamentos estão entre os mais estudados. Como eles podem ser previnidos

pelo conhecimento da equipe assistencial. Grandell-Niemi et al.124 afirmaram que os

profissionais acreditam conhecer os aspectos práticos da administração de

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medicamentos, mas que tem dificuldade nas questões teóricas como

farmacodinâmica e farmacocinética.

A questão da sobrecarga de trabalho com fator de insegurança tem sido

discutida na literatura internacional.125,126 O risco de errar aumenta significativamente

quando os turnos de trabalho são maiores que 12 horas ou quando o profissional de

enfermagem trabalha mais de 40 horas por semana. Em estudo americano realizado

com a enfermagem de 393 hospitais foi constatado que 40% dos participantes

trabalham em turnos que excedem 12 horas.84

O ambiente e os materiais adequados para o atendimento também foram

citados nos discursos, como fundamentais para se ter um atendimento seguro.

Acredita-se que não faz sentido estar em um hospital bem estruturado se o

profissional não é capaz utilizar essa estrutura em prol do paciente.127 O aspecto

tecnológico e financeiro de uma instituição de saúde é de grande importância para

um atendimento adequado, mas atos básicos como a capacitação do profissional, o

cuidado com o paciente e a comunicação entre a equipe, podem garantir mais

segurança do que um sistema de dados informatizado.128

“Quando a gente fala em gerenciamento de risco, a gente fala em gerenciar então é um

todo, a gente não tem como gerenciar o coração sem ver o pulmão né.... Mas eu to vendo

como um todo, porque o gerenciamento é gerenciar tudo e não metade e deixar a outra metade

isso é uma coisa que não tem o que falar.”

“O importante é ver que situações algumas medicações o paciente não tem condição

de usar, exatamente por falta de orientação. O exemplo é o anticoagulante, dependendo da

medicação que você dá pra uma pessoa você vai criar uma situação de saúde grave, porque

ele não vai fazer controle, não vai tomar da forma adequada, então isso é importante você

gerenciar.”

4.3.7.3 Conhecimento do assunto (vivência do tema) em setor específico do hospital

Durante as falas pode-se verificar que apesar dos profissionais não saberem

conceituar os temas, realizam atividades e procedimentos diários que envolvem a

segurança do paciente e o gerenciamento de risco.

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“Temos uma plaquinha vermelha escrito risco de queda e coloca-se na cabeceira da

cama.”

“Na administração de hemoderivados é feita a conferência por duas pessoas, é uma

regra.”

“Na UTI também, as bombas de infusão são identificadas com letras grandes, com

caneta grande, caneta piloto né.. tipo de medicação, o que esta correndo né, pra tentar

diferenciar, e.. uma coisa que a gente sempre presta atenção, ontem eu tive na unidade

coronariana... duas Sonias e duas Nilzas internadas juntos, no mesmo quarto, a gente teve a

atenção de estar mudando essas pacientes né, porque todo cuidado é pouco...”

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5 CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que:

• O conhecimento de estudantes e profissionais de saúde de enfermagem e

medicina sobre segurança do paciente e gerenciamento de risco é parcial

e se restringe aos conceitos básicos.

• Os estudantes e profissionais de enfermagem e medicina sabem da

necessidade de instrumentos de avaliação e protocolos de prevenção,

mas desconhecem seu conteúdo.

• Algumas medidas de segurança foram citadas pelos integrantes,

entretanto, os profissionais de saúde tiveram dificuldade de relacionar

essas medidas com os protocolos institucionalizados.

• Os estudantes de medicina e enfermagem têm conhecimento teórico

sobre os temas estudados e os profissionais conhecem os aspectos

práticos e os associam à humanização nos serviços de saúde.

• Foram criadas ao total onze categorias, cinco delas foram relatadas por

ambos os grupos:

1. Nível de conhecimento sobre o tema;

2. Aspectos que influenciam a segurança do paciente e o

gerenciamento de risco;

3. Papel da equipe de saúde na segurança do paciente;

4. Desconhecimento sobre protocolos institucionais e a importância de

seu uso;

5. Necessidade de abordar o tema de forma específica na graduação;

Além disso, cada grupo criou outras três categorias distintas, que são:

Estudantes:

1. Papel da Instituição;

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2. Acreditação Hospitalar;

3. Contato com o tema;

Profissionais:

1. Comunicação;

2. Aspectos gerais do cuidado;

3. Conhecimento do assunto (vivência do tema) em setor específico do

hospital.

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REFERÊNCIAS

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Enferm. 2009; 22(4):v-vi. 3. Feldman LB. Como alcançar a qualidade nas instituições de saúde. Critérios de

avaliações, procedimentos de controle, gerenciamento de riscos hospitalares até a certificação. São Paulo: Martinari; 2004.

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profissional em unidades críticas. Rev Esc Enferm USP. 2004;38(2):161-7. 127. Goode CJ, Pinkerton S, McCausland MP, Southard P, Graham R, Krsek C.

Documenting chief nursing officers' preference for BSN-prepared nurses. J Nurs Adm. 2001;31(2):55-9.

128. Hebert M. National Nursing Informatics Project Discussion Paper [Internet].

1999 [acesso em maio 2014]. Disponível em: http://www.cna-nurses.ca/pages/resources/nni/nni_discussion_paper.doc.

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Eu, Anna Paula Martinez, enfermeira e aluna do Curso de Mestrado Profissional nas Profissões da Saúde da PUC-SP, sob a orientação da Prof. Dra. Gisele Regina de Azevedo, pretendo desenvolver o estudo “Gerenciamento de risco e segurança do paciente: a percepção dos estudantes e profissionais de saúde”, que tem como objetivo analisar o conhecimento e as percepções de estudantes e profissionais de Enfermagem e de Medicina sobre os temas "segurança do paciente” e “gerenciamento de risco”. Para isso, solicito a sua autorização para que possa aplicar um questionário com perguntas abertas a respeito do tema e em seguida você será convidado a participar de um grupo focal.

Como voluntário, você poderá desistir a qualquer momento dessa participação, mesmo depois de entregue o questionário. Em qualquer outro momento também será possível fazê-lo e, para qualquer outra necessidade de mais esclarecimentos, entre em contato com a responsável pela pesquisa, Profa. Dra. Gisele R. Azevedo (Praça José Ermírio de Moraes, 290 ou pelo fone: 3212-9869).

As pesquisadoras garantem que sua identidade será mantida em sigilo e que a sua desistência ou não participação nesse estudo não interferirá em seus direitos de atendimento à saúde. O resultado final dessa pesquisa será apresentado em congressos da área, com a preservação de sua identidade.

A U T O R I Z A Ç Ã O

Eu______________________________________________________________, RG ________________________________, declaro que entendi os objetivos da pesquisa supra citada, e concordo em participar. Entendo que nesta pesquisa, minha participação é de espontânea vontade e que será preservado o sigilo de minha identidade.

Estou ciente de que os resultados gerais serão divulgados por meio de publicações científicas e apresentados em eventos dessa natureza.

Assinatura do entrevistado: ____________________________ RG: ____________________

Assinatura do pesquisador: ________________________________

Data: ___/ ___ / ___

Contato: Anna Paula Martinez Rua Portugal, 63 Bairro: Jardim Europa Sorocaba/SP CEP 18045280 Fones: (15) 32223901 ou (15) 97818678 Comitê de Ética em Pesquisa da FCMS-PUC-SP (15) 3212-9896

“Este é um documento em duas vias, uma pertence a você e a outra deve ficar arquivada com o pesquisador”.

1º via partipante

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APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-

DEMOGRÁFICA

Questionário de Caracterização Sócio- Demográfica

Idade:

Gênero:

Raça:

Estado Civil:

Escolaridade:

Profissão:

Especialização:

Há quanto tempo trabalha na área como médico, enfermeiro, técnico de enfermagem ou auxiliar de enfermagem:

Número de horas que trabalha por dia (incluindo todos os locais de trabalho, se houver mais de um):

Tempo de formado:

Local aonde trabalha (apontar todos):

Ano de ingresso no curso (pergunta somente para estudantes):

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APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO SOBRE CONHECIMENTOS PRÉVIOS

Questionário sobre Conhecimentos Prévios

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1. Fale tudo o que você sabe sobre “segurança do paciente”?

2. Fale tudo o que você sabe sobre “gerenciamento de risco”?

3. Você conhece algum protocolo a respeito desses temas? Qual?

4. O que você acha que poderia melhorar no seu trabalho para garantir maior segurança aos clientes?

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1. O que você entende sobre “segurança do paciente”?

2. O que você entende sobre “gerenciamento de risco”?

3. Você conhece algum protocolo a respeito desses temas? Qual?

4. Você acha que o ensino na sua universidade abrange esses temas da maneira adequada? O que poderia melhorar?

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ANEXO A - TRANSCRIÇÃO GRUPO FOCAL ESTUDANTES DE ENFERMAGEM E

MEDICINA

Transcrição Grupo Focal Estudantes de Enfermagem e Medicina

Coordenadora: O que nós vamos fazer é um grupo focal. Um grupo focal é essa

organização, é.... a orientação é que a gente seja no máximo um grupo de 12

pessoas, não mais do que isso. É... num grupo focal nós não nos identificamos,

então nós somos coordenadoras no nosso grupo e, se vocês precisarem fazer

qualquer pergunta a gente pode ser chamado. O grupo focal é gravado o tempo

todo, é... ao final do trabalho, quando os dados forem coletados, toda a gravação vai

ser transcrita... transcrita... tudo o que for dito vai ser transcrito, e nessa transcrição

não vai ter identificação nenhuma por isso que todo mundo recebe um número para

que se evite de se identificar aqui. É... o tema desse grupo focal é... segurança do

paciente, é isso que nós vamos discutir aqui, nós vamos tentar fazer um

encaminhamento, isso não significa que seja uma coisa rígida que a gente não

possa mudar um pouco o fluxo da discussão. A única regra é que todo mundo pra

falar se inscreva com a coordenadora, então, basta que eu levante a mão e ela

anota o número e antes da pessoa falar, ai ela diz “o número três vai falar... o

número quatro vai falar...”. Então na hora de transcrever ela já sabe que aquela fala

diz respeito a tal número, certo? Então, basta que levante a mão e ela já inscreve.

Se duas pessoas falarem ao mesmo tempo, na gravação a gente não consegue... a

gente perde a fala das duas pessoas, então é fundamental que a gente ouça o que o

outro fale, espere pra falar e de forma nenhuma é... se fale uma fala em cima da

outra, essa é a regra fundamental, e que a gente não interrompa a fala em nenhum

momento. Nos começamos lançando uma questão básica e depois disso a

discussão vai se encaminhando, a gente pode fazer através de rodadas, isso não

significa que cada um não possa se inscrever mais de uma vez, duas, três, quantas

forem necessárias, né? Acho que nós poderíamos começar falando o que nós

sabemos sobre segurança do paciente, o que cada um de vocês sabe, ouviu falar,

conhece, sobre segurança do paciente, nos seis anos de medicina e nos quatro

anos de enfermagem, o que que é isso segurança do paciente? Ta na moda né?

Quem se inscreve?

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Número 5: eu acho que a segurança envolve desde a admissão do paciente, que é a

entrada dele no hospital né, daí passando desde a recepção, com a identificação

correta, é... setores enfim, encaminhamentos corretos (A),, e a parte também do

atendimento assistencial, essa parte de adequação do paciente de acordo com sua

patologia e de acordo com a necessidade do seu tratamento, pode ser que precise

fazer alguma cirurgia, então são feitos vários tipos de protocolos de risco, check list,

time out né que eles falam, que é a parte da segurança mesmo que é feita dentro do

setor do centro cirúrgico( C ).

Número 8: eu acho assim, que resumindo, a segurança do paciente são medidas

preventivas mesmo pra assegurar que não ocorra danos a saúde do paciente dentro

do ambiente hospitalar, cada instituição pode implantar os seus protocolos para

promover essa segurança do paciente e realmente é um assunto que está na mídia,

o coren fala muito sobre isso, tem a cartilha dos 10 passos para a segurança do

paciente e... É uma coisa que é muito importante também para a administração de

medicamentos dos pacientes, mas é isso mesmo, garantir que não ocorra riscos a

saúde do paciente dentro do ambiente hospitalar.

Número 7: É... como a número 8 disse, eu entendo a segurança do paciente

justamente isso acho uma coisa bem ampla e desde a administração de

medicamentos correto, administração de medicamentos na hora correta e seguir

procedimentos de acordo com que é o certo, de acordo com protocolos, até mesmo

o respeito que você vai ter com o paciente, isso também é uma forma de segurança.

Número 4: Acho que o número 7 falou bem, é... pra mim a segurança do paciente

não se restringe apenas ao ambiente hospitalar, acho que ela de fato é bem mais

ampla e ela se define e se pratica em toda e qualquer tipo de relacionamento de um

ser que necessite do atendimento de saúde ou de qualquer outro profissional de

saúde, sendo médico, enfermeiro, psicólogo, fisioterapeuta, técnico de enfermagem,

desde que seja, ai que eu acho que entra a segurança do paciente, desde que

sejam respeitados todas as variáveis, físicas, psíquicas e sociais do paciente.

Número 2: Acho que é exatamente isso... acho que é... segurança do paciente não

envolve necessariamente o componente físico, biológico somente como o psíquico...

sigilo por exemplo, é extremamente importante pra segurança psicológica e social

do paciente e também não esta associado só as atitudes e as condutas dos

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profissionais naquele local, mas sim como ambiente também.... é necessário ter um

ambiente com boa preservação, com limpeza, tudo isso esta associado a segurança

do paciente.

Número 7: eu acho que a segurança do paciente ela ta diretamente relacionada

com a segurança do profissional também, por que uma vez que você oferece

segurança ao paciente você não só tem um retorno, mas você evita que tenha

problemas no futuro.

Número 3: eu concordo com tudo que foi dito até o momento, e eu acho que o

número 4... eu partilho em grande parte da opinião dele, que eu acho que é de suma

importância que no âmbito hospitalar o paciente esteja devidamente identificado,

devidamente encaminhados (1.1), que seja administrado a medicação correta, eu

acho que ele deve ser atendido por uma equipe que seja muito bem qualificada e

treinada uniformemente todos no mesmo protocolo, de modo que seja feito um

diagnóstico correto, um tratamento correto, todas as profilaxias com paciente

internado de trombose, queda, assistência psicológica, e... tirando essa relação que

já foi dita do profissional de saúde com o paciente, de como que vai ser o

seguimento desse paciente, o que que vai dar segurança pra ele... segurança..

segurança do paciente é um termo muito genérico né, então tudo isso pode ser

discutido, mas.. segurança do paciente o que que é? Assegurar que ele tenha

saúde, que ele tenha qualidade de vida, então o que que você vai fazer pra quando

esse paciente for pra casa, seguir com a vida dele pra que ele não adoeça de novo e

não volte para o hospital, não necessite de ajuda novamente.

Número 7: eu concordo com tudo isso que já foi dito e eu acho que... oferecer

segurança ao paciente, também tem que ser oferecido respeito ao paciente e não só

protocolos tem que ser seguidos... e eu acho que os profissionais da saúde tem que

se dedicar... quando eles estão tratando do paciente tem que se dedicar a ele de

uma forma íntegra e não é... pensando que que vai fazer depois, eu sei que é difícil

de separar as coisas, mas pensando em problemas que você tem fora daquele

ambiente, eu acho que tem que se dedicar 100%, como você gostaria que se

dedicassem à você.

Número 4: é... acho que com relação a segurança do paciente, a gente lida com

uma variável que é muito complicada, que é o nível cultural dos pacientes atendidos,

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é... treinar uma equipe de saúde, com pessoas intelectualmente diferenciadas e que

tiveram a oportunidade de freqüentar algum tipo de informação cultural, seja ela

numa escola, num curso técnico ou num curso universitário é muito mais fácil do que

conscientizar a pessoa que esta do outro lado, a pessoa que vai receber essa

segurança. Acho importante o nível de conscientização desse que vai receber essa

segurança, porque não é apenas um lado, não é o lado apenas do profissional, mas

também é o lado de quem recebe a segurança, ele também deve estar consciente

pra exigir e cobrar, pra dialogar, pra entender sobre a segurança dele, bem como

pra ter ciência daquilo que ele faça e que vai fazer com ele, profissional da saúde no

caso que vá garantir a segurança dele... então e talvez esse seja o ponto mais

difícil, embora se enfrente falta de união entre as equipes de saúde e afins, esse é

um ponto até mais fácil de... mais fácil entre aspas também... de se mexer, porque

treinar uma pessoa que é diferenciada, que teve a oportunidade de estudar é mais

fácil de conscientizar e treinar...porque ai as variais extrapolam a equipe médica na

verdade, extrapolam pra níveis sociais, governamentais, políticas de saúde, políticas

de educação, políticas de inclusão de não inclusão e afins...

Coordenadora: quando vocês falam de segurança do paciente, vocês conseguem

definir, conseguem colocar dentro de um desenho, de um quadro, de uma frase,

tudo aquilo que vocês pensam, que a gente costuma dizer conceito...que conceito

nada mais é do que tudo aquilo que eu coloco ali dentro, do termo segurança do

paciente. Nós estamos pensando em pacientes institucionalizados, dentro de uma

instituição, seja ela um hospital, uma instituição que ele esteja fora da casa dele pra

receber um tratamento de uma determinada doença. Então, o que que seria

segurança desse paciente, dentro de uma instituição?

Número 2: conceitualizar eu acho que é meio difícil, mas eu acho que fácil associar

dois conceitos que eu acho que são semelhantes, a segurança do paciente e o que

a gente aprende logo no começo da faculdade que é aquele conceito de não

maleficiencia, primum non nocere, então... se o paciente entra em um determinado

local de prestação de serviço a primeira coisa que se espera é que não haja

maleficiência, que não se causem danos, e esse que acho que é o conceito mais

próximo da segurança que ele deve buscar naquele local, depois disso ele vai

buscar obviamente, um diagnostico, um tratamento, uma orientação, mas a

segurança dele ta associada a essa não maleficiência.

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Número 3: pra mim eu acho que segurança do paciente, um termo que engloba

tudo ao meu ver é a prevenção, é você prevenir que ele, como você falou, tenha

algum malefício a mais do que aquele trazido pelo tratamento, você prevenir que ele

tenha uma piora, você prevenir que ele venha a largar do tratamento, ou não aderir,

e prevenir que ele piore, prevenir que ele tenha muitas outras coisas depois que ele

tenha alta, ate mesmo dentro da instituição...

Número 5: eu acho que esse tema pode ter varias, varias, varias definições né, mas

pra mim eu acho que é mais a parte da preservação da integridade do paciente

mesmo, e a manutenção dela, igual ao numero dois falou, após o tratamento né.. a

continuidade do tratamento.

Número 1: então eu acho que segurança do paciente, como o numero 3 e o numero

5 disseram , eu acho que diz respeito a integridade do paciente e se resume pra

mim como a prevenção do paciente, pois são medidas de prevenção pra ele melhore

e não pra que ele piore, ou seja, eu acho que a segurança do paciente, ele sai da

casa dele pro hospital ele espera melhorar e não piorar e.. a gente tem que.. não

designar esse cargo pra uma pessoa, no caso enfermeiro, médico ou fisioterapeuta,

eu acho que é uma equipe multiprofissional e todos devem participar e contribuir de

acordo com suas atribuições...

Número 4: eu acho que como o numero dois colocou, por ser um conceito muito

amplo, acho que o mais se adéqua é o principio da não maleficiência, por que ele vai

adequar não só a prevenção, mas a promoção, numa instituição aonde você tem

uma relação de doença, uma relação de profissional da saúde e doente, prevenir é

muito restrito a saúde completa do paciente, mesmo que seja em um ambiente de

segurança pra você proporcionar a segurança você tem que dar um jeito de

promover a saúde do paciente, não só prevenir, porque prevenir é como se você

estivesse antevendo o que vai acontecer, mas antes de antever o que vai acontecer

você pode tomar atitudes pra que aquilo não aconteça, mas fortalecer uma forma

que não exista nenhum pensamento que aquilo possa acontecer, fortalecer o outro

parâmetro eu acho.

Coordenadora: E o que que nós sabemos sobre gerenciamento de risco?

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Número 4: o gerenciamento propriamente dito eu acho que é estabelecer

protocolos, protocolos, fluxograma, algoritmos, é.. que visem a redução da

exposição do risco, o manejo daqueles expostos ao risco e... controlar, exatamente

a aplicação e a efetividades desses protocolos, dessas de certa forma, políticas de

atenção a segurança do paciente, acho que é um formatizacao.

Número 3: ao meu ver o gerenciamento de risco é como você vai lhe dar com essa

situação, e uma forma que eu vi uma vez em um hospital que era pra minimizar os

acidentes, gerenciar todos os riscos, é que todos os dias acontecia uma reunião

multidisciplinar entre médico, enfermeira chefe do setor, auxiliar de enfermagem,

fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo, em que todos os casos daquele setor era

discutir e as condutas eram firmadas frente a todos os profissionais da saúde pra

que todos tivessem a ciência do que deveria ser feito, do que deveria ser melhorado

com cada paciente individualmente, e dessa forma, o paciente deixava de ser

segmentado, cada profissional ia passar lá pra fazer isso parte, não... todos tinham

uma ciência do que estava acontecendo e as vezes tentavam ou avisar o outro

profissional e com isso todos acabavam falando a mesma língua.

Coordenadora: aonde isso?

Número 3: no Einstein, na enfermaria da clínica cirúrgica.

Número 8: então o gerenciamento de risco é basicamente isso mesmo, e pode até

ser definido como um setor pra se ter dentro de um hospital, pra gerenciar os

maiores índices de risco pra que ele estar exposto, e a partir disso vai focar pra

identificar como que pode ser implantadas medidas preventivas, treinar e capacitar

toda equipe pra melhoria da saúde do paciente.

Coordenadora: você tem experiência com isso?

Número 3: não só o que eu conheço mesmo dentro do hospital em que eu trabalho.

Coordenadora: qual é o hospital que você trabalha.

Número 3: aqui no Santa Lucinda.

Número 1: Concordo com o que o numero 8 e o numero 3 disseram né.. e o que eu

pude aprender na faculdade é o seguinte, que o gerenciamento de risco é.. serve

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pra detectar os problemas em um determinado setor e... como o numero 3 falou, as

pessoas se reúnem pra estar conversando e estar resolvendo esses problemas

detectados, e... através problemas detectados eles elaboram protocolos né.. pra que

não ocorra mais esse problemas e assim... o trabalho é... acabe com ele de uma

maneira melhor, pra que o paciente não seja prejudicado.

Número 5: é... a parte de gerenciamento de risco também trabalha bastante com

indicadores né.. na qualidade, por isso que nos temos hospitais... as acreditacoes

né, da ONA no caso e através dessas acreditações que a gente percebe como é

feito esse trabalho né.. da parte de gerenciamento. Então.. são levantados esses

riscos, o pessoal da qualidade conhece todos esses riscos e através do

levantamento dos indicadores vão saber exatamente o que eles precisam estar

melhorando e ta contribuindo pra instituição pra ta mantendo esse tipo de

assistência segura.

Coordenadora: você tem experiência com isso?

Número 5: tenho, eu só trabalhei até hoje em instituições acreditadas.

Coordenadora: em que você tinha experiência com o gerenciamento de risco,

direto?

Número 5: não diretamente, mais a parte da assistência mesmo.

Coordenadora: e na assistência vocês faziam o gerenciamento de risco?

Número 5: é porque tem os protocolos que a gente segue né...

Coordenadora: Dá um exemplo.

Número 5: protocolo de risco de queda, risco de flebite, risco de ulcera por pressão,

risco de alergias, são algumas ai... tem vários.

Número 7: como foi dito agora pelo numero 5 e eu já havia dito antes no começo da

discussão eu acho...eu nunca trabalhei em nenhum lugar com isso, mas eu sei que

é de extrema importância que os protocolos sejam seguidos, porque a gente vê que

muitas vezes não é seguido a risca, protocolos tem que ser seguidos a risca não

pode pular etapas, pular itens porque as vezes ta com pressa, ou acha que não tem

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necessidade, acha que nesse caso ele não vai se encaixar, mas não pro

gerenciamento dar certo tem que ser seguido conforme foi programado.

Coordenadora: além do numero 5 e do numero 8 quem mais tem experiência com

esse tipo de protocolo?

Número 6: Na verdade, num sei se entra como protocolo, mas o coren aqui de São

Paulo mesmo, como já foi dito anteriormente, tem uma... ta entrando com uma

política de segurança do paciente, então eles tem cartilhas e dentro da graduação

mesmo, dentro das sessões de tutoria a gente acaba discutindo sobre isso, então

é... eu acho, eu acredito.. pelo menos pra mim que nunca trabalhei a experiência

mais próxima seria isso... esses 10 passos.

Número 4: é... não tenho nenhuma proximidade direta, mas acredito que um

exemplo pra mim serias as comissões que todos os hospitais tem, como por

exemplo, a comissão de controle de infecção hospitalar, ela gerencia um risco de

todos os pacientes que estão internados de adquirir uma infecção dentro do hospital

que vai determinar uma terapêutica um pouco mais rebuscada e complicada, e ela

gerencia justamente evitar prevenir talvez a exposição e talvez diminuir ...

Número 3: eu também não tenho nenhuma experiência pessoal, como por exemplo,

em uma instituição que eu trabalhei, mas nesse estágio que eu fiz no Einstein eles

tavam sujeitos anualmente a uma comissão que eles chamavam de Joint que é uma

comissão americana que ela visava a segurança hospitalar de uma forma geral,

desde o posicionamento de lixo no corredor, piso, vestimenta dos profissionais de

saúde, é...se o profissional da saúde usava perfume ou não, eles examinam e

davam sua certificação, justamente eles eram uma comissão... uma entidade... que

eles examinavam desde a entrada no hospital, desde o segurança na porta, até o

equipamento no centro cirúrgico, os protocolos que eram usados no hospital e

assim... e eles..e o hospital que estava sujeito a essa certificação eles tem que

treinar todos os profissionais da saúde, porque os membros da Joint, a semana que

eles se dispunham a ir no hospital eles entravam a paisana e eles podiam indagar

qualquer profissional de qualquer setor e ver se ele tava interado com os protocolos

daquele setor e se ele sabia o que estava acontecendo. E só assim seria possível

certificar essa instituição com esse certificado que é muito valorizado no mundo

inteiro essa certificação.

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Número 7: indo um pouco na linha do numero 3, mas sendo mais especifica é..

mais restrita a uma única área, eu também tive a oportunidade de fazer estagio em

Sp, na área de anestesiologia, e lá eu acompanhei alguns residentes, e lá todo

material que era utilizado era feito, era disponível através de um protocolo também,

era determinado o que cada um ia precisar ter, e muitas vezes era criticado pelos

residentes porque tinha muito desperdício, por que uma vez que tem um protocolo

que você é obrigado a abrir um material novo, usar assim, usar assado, você ta

sujeito a ter um desperdício maior e realmente tinha, tinha desperdício de

medicamento, tinha desperdício de ... por exemplo, abria uma pomada, usava um

pouquinho e tinha que jogar o tubo da pomada inteira fora, tinha certos desperdícios

mas eles faziam isso pela segurança do paciente, mas é algo que você acaba

questionando né, porque tem uma perda financeira, mas você ganha na segurança

do paciente.

Número 4: É... falando assim sobre segurança, sobre esses protocolos

internacionais, essas instituições de acreditações de pontos, é... pensa-se talvez que

isso seja um privilégio dos hospitais particulares é.. que gozem de uma... de um

recurso financeiro muito grande..mas isso não é verdade...eu me lembro até... me

ocorreu agora... de um hospital Sara Kubitchek em Brasilia que é um hospital publico

e curiosamente uma das coisas que mais me chamou a atenção era que a cada 10

minutos, eles tinham um tapete gigante escrito Sara Kubitchek na entrada do

hospital e o tapete era trocado a cada 10 minutos, o mesmo tapete, ele é branco e

ele é trocado a cada 10 minutos. Talvez, justamente por esse tipo de política, um

hospital publico, eu tive a oportunidade de fazer um estágio em uma instituição

publica na USP de Ribeirão e eles levam muito a sério essa questão de causar

menos dano ao paciente e eles estão sequencialmente sendo supervisionados com

atenção docente com relação a isso....acaba que dessa forma eles conseguem

diminuir a exposição né...

Coordenadora: o que que vocês acham que poderia melhorar no curso de vocês ou

no trabalho, mas como nos estamos aqui em uma escola, no curso principalmente,

pra que vocês pudessem sair da faculdade profissionais que é... estivessem mais

atentos e mais preparados em relação ao gerenciamento de risco e a segurança do

paciente, o que que vocês sugerem que poderia ser melhorado.

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Número 1: então eu vou falar de uma maneira geral tanto já pros profissionais que

já estão formados quanto pros estagiários no meu caso... que eu acho que pra mim

se resumindo é a união da equipe multiprofissional, porque é... eu faço estagio aqui

no Santa Lucinda, no Leonor e no Regional né, sou estudante de enfermagem e a

gente percebe que as vezes a gente encontra com os alunos da medicina e é aquele

negócio né, é da enfermagem.. é da medicina e as vezes a gente quer tirar uma

duvida com eles e as vezes o pessoal não dá muita bola e vice versa e as vezes

eles pedem alguma coisa e a gente faz pouco caso e isso acontece com os

profissionais que já são formados também, que a gente percebe que os médicos as

vezes pedem alguma coisa e a enfermagem deixa pra fazer depois e vice versa e eu

acho que assim, o curso de enfermagem e medicina principalmente deveria ser mais

unidos, eu percebo aqui na faculdade você sai e você vê grupinho de enfermagem

aqui, de medicina ali, entendeu.. e claro há exceções, mas eu acho que podia ser

mais unido e que um pudesse sanar a duvida do outro né...

Coordenadora: fosse mais interdisciplinar.

Número 3: eu concordo com o que o numero 1 falou, eu acho que a integração

entre a equipe é uma coisa que só ajuda o paciente e o trabalho, um exemplo disso

são as equipes de UTIs, que no geral tem que ser muito sinérgicas mesmo, todo

mundo tem que se ajudar, se não a coisa não anda e eu acho que assim, num

hospital escola isso fica um pouco difícil né, porque você tem um fluxo de muitos

alunos em cima dos mesmos pacientes, isso acaba não contribuindo pra dar essa

sinergia e um cooperando com o outro. E eu concordo também que existem raras

exceções e...

Número 4: como o numero 3 falou, a integração da equipe é crucial, mas em um

ambiente acadêmico é crucial que haja um treinamento docente pra que isso seja

realizado, ai já se encontra varias barreiras, a resistência docente ao novo, a

interdisciplinaridade, a própria resistência docente de adquirir novos conhecimentos,

inclusive de um tema tão atual, talvez por aquele pensamento “já foi a minha

época”... agora se preocupa apenas em ser docente é... sou docente da faculdade,

já não vivo em um ambiente hospitalar, institucionalizado, mas ao mesmo tempo

esquece que pra ser docente e passar isso pros alunos que vão ser quem vai ta

nessas instituições nos próximos 30...40...50 anos é necessário que eles saibam e

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dominem o assunto pra que possam passar com segurança é... pro aluno que quer

aprender e que precisa aprender isso pra por em prática e pra proporcionar

realmente, como já foi falado nas outras questões, que eu acho que é o que resume

bem a segurança do paciente... é tratar o paciente com integralidade, tratando com

integralidade não vai causar malefício, se vai prevenir tudo que for possível, que

tiver que prevenir e não for do curso natural da doença.

Número 2: é... acho que em curso deveria ter disciplina específica pra isso é... pelo

menos pra dar noção em como se portar principalmente porque a gente ta num

curso, em dois cursos é...que usam o método como PBL, que desde o primeiro ano

você ta no hospital, e você entra no hospital sem saber absolutamente nada... E ai

acaba que você encontra acadêmico que já ta um pouco mais avançado até

sentando em leito de UTI enquanto ta passando o caso, essas coisas que são

obvias que não se deve fazer pra prevenir risco e garantir a segurança do paciente

é... então acho que disciplina dentro do curso seria interessante mesmo que não

seja algo tão aprofundado, mas dá um ponto inicial pra que depois cada setor é...

passasse as suas especificações e no ambiente de trabalho prestar atenção e pegar

mais no pé como por exemplo uso de equipamento de proteção individual, jaleco...

não sair fora do hospital com jaleco que a grande maioria faz é... uso de roupa

privativa fora do lugar aonde ela deve ser usada, preenchimento adequado de

prontuário, que é extremamente escasso aqui...então são varias coisas que são

obvias... Se você perguntar pra alguém aonde você vai usar, aonde você deve usar

a roupa privativa, a pessoa sabe, mas ela não faz, então no curso tem que ter

alguém que pegue no pé pra ensinar isso e no trabalho tem que ter alguém que

pegue no pé pra que isso seja obedecido. Se o setor de gerenciamento de risco

existe em cada lugar, ele deve ser eficiente no caso de cobrar isso também...

Secretária: Sabe o que eu vi em uma reportagem esses dias e até lembrei que tinha

um médico fazendo academia com roupa privativa... meu que absurdo né...

Número 5: eu acho que tudo que foi dito até agora se resume em uma só palavra...

comunicação.... a gente não tem uma comunicação, principalmente a parte de

comunicação não verbal né... dentro de instituições a gente percebe e também

prejudica muito o fluxo de pacientes e até a relação entre a equipe né...É e desde o

primeiro ano da faculdade a gente tem módulos que falam sobre a comunicação ...

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teve um módulo de sábado que falava sobre isso.. tudo que você tem que evitar e

saber a hora ouvir e saber a hora de falar, enfim... e a parte de expressão mesmo.

Número 8: eu acho assim, que se não é possível ter uma disciplina, então o

importante é a conscientização, porque como o número 2 falo, desde o primeiro ano

a gente já ta na prática, então a gente tem que ta consciente do que a nossa

atuação... os riscos que nossa atuação pode vir a causar pro paciente... então não é

porque eu to no ambiente hospitalar que eu julgo que eu estou apta a fazer alguma

coisa, eu vou fazer sem ter a consciência do risco que eu vou expor o paciente. Eu

acho que isso e a comunicação entre a equipe mesmo, é o foco pra prevenção do

paciente.

Número 3: Como o número quatro tinha dito sobre os docentes e renovação do

conhecimento, eu acho que assim, os americanos eles tem muitos pontos ruins né,

mas uma das coisas que eles fazem muito bem é protocolo, e assim, todas as

coisas se você for atrás tem protocolo, pra todo tipo de situação, e a cada dois ...

três anos sai protocolo novo. E eu acho que assim...todo profissional da saúde,

principalmente docente, tinha que ter conhecimento desses protocolos, pra ensinar

pros seus alunos. Não que você tenha que ser “bitolado” em protocolo, mas você

saber qual que é o protocolo e a partir daquilo você poder segmentar um pouco seu

conhecimento, porque por via das duvidas se você tiver um protocolo bem treinado a

sua chance de erro vai ser bem menor.

Número 7: eu acho que assim... tudo que foi dito agora é...de extrema importância,

realmente tudo isso faz parte de como o sistema funcionaria melhor... só que não

pode... eu pelo menos acho que a gente não pode esquecer de mencionar que pra

tudo isso dar certo, pra tudo isso funcionar, alguém bem mais em cima tem que

proporcionar pra gente condições pra que isso funcione, não adianta nada a equipe

estar toda preparada e você chega pra aplicar aquilo que você sabe e falta

isso...falta aquilo...não tem...não funciona... não ta aqui...ta quebrado... Então eu

acho que é importante a gente lembrar disso também, que pra conseguir falar tudo

isso, colocar em pratica tudo isso que a gente falou a gente tem que ter condições

adequadas...porque se não tiver não vai funcionar, vai ter uma falha no que a gente

aprendeu.

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Número 6: eu acho que complementando o que o número 7 falou é... o ano passado

eu participei da comissão de feridas, uma parceria da faculdade com o conjunto

hospitalar e.. nós aprendemos durante o curso da comissão de feridas que é um dos

protocolos que a gente usa no gerenciamento de risco é...as professoras que

estavam responsáveis pela gente elas falavam sobre isso e quando a gente chegava

lá dentro do hospital era desconhecido...e é uma coisa super importante até pela

complexidade dos pacientes que são atendidos aqui, então eu acho que falta essa

comunicação.. a gente vê muito protocolo, papel, mas na prática é diferente e isso é

uma das coisas que pesa muito.

Número 8: Então, é...complementando o que o número 6 acabou de falar... é

importante a conscientização dentro do curso, porque se eu chego em um ambiente

que eu vejo que a pessoa não segue, é importante a gente ta orientando a equipe,

se não tem o conhecimento pra trazer o conhecimento e tentar aplicar... pra

melhorar.

Número 2: eu só não sei se conscientização seria a definição ideal, eu acho que

consciência todo mundo tem do que pode fazer, do que não pode, eu acho que...

concordo também em absoluto que tem que mostrar que isso pode ser feito...deve

ser feito dessa forma ou daquela forma pra evitar risco e pra garantir a segurança do

paciente. Agora eu não sei se conscientizar as pessoas seria o ideal, eu não

acredito muito em conscientização eu acredito em ensinar... o protocolo é esse você

tem que seguir dessa forma, vai ser dirigido assim, se você não seguir você vai ser

punido, ponto.

Coordenadora: Quando nós falamos então que a gente acha que poderia melhorar

aqui na faculdade, pra garantir maior segurança, vocês disseram que... como nesse

nosso método é... os alunos vão pra um hospital ou pra uma UBS desde o primeiro

ano que eles fossem minimamente capacitados pra frequentar esses ambientes

né... é, frequentar hospital, UBS, tivessem o mínimo, o mínimo treinamento pra

frequentar esse lugares né, com relação a vestimenta, a jaleco, a unidade do

paciente como frequentar, foi falado em relação ao docente, ao modelo que o

docente é pra o acadêmico, vocês falaram em relação a modelagem, vocês falaram

também que não adianta a gente aprender tudo e chegar no hospital e não ter

material e equipamento pra poder utilizar e vocês falaram também que as vezes a

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gente tem tudo isso e chega no hospital vai lá aplicar e vê que lá no hospital as

pessoas não estão capacitadas para isso né... e... tudo só funciona bem na

instituição quando a universidade está La dentro, depois que a universidade sai,

tudo se esquece... É uma coisa pra talvez a gente pensar um pouco mais, nessa

nossa responsabilidade, o quanto nós nos queixamos, mas também o quanto que a

gente reforma o espaço La, pra fazer com que aquilo fique diferente pro futuro...

Número 5: eu acho que falta um pouquinho mais de... na verdade não é que falta, é

dado... políticas de humanização em todos os lugares, enfim, não se formam

profissionais humanistas. A humanização esta dentro da faculdade, mas fora daqui

já é outra história, entendeu... a gente tem tutorias que a gente comenta a respeito,

mas é só sair do ambiente de graduação e pós, mestrado, enfim...que o profissional

deixa de ta colocando em prática aquilo que ele diz que aprendeu né...ele vivencia

né...Mas eu acho que falta um pouquinho mais de humanização da parte da pessoa.

Secretária: Vocês têm criado perguntas na tutoria sobre segurança do paciente?

Número 6: enfermagem: na verdade antes da gente pegar no terceiro ano os

problemas sobre a assistência tem os problemas sobre segurança e gerenciamento

de risco... Mas ao os problemas que a gente da menos importância, porque todo

mundo quer saber do assistencial, da fisiologia, todo mundo quer saber da anatomia,

tudo menos essa parte assistencial, isso reflete depois também... E também na hora

de procurar é difícil achar referencias sobre esses assuntos e a gente acaba

buscando coisas muito fora das nossas realidade.

Coordenadora: Então, no curso de enfermagem isso tem sido abordado como

conteúdo, na medicina isso é conteúdo?

Medicina (todos): Não, nunca discuti isso na tutoria nem na prática aqui...

Número 2: o tema como objetivo de estudo como enfoque não teve durante a

graduação, mas algumas disciplinas a gente consegue observar que pegam mais no

pé do que outras...UTI por exemplo, a gente vê é... estimular mais cuidados de

segurança do paciente, pediatria a gente vê mais estimular cuidados de segurança

com o paciente. Então... eu acho que é aquele ponto que eu falei, deveria ter mais

sim um enfoque inicial na segurança e no gerenciamento de risco deveria, mesmo

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que fosse básico pra que as especificações fossem dadas por cada disciplina... mas

deveria sim ter um enfoque como tema inicial.

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ANEXO B - TRANSCRIÇÃO DO GRUPO FOCAL PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Transcrição do Grupo Focal Profissionais da Saúde

Coordenadora: Bom vamos começar. O nome disso é grupo focal esse trabalho

que nós começamos a fazer a partir de agora. Num grupo focal a principal regra é a

seguinte: é fala uma pessoa de cada vez rigorosamente, é... a pessoa que fala

ergue a mão olhando para a Anna, ela faz as inscrições. Ta? É ela faz as inscrições

do número e antes que a pessoa comece a falar ela anuncia o número 1 vai falar.

Quando ela for transcrever, isso vai ser transcrito pra ela analisar, é... a identificação

das falas, as falas do número 1, número 2, número 3, ta? Então, nós não vamos

saber quem disse o que, o que nos importa saber realmente é o conteúdo das falas,

e principalmente o eixo condutor da nossa conversa aqui de hoje, ta? Então é só

apontar para a Anna. Todas as pessoas é... devem falar, é recomendado que todos

falem, é importante que a gente ouça o que todos falam e a gente fará quantas

rodadas forem necessárias pra que a gente esgote os temas aqui. Numa primeira

rodada nos vamos falar sobre segurança do paciente. O que nós entendemos por

segurança do paciente? O que você entende por segurança do paciente?

Número 1: Segurança do paciente, segurar-se de tudo e qualquer tipo de risco.

Segurar de qualquer tipo de risco, risco químico, biológico, físico.

Coordenadora: Repita a primeira palavra mais claramente. Você falou: assegurar-

se? Como que é a primeira palavra?

Número 1: de qualquer risco.

Coordenadora: Assegurar-se de qualquer risco. OK. É isso que você entende por

segurança do paciente.

Número 5: Eu acho que é fazer qualquer coisa pra que evite que esse paciente é...

sofra qualquer agressão. Tanto uma queda, como um erro na medicação, nem que

seja necessário restringir ao leito para evitar que ele mesmo se provoque alguma

coisa.

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Número 3: Conhecer os riscos que o paciente possa apresentar e prevenir que

esses riscos não aconteçam. Como administrar medicação na Maria José e na Maria

Antonia.

Coordenadora: Uma pergunta: nós estamos falando de segurança do paciente ou

de gerenciamento de risco? Só uma pergunta, só pra vocês pensarem antes de

vocês continuarem. Que gerenciamento de risco é a minha segunda pergunta pra

gente explorar mais profundamente.

Número 7: Segurança do paciente eu acho que tem que ser estabelecido primeiro

uma relação, equipe de saúde e paciente, pra que esse tenha segurança no

tratamento.

Coordenadora: Pra que quem tenha segurança?

Número 7: O paciente. Se esse fica a vontade e possa ter interação nessa relação.

Isso é feito através de conversas, de estudos e principalmente uma relação médico

e enfermagem com o paciente.

Número 4: A segurança do paciente eu acho que é desde a entrada na recepção,

que é o desenvolvimento do paciente, dando orientação caso o paciente consciente

até a alta dele, do que pode acontecer, se ta em uma cirurgia, quais são os riscos

que vão acontecer. Eu acho assim que segurança do paciente envolve a equipe

inteira de enfermagem, desde o médico até, a enfermagem, equipe de limpeza

também, risco de queda.

Número 6: Todos os procedimentos que envolvem o paciente, tanto como agente,

que pode fazer pra ele mesmo e como objeto que ele pode sofrer no serviço.

Coordenadora: Ele pode ser agente?

Número 6: Pode.

Coordenadora: Agente?

Número 6: Não é só o que ele pode ser objeto, ser a vítima, ser paciente mesmo,

passivo, as coisas que ele mesmo pode fazer.

Coordenadora: Ele pode ser agente da sua segurança ou da sua...

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Número 6: insegurança.

Número 8: Na verdade desde a abordagem inicial, levantamento de histórico NE, de

tudo que ele já vem alegando, por que a partir daí você também pode intervir NE.

Alergia a medicamentos, a tudo né você faz um levantamento pra você já se

prevenir né e orientação do paciente desde a abordagem. O paciente chegou orienta

ele tudo que você for fazer, todos os procedimentos, você já vai dando uma

segurança pro paciente né, também. Nossa to meio travada hoje. Você já assegura

ele né e orientar né a cada procedimento que for fazer, ele vai colaborando né e fica

mais seguro né.

Número 2: Eu acredito que seja isso também. Começa desde a abordagem inicial,

na hora que ele entra na recepção do hospital, que é o primeiro atendimento né e

até a sua alta, aonde a equipe vai ta passando todas as orientações pra sua

reabilitação. Então envolve a parte multidisciplinar, desde a recepção, equipe

médica, enfermeiro, recepcionista, fisioterapeuta, assistente social, pessoal da

limpeza, pessoal da hortelaria, então é uma equipe mesmo que vai ta trabalhando

para que haja essa segurança.

Número 4: A segurança também, acho que envolve também a família né. Tem que

envolver família junto pra que possa dar um conforto melhor ao paciente.

Número 7: A segurança eu acho que tem muito haver com o que eu já falei, com a

atenção ao paciente, se ele sente que ele esta sendo atendido ele confia na equipe.

Quando as vezes falta uma pequena historia, um pequeno escutar da queixa, isso

pode fazer com que o tratamento não...não seja adequado.

Coordenadora: É... algum de vocês consegue dar um exemplo claro, de... por

exemplo uma abordagem inicial de um paciente que ta..está em processo de

internação, aqui, um paciente consciente, que esta sendo internado em companhia

da família e que se detecta alguma situação em que vocês podem pensar em

segurança do paciente. Vocês conseguem imaginar isso? Exemplificar?

Número 7: O paciente chega ao hospital vai ser submetido a uma cirurgia mais não

é orientado adequadamente pelo médico como vai ser esse procedimento, isso cria

uma insegurança porque quando ele não fica sabendo como vai ser o procedimento

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ele não amadureceu a idéia de concordar com aquele procedimento, a história... a

história, o feedback é o que o paciente espera.

Número 6: Acrescentando isso ai... esses dias nós tivemos um paciente que veio

para uma cirurgia cardíaca, que não foi esclarecido, não foi internado na UTI, foi

internado no hospital, não foi esclarecido como que era a cirurgia e a hora que foi

esclarecido por um enfermeiro, ele falou se é assim eu não vou operar.

Coordenador: Cardíaca? Sem saber como ia ser a cirurgia?

Número 6: É... o médico dele não esclareceu, ele achou que era uma angioplastia.

Não é aquela que faz aqui? Não, vai ser que abrir.. Ele pegou o pedido e foi embora.

Coordenadora: Sendo colocado em uma situação de grande risco, indo embora

sem o procedimento, o tratamento que ele precisava, que não foi feito porque ele

não tinha sido devidamente... porque ninguém gastou 4 minutos..3 minutos com o

paciente pra explicar o que ele precisava...

Número 6: O enfermeiro foi prepará-lo e ele... Ele nem estava na UTI, estava no

quarto e ele desistiu de operar, porque ele desconhecia o que ia ser feito.

Coordenadora: deve ser ficado em uma situação...

Número 7: Outra coisa que é importante nessa história é que certos procedimentos

depende de você conhecer o paciente, se ele já foi submetido a algum tratamento

anteriormente. E... as vezes tem situações que você toma uma conduta e você fica

sabendo que aquilo que você planejou não vai poder ser feito porque não foi feita

uma história. Então como é uma cirurgia pregressa e isso não tem risco que seja

feita aquela conduta que a principio você não iria fazer por falta de um

questionamento, o que o senhor já fez de tratamento?

Coordenadora: E na enfermagem, o que nós pensamos?

Número 5: Um caso também, teve um paciente que o médico falou pra ele,

explicitamente como era a cirurgia e o risco que corria na cirurgia e ele ficou muito

assustado do jeito que foi falado e ele também desistiu da cirurgia. Chegou a ser

internado, mas o jeito que foi falado pra ele, ele acabou desistindo também.

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Coordenadora: Na verdade ou eu muito me engano ou nós estamos falando de

problemas de comunicação né? Basta que a gente se capacite...

Número 7: Na verdade é questão de tempo, não esta se dando tempo de

conversar...

Coordenadora: Precisa ter habilidade pra comunicar né, tanto más noticias, quanto

boas noticias...

Número 7: É a justificativa que tudo é feito num processo como se fossem maquinas

né. Você tem um limite de produção...

Número 4: Eu acho que assim, o acolhimento do paciente quando chega deva ser

feita e orientar todos os procedimentos que vai ser feito pro paciente e pra família,

expondo tudo pra ele, desde a internação ou se ele vai fazer um tratamento clínico,

ou uma cirurgia, deve ser colocado tanto pro paciente e pra família junto pra que

possa desenvolver junto com a família a... o acordo entre eles, aceitação, caso

depois aconteça uma fatalidade, alguma coisa assim não fique julgando o médico ou

a equipe. Eu acho assim que desde a recepção até os funcionários da enfermagem

tem que estar sempre dando a orientação, expondo todos os riscos que pode

acontecer.

Coordenadora: Nós estamos falando de Gerenciamento de Risco agora, nossa

segunda rodada não? Gerenciamento de riscos, né? Gerenciamento... já tão tendo

propostas ou idéias de como se gerenciar essa situações de risco que por ventura a

gente tenha, é isso? Gerenciamento de riscos, né? Ok?

Número 6: Ainda... você perguntou no começo né quanto tempo eu estou aqui eu

acho que eu fiquei na UTI primeiro e a gente sempre procurou é... esse cuidado com

o paciente..essa segurança né. Não é o hospital mais equipado da cidade mais, nem

é o mais bonito da cidade, mas a enfermagem daqui, principalmente, sempre se

sobressaiu por isso. É... a mesmo ordem a gente vê esses deslizes que tem com o

médico pelo contrario a gente tem com a maior parte da enfermagem, ao contrário,

que isso eu sempre vi e eu me orgulho disso, é quando chega e a enfermagem vem

e fala como que vai fazer, e agora nos vamos tirar a roupa, nós vamos fazer isso, e

agora nos vamos pegar a veia, vamos dar um medicamento pro senhor, vamos por a

máscara de nebulização. A enfermagem nesse aspecto é... e que eu acho que tem

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muito mais contato com o paciente, é... sempre procurou aqui ser um dos pontos

fortes. Ta? Eu procuro fazer a minha parte também, uma coisa que é muito comum

acontecer, agora menos, que eu pego menos plantão, mas a gente sabe que tem

médico que chega e vai e entuba o paciente, a maior parte dos médicos que

trabalham conosco aqui, pega e fala: olha o senhor ta com falta de ar é... vamos

precisar por um aparelho, um tubo pela garganta pra ajudar a melhorar isso ai, o

senhor vai dormir, não vai sentir, depois quando o senhor acordar o senhor vai ver

que esta melhor e daí a gente faz um hipnótico com sedativo e deixa o paciente pra

entubar e ligar o aparelho. Não chegar e repentinamente sem avisar o que tem que

fazer. Mesma coisa quando tem que fazer cardioversão elétrica... o coração está

fora do ritmo ele vai precisar tomar um a medicação e um choquinho no coração pra

voltar o ritmo e ai a gente faz o protocolo. Então essa satisfação tem que dar, porque

o paciente está em um lugar totalmente estranho e não sabe o que vai acontecer

com ele. E a enfermagem daqui eu sempre elogiei por isso...

Número 7: É o...em cima desse conjunto de risco você tem que ter essa

comunicação, ser feita essa história, ser feita uma congregação de proximais porque

é muito comum simplesmente, é.. dentro da classe médica o cirurgião tem o ato de

operar o paciente tem uma visão muito otimista, porque otimista, porque ele vê a

cicatriz...já o intensivista tem que ver o paciente como um todo, as vezes a cirurgia

corre tudo bem mas a condição clinica do paciente é grave e ai há uma distocia de

noticias pra família, o cirurgião passa pra família que a cirurgia foi tudo bem, mas a

condição do paciente na UTI na verdade não é essa, as vezes é grave, então essa

relação fica difícil as vezes, porque o cirurgião ele tende, a tipo assim... operei e ta

tudo bem, então isso acaba levando distocias da noticia da condição do paciente

que deixa a família, as vezes, insegura, porque eu falei com o cirurgião e o paciente

esta bem e agora o senhor vem e fala que meu pai..minha mãe está grave. E isso

cria uma insegurança com a equipe, porque se o enfermeiro vai conversar com a

família é cobrado nesse sentido também. É aquilo que você falou, comunicação falar

a mesma língua, mas as vezes é aquela coisa, eu não vou assumir a

responsabilidade, a minha cirurgia correu tudo bem, agora a condição do paciente

isso já não cabe a mim. Então é problema da UTI, é problema da enfermagem...

Número 1: Também como o 7 estava falando, quando a gente fala em

gerenciamento de risco, a gente fala em gerenciar então é um todo, a gente não tem

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como gerenciar o coração sem ver o pulmão né... Então é isso mesmo é uma

mistura, a parte que chega e fala: olha o cardíaco foi bem. Mas eu to vendo como

um todo, porque o gerenciamento é gerenciar tudo e não metade e deixar a outra

metade isso é uma coisa que não tem o que falar. Então o gerenciamento sim,

colocar o paciente como um todo né... Um todo cuidado, você sabe os riscos antes,

após e durante né, porque qual o gerenciamento.. qual o risco que ele vai me

apresentar nessa medicação, essa é a ação? Essa reação? Risco- benefício. Então

é uma coisa que a gente lê muito, por isso que a gente vê que tem cuidar com o

paciente como um todo, gerenciar esses riscos todos e não por parte. Então o

gerenciamento de riscos é gerenciar o paciente como um todo e não como partes.

Coordenadora: Um todo que come.

Número 1: que fala, que sente né, então é um todo.

Coordenadora: nutrição, que tem que fazer a higiene, que usa uma unidade, que

faz troca de roupa.

Número 1: É um todo né.

Número 6: É... na realidade no gerenciamento como um tem que saber a sua parte,

tem que ter conhecimento e domínio da sua parte, mas lembrar que tem que ter o

conhecimento não só o domínio né, o conhecimento da parte todo outro e interagir

com isso. Então o médico tem que saber a função do cirurgião, o cirurgião do

anestesista, o enfermeiro do fisioterapeuta, cada um sabe os seus limites, mas tem

que interagir com isso...

Número 3: fazer uso de mecanismos para que se anote todos esses riscos que

possam acontecer com o paciente. É... por exemplo, é... A noite, às vezes a equipe

anota que o paciente só dormiu bem e isso... dentro desse período de 6 horas, 12

horas muitas coisas aconteceram com aquele paciente, dentro de uma unidade

muitos eventos aconteceram, uma flebite, uma sonda que se perdeu, então eu acho

importante usa mecanismos que temos para que seja colocado no papel isso e não

se perder, pra mais pra frente a gente revisar semanalmente, mensalmente, o que

que aconteceu, o que que pode ser melhorado, o que que ta bom, então eu acho

que é importante isso, colocar no papel tudo isso que acontece.

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Coordenadora: Sair da fase do sem queixas.

Número 7: o importante é ver que situações algumas medicações o paciente não

tem condição de usar, exatamente por falta de orientação. O exemplo é o

anticoagulante, dependendo da medicação que você dá pra uma pessoa você vai

criar uma situação de saúde grave, porque ele não vai fazer controle, não vai tomar

da forma adequada, então isso é importante você gerenciar, que as vezes ele tem

indicação daquela droga, mas não pode usar pela condição social dele e isso

depende também da historia, como você falou, é informação, é conversar,

comunicação...

Número 2: Vendo as falas anteriores, acho que é isso mesmo é... o gerenciamento

de risco inicia na recepção, de uma forma de identificar a possibilidade de alguma

coisa que teria algum certo prejuízo para o paciente. A informação dada desde o

momento anterior a sua internação, em um tratamento clinico ou cirúrgico, a

comunicação de todas as equipes né, e dentro das possibilidades existentes, pré,

durante ou pós cirurgia, identificar esses riscos né, paciente tem risco de queda

então vamos já identificar o risco de queda, tem risco de desenvolver alguma é...

alguma anormalidade então já vamos já identificar pra que toda equipe possa estar

trabalhando em cima disso pra que não venha a acontecer. O paciente tem alta, ele

tem condições de.. de repente ele mora sozinho, será que ele tem condições de ta

fazendo sua auto medicação, então... prever esses riscos e ta trabalhando em cima

deles pra que não aconteça.

Coordenadora: vocês conhecem protocolos de segurança do paciente?

Número 4: Sim. Então eu acho assim, a gente tem que focar na enfermagem, sobre

o risco, porque assim se a enfermagem ta estressada, cansada, desgastada

assim...no ritmo do serviço, acaba cometendo muito risco, risco ao paciente mesmo,

tanto de medicação, estresse pra acalmar o paciente. Então eu acho assim que tudo

tem que ser montado, o enfermeiro gerencial tem que ver o que ta acontecendo,

vamos fazer diferente, vamo ver o ponto de vista de tudo pra que possa atender de

uma forma geral o paciente adequado, dar assistência pra ele e assim fornecer

menos risco, porque assim a gente não quer levar nada pro paciente, mas também

não quer levar nada do paciente de risco. Então, desde uma lavagem das mãos a

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hora que entra até a saída é o necessário pra um bom desenvolvimento para o

paciente.

Número 3: Diante da pergunta sobre protocolo de medicação...

Coordenadora: Não, não.. protocolo de gerenciamento de riscos, protocolo de

segurança do paciente. Vocês conhecem algum protocolo desses?

Número 6: Passagem de sonda vesical, ocorre um risco, que é justamente infecção,

trauma uretral.

Coordenadora: Não rotina do procedimento, protocolo pra gerenciamento de risco.

Vocês conhecem algum? Vou dar um exemplo, na internação paciente que você

identifica o risco de queda, na internação você identifica o risco de queda, na

avaliação da internação. Vocês tem um protocolo? Como é que vocês fazem com

um paciente que tem risco de queda, aqui?

Número 3: temos uma plaquinha vermelha escrito risco de queda e coloca-se na

cabeceira da cama.

Coordenadora: e no paciente coloca-se uma pulseira?

Número 3: ele tem uma pulseira de identificação dele.

Coordenadora: Só identifica o risco de queda na cama? E essa identificação sugere

o que?

Número 3: Que existe esse risco de queda, então deve ser tomado atenção

redobrada em relação ao paciente. Pra ele não se levantar sozinho, que deve ter

auxilio pra ir ao banheiro, pra se alimentar e assim...

Coordenadora: Isso é uma das medidas de protocolo de segurança do paciente, no

caso de risco... isso é uma das medidas. Alguma outra medida que vocês

conhecem? Sabe aquela coisa de confundir via de acesso? Vocês têm alguma

medida pra não confundir via de acesso? Pra não botar sopa? Por exemplo, o

conector não é diferente? O conector do alimento consegue conectar no soro?

Todos: Não.

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Coordenadora: Então, isso é uma medida universal. Ele não conecta. Nem que

você queira errar você não consegue.

Número 3: o conector da sonda nasoenteral ele tem o calibre, o diâmetro um

pouquinho maior, então ele não entra.

Coordenadora: Isso é uma medida de segurança do paciente.

Número 4: Mas o equipo de água que a gente coloca no paciente é o mesmo de

soro.

Coordenadora: Mas assim.. se o de alimento não entra já é uma medida... isso é

uma recomendação universal. Isso é uma regra muito fácil, que se diz que o errar

tem que ser mais difícil . Tem que ser muito difícil errar, tem que ser mais difícil.

Número 2: A cor do equipo também é diferente.

Coordenadora: Então vocês conhecem medidas, talvez vocês não saibam o nome.

Vocês conhecem e usam medidas. Outra coisa que vocês usam pra evitar erros, pra

manter a segurança do paciente que vocês lembraram?

Número 2: na administração de hemoderivados é feita a conferência por duas

pessoas, é uma regra.

Número 8: Na UTI também, as bombas de infusão são identificadas com letras

grandes, com caneta grande, caneta piloto né.. tipo de medicação, o que esta

correndo né, pra tentar diferenciar, pra chamar a atenção né e.. uma coisa que a

gente sempre presta atenção, ontem eu tive na unidade coronariana... duas Sonias

e duas Nilzas internadas juntos, no mesmo quarto, a gente teve a atenção de estar

mudando essas pacientes né, porque todo cuidado é pouco, apesar de você

conferir, na hora pode haver um erro, então separa do quarto, é uma das atenções

que a gente tem.

Coordenadora: E essa coisa de escrever em letras... todas essas medidas, quem

criou essas medidas aqui? Existe um protocolo? Quem escreveu isso? Quem

inventou isso ai? Veio de fora? Ta escrito? Tem um... como que é? Tem um

protocolo?

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Número 5: A identificação das bombas foi o próprio pessoal da enfermagem, pra

facilitar o manuseio, foi a enfermagem.

Coordenadora: Foi um protocolo criado pela enfermagem?

Número 5: uma rotina.

Número 3: Foram criados protocolos a partir de reuniões com as enfermeiras,

multidisciplinar, as vezes a respeito de um assunto específico.

Coordenadora: da necessidade...

Número 3: diante da necessidade que surgia, dos problemas que apareciam, houve

a necessidade de estar se reunindo e uma vez por ano esse protocolos são

revisados, é dividido pelos enfermeiros e se discute a necessidade de mudanças

dentro do que é necessário ou até mesmo manter do jeito que está.

Coordenadora: Então na verdade é... so não tem o nome e nem está agrupado em

um caderninho, certinho, encapado, protocolo de gerenciamento de risco. Ok?

Talvez até esteja e a gente aqui não esta sabendo, mas vocês estão contando de

normas que são muito claras e tidas como normas de gerenciamento de risco e que

proporcionam segurança ao paciente, todas elas são claramente normas de

gerenciamento de riscos, isso é muito claro. Quando a gente conversa, o que que

vocês pensam em coisas que poderiam dar mais segurança pros pacientes daqui,

ocorre alguma idéia? A gente conversando, alguma coisa que vocês comecem a

imaginar, coisas mínimas que poderiam minimizar, acontecer menos, ou não

acontecer?

Número 6: Que o resto do hospital fizesse as coisas mínimas que a UTI faz, seria

importante.

Coordenadora: é por isso que nos escolhemos a UTI, porque a gente sabe que

num grupo pequeno e fechado e de cuidados intensivos esse tipo de procedimento é

muito mais pensado e gerenciado, ou seja, que esses pequenos cuidados que são

feitos na UTI fossem instituídos pra todo hospital. Você possibilidade de execução

disso pra todo hospital?

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Número 6: Vejo, mas tem que ter muita boa vontade, por que o hospital tem uma

certa idade e as pessoas que faziam isso lá fora acabaram saindo, aposentando.. E

as pessoas que entraram, as novas, não estão preparadas...

Coordenadora: teria que fazer um trabalho educativo, entendi.

Número 4: igual o numero 6 falou, eu acho assim que também, hoje é um campo

assim...da enfermagem, muito assim.. mais fácil de fazer, mais em conta, então a

turma faz pra arrumar um emprego mais rápido e muitos arruma serviço, mas não

faz o seu trabalho em si com amor, não tem amor ao próximo. Auxiliar e técnico é

mais em conta, então é mais fácil arrumar um serviço que tem mais campo aberto,

mas hoje tem muita gente nas escolas sem orientação fundamental e acaba

esquecendo que alem de você cuidar você tem que se por no lugar do paciente,

amanha pode ser eu, como que eu vou querer que seja cuidado a minha pessoa,

então a gente vai cuidar do paciente de uma forma que a gente possa coloca

alguém da família. Então eu acho assim, que tudo tem que ser feito com amor,

carinho e dedicação no paciente pra que possa ter uma resposta boa do paciente.

Número 7: Igual o número 4 falou, que é uma coisa que antigamente fazia, que é

tão simples, que em vez de tratar o paciente como um protocolo trata como um

humano, chama-se humanização, respeito e amor, tratar o próximo como se fosse

seu é isso que tem que ser feito. A hora que você chega da atenção, a palavra, o

carinho, isso as vezes vale mais do que uma medicação.. humanização.

Número 3: por experiência própria eu acabei aprendendo que perder, entre aspas,

cinco minutos para dar orientação ao paciente, eu vou acabar ganhando lá na frente

com a prevenção com um monte de problemas que poderiam acontecer, então cinco

minutos que a gente procura saber o nome do paciente, a cidade que ele veio, olha

pra cara do paciente, sabe se ele é um senhorzinho ou se é uma criança, se precisa

de acompanhante, se ele tem alguma doença, se ele toma algum remédio, isso evita

problemas lá na frente.

Coordenadora: Com certeza.

Número 8: Vem um pouco do que o número 7 falou. Quando o paciente vem pra um

tratamento cirúrgico o cirurgião está preocupado só naquela cirurgia em si, mas não

busca outras coisas que ele pode acarretar um prejuízo, né pós cirurgia, então as

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vezes uma informação, e de repente uma comunicação melhor, isso pode evitar até

que esse paciente possa retornar depois, caso haja essa comunicação a gente

consegue impedir que o paciente volte pro hospital pra ta reparando ou até pra ta

fazendo alguma.. corrigindo alguma falha.

Número 4: Eu acho assim.. que a gente tem que sempre escutar o paciente, as

vezes através de delírios que ele ta tendo ou confusão, ele sempre fala alguma

coisa que você pode fazer por ele pra ajudar né, então assim... eu acho que a gente

tem que ter cuidado, a enfermagem, o médico, com as palavras que vai falar, que

jeito que vai abordar. Teve um caso comigo mesmo que aconteceu, que eu precisei

ser internada num hospital, não aqui, mas fui internada no hospital, a enfermeira

simplesmente falou assim pra mim é... eu tava com muita dor, tava sangrando muito,

e ela falou assim: ninguém mandou você abortar. Então assim... eu acho assim...

que a enfermagem tem que ter uma estrutura, desde um enfermeiro, técnico ou

auxiliar e te o respeito pelo ser humano, ela não sabia o que tinha acontecido pra ela

chega e falar, eu acho assim que hoje o que está faltando é toda a dedicação

mesmo, amor, não importa o seu problema na casa, você deixa na casa seu

estresse, você vem trabalhar com a cabeça limpa, pra dar a atenção pro paciente.

Número 3: surgiu varias vezes aqui nesse grupo a palavra comunicação, mas eu

acho importante colocar a seguinte coisa que comunicação é a gente, nós

profissionais falarmos mais termos certeza que o nosso cliente, paciente, entendeu o

que a gente falou, as vezes a gente fala fala fala fala e a pessoa não tem condições

de entender da maneira que a gente falou, então a gente tem que saber abordar

esse cliente, paciente, o acompanhante, quem quer que seja.

Coordenadora: O número 6 fez uma sugestão de essas medidas que já são

medidas de gerenciamento de risco que já são utilizadas na UTI serem estendidas

pra todo hospital. Como vocês sugerem que a gente viabilize isso pra todo hospital,

vocês tem alguma idéia. Como que a gente começaria a fazer isso, um trabalho de

propagar isso pra todo hospital.

Número 3: através de palestras expondo o que que acontece, o que que dá certo

em um determinado setor do hospital é.. abordando o restante do hospital da

necessidade de readequações de repente o que serve pra um lugar pode não servir

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pra outro num primeiro momento e num segundo momento eu acho que cobrança

também do que foi proposto pra não ocorrer o risco que cair em desuso.

Coordenadora: Só uma pergunta. Você parte do principio que essas rotinas, esses

protocolos que estão instituídos na UTI não são de conhecimento de profissionais

nos outros setores do hospital?

Número 3: Não de totalmente, eu acho que em parte do que se acontece dentro da

UTI tem esse conhecimento e tem partes que não.

Coordenadora: As enfermeiras de outros setores conhecem?

Número 3: Não saberia te responder. Eu acho que sim.

Coordenadora: Você acha que sabem?

Número 3: Mas não tenho como afirmar.

Coordenadora: Então começaríamos talvez com as enfermeiras? Talvez

começando a propagar a idéia.

Número 3: Um exemplo simples é aquela tampinha verde que tem lá no acesso

venoso do paciente, a gente vai fazer a medicação tira aquilo ali, administra a

medicação, faz a limpeza e coloca-se outra limpa e a gente anda por setores que a

gente vê gavetas abarrotadas daquilo ali. Então, uma coisa tão simples...

Coordenadora: Guarda e volta pro paciente?

Número 3: Eu acho que sim, pra se ter tanta tampinha abarrotada em gavetas,

tampinhas guardadas, pressupõe-se que se faz essa coisa...

Número 6: No tempo que eu estava diretor, eu fiquei de 96 a 2006, eu fazia por

período, eu tirava um funcionário da UTI durante um mês e pegava um funcionário

do setor, esse funcionário da UTI, cada plantão podia ser um ta, mas sempre tinha

um funcionário de fora que vinha e ficava na UTI durante um mês e pouco, agora eu

não lembro direito quanto tempo. No começo queriam me matar, porque falavam: eu

faço trabalho na maternidade UTI não tem nada haver com as minhas coisas.

Depois passou uma época que falavam que agora que eu sei UTI eu posso

encontrar uma coisa melhor em outro lugar ou até mesmo aqui. Então teve uma

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resistência a principio, mas depois teve uma melhora de qualidade pra todo mundo,

porque muito mais fácil pro setor esse funcionário pegar o ritmo da UTI e depois

levar pra fora do que só fazer palestra... não to desmerecendo, é importante

também, talvez no inicio pra mostrar, mas é plantar esse funcionário lá, daí ele leva

pra fora...

Número 5: o grande problema é que os funcionários novos tem medo estrondoso da

UTI então raramente eles aceitam vir ficar, já teve caso deles chorarem, se

recusarem vir trabalhar na UTI, eles acham é um ambiente fechado, que é uma

coisa muito... não sei, tem medo de trabalhar.

Coordenadora: Não é que eles acham, é um ambiente fechado.

Número 6: É um ambiente fechado, mas é porque eles não sabem...

Número 5: Então eu acho que é isso, até daria certo fazer o treinamento do pessoal

pra essa troca se o pessoal fosse, se dispusesse a isso, tem muita recusa nisso.

Coordenadora: Então nós temos já duas idéias que se colocadas pra comunidade

é.,. pra discutir seria muito interessante, uma delas é palestra, que eu assim... não

sou grande apaixonada e a outra é a sugestão do número 6.

Número 3: Já fiz essa experiência que o numero 6 sugeriu e percebi que após esse

funcionário retornar ao seu setor de origem apresenta uma melhora na qualidade no

trabalho, uma maior segurança nas atividades, muito válido.

Número 2: é o que o 3 citou, realmente é válido mesmo, você observa-se uma

melhora mesmo. O legal é que o 6 citou da possibilidade de ta lá, por que as vezes

só o que você fala não adianta, mas você ta ali no trabalho mesmo as vezes acaba

ate superando aquela expectativa negativa. Então é uma coisa que é legal assim de

repente se pudesse fazer esse trabalho teria um retorno legal.

Número 7: o importante é a captação de toda equipe que esta fora, não só o auxiliar

e o técnico, mas o próprio enfermeiro, porque se esse enfermeiro ele não entra,

quando o técnico sai lá fora ele acha que sabe mais do que... então a captação tem

que correr de toda equipe.

Coordenadora: Interessante.

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Número 8: Como eu cubro férias, cada mês eu to num setor diferente né, cubro

internação, cubro UTI, então é... principalmente na internação, aqui também... tem a

reunião mensal dos enfermeiros com a coordenadora, então os problemas são

passados né, tem que chegar até a coordenadora também, os enfermeiros, pra ser

discutido e ser cobrado da equipe né. Porque igual... o caso das tampinhas foi

passado em reunião né não sei se algum setor não esta fazendo, mas é.. isso foi

orientado e os setores que eu estou passando eu estou vendo que esta

acontecendo a troca, e quanto eu passo eu estou orientando e reorientando, não é

só uma abordagem única, tem que ser diário, sempre o enfermeiro que é

responsável pela equipe ali do setor tem que sempre estar abordando sua equipe e

cobrando, não adianta só uma reuniao mensal e falar uma vez que esquece, tem

que sempre estar cobrando, sempre estar incentivando e praticando... O enfermeiro

que esta responsável pela equipe tem que ter a consciência que tem que sempre

estar chamando né, sempre né.

Coordenadora: mais alguma coisa? Temos aqui uma brigada de gerenciamento de

risco. É? Temos aqui uma brigada de gerenciamento de risco? Sinto que temos... Se

precisarem tem duas voluntárias. Obrigada, muito bom.

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