Por. · peito de algo expressados pela ocorrência de verbos ... Um conjunto de variedades ......

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Por. 06 ——— 10 fevereiro Raphael Hormes (Caroline Tostes) Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

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Por. 06 ——— 10fevereiro

Raphael Hormes(Caroline Tostes)

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09/02

16/02

23/02

Linguagem e suas funções

15:00

Análise de Texto e

Fenômenos Linguísticos

Marcadores de pressuposição, polifonia, modali-zadores e relações entre textos

15:00

Análise de Texto e

Fenômenos Linguísticos

Ambiguidade, polissemia, tipos de discurso e intertextualidade.

15:00

CRONOGRAMA

Linguagens e suas funções

01. Resumo

02. Exercício de Aula

03. Exercício de Casa

04. Questão Contexto

09fev

119

Por.

RESUMOVocê já deve saber que podemos utilizar vários re-

cursos para nos comunicarmos com alguém, como

gestos, imagens, músicas ou olhares. No entanto, a

linguagem é a forma mais abrangente e efetiva que

possuímos e, dependendo de nossa mensagem, po-

demos fazer inúmeras associações e descobrir o

contexto ou a circunstância que aquela intenção co-

municativa foi construída.

Existem dois tipos de linguagem, a verbal e a não-ver-

bal. Na primeira, a comunicação é feita por meio da

escrita ou da fala, enquanto a segunda é feita por meio

de sinais, gestos, movimentos, figuras, entre outros.

A linguagem assume várias funções, por isso, é mui-

to importante saber as suas distintas características

discursivas e intencionais. Em primeiro lugar, deve-

mos atentar para o fato de que, em qualquer situ-

ação comunicacional plena, seis elementos estão

presentes:

→ Emissor: É o responsável pela mensagem. É ele

quem, como o próprio nome sugere, emite o enun-

ciado.

→ Receptor: A quem se direciona o que se deseja

falar; o destinatário.

→ Mensagem: O que será transmitido, a “tradução”

de uma ideia.

→ Referente: O assunto, também chamado de con-

texto.

→ Canal: Meio pelo qual será transmitido a men-

sagem.

→ Código: A forma que a linguagem é produzida.

Cada uma das seis funções que a linguagem desem-

penha está centrada em um dos elementos acima,

ou na forma como alguns desses elementos se rela-

cionam com os outros. Veja a seguir:

Metalinguística

Refere-se ao próprio código. Por exemplo:

- A palavra “analisar” é escrita com “s” ou

com “z”?

- “Analisar” se escreve com “s”, Marcelo.

Consiste no uso do código para falar dele próprio,

ou seja, a linguagem para explicar a própria lingua-

gem. Pode ser encontrada, por exemplo, nos dicio-

nários, em poemas que falam da própria poesia, em

músicas que falam da própria música.

Referencial Centraliza-se no contexto, no referente. Transmite

dados de maneira objetiva, direta, impessoal. A dis-

sertação argumentativa é o tipo de texto em que um

determinado ponto de vista é defendido de maneira

objetiva, a partir da utilização de argumentos. Ou-

tros exemplos são textos jornalísticos, livros didáti-

cos e apostilas.

Conativa ou Apelativa Procura influenciar o receptor da mensagem. É cen-

trada na segunda pessoa do discurso e bastante co-

mum em propagandas.

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,

Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória

Essa função encerra um apelo, uma intenção de atin-

gir o comportamento do receptor da mensagem ou

chamar a sua atenção. Para identificá-la, devemos

observar o uso do vocativo, pronomes na segunda

pessoa, ou pronomes de tratamento, bem como ver-

bos no modo imperativo.

Fática Está centrada no canal. Objetiva estabelecer, pro-

longar ou interromper o processo de comunicação.

— Olá, como vai?

— Eu vou indo e você, tudo bem?

— Tudo bem, eu vou indo...

A função fática envolve o contato entre o emissor e

o receptor, seja para iniciar, prolongar, interromper

ou simplesmente testar a eficiência do canal de co-

120

Por.

municação. Na língua escrita, qualquer recurso grá-

fico utilizado para chamar atenção para o próprio

canal (negrito, mudar o padrão de letra, criar ima-

gem com a distribuição das palavras na página em

branco) constitui um exemplo de função fática.

Emotiva

De forma simplista, pode-se dizer que expressa sen-

timentos, emoções e opiniões. Está centrada no pró-

prio emissor – e, por isso, aparece na primeira pes-

soa do discurso.

Que me resta, meu Deus? Morra comigo

A estrela de meus cândidos amores.

Já que não levo no meu peito morto

Um punhado sequer de murchas flores.

(Álvares de Azevedo)

Aqui, devemos observar marcas de subjetividade do

emissor, como seus sentimentos e impressões a res-

peito de algo expressados pela ocorrência de verbos

e pronomes na primeira pessoa, adjetivação abun-

dante, pontuação expressiva (exclamações e reti-

cências), bem como interjeições.

Poética Centraliza-se na própria mensagem. É o trabalho

poético realizado em um determinado contexto.

“De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma

E das bocas unidas fez-se a espuma

E das mãos espalmadas fez-se o espanto.”

(Vinícius de Morais)

Como é centrada na própria mensagem, a função

poética existe, predominantemente, em textos lite-

rários, resultantes da elaboração da linguagem, por

meio de vários recursos estilísticos que a língua ofe-

rece. Contudo, é comum, hoje, observarmos textos

técnicos que se utilizam de elementos literários para

poder evidenciar um determinado sentido.

EXERCÍCIO DE AULA

1.

Após uma leitura inicial do texto apresentado, leia as seguintes afirmações so-

bre ele:

I- nele, predomina a intenção de persuadir os possíveis leitores e ganhar sua ade-

são quanto ao teor da mensagem.

II- os elementos presentes, tanto os verbais quanto os não verbais, levam o leitor

a reconhecê-lo como um anúncio.

III- estão ausentes do texto pistas que indicam o interesse do emissor por se in-

cluir entre os destinatários da mensagem.

IV- o texto faz referência intertextual explícita a um texto bastante conhecido da

esfera religiosa.

V- o referente para a expressão “nesta grande campanha” não está explícito no

texto. O leitor deverá identificá-lo pela totalidade da mensagem veiculada.

121

Por.

2.

A análise global do Texto 4, em sua função comunicativa, nos permite afirmar

que:

a) Somente I e III estão corretas.

b) Somente III, IV e V estão corretas.

c) Somente III e IV estão incorretas.

d) Somente a III está incorreta.

e) Somente a I está correta.

Um conjunto de variedades

Toda língua é um conjunto de variedades. Em geral, pela própria orientação

tradicional da escola e do ensino da escrita, temos uma tendência a ima-

ginar a realidade da língua como alguma coisa homogênea, fixa, profun-

damente uniforme. Também decorre da tradição escolar a ideia que costu-

ma separar as ocorrências linguísticas em dois grupos: o certo, identificado

sempre com as formas gramaticais escolares, e o errado, que, em geral, é

aquilo que a gente fala e ouve o dia inteiro. Essa é uma visão tão forte que

praticamente todos os falantes da língua portuguesa conservam, em algum

grau, uma certa insegurança no uso da linguagem.

Afirmações como Sou bom em matemática, mas péssimo em português; ou

Será que falei certo? Ou Não sei nada de gramática; ou Mas que língua mais

difícil esse tal de português são muito frequentes em ambientes escolariza-

dos. Daí por que, embora a palavra ocupe um espaço extraordinário na vida

das pessoas, ela mantenha sempre o seu toque “estrangeiro”, como algo que

nunca pode ser completamente dominado.

É claro que há muitos fatores envolvidos nessa questão, em geral relativos

a uma certa confusão de conceitos. A primeira confusão tem a ver com as

diferenças entre língua falada e língua escrita. Em geral, as pessoas tendem

a julgar a língua apenas a partir de seus padrões de escrita. Ou seja, somen-

te parece certo o que está conforme as normas da escrita. Outra confusão

frequente nas escolas decorre dos sentidos que tem o termo gramática. As

pessoas normalmente entendem “gramática” apenas como o livro que con-

tém as regras da língua “certa”, como se todas as variedades da língua não

fossem regidas pela gramática.

O melhor é concentrar-nos, sem preconceitos ou julgamentos prévios, na

imensa funcionalidade da língua real que vivemos todos os dias.

(Carlos Alberto Faraco. Cristóvão Tezza. Prática de Texto. 1ª. ed. Petrópolis:

Vozes, 1992.).

Para entender com sucesso o Texto 1, convém que identifiquemos a função co-

municativa que nele predomina. Assim, podemos dizer que o Texto 1 privilegia:

a) a função metalinguística, que predomina nos textos expositivos sobre a lin-

guagem.

b) a função apelativa, como acontece também em textos publicitários.

c) a função expressiva, centrada no interesse do autor de exprimir seus senti-

mentos.

d) a função estética; uma função marcante nos textos de caráter artístico.

e) a função fática; função que se esgota na simples pretensão de estabelecer

contato.

122

Por.

4. Desabafo

Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Sim-

plesmente não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de

segundafeira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noi-

te. Seis recados para serem respondidos na secretária eletrônica. Recados

chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou zan-

gado.

CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).

Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da

linguagem, com o predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No fragmen-

to da crônica Desabafo, a função da linguagem predominante é a emotiva ou

expressiva, pois

a) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código.

b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito.

c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem.

d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais.

e) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação.

5.

3. Assinale a alternativa em que o(s) termo(s) em negrito do fragmento citado NÃO

contém (êm) traço(s) da função emotiva da linguagem.

a) Os poemas (infelizmente!) não estão nos rótulos de embalagens nem junto aos

frascos de remédio.

b) A leitura ganha contornos de “cobaia de laboratório” quando sai de sua signi-

ficação e cai no ambiente artificial e na situação inventada.

c) Outras leituras significativas são o rótulo de um produto que se vai comprar,

os preços do bem de consumo, o tíquete do cinema, as placas do ponto de ôni-

bus (...)

d) Ler e escrever são condutas da vida em sociedade. Não são ratinhos mortos

(...) prontinhos para ser desmontados e montados, picadinhos (...)

Disparidades raciais

Fator decisivo para a superação do sistema colonial, o fim do trabalho es-

cravo foi seguido pela criação do mito da democracia racial no Brasil. Nu-

triu-se, desde então, a falsa ideia de que haveria no país um convívio cordial

entre as diversas etnias.

Aos poucos, porém, pôde-se ver que a coexistência pouco hostil entre bran-

cos e negros, por exemplo, mascarava a manutenção de uma descomunal

desigualdade socioeconômica entre os dois grupos e não advinha de uma

suposta divisão igualitária de oportunidades.

O cruzamento de alguns dados do último censo do IBGE relativos ao Rio de

Janeiro permite dimensionar algumas dessas inequívocas diferenças. Em

91, o analfabetismo no Estado era 2,5 vezes maior entre negros do que entre

brancos, e quase 60% da população negra com mais de 10 anos não havia

conseguido ultrapassar a 4ª. série do 1º. grau, contra 39% dos brancos. Os

números relativos ao ensino superior confirmam a cruel seletividade impos-

ta pelo fator socioeconômico: até aquele ano, 12% dos brancos haviam con-

123

Por.

cluído o 3º. Grau, contra só 2,5% dos negros.

É inegável que a discrepância racial vem diminuindo ao longo do século: o

analfabetismo no Rio de Janeiro era muito maior entre negros com mais de

70 anos do que entre os de menos de 40 anos. Essa queda, porém, ainda não

se traduziu numa proporcional equalização de oportunidades.

Considerando que o Rio de Janeiro é uma das unidades mais desenvolvidas

do país e com acentuada tradição urbana, parece inevitável extrapolar para

outras regiões a inquietação resultante desses dados.

(Folha de São Paulo, 9. de jun. de 1996. Adaptado).

Considerando as funções que a linguagem pode desempenhar, reconhecemos

que, no texto acima, predomina a função:

a) apelativa: alguém pretende convencer o interlocutor acerca da superioridade

de um produto.

b) expressiva: o autor tenciona apenas transparecer seus sentimentos e emo-

ções pessoais.

c) fática: o propósito comunicativo em jogo é o de entrar em contato com o par-

ceiro da interação.

d) estética: o autor tem a pretensão de despertar no leitor o prazer e a emoção

da arte pela palavra.

e) referencial: o autor discorre acerca de um tema e expõe sobre ele considera-

ções pertinentes.

EXERCÍCIO DE CASA1. A questão é começar

Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também. Na fala, an-

tes de iniciar, mesmo numa livre conversação, é necessário quebrar o gelo.

Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde, como vai?” já

não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se

do tempo ou de futebol. No escrever também poderia ser assim, e deveria

haver para a escrita algo como conversa vadia, com que se divaga até en-

contrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à diferença da conver-

sa falada, nos ensinaram a escrever e na lamentável forma mecânica que

supunha texto prévio, mensagem já elaborada. Escrevia-se o que antes se

pensara. Agora entendo o contrário: escrever para pensar, uma outra forma

de conversar.

Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a certos rituais. Fomos indu-

zidos a, desde o início, escrever bonito e certo. Era preciso ter um começo,

um desenvolvimento e um fim predeterminados. Isso estragava, porque bi-

tolava, o começo e todo o resto. Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor)

conversando entender como necessitamos nos reeducar para fazer do es-

crever um ato inaugural; não apenas transcrição do que tínhamos em men-

te, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do próprio pensar. “Pare

aí”, me diz você. “O escrevente escreve antes, o leitor lê depois.” “Não!”, lhe

respondo, “Não consigo escrever sem pensar em você por perto, espiando o

que escrevo. Não me deixe falando sozinho.”

124

Por.

Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis,

imprevisíveis, virtuais apenas, sequer imaginados de carne e ossos, mas

sempre ativamente presentes. Depois é espichar conversas e novos inter-

locutores surgem, entram na roda, puxam assuntos. Termina-se sabe Deus

onde.

(Marques, M.O. Escrever é Preciso, Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13).

Observe a seguinte afirmação feita pelo autor: “Em nossa civilização apressada,

o “bom dia”, o “boa tarde” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer as-

sunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.” Ela faz referência à função da

linguagem cuja meta é “quebrar o gelo”. Indique a alternativa que explicita essa

função.

a) Função emotiva

b) Função referencial

c) Função fática

d) Função conativa

e) Função poética

3.

Observe:

No Ar FORÇA AÉREA BRASILEIRA ABRE CONCURSO PARA FORMAR PRIMEI-

RA TURMA DE AVIADORAS

Uma mulher pode estar à frente do Comando da Aeronáutica no futuro. Em Por-

taria publicada dia 31 de julho, no Diário Oficial da União, o Comandante da Ae-

ronáutica, Ten.- Brig.- do- Ar Carlos de Almeida Baptista, autorizou a abertura

de 20 vagas para as candidatas, em caráter excepcional, ao 1º ano do Curso de

Formação de Oficiais Aviadores, da Academia da Força Aérea (AFA).

A função da linguagem PREDOMINANTE no texto acima é

a) fática.

b) conativa.

c) referencial.

d) emotiva ou expressiva.

Me devolva o Neruda (que você nem leu).

Quando o Chico Buarque escreveu o verso acima, ainda não tinha o “que

você nem leu”. A palavra Neruda - prêmio Nobel, chileno, de esquerda - era

proibida no Brasil. Na sala da Censura Federal o nosso poeta negociou a

proibição. E a música foi liberada quando ele acrescentou o “que você nem

leu”, pois ficava parecendo que ninguém dava bola para o Neruda no Brasil.

Como eram burros os censores da ditadura militar! E coloca burro nisso!!!

Mas a frase me veio à cabeça agora, porque eu gosto demais dela. Imagine

a cena. No meio de uma separação, um dos cônjuges (me desculpe a pa-

lavra) me solta esta: me devolva o Neruda que você nem leu! Pense nisso.

Pois eu pensei exatamente nisso quando comecei a escrever esta crônica,

que não tem nada a ver com o Chico, nem com o Neruda e, muito menos,

com os militares.

2.

125

Por.

É que eu estou aqui para dizer um tchau. Um tchau breve porque, se me

aceitarem - você e o diretor da revista -, eu volto daqui a dois anos. Vou até

ali escrever uma novela na Globo (o patrão vai continuar o mesmo) e depois

eu volto. Esperando que você já tenha lido o Neruda.

Mas aí você vai dizer assim: pó, escrever duas crônicas por mês, fora a no-

vela, o cara não consegue? O que é uma crônica? Uma página e meia. Por-

tanto, três páginas por mês e o cara me vem com esse papo de Neruda?

Preguiçoso, no mínimo.

Quando faço umas palestras por aí, sempre me perguntam o que é neces-

sário para se tornar um escritor. E eu sempre respondo: talento e sorte. En-

tre os 10 e 20 anos, recebia na minha casa O Cruzeiro, Manchete e o jornal

Última Hora. E lá dentro eu lia (me invejem): Paulo Mendes Campos, Ru-

bem Braga, Fernando Sabino, Millôr Fernandes, Nelson Rodrigues, Stanis-

law Ponte Preta, Carlos Heitor Cony. E pensava, adolescentemente: quando

eu crescer, vou ser cronista.

Bem ou mal, consegui meu espaço. E agora, ao pedir de volta o livro chile-

no, fico pensando em como eu me sentiria se, um dia, um desses aí acima

escrevesse que iria dar um tempo. Eu matava o cara! Isso não se faz com o

leitor (desculpe, minha amiga, não estou me colocando no mesmo nível de-

les, não!)

E deixo aqui uns versinhos do Neruda para as minhas leitoras de 30 e 40

anos (e para todas):

Escuchas otras voces en mi voz dolorida

Llanto de viejas bocas, sangre de viejas súplicas,

Amame, compañera. No me abandones. Sigueme,

Sigueme, compañera, en esa ola de angústia.

Pero se van tiñendo con tu amor mis palabras

Todo lo ocupas tú, todo lo ocupas

Voy haciendo de todas un collar infinito

Para tus blancas manos, suaves como las uvas.

Desculpe o mau jeito: tchau!

(Prata, Mario. Revista Época. São Paulo. Editora Globo, Nº- 324, 02 de

agosto de 2004, p. 99)

Relacione os fragmentos abaixo às funções da linguagem predominantes e assi-

nale a alternativa correta.

I - “Imagine a cena”.

II - “Sou um homem de sorte”.

III - “O que é uma crônica? Uma página e meia. Portanto, três páginas por mês e

o cara me vem com esse papo de Neruda?”.

a) Emotiva, poética e metalingüística, respectivamente.

b) Fática, emotiva e metalingüística, respectivamente.

c) Metalingüística, fática e apelativa, respectivamente.

d) Apelativa, emotiva e metalingüística, respectivamente.

e) Poética, fática e apelativa, respectivamente.

126

Por.

A escolha da forma verbal denuncia a intervenção do narrador, portanto está

intimamente ligada a sua opção por apresentar e comentar fatos, personagens,

ambientações etc. Observe, na lista abaixo, algumas das funções exercidas pela

forma verbal na narrativa.

( 1 ) Fazer prognóstico de um evento não concretizado.

( 2 ) Evocar momentos anteriores a um fato já narrado.

( 3 ) Fazer menção a um fato futuro que seguramente acontecerá.

( 4 ) Focalizar algo ou alguém tecendo um comentário, expressando um ponto

de vista.

( 5 ) Relatar um fato ocorrido visto a partir do momento em que a história está

sendo contada.

(6) Transportar psicologicamente o leitor ao passado para que ele veja o fato

como contemporâneo.

Valendo-se do código apresentado, preencha os parênteses ao lado de cada for-

ma destacada, nos trechos que seguem, com o número correspondente à fun-

ção desta na narrativa.

Certa manhã ouvi ( ) sons que se aproximavam ( ) velozes e em uma nuvem de

poeira descem ( ) de dois carros uns jovens barulhentos e afogueados pelo sol

e calor. Os ventos haviam me dado deles a ciência, já os esperava ( ). O rapaz

forçou a porta e conseguiu abri-la. Não entraram ( ) porque nele a escuridão era

maior, já que das telhas que o encimavam nenhuma se quebrara ( ) ou afastara-

-se ( ). A casa irá ( ) para o fundo das águas.– Inundou-me ao ouvi-lo, a mesma

sensação alvissareira quando fui tocada pela primeira chuva. Senti ( ) que renas-

ceria ( ) submersa no mundo das águas.

4.

5.

Pode-se definir “metalinguagem” como a linguagem que comenta a própria lin-

guagem, fenômeno presente na literatura e nas artes em geral.

O quadro A perspicácia, do belga René Magritte, é um exemplo de metalingua-

gem porque:

a) destaca a qualidade do traço artístico

b) mostra o pintor no momento da criação

c) implica a valorização da arte tradicional

d) indica a necessidade de inspiração concreta

127

Por.

6. Leia as passagens abaixo, extraídas de São Bernardo, de Graciliano Ramos:

I. Resolvi estabelecer-me aqui na minha terra, município de Viçosa, Alagoas, e

logo planeei adquirir a propriedade S. Bernardo, onde trabalhei, no eito, com sa-

lário de cinco tostões.

II. Uma semana depois, à tardinha, eu, que ali estava aboletado desde meio-dia,

tomava café e conversava, bastante satisfeito.

III. João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com períodos forma-

dos de trás para diante.

IV. Já viram como perdemos tempo em padecimentos inúteis? Não era melhor

que fôssemos como os bois? Bois com inteligência. Haverá estupidez maior que

atormentar-se um vivente por gosto? Será? Não será? Para que isso? Procurar

dissabores! Será? Não será?

V. Foi assim que sempre se fez. [respondeu Azevedo Gondim] A literatura é a li-

teratura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas

arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, nin-

guém me lia.

Assinale a alternativa em que ambas as passagens demonstram o exercício de

metalinguagem em São Bernardo:

a) III e V.

b) I e II.

c) I e IV.

d) III e IV.

e) II e V.

7. Texto I

Perante a Morte empalidece e treme,

Treme perante a Morte, empalidece.

Coroa-te de lágrimas, esquece

O Mal cruel que nos abismos geme.

(Cruz e Souza, Perante a morte.)

Texto II

Tu choraste em presença da morte?

Na presença de estranhos choraste?

Não descende o cobarde do forte;

Pois choraste, meu filho não és!

(Gonçalves Dias, I Juca Pirama.)

Texto III

Corrente, que do peito destilada,

Sois por dous belos olhos despedida;

E por carmim correndo dividida,

Deixais o ser, levais a cor mudada.

(Gregório de Matos, Aos mesmos sentimentos.)

Texto IV

Chora, irmão pequeno, chora,

Porque chegou o momento da dor.

A própria dor é uma felicidade...

(Mário de Andrade, Rito do irmão pequeno.)

128

Por.

Texto V

Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira

é esta,

Que impudente na gávea tripudia?!...

Silêncio! ...Musa! Chora, chora tanto

Que o pavilhão se lave no teu pranto...

(Castro Alves, O navio negreiro.)

Dois dos cinco textos transcritos expressam sentimentos de incontida revolta

diante de situações inaceitáveis. Esse transbordamento sentimental se faz por

meio de frases e recursos lingüísticos que dão ênfase à função emotiva e à fun-

ção conativa da linguagem. Esses dois textos são:

a) I e IV.

b) II e III.

c) II e V.

d) III e V.

e) IV e V.

fora de si

eu fico louco

eu fico fora de si

eu fica assim

eu fica fora de mim

eu fico um pouco

depois eu saio daqui

eu vai embora

eu fico fora de si

eu fico oco

eu fica bem assim

eu fico sem ninguém em mim

A leitura do poema permite afirmar corretamente que o poeta explora a idéia de

a) buscar a completude no Outro, conforme atesta a função apelativa, reforçan-

do que o Eu, quando fora de si, necessariamente se funde com o Outro.

b) sair de sua criação artística, retratando, pela função poética, a contradição do

fazer literário, que não atinge o poeta.

c) perder a noção de si mesmo, e também perder a noção das outras pessoas, o

que se mostra num poema metaligüístico.

d) extravasar o seu sentimento, como denuncia a função emotiva, reafirmando a

situação de desencanto e desengano do poeta.

e) criar literariamente como brincar com as palavras, o que se pode comprovar

pela função fática da linguagem.

8.

129

Por.

9. No último parágrafo (linhas 33 a 35), o autor se refere à plenitude da linguagem

poética, fazendo, em seguida, uma descrição que corresponde à linguagem não

poética, ou seja, à linguagem referencial.

Pela descrição apresentada, a linguagem referencial teria, em sua origem, o se-

guinte traço fundamental:

a) o desgaste da intuição

b) a dissolução da memória

c) o enfraquecimento da percepção

d) a fragmentação da experiência

10. a poesia aponta para um uso muito primário da linguagem, que parece an-

terior ao perfil de sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas, con-

ferências, discussões, discursos, ensaios ou telefonemas. (l. 4-6)

A comparação entre a poesia e outros usos da linguagem põe em destaque a se-

guinte característica do discurso poético:

a) afasta-se das praticidades cotidianas

b) manifesta-se na referência ao tempo

c) revela-se como expressão subjetiva

d) conjuga-se com necessidades concretas

130

Por.

QUESTÃO CONTEXTO

Texto 1

Preservação Ambiental: um dever de todos

Preservação ambiental é a prática de preservar o meio ambiente. Essa pre-

servação é feita para beneficiar o homem, a natureza ou ambos. A pressão

por recursos naturais muitas vezes faz com que a sociedade degrade o am-

biente a sua volta, por isso é essencial as medidas de preservação do meio

ambiente.

A preservação ambiental é uma preocupação crescente por parte das pes-

soas, organizações e governo. Desde os anos 60, a atividade de organiza-

ções de proteção do meio ambiente vem atuando em favor da preservação

ambiental, para tentar garantir que tenhamos um planeta ambientalmente

mais sustentável. A preservação ambiental é um dever de todas as pessoas.

Desde o início do século XXI, os governos e organizações do mundo inteiro

tem tentado colaborar entre si, fechando acordos de preservação ambiental

que visam melhorar a nossa utilização do planeta nos anos que virão. Porém,

infelizmente, a tentativa de preservar o planeta tem tido pouco sucesso en-

tre governos. Os grandes encontros ambientais, como o Rio+20, tem gerado

muito pouco resultado em termos de ações de preservação ambiental.

(FONTE: http://sustentabilidade.esobre.com/preservacao-ambiental)

Texto 2

Imagine que você seja um analista do discurso. A partir da leitura dos textos aci-

ma, você deverá analisar o texto 2, considerando sua construção híbrida e apon-

tando qual provavelmente seria a intenção do autor, qual a função de linguagem

utilizada, quais as marcas que determinam essa função e se a transmissão da

mensagem está clara para os prováveis receptores.

131

Por.

01.Exercício de aula1. c

2. a

3. c

4. b

5. e

02.Exercício de casa1. c

2. c

3. d

4. Sequência correta: 5 – 4 – 6 – 4 – 5 – 2 –

2 – 3 – 5 – 1

5. b

6. a

7. c

8. c

9. d

10. a

03. Questão ContextoA resposta é pessoal. O aluno deverá reconhecer o

uso das árvores como pulmões, a linguagem apela-

tiva marcada pelos verbos no imperativo e pela per-

gunta direcionada ao leitor.

GABARITO