Por Uma Ética Do Cuidado

download Por Uma Ética Do Cuidado

of 3

Transcript of Por Uma Ética Do Cuidado

  • 8/18/2019 Por Uma Ética Do Cuidado

    1/3

     

    POR UMA ÉTICA DO CUIDADO:Em busca de caminhos descoloniais para a pesquisa social com grupossubalternizados

    Pâmela Marconatto MarquesMaria Elly Herz Genro

    José Carlos Gomes dos Anjos

    RESUMO:

    Há cerca de vinte e cinco anos a teórica cultural indiana Gayatri Spivak lançava o livro

    “Pode o subalterno falar?”. A proposta do livro, polêmico ainda hoje, era a de problematizara possibilidade, aventada por inúmeros cientistas sociais bem intencionados, de “falar emnome daqueles que não têm voz”. A tese apresentada por Spivak era a de que a atitude de“falar em nome do outro” ou “pelo outro”, contribuía, no fim das contas, p ara que esse

    “outro” seguisse sem falar e, assim, sua condição de subalternidade fosse mantida intacta,enquanto o “pesquisador -enunciador” recebia os méritos por sua pesquisa “engajada”. Aque tipo de reflexões a crítica de Spivak nos conduz? Se partirmos do pressuposto de que a

    realidade social responde no idioma em que é perguntada, como nos sugere Boaventura de

    Sousa Santos (2012), somos levados a imaginar que o idioma em que elaboramos as

     perguntas com que interpelamos o social se constitui não somente de nosso repertório

    teórico, mas da postura metodológica/epistemológica que faz com que transformemos o

    material à nossa disposição em problema. Realizar uma reflexão sobre essa postura implica

    trazer à evidência  –   isso é, tornar consciente e manifesto  –  o geralmente obscuro, muitasvezes intuitivo, caminho por meio do qual se faz pesquisa e produz conhecimento,

    discutindo os fundamentos epistemológicos da pesquisa social. Essa é a tarefa a qual será

    dedicado o presente estudo: mais do que apontar molduras prontas às quais ajustar a matériaa ser apreendida durante a pesquisa social com grupos subalternizados, refletir sobre as

    (des)preocupações com que se empreende o caminho de uma pesquisa nesses moldes,

    sondando algumas formulações epistêmicas interessantes que se refletem em posturas ético-

    metodológicas mais sensíveis, que aqui propomos chamar “pesquisa cuidadosa”. É sobreseus desafios, tecidos com os fios coloridos da interculturalidade e de experiências latino-

    americanas em “co-labor ”, seus limites e potencialidades, que se destina o presentetrabalho.

    Palavras-chave: metodologias descoloniais; pesquisa em co-labor; subalternidade; cuidado;Epistemologias do Sul.

    Bibliografia:

    Almeida, Maria Inês. Desocidentada: experiência literária em terra indígena. UFMG, 2009

    Aubry, Andrés (2011) "Otro modo de hacer ciencia. Miseria y rebeldía de las ciencias

    sociales". En: Baronnet, B. M. Mora y R. Stahler (coord.) Luchas "muy otras". Zapatismo y

    autonomía en las comunidades indígenas de Chiapas. México: CIESAS, UNACH, UAM.

    Pp. 59-78.

    Bhabha, Homi. Signo tido como milagre (1998) In:O local da cultura. Belo Horizonte.

    UFMG, pp.150-174. Chakrabarty, Dipesh. La historia subalterna como pensamiento

     político. In: Mezzadra, Sandro et alli. Estudios Postcoloniales. Ensayos Fundamentales.

    Traficantes de Sueños, Madrid, 2008.pp 145-166;

  • 8/18/2019 Por Uma Ética Do Cuidado

    2/3

    Dos Anjos, José Carlos Gomes (2014) Contestação e Democracia na Perspectiva dos

    Subalternos. Palestra ministrada durante a Escola de Altos Estudos “Sociedade Civil,Democracia e Contestação”, realizada em novembro de 2014 no âmbito do Programa dePós-Graduação em Sociologia da UFRGS.

    Garcia, Alejandro Cerda (2013) "Diversidad epistemológica: descolonización y saberes

    emergentes". En: En el juego de los espejos. Multi, inter, transdisciplina e investigación

    cualitativa en salud. México: UAM-X. Pp. 103-120.

    Ixtic, Angela; Berrio, Lina Rosa (2010) “Saberes en diálogo: mujeres indígenas yacadémicas en la construcción del conocimiento” In: Leyva Solano, et. al Conocimientos y

     prácticas políticas: reflexiones desde nuestras prácticas de conocimiento situado. Chiapas

    México DF, Lima y Ciudad de Guatemala: CIESAS, PDTG-USM, UNICACH.

    Latour, Bruno. Segunda fonte de incerteza: a ação é assumida; Terceira fonte de incerteza:

    os objetos também agem. In: Reagregando o social.Salvador: Ed ufba, 2012; Bauru. Sao

    Paulo: Edusc. 2012, pp. 71-128.

    Leyva, Xochitl y Speed, Shannon (2008) "Hacia la investigación descolonizada: nuestra

    experiencia de co-labor" en Xochitl Leyva, Araceli Burguete y Shannon Speed

    (Coordinadoras) Gobernar (en) la diversidad: experiencias indígenas desde América Latina.

    Hacia la investigación de colabor. México D.F., CIESAS, FLACSO Ecuador y FLACSO

    Guatemala.

    Leyva, Xochitl (2010) “¿Academia versus Activismo? Repensarnos desde y para la práctica-teóricopolítica” en X. Leyva et al. Conocimientos y prácticas políticas: reflexionesdesde nuestras prácticas de conocimiento situado. Chiapas, México D.F., Lima y Ciudad de

    Guatemala, CIESAS, PDTG-USM, UNICACH, pp. s/n

    Memmi, Albert. "As duas respostas do colonizado", in Retrato do colonizado precedido deretrato do colonizador (Pref. de J-P. Sartre). Rio de Janeiro, Civilização, 2007. 159-182;

    Meneses, Maria Paula. Mundos locais, mundos globais: a diferença da história. in

    Cabecinha, Rosa; Cunha, Luís (orgs.), Comunicação Intercultural. Perspectivas, dilemas e

    desafios. Porto: Campo das Letras, 2008, 75-93;

     ___________________ .O “Indígena‟ Africano e o “Colono‟ Europeu: A Construção daDiferença por Processos Legais, e-Cadernos do CES, 7, 2010, 68-93;

     ____________________. Outras vozes existem, outras histórias são possíveis. In

    GARCIA, Regina Leite (org.) Diálogos Cotidianos. Petrópolis, RJ:DP et Alii, 2010.pg 247-

    265; Merry, S. E. Measuring the world: indicators, human rights, and global governance.Current Anthropology,52, 2011 (suppl. 3): s83-s95;

    Mignolo, Walter D. Desobediência epistémica: a opção descolonial e o significado de

    identidade em política (2007) Revista Gragoatá, n. 22, p. 11-41, 1º sem. Mignolo, Walter D.

    Espacios geográficos y localizaciones epistemológicas: la ratio entre la localización

    geográfica y la subalternización de conocimientos, Universidad Javeriana, Bogotá, 1996.

    Mohanty, Chandra T. Bajo los ojos de occidente. Academia Feminista y discurso colonial,

    in Suárez Navaz, Lilian; Hernández, Aída (orgs.), Descolonizando el Feminismo: Teorías y

    Prácticas desde los Márgenes. Madrid: Cátedra, 2008.

  • 8/18/2019 Por Uma Ética Do Cuidado

    3/3

     Nahuelpan Moreno, Héctor y cols. (2011) "Introducción. Ta iñ fijke xipa rakizuameluwün".

    En: Ta Iñ Fijke Xipa Rakizuameluwün. Historia, colonialismo y resistencia desde el país

    Mapuche. País Mapuche: Ediciones Comunidad de Historia Mapuche. Pp. 1-21.

    Paulo Freire, (1973) ¿Extensión o Comunicación? La concientización en el medio rural. Ed.

    Siglo XXI. Portugal, Pedro (2010) "Condiciones para una verdadera descolonización" En:

    Historia, coyuntura y descolonización. Katarismo e indianismo en el proceso político del

    MAS en Bolivia. Bolivia: Fondo Editorial Pukara. Pp. 91-102.

    Quijano, Aníbal (2007) "Colonialidad del Poder y Clasificación Social" en Santiago Castro

    Gómez y Ramón Grossfogel. El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad

    epistémicas más allá del capitalismo global. Siglo del Hombre Editores. Bogotá Rivera

    Cusicanqui, Silvia (1990): "El potencial epistemológico y teórico de la historia oral: de la

    lógica instrumental a la descolonización de la historia" en Temas Sociales, 11, pp. 49-75

    Salazar, C., J.M. Rodríguez y A. E. Sulcata (2012) Intelectuales aymaras y nuevas mayorías

    mestizas. Una pesrpectiva post 1952. Bolivia: UMSA.

    Santos, Boaventura de Sousa (2007) A crítica da razão indolente  –  contra o desperdício daexperiência. In: Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a política na transição

     paradigmática. São Paulo: Cortez.

    Santos, Boaventura de Souza (2006) "Hacia una sociología de las ausencias y de las

    emergencias" en Boaventura de Souza Santos, Conocer desde el Sur. Por una cultura

     política emancipatoria . Fondo Editorial de la Facultad de Ciencias Sociales- UNMSM.

    Lima Perú

    Stengers, Isabelle.“¿Nomadas y sedentarios?”. In: Nómadas (Col), núm. 10, UniversidadCentral Colombia, 1999.

    Spivak, Gayatri Chakravorty. Puede hablar el subalterno? 1ª ed. Buenos Aires: El Cuenco

    de Plata, 2011;

    Strathern, Marilyn. Partial Connections. Oxford: Altamira Press, 2004;

    Walsh, Catherine (2007) “¿Son posibles unas ciencias sociales/culturales otras? Reflexionesen torno a las epistemologías decoloniales”. Nómadas. (26): 102-113.