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Portal Educacional do Estado do Paraná Proposta N°7755 Situação do OAC: 9 Autor: ISABEL MATTEI Estabelecimento: HUMBERTO DE A.C.BRANCO, C E - E MEDIO Ensino: ENSINO MEDIO Disciplina: LINGUA PORTUGUESA / LITERATURA Conteúdo: DISCURSO COMO PRÁTICA SOCIAL Cor do conteúdo: Problematização do Conteúdo Chamada para a Problematização: "No plano das práticas sociais, a apologia coelhista do individualismo incentiva comportamentos conservadores, quietistas e fatalistas." Texto: O foco principal da análise volta-se para a obra O alquimista, de Paulo Coelho, já que este se tornou o escritor brasileiro mais lido de todos os tempos, inclusive em países de primeiro mundo. É comum, no meio escolar, uma rejeição a essas obras, apesar de estarem presentes no cotidiano escolar. No entanto, da mesma forma que se vê a necessidade de analisar textos midiáticos, publicitários e outros de senso comum, com o objetivo de verificar os valores ideológicos que os permeiam, é necessário analisar obras que compõem esta cultura de massa. Via de regra, quando professores de Língua Portuguesa referenciam os livros de Paulo Coelho, em geral, não o fazem de forma positiva. Além de criticá- lo, sentem-se constrangidos ao reconhecer que leram uma de suas obras ou as indicaram para leitura, principalmente porque a academia já veiculou uma imagem de escritor menor. No entanto, poucos desses profissionais apresentam fundamentação teórica suficiente para tecer as devidas críticas às obras do escritor em questão, a fim de diferenciá-las das leituras tradicionalmente veiculadas como literárias pela escola. Quando questionados pelos alunos sobre as diferenças marcantes entre as obras do autor citado e outras consagradas pela

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Portal Educacional do Estado do Paraná

Proposta N°7755

Situação do OAC: 9

Autor: ISABEL MATTEI

Estabelecimento: HUMBERTO DE A.C.BRANCO, C E - E MEDIO

Ensino: ENSINO MEDIO

Disciplina: LINGUA PORTUGUESA / LITERATURA

Conteúdo: DISCURSO COMO PRÁTICA SOCIAL

Cor do conteúdo:

Problematização do Conteúdo

Chamada para a Problematização: "No plano das práticas sociais, a apologia coelhista do individualismo incentiva comportamentos conservadores, quietistas e fatalistas."

Texto:

O foco principal da análise volta-se para a obra O alquimista, de Paulo

Coelho, já que este se tornou o escritor brasileiro mais lido de todos os tempos,

inclusive em países de primeiro mundo.

É comum, no meio escolar, uma rejeição a essas obras, apesar de estarem

presentes no cotidiano escolar. No entanto, da mesma forma que se vê a

necessidade de analisar textos midiáticos, publicitários e outros de senso comum,

com o objetivo de verificar os valores ideológicos que os permeiam, é necessário

analisar obras que compõem esta cultura de massa.

Via de regra, quando professores de Língua Portuguesa referenciam os

livros de Paulo Coelho, em geral, não o fazem de forma positiva. Além de criticá-

lo, sentem-se constrangidos ao reconhecer que leram uma de suas obras ou as

indicaram para leitura, principalmente porque a academia já veiculou uma

imagem de escritor menor. No entanto, poucos desses profissionais apresentam

fundamentação teórica suficiente para tecer as devidas críticas às obras do

escritor em questão, a fim de diferenciá-las das leituras tradicionalmente

veiculadas como literárias pela escola. Quando questionados pelos alunos sobre

as diferenças marcantes entre as obras do autor citado e outras consagradas pela

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crítica literária, a maioria dos professores de Literatura da Educação Básica não

consegue pontuar os elementos que estabelecem esta diferença.

Segundo MAESTRI (2001), apesar de ser admirado por muitos como um

grande pensador, passa despercebido o fato de que Gramsci se dispôs a

investigar, quando preso, a literatura folhetinesca com o objetivo de produzir um

ensaio sobre o “gosto popular na literatura”, a fim de buscar respostas a respeito

do sucesso desse tipo de leitura, das necessidades que satisfaz e dos elementos que

a compõem para agradar tanto.

Através deste estudo, pretende-se perceber os elementos que compõem um

tipo de leitura presente no cotidiano escolar e excluída do rol de textos

trabalhados nas instituições de ensino. Tais livros, chamados de best-sellers,

literatura de massa ou de consumo, carregam características marcantes, que

envolvem, principalmente, elementos de trivialidade, esoterismo e auto-ajuda,

buscando atender o maior número possível de consumidores. Para isso, repetem

estruturas específicas que visam à manutenção do sistema vigente.

Numa sociedade capitalista, na qual valores como o consumismo e o

individualismo estão marcadamente presentes, a literatura de consumo se

estabelece para reproduzir cada vez mais esses valores.

A busca incessante pelo prazer, também marcante nesta sociedade, incitou

discussões relacionadas ao prazer da leitura. Muitas foram as produções

acadêmicas que discutiram tal questão, objetivando o incentivo à leitura, já que

esta se apresentava como marca cultural enfraquecida. A partir da segunda

metade do século XX, observou-se um crescimento de obras caracterizadas como

literatura de mero entretenimento, principalmente nas áreas de auto-ajuda e

esoterismo, desde publicações em forma de manuais que ensinam a conduzir a

vida em busca da satisfação até de romances que se baseiam nos mesmos

propósitos.

A literatura de auto-ajuda surge, pois, como uma das respostas passíveis

do indivíduo enfrentar problemas característicos da modernidade. A origem do

conceito de auto-ajuda data do século XIX, quando Samuel Smiles associou tal

conceito a valores morais do indivíduo, o qual teria satisfação individual à

medida que cumprisse seu dever na sociedade.

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Conforme assinala Rüdiger (1996: 48), a referida literatura propunha

uma condução de vida baseada “no exercício produtivo de uma profissão, no

cultivo de virtudes morais e no comprometimento da responsabilidade pessoal

com o progresso geral da sociedade.”

Com o surgimento de uma nova psicologia, no início do século XX – o

Novo Pensamento –, abandonou-se o conceito inicial de auto-ajuda – “formação

de um bom caráter, (...) cumprimento dos deveres por parte do indivíduo” – e

passou-se a entendê-la como algo capaz de “confeccionar uma personalidade

agradável, construir o chamado poder pessoal, providenciar a formação de um

indivíduo carismático” (RÜDIGER, 1996: 72)

O Novo Pensamento, verdadeiro movimento de auto-ajuda, foi um fenômeno cultural de classe média, apoiado por formidável máquina de ensino e propaganda, que se propunha a desenvolver o chamado potencial humano e se originou da reinterpretação pragmática dos conceitos mentalistas propostos em circulação no final do século passado [XIX] por uma série de filósofos populares e publicistas, na esteira do surto de religiões mindcure verificado no mesmo período. O programa pretendia, em resumo, difundir os segredos do sucesso, da saúde mental e da realização pessoal entre a população, ensinando como fazer da relação consigo mesmo (o self) o campo de aplicação prática de um conjunto de técnicas subjetivantes, baseadas no suposto poder da mente. (RÜDIGER, 1996: 72-73)

Desse modo, chegou-se ao conceito de auto-ajuda modernamente

difundido: um conjunto de obras que busca ensinar a desenvolver capacidades

objetivas ou subjetivas no indivíduo, através de fórmulas padronizadas, baseadas

nos poderes interiores individuais, visando à satisfação de interesses também

individuais.

Atualmente, esse gênero é formado, principalmente, por manuais e

fórmulas com ensinamentos voltados ao sucesso e realização pessoal, através da

conquista de riqueza e poder. Mas não é só isso: fazem parte dele, também,

narrativas que, da mesma forma, preocupam-se em aliviar momentaneamente as

tensões da existência, apresentando fórmulas simplistas de superação de

incômodos e busca da felicidade.

A proposta não deixa de ser contraditória, uma vez que, com vistas à

supervalorização de méritos individuais, apresenta soluções massificadas (porém,

não coletivas), como se todos se submetessem às mesmas condições de vida e

passassem pelos mesmos problemas.

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Além de marcas de auto-ajuda, encontram-se, principalmente nas

narrativas, outros elementos característicos da chamada literatura de massa ou

de mercado, que valem ser analisados criticamente em obras desse tipo, dentre os

quais, a trivialidade.

A narrativa trivial, através das suas diversas formas de publicação,

caracteriza-se pela repetição de esquemas e reprodução de conceitos

estereotipados que servem ao sistema vigente. Kothe (1994: 10-11) discute as

características desse tipo de narrativa, que, “através de variados veículos (...)

reitera sempre um esquema ético à base de estereótipos, sem jamais realmente

aprofundar o que aí se considera bem e mal.”

Apesar de variações nas estruturas superficiais, a estrutura profunda das

narrativas triviais permanece a mesma.

Há, nessas narrativas, um incentivo ao individualismo e ao consumo,

indicando que é possível transpor barreiras, inclusive sociais, através de atitudes

individuais, ou seja, todos têm capacidade de ascender socialmente, desde que,

para isso, lutem, utilizando-se de suas capacidades individuais.

Essas estórias triviais, tão inocentes na aparência, parecendo tão longe de qualquer preocupação de natureza social e política, são profundamente ideológicas, são as menos inocentes, são as mais “politizadas”: são veículos de transmissão dos valores da classe dominante para a classe dominada. (KOTHE, 1981: 162)

São motivos que fazem com que essas narrativas não sejam Arte

justamente a repetição de clichês e a falta de questionamento sobre o que está

socialmente convencionado.

Nesse sentido, é importante esclarecer as diferenças literárias marcantes

entre cultura de massa e cultura de proposta, desde questões relacionadas ao

modo de construção dessas obras culturais até os valores morais que elas

reproduzem ou questionam.

Segundo Paes (1990: 25-26), o primeiro diferencial entre os dois tipos de

obras é a originalidade. Enquanto a cultura de massa se caracteriza pela

repetição dos recursos de efeito, a cultura de proposta é marcada justamente pela

utilização de recursos expressivos originais. O segundo critério de diferenciação é

o esforço exigido na leitura. Objetivando a venda do que produz,

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a cultura de massa se preocupa em poupar-lhes [aos consumidores] no ato de consumo, maiores esforços de sensibilidade, inteligência e até mesmo atenção ou memória. Para tanto, reduz a representação artística dos valores a termos facilmente compreensíveis ao comum das pessoas e os conflitos entre esses valores à dinâmica de um faz-de-conta que não chega a perturbar a cômoda digestão do pitoresco, do sentimental, do emocionante ou do divertido. Já a cultura de proposta não só problematiza todos os valores como também a maneira de representá-los na obra de arte, desafiando o fruidor desta a um esforço de interpretação que lhe estimula a faculdade crítica em vez de adormecê-la. (PAES, 1990: 26)

Ou seja, enquanto uma visa ao mero entretenimento do leitor, sem

questionar sua realidade, a outra busca problematizar e aprofundar questões

relativas a essa realidade.

Analisar obras que pertencem à cultura de massa é uma tarefa para a

escola, uma vez que é uma forma de perceber sua ideologia e sua estrutura e, a

partir dessas leituras, levar o educando às leituras mais elaboradas, de modo que

ele possa compreender satisfatoriamente tanto a cultura de massa quanto a

cultura de proposta. Essa capacidade poderá proporcionar-lhe ou “uma

excitação de tipo altamente especializada” – cultura de proposta – ou “uma

forma de entretenimento capaz de veicular uma categoria de valores específica.”

– cultura de massa. (ECO, 2006: 58)

No âmbito da literatura de Paulo Coelho, as narrativas, via de regra,

caminham entre os estereótipos típicos da auto-ajuda e do esoterismo, resgatando

uma série de leitores e valendo-se, como afirma Maestri (1999), das “verdades”

essenciais do senso comum:

Os livros coelhistas procuram animar, iluminar e anestesiar o universo, vivencial ou existencial, pobre e triste, dos leitores, veiculando conteúdos espiritualistas, ecologistas e naturalistas sob a forma de máximas e recomendações psicologizantes e comportamentais, habitualmente encontrados em livros de auto-ajuda, revistas femininas ou convites de formaturas. (MAESTRI, 1999: 66)

Em O alquimista, de Paulo Coelho – considerada pela crítica sua principal

obra e, também, uma das mais conhecidas –, percebe-se claramente a presença

dos elementos supraciados, ou seja, consegue-se identificar claramente nesta e em

outras obras do autor marcas de trivialidade, auto-ajuda e esoterismo.

A trivialidade, bastante presente na obra, pode ser percebida no conjunto

de elementos que compõem a narrativa: marcas lingüísticas e ideológicas.

Em relação à linguagem, percebe-se, em sua organização, características

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que levam à facilidade de leitura: períodos na ordem direta, simplicidade de

recursos e vocabulário, linearidade do texto, períodos curtos. É um tipo de leitura

que não gera qualquer dificuldade de compreensão, o que atrai um público leitor

não habituado ao contato com narrativas mais densas.

Além disso, percebe-se, nessa obra, principalmente nas edições anteriores

à 1ª reimpressão, um desleixo em relação ao uso da norma padrão. Não há um

critério de utilização desses elementos, ou seja, os desvios em relação à norma

padrão não parecem ser utilizados como recurso de estilo para contribuir com o

conteúdo ou com a estrutura da obra; tanto é que, a partir da 1ª reimpressão,

houve uma revisão, corrigindo muitos desses desvios. Às vezes, aparecem no

discurso direto dos personagens e, às vezes, no discurso do narrador.

“No dia seguinte, haviam dois mil homens armados... mas haviam armas

escondidas sobre os mantos brancos” (p. 177) *

“No dia seguinte, havia dois mil homens armados... mas haviam armas

escondidas sobre os mantos brancos ” (p.129 – 1ª reimpressão)

“Se a gente não for como elas esperam ficar, chateadas” (p.40)

“Se a gente não for como elas esperam, ficam chateadas” (p. 32 – 1ª

reimpressão)

“Quando a gente vê sempre as mesmas pessoas – e isto acontecia no

seminário – terminamos fazendo com que elas passem a fazer parte de nossas

vidas.” (p. 32 – 1ª reimpressão)

“Há dois dias atrás você disse que eu nunca tive sonhos de viajar...” (p. 69 –

1ª reimpressão)

Há, ainda, presença marcante, na obra, de clichês e frases óbvias:

“Com a menina de cabelos negros, os dias nunca seriam iguais” (p.20)

“Temos que estar sempre preparados para as surpresas do tempo” (p. 23)

“Compre seu rebanho e corra o mundo até aprender que nosso castelo é o

mais importante, e nossas mulheres são as mais belas.” (p.24)

“As coisas simples são as mais extraordinárias, e só os sábios conseguem vê-

las.” (p.30)

“... e que já a amava antes mesmo de saber que ela existia...” (p. 112)

“Ela já encontrou seu tesouro: você” (p.136)

“E imediatamente sentiu paz no seu coração.”(p. 138)

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“Se você conhece o Amor, conhece também a Alma do Mundo, que é feita de

Amor.” (p. 166)

Além dos elementos lingüísticos, a estrutura da narrativa repete esquemas

típicos da narrativa trivial: o bom sempre vence; o mérito individual – o herói

(Santiago) que, ajudado pelo destino, transpõe barreiras através de atitudes

individuais, mantendo o estabelecido pelo sistema e pela ordem vigente; e o

incentivo ao consumismo (aspiração à riqueza).

“Lá você encontrará um tesouro que lhe (sic) fará rico.” (p. 30)

“Tinha que pensar apenas no seu tesouro, e a maneira de consegui-lo.” (p.

50)

“... e o rapaz sabia que o dinheiro era mágico: com ele ninguém jamais está

sozinho.”

“... e ele pensava como ia ficar rico, e como ia ter belas mulheres em sua

velhice.” (p.60)

Fazem parte, também, dessa reprodução das convenções elementos que

valorizam a moral machista. Fátima é uma mulher submissa que aceita a

tradição e espera seu homem, conforme as normas impostas pela tribo. A

possibilidade de viagem, transgressão e mudança sempre faz parte do mundo

masculino.

“...o Amor nunca impede um homem de seguir sua Lenda Pessoal...” (p.137)

“Meu pai um dia partiu, mas voltou para minha mãe, e continua voltando

sempre.” (p. 140)

“Haveria de mandar seus beijos pelo vento, na esperança de que ele tocasse

o rosto do rapaz, e lhe contasse que estava viva, esperando por ele, como uma

mulher espera um homem de coragem, que segue em busca de sonhos e tesouros.”

(p. 140-141)

Mantendo a mesma linha de análise, são visíveis, na obra, as marcas de

auto-ajuda e esoterismo, já que esses pensamentos representam o senso comum e

as convenções, sugerindo caminhos que não partem de uma reflexão sobre a

realidade, mas de uma forma de anestesiar os problemas individuais imediatos

através de méritos e soluções também individualistas.

“A grande comunhão entre a ficção coelhista e o ensaísmo de auto-ajuda é

a compreensão/interpretação individualista do mundo e a negação da razão e da

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ação sociais como possibilidades de transformar esse mundo. Ambos possuem

forte conteúdo quietista e socialmente desmobilizador. Para a ficção coelhista e a

auto-ajuda, é através da galvanização de forças individuais, interiores, e da

submissão do ser social à realidade, tal como se apresenta, isto é, à atual ordem

capitalista, que o indivíduo alcança seus objetivos, logicamente pragmáticos,

individualistas, hedonistas e egoístas.” (MAESTRI, 1999)

Em O alquimista, estão claros vários clichês desta vertente, que fortalecem

o senso comum e as estruturas dominantes de pensamento: vivenciar a lenda

pessoal, o universo conspira a seu favor, sinais que devem ser lidos, a pedra

filosofal, a alquimia e a alegoria do romance: o tesouro está dentro de você.

“Chama-se Princípio Favorável, sorte de principiante. Porque a vida quer

que você viva sua Lenda Pessoal” (p. 68)

“Nunca desista dos seus sonhos. (...) Siga os sinais” (p.77)

“Diziam que ele tinha mais de duzentos anos, que havia descoberto a Pedra

Filosofal e o Elixir da Longa Vida.” (p. 82)

“Aprendi que muitos alquimistas viveram sua Lenda Pessoal e terminaram

descobrindo a Alma do Mundo, a Pedra Filosofal, o Elixir.” (p. 99)

“Só uma coisa torna um sonho impossível: o medo de fracassar.” (p. 138)

“Aí, neste lugar onde você está, eu também tive um sonho repetido há quase

dois anos atrás (sic). Sonhei que devia ir até os campos da Espanha, buscar uma

igreja em ruínas onde os pastores costumavam dormir com suas ovelhas, e que

tinha um sicômoro crescendo dentro da sacristia, se eu cavasse na raiz deste

sicômoro, haveria de encontrar um tesouro escondido.” (p. 180)

“Lembrou-se que (sic) certa vez havia estado ali com suas ovelhas (...)” (p.

181)

“O voluntarismo aparentemente otimista, expresso pela ficção coelhista

(...) constitui um apelo à submissão à ordem social constituída, apresentada como

imune às modificações sociais profundas” (MAESTRI, 1999: 107)

Portanto, a obra citada diferencia-se da literatura de proposta justamente

por, ao contrário desta, reproduzir a ordem vigente, manter o status quo, não

enriquecer a consciência, reproduzindo o senso comum.

“Quem escreve dessa forma comete a grande malvadeza de associar-se aos

que surrupiam de grande contingente da sociedade a chance de desenvolver uma

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consciência crítica da complexidade e das contradições da realidade, primeiro

passo para, através de movimentos coletivos de reivindicação de cidadania,

modificar essa mesma realidade.” (ANDRADE, 2004: 69-70)

*Neste OAC, as citações de fragmentos referentes à obra O Alquimista, de Paulo Coelho,

serão referenciadas apenas com o número da página.

Referências:

COELHO, Paulo. O alquimista. São Paulo: Planeta do Brasil, 2006. ECO, Humberto. Apocalípticos e integrados. 6.ed. São Paulo: Perspectiva, 2006. KOTHE, Flávio René. A narrativa trivial. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1994. MAESTRI, Mário. Por que Paulo Coelho teve sucesso. Porto Alegre: AGE, 1999. PAES, José Paulo. A aventura literária: ensaios sobre ficção e ficções. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. PARANÁ (Estado). Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para Educação Básica. Curitiba: MEMVAVMEM Editora, 2006. RÜDIGER, Francisco Ricardo. Literatura de auto-ajuda e individualismo: contribuição ao estudo da subjetividade na cultura de massa contemporânea. Porto Alegre: Editora Universidade/UFRGS, 1996.

Investigação Disciplinar

Título: Cultura de massa X Cultura de proposta

Texto:

Que elementos, basicamente, diferenciam a cultura de massa (literatura

de entretenimento) e a cultura de proposta (designação de Umberto Eco cujo

sentido equivale à cultura erudita)?

Segundo PAES (1990: 25), a melhor maneira de estabelecer esta diferença

é enumerando alguns critérios que caracterizam um e outro tipo de cultura. Ele

apresenta, basicamente dois critérios de diferenciação:

CULTURA DE PROPOSTA CULTURA DE MASSA

Originalidade

“As obras da cultura de proposta nos

oferecem, cada uma delas, uma visão de

Banalização/repetição

“A fim de satisfazer ao maior número

possível de seus consumidores, as obras

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mundo singular e inconfundível”

dessa cultura se abstêm de usar recursos

de expressão que, por demasiado

originais ou pessoais, se afastem do

gosto médio, frustrando-lhe as

expectativas. Daí que ela se limite, na

maioria dos casos, ao uso de recursos de

efeito já consagrados, mesmo arriscando-

se a banalizá-los pela repetição.”

Esforço: “(...) a cultura de proposta não

só problematiza todos os valores como

também a maneira de representá-los na

obra de arte, desafiando o fruidor desta a

um esforço de interpretação que lhe

estimula a faculdade crítica em vez de

adormecê-la.”

“(...) a cultura de massa se preocupa em

poupar-lhes [aos consumidores], no ato

de consumo, maiores esforços de

sensibilidade, inteligência e até mesmo

atenção e memória”

Referências:

ECO, Humberto. Apocalípticos e integrados. 6.ed. São Paulo: Perspectiva, 2006.

PAES, José Paulo. A aventura literária: ensaios sobre ficção e ficções. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

Perspectiva Interdisciplinar

Título: Causas históricas da expansão da auto-ajuda

Texto:

Analisar as causas históricas que transformaram a literatura de auto-

ajuda e esotérica em impressionante fenômeno editorial e econômico na última

metade do século XX.

Título: Arte erudita, arte popular e a indústria cultural

Texto:

Relacionar a diferenciação entre a literatura de mero entretenimento e a

literatura de proposta com a distinção similar em outras formas de expressão

artística, conforme proposta de trabalho com os alunos prevista nas Diretrizes

Curriculares da Educação Básica do Paraná (Arte/Artes, p. 24). Este

documento apresenta, como elementos fundamentais do trabalho pedagógico na

disciplina, as três principais formas de como a arte é produzida e disseminada na

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sociedade contemporânea: arte erudita, arte popular, a indústria cultural.

Título: Sociologia: incentivo ao individualismo

Texto:

Perceber as influências do conteúdo da obra analisada ou de obras

similares nas relações em sociedade.

MAESTRI (1999: 106) já indica algumas análises possíveis: “No plano das

práticas sociais, a apologia coelhista do individualismo incentiva comportamentos

conservadores, quietistas e fatalistas. Em nível das representações ideológicas,

expressa o profundo isolamento social objetivo do homem moderno, atomizado,

alienado, reificado por uma sociedade que o organiza apenas como consumidor e

produtor de mercadorias e o descarta, inexoravelmente, quando perde esses

atributos.”

Referência: MAESTRI, Mário. Por que Paulo Coelho teve sucesso. Porto Alegre: AGE, 1999.

Contextualização

Título: A literatura de entretenimento e a sociedade capitalista

Texto:

Numa sociedade capitalista, na qual valores como o consumismo e o

individualismo estão marcadamente presentes, a literatura de consumo se

estabelece para reproduzir cada vez mais esses valores.

A busca incessante pelo prazer, também marcante nesta sociedade, incitou

discussões relacionadas ao prazer da leitura. Muitas foram as produções

acadêmicas que debateram tal questão, objetivando o incentivo à leitura, já que

esta se apresentava como marca cultural enfraquecida.

A partir da segunda metade do século XX, observou-se um crescimento

de obras caracterizadas como literatura de mero entretenimento, principalmente

nas áreas de auto-ajuda e esoterismo, desde publicações em forma de manuais

que ensinam a conduzir a vida em busca da satisfação até de romances que se

baseiam nos mesmos propósitos.

Sítio

Título do Sítio: O bruxo veste fardão

Disponível em (endereço web): http://www.lainsignia.org/2002/agosto/cul_013.htm

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Acessado em (mês.ano): Fevereiro/2008

Comentários: Este site apresenta um comentário do professor Mário Maestri sobre o ingresso do autor Paulo Coelho na Academia Brasileira de Letras, além de uma análise dos aspectos gerais que compõem a obra deste autor.

Título do Sítio: Fórmulas simplistas "empobrecem" livros de auto-ajuda

Disponível em (endereço web): http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u3447.shtml

Acessado em (mês.ano): Fevereiro/2008

Comentários: Este link dá acesso a uma reportagem de Iara Biderman, free-lance para a Folha de São Paulo, intitulada “Fórmulas simplistas ‘empobrecem’ livros de auto-ajuda”. Nela são apresentadas algumas características da literatura de auto-ajuda, bem como os elementos por ela explorados.

Título do Sítio: A marca do Coelho

Disponível em (endereço web): http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11172

Acessado em (mês.ano): Fevereiro/2008

Comentários: Neste site, são apresentadas diversas opiniões de escritores e críticos literários a respeito das publicações de Paulo Coelho, procurando responder a alguns questionamentos que intrigam principalmente os professores de Literatura: “Paulo Coelho escreve bem? Se o sucesso não é sinal de qualidade, o que o torna um autor bom ou fraco? Se livros de auto-ajuda há aos quilos, o que o distingue do feijão-com-arroz da para literatura (sic)? Qual, enfim, o segredo "retórico" de Paulo Coelho?”

Sons e Vídeos

Categoria: Vídeo

Título: The Secret (br / pt: O segredo)

Direção: Drew Heriot

Produtora:

Duração (hh:mm): 01:32

Local da Publicação: Austrália

Ano: 2006

Disponível em (endereço web):

Comentário:

Vários livros de auto-ajuda foram adaptados para o cinema. Um dos mais

recentes lançado em DVD é o filme O segredo, inspirado na obra homônima

escrita por Rhonda Byrne (BYRNE, Rhonda. O segredo. Rio de Janeiro: Ediouro,

2007). “The Secret (br / pt: O segredo) é um filme em formato documentário

áustralo-estadunidense de 2006, produzido pela Prime Time Productions e

dirigido por Drew Heriot.”

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Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Secret_(2006) (Acessado em: Fev/2008)

Disponível no acervo de: Vídeo Locadora

Categoria: Vídeo

Título: O alquimista

Direção: Lawrence Fishburne

Produtora:

Duração (hh:mm): 00:00

Local da Publicação:

Ano:

Disponível em (endereço web):

Comentário:

O escritor Paulo Coelho vendeu os direitos autorais a produtoras de

cinema de três de suas obras: Veronika decide morrer, O alquimista e Onze

minutos.

”O primeiro é uma produção norte-americana e tem direção de Emily Young e

Kate Bosworth, de Superman Returns, no papel principal. O filme, com estréia

prevista para o ano que vem, conta a história de uma mulher que é internada

depois de tentar suicídio. Na instituição, recebe a notícia de que uma doença

trará para ela poucos anos de vida, decidindo, a partir de então, transformar seu

cotidiano e lutar contra a morte iminente. O livro foi lançado em 1998.”

“O Alquimista contará com Lawrence Fishburne na direção e no elenco.

Com estréia prevista para 2009, leverá (sic) para os cinemas a saga do jovem

Santiago em busca de um tesouro nas pirâmides do Egito.”

“Onze Minutos está nas prateleiras desde 2003. Nos cinemas, porém, deve

chegar somente em 2009 em outra produção estadunidense. Ainda sem

informações concretas sobre quem dirigirá a produção e sem a definição de quem

viverá a protagonista, o que se sabe é que o roteiro já está finalizado, escrito pelo

próprio Paulo Coelho em parceira com Marcos Bernstein. O enredo revela um

plano para enganar uma mulher, que, sem saber, foi levada para a Europa para

trabalhar como prostituta. A jornada, porém, guarda algumas surpresas para a

Page 14: Portal Educacional do Estado do Paraná - Operação de migração para o … · 2009-05-26 · Em O alquimista, de Paulo Coelho – considerada pela crítica sua principal obra e,

personagem.”

Fonte:

http://yahoo.guiadasemana.com.br/yahoo/iframe/channel_noticias.asp?id=11&cd_city=37&cd_ne

ws=31424 (Acessado em: Fev/2008)

Proposta de Atividades

Título: Literatura de massa X Literatura de proposta

Texto:

A partir de análise comparativa entre uma obra tradicionalmente

veiculada como literária pela escola e O alquimista, explicitar, a partir dos

elementos que caracterizam cada um dos tipos de obras (massa e proposta), os

principais traços que as diferenciam.

Título: Auto-ajuda e esoterismo: presença cotidiana

Texto:

A partir da contextualização histórico-social do surgimento e

disseminação de publicações na área de auto-ajuda e esoterismo, analisar slides

que circulam pela internet que apresentam claramente os elementos constituintes

dessas publicações.

Título: Análise de O alquimista, de Paulo Coelho

Texto:

Contextualizando historicamente os elementos que estruturam a obra,

analisar O alquimista, observando marcas de trivialidade, auto-ajuda e

esoterismo, além do desleixo com as normas da língua padrão.

Imagens

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Comentários e outras sugestões de Imagens:

Apesar de sua formação católica e das freqüentes referências a trechos

bíblicos e outros símbolos do catolicismo e do cristianismo, Paulo Coelho, em suas

obras, mescla estes com outros elementos e rituais do ocultismo e do islamismo.

A esse respeito, MAESTRI (1999: 86) afirma que “Na literatura coelhista,

sempre houve uma clara tentativa de fundir crenças esotéricas com o cristianismo

conservador”

Referência: MAESTRI, Mário. Por que Paulo Coelho teve sucesso. Porto Alegre: AGE, 1999.

Sugestão de Leitura

Categoria: Livro

Sobrenome: Kothe

Nome: Flávio René

Título do Livro: A narrativa trivial

Edição:

Local da Publicação: Brasília

Editora: Editora Universidade de Brasília

Disponível em (endereço WEB):

Ano da Publicação: 1994

Comentários:

Nesta obra, o autor procura mostrar as características da narrativa trivial

e os gêneros que a compõem.

Categoria: Livro

Page 16: Portal Educacional do Estado do Paraná - Operação de migração para o … · 2009-05-26 · Em O alquimista, de Paulo Coelho – considerada pela crítica sua principal obra e,

Sobrenome: Maestri

Nome: Mário

Título do Livro: Por que Paulo Coelho teve sucesso

Edição:

Local da Publicação: Porto Alegre

Editora: AGE

Disponível em (endereço WEB):

Ano da Publicação: 1999

Comentários:

Mário Maestri, neste livro, ressalta a necessidade de análise de uma obra

que atraiu milhões de leitores em todo o mundo, especialmente os jovens. Aponta

os recursos narrativos utilizados pelo autor nas principais obras, além de motivos

ideológicos que o levaram a tamanho sucesso.

Categoria: Livro

Sobrenome: Rüdiger

Nome: Francisco Ricardo

Título do Livro: Literatura de auto-ajuda e individualismo: contribuição ao estudo da subjetividade na cultura

Edição:

Local da Publicação: Porto Alegre

Editora: Editora Universidade/UFRGS

Disponível em (endereço WEB):

Ano da Publicação: 1996

Comentários:

O autor traça um panorama histórico da literatura de auto-ajuda,

explorando suas origens e as causas de sua expansão no século XX, além de

analisar o conteúdo de algumas obras do gênero e outros elementos que

propiciam a compreensão dos motivos que proporcionaram a esse conjunto de

textos a explosão editorial.

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Categoria: Livro

Sobrenome: Coelho

Nome: Paulo

Título do Livro: O alquimista

Edição:

Local da Publicação: São Paulo

Editora: Planeta do Brasil

Disponível em (endereço WEB):

Ano da Publicação: 2006

Comentários:

Obra analisada no trabalho.

Notícias

Categoria: Jornal on-line

Sobrenome:

Nome:

*Título da Notícia/Artigo: Mãe de Ingrid Betancourt faz apelo ao escritor Paulo Coelho

*Nome do jornal: Folha Online

Disponível em (endereço WEB):

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u354500.shtml

*Acessado em (mês.ano): Fevereiro/2008

Comentários:

13/12/2007 - 09h18 da Folha Online

A família da ex-presidenciável colombiana Ingrid Betancourt, mantida em

cativeiro pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) há mais de

cinco anos, fez um apelo ao escritor Paulo Coelho para que ele se manifeste em

defesa de uma solução para libertar sua filha, informa a colunista Mônica Bergamo

em reportagem na Folha de S.Paulo de hoje (conteúdo exclusivo para assinantes do

jornal e do UOL).

Yolanda Pulecio, mãe de Betancourt, mandou o recado ao escritor por meio

do jornalista Fernando Morais. A expectativa é que Coelho se manifeste em breve.

No começo deste mês, Yolanda chegou também a pedir a ajuda ao presidente

Luiz Inácio Lula da Silva e ao governo brasileiro para que intervenham em favor de

sua filha.

Ingrid foi seqüestrada no dia 23 de fevereiro de 2002, durante suas

campanhas para a Presidência da República.

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No final de novembro, o governo colombiano apreendeu as provas de vida de

16 reféns --inclusive as de Betancourt. Foi a primeira evidência desde 2003 de que

Ingrid continua viva.

Entre as provas de vida da ex-presidenciável estava uma carta de 12 páginas

enviada à sua mãe em que ela conta o desespero dos reféns.

"Aqui vivemos mortos", disse Ingrid, sobre o estado dos reféns na selva

colombiana. "A vida aqui não é vida, é um desperdício lúgubre de tempo". Ao

tomar conhecimento da carta, Yolanda pediu à filha para não perder a esperança.

Yolanda diz nunca ter duvidado de que sua filha estivesse viva.

A libertação de Betancourt foi um dos principais assuntos na posse da

presidente argentina, Cristina Kirchner, na última segunda-feira, e é prioridade do

governo da França, já que ela também possui nacionalidade francesa.

Categoria: Jornal on-line

Sobrenome:

Nome:

*Título da Notícia/Artigo: ONU nomeia Paulo Coelho Mensageiro da Paz

*Nome do jornal: Folha Online

Disponível em (endereço WEB):

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u330388.shtml

*Acessado em (mês.ano): Fevereiro/2008

Comentários:

21/09/2007 - 15h46 da Efe

A ONU nomeou hoje o escritor Paulo Coelho seu novo Mensageiro da Paz,

ao lado da princesa jordaniana, Haya, do maestro argentino-israelense Daniel

Barenboim e do violonista americano Midori Goto. O anúncio foi feito durante a cerimônia de comemoração do Dia

Internacional da Paz na sede da ONU, em Nova York, e foi presidida pelo

secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon. O secretário esteve acompanhado de três dos Mensageiros da Paz das Nações

Unidas, o Prêmio Nobel de Paz Elie Wiesel, o ator Michael Douglas e a bióloga

britânica Jane Goodall. Ban declarou que a preservação da paz é a responsabilidade principal da

ONU, que atualmente tem destacados mais de 100 mil capacetes azuis e pessoal civil

em missões no mundo todo. "O trabalho em favor da paz é vital, mas não é fácil. De fato, em várias

comunidades no mundo a paz é uma meta que não se consegue alcançar. Dos

campos de refugiados de Chade e Darfur aos becos de Bagdá, a busca da paz está

cheia de derrotas e sofrimento", acrescentou. Ban afirmou em comunicado que escolheu Paulo Coelho por ter sido um

ativista político desde sua juventude em favor das classes mais pobres de seu país, e

que com sua obra promoveu o diálogo entre diferentes culturas. "Aceito com gosto esta responsabilidade e me comprometo a fazer o máximo

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para melhorar o futuro desta e das próximas gerações", apontou o escritor

brasileiro em sua mensagem. Os Mensageiros da Paz são designados pessoalmente pelo secretário-geral

das Nações Unidas, com base em seu trabalho em campos como artes plásticas,

literatura ou esporte, e seu compromisso de colaborar com os objetivos da ONU. Entre as personalidades designadas como Mensageiros da Paz está o

falecido tenor italiano Luciano Pavarotti. O Dia Internacional da Paz foi estabelecido em 1981 pela ONU como uma

celebração anual de cessar-fogo e não-violência em nível mundial.

Destaques

Título: A participação de Paulo Coelho nas transformações sociais dos anos 70

Fonte: Por que Paulo Coelho fez sucesso

Texto:

No prefácio de O alquimista, Paulo Coelho diz que se dedicou, por muito

tempo, ao estudo de alquimia.

“Era uma época de grandes transformações sociais – o começo dos anos 70

– e não havia ainda publicações sérias a respeito de Alquimia.” (p. 9)

Nesta “época de transformações”, enquanto alguns se dedicavam ao

misticismo alienado – juventude mística, alienada e despolitizada (grupo do qual

o autor em questão fazia parte) – , outros combatiam a ditadura militar através

de movimentos sociais. Aqueles liam os “anestesiantes romances de Carlos

Castañeda, com bruxos mexicanos e histórias de magias” e estes se dedicavam à

leitura de “livros como A história da Revolução Russa, de Leon Trotsky; O diário,

de Guevara, e A revolução brasileira, de Caio Prado Júnior, que propunham a

transformação da realidade social.” (MAESTRI, 1999: 40)

“Juventude militante e juventude esotérica foram dois segmentos da

geração brasileira de 68, o primeiro majoritário e barulhento, o segundo

minoritário e silencioso, que se mantiveram com escassos ou praticamente

nenhum contato, já que viviam em mundos paralelos, se não antagônicos”

(MAESTRI, 1999: 40)

Principalmente a partir de 1971, houve um crescimento significativo do

esoterismo, devido à derrota da esquerda militante, que pôs fim a praticamente

todos os movimentos operários e estudantis e provocou uma expansão “dos

bruxos, dos vegetarianos e dos naturalistas. Esse refluxo das lutas sociais deu

lugar a verdadeiro mercado da alienação.” (MAESTRI, 1999: 40-41)

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“O movimento místico-comportamental alternativo proposto na época

constituía um derivativo à militância política, que se impôs, devido à profunda

derrota do movimento social. Sua pseudo-radicalidade espiritualista e

comportamental – música, droga, espiritualismo, hedonismo, etc. – apenas

escondia seu caráter conservador e o bom negócio que constituiu para artistas e

empresas fonográficas.” (MAESTRI, 1999: 41)

As observações de Mário Maestri - destacando a participação alienada de

Paulo Coelho no contexto dos anos 70 - contrastam, de forma irônica, com a

premiação atribuída pela ONU ao romancista. Certamente, a penetração literária

de Paulo Coelho em diferentes países do mundo e a forma neutra com que

interage com as diversas culturas permitem nomeá-lo "Mensageiro da Paz".

ONU nomeia Paulo Coelho por seu “ativismo político” DAEFE

O escritor brasileiro Paulo Coelho foi nomeado ontem, junto com mais três

personalidades internacionais, Mensageiro da Paz da ONU. A nomeação foi feita

pelo secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, em cerimônia na sede da ONU em

Nova York. Os outros três novos mensageiros são o maestro israelo-argentino Daniel

Barenboim, a violinista nipo-americana Midori Goto e a princesa Haya, da

Jordânia – única que foi à cerimônia. Em nota, Ban afirmou que o autor de “O Alquimista” foi laureado por ter

sido “desde jovem um ativista político em prol das classes mais pobres de seu país” e

por promover “o diálogo entre as culturas”. (Folha de São Paulo/22 set 2007)

Paraná

Título: A auto-ajuda e os programas de capacitação da SEED/PR (Gestão 1995/1998)

Texto:

No Estado do Paraná, a Secretaria de Estado da Educação, na gestão

1995/1998, baseou-se em princípios da auto-ajuda na formação de professores e

gestores. Em 1995, o Seminário de Educação Avançada, capacitação de caráter

obrigatório, foi organizado de modo a atingir o maior número possível de

profissionais da educação. A partir de 1996, o curso passou a chamar-se

Seminário de Atualização e Motivação. O que prevaleceu nesses cursos foi a ótica

empresarial, que utilizava tais recursos para controlar o corpo e a mente de seus

funcionários, objetivando o aumento da produtividade.

Segundo análise proposta por Lice Helena Ferreira, na dissertação de

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mestrado (UFPR) Os mecanismos de controle da organização capitalista

contemporânea na gestão escolar pública paranaense (1995-2002), a auto-ajuda

“foi trabalhada de forma articulada com a auto-estima, com uma visão de futuro

e com a inteligência emocional, no sentido de uma necessidade psicológica e

profissional para a criação de uma ‘disposição interna’ da pessoa, a fim desta se

adaptar a um mundo cada vez mais complexo, desafiador e competitivo. Dessa

forma, a elevação da auto-estima, qualidade de vida e de relacionamentos,

fixação de objetivos exigentes e uma visão de futuro ‘energizante e significativa’,

são pressupostos para o sucesso pessoal e profissional.” (p.132)

Da mesma forma que as publicações do gênero transferem para o

indivíduo a responsabilidade pelo seu sucesso ou fracasso, este trabalho de

capacitação desenvolvido pelo Estado do Paraná transferia para cada escola a

responsabilidade de alcançarem ou não o sucesso, a qualidade.

Fonte:

FERREIRA, Lice Helena. Os mecanismos de controle da organização capitalista contemporânea na gestão escolar pública paranaense (1995-2002). Dissertação (Mestrado) – Setor de Educação – Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2006. Disponível em http://www.nupe.ufpr.br/lice.pdf. (Acessado em: Fev/2008)

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