PORTARIA APROVA MANUAL TÉCNICO PARA HIV EM...

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No final de 2013 foi aprovada uma portaria que regulamenta a utilização do Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV em Adultos e Crianças, disponível no endereço eletrônico www.aids.gov.br. Este documento orienta a utilização de fluxogramas para diferentes situações que ocorrem nos serviços de saúde públicos e privados. Algumas premissas foram consideradas para a sua elaboração e são, principalmente, a maior sensibilidade dos ensaios sorológicos de antígeno e anticorpo (4ª geração) em relação aos métodos ditos confirmatórios (como o Western Blot) e a possibilidade de se introduzir os testes moleculares para determinação da carga viral com um ganho em sensibilidade e especificidade no diagnóstico. São testes diretos, que detectam antígeno p24, RNA ou DNA próviral, quando a detecção de anticorpos ainda não é possível, ou seja, na exposição perinatal, em crianças abaixo de 18 meses de vida, nas infecções agudas. Também ressalta a existência de indivíduos denominados “controladores de elite”, os quais possuem sorologia repetidamente positiva e testes confirmatórios de carga viral baixa com Imunoblot(IB) ou Western- Blot(WB) reagentes. Situação esta de interesse especialmente na avaliação dos casos supostamente falso- positivos e representa menos de 1% nos doadores de sangue. Novas possibilidades de utilização de testes rápidos com sangue e saliva foram contempladas nos fluxogramas. Tal abordagem pressupõe a facilitação no diagnóstico precoce e encaminhamento a serviços especializados, principalmente na saúde pública. Foram então ampliadas as indicações de utilização dos testes rápidos em relação à portaria anterior. O racional para o uso dos testes corresponde à classificação de Fiebig (2003) de estagiamento laboratorial da infecção pelo HIV (figura). O fluxograma 3 é o que representa hoje a melhor utilização de ferramentas diagnósticas no laboratório, porque os testes molecular auxiliam no diagnostico da fase aguda e evitam o resultado indeterminado do WB. O fluxograma 5 não traz ganhos adicionais, no entanto pode ser complementado com os testes moleculares em todas as situações indeterminadas. Na fase crônica, a maioria dos casos pode ser diagnosticada com ensaios de 3º ou 4º geração e testes do tipo IB ou WB. Algumas diretrizes para os laudos são: o limite mínimo de 5.000 cópias/mL nos ensaios moleculares para definição de reagente, a necessidade do blot na suspeita do HIV 1, os critérios de bandas e descrição das mesmas para reportar laudos como “Amostra Reagente para HIV”. Resultados falso positivos com testes moleculares podem ocorrer quando o numero de cópias é limítrofe. Sobre os fluxogramas é importante lembrar que resultados indeterminados ou inconclusivos, falso-positivos ou falso-negativos, ocorrem em qualquer método e dependem também da resposta sorológica. Lucimar Assunção (Assessoria Científica Labrede) Referências bibliográficas: http://www.aids.gov.br/legislacao/2013/55595 http://www.aids.gov.br/publicacao/2013/manual-tecnico-para-diagnostico- da-infeccao-pelo-hiv I nformativo Digital - Nº 02 – Fevereiro/2014 PORTARIA APROVA MANUAL TÉCNICO PARA HIV EM ADULTOS E CRIANÇAS PORTARIA Nº 29, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2013 Os fluxogramas de utilização de testes diagnósticos são cinco e podem ser consultados detalhadamente na portaria. Os três últimos são para testagem laboratorial. O fluxograma 1 possui população alvo e indicações de utilização para testes rápidos.

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No final de 2013 foi aprovada uma portaria que regulamenta a

utilização do Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV em

Adultos e Crianças, disponível no endereço eletrônico www.aids.gov.br. Este documento orienta a utilização de fluxogramas para diferentes

situações que ocorrem nos serviços de saúde públicos e privados.

Algumas premissas foram consideradas para a sua elaboração

e são, principalmente, a maior sensibilidade dos ensaios sorológicos de

antígeno e anticorpo (4ª geração) em relação aos métodos ditos

confirmatórios (como o Western Blot) e a possibilidade de se introduzir os

testes moleculares para determinação da carga viral com um ganho em

sensibilidade e especificidade no diagnóstico. São testes diretos, que

detectam antígeno p24, RNA ou DNA próviral, quando a detecção de

anticorpos ainda não é possível, ou seja, na exposição perinatal, em

crianças abaixo de 18 meses de vida, nas infecções agudas. Também

ressalta a existência de indivíduos denominados “controladores de elite”,

os quais possuem sorologia repetidamente positiva e testes

confirmatórios de carga viral baixa com Imunoblot(IB) ou Western-

Blot(WB) reagentes. Situação esta de interesse especialmente na

avaliação dos casos supostamente falso- positivos e representa menos

de 1% nos doadores de sangue.

Novas possibilidades de utilização de testes rápidos com

sangue e saliva foram contempladas nos fluxogramas. Tal abordagem

pressupõe a facilitação no diagnóstico precoce e encaminhamento a

serviços especializados, principalmente na saúde pública. Foram então

ampliadas as indicações de utilização dos testes rápidos em relação à

portaria anterior.

O racional para o uso dos testes corresponde à classificação de Fiebig

(2003) de estagiamento laboratorial da infecção pelo HIV (figura).

O fluxograma 3 é o que representa hoje a melhor

utilização de ferramentas diagnósticas no laboratório, porque os

testes molecular auxiliam no diagnostico da fase aguda e evitam

o resultado indeterminado do WB. O fluxograma 5 não traz

ganhos adicionais, no entanto pode ser complementado com os

testes moleculares em todas as situações indeterminadas. Na

fase crônica, a maioria dos casos pode ser diagnosticada com

ensaios de 3º ou 4º geração e testes do tipo IB ou WB. Algumas

diretrizes para os laudos são: o limite mínimo de 5.000 cópias/mL

nos ensaios moleculares para definição de reagente, a

necessidade do blot na suspeita do HIV 1, os critérios de bandas

e descrição das mesmas para reportar laudos como “Amostra

Reagente para HIV”. Resultados falso positivos com testes

moleculares podem ocorrer quando o numero de cópias é

limítrofe.

Sobre os fluxogramas é importante lembrar que

resultados indeterminados ou inconclusivos, falso-positivos ou

falso-negativos, ocorrem em qualquer método e dependem

também da resposta sorológica.

Lucimar Assunção (Assessoria Científica Labrede)

Referências bibliográficas: http://www.aids.gov.br/legislacao/2013/55595 http://www.aids.gov.br/publicacao/2013/manual-tecnico-para-diagnostico-da-infeccao-pelo-hiv

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PORTARIA APROVA MANUAL TÉCNICO PARA HIV EM ADULTOS E CRIANÇAS PORTARIA Nº 29, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2013

Os fluxogramas de utilização de testes diagnósticos são cinco e podem ser consultados detalhadamente na portaria. Os três últimos são para testagem laboratorial. O fluxograma 1 possui população alvo e indicações de utilização para testes rápidos.