"Porto & Negócios" do Diário do Litoral

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D IÁRIO DO L ITORAL TERÇA-FEIRA, 15 DE OUTUBRO DE 2013 www.diariodolitoral.com.br/porto Como acelerar o crescimento dos portos brasileiros? MARCO REGULATÓRIO Concorrência, eficiência e produtividade são palavras de ordem para impulsionar o desenvolvimento portuário no Brasil. Contudo, ainda há dúvidas, entre importantes atores do setor, a respeito de quando e como sentiremos os resultados do novo marco regulatório. Página 2 Entrevista com o ex-diretor comercial e de desenvolvimento da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), o economista e consultor, Fabrízio Pierdomênico. Santos sedia primeiro evento da América do Sul dedicado à tecnologia e equipamentos portuários, a InfraPortos South America. Evento mostrará que as empresas estão investindo em novas soluções para aliar produtividade e eficiência. EXCLUSIVO > PÁGINAS 4 E 5 EVENTO > PÁGINAS 6 E 7 www.imagensaereas.com.br

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Suplemento “Porto & Negócios” do Jornal Diário do Litoral: A cobertura jornalística dos principais fatos e acontecimentos acerca do maior complexo portuário da América Latina, o Porto de Santos, em espaço editorial privilegiado. Como editoria, estreou em abril de 2013 com a proposta de oferecer um novo formato de noticiário portuário. Após seis meses contínuos de circulação em bancas, o “Porto & Negócios” agora é apresentado como suplemento semestral impresso e em www.diariodolitoral.com.br/porto

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Diário Do LitoraLterça-feira, 15 de outubro de 2013

www.diariodolitoral.com.br/porto

Como acelerar o crescimento dos portos brasileiros?

MARCO REGULATÓRIO

Concorrência, eficiência e produtividade são palavras de ordem para impulsionar o desenvolvimento portuário no Brasil. Contudo, ainda há dúvidas, entre importantes atores do setor, a respeito de quando e como sentiremos os resultados do novo marco regulatório. Página 2

Entrevista com o ex-diretor comercial e de desenvolvimento

da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), o economista e

consultor, Fabrízio Pierdomênico.

Santos sedia primeiro evento da América do Sul dedicado à tecnologia

e equipamentos portuários, a InfraPortos South America. Evento

mostrará que as empresas estão investindo em novas soluções para

aliar produtividade e eficiência.

EXCLUSIVO > Páginas 4 e 5

EVENTO > Páginas 6 e 7

www.imagensaereas.com.br

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2 Geral terça-feira, 15 de outubro de 2013 www.diariodolitoral.com.br/porto

Diário Do LitoraL

matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores. Opiniões emitidas em artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Departamento comercial: Tel.: (13) 3289-6555 - email: [email protected]

Como fica o setor por-tuário com o novo marco regulatório? A nova Lei dos Portos conseguirá trazer mais concorrência, eficiên-cia e produtividade? A Lei 12.815/2013 tem como desa-fio não só alavancar investi-mentos privados, mas trazer modernidade à infraestrutu-ra portuária e impulsionar a economia no Brasil. Mas quanto tempo de matura-ção será necessário? Como acelerar o crescimento dos portos brasileiros? Como se-rão os impactos no Porto de Santos?

Para o presidente-Execu-tivo da Associação Brasileira de Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec), Sér-gio Salomão, o marco regula-tório é importante uma vez que “colocou o setor portu-ário na agenda do país”. Por outro lado, defende que a nova Lei impôs concorrên-cia desigual entre terminais portuários que movimentam as mesmas cargas. “Somente a médio prazo será possível constatar se a mudança das regras regulatórias produzirá bons resultados”.

O pesquisador da área de infraestrutura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos Campos, enten-de que a nova regulamenta-ção é muito bem vinda, mas também concorda que deverá resolver os problemas mais tardiamente. “Ela diferencia carga própria e carga de ter-ceiros, permitindo a constru-ção de Terminais de Uso Pri-

MARCO REGULATÓRIOComo acelerar o crescimento dos portos?

O economista Antonio Henrique Pinheiro Silveira é o novo Ministro Interino da Secretaria de Portos da Presidência da República, desde o último dia 08. A transmissão de cargo, na sede da SEP (Brasília), con-tou com a presença dos presidentes de Companhia Docas e Portos Delegados. Silveira disse que dará continuidade e reforçará o trabalho do antecessor. “O novo marco regulatório dos portos, aprovado pelo governo federal este ano, é fundamental para o pro-cesso de abertura do setor aos investimentos priva-dos. O nosso papel é pegar as cartas na mesa, corrigir eventuais erros e acelerar os processos”.

Segundo apurou o DL, a primeira visita do novo Ministro da SEP ao Porto de Santos pode aconte-cer já na próxima terça-feira, dia 22. Silveira é convidado a participar da solenidade de abertu-ra da InfraPortos South America, primeira feira e conferência da Améri-ca do Sul sobre tecnolo-gia e equipamentos para portos e terminais, que acontece na cidade.

Novo Ministro em Santos

SEP

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estudio58

ivan ferreiraivan ferreira

Divulgação/seP

>Pedro Brito da aNtaq - O mais importante agora é elevar o nível de competitividade. Esse é o caminho do crescimento e do desenvolvimento

>MatheuS Miller da aBtra - A entidade espera que o novo marco regulatório possa potencializar a economia de escala, imprescindível às tarifas baixas

Érica Amores

>aNtoNio Henrique Pinheiro Silveira assumiu no último dia 8

vativo (TUP), o que é positivo. Como o retorno dos investi-mentos privados demora, em média, seis anos, veremos os resultados apenas no médio prazo. Além disso, novos ter-minais exigirão mais acessos, que demandam investimen-

tos públicos, que são por na-tureza morosos”.

Cais santistaNa opinião do presiden-

te da Associação Brasileira dos Terminais Retroportu-ários e das Empresas Trans-

portadoras de Contêineres (Abttc), Martin Aron, ainda é cedo para se avaliar os im-pactos no Porto de Santos. “Temos uma visão otimista, no sentido de que, no médio prazo, haja efetivamente um aumento da competitivida-de de nossos produtos num mundo globalizado. Todos sabemos que os desafios são muitos, mas precisamos encontrar soluções para os acessos rodo e ferroviário com o aprimoramento das tecnologias de agendamen-to das cargas”.

Segundo o secretário exe-cutivo da Associação Brasilei-ra de Terminais e Recintos Al-fândegados (Abtra), Matheus Miller, “a entidade espera que o novo marco regulatório possa potencializar a econo-mia de escala, imprescindível às tarifas baixas, ao mesmo tempo em que o emprego de novas tecnologias e equipa-mentos e o aperfeiçoamento da mão de obra resultem em crescente melhoria da produ-tividade dos terminais”.

Ainda que os resultados da nova Lei não cheguem no curto prazo, como dito, o diretor-Geral da Agência Na-cional de Transportes Aqua-viários (Antaq), Pedro Brito, lembra que, quanto mais investimento melhor para garantir a entrada de capital e tecnologia. “O Brasil já tra-balha com nível de tecnolo-gia igual a outros portos do mundo. O mais importan-te agora é elevar o nível de competitividade. Esse é o ca-minho do crescimento e do desenvolvimento”, finaliza.

Suplemento “Porto & Negócios” do Jornal Diário do Litoral: A cobertura jornalística dos principais fatos e acontecimentos acerca do maior complexo portuário da América Latina, o Porto de Santos, em espaço editorial privilegiado. Como editoria, estreou em abril de 2013 com a proposta de oferecer um novo formato de noticiário portuário. Após seis meses contínuos de circulação em bancas, o “Porto & Negócios” agora é apresentado como suplemento semestral impresso, em edição especial para a InfraPortos South America, e também no www.diariodolitoral.com.br/porto. Diretor Responsável: Sergio Luiz de Andrade Souza. Editora Responsável: Érica Amores - MTB 34.455. Jornalismo: (Conteúdo Empresarial) Júlia Freire, Samanta Lorena e Alessandro Padin. Fotografia: Ivan Ferreira e Imagens Aéreas (www.imagensareas.com.br). Diagramação: Cassio & Bueno

Ainda há dúvidas, entre importantes atores do setor, a respeito de quando e como sentiremos os resultados do novo marco regulatório.

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www.infraportos.com.br

Feira e Conferência Internacional sobre Tecnologia e Equipamentos para Portos e Terminais

22 - 24 Outubro 2013Das 13h às 20hMendes Convention Center Santos - SP - Brasil

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O MAIOR ENCONTRO DE NEGÓCIOS PARA

PORTOS E TERMINAIS DA AMÉRICA LATINA

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dl - Como está hoje, o Porto de Santos tem um futuro promissor?

Pierdomênico - O Porto de Santos há muito é o maior porto do Brasil e da América do Sul. Por isto, hoje está preparado para usufruir da nova janela de oportunidades que se apresenta.

O país conseguiu atravessar, sem grandes turbu-lências, pelo período mais crítico da crise global de 2008. As condições macroeconômicas são favorá-veis, o mercado interno cresceu, a inflação encon-tra-se em patamares administráveis e vivemos um quase pleno emprego. Nossa geração, que viven-ciou os altos índices de inflação e desemprego dos anos 80 e 90 ainda não havia experimentado algo parecido. Em termos de comércio exterior, já recu-peramos as perdas iniciais. No Porto de Santos, em nenhum momento houve queda de sua movimen-tação geral. Se somarmos a isto às novas oportuni-dades geradas pela exploração do pré-sal, temos um ambiente de demanda bastante favorável no médio e longo prazo.

Por outro lado, o Porto de Santos, nos últimos 15 anos, tem batido recorde atrás de recorde, dobrando sua movimentação de 50 para 100 milhões de tone-ladas. Isto impôs um nível de ocupação da capacida-de incompatível com a competitividade exigida no comércio internacional. Muitas das infraestruturas necessárias para superar este gargalo estão prontas ou em fase de conclusão. E há também os investi-mentos privados, como o da BTP e Embraport. Os entraves regulatórios estão sendo superados com a promulgação da Nova Lei dos Portos, licitações e rearranjos de áreas estão na pauta do dia.

Não há como não prever um futuro promissor para o Porto de Santos e, portanto, um grande espaço de oportunidades.

dl - os gargalos observados ao longo dos últi-mos anos, principalmente acerca dos acessos, é um entrave capaz de atrasar o desenvolvimento do porto nos próximos 10 anos?

Pierdomênico - Do ponto de vista interno do porto, podemos dizer que o equacionamento das necessidades de infraestrutura está bem encami-nhado, ainda que não superado. A dragagem de aprofundamento e a conclusão das perimetrais por si só ampliam a capacidade. Porém, o Porto de Santos carece desde sempre de melhor infra-estrutura de acesso terrestre, ou seja, rodoviário e ferroviário.

A situação destes acessos é crítica. O Rodoanel já registra um tráfego de caminhões muito intenso e o Ferroanel ainda não saiu do papel. Tendo de trans-por a barreira da Serra do Mar, toda a carga, na maior parte rodoviária, carece de melhores condições. São mais de 10 mil caminhões por dia. Por outro lado, a

“Não há como não prever um futuro promissor para o Porto de Santos”

dl - as ferrovias são a solução, pensando no fu-turo?

Pierdomênico - Sequer precisamos pensar no fu-turo. A ferrovia é solução para antes de ontem. Num país das dimensões do Brasil já partimos de um cus-to que é dado pela deficiência e baixa participação do modal ferroviário.

Mais ainda, se conseguirmos unir, como se pla-neja, ferrovia, rodovia, hidrovia e navegação de cabo-tagem, sem dúvida, o Brasil será um dos países mais competitivos em sua pauta de exportações.

No que tange ao impacto sobre o Porto de Santos da efetiva e eficiente utilização do modal ferroviário no país, mais do que permitir um maior acesso de carga ao seu cais por ferrovia será, talvez, eficientizar a movimentação das cargas que têm Santos por cami-nho natural. O Porto de Santos, localizado próximo às áreas mais industrializadas do país, movimenta hoje além das cargas gerais típicas destas áreas, grande volume de granéis como soja, milho, açúcar e suco de laranja originados do centro-oeste, sul de Minas e interior de São Paulo para os quais Santos é a melhor opção logística de escoamento. A maior participação do modal ferroviário sem dúvida torna esta opção ainda mais atrativa. E um bom planejamento local poderá contemplar o aumento da demanda para toda esta diversidade de cargas. Diversidade de carga, aliás, é vocação típica do Porto de Santos

dl - a nova lei dos Portos propõe uma série de mudanças estratégicas em busca da competitivida-de. o senhor acredita que a lei aponta caminhos viáveis do ponto de vista de custo e de prazo?

Pierdomênico - As motivações e o intenso deba-te em torno da aprovação da Lei 12.815/13 não foram muito diferentes daquelas observadas no início dos anos 90, quando da aprovação da Lei 8.630/93. As condições econômicas vigentes à época tornaram rapidamente incompatíveis o modelo estatal e as ne-cessidades exigidas pelo setor. Os gargalos estavam colocados na ordem do dia.

A Lei de Modernização dos Portos, a 8.630/93, abriu o setor à participação da iniciativa privada. Ao descentralizar o setor, promoveu aporte de investi-mentos privados, instalação de novos terminais e mo-dernização dos já existentes. O resultado é que nos 15 anos seguintes a movimentação em Santos dobrou, de 50 para 100 milhões de toneladas.

Por outro lado, nestes mesmos quinze anos a glo-balização se consolidou, o comércio internacional intensificou-se atingindo patamares nunca vistos e, o transporte marítimo sofreu verdadeira revolução. O próprio Canal do Panamá tornou-se um gargalo frente aos resultados desta transformação e hoje está sendo ampliado.

O Brasil, deficitário em planejamento, recursos para infraestrutura e, em gestão pública, amargou a obsolescência do modelo adotado. Falta de segurança

Júlia Freire

4 exclusivo terça-feira, 15 de outubro de 2013

Manoel Fernando F. de souza

entrevista

>FaBrízio Pierdomênico esteve à frente da diretoria comercial da Codesp de 2003 a 2007 e foi secretário da Secretaria Especial de Portos (SEP) nos três anos seguintes

www.diariodolitoral.com.br/porto

Em entrevista exclusiva ao Suplemento Porto & Negócios, o ex-diretor comercial e de desenvolvimento da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), o economista e

consultor, Fabrízio Pierdomênico, traça um panorama do complexo portuário santista para os próximos anos. Enfático, defende o investimento em infraestrutura e ferrovias, e alerta para o

custo das operações portuárias e seu impacto na busca por mais eficiência e competitividade.

alternativa ferroviária, sempre mais eficiente, neste caso, não existem projetos, ações e investimentos que possibilitem desafogar o modal rodoviário. É necessário investimento na duplicação da capaci-dade de transporte ferroviário para o porto e um modelo regulatório que promova competição. O atual modelo faz o frete ferroviário ficar muito pró-ximo do rodoviário. Neste contexto, se a carga tem de chegar ao Porto de Santos para embarque ou sair dele rumo ao interior do país, ela chegará ou sairá. A grande questão que se coloca é: a que custo?

A resposta para esta questão parece continuar sendo a mesma: ao custo cada vez maior da compe-titividade dos nossos produtos. O que atrasa não o desenvolvimento do porto, mas, o desenvolvimento do país.

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“Não há como não prever um futuro promissor para o Porto de Santos”

A ferrovia é solução para antes de ontem. Num país das dimensões do Brasil já partimos de um custo que é dado pela deficiência e baixa participação do Modal Ferroviário.

jurídica e dificuldades na gestão pública, resultaram no represamento de bilhões de reais de investimen-tos privados. Gargalos de infraestrutura voltaram à ordem do dia. Congestionamentos em terra e mar passaram a ser noticiário comum.

A Nova Lei dos Portos, a 12.815/13, centralizou no-vamente a gestão das decisões estratégicas do setor, promoveu ajustes nos termos de regulação, em espe-cial, aqueles relativos aos TUPs e a possibilidade de concessão de portos organizados à iniciativa privada. Tudo isso buscando promover um choque de infraes-trutura capaz de promover maior competitividade ao nosso comércio exterior.

Foi um passo concreto adiante. Em termos de custo e prazo, tudo dependerá da gestão estratégica do setor. Os cronogramas de licitação estão sendo cumpridos. As autoridades parecem estar atentas e promovendo as mudanças e adequações necessárias.

Neste sentido, os caminhos são viáveis e dependem da participação ativa de todos. O modelo pode e deve ser aperfeiçoado. Lembremos que a menos de um ano atrás, licitações sequer estavam na ordem do dia.

dl - as obras de ampliação do Canal do Panamá, previstas para serem concluídas em 2015, podem comprometer o resultado do Porto de Santos?

Pierdomênico - A expansão do Canal do Panamá permitirá a passagem de navios com mais do dobro da capacidade hoje permitida. Considerando que o frete marítimo está diretamente relacionado às eco-nomias de escala, é evidente que de um modo geral a sua expansão terá um considerável impacto sobre custo do transporte, aliás, este é o fator determinante desta expansão, que custará mais de RS 10 bilhões.

Há de se avaliar com mais calma os reflexos des-tas economias de escala sobre os diversos usuários daquele canal. O Brasil em 2011 foi o 13º país em movi-mentação de carga naquele canal, estando a liderança com os EUA, que movimentaram um volume de carga vinte vezes maior que o Brasil.

Dado o volume e o perfil do comércio exterior nor-te americano e a importância daquele canal para liga-ção direta entre Ásia e costa leste dos EUA, sem dúvida haverá fortíssimo impacto na logística do comércio exterior americano.

Obviamente que para o Brasil, com apenas 2% do comércio mundial e, não estando nas grandes rotas deste comércio, tais impactos não serão tão expressi-vos.

A importância da expansão do Panamá para o co-mércio exterior brasileiro depende de uma postura interna, com planejamento dos investimentos em infraestrutura, e não necessariamente devemos espe-rar ou projetar quaisquer reflexos de grande impacto. Um Estudo do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma) indica que, mesmo diante da expansão do Canal do Panamá, a rota mais econômica entre Brasil e portos do Oriente Médio e

5exclusivoterça-feira, 15 de outubro de 2013

Ásia é aquela via Cabo da Boa Esperança, África, desde que os portos brasileiros estejam localizados ao sul de Recife. Ora, temos, portanto, opções.

dl - alguns especialistas defendem a rea-locação da atividade portuária para a margem esquerda (incluindo Barnabé e Bagres). Na sua visão, quais seriam as alternativas do Porto na próxima década?

Pierdomênico - Santos nasceu junto com seu por-to, principalmente no que tange à sua margem direi-ta, e ao longo de séculos conviveu com, e do seu por-to. Não há cidade mais rica e desenvolvida no litoral paulista.

É fato que esta convivência nunca foi fácil. Se hoje o espaço urbano só pode crescer verticalmente, o por-to somente encontra espaços desocupados em sua margem esquerda.Também é fato que há áreas e áreas desta margem direita que suscitam maior conflito e, ainda, nas áreas mais conflitantes existem atividades portuárias sob contratos de arrendamento que so-mente expiram daqui a 25 ou mais anos. Ou seja, não resta dúvida que nos próximos 10 anos veremos ape-nas a continuação destes conflitos, os quais poderão ser um tanto mais um tanto menos amenizados em função das estratégias de gestão pública, tanto urbana como portuária, adotadas pelas autoridades. Até por que Barnabé-Bagres, pela sua dimensão, é um projeto de expansão de longo prazo e não vejo como Santos possa abrir mão de ter o seu Porto.

dl - a questão do modelo público/privado pode ser um agravante para a competitividade do porto?

Pierdomênico - Se entendermos este modelo como o exemplificado pelo modelo Landlord Port adotado em 1993 e ainda vigente sob a Nova Lei dos Portos, antes de ser um agravante, tem sido e, prova-velmente, continuará sendo o motivo de ganhos de competitividade do Porto de Santos.

Desde 1993 a atividade portuária de movimentação de carga, propriamente dita, tem sido realizada sob a égide da iniciativa privada. Hoje temos dois grandes terminais de contêineres iniciando suas atividades e, praticamente, dobrando a capacidade de movimenta-ção de TEUs no porto, graças ao investimento do setor privado.

De outro lado, a nova legislação permite que inves-timentos em Terminal de Uso Privativo ocorram fora da chamado Porto organizado, o que de certa forma, protege o Porto Público de uma eventual concorrên-cia assimétrica.

dl - Se pudesse traçar um cenário a longo pra-zo (daqui 10 ou 20 anos), qual seria o posiciona-mento ideal do complexo portuário santista para o senhor?

Pierdomênico -Não tenho dúvida que o Porto de Santos ainda mantém as características, localização, perfil de demanda, enfim, aptidão para ser um Hub Port na costa leste da América do Sul, em especial para cargas conteinerizadas. Há muito que se caminhar para isso, principalmente em termos de cabotagem.

Também não tenho dúvida que as atividades offshore se desenvolverão rapidamente, em atendi-mento às necessidades do pré-sal.

Creio que o novo marco regulatório e o empenho do governo em promover um choque de infraestru-tura indica um novo perfil de atuação para o Porto de Santos a partir dos próximos 10 a 15 anos. Um porto concentrador, prestador de serviços offshore e indu-tor de atividades retroportuárias, as quais deverão crescer e muito neste mesmo período.

Enfim, o Porto de Santos é e continuará sendo o mais importante do país. Temos uma hinterlândia com vocação de liderança econômica no país. É preci-so repensar o seu crescimento em face da nova legis-lação. A iniciativa privada precisa ser encarada como uma poderosa aliada nessa empreitada.

Manoel Fernando F. de souza

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Érica Amores

Para ajudar o setor a mape-ar melhor as oportunidades de investimento em equipa-mentos e novas tecnologias que proporcionem ganhos de eficiência e produtividade em portos e terminais, acontece em Santos (SP), nos próximos dias 22, 23 e 24 de outubro, a InfraPortos South America - Feira e Conferência Inter-

Santos sedia primeiras feira e conferência da América do Sul dedicadas à infraestrutura portuária

infraPortos South america começa no próximo dia 22

TECNOLOGIA E EQUIPAMENTOS

do evento: www.infraportos.com.br

“A InfraPortos atende uma demanda latente do setor que precisava de um espaço exclu-sivo para analisar as soluções portuárias em prática pelo mundo afora e para discutir as diretrizes desse mercado”, diz Ricardo Barbosa, gerente da feira, organizada pela UBM Brazil e que conta com o apoio da ABTRA, ABTTC, ABTP, SIN-DIPESA e ABIMAQ.

A InfraPortos South Ame-rica acontece de 22 a 24 de ou-tubro, das 13 às 20 horas, no Mendes Convention Center, em Santos. A solenidade de abertura será no dia 22 às 12 horas. Já as Conferências In-fraPortos serão realizadas nos dias 22 e 23, das 9 às 18 horas.

FÓRUM Também em paralelo à In-

fraPortos, representantes dos governos estaduais responsá-veis pelo desenvolvimento do setor se reunirão na 4ª edição do Fórum Nacional de Secretá-rios da Indústria Naval, Portu-ária e Correlatas (IV Fonseinp) realizado pela primeira vez no estado de São Paulo. Cerca de 12 secretários de estado do País e o ministro dos Transportes, Cesar Borges, já confirmaram presença no evento.

“Feira atende uma demanda do setor que precisava de um espaço exclusivo para analisar as soluções portuárias em prática pelo mundo afora”, afirma diz Ricardo Barbosa

nacional sobre Tecnologia e Equipamentos para Portos e Terminais.

Único evento na América do Sul dedicado à tecnologia e equipamentos para as opera-ções portuárias, a InfraPortos reunirá cerca de 60 empresas com soluções de movimenta-ção de cargas, empilhadeiras, terminal tractors, tecnologias de armazenagem e de infra-estrutura portuária e movi-mentação interna, software e sistemas, sistema de moni-toramento, segurança e con-trole, treinamento, além de apoio portuário. A expecativa é receber cera de 3 mil profis-sionais de terminais, portos, EADIs, operadores logísticos e companhias marítimas que buscam soluções para moder-nizar as suas operações.

Simultâneamente à Feira, mais de 40 palestrantes, entre eles autoridades, acadêmicos e executivos do setor, promo-verão nas “Conferências Infra-Portos” debates em cima de temáticas relacionadas à infra-estrutura, construção e inves-timentos, meio ambiente e le-gislação, eficiência portuária, a nova Lei dos Portos, Portos Secos, as novas concessões, se-gurança e automação. As ins-crições para as conferências ainda podem ser feitas no site

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A Toledo do Brasil vai apresentar na InfraPortos soluções para pesagem ro-doviária, ferroviária, car-regamento com pesagem de fluxo e automação. O gerente de marketing e vendas de mercado indus-trial, Edson José Freire, conta que a empresa está acompanhando a evolução do novo marco regulatório do setor portuário junto às companhias de engenharia e operadores dos terminais.

Freire lembra também que “a companhia vem desen-volvendo projetos e solu-ções em pesagem, como a Balança Integradora, que permite o controle do flu-xo interno em movimento e carregamento de navios. Dessa forma é possível cal-cular a média do carrega-mento por hora e a quan-tidade total, além de ser possível ter mais exatidão em velocidades elevadas”, conclui.

O Instituto de Capaci-tação Técnica Profissional - Incatep apresentará ao mercado, durante a Infra-portos South America, os trabalhos que desenvolve nas matrizes de Santos e Guarujá, bem como a re-cém ampliação do centro de treinamento, que conta-rá com simuladores para os setores de offshore e aqua-viários, fabricados pela WSS - empresa do Grupo Incatep - com softwares customi-

zados pela Universidade de Valência e pela empre-sa indiana ARI Simulators. Segundo o presidente, João Gilberto, as empresas ne-cessitam de pessoas treina-das com conteúdos progra-máticos atualizados para o mercado e que atinjam as normas de QSMS (Qualida-de, Segurança, Meio Am-biente e Saúde Ocupacio-nal). Daí a necessidade dos constantes investimentos no Instituto.

toledo do Brasil traz soluções em pesagem

EQUIPAMENTOS

incatep tem novo centro de treinamentos

MãO-dE-ObRA

Divulgação

DivulgaçãoJúlia Freire “Toda a cadeia de forne-

cimento de equipamentos e serviços para operações e in-fraestrutura portuários passa-rá a ser muito exigida, já que poderá contribuir com a capa-citação e aumento de eficiên-cia dos terminais existentes e também daqueles que irão ser construídos”. A frase é do pes-quisador da área de infraestru-tura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos Campos. Os esforços são vistos pelos especialistas como uma segunda fase da nova indústria portuária bra-sileira, após a aprovação da Lei dos Portos (12.815/13). Atentos às mudanças, portos e termi-nais estão investindo em ga-nho contínuo de eficiência.

“O Brasil está ciente da ur-gente necessidade de cresci-mento no setor portuário para acompanhar o desenvolvi-mento das exportações. Com o apoio do governo, a tendência é que a iniciativa privada in-vista mais em modernização e crescimento dos terminais”, destaca o gerente comercial da Kalmar, Alexandre Esse. Expo-sitora da Infraportos South America, na feira a Kalmar - que é especializada em so-luções para aumento de pro-dutividade na gestão de gran-des volumes - apresentará os avanços do novo modelo “Sumo Tractors”. Desenvol-vido para desempenho em aplicações típicas para mo-vimentar reboques pesados, tem capacidade de elevação de até 50 toneladas.

A Oceânica também levará soluções para o evento. O si-mulador virtual, que integra o centro paulista de simulação “Nautilus - Núcleo de Simula-ção Portuária e Náutica”, per-mite a realização de manobras em navios em diferentes situ-ações, a fim de evitar perdas. De acordo com o diretor, Da-niel Cueva, ele auxilia no trei-namento e na tomada de de-cisões relativas à operações com navios. “Realizamos demonstrações de entradas e saídas de navios em diver-sas condições climáticas. Isso garante testes de diversos layouts e manobras”.

Pesquisa - Líder global em implementação de tecnologias avançadas em mercados em

risco, o Smiths Group, através da Smiths Detection, já inves-tiu mais de R$ 1 bilhão em pes-quisa e desenvolvimento nos últimos 10 anos para desenvol-ver e apoiar soluções. “As prin-cipais demandas são equipa-mentos com múltiplas visões dos objetos, permitindo uma maior eficiência e rapidez na identificação de ameaças, além de equipamentos que emitam menor radiação e ocupem me-nos espaço. Nossas soluções de portos, por exemplo, chegam a emitir cinco vezes menos ra-diação que outros equipamen-tos no mercado”, aponta o CEO, Danilo Dias.

Setor de olho nos softwa-res - A Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) estima que o setor de TI vai registre receita de US$ 132 bilhões este ano no Brasil, equivalente a um crescimento de 7,3% em relação a 2012. O

equipamentos e softwares despontam como prioridade

TECNOLOGIA

EFICIêNCIAOs esforços são vistos pelos especialistas como uma segunda fase da nova indústria portuária brasileira, após a aprovação da Lei dos Portos (12.815/13).

>daNilo Dias, CEO da Smiths Detection: Investimos mais de R$ 1 bilhão em pesquisa e desenvolvimento nos últimos 10 anos para desenvolver e apoiar soluções

valor inclui não só as vendas mas também a valorização das empresas.

Também expositora da In-fraportos, a Mainline Systems do Brasil, parceira global da IBM desde 2004, acumula ne-gócios no setor de transporte e portos. “A demanda aumen-tou recentemente porque as empresas estão em busca de competitividade e, por isso, têm investido em soluções de infraestrutura de TI para faci-litar o gerenciamento e redu-zir custos, por exemplo”, cita o gerente de vendas, Ricardo Paprotzki. A Mainline/IBM desenvolve projetos customi-zados, para que o cliente obte-nha os resultados desejados.

Para o professor especialista em tecnologia da Universidade Santa Cecília, de Santos, Aureo Figueiredo, “investir em siste-mas de controle traz benefício operacional, principalmente em segurança. Um bom siste-ma auxilia na otimização de tempo e ainda permite que a empresa mantenha uma rede adequada ao seu volume de negócios”.

Danilo Dias, CEO da Smiths Detection, lembra que a porta-bilidade de imagens, menos ra-diação e visão tridimensional estão são as três principais de-mandas em equipamentos e softwares. Além de scanners, a empresa também irá expor o Surveliance – conjunto de sistemas de vídeo para mo-nitoramento de todo o am-biente portuário, capaz de reduzir o tempo de busca por containeres.

7exclusivoterça-feira, 15 de outubro de 2013www.diariodolitoral.com.br/porto

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COM A EMBRAPORT,O PORTO DE SANTOS CRESCEE A ECONOMIA DO BRASIL AQUECE.

Desde que iniciou suas atividades em julho, a Embraport vem mostrando

que é gigante também na capacidade operacional. Isso porque o Terminal

utiliza tecnologia de vanguarda e equipamentos de última geração para

impulsionar ainda mais as operações portuárias da Região. Uma modernidade

que re�ete diretamente no desempenho do segmento em todo o País. w w w . t e r m i n a l e m b r a p o r t . c o m . b r

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