Português
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A Relíquia foi publicada em 1876. A obra é constituída por 5 capítulos que apresentam vários momentos da vida do protagonista, Teodorico Raposo que relata a história na 1º pessoa.
No prefacio, o protagonista menciona as razoes subjacentes à sua intenção de relatar a sua experiencia de vida.
Os capítulos I e II fornecem informações sobre a infância do protagonista, a sua mudança para a casa da Titi, os estudos em Coimbra, a vida amorosa de Teodorico e a sua viagem ao Egipto e à Terra Santa
O capitulo III abrange cerca de um terço do total da obra. Está inteiramente dedicado ao sonho de Teodorico que reconstrói o episodio Bíblico da Condensação de Cristo.
Os capítulos IV e V relatam o regresso do narrador a Lisboa, a troca da relíquia, a sua expulsão da casa da Titi, o seu casamento, assim como a sua regeneração moral.
O prefacio, em tom heróico, antecipa a crítica à sociedade Portuguesa, ressaltando os defeitos do clero.
Momentos da acção:
Teodorico nasce numa 6ºfeira de paixão;
A sua mãe morreu tinha ele 3 anos de idade.
O seu pai morre tinha ele 7 anos, e é então levado para a casa da tia Patrocínio, em Lisboa.
Com quase 9 anos, ele frequenta o colégio dos Isidoros.
Teodorico vai para Coimbra estudar Teologia, ficando alojado nas Pimentas.
O protagonista regressa a Lisboa mantendo uma relação oculta com Adélia.
Titi decide mandar Teodorico á Terra santa.
Teodorico chega do Egipto acompanhado por Topsius.
Em Alexandra, Teodorico conhece Mari, com o qual mantém uma relação até a sua partida para Jerusalém.
Mari dá a Teodorico uma camisa de rendas á qual junta um bilhete com uma dedicatória com recordação da Paixão vivida.
Teodorico e Topsius chegam à Palestina e instalam-se no Hotel Mediterrâneo.
O protagonista encontra um arbusto com o qual faz coroa de espinhos que levaria como Relíquia para a sua Tia.
No capitulo III, ele assiste a uma espécie de sonho, onde vê a condenação e crucificação de Cristo.
Teodorico regressa a Lisboa e um criado corre atrás dele para lhe entregar um pacote e ele pensando que é a camisa de Mari dá-a a um pobre.
O Protagonista chega a Lisboa onde é recebido com emoção pela Titi por ter pisado os Santos Lugares. Quando se dá a abertura do presente que continha a relíquia para a Titi Teodorico apercebe-se da troca de prendas. A tia recebera a camisa perfumada de Mari.
A titi expulsa Teodorico de casa e para sobreviver ele vende relíquias.
Após a morte da sua tia ele toma conhecimento que ela lhe negaria os seus bens e pobre e revoltado, Teodorico compreende finalmente a inutilidade da hipocrisia. Casa-se com a irmã de um antigo colega de colégio do Isidoros, torna-se pai e compra a quinta “O Mosteiro” ao pobre Negrão, que a herdara da D. Patrocínio
Teodorico Raposo: é o narrador e o protagonista da acção. É criado pela Titi, irmã da sua mãe. Finge partilhar o fanatismo religioso da tia, de modo a puder herdar o seu dinheiro e os seus bens. É um individuo calculista, dissimulado, mentiroso, levando uma vida dissoluta e confundindo amor com prazer sensual. Após estudos, mantêm-se inactivo, entregando-se a uma ociosidade quebrada pelas visitas às igrejas e com relação amorosa que mantêm com Adélia. No final descobrirá a inutilidade da sua hipocrisia.
D. Patrocínio das Neves: Esta personagem é apresentada como um ser pouco agradável. É conservadora, austera e fria. Associa o amor e o sexo ao pecado que condena as almas. É uma beata que conduz a sua existência por um fanatismo religioso sem limites. Esta personagem simboliza a burguesia.
Adélia: é uma rapariga leviana que mantém uma relação com Teodorico. É interesseira e muito vulgar.
Casimiro: é o procurador da Titi e o representante do clero.
Topsius: Colega de viagem de Teodorico à Terra Santa. É um alemão alto e magro, dedicado á pesquisa e ao sabor. É arqueologo e cientista. Homem civilizado, oriundo de um país com um desenvolvimento cultural superior. Vê Portugal como um país decadente, preso ás teias do passado.
Mari: É amante de Teodorico quando este realiza a sua viagem á Terra Santa. Acaba por ser ela a responsável pelo destino final de Teodorico, que ficou deserdado pela Titi.
Trata-se do espaço onde as personagens se movimentam e onde ocorrem os acontecimentos.
Os espaços geográficos mais relevantes são as margens do rio Lima, Lisboa, Coimbra, e a Terra Santa.
A acção decorre em quatro espaços físicos:
I. Margens do rio Lima: Local onde o protagonista vive a sua infância.
II. Lisboa: Cidade onde o narrador vive a partir dos 7 anos com Titi.
III. Coimbra: cidade onde Teodorico estuda direito
IV. Egipto e Terra Santa
Os espaços Sociais aparecem construídos através dos ambientes vividos pelas personagens que tipificam um determinado grupo social, caracterizando-o.
Eça apresenta uma visão pessimista de um Portugal estagnado no tempo, dominado pelo conservadorismo de que a Titi é a principal representante.
A critica de Eça á sociedade Portuguesa é impiedosa e incide nos seguintes aspectos:
I. Conservadorismo hipócrita da burguesia
II. Costumes do clero
III. Provincianismo do povo português
IV. Fanatismo religioso.
O espaço psicológico é constituído pelo conjunto de elementos que traduz a integridade das personagens.
Na obra ele é constituído pelos seguintes elementos :
I. Sonhos
II. Pensamentos e reflexões do protagonista
Tempo Histórico: A acção decorre na segunda metade do século XIX.
Salienta-se as seguintes datas:
* 1853- o pai de Teodorico consegue um bom emprego na Alfandega
*1875- ano em que o narrador realiza a viagem á Terra Santa
Tempo de discurso: O narrador relata acontecimentos através de analepses e prolepses. Há também um tempo presente que corresponde ao tempo em que se desenvolve cronologicamente a narrativa da vida de Teodorico e um tempo passado, associado ao sonho , aquele em que Cristo viveu em Jerusalem. A união desses dois tempos, no final do romance permite a Teodorico encontrar algumas repostas que os Homens têm colocado ao longo dos séculos.
O narrador da acção é um narrador autodiegético, pois é protagonista da acção e relata as suas próprias vivências. Trata-se de um narrador que atingiu uma posição de maturidade( casado, pai, proprietário) e que relata, num tempo posterior, a sua historia de juventude. As marcas linguísticas deste tipo de narrador são o uso da primeira pessoa do singular, os pronomes e os determinantes.
A relíquia é um romance que consegue atingir o seu objectivo principal de criticar a sociedade lisboeta através da sua temática principal que é a Hipocrisia e a Inutilidade. A crença na mentira parece conduzir toda uma sociedade ao declínio, representando nitidamente o estado de decadência da sociedade lusíada da segunda metade do século XIX.
Eça revela mais que falsidade, o sinismo da personagem Teodorico, uma sociedade moralmente desgostada uma vez que estabelece o interesse económico em prol do respeito pela sua beata tia.
I. Critica a decadência moral da sociedade
II. Inutilidade da hipocrisia
III. Censura e desconformidade entre os actos e os ideais.
IV. Hipocrisia Religiosa
V. Culto das aparências
VI. Critica a beatice doentia
VII. Critica a educação sexual transformado em aversão ao sexo
VIII. Critica o abuso da boa fé e da credibilidade
IX. Critica a falta de sinceridade e á ambição desmedida