Português O diálogo na crônica - Blog Lord Gustavo´s … · Leia a frase do anúncio: ... de...
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249PortuguêsO diálogo na crônica Grupo 03 – Economia e consumo
EF7P-08-11Fotos: corEl stock Ph
otos
O diálogo dá veracidade e dinamismo às ações da narrativa.
Olhando as imagens, você vê que os personagens não estão estáticos, parecem falar e movimentar-se.
Se você fosse criar uma história com base em algumas dessas cenas, ela teria vida, realidade e até um diálogo entre os persona-gens.
Quando usamos o diálogo na narrati-va, criamos um efeito de proximidade com a realidade.
Na crônica, que é o relato de um fato do nosso dia-a-dia, o diálogo é um recurso pode-roso para que esse fato nos pareça verdadeiro.
O texto a seguir é uma crônica com diá-logo.
“Chatear” e “encher” Um amigo meu me ensina a diferença entre
“chatear” e “encher”. Chatear é assim: você te-lefona para um escritório qualquer na cidade.
– Alô! Quer me chamar por favor o Val-demar?
– Aqui não tem nenhum Valdemar.Daí a alguns minutos você liga de novo:– O Valdemar, por obséquio.– Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum
Valdemar.
250
Capítulo 05 – o diálogo na crônica
– Mas não é o número tal?– É, mas aqui nunca teve nenhum Val-
demar.Mais cinco minutos, você liga o mesmo
número:– Por favor, o Valdemar já chegou?– Vê se te manca, palhaço. Já não lhe
disse que o diabo desse Valdemar nunca tra-balhou aqui?
– Mas ele mesmo me disse que trabalha-va aí.
– Não chateia.Daí a dez minutos liga de novo.– Escute uma coisa! O Valdemar não dei-
xou pelo menos um recado?O outro desta vez esquece a presença da
datilógrafa e diz coisas impublicáveis.Até aqui é chatear. Para encher, espere
passar mais dez minutos, faça nova ligação:– Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Val-
demar. Alguém telefonou para mim?Paulo Mendes Campos. Para gostar de ler, vol 2. São Paulo: Ed.
Ática, 1978, p. 35.
DiálogoÉ uma conversa entre as personagens de
uma narrativa.Nessa conversa, predomina o discurso
direto.
Exemplo:– Alô! Quer me chamar por favor o Val-
demar?– Aqui não tem nenhum Valdemar.Observe que um personagem conversa di-
retamente com o outro.Nessa conversa, cada fala é introduzida
por um travessão.É possível transformar esses discursos
diretos em indiretos.Discurso indireto é o narrador falando
pela personagem. Para fazer essa transforma-ção, são necessárias algumas mudanças.
Atenção– Alô! Quer me chamar por favor o Valde-mar?Ele disse alô e pediu que lhe chamassem, por favor, o Valdemar!– Aqui não tem nenhum Valdemar.O outro lhe respondeu que ali não tinha nenhum Valdemar.Perceba como os tempos verbais mudaram e como a frase interrogativa perdeu o pon-to de interrogação.Outros exemplos.– Mas não é do número tal?Ele perguntou se não era do número tal.
– É, mas aqui nunca teve nenhum Valde-mar.O outro disse que era, mas ali nunca tivera nenhum Valdemar.
251PortuguêsGrupo 03 – Economia e consumo
EF7P-08-11
Complemento nominal e adjunto adnominal
cElsoPuPo / DrEam
stimE.com
Hoje, no Brasil, o turismo é um grande investimento econômico e o cartaz acima traz um texto em que existem duas situações:
Semana 1) Santa no Rio.Veja que o termo destacado apenas mo-
difica o sentido do substantivo semana, cujo significado é completo. É o adjunto ad-nominal.
Você em conexão 2) com a natureza.Aqui, você percebe que, sem o termo
destacado, o subs tantivo conexão fica in-completo.
O termo em destaque é, portanto, in-dispensável para que esse substantivo te-nha sentido. É o complemento nominal.
Vamos rever esses dois termos e compa-rá-los.
252
Capítulo 05 – o diálogo na crônica
Adjunto adnominalVocê já estudou quais classes de pala-
vras podem exercer a função de adjunto ad-nominal.
Vamos relembrá-las. Artigos, numerais, adjetivos, locuções adjetivas e pronomes po-dem exercer a função de adjunto adnominal.
roDarEna / DrEamstim
E.com
Artigoso = artigo definido que modifica o subs-
tantivo Brasil, dando-lhe a idéia de um país conhecido.
Um país hospitaleiro
um = artigo indefinido que modifica o substantivo país, dando-lhe a idéia de um país qualquer.Adjetivos
Um país hospitaleiro
O adjetivo hospitaleiro atribui ao subs-tantivo país uma qualidade que modifica seu sentido.
Locuções adjetivas
Estátua de Cristo
A locução adjetiva de Cristo modifica o sentido do substantivo estátua, atribuindo-lhe uma qualidade.Numerais
Primeiro lugar em hospitalidade
O numeral ordinal primeiro modifica o sentido do substantivo lugar, dando a idéia da ordem em que ele se apresenta.
253PortuguêsGrupo 03 – Economia e consumo
EF7P-08-11
PronomesQue horror!Quanta violência!
O jornal japonês Mainichi fez o ranking dos criminosos mais trapalhões do país. Entre eles está um ladrão que roubou um saco de arroz e não reparou que estava furado. Resultado: bas-tou a polícia seguir o rastro de grãos caídos no chão para localizar e prender o azarado gatuno. Há também o ladrão que pecou pela educação: depois de assaltar um supermercado, voltou para pedir desculpas. Claro que foi preso.
IstoÉ, janeiro 2003
Indefinidos1) Que = equivale a dizer quanto hor-
ror!Modifica o substantivo horror, dando
a idéia de uma quantidade indefinida de horror (pronome adjetivo indefinido).
Quanta = modifica o substantivo vio-lência, indefinindo-lhe a quantidade (pro-nome adjetivo indefinido).
Demonstrativos2)
BOMPreçoQuem procura
este seloencontra o melhor
e o mais barato.
EDitora coc
O pronome adjetivo demonstrativo este modifica o substantivo selo, dando certeza de qual é.
Interrogativos3)
Que bilhete de embarque é símbolo de status?Que tipo de turismo você prefere?
O pronome adjetivo interrogativo que, nas duas orações, modifica os substantivos bilhete e tipo, introduzindo perguntas dire-tas a respeito dos nomes modificados.
EDitora coc
254
Capítulo 05 – o diálogo na crônica
Possessivos4)
corEl stock Photos
As mulheres conquistaram seu es-paço na economia mundial.
O pronome adjetivo possessivo seu mo-difica o substantivo espaço, dando a idéia de que o espaço é das mulheres.Complemento nominal
Vários planos definanciamento.Pagamento da primeira parcela,só em dezembro.
corEl stock Photos
Veja as expressões retiradas da propa-ganda:
Planos – de finaciamentoPagamento – da primeira parcela só
em dezembroVocê pode perceber que os substantivos
planos e pagamento precisam ser comple-mentados. Além disso, as expressões grifadas são os elementos passivos em relação a esses substantivos: o financiamento é planejado; a primeira parcela é paga.
Portanto, de financiamento e da pri-meira parcela são complementos nominais.
255PortuguêsGrupo 03 – Economia e consumo
EF7P-08-11
Os investidores estão à procura da agroindústria.
A expressão da agroindústria completa o sentido do substantivo procura, que não consegue transmitir uma idéia inteira sozi-nho. Além disso, essa expressão é o elemento passivo em relação à procura (a agroindústria é procurada). Portanto, da agroindústria é complemento nominal.
Com a leitura de livros de auto-aju-da, o mercado editorial cresce.
A expressão de livros completa o senti-do do substantivo leitura, que, sozinho, não significa tudo. Pode-se ver que essa expres-são é necessária e, além disso, representa o elemento passivo em relação a leitura (os li-vros são lidos). Temos, assim, em de livros, um complemento nominal.Diferenças
Complemento nominal e adjunto adnominal
anDrEsr / DrEamstim
E.com
Quando complemento nominal e adjunto adnominal são representados por locuções relacionadas a substantivos, é muito comum que se confunda um com o outro.
Como diferenciá-los?
256
Capítulo 05 – o diálogo na crônica
Leia a frase do anúncio:“Em busca da rainha da economia.”Será que você entenderia a palavra busca 1)
(substantivo) sem a complementação do termo que a acompanha: da rainha da economia?
Essa complementação é indispensável, pois o substantivo busca sempre será busca de alguma coisa.
Além disso, a expressão da rainha é o elemento passivo em relação ao substantivo busca: a rainha é buscada.
Essas considerações lhe darão a certeza de que a expressão da rainha é um comple-mento nominal.
Por outro lado, o substantivo rainha não 2) precisa ser complementado, tem sentido pró-prio. A única função da locução da economia é a de modificá-lo, dar-lhe um sentido dife-rente: não é uma rainha qualquer, é a rainha da economia.
Observe que, agora, o termo grifado é o ativo em relação ao substantivo rainha: Con-sumo é que possui uma rainha.
Esses são aspectos que lhe darão a cer-teza de que a expressão da economia é um adjunto adnominal.
Veja mais alguns exemplos:
1) A porta da casa fechou-se.adj. adnom. (a casa possui porta)
2) A construção da casa demorou.CN (a casa foi construída)
}1) A esposa do réu chorava.
1) O amor dos pais era profundo.
adj. adnom. (o réu possui uma esposa)
adj. adnom. (os pais amam)
2) A defesa do réu deu trabalho ao advogado.
2) O amor aos pais é a nossa força.
CN (o réu foi defendido)
CN (os pais são amados)
}}
(ativo)
(passivo)
(ativo)
(passivo)
(ativo)
(passivo)
(ativo)
(passivo)
1) A porta da casa fechou-se.adj. adnom. (a casa possui porta)
2) A construção da casa demorou.CN (a casa foi construída)
}1) A esposa do réu chorava.
1) O amor dos pais era profundo.
adj. adnom. (o réu possui uma esposa)
adj. adnom. (os pais amam)
2) A defesa do réu deu trabalho ao advogado.
2) O amor aos pais é a nossa força.
CN (o réu foi defendido)
CN (os pais são amados)
}}
(ativo)
(passivo)
(ativo)
(passivo)
(ativo)
(passivo)
(ativo)
(passivo)
Vozes verbais
Um menino olha o fotógrafo.
Observe a foto.Um menino 1) olha o fotógrafo.Dá para perceber claramente que o ver-
bo indica uma ação que o sujeito menino faz. Sempre que o sujeito de uma oração age, faz a ação expressa pelo verbo, este está na voz ativa.
corEl stock Photos
257PortuguêsGrupo 03 – Economia e consumo
EF7P-08-11
O fotógrafo é 2) olhado pelo menino.Agora, o sujeito é o fotógrafo e ele recebe
a ação verbal. Não é o fotógrafo que olha, ele é olhado. Nesse caso, temos o verbo na voz passiva.
O menino 3) vê-se sozinho.Nessa oração, você pode entender que o
sujeito menino age e recebe a ação verbal, ao mesmo tempo, pois ele vê a si mesmo. É o verbo na voz reflexiva.
Vamos ver mais alguns exemplos dessas vozes verbais.Voz ativa
Os governos devem reduzir o abismo en-a) tre ricos e pobres.governos = sujeito agenteA guerra deixa muitas crianças órfãs.b) guerra = sujeito agenteUma foto enfeita a parede.c) foto = sujeito agenteUm rádio informa os ouvintes.d) rádio = sujeito agente
Voz passivaO abismo entre ricos e pobres deve ser a) reduzido pelos governantes.abismo = sujeito pacienteMuitas crianças são deixadas órfãs pela b) guerra.crianças = sujeito pacienteA parede é enfeitada por uma foto.c) parede = sujeito pacienteOs ouvintes são informados por um rádio.d) ouvintes = sujeito paciente
Voz reflexivaMuitos pobres não se alimentam.a) pobres = sujeito agente e pacienteO garoto não quer levantar-se.b) garoto = sujeito agente e pacienteNós nos entristecemos diante de um qua-c) dro como esse.nós = sujeito agente e pacienteO garoto sujou-se na poeira do chão.d) garoto = sujeito agente e paciente
258
Capítulo 05 – o diálogo na crônica
Voz passiva analítica
corEl stock Photos
Da figura, você pode formar as seguintes orações:Cores e frutas cercam o ambiente.1) Caixotes sustentam a mercadoria.2) Os sujeitos dessas orações fazem ou recebem a ação expressa pelos verbos?Na oração 1: cores e frutas fazem a ação de cercar o ambiente.Na oração 2: Caixotes fazem a ação de sustentar a mercadoria.Conclui-se, então, que, nas duas orações, o verbo está na voz ativa.E se você quiser colocar o verbo dessas duas orações na voz passiva, siga as instruções
seguintes:
a) Transforme o objeto direto da voz ativa em sujeito da voz passiva → terá, então, um sujeito paciente (o que sofre a ação verbal);b) use o verbo auxiliar ser (mais comum na fala diária) seguido do particípio do verbo principal;c) transforme o sujeito da voz ativa em agente da passiva (o que faz a ação recebida pelo sujeito).
259PortuguêsGrupo 03 – Economia e consumo
EF7P-08-11
Assim você terá:
Cores e frutas cercam o ambiente
O ambiente é cercado por cores e frutas
VTDSujeito agente
Suj. paciente
V. auxiliar + particípio do v. principal
Voz passiva analítica
Agente da passiva
Voz ativa
Obj. direto
1)
Caixotes sustentam a mercadoria
A mercadoria é sustentada por caixotes
VTDSujeitoagente
Suj. paciente
V. auxiliar + particípio do v. principal
Voz passiva analítica
Agenteda passiva
Voz ativa
Obj. direto
2)
Sempre que você fizer uma voz passiva seguindo esses critérios usados nos dois exem-plos, você terá uma voz passiva analítica.
É analítica porque contém todos os ele-mentos próprios de uma voz passiva completa:
sujeito paciente –verbo auxiliar (usualmente o – ser)verbo principal no particípio –agente da passiva se estiver explícito –
na voz passiva.Outros exemplos:• Flores enfeitavam a varanda.a) ↓• A varanda era enfeitada por flores.
• O cavalo deu um relincho.b) ↓• Um relincho foi dado pelo cavalo.
• Um lago refresca o ambiente.c) ↓• O ambiente é refrescado por um lago.
• Alguém colocou flores no vaso.d) ↓• Flores foram colocadas por alguém no
vaso.
Conclusão
Voz ativa Voz passiva analítica
1) Objeto direto → sujeito paciente
2) Verbo principal →v. auxiliar + particípio do verbo principal
3) Sujeito agente → agente da passiva