PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU · Ao meu marido, que soube aceitar minhas ausências, E a todos que me...

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS A RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL Por: Renata Oliveira Amaral Orientador Prof.ª Ana Paula Alves Ribeiro Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

A RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL

Por: Renata Oliveira Amaral

Orientador

Prof.ª Ana Paula Alves Ribeiro

Rio de Janeiro

2009

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do título de pós-

graduação em Gestão de Recursos Humanos.

Por: Renata Oliveira Amaral

3

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me permitido

chegar até aqui,

Aos meus pais, que sempre me

incentivaram a continuar,

Ao meu marido, que soube

aceitar minhas ausências,

E a todos que me ajudaram a

conquistar mais esta vitória.

4

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, ao meu marido, a

minha irmã, a minha querida afilhada

Manuela, aos meus avós, parentes e

amigos.

5

RESUMO

A responsabilidade social é um conceito, segundo o qual, as empresas

decidem, numa base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e

para um ambiente mais limpo. Com base nesse pressuposto, a gestão das

empresas não pode, e/ou não deve, ser norteada apenas para o cumprimento

de interesses dos proprietários das mesmas, mas também pelos de outros

detentores de interesses como, por exemplo, os trabalhadores, as

comunidades locais, os clientes, os fornecedores, as autoridades públicas, os

concorrentes e a sociedade em geral.

Situa-se o conceito de responsabilidade social a dois níveis: nível

interno: relaciona-se com os trabalhadores e, mais genericamente, a todas as

partes interessadas afetadas pela empresa e que, por seu turno, podem

influenciar os seus resultados. Nível externo: tem em conta as conseqüências

das ações de uma organização sobre os seus componentes externos,

nomeadamente, o ambiente, os seus parceiros de negócio e meio envolvente.

São diversos os fatores que deram origem à necessidade de se

observar uma responsabilidade acrescida das organizações. Num contexto da

globalização e de mutação industrial em larga escala, emergiram novas

preocupações e expectativas dos cidadãos, dos consumidores, das

autoridades públicas e dos investidores. Os indivíduos e as instituições, como

consumidores e/ou como investidores, adaptam, progressivamente critérios

sociais nas suas decisões (ex.: os consumidores recorrem aos rótulos sociais

e ecológicos para tomarem decisões de compra de produtos). Os danos

causados ao ambiente pelas atividades econômicas, (ex.: marés negras,

fugas radioativas) tem gerado preocupações crescentes entre os cidadãos e

diversas entidades coletivas, pressionando as empresas para a observância

de requisitos ambientais e exigindo à entidades reguladoras, legislativas e

governamentais a produção de quadros legais apropriados e a vigilância da

sua aplicação. Os meios de comunicação social e as modernas tecnologias

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da informação e da comunicação têm sujeitado a atividade empresarial e

econômica a uma maior transparência. Daqui tem resultado um conhecimento

mais rápido e mais profundo das ações empresariais – tanto as socialmente

irresponsáveis como as que representam bons exemplos (e que, por isso, são

passíveis de imitação) – com conseqüências notáveis na reputação e na

imagem das empresas.

7

METODOLOGIA

A metodologia a ser utilizada para a elaboração deste trabalho

será a pesquisa em livros, internet, leitura de artigos em revistas e

observação no campo de trabalho.

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7 CAPÍTULO I Responsabilidade Social 8 CAPÍTULO II O papel do RH nos programas de Responsabilidade Social 17 CAPÍTULO III Balanço Social: Uma necessidade do mundo moderno 26 CONCLUSÃO 33 BIBLIOGRAFIA 34 ÍNDICE 35

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INTRODUÇÃO

Responsabilidade Social – o novo negócio dos negócios se apresenta

como um tema cada vez mais importante no comportamento das

organizações, exercendo impactos nos objetivos, estratégias e no próprio

significado da empresa.

É um assunto que nos faz crer na importância que temos um para com

o outro indivíduo, independente de sua religião, origem, cultura e classe

social. Também se torna um assunto importante devido sua contribuição para

a imagem da empresa que passa a adotar posturas éticas e compromissos

sociais com a comunidade, podendo ser um diferencial competitivo e um

indicador de rentabilidade e sustentabilidade em longo prazo. Com isso a

idéia é que os consumidores passem a valorizar comportamentos neste

sentido e a preferir produtos de empresas identificadas éticas e solidárias.

O crescente nível de informação e conscientização da sociedade está

produzindo alteração na gestão das empresas e impelindo-as a assumirem

novos compromissos que vão além daqueles definidos pela ordem econômica

centrada no mercado, onde a minimização de custos e a primazia do lucro

são objetivos únicos.

Por outro lado, a cidadania empresarial lidera e apóia objetivos de

interesse social, da comunidade que habita o seu interior, especificamente

sócios, dirigentes e colaboradores, e da comunidade do seu ambiente

externo. Suas atitudes se originam com o planejamento, com a determinação

de estratégias e com as condutas e valores da administração para a

consecução dos objetivos empresariais predefinidos. Assim, questões éticas e

de responsabilidade social se entrelaçam; umas não podem ser concebidas

sem a existência das outras, havendo mesmo uma relação de

interdependência.

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Capítulo I - Responsabilidade Social

Com a evolução dos anos vemos os papéis do indivíduo, do Estado, da

Igreja e das empresas assumirem sua função social. Em vários momentos,

principalmente o Estado e a Igreja tomam para si a responsabilidade para

com a sociedade e os indivíduos, muito mais como significado de poder do

que efetivamente preocupação social.

A própria sociedade passou a cobrar uma nova postura ética das

empresas, as quais passaram a prestar contas de suas ações justificando seu

objetivo social, procurando resgatar sua imagem junto aos consumidores e

acionistas.

Na atual conjuntura mundial observamos que as empresas, cada vez

mais, estão voltando-se para o desenvolvimento de algumas atividades de

cunho social, demonstrando-se preocupadas com os problemas sociais, a

comunidade e o seu público interno. Neste novo momento do mercado, as

pessoas se questionam, por que de repente as empresas ficaram tão cheias

de boas intenções, já que é sabido que o objetivo é e sempre será gerar

lucros.

Ocorre que o interesse das empresas pelas causas sociais tornou-se

um diferencial aos olhos do consumidor, bem como as empresas estão se

conscientizando que sua participação na comunidade será um fator para o

sucesso.

Apesar de parecer um assunto novo no cenário empresarial, a

responsabilidade social vem sendo praticada há vários anos nos países mais

desenvolvidos como os Estados Unidos da América e países europeus.

Atualmente, apesar de ser incipiente, está ganhando a adesão de muitos

empresários no Brasil. As empresas buscam vincular sua imagem à noção de

11

responsabilidade social porque esse elemento será um fator determinante de

sucesso mercadológico.

A relação entre a responsabilidade social e a lucratividade não é fácil

estabelecer por que: é difícil definir os atos de responsabilidade social e é

praticamente impossível medir o resultado da resposta à responsabilidade

social. Por exemplo, a administração estará sendo socialmente responsável

ao trocar uma máquina perigosa por outra mais nova e segura, ou esse ato

também vai aumentar a produtividade e lucros e reduzir as taxas? A

economia por menos acidentes (custos de tratamentos e tempo perdido por

empregados horistas) pode justificar o maior custo da máquina, tornando fácil

à escolha da “responsabilidade social”.

Se pudéssemos medir claramente os benefícios e o custo de um

programa social em termos financeiros bem definidos, a decisão dos

administradores ficaria mais fácil: se o benefício total for maior que o custo

total, prossiga-se com o programa; em caso contrário, o programa deve ser

modificado. Infelizmente, não há pesquisa confiável que responda a essa

questão. Porém, há provas de que os atos responsáveis justificam seu custo

financeiro. Boa prática empresarial, responsabilidade social e lucratividade

não são compatíveis.

1.1 A ética empresarial

Observamos que sempre que falamos de Responsabilidade Social nos

deparamos com a palavra ética. O termo ética, proveniente do vocábulo grego

ethos significa costume, maneira habitual de agir, índole. Sentido semelhante

é atribuído à expressão latina mos moris, da qual deriva a palavra moral.

A ética é a parte da filosofia que estuda a moralidade dos atos

humanos como sendo livres e ordenados a seu fim último. A ética foi definida

12

como indagação sobre a natureza, fundamentada na moralidade. É também

entendida como juízos morais, padrões e regras de conduta humana, com

ênfase na determinação do que é certo e do que é errado.

E partindo do pressuposto de que a ética também se ocupa do

pensamento, de fatos ou atos humanos, que sugere liberdade de escolher

entre fazer o bem e o mal, remete-nos a seguir normas e ter

responsabilidades, podemos dizer que as empresas que praticam

responsabilidade social assumem uma postura ética na medida em que fazem

uma escolha consciente de colaborar para o desenvolvimento da comunidade

e solução dos problemas sociais.

Sendo assim, podemos afirmar que responsabilidade social e ética

empresarial são equivalentes. Podemos definir que a empresa que pratica

responsabilidade social é aquela que responde à situação social na qual esta

inserida, consciente que está no seu papel de agente da sociedade.

A base da responsabilidade social é a ética, pois é através dela que se

expressa o princípio e valor adotado pela organização. Não há

Responsabilidade Social sem ética nos negócios. Não adianta uma empresa,

por um lado pagar mal seus funcionários, corromper a área de compras de

seus clientes, pagar propinas e fiscais do governo e, por outro, desenvolver

programas junto a entidades sociais da comunidade. Essa postura não condiz

com uma empresa que quer trilhar um caminho de Responsabilidade Social.

É importante seguir uma linha de coerência entre ação e discurso.

Entende-se que se uma empresa for ética, seus funcionários ficarão

felizes em dar mais resultado em termos de trabalho e companheirismo por

ela, os fornecedores se transformarão em parceiros estratégicos, os

consumidores darão preferência a seus produtos e serviços e a comunidade

que abriga será mais compreensiva diante de eventuais deslizes.

Ética tem a ver com sustentar compromissos, não trair a confiança dos

demais e ser construída coletivamente.

13

1.2 Os atores da Responsabilidade Social

A importância da incorporação da dimensão social na forma de gerir as

empresas está sendo bastante difundida no contexto moderno, e a gestão

empresarial que tenha como referência apenas os interesses dos seus sócios

e acionistas (stakeholders) revela-se insuficiente no contexto.

A responsabilidade social de uma empresa deve também considerar

todas as relações e práticas existentes entre as chamadas partes

interessadas ligadas à organização (stakeholders) e o ambiente as quais

pertence.

As partes interessadas (ou stakeholders) são qualquer grupo dentro ou

fora da organização que tem interesse no desempenho da organização. Cada

parte interessada tem um critério diferente de reação porque tem interesse

diferente na organização.

As relações construídas com o público interno (empregados e

dependentes) e externo (fornecedores, clientes, opinião pública, governo,

sociedade, etc.) de forma a satisfazer as suas necessidades e interesses,

gerando valor para todos, asseguraram a sustentabilidade em longo prazo

dos negócios, por estarem sincronizados com as novas dinâmicas que afetam

a sociedade e o mundo empresarial. Este envolvimento da organização na

prática da responsabilidade social gera sinergias, precisamente com os

públicos dos quais a empresa depende, fortalecendo o seu desempenho

global.

Segundo este raciocínio, a responsabilidade social da empresa está

estritamente ligada ao tipo de relacionamento desta com os seus

interlocutores. A natureza desta relação vai depender muito das políticas,

valores, cultura e sobretudo da visão estratégica que prevalecem no centro da

organização e no atendimento a essas expectativas.

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Assim sendo, um sistema de avaliação do estágio em que se

encontram as práticas da responsabilidade social nas empresas e o grau de

comprometimento destas com as ações sócias deve levar em conta os efeitos

de suas ações sobre todas as partes interessadas. Como forma de explorar

esta análise segue algumas das responsabilidades sociais que uma gestão

empresarial deve considerar nas relações com as chamadas partes

interessadas (stakeholders).

Acionistas

A gestão tem, perante os acionistas, a responsabilidade de utilizar os

recursos do negócio comprometendo-se com atividades desenvolvidas para

aumentar os lucros, dentro das restrições legais impostas pela sociedade,

além de revelar, totalmente e com a exatidão, a utilização dos recursos da

empresa e os resultados dessa utilização. A lei garante aos acionistas o

direito À informação de natureza financeira e estabelece mínimos para a sua

divulgação pública. O direito fundamental de um acionista não é apenas ter

garantido um lucro, mas também a informação que possa suportar uma

decisão de investimento prudente. A última ação que um acionista pode

empreender é vender as ações e deixar de ter participação como proprietário.

Entre os argumentos a favor da responsabilidade social corporativa, na

linha instrumental, afirma-se que existe uma relação positiva entre o

comportamento socialmente responsável e a performance econômica da

empresa. Desta forma, atuar de maneira responsável repercutiria em

vantagem competitiva para a organização. A vantagem financeira para a

empresa poderia ser explicada pelo fato de que com uma atuação

socialmente responsável, ela estaria agindo proativamente e, desta forma,

teria uma maior consciência, sobre as questões sócio-culturais e ambientais

dos seus mercados de abrangência, seria capaz de diferenciar seus produtos

em relação aos concorrentes menos responsáveis socialmente e poderia

antecipar e evitar ações governamentais restritivas a suas atividades.

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Empregados

A gestão pode limitar-se a assumir o mínimo de responsabilidades para

com os empregados, respeitando apenas as obrigações legais relativas à

relação empregado / empregador.

Estas leis abordam questões relativas a condições físicas de trabalho

(particularmente, as questões de segurança e saúde) fixação de salários e

tempos de trabalho, sindicatos e sindicalização, e outras análogas. O objetivo

destas leis é induzir a gestão e criar locais de trabalho seguros e produtivos,

nos quais os direitos civis básicos dos empregados não sejam postos em

causa. Para além destas responsabilidades, a prática empresarial moderna

de benefícios complementares, fundos de reforma, seguros de saúde, de

hospitalização e contra acidentes, aumentou o ramo das atividades

socialmente obrigatórias.

Uma empresa socialmente responsável deve ir além do simples

cumprimento das leis trabalhistas, procurando alinhar os seus objetivos

estratégicos aos interesses dos seus funcionários. Desta forma, deve-se

investir no desenvolvimento pessoal e individual de seus empregados, na

melhoria das condições de trabalho, no relacionamento interno e no incentivo

a participação dos empregados nas atividades da empresa, respeitando a

cultura, as crenças, a religião e os valores de cada um.

O incentivo do envolvimento dos empregados na solução de problemas

da empresa, vem sendo chamado de gestão participativa, apresenta uma

série de vantagens para esta, pois aumenta o interesse dos funcionários

pelos processos empresariais , facilita a integração dos objetivos dos

empregados com os da empresa e favorece o desenvolvimento profissional e

individual.

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Fornecedores

A seleção dos fornecedores já não deve se processar exclusivamente

através da apresentação de propostas competitivas. Além de respeitar os

contratos, as relações com parceiros de alianças ou de empresas comuns e

flanqueados são igualmente importantes. Em longo prazo, a consolidação

dessas relações poderá resultar em expectativas, preços e termos equitativos,

a par de uma entrega confiável e de qualidade.

As empresas socialmente responsáveis devem também tomar

consciência do papel que efetuam sobre toda a cadeia de fornecedores,

atuando no desenvolvimento dos elos mais fracos e na valorização da livre

concorrência, devendo evitar, desta forma, a imposição de arbitrariedades

comerciais nas situações onde exista profundo desequilíbrio de poder

econômico/político entre empresa-cliente e fornecedores, particularmente nos

casos de micro, pequeno e médio porte.

Clientes

A questão da responsabilidade social perante os clientes está

relativamente bem definida num aspecto (por exemplo, nas expectativas

gerais quanto à relação qualidade-preço).

Na perspectiva dos clientes, as empresas socialmente responsáveis

devem investir permanentemente no desenvolvimento mecanismos de

melhoria de confiabilidade, eficiência, segurança e disponibilidade dos seus

produtos e serviços, minimizando os possíveis riscos e danos à saúde que

estes produtos ou serviços possam causar aos seus consumidores e à

sociedade em geral. Informações detalhadas devem estar incluídas nas

embalagens e deve ser assegurado suporte para os clientes antes, durante e

após o consumo. A qualidade do serviço de atendimento a clientes (SAC ou

outra forma de atendimento) é referência importante neste aspecto.

17

A publicidade das empresas, por exercer uma grande influência no

comportamento da sociedade, deve ser feita de forma educativa, garantindo o

uso dos produtos e serviços da empresa da maneira certa e informando

corretamente os seus riscos potenciais. As ações de publicidade também não

devem criar expectativas que extrapolem o que está realmente sendo

oferecido, e não deve procurar desconforto ou constrangimento a quem for

recebê-la.

Comunidade

Assim como a comunidade na qual as empresas estão inseridas

oferecem recursos para as empresas, como os empregados, parceiros e

fornecedores, que tornam possível a execução das suas atividades

corporativas, o investimento na comunidade, através da participação em

projetos sociais promovidos por organizações comunitárias e ONGs, além de

uma retribuição, é uma própria maneira de melhorar o desenvolvimento

interno e externo.

Muitas empresas empenham-se em causas das comunidades locais:

apoio de ações de promoção ambiental, o recrutamento de pessoas vítimas

de exclusão social, parcerias com comunidades, donativos para ações de

caridade e etc. A empresa pode fazer o aporte de recursos direcionado para a

resolução de problemas sociais específicos para os quais se voltam entidades

comunitárias e ONGs ou pode também desenvolver projetos próprios,

mobilizando suas competências para o fortalecimento da ação social e

envolvendo seus funcionários e parceiros na execução e apoio a projetos

sociais da comunidade.

Governo e Sociedade

A empresa deve relacionar-se de forma ética e responsável com os

poderes públicos, cumprindo as leis e mantendo interações dinâmicas com

seus representantes, visando a constante melhoria das condições sociais e

políticas do país. O comportamento ético pressupõe que as relações entre a

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empresa e governos sejam transparentes para a sociedade, acionistas,

empregados, clientes, fornecedores e distribuidores. Cabe à empresa manter

uma atuação política coerente com seus princípios éticos e que evidencie seu

alinhamento com os interesses da sociedade.

A Empresa socialmente responsável poderá assumir um compromisso

formal de eliminar os vestígios de discriminação histórica (como no caso de

minorias e grupos étnicos, mulheres, deficientes, idosos, etc.) e de criar um

novo ambiente de igualdade de acesso às oportunidades de emprego e à

evolução econômica.

19

CAPÍTULO II - O papel do RH nos programas de

Responsabilidade Social

As empresas estão começando a se movimentar no sentido de realizar

ações socialmente responsáveis e demonstrar a sociedade os seus

resultados. Estas podem representar um diferencial competitivo, fortalecendo

a imagem da organização e sendo um dos elementos de análise utilizados por

agentes financiadores, investidores nacionais e internacionais. Diante deste

contexto, percebe-se que o desenvolvimento da responsabilidade social

compreende um conjunto de ações voltadas para o público interno e externo

da organização. Assim sendo, o presente estudo propõe verificar qual é o

papel dos gestores de recursos humanos na construção da empresa

socialmente responsável.

As organizações ainda estão construindo, de forma incipiente na

maioria dos casos, seus modelos de gestão de responsabilidade social.

Parece que muitas das ações relacionadas a este tema estão sob a

responsabilidade dos gestores de recursos humanos. Isso ocorre na medida

em que uma das condições essenciais para o desenvolvimento da cidadania

empresarial é a qualidade de vida, a empregabilidade e os benefícios

concedidos aos trabalhadores. Quanto às ações externas, cabe ao gestor

formular e acompanhar programas de voluntariado, buscando a participação

do corpo funcional da organização.

Diante deste contexto é relevante investigar qual a percepção do gestor

de RH sobre o tema responsabilidade social. Será que ele está relacionando

suas ações no que tange à qualidade de vida dos funcionários, bem como o

desenvolvimento de cada indivíduo da organização ao comportamento

socialmente responsável? Indo um pouco além, será que os gestores estão

realmente envolvidos com asa ações internas e externas de responsabilidade

20

social? Estas ações estão sendo efetivamente, consideradas estratégicas

para a organização e para a gestão de RH?

Para criar valor e obter resultados, os profissionais de RH precisam

começar não pelo foco nas atividades, nas pela definição das metas, as quais

garantem os resultados de seu trabalho. Com as metas definidas, podem-se

estimular os papéis dos gestores de RH. Os profissionais precisam aprender a

ser ao mesmo tempo estratégicos e operacionais, concentrando-se no longo e

no curto prazo. As atividades se estendem na administração de processos

(ferramentas e sistemas de RH) à administração de pessoal. Esses dois eixos

delineiam quatro papéis principais de RH: administração de estratégias de

RH; administração da infra-estrutura da empresa; administração da

transformação e da mudança.

Quadro I: Definição dos papéis de RH

Papel/Função Resultado Metáfora Atividade

Administração de

Estratégias de RH

Execução da

Estratégia

Parceiro

Estratégico

Ajuste das

estratégias

empresarial:

“Diagnóstico

Organizacional”

Administração da

Infra-estrutura da

Empresa

Construção de uma

infra-estrutura

eficiente

Especialista

administrativo

Reengenharia dos

processos de

organização:

“Serviços em

comum”

Administração da

Contribuição dos

Funcionários

Aumento do

envolvimento e

capacidade dos

funcionários

Defensor dos

funcionários

Ouvir e responder

aos funcionários:

“Prover recursos aos

funcionários”

Administração da

Transformação e

da Mudança

Criação de uma

organização

renovada

Agente de

Mudança

Gerir a

transformação e a

mudança: “Assegurar

capacidade para

mudança”

21

Fonte: Ourice, 2000, pag.41

BARTLETT & GHOSHAL (2000) salientam que os gestores devem

trabalhar o propósito da organização. Isso significa criar uma organização

com a qual os seus integrantes podem se identificar, na qual compartilham

um sentimento de orgulho e com a qual seus integrantes podem se identificar,

na qual compartilham um sentimento de orgulho e com a qual estão dispostos

a se comprometer. Neste sentido, amplia-se a atuação do gestor de RH que

deve atuar no sentido de capturar a atenção e o interesse dos funcionários,

envolver a organização, construir valores essenciais e transmitir a mensagem

comprometendo as pessoas com os objetivos organizacionais. No entanto,

deve-se considerar que este é um caminho de mão dupla, na qual os gestores

devem reconhecer a contribuição dos funcionários e os tratar como ativos

valiosos. Isto pode ser realizado através do reconhecimento das realizações

pessoais, do comprometimento com o desenvolvimento dos funcionários e

incentivando as iniciativas individuais.

Os mesmos autores complementam que existe uma diferença

fundamental entre os gestores que se vêem como projetistas da estratégia

corporativa dos que definem de forma mais ampla suas tarefas como a de

formar o propósito institucional.Os elaboradores de estratégias vêem as

empresa que lideram como entidades maximizadoras de lucros, com um

papel estreitamente definitivo em um grande e complexo ambiente social.

Dentro desta concepção, empresas são simplesmente agentes de troca

econômica em um mercado mais abrangente. São dependentes de seus

acionistas, clientes, funcionários e comunidades, e o propósito da estratégia é

gerenciar essas dependências freqüentemente conflitantes, para delas obter o

benefício máximo para a empresa.

BARTLETT & GHOSHAL (2000) explicam que a empresa é composta

de seres humanos integrados numa unidade maior, a sociedade. E tantos os

objetivos pessoais de seus membros quanto os objetivos maiores da

coletividade vão além dos objetivos particulares da empresa que jamais pode

sobrepor estes àqueles. Estas percepções sobre a inserção da empresa na

sociedade e de suas responsabilidades em relação às dimensões descritas

22

anteriormente são a base dos conceitos apresentados sobre responsabilidade

social empresarial.

2.1 As etapas de formação de um programa de

Responsabilidade Social

Segundo o Instituto Editos, (2006) para iniciar a responsabilidade social

na empresa é necessário primeiro criar uma declaração de missão ou visão,

ou seja, identificará sucintamente as metas e aspirações da empresa. Assim,

deixará transparecer os valores e a cultura da empresa e as estratégias

utilizadas para alcançar suas metas. A declaração de visão ou missão da

empresa socialmente responsável freqüentemente vai além do propósito de

“lucrar” ou ser “melhor”, e especifica que a empresa procurará agregar valor a

todos os envolvidos no ambiente empresarial: acionista-proprietários,

funcionários, clientes, fornecedores, comunidades, e o próprio meio ambiente.

Ao criar uma declaração, ou mesmo um esboço inicial, é importante

compartilhar inicialmente com um pequeno círculo de funcionários, clientes,

investidores, fornecedores de serviços e outros, de forma que possa sentir

uma primeira reação. Em um segundo momento, é interessante redigir

novamente uma declaração de maneira mais apropriada e fazer uma

distribuição ampla, entre os funcionários e outros parceiros. Esta declaração

pode ser somente um pedaço de papel, a menos que você faça algo para lhe

dar a vida. É proveitoso também trabalhar com os funcionários para que,

sistematicamente, façam um elo entre a declaração de visão e suas tarefas

diárias. Deve-se considerar como a visão se ajusta às descrições de trabalho

de sua empresa, às práticas de contratação, ao desenvolvimento de produtos,

programas de treinamento e a outros aspectos de seu negócio. Caso não

forem compatíveis com a visão, devem-se considerar quais seriam as

mudanças necessárias a serem feitas com relação à política e programas

empresariais e/ou produtos.

23

Na medida em que a empresa for se transformando, talvez seja

necessário revisar a declaração, de maneira que ela sempre acompanhe suas

metas e é primordial considerar uma avaliação anual da declaração, da

mesma forma que consideramos a avaliação do desempenho individual dos

funcionários, e verificar se ela ainda corresponde aos valores que direcionam

a sua empresa.

Um conjunto de valores éticos é uma importante ferramenta para que

gerentes e empregados tomem decisões empresariais condizentes com as

metas e convicções de sua companhia. Quando bem alinhavada e

implementada, uma declaração de valores éticos especifica a forma pela qual

sua empresa administrará os negócios. Como tal, ela será utilizada por

gerentes e funcionários como um valioso indicador, especialmente no

momento de tomar decisões importantes ou difíceis. Uma declaração de

valores éticos pode ajudar sua empresa a desenvolver relações sólidas com

fornecedores, clientes e outros parceiros: a reduzir o número de processos

legais e de contingências, a negociar conflitos de interesse e a assegurar o

cumprimento das leis.

Podemos também usar valores éticos para solucionar dilemas

referindo-se à lista de valores éticos ao solucionar conflitos, sejam eles entre

funcionários, ou com clientes, fornecedores, ou outros parceiros, certificando-

se de que as soluções consideradas são compatíveis com os valores com os

quais a declaração ética está comprometida.

E para educar os funcionários sobre ética poderemos convidar

palestrantes ou consultores, ou realizar discussões e debates informais em

pequenos grupos para tratar de questões éticas que fazem parte dos

negócios. Um programa formal de treinamento ético poderá ocorrer em um

estágio mais avançado. Em ambos os casos, o sucesso está na revisão dos

valores éticos da empresa, periodicamente, de forma que os mesmos sejam

sempre transparentes aos funcionários enfatizando o compromisso da

empresa com esses princípios. Mas para isso é necessário criar um ambiente

24

de trabalho onde questões possam ser discutidas, estando sempre aberto e

atuando em conformidade com os valores da empresa.

É importante explicar de que forma as decisões tomadas na empresa

são condizentes com seus valores, todas as vezes que comunicarmos

políticas importantes aos funcionários e a outros. Deve-se também, solicitar

aos gerentes que demonstrem que suas decisões não estão só vinculadas ao

aspecto financeiro do negócio, mas são compatíveis com os valores éticos da

empresa. Esclarecer aos funcionários não apenas a responsabilidade deles

pela execução de suas atribuições, mas também quanto à prática dos

princípios adotados pela empresa ao empreender todas as suas tarefas.

É necessário usar todas as oportunidades para comunicar aos

funcionários que o suporte à comunidade e o envolvimento com a mesma é

importante para a empresa. Sempre que possível, recompensar aqueles que

assim o fazem e incentivar gerentes e supervisores a encorajar os

funcionários na participação de projetos comunitários que não interfiram na

execução de suas tarefas.

É imprescindível investir na comunidade considerando a possibilidade

de utilização de serviços providos por organizações comunitárias. Desta

forma, a empresa poderá ajudar na revitalização de uma comunidade carente.

Considerando, também, a destinação de recursos do imposto de renda para

fundos municipais da criança e do adolescente, ou outros similares. Há

também várias organizações sem fins lucrativos que poderão identificar

nestas comunidades indivíduos que sejam treinados e capacitados a exercer

as funções pretendidas.

Podemos adotar uma política de autorizar a dispensa de funcionários

para realização de trabalho voluntário em comunidades carentes, ou para

organizações beneficentes. Algumas empresas autorizam a dispensa

remunerada, enquanto outras realizam a dispensa sem pagamento, mas sem

ônus para o período de férias. A dispensa autorizada pelas empresas

geralmente vai de uma hora por mês até uma semana por ano.

25

É interessante oferecer apoio financeiro para estimular o trabalho

voluntário e recompensar os funcionários pelo trabalho voluntário. Uma idéia

seria organizar uma festa especial para os voluntários (e convidar seus

parceiros de trabalho). Organizar um sorteio de brindes, autorizarem dias

extras para o período de férias ou providenciar quaisquer outros incentivos

para encorajar o trabalho voluntário. Não se esquecendo de que

recompensas simples podem também ter um valor significativo para o

funcionário. Um certificado ou carta de reconhecimento assinada por um dos

diretores da empresa é uma opção.

Podemos também mobilizar fornecedores e clientes a participar de tais

projetos e considere a possibilidade de lhes oferecer incentivos como, por

exemplo, aos fornecedores que fizeram doações de produtos e outros

recursos será ampliado o prazo de contratação de seus serviços; fazer

parceria com outras empresas; fazer doações de seus produtos ou serviços e

apoiar eventos locais.

Sobre esse aspecto, pode-se inferir que as organizações que

desejarem praticar a responsabilidade social, terão a incumbência preliminar

de exercitar, nos limites da exaustão, critérios e condutas norteadas por

fundamentos éticos. Arbitra-se, portanto que como retas paralelas tendem a

forjar juntas, a trilha que poderá conduzir as organizações aos caminhos da

busca e obtenção dos diferenciais competitivos desse novo milênio,

minimizando impactos, dividindo valores e, finalmente, multiplicando

benefícios para um elenco enorme de atores sociais.

Quadro II: Etapas de Execução de um Programa de Responsabilidade

Social

26

Fase Descrição Detalhamento

1ª Análise de cenário das

dimensões praticadas

Análise das dimensões da responsabilidade

social praticadas pela organização, sob a ótica

da gestão estratégica do negócio

2ª Diagnóstico situacional –

definição de objetivos e

metas

Elaboração de um diagnóstico situacional

envolvendo a definição de objetivos e metas a

serem perseguidos pela organização

3ª Desenvolvimento e

disseminação do plano de

ação

Desenvolvimento e disseminação do plano de

ação para nortear os caminhos da organização

no sentido da responsabilidade social

4ª Implantação e

operacionalização do

plano

Evidenciar ações que viabilizem a implantação

e operacionalização do plano de trabalho

elaborado, como também, estabelecer os

mecanismos para controle e avaliação dos

resultados

5ª Inserção de metas

atingidas no Balanço

Social

Divulgação das metas atingidas no balanço

social da organização, como também no seu

relatório de gestão

6ª Análise crítica dos

resultados

Validação do processo com o desdobramento

de ações práticas de pró-atividade ou

reatividade, conforme o caso. O modelo prevê

critérios de busca pela melhoria contínua

Fonte: Mendonça, 2003, p.52.

Temos que considerar os direitos humanos, ou seja, na escolha dos

fornecedores de produtos e/ou serviços, procurarmos trabalhar com parceiros

que compartilham com a empresa a preocupação de dar um tratamento justo

aos trabalhadores. Até mesmo empresas que contratam mão de obra em

outras localidades para produção de seus produtos (geralmente em países

27

em desenvolvimento) devem considerar o contexto econômico, cultural e

social do trabalhador. Mesmo sem ter garantias de que a empresa será bem

sucedida neste sentido, existem várias formas de promover o tratamento justo

e correto de seis trabalhadores.

Para manter uma postura de responsabilidade social a empresa deve

saber onde os produtos de sua empresa são manufaturados, identifique itens

relevantes sobre os direitos humanos, adotar um código de conduta,

comunicar suas expectativas aos fornecedores, solicitar aos fornecedores um

comprometimento formal, utilizar todas as oportunidades para monitorar o

cumprimento das regras estabelecidas e trabalhar em clima de colaboração

para promover mudanças (INSTITUTO ETHOS, 2006).

28

Capítulo III - Balanço Social: Uma necessidade do

mundo moderno

Diante da deficiência do Estado em suprir nossas severas demandas

sociais, empresas atuam cada vez mais de forma proativa e incorporam um

discurso social mais justo. Em face de uma crescente cobrança por

transparência, não basta hoje atuar de forma responsável, mas é preciso

mostrar resultados. Por isso, empresas demonstram sua performance social

em relatórios corporativos das mais diversas formas e modelos

Quanto ao formato do que se convencionou chamar “Balanço Social”,

este pode ser o mais variado. Balanços Sociais modernos podem contar com

edições luxuosas, de impressionante impacto visual, a dados quantitativos

simples que sucintamente retratam a performance de ações sociais da

empresa. De modo geral, a lógica atrás dos relatórios das ações sociais é

simples. Empresas devem prestar contas não só aos seus acionistas, mas

agora o espectro de “stakeholders” é muito mais amplo e consumidores,

empregados, e até outros atores sociais, como sindicatos e ONGs, estão

dentro da esfera de interesse do mundo empresarial.

O certo é que a divulgação da performance social de uma empresa

interessa grupos empresariais pelas mais diversas razões. A primeira se

refere à ética e ao princípio pelo qual empresas, na qualidade de atores

sociais, têm ativa participação no crescimento de uma nação e, portanto,

devem prestar contas à sociedade.

No entanto, razões de cunho prático se somam a estas e, felizmente,

fazem da divulgação dos “Balanços Sociais” uma prática cada vez mais

comum. Interessa a empresas a divulgação de seus casos de boa prática

empresarial.

29

Ainda que muitos, de forma cética, vejam o “Balanço Social” como

simples peça de marketing, este é – antes de tudo – prova de maturidade

empresarial.

Um bom relatório de ações sociais, ou Balanço Social, deve ser claro,

ter profundo compromisso com a verdade, e ser amplamente disponibilizado

ao público por todos os meios possíveis, incluindo-se aí a Internet. As

informações contidas nele não devem ser apenas um “check-list” de requisitos

sociais, mas devem descrever de forma precisa o retrato da atividade social

da empresa em determinado período de tempo.

Não é raro empresas mascararem ou omitirem falhas de conduta em

seus relatórios. A transparência, contudo, é importante vantagem comparativa

para empresas. É prova de que a empresa está aberta a apontar suas

deficiências e assim aprimorar sua performance.

A idéia de balanço foi tomada emprestada da ciência contábil e cria

uma série de mal-entendidos, como o pressuposto de que existe um “ativo” e

um “passivo” social, mas também a errônea impressão que valores e produtos

sociais, de difícil definição e utilidade, são objetos de mensuração contábil

segura. A confusão instrumental criada é, portanto, evidente. A segunda

reserva ao modelo em voga no Brasil é de ordem de conteúdo.

Ainda que o modelo brasileiro contenha avanços notáveis – como a

referência à questão racial no Balanço Social – o caráter da informação é

ainda excessivamente quantitativo, o que – se, por um lado, permite a

comparação temporal da performance da empresa e o detalhamento de

despesas sociais – por outro, peca pela falta de descrição narrativa de como

estas verbas sociais foram efetuadas e quais os resultados alcançados.

No entanto, como dissera Churchill sobre a democracia, “a pior forma

de governo, excetuando-se todas as outras que foram tentadas através dos

tempos”, o Balanço Social nos moldes brasileiros é ainda a melhor forma de

relatar a performance social de empresas, na falta de substituto melhor. Vale

30

lembrar, todavia, que a responsabilidade social, assim como o Balanço Social,

são fenômenos recentes e ainda há muito a ser desenvolvido. Empresas

ainda estão no aprendizado de sua cidadania e o Balanço Social surge como

importante marco referencial para aqueles que, voluntariamente, buscam um

melhor exercício de sua responsabilidade para com a sociedade.

3.1 O que compõe o Balanço Social

Diversas informações estatísticas retiradas da área de recursos

humanos, dentre ela benefícios concedidos a seus colaboradores,

dependentes, ações sociais corporativas e programas de qualidade de vidas

para os mesmos programas de incentivo a educação ou benefícios

concedidos para estes fins e além de benefícios para não evolução da

discriminação racial, programas de saúde e etc.

Na França, a prática da demonstração do Balanço Social é uma

realidade, que pela força da lei, isto é, ela obrigatoriedade, que pela

consciência social de seus dirigentes. Desde 1978, empresas com mais de

700 empregados são obrigadas a publicá-lo, e à partir de 1981, a

obrigatoriedade entendeu-se, também, às empresas que possuem em seu

quadro de pessoal mais de 300 funcionários, sendo denominado de “bilan

social”, devendo conter informações sobre:

• Emprego;

• Remunerações e encargos sociais;

• Condições de higiene e segurança;

• Outras condições de trabalho;

• Formação;

• Relações profissionais;

• Outras condições de vida relevantes da empresa.

31

Outros países entendem que o Balanço Social deve ser publicado com

objetivo de demonstrar as ações da empresa e seus reflexos na sociedade,

visto como um agrupamento micro-social que tem a obrigação de revelar seus

aspectos positivos e negativos, que interferem no sistema geral, mas numa

visão restrita a área de recursos humanos, não considerando outras relações,

de uma importância, entre a entidade e o seu meio.

Quanto aos resultados e aos dados, apresentados pelo Balanço Social,

é importante ressaltar que serão bem diferentes dos já tradicionalmente

demonstrados nos balanços originados da descrição contábil.

Alguns serão de ordem numérica, outros reflexos de questionários, de

entrevistas, de graus de satisfação, etc. Ele é a agregação dessas

informações, tendo como objetivo traduzir a contribuição das empresas em

benefício da sociedade, informando-lhe seus resultados sociais, além de ser

um instrumento gerencial de apoio à administração, tudo isso numa fase de

evolução dos planos de contas.

Neste contexto, entende-se que administrar significa adotar e praticar

determinadas políticas, internas e externas, a fim de efetivar a propriedade de

organização. E são, exatamente, essas políticas administrativas que

provocam alterações no objeto de estudos e divulgação.

O Balanço Social deve demonstrar, claramente, quais as políticas

praticadas e quais seus reflexos no patrimônio, objetivando evidenciar sua

participação no processo de evolução social. Sem essa prática, jamais uma

entidade poderá apresentar pelo êxito em programas de qualidade, pois essa

intenção exige quebra de preconceitos, transparência administrativa e uma

constante e ininterrupta ligação de organização com seus funcionários,

acionistas, fornecedores e sociedade em geral.

32

Baseados nessa realidade e objetivando entender qual a estrutura

básica das propostas brasileiras transcreve-se o modelo formulado pelo Ibase

e parte do Projeto de Lei nº 32/99.

a) Art. 3º do projeto de lei nº 32/99

I – A empresa: faturamento bruto; lucro operacional; folha de

pagamento bruto, detalhando o total das remunerações e valor total

pago a empresas prestadoras de serviço;

II – Os empregados: números de empregados existentes no início e no

final do ano, discriminando a antiguidade na empresa; admissões e

demissões durante o ano; escolaridade, sexo, cor e qualificação dos

empregados; números de empregados por faixa etária; número de

dependentes menores, número mensal de empregados temporários;

valor da participação dos empregados no lucro da empresa; total da

remuneração paga a qualquer título às mulheres na empresa;

porcentagem de mulheres em cargos de chefia em relação ao total de

cargo de chefia da empresa; número total de horas-extras trabalhistas;

valor do total das horas-extras pagas;

III – Valor dos encargos sociais pagos, especificando cada item;

IV – Valor dos tributos pagos, especificando cada item;

V – Alimentação do trabalhador: gastos com restaurantes, lanches,

cestas básicas e outros gastos com a alimentação dos empregados

relacionando, em cada item, os valores dos respectivos benefícios

fiscais eventualmente existentes;

VI – Educação: valor dos gastos com treinamento profissional;

programas de estágios (excluídos salários); reembolsos da educação;

bolsas escolares; assinaturas de revistas; gastos com biblioteca

(excluído pessoal); outros gastos com educação e treinamento dos

empregados, destacando os gastos com os empregados adolescentes;

relacionado, em cada item, os valores dos respectivos benefícios

fiscais eventualmente existentes;

33

VII – Saúde dos empregados: valor dos gastos com planos de saúde;

assistência médica; programas de medicina preventiva; programas de

qualidade de vida e outros gastos com saúde; relacionando, em cada

item, os valores dos respectivos benefícios fiscais eventualmente

existentes;

VIII – Segurança no trabalho; valor dos gastos com segurança no

trabalho, especificando os equipamentos de proteção individual e

coletiva na empresa;

IX – Outros benefícios: seguros (valor da parcela paga pela empresa);

valor dos empréstimos aos empregados (só o custo); gastos com

atividades recreativas; transportes, creches e outros benefícios

oferecidos aos empregados; relacionando, em cada item, os valores

dos benefícios fiscais eventualmente existentes;

X – Previdência privada: planos especiais de aposentadoria; funções

previdenciárias; benefícios aos aposentados; relacionando em cada

item os valores dos respectivos benefícios fiscais eventualmente

existentes;

XI – Investimentos na comunidade: valor dos investimentos na

comunidade (não incluir gastos com empregados) nas áreas de cultura,

esportes, habitação, saúde pública, saneamento, assistência social,

segurança, urbanização, defesa civil, educação, obras públicas e

outros relacionando, em cada item, os valores dos respectivos

benefícios fiscais eventualmente existentes;

XII – Investimentos em meio ambiente: reflorestamento; despoluição;

gastos com introdução de métodos não poluentes e outros gastos que

visem à conservação ou melhoria do meio ambiente, relacionado, em

cada item, os valores dos respectivos benefícios fiscais existentes.

Cabe ressaltar que a proposta do Ibase e o projeto são extremamente

oportunos e rastreiam grande número de informações sociais, que são de

imensa valia para análises do desempenho social da entidade, bem como

34

servirão de parâmetro para previsões orçamentárias da própria organização e

das instituições governamentais.

No entanto, como apresentado, o Balanço Social é um instrumento

amplo que engloba, além dos requisitos exigidos na proposição, outras

medidas e desempenho profissional e produtivo, bem como grau de

comprometimento e satisfação dos funcionários, entre outros; dados esses

qualitativos que serão alcançados mediante a utilização de técnicas de

avaliação do desempenho e da satisfação dos recursos humanos. Na

verdade, são práticas usuais para as empresas que tratam o empregado

como parceiro e buscam elevados padrões de qualidade.

O Balanço Social será um instrumento que retroalimentará o sistema

organizacional, tornando-o dinâmico, interligado e integrante ao ambiente

global.

35

CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho, foi discutido o que é Responsabilidade Social

e quais as medidas que inúmeras empresas vêm utilizando como estratégia

de diferenciação. Para isso, o conceito, tal como proposto inicialmente sofreu

uma evolução histórica e hoje pode ser visto como uma filosofia empresarial

que orienta as atividades de negócios rumo a um comportamento ético, de

forma a responder às tensões geradas à partir da relação de reciprocidade

existente entre a empresa e a sociedade, podendo também ser uma técnica

aplicada pelas empresas, que são em última análise, o lucro e a própria

sobrevivência da empresa.

Quando uma empresa se propõe a fazer responsabilidade social pode

até pensar no crescimento de seus lucros, mas só quando estão realizando,

percebem o gasto com o grande investimento a que ela se propõe e percebe

que não é tão simples, mas precisam de cooperativismo e otimismo junto aos

funcionários, fornecedores, consumidores, comunidade e governo para que

ambas as partes possam ter o tão chamado lucro, seja ele quantitativo como

qualitativo, tornando-se assim o negócio dos negócios.

Desenvolvendo este trabalho, pude perceber o quanto é gratificante

para o ser humano realizar uma ação social seja cultural, ambiental, na área

da saúde, enfim, desenvolver algo que possa trazer benefícios sociais e

morais ao nosso país.

36

BIBLIOGRAFIA

ARRUDA, Marcos. Responsabilidade Social Corporativa e

Economia Solidária – Investimento privado e desenvolvimento: balanço e

desafios. Ed Senac. Rio de Janeiro, 2005

BARTLETT, C. GHOSCHAL, S. Mudando o papel da alta

gerência: indo além da estratégia para alcançar o propósito.

In:ULRICH,D.Recursos Humanos Estratégicos.São Paulo:Futura,2000.

KARKOTLI, Gilson; ARAGÃO, Sueli Duarte. Responsabilidade

Social – Uma contribuição à gestão transformadora das organizações.

Editora Vozes

OLIVEIRA, José Antônio Puppim . Empresas na Sociedade –

Sustentabilidade e Responsabilidade Social. Editora Campus

http://www.ethos.org.br

http://www.responsabilidadesocial.com

http://www.rhportal.com.br

37

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I Responsabilidade Social 10

1.1 A ética empresarial 11

1.2 Os atores da Responsabilidade Social 13

CAPÍTULO II O papel do RH nos programas de

Responsabilidade Social 19

2.1 As etapas de formação de um programa de

Responsabilidade Social 22

CAPÍTULO III Balanço Social: Uma necessidade

do mundo moderno 28

3.1 O que compõe o Balanço Social 30

CONCLUSÃO 35

BIBLIOGRAFIA 36

ÍNDICE 37