Possibilidades de tratamento da ruptura do ligamento ...

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Rev. Edue. Contin. CRMV-SP, São Paulo, v. 8, n. I, p. 26-37, 2005 Revisão e Ensaio Review and Essay Revisión y Ensayo Possibilidades de tratamento da ruptura do ligamento cruzado cranial no cão Treatment alternatives for cranial cruciate ligament rupture in dogs Posibilidades de tratamiento de la rotura deI ligamento cruzado craneal en perros Angelica Cecilia Tatarunas 1 ; Julia Maria Matera 2 Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZlUSP). São Paulo, SP, Brasil Resumo Objetivo: Revisar e analisar as possibilidades de tratamento para a ruptura do ligamento cruzado cranial no cão. Fontes Consultadas: CAB e MEDLINE, período retrospectivo de 40 anos. Síntese dos Dados: São citados tanto o tratamento conservador quanto o cirúrgico. As técnicas operatórias descritas classificam-se em intra e extracapsulares. Enquanto as primeiras substituem o ligamento rompido por tecido autógeno ou sintético, as extracapsulares tensionam os tecidos periarticulares com o intuito de restabelecer a estabilidade articular. Ocorre lesão do menisco mediai devido à instabilidade crânio-caudal da tíbia em relação ao fêmur em um grande número de casos. Todas as técnicas descritas não coibem a progressão da doença articular degenerativa. Conclusões: Não existe dentro dos estudos relatados um consenso sobre qual dos procedimentos cirúrgicos é o melhor, portanto, é necessário conhecer a anatomia, função e mecânica do ligamento cruzado cranial, bem como os principios das técnicas descritas para selecionar a que se adapta melhor a cada caso. Palavras-chave: Articulação do joelho, cirurgia. Ligamento patelar. Ligamento cruzado anterior. Ruptura. Artroscopia. Cães. 'Pós-doutoranda do Departamento de Cirurgia da FMVZ/USP. CRMV-SP 5751 'Professora Titular do Departamento de Cirurgia da FMVZ/USP. CRMV-SP 1050 26

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Rev. Edue. Contin. CRMV-SP, São Paulo, v. 8, n. I, p. 26-37, 2005

Revisão e Ensaio Review and Essay Revisión y Ensayo

Possibilidades de tratamento da ruptura doligamento cruzado cranial no cão

Treatment alternatives for cranial cruciate ligament rupture in dogs

Posibilidades de tratamiento de la rotura deI ligamento cruzadocraneal en perros

Angelica Cecilia Tatarunas1; Julia Maria Matera2

Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo(FMVZlUSP). São Paulo, SP, Brasil

Resumo

Objetivo: Revisar e analisar as possibilidades de tratamento para a ruptura do ligamento cruzado cranial no cão.Fontes Consultadas: CAB e MEDLINE, período retrospectivo de 40 anos. Síntese dos Dados: São citados tanto otratamento conservador quanto o cirúrgico. As técnicas operatórias descritas classificam-se em intra e extracapsulares.Enquanto as primeiras substituem o ligamento rompido por tecido autógeno ou sintético, as extracapsulares tensionamos tecidos periarticulares com o intuito de restabelecer a estabilidade articular. Ocorre lesão do menisco mediai devidoà instabilidade crânio-caudal da tíbia em relação ao fêmur em um grande número de casos. Todas as técnicas descritasnão coibem a progressão da doença articular degenerativa. Conclusões: Não existe dentro dos estudos relatados umconsenso sobre qual dos procedimentos cirúrgicos é o melhor, portanto, é necessário conhecer a anatomia, função emecânica do ligamento cruzado cranial, bem como os principios das técnicas descritas para selecionar a que se adaptamelhor a cada caso.

Palavras-chave: Articulação do joelho, cirurgia. Ligamento patelar. Ligamento cruzado anterior. Ruptura.Artroscopia. Cães.

'Pós-doutoranda do Departamento de Cirurgia da FMVZ/USP. CRMV-SP 5751'Professora Titular do Departamento de Cirurgia da FMVZ/USP. CRMV-SP 1050

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TATARUNAS, A. c.; MATERA, J. M. Tratamento da ruptura do ligamento cruzado cranial no cão. Trealment o/cranial cruciale ligamentruplure in dogs. Tralamienlo de la rolura delligamenlo cruzado craneal en perros. Rev. Educ. Contin. CRMV-8P / COl/til/.Educ. J. CRMV-Sp'São Paulo. v. 8, n. I, p. 26-37, 2005.

Introdução

A ruptura do ligamento cruzado cranial (RLCC)é afecção freqüente que acomete a articulação do cão(Figura 1) e resulta em instabilidade e doença articulardegenerativa secundária (Figura 2). t-S

Figura l-Articulação do joelho em que se observa o ligamentocruzado cranial rompido (seta)

Figura 2 -Articulação do joelho em que se observa presençade osteofitos (seta)

Carlin, em 1926, foi o primeiro autor a relatara RLCC no cão e, em 1932, Brook descreveu osaspectos clínicos e radiográficos da afecção,atentando para o deslocamento cranial e maior rotaçãoda tíbia no caso clínico estudado (KNECHT,6 1976).

Inicialmente, a RLCC era conhecida comoboxer-knee e foi tratada por imobilização com o uso

de talas, as quais limitavam o movimento e permitiama cicatrização do ligamento. No:fim da década de 50,Jenny utilizou ferro em brasa para tratar a afecção(KNECHT,6 1976).

Em 1952, Paatsama7 tomou-se um marco notratamento da RLCC no cão, introduzindo a suareparação cirúrgica, a qual se baseava em técnicasque foram descritas para o homem por Hey Grovesem 1917 e em 1920, e que utilizavam a fascia latacomo substituta do ligamento rompido (McCURNINet aI} 1988). Posteriormente, materiais sintéticos,pele e tendão foram aplicados com o mesmopropósito.6

Considerando que a reparação cirúrgica dePaatsama7 era dificil e consumia tempo, Childers,9em 1966, criou um novo conceito para o tratamentoda RLCC no cão ao descrever uma técnica queconsistia na correção da instabilidade articular portensionar o retináculo patelar lateral pela confecçãode pontos de Lembert. Deu-se então inicio ao estudodas técnicas de pregueamento e outras extracapsularesque, ainda na atualidade, são extensivamentecomparadas com as intra-articulares.

Apesar dos inúmeros estudos realizados etécnicas cirúrgicas descritas, ainda existe controvérsiaentre os pesquisadores a respeito de qual técnica dereparação fornece o melhor resultado funcional paraa RLCC no cão.s,1O

Para o tratamento da RLCC a cirurgia é deeleição,s.IO.lt todavia, a terapia conservadora é citadapor alguns autores,5 principalmente para animaisobesos, idosos e aqueles com doença articulardegenerativa em grau avançadoY Vasseur l3 (1984)relata melhora clínica com tratamento conservador em85% de cães com menos de 15 kg e cerca de 20% paraaqueles com peso superior. Segundo Arnoczky12

(1988), a cirurgia tem como fmalidade restaurar aestabilidade e evitar a deterioração futura daarticulação, principalmente do menisco medial, o qualgeralmente está acometido em mais de 50% dos casos.s

A reparação primária do LCCr rompido é atécnica escolhida quando ocorre fratura por avulsão

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de uma das extremidades do ligamento. Ela é rara egeralmente ocorre em animais jovens.5.14

o objetivo do presente trabalho foi realizaruma revisão bibliográfica cronológica sobre aspossibilidades de tratamento da RLCC no cão,enfatizando resultados e particularidades de cadatécnica.

Anatomia

o joelho é uma articulação condilar complexapassível de flexão, extensão, angulação varus evalgus, translação crânio-caudal e rotação,movimentos estes limitados pelos vários ligamentosque os compõem.2

o ligamento cruzado cranial (LCCr) origina­se na porção caudo-medial do côndilo lateral dofêmur e na área intercondilóide da tíbia. Já oligamento cruzado caudal (LCCd), na superfícielateral do côndilo femoral mediai caudal edistalmente, e na borda lateral do sulco poplíteo datíbia l5. Segundo Amoczky e MarshalP (1977), essespontos de fixação são importantes para asubstituição intra-articular do LCCr.

o LCCr é o principal ligamento do joelhoresponsável por limitar a rotação medial da tíbia e ahiperextensão articular e, junto do LCCd, coíbe odeslocamento crânio-<:audaJ da nbia em relação ao fêmur.2

Durante o movimento de flexão, o ligamentocolateral lateral afrouxa, permitindo rotação medialda tíbia em relação ao fêmur, enquanto os ligamentoscruzados se torcem um com o outro, a fun de limitaresse movimento. Com o joelho em extensão, oligamento colateral lateral fica tenso e a tíbia rotacionalateralmente, os ligamentos cruzados se distorcem eo efeito de limitação externa fica ausente. 16

Causas da RLCC

As lesões agudas de origem traumática são rarasno cão, normalmente a RLCC é secundária a

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processos degenerativos articulares e do próprioligament05.16

Bennett et aLI7 (1988) têm sugerido o termo"doença do cruzado", e chamam a atenção para a altaprevalência da afecção em cães jovens de raçasgrandes, citando o Rotweiller como a raça maisacometida. Referem um estiramento inicial do LCCr,seguido de ruptura parcial e total, sem que haja umevento traumático significativo para tal.

Vasseur l8 (1985) realizou estudo histoló­gico e biomecânico do LCCr em cães, e os re­sultados indicaram deteriorações funcional eestrutw:al progressiva, observadas principalmente emanimais com mais de cinco anos de idade e pesoacima de 15 kg.

Alterações degenerativas associadas com oenvelhecimento também corroboram o fato de que20% a 40% dos cães com ruptura de LCCr unilateralsofrerão ruptura do ligamento contralateraL I9

Alterações na conformação músculo­esquelética como deformidades varus e valgus dojoelho,20 instabilidade da patela,5 estenose do sulcointercondilar,21 ângulo do platô da tíbia,22 doençasauto-imunes,23 predisposição racial e obesidade24

têm sido atribuídas para a ocorrência da RLCC naespécie canina.

Diagnóstico

o diagnóstico da RLCC no cão é confirmadopelo teste de gaveta cranial ou teste de compressãoda tíbia positivo, porém, artrotomia25 ou artroscopiapodem ser necessárias para estabelecer o diagnósticodefinitivo quando esses testes são inconclusos.26

As radiografias geralmente são realizadas como intuito de descartar outras anormalidades ósseas edeterminar o grau de artrose presente.25 A análise dolíquido sinovial permite avaliar a presença de infecçãoe doença irnuno-mediada concornitantes.27

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Técnicas Cirúrgicas Intra­capsulares

Estas técnicas baseiam-se na substituição doLCCr rompido por material sintético ou autógenocomo afascia lata ou tendão patelar, o qual é dispostoem posição semelhante ao trajeto do ligamentooriginap,4,5 (Figura 3).

Figura 3 - Reconstrução intra-capsular do ligamentocruzado cranial em joelho de cão, com afascia lata passandopor túnel confeccionado no côndilo do femur (a) e tíbia (b),técnica de Paatsama7

A primeira técnica descrita, de Paatsama,1consiste no uso de uma faixa defascia lata colhidada coxa até o nível do côndilo lateral e a confecçãode dois orificios: um na tíbia proximal e mediaI, eoutro no côndilo lateral do fêmur, pelos quais passaa fascia, sendo suturada ao tendão patelar.

Posteriormente, Dueland,2s em 1966, utilizouo tendão patelar mantendo-o atado à extremidade

proximal da tíbia e conduzindo-o por único orificiono côndilo femoral, o qual foi suturado na face lateraldo côndilo. Dickinson e Nunamak:er,29 em 1977,realizaram procedimento similar ao anteriorutilizando, entretanto, fascia lata e obtendo bonsresultados.

Em 1967, Hohn e Miller'° utilizaram o tendãodo músculo extensor digital longo para substituir oLCCr rompido.

Atentos à importância da correta confecção dostúneis ósseos para que o enxerto permaneça funcionaldurante toda a amplitude de movimento da articula­ção e preocupados com a variabilidade das técnicas edo próprio cirurgião, Arnoczk:y et al.Jl descreveram,em 1979, a técnica aver the tap, uma adaptação doprocedimento realizado no homem em que o tendãopatelar é mantido atado à porção proximal da tíbia elevado pela região intercondilar até o topo do côndilofemoral lateral, onde é suturado aos tecidos moles.Segundo esses autores, quando o orifício femoral éincorretamente colocado, ocorre mudança no compri­mento do enxerto durante a flexão e a extensão da ar­ticulação, podendo levar à fadiga e à falha do enxerto.

A técnica under and aver, descritaposteriormente, consiste na utilização dafascia lata,a qual é mantida atada à porção proximal datuberosidade da tíbia e conduzida sob (under) oligamento intermeniscal e sobre (aver) o topo docôndilo femorallateral, onde é fixada com parafuso. t t

Geels et al.32 realizaram, em 2000, estudo sobre atécnica e, apesar de obterem valores inferiores nacomparação do membro operado com o contralateralem análise por placa de força aos 17,5 meses de pós­operatório, a avaliação realizada pelo proprietáriomostrou resultado satisfatório com leve, intermitenteou ausência de claudicação. Bennett e May33 (1991)criticaram a técnica acima ao afirmar que o ligamentointermeniscal fica suscetível à injúria econseqüentemente os meniscos e a própriafascia, aqual perderia a sua tensão se o ligamentointerrneniscal rompesse.

A partir dessas técnicas, numerosas variaçõestêm sido realizadas e comparadas usando material

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natural ou sintético, e as pesquisas têm se voltadoprincipalmente para animais de porte médio agigante.4,5,29,34

Patterson et al. 35 (1991), ao estudarem aestabilidade biomecânica da técnica aver the tap como uso de tendão patelar oufascia, obtiveram falha doenxerto no local de fixação, e o método de fixaçãofoi mais importante do que a propriedade do materialpropriamente dita. A partir desses resultados,enfatizam a necessidade da proteção da articulaçãono pós-operatório precoce quando essas técnicas sãoaplicadas, a fim de evitar deformação precoce epermanente do enxerto; cuidados estes tambémressaltados por Shires et al. 11 (1984) e Piermattei eFIoS (1997).

Pesquisadores têm afirmado que tanto oligamento patelar como afascia sofrem um processodegenerativo após o implante, o qual é seguido porrevascularização oriunda do coxim adiposoinfrapatelar, sinóvia2e túneis ósseos36 e uma respostaregenerativa. Segundo Piermattei e FioS (1997), oprocesso de fibroplasia e reorganização do colágenoocorre entre cerca de cinco e seis meses.

Técnicas CirúrgicasExtracapsulares

Apesar das várias técnicas descritas, o princípiobásico consiste na tensão lateral dos tecidosperiarticulares para restabelecer a estabilidadearticular.5

o resultado biomecânico das técnicas extra­capsulares é contraditório na literatura. EnquantoArnoczky et al. 16 (1977) e Hulse et al.37 (1980) asconsideram biomecanicamente inferiores às intra­capsulares, Prostredny et al. 38 (1991) obtiveramresultados satisfatórios em análise do instante centro demovimento. Segundo Arnoczky et al. 16 (1977), astécnicas de imbricação removem a pequena rotaçãointerna da tíbia em relação ao fêmur, que ocorrenormalmente quando a articulação é flexionada,resultando em movimento articular anormal e

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conseqüente alteração do instante centro de movimento,promovendo lesões de cartilagem e/ou menisco.

Em 1966, Childers9 e, em 1969, Pearson,39confeccionaram, respectivamente, uma e duascamadas de pontos de Lembert no retináculo patelarlateral, dando início ao estudo das técnicas extra­capsulares na espécie canina. Atualmente, essastécnicas são amplamente utilizadas em associaçãocom outros métodos de reparação.5,40

Em 1970, DeAngelis e Lau4J relataram técnicana qual dispuseram um fio de sutura a partir da fabelalateral ao terço distaI do tendão patelar. Variaçõesdessa técnica foram descritas até que, em 1975, Flo42publicou a "técnica de imbricação do retináculomodificada", na qual dois fios são passados em ambasas fabelas, lateral e mediaI, e conduzidos a um orifíciona tuberosidade proximal da tíbia, além de uma suturaadicional colocada da fabela para a porção mediaI dapatela; obtendo resultado satisfatório em 95% dosanimais.5,42

A partir da técnica de Flo42 (1975), variaçõessurgiram e a reparação usando somente uma suturafabela tibial lateral tornou-se uma opção bastantepopular entre os cirurgiões43 (Figura 4). Inúmerosestudos têm sido realizados com o intuito de avaliaros vários tipos de materiais utilizados com essepropósito, bem como o efeito da esterilização e aforma mais segura da fixação do nó.44 ,45 Náilon,poliéster,46 polipropileno,47.48 fio de aço40 foramusados, sendo o náilon leader line o mais citado.48 Onó é o local mais sujeito à falha, portanto, tiposdiferentes e/ou a sua substituição por métodosdiferenciados têm sido sugeridos. Recomenda-sequando do uso do nó verdadeiro a confecção de cincoa seis nós para aumentar a sua segurança. 44

Complicações mais comuns oriundas do uso dessatécnica são edema e drenagem do fio de sutura, que,segundo Dulish49 (1981), têm prevalência de 18%.

Aiken et a!. 50 (1992) realizaram estudobiomecânico da técnica extracapsular utilizando afascia lata, que foi mantida atada à tuberosidadeproximal da tíbia e conduzida à fabela lateral e,

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Figura 4 - Técnica extracapsular com a passagem de um fio de sutura atrás da fabela (a) e por orificio confeccionado na crista datíbia (b). Pregueamento do retináculo associado (c)

I

posteriormente, suturada ao ligamento patelar.Obtiveram biomecânica normal por meio daavaliação do instante centro de movimento.

Os métodos extra-articulares mostram bonsresultados em raças menores, todavia, alguns autoresnão os consideram satisfatórios em raças maiores ecães atléticos com ruptura aguda de LCCr.5.40 Poroutro lado, são de eleição em cães com RLCC crônicaou suspeita de doença imuno-mediada concomitante,pois as alterações degenerativas e a respostainfamatória criam um ambiente adverso para o tecidoimplantado.5

A estabilidade final das técnicas extra­capsulares é atribuída ao espessamento da cápsulaarticular e retináculo, devido à inflamação doprocedimento cirúrgico e suturas implantadas. 5

Portanto, os fios periarticulares estabilizarão aarticulação até que a fibrose periarticular ocorra.40

Uma outra técnica extracapsular descrita é a"transposição da cabeça da fibula", a qual consistena sua liberação concomitante com o ligamentocolateral lateral aderido e na sua transposição cranial,com a sua fixação novamente na tíbia. O ligamentocolateral lateral é colocado sob tensão e atua de formasimilar às suturas descritas anteriormente. 51

Resultados relatados foram de bom a excelente emcerca de 90% dos casos.51 ,52 Em testes biomecânicos,apresentaram o instante centro de movimento

norrnaJ53 e mostraram-se superior quanto à estabili­dade crânio-caudal em relação às técnicas over thetop e à imbricação lateral do retináculo.35

Estudos Comparativos

Inúmeros estudos foram realizadoscomparando as várias técnicas descritas. Formas deavaliação incluem entrevista com proprietário,reavaliação clínica pelo veterinário,48 análiseradiográfica da progressão da doença articulardegenerativa, uso de placa de força46 e estudosbiomecânicos.53

Denny e Barr54 (1984), ao compararem duastécnicas over lhe lop - uma utilizando fascia lata e aoutra o tendão patelar -, concluíram que ambas sãoeficientes, contudo, a segunda é de confecção maiselaborada devido ao preparo do enxerto.

Moore e Read48 (1995), ao compararem astécnicas over the top - transposição da cabeça dafibula e extracapsular com colocação de fio da fabelalateral à tuberosidade da tíbia -, não obtiveramdiferença no resultado final quanto à função domembro entre as três. Também Chauvet et al.46 (1996)obtiveram resultado semelhante ao estudarem astécnicas transposição da cabeça da fíbula eextracapsular (fabela lateral à tuberosidade da tíbia).

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DeAngelis e Lau41 (1970), Gambardella et aJ.55(1981), Denny e Ba.rr54(1984) e Smith e Torg51 (1985)relatam que 85% a 94% dos cães tratadoscirurgicamente para RLCC irão apresentar melhoraclínica com uso pleno do membro ou claudicaçãointermitente, independente da técnica utilizada.

A literatura consultada tem sido unânime emrelatar que, independente da técnica cirúrgicautilizada para tratar a RLCC, a osteoartrite continuaa progredir46.56.59. Grande parte dos trabalhos tambémrevela a permanência de instabilidade cranial da tíbiaem relação ao fêmur em vários graus, tanto com astécnicas intra quanto com as extra-articulares. 14,29,48

Hulse et al,u (1983) realizaram análisebiomecânica da instabilidade crânio-caudal da tíbiaem relação ao fêmur após confecção da técnica overthe topo Observaram o seu aumento até a quartasemana de pós-operatório e posteriormente a suadiminuição, voltando ao valor ínicial com 26 semanasde pós-operatório. Atribuíram-na à colocação não­isométrica do enxerto, bem como relacionaram-nacom a cicatrização dos tecidos periarticulares. Osautores não acreditam que seja necessária aeliminação total da gaveta cranial no momento dacirurgia e observaram aderências do enxerto quesugerem a sua adaptação à demanda funcional comestabilização da articulação concomitante àevoluçãodo processo cicatricial.

Em estudo realizado sobre a escolha da técnicapelo cirurgião para reparar o LCCr rompido, Korvicket aI.43 (1994) obtiveram que 80% dos entrevistadosutilizam técnicas extracapsulares, e 14% intra­articulares para cães de pequeno porte. Para os cãesde porte médio, 52% usam extra-articulares e 43%intra-articulares. A escolha para os cães de grandeporte está relacionada com o tempo de injúria; emcasos crônicos, 52% preferem extra-articulares e 42%intra-articulares, enquanto em lesões agudas 39%utilizam extra-articulares e 55% intra-articulares,43

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Osteotomia do Platô Tibial(TPLO)

Relatada por Slocum e Slocum22 (1993), esta éuma técnica periarticular relativamente nova para otratamento da RLCC no cão. Tem como objetivo, emvez de restaurar a função do LCCr, fornecerestabilidade funcional à articulação por meio daneutralização do chamado cranial tibial thrust (CTT).O CTT tem sido deftnido como uma translação cranialda tíbia durante a sustentação do peso e compressãoarticular.22,60

Após a confecção da técnica, que consiste emuma alteração na angulação do platô da tíbia, o"movimento de gaveta" permanece e, devido a essefato, alguns autores recomendam a liberação domenisco medial,61 haja vista que ele fica suscetível àinjúria pelo côndilo mediaI do fêmur.

Esta é uma técnica que vem sendo amplamentepesquisada quanto a complicações e resultados finaisobtidos e, apesar de apresentar bons resultadosfuncionais, a literatura consultada relata 28% decomplicações trans e pós-operatórias, e aumentosignificativo de osteofttos aos seis meses de pós­operatório.56.61 ,62

Artroscopia

o homem, a cirurgia artroscópica de maiorprevalência da articulação do joelho é o tratamentoda RLCC. Porém, no cão, a RLCC representa aindauma das maiores necessidades e um dos maioresdesaftos da artroscopia canina.26

A artroscopia permite o diagnóstico naquelesanimais em que a instabilidade articular é ausente ouduvidosa, com mínimo trauma cirúrgico e maioracurácia quando comparada a uma artrotomia.

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Também é utilizada para remover resquícios deligamento rompido e menisco lesado, em associaçãocom técnicas extracapsulares e intra-capsulares.26

Comentários Finais

A RLCC é a afecção mais comum queacomete a articulação do joelho no cão e, apesardos vários procedimentos descritos para o seutratamento, não existe um consenso sobre qualtécnica cirúrgica é a melhor, pois todas levam àprogressão da doença articular degenerativa e nem

Abstract

sempre restauram totalmente a estabilidadearticular. Portanto, o cirurgião deve conhecer aanatomia, a função e a mecânica do LCCr, osprincípios tanto das técnicas intra como extra­articulares e demais formas de tratamento paraeleger o que melhor se adapta a cada caso.

Agradecimentos

Os autores agradecem o apoio da Fundação deAmparo à Pesquisa do Estado de São Paulo(FAPESP).

Objective: To revielV and analyze the treatment alternativesfor cruciate ligament rupture in dogs. Data Sources: CABand MEDLINE databases, retrospective period of./O years. Data SYlltltesis: Conservative and surgical treatments areboth mentioned. The sllrgical techniques described are classified as intracapslllar and extracapslllar procedures.While in the first ones the ruptured figament is replaced lVith autogenous grafls OI' synthetic material, the lalter onesinvolve stretching ofthe periarticular tissues to restorejoint stability.lnmany cases, the medialmeniscus is damagedas a result ofthe craniocaudaltibial drawer motion. None ofthe surgical techniques described consistently stops theprogression ofdegenerative joint disease. COllclusiolls: According the papers reviewed, there isn ~ a consensus aboutthe best surgical procedure for treatment ofcranial cruciate figament rupture. Hence, one should befamiliar with theanatomy, fimction. and mechanics of the cranial cruciate ligament, as well as with the principies of the techniquesdescribed, in order to select the best approachfor each individual case.

Keywords: Kneejoint, surgery. Patellar ligament. Anterior cruciate ligament. Rupture. Arthroscopy. Dogs.

Resumen

Objetivo: Revisary analizar las posibilidades deI tratamiento para la rotura dei ligamento cruzado craneal en pen'os.Fuelltes COIIsultadas: CAB y MEDLINEperiodo retrospectivo de 40 aíios. Sílltesis de los Datos: Se cita el tratamientoconservativo y el quirúrgico. Las técnicas quirúrgicas descritas se clasifican en intra y extracapsulares. Mientras lasprimeras substituyen el ligamen.to roto por tejido autógeno o sintético, las extracapsulares tensionan los tejidosperiarticulares conla intención de restablecer la estabilidad articular. Ocurre lesion dei menisco mediai debido a lainestabilidad cráneo caudal de la tibia en relación aifémur en un grannúmero de casos. Todas las técnicas descritasno cohiben la progresión de la enfermedad articular degenerativa. COllc/usiolles: No existe dentro de los estudiosrelatados un consenso sobre cuál de los procedimentos quirúrgicos es el mejor. Por lo tanto, es necesario que seconozca la anatomía, fimción y mecánica dei ligamento cruzado craneal, asi como los principios de las técnicasdescritas para seleccionar la que mejor se adapte a cada caso.

Palabras-clave: Articulación de la rodilla, cirugía. Ligamento rotufiano. Ligamento cruzado anterior. Rotura.Artroscopía. Perros.

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Endereço Address Direcciól1:Dra. Angel ica Cecilia TatarunasDepartamento de CirurgiaFaculdade de Medicina VeterináriaUniversidade de São PauloAvenida Professor Orlando Marques de Paiva, 87CEP 05508-900 - São Paulo, SP, BrasilE-mail: [email protected]

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