POSTAL 1105 - 05 JUL 2013

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Director Henrique Dias Freire • Ano XXVI • Edição 1105 • Semanário à sexta-feira • 5 de Julho de 2013 • Preço 1 ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR 1,60 PUB Veja anúncio pág. 6 CA HABITAÇÃO 6 2 anos EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO > Poupar energia, poupar recursos financei- ros, salvaguardar o ambiente e ser um exem- plo a nível nacional parece muito, mas é exac- tamente isso que a Águas do Algarve está a fazer na região. O POSTAL conta-lhe como é que a empresa responsável por fornecer água a todos os algarvios está a caminhar para a excelência na eficiência energética e a poupar em toda a linha. p. 2 Águas do Algarve aposta na poupança de energia > Três momentos dedicados à Psicologia trazem centenas de investigadores do mundo à Universidade do Algarve. Cerca de mil comunicações científicas colocam a UAlg no primeiro plano da Psicologia no país p. 4 Feira da Caça mostra-se em Tavira João Paulo Rodrigues garante humor: > 3 PUB RICARDO CLARO D.R. D.R. Psicologia em primeiro plano na UAlg CIÊNCIA PS mostra candidatos às câmaras algarvias ELEIÇÕES Tavira: Adeus a Macário Correia: Saída de Macário dita a subida de Rogério Bacalhau a presidente da Câmara de Faro. O candidato chega a presidente da autarquia ainda antes de eleições > 8 Câmara de Faro com novo presidente EM FOCO 2 FEIRA DA CAÇA REGRESSA A TAVIRA COM TOURADA 3 MANUEL DA LUZ ANUNCIA AUDITORIA À URBIS 4 UALG ACOLHE CONFERÊNCIA MUNDIAL DE PSICOLOGIA 5 SOCIALISTAS APRESENTAM ROSTOS PARA AS AUTÁRQUICAS 7 ROGÉRIO BACALHAU É O NOVO PRESIDENTE DA CÂMARA DE FARO 8 CLASSIFICADOS 9 > 7 Parque de Campismo da Ilha de Tavira As suas férias de sonho junto da natureza E-mail: [email protected] · www.campingtavira.com Telef.: (+351) 281 32 17 09 · Fax: (+351) 281 32 17 16 Tendas de aluguer D.R. Rally de Portugal mantém-se no Algarve DESPORTO PUB > 12

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• VEJA O POSTAL DESTA SEMANA • Sexta-feira (5/7) nas bancas com o PÚBLICO • NESTA EDIÇÃO COM O CULTURA.SUL • • Partilhe o que é indispensável saber sobre o Algarve • EM DESTAQUE: > Águas do Algarve aposta na poupança de energia > Feira da Caça regressa a Tavira com tourada > Manuel da Luz anuncia auditoria à Portimão Urbis > Universidade do Algarve acolhe conferência mundial de Psicologia > Socialistas apresentam rostos para as autárquicas > Rogério Bacalhau é o novo presidente da Câmara de Faro > Rally de Portugal mantém-se no Algarve • POUPE centenas de euros ao assinar o POSTAL por 30€ anuais com o Plano de Saúde gratuito em medicina dentária, estética e ginásio • PRÓXIMA EDIÇÃO DO POSTAL dia 26 de Julho: o indispensável sobre o Algarve

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Page 1: POSTAL 1105 - 05 JUL 2013

Director Henrique Dias Freire • Ano XXVI • Edição 1105 • Semanário à sexta-feira • 5 de Julho de 2013 • Preço € 1

ÀS SEXTAS EMCONJUNTO COM OPÚBLICO POR €1,60

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Veja anúncio pág. 6

CA HABITAÇÃO

62anos

EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO • EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO • EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO

> Poupar energia, poupar recursos financei-ros, salvaguardar o ambiente e ser um exem-plo a nível nacional parece muito, mas é exac-tamente isso que a Águas do Algarve está a fazer na região. O POSTAL conta-lhe como é que a empresa responsável por fornecer água a todos os algarvios está a caminhar para a excelência na eficiência energética e a poupar em toda a linha. p. 2

Águas do Algarve aposta na poupança de energia

> Três momentos dedicados à Psicologia trazem centenas de investigadores do mundo à Universidade do Algarve.Cerca de mil comunicações científicas colocam a UAlg no primeiro plano da Psicologia no país p. 4

Feira da Caça mostra-se em Tavira

João Paulo Rodrigues garante humor:

> 3

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d.r.

Psicologia em primeiro plano na UAlg

CIÊNCIA

PS mostra candidatos às câmaras algarvias

ELEIÇÕES

Tavira:

Adeus a Macário Correia: Saída de Macário dita a subida de Rogério Bacalhau a presidenteda Câmara de Faro. O candidato chega a presidente da autarquia ainda antes de eleições > 8

Câmara de Faro

com novo presidente

EM FOCO 2 FEIRA DA CAÇA REGRESSA A TAVIRA COM TOURADA 3 MANUEL DA LUZ ANUNCIA AUDITORIA À URBIS 4 UALG ACOLHE CONFERÊNCIA MUNDIAL DE PSICOLOGIA 5

SOCIALISTAS APRESENTAM ROSTOS PARA AS AUTÁRQUICAS 7 ROGÉRIO BACALHAU É O NOVO PRESIDENTE DA CÂMARA DE FARO 8 CLASSIFICADOS 9

> 7

Parque de Campismo da Ilha de Tavira

As suas férias de sonhojunto da naturezaE-mail: [email protected] · www.campingtavira.comTelef.: (+351) 281 32 17 09 · Fax: (+351) 281 32 17 16

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Rally de Portugal mantém-se no Algarve

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2 | 05 de Julho de 2013

Ricardo [email protected]

NÃO HÁ ASSIM TANTOS CASOS em que uma empresa algarvia seja modelo para o país e mui-to menos há casos em que a mesma empresa tenha várias áreas em que é um exemplo, mas a Águas do Algarve prima por ter conseguido atingir am-bos os objectivos ao longo dos tempos.

No que respeita à qualidade da água que disponibiliza às autarquias locais para que estas distribuam pelos consumidores, a Águas do Algarve é desde há muito um verdadeiro exemplo nacional.

A qualidade da ‘água da tor-neira’ no Algarve é certificada pelos mais elevados padrões de qualidade nacionais e interna-cionais e constitui hoje um mo-tivo de orgulho para a região, quer se esteja a falar de água para consumo humano, quer se esteja a falar dos efeitos da água nos equipamentos domésticos.

“Há ainda que continuar a desmistificar as ideias de que a água tem muito calcário, ou que tem substâncias que põem em causa a sua qualidade”, refere Teresa Fernandes, responsável pela comunicação da empresa, ao POSTAL. “A água fornecida aos municípios é de elevadíssima qualidade e é rigorosa e constan-temente monitorizada para ga-rantir uma resposta perfeita aos mais elevados padrões”, reforça.

O EXEMPLO NA GESTÃO ENER-GÉTICA Mas se na qualidade da água o facto está consumado - a água fornecida pela Águas do Algarve tem uma qualidade de excelência - na gestão dos consumos de energia a empre-sa trilhou nos últimos anos um caminho que a coloca entre as melhores do sector no que res-peita às boas práticas nesta área.

Levar água a todos os algar-vios e bombear até às estações de tratamentos todas as águas

residuais urbanas da região implica um elevado consumo de energia por parte dos dois sistemas multimunicipais que a empresa gere.

São aproximadamente 50 gi-gawatts de energia de consumo anual e cerca de cinco milhões de euros de encargos ener-géticos por ano, apurou o

POSTAL. Tudo para garantir o funcionamento de, entre outros equipamentos, quatro estações de tratamento e 18 estações elevatórias de águas a que se so-mam 51 estações de tratamen-to e 160 estações elevatórias de esgotos.

Um encargo pesado que de-terminou “uma escolha feita com os olhos no médio e lon-go prazo”, sublinha Teresa Fer-nandes. “A empresa desenhou um plano de minoração de encargos e de maximização de

produção endógena de recur-sos energéticos que se revelasse capaz de determinar a redução dos custos afectados à rubrica dos consumos energéticos e que, simultaneamente, desse resposta à política da empre-sa no que respeita à constante evolução tecnológica e às preo-cupações com o meio ambiente e com a maximização das boas práticas de gestão dos recursos financeiros”, refere a responsá-vel da Águas do Algarve.

AS ESCOLHAS CERTAS NA GES-TÃO DE CONSUMOS A Águas do Algarve implementou e está a desenvolver uma política aper-tada de gestão dos consumos energéticos através da gestão de consumos por meios tec-nológicos capazes de deter-minar a utilização de energia, tanto quanto possível, apenas em horas de vazio ou de super vazio (em que o custo unitá-rio da energia é muito mais baixo), o que determinou a redução em 25% do consumo de energia em horas de pon-

ta (em que o custo unitário da energia é mais alto), entre 2010 e 2011, e de 50% entre 2011 e 2012.

Hoje em dia a Águas do Al-garve apenas consome energia em horas de ponta em 3,3% do período de consumo total da empresa.

Ainda na melhoria da per-formance da empresa no con-sumo energético participa a política de revestimento inte-rior dos grupos de elevação. Com esta estratégia, que se encontra em implementação, a Águas do Algarve atinge ganhos de eficiência de entre 10 e 12% face à utilização dos mesmos equipamentos sem revestimento, ao mesmo tem-po que promove uma majora-ção do tempo útil de vida dos equipamentos.

A PRODUÇÃO DE ENERGIA Numa actividade constante na busca das melhores soluções tecno-lógicas para a sua área de negó-cio, a Águas do Algarve aposta desde há anos na produção

energética, aproveitando os re-cursos próprios gerados pela ac-tividade no tratamento de água e esgotos.

Assim, a empresa dispõe ac-tualmente de 55 sistemas de microprodução fotovoltaicos capazes de produzir um total de 202,4 kilowatts e dois siste-mas de miniprodução fotovol-taicos capazes de produzir 186 kilowatts. No total, estes equipa-mentos que aproveitam a luz so-lar são capazes de gerar por ano 609 megawatts de energia que é injectada na rede pública de energia.

A empresa ao injectar esta produção na rede nacional de energia recebe o pagamento pelo volume de energia pro-duzido a tarifas bonificadas, o que permite um encaixe adi-cional de receita ao mesmo tempo que garante a redução do tempo necessário para que os equipamentos se paguem a si mesmos e possam passar a cons-tituir uma receita líquida para os cofres da Águas do Algarve.

Na Estação de Tratamento de

Águas Residuais de Lagos foi recentemente instalada uma central de aproveitamento de biogás que pode produzir 250 megawatts de energia por ano e que garante a satisfação de 21 % das necessidades daquela infra-estrutura em termos de energia.

O AMBIENTE AGRADECE Com estes investimentos a Águas do Algarve evita anualmente a emissão de 405 toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera e consegue através do aproveitamento de recur-sos energéticos próprios aca-bar com o consumo de 185 tep (tonelada equivalente pe-tróleo), isto é, poupar as 185 toneladas de combustíveis fósseis que potencialmente as centrais termoeléctricas teriam de gastar para produ-zir a mesma quantidade de energia.

Os algarvios e muito em particular o ambiente no Al-garve, no país e no mundo, agradecem, ao mesmo tempo que a balança comercial con-ta com menos este gasto ao nível da importação de com-bustíveis. Tudo em simultâ-neo com mais uma ajuda a que Portugal se mantenha tão longe quanto possível de gastar a sua quota máxima de emissões de carbono, contri-buindo assim para que o país não tenha de comprar quota de emissão no mercado mun-dial de carbono.

Apenas dois exemplos da acção de uma empresa regio-nal que dá cartas a nível na-cional no sector onde actua e que procura afirmar-se sem-pre como modelo a seguir na região e no país. A região aproveita com tudo isto e os algarvios também, pelo que o caminho quando bom não se altera e antes se deve reforçar, dando oportunidade à Águas do Algarve de cada vez mais se afirmar como referência.

região

Águas do Algarve reforça poupança em energiaEmpresa do Grupo Águas de Portugal continua a ser um exemplo a nível nacional

Ô A Águas do Algarve consegue poupar por ano emissões de 405 toneladas de dióxido de carbono

d.r.

“A empresa dese-nhou um plano de minoração

de encargos e de maximização de

produção endógena de recursos energéticos

que se revelasse capaz de determinar a redução

dos custos afectados à rubrica dos consumos

energéticos e que, simulta-neamente, desse resposta à política da empresa no que respeita à constante evolu-

ção tecnológica e às preocu-pações com o meio ambiente

e com a maximização das boas práticas de gestão dos

recursos financeiros”.

Teresa Fernandes

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região

5 de Julho de 2013 | 3

Pedro Ruas/Ricardo [email protected]

A FEIRA DE CAÇA, PESCA E MUNDO RURAL ESTÁ DE RE-GRESSO, naquela que é a 18.ª edição e a terceira consecutiva no Parque de Feiras e Exposi-ções de Tavira. Nos dias 5, 6 e 7 de Julho está marcado o maior evento dedicado à actividade ci-negética da região, onde as no-vidades passam pela redução de preços nas entradas e pelo re-gresso da corrida de touros ao certame.

Na passada semana, na Bi-blioteca Álvaro de Campos, cou-be a Vítor Palmilha, presidente da Federação de Caçadores do Algarve, e ao edil Jorge Botelho

apresentarem a programação do evento, co-organizado por ambas as entidades.

Começando por referir as dificuldades conjunturais, mas crentes no projecto, ambos pre-vêem um resultado animador com a dimensão digna de uma feira de tamanha dimensão.

A edição deste ano, pese em-bora as dificuldades económi-cas, é a maior de sempre em termos de expositores, com um total de 164 stands. Para que este número fosse alcan-çado houve também redução de preços para os expositores, a que se vai juntar uma redução de custos nas entradas para visi-tantes, para um valor diário de dois euros.

A feira apresenta um cartaz recheado, onde as actividades ligadas ao mundo cinegético são, como não podia deixar de ser, o prato forte. Exposição de aves, fauna viva, cães de caça, corrida de galgos, demonstra-ções de falcoaria, da secção ci-notécnica da PSP e de pesca a corrico vão fazer parte de um programa onde a gastronomia e a música também prometem deliciar os visitantes.

Sem esquecer o regresso da Corrida de Touros, marcada para a noite desta sexta-feira, com os cavaleiros Luís Rou-xinol, Sónia Matias e Mateus Prieto, no sábado, a noite ter-mina com um espectáculo mu-sical do humorista João Paulo

Rodrigues, que decerto vai ani-mar os visitantes.

No domingo, dia 7, além das diversas actividades e exposi-ções, há lugar para o colóquio “A Caça em Portugal” e para a visita oficial do secretário de Es-tado das Florestas e Desenvolvi-mento Rural, Francisco Gomes da Silva.

Durante a feira, como no ano passado, há um stand da PSP para concessão ou renovação de licenças de uso e porte de arma.

ORÇAMENTO DESCE 50% Como fizeram questão de frisar, quer Vítor Palmilha, quer Jorge Bo-telho, houve dificuldades con-

juntarais que ditaram uma re-dução orçamental de 50%, para números na ordem dos 55 mil euros. O presidente da Federa-ção de Caça do Algarve diz mes-mo que é “necessário repensar o futuro da feira”, admitindo que a deslocação para Tavira reduziu o número de visitantes, pese em-bora tenha reforçado a aposta no mercado espanhol.

No que se refere ao número de visitas, as expectativas da or-ganização apontam para valores superiores às dez mil durante os três dias de feira.

Por fim, coube ao autarca Jor-ge Botelho garantir que tudo “estará pronto quando a fei-

ra abrir portas”, prevendo um “grande sucesso” e lançando o apelo à participação de todos.

Mais uma prova de capaci-dade de organização de Vítor Palmilha, que se recandidata à presidência da Federação de Caçadores do Algarve nas pró-ximas eleições para os corpos sociais da associação que já de-veriam ter sido marcadas.

O candidato quer “continuar um trabalho que tornou conhe-cida e respeitada a federação de caçadores algarvia em todo o país e na Península Ibérica”, e que não pode ser desperdiçado”, disse ao POSTAL o homem que é o rosto dos caçadores na região.

Feira da Caça regressa a Tavira com touradaCertame espera milhares de visitantes este fim-de-semana

ricardo claro

Ô Vítor Palmilha diz que é necessário repensar o futuro da feira

Universidade do Algarve acolhe conferência mundial de psicologia pág. 5

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O Executivo desta Junta felicita o Jornal Postal pela passagem do seu 26º aniversário, para que continue a divulgar e informar todos aqueles que são amantes da escrita.

Junta de Freguesia da Conceição de Tavira

O Executivo e a Assembleia da Junta de Freguesia de Santa Maria do concelho

de Tavira felicitam o POSTAL do ALGARVE e a sua equipa pela passagem

do seu 26º. Aniversário.

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4 | 5 de Julho de 2013

região

Manuel da Luz anuncia auditoria à UrbisEm causa investigação policial que resultou em detenções

d.r.

O PRESIDENTE DA CÂMARA DE PORTIMÃO, Manuel da Luz, anunciou recentemente que vai realizar de imediato uma auditoria externa à empresa municipal Portimão Urbis, na sequência da investigação poli-cial que resultou na detenção do vice-presidente Luís Carito e do vereador Jorge Campos.

De acordo com Manuel da Luz, numa declaração lida aos jornalistas, “não houve um cên-timo que tivesse sido transferi-do da câmara para a Urbis sem que houvesse um suporte legal e documental”.

O autarca escusou-se a adian-tar pormenores sobre o proces-so, por o mesmo “se encontrar em segredo de justiça”, acres-centando que aguardará “com serenidade o desenrolar das di-

ligências”, sublinhou.Recorde-se que Luís Carito

ficou entretanto em prisão pre-ventiva, até que estejam reuni-das as condições para que fique em prisão domiciliária com pulseira electrónica. O vice-pre-sidente fica ainda suspenso de exercer cargos públicos e proi-bido de contactar com os outros arguidos.

Já o vereador Jorge Campos

e o administrador da Portimão Urbis, Lélio Branca, estão tam-bém suspensos de exercer car-gos públicos, mas saíram em liberdade com a medida de coacção mínima e pagamento de caução no valor de 20 mil euros cada, à semelhança do que aconteceu com os admi-nistradores da empresa Pictures Portugal, Artur Curado e Luís Marreiros.

Manuel da Luz indicou ain-da que foi feita a reorganização do funcionamento interno do executivo municipal, com a re-distribuição de pelouros pelos vereadores José Sobral e Carla Pereira.

Foram efectuadas altera-ções nos conselhos de admi-nistração das duas empresas municipais. PR/RC/Lusa

Ô Luís Carito está preso

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ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE TAVIRAEDITAL

JOSÉ OTÍLIO PIRES BAIA,

Presidente da Assembleia Municipal de Tavira.

TORNA PÚBLICO, que em sessão ordinária da Assembleia Municipal de Tavira, realizada no dia 20 de junho de 2013, foram tomadas as seguintes deliberações:

1. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 72/2013/CM, referente ao Ajuste Direto – Serviço de manutenção do software ARQHIST – Assunção de compromisso plurianual;

2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 73/2013/CM, referente à Prestação de Serviços de controle de pragas em espaços e edifícios do Município de Tavira – Assunção de compromisso plurianual;

3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 74/2013/CM, referente ao RECRIA – Reprogramação financeira do compromisso para 2014 Marília de Jesus Pereira Martins;

4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 78/2013/CM, referente ao Júri para o procedimento concursal para provimento de cargo de Chefe de Divisão de Cultura, Património e Museus – 353-Div/13;

5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 79/2013/CM, referente ao Júri para o procedimento concursal para provimento de cargo de Chefe de Divisão de Planeamento, Turismo, Relações Públicas e Fiscalização – 354-Div/13;

6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 80/2013/CM, referente Júri para o procedimento concursal para provimento de cargo de Chefia Intermédia de 3º grau para o Gabinete Jurídico – 356-Div/13;

7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 91/2013/CM, referente ao Empréstimo quadro – Banco Europeu de Investimento (BEI) “Parque Verde do Séqua – 2ª. Fase”;

8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 92/2013/CM, referente à Aquisição de serviços de auditoria externa de Revisor Oficial de Contas;

9. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 96/2013/CM, referente à Atribuição de medalhas de Mérito e de Bons Serviço e Dedicação – 2013;

10. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 97/2013/CM, referente à Correção Material ao regulamento do Plano de Urbanização de Luz de Tavira;

11. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 98/2013/CM, referente à 6º. Alteração ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano;

12. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 102/2013/CM, referente à Renovação de Contratos de Trabalho.

Nos termos do Regimento a sessão terminará com um período de intervenção do público, para apresentação de assuntos de interesse municipal e pedidos de esclarecimento sobre outras matérias, que não constem da Ordem de Trabalhos.

Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume

Paços do Concelho, aos 20 dias do mês de junho do ano 2013

O Presidente da Assembleia Municipal,

José Otílio Pires Baia

(POSTAL do ALGARVE, nº 1105, de 5 de Julho de 2013)

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regiãoSocialistas apresentam rostos para as autárquicas pág. 7

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D.R.

Ô Krys Kanaiasty, presidente da STAR, e Saul de Jesus, representante de Portugal

Universidade do Algarve acolhe conferência mundial de psicologiaNuma semana a UAlg recebe três eventos de topo na área e marca agenda nacional da psicologiaRicardo [email protected]

NUMA SEMANA A UNIVER-SIDADE DO ALGARVE (UAlg) acolhe três grandes even-tos na área da Psicologia e assiste à apresentação de cerca de mil comunicações científicas sobre diversas te-máticas, o que coloca a ins-tituição na primeira linha a nível nacional neste âmbito durante este período.

Entre segunda e quarta--feira passadas realizou-se a 34ª World Star Conference, uma conferência mundial da Sociedade para a Inves-tigação do Stress e Ansieda-de (STAR), que contou com a presença de 300 especia-listas de 41 países, respon-sáveis pela apresentação de 300 trabalhos científicos.

De acordo com Saul de Jesus , representante em Portugal da STAR, o objecti-vo da conferência desta so-ciedade internacional com mais de 30 anos de existên-cia, “é o estudo do stress e da ansiedade e a identifica-ção das melhores formas de responder a estas situações”.

“O que se pretende é por um lado ter acesso e discutir as últimas evoluções do es-tudo destas questões a nível internacional e criar condi-

ções para o desenvolvimen-to de sinergias e parcerias que permitam avanços no estudo destas problemá-ticas”, refere o professor da UAlg. “Trata-se de uma oportunidade excepcional

que congrega no mesmo momento e no mesmo lo-cal alguma da melhor inves-tigação que se desenvolve a nível mundial nestas maté-rias”, remata o responsável pela organização do evento

em Faro, que salienta o ca-rácter multidisciplinar do encontro onde, “psicólogos, médicos, enfermeiros e ou-tros especialistas se unem numa partilha de conheci-mento determinante para o

avanço da investigação”.

DOIS CONGRESSOS DECORREM ESTE FIM-DE-SEMANA Já encer-rada a conferência STAR, es-tão a decorrer, desde ontem e até amanhã, sábado, o II Con-gresso Ibero-Americano e o III Congresso Luso-Brasileiro de Psicologia da Saúde, também na Universidade do Algarve.

Numa organização do Cen-tro de Investigação em Espa-ços e Organizações da UAlg, os dois eventos trazem à região mais de 400 participantes, oriundos de 13 países.

“Terá lugar a apresentação de cerca de 600 comunica-ções científicas”, refere Saul de Jesus, que permitirão “fazer o balanço da situação actual do estudo e investi-gação na área da Psicologia da Saúde nos países ibero--americanos”.

Com a realização destes três momentos de encontro de investigadores nacionais e internacionais, a Universi-dade do Algarve dá mais um passo na afirmação no con-texto nacional e internacional nas áreas abrangidas pelas te-máticas em análise, um crédi-to que não é despiciendo em termos de investigação e que coloca durante uma semana a universidade no topo da agenda na área da psicologia.

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José Amarelinho recandidata-se a Aljezur

Ô O presidente da Câmara de Aljezur, o socialista José Amarelinho, vai recandi-datar-se ao cargo nas autár-quicas de 29 de Setembro, para “concluir e reforçar o projecto” iniciado há qua-tro anos.Segundo José Amarelinho, a candidatura à autarquia de Aljezur pretende “dar continuidade ao projec-to apresentado em 2009, que estipulava um prazo de oito anos para a concre-tização de várias medidas” para aquele concelho do Algarve.“Nas eleições de 2009 apre-sentámos um projecto para oito anos, que, infelizmen-te, foi condicionado pela conjuntura económica, mas que pretendo concre-tizar nos próximos quatro anos”, sublinhou.O candidato propõe-se, ain-da, “reforçar diversas medi-das, como a criação de em-prego, assistência social e educação, sectores que têm afectado grande parte da população devido à actu-al situação económica do país”.José Amarelinho, de 46 anos, candidata-se a um se-gundo mandato, depois de ter sido eleito em 2009 nas listas do PS, onde obteve a maioria absoluta.

Nas eleições autárquicas em 2009, o PS venceu as eleições com 66,02% dos votos. Lusa

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A Junta de Freguesia de Santiago associa-se às Come-morações do 26º. Aniversário do Semanário POSTAL, e congratula-se por ter na sua freguesia a sede de tão im-portante órgão de comunicação social.Bem hajam todos quantos têm no Postal o seu posto de trabalho, a Direção e Administração, bem como os que de alguma forma contribuem para a manutenção deste jornal.Parabéns, e contem sempre connosco.

José Mateus Domingos CostaPresidente da Junta de Freguesia de Santiago

Parabéns ao Jornal Postal do Algarve pelos seus 26 anos de trabalho dedicado à informação. São trabalhos assim que possibilitam ampliar os conhecimentos e difundir as mudanças sociais e económicas da Região Algarvia. Que estes anos sejam os percursores de uma longa e histórica permanência junto a nós.

Muitos parabéns pelo excelente trabalho e muitos anos de vida.

O Presidente da Junta de Freguesia de Moncarapacho

José Marcelino Dias

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região

5 de Julho de 2013 | 7

Ô Os candidatos socialistas às câmaras

Socialistas apresentam rostos para as autárquicasMuitas novidades entre os dezasseiscandidatos às eleições de Setembro

Pedro Ruas/Ricardo [email protected]

OS 16 CANDIDATOS SOCIA-LISTAS À PRESIDÊNCIA DAS CÂMARAS MUNICIPAIS DO ALGARVE e a Federação Regio-nal do Algarve do PS assumiram um compromisso regional para devolver a esperança aos algar-vios, subscrito por todos no final do 7º Fórum Autárquico Regio-nal, que decorreu recentemente em Faro e serviu para apresentar os candidatos do PS às câmaras.

António Eusébio, presidente do PS Algarve, sublinhou que “os candidatos do PS no Algar-ve estão à altura da exigência e do compromisso”, acrescentan-do que “têm a visão, a dedica-ção, o trabalho, a responsabili-dade e a ética para responder positivamente perante novas e inovadoras políticas sociais e económicas”.

Há nomes repetidos, mas o grosso dos candidatos são no-vidades para as eleições de 29 de Setembro, data marcada para as Autárquicas deste ano.

De regresso ao escrutínio pelo mesmo concelho que lideraram nos últimos quatro anos estão Jorge Botelho, Tavira; José Amarelinho, Aljezur; e Adeli-no Soares, Vila do Bispo.

Os outros 13 candidatos são, na sua maioria nomes com ex-periência na vereação dos res-pectivos municípios, excepção feita a Carlos Nóbrega, conhe-cido empresário que concorre à autarquia de Castro Marim, e David Murta, por Vila Real de Santo António.

Aos pesos pesados do PS como são Isilda Gomes, can-

didata a Portimão, e Paulo Ne-ves, candidato a Faro, juntam--se nomes com experiência ao nível do executivo autárquico como Vítor Aleixo, para Loulé, que presidiu entre 1999 e 2002, e os actuais vice-presidentes Ví-tor Guerreiro, por São Brás de Alportel, e António Pina, por Olhão.

Também com experiência, mas ao nível da vereação, vão às urnas como cabeças-de-lista, Francisco Martins, por Lagoa; Fernando Serpa, candidato a Silves; Maria Joaquina Matos, por Lagos; Fernando Anastácio, candidato à Câmara de Albufei-ra; Graça Batalim por Monchi-que; e Osvaldo Gonçalves em Alcoutim.

Nota de destaque para a pre-sença de três candidatas, que concorrem à presidência das respectivas autarquias, cenário afastado pelo PSD que escolheu 16 candidatos masculinos.

PS ASSUME COMPROMISSOS PARA A REGIÃO Durante o fó-rum os 16 candidatos do PS à presidência das câmaras da região assumiram um conjun-to de compromissos comuns, de âmbito regional, que serão incluídos nos respectivos pro-gramas eleitorais.

A prioridade socialista será a “dinamização económica di-reccionada para a criação de emprego”.

Outras propostas como o desenvolvimento de parcerias locais na dinamização do co-nhecimento, cultura e despor-to; a criação de condições para o desenvolvimento de uma ci-dadania solidária; e o fomento

de um modelo de autarquia de proximidade estão também em agenda.

Joaquim Raposo, secretário nacional do PS, também esteve presente, sublinhando que o exercício do poder autárquico “constitui uma das melhores marcas da acção do PS, sendo motivo de justificado orgulho”, acrescentando que “os candida-tos socialistas têm de olhar com coragem, confiança e rigor para os desafios colocados no quoti-diano da gestão de uma comu-nidade e de um município, para além de apelarem à participa-ção dos cidadãos neste processo de mudança”.

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8 | 5 de Julho de 2013

Ricardo Claro/[email protected]

MACÁRIO ABANDONOU O GABINETE de presidente da Câmara de Faro na passa-da terça-feira, em resultado do pedido de suspensão do mandato de presidente da autarquia que tinha reali-zado depois de conhecida a última decisão desfavorável dos tribunais no processo que determinou a perda do cargo por actos praticados enquan-to presidente da Câmara de Tavira.

Tal como o POSTAL avan-çara na última edição a con-tagem decrescente para o adeus de Macário Correia era depois da decisão dos juízes do Supremo Tribunal Admi-nistrativo imparável, não obs-tante, exista ainda pendente um recurso no âmbito do re-ferido processo.

Terça-feira o autarca esteve

em Tavira, como testemunhou o POSTAL, enquanto Rogério Bacalhau, candidato à presi-dência da autarquia e vice de Macário, tomou posse como presidente da câmara da ca-pital da região, cargo que ocupará previsivelmente até

ao final do mandato.Macário falou à população

por escrito e considerou que foi “livremente escolhido” para presidente da câmara pelos munícipes de Faro, mas “por razões um pouco estra-nhas” entendeu pedir a sus-

pensão da função.“Estou envolvido num pro-

cesso judicial, em matéria que não tive qualquer interesse, a não ser de ajudar quem pre-cisa. Um dia, explicarei com muito detalhe, a todos vós, esta situação que não é dese-jável a ninguém”, referiu ain-da Macário Correia.

AUTARCA AGUARDA ÚLTIMA DE-CISÃO JUDICIAL Macário Cor-reia considerou que os factos que levaram à condenação de perda de mandato mere-

ceram “três decisões opostas entre si” dos vários tribunais que apreciaram o caso e disse que o processo o faz “sofrer profundamente há cerca de três anos”.

O autarca referiu que as “circunstâncias deste proces-so, com sucessivas contradi-ções nas decisões dos titulares do poder judicial”, são “muito preocupantes e inquietantes”, porque “perante a Constitui-ção todos têm direito a uma justiça equitativa”.

Macário Correia anun-

ciou que fica a aguardar para cumprir depois “serenamen-te a última decisão judicial, qualquer que ela seja”, espe-rando até essa data com o seu mandato suspenso provisoria-mente.

Com a suspensão do man-dato na Câmara de Faro, Ma-cário Correia terá também que ser substituído na presi-dência da Comunidade Inter-municipal do Algarve (AMAL), previsivelmente por Seruca Emídio autarca de Loulé, tam-bém ele do PSD.

d.r.

Rogério Bacalhau é o novo presidente da Câmara de FaroMacário suspendeu funções e aguarda decisão final do processo de perda de mandato

Ô Rogério Bacalhau é candidato à câmara da capital algarvia

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CERCA DE 150 MUNÍCIPES RECORREM A TRATAMENTOS

Alcoutim reforça apoio de fisioterapia

O SERVIÇO DE FISIOTERA-PIA, financiado pela Câma-ra de Alcoutim, foi recen-temente reforçado com a contratação de mais um fi-sioterapeuta. São agora três os técnicos a trabalhar no concelho de Alcoutim, per-mitindo uma abrangência completa do território. Ac-tualmente, atendem gratui-tamente cerca de 150 mu-

nícipes com problemas do foro músculo-esquelético.

As sessões de fisioterapia estão a decorrer no Centro de Dia de Vaqueiros, no Centro de Dia de Martim Longo e no Lar de Alcou-tim, para os utentes destas instituições, e no Centro de Reabilitação de Martim Longo, para a população em geral. No ano passado

foi ainda criado o serviço de fisioterapia ao domicí-lio, para os doentes cuja condição não lhes permi-tia a deslocação, vendo-se assim impossibilitados de aceder a estes cuidados.

Além destas sessões, a au-tarquia de Alcoutim oferece também a hidroterapia, na piscina municipal em Mar-tim Longo.

Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. Várias escolas do Algarve já aderiram à iniciativa: AE Professor Paula Nogueira (Olhão) / AE da Sé (Faro) / AE D. Afonso III (Faro) / AE Dr. Alberto Iria (Olhão) / Colégio Bernardette Romeira (Olhão) / AE Dr. João Lúcio (Fuseta) / AE de Estoi (Faro) / AE Joaquim Magalhães (Faro) / AE do Montenegro (Faro) / AE de Castro Marim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: [email protected] ou [email protected].

>> SOLUÇÃO da edição passada >> ASSINALE A FRASE CORRETA

De algodão velho,

Ora, vê lá se sabes este provérbio:

Quem não quer ser lobo,

� não mostra os dentes.

� não lhe veste a pele.

Ora, vê lá se sabes este provérbio:

; não se faz bom pano.

� machado nela.

CÂMARA MUNICIPAL DE TAVIRAEDITAL Nº 27 /2013

Jorge Manuel do Nascimento Botelho

Presidente da Câmara Municipal de Tavira

TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 20 de junho de 2013 foram tomadas as seguintes deliberações:

1. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 103/2013/CM, referente à Redução das taxas municipais associadas à 18ª. Feira de Caça, Pesca e do Mundo Rural;

2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 104/2013/CM, referente à E65/09/CP – Construção do Centro Escolar da Horta do Carmo – Prorrogação do prazo;

3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 105/2013/CM, referente ao Protocolo a celebrar entre a Fundação Calouste Gulbenkian, Direção Regional de Cultura do Algarve, Municípios do Algarve e Museu do Trajo – Programa de Mobilidade de Educadores.

Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume.

Paços do Concelho, 25 de junho do ano 2013

O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,

Jorge Manuel Nascimento Botelho

(POSTAL do ALGARVE, nº 1105, de 5 de Julho de 2013)

Page 9: POSTAL 1105 - 05 JUL 2013

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NOTARIADO PORTUGUÊSJOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA

NOTÁRIO em TAVIRA

Nos termos do Artº. 100, nº. 1, do Código do Notariado, na redacção que lhe foi dada pelo Dec-Lei nº. 207/95, de 14 de Agosto, faço saber que no dia dezassete de Junho de dois mil e treze, de folhas cem a folhas cento e uma verso, do livro de notas para escrituras diversas número cento e sessenta e quatro - A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de justificação, na qual:

MANUEL VENTURA MARTINS, NIF 140.337.180, solteiro, maior, natural da fregue-sia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, freguesia onde reside em Várzea do Vinagre, Caixa Postal 201-F, declarou:

Que, com exclusão de outrem, é dono e legítimo possuidor do prédio urbano com-posto por edifício térreo, com várias divisões e logradouro, destinado à habitação, mas em condições muito deficientes de habitabilidade, sito em Várzea do Vinagre, freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, com a área de cento e quarenta e seis metros quadrados, a confrontar do norte com Joaquim Do-mingues Santos, do sul e poente com caminho e do nascente com Joaquim Domin-gos, inscrito na matriz sob o artigo número 2.494, com o valor patrimonial tributável e igual ao atribuído de TRÊS MIL QUINHENTOS E NOVENTA EUROS, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira.

Que adquiriu o prédio por meio de partilha verbal e nunca reduzida a escritura públi-ca, efectuada com os demais interessados, em data imprecisa do ano de mil nove-centos e oitenta e quatro, por óbito de seu pai, Ventura Martins, falecido no dia vinte e um de Junho de mil novecentos e oitenta e quatro, no estado de casado com Maria Marta, sob o regime da comunhão geral de bens, residente que foi no sitio de Corte Vidreiros, da referida freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo.

Que desde esse ano possui o prédio em nome próprio, usufruindo do mesmo, fa-zendo as reparações necessárias, pagando contribuições e impostos devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu inicio, posse que sempre exerceu sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriu o prédio por usucapião.

Vai conforme o original.

Tavira, aos 17 de Junho de 2013

A funcionária por delegação de poderes;

Ana Margarida Silvestre Francisco - Inscrita na O.N. sob o n.º 87/1

Conta registada sob o nº. PAO 746 / 2013 Factura nº. 0755

(POSTAL do ALGARVE, nº 1105, de 5 de Julho de 2013)

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ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIACONVOCATÓRIA

Nos termos do Art.º 23.º, parágrafo segundo dos Estatutos, con-voco a Assembleia Geral Ordinária, a reunir na sede da Coope-rativa, pelas 17 horas e 30 minutos do dia 20 de Julho de 2013.

Não havendo número legal de cooperadores para a Assembleia poder funcionar em primeira convocatória, fica a mesma mar-cada para uma hora mais tarde, no mesmo local, com a mesma ordem de trabalhos e com qualquer número de cooperadores.

ORDEM DE TRABALHOS

Ponto Um: Apreciação e votação do relatório e contas da Direc-ção referentes ao ano de 2012;

Ponto Dois: Outros assuntos de interesse para a Cooperativa.

Tavira, 30 de Maio de 2013

O PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA GERAL

José Luís Gago Norberto

(POSTAL do ALGARVE, nº 1105, de 5 de Julho de 2013)

Page 10: POSTAL 1105 - 05 JUL 2013

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AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

10 | 5 de Julho de 2013

CÂMARA MUNICIPAL DE TAVIRAEDITAL Nº 26 /2013

Jorge Manuel do Nascimento Botelho

Presidente da Câmara Municipal de Tavira

TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 17 de junho de 2013 foram tomadas as seguintes deliberações:

1. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 98/2013/CM, refe-rente à 6º. Alteração ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano;

2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 99/2013/CM, referente à atribuição de apoio anual à Associação para o Desenvolvimento da Baixa de Tavira - UAC;

3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 100/2013/CM, referente à atribuição de apoio ao Cineclube de Tavira – Mostras de Cinema – Verão em Tavira 2013;

4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 101/2013/CM, referente aos Apoios ao Abrigo do RMAAD;

5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 102/2013/CM, referente à renovação de contratos de trabalho.

Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume.

Paços do Concelho, 17 de junho do ano 2013

O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,

Jorge Manuel Nascimento Botelho

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Page 11: POSTAL 1105 - 05 JUL 2013

Segundo dados recentes, a economia social representa 2,8% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) português e 5,5% do emprego remunerado, cor-respondente a cerca de 250 mil postos de trabalho directos. Está assim bem patente a importân-cia do terceiro sector em Portu-gal, com crescente influência no PIB e tendência em alta, devido à necessidade de mais e melho-res respostas sociais para acu-dir à situação difícil que o país atravessa.

Numa coisa os políticos es-tão todos de acordo: vivem-se tempos de emergência social

em Portugal e é preciso agir. Exemplo disso, a recente apro-vação por unanimidade, na As-sembleia da República, da Lei de Bases da Economia Social, sendo Portugal, o segundo país da Europa, a seguir à Espanha, a reconhecer com uma lei es-pecífica a importância da eco-nomia social. Espera-se agora, que a legislação específica seja publicada e entre em vigor bre-vemente, sem demorar vários meses. Misericórdias, coopera-tivas, associações mutualistas, instituições particulares de so-lidariedade social e os portu-gueses bem precisam.

No entanto, para darmos a volta à situação é necessária a par duma perspectiva assis-tencialista, uma abordagem empreendedora na área social, capaz de introduzir iniciativa, criatividade, inovação, susten-tabilidade nas respostas so-ciais. No chamado terceiro sec-tor, cada vez mais importante para o bem-estar e a qualidade

de vida, têm que se conceber e aplicar novas soluções, novos projectos, profissionalizar a gestão, explorar oportunidades, desenvolver a capacidade de ter boas ideias e de as concretizar, aumentar a riqueza social.

Há vários tipos de empreen-dedorismo, mas os mais popu-lares são, sobretudo, o empre-endedorismo de negócios que tem por base as empresas e o empreendedorismo social. No que diz respeito ao empreen-dedorismo social, este surge como uma sub-disciplina den-tro do campo do empreende-dorismo (Certo e Miller, 2008), tendo vindo a afirmar-se quer no meio académico, quer no meio empresarial e da econo-mia social.

Apesar das muitas definições existentes, pode-se considerar que o empreendedorismo so-cial “engloba as actividades e processos desenvolvidos para descobrir, definir e explorar oportunidades de forma a au-

mentar a riqueza social através da criação de novas empresas ou através da gestão inovado-ra de organizações existentes” (Zahra et al., 2009).

O empreendedorismo so-cial, mais do que um novo conceito que une a gestão e a economia social é uma nova abordagem à criação de em-presas e organizações, basea-da em princípios e valores que não estão tradicionalmente as-sociados à actividade empre-sarial (que na sua génese visa maximizar o lucro), mas que procuram maximizar a uti-lidade social, apostando na inovação aplicada à resolução de problemas societais.

Na actualidade, os proble-mas de desemprego, pobre-za, exclusão social e a crise do Estado-Providência, abrem um largo espectro de intervenção e conjugação de esforços en-tre empreendedorismo social e políticas públicas.

Se o empreendedorismo

opinião

Sobe

& d

esce Feira da Caça

Em ano de encolher, uma vez mais, o orçamento, a Feira da Caça cresce e mostra-se cheia de pujança. A não perder em Tavira (Ler pág. 3).

Luís Carito

Inocente até prova em contrário Luís Carito sai irremediavelmente manchado e a Câmara de Portimão segue-lhe os passos. Não há auditoria que lave o triste espectáculo (Ler pág. 4).

Como cidadão, há décadas preocupado com os proble-mas que afligem os habitan-tes da vila de Santa Luzia, fiquei deveras surpreendido com as declarações publica-das, na reportagem do dia 19 de abril, último, no jornal “Postal do Algarve”, a propó-sito das “Casas de banho pú-blicas ao abandono”.

Creio que as notícias ali in-seridas, se prestaram a trans-mitir uma ideia errada do verdadeiro sentido ordeiro e

responsável da população San-taluziense, prestando com isso um mau serviço à vila de San-ta Luzia, bem como aos seus habitantes, ao pretenderem justificar o encerramento dos urinóis públicos, durante mais de dez meses, com a ocorrên-cia de actos de vandalismo “durante a noite”, resultando a loiça e torneiras partidas e outros precedentes, como se estas provocações não ocor-ressem sempre e de forma sistemática, infelizmente, em inúmeros espaços públicos exis-tentes por todo o país. Mas se os urinóis eram fechados durante a noite, como ocorreram esses actos, sempre de lamentar? De salientar que uma das portas está arrombada, mas essa situ-

ação só ocorreu depois do edi-fício ter sido trancado, havendo vestígios de pernoita de algum sem abrigo no seu interior, sem que alguém, até ao momento, se tivesse oposto a tal.

O que não se pode permitir é que por causa de alguns con-tratempos, todos os outros uti-lizadores estejam impedidos de utilizar aquele espaço público, nomeadamente como ocor-reu por altura das Festas dos Pescadores, no ano passado, e que com certeza se vai repetir no presente ano, dado que nas declarações ao jornal, o verea-dor detém o respetivo pelouro; «não anuncia nem prevê uma data para a reabertura…».

Mas já alguma entidade fez um orçamento de quanto é ne-

cessário despender, para vol-tar a abrir as casas de banho públicas?

Os pescadores, os turistas, os comerciantes da área envolven-te e os demais frequentadores da lota de Santa Luzia, lamen-tam o seu encerramento que pa-rece estar para durar, a fazer fé em informações de que a inten-ção é de requalificar o edifício e criar ali um espaço comercial, com esplanada junto à ria… é por isso que nenhuma entidade está interessada em voltar a rea-brir os WC como se depreende na seguinte informação colhida pelo “Postal do Algarve”, junto de fonte ligada ao processo: «…há propostas para alterar as valências do edifício com a co-locação de um quiosque (para

bar?) que permita disciplinar os balneários e ainda criar um ou dois postos de trabalho». Eu e muitas outras pessoas até po-demos concordar com esta op-ção, mas perguntamos: - Para quando? Porque não se abre aquele espaço, sabendo que por enquanto, só existe a intenção de o modificar?

Mas se é esta a intenção, dei-xem de se desculpar com o van-dalismo que não é maior nem pior nesta vila, que noutras lo-calidades, assumindo de vez o que pretendem implementar naquele espaço, ao invés de transmitirem uma ideia errada da pacatez que se assiste, nas su-cessivas noites, na nossa bonita vila à beira ria plantada.

Rui Salvé-Rainha

5 de Julho de 2013 | 11

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Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: [email protected]

Director: Henrique Dias(CP 3259).

Director Comercial: Basílio Pires Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricar-do (CP 388), Pedro Ruas. Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defe-sa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco. Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire, inscrito sob o nº 211 612 no Registo das Empresas Jornalísticas. Edição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT.

Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.

Tiragem desta edição:9.253 exemplares

A propósito dos urinóis públicos de Santa Luzia!

Não sei falar essa língua

Há alturas em que fazer-mo-nos de estúpidos é a atitude mais sábia a tomar. Mesmo quem é pacífico e tolerante passa, num ou noutro momento da vida, por situações de algum atrito. Há pessoas que, sem sabermos bem porquê, nos enervam. E também há pes-soas a quem, sem entender-mos o motivo, despertamos as maiores raivas.

Perante quem nos irri-ta a solução é simples: ou afastamo-nos ou decidi-mos entender os porquês mais profundos e decidi-mos resolvê-los, passando a desvalorizar tal incómodo.

Quanto àquelas pessoas que não nos suportam, a solução ainda é mais fácil: basta simplesmente agir como se estivéssemos em morte cerebral ou como se quem nos provoca falasse uma linguagem desconhe-cida que não temos a míni-ma intenção de aprender.

Dizem que as incompa-tibilidades existem por ver-mos espelhado no outro as coisas de que não gostamos em nós. Deve ser por isso que não me lembro de qua-se ninguém que me irrite de verdade.

OPINIÃO

Ana Amorim Dias - [email protected]

Empreendedorismo e Economia Social

e os empreendedores são as alavancas do desenvolvimen-to económico, a inovação e o empreendedorismo sociais são as alavancas de um modelo de desenvolvimento mais coeso, humano e sustentável. Parafra-seando Bill Drayton, fundador da Ashoka: “Os empreendedo-res sociais não ficam satisfeitos apenas por dar o peixe ou por ensinar a pescar. Eles não vão descansar enquanto não con-seguirem revolucionar a indús-tria da pesca”.

Dinis CaetanoEconomista

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A INTENÇÃO DOS ORGANIZA-DORES DE LEVAR O RALI DE PORTUGAL para o norte do país era evidente e esse seria o provável destino das pró-ximas edições, mas um volte--face levou o Automóvel Club de Portugal (ACP) a reconside-rar e manter a prova em terras algarvias.

Segundo o comunicado do ACP, há cerca de dois anos que é estudado o regresso do Rali ao norte do país, em conformi-dade com a vontade da FIA e das populações locais, contu-do, “estranha e incompreensi-velmente” a Câmara do Porto não respondeu à missiva do ACP.

Dos 11 municípios contacta-dos para alterar o percurso da prova, a autarquia liderada por Rui Rio foi a única que não se comprometeu formalmente

com a realização da prova nos próximos três anos.

O mesmo comunicado refe-re que “a organização de uma prova desta envergadura e dos compromissos internacionais inerentes à mesma exigem responsabilidade, seriedade e vontade”, algo que, segundo o ACP, “não corresponde ao comportamento da Câmara do Porto e dos seus candidatos”.

Desidério Silva, presidente do Turismo do Algarve, con-gratula-se com o anúncio do ACP, considerando que esta é “a decisão mais acertada para o evento”, concluindo que “o Algarve só tem a ganhar com esta resolução”. PR/RC

Rali de Portugal continua no AlgarveAmeaça de ser feito no norte do país está afastada

Ô Desidério Silva

d.r.

última

O POSTAL regressa no dia

26 de Julho

pub

pub

Page 13: POSTAL 1105 - 05 JUL 2013

JULHO 2013 | n.º 59

www.issuu.com/postaldoalgarve9.253 EXEMPLARES

Mensalmente com o POSTALem conjuntocom o PÚBLICO

Coimbra tem mais encanto

p. 5

Património Mundial:

d.r.

d.r.

Leituras Zen ou uma

reinvenção do poéticop. 9

Juventude, artee ideias:

Tristezas não pagam dívidas

p. 2

Aqui háespectáculo:

Repto à Direcção Regional de Cultura

p. 4

Espaço Património:

Turismo e Património

Espaço Cultura:

Criar Cultura no Algarve

p. 9

d.r.

d.r.

d.r.

p. 12

d.r.

Page 14: POSTAL 1105 - 05 JUL 2013

05.07.2013 2 Cultura.Sul

Há que falar sobre o mau como sobre o bom. Prefiro o bom ainda que menos dado a parangonas e desta feita es-crevo sobre o que de positivo se vai fazendo.

Depois de em Março ter dedicado este mesmo espa-ço ao definhar das salas de cinema na região, eis que o faço agora para dar nota de sentido inverso.

O responsável pelo prazer de escrever estas linhas é o empresário Carlos Matos e aqui fica o meu, como de-certo o de todos os algarvios, agradecimento.

Pela mão de Carlos Matos o cinema regressa a Lagos, anos volvidos sobre o aban-dono pela sétima arte da ci-dade do Infante, e com este regresso retorna a melhor arma para a criação de públi-cos para o grande ecrã numa realidade que extravasa lar-gamente a cidade lacobri-gense e se estende a todo o extremo noroeste da região.

Boas notícias portanto e enquanto tal dignas de nota. Sinais positivos a que se junta o regresso das mos-tras de cinema de Tavira que retornam à cidade do Gilão já este mês, ao mesmo tempo que Faro repete o cinema ao ar livre, tendo como palco o Museu Municipal.

Importa pouco em face disto saber se o que se con-seguiu entretanto é a semen-te para um cinema dito de qualidade e ‘alternativo’ ou para um cinema de massas e de cariz comercial. Importa que é cinema, que é arte e cultura.

Importa que é um volte face no definhamento da ex-pressão da arte cinematográ-fica no Algarve, importa que há quem se esforce e o alme-je e quem, acima de tudo, o consiga.

Eis, pois, razões sobejas para o regozijo e o que se pede é exactamente este ca-minho, no cinema, como em todos os campos da cultura, a bem de todos e do Algarve em particular.

O mau, como o bom...

Ficha Técnica:

Direcção:GORDAAssociação Sócio-Cultural

Editor:Ricardo Claro

Paginação:Postal do Algarve

Responsáveis pelas secções:• Contos da Ria Formosa:

Pedro Jubilot• Espaço ALFA:

Raúl Grade Coelho• Espaço AGECAL:

Jorge Queiroz• Espaço CRIA:

Hugo Barros• Espaço Educação:

Direcção Regionalde Educação do Algarve

• Espaço Cultura:Direcção Regionalde Cultura do Algarve

• Grande ecrã:Cineclube de FaroCineclube de Tavira

• Juventude, artes e ideias: Jady Batista• Da minha biblioteca:

Adriana Nogueira• Momento:

Vítor Correia• Panorâmica:

Ricardo Claro• Património:

Isabel Soares• Sala de leitura:

Paulo Pires

Colaboradoresdesta edição:Carlos CampaniçoFrancisco AlvoMarisa MadeiraPaulo SerraPedro Saldanha

Parceiros:Direcção Regional de Cul-tura do Algarve, Direcção Regional de Educação do Algarve, Postal do Algarve

e-mail redacção:[email protected]

e-mail publicidade:[email protected]

on-line em: www.issuu.com/postaldoalgarve

Tiragem:9.253 exemplares

Poderá a Cultura competir com a praia?

Junho inaugura o Verão, mês de excelência do início da épo-ca balnear, das idas constantes à praia, das férias, dos eventos ao ar-livre, de e(n)-turistasi que vêm encher as praias, hotéis e restaurantes. A região transfor-ma-se numa agitação inigualá-vel e anualmente, durante sen-sivelmente quatro meses, sinto este déjà vu de lotação esgotada neste Algarve a que pertenço e que me faz ser cada vez mais exigente, preocupada, com o dever de ser mais participativa e activa no ‘culto da cultura’ e não no ‘culto do bronze’.

O paradigma repete-se todos os anos, boiamos na sensação de estranheza que cultura não conjuga bem com praia, nem praia conjuga bem com arte e assim estendemos as nossas toalhas com este sentimento de incompatibilidade. Para col-matar esta ligação considerada impossível, num passado breve enfatizou-se a lógica ‘se os ba-nhistas não procuram a Arte, a Arte vai até à praia’ aquando

da produção da exposição ‘Holi-days in the Sun’, produzida pelo Museu Serralves, no âmbito do programa Allgarve’08, em que várias praias algarvias foram ocupadas por instalações de

arte contemporânea. Ter-se-ia criado um novo conceito (de arte balnear?) numa óptica crí-tico-social da relação existente entre o Turismo, do desejo de non fare niente versus o papel da Cultura ou da Arte em locais turísticos.

A praia, o sol e o golfe têm vendido muito bem a imagem da região, estamos gratos por isso, mas não seria mais inovador e gratificante promover o Algar-ve como a região da Cultura, do Design, da Produção Artística e da Criatividade? Vou então dar o meu sermão aos peixes sobre

as valências da Cultura: não é sazonal, é activa todo o ano, acessível, não é limitada, é atin-gível, mutante, permite-nos di-versas experiências, proporciona aprendizagem, desenvolvimen-

to pessoal e social e traz benefí-cios para o desenvolvimento da Economia. Tais características são igualmente viáveis de se li-garem com o Turismo, sendo urgente praticar-se o ‘Turismo Criativo’ que visa dar ênfase às exigências do ‘novo turista’, que procura ofertas culturais e genuínas. O turista é muito exi-gente e as gentes locais também deverão sê-lo, está na altura! Há que tirar das profundezas toda a nossa vontade e imaginação sub-mersa, há que ser-se arrojado e aproveitar as potencialidades da nossa aldeia, vila, cidade e re-

Tristezas não pagam dívidas

Já estamos no Verão e as férias aí à porta. Férias para cada vez menos, dado o ní-vel de desemprego, e cada vez mais contidas, devido ao custo de vida.

Valham-nos os santos - os populares - e a sardinha as-sada, para não nos pormos todos daqui a marchar. Ju-nho foi mês de festa e do solstício, mas, para mim foi

também mês de reflexão. Completei, no dia 22, 35 anos de existência neste pla-neta e permitam-me o desa-bafo, jamais pensei chegar a esta idade com tantas incer-tezas quanto ao meu futuro profissional, ao mesmo tem-po que assisto frustrado e impotente, ao definhar eco-nómico-social do meu país, sem uma estratégia política para o futuro que reúna con-sensos e esperança popular.

De facto, temos um gover-no completamente agrilhoa-do pela ajuda financeira da Troika e com uma obsessão compulsiva em provar a Bru-xelas, que Portugal pagará a sua dívida pública a tempo

e horas, mesmo que para isso grande parte dos por-tugueses tenham de morrer à fome!

Enfim, a nossa tristeza é que não pagará esta dívida certamente! Por isso, toca a ter esperança em dias me-lhores, apanhar o embalo das marchas e aproveitar as festas e eventos culturais que todo o ano animam a nossa região, em particular, a mi-nha terra, que é Olhão.

Aproveito para endere-çar um bem-haja a todos os agentes culturais deste mu-nicípio! Pois têm desenvol-vido um grande esforço para que Olhão não caia numa apatia cultural.

d.r.

d.r.

Ricardo [email protected]

Editorial Espaço CRIA

Marisa MadeiraCRIA – Divisão de Empreende-dorismo e Transferência de Tec-nologia da UAlg

Juventude, artes e ideias

Pedro Saldanha

gião. Existem factos e artefactos históricos que evidenciam a ri-queza do Algarve, mas cabe-nos também produzir a História e a Cultura do presente e do futu-ro. A criatividade é de entrada livre e permite muita coisa, por isso deixemos de lançar ao mar boas ideias para que depois as percamos na rede dos anos que passam. A pescaria nem sem-pre é boa, sabemos disso, mas é preferível algo consumível do que nada; assim acontece com a Cultura.

Mergulhemos no melho-ramento de alguns aspectos: reformular a mensagem pro-mocional nacional e interna-cional da região, evidenciando a tradição e a contemporanei-dade; execução de um estudo aprofundado sobre o impacto da Cultura, tanto para a região como para o Turismo, para que ajude os agentes na efetivação de acções ou projectos; que se dê mais atenção às próximas edições do Algarve Design Me-eting e do Design & Ofícios e a novos projectos que irão surgir e que se valorize mais as comu-nidades criativas e artísticas.

Esta abordagem sobre o estado da Cultura do Algar-ve fica muito aquém das co-municações de quem sem-pre transmitiu genuinidade algarvia, paixão, respeito e (muitas vezes) preocupação, o Professor Doutor António Rosa Mendes. Obrigada pela sua marcante passagem, en-sino e partilha.

i e (turistas estrangeiros); n (turistas nacionais) – criação da autora.

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05.07.2013  3Cultura.Sul

“SKETCHES FROM OUTER SPACE”13 JUL | 21.30 | Teatro Municipal de PortimãoFilipe Valentim apresenta na Black Box um con-certo/performance onde realizará a solo, com um saxofone, uma série de “rascunhos” musi-cais improvisadosAg

endar

Espaço AGECAL

António Rosa Mendes (1954 – 2013)historiador e gestor cultural

O desaparecimento tão prematu-ro de António Rosa Mendes desper-tou em muitos que com ele convi-vemos e privámos, sentimentos de tristeza e luto, mas também recor-dações pessoais e colectivas que sempre se avivam nestes momentos.

Não podia a AGECAL deixar de prestar neste espaço uma home-nagem pública, em primeiro lu-

gar porque António Rosa Mendes era atualmente o nosso Presidente da Assembleia Geral, também por-que nestas funções manteve uma atitude exemplar, sempre presente e construtivo, solidário.

Ele considerava a AGECAL im-prescindível ao Algarve, como o afirmou na nossa última AG reali-zada a 27 de Março, uma estrutura importante numa região cultural-mente pouco valorizada e compre-endida. Via nesta associação, como nós, não apenas uma voz inde-pendente, de reflexão e formação, mas também “massa crítica” para influenciar a presença da cultura como dimensão essencial do de-senvolvimento regional equilibra-do, sobretudo num momento de esgotamento do modelo unívoco.

Durante a Faro 2005 – Capital Nacional da Cultura, da qual foi Presidente da Estrutura de Missão, António Rosa Mendes bateu-se com a equipa de programação pela des-centralização do projecto a todo o Algarve, pela promoção do patri-mónio cultural nacional e regional. Nesse ano editaram-se filmes e li-vros, concretizaram-se dezenas de exposições sobre a arte portuguesa e de diversas épocas, do patrimó-nio antigo ao contemporâneo, fo-ram apresentados espectáculos de teatro, música e dança. Em Março de 2006, encerrados relatórios e contas gerais e sectoriais, não ha-via qualquer dívida por pagar, este pormenor define o respeito pelos que trabalham.

Participou como docente no mes-

trado em “Gestão Cultural” da Uni-versidade do Algarve, proposto pela AGECAL e que formou algumas de-zenas de jovens universitários

Como professor e investigador conhecia profundamente a Histó-ria do Algarve e o seu riquíssimo passado. Para além da bibliografia de âmbito universitário deixou-nos alguns dos mais incisivos e corajo-sos textos em defesa do património regional, parte dele destruído pela ignorância e a ganância especula-tiva. No combate cívico bateu-se contra o novo-riquismo cultural, não poupando críticas ao glamou-roso “allgarve”, também a fenóme-nos pseudo-populares da cultura.

António Rosa Mendes foi alguém que amou o seu País e o Algarve. Via a história da região como uma

continuidade, um instrumento fundamental para compreender o País e projectar correctamente o futuro.

Foi um humanista, um comba-tente por valores e causas. Por isso centenas de pessoas acompanha-ram a despedida em Cacela Velha, pequena pérola envolvida por pai-sagens encantatórias, que guardará para sempre um dos seus melhores filhos.

É um lugar-comum dizer-se que não há insubstituíveis. Verdade ilu-sória, porque existem alguns que, pela correcção de processos e dig-nidade cívica, por aquilo que dão à comunidade, se distingam na sin-gularidade e deixem um enorme vazio.

Teremos saudades tuas, António.

Grande ecrã

A DIRECÇÃO DA AGECAL

“A SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA”6 JUL | 21.30 | Teatro das Figuras - FaroA Companhia Nacional de Bailado apresenta o programa que assinala o centenário da estreia do bailado acima referido

Cineclube de TaviraProgramação: www.cineclubetavira.com281 971 546 | 965 209 198 | 934 485 [email protected]

13ª Mostra de Cinema Europeu de Tavira | Claustros do Convento do Carmo (ar livre) | 21.30 | reservas/booking: contactos acima / contact above

12 JUL | RISING HOPE Milen Vitanov, Ale-manha 2012 M/4 (10’) + INTOUCHABLES (AMIGOS IMPROVÁVEIS), Olivier Nakache & Eric Toledano, França 2011 (112’) M/12 13 JUL | SALMON FISHING IN THE YEMEN (A PESCA DO SALMÃO NO IÉMEN), Lasse Hallström, Reino Unido 2011 (107’) M/1214 JUL | MOMENTOS, Nuno Rocha, Portu-gal 2010 M/6 (7’) + THE ARTIST (O ARTIS-TA), Michel Hazanavicius, França/Bélgica 2011 (100’) M/1215 JUL | TABU, Miguel Gomes, Portugal/Alemanha/Brasil/França 2012 (110’)16 JUL | VICKY AND SAM, Nuno Rocha, E.U.A./Portugal 2010 M/12 (14’) + LE HA-VRE, Aki Kaurismäki, Finlândia/França/Ale-manha 2011 (123’) M/617 JUL | EN KONGELIG AFFÆRE/A ROYAL AFFAIR (UM CASO REAL), Nikolaj Arcel, Dinamarca/Suécia/República Checa 2012 (137’) M/12

Cineclube de Faro Programação: cineclubefaro.blogspot.pt

Mostra de Cinema ao Ar Livre Museu Municipal | 22 horas

18 JUL | THE MASTER - O MENTOR, Paul Thomas Anderson, EUA, 2012, 144’, M/16 19 JUL | TABU, Miguel Gomes, Portugal, 2012, 110’, M/1222 JUL | NÃO, Pablo Larraín, Chile, 2012, 118’, M/1223 JUL | À PROCURA DE SUGAR MAN, Malik Bendjelloul, Suécia, 2012, 85’, M/1224 JUL | OS AMANTES PASSAGEIROS, Pe-dro Almodóvar, Espanha, 2013, 90’, M/1625 JUL | BESTAS DO SUL SELVAGEM, Benh Zeitlin, EUA, 2012, 93’, M/1226 JUL | NOUTRO PAÍS, Hong Sang-Soo, Coreia do Sul, 2012, 89’, M/1229 JUL | BELLAMY, Claude Chabrol, França, 2009, 110’, M/1230 JUL | A RAPARIGA DE PARTE NENHU-MA, Jean-Claude Brisseau, França, 2012, 91’, M/1231 JUL | POST TENEBRAS LUX, Carlos Rey-gadas, México, 2012, 115’ Todos os filmes serão antecedidospor curtas-metragens portuguesas

Museu de Faro recebe sétima arte

O Melhor Cinema ao Ar Livre volta ao mági-co espaço dos Claustros do Museu Municipal de Faro! De novo com o apoio financeiro da Direção Regional da Cultura do Algarve (sem o qual não poderia ser concretizada esta Mos-tra), durante 10 dias daremos um conjunto de 20 filmes. Antecedendo cada uma das longas--metragens, oferecemos uma curta-metragem portuguesa, escolhida de entre a melhor produ-ção nacional. O nosso critério de seleção destas curtas-metragens teve a ver, por um lado, com o entrosamento com a organização do Festival Farcume, pelo que exibiremos alguns dos pre-miados da sua edição do ano passado; por ou-tro lado, com a recém edição do livro “Geração Invisível: Os Novos Cineastas Portugueses”, que será lançado pela sua autora durante a Feira do Livro que iremos promover a par das sessões de cinema, escolhemos cinco curtas-metragens, como, por exemplo, de Sandro Aguilar, Filipe Melo ou do multi-premiado João Salaviza.

Quanto às longas, ressalta a grande quali-dade delas, a sua diversidade geográfica e, igualmente, a variedade de géneros presente: temos desde dramas psicológicos, como o Os-carizado O Mentor, até filmes de intervenção política, como o chileno Não, a comédia tres-

loucada de Almodovar, a poesia do fantástico de As Bestas do Sul Selvagem, o documentário musical sobre Stephen “Sugar” Segerman (fil-me que arrebatou o Óscar para Melhor Do-cumentário), o pendor policial de Bellamy ou a dimensão metafísica do mexicano Post Tenebras Lux… Uma magnífica seleção, à qual com certeza não irá faltar!

Cineclube de Faro

Cinema ao ar livre regressa a Faro

d.r.

Page 16: POSTAL 1105 - 05 JUL 2013

05.07.2013 4 Cultura.Sul

Repto à Direcção Regional de Cultura

No artigo anterior, e no que concerne às artes de palco, ma-nifestei a minha preocupação pela monocultura comercial que alastra e se instala nas sa-

las de espectáculos do Algar-ve, em detrimento de projectos estruturalmente culturais. A razão deste novo paradigma é a falta de capacidade financei-ra para a aquisição de espec-táculos não comerciais, cuja natureza é pouco geradora de receitas.

Por argumentos não disse-melhantes, escreverei hoje so-bre o afastamento dos públi-cos jovens das nossas salas. É consabido que a cultura é sem-pre das áreas mais afectadas com as restrições financeiras. Tendo esta medida impacto generalizado, preocupa-me a faixa etária mais baixa.

Numa altura em que as crianças e os adolescentes de-vem ter contacto com as artes de palco, este não acontece. Diga-se que nunca houve, glo-balmente, uma grande preocu-pação com a formação cultural dos públicos jovens por parte dos nossos decisores. Porém, pela incapacidade financeira das famílias, pela impossibi-lidade dos municípios em in-vestir consistentemente nestas

áreas, pelo abandono do pro-grama Educação pela Arte, da DREAlg, e pela vivificante im-portância da cultura no cres-cimento dos neófitos, tenho a ousadia de deixar um repto à Direcção Regional de Cultu-ra, na pessoa da sua Directo-ra Regional, Dra Dália Paulo, acreditando que tem o perfil adequado para este desafio.

Tenho para mim que, o tra-balho generoso e competente que Dália Paulo tem apresen-tado, poderá ser reforçado e aprofundado com o debruçar

sobre a formação cultural dos jovens algarvios. Deste modo, lanço o desafio para que a Di-recção Regional de Cultura es-timule a Delegação Regional de Educação e as autarquias da Região, concebendo um plano para levar os jovens às salas de espectáculos.

A formação desta tríade be-neficiaria a todos: primeiro, as crianças, por razões que dispenso enumerar; depois a Cultura que ganharia no-vos públicos, conquanto o resultado não fosse imedia-to; tendo por princípio que a Cultura é um pilar da Educa-ção, também esta beneficiaria de jovens mais conhecedores, devendo, no mínimo, consi-derar esta matéria extra-cur-ricular mas obrigatória em todos os níveis de educação; por fim, as autarquias, cujos seus munícipes mais jovens começariam a ganhar novas competências e cujas salas te-riam outra dinâmica. Por seu turno, traria alguma benefi-ciação aos muitos projectos artísticos da Região.

Apostar no público jovem

Teatro Municipal de Faro Programação: www.teatromunicipaldefaro.pt

5 JUL | La Valse – A Sagração da Primavera, Companhia Nacional de Bailado, 21.30 horas,duração: 1h18, preço: 15 € e 5 € para menores de 30 anos13 JUL | Vamos lá então perceber as mulheres… mas só um bocadinho, por Marta Gautier(humor), 21.30 horas, duração: 1h30, preço: 10 €21 JUL | Gala do XIII Workshop de Dança, Companhia de Dança do Algarve, 21.30 horas,duração: 1h30, preço: 10 €

Cine-Teatro LouletanoProgramação: http://cineteatro.cm-loule.pt

6 JUL | LX Comedy Club (stand-up comedy), 21.30 horas, preço: 10 €18 JUL | Frágil som do meu motor, de Leonardo António (cinema), 21 horas, duração: 2h09, preço: 3 €

TEMPO - Teatro Municipal de PortimãoProgramação: www.teatromunicipaldeportimao.pt

Até 13 JUL | Sérgio Godinho e as 40 Ilustrações (exposição), de terça a sábado, das 10 às 19 horas, entrada livre6 JUL | Reflect (música), 21.30 horas, duração: 1h20, preço: 5 €11 JUL | Um espaço chamado Teatro, 19 horas, duração: 1h30, preço: 3 €12 JUL | Cinemas às 6.ªS – “Ali, o caçador”, de Rafi Pitts, 21.30 horas, duração: 1h30, preço: 3 €13 JUL | Sketches from outer space, de Filipe Valentim, 21.30 horas, duração: 1h, preço: 2 €18 JUL | Um espaço chamado Teatro, 19 horas, duração: 1h30, preço: 3 €26 JUL | Cinemas às 6.ªS – “O meu maior desejo”, de Hirokasu Koreeda, 21.30 horas, duração: 2h07, preço: 3 €19 JUL – 7 SET | Dentro do Corpo, Fora do Corpo, de Rui Gonçalves e Nuno Borges (exposição), de terça a sábado, das 10 às 19 horas, entrada livre

Aqui há espectáculo

Luís Franco-Bastos, Ricardo Vilão, Rui Sinel de Cordes e Salvador Martinha percorrem o país em registo de comedy club. Depois de várias sessões esgotadas em várias cidades

o tour VOLTA EM 2013.Nova temporada, novos textos, a mesma irreverência. A regra é que não há regras. Só piadas.

Dest

aque 6 JUL | LX Comedy Club (stand-up comedy), 21.30 horas, preço: 10 €

d.r.

Resultado de muitas horas, muita dedica-ção e, sobretudo, muito amor à música, o último acto transporta-nos para o universo de Reflect.De regresso às edições, assinala o início de um novo ciclo com o seu segundo trabalho

de originais, um disco homónimo que é a perfeita extensão do autor.Em palco, Reflect conta com o talento da equipa de sempre, num espectáculo inti-mista à sua imagem, onde a mensagem ganha nas palavras um papel de destaque.

Dest

aque 6 JUL | Reflect (música), 21.30 horas, duração: 1h20, preço: 5 €

Carlos CampaniçoProgramador La Valse, de Maurice Ravel, é uma metáfo-

ra à decadência da Europa após a Primei-ra Guerra Mundial. Na curta-metragem homónima, João Botelho e Paulo Ribeiro transpõem-na para a actualidade, sendo fi-éis à ideia do compositor que denominara

esta sua criação, como poema coreográfico.A Sagração da Primavera, de Olga Roriz, é um apelo à redenção e à confiança no fu-turo. É uma demonstração de luta contra a submissão, ou o medo. É um clamor de convicção, de pujança e de dinâmica.

Dest

aque

s

5 JUL | La Valse – A Sagração da Primavera, Companhia Nacional de Bailado, 21.30 horas, duração: 1h18, preço: 15 € e 5 € para menores de 30 anos

13 JUL | Vamos lá então perceber as mulhere... mas só um bocadinho, por Marta Gautier (humor), 21.30 horas, duração: 1h30, preço: 10 €

Em “Vamos lá então perceber as mulhe-res… mas só um bocadinho”, o público terá oportunidade de ver Marta Gautier em palco a, literalmente, dissecar o que de tão complexo se passa no universo pes-soal feminino: desde as vivências enquanto amigas, passando pela juventude, a expe-riência da maternidade e sim, o casamen-to…, e um dos grandes méritos desta peça

é que finalmente os homens percebem o que se passa com as mulheres… “… mas só um bocadinho”. Mais de 20 mil pessoas já viram esta peça que regressa, agora, aos palcos nacionais na sua tournée nacional, passando por Beja, Guimarães, Porto, Bra-ga, Estarreja, Lagoa, Figueira da Foz, Fafe, Tróia, Caldas da Rainha, entre muitas ou-tras cidades, e agora apresenta-se em Faro.

Page 17: POSTAL 1105 - 05 JUL 2013

05.07.2013  5Cultura.Sul

E já são dezasseis em Portugal os casos de classificação como Patrimó-nio Mundial atribuídos pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

A Universidade de Coimbra, a Alta e a Sofia, são a mais recente adição à lista portuguesa das distinções atribuídas pela agência das Nações Unidas e juntam-se a Angra do He-roísmo, ao Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém, ao Mosteiro da Bata-lha, ao Convento de Cristo, ao Cen-tro Histórico de Évora, ao Mosteiro de Alcobaça, à Paisagem Cultural de Sintra, ao Centro Histórico do Porto, às Gravuras Rupestres de Foz Côa, à Floresta Laurissilva da Madeira, ao Centro Histórico de Guimarães, ao Alto Douro Vinhateiro, à paisagem da cultura da vinha da Ilha do Pico e às fortificações de Elvas.

Uma vitória difícil

No final do passado mês a inte-gração daquela zona da cidade de Coimbra como Património Mun-dial decorreu em Phnom Penh, no Cambodja, e deu mostras do eleva-do respeito dos países membros da UNESCO pela Cultura Portuguesa, uma vez que a atribuição da dis-tinção foi realizada contra o pare-cer do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios, responsável pelo acompanhamento técnico das decisões da organização.

“Mais do que o reconhecimento do valor arquitectónico do com-plexo universitário de Coimbra, esta decisão da UNESCO sublinha o valor universal da cultura e da língua portuguesas e reconhece o papel central que Portugal teve na formação do Mundo, tal como hoje o conhecemos”, referiu à Lusa o reitor da Universidade de Coim-bra, João Gabriel Silva, no rescaldo da decisão.

Uma posição que reflecte o en-tendimento que mais do que um conjunto patrimonial a classifica-ção tem um lado patrimonial ima-terial sobremaneira relevante.

Instalada em Coimbra em 1537 a universidade é a jóia da coroa das universidades portuguesas no que respeita à tradição e ao reco-nhecimento internacional. E é-o merecidamente.

Coimbra deu ao mundo conheci-mento e foi fiel depositária durante muito tempo de um saber letrado

de matriz portuguesa. Como os passadiços que se

cruzam hoje na praça central da universidade, a Universidade de Coimbra foi durante séculos casa de saberes inúmeros que se cru-zaram entre si, criando uma parte importante do conhecimento uni-versitário de produção nacional.

O conjunto arquitectónico que inclui a Universidade de Coimbra, a Alta de Coimbra - profundamente afectada pelas obras desenfreadas do Estado Novo para a implantação de uma ‘Cidade Universitária’- e a Rua da Sofia - artéria por excelên-

cia interligada à universidade e aos universitários - constituem a área distinguida pela classificação da UNESCO e importa agora, depois da distinção ganha e quinze anos volvidos sobre os primeiros passos para a candidatura a Património Mundial, que sejam potenciados como factor demarcador de uma identidade valorizada daquela que é a principal cidade do centro do país.

A importância da distinção

Paulo Portas, ministro demis-

sionário de Estado e dos Negócios Estrangeiros, considerou que a classificação de Coimbra como pa-trimónio mundial da UNESCO be-neficiará “a economia, o turismo, o conhecimento e o cosmopolitismo” da cidade, mas também é “muito prestigiante” para Portugal.

“É um grande dia para Portugal e para Coimbra. A meritória can-didatura a património mundial passou com brilho e beneficiará” a cidade em várias áreas, afirmou o governante numa declaração es-crita enviada à Lusa.

A questão primordial é exacta-mente esta. A classificação como Património Mundial não é impor-tante em si mesma, enquanto acto efémero que se esgota num mo-mento de regozijo face ao resul-tado positivo de uma candidatura que é sempre esforçada e laboriosa.

O que realmente importa é o dia seguinte. O que fazer com a clas-sificação, como a aproveitar e po-tenciar em todos os aspectos onde a sua existência pode maximizar os benefícios são as grandes questões a que importa responder.

Muito para além da simples os-tentação do logo de Património Mundial lado-a-lado com o da au-tarquia ou da Região de Turismo, numa parceria para ‘inglês ver’, im-porta que se faça uma assumpção

da responsabilidade que implica a distinção da UNESCO e que se de-termine uma estratégia ponderada, assertiva e de longo prazo, capaz de determinar frutos de um posi-cionamento único no mundo.

É que importa ter verdadeira-mente em conta o valor intrínseco da distinção da UNESCO que ape-nas é partilhada por 981 classifica-ções em todo o mundo, das quais 759 são culturais, 193 naturais e 29 mistas e que são uma honra hoje apenas reservada a 160 países em todo o globo.

Ricardo Claro

Universidade de Coimbra integra Património Mundial

A Torre da Universidade de Coimbra

fotos: d.r.

“4 ESTAÇÕES, 4 FADOS”13 JUL | 21.30 | Centro Cultural de LagosMário Moita é cantor, compositor e pianista de Portugal. Há mais de 20 anos que anda pelo Mundo promovendo o seu trabalho

“O ALGARVE”Até 30 AGO | Edifício dos Paços do Concelho de AlbufeiraExposição de George Landman, o artista lon-drino que embarcou para Portugal em 1806 e pintou diversas panorâmicas do paísAg

endar

Vista de Coimbra

Tavira, a senhora que se segue

Ô O país regozija necessariamen-te com a classificação atribuída a Coimbra e os algarvios não são excepção.Mas terão os algarvios a noção exacta de que também eles estão na luta por uma classificação da UNESCO como Património Imate-rial da Humanidade? Muitos sim, mas muitos também não.A meses de Tavira ser submetida a exame como representante da candidatura portuguesa à Dieta Mediterrânica enquanto Patrimó-nio Imaterial da Humanidade, a mobilização geral está longe de ser o que deveria ou poderia, dan-do mostras de uma subavaliação da importância e do determinis-mo que uma vitória desta candi-datura pode ter para Tavira e para o Algarve, bem como, para o país.O projecto da candidatura assu-mido na sua coordenação pela autarquia liderada por Jorge Bo-telho e dinamizado sob a direc-ção de Jorge Queiroz - que tudo têm feito pela agregação de vonta-des em torno da candidatura - é a grande aposta que se segue nesta área a nível nacional, mas, mais do que tudo, deve ser encarada como o desafio primeiro dos algarvios neste âmbito.Há muito a ganhar em granjear uma vitória desta importância para o Algarve e, uma vez mais, importa que os algarvios se unam em torno deste que deve ser, tam-bém ele, um desígnio primordial da região no momento actual.

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05.07.2013 6 Cultura.Sul

“O SORRISO”Entre 14 JUL e 31 AGO | Bela Vista Hotel& SPA - PortimãoAna Mesquita expõe telas com retratos portu-gueses, que têm a particularidade de terem sido desenhados num iPad, associadas aos vídeos do making of dessas mesmas telas

“VAMOS LÁ ENTÃO PERCEBER AS MULHERES…”13 JUL | 21.30 | Teatro das Figuras - FaroPalestra humorística com Marta Gautier em pal-co a, literalmente, dissecar o que de tão com-plexo se passa no misterioso universo feminino

Um singular caso insular: João de Melo

Depois de abordar nos seus pri-meiros dois livros, Memória de ver ma-tar e morrer e Autópsia de um Mar em Ruínas, as suas memórias da guerra colonial, João de Melo, autor açoria-no, nascido em S. Miguel, incorre no novo panorama literário português com o fabuloso romance O Meu Mun-do não é deste Reino, eivado ainda de realismo mágico, à semelhança de O Dia dos Prodígios, de Lídia Jorge, retra-tando um mundo à parte que existe dentro deste “reino” português. No seu quarto romance, Gente Feliz com Lágrimas, que a par de O Meu Mundo não é deste Reino pode ser entendido como um díptico sobre os Açores, encontram-se referências explícitas a esse modo de vida das ilhas em passagens como: «o pasmo dum ar-quipélago que encalhara na mística religiosa do século XVI». Contudo, se Gente Feliz com Lágrimas pode pa-recer, num primeiro impacto, uma mera continuação, em que se retoma esse povo do Rozário quando, num tempo mais actual, se atreve final-mente a partir além desse mar bran-co que envolve as ilhas, a ambiência mágica que antes perpassava na Ilha vai desaparecer, associada à própria partida do protagonista para Lisboa. A opressão retratada neste romance prende-se com um menino que vive num medo constante de um pai vio-lento, materializando na paisagem da sua infância esses fantasmas, puramente internos, que o assom-bram: «Tudo irreal e oculto, como o próprio sol o era na sua esfera par-da e oblíqua. Envolvendo as mães dos pêssegos e dos outros frutos, as matas de criptoméria eram presen-ças fulvas, cor de estanho, postas ali de propósito pelos antepassados só para captarem o tempo parado dos mortos. O ninho esdrúxulo do Grande Medo abria-se para receber o frio de meu corpo. Passavam então, como num desfile, por cima das co-pas das árvores, os mortos da família (...).» (p. 146). Este romance retrata

o sentimento de exílio da diáspo-ra do povo açoriano, mas também de todos os milhares de portugue-ses que se espalharam pelos vários continentes, levando em si o mun-do em que cresceram, sem que dele se separem e sem que a ele possam voltar, pois nada permanece igual, engolido pela voracidade do correr do tempo. A força da vivência na Ilha, novamente maiusculada, permanece arreigada na memória dos açorianos que emigram para o Canadá, para a América e outros destinos além-mar, como transparece na seguinte passa-gem: «Todos estão aqui mas continu-

am nesse tempo da Ilha. Trouxeram-na, mantêm--na intacta dentro de si (…), mudaram de nome – mas persistem no tempo obsessivo das procissões e roma-rias, no pudor da mais sagrada nudez, no ví-cio de dizer mal dos vizinhos (…). Tristes, enigmáticos, fingem a euforia dessa imen-sa importância de se estar vivo nos dias de Vancouver. So-nham com as vacas,

as terras e os cavalos dos Açores e fazem planos

para casas vistosas à beira da estra-da que liga o Nordeste a Ponta Del-gada.» (p. 353). Se Gente Feliz com Lágrimas é o embarque no cais e a ruptura com o mundo da infância, então O Meu Mundo não é deste Rei-no representa a terra natal como símbolo de uma infância mitifica-da mas irremediavelmente perdida, sendo esse o reino encantado que tanta matéria-prima fornece a este autor. Este romance, que é também o mais extenso do autor, foi depois adaptado pela RTP ao formato do pequeno ecrã, numa série televisiva.

João de Melo remete novamente

para o Rozário na novela A Divina Miséria, publicada em 2009. Esse pe-queno livro é uma versão largamen-te reescrita, que sofreu revisões su-cessivas, desde um primeiro conto lançado num periódico, passando por um conto homónimo, «A Divina Miséria», integrado em Entre Pássaro e Anjo (1987), e «O Homem da Idade dos Corais», incluso nos contos de Bem-Aventuranças (1992). Esta no-vela surge como um projecto de um outro romance e o autor continua a insurgir-se graças a uma prodigio-sa imaginação e a uma criativida-de que se cristaliza numa sintaxe e num vocabulário quase barroco, luminoso na sua explosão e acumu-lação de som e imagens esplendoro-sas. Destaque-se a passagem que ex-plica o título: «E nada pode haver de mais triste para quem morre do que ser enterrado à chuva, sentir o corpo misturar-se com a outra lama de que fomos feitos, a qual há-de ser sempre o lixo de Deus, a divina miséria da nossa criação» (p. 78). O autor con-tinua assim a fazer uma ponte entre o quotidiano de dimensão mítica de um espaço insular que provoca uma ideia de universalidade, pois poderia estar a falar de outro sítio qualquer, permitindo a qualquer leitor além--fronteiras identificar-se com o que lê. O Rozário continua a ser essa peque-

na comunidade açoriana, oprimida pelo cerco atlântico, esse mar outrora branco como uma bruma de um tem-po fora do mundo, onde se narram os acontecimentos semi-prodigiosos que se seguiram à morte do padre Governo. O título joga com um espí-rito lúdico de intertextualidade, em que se remete, numa cumplicidade irónica, para o título de Dante Ali-ghieri, A Divina Comédia. Esta novela ao regressar ao universo romanesco do autor explicita certos aspectos de O Meu Mundo não é deste Reino. Neste compasso de espera próprio do Pur-gatório, tendo sido o Inferno o que se leu no primeiro romance do tríptico, ocorrem ainda outros acontecimen-tos insólitos. Se os primeiros eventos são sempre referidos com a ressalva da comparação ou do rumor de uma população demasiado imaginativa, como quando «a mansão paroquial ameaçava alar-se no ar e depois de-sabar sobre as nossas cabeças» (p. 18), existem outros prodígios que o narrador jura ter testemunhado: «(...) e não, não é fantasia minha -, vimos que choviam no silêncio peixes cor de chumbo: arenques, tainhas e ma-ramóis. A seguir, choveram revoadas de pétalas de rosas brancas e ama-relas. Depois, hortênsias de todas as cores e tons. As ruas apareceram juncadas como nos dias de procis-são. E caranguejos cegos, de uma extraordinária cor lunar, começa-ram a inundar aos poucos as vale-tas.» (pp. 34-35). Um falso Paraíso chega depois, quando a libertação da Ilha ocorre com a chegada dos marines americanos, que serão sar-casticamente descritos como anjos na terra, com os «olhos azuis des-ses meninos musculados, todos eles muito bem-parecidos, com um ar misto de anjos marciais e guerreiros amotinados, porque eram a nega-ção da inocência e da infância que tinham vivido lá na terra que os ar-mara para dominar o planeta» (p. 101). Invadem o Rozário, nos seus submarinos, prontos a colonizar essa ilha, a exportar doenças e ou-tras moléstias, para depois oferta-rem, em compensação, drogas expe-rimentais. O insólito balança assim num desacordo hesitante entre o maravilhoso que volta, novamen-te, a desvanecer-se conforme essa diatribe de dimensão política ga-nha força, mas onde se sente ainda a voz crítica que denuncia imposi-ções e totalitarismos.

Paulo SerraInvestigador da UAlgassociado ao CLEPUL

Letras e Leituras

foto: Joana de Melo

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05.07.2013  7Cultura.Sul

“A TERRA PROMETIDA”Até 30 AGO | Centro Cultural de LagosExposição de Arte do Grupo de Artistas Mundial inspirada na natureza. O conceito de estética e beleza é universal e os autores querem partilhar o seu universoAg

endar

Momento

“staymobil”Foto de Vítor Correia

“REFLECT”6 JUL |21.30 | Teatro Municipal de PortimãoResultado de muitas horas, muita dedicação e, sobretudo, muito amor à música, Último acto transporta-nos para o universo de Reflect, num espectáculo intimista

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05.07.2013 8 Cultura.Sul

Ares Condicionados

Ele haveria de conseguir um me-lhor emprego em breve, se Deus qui-sesse, esperançava-se ela, para que fosse mais fácil colmatar as despesas que teriam com a aquisição do T3. As-sim pensava a sonhadora professora de Ciências, apesar do seu Zé há já alguns meses não falar em procurar novo emprego, que aquela obra na Quinta do Lago estava a dar alguns lucros e contactos.

Mas o que importava agora era des-frutar daquele belo dia de praia de início de Verão. Iam ficar uns dias na casa dos pais num aldeamento turís-tico perto da praia. Ele dera-lhe a mão durante a viagem no comboiozinho que os levava até ao areal, e dissera--lhe ao ouvido que também a amava. Ainda com poucos banhistas em vol-ta, toalhas de banho estendidas estra-tegicamente lado a lado e creminho protector posto um ao outro com cuidado e risinhos. Devido à falta de vento podia sentir-se no ar um aro-ma leve e adocicado, libertado pelo narciso-das-areias (pancratium ma-ritimum) que nesta altura do ano já abria as suas enormes flores brancas, ali atrás nas dunas, onde enterra os seus bolbos, que apesar de belos po-dem no entanto ser bastante tóxicos.

Vou nadar! Queres vir fofinha? perguntou José, mas ela preferia fi-car ali mais um bocado para ganhar um pouco de bronze. A admirá-lo no andar de tronco nu, viu-o entrar na água e nadar para fora de pé. Mas de repente, ela virou-se para o saco a seu lado procurando o telemóvel que tocava. Agarrou o aparelho e atendeu o telefonema da mãe. Meteu o telefo-ne de novo no saco, e dirigiu-se para a beira-mar ao encontro do seu Zé. Mas não o via. Olhou para um lado e para o outro da praia, e de novo para a frente - para o mar ali mesmo a seus pés, mas não viu o Zé. Uma grande tristeza invadiu-lhe o peito, sentiu que o perdera - ao seu que já não es-tava ali mais, mais-que-tudo Zé.

Aconselharam-na a comunicar o desaparecimento na Polícia Judiciá-

ria. Descreveu-o aos dois inspectores de prevenção no piquete:

José Vaz Campos. 27 anos, 1,80m, 78kg, solteiro, natural de Leiria. Mo-rador na Av. Cidade de Hayword, 54 - 5ºF, Faro. Engenheiro, vendedor de ar condicionado. Conheço-o há dois anos, desde que namoramos. Não tenho conhecimento que sofresse de alguma doença. Ele é muito saudável, assegurou Mafalda.

Não a querendo incomodar mais o agente da autoridade disse-lhe que

em breve a contactaria. Assim aconte-ceu. Passaram duas semanas até que um agente da PJ ligou e lhe disse que tecnicamente, enquanto a pessoa não aparece o caso não está encerrado e acaso o sr. engº Campos se tivesse afogado naquela praia já o corpo te-ria aparecido. Tudo levava a crer que o namorado desaparecera por terra, e não por mar. E isso, quer seja mais ou menos boa notícia, levava a acre-ditar que o homem… o seu namora-do, estava vivo. Normalmente, e não havendo indícios de crime como é o caso, quem é maior de idade, muitas vezes desaparece para mudar de vida.

Como podia acreditar que o seu Zé podia estar vivo, mas vivo de que modo, se não estava com ela. E desaparecera por terra, pela areia,

junto ao mar? Naquele fatídico dia realmente havia pouca gente, mas mesmo assim é verdade que é pos-sível facilmente perdermos de vista uma pessoa na praia, e se calhar mais ainda se esse alguém, se ele… quises-se escapar. Seria talvez isso o que o agente queria insinuar…?

No dia seguinte, ainda cheia de dúvidas Mafalda regressou à casa de férias. Encheu-se de coragem e voltou finalmente à praia, o ‘local do crime’ por assim dizer. Reparou num iate

que passava ao largo. Instintivamente repetiu um gesto que lhe era habitu-al, e quando focou o iate, aquele ho-mem de copo na mão sorrindo para uma bela mulher loura era o mesmo que era o seu Zé. Por instantes pensou que delirava, que ia mesmo precisar de ajuda, que não podia mais conti-nuar assim naquela busca obssessi-va. Levou de novo os binóculos aos olhos sem saber se queria mesmo ver o José no barco. Banheiro!, gritou ela e pediu-lhe que os apontasse na di-recção do iate. O rapaz murmurou baixinho confirmando: Sim! Parece o mesmo homem das fotografias que a Polícia Marítima nos entregou. Por momentos o rapaz pensou que ela ia desmaiar. Mafalda fechou os olhos, colocando ambas as mãos sobre a

face. Ficava claro que o José Vaz co-metera o delito do seu próprio rapto e agora como que voltava ao local do mesmo, esse lugar-comum onde se diz voltarem os criminosos. Daí a poucos segundos, inexplicavelmen-te, já não se avistava qualquer tipo de embarcação no horizonte visível.

Ao fim da tarde, quando fazia as malas para partir, recebeu a visita dos agentes da PJ encarregues do caso ‘JVC’, assim o alcunharam entre eles. Acharam-na com melhor as-

pecto, com outra cara. Agradeceu e disse-lhes que podiam dizer ao que vinham, que passado este tempo já se sentia preparada para ouvir o que quer que tivessem para lhe dizer. Co-meçaram: - tal como lhe tinha dito 90% dos desaparecimentos não são fruto de crime. O Sr. José Campos está vivo e de saúde. Como foi a senhora que nos apresentou a ocorrência pre-cisamos que veja estas fotografias e confirme se esse é ou não o presumí-vel desaparecido. É que o desapareci-mento por si só, não é tratado como um processo-crime. Sendo maior de idade, a pessoa tem direito a desa-parecer voluntariamente e, caso seja encontrada, pode pedir à polícia que a sua localização não seja revelada.

Mafalda confirmou. Aquela era a

carrinha da empresa de José, com as iniciais - JVC. O homem a entrar e a sair daquela vivenda, sozinho, ou com um técnico ou outras vezes com uma mulher loura que parecia estrangeira, durante vários dias e a di-ferentes horas do dia ou da noite, era de facto José Vaz Campos. O mesmo indivíduo que ela lhes comunicara ter desaparecido. Mesmo que quisesse não havia como negar tamanha evi-dência. Calmamente, sem tremer a es-ferográfica, assinou a retirada de pe-dido de investigação. Agradeceu mais uma vez aos agentes e ofereceu-lhes uma bebida, que recusaram com o clássico: obrigado, mas nunca bebe-mos em serviço. Apesar do calor que se faz sentir aqui dentro, completou o experiente polícia que ficara um pouco apreensivo com a aparente frieza que a jovem demonstrou pe-rante a eficaz, rápida e surpreendente resolução do caso. Por isso o agente não resistiu: tem o ar condicionado avariado? Devia mandar arranjá-lo. Estamos no pino do Verão e apesar de tudo, a vida continua. Não a inco-modamos mais, menina, boa tarde. Obrigado pelo excelente trabalho e apoio, concluiu a rapariga.

Sabia-lhe bem estar ali sozinha no apartamento onde os pais viviam, para mais agora que estavam nas termas. Ligou o ar condicionado da sala, embora soubesse que lhe cau-sava sempre um pouco de tosse. Lá fora o sol estava quase a pôr-se para lá da ilha de Faro reflectindo tons de toranja nas águas calmas da ria, mas a temperatura mantinha-se ainda nos 30 graus. Por ser sábado, o tráfego aé-reo era mais intenso que o normal. Da varanda da sala, usando os velhos binóculos que o pai trouxera como recordação dos tempos vividos na Su-íça, conseguia quase ver as caras feli-zes ou infelizes dos passageiros quan-do os aviões aterravam e descolavam.

Mas estava quase na hora. Ia encon-trar-se com amigos e um ex-colega de faculdade que estava de férias na capital algarvia e queria revê-la. Agar-rou no comando para desligar o ar condicionado e quando olhou para o aparelho para confirmar se o peque-no ponto de luz verde se apagara, reparou nas letras LG, que o identifi-cavam. Saiu. Desde que finalizaram o curso que não via o Luís Garcia e não o queria fazer esperar.

O agente tinha razão. O Verão não terminara, podia apenas ter estado em modo pausa.

Pedro [email protected]

Contos de Primavera na Ria Formosa

d.r.

“CAMÕES, PESSOA E OS OUTROS…”Até 30 JUL | Galeria de Arte Pintor Samora Barros - AlbufeiraExposição de cerâmica de Domingos Viterbo, que, segundo o autor, é dedicada “a todos os heróis, artistas, anónimos do quotidiano, com os quais nos cruzamos diariamente”Ag

endar

“EGIPTO”Até 27 SET | Casa da Cultura islâmicae Mediterrânica, em SilvesA exposição, de Pedro Barros, composta por 18 fotografias, percorre o Egipto Antigo e Moder-no, um país que se estende ao longo do Vale do Nilo

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05.07.2013  9Cultura.Sul

Leituras Zen (ou uma reinvenção do poético)

Massagem de relaxamento + impro-visação musical (instrumental) + leitura personalizada de textos literários? Trata--se, no fundo, de uma proposta de rein-venção do toque, do som (não-verbal) e da palavra, criando assim uma harmo-nização global entre diferentes lingua-gens terapêutico-estéticas, que visa um bem-estar integrado do indivíduo, com benefícios ao nível da descompressão/

apaziguamento físico-psíquicos, da es-timulação imaginativa e do incentivo informal (incomum e original) à leitura.

Esta abordagem interdisciplinar pres-supõe a criação de uma atmosfera pro-pícia e condizente, podendo a eficácia e impacto do formato ser mais ampliados caso se opte por espaços não convencio-nais e inesperados, que permitam, ain-da assim, um controle das condições ambientais a nível de insonorização, luminosidade e temperatura. É ainda importante o uso de acessórios que in-tensifiquem a envolvência, o conforto e o intimismo, como velas, incensos, biombos, toalhas, pedras ornamentais e livros.

Quanto à massagem, o participante pode escolher o tipo de técnica e as zo-nas corporais que pretende ver explo-radas, decidindo também se prescinde do vestuário ou não. A sessão não deve-rá exceder os 15 ,́ assegurando assim o

tempo necessário tanto a um efectivo relaxamento corpóreo-mental como à manutenção dos índices mínimos de atenção relativamente ao que está a ser lido.

A selecção de conteúdos textuais a ler é fundamental, dependendo também dos efeitos que se pretende atingir e dos temas a explorar. Convirá apostar em textos (relativamente) breves – po-emas, crónicas, prosa poética, etc. –, vi-suais e “planantes”, emocionalmente expressivos, que permitam a viagem da imaginação, devendo os mesmos ser de-pois disponibilizados aos participantes para que estes possam aprofundar esse conhecimento ao nível da leitura.

Os textos devem ser acompanhados de “paisagens musicais”, interpretadas ao vivo em tempo real (com improvi-sação associada), que possam ilustrar, envolver e enfatizar a mensagem ver-bal transmitida. Devem privilegiar-se

instrumentos, de cariz intimista, como o violoncelo, acordeão, harpa, flauta, alaúde ou marimba, bem como, em complemento, outros de envolvimento ambiental: chocalhos/guizos, caixinhas de música, blocos sonoros, pau-de-chu-va, mbira, ovos, etc. A música clássica, o jazz, o fado e certos estilos de fusão constituem áreas férteis com segmen-tos/registos que podem ser aproveita-dos neste formato.

Em suma, o desafio maior das Leitu-ras Zen reside na conjugação sensorial/sinestésica e estética entre os três profis-sionais que abordam simultaneamente o mesmo indivíduo: a terapeuta, a lei-tora e o músico/performer, de modo a que os jogos e nuances de intensidade, abrandamento, prolongamento e pau-sa/silêncio ao nível do toque na pele, da palavra dita e do som instrumental emitido funcionem como um todo co-erente, harmonioso e expressivo.

Turismo e Património

Nasci em Portimão e aqui pas-sei os meus primeiros 17 anos; não sendo um especialista na área do Património, escrevo esta rubrica es-sencialmente como um cidadão que, há cerca de quatro anos, voltou para viver e trabalhar na terra onde nasceu.

Todos sabemos da falência do mo-delo turístico dito de “sol e mar”, ado-tado nos últimos 30 anos na maioria do território algarvio, da cruz da sazo-nalidade e da crise económica mun-dial. De fato, o conjunto destes fatores impuseram uma urgência na valori-zação, dinamização e rentabilização económica do Património Algarvio.

O Património, na sua grande abran-gência material e imaterial, quando combinado de forma sistémica inte-

grada, pode traduzir benefícios eco-nómicos imediatos à região.

O Turismo de qualidade não vive sem Património e vice-versa.

Ao conciliarmos de forma inteli-gente e inclusiva a população local, portadora de um enorme Património imaterial, com a capacidade de pro-

moção do pouco Património Material que o Algarve possui, sem nos esque-cermos de vender experiências fortes de beleza natural, desporto, gastro-nomia, biodiversidade marinha/ter-restre, etc., certamente faremos com que o Algarve se torne numa região bem mais rica.

Não basta possuir património, há que integrá-lo, identificá-lo e cons-truir uma narrativa que o defina para que, de futuro, consigamos que todo ele se torne sustentável.

A identificação de todos nós - população local - com o nosso Pa-trimónio é igualmente importante para a sua verdadeira valorização económica.

Nada mais saudável para uma re-gião, cidade e/ou localidades, que os seus habitantes se identificarem, promoverem e cuidarem diariamen-te do seu Património.

Quando me refiro a uma atua-ção sistémica integrada na região, refiro-me a uma atuação que inte-gre os vários sistemas existentes no Universo Algarvio (Social, Urbano, Economico, etc.) e que privilegie a relação entre os vários elementos de cada sistema, em prol da valorização Patrimonial. Um bom exemplo des-

ta abordagem é o saber jogar com o Marketing de Cidades. Numa re-gião, como o Algarve e usando como exemplo o Barlavento, o marketing de cidades não necessita de ser com-petitivo entre elas. A distância e a di-versidade de oferta que possuem não o justificam. Estas cidades podem

antes complementar-se entre si na sua oferta, o nosso Pais é conhecido internacionalmente pela diversidade de património em tão pouco territó-rio, o Algarve não é exceção.

Somos um conjunto de cidades pequenas, repletas de território en-volvente rico em terras agrícolas, com portos fantásticos propícios a várias atividades económicas para além da pesca. Então, porque não conciliar tudo isto com as várias ver-tentes do nosso Património?

Gostaria de terminar esta rúbrica com um exemplo claro que, humil-demente penso ser concretizável, sem ter de ser gasto grande parte dos fun-dos comunitários disponíveis para o Algarve…

Um Cruzeiro chega a Portimão, um avião chega a Faro, um veleiro chega a Lagos, alguns automóveis chegam a Monchique, um autocarro estacio-na em Silves, começaram as aulas de surf em várias praias de Vila do Bispo…Verão? Nem por isso, estamos em ple-no Inverno e o Turista vem em busca do nosso Património construído e re-abilitado, da nossa gastronomia, das nossas destilarias de medronho, das nossas experiências radicais, da nossa biodiversidade.

Consegue estar em Itália cinco dias na praia, sem conhecer a vila ou cidade onde dorme? Que queremos nós quan-do viajamos?

O Património do Algarve faz parte de nós, o primeiro passo para a sua sustentabilidade e viabilização eco-nómica começa connosco.

Espaço ao Património Sala de leitura

d.r.

Francisco AlvoColaborador no Programa de rege-neração Urbana do centro antigode Portimão - Por Ti

Paulo PiresProgramador Cultural no Departa-mento Sociocultural do Município de [email protected]

d.r.

Page 22: POSTAL 1105 - 05 JUL 2013

05.07.2013 10 Cultura.Sul

Na senda da Cultura

Verão aquece ao som dos festivais de música

12 a 14 JUL Passeio Marítimo de Algés

Bilhetes: Diário: 53 euros 3 dias: 105 euros

São 105 artistas confirmados para aque-le que é um dos mais conhecidos festivais portugueses e que promete muitas vibra-ções no Passeio Marítimo de Algés.Três palcos, com a escolha a ser difícil, mas entre os nomes confirmados estão os GreenDay, os Vampire Weekend, ou os Disclosure. A não perder os ‘velhinhos’ Depeche Mode que actuam no mesmo dia dos Crystal Cas-tles e de Matias Aguayo Live feat Alejan-dro Paz.No fecho os Kings of Leon actuam uma hora depois dos Band of Horses arranca-rem. Apenas destaques, porque há música para todos os gostos com o Tejo aos pés e a Trafaria como pano de fundo.Saiba mais em: optimusalive.com

MEO Marés Vivas 18 a 20 JUL Vila Nova de Gaia

Bilhetes: Diário: 30 euros 3 dias: 60 euros

Os palcos acolhem os artistas frente ao Douro e o difícil é saber o que não per-der entre nomes como os Bush, os The Smashing Pumpkins chegados de Chicago. Se estes são os nomes para o dia da aber-tura, James Morrison, os portugueses Ore-lha Negra e David Guetta estão agendados

para o dia 19.Rui Veloso, Thirty Seconds to

Mars e Virgem Suta têm concerto no dia de encerramento do festival.Saiba mais em: maresvivas.meo.pt

Super Bock Super Rock 18 a 20 JUL Meco

Bilhetes: Diário: 48 euros 7 dias: 90 euros, campismo incluído

Três dias, três palcos, música sem fim e a praia ali ao lado, são as propostas de mais um senhor dos festivais portugueses.O Super Bock Super Rock tem na lista de artistas os Artick Monkeys, Kalú e Nina Kraviz, a par de nomes como os Kaiser Chiefs, os Clã e Ricardo Villalobos.Para o dia do fecho estão marcados os Queens of The Stone Age, Digitalism Dj Set e Carl Craig, entre outros. Apenas al-guns destaques para adoçar a curiosidade de um cartaz recheado.Saiba mais em: superbocksuperrock.pt

Músicas do Mundo de Sines 18 a 27 JUL Sines

Bilhetes: Diário: 5 ou 7 euros 7 dias: 50 euros

Sete é um número com significados vá-rios, mas em Sines, este mês é o número de dias que durará o Músicas do Mundo que oferece vários concertos em espaços diferentes, desde o Castelo até à Av. Vasco da Gama, passando pelo Centro de Artes local.Amadou & Mariam actuam no primei-ro dia e daí em diante são sete dias non stop com nomes como a brasileira Celina Piedade, Baloji, JP Simões ou Hermeto Pascoal, que chega ao Alentejo vin-

do do Brasil.Jon Luz dá-nos Cabo Verde e Sílvia Pérez Cruz entrega-nos a Catalunha. Lugar ainda para a música da Extremadura espanhola com Extremadura Territorio Flamenco no mesmo dia em que actuam os Rokia Trao-ré do Mali. Os Gaiteiros de Lisboa, os Bom-ba Estéreo são outros nomes agendadosSaiba mais em: www.fmm.com.pt

EDP Cool Jazz 24 e 25 JUL Oeiras

Bilhetes: 25 a 60 euros

Maria Gadú e Djavan vêm do Brasil, Luísa Sobral e Ana Moura jogam em casa, mas o Cool Jazz tem muito mais. Rufus Wainwri-ght, Jamie Cullum e John Legend são ou-tros dos artistas, a que se somam Diana Krall e Lee Fields, entre outros.Desde o Parque dos Poetas aos Jardins do Marquês, Oeiras prepara dois dias de Julho para serem vividos em grande, com uma atitude cool entre muito jazz.Saiba mais em: edpcooljazz.com

MEO Sudoeste 7 a 11 AGO Zambujeira do Mar

Bilhetes: Diário: 48 euros 5 dias: 95 euros, campismo incluído

O gigante a Sul dos festivais portu-gueses é o Sudoeste, que este ano propõe um cartaz

imenso para cinco dias passados na costa alentejana.Os dois palcos e a famosa tenda vão aco-lher nomes da cena musical nacional e mundial como Sativa, Dj Vibe, Funkyou2, o algarvio João Maria ou os Mind da Gap.Cee Low Green, Janelle Monáe e os Expen-sive Soul estarão por terras de Odemira a par de FatBoy Slim, Richie Campbell e Capleton, entre um sem fim de propostas para todos os ouvidos.Imperdível dizem os festivaleiros mais convictos, recordando que o Sudoeste é um ícone da cena festivaleira de Verão em terras lusas. Vá acampar ou só ouvir con-certos, mas vá porque este ano só há um Sudoeste.Saiba mais em: www.sudoeste.meo.pt

Vodafone Paredes de Coura 13 a 17 AGO Paredes de Coura

Bilhetes: A definir Passe ‘all acess’: 80 euros

Paredes de Coura regressa com toda a força e nomes como os Unknown Mortal Orchestra, The Knife e John Talabot (live), prontos a arrebatar a audiência tanto ou mais que os The Vaccines, Cold Cave ou Belle and Sebastian.O recinto tem capacidade

para 25 mil pessoas e oferece babysitting entre as 19 e as 4 horas da manhã para os pais babados que não querem perder o eterno Paredes de Coura, nem deixar de estar perto dos seus rebentos.Saiba mais em: paredesdecoura.com

Ilha dos Sons 29 a 31 AGO Mértola

Bilhetes: Diário: 15 euros 3 dias: 40 euros

Mértola regressa à rota dos festivais de ve-rão este ano com a Ilha dos Sons a ocupar a Mina de São Domingos com os sons de reggae, soul, rock e dance.The Lux Brothers, Diogo Menasso e Noi-dz contracenam em estilos com Capitão Fausto, Nu Soul Famali, Jahvai ou Karetus, entre outros, num festival que se apresen-ta no Alentejo profundo.Mértola, ali mesmo ao lado, pede para ser visitada e vivida com o Guadiana como en-quadramento insubstituível, num périplo para refrescar enquanto se prepara mais um dia de festival.Saiba mais em: ilhadossons.com

Os festivais de Verão são muitos e espalham-se de

norte a sul de Portugal, congregando pessoas de

todas as idades e proveni-ências numa das mais transver-sais experiências culturais que

existem no país.Há anos que marcam a agen-

da cultural da chamada silly season e tornaram-se em muitos casos um must a que muitos recusam faltar. Certo é que pela mão destes even-

tos, mesmo em tempos de crise, os portugueses têm acesso a concertos de algumas das bandas e músicos de maior renome a nível mundial. Nomes que numa tournée a solo di-ficilmente realizariam um concerto em terras lusas.

O Cultura.Sul foi investigar o que Julho e Agosto reservam nesta área aos melómanos dos mais diversos géneros musicais e traz-lhe uma re-senha da imensa escolha que o país oferece.

Sem nenhum dos grandes acon-tecimentos do género a realizar-se por terras algarvias, há que sair do Algarve à procura das terras do som, mas o vizinho Alentejo promete já aqui ao lado pesos pesados da cena festivaleira nacional.

Decerto há um festival onde se en-quadra e o desafio fica lançado, de mochila às costas ou noutro registo a lembrar os tempos da juventude, faça-se ao caminho que a música, essa, é certa. Ricardo Claro

Optimus Alive

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05.07.2013  11Cultura.Sul

Jacinto Palma Dias, autor do livro Algarve em 3D

As dimensões do Algarve

Veio recentemente ter à mi-nha biblioteca um livro publi-cado no passado mês de abril: Algarve em 3D, de Jacinto Palma Dias (historiador, an-tropólogo e agricultor), com fotografias de Filipe da Palma.

O livro começa na capa. Não estou a usar uma metáfora, querendo significar que a capa já é significativa em relação ao conteúdo. Não: o livro começa, literalmente, na capa, pois tem aí um texto que nos introduz ao tema e ao tom do que va-mos ler: com uma linguagem muito própria, entrelaçando comentários críticos e empí-ricos, por vezes irónicos, com estudos que fundamentam as suas afirmações, Jacinto Palma Dias faz uma declaração públi-ca de amor pelo Algarve, não se compadece de quem dele não o tem cuidado e, sem papas na língua, critica o estado atual em que a região se encontra, não deixando de lhe elogiar as qualidades:

«Este folhado de três folhas procura extrair da escuridão e colorir com a mesma lumino-sidade aquele Algarve que se apresentou a Sophia e a Torga, mesmo que estar cego, surdo, mudo, paralítico e coxo seja o seu estado actual, em conformi-dade com a praga que lhe lan-çaram. Nem sequer notou que estava falido mentalmente. Só lhe resta olhar para si próprio se ainda conseguir reconhecer-se».

Primeira dimensão: «pão de ontem, peixe de hoje,

vinho de outro verão fazem um homem são»

O livro está dividido em três partes, cada uma correspon-dendo a uma dimensão do

Algarve. A primeira chama-se «No prato da açorda» e nela o autor defende a ancestralida-de deste prato, que descreve como de «um minimalismo arquitectado sobre o alho», contrapondo a singeleza do seu sabor à «infindável fusão de ingredientes adocicantes, dispensando o uso do alho», característica da cozinha ára-be, vendo aí uma prova da existência de uma «soberania

cultural moçárabe sob a alçada muçulmana» (p. 14). E conclui que, «Muito longe de ser um prato de pobre a açor-da atravessa todas as classes sociais até porque nunca a excelência gustativa é discri-minatória» (p. 15).

E usa uma interessante alegoria musical para o des-crever: «Ela [a açorda] pode cantar apenas com os seus instrumentos de ritmo, o pão, o azeite e o alho. Mas também pode contratar um solista, que

pode ser o coentro, ou o poejo ou a hortelã da ribeira» (p. 11).

Segunda dimensão: a cenografia

das platibandas – um objeto falante

A segunda parte intitula-se «Na platibanda» e é acompa-nhada de fotografias ilustra-tivas desta arte, presente na arquitetura algarvia, mas em via de extinção. Jacinto Palma Dias situa historica-mente o desenvolvimento deste adorno das casas, re-conhecível pelas suas cores e formas, que acaba por ser

um «exercício de individua-ção», quer de quem encomen-da quer de quem constrói (p. 31). E, para justificar o aspeto único desta original arquitetu-ra popular, só possível devido ao caráter especial de quem a criou, faz um apanhado da in-submissão do Algarve, desde os anos da crise de 1383-85, em que os exércitos de Nuno Álvares Pereira eram com-postos maioritariamente por alentejanos e algarvios, até ao início do século XIX, com a re-sistência aos franceses, aquan-

do das invasões, «em que o primeiro sinal de liberdade é dado na vila de Olhão (“da res-tauração”)» (p. 27), concluin-do que, «Existe, portanto, um lastro cultural de irreverência sem o qual a cenografia das fa-chadas teria ficado às escuras» (idem).

Há também uma crítica ex-plícita quer aos poderes po-líticos, que descuraram, nos planos de ordenamento do território algarvio, a compo-nente arquitetónica, quer aos investigadores da História da Arte, que, ao contrário dos bra-sileiros – que estudam as pla-tibandas do Brasil –, têm ne-gligenciado o caso português.

A tese aqui é que a casa é um «objecto animado». E, se em relação à açorda, o autor usou uma alegoria musical, aqui usa uma teatral: «ela [a casa] é o protagonista princi-pal de um teatro mágico em que ela se requer como espa-ço inviolável. (…) exige um su-porte, que é a fachada, exige um encenador, geralmente do sexo feminino, e um rea-lizador, que será o mestre da obra. E teremos o espetáculo» (p. 21).

Terceira dimensão: o Algarve impressionista

Intitulada «No jardim botâ-nico», esta é a dimensão que mais veementes críticas sugere ao autor, que não se coíbe de ser cáustico e de culpar a cultu-ra do betão como responsável pelo estado do Algarve: «um tapete que toda a gente suja e ninguém limpa», fruto de uma baixa autoestima. Além disso, foi «Completamente desgover-nado pela mão de municípios que rapidamente aprenderam que isso do turismo se resumia a edificar os mesmos dormitórios dos quais os visitantes fugiam» (p. 36).

Elogiando personalidades co-nhecidas de todos, como o poe-ta João Lúcio e o escritor Manuel Teixeira Gomes, destaca neles as suas variadas qualidades: o pri-meiro foi presidente da câmara, o segundo, presidente da repú-blica; o primeiro construiu uma casa de arquitetura simbolista, o segundo negociava «partidas de figo em hotéis de luxo». A estes acresce «António Aleixo deam-bulando entre feiras de gado e o então selecto café Aliança em Faro» (p. 46). Esta diversidade de personalidades e de atividades a que se dedicavam demonstra a simbiose que existia no Algarve entre o homem e a natureza.

Muito se aprende com este capítulo, que enumera a grande biodiversidade algarvia, desde a fauna (no gado vacum, a raça mertolenga e a raça de Lagos; nos ovinos, a churra algarvia e a cabra algarvia; nos canídeos, o cão de água português – que ori-ginalmente era chamado “cão dos caíques”; nas águas, o sara-mugo ou o camarão de Monte Gordo) à flora, em que a enume-ração é impossível, tantas são as espécies aqui encontradas.

Além de instrutivo, este livro, como objeto, é muito bonito: o elegante design gráfico de Pere Valls Comas equilibra as expres-sivas fotografias de Filipe da Pal-ma (que devem, provavelmente, ocupar tanta mancha gráfica como o texto) com as palavras eloquentes de Jacinto Palma Dias.

d.r.

Da minha biblioteca

Adriana NogueiraClassicistaProfessora da Univ. do [email protected]

“FERNANDO PINHEIRO LÁ IN LOULÉ-AL-‘ULYÀ PINTURA”Entre 13 JUL e 30 SET | Convento de SantoAntónio - Loulé Fernando Pinheiro transporta na sua pintura as mar-cas de uma geração. Viveu a guerra, a imigração, o pós-Maio de 68, as interrogações de um mundo que vertiginosamente mudavaAg

endar

“DENTRO DO CORPO, FORA DO CORPO”Entre 19 JUL e 7 SET | Teatro Municipalde Portimão Exposição de fotografia e instalação, com banda so-nora e textos de Rui Gonçalves e fotografia de Nuno Borges

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05.07.2013 12 Cultura.Sul

Em 2010, a Direção Regional de Cultura do Algarve e a Uni-versidade do Algarve iniciaram uma parceria para a definição de uma estratégia cultural para o Algarve que fornecesse âni-mo e firmeza programática à gestão dos recursos culturais da região. Num primeiro momen-to, realizou-se o ciclo Cultura em Conferência (2010/2011) do qual resultou a publicação de um livro dedicado à políti-ca e gestão cultural, passando pelo associativismo e turismo cultural1. Na sua continuida-de, e ao longo de todo o ano de 2011, realizou-se um ciclo de conversas informais, deno-minadas Quintas de Cultura, dedicado à questão da criação contemporânea na região, cujo título genérico remete para uma realidade regional acen-tuadamente setorizada e onde uma perspetiva de «arquipé-lago» se impõe, por norma, às iniciativas em «rede».

Consequência desse segun-do ciclo, e num momento crítico para a criação cultural

na região, reúne-se agora, em outro volume2, um conjunto de textos que são expressão de diferentes visões da teoria e da praxis da criação, produção e comunicação de Cultura no Algarve, contendo abordagens setorizadas acerca das condi-

ções - mentais e materiais - com que, na região, se confrontam os

profissionais do setor produtivo que tem vindo a ser designado como das atividades criativas.

Entre abril e novembro de 2011 e, fazendo jus à epígrafe, nas últimas quintas-feiras de cada mês, Artes, Letras, Sons, Ciências e Formas foram, suces-sivamente, objeto de distintas e problematizantes abordagens

por parte de quem, no extremo Sul de Portugal, cria e sente a riqueza e diversidade, vivendo os problemas e as oportuni-dades destes diversos âmbitos criativos.

O conjunto, muito diversi-ficado, de textos compilados neste volume, de modo algum constitui um mero resumo de

cada uma das conversas temá-ticas havidas, em espaços cara-terizados pela informalidade e nos quais, por vezes, a veemên-cia de expressão dos diferentes pontos de vista deu origem a acesos debates. Pelo contrário, sem contingências de pontos de vista nem posicionamentos de relator, e todos eles implica-

dos, cada um a seu modo, na criação cultural no Algarve, um conjunto de autores dão o seu contributo para a definição das estratégias de gestão dos recur-sos culturais da região.

Os textos agora reunidos as-sumem-se como espaço de re-flexão, retrospetiva em alguns casos, prospetiva em outros, constituindo um incontornável contributo para um Plano Estra-tégico Regional para a Cultura.

1Oliveira, L. F.; Bernardes, J. P.; Tavares, M. (ed.), A Cultura em Con-ferência. Faro: Universidade do Al-garve / Direção Regional de Cultura do Algarve, 2011.

2Paulo, D.; Oliveira, L. F.; Tavares, M.; Bernardes, J. P.; Parreira, R. (ed.), Quintas de Cultura: A criação cultu-ral no Algarve. Faro: Universidade do Algarve / Direção Regional de Cultura do Algarve, 2013.

Direcção Regional de Cultura do Algarve

Criar Cultura no AlgarveEspaço cultura

d.r.

pub

Num momento crí-tico para a criação cultural na região, Quintas de Cultura reúne em livro um conjunto de ensaios em torno da cria-ção contemporânea na região, cujo títu-lo remete para uma realidade regional a c e n t u a d a m e n t e setorizada, onde a perspetiva de «ar-quipélago» se impõe, por norma, a uma vi-são de «rede»