POTABILIDADE DAS ÁGUAS: UMA ANÁLISE SOB OS … · que os cursos d’ água que percorrem os...
Transcript of POTABILIDADE DAS ÁGUAS: UMA ANÁLISE SOB OS … · que os cursos d’ água que percorrem os...
Páginas 277-289
EIXO TEMÁTICO: ( ) Biodiversidade e Unidade de Conservação ( ) Gestão e Gerenciamento dos Resíduos ( X ) Campo, Agronegócio e as Práticas Sustentáveis ( ) Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos ( ) Cidades Sustentáveis ( ) Saúde Pública e o Controle de Vetores ( ) Educação e Práticas Ambientais
POTABILIDADE DAS ÁGUAS: UMA ANÁLISE SOB OS CÓRREGOS QUE PERCORREM OS ASSENTAMENTOS "DOURADINHO" E "DIVISA" NO
MUNICÍPIO DE ITUIUTABA – MG
POTABILITY WATERS: AN ANALYSIS FROM THE STREAMS THAT RUN OS SETTLEMENTS "DOURADINHO" AND "DIVISA" IN MUNICIPALITY OF ITUIUTABA – MG
POTABILIDADE DE AGUAS: UN ANÁLISIS DE LOS ARROYOS QUE CORREN LOS
ASENTAMIENTOS "DOURADINHO" Y "DIVISA" EN MUNICÍPIO DE ITUIUTABA – MG
Fabio Reis Venceslau Aluno especial do Programa de Pós-Graduação em Geografia do Pontal (PPGEP). UFU, FACIP)
Daniel de Araujo Silva
Mestrando do PPGEP, UFU-FACIP. [email protected].
Páginas 277-289
RESUMO O objetivo principal deste trabalho foi avaliar a potabilidade das águas dos cursos que percorrem os limites dos assentamentos “Divisa” e “Douradinho” no sul do município de Ituiutaba MG, na qual estes moradores utilizam desta água para suas atividades de agricultura. O procedimento metodológico adotado para as analises foi do kit Alfakit, que permitiu de forma rápida in loco obter resultados de alcalinidade, cloretos, dureza total, pH, ferro, amônia, cloro, oxigênio consumido, cor, turbidez, coliformes totais e termotolerantes. As amostras foram coletadas em duas estações do ano, no período de baixa incidência de chuva e alta precipitação. As análises das amostras realizadas nessa pesquisa demostram que os cursos d’ água que percorrem os limites dos assentamentos apresentam níveis de qualidades aceitáveis para o uso da agricultura, no entanto é preciso se atentar para alguns pontos que demostram a altos níveis de salmonela. PALAVRAS-CHAVE: Qualidade da água. Potabilidade. Saúde. ABSTRACT This study aimed to evaluate the potability of water courses that cross the boundaries of the settlements "Divisa" and "Douradinho" in the southern city of Ituiutaba MG, which these residents use this water for their agriculture activities. The methodological procedure adopted for the analysis was the Alfakit kit, which allows quickly in spot get results of alkalinity, chloride, total hardness, pH, iron, ammonia, chlorine, oxygen consumed, color, turbidity, total coliforms and thermotolerant. The samples were collected in two seasons, the period of low incidence of rain and high rainfall. The analyzes of the samples taken in this study demonstrate that the water courses that cross the boundaries of the settlements show quality levels acceptable for use in agriculture, however it is necessary to pay attention to some points that demonstrate high levels of salmonella. KEYS WORDS: Water quality. Potability. Health.
RESUMEN El principal de este trabajo para evaluar la potabilidad de los cursos de agua que atraviessan los límites de los asentamientos "Divisa" y "Douradinho" en la sureña ciudad de Ituiutaba MG, en la que estos residentes utilizan esta agua para la actividad agrícola. El procedimiento metodológico adoptado para el análisis fue el kit Alfakit, lo que permite detectar rápidamente obtener resultados alcalinidad, cloruro, la dureza total, pH, hierro, amoníaco, cloro, oxígeno consumido, color, turbidez, coliformes totales y termotolerantes. Las muestras fueron recogidas en dos estaciones, la incidencia descenso de lluvia y la alta precipitación. Los análisis de las muestras tomadas en este estúdio, manda que los cursos de agua viaje las fronteras de los asentamientos tienen niveles de calidad aceptables para su uso en la agricultura, sin embargo, es necesario prestar atención a algunos puntos altos niveles que manda de la salmonela.
PALABRAS-CLAVE: Calidad de agua. Potabilidad. Salud.
Páginas 277-289
INTRODUÇÃO
A molécula de água é encontrada em abundância em todos os seres vivos e age em várias funções de
diversas formas, entre elas a de solvente universal (atuando na diluição de compostos orgânicos e
inorgânicos) e meio de transporte (carregando substâncias e permitindo a troca de moléculas entre
os meios intracelular e extracelular), entre outras funções. Desse modo a água torna-se indispensável
e essencial para qualquer organismo vivo, passando a ser um dos fatores condicionais a existência
dos seres vivos (GOMES, 2009).
O ciclo da água no planeta exibe uma dinâmica complexa, realizado em partes pelo ciclo da
atmosfera, o qual desempenha como função de veículo transportador da água, onde ela se encontra
em formas de gotículas tendo como resultado o espalhamento, ou na forma gasosa (LEINZ, 2003).
De acordo com Karmann (2000), a água pode ser encontrada em diversos locais no planeta, desde a
atmosfera até em lugares profundos, podendo ser localizada a 10 Km de profundidade da crosta
terrestre. O total da água disposta no planeta é conhecida como hidrosfera, e está distribuída em seis
reservatórios: Oceanos com 95,96%; Geleiras e capas de gelo 2,97%; Água subterrânea 1,05%; Lagos
e rios 0,009%; Atmosfera 0,001%; e Biosfera 0,0001%.
De acordo com Suguio (2006), a água não é encontrada pura na natureza. Ao cair em forma de
chuva, transporta impureza as do próprio ar e ao atingir o solo altera ainda mais sua qualidade.
Somos contemporâneos de um quadro no qual a água vem se tornando um bem cada vez mais
precioso, seja pela eminencia de uma escassez de água potável no planeta ou pela contaminação dos
nossos mananciais, o que implica em vários patógenos, prejudiciais a vida humana. Dessa forma é
importante a realização de análise nos cursos d’água para amenizar os problemas relacionados à
contaminação, e aos perigos que esta pode ocasionar aos seres humanos que vivem às margens dos
rios e córregos.
A garantia de acesso à água segura, em quantidade e qualidade, para satisfazer as necessidades
básicas humanas é um direito e requisito fundamental para o desenvolvimento socioeconômico das
populações urbanas ou rurais (GUNTHER et al, 2008).
Os efeitos adversos sobre a saúde humana, ocasionados pela água, podem se dividir em quatro
categorias: doenças transmitidas pela água, doenças de origem hídrica, doenças de origem vetorial
relacionadas com a água e doenças vinculadas à escassez de água. Os contaminantes são produtos
da ação do homem em suas atividades domésticas, industriais, agrícolas e de extração mineral,
principalmente.
As práticas agrícolas atuais são potencialmente contaminantes, devido à aplicação intensiva e
prolongadas de fertilizantes inorgânicos, em grandes áreas, assim como a utilização de praguicidas.
As atividades de extração mineral, exploração petrolífera e o destino final de dejetos nucleares são
outros exemplos da contaminação das águas subterrâneas e canais fluviais.
Já a presença dos designados coliformes termotolerantes, representados pela bactéria intestinal
Escherichia coli é um indicador de contaminação da água que apresenta este tipo de microrganismos,
Páginas 277-289
sendo inclusive uma referência da baixa de qualidade da água. Segundo Nascimento (2010) cerca de
80% das doenças conhecidas são de veiculação hídrica, ou seja, estão relacionadas à água, no verão
com a intensificação das chuvas torna-se ainda mais perigoso.
A água em condições de consumo e com parâmetros de qualidade aceitáveis é essencial para bem-
estar tal como contribuir para boa saúde. Dentro deste contexto de qualidade, é preciso seguir
alguns parâmetros, os quais classificam a água como potável. Posteriormente, o tratamento
convencional executados pelos órgãos responsáveis pelo abastecimento nas áreas urbanas, os
aspectos físico-químicos e microbiológicos (pH, Cor, turbidez, cloro, coliformes termotolerantes e
nitrito) deverão se enquadrar no que reporta a Portaria nº 518, do Ministério da Saúde, de 25 de
março de 2004, que, leva em consideração a características de cada manancial, expõe os
regulamentos e o padrões de potabilidade da água os quais podem ser destinada ao consumo
humano, no território nacional (BRASIL, 2005).
Nas áreas rurais, o meio mais utilizado para obtenção de água para o abastecimento é proporcionado
por poços rasos e nascentes, fontes suscetíveis ao contágio (AMARAL et al, 2003).
Portanto, é notório e fundamental um saneamento adequado, o manejo e preservação dos cursos
d’água, pois carecem de infraestrutura e saneamento, sobretudo nas áreas rurais, na qual estes
moradores utilizam desta água para suas necessidades e para as atividades agrícolas.
OBJETIVOS
O presente trabalho teve como objetivo principal avaliar a potabilidade da água nos cursos que
percorrem os limites dos assentamentos rurais Divisa e Douradinho, no sul do município de
Ituiutaba/MG.
MATERIAIS E MÉTODOS
Os materiais utilizados para as análises são dispostos pelo kit de potabilidade (Alfakit) composto por
reagentes de alcalinidade total, cloretos, dureza, pH, ferro, cloro e oxigênio consumido, os quais
podem ser utilizados em aproximadamente cem testes.
O kit também é composto por três seringas pré-calibradas para a análise volumétrica de alcalinidade
total, cloretos e dureza total, cem unidades de papel filtro rápido, com quatro cubetas de 10 ml e
quatro de 50 ml, termômetro, uma proveta e conta gotas, manual de instruções com cartelas e de
informações gerais, ficha de monitoramento das análises, kit microbiológico com vinte testes, uma
estufa, maleta para transporte.
Entretanto, foram utilizados outros equipamentos não acompanham o supracitado kit, são eles: doze
recipientes para acomodamentos das amostras de água coletadas em campo; GPS; termômetro
digital; e um peagâmetro digital portátil.
O procedimento metodológico adotado para as analises, seguiu o proposto pelo manual presente no
alfaKit que disponibiliza todo procedimento técnico para os ensaios (Quadro 1).
Páginas 277-289
Quadro 1 – Manual Técnico disponibilizado pelo kit potabilidade.
Aspectos Procedimentos
Cloretos
1- Transferir a amostras ate a marca da cubeta de 10 ml. 2-Adicionar duas gotas do reagente 1, e agitar com movimentos circulares. 3- Encher a seringa com reagente 2. 4- Acerta o embolo no zero da escala. 5-Gotejar o reagente na amostra, agitando a cada gota adicionada ate mudar de cor amarela para amarelo tijolo.
Dureza total
1- Transferir a amostra ate a marca da cubeta de 10 ml. 2- Adicionar quatro gotas de reagentes 1 e agitar com movimentos circulares. 3- Adicionar 1 mediada rasa da pazinha nº do reagente 2e agitar. 4- Encher a seringa com o reagente 3. 5- Acerta o êmbolo no zero da escala. 6- Gotejar o reagente na amostra, agitando a cada cota adicionada ate atingir a cor azul. 7- Ler o resultado gasto na seringa.
Alcalinidade
1- Transferir a amostra até a marca de 10 ml. 2- Adicionar uma gota do reagente 2 e agitar com movimentos circulares. 3- Encher a seringa com o reagente 3. 4- Acertar o êmbolo no zero da escala. 5- Gotejar o reagente na amostra, agitando a cada gota adicionada, até a mudança da cor azul para salmão. 6-Ler o resultado gasto na seringa.
Amônia
1- Transferir a amostra para marca de 5 ml. 2- Adicionar três gotas do reagente 1 fechar e agitar. 3- Adicionar três gotas do reagente 2 fechar e agitar. 4- Adicionar três gotas do reagente 3 fechar e agitar. 5- Aguardar dez minutos, abrir a cubeta, posicionar sobre a cartela e fazer a comparação da cor.
Cor 1- Transferir 50 ml de amostra para a proveta de vidro. 2- Retirar o suporte inferior de plástico e a tampa da proveta. 3- Posicionar a proveta sobre a cartela e fazer a comparação de cor.
Cloro
1- Transferir a amostra até a marca de 5 ml. 2- Adicionar dez gotas do reagente 1, fechar e agitar. 3- Adicionar uma medida do reagente 2 com a pazinha nº 1 e agitar até dissolver. 4- Posicionar a cubeta sobre a cartela e fazer a comparação de cor.
Ferro 1- Transferir a amostra para a marca de 5 ml da cubeta. 2- Adicionar duas gotas do reagenteTiofer, fechar e agitar. 3- Aguardar dez minutos abrir a cubeta, posicionar sobre a carte e fazer a comparação de cor.
Oxigênio Consumido
1- Transferir 50 ml de amostra para a proveta de vidro. 2- Adicionar uma gota de reagente 1, fechar a proveta e agitar. 3- Em seguida adicionar duas gotas do reagente 2, fechar e agitar. 4- Aguardar por dez minutos. 5- Posicionar a proveta sobre a cartela e fazer a comparação de cor.
pH 1- Transferir a amostra para a marca de 5 ml da cubeta. 2- Adicionar uma gota de reagente pH, fechar e agitar. 3- Abrir a cubeta e posicionar sobre a carte e fazer a comparação da cor.
Turbidez 1- Transferir a amostra para a marca de 50 ml da cubeta. 2- Posicionar a cubeta sobre a carte e fazer a comparação da cor.
Fonte: Kit técnico de potabilidade (GOMES, 2009). Org.: VENCESLAU, F. R. (2014).
Nas análises microbiológicas, também foi adotado o método do Kit. Primeiramente, retirando a
cartela microbiológica, inserindo a cartela na amostra de água coletada, em seguida levando a
Páginas 277-289
cartela para uma embalagem plástica apropriada e introduzindo na estufa para incubação por 15
horas, para assim proceder com a contagem das colônias, considerando os dois lados da cartela.
Salientando que, todos os materiais utilizados neste procedimento são dispostos pelo Kit.
Área de pesquisa
O município de Ituiutaba localizado no extremo oeste da mesorregião do Triangulo Mineiro, está
aproximadamente a 700 quilômetros de distância da capital mineira, Belo Horizonte. O município
possui uma população estimada de 103.333 habitantes (IBGE, 2015). Quanto aos aspectos naturais, o
município está localizado nos domínios do cerrado, tendo duas estações bem definidas, de estiagem
e chuvosa. Os cursos d’água analisados nesta pesquisa se encontram nos limites dos assentamentos
rurais Divisa e Douradinho, estes localizados na porção sul do município de Ituiutaba/MG (Figura 1).
Figura 1 – Localização da área de pesquisa.
Org.: VENCESLAU, F. R.; SILVA, D. A. (2014).
Portanto, os cursos d’água objetos de análise desta pesquisa, se encontram: no assentamento Divisa,
temos os córregos Sucuri e Saltinho, enquanto que no assentamento Douradinho, se encontram os
córregos Capão Rico e Engenho de Serra.
A justificativa para a quantidade de pontos e números de amostras analisadas, levou em
consideração a extensão dos cursos d’ água, sendo apenas a área em que estes canais fluviais
percorrem os assentamentos, distancias que possuem aproximadamente de 400m a 1km. Desta
forma, determinou-se três pontos de coletas, sendo o primeiro no início em que o curso d’água
adentra a área do assentamento, em seguida no meio da área e o terceiro na saída da área do
Páginas 277-289
assentamento. Para o numero de amostragens buscou-se apenas duas amostras por pontos, sendo
uma por período, chuvoso e de estiagem, com total de 22 amostras analisadas.
Trabalho de campo
O primeiro passo do trabalho de campo foi uma visita in loco para reconhecimento da área,
posteriormente com auxílio de uma imagem de satélite retirada do Google Earth, foram definidos os
pontos de coleta (P1, P2, P3) nos assentamentos. Ainda, os limites da área dos assentamentos foram
descritos pelos próprios assentados.
Posteriormente foram realizadas as coletas nos cursos d’água (Figura 2). A primeira coleta foi
realizada no mês de Agosto (período estiagem), ficando distribuídas três amostras para o córrego
sucuri, três para o saltinho, três no Engenho de Serra e duas no Capão Rico. Os mesmos paramentos
foram utilizados nas coletas do mês de Fevereiro (período chuvoso).
Para manter um padrão nos procedimentos metodológicos, em todas as coletas de amostras, as
mesmas foram realizadas sempre a 10 cm abaixo da superfície da lâmina d’água.
Figura 2 – Procedimentos de coleta de amostra de água nos córregos.
Org.: VENCESLAU, F. R.; SILVA, D. A. (2014).
Páginas 277-289
Trabalho de laboratório
Contudo, após as coletas realizadas em campo, a próxima etapa foi realizada em laboratório. O
procedimento metodológico adotado foi proposto pelo kit de potabilidade para as análises, que traz
procedimentos baseados em vários aspectos.
Nas análises microbiológicas, também foi adotado o método do Kit, retirando a cartela
microbiológica, inserindo a cartela na amostra de água coletada, em seguida levando a cartela para
uma embalagem plástica apropriada e introduzindo na estufa para incubação por 15 horas, para
assim proceder com a contagem das colônias, considerando os dois lados da cartela.
RESULTADOS Através de análise realizada com as amostras dos pontos de coleta (P1 P2 e P3) delimitados nos
cursos d´agua em cada assentamento, foi possível detectar alguns índices acima do recomentado
pelo Kit potabilidade .Os resultados apresentados no assentamento Divisa nos período estiagem e
chuvoso (quadro 2) descreveu limites acima dos recomendados, como a amônia presente no córrego
Sucuri no período de estiagem, no qual demostrou nos três pontos de coletas números acima dos
limites 1,5 mgL-¹, sendo os valores de 2,0 mgL-¹, 0,5 mgL-¹, acima do limite permitido.
Quadro 2 - Resultados das coletadas no córrego Sucuri no período estiagem/chuvoso.
Assentamento Divisa - Córrego Sucuri
Componente Período Estiagem Período Chuvoso
Limites P 1 P2 P3 P1 P 2 P3
Alcalinidade mgL-1aCO₃) 24 50 44 25 20 25 0
Amônia (mgL-1NH₃) 2 2 2 0,5 1 0,5 1,5
Cloro (mgL-1Cl₂) 0 0 0 0 0 0 2
Cloretos (mgL-1Cl¯) 40 50 28 20 20 30 250
Cor (mgL-1Pt/Co) 3 5 15 5 5 3 15
Dureza (mgL-1CaCO₃) 0 32 28 60 45 15 500
Ferro (mgL-1Fe) 0,25 2 0,25 0,25 0,25 0,25 0,3
Turbidez (NTU) 50 50 50 50 50 50 50
Oxigênio (mgL-1O₂) 5 5 5 5 5 5 3
pH (Un. pH) 6 7 6,5 7,5 7,5 6 6 -9,5
Org.: VENCESLAU, F. R. (2014).
De acordo com o manual de orientação a presença de amônia na água, esse material é proveniente
de dejetos animais e também de humanos, no caso da amônia, indica poluição recente. Contudo,
pequenas quantidades desta substância aparecem naturalmente em águas. Os resultados das
amostras do período chuvoso ficaram dentro dos limites.
Nas amostras do córrego Saltinho (quadro 3) os resultados demostram no período de estiagem níveis
de amônia acima do recomendável 1,5 mgl-¹, em dois pontos (P 2, e P 3) ficando assim 0,5 mgL-¹, do
Páginas 277-289
estimado. Diferentemente do córrego Sucuri, o córrego Saltinho teve uma alteração na coloração no
(P2), aparentando 25 mgL-¹, quando o permitido é 15 mgL-¹. No período chuvoso as análises acusaram
limites de amônia acima do indicado no (P 1) acusando o 2,0 mgL-¹de amônia.
Quadro 3 -Resultados das coletadas no córrego Saltinho no período de estiagem/chuvoso.
Assentamento Divisa - Córrego Saltinho
Componentes Período Estiagem Período Chuvoso
Limites P 1 P2 P3 P1 P 2 P3
Alcalinidade (mgL-1CaCO₃) 45 50 50 22 40 30 0
Amônia (mgL-1NH₃) 0,5 2 2 2 1 1 1,5
Cloro (mgL-1Cl₂) 0 0 0 0 0 0 2
Cloretos (mgL-1Cl¯) 40 40 55 30 25 40 250
Cor (mgL-1Pt/Co) 3 25 5 3 3 3 15
Dureza (mgL-1CaCO₃) 40 70 35 18 40 50 500
Ferro (mgL-1Fe) 0,25 0,5 0,25 0,25 0,25 0,25 0,3
Turbidez (NTU) 50 50 50 50 50 50 50
Oxigênio (mgL-1O₂) 5 5 5 5 5 5 3
pH (Un. pH) 7 7 7,5 6,7 6,5 7,5 6 -9,5
Org.: VENCESLAU, F. R. (2014).
Como descrito anteriormente sobre as causas da presença de amônia na água, destacamos agora a
alteração da cor que pode ocorrer devido ao material orgânico de origem vegetal ou mineral, é
importante saber que tipos de elementos estão presentes na água, porém esta analise só e possível
em laboratórios mais adequados.
Já no assentamento Douradinho, o córrego Capão Rico abrange pequena extensão do assentamento,
devido estes aspectos foi delimitado apenas dois pontos de coleta neste canal fluvial. Os resultados
obtidos (quadro 4) demostraram que os níveis de amônia se apresentam acima dos limites
recomendados, exibindo 2,0 mgL-¹, quando o limite aceitável e de 1,5 mgL-¹. Os níveis ficaram abaixo
dos estipulados no período chuvoso.
Páginas 277-289
Quadro 4 - Resultados das coletadas no córrego Capão Rico no período estiagem/chuvoso.
Assentamento Douradinho - Córrego Capão Rico
Componentes Período Estiagem Período Chuvoso
Limites P 1 P2 P3 P1 P 2 P3
AlcalinidademgL-1CaCO₃) 50 55 ─ 60 45 ─ 0
Amônia (mgL-1NH₃) 2 2 ─ 0,5 0,5 ─ 1,5
Cloro (mgL-1Cl₂) 0 0 ─ 0 0 ─ 2
Cloretos (mgL-1Cl¯) 28 55 ─ 30 35 ─ 250
Cor (mgL-1Pt/Co) 5 5 ─ 3 5 ─ 15
Dureza (mgL-1CaCO₃) 35 20 ─ 75 60 ─ 500
Ferro (mgL-1Fe) 0,25 0,25 ─ 0,25 0,25 ─ 0,3
Turbidez (NTU) 50 50 ─ 50 50 ─ 50
Oxigênio (mgL-1O₂) 5 5 ─ 5 5 ─ 3
pH (Un. pH) 7,5 7 ─ 7,5 7 ─ 6 -9,5
Org.: VENCESLAU, F. R. (2014).
Os resultados apresentados no córrego Engenho de Serra no período de estiagem e chuvoso (quadro
5), também demostraram níveis acima do permitido na substancia de amônia nos P 2 e P 3, no
período de estiagem os quais contém 2,0 mgL-¹, os limites no realizado na segunda coleta no período
chuvoso permaneceram dentro da normalidade.
Quadro 5 - Resultados das coletadas no córrego Saltinho no período de estiagem e chuvoso.
Assentamento Douradinho - Córrego Engenho de Serra
Componentes Período Estiagem Período Chuvoso
Limites P 1 P2 P3 P1 P 2 P3
Alcalinidade (mgL-1CaCO₃) 30 45 40 60 60 40 0
Amônia (mgL-1NH₃) 0,5 2 2 0,5 0,5 0,5 1,5
Cloro (mgL-1Cl₂) 0 0 0 0 0 0 2
Cloretos (mgL-1Cl¯) 40 40 45 30 25 10 250
Cor (mgL-1Pt/Co) 5 5 15 3 3 5 15
Dureza (mgL-1CaCO₃) 40 55 50 75 60 60 500
Ferro (mgL-1Fe) 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,3
Turbidez (NTU) 50 50 50 50 50 50 50
Oxigênio (mgL-1O₂) 5 5 5 5 5 5 3
pH (Un. pH) 6,5 7 7 7,5 7,5 7,5 6 -9,5
Org.: VENCESLAU, F. R. (2014). Os dados dos quatros córregos analisados no período de baixos índices fluviométricos demostram
índices elevados de amônia presentes na água, números os quais foram provocados por dejetos
lançados no canal, tanto por aninais quanto por ação antrópica.
Páginas 277-289
No entanto, no período chuvoso as amostras demostraram valores bem abaixo dos limites, ficando
dentro do aceitável, devido ao volume de água presente nos canais fluviais a qual o processo de
lixiviação atua transportando as substâncias com maior velocidade, ocasionando em pequenos
números de elementos presentes na água.
Parâmetros Microbiológicos de Coliformes Totais e termotolerantes A água é normalmente habitada por vários tipos de microrganismos de vida livre, que dela extraem
elementos indispensáveis a sua subsistência. Ocasionalmente, são introduzidos organismos
parasitários ou patogênicos que utilizam a água como veiculo.
Em virtude da grande dificuldade de identificação de microrganismos patogênicos presentes na água,
identificam-se preferencialmente as bactérias do grupo coliforme que por serem habitantes normais
do intestino humano, sua presença na água indica a existência de material contaminantes sendo
inadequada para o consumo.
Esta análise foi aplicada nos cursos d’água dos assentamentos, os quais apresentam os dois tipos de
coliformes termotolerantes e totais além da presença de salmonela (quadro 6).
Quadro 6 - Resultados das analises de coliformes totais e termotolerantes e salmonela nos
assentamentos.
Coliformes Totais e termotolerantes e Salmonela UFC/100mL
Assentamento Divisa
Córrego Sucuri Córrego Saltinho
Período estiagem Período Chuvoso Período estiagem Período Chuvoso
P 1 P2 P 3 P 1 P 2 P 3 P 1 P 2 P 3 P1 P 2 P 3
Azul 1000 800 700 200 200 500 100 900 1300 600 400 200
Vermelho 200 400 100 200 400 100 500 700 500 200 500 500
Verde ─ ─ 300 ─ 100 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Assentamento Douradinho
Córrego Capão Rico Córrego Engenho de Serra
Azul 400 1300 * 800 1700 * 1200 300 1200 700 300 200
Vermelho 200 800 * 200 800 * 200 200 200 400 200 400
Verde _ 200 * _ 400 * _ _ _ _ _ 100
Org.: VENCESLAU, F. R. (2014).
Posteriormente a quantificação das substâncias presentes na água, seguindo o método descrito no
kit de potabilidade, as colônias são classificadas das seguintes formas: pontos azuis presentes são
coliformes termotolerantes, azuis e vermelhos coliformes totais, pontos verdes apontam salmonela.
Páginas 277-289
De posse da quantidade de pontos e sua classificação, multiplica cada ponto por 100 para chegar ao
total de cada substância presente na amostra. Os resultados obtidos servem como alerta para os
assentados, pois não se enquadra dentro dos padrões estabelecidos pela Organização Mundial de
Saúde (OMS) onde determina que os níveis de contaminação da água não deve ultrapassar o nível
máximo de 1000 coliformes termo tolerantes em 100 ml.
Das 22 amostras coletadas apenas cinco ultrapassaram os padrões estipulados, no período de
estiagem, o número de coliformes termotolerantes e totais encontrados nas amostras foram
superiores ao do período chuvoso, dos cinco pontos apenas um ocorreu no período de chuvoso.
Portanto, observou-se que o surgimento foi nos dois cursos d’ água do assentamento Douradinho,
Córregos Capão Rico e Engenho de Serra, sendo apenas uma no assentamento da Divisa, no córrego
Saltinho.
No que tange à análise da salmonela, os resultados reagiram ao contrário das amostras observadas
de coliformes, tendo maior índice de proliferação no período chuvoso, das cinco amostras apenas
duas foram encontradas no período de estiagem. Nos córregos Sucuri e Capão Rico houve a
incidência nos dois períodos com valores aproximados, no córrego Capão Rico no assentamento
Douradinho a ocorrência foi no mesmo ponto (P2) em períodos diferentes, a observação deste
fenômeno gera preocupação neste local.
Os resultados ainda revelaram a presença de salmonela, sendo esta em pequenas quantidades,
porém ainda um grande fator de ricos ao homem. A existência deste patógeno nos canais pode
causar complicações futuras, tendo em vista que os assentados utilizam a água dos canais fluviais
para atividade agrícolas.
Um dos aspectos que possa vir a explicar a presença destes indivíduos presente na água é a criação
de animais para o consumo como porcos. Esses animais em algumas propriedades possuem hábitos
de transitar livremente com acesso aos cursos d’ água, podendo contribuir como agente de
veiculação da Salmonela.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os procedimentos metodológicos aplicados a esta pesquisa, foram adequados para se chegar a um
resultado quanto aos itens investigados. Os resultados obtidos e apresentados através neste trabalho
nos revela que a qualidade da água nos assentamentos investigados, apesar de não estarem 100%,
encontra-se em níveis aceitáveis para utilização humana.
Contudo, o atual quadro requer atenção, pois dentro dos paramentos analisados foi detectada a
presença de coliformes e salmonela nos cursos d’ água: Córrego Sucuri; Córrego Capão Rico e
Córrego Engenho de Serra, em especial o Capão Rico, pois este curso d’água apresentou os
patógenos nos dois períodos, estiagem e chuvoso.
Assim, se faz necessário tomar algumas medidas de prevenção para evitar e/ou minimizar as causas
de contaminação dos córregos. De acordo com as características dos locais investigados, uma das
Páginas 277-289
hipóteses levantadas, aponta que para a questão da salmonela neste curso d’água é a presença de
animais (porcos) criados livremente em alguns assentamentos.
Portanto, será necessária a sensibilização dos assentados para os problemas apontados, e que talvez
uma mudança nos hábitos cotidianos das tarefas e procedimentos em seus assentamentos deve ser
revistas. Dessa forma, evitarão que suas fontes de água sejam contaminadas, tendo uma vida mais
saudável sem o risco de contrair alguma doença proveniente das águas contaminadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL, L. A.; NADER FILHO, A.; ROSSI JUNIOR, O. D.; FERREIRA, F. L. A.; BARROS, L. S. S. Água de consumo humano como fator de risco à saúde em propriedades rurais. Revista de Saúde Pública, v. 37, n. 4, p. 510-514, ago. 2003. BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de vigilância em saúde coordenação-geral de vigilância em saúde ambiental. Portaria MS nº.518/2004. Brasília, DF. (2005). 28p. GOMES, L, J. kit de baixo custo para avaliação da potabilidade da água em zonas rurais. 2009. 81 f. Dissertação (Mestrado). Instituto de Ciências agrarias, área de concentração em agroecologia. Universidade Federal de Minas Gerais. Montes Claros/MG. ICA/UFMG (2009). GUNTHER, W.M.R.; RAZZOLINI, M.T.P.; CARDOSO, M.R.A. Condições de saneamento e saúde em assentamentos periurbanos, município de Suzano, São Paulo, Brasil. Disponível em <http://www.latinosan2007.net/2007/ponenciasypresentaciones/1_EDUCACION_S ANITARIA/Ponencias/Trabajo-Guntheretall-Latinosan110607.pdf>. Acesso em: 24 Out. 2014. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Cidades. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br>.Acesso em:07 Nov. 2015. KARMANN, I. Ciclo da Água: água subterrânea e sua ação geológica. In: Teixeira W. et al. (orgs). Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000. p. 113-138. LENIZ, Viktor; AMARAL, S. E. Geologia geral. 14. ed. São Paulo: companhia editorial nacional, 2003. 399p. NASCIMENTO. V, F. Doenças de veiculação Hídrica em Trechos da Bacia do rio Piranhas-Assu: ocorrência de bactérias oportunistas, caracterização epidemiológica e concepções de professores e agentes de saúde. 2012. 100 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Biociencias, Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, 2012. SUGUIO, K. Água. Ribeirão Preto: Holos. 2006. 242p.