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Biólogo Flávio Steigleder Martins
CRBio 53.316-03
ESTUDO SOBRE DIAGNÓSTICO FÍSICO, FINANCEIRO E AMBIENTAL
DO SISMUMA (SISTEMA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE) PARA
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DO MUNICÍPIO DE
ARRAIAL DO CABO, RJ, E A ANALISE DA TAXA DE PROTEÇÃO
AMBIENTAL (TPA) COMO UMA DAS MEDIDAS PARA MITIGAÇÃO
DOS PROBLEMAS RELACIONADOS.
PREFEITURA MUNICIPAL DE ARRAIAL DO CABO
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Biólogo Flávio Steigleder Martins
CRBio 53.316-03
PREFEITURA MUNICIPAL DE ARRAIAL DO CABO
ESTUDO SOBRE DIAGNÓSTICO FÍSICO, FINANCEIRO E AMBIENTAL DO SISMUMA (SISTEMA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE) PARA AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DO MUNICÍPIO DE ARRAIAL DO CABO, RJ, E A ANALISE DA TAXA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (TPA) COMO UMA DAS MEDIDAS PARA MITIGAÇÃO DOS PROBLEMAS RELACIONADOS.
RESPONSÁVEL TÉCNICO:
FLÁVIO STEIGLEDER MARTINS
BIOLOGO
CRBio: 53316-03
TELEFONE: (47) 99252 9151
ARRAIAL DO CABO, OUTUBRO DE 2017.
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INDICE
1. Contextualização..................................................................................................6
2. Município de arraial do cabo...............................................................................17
3. Histórico..............................................................................................................19
4. Aspectos sócios econômicos..............................................................................23
5. Meio cultural........................................................................................................28
6. Localização e acessibilidade regional.................................................................29
7. Clima..................................................................................................................32
8. Meio físico...........................................................................................................33
9. Aspectos Oceanográficos...................................................................................39
10. Hidrografia..........................................................................................................41
11. Meio biótico.........................................................................................................42
11.1. Cobertura Vegetal....................................................................................43
11.1.2. Formação Florestal......................................................................44
11.2. Fauna........................................................................................................49
12. Áreas de interesse e proteção ambiental...........................................................53
13. Problemas urbanísticos de capacidade de carga...............................................62
13.1. Mobilidade urbana....................................................................................62
14. À fragilidade do ambiente...................................................................................66
14.1. Determinação de fragilidade ambiental...................................................66
14.2. Etapas e produtos intermediários............................................................66
14.3. Evolução da ocupação humana..............................................................69
15. Resultado - problemas ambientais.....................................................................69
15.1.analise fitossanitário da cobertura vegetal..................................................71
15.2.invasão de áreas de preservação permanente...........................................72
15.3.sistema de esgotamento sanitário..............................................................76
15.4.problemas administrativos e financeiros do Sismuma (sistema municipal de
meio ambiente)...................................................................................................77
16. Justificativas para criação da TPA......................................................................78
17. Conclusão...........................................................................................................80
18. Referencias Bibliográficas..................................................................................81
19. Responsabilidade Técnica..................................................................................94
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INDICE DE FIGURAS
1. Imagem aérea de Arraial do Cabo........................................................................18
2. Primeira construção de alvenaria da terra recém-descoberta, a "Casa da
Piedra"..................................................................................................................20
3. Igreja Nossa Senhora dos Remédios ..................................................................21
4. Ruinas da fabrica da Companhia Nacional de Álcalis..........................................22
5. Porto do Forno e Marina dos Pescadores ...........................................................23
6. Prédio sede do Porto............................................................................................23
7. Marina dos Pescadores Praia dos Anjos..............................................................24
8. Delimitação da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo........................25
9. Atividades principais de trabalhos.........................................................................27
10. Rendimento mensal da população cabista...........................................................28
11. Acessibilidade regional a Arraial do Cabo a partir da capital do estado...............30
12. Mapa de Localização e limite do município de Arraial do Cabo – RJ, Brasil.......31
13. Pórtico de entrada da cidade................................................................................31
14. Mapa Geológico da região dos Lagos..................................................................38
15. Mapa Geológico simplificado da região de Arraial do Cabo.................................39
16. Direção das correntes oceânicas. A seta em destaque mostra a inversão da
direção da corrente no padrão verão inverno.......................................................41
17. Bacia Hidrográfica da Lagoa de Araruama..........................................................42
18. - Mapa da vegetação brasileira com destaque para a área em estudo pertencente
a formação de floresta ombrófila densa................................................................43
19. Aspecto da estepe arbórea aberta (único tipo de caatinga litorânea), Pontal do
Atalaia...................................................................................................................45
20. Localização do Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio..............................46
21. Cacto cabeça branca (Pilosocereus ulei), Trilha da Praia do Forno.....................47
22. Campo de dunas com vegetação fixadora, restinga da Massambaba.................48
23. jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) na restinga de Massambaba.........50
24. garça branca grande (Casmedorius albus) na restinga de Massambaba...........51
25. tatu-de-rabo-mole-grande (Cabassous tatouay)...................................................52
26. Formicivora littoralis (com-com-da-restinga) endêmico das restingas do complexo
da Lagoa de Araruama, está ameaçada de extinção...........................................53
27. Praia do Forno vista a partir da Trilha do Parque municipal da Praia do
Forno.....................................................................................................................54
28. Praia Grande, aos fundos o Parque estadual da Costa do Sol e APA da
Massambaba.........................................................................................................54
29. – Praia dos Anjos com o Pontal do Atalaia aos fundos........................................55
30. – Prainha...............................................................................................................55
31. Prainhas do Pontal do Atalaia...............................................................................56
32. Praia do Pontal......................................................................................................56
33. Praia Brava...........................................................................................................57
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34. Praia do Farol da Ilha de Cabo Frio, considerada pela Marinha como a mais
perfeita do Brasil...................................................................................................57
35. Placa fixada na Praia do Farol, Ilha de Cabo Frio, Arraial do Cabo.....................58
36. Pontal do Atalaia e Ilha de Cabo Frio com suas respectivas praias, Prainhas a
direita da imagem, e a Praia do Farol da Ilha de Cabo Frio.................................58
37. As manchas verdes indicam as áreas de interesse e proteção ambiental com
cobertura vegetal que representam 93,5 % do território de Arraial do Cabo.......59
38. Zona de transição (ecótono).................................................................................60
39. - Orcinus orca (Orca) é uma das diversas espécies que pode ser encontrada nas
águas de Arraial do Cabo dentro da RESEX........................................................61
40. Congestionamento no portal de entrada da cidade no verão...............................63
41. Caos no transito em Arraial do Cabo....................................................................63
42. Fila na Rodovia RJ 102.........................................................................................63
43. Trilha da Praia do Forno com congestionamento de pessoas na alta
temporada.............................................................................................................64
44. Trilha da praia do Forno em período de alta temporada.......................................64
45. O Parque do pontal do Atalaia também recebe sobrecarga de visitação.............66
46. Casuarina espécie exótica invasora descaracterizando a restinga......................71
47. O Morro da Boa Vista, em Arraial, tendo ao fundo a Praia Grande.....................73
48. Estações de tratamento de Esgoto - ETE do Centro............................................74
49. Ponto de vazamento de esgoto ao centro da Praia dos Anjos deixando o local
impróprio para banho............................................................................................75
50. Lançamento de esgoto no dia 26/072017, concessionária responsável foi multada
pela Secretaria de Ambiente................................................................................75
51. Em seis de setembro de 2017 observado in loco não havia vazamento...........76
52. . Aspecto degradante no canto da Praia dos Anjos com vazamento de
efluentes...............................................................................................................76
INDICE DE TABELAS
1. Tabela 01. Distribuição da direção dos ventos em Arraial do Cabo entre 1971
/80.......................................................................................................................33
2. Tabela 02 – Categorias hierárquicas e classificação em relação a declividade do
terreno.................................................................................................................67
3. Tabela 03 – Classe de fragilidade de acordo com o tipo de solo.......................68
4. Tabela 04 – Graus de proteção relacionados a cobertura vegetal.....................68
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1. CONTEXTUALIZAÇÃO
A forma de ocupação do litoral Brasileiro, em especial, o Carioca e a
descoberta de seu potencial turístico são motivos de valorização de seus recursos
naturais e de preocupação quanto a sua conservação, pois somente a
manutenção desses recursos pode garantir a continuidade de sua existência e,
consequentemente, do interesse de procura e do desenvolvimento econômico.
O Rio de Janeiro é um dos estados brasileiros, onde as áreas protegidas
sofrem grandes pressões ambientais decorrente principalmente da precária
infraestrutura de seus Órgãos ambientais. Vários estudos de planejamento
ambiental já foram desenvolvidos na maioria dos municípios fluminenses. Muitos
destes estudos apontam a necessidade de que diversos governos municipais
criassem ferramentas (Programa Agenda 21, Plano Diretor Participativo, Projeto
Orla, entre outros) para uma instrumentação legal em acordo com a comunidade
local para a proteção e preservação dos recursos naturais.
Arraial do Cabo é um município intensamente procurado, mas também muito
frágil ambientalmente por se tratar de um território, de apenas 158,9 km², que
apresenta desde dunas, praias oceânicas de grande extensão interrompidas por
costões rochosos, ilhas e praias de pequena e média extensão, sistema lagunar,
restinga praticamente intacta, a Restinga da Massambaba. Os costões rochosos
têm uma cobertura vegetal rara, endêmica, xeromórfica, associada à Floresta
Ombrófila Densa (Mata Atlântica).
Este município, outrora distrito de Cabo Frio, já abrigava em seu território
uma indústria química estatal de grande porte que significativamente foi
transformando a dinâmica social do lugar desde a década de 1940 (PRADO,
2000). Pelos meados de 1970 também foi descoberto como potencialidade
turística, principalmente na época de veraneio. Portanto, devido a estes ciclos
econômicos, o industrial e o turístico, o lugar já sofria com diversos impactos
ambientais.
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Essa rica biodiversidade vem sendo alvo de turistas e excursionistas
impressionados pela beleza e tranquilidade do lugar. No verão a cidade chega a
receber uma população flutuante vinte (20) vezes maior que o numero de
habitantes fixos. Muitos destes pernoitam em municípios vizinhos e durante o dia
visitam a cidade que não possui infraestrutura para tal demanda, acarretando em
problemas como falta de água, saneamento básico, lixo acumulado, colapso na
malha viária, crimes ambientais, deficiência na fiscalização.
Logo é importante ressaltar que a tendência atual é sempre que possível,
estabelecer um desenvolvimento econômico, que deve ser incrementado, mas
sendo fundamental que este esteja baseado no correto uso e ordenamento do
solo e das águas de origem continental, costeiras e marinhas.
Ecossistemas costeiros, por sua vez, podem ser mantidos em alto grau de
“saúde”, mesmo em face de um aumento na urbanização da zona costeira, desde
que o planejamento seja efetivo, mas para isso é necessário um desenvolvimento
de caráter sustentável baseado em três (3) pilares sendo eles: Equilíbrio
Ambiental; Justiça Social; Eficiência Econômica.
O SISMUMA (Sistema Municipal de Meio Ambiente) composto pelo SEMA
(Secretaria de ambiente), CMA - Conselho Municipal de Ambiente, pela
FMMAPCT (Fundação Municipal de Meio Ambiente Pesquisa Ciência e
Tecnologia) e pela Guarda Ambiental tem por premissa básica exercer o poder de
polícia, regulamentando, licenciando e fiscalizando atividades potencialmente
causadoras de degradação ambiental, assim como, exercer a proteção às áreas
ambientalmente protegidas (Unidades de Conservação, áreas verdes e Áreas de
Preservação Permanente), nunca se esquecendo de trabalhar a educação e a
conscientização ambiental junto rede escolar publica e sociedade em geral de
Arraial do Cabo executando assim a Politica municipal de meio Ambiente.
Apesar de o SISMUMA ter essa grande responsabilidade de cuidar de um
bem de uso comum do povo, o meio ambiente, que em Arraial do Cabo se mostra
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muito frágil, também é verdade que o mesmo enfrenta diversas dificuldades para
realizar seus trabalhos devido à falta de estrutura (sede própria, veículos,
computadores e etc.), efetivo (técnicos e fiscais) e financeiro. O repasse da
prefeitura proveniente da receita municipal para manutenção da Secretaria de
Ambiente é de aproximadamente R$ 214.926,39, lembrando que essa possui em
seu quadro de funcionários 54 pessoas, ou seja, a arrecadação se quer cobre a
despesa com pessoal da Secretaria. Já o repasse para a Fundação de Meio
Ambiente gira em torno de R$ 460.000,00 anuais, enquanto que o Fundo de meio
Ambiente detém R$ 255.000,00 da arrecadação municipal.
Entretanto os passivos ambientais a serem resolvidos são vários e custam
caro, como por exemplo, a recuperação de áreas degradadas, a regularização
fundiária (desapropriação) e elaboração dos Planos de Manejo das unidades de
conservação do município, a estruturação de quadro técnico efetivo com
capacidade de licenciar e fiscalizar as atividades potencialmente causadoras de
degradação, a execução de projetos de educação ambiental, enfim o
cumprimento da Politica de Meio Ambiente Municipal de uma maneira ágil e
robusta exercendo assim a municipalidade o seu papel constitucional.
Um exemplo critico atual está localizado nos distritos de Monte Alto,
Figueira e Pernambuca, em decorrência de ocupações irregulares em áreas de
vegetação fixadora de dunas na restinga de Massambaba, ameaçando diversas
áreas protegidas. Estes assentamentos se situam em áreas de risco, devido a
ressecas que sazonalmente invadem o local e que se intensificaram com o
asfaltamento da Rodovia RJ 102 no ano de 2002.
A falta de uma rede coletora de esgoto para toda a cidade também é um
dos principais passivos ambientais e causam constrangimento para todos,
principalmente na temporada, com vazamento de esgoto clandestino em diversos
focos isolados, e pontos impróprios para banho no canto direito da praia dos
Anjos (Figura 47).
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A deficiência na coleta de resíduos sólidos, limpeza urbana e destinação
final, onde a administração municipal gasta muito mais do que arrecada,
lembrando que a arrecadação estimada para 2017 é de R$ 3.524.738,94,
enquanto que a despesa, apenas, com a coleta dos resíduos gira em torno de R$
3.713.951,40 sendo o montante geral contemplando a destinação final do lixo em
um universo de R$ 5.788.390,40 conforme dados da Secretaria Municipal de
Fazenda e Finanças de Arraial do Cabo. Cabe destacar que o serviço atual não é
o ideal, apresentando varias falhas de operação e logística, principalmente no
período de alta temporada causando acumulo de lixo nas ruas.
A fiscalização ambiental está longe de ser totalmente efetiva, além da falta
de veículos, a SEMA - Secretaria de Ambiente e a Guarda Ambiental Marítima
contam com numero reduzido de fiscais, ao total são oito (8) Fiscais lotados na
SEMA, e vinte e três (23) Guardas ambientais para cuidar de uma grande faixa
de área protegida, aproximadamente 93 % do território do município, além da
área urbana que apresenta também áreas de preservação permanente. A
conscientização da sociedade também apresenta falhas e o numero de infrações
ambientais aumenta na medida em que se torna mais difícil à fiscalização no
momento em que ocorre o delito, dificultando o flagrante de crimes ambientais.
O corpo técnico reduzido torna o processo de licenciamento demasiado
lento ao somar com a falta de equipamentos, lembrando que tanto a SEMA -
Secretaria de Ambiente como a FMMAPCT – Fundação Municipal de Meio
Ambiente Pesquisa Ciência e Tecnologia encabeçam varias ações de desde
planejamento urbano à proteção de áreas de preservação, recuperação de áreas
degradadas, e educação ambiental a nível regional e nacional, desenvolvendo
projetos junto ao Ministério do Planejamento, através de sua Secretária (SPU-RJ),
Ministério do Meio Ambiente, IBAMA, ICMBIO, Policia Ambiental entre outros
parceiros. Essa é a realidade do SISMUMA, muito trabalho, muitos passivos
ambientais, porém pouco recurso financeiro, físico e humano, fazendo com que
as decisões sejam direcionadas para a urgência de situações emergenciais,
prejudicando o planejamento das metas do SISMUMA.
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Outra dificuldade é a identificação, delimitação (cercamento), manutenção
paisagística e fiscalização das áreas de preservação permanente, áreas verdes e
trilhas ecológicas, abrindo brechas para atividades ilegais como acampamentos
irregulares, extração de bromélias e orquídeas, caça e presença de motos e jipes
na praia e em sítios arqueológicos.
.
Enfim esse trabalho pretende corroborar com os estudos já produzidos
apontando as características ambientais com riqueza imensurável do município,
seu diagnóstico, sua capacidade de carga e dificuldade na manutenção financeira
do SISMUMA (Sistema Municipal de Meio Ambiente), com especial destaque para
os passivos ambientais, relacionados diretamente com o saneamento ambiental,
capacidade de carga, limpeza urbana, regularização e proteção de áreas de
preservação, que devem ser mitigados e neutralizados, justificando assim o
posicionamento FAVORÁVEL a criação da Taxa de Proteção Ambiental (TPA),
desde que sua arrecadação possa ser revertida exclusivamente para projetos e
ações planejadas que fomentem a proteção e recuperação dos recursos naturais
para reverter o diagnóstico em que se encontra a cidade em seus aspectos
negativos conforme apresentado neste estudo, baseando-se sempre em
premissas legais, tendo como Norte a Constituição Federal em seu Artigo. Nº 225.
Que assim versa: Art. 225 “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-
lo para as presentes e futuras gerações”.
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Fundamentação Teórica
Nos últimos anos, de acordo com wallace
(1993 apud BALDERRAMAS, 2001, p.22), [...] o conceito
de capacidade de carga evolui em diversos países
desenvolvidos, tornando-se uma medida mais sofisticada
em relação ao que realmente está ocorrendo nos
recursos de um parque ou na experiência do visitante.
Sabemos que não há correlação direta entre o numero
de visitantes e os impactos negativos afetam o solo, a
vegetação, a vida selvagem ou as experiências das
outras pessoas. O grau de impacto depende de muitas
variáveis que somam à quantidade de visitação [...]. Se
forem atingidos limites inaceitáveis de impacto negativo,
será mais razoável monitorar o impacto e efetuar
mudanças na administração dos visitantes.
O ambiente das cidades é de um completo desafio das mais variadas
origens e natureza. Os problemas de transito, insegurança desemprego,
poluição trazem em seu bojo a necessidade dos indivíduos terem um tempo
para lazer, sendo as férias um dos mais esperados. Em oposição a este
cenário buscam-se cenários de tranquilidade e beleza natural que servem
para o relaxamento e a volta as origens da natureza.
Estas localidades, muitas vezes sem a infraestrutura necessária, são
logo invadidas por uma multidão de turistas, ávidos para terem um contato
com a natureza, sentirem novas emoções e vivenciarem desafios. O
resultado, muitas vezes imediato, reflete-se na perda da qualidade da vida
da população local e na degradação do ambiente.
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Conceito de Capacidade de Carga Fisica (CCF)
Stigliano (2004) em seus estudos sobre capacidade de carga
qualificou o método como „irrealista‟ e „não cientifico‟ pois ele e outros afirmar
ser impossível estabelecer um “numero magico” que expressa a partir do
qual se inicia os mais diversos tipos de degradação do meio ambiente.
Ruschmann (1997) define que o conceito de capacidade de carga
deve ser aplicado ao planejamento turístico, pois na medida em que este
aumenta tanto os recursos naturais, quanto os construídos pelo homem tem
um limite a partir da qual a degradação ocorre em função do limite de
absorção. Este conceito inicialmente foi usado na atividade agropecuária em
que se determinava a capacidade de um pasto absorver determinada
quantidade de gado por um determinado período.
Metodologia Miguel Cifuentes (1992) que considerava três níveis de
capacidade de carga também foi considerada não conclusiva cientificamente:
Capacidade de carga física – limite máximo de visitantes que podem ocupar
um ambiente em um determinado período de tempo;
Capacidade de carga real – capacidade de carga física, anteriormente
calculada, corrigida por uma série de fatores ambientais que limitam a
visitação. Esses fatores de correção são características intrínsecas de cada
localidade estudada;
Capacidade de carga efetiva – capacidade de carga real, anteriormente
calculada, corrigida pela capacidade de manejo da administração do local.
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Capacidade de Carga Física – CCF
É o limite máximo de grupos que podem visitar um determinado local
durante um dia. Neste cálculo usamos os chamados fatores de visita, que
são:
- Horário
- Tempo visitado
- Superfície disponível, e
- Fatores sociais
CCF = S x NV/dia
AG
Onde:
S – Superfície disponível
AG – Área ocupada por um grupo
NV/dia – Número de vezes que o local pode ser visitado um mesmo
grupo.
Conceito de Capacidade de Carga Real (CCR)
O conceito de capacidade de carga real – CCR é o limite máximo de
grupos determinado a partir do conceito de capacidade de carga física –
CCF, em uma determinada localidade submetidos aos fatores de correção
definidos em função das características especificas daquela localidade. Os
fatores de correção são obtidos a partir da consideração de variáveis físicas,
ambientais, biológicas e de manejo.
Os fatores de correção estão associados as condições e
características especificas da localidade. Isso faz com que a capacidade de
carga tenha que ser calculada localidade por localidade (exe.: Praia Grande,
Praia dos Anjos, Figueira, etc.).
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Aplicando-se estes fatores de correção se obtém a carga real – CCR
por localidade por dia.
CCF =x NV/dia.
Determinação da Capacidade de Carga
Os fatores de correção são expressos em percentagem e para tanto
se usa a formula geral:
FC= MI/Mt x 100
Onde:
FC = fator de correção
MI = amplitude limitante da variável
Mt = amplitude total da variável
Uma vez calculando todos os fatores de correção, a CCR terá a
seguinte formula geral:
CCR = (CCF – FC1) -...FCn
Onde FC é um fator de correção expresso em percentagem. Portanto,
a formula de calculo será a seguinte:
CCR = CCF x (100-FC1)/100 x (100-FC2)/100 x ...(100-FCn)/100
Conceito de Capacidade de Carga Efetiva (CCE)
A CCE é o limite máximo de grupos que se pode permitir, em função
da capacidade de ordena-los e manejá-los.
Obtém-se comparando a CCR com a Capacidade de manejo CM na
administração da área de proteção. A CCE será o percentual da CM.
A formula geral é a seguinte: CCE = CCR cx CM
Onde CM e o percentual ótimo de manejo.
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A analise da capacidade de carga efetiva aplica-se sobre a
capacidade de um fator de redução derivado de restrições decorrentes de
limitações na infraestrutura de recepção e de capacidade de gestão do
número de usuários previsto. Tipicamente, são considerados fatores de
restrição a ausência ou insuficiência de instalações sanitárias, falta de coleta
de lixo, falta de sinalização interpretativa e programas de educação
ambiental adequados, equipamentos de alimentação e hospedagem, entre
outros.
Neste tipo de analise, a abordagem deve ser a de uma analise das
condições pré-existentes para a implantação de infraestrutura de suporte à
utilização do local para o turismo e o lazer, e a determinação do nível de uso
adequado a estas pré-condições, partindo-se do pressuposto de que a
instalação da infraestrutura se dará de acordo com padrões de qualidade
adequados.
Foram selecionados 5 fatores críticos para determinar possíveis
restrições à utilização do local do ponto de vista da infraestrutura e da
região:
Disponibilidade de água para abastecimento
Disponibilidade de energia elétrica
Disponibilidade de coleta e tratamento de esgoto
Disponibilidade de serviços de coleta de lixo
Disponibilidade de áreas para estacionamento
Conceito de Capacidade de Carga Ecológica
Reinaldo Dias considera fatores ecológicos
Sustentabilidade dos diversos ecos sistemas.
Infraestrutura social urbana.
Áreas verdes urbanizadas.
Níveis de contaminação.
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Estrutura ambiental institucional.
Gestão ambiental privada.
Estrutura e ações das instituições da sociedade civil.
Gestão de recursos hídricos.
Gestão e controle dos animais domésticos.
Reprodução, controle e manejo das espécies de animais silvestres
existentes.
Percepção da qualidade ambiental.
Conceito de Capacidade de carga Econômica
Está relacionada a situações em que um recurso é simultaneamente
utilizado para atividades de recreação ao ar livre e para atividades
econômicas. O interesse, nesse caso, está em estabelecer níveis aceitáveis
de uso recreativo que não interfiram indevidamente em atividades de caráter
não recreativo, no sentido de reduzir a viabilidade econômica do recurso
(Sowaman, 1987).
Conceito de Capacidade Social ou Psicológica
De acordo com \Boullón (2002:179), “a capacidade psicológica pode
variar desde 10.000 m² para o campista solitário, até 100 m² para o que se
aloja em um acampamento com alta concentração de pessoas ou não mais
de 20 m² por visitante em um mirante, que fica reduzido a 1 m² na frente do
parapeito”. É o que se chama “bolha ecológica” ou distancia pessoal que é
uma área determinada, invisível que circunda o corpo da pessoa.
Parte do pressuposto de que o grau de saturação de um recurso está
relacionado com a qualidade da experiência recreativa. Assim, à medida que
aumenta a intensidade de uso de um determinado lugar, diminui o nível de
satisfação do usuário. No entanto, o grau de concentração percebida como
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nocivo varia substancialmente em função das características das pessoas
(Cerro, 1993);
Relaciona-se ao nível máximo de uso recreativo em termos de
intensidade e de atividades, antes que haja um declínio na qualidade de
experiência recreativa do ponto de vista dos participantes dessa experiência
- Capacidade de Carga Social (Sowaman,1987).
2. MUNICÍPIO DE ARRAIAL DO CABO
Município brasileiro da Região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro, é
uma cidade costeira, e tem uma altitude média de apenas oito metros do
nível do mar apresentando um território de 158,9 Km², tendo seu limite no
oceano atlântico e na divisa com os municípios de Araruama e Cabo Frio.
Fundada em 1503 pelo conquistador Américo Vespúcio, foi elevado a
município apenas em 1985, após a emancipação de Cabo Frio.
Em 2014 tinha uma população de 28 866 habitantes segundo o IBGE,
estimando se atualmente 30.000 habitantes. A Densidade demográfica é de
172,91 hab/km².
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Figura 01 – A: Imagem aérea de Arraial do Cabo (adaptação Google Earth); B: Fotografia aérea.
A
B
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3. HISTÓRICO
A história de Arraial do Cabo encontra-se vinculada à de Cabo Frio, do qual
era sede distrital até recentemente.
A formação de Arraial do Cabo começa há um milhão de anos, quando, pela
ação dos ventos e de correntes marítimas, foram incorporadas ao continente três
(3) antigas ilhas, hoje Morros do Mirante, do Forno e Pontal do Atalaia.
Seus primeiros habitantes humanos chegaram há cerca de cinco mil anos.
Eram nômades, viviam em grupos no alto dos morros e desciam apenas para
buscar alimentos, basicamente peixes e moluscos.
Mais tarde, vieram os índios da nação Tupi-guarani. Tribos Tupinambás
habitavam toda a área correspondente ao Estado do Rio de Janeiro e, nas terras
onde surgiria Arraial, eram representados pelos Tamoios. Estes, mais avançados
que os nômades, viviam em aldeias, caçavam, plantavam mandioca, faziam
peças de cerâmica e enfeitavam-se com penas. Destaca-se, ainda, na cultura
tupinambá, a confecção de peças de cerâmica.
Segundo estudos arqueológicos, havia cerca de 50 aldeias Tupinambás na
região, estimando-se uma população que poderia variar de 25 a 75 mil habitantes
antes da conquista europeia.
Arraial do Cabo está assentado sobre sítios arqueológicos de extrema
valia para o estudo da história da região, tendo fornecido diversas peças para o
Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Isto pode ser
comprovado a partir de restos arqueológicos catalogados em toda a região, que é
composta de diversos sambaquis (sítios arqueológicos com esqueletos e
artefatos).
Arraial do Cabo foi ponto de desembarque da expedição de Américo
Vespúcio, que construiu sua casa de barro e pedra no Bairro da Rama, hoje
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conhecido como Praia dos Anjos. Neste local foi criada a primeira feitoria do
Brasil.
Figura 02 - Primeira construção de alvenaria da terra recém-descoberta, a "Casa da
Piedra".
Houve grande aumento populacional na região de Cabo Frio com a chegada
de imigrantes portugueses e, em 1615, foi fundada a cidade de Santa Helena. A
partir de 1616 a cidade passou a chamar-se Nossa Senhora da Assunção de
Cabo Frio, tendo sido ponto importante para o desenvolvimento e conquista do
território fluminense.
Embora a colonização e o desenvolvimento da região tenham tomado
velocidade com a fundação da cidade de Cabo Frio, Arraial do Cabo viveu
durante muito tempo esquecido e isolado. Não havia acesso a outros povoados.
Era pela praia que seus moradores iam e vinham, a pé ou a cavalo, para trocar,
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vender e comprar mercadorias. A pesca também foi de grande importância nesse
período.
Monumentos e peças históricas até hoje lembram importantes passagens do
início da colonização de Arraial, como a Igreja Nossa Senhora dos Remédios
(Figura 03), construída em 1506 na Praia dos Anjos, e o Monumento a Américo
Vespúcio, no Largo do Descobrimento.
Figura 03 - Igreja Nossa Senhora dos Remédios
O núcleo urbano de Cabo Frio prosperou lentamente até fins do século XIX,
baseando-se a economia na agricultura com mão-de-obra escrava, realizada em
grandes latifúndios. A abolição da escravatura ocasionou o colapso econômico de
que Cabo Frio só se restabeleceria bem mais tarde, com o desenvolvimento da
indústria do sal, da pesca e do turismo, e, sobretudo a implantação da rodovia e
da estrada de ferro.
O núcleo de Arraial do Cabo situa-se próximo de Cabo Frio, em área de
topografia plana, com pequenas elevações, tendo sido seu crescimento
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fortemente impulsionado pela presença da Fábrica Nacional de Álcalis, pelo
turismo e veraneio, sendo considerado um dos melhores locais do país para a
prática do mergulho.
Durante séculos, a cidade seguiu sua vocação natural como vila de
pescadores. E foi na primeira metade do século XX, em 1943, com a implantação
da Companhia Nacional de Álcalis, que a economia local foi impulsionada. A
fábrica produzia barrilha, matéria-prima para fabricação de vidros. A oferta de
emprego aumentou. Mão-de-obra qualificada da unidade da Álcalis no Rio Grande
do Norte foi trazida para a cidade e as ofertas de empregos acabaram trazendo
trabalhadores de outras regiões. Isso contribuiu para a consolidação e para o
crescimento da cidade.
Figura 04 – Ruinas da fabrica da Companhia Nacional de Álcalis.
Durante anos, Arraial do Cabo pertenceu a Cabo Frio, sendo seu principal
distrito. Em 13 de maio de 1985, a cidade teve sua emancipação assinada por
Leonel de Moura Brizola, governador do Estado do Rio de Janeiro na época. No
dia 15 de novembro de 1985, foi eleito o primeiro prefeito, Renato Vianna, que
assumiria o cargo no dia 1 de janeiro de 1986. Hoje, o município de Arraial do
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Cabo compreende os distritos: Monte Alto, Figueira, Parque das Garças, Sabiá,
Pernambuca, Novo Arraial e Caiçara.
4. ASPECTOS SÓCIOS ECONÔMICOS
As atividades econômicas desenvolvidas atualmente estão
principalmente para o setor Terciário, ou seja, as atividades ligadas à prestação
de serviços que alcança seu auge na estação de verão onde o turismo atinge
maior intensidade, atraindo a população economicamente ativa de varias partes
do país.
A cidade possui um Porto (Porto do Forno) (Figura 5 e 6) que atualmente
é administrado pelo município. Este assume função importante para a economia
local, tendo como atividade à carga e descarga de gêneros alimentícios (sal,
açúcar, cevada). Ainda o Porto tem estrutura para estimular outras atividades
como prestar auxilio às atividades „off-shore” no ramo petroquímico.
Figura 05 – Porto do Forno e Marina dos Pescadores. Figura 06 – Prédio sede do Porto.
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Ao lado do Porto do Forno se localiza a Marina Pública dos
Pescadores (Figura 07.). Esta serve de base para a atividade econômica do
setor primário mais significativa, a pesca.
Figura 07 – Marina dos pescadores, Praia dos Anjos.
A atividade pesqueira por muitos anos foi a principal fonte de renda da
economia local recebendo por dias várias toneladas de pescados que são
comercializados na Região e vendidos para redes de restaurantes em grandes
metrópoles brasileiras. Dados socioeconômicos como trabalho e renda podem ser
verificados nas Figuras 09 e 10.
De acordo com estudos antropológicos realizados em arraial do Cabo, que
com vistas à implantação da Reserva Extrativista Marinha (RESEX), a primeira
reserva a ser implantada no Brasil em área marinha, a pesca assume importância,
pois é atividade mais do que centenária utilizada como fonte de complementação
de renda para aqueles que trabalham tanto na indústria bem como na prestação
de serviços (BRITTO. 1999). A Reserva possui 56.769 ha de lâmina d‟agua e
localiza-se ao longo do litoral de Arraial do Cabo (Figura 08).
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Figura 08 – Delimitação da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo.
A RESEX possui uma característica física privilegiada, o fenômeno da
ressurgência, caracterizado pela elevação de águas profundas de origem
polar, trás consigo grande número de nutrientes, contribuindo para o
aumento de peixes nos locais onde se observa o fenômeno, pois muitas
espécies se veem atraídas pelo incremento da disponibilidade de alimento. A
ressurgência não só aumenta os estoques disponíveis, mas também facilita
as condições de previsibilidade das atividades pesqueiras, contribuindo para
a eficácia da atividade.
A principal finalidade da RESEX é garantir que a população tradicional
continue a utilizar racionalmente os recursos marinhos como já vem fazendo
há muitos anos evitando dentro de seus domínios a pesca predatória e
outras atividades que prejudiquem o meio ambiente marinho. Criada pelo
governo Federal em janeiro de 1997 a Reserva Extrativista Marinha de
Arraial do Cabo está sob responsabilidade do ICMBio tendo o apoio do
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Conselho Nacional das Populações Tradicionais (CNTP). A administração da
RESEX é exercida pela Associação de Pescadores da Reserva Extrativista
Marinha de Arraial do Cabo (AREMAC) que tem como uma de suas
atribuições elaborarem as normas de utilização do espaço da Reserva.
Convivem em Arraial do Cabo diversas modalidades de pesca, como as
"companhas" de cerco de praia com suas canoas seculares, as canoas
pequenas e suas redinhas, a pesca de linha praticada tanto na pedra como
em pequenos "caícos", pesca da luta com atração luminosa e ainda formas
mais modernas como as pequenas traineiras de cerco e a caça submarina
do polvo.
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. Figura 09 – Atividades principais de trabalhos. ......... Fonte: IBGE
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Figura 10 – Rendimento mensal da população cabista. Fonte: IBGE
5. MEIO CULTURAL
Quanto às características sociológicas e antropológicas do lugar consta
que a identidade social dos moradores de Arraial do Cabo está diretamente
relacionada ao dito que “ser cabista é ser pescador”. Tal identidade está
ligada a uma série de representações partilhadas pela comunidade, sobre
ela mesma e sobre o espaço que ela ocupa, que se constitui um elemento
fundamental para sua estrutura social (BRITTO, 1999)
A atividade pesqueira é mais do que centenária, porem inúmeros
empreendimentos que se instalaram no século passado em Arraial do cabo
como as indústrias „Salineiras, a de Álcalis e a do Turismo que pretendiam
tornar os pescadores em operários para lhes trazer a “modernização” e o
“progresso”, porém não produziram o resultado que esperavam, mas, foram
assimilados por eles contribuindo para a expansão e capitalização de sua
atividade extrativista (KANT DE LIMA, 1997).
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Devido à utilização racional dos recursos exercida por pescadores
tradicionais de Arraial do Cabo, os ecossistemas costeiros foram
conservados em grande parte por esta sociedade que possuem fortes
vínculos culturais com esses ambientes, desenvolvendo assim sistemas
engenhosos de manejo dos recursos naturais (DIEGUES, 2001).
6. LOCALIZAÇÃO E ACESSIBILIDADE REGIONAL
Arraial do Cabo está localizado na porção sudeste sob as coordenadas
geográficas centrais; Latitude: 22º 57' 58" S, Longitude: 42º 01' 40" W , a
uma distancia de 165 km da cidade do Rio de Janeiro, na área conhecida
como Região dos Lagos, onde também estão as cidades de Búzios, Cabo
Frio, Araruama, Saquarema, São Pedro da Aldeia e Iguaba Grande. As
rodovias que servem o município são a RJ-140/BR-120 e a RJ-102.
O trajeto até Arraial do Cabo começa após a travessia da Ponte Rio
Niterói, com acesso à BR 101 e depois à Via Lagos (RJ-124), chegando até
a entrada principal da cidade pela Rodovia RJ 102.
Vale ressaltar que nos finais de semana o trânsito para a Região dos
Lagos é bastante pesado e grandes congestionamentos são comuns,
especialmente nas vésperas feriados prolongados. O trajeto de 2h30 pode
facilmente se transformar em uma desesperadora viagem de 7h de duração
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Figura 11 – Acessibilidade regional a Arraial do Cabo a partir da capital do estado.
Arraial do Cabo limita-se a norte com o município de Cabo Frio, a
leste e a sul, com o Oceano Atlântico e a oeste, com o município de
Araruama.
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Figura 12 – Mapa de Localização e limite do município de Arraial do Cabo – RJ, Brasil.
Figura 13 – Pórtico de entrada da cidade.
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7. CLIMA
As regiões de ocorrência no litoral fluminense apresentam
características climáticas e regime pluvial semelhante à do Semiárido
brasileiro. Isto se deve ao afastamento destas regiões da Serra do Mar, que
concentra umidade e favorece a precipitação no litoral. Além disto, as
correntes frias impedem a evaporação da água do mar, dificultando a
formação de nuvens. A pluviosidade média anual é de cerca de 800 mm.
O clima da região de Cabo Frio é constituído por dois tipos distintos:
no extremo ocidental, é classificado no sistema de Köppen como Aw, ou
seja, tropical com chuvas de verão e secas de inverno (Barbieri 1984); no
extremo oriental, é classificado como BSh, uma variação do clima semi-árido
quente de Köppen (Barbieri 1997).
As isoietas anuais de pluviosidade do litoral entre Saquarema e Cabo
Frio revelam uma diminuição gradativa de pluviosidade em direção a Cabo
Frio a partir do divisor da Serra de Mato Grosso (Barbieri 1975). O clima da
região é considerado sui generis para o litoral sudeste brasileiro.
Resumidamente o clima de Arraial do Cabo é tropical litorâneo, com
muito vento que estabiliza as temperaturas, o município praticamente
desconhece extremos em temperaturas. No ano de 2007 a máxima absoluta
foi de apenas 31,7 °C (a menor de todo o estado) e a mínima de 12,9 °C.
Historicamente, o município tem máxima absoluta de 34 °C e mínima de 10
°C. Também chove bem pouco, com média pluviométrica acima
mencionada. A insolação (horas de sol) é uma das maiores do estado.
Com relação aos ventos, predominam o ano inteiro os ventos do
quadrante NE com frequência em torno de 50% no verão onde apresentam
mais regularidade e com velocidade variando de 4 a 6 m/s. Na primavera o
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vento NE apresenta velocidade média mais baixa (GOMES, 2002). No
outono e no inverno aumenta a frequência dos ventos S e SO devido a
passagem de frentes frias nessa época do ano.
Tal representação é demonstrada no quadro elaborado por
(BARBIERI, 1984) na Tabela 01.
8. MEIO FISICO
Geologia, geomorfologia e pedologia.
A região caracteriza-se pela diversidade de ambientes, resultante da sua
evolução físico-geográfica. Processos intrusivos, tectônicos e deposicionais,
associados à ação de processos erosivos, fluviais, lacustres e costeiros,
respondem pela diversidade litológica e de formas de relevo da região, que,
combinada com a alternância de condições climáticas e a diferenciação espacial
nas condições de umedecimento, resultaram na diversificação dos tipos de solos e
das fisionomias da vegetação.
A região abrange dois domínios morfoestruturais (RADAMBRASIL 1983): a
faixa de dobramentos remobilizados e os Depósitos Sedimentares. O relevo
movimentado é oriundo dos falhamentos e dobramentos de uma litologia cristalina
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que remonta ao Arqueozóico e Proterozóico, posteriormente submetidos a
movimentos tectônicos iniciados há aproximadamente 80 milhões de anos, como
soerguimento da borda do continente em todo o sudeste brasileiro, com
rompimento e consequente rebaixamento dos blocos adjacentes.
Nas colinas e maciços costeiros ocorrem duas unidades geológicas com
diferentes idades: o Complexo Região dos Lagos, Paleoproterozóico, constituído
por ortognaisses bandados/dobrados cinzentos, decomposição tonálica a granítica,
corresponde a um fragmento da placa Angolana, acrescida à borda leste da
província Mantiqueira; enquanto que o Gnaisse Búzios, bandeado e de foliação
horizontal, data do Proterozóicoinferior (Penha 1999; Silva & Cunha 2001).As
intrusões e extrusões de rochas Cenozóica alcalinas (Ilha do Cabo Frio e outras
ocorrências menores), possuem idades entre~72 e 50 Ma (Penha 2000). Ainda
durante o período Terciário ocorreram dois grupos alternados de processos
erosivos (Ab‟Saber 1992):erosão extensiva de encostas acompanhada por
terraceamento lateral pela dissecamento vertical, e intensa pedogênese,
acompanhada por relativa estabilidade da paisagem, com a formação dos
tabuleiros costeiros (formação Barreiras), de ocorrência restrita na área
Flutuações climáticas iniciadas no início do Quaternário até o presente
também influenciaram a paisagem atual, com expansão/retração de florestas
úmidas e alterações do nível do mar (Ab‟Saber 1977). Foram formados diversos
ambientes de sedimentação associados a sistemas de deposição de origem
continental e transicional marinho (Turcq et al. 1999).Os Depósitos Colúvio-
Aluvionares são constituídos por materiais variados, desde argila até blocos de
rocha (matacões) provenientes do embasamento, e sedimentos arenosos e
lamosos, eventualmente com cascalheiras ,localizados em encostas baixas e ao
longo de drenagens.
Nos ambientes de sedimentação transicional/marinho encontram-se os
Depósitos Pleistocênicos formados por Depósitos Praiais Marinhos e/ou
Lagunares, relacionados ao último período transgressivo marinho. Entre Cabo Frio
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e Arraial do Cabo, as maiores partes dos depósitos parcialmente recobertos por
dunas holocênicas são de idade pleistocênica, preservados da última transgressão
graças à presença das rochas cristalinas.
Os Depósitos Fluvio-Lagunares estão geneticamente relacionados a
episódios de progradação fluvial sobre ambiente transicional marinho/raso, estando
bem representado no curso dos rios São João e Una, com pequenas manchas
situadas na parte continental interna da Lagoa de Araruama e em Búzios (Dantas
2000). Os sistemas lagunares holocênicos ocorrem nas zonas baixas separando
terraços arenosos pleistocênicos e holocênicos ou nos cursos inferiores de vales
não preenchidos por sedimentos fluviais, sendo constituídos por sedimentos sílticos
e/ou areno-argilosos rico sem matéria orgânica, podendo conter grande quantidade
de conchas (Martin & Suguio 1989).O sistema mais interno é ocupado pelas
grandes lagunas que se situam entre as formações cristalinas e os depósitos
pleistocênicos. O mais externo foi formado entre as barreiras pleistocênica e
holocênica, constituído por lagoas pequenas e pouco profundas e com tendência
ao ressecamento durante períodos de estiagem.
Os Depósitos Praiais Marinhos holocênicos são constituídos por areias
quartzosas esbranquiçadas, finas a médias, apresentando estratificação paralela
com suave mergulho em direção ao mar. O pacote eólico apresenta-se na forma de
depósitos próximos da linha de costa, e de dunas transgressivas, mais
interiorizadas(Fernandez 2003).O processo de formação dos cordões litorâneos e
lagoas da região pode ser resumido em quatro fases (Fernandez 2003), com um
máximo transgressivo anterior a 123.000 anos A.P. formando paleolagoas, seguido
pelo recuo gradual do nível do até o máximo regressivo(18.000 anos A.P.), com a
formação de tômbolos ligando o cordão pleistocênico aos morros costeiros e de
depósitos lagunares entre o cordão e o cristalino. Ocorreu uma nova elevação do
nível do mar até 5100 anos A P. iniciando-se posteriormente uma nova deposição
lacustre, com a formação dos cordões holocênicos e início da sedimentação
lagunar, recuo da linha de costa e a construção das dunas frontais.
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A interação entre os diversos processos climáticos, geológicos,
geomorfológicos ecológicos ao longo do Pleistoceno resultou numa relativa
diversidade de solos na região (Carvalho-Filho et al. 2000; Embrapa 1999).
Os Argissolos, de maior ocorrência na região, são constituídos por material
mineral, com horizonte B textural com argila de atividade baixa imediatamente
abaixo do horizonte A, baixos teores de Fe2O3, com predomínio de caulinita na
fração argila. São em geral profundos e bem drenados, relacionados aterrenos
cristalinos e sedimentos terciários, com teores variáveis de nutrientes. Incluem
Argissolos Amarelo e Vermelho-Amarelo distróficos, distribuídos na maior parte da
região, e eutróficos, ocupando as planícies e morros costeiros a leste.
Os Latossolos são solos bem drenados de acidez elevada, com baixa
capacidade de troca de cátions (CTC) e uma baixa reserva mineralógica, devido à
intensa intemperização dos minerais primários. Ocupam colinas e parte das
encostas da Serrado Mato Grosso, a oeste.
Os Planossolos são solos minerais, geralmente hidromórficos, com
seqüência de horizontes A-Bt-C, caracterizados por mudança textural abrupta,
horizonte B com alta densidade, com a ocorrência de cores de redução
evidenciando condição de drenagem imperfeita, recobrindo áreas planas interiores.
Gleissolos são solos minerais hidromórficos com horizonte gleisuperficial,
pouco a medianamente profundos, mal ou muito mal drenados, periodicamente ou
permanentemente inundados, horizonte A com acumulação de matéria orgânica e
coloração escura, e seqüência de horizontes A e Cg, com cores cinzentas,
podendo ocorrer acúmulo de sais na superfície. São solos moderado a fortemente
ácidos, com teores altos ou médios de Al trocável, distróficos ou eutróficos,
ocorrendo em depressões inundadas entre cordões, várzeas e lagoas rasas
perenes ou temporárias.
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Espodossolos são solos com horizonte B podzol ou espódico subsuperficial,
geralmente constituído de matéria orgânica, Al e Fe, com profundidade variável,
imperfeitamente a mal drenado, textura arenosa, acumulação de húmus, ácido e de
baixa fertilidade. O Espodossolo Cárbico possui acúmulo de carbono orgânico e Al
no horizonte Bh, enquanto que o Ferro cárbico Hidromórfico Arênico possui maior
acúmulo de Fe, permanecendo saturado em um ou mais horizontes, e com alto teor
de matéria orgânica(20-30%). Recobrem terrenos mais baixos de restinga sujeitos
a inundação.
Cambissolos são pouco evoluídos, com horizonte B incipiente ou câmbico,
rasos a pouco profundos, moderadamente a bem drenados, distróficos e eutróficos,
estes situados principalmente na Ilha de Cabo Frio e nos morros costeiros entre
Arraial do Cabo e Búzios.
Neossolos são constituídos por material mineral pouco espesso, com
ausência de horizonte B. Neossolos Quartzarênicos são solos com profundidade
variável, excessivamente arenoso, ácido, álico ou distrófico, bem drenado, com alta
lixiviação e baixa retenção de umidade, constituindo dunas e outras áreas
arenosas. Os Neossolos Flúvicos são desenvolvidos a partir de depósitos aluviais
recentes, apresentando estratificação de camadas e seqüência de horizontes do
tipo A-C, eventualmente com evidências de gleização em subsuperfície. Ocorrem
nos médios cursos dos rios, em geral associados aos Gleissolos. Já os Neossolos
Regolíticos apresentam um horizonte A assentado diretamente sobre o regolito,
com horizonte C ou B incipiente pouco espesso, elevados teores de minerais
primários, cascalhos e calhaus de rocha semi-intemperizada, geralmente
associados aos Cambissolos, ocupando encostas íngremes e topos de colinas.
Organossolos são solos com alto teor de matéria orgânica (> 0,2 kg/kg de
solo), constituindo áreas de turfa relacionadas aos esporões internos da lagoa de
Araruama e várzeas do rio São João, sujeitas à inundação.
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Finalmente, os solos indiscriminados de mangue são pouco desenvolvidos,
sem diferenciação de horizontes, mal drenados, com baixa oxigenação e altos
teores de sais e decompostos de enxofre, desenvolvidos a partir de sedimentos
fluviomarinhos recentes, próximo à desembocadura do rio São João, com influência
das marés.
Figura 14 – Mapa Geológico da região dos Lagos.
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Figura 15 - Mapa Geológico simplificado da região de Arraial do Cabo.
9. Aspectos Oceanográficos
Na região de estudo ocorre o fenômeno oceanográfico da ressurgência
costeira. Esse fenômeno é gerado por ventos de nordeste (NE), produzidos por um
centro atmosférico de alta pressão semipermanente sobre o Oceano Atlântico Sul,
que faz gerar o afloramento de águas frias e ricas em nutrientes da chamada Água
Central do Atlântico Sul (ACAS).
De acordo com Barbosa (2003), as anomalias de temperatura negativa da
superfície do mar causadas pelo direcionamento dos ventos na ressurgência
costeira, estão presentes na plataforma continental sudeste brasileiro,
especialmente durante o verão. Quando os ventos de nordeste persistem por
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vários dias, uma forte ressurgência pode ocorrer com a queda da temperatura da
superfície do mar 15º (ou menos) próximo da costa de Cabo Frio. Estas
temperaturas estão em torno de 10º C mais frias que aquelas das águas medias ou
externas da plataforma.
A existência desta subida de águas fria oriundas das correntes das Malvinas
nessa região é o resultado de três fatores principais:
1 - A Morfologia da Plataforma Continental, com a mudança brusca de
orientação da linha da costa;
2 - O deslocamento sazonal do eixo da corrente do Brasil, que é desviado ao
longo do verão;
3 - O regime de ventos da região de Cabo frio.
A intensificação da ressurgência na região de Arraial do Cabo induz a uma
diminuição da precipitação e, consequentemente, um aumento na aridez climática,
evaporação e salinidade das lagoas. Em contrapartida, quando há o
enfraquecimento da mesma ocorre um efeito oposto sendo assim a ressurgência é
um importante parâmetro para a caracterização climática da região de Arraial do
Cabo.
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Figura 16 – Direção das correntes oceânicas. A seta em destaque mostra a inversão da direção da
corrente no padrão verão inverno
10. HIDROGRÁFIA
O município de Arraial do Cabo está inserido na Região Hidrográfica (RH) da
Lagoa de Araruama e do Cabo Frio. Esta região hidrográfica engloba integralmente
o município de Arraial do Cabo, e parte dos municípios de Cabo Frio, Iguaba
Grande, Saquarema, Araruama, São Pedro da aldeia e Rio Bonito. Com uma
superfície de aproximadamente 572 km², a Região Hidrográfica da Lagoa de
Araruama e do Cabo Frio reúne as seguintes áreas:
- Lagoa de Araruama e sua bacia contribuinte;
- Restingas de Massambaba e Cabo Frio
- O acidente geográfico Cabo Frio (localizado em Arraial do Cabo);
- Trecho ao norte do Canal de Itajuru, com limite até a Praia das Conchas
(município de Cabo Frio).
Os limites da região hidrográfica são:
- Bacias das Lagoas de Jacarepiá e Saquarema (a oeste);
- Bacias dos rios São João e Una, e Cabo de Búzios (ao norte e noroeste);
- Oceano Atlântico (a leste e sul).
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Figura 17 - Bacia Hidrográfica da Lagoa de Araruama.
11. MEIO BIÓTICO
O Brasil é o país de maior biodiversidade do mundo e o enfoque
sociocultural e econômico delineado neste contexto remete à necessidade de
implementação de políticas públicas mais eficazes no âmbito de planos da
conservação e desenvolvimento, pois questões como o desmatamento ilegal,
destruição do habitat natural das espécies permanecem com grande ênfase na
realidade brasileira (LIMA, 2007). O estado do Rio de Janeiro na porção sudeste,
se encontra dentro do domínio da Floresta Atlântica, possui um longo histórico de
degradação florestal, apresentando grandes áreas de mosaicos compostos por
modificações do meio ambiente.
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Do ponto de vista específico da fauna, muitas são as consequências das
alterações na configuração da paisagem e perda da funcionalidade ecológica,
elencando-se a perda de estabilidade e coesão nos bandos mistos de aves,
redução na disponibilidade e qualidade de sítios de reprodução, aumento da
luminosidade com consequente diminuição na oferta de recursos alimentares e
desestabilização do microclima, levando a perda de espécies mais sensíveis, em
detrimento dos aumentos na abundância de generalistas ou espécies que se
beneficiam com o efeito de borda.
11.1.1. Cobertura Vegetal
A vegetação encontrada no município pertence, segundo a Classificação da
Vegetação Brasileira, Adaptada a um Sistema Universal, como Floresta Ombrófila
Densa.
Figura 18 - Mapa da vegetação brasileira com destaque para a área em estudo pertencente a
formação de floresta ombrófila densa.
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11.1.2. Formação Florestal
As florestas tropicais estão entre os ecossistemas mais complexos e
sensíveis do planeta Terras, apesar de serem pouco conhecidos e estarem sob
constante ameaça de destruição. Essas florestas cobriam uma área de 16 milhões
de Km², porem as atividades humanas como agricultura, extração de madeira,
criação de gado, mineração e projetos de desenvolvimento em grande escala,
reduziram essa área para menos de 9 milhões de Km² (Miranda & Mattos, 1992).
As florestas pluviais são importantes porque elas provem abrigo para um grande
numero de espécies vegetais, animais, e microrganismos – o que constitui um
banco genético importante – além de fornecerem uma variedade de produtos
comerciais e não comerciais tais como madeira, lenha, frutos, grãos, bem como
produtos industriais como óleos, corantes, fibras e resinas (Corson, 1990).
No Brasil, além do bioma Floresta Amazônica, as florestas tropicais estão
representadas pelo bioma de Mata Atlântica, que ocupava originalmente 15% do
território brasileiro, estando atualmente reduzida a cerca de 7,84%, constituindo-se
assim no segundo ecossistema mais ameaçado de extinção do mundo (Schäffer &
Prochnow, 2002). A Floresta Atlântica localiza-se sobre a cadeia montanhosa que
ocorre ao longo da costa atlântica brasileira, abrangendo total ou parcialmente 17
estados, desde o Rio Grande do Sul até o Rio Grande do Norte (Rizzini, 1979;
Schaffer & Prochnow, 2002). A denominação Floresta Atlântica é utilizada para
designar um complexo vegetacional que possui vários ecossistemas associados
como formações pioneiras (manguezais e restinga), as Florestas Estacionais e as
Florestas Ombrófilas (Schaffer & Prochnow, 2002) dentre outros.
A caatinga fluminense é um tipo de vegetação, pertencente ao Bioma Mata
Atlântica, de clima semiárido que ocorre nos municípios de Arraial do Cabo,
Armação dos Búzios, Cabo Frio, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia na Região
dos Lagos no Rio de Janeiro.
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A paisagem apresenta cactos gigantes, arbustos retorcidos e pequenas
flores. As árvores desenvolvem galhos retorcidos e entrelaçados para resistir ao
clima seco. Classificada pelo IBGE como estepe arbórea aberta é o único tipo de
caatinga litorânea.
Figura 19 – Aspecto da estepe arbórea aberta (único tipo de caatinga litorânea), Pontal do
Atalaia..
O valor da vegetação foi reconhecido pela União Internacional para a
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (UICN) como Centro de
Diversidade Vegetal, título conferido a locais com alto grau de biodiversidade
endêmica no mundo. O Centro de Diversidade Vegetal de cabo Frio, um dos
catorze existentes no Brasil (ARAUJO, 2003). Neste Centro se encontram os três
tipos de Formação vegetais concernentes ao Estado do Rio de Janeiro: A Floresta
Ombrófila Densa localizada nas Serras mais afastadas do mar, a Floresta
Estacional Semidecidual que ocupa os tabuleiros, terras baixas não-marinhas, a
Savana Estépica além das Serras litorâneas próximas ao mar e a Lagoa de
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Araruama. Nos grotões úmidos e nas vertentes meridionais dessas serras
concentram-se espécies típicas de formações ombrófilas (URURAHY et al., 1983).
Figura 20 – Localização do Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio.
As Formações Pioneiras ocupam as planícies de origem marinha , incluindo
os campos de dunas, fluvio-marinha e aluvial. São constituídas por manguezais,
além de grande diversidade de fisionomias cobrindo os terraços marinhos, as
praias, as dunas e margens de lagunas (ARAUJO, 2003), e sugerem uma
semelhança fisionômica com as Caatingas do Nordeste do brasil onde alguns
autores a classificam como Savana Estépica (BIDEGAIN, 2002).
Neste bioma ocorrem espécies endêmicas de bromélias, como as
Bromeliaceae Tillandsia, gardneri var. rupicola, Tillandsia neglecta, Nidularium
atalaiensis, Cryptanthus sinuosus e Cryptanthus maritimus, além de Cactaceaes,
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como Pilosocereus ulei, Pilosocereus arrabidae, Cereus fernanbucensis e
Austrocephalocereus fluminensis, além de várias espécies de Euphorbiaceae. São
mais de 20 espécies de orquídeas endêmicas. O cacto conhecido como cabeça
branca (Pilosocereus ulei), que atinge sete metros de altura, é único no mundo.
(Figura 21).
Figura 21 – Cacto cabeça branca (Pilosocereus ulei), Trilha da Praia do Forno.
Ainda a Análise florística das plantas vasculares que ocorrem na restinga
de Massambaba está constituída por 664 espécies distribuídas em 118 famílias.
São 641 espécies de angiospermas e 23 de pteridófitas. Em relação às
angiospermas, a restinga de Massambaba abriga cerca de 63 % das espécies
que foram listadas para as restingas fluminenses por (ARAUJO, 2000).
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Figura 22 – Campo de dunas com vegetação fixadora, restinga da Massambaba.
A restinga de Massambaba abriga pelo menos 12 espécies endêmicas às
restingas fluminenses e mais 14 espécies que ocorrem somente nas restingas e
na mata atlântica do Estado do Rio de Janeiro. Das espécies consideradas
ameaçadas pela Lista da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção
(www.biodiversitas.org.br), são encontradas na restinga de Massambaba
diversas na categoria Vulnerável (e.g., Melocactus violaceus, Banisteriopsis
sellowiana, Pavonia alnifolia, Odontocarya vitis, Mollinedia glabra) cinco na
categoria Em Perigo (Caesalpinia echinata, Ditassa maricaensis, Gonolobus
dorothyanus, Nidularium rosulatum, Plinia ilhensis) e uma considerada
Criticamente em Perigo (Vriesea sucrei).
De modo geral, a vegetação da região reflete a sua especificidade climática
associada à heterogeneidade física, apresentando uma grande diversidade
fisionômica e florística e alto grau de endemismos, estando aparentemente
condicionada também pela história paleoevolutiva, mantendo uma vegetação
remanescente dos períodos glaciais do Pleistoceno (Ab‟Saber1992; Araujo et al.
1998).
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11.2. Fauna
A fauna insere-se na região Neotrópica, subdivisão Brasiliana, provinvia Tupi
de Classificação zoogeográfica (PAULINO, 2000). Os animais que habitam a área
de estudo são típicos de seus ecossistemas. Sabe-se que nos ambientes de
restinga existem condições ecológicas análogas das zonas de distribuição dos
organismos animais que ali se estabelecem, onde quanto maior o porte da
vegetação maior a diversidade.
É possível encontrar nas trilhas e áreas verdes com frequência o gênero
Hylea (pererecas) e Leptagrion (Lavadeiras) que vivem dentro da bainha dos
grávatas, todos estes ameaçados de extinção. Outro animal bastante encontrado é
o crustáceo Ocypode quadrata (marinha-farinha) a beira mar.
Em relação aos répteis, onde a ocupação humana é ainda pequena,
mantendo assim um razoável estado de preservação dos ecossistemas locais,
presume-se que ainda sejam encontrados nos brejos a tartaruga-do-brejo
(Platemys radiolata) e o jacaré-dopapo-amarelo (Caiman latirostris) (Figura 23), e,
nas áreas secas, o jabuti-piranga (Geochelone carbonaria). Embora não muito
conhecido da população, a lagartixa-de-areia (Liolaemus lutzæ), espécie endêmica
das restingas do litoral do Rio de Janeiro, espécie ameaçada de extinção,
principalmente pela ocupação humana nas áreas litorâneas. O lagarto mais comum
na região é o calango (Tropidurus torquatus), mas também encontrase o lagarto-
verde ou bico-doce (Ameiva ameiva), o teiú (Tupinambis merianae) e pequenos
lagartos, também chamado de calangos, como o Cnemidophorus ocellifer e o
Mabuya agilis. Este último é um vivíparo comum em áreas abertas do sudeste
brasileiro.
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Figura 23 - jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) na restinga de Massambaba.
Ornitofauna Nas áreas ainda conservadas de Arraial do cabo, incluindo as
brejosas e lagunares, encontram-se variadas espécies da ornitofauna. Observam-
se espécies de aves migratórias do Hemisfério Norte, tais como o maçarico-de-
coleira (Charadrius collaris), a batuíra-de-bando (Charadrius semipalmatus), o
maçarico-rasteirinho (Callidris pusillus), o maçarico-branco (Crocethia alba), o
maçarico-pintado (Actitis macularia), o maçarico-grande-deperna-amarela (Tringa
melanoleuca), o maçarico-de-perna-amarela (Tringa flavipes), o maçarico (Tringa
solitaria), além do mergulhão-caçador (Podilymbus podiceps) e do mergulhão-
pequeno (Podiceps dominicus) . A maioria dessas aves chega ao Brasil migrando
do Hemisfério Norte, todos os anos, em outubro, e permanecem até abril, às vezes
maio, quando então retornam às suas áreas de nidificação.
Nas lagunas e brejos, o fino espelho de água e a vasa lodosa, rica em
microorganismos, têm grande variedade e quantidade de microcrustáceos, larvas
de insetos, girinos, alevinos e outros pequenos animais que são itens alimentares
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para as aves mais freqüentes, como os frangos-d‟água (Gallinula chloropus). Os
socós (Butorides striatus) e as saracuras (Porzana albicollis) também são comuns,
assim como a garça-branca-pequena (Egretta thula), a garça-branca-grande
(Casmerodius albus) (Figura 24) e as piaçocas (Jacana jacana). Há registros da
ocorrência de colhereiros (Ajaia ajaja) no Brejo do Espinho, espécie considerada
vulnerável no Estado do Rio de Janeiro. Observam-se também o urubu-caçador
(Cathartes aura), os gaviões (Herpetotheres cachinnans, Falco sparverius, Milvago
chimachima, Buteo magnirostris), o saí-azul (Dacnis cayana), o gaturamo
(Euphonia chlorotica) e, menos abundantes, os tiês (Ramphocelus bresilius). Em
número bastante reduzido, estão presentes os sabiás-da-praia (Mimus gilvus), as
únicas aves consideradas exclusivas dos habitats de restinga e ameaçadas de
extinção no Estado do Rio de Janeiro, exatamente pela destruição de seus
habitats. A ocorrência de Formicivora littoralis, (formigueiro-do-litoral), um papa-
formiga endêmico das restingas do complexo da Lagoa de Araruama, também está
ameaçada de extinção (Figura 26).
Figura 24 - garça-branca-grande (Casmerodius albus), restinga da Massambaba.
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A mastofauna encontra-se bastante reduzida, em número e em espécies,
devido à caça e redução dos habitats. Apesar disso, ainda existem ratos-domato
(Oxymycterus sp. e Oryzomys sp.), cachorros-do-mato (Cerdocyon thous), preás
(Cavia aperea), gambás (Didelphis aurita), ouriços-cacheiros (Sphiggurus
insidiosus) e tatu-de-rabo-mole-grande (Cabassous tatouay)., este é uma espécie
ameaçada de extinção (Figura 25) devido à caça, perseguição e a destruição de
seu habitat.
Figura 25 - tatu-de-rabo-mole-grande (Cabassous tatouay)
Ainda são encontrados ofídios como Micrurus corallinus (cobra-coral) e a
jararaca. Verifica-se a abundancia de insetos e moluscos como caramujos nos
pontos de maior umidade.
Este endemismo, em uma área tão restrita, reforça ainda mais a
necessidade de preservação do remanescente de Restinga no município, que sofre
fortes pressões antrópicas pela especulação imobiliária, crescimento do turismo e
ocupação desordenada e irregular.
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Figura 26 - Formicivora littoralis (com-com-da-restinga) endêmico das restingas do complexo
da Lagoa de Araruama, está ameaçada de extinção
12. ÁREAS DE INTERESSE E PROTEÇÃO AMBIENTAL
A cidade possui um vasto patrimônio natural por apresentar diferentes
ecossistemas, formada por uma rica diversidade biológica distribuída entre a
Mata Atlântica, recortada por sete praias, são elas: Praia Grande, Praia do
Pontal, Prainha, Praia do Forno, Praia dos Anjos, Prainhas do Pontal do Atalaia
e Praia Brava, além dessas conta ainda com ilhas oceânicas com destaque para
a Ilha dos Porcos e Ilha de Cabo frio e sua inconfundível Praia do Farol, todas
com belezas naturais impares no mundo. Mais uma vez se destaca a única
Restinga da Massambaba e seu alto grau de endemismo, tendo presente em
sua formação o fenômeno da restinga geológica, além da vegetação típica e
adaptada desse ambiente.
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Figura 27 – Praia do Forno vista a partir da Trilha do Parque municipal da Praia do Forno.
Figura 28 – Praia Grande, aos fundos o Parque estadual da Costa do Sol e APA da
Massambaba.
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Figura 29 – Praia dos Anjos com o Pontal do Atalaia aos fundos.
Figura 30 – Prainha.
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Figura 31 – Prainhas do Pontal do Atalaia.
Figura 32 – Praia do Pontal
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Figura 33 – Praia Brava.
Figura 34 – Praia do Farol da Ilha de Cabo Frio, considerada pela Marinha como a mais perfeita
do Brasil.
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Figura 35 – Placa fixada na Praia do Farol, Ilha de Cabo Frio, Arraial do Cabo.
Figura 36 – Pontal do Atalaia e Ilha de Cabo Frio com suas respectivas praias, Prainhas a direita
da imagem, e a Praia do Farol da Ilha de Cabo Frio.
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Segundo estudos realizados in loco e analises de escritório através de
imagens georeferenciadas e fotointerpretação estimasse que 93,5 % do território
municipal de Arraial do Cabo apresenta área de interesse ambiental com
cobertura vegetal e características geológicas exclusivas (Figura 37), sendo
que a área urbana consolidada apresenta aproximadamente apenas 10 km²,
(6,5%), logo é de se salientar o extremo valor ambiental da cidade que apresenta
mais de noventa por cento de seu território com fragilidades e potencialidades
ambientais que garantem a qualidade de vida para todos da população local
atraindo também os turistas por tanta exuberância.
Figura 37 - As manchas verdes indicam as áreas de interesse e proteção ambiental com
cobertura vegetal que representam 93,5 % do território de Arraial do Cabo.
Tanta beleza cênica está relacionada a geografia do município, onde
nota-se que há um “encontro” de todos os tipos de formação vegetal denominado
Ecótono (Figura 37) visíveis principalmente em terrenos acidentados
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Figura 38 – Zona de transição (ecótono).
Além de toda essa riqueza da biodiversidade já ser protegida por Lei a
nível Federal como o Código Florestal (Lei 12.651, de 25 de maio de 2012) que
caracteriza como Área de Preservação Permanente a vegetação fixadora de
dunas, está já protege no papel praticamente toda a Praia Grande e os distritos
nela presentes.
Porem a prática é diferente da teoria e temos varias ocupações irregulares
nessas regiões, por si só, esse motivo faz o Poder Publico a nível Federal,
Estadual e Municipal criar através de instrumentos legais mais proteções e
restrições ambientais a essas áreas criando Unidades de Conservação (UC‟s)
segundo os preceitos da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação –
SNUC (Lei LEI 9.985/2000).
Assim no município temos as seguintes unidades de conservação: O
Parque Natural Municipal da Praia do Forno; Parque do Pontal do Atalaia; Parque
Estadual da Costa do Sol; Área de Proteção Ambiental (APA) Estadual da
Restinga da Massambaba, sendo que essas duas ultimas apresentam limites
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excedendo o território de Arraial do Cabo, abrangendo outros municípios e
possuindo grande valor ambiental em função de proteger ecossistemas de grande
importância, como vegetação de restingas, pequenas lagoas costeiras e áreas
brejosas no cordão arenoso, manguezais, dunas e floresta de encosta. Ressalta-
se a ocorrência de importantes sítios arqueológicos (sambaquis) ao longo de toda
a área. “Massambaba deve ser sempre destacada como a restinga formadora da
Lagoa de Araruama”. Ao preservá-la garantimos o equilíbrio do ecossistema local,
cuja singularidade, em relação ao clima e vegetação específica e única, vem
despertando a curiosidade de todos que por ela passaram. Lembrando que a
Massambaba é a razão da existência da maior laguna hipersalina do mundo - a
Lagoa de Araruama
Também não podemos esquecer que o município está circundado, na
totalidade de sua orla, pela Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo
(RESEX) já caracterizada neste estudo onde observamos sua importância para a
população tradicional, bem como para fauna marinha que consegui se
estabelecer em números crescentes (Figura 39) após sua implementação.
Figura 39 - Orcinus orca (Orca) é uma das diversas espécies que pode ser encontrada nas águas
de Arraial do Cabo dentro da RESEX.
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13. PROBLEMAS URBANISTICOS DE CAPACIDADE DE CARGA
13.1. Mobilidade urbana
Mobilidade urbana é a interação dos deslocamentos de pessoas e bens
(mercadorias) na cidade e isto vai além do deslocamento de veículos ou do conjunto
de serviços implantados para estes deslocamentos.
Pensar a Mobilidade Urbana significa pensar nas necessidades das pessoas
e seu acesso às facilidades, serviços e oportunidades que a cidade oferece,
relacionando o sistema viário ao de transportes às funções da cidade (escolas,
hospitais, locais de emprego, moradia, abastecimento e lazer, etc) e ainda às
interações com as políticas de meio-ambiente e segurança.
A Mobilidade deve pensar a cidade de forma sustentável, eliminando a
poluição e o consumo de energia não renovável. Ela é parte da política de
desenvolvimento econômico, de inclusão social, de qualidade ambiental, da
promoção de oportunidades no exercício da cidadania e na melhoria da sua
competitividade.
Arraial do Cabo é vitima de um colapso de mobilidade urbana durante a alta
temporada de verão, devido a suas excepcionalidades geográficas, como a questão
de apresentar um afunilamento em seu acesso, e ao grande número de
excursionistas que visitam a cidade. Todos, moradores, turistas, excursionista
sofrem com o caos viário (Figuras 40, 41 e 42) que chega a casos de extremos
como, por exemplo, registros de óbitos e nascimentos em veículos presos no
congestionamento. Como se não fosse o suficiente ainda é possível constatar
congestionamento até em trilhas ecológicas como é o caso da Trilha da Praia do
Forno (Figuras 43 e 44).
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Figura 40 – Congestionamento no portal de entrada da cidade no verão.
Figura 41 – Caos no transito em Arraial do Cabo.
Figura 42 – Fila na Rodovia RJ 102.
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Figura 43 - Trilha da Praia do Forno com congestionamento de pessoas na alta temporada.
Figura 44 – Trilha da praia do Forno em período de alta temporada.
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Números estimados sobre a capacidade de carga física do município e
veículos que adentram em alta temporada, em Arraial do Cabo, registraram uma
movimentação que pode ser superior a cinquenta mil (50.000) veículos no período
de alta temporada do verão, compreendido entre os meses de novembro a
dezembro. Na media temporada de verão pode-se aferir cerca de trinta mil (30.000)
veículos entre a primeira quinzena de janeiro e final do mês.
Considerando uma população de 30 mil habitantes com uma frota de 10.177
veículos, segundo IBGE, lembrando que a população pode aumentar dez vezes nos
períodos mais procurados, facilmente o numero de veículos ultrapassa a casa dos
quarenta mil (40.000) veículos circulando em Arraial do Cabo, logo fica claro que a
malha viária de um município com uma área urbana consolidada de apenas 10 Km²
(6,5% do território) nesse cenário de visitação é obrigado a colapsar, deixando todos
que precisam se deslocar dentro e fora da cidade em péssimas condições.
Logo uma alternativa para restringir o numero de veículos dentro do município
de Arraial do Cabo é uma obrigação, e uma ideia inteligente do administrador
publico, haja vista, que o sistema viário precário de um território não suporta o
transito, sem colapsar, trazendo também conturbação às áreas protegidas da
cidade.
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Figura 45 – O Parque do pontal do Atalaia também recebe sobrecarga de visitação.
14. À FRAGILIDADE DO AMBIENTE
14.1. Determinação de Fragilidade Ambiental
Com base nos dados sobre o relevo, subsolo, clima e uso da terra, além dos
levantamentos de campo realizados na área de estudo tem se informações tanto
para a analise da potencialidade eco dinâmica da área bem como da fragilidade
natural do ambiente através de diferentes categorias hierárquicas. Esta proposta
está sob o prisma da Teoria dos Sistemas, expressa por TRICART (1977), com a
denominação de Unidades Eco dinâmica que visa ao planejamento ambiental
obedecendo a critérios técnicos- científicos.
14.2. Etapas e produtos intermediários
Segundo (ROSS, 1993), a carta geomorfológica acompanhada da análise
genética é um dos produtos intermediários para construção da carta de fragilidade e
sua execução estabelece a concepção teórica e técnica das diferentes formas de
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relevo. Para a presente análise utilizaram-se imagens aéreas escala 1: 2000 da área
em estudo.
Por se tratar de uma analise de maior detalhe se utiliza as formas de vertentes e
ás classes de declividade já consagradas em estudos de Capacidade de uso/aptidão
agrícola associadas com os conhecidos valores críticos de geotecnia, do vigor de
processos erosivos e dos riscos de escorregamentos/deslizamentos e inundações
frequentes (ROSS, 1993). Estas classes são classificadas como: 1‹ 3%; 2. 3 a 6 %;
3. 6 a 12 %; 4. 12 a 20%; 5. 20 a 30%; 6. 30 a 50 % e 7.› 50 %.
Devido às classes de até 6 % apresentarem declividades muito baixas, ROSS
(1993) estabeleceu novo arranjo em categorias hierárquicas (Tabela 02).
Tabela 02 – Categorias hierárquicas e classificação em relação a declividade do terreno.
Para as classes de fragilidade ou erodibilidade do solo, os estudos
basearam-se em levantamentos feitos por BERTONI & LOMBARDI (1985) e
antigas expedições de campo do Projeto RADAM BRRASIL (1983)
considerando o escoamento superficial difuso e concentrado das águas
pluviais podem assim ser agrupados (Tabela 03).
Tabela 03 – Classe de fragilidade de acordo com o tipo de solo
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A analise da proteção dos solos pela cobertura vegetal passa pela
interpretação de fotos aéreas em diversas escalas, onde se considerou as
manchas dos diferentes tipos de usos como: matas naturais, capoeiras,
agriculturas de subsistência e área urbana. Para esta classificação baseou-se
também em pesquisas realizadas por CASSETI (1991) que estabelece uma
hierarquia de graus de proteção aos solos pela cobertura vegetal obedecendo
em ordem crescente à capacidade de proteção (Tabela 04).
Tabela 04 – Graus de proteção relacionados à cobertura vegetal.
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14.3. Evolução da ocupação humana
Esta etapa utilizou o Geoprocessamento como instrumento para confrontar
as informações obtidas em diferentes épocas e avaliar as mudanças e impactos ao
longo do tempo. Dentro desse contexto, objetivando avaliar as mudanças temporais
do uso e ocupação do solo ao longo do tempo, buscando vários recursos.
Através deste método, foram obtidas informações a respeito do crescimento
populacional e da ocupação do município e se estabelecer um paralelo entre as
mudanças ambientais ocorridas e as ações antrópicas decorrentes do tipo de
crescimento adotado na localidade. Com isso, pode elaborar-se uma matriz de
crescimento com base nas informações obtidas e se estabelecer as futuras
consequências ambientais em relação à continuidade do modelo de crescimento
local.
15. RESULTADO - PROBLEMAS AMBIENTAIS
15.1. Analise fitossanitário da cobertura vegetal
Com relação à cobertura vegetal da área já caracterizada neste estudo
resta apontar seu grau de sanidade, assim cumpre destacar que devido a
manutenção das áreas protegidas temos um cenário em equilíbrio na vegetação
de Savana estépica nas morrarias. Porem não se pode afirmar que o mesmo
equilíbrio ocorre atualmente na restinga da Massambaba que se encontra
bastante reduzida por sucessivos impactos, .durante toda sua extensão da Praia
Grande. Nas encostas, principalmente na área urbana no Morro da Cabloca no
Parque da praia do Forno, a focos de supressão de vegetação em áreas de risco
por declividade com presença de edificações irregulares (invasões) com
declividade superior a 45% graus de inclinação.
Sobre a restinga da Massambaba, apesar de seu endemismo, a mesma
apresenta sérios problemas relacionados ocupações irregular, material
contaminado do rejeito da fabrica de Álcalis, além de estar visualmente
descaracterizada quanto a sua paisagem natural após a introdução de espécie
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exótica invasora (Casuarina equisetifolia), introduzida na década de 20 para fixar
dunas e fazer sombra, este acabou se tornando o maior problema caracterizado
no ambiente de restinga em Arraial do cabo.
Lembrando que por causa de sua capacidade de sobrepujar espécies
nativas, as espécies invasoras são consideradas a segunda maior ameaça à
biodiversidade no mundo - atrás apenas da destruição de hábitats. Ao assumirem
o papel de pragas e vetores de doenças, elas também causam impactos
significativos na agricultura e na saúde humana. O prejuízo é de mais de US$ 300
bilhões por ano apenas nos EUA, Reino Unido, Austrália, África do Sul, Índia e
Brasil, segundo a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) das Nações
Unidas.
Assumindo custos similares para o mundo todo, o dano causado por
espécies invasoras seria superior a US$ 1,4 trilhão por ano, equivalente a mais de
5 % da economia mundial diz a CDB. No Brasil, a conta chega a US$ 50 bilhões
por ano, segundo o Programa de Recursos Genéticos do Ministério do Meio
Ambiente - apontam para a existência de 545 espécies invasoras ou
"potencialmente invasoras" no País sendo um problema complexo, difícil e com
repercussões ambientais, sociais e econômicas violentas. Para Arraial do Cabo o
prejuízo referente a essa espécie contemplando projeto de erradicação e
recuperação ambiental pode girar em torno de US$ 91 milhões.
Espécies invasoras não têm predadores naturais e se multiplicam
rapidamente. São fortes, tipicamente agressivas, e controlam o ambiente que
ocupam, roubando espaço das espécies silvestres e competindo com elas por
alimento - ou se alimentando delas diretamente. Algo como uma pessoa estranha
que invade sua residência, come sua comida e acaba por expulsá-lo de sua
própria casa.
A casuarina (Figura 46), que infesta Arraial do Cabo e seus municípios
vizinhos, é originária da Austrália. A espécie foi introduzida por moradores para
servir de sombra e quebra-vento - funções que ela, de fato, exerce bem. Sem
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competidores à vista, porém, as casuarinas se espalharam pelo ambiente,
desfigurando a paisagem e ocupando o espaço de espécies nativas da mata
atlântica.
É uma espécie muito agressiva e que se adapta bem em todos os
ambientes, suas folhas são de difícil decomposição e abafam qualquer outra
planta que tente crescer debaixo dela. Também não tem nenhum fruto que atraia
aves ou outros animais.
Figura 46 – Casuarina espécie exótica invasora descaracterizando a restinga.
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15.2. Invasão de áreas de preservação permanente
A favelização consegue assolar mais, do que a Casuarina, os ambientes de
áreas protegidas crescendo a passos largos em direção a toda Região dos Lagos,
na mesma proporção em que aumenta a população dos municípios que a integram:
pessoas atraídas pelo crescimento do turismo e pelos royalties do petróleo.
A Área de Proteção Ambiental (APA) de Massambaba, segundo o Ministério
Público estadual - MPRJ, tem atualmente mais de dez focos de invasões sobre
dunas e vegetação nativa. Do alto, não resta dúvida de que a favelização na área
preservada é crescente, até salinas são aterradas e viram loteamentos.
Nos distritos de Monte Alto e Figueira, a cinco quilômetros do Centro de
Arraial, casas foram construídas no alto de dunas, em cima de brejos e ao longo da
restinga. Salinas foram aterradas para dar lugar a loteamentos irregulares. Os
pontos críticos são as localidades de Pernambuco, Figueira e Monte Alto. As
invasões avançam tanto para o mar como para a Lagoa de Araruama.
Em Arraial do Cabo, as invasões crescem cerca de 10% a cada ano, o
município, de cerca de 30 mil habitantes, tem hoje duas favelas: Morro da Cabocla e
Morro Boa Vista. O Morro da Cabocla, no Parque Municipal da Praia do Forno, uma
das mais belas do município, já perdeu 30% da área verde, conforme estudos
elaborados pela Fundação de Meio Ambiente FMMAPCT do município. No Morro da
Boa Vista (Figura 47), a ocupação irregular foi contida por um muro, mas a
verticalização da favela vem crescendo nos últimos anos.
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Figura 47 - O Morro da Boa Vista, em Arraial, tendo ao fundo a Praia Grande.
15.3. Sistema de esgotamento sanitário
O município possui duas estações de tratamento, no Centro (Figura 46) e
nos distritos de Figueira/Monte Alto, e sete estações elevatórias. O tratamento
destinado ao esgoto é o primário. Após o tratamento o efluente é lançado na Praia
Grande por um cano que atravessa a restinga. Cabe destacar que em Arraial não
há fábricas que trabalhem com material pesado ou similar a isso. Segundo o diretor
do local, o tratamento abrange o município quase em sua totalidade, que é de
aproximadamente 15.000 famílias, trata em média 70 a 75 litros por segundo, o que
não assegura ainda 100% do esgoto tratado no município.
Entretanto boa parte do esgoto da cidade é lançada sem tratamento, e há
problemas crônicos na cidade, como o despejo de dejetos na Praia dos Anjos que
acontece quando há algum problema nos equipamentos ou quando chove muito,
contudo, este procedimento não é correto, inclusive, é proibido o lançamento “in
natura” de esgoto, segundo o Código Florestal. Em laudos de balneabilidade
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realizados pelo INEA, essa praia está classificada como imprópria para banho
(Figura 49), sendo inclusive a concessionária responsável pelo abastecimento de
água e tratamento de esgoto do município (Prolagos), multada por conta do
despejo irregular de esgoto na Praia dos Anjos ainda em 26 de julho de 2017
(Figura 50). O valor da multa aplicada pela Secretaria de Ambiente da Prefeitura foi
de R$ 532.860,41.
O tratamento correto do esgoto de Arraial do Cabo representa um
importante passo para a melhoria da qualidade da Lagoa, pois o município tem a
maior extensão de praias da laguna.
.
Figura 48 - Estações de tratamento de Esgoto - ETE do Centro.
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Figura 49 – Ponto de vazamento de esgoto ao centro da Praia dos Anjos deixando o local impróprio para banho.
Figura 50 - despejo irregular de esgoto na Praia dos Anjos
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Figura 51 – Em seis de setembro de 2017 observado in loco não havia vazamento.
Figura 52 – Aspecto degradante no canto da Praia dos Anjos com vazamento de efluentes.
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15.4. Problemas administrativos e financeiros do SISMUMA (Sistema
municipal de meio ambiente)
O SISMUMA (Sistema Municipal de Meio Ambiente), composto pelo SEMA
(Secretaria de ambiente), CMA - Conselho Municipal de Ambiente, pela FMMAPCT
(Fundação Municipal de Meio Ambiente Pesquisa Ciência e Tecnologia) e pela
Guarda Ambiental, é responsável por exercer a Politica Municipal de Meio
Ambiente, e, sabe-se que essa tarefa é nobre, porem, árdua em virtude das
singularidades ambientais de Arraial do Cabo, e principalmente pelos passivos
ambientais que devem ser corrigidos, remediados e fiscalizados imediatamente.
Entretanto para um trabalho efetivo de excelência é necessário a estruturação
dos órgãos ambientais de fiscalização e de pesquisa do município procurando
suprir as seguintes necessidades:
Falta de efetivo na analise técnica;
Falta de efetivo na fiscalização;
Regularização fundiária das unidades de conservação;
Falta de elaboração dos planos de manejo;
Necessidade de sede própria para Secretaria de Ambiente e FMMAPCT;
Falta de computadores, material de escritório e campo;
Falta de recursos financeiros para investir em infraestrutura, manutenção e
proteção de áreas de proteção ambiental, bem como em Projetos de
Recuperação de áreas degradadas;
Dificuldades financeiras na manutenção do poder de policia.
Esses são só alguns exemplos das carências a serem supridas pelo SISMUMA
para ter esse suas condições de trabalho adequadas para mitigar e corrigir os
passivos ambientais de décadas de modificação e ocupação do ambiente natural de
Arraial do cabo. Resumindo percebe-se que necessidades podem ser supridas com
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investimento de recursos financeiros na estruturação de um Sistema Municipal de
Meio Ambiente que realmente seja efetivo e consiga preservar e fiscalizar os
recursos naturais assumindo plenamente as responsabilidades para proteger,
preservar e assegurar o acesso equilibrado aos bens naturais comuns objetivando:
estabelecer metas para a redução do consumo de energia não renovável e para
aumentar o uso de energias renováveis; melhorar a qualidade da água, poupar água
e usar a água de uma forma mais eficiente; proteger, regenerar e aumentar a
biodiversidade, ampliar as áreas naturais protegidas e os espaços verdes urbanos; e
melhorar a qualidade do solo, preservar terrenos ecologicamente produtivos e
promover a agricultura e o reflorestamento sustentáveis.
16. JUSTIFICATIVAS PARA CRIAÇÃO DA TPA
O motivo é de enorme singeleza, uma diversidade biológica única no Brasil,
em razão de sua geografia e seu caráter litorâneo, sofre os efeitos deletérios
decorrentes do crescente fluxo de turistas. Estes ocupam a modesta infraestrutura
com seus carros em feriados e finais de semana, além dos períodos de férias. Os
efeitos deletérios ao equilíbrio ambiental são de conhecimento geral. Não há
necessidade de erudição científica para constatá-los.
Não são os 30 mil moradores os detratores ambientais. Mas a população
flutuante, em número seguramente dez vezes maior do que a população local, que
usufrui do patrimônio natural que não foi criado por ação do homem. Mas que está
sendo aceleradamente destruído pela insensatez humana.
A situação não é escoteira, mas análoga à do arquipélago de Fernando de
Noronha, e ao município de Bombinhas, no estado de Santa Catarina. Nesses
locais, a taxa ambiental foi instituída com o fim de “garantir a utilização, efetiva ou
potencial, por parte das pessoas visitantes, da infraestrutura física implantada no
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Distrito Estadual e o acesso e fruição ao seu patrimônio natural e histórico, fato
gerador da Taxa de Preservação Ambienta – TPA”.
Diante da ausência de alternativa ao administrador público, adequada à
instituição da taxa. Tudo para equilibrar o prejuízo ecológico decorrente da
atividade turística, imprescindível ao desenvolvimento econômico e social do
Município e paradoxalmente, gerador de seus principais desafios ambiental.
O pacto federativo erigiu o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado ao status de direito fundamental e componente inato à dignidade da
pessoa humana e ao direito à vida. A Constituição é um elemento constitutivo de
uma narrativa histórica, na qual a consolidação de direitos é sempre um caminhar
adiante, sem se admitir retrocesso. Nesse sentido, a "Taxa de Proteção Ambiental",
à falta de melhor denominação, representa um instrumento de efetivação desse
direito fundamental - para além de mera figura afeita ao Direito Tributário -
absolutamente indispensável, posto que seu conteúdo não se concretize por
simples vontade de cartas de boas intenções ou pelo alvedrio do Poder Público ou
do particular, mas “através de comandos convincentes definidos participativamente
com a sociedade civil organizada”, ventilados em diversas Audiências publicas
anteriores a criação da Lei, como a Agenda 21, e outros instrumentos legais
participativos.
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17. CONCLUSÃO
Através deste diagnóstico ambiental do município de Arraial do Cabo, da
atual situação física e financeira do SISMUMA (Sistema Municipal de Meio
Ambiente) e observando os diversos passivos ambientais a serem mitigados e
neutralizados, concluímos que a aprovação TPA (Taxa de Proteção Ambiental) é
uma medida inteligente, pois reverte sua arrecadação para as questões ambientais
emergenciais que não podem ser mais adiadas.
A Lei de criação de uma Taxa arrecadada única e exclusivamente para
questões ambientais vem ao encontro de soluções sistêmicas e orgânicas, criando
ferramentas para resolver os problemas da cidade relacionados à capacidade de
carga ambiental, ao mesmo tempo gerando receita para questões voltadas ao meio
ambiente de Arraial do Cabo. Não se pode mais adiar a realização de ações e
projetos ambientais de fundamental importância para manutenção da qualidade de
vida de todos os que aqui moram e visitam.
Arraial do Cabo, 01 de outubro de 2017.
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Bioólogo CRBio 53.316-03D
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