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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ USJ CURSO ADMINISTRAÇÃO JAQUELINE BATISTA ANÁLISE DO MICROCRÉDITO ORIENTADO NO BANCO DO EMPREENDEDOR NA SEDE ADMINISTRATIVA. São José 2015

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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ

CURSO ADMINISTRAÇÃO

JAQUELINE BATISTA

ANÁLISE DO MICROCRÉDITO ORIENTADO NO BANCO DO EMPREENDEDOR

NA SEDE ADMINISTRATIVA.

São José

2015

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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ

CURSO ADMINISTRAÇÃO

JAQUELINE BATISTA

ANÁLISE DO MICROCRÉDITO ORIENTADO NO BANCO DO EMPREENDEDOR

NA SEDE ADMINISTRATIVA

Trabalho de Conclusão de Estágio apresentado à disciplina de Estágio II, do curso de Administração, do Centro Universitário Municipal de São José - USJ. Orientador: Dr. Gilson Karkotli.

São José

2015

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JAQUELINE BATISTA

ANÁLISE DO MICROCRÉDITO ORIENTADO NO BANCO DO EMPREENDEDOR

NA SEDE ADMINISTRATIVA

Trabalho de Conclusão de Estágio elaborado como requisito para aprovação no

estágio obrigatório para obtenção do grau de bacharel Administração do Centro

Universitário Municipal de São José – USJ.

Orientador:

_______________________________________________________

Prof. Dr. Gilson R. Karkotli

___________________________________________________________

Prof. M Eng. Alcides José Fernandes Andujar

______________________________________________________

Prof. Me. Lissandro Wilhelm

São José

2015

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Dedico este trabalho aos meus pais,

Adelar e Maria, a minha irmã Tatiane que

me ajudou nessa trajetória e ao meu

namorado Felipe, pela paciência e

companheirismo.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer a minha família por ter me dado todo o

suporte nesta caminhada. Aos meus pais que apesar de não terem estudos, tem o

maior conhecimento que é o de vida e que sempre nos falaram para que

estudássemos, pois sem estudo não somos nada. Agradeço minha mãe por ter

ficado acordada diversas vezes me fazendo companhia e por me fazer chás.

A minha irmã Tatiane que me auxiliou em diversos momentos, que me

incentivou e me incentiva.

Ao meu namorado Felipe que me incentivou, que me cobrou e que teve muita

paciência comigo nesse momento.

Agradeço imensamente aos meus professores do ensino médio Luciano,

Luciana e Flávia que me apresentaram esse universo universitário e que falaram

que era apaixonante, como realmente é.

Aos meus professores do USJ, que dedicam suas noites, finais semanas para

elaborarem nossas aulas, transmitirem seus conhecimentos, por nos ouvirem e por

acreditarem. Em especial a professora Luciane Schmitt que quando eu estava

desistindo da faculdade, sentou comigo e me ouviu e me incentivou dizendo que

faltava pouco e que acreditava em mim. O meu eterno obrigada a todos os meus

professores.

Ao meu orientador que me auxiliou na produção desse trabalho e se dedicou

e me incentivou a concluir esta pesquisa e por se tornar meu amigo pessoal, os

meus sinceros agradecimentos.

Aos funcionários da USJ que nos auxiliaram em diversos momentos, ao Sr.

Vânio que é uma pessoa maravilhosa, sempre nos auxiliou em tudo que podia.

Ao Banco do Empreendedor por ter me proporcionado um ambiente favorável

a pesquisa do meu trabalho e à troca de ideias o que me auxiliou na escolha do

tema de pesquisa.

Aos meus amigos por me incentivarem a terminar para poderem ir numa festa

de formatura.

A todos o meu muito obrigada!

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Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós

juntos.

Ray Kroc

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RESUMO

O Banco do Empreendedor faz parte do programa de Crédito de Confiança, instalado por iniciativa de organizações públicas e privadas do Estado de Santa Catarina. Desde 2005 é habilitado pelo Ministério do Trabalho para fazer parte do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO). Este Banco possui uma destacável clareza de público-alvo, atendendo empreendedores com limitado acesso ao banco tradicional. Tem uma cobertura geográfica significativa, haja vista que, mediante suas vinte e quatro unidades de atendimento, abrangem 110 cidades catarinenses e mais 6 cidades do Estado do Paraná. Neste sentido, a proposta para o estudo aqui apresentado é de focar sobre como está sendo feita a análise do Microcrédito Produtivo Orientado, confrontando aspectos teóricos e práticos, além de relatar o modo como são realizadas as análises, assim como as dificuldades e barreiras na realização das mesmas. A pesquisa é aplicada para gerar conhecimento, a abordagem é qualitativa que nos permite descrever as situações, tem caráter exploratório através da pesquisa aplicada e de documentos da organização. Concluída a pesquisa fica evidente a dificuldade encontrada pelo analista de crédito para reduzir os contratos de riscos que podem vir a serem clientes inadimplentes. A análise possui alguns aspectos a serem melhorados e agregados, para ser implementado nas vinte e quatro unidades de atendimento.

Palavras-Chave: Microcrédito Produtivo Orientado. Análise do Microcrédito.

Inadimplência.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Quadro Organizacional do Banco Empreendedor..................................22

Quadro 2 – Setores e Funções de Sede Administrativa do Banco Empreendedor...29

Quadro 3 – Processo de Microcrédito.......................................................................31

Quadro 4 – Indicadores Sociais.................................................................................88

Quadro 5 – Diferenças entre a Filantropia e a Responsabilidade Social...................91

Quadro 6 – Mapeamento de Processo....................................................................106

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Hierarquia do Planejamento......................................................................37

Figura 2 – Negócios Sociais: Empresas que Visam o Lucro vs Organizações Sem

Fins Lucrativos...........................................................................................................48

Figura 3 – Contexto da Governança Corporativa.......................................................80

Figura 4 – Triple Botton Line......................................................................................94

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACIF – Associação Comercial e Industrial de Florianópolis

ACIT – Associação Empresarial de Tijucas

ACISAI - Associação Empresarial e Industrial de Santo Amaro da Imperatriz

AEMFLO – Associação Empresarial dos Municípios da Grande Florianópolis

AMCRED – Associação das Organizações de Microcrédito e Microfinanças de Santa

Catarina

AMPE – Associação das Micro e Pequenas Empresas

ASSINVEST – Associação Industrial do Vestuário

BADESC – Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina

BAPEM – Banco do Pequeno Empreendedor

CDL – Câmara de Dirigentes Lojistas

CRC – Conselho Regional de Contabilidade

CERES – Ebalition For Environmentally Responsible Economies

FAMPESC – Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas de Santa

Catarina

IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

IMF – International Monetary Fund

LSE – Levantamento Socioeconômico

PNMPO – Programa Nacional de Microcrédito Produtivo e Orientado

SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SESCON – Sindicato das Empresas de Consultoria, Assessoria, Perícias,

Informações, Pesquisas e Empresas de Serviços Contábeis

SINDICÓPOLIS – Sindicato dos Contabilistas da Grande Florianópolis

MPO – Microcrédito Produtivo Orientado

ONG – Organização Não-Governamental

OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

PROER – Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro Nacional

PROES – Programa de Incentivo à Reestruturação do Setor Público Estadual na

Atividade Bancária

RSE – Responsabilidade Social Empresarial

SFB – Serviço Florestal Brasileiro

SCM – Supply Chain Management

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SCR – Sistemas de Informações de Crédito

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................14

1.1 TEMA DE PESQUISA.........................................................................................14

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA...............................................................................15

1.3 OBJETIVOS........................................................................................................15

1.3.1 Objetivo geral................................................................................................16

1.3.2 Objetivos especíicos....................................................................................16

1.4 Justificativa...........................................................................................................16

2 AMBIENTE ORGANIZACIONAL........................................................................18

2.1 HISTÓRICO.........................................................................................................18

2.2 A GESTÃO DO BANCO EMPREENDEDOR ......................................................20

2.3 ORGANOGRAMA................................................................................................20

2.4 DIRETRIZES ORGANIZACIONAIS......................................................................23

2.5 PRINCIPAIS PRODUTOS E SERVIÇOS.............................................................24

2.5.1 Linhas específicas..........................................................................................24

2.6 FORÇA DE TRABALHO.......................................................................................28

2.7 MERCADOS ATENDIDOS E AMBIENTE COMPETITIVO..................................30

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................32

3.1GESTÃO................................................................................................................32

3.1.1 Tipos de gestão...............................................................................................33

3.2 PLANEJAMENTO.................................................................................................35

3.2.1 Processos de planejamento..........................................................................35

3.2.2 Tipos de planejamento..................................................................................36

3.3 EMPREENDEDORISMO......................................................................................38

3.3.1 Tipos de empreendedorismo........................................................................40

3.3.1.1 O empreendedor nato...................................................................................41

3.3.1.2 O empreendedor que aprende (inesperado).................................................42

3.3.1.3 O empreendedor serial (cria novos negócios)...............................................42

3.3.1.4 O empreendedor corporativo.........................................................................42

3.3.1.5 O empreendedor herdeiro (sucessão familiar)...............................................44

3.3.1.6 O “normal” (planejado)...................................................................................44

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3.4 MICROEMPREENDEDOR...................................................................................45

3.4.1 Histórico do microempreendedor.................................................................46

3.4.2 Público-alvo....................................................................................................48

3.4.3 A metodologia do microcrédito.....................................................................50

3.5 O AGENTE DE CRÉDITO....................................................................................50

3.5.1 O Microcrédito nas instituições....................................................................53

3.5.2 Problemas de focalização, alcance e eficiência..........................................55

3.5.3 O Trade-off entre focalização e sustentabilidade ......................................57

3.5.4 O microcrédito no Brasil ...............................................................................60

3.6 Mercado Bancário ...............................................................................................62

3.6.1CRÉDITO...........................................................................................................66

3.6.2 OS “Cs” DO CRÉDITO.....................................................................................68

3.6.3 TIPOS DE CRÉDITO.........................................................................................72

3.7 INADIMPLÊNCIA.................................................................................................75

3.7.1 INADIPLEMENTO ABSOLUTO.......................................................................76

3.7.2 INADIPLEMENTO RELATIVO.........................................................................76

3.7.3 NEGOCIAÇÃO E CRÉDITO INADIMPLIDOS..................................................77

3.8 RESPONSABILIDADE SOCIAL..........................................................................78

3.8.1 INDICADORES.................................................................................................82

3.8.2 Global reporting initiative..............................................................................83

3.8.3 Instituto brasileiro de análises sociais e econômicas................................84

3.8.4 Os indicadores ethos de responsabilidade social empresarial.................85

3.8.5 Ações sociais..................................................................................................89

3.8.6 Inclusão Social................................................................................................91

3.8.7 Sustentabilidade.............................................................................................94

4 METODOLOGIA.....................................................................................................97

4.1 TIPOS DE PESQUISA.........................................................................................97

4.2 COLETA DE DADOS.........................................................................................100

4.3 FORMAS DE ANÁLISE......................................................................................101

4.4 ANÁLISE GERAL...............................................................................................101

4.5 RESULTADO DA PESQUISA...........................................................................102

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5 APRESENTAÇÃO DOS PROBLEMAS ENCONTRADOS..................................102

5.1 ÁREA DE ANÁLISE DO BANCO DO EMPREENDEDOR.................................103

5.2 COMO OCORRE O PROCESSO DE ANÁLISE DO BANCO DO

EMPREENDEDOR..................................................................................................103

5.3 O PAPEL DO ANALISTA DENTRO DA ORGANIZAÇÃO É

ESTRATÉGICO........................................................................................................107

6 PROPOSTA DE MELHORIA................................................................................109

CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................114

REFERÊNCIAS........................................................................................................116

APÊNDICE...............................................................................................................130

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INTRODUÇÃO

O Estágio Supervisionado apresenta-se como procedimento fundamental na

vida acadêmica do aluno de administração, é a etapa efetiva para graduação já que

permite ao mesmo aplicar conhecimentos adquiridos durante ao curso. Assim sendo,

o presente estudo tem como tema principal a análise do microcrédito orientado do

Banco do Empreendedor.

1.1 TEMA DE PESQUISA

O Brasil é um dos países mais extensos do mundo e governado de maneira

federativa regional. É a maior economia da América Latina e uma das dez maiores

em termos de PIB. São notórios os avanços em matéria de desenvolvimento

humano e diminuição da desigualdade social, mas a extensão geográfica dificulta a

consolidação destas melhoras.

E para melhorar essa desigualdade social, o setor de microcrédito orientando

vem se destacando, apresentando uma oportunidade de financiamento aos

microempreendedores que não tem oportunidade com as grandes empresas

financeiras.

O grande pioneiro nesta área foi o Sr. Muhammad Yunus, economista e

banqueiro bengali, que conseguiu promover a inclusão e o desenvolvimento social

de várias famílias através do acesso ao crédito.

Experiência essa que foi o ponto de partida para a criação do Grameen Bank,

um banco voltado às camadas mais pobres da sociedade, com uma filosofia

diferente dos bancos tradicionais, onde o crédito é visto como um dos direitos

humanos, e a relação com o cliente é feita à base de confiança, sendo que o banco

vai até as pessoas através de seus agentes de crédito. Fato que lhe rendeu o

Prêmio Nobel da Paz em 2006.

O microcrédito pode ser considerado como uma modalidade de financiamento

que visa permitir o acesso aos micro e pequenos empreendedores ao crédito por

meio da utilização de metodologia própria voltada ao perfil e às necessidades

específicas dos empreendedores, estimulando as atividades produtivas e as

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relações sociais das populações mais carentes, com condições de gerar, assim,

ocupação, emprego e renda e, desenvolvimento socioeconômico local.

O programa de microcrédito do governo federal é baseado na experiência do

professor Yunus, através do programa Crescer. O Programa Nacional de

Microcrédito tem como objetivos elevar o padrão de vida e a geração de empregos e

incentivar o empreendedorismo sustentável. É ser economicamente viável; é ser

socialmente justo e ambientalmente correto. O que mais necessita-se em nosso país

é da força do fazer acontecer.

Mas, para um fazer acontecer, conscientemente, precisa-se, inicialmente,

mudar a forma como a energia é desperdiçada (em críticas/análises/diagnósticos,

em atividades que burocratizam tudo ao nosso redor, em processos para burlar as

leis e buscar vantagens para poucos) em energia que leve à sustentabilidade e ao

bem comum. Em segundo lugar, precisa-se focar toda essa energia nas coisas

“certas”.

O Banco do Empreendedor ostenta destacável clareza do público-alvo,

atendendo empreendedores com limitado acesso ao banco tradicional. Deste modo

consegue uma interessante cobertura geográfica. Com efeito, mediante duas 24

unidades atendendo 110 cidades do Estado de Santa Catarina e 6 do Estado vizinho

Paraná.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

O microcrédito é uma linha diferenciada dos créditos tradicionais. Este prevê

um acompanhamento mais próximo dos microempreendedores, através de visitas

aos locais onde os mesmos desenvolvem suas atividades e analisando o seu perfil

socioeconômico para liberação do crédito.

Diante do exposto tem-se a seguinte pergunta: De que forma pode-se

aperfeiçoar a análise do microcrédito objetivando redução na inadimplência do

Banco do Empreendedor?

1.3 OBJETIVOS

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Objetivos expressam o fim que se deseja atingir, a meta que se pretende

alcançar.

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar a liberação do crédito ao microempreendedor através da análise do

microcrédito produtivo orientado.

1.3.2 Objetivos Específicos

Descrever como é realizado os processos de análise do microcrédito;

Identificar possíveis gargalos da análise;

Verificar o impacto da análise sobre o índice de inadimplência do Banco do

Empreendedor;

Propor melhoria no processo de análise do microcrédito.

1.4 JUSTIFICATIVA

As empresas que operam o microcrédito, sem fins lucrativos são instituídas

por iniciativa de particulares, para desempenhar serviços sociais não exclusivos do

Estado com incentivo e fiscalização do Poder Público, mediante vínculo jurídico

instituído por meio de termo de parceria.

A partir deste estudo, o estabelecimento pode fazer um acompanhamento

mais específico da análise do microcrédito produtivo orientado e do índice de

inadimplência. Estudo este que poderá ser estendido para os agentes de crédito. E

quanto mais eficiente for o desempenho dos agentes em captar melhor o

levantamento de dados dos clientes, melhor será a análise do microcrédito e menor

será o índice de inadimplência do banco. Sendo assim pode-se dar continuidade ao

trabalho do Banco do Empreendedor que é financiar os sonhos de milhares de

empreendedores que buscam melhorar suas vidas e de proporcionar novos

produtos, serviços, rendas e novos empregos.

A contribuição desta pesquisa para a sociedade é de grande importância,

pois, poderá compreender melhor como ocorre o processo de análise para a

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liberação do crédito solicitado e o porquê o processo pode ficar em espera para

melhorar ou ter sido recusado naquele momento.

O estudo sugerido é uma oportunidade para a acadêmica aprofundar

conhecimentos em microfinanças e responsabilidade social, estimular o contato com

biografias de diversos autores das áreas de estudo, permitindo a integração entre as

teorias estudadas em sala de aula e o aproveitamento na prática da organização

pesquisada, permitindo ampla troca de conhecimentos e experiências, além de

compreender melhor como funciona a coleta de dados com os clientes, a análise do

microcrédito e como isso reflete no índice de inadimplência do banco.

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2 AMBIENTE ORGANIZACIONAL

2.1 HISTÓRICO

O Banco do Empreendedor foi à primeira organização criada e instalada pelo

Programa Crédito de Confiança, implantado de um termo de cooperação assinado

em maio de 1999 entre Governo de Santa Catarina, BADESC, SEBRAE/SC e

FAMPESC, com a adesão de outras entidades organizadas, representantes de

entidades e das comunidades que compõem a Região da Grande Florianópolis e

que passaram a ser fundadores da organização não governamental BANCO DO

EMPREENDEDOR.

A organização iniciou suas atividades em novembro de 1999, com sede

inicialmente na Rua Almirante Alvim, Nº 491, no centro de Florianópolis e com

responsabilidade inicial de atender a toda região que compõe a Associação dos

municípios da Grande Florianópolis. Em julho de 2002 foi certificada pelo Ministério

da Justiça, como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).

O pioneirismo do Banco do Empreendedor, dentro do Programa Crédito de

Confiança foi de suma importância para o estabelecimento de padrões de

operacionalização e administração do modelo que estava sendo criado para operar

o microcrédito no Estado de Santa Catarina. O esforço inicial contou com a

participação de diversos parceiros, os quais disponibilizaram espaço físico, móveis,

equipamentos e recursos a fundo perdidos, como foi o caso da Prefeitura Municipal

de Florianópolis, do BADESC e SEBRAE e alguns voluntários que se dispuseram a

dirigir a equipe operacional contratada, gerando assim as condições para o sucesso

do projeto.

Sob o comando de Ubirajara Câmara, representante da AEMFLO -

Associação Empresarial dos Municípios da Grande Florianópolis, primeiro

Presidente, a organização deu os primeiros passos decisivos para sua consolidação.

Através de uma parceria com o SEBRAE/SC foi disponibilizada uma unidade móvel

para atendimento descentralizado diretamente aos empreendedores, nas várias

cidades e bairros que compõe a região de atendimento da organização. Alguns

meses mais tarde, sua sede foi transferida para novas instalações, junto a Gerência

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Regional do BADESC da capital localizada a Rua Fúlvio Aducci, Nº 710, bairro

Estreito, onde opera até o momento.

No ano de 2000 Ubirajara Câmara transferiu o comando da Administração

para Marcílio Ávila, representante da ASSINVEST, que incentivou a disseminação

do modelo e buscou novas parcerias. Em março de 2001 assumiu o comando da

organização Luiz Carlos Floriani, representante da FAMPESC, passando a investir

na profissionalização dos serviços e na descentralização do atendimento, através da

criação de postos avançados, redefinição da área e região de atendimento e criação

de programas de metas que garantiram melhor desempenho da organização.

Em 2005 é habilitado pelo Ministério do Trabalho e Emprego e passa a

integrar o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo e Orientado - PNMPO,

instituído pela lei 11.110.

A partir da decisão das Assembleias de associados do BANCO DO

EMPREENDEDOR e da OSCIP CREDICONFIANÇA iniciou-se em janeiro de 2008 o

processo de unificação das duas instituições, ficando a CREDICONFIANÇA em

processo de dissolução até a liquidação total de seus ativos e passivos e

transferência do patrimônio remanescente para o BANCO DO EMPREENDEDOR,

conforme estabelece a legislação em vigor, que incorporou todo seu pessoal e

estrutura e passou a atender a região.

Em 2009 a Assembleia geral dos associados resolve promover uma reforma

estatutária que permitiu iniciar um processo de profissionalização e expansão das

atividades, ampliando a atuação da organização para todo o Estado de Santa

Catarina e contratando o senhor Luiz Carlos Floriani como Diretor Superintendente

para liderar e coordenar o Plano de Expansão do Banco do Empreendedor.

A primeira unidade de atendimento fora da região inicialmente concebida é

inaugurada em 2010, na cidade de Brusque, atendendo uma demanda da

Associação das Micro e Pequenas Empresas, AMPE BRUSQUE, passando a

atender, além de Brusque, as cidades de Botuverá e Guabiruba.

Em 2012 o Banco do Empreendedor adquire a carteira da OSCIP BAPEM, de

Caçador, assumindo todas as suas unidades e preservando todos os seus

operadores, que foram incorporados, e passou a atender também o meio oeste de

Santa Catarina.

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Definido por negociação estratégica das assembleias do Banco do

Empreendedor e da Casa do Empreendedor, as organizações definem a realização

de uma grande parceria e o Banco do Empreendedor passa a atender, a partir de

janeiro de 2014, a região Norte e Nordeste do Estado, antes atendida pela Casa do

Empreendedor, incorporando todo seu pessoal e aproveitando as estruturas

existentes. Com isto o Banco do Empreendedor passa a ser a maior organização de

Santa Catarina com vinte unidades de atendimento instaladas.

Atualmente, o Banco do Empreendedor opera em municípios de várias

Regiões do Estado, como o Meio Oeste, Planalto Sul, Vale do Itajaí, Norte e

Nordeste, e Grande Florianópolis.

O Banco do Empreendedor tem como objetivo principal promover o

desenvolvimento econômico e social, através da concessão de crédito por modelo

alternativo visando à criação, o crescimento e a consolidação de empreendimentos

de micro e pequeno porte, formais ou informais, sob a forma de pessoa física ou

jurídica, dirigidos às pessoas de baixa renda, através da metodologia específica.

2.2 A GESTÃO DO BANCO DO EMPREENDEDOR

O Banco do Empreendedor é uma ONG, certificada pelo Ministério da Justiça

como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) de Microcrédito,

de médio porte. Em 2005 é habilitada pelo Ministério do Trabalho e Emprego e

passa a integrar o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo e Orientado -

PNMPO, instituído pela Lei 11.110. O Diretor Superintendente é eleito pela

Assembleia Geral de Associados, já os gerentes são escolhidos por um sistema de

meritocracia. A forma de tomada de decisão é centralizada, sendo que a maioria

delas é tomada pela a Alta Administração (Diretor Superintendente e gerentes).

2.3 ORGANOGRAMA

Para Chiavenato (2001, p.251) “organograma é o gráfico que representa

estrutura formal da empresa”. O objetivo do organograma é ilustrar, de forma clara,

cada departamento da empresa e seus colaboradores em questão, com intuito de

esclarecer dúvidas de clientes, parceiros e fornecedores (TEIXEIRA, 2012).

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O quadro organizacional do Banco do Empreendedor é composto pela

Assembleia Geral dos Associados, (quadro 01), que é a união de várias associações

da grande Florianópolis que decidem o planejamento estratégico do Banco, logo

abaixo temos o conselho deliberativo composto pelos presidentes de cada

Associação que avaliam o balanço social da organização e também atuam no

planejamento estratégico. Dando continuidade temos o conselho fiscal, que avalia as

contas que foram pagas e dão a sua opinião fiscal sobre as contas do Banco.

Abaixo do conselho fiscal temos as auditorias externas, e o quadro gerencial

que é composto pelo Diretor Superintendente, Gerente Geral, Gerente

Administrativo/Financeiro, que cuidam mais da parte estratégica da organização,

mas tem contato direto com as bases e na sequência os cargos de coordenadores

de unidade que cuidam das bases de atendimento juntamente com os seus agentes

de créditos e auxiliares administrativos.

Ligados ainda ao Gerente Administrativo/ Financeiro está a coordenadora de

unidade que cuida especificadamente do setor de cobrança, Analista contábil, os

auxiliares administrativos do setor financeiro, a arquivista e serviços gerais.

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Quadro 1: Quadro Organizacional do Banco Empreendedor

Fonte: Autora, 2015

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Assembleia Geral de Associados são membros de entidades organizadas,

representantes de entidades e das comunidades que compõem a região da grande

Florianópolis.

Conselho Deliberativo é composto por representantes dos seguintes órgãos:

ACIF – Florianópolis

CDL – Florianópolis

AEMFLO – São José

ACIP- Palhoça

CIEE – SC

ACIT – Palhoça

ACISAI – Santo Amaro da Imperatriz.

Conselho Fiscal que é composto por:

CRC- SC

SESCON – Grande Florianópolis

SINDICÓPOLIS

Diretor Superintendente: Luiz Carlos Floriani

Consultoria Executiva Contabilidade – Terceirizada

Gerência Geral

Gerente Administrativo/Financeiro

Supervisor Contábil

Coordenador Geral da unidade

Coordenador de unidades

Agente de Crédito

Auxiliar de Agente de Crédito.

Auxiliares Administrativos (Financeiro e Cobrança).

2.4 DIRETRIZES ORGANIZACIONAIS

As diretrizes organizacionais representam o conjunto das estratégias e

políticas da empresa, sendo formadas pela missão, pela visão e pelos valores da

empresa e definem, de forma clara, para o ambiente interno e externo, o que elas

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são, por que existe, o que elas serão e quais condutas pretendem adotar durante

este percurso (SILVEIRA, 2012).

Missão “Promover o desenvolvimento econômico e social, através da

concessão de crédito por modelo alternativo, visando à criação, crescimento e

consolidação de empreendimentos de micro e pequeno porte, formais ou informais”.

(FLORIANI, 2010).

Visão “Ser reconhecida como a melhor organização de crédito alternativo a

empreendedores de pequenos negócios na sua região de atuação”. (FLORIANI,

2010).

Valores “Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade,

Economicidade, Eficiência, Indiscriminação de raça, cor, gênero ou religião;

Empreendedorismo como instrumento de desenvolvimento econômico social”.

(FLORIANI, 2010).

2.5 PRINCIPAIS PRODUTOS/SERVIÇOS

Microcrédito Produtivo e Orientado, Operação de Crédito dirigida a

empreendedores de pequenos negócios informais, microempreendedores

individuais, micro e pequenas empresas são concedidos através de metodologia

específica operada por agentes de crédito especialmente treinados para visitarem e

avaliarem a necessidade, viabilidade e capacidade do negócio e de seu

empreendedor.

2.5.1 Linhas Específicas

Capital de Giro: Especialmente para aquisição de estoques,

mercadorias, matérias primas, fluxo de caixa. Podendo ser considerados recursos

para outras necessidades em caráter excepcional, mediante enquadramento prévio,

pelo comitê de crédito.

- Limite de Crédito de R$: 200,00 (Duzentos Reais) até R$: 15.000,00 (Quinze

Mil Reais);

- Prazo: de 06 (Seis) a 18 (Dezoito) meses;

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- Taxa de Juros: 3,9% ao mês para a primeira operação e renovação

dependendo do histórico da operação anterior poderá de 3,6%; 3,3% ou 2,95% ao

mês.

Capital Fixo: Especialmente para aquisição, com comprovação de

procedência, de ferramentas, máquinas, veículos, utilitários e equipamentos;

Recuperação e/ou conserto de máquinas, equipamentos, bem como na

recuperação, conserto ou adaptação de veículos utilitários; Melhoria e/ou ampliação

de instalações próprias, desde que destinado ao empreendimento; Caso as

instalações sejam alugadas, o crédito para melhoria/ampliação deverá ser liberado

somente com aprovação do contrato de aluguel com vigência até o termino do

contrato de financiamento.

- Limite de Crédito de R$: 200,00 (Duzentos Reais) até R$: 15.000,00 (Quinze

Mil Reais);

- Prazo: de 12(Doze) a 36 (Trinta e Seis) meses;

- Taxa de Juros: 3,9% ao mês para a primeira operação e renovação

dependendo do histórico da operação anterior poderá ser de 3,6%; 3,3% ou 2,95%

ao mês.

Capital Misto: Para financiar necessidades de capital fixo e capital de

giro numa mesma operação.

- Limite de Crédito de R$: 200,00 (Duzentos Reais) até R$: 15.000,00 (Quinze

Mil Reais);

- Prazo: de 12(Doze) a 36 (Trinta e Seis) meses;

- Taxa de Juros: 3,9% ao mês para a primeira operação e renovação

dependendo do histórico da operação anterior poderá de 3,6%; 3,3% ou 2,95% ao

mês.

Saneamento Financeiro: Para saldar eventuais pendencias que

impedem o empreendedor de acessar o crédito e que sejam contumazes, desde que

comprovada a viabilidade do empreendimento e a capacidade de pagamento, bem

como a apresentação de garantias sólidas.

- Limite de Crédito: R$: 200,00 (Duzentos Reais) até R$: 10.000, (Dez Mil

Reais);

- Prazo: de 12 (Doze) a 24 (Vinte e Quatro) meses;

- Taxa de Juros: 3,9% ao mês.

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- Giro Rápido: Destinado a prover recursos imediatos e urgentes para o fluxo

de caixa dos empreendimentos e necessidades emergenciais, através de operações

rápidas e com pagamento em curto prazo.

- Limite de Crédito: de R$: 1.000,00 (Um Mil Reais) até R$: 15.000,00 (Quinze

Mil Reais);

- Prazo: de 03 (Três) a 06 (Seis) meses;

-Taxa de Juros: 3,3% ao mês.

Crédito Especial: Operação especialmente desenvolvida para operar

com recursos próprios para atender situações especiais, a serem aprovadas pela

Diretoria, em que o limite máximo das operações de Capital Fixo, Capital Misto e

Capital de Giro poderão ser elevados até o montante de R$: 20.000,00 (Vinte Mil

Reais), desde que o empreendimento justifique plenamente a necessidade,

viabilidade econômica do negócio, capacidade de pagamento e tenha garantia

sólida.

- Limite de Crédito: R$: 15.000,00 (Quinze Mil Reais) até R$: 20.000,00 (Vinte

Mil Reais);

- Prazo: de 06 (seis) até 36 (Trinta e Seis) meses;

-Taxa de Juros: 3,9% ao mês para a primeira operação e renovação

dependendo do histórico da operação anterior poderá de 3,6%; 3,3% ou 2,95% ao

mês.

Programa Juro Zero (Para Microempreendedor Individual MEI):

Operação Integrante do Programa Juro Zero desenvolvido pelo Governo do Estado

de Santa Catarina, através da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e do

BADESC, tendo ainda parceria do SEBRAE/SC e da AMCRED/SC e destinada

especificadamente para o Microempreendedor Individual MEI.

- Limite: R$: 3.000,00 (Três Mil Reais);

- Prazo Único de 08 (Oito) Meses;

- Taxa de Juros: 0 (Zero), para todo tomador que pagar corretamente as 07

(Sete) primeiras parcelas terá bonificada a oitava parcela que será paga pelo

BADESC, parcela este referente aos juros remuneratórios.

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Credi Reforma: Produto Desenvolvido para disponibilizar recurso para

reforma, melhoria e/ou ampliação em residência de uso próprio.

Público-Alvo: Pessoas Físicas, brasileiras ou naturalizadas, maiores de idade,

com emprego fixo e pelo menos 12 meses e residentes em casa própria. Limite: R$:

1.000,00 (Um Mil Reais) a R$: 10.000,00 (Dez Mil Reais);

- Prazo: 06 (Seis) até 36 (Trinta e Seis) meses;

- OBSERVAÇÃO: O valor da prestação não pode comprometer 20% da renda

familiar.

-Taxa de Juros: 3,9% (Três vírgula Nove por cento) ao mês; Clientes do

Banco do Empreendedor com operação a pelo menos 12 meses farão jus a

progressão de taxa, conforme regulamento geral.

- GARANTIA: Avalista, brasileiro (a) maior de idade, residente na cidade da

operação a pelo menos dois anos, com renda comprovada, cujo valor da prestação

a ser avalizada não comprometa mais de 25% (Vinte e Cinco por cento) da renda.

-Real: Alienação de veículo automotor (automóvel) que deverá ter no máximo

10 (Dez) anos de uso.

- Documentos Necessários

- Carteira de Identidade (RG);

- CPF do tomador (a);

- Dos avalistas e respectivos cônjuges;

- Comprovante de Propriedade do Imóvel objeto do crédito (Escritura,

Contrato de Compra e Venda devidamente registrado, inventários comprovados,

termo de posse legalizado);

- Comprovante de Residência do tomador (a) e avalista (Luz, Água, Telefone

Preferencialmente);

- Comprovante de Renda do tomador (a), avalistas e cônjuges;

- Certificado de proprietário de veículos em caso de garantia real;

- Orçamento detalhado do material a ser utilizado e fotos ilustrando a obra.

Cartão Do Empreendedor: Operação que visa proporcionar limite de

capital de giro rotativo, disponibilizado por meio eletrônico, inicialmente para clientes

que já operam com o Banco do Empreendedor, especialmente no Programa Juro

Zero. Limite: R$: 5.000,00

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- Prazo: Até 12 meses por saque a ser definido na solicitação eletrônica.

- Taxa de Juro: 2,9% ao mês.

- Importante: Limites e prazos das operações são definidos pelo comitê de

crédito.

Credi Costura É uma linha de financiamento para compra de

máquinas de costura pode ser para pessoa informal, não necessitando de avalistas.

- Limite: R$ 3.000,00

- Prazo: Até 24 meses.

- Taxa de Juros: 3,9% ao mês.

Credi Cheque O Banco do Empreendedor em parceria com a

PoloCred disponibiliza para seus clientes desconto de cheque e de duplicatas. É

uma maneira rápida e fácil de transformar suas vendas a prazo em dinheiro vivo.

Desconto de Cheque Pré Datado: A pessoa traz os cheques pré-datados que

recebe em pagamento de seus clientes e estes são trocados por dinheiro vivo, para

que assim, se possa ter capital de giro à disposição imediatamente.

Desconto de Duplicatas: É antecipado a vista os títulos que determinada

empresa recebe e a pessoa terá capital de giro imediato para impulsionar seus

negócios, sem deixar de facilitar o pagamento de seus clientes.

2.6 FORÇA DE TRABALHO

A organização atualmente conta com 27 colaboradores na Sede

Administrativa. O local onde será realizado o trabalho é de 81 colaboradores em

todo o Estado, sendo que 15 destes são estagiários. A empresa oferece aos

colaboradores os seguintes benefícios: planos de saúde e odontológico; vale-

alimentação e transporte; e, premiações com base na produção. Além disso, são

promovidos cursos e treinamento para o desenvolvimento e capacitação dos

funcionários.

O recrutamento é feito tanto interna quanto externamente. No recrutamento

externo a organização preza pela seleção de estagiários de nível superior, que a

depender do seu desempenho, podem ser contratados pelo período de um ano. A

oportunidade oferecida é comunicada a um programa de estágios específico que

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pré-seleciona o currículo mais adequado ao perfil da vaga. O recrutamento interno

ocorre quando há a necessidade de funcionários em uma nova função, nesse caso é

realizada uma análise do perfil dos funcionários para ver qual melhor se enquadra

na nova função, e então, é feita a proposta para o funcionário selecionado, que tem

a opção de aceitar ou não, em caso negativo é selecionado outro funcionário. Para

os cargos de nível gerencial a escolha é por meritocracia.

A organização não possui, até o momento, um setor de recursos humanos

estruturado e por isso cada candidato pré-selecionado no recrutamento externo

poderá ser avaliado tanto por um coordenador, como pelo gerente ou diretor da

empresa.

No (quadro 2) a abaixo serão apresentados os setores e níveis de

escolaridade que o Banco do Empreendedor exige para cada função.

Setor/função Quantidade Nível médio de escolaridade

Direção/Gerência 3 Superior Completo

Setor de crédito 6 3 Superior Completo; 1 Superior Incompleto; 1

Ensino Médio.

Setor de arquivo 1 Superior Completo

Setor de contratos 4 3 Superiores Completo, 1 superior Completo.

Setor financeiro 5 2 Superiores Completo, 3 Superior Incompleto.

Setor de cobrança 7 6 Superiores Incompleto, 1 superior completo.

Serviços Gerais 1 1 Ensino Fundamental

Quadro 2: Setores e Funções da Sede Administrativa do Banco do

Empreendedor.

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

Os níveis de escolaridade apresentados no (quadro 2) aplicam-se também

para as unidades de atendimento.

O próximo tópico abordará os mercados atendidos, ou seja, a atuação do BE

em Santa Catarina, e o ambiente competitivo que envolve a situação que se

encontra atualmente a área de microcrédito no Estado.

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2.7 MERCADOS ATENDIDOS E AMBIENTE COMPETITIVO

O Banco do Empreendedor atua na área de microcrédito para empresas de

pequeno e médio porte, formais e informais. Tem uma importância muito grande

para o Estado e seus empreendedores. Até dezembro de 2012 o Banco do

Empreendedor já havia emprestado mais de R$ 100 milhões em 26.357 operações

de microcrédito, em 31 de dezembro de 2013 este número subiu para 132.700

milhões emprestados em 33.700 operações nas cidades em que atua notadamente

as das Regiões da Grande Florianópolis, do Vale do Rio Tijucas e a Região de

Brusque. Chegando também à Região do Meio Oeste de Santa Catarina, nas

cidades de Joaçaba, Campos Novos, Fraiburgo, Curitibanos, e mais recente nas

cidades de Videira e Caçador. Depois da fusão com a Casa do Empreendedor o

Banco passou a atender também as cidades de Joinville, São Francisco do Sul, São

Bento do Sul, Jaraguá do Sul, Garuva e Mafra, confirmando, assim, a importância do

microcrédito para o contexto sócio econômico do Estado. Além também das ações

sociais voltadas às populações de baixa renda e em situação de vulnerabilidade

social através de projetos de orientação e capacitação, bem como atuação

específica junto às comunidades carentes.

O setor de microcrédito foi estruturado em Santa Catarina a partir da criação

do Programa Crédito de Confiança, criado pelo Governo Estadual em 1999.

Atualmente existem 20 instituições de microcrédito que atendem todo o Estado,

podendo considerar um mercado bastante competitivo.

No (quadro 3) descreve-se como funciona o processo do microcrédito de uma

forma resumida.

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Quadro 3: Processo de Microcrédito

Fonte: Elaborada pela autora, 2015.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

Para Appolinário (2009) a fundamentação teórica é uma ferramenta que

referencia os trabalhos acadêmicos e fortalece as ideias e os conceitos

apresentados. Por meio dela se adquire o conhecimento teórico para o

desenvolvimento do tema.

3.1 GESTÃO

O Dicionário Aurélio a define como o ato de gerir ou gerência e aponta a

palavra administração como sinônimo. Alguns autores, no entanto, entendem que

administração possui uma implicação diferente do vocábulo gestão já que esta, mais

recentemente, passou a significar a interferência direta e ampla dos gestores nos

sistemas e procedimentos empresariais. Neste sentido, gestão poderia ser definida

como o gerenciamento do conjunto de ações e estratégias nas organizações, de

maneira holística, visando atingir seus objetivos. Há uma linha de pensamento que

afirma que a administração está para os gerentes assim como a gestão está para os

líderes.

Segundo CARMO (1994, p. 6) “também se pode citar o modelo (ou estilo) de

gestão democrático de liderança que está associado, simultaneamente, à satisfação

e produtividade do grupo”.

Pelo fato de trabalhar com grupos de pessoas, a administração é analisada

como ramo das ciências humanas, envolve várias áreas além da administração

como o direito, a contabilidade, economia, psicologia, matemática e estatística, a

sociologia, a informática, dentre outras.

Ao estudar as sociedades antigas, é possível concluir que desde aquela

época já se aplicavam ferramentas de gestão, devido à organização das mesmas e

a grandiosidade de suas obras que até hoje intrigam a humanidade, como as

pirâmides do Egito, por exemplo.

Entretanto, os estudos sobre gestão começaram a ganhar força após a

primeira Revolução Industrial, que devido ao novo modelo de produção, trouxe à

tona problemas que, até então, não existiam. A partir deste momento os

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profissionais decidiram buscar soluções para resolver estes novos problemas,

usando vários métodos científicos para administrarem os seus negócios, o que deu

início à ciência da administração.

3.1.1 Tipos de Gestão

A evolução das organizações em termos de modelos estruturais e

tecnológicos, considerando as constantes mudanças e o conhecimento de novos

paradigmas, vem exigindo uma postura diferente dos gestores, voltando a

organização para uma realidade diferenciada e emergente.

Segundo Cordeiro et. al (2002), o grande desafio enfrentado pelas

organizações vem sendo a capacidade e a competência para se adaptarem e

levarem a todos os seus níveis hierárquicos e funcionais, da alta gerência ao piso de

fábrica, à incorporação de novos modelos, métodos, técnicas, instrumentos, atitudes

e comportamentos necessários às mudanças e inovações para sobreviverem e

seguirem competitivas no mercado. Gerir hoje é uma atividade mais abrangente e

diversificada do que no passado. Em vista disso, o gestor precisa estar apto a

perceber, refletir, decidir e agir em condições diferentes das anteriores.

De acordo com os autores, a diferença entre sucesso e fracasso, está no

melhor uso dos recursos disponíveis para alcançar os objetivos desejados. A ênfase

na gestão vem da necessidade de aperfeiçoar continuamente os processos do

negócio, pelo aprendizado e inovação permanentes. Novos métodos de gestão,

novas ferramentas de apoio, novos sistemas de informação, tudo isso representa o

esforço por aperfeiçoar a gestão.

A gestão estratégica é utilizada como ferramenta para alavancar novos

mercados, a utilização do modelo de gestão estratégica leva a empresa a realizar

um diagnóstico situacional, destacando oportunidades e ameaças, bem como forças

e fraquezas, a fim de cruzar estas realidades e descobrir suas inter-relações.

(CAMPOS, 2009).

A partir do processo de autocrítica organizacional busca-se encontrar

condições de direcionar seu foco para o estabelecimento de visão de futuro, missão

organizacional, desafios estratégicos e estratégias gerais que nortearão os rumos do

negócio para o curto, médio e longos prazos. (CORDEIRO, et. al., 2002).

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A gestão estratégica é um modo de acrescentar novos elementos de reflexão

e ação sistemática e contínua, com objetivo de avaliar a situação, elaborar projetos

de mudanças estratégicas, acompanhar e gerenciar os passos de implementação.

Como o próprio nome diz, é um meio de gerir toda organização, focando em ações

estratégicas em todas as áreas. Deste modo, os processos e os investimentos serão

feitos de forma mais organizada, racional e profissional, buscando reduzir o grau de

incerteza, para alcançar melhores resultados. (CAMPOS, 2009)

Já a Gestão Participativa é o modelo de gestão que mais se adapta ao novo

homem da sociedade do conhecimento. Nesta sociedade, os indivíduos exercem

sua cidadania, assumem responsabilidades, opinam sobre decisões que afetam sua

vida, pressionam também as organizações para alterarem suas estruturas rígidas

que tradicionalmente silenciam os trabalhadores. (CORDEIRO, et. al., 2002).

A Gestão Participativa necessita de um modelo cultural democrático e aberto,

onde prevaleça confiança em todos os níveis. Um conjunto de valores baseados em

princípios com os quais todos concordam.

As mudanças ocorridas na sociedade desde o início do século passado até o

momento atual ampliaram as áreas do conhecimento, fazendo do homem moderno

um sujeito mais informado e exigente. Este processo teve como consequência a

transição do poder que antes era concentrado, tanto na sociedade como nas

organizações, e hoje é instável e dinâmico, movendo-se por todas as camadas,

assumindo novas formas de acordo com a situação. (CORDEIRO, et. al., 2002)

Para Santos et al. (2001), antes de se implantar a Gestão Participativa numa

organização, é preciso harmonizar três aspectos, sendo estes:

1) Os seus Sistemas (produção, comercialização, recursos humanos,

administração e finanças, entre outros); se existem conflitos de tipos diferentes de

gestão entre estes sistemas será difícil implantar a gestão participativa na mesma;

2) Condições Organizacionais; é necessário flexibilizar a estrutura

organizacional, (com menor número de níveis hierárquicos e normas mais

adaptáveis;)

3) Comportamentos Gerenciais; os gestores se tornarão os principais

incentivadores das pessoas para o processo participativo, o bom relacionamento

entre chefia e subordinados é o principal ponto da relação participativa.

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Com base no exposto, considera-se que a administração participativa

compreende a organização como um verdadeiro sistema. Oliveira (2006) afirma que:

sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que,

conjuntamente, formam um todo unitário com determinado propósito e executa

determinada função, característica marcante do gerenciamento holístico.

O gerenciamento holístico reflete bem essa dinâmica, pois defende a ideia do

entrelaçamento, de todas as partes do meio ambiente em um sistema, incluindo

todas as variáveis, históricas, políticas, econômicas, socioculturais, entre outras,

necessárias para se compreender e administrar adequadamente a relação da

organização com o ambiente, na concepção holística tudo é interdependente.

(CORDEIRO, et. al., 2002).

Sintetizando, pode-se dizer que, para resistir e fazer diferença, uma

organização tem que ser presente no seu tempo. Ela precisa se ajustar às

mudanças, já que a transformação é uma constante em nossa sociedade atual.

3.2 PLANEJAMENTO

O planejamento, segundo Kotler (1995 apud MORAIS, 2005) é uma

metodologia gerencial, que através de uma estratégia formula uma direção a ser

seguida pela organização. Já para Oliveira (2007, p.4) “[...] o planejamento pode ser

conceituado como um processo [...] desenvolvido e efetivo, com a melhor

concentração de esforço e recursos pela empresa”.

Planejamento é conhecido como a função inicial do processo administrativo

por meio da qual são determinados os meios para se alcançar os objetivos

desejados. O planejamento está voltado para o futuro, por isso requer uma atenção

ampla e especial (CHIAVENATO, 2006).

De acordo com as definições apresentadas, percebe-se que o processo de

planejar pode ser entendido como um plano estratégico que busca ao máximo

atender às necessidades da organização para o alcance de suas metas e objetivos.

3.2.1 Processo de Planejamento

Segundo Maximiano (2006) o processo de planejamento é composto pelas

seguintes etapas: a primeira é a parte que inclui e levanta informações sobre a

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organização. É neste momento que são demonstradas as necessidades,

oportunidades e ameaças; a segunda etapa transforma e processa as informações

levantadas na primeira em novas informações e decisões; na última etapa é

apresentado um plano que estabelece a situação que deverá ser alcançada, a forma

de alcançá-la e os recursos necessários.

Já para Chiavenato (2006) o processo de planejamento é formado por seis

etapas. A primeira etapa é a definição dos objetivos, a segunda é a verificação da

situação atual da organização em relação aos objetivos, a terceira etapa é o

desenvolvimento de premissas quanto às condições futuras da organização, a

quarta etapa é a análise das alternativas de ação, a quinta etapa é a escolha de um

curso de ação entre as alternativas possíveis e a sexta etapa é a implementação e

avaliação dos resultados obtidos.

Compreende que as etapas do processo de planejamento funcionam dentro

de uma organização como algo constante, que deve, consecutivamente, ser

aprimorado e avaliado. A seguir serão abordados os tipos de planejamento.

3.2.2 Tipos de Planejamento

Em relação aos níveis hierárquicos de uma organização, podem-se abordar

três tipos de planejamento, que são: planejamento estratégico, o tático e o

operacional, conforme apresentado na figura a seguir.

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Figura 1: Hierarquia do planejamento

Fonte: Chiavenato, 2003.

De acordo com Braga e Monteiro (2005) o planejamento estratégico dos

níveis superiores é formado pelas estratégicas gerais. Como tema deste trabalho, o

planejamento estratégico será apresentado mais detalhadamente no item 4.

O planejamento tático segundo Oliveira (2007) é desenvolvido no nível

intermediário da empresa, procura estabelecer ações para melhorar determinadas

áreas da organização. Conforme Pereira, (2010, p.54)

O planejamento tático relaciona-se com os objetivos de médio prazo; tem por objetivo aperfeiçoar determinada área de resultado e não a organização como um todo, trabalha com as decomposições das estratégias e ações estratégicas estabelecidas no planejamento estratégico.

Para Chiavenato o planejamento tático “envolve cada departamento com seus

recursos específicos, e preocupa-se em atingir os objetivos departamentais”

(CHIAVENATO, 2003, p. 31).

O planejamento Operacional, segundo Pereira (2010, p. 54), “formaliza a

ação; relaciona-se com os objetivos de curto prazo; é a formalização da metodologia

de desenvolvimento e implementação de resultados específicos, a serem

alcançados pelas áreas funcionais da organização”.

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Para Chiavenato, o planejamento operacional “é detalhado, específico e

analítico, envolve cada tarefa ou atividade isoladamente e preocupa-se com o

alcance das metas específicas” (CHIAVENATO, 2003, p. 31).

Conforme Silva (2005) o planejamento operacional é formado pelo nível mais

baixo da organização, neste nível se preocupa com a realização das tarefas

rotineiras, traçando procedimentos para a execução das mesmas, geralmente

envolve orçamentos, programas e tempo.

3.3 EMPREENDEDORISMO

O conceito de empreendedorismo no Brasil ganhou força no final da década

de 1990 e existem diversos fatores que explicam esse interesse repentino por este

assunto, entre eles: a preocupação com a criação de pequenas empresas

duradouras, a diminuição da alta taxa de mortalidade e desses empreendimentos e

o crescimento dos índices de desemprego, o que forçou diversos trabalhadores que

ficaram sem seus empregos a criarem suas próprias empresas, mesmo sem ter

conhecimento e experiência no ramo, utilizando-se do pouco que lhes restavam de

suas economias e que ao perceberem, tinham mudado de lado e se tornado patrões.

(DORNELAS, 2005).

Aliado a esses fatores, o Brasil hoje apresenta um quadro onde “o emprego

não é mais visto pelo jovem como projeto de vida” (DOLABELA, 1999 p. 58).

Segundo Dolabela (1999), em pesquisas realizadas com estudantes essa

percepção aparece quase que como unanimidade, o que representa significativa

mudança em relação às gerações anteriores, onde o sonho era alcançar uma

posição estável com cargos no governo ou em uma grande empresa, de preferência

multinacional. Essa mudança deve-se ao difícil confronto do jovem com a realidade

do mercado de trabalho, onde além da oferta de empregos ser reduzida, os salários

em geral são baixos e a estabilidade, objeto de desejo no passado, foi substituída

pela instabilidade.

Ao analisar esse quadro, percebe-se uma mudança de comportamento onde

o empreendedorismo passou a ser opção e não é mais apenas uma imposição no

cenário brasileiro.

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O empreendedorismo é definido por Dornelas como “o envolvimento de

pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias em

oportunidades” (DORNELAS, 2005, p. 39). Conforme essa definição pode-se

destacar que o empreendedorismo depende do envolvimento direto de pessoas, e

as pessoas que têm papel fundamental nesse processo são chamadas de

empreendedores.

Para Dornelas (2005) e Degen (2009), o primeiro exemplo para a definição de

empreendedorismo pode ser considerado Marco Polo, e sua tentativa de estabelecer

uma rota comercial para o Oriente. Marco Polo assinou contrato com banqueiros

capitalistas, que forneceram os recursos para o empreendimento em troca do direito

à compra dos produtos trazidos ao retorno de sua viagem. Ambos citam que o

empreendedor assumia todos os riscos pessoais e comerciais das viagens enquanto

os banqueiros eram os tomadores passivos do risco financeiro.

Para Dolabela (1999), o empreendedor é todo aquele que define por si

mesmo o que vai ser feito e em que contexto será feito, sendo que para chegar a

essa definição leva em conta seus sonhos, desejos, preferências e o estilo de vida

que quer ter, conseguindo desta maneira ter dedicação intensa ao negócio, já que

confunde seu trabalho com prazer.

Já Dornelas (2005, p. 29) afirma que “a palavra entrepeneur tem origem

francesa e quer dizer aquele que assume riscos e começa algo novo”. Corroborando

com Dornelas (2005), Degen (2009) também afirma que empreendedor é aquele que

empreende o novo negócio e assume os riscos comerciais, legais e pessoais do

empreendimento.

Sendo assim pode-se definir o empreendedor como o indivíduo que tem a

capacidade e o desejo de pôr em prática as atividades necessárias para satisfazer

suas aspirações e visões, capitalizando-as e assumindo assim os riscos por essa

opção.

Para Degen (2009), existem diversos motivos que levam as pessoas a

almejarem ter seu negócio e assumirem os riscos por um novo empreendimento. O

autor apresenta alguns deles como sendo os mais, comumente, identificados entre

empreendedores por ele entrevistados, são eles:

a) vontade de ganhar muito dinheiro;

b) desejo de sair da rotina do emprego;

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c) vontade de determinar seu futuro;

d) necessidade de provar aos outros e a si que é capaz;

e) desejo de desenvolver algo que gera reconhecimento e benefícios.

Degen (2009) cita, também, as razões implícitas que fazem com que a

maioria das pessoas não faça, ou não consiga fazer, a opção de empreender: não

ter necessidade de realizar um negócio próprio ou não ser motivado por ganhar

muito dinheiro e não estar disposto a pagar o preço pessoal para iniciar um negócio.

Além dessas razões expostas há diversos fatores que inibem as pessoas a

montarem seus negócios, as quatro mais importantes são:

a) imagem social: pode ser considerada a principal razão para que pessoas com

carreiras de sucesso não pensem em iniciar seus próprios negócios, elas

simplesmente não têm disposição de sujar as mãos em tarefas básicas

imprescindíveis para iniciar um novo empreendimento com chances de êxito.

b) disposição de assumir riscos: nem todas as pessoas têm a capacidade e coragem

de assumir riscos que um empreendedor deve assumir;

c) capital social: toda pessoa carrega em seu inconsciente uma série de valores,

conhecimentos e experiências que são determinados pelo convívio com pais,

professores, amigos, igreja e que inibir o desejo de tornar-se ou não empreendedor;

d) outros interesses: não é a dificuldade ou o risco assumido ao iniciar um novo

negócio que impede a pessoa de empreender, ela simplesmente tem outro interesse

na vida. O autor Degen (2009) destaca, ainda, que as soluções de muitos problemas

do nosso país podem ser desenvolvidas através dos empreendedores que, com sua

capacidade de criar novas fontes de renda, trazem riqueza para a nação à medida

que aumentam sua capacidade de produzir bens e serviços essenciais para o bem-

estar da população.

Portanto, podemos perceber que um empreendedor que possui visão, capital

e iniciativa podem beneficiar, não apenas ele mesmo, como também o ambiente no

qual sua organização e seus produtos estão inseridos. Identifica, assim, sua

importância na sociedade.

3.3.1 TIPOS DE EMPREENDEDORISMO

Segundo Dornelas, que os classifica da seguinte maneira:

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3.3.1.1 Empreendedor Nato (Mitológico)

Geralmente são os mais conhecidos e aclamados. Suas histórias são

brilhantes e, muitas vezes, começaram do nada e criam grandes impérios.

Começam a trabalhar muito jovens e adquirem habilidade de negociação e de

vendas.

Em países ocidentais, esses empreendedores natos são, em sua maioria,

imigrantes ou seus pais e avós o foram. São visionários, otimistas. Estão à frente do

seu tempo e comprometem-se 100% para realizar seus sonhos. Suas referências e

exemplos a seguir são os valores familiares e religiosos, e eles mesmos acabam por

se tornar uma grande referência. Se você perguntar a um empreendedor nato quem

ele admira será comum lembrar-se da figura paterna/materna ou algum familiar mais

próximo ou, em alguns casos, não haver algum exemplo específico para citar.

Exemplos: Bill Gates, Andrew Carnegie, Sílvio Santos, Irineu Evangelista de Souza

(Barão de Mauá) etc.

3.3.1.2 O Empreendedor que Aprende (Inesperado)

Este tipo de empreendedor tem sido muito comum. É normalmente uma

pessoa que, quando menos esperava, se deparou com uma oportunidade de

negócio e tomou a decisão de mudar o que fazia na vida para se dedicar ao negócio

próprio. É o caso clássico de quando a oportunidade bate à porta. É uma pessoa

que nunca pensou em ser empreendedor, que antes de se tornar um, via a

alternativa de carreira em grandes empresas como a única possível. O momento de

disparo ou de tomada de decisão ocorre quando alguém o convida para fazer parte

de uma sociedade ou ainda quando ele próprio percebe que pode criar um negócio

próprio.

Geralmente demora um pouco para tomar a decisão de mudar de carreira, a

não ser que esteja em situação de perder o emprego ou já tenha sido demitido.

Antes de se tornar empreendedor, acreditava que não gostava de assumir riscos.

Tem de aprender a lidar com as novas situações e se envolver em todas as

atividades de um negócio próprio.

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3.3.1.3 O Empreendedor Serial (Cria Novos Negócios)

O empreendedor serial é aquele apaixonado não apenas pelas empresas que

cria, mas principalmente pelo ato de empreender. É uma pessoa que não se

contenta em criar um negócio e ficar à frente dele até que se torne uma grande

corporação. Como, geralmente, é uma pessoa dinâmica prefere os desafios e a

adrenalina envolvidos na criação de algo novo a assumir uma postura de executivo

que lidera grandes equipes.

Normalmente está atento a tudo o que ocorre ao seu redor e adora conversar

com as pessoas, participar de eventos, associações, fazer ‘networking’. Para esse

tipo de empreendedor, a expressão “tempo é dinheiro” cai como uma luva.

Geralmente tem uma habilidade incrível de montar equipes, motivar o ‘time’, captar

recursos para o início do negócio e colocar a empresa em funcionamento. Sua

habilidade maior é acreditar nas oportunidades e não descansar enquanto não as vir

implementadas.

Ao concluir um desafio, precisa de outros para se manter motivado. Às vezes

se envolve em vários negócios ao mesmo tempo e não é incomum ter várias

histórias de fracasso. Mas estas servem de estímulo para a superação do próximo

desafio.

3.3.1.4 O Empreendedor Corporativo

O empreendedor corporativo tem ficado mais em evidência nos últimos anos,

devido à necessidade das grandes organizações de se renovarem, inovarem e

criarem novos negócios. São geralmente executivos muito competentes, com

capacidade gerencial e conhecimento de ferramentas administrativas. Trabalham de

olho nos resultados para crescer no mundo corporativo. Assumem riscos e têm o

desafio de lidar com a falta de autonomia já que nunca terão o caminho 100% livre

para agir. Isso faz com que desenvolvam estratégias avançadas de negociação. São

hábeis comunicadores e vendedores de suas ideias. Desenvolvem seu ‘networking’

dentro e fora da organização. Convencem as pessoas a fazerem parte de seu time,

mas sabem reconhecer o empenho da equipe. Sabem se autopromover e são

ambiciosos. Não se contentam em ganhar o que ganham e adoram planos com

metas ousadas e recompensas variáveis. Se saírem da corporação para criar o

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próprio negócio podem ter problemas no início, já que estão acostumados com as

regalias e o acesso a recursos do mundo corporativo.

O empreendedor social tem como missão de vida construir um mundo melhor

para as pessoas. Envolve-se em causas humanitárias com comprometimento

singular. Tem um desejo imenso de mudar o mundo criando oportunidades para

aqueles que não têm acesso a elas. Suas características são similares às dos

demais empreendedores, mas a diferença é que se realizam vendo seus projetos

trazerem resultados para os outros e não para si próprios. Os empreendedores

sociais são um fenômeno mundial e, principalmente em países em desenvolvimento,

como o Brasil, têm um papel social extremamente importante, já que através de

suas ações e das organizações que criam preenchem lacunas deixadas pelo poder

público. De todos os tipos de empreendedores é o único que não busca desenvolver

um patrimônio financeiro, ou seja, não tem como um de seus objetivos ganhar

dinheiro. Prefere compartilhar seus recursos e contribuir para o desenvolvimento das

pessoas.

O empreendedor por necessidade cria o próprio negócio porque não tem

alternativa. Geralmente não tem acesso ao mercado de trabalho ou foi demitido. Não

resta outra opção a não ser trabalhar por conta própria. Geralmente se envolve em

negócios informais, desenvolvendo tarefas simples, prestando serviços e

conseguindo como resultado pouco retorno financeiro. É um grande problema social

para os países em desenvolvimento, pois apesar de ter iniciativa, trabalhar

arduamente e buscar de todas as formas a sua subsistência e a dos seus familiares,

não contribui para o desenvolvimento econômico. Na verdade, os empreendedores

por necessidade são vítimas do modelo capitalista atual, pois não têm acesso a

recursos, à educação e às mínimas condições para empreender de maneira

estruturada. Suas iniciativas empreendedoras são simples, pouco inovadoras,

geralmente não contribuem com impostos e outras taxas, e acabam por inflar as

estatísticas empreendedoras de países em desenvolvimento, como o Brasil. Sua

existência, em grande quantidade, é um problema social que, no caso brasileiro,

ainda está longe de ser resolvido.

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3.3.1.5 O Empreendedor Herdeiro (Sucessão Familiar)

O empreendedor herdeiro recebe logo cedo a missão de levar à frente o

legado de sua família. Empresas familiares fazem parte da estrutura empresarial de

todos os países, e muitos impérios foram construídos nos últimos anos por famílias

empreendedoras, que mostraram habilidade de passar o bastão a cada nova

geração. Mais recentemente, porém, tem ocorrido a chamada profissionalização da

gestão de empresas familiares, através da contratação de executivos de mercado

para a administração da empresa e da criação de uma estrutura de governança

corporativa, com os herdeiros opinando no conselho de administração e não

necessariamente assumindo cargos executivos na empresa.

O desafio do empreendedor herdeiro é multiplicar o patrimônio recebido. Isso

tem sido cada vez mais difícil. O empreendedor herdeiro aprende a arte de

empreender com exemplos da família, e, geralmente, segue seus passos. Muitos

começam bem cedo a entender como o negócio funciona e a assumir

responsabilidades na organização, e acabam por assumir cargos de direção ainda

jovens. Alguns têm senso de independência e desejo de inovar, de mudar as regras

do jogo. Outros são conservadores e preferem não mexer no que tem dado certo.

Esses extremos, na verdade, mostram que existem variações no perfil do

empreendedor herdeiro. Mais recentemente, os próprios herdeiros e suas famílias,

preocupados com o futuro de seus negócios, têm optado por buscar mais apoio

externo, através de cursos de especialização, MBA, programas especiais voltados

para empresas familiares, com o objetivo de não tomar decisões apenas com base

na experiência e na história de sucesso das gerações anteriores.

3.3.1.6 O “Normal” (Planejado)

Toda teoria sobre o empreendedor de sucesso sempre apresenta o

planejamento como uma das mais importantes atividades desenvolvidas pelos

empreendedores. E isso tem sido comprovado nos últimos anos haja vista que o

planejamento aumenta a probabilidade de um negócio ser bem-sucedido e, em

consequência, levam mais empreendedores a usarem essa técnica para garantir

melhores resultados. O empreendedor que “faz a lição de casa”, que busca

minimizar riscos, que se preocupa com os próximos passos do negócio, que tem

uma visão de futuro clara e que trabalha em função de metas é o empreendedor

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aqui definido como o “normal” ou planejado. “Normal” do ponto de vista do que se

espera de um empreendedor, mas não, necessariamente, do que se encontra nas

estatísticas gerais sobre a criação de negócios (a maioria dos empreendedores

ainda não se encaixa na categoria “normal”). Então, o empreendedor normal seria o

mais completo do ponto de vista da definição de empreendedor e o que a teria como

referência a ser seguida, mas que na prática ainda não representa uma quantidade

considerável de empreendedores. No entanto, ao se analisar apenas

empreendedores bem-sucedidos, o planejamento aparece como uma atividade bem

comum nesse universo específico, apesar de muitos dos bem-sucedidos também

não se encaixarem nessa categoria.

Podemos perceber que existem diversos tipos de empreendedores e que não

podemos rotulá-los, pois, cada empreendedor possui um perfil, uma forma de

atuação diferenciada, por isso não tem como criar um padrão de empreendedor,

pois o empreendedor pode ser qualquer um.

3.4 MICROEMPREENDEDOR

A palavra crédito é originária do latim creditum, e dentre os seus significados

está a “segurança de que alguma coisa é verdadeira; confiança; boa reputação; em

sentido econômico; a cessão de mercadoria, serviço ou importância em dinheiro,

para pagamento futuro ou a facilidade de obter empréstimos” (Dicionário on line

Priberam, 2013).

Assim como o termo micro, que advém do grego mikrós, e significa algo,

“pequeno ou curto” (Dicionário on line Priberam, 2013). Deste modo poderíamos

definir o microcrédito como a concessão de pequenos empréstimos.

[...] a concessão de empréstimos de baixo valor a pequenos empreendedores informais e microempresas sem acesso formal ao sistema financeiro tradicional, principalmente por não terem como oferecer garantias reais. É um crédito destinado à produção (capital de giro e investimento) e é concedido com o uso de metodologia específica. (BARONE ET AL, 2002, p. 11).

Entretanto microcrédito é algo muito mais abrangente do que apenas

conceder empréstimos de pequenos valores, pois existem várias peculiaridades

envolvidas, que vão desde o público-alvo a ser atingido, o modo como será

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concedido o crédito, e até os objetivos econômicos e sociais que se pretende

alcançar através desta linha de crédito.

O microcrédito é um dos serviços da área do microfinanças. Deste modo se

faz necessário abordar o conceito de microfinanças antes de se aprofundar no

conceito de microcrédito, pois é comum haver certa confusão entre o conceito de

microcrédito e o conceito de microfinanças (BARONE, et al, 2002).

“O conceito de microfinanças é entendido pela maioria dos autores como

todos os serviços financeiros destinados à população de baixa renda, voltados a

pequenas atividades produtivas ou não” (FOLSTER, 2010, p. 22).

Ou seja, microfinanças, é um conceito com maior abrangência, sendo o

microcrédito e o microcrédito produtivo orientado, apenas um dos serviços do

microfinanças.

Microfinanças é um campo novo e em acelerado desenvolvimento, no qual se combinam mecanismos de mercado, apoio estratégico do Estado e iniciativas comunitárias com o objetivo de estruturar serviços financeiros sustentáveis para a clientela de baixa renda, sejam indivíduos, famílias ou empresas (formais e informais) (PARENTE, 2005 apud ALVES, 2009, p. 24).

Todavia o conceito de microcrédito, muitas vezes é confundido com o

conceito de microfinanças. “Isso ocorre quando o único serviço de microfinanças

disponível é o crédito e, como visto hoje, o microcrédito, como o principal produto

dentro da microfinanças” (BARONE et al, 2002, p. 12). Devido a este motivo é

comum microcrédito e microfinanças serem tratados como sinônimos, apesar de não

serem sinônimos de fato.

3.4.1 Histórico de Microcrédito

Em sua fase inicial, microfinanças era algo praticado exclusivamente por

Organizações Não-Governamentais (ONGs) especializadas e de alguns bancos,

dentre os quais o que alcançou maior destaque foi o Grameen Bank (Bangladesh),

idealizado pelo professor Muhammad Yunus, que através de seu programa de

microcrédito produtivo orientado, lhe rendeu o Prêmio Nobel da Paz no ano de 2006.

Essas instituições começaram a surgir na década de 1970, desafiaram a

visão tradicionalista na concessão do crédito e abriram um novo precedente em um

ambiente que, até então, ficava à margem dos serviços financeiros. A partir deste

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momento o microcrédito passou a ser mais conhecido como uma modalidade de

crédito diferenciada.

É preciso construir e criar instituições para ajudar os empreendedores, pois são eles que fazem as coisas acontecerem. Todo ser humano é um empreendedor em potencial e como todos podem ser empreendedores, precisam de instituições financeiras diferentes das tradicionais. Dessa forma o crédito deve ser visto como um dos itens dos direitos humanos, porque tudo o que precisa ser feito necessita de dinheiro (YUNUS, 1997, apud OLIVEIRA, 2007, p. 31).

Ao focar na base da pirâmide social e empresarial, o acesso ao crédito pode

ser utilizado como ferramenta de inclusão social. Os produtos criados pelo setor de

microfinanças não são apenas cópias dos oferecidos pelo sistema financeiro

tradicional (bancos comerciais e financeiros); fazem parte de uma filosofia onde o

crédito é visto como um direito, pois o acesso a ele leva ao desenvolvimento do

indivíduo e de sua unidade produtiva (ZOUAIN; BARONE, 2004).

O crédito produtivo ao incentivar um aumento no investimento e na propensão marginal a consumir, o nível de emprego na economia tende a ser mais elevado, conforme afirma a teoria keynesiana. Com esse incentivo ao surgimento e a continuidade das microempresas, o microcrédito possibilita uma maior demanda por mão-de-obra, tendo em vista, que esses pequenos empreendimentos se utilizam mais de capital humano do que tecnologia. Em consequência, o índice de desemprego se retrai, principalmente entre os mais pobres com menor escolaridade. Os incrementos na renda familiar, oriundo dos novos postos de trabalho, beneficiam famílias retirando muitas pessoas da linha da pobreza e elevando sua renda até um valor social compatível com a necessidade familiar (FILHO; LUZ, 2013, p. 08).

No sistema Capitalista, é possível distinguir dois extremos nas organizações,

de um lado estão empresas que buscam maximizar seus lucros, visando os

interesses dos acionistas. De outro lado estão as empresas sem fins lucrativos, que

por sua vez tem objetivo social (YUNUS; MOINGEON; ORTEGA, 2010).

A figura 2 demonstra a influência de ambos os modelos sobre o negócio

social.

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Figura 2: Negócios sociais: Empresas que visam lucro vs organizações sem

fins lucrativos

Fonte: Yunus; Moingeon; Ortega, 2010.

O negócio social visa maximizar o lucro, ao mesmo tempo em que gera

impacto social. Segundo Yunus; Moingeon; Ortega (2010), no modelo de negócios

sociais o lucro excedente volta para o próprio negócio, na forma de: preços mais

atraentes e competitivos, melhores produtos e serviços, entre outras medidas que

ajudam todos os envolvidos na organização. Ao contrário dos negócios que visam

lucro, onde o excedente enriquece apenas alguns poucos.

Foi com esta filosofia que foi criado o Grameen Bank, adotando uma

metodologia centrada em empréstimos pequenos sem garantias, taxas de juros

próximas às que são praticadas no mercado, negócios de curtíssimo prazo e uso do

agente de crédito para ir ao cliente, demonstrou-se que a maioria dos pobres,

geralmente excluídos do financiamento formal, pode, de fato, representar um nicho

de mercado rentável para serviços bancários, com benefícios para a sociedade.

3.4.2 Público-Alvo

Devido à intensa precarização das relações de trabalho no mundo capitalista

ocasionada pelo processo de globalização, crescem as estatísticas do desemprego

e agravam-se as desigualdades socioeconômicas nos países em desenvolvimento

assim como o Brasil. Diante dessa realidade, o trabalho informal vem se expandindo

na economia, como alternativa de superação do desemprego e de prover as

necessidades essenciais de consumo da família (FILHO; LUZ, 2013).

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A informalidade, de acordo com Sgreccia (2006), é constituída por pessoas

que trabalham por conta própria, não possuindo registros de seus empreendimentos,

que normalmente são pequenos e com poucos funcionários. Esses pequenos

negócios informais e as empresas de pequeno porte propiciam a geração de

emprego e renda na economia, pelo fato de absorver capital humano em maior

quantidade do que nas grandes empresas que demandam mais tecnologias e

menos trabalhadores.

Se pararmos de pensar nos pobres como vítimas ou como um fardo e começarmos a reconhecê-los como empreendedores incansáveis e criativos e consumidores conscientes de valor, um mundo totalmente novo de oportunidades se abrirá (PRAHALAD, 2010, p. 47).

O empreendedorismo pode ser considerado uma das formas de inclusão

social, pois são necessários novos negócios para suprir a necessidade de novos

postos de trabalho, principalmente, para os desempregados das camadas menos

favorecidas da sociedade, que possuem baixo grau de escolaridade mínima,

impossibilitando-os de trabalhar em grandes companhias, sendo estes o principal

público-alvo do microcrédito produtivo orientado, trabalhadores informais que

desenvolvem alguma atividade produtiva.

Conforme Sgreccia (2006), o microcrédito pode contribuir para a inclusão

social, pois faz com que todas as classes sociais tenham acesso ao crédito e

alguma chance de se inserir no mercado de trabalho, seja como autônomo ou como

assalariado.

O microcrédito produtivo orientado permite aos agentes produtivos de baixa

renda o acesso ao crédito, garantindo a sustentabilidade do negócio e afetando as

condições de vida dos familiares beneficiários dessa atividade creditícia. “O

microcrédito representa uma forma de democratizar o acesso ao dinheiro, livrando

os microempreendedores dos agiotas (CALDAS, 2005 apud FILHO; LUZ, 2013, p.

06)”.

Muitas vezes sem ter acesso ao crédito para manter ou expandir seus

negócios o empreendedor recorre aos agiotas que praticam taxas de juros muito

acima das taxas do mercado, o que inviabiliza seus negócios.

Segundo Costantin (2002), o programa de microcrédito é um instrumento de

transformação social importante nos países em desenvolvimento com uma grande

desigualdade de distribuição de renda, como é o caso do Brasil. Este programa

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aliado com outras políticas públicas é uma das alternativas para a minimização da

pobreza, através da geração de emprego e renda na sociedade.

3.4.3 A Metodologia do Microcrédito

Mesmo apresentando diferenças no que diz respeito à constituição jurídica e

aos modelos de negócio envolvidos, o que identifica a diversidade de ofertantes

desta linha específica é a adoção de metodologias de concessão de crédito e

mitigação de riscos baseadas no conceito de microcrédito produtivo orientado.

Essas metodologias envolvem, costumeiramente, a substituição das garantias reais

por colaterais sociais para controlar a inadimplência, como é o caso do aval solidário

ou o aval de vizinhança; bem como uma forma específica de entrega do crédito,

envolvendo a utilização da figura do agente de crédito como intermediador entre a

instituição e o solicitante do crédito, em vista da necessidade deste orientar e

assessorar o tomador quanto à sua própria necessidade de crédito produtivo e

quanto ao uso dos recursos emprestados (DINIZ, 2010).

A principal característica deste modelo é o relacionamento sistemático e

frequente entre a instituição de microcrédito e o tomador, por meio do agente de

crédito, cuja função é dar apoio à gestão do negócio e capacitação do cliente.

Fazendo do microcrédito um tipo de negócio com características bastante

específicas, dentro do mercado de crédito, pois visa reduzir o risco adotando

metodologias que substituem garantias patrimoniais, registros contábeis e projetos

formais por sistemas baseados na confiança pessoal e grupal, no conhecimento

informal sobre o cliente e seu negócio, e nas relações pessoais entre agentes e

clientes, a partir de informações sobre o cliente e seu negócio coletadas e

acompanhadas in loco pelos agentes de crédito (PARENTE, 2003).

3.5 O AGENTE DE CRÉDITO

A utilização do agente de crédito começou a se difundir a partir do sucesso

obtido pelo Grameen Bank (GREVE, 2002, MONZONI NETO, 2006). Este modelo

serviu de base para o Brasil na criação e definição do modelo de microcrédito

produtivo orientado brasileiro (MPO).

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De acordo com Monzoni Neto (2006), modelo é caracterizado pelo

relacionamento capacitado, efetivo, frequente entre a instituição de microcrédito e o

empreendedor, por meio da figura do agente de crédito.

A regulamentação do MPO define a metodologia, como sendo baseada no

relacionamento direto com os empreendedores no local onde é exercida a atividade

econômica. A legislação prevê que o atendimento ao empreendedor deve ser feito

por pessoas treinadas para realizar o levantamento socioeconômico e prestar

orientação educativa sobre o planejamento do negócio, para definição das

necessidades de crédito e de gestão voltadas para o desenvolvimento do

empreendimento, prevê também que o contato com o empreendedor deve ser

mantido durante o período do contrato de crédito, buscando seu melhor

aproveitamento e aplicação, bem como o crescimento e sustentabilidade da

atividade econômica. Como se vê, a legislação, praticamente, determina a existência

do agente de crédito para aqueles que desejam ofertar o MPO (DINIZ, 2010).

Greve (2002) afirma que é na atuação do agente de crédito que consta o

diferencial em relação ao processo tradicional de concessão de crédito, pois o

agente de crédito desenvolve um papel duplo, atuando, tanto a favor da IMF quanto

do microempreendedor. Para a IMF ele faz a promoção de produtos, captação,

seleção e monitoramento da carteira de clientes, além de produzir pareceres,

autorizar a renovação de crédito e ser responsável pela recuperação dos créditos

dos inadimplentes (TONETO JR; GREMAUD, 2002, KWITKO 2003).

Já para o microempreendedor ele dá apoio à gestão do negócio

acompanhando e atuando como consultor e educador (MACHADO, 2002, GREVE,

2002). Uma das atividades mais importantes do agente de crédito é possibilitar a

criação de uma rede de apoio entre os clientes, ou formação dos grupos solidários,

visando suprir as deficiências de registros contábeis e a falta de garantias formais,

comumente utilizados nos processos tradicionais de crédito, substituindo-as pela

utilização de relações de confiança e solidariedade entre clientes (DINIZ, 2010).

Segundo Parente (2003) os agentes de crédito coletam as informações em

processos informais que ajudam a manter os grupos solidários, formando uma

estrutura de capital social, que substitui ativos patrimoniais, em geral não existentes

em comunidades carentes. Sendo assim, quanto melhor a capacidade de uma IMF

avaliar o capital social, maior será a possibilidade de obter resultados positivos no

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microcrédito, pois essa capacidade depende diretamente da proximidade com a

comunidade (PAIM, 2002).

Portanto, o desempenho eficiente do agente de crédito dependerá,

fortemente, de sua inserção na comunidade do microempreendedor. Por meio de

sua atuação na comunidade será possível levantar dados sobre o

microempreendedor e o potencial da sua atividade de negócio. O microcrédito se

apoia nas relações pessoais entre o agente e a comunidade, o que diminui os custos

de seleção e monitoramento, procedimentos típicos dos mecanismos informais de

financiamento (TONETO JR; GREMAUD, 2002).

Apesar de o aprofundamento dos vínculos entre o agente e a comunidade ser

extremamente importante, por outro lado há o risco constante de clientelismo, ou

seja, o direcionamento dos empréstimos baseados mais em relações pessoais do

que na oportunidade do negócio em si, principalmente quando o agente é também

membro da comunidade (TONETO JR; GREMAUD, 2002).

Ainda de acordo com os autores, devido a toda essa responsabilidade, além

de ser necessário que o agente tenha uma boa qualificação, o mesmo também deve

contar com uma estrutura de incentivos adequada, vinculada tanto ao nível de

operações como à qualidade destas.

Porém, segundo Gibbons; Meehan, (2001) apud Diniz (2010) isso faz com

que o custo operacional do agente de crédito se torne crítico, podendo chegar até a

70% do total de despesas administrativas de uma IMF. A situação se agrava se

forem levadas em consideração a concorrência direta de financeiras e factorings,

que focam no crédito ao consumidor, mas não utilizam o agente de crédito, nos

mesmos moldes do microcrédito (GREVE, 2002).

Deste modo, Toneto Jr e Gremaud, (2002) afirmam que a questão da

avaliação do desempenho do agente de crédito é extremamente importante para o

negócio do microcrédito, em geral, as medidas mais aceitas para avaliar o

desempenho e a produtividade do agente de crédito são o número médio de

tomadores ativos por agente e o valor médio da carteira de empréstimos por agente

(GIBBONS; MEEHAN, 2001 apud DINIZ, 2010). Entretanto as comparações

referentes a este, segundo índices, são difíceis porque variam de acordo com a

metodologia de empréstimos, o nível de pobreza dos tomadores e as condições

locais.

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Fontes; Diogo; Marchesini (2003), ao compararem o desempenho dos

agentes de crédito para diversos tipos de instituições que atuam em microcrédito,

instituições governamentais, ONG’s, OSCIP’s e SCM’s concluíram que o valor médio

emprestado por mês não é um indicador adequado para, isoladamente, analisar o

desempenho dos agentes de crédito, pois o resultado pode estar condicionado ao

montante dos recursos disponíveis. Sendo assim, a média da quantidade de

contratos de créditos concedidos por agente seria, então, um indicador mais

adequado.

Em relação ao índice de créditos por agente, para Gibbons e Meehan (2001)

os valores ideais de uma IMF variam entre 300 e 500 clientes por agente

(independente da metodologia de empréstimos).

Nichter et al. (2002), ao debaterem um estudo que compara a produtividade

de agentes de crédito brasileiros com outros países da América Latina, afirmam que

a produtividade dos agentes de crédito é consideravelmente menor entre as IMF’s

brasileiras, com exceção das IMF’s da Região Nordeste que apresentaram melhor

desempenho em relação a esse indicador, devido em parte à metodologia de grupo

de solidariedade.

O fato é que as IMF’s no Brasil têm utilizado os agentes de crédito

praticamente como o único canal de distribuição, além de que é o contexto brasileiro

apresenta algumas desvantagens com relação a essa prática.

Para os autores o custo relativamente alto dos agentes de crédito no Brasil

está associado com a utilização frequente de agentes de crédito com formação

universitária, o que não acontece internacionalmente. Ainda, segundo os autores, o

crédito no Brasil não é costumeiramente oferecido de porta em porta, o que gera

desconfiança nos clientes.

3.5.1 O Microcrédito Nas Instituições

Por se tratar de um tipo de negócio com características específicas, o

microcrédito tem se expandido através do trabalho extensivo de empresas e

instituições especializadas. No Brasil, aliado ao fato de a regulamentação do

microcrédito ainda ser recente as IMF’s também carecem do que Nichter et al.

(2002) denominam de “efeito demonstração”. Instituições de sucesso na área

exerceriam um “efeito demonstração” para o mercado ao apresentarem estratégias

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comprovadas, modelos operacionais e práticas de negócio que podem ser

aprendidos e adotados por outros interessados em iniciar as suas atividades no

setor.

Segundo os autores, muitas IMF’s no Brasil não seguem padrões contábeis

tradicionais, o que prejudica o cálculo de indicadores de desempenho e a publicação

de resultados financeiros e inviabilizam esse efeito.

Segundo Diniz (2010) o mercado microfinanceiro que era restrito aos atores

tradicionais (ONG’s, OSCIP’s, SCM’s e Cooperativas de Crédito), recentemente

passou a ter participação de novos atores, que são os bancos comerciais que

passaram a investir em produtos e serviços específicos para clientes de baixa renda

oferecendo, em diversos casos, a oferta de microcrédito. Se até pouco tempo as

ONGs dominavam o universo de microfinanças, as instituições financeiras

tradicionais, e particularmente os bancos comerciais, tendem a crescer a sua fatia

de participação nos próximos anos. Rhyne e Otero (2006) apud Diniz (2010)

apontam três tipos distintos de bancos atuando seriamente com microfinanças:

Os que se especializaram neste mercado, muitas vezes induzidos pelas suas

políticas de responsabilidade social;

Os que enxergam a microfinanças como mais uma entre as suas várias linhas de

negócio;

Os bancos estatais, para os quais microfinanças são objetos de realização de

políticas públicas.

Tendo em vista as vantagens de escala, o acesso abundante a fundos, a

extensão de sua presença através de agências e outros postos de atendimento, e o

domínio de uma complexa rede através de base tecnológica sofisticada, os bancos

tradicionais tem potencial para alavancar e modificar significativamente o mercado

financeiro voltado para a população de baixa renda.

Seja por meio da criação de subsidiárias especializadas, ou por meio de

ativos incorporados em outras carteiras, atuando sozinhos ou em parceria com

instituições micro financeiras (IMF’s), ou até mesmo adquirindo IMF’s que já

alcançaram sucesso, o cenário de microfinanças tende a contar com a participação

cada vez maior de bancos comercias, sejam eles de médio ou grande porte, atuando

nacionalmente ou internacionalmente (DINIZ, 2010).

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Uma das razões para o crescimento da participação dos bancos comerciais

no mercado de microfinanças, embora não determinante, foi a Resolução 3109 do

CMN, de 24 de julho de 2003, depois transformada em Lei 10.735, de 11 de

setembro de 2003, obrigando os bancos a destinarem 2% dos seus depósitos à vista

a operações de microcrédito, caso contrário tais recursos teriam de permanecer

depositados sem remuneração (DINIZ, 2010).

3.5.2 Problemas de Focalização, Alcance e Eficiência

Conforme relatam Toneto Jr e Gremaud (2002), dependendo de como for a

atuação dos bancos comerciais, a política do microcrédito pode apresentar uma

série de problemas de focalização, alcance e eficiência. Pelo fato dessa política

muitas vezes não atingir o público-alvo, favorecendo camadas de renda mais

elevadas que por sua vez já estão inseridas no mercado, essas dificuldades

encontradas no programa referem-se o dilema sustentabilidade versus a focalização.

A necessidade de cobrir os custos operacionais e obter lucro, ou seja, a

necessidade da sustentabilidade pode fazer com que as instituições se afastem dos

mais pobres, do foco principal. Por este motivo existe a necessidade de se

programar políticas públicas que auxiliem o microcrédito a atingir o público ao qual

se foi destinado, evitando o enfoque nos microempreendedores firmados no

mercado e que estão fora da linha da pobreza, priorizando o atendimento àqueles

que se encontram à margem do sistema creditício (FILHO; LUZ, 2013).

De modo geral, os programas de microcrédito apresentam taxas de juros

nominais mais baixas que as dos agiotas, porém devido a inúmeros requisitos

pedem juros reais mais elevados. Assim, acabam afastando muitos pobres desse

segmento, tendo em vista que o prazo de pagamento se torna menor e com isso as

parcelas se elevam. É necessário que o governo utilize medidas de incentivo, como

por exemplo, oferecer descontos nas parcelas para quem cumprir com as

obrigações em dia, dentre outros. Só assim o microcrédito pode realmente minimizar

o problema de alcance e se tornar mais eficiente no cumprimento de seu objetivo

(FILHO; LUZ, 2013).

Este programa de crédito popular produtivo será mais eficiente se o foco

desses empréstimos realmente conseguir abranger os mais pobres, para que todas

as vantagens venham a acontecer na sociedade. Também são necessárias políticas

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que auxiliem as instituições a se tornarem sustentáveis com capital suficiente para

ampliar os clientes ativos, para que maiores parcelas das pessoas de baixa renda

sejam atendidas e beneficiadas (FILHO; LUZ, 2013).

A evolução do debate acerca do público-alvo do microcrédito levou ao

surgimento de duas correntes, definidas por Gulli (1998) apud Lima (2009) como

poverty lending e financial system. A primeira abordagem é a favor da provisão de

serviços financeiros como um meio para o combate à pobreza e ao ‘empowerment’

da população de baixa renda. Deste modo, considera-se legítimo que as IMF’s

recebam doações e subsídios para se sustentarem. Além disso, acredita-se que o

microcrédito deve ser função dos governos, das ONGs e dos doadores, pelo temor

de que o setor privado ignore os clientes mais pobres. Para atingir esses objetivos,

as IMF’s, muitas vezes, devem oferecer serviços complementares (não financeiros)

(LIMA, 2009).

Já a segunda abordagem acredita que as IMF’s devem ter como foco a

provisão sustentável de serviços financeiros à população excluída do sistema

bancário tradicional. O público-alvo não deve ser necessariamente, a população de

baixa ou baixíssima renda, já que para conseguir sustentabilidade é necessário à

aplicação de taxas de juros um pouco mais altas e de custos operacionais mais

baixos, o que, de modo geral, inviabiliza um esforço de mobilização da instituição

para focalização na clientela mais pobre. Os defensores dessa abordagem

acreditam que o microcrédito deveria ser alvo do setor privado com uma visão

comercial, já que apenas esse setor possui os recursos necessários para alavancar

o crescimento das IMFs e de sua base de clientes (LIMA, 2009).

Porém, os críticos desse modelo argumentam que há um risco de desvio de

missão no processo de transformação de ONGs em instituições financeiras, já que

as IMF’s com fins lucrativos não têm as mesmas motivações que as ONGs no que

se refere ao combate à pobreza, à redução do desemprego ou à promoção do

desenvolvimento. Argumenta-se, também, que a busca por sustentabilidade ou

lucratividade pode impedir que o foco seja realmente a clientela de mais baixa renda

(LIMA, 2009).

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3.5.3 O Trade-Off Entre Focalização e Sustentabilidade

Segundo IBAM (2001), a sustentabilidade financeira fundamenta-se em dois

níveis: a capacidade de alavancar recursos para o fundo e sua política de crédito,

que é capaz de tornar a instituição autônoma e atingir rapidamente seu ponto de

equilíbrio, e no que se refere à política de crédito, a sustentabilidade depende da

cobrança de juros que cubram os custos totais de execução do programa e de um

sistema eficiente de recuperação dos empréstimos, de modo a manter baixas as

taxas de inadimplência (PASSOS ET AL. 2002).

A ideia do trade-off entre sustentabilidade e focalização tem origem na

percepção de que a população mais pobre não apresenta condições de pagar taxas

de juros mais elevadas, necessárias para cobrir os custos das IMFs. De acordo com

essa percepção, as instituições sustentáveis não poderiam focar nos clientes mais

pobres, sob risco de sacrificar sua saúde financeira, enquanto aquelas que recebem

doações poderiam cobrar taxas de juros subsidiadas e atender exclusivamente à

população mais pobre (LIMA, 2009).

Para Ledgerwood (1999) apud Lima (2009), é possível servir aos mais pobres

de forma sustentável, porém o tempo para que a instituição se torne sustentável

financeiramente será menor quando os seus clientes forem ativos economicamente,

ou seja, quando eles não estiverem entre os mais pobres. Todavia se a instituição

escolher atender o núcleo duro da pobreza, os doadores devem estar

comprometidos a apoiá-la por um período mais longo.

Por outro lado, há autores como Harper (2001) apud Lima (2009) que não

acreditam na existência desse trade-off, pois acreditam que os mais pobres são

perfeitamente capazes de pagar as taxas de juros mais altas e ter empreendimentos

bem-sucedidos,

A tese central de Harper é que o retorno dos investimentos nos pequenos

negócios costuma ser mais alto do que nos maiores, pois estes apresentam

produtividade marginal decrescente do capital, o que reforça a ideia de que as

microfinanças estão voltadas para os micronegócios, cujos donos são pessoas com

micro rendimentos (HARPER, 2001 apud LIMA, 2009), já que apenas esses

negócios apresentam retorno suficientemente alto para o pagamento das taxas de

juros necessárias para cobrir os custos das IMF’s.

Teoria também defendida por Parente que explicita:

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para o público-alvo do microfinanças, o acesso oportuno e ágil ao crédito é mais importante do que o custo desse dinheiro, isto é, as taxas de juros cobradas pelos empréstimos. A razão para isso é que a produtividade marginal do capital é extremamente alta nos microempreendimentos (PARENTE, 2002, p. 35).

Os pequenos negócios, normalmente, possuem elevadas taxas de

rentabilidade e giro rápido, resultando em um investimento de alto retorno, capaz de

ser alavancado financeiramente, mesmo com o alto custo de capital de terceiros

(SOUZA, 2006).

A teoria econômica, através da lei dos rendimentos decrescentes explana, de

modo mais genérico, o motivo de os pequenos negócios serem capazes de pagar

taxas de juros que, muitas vezes, grandes negócios teriam dificuldades.

Empreendedores de baixa renda, especialmente os comerciantes, podem gerar

grandes benefícios com unidades adicionais de capital, diferentemente dos negócios

altamente capitalizados, porque seu investimento inicial é muito pequeno (SOUZA,

2006).

Ainda de acordo com Souza (2006) a metodologia do microcrédito possibilita

a redução dos custos de transação e de oportunidade do tomador de crédito,

reduzindo ao máximo a burocracia e fazendo com que o agente de crédito vá até ao

cliente evitando seu deslocamento e consequente ausência do trabalho,

proporcionando uma compensação entre o custo financeiro e os custos de transação

e oportunidade.

Em estudos realizados por Rhyne, Vogel e Christen, com ano base na análise

de onze instituições de microfinanças, verificou-se que entre as IMFs com boa

performance, não havia nenhuma correlação entre o nível de pobreza dos clientes e

a viabilidade financeira da instituição. Para Rhyne (1998) apud Lima (2009), essas

instituições desenvolveram métodos tão padronizados e eficientes de atendimento à

clientela, que permitiu até mesmo os clientes mais pobres se tornaram capazes de

cobrir os seus custos. A questão estaria, portanto, na capacidade das instituições de

oferecer eficientemente os serviços, de forma a reduzir seus custos e,

consequentemente, suas taxas de juros (LIMA, 2009).

Ainda de acordo com Rhyne (1998) apud Lima (2009), a sustentabilidade e o

atendimento aos mais pobres são variáveis que se complementam, pois apenas as

IMFs que forem sustentáveis financeiramente conseguirão ter acesso ao funding de

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que elas necessitam para aumentar o tamanho da clientela e consequentemente

atingir os mais pobres.

Harper (2001) apud Lima (2009) define que uma das “regras de ouro” da

microfinanças é que o acesso ao crédito é mais importante do que o seu custo para

os pequenos tomadores de empréstimos. Muitas vezes, para proporcionar melhores

condições de acesso, as IMFs, além do bom gerenciamento e da inovação,

precisam cobrar taxas de juros mais altas. Entretanto, isso não significa que a

população de renda mais baixa deva ser excluída dos programas.

No Brasil, por exemplo, a experiência de limitar a taxa de juros praticada no

microcrédito, operado com recursos do governo federal, a 2% ao mês para o

tomador final, mostrou-se inviável, fazendo o governo flexibilizar essa posição, e

permitindo aplicação de taxas, na ponta final, de até 4% ao mês (ALVES; LOPES;

MELO, 2009).

Segundo Camargo et al. (2004) as taxas de juros cobradas em operações de

microcrédito variam em torno de 3% a 5% ao mês, pois, em 90,91% das

organizações as taxas encontram-se dentro deste intervalo. A taxa média

encontrada, de 4% ao mês, está abaixo das opções que, normalmente, o

microempreendedor encontra no mercado (principalmente o informal), como crédito

pessoal e agiota.

Assim sendo, praticar uma taxa de juros adequada, que garanta essa

sustentabilidade, favorece a manutenção da equidade na oferta de capital. Do

contrário, praticar taxas que não permitam a auto sustentação da instituição

operadora, inevitavelmente, levará esta ao encerramento prematuro de suas

atividades, reduzindo, dessa forma, a oferta de capital àqueles que não têm acesso

às instituições financeiras convencionais (ALVES; LOPES; MELO, 2009).

É importante ressaltar que o objetivo dos programas de microcrédito é permitir

o acesso ao crédito àqueles que não são assistidos pelo sistema financeiro

tradicional. Sendo que este público, em sua maioria, já utiliza mercados informais de

crédito nos quais empreendedores de baixa renda tomam e pagam recorrentemente

empréstimos informais, a taxas de juros muito mais elevadas que qualquer

instituição de microcrédito formal cobraria. (ALVES; LOPES; MELO, 2009).

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3.5.4 O Microcrédito no Brasil

A lei 10.735, de 11 de setembro de 2003, estabelece a aplicação de recursos

correspondentes a 2% dos depósitos à vista captados pelos bancos comerciais

exclusivamente em operações de microcrédito (PIMENTEL; KERSTENETZKY,

2008). Segundo os autores, esta lei prevê que se tais recursos não forem utilizados

pelos bancos, estes deverão devolvê-los ao Banco Central. Os potenciais

beneficiários podem ser pessoas físicas e empreendedores de baixa renda.

Os gestores de políticas públicas que desejam minimizar as estatísticas do desemprego devem encontrar soluções consistentes para liberar e fortalecer o potencial empreendedor do maior número de pessoas com talento para negócios gerando renda e ampliando as formas de ocupação na sociedade (KANDIR, 1998 apud FILHO; LUZ, 2011, p. 05).

A iniciativa do governo federal teve como principais objetivos: facilitar e

ampliar o acesso ao crédito entre os microempreendedores formais e informais,

visando à geração de renda e trabalho; facilitar e ampliar o acesso aos serviços

financeiros (conta corrente, poupança, seguros, créditos), e a redução nas taxas de

juros nos financiamentos.

Para Giambiagi (2000), a existência do governo é necessária para guiar,

corrigir e complementar o sistema de mercado que, sozinho, não é capaz de

desempenhar todas as funções econômicas. Portanto, de acordo com tal premissa,

o governo deve promover diversas políticas com o intuito de permitir a inclusão

social e distribuir melhor a renda do país. Dentre elas, o microcrédito vem crescendo

e se destacando por gerar efeitos benéficos à sociedade e a economia.

No entanto, a partir de dados obtidos em 2006 e 2007 junto ao Banco Central

do Brasil, observa-se que os recursos vêm sendo muito pouco utilizados pelas

instituições financeiras. De um total de R$ 2,8 bilhões disponíveis, apenas R$ 70,5

milhões foram de fato aplicados em dezembro de 2007 (cerca de 2,5%).

“Apesar das expectativas otimistas da lei 10.735, os dados apontam para a

baixa utilização dos recursos, que estiveram de um modo geral, significativamente

abaixo de 8% nos anos de 2006 e 2007” (PIMENTEL; KERSTENETZKY, 2008, p.

06). O que deixa evidente a falta de interesse por parte das instituições financeira na

utilização destes recursos.

Pereira (2007) afirma que, o microcrédito é um segmento de crédito que

possui uma responsabilidade com a camada da população sem acesso ao crédito

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para investimento em atividades informais e de pequeno porte, inclusive as de

economia solidária. É uma atividade que possui metodologia específica e métodos

de garantia diferenciados daqueles utilizados no sistema de crédito bancário

convencional. O mercado de financeiro não possui informações perfeitas sobre suas

transações e isso pode acarretar riscos para as instituições financeiras.

Os problemas de informação nesse mercado surgem pelo fato de uma das partes envolvidas no contrato ter mais informações relevantes que a outra. Essa falta de informação no que se refere ao cumprimento dos contratos pode ser maléfica para o setor creditício podendo acarretar a ineficiência, prejudicando a sustentabilidade do programa devido à inadimplência que é a consequência desse efeito. (VASCONCELOS; OLIVEIRA, 2000 apud FILHO; LUZ, 2011, p. 10).

Os bancos comerciais optam por deixar os recursos parados no Banco

Central, pelo fato de não conhecerem o perfil dos clientes potenciais de microcrédito,

o que faz com que considerem os riscos da operação sejam elevados. Essa

incerteza eleva os custos de transação que englobariam despesas incorridas pelos

bancos no intuito de chegar até os clientes, como custos de deslocamento e custos

administrativos (PIMENTEL; KERSTENETZKY, 2008).

De modo geral, as instituições têm pouco ou nenhum conhecimento a respeito

das características dos clientes potenciais já que muitos são pequenos

empreendedores informais fora do sistema financeiro tradicional. As despesas com

captação de informações representam custos que são considerados para que se

possa garantir a sustentabilidade financeira das operações (PIMENTEL;

KERSTENETZKY, 2008).

Conforme observam Toneto Jr e Gremaud (2002), o fato de haver assimetrias

de informação pode gerar problemas como a seleção adversa e o risco moral. O

primeiro se refere à possibilidade de a instituição de microcrédito selecionar o cliente

de pior qualidade, ou seja, não pagador. Isto ocorre antes da assinatura dos

contratos serem firmados entre a instituição e o tomador do crédito.

Ainda de acordo com os autores, o segundo acontece logo após a realização

do contrato entre as partes e se dá pela impossibilidade de o credor observar as

ações realizadas pelo contratante que podem afetar a capacidade de pagamento do

contrato. Como, por exemplo, o tomador utilizar o crédito em outra ação que não a

estipulada no contrato e com isso aumentar a probabilidade de ocorrer riscos de

inadimplência. (FILHO; LUZ, 2013).

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Para que esses riscos sejam minimizados, o governo deve promover cursos

de qualificação tanto aos tomadores, para que os recursos sejam alocados de forma

a gerar eficiência no negócio, quanto às instituições ofertantes, para que a análise

de concessão seja realizada de forma a diminuir os problemas de informação e com

isso os índices de inadimplência (FILHO; LUZ, 2013).

Após a criação da lei 11.110, no ano de 2005, que regulamentou o

microcrédito no Brasil, o governo federal vem adotando iniciativas que visam

estimular as operações de microcrédito por bancos comerciais, umas dessas

iniciativas é o PNMPO (Plano Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado) que por

meio do programa CRESCER, passou a desenvolver operações de microcrédito

através de seus bancos estatais, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e

Banco do Nordeste, adotando a metodologia do microcrédito produtivo orientado,

iniciando uma nova etapa no desenvolvimento do microcrédito no Brasil.

3.6 MERCADO BANCÁRIO

Após muitas reformas e reestruturações ocorridas nas últimas décadas,

segundo Romero (2008), o sistema financeiro brasileiro (SFB) ainda hoje mostra

incapacidade para impulsionar o desenvolvimento econômico no país, já que o que

torna o sistema financeiro fundamental para promover o desenvolvimento é a

atividade de intermediação e criação de crédito, o que no ponto de vista do autor é

algo que ainda carece de melhorias. Para melhor compreender os impactos das

mudanças ocorridas na dinâmica atual do SFB, é preciso, porém, entender, o

contexto em que elas foram introduzidas.

O início da década de 1980 foi um período de muitas mudanças no cenário

econômico tanto mundial como nacional. Conflitos consecutivos de capital, de oferta,

de demanda e de juros causaram grande diminuição da liquidez internacional, o que

acarretou no aumento da inflação no Brasil, crescimento da dívida externa e

deterioração das contas fiscais do governo brasileiro (ROMERO, 2008).

De acordo com o autor, devido a este cenário as fontes de recursos para

financiamento que operavam até então se tornaram escassas, o setor público e o

capital externo assim como, a própria demanda por financiamento também foi

reduzida, como efeito da incerteza na economia, fatores estes que marcaram os

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anos 1980, caracterizado como um período de baixo crescimento econômico e alta

inflação. Todavia esse período foi considerado mais crítico para a população do que

para as instituições financeiras, já que as mesmas não sofreram tanto com esse

período e foram capazes de continuar obtendo lucros.

Diferentemente de outros países que passaram por situação parecida, no

caso do Brasil, os recursos foram mantidos nos bancos, que não perderam os

depósitos à vista, caracterizados como o principal item do seu passivo. Carvalho

(2005, p.333) afirma que, “esse arranjo não apenas permitiu a sobrevivência do

sistema bancário doméstico sob alta inflação como acabou mesmo por abrir-lhe

novas oportunidades de lucro”.

Já que, segundo o autor, a inflação incentivava uma aceleração na circulação

da moeda, o que gerava um ganho de agilidade na realização de pagamentos e

movimentação de recursos, e quanto maior a velocidade na movimentação dos

recursos, menor a perda gerada pela inflação, tendo em vista a perda de poder

aquisitivo da moeda. Devido a esse cenário, as instituições financeiras brasileiras se

beneficiaram ao realizarem financiamentos para o setor público, pois a política

monetária vigente na época focava na emissão de títulos públicos de curta

maturação e altas taxas de juros.

O Banco Central garantia a recompra dos títulos do governo em caso de

déficit de reserva, isentando o investimento em títulos públicos, proporcionando a

essas aplicações de curto prazo, um risco praticamente nulo, e alto retorno. Dessa

maneira foi possível garantir a solidez e a competitividade do SFB, o que se

confirmaria durante a década de 1990.

Entretanto, mesmo apresentando alta eficiência em relação à agilidade dos

sistemas de pagamentos, continuava ineficiente na alocação de recursos para

investimentos e incentivo à atividade produtiva, mesmo incessantes tentativas de

melhora nesse aspecto. Esse fenômeno caracteriza o que Carvalho (2005) chama

de “Paradoxo Brasileiro”.

A maioria das reformas realizadas a partir de 1990 tinha por objetivo

solucionar problemas de solvência vividos por alguns bancos nacionais,

pincipalmente os públicos e privados estaduais. Essas reformas buscavam fortalecer

o SFB e gerar ganho de eficiência dos bancos na geração de crédito. Além de

aprimorar o controle monetário e restringir o aumento da dívida pública, o que fazia

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parte do projeto de ajuste fiscal tido como base fundamental para a implantação do

Plano Real (BARROS DE CASTRO, 2005).

A década de 1990 começa sendo marcada por um momento favorável no

contexto macroeconômico internacional. O Plano Real implantado em 1994

promoveu a estabilização monetária com sucesso, fato que permitiu a retomada do

crescimento econômico, motivado pelo crescimento das atividades de crédito e,

aliada a diminuição das operações de títulos. Todavia a queda nas altas taxas de

inflação ocasionou ao SFB uma perda de importante fonte de receita proveniente

das transferências inflacionárias (ROMERO, 2008).

Para atenuar os efeitos dessas perdas, os bancos promoveram o aumento

das operações de crédito, o aumento da oferta de crédito, aliada a suposta

inexperiência dos bancos nesse tipo de atividade e a falta de recursos técnicos

eficientes para avaliar os riscos, ocasionou em alto índice de inadimplência

demonstrando a incapacidade de alguns agentes do SFB em operar com lucro em

cenários de baixa inflação (ROMERO, 2008).

Além das dificuldades de adaptação das instituições neste novo contexto,

muitos já estavam em situação crítica no momento de estabilização. Os bancos

estaduais eram o que se mostravam mais críticos, pelo fato de financiarem os

governos estaduais durante longo período, não havia quase nenhuma restrição ao

volume de financiamento permitido, o que configurava uma armadilha (ROMERO,

2008).

Romero (2008), afirma também que o abuso nos endividamentos tornava os

fluxos de caixa dos Estados insuficientes para cumprir suas obrigações com as

dívidas contraídas junto aos bancos, acarretando em problemas de liquidez. Fato

que gerou em 1995 a criação do PROER – Programa de Estímulo à Reestruturação

do Sistema Financeiro Nacional – e o PROES – Programa de Incentivo à Redução

do Setor Público Estadual na Atividade Bancária – para assistir e financiar os

processos de fusões e aquisições, bem como a reorganização das instituições

financeiras envolvidas com objetivo principal de promover a aquisição de bancos

ameaçados de quebra por bancos, que se mostraram mais sólidos, o que ocasionou

uma expressiva queda do número de instituições financeiras públicas que estavam

entre as maiores financiadoras da atividade produtiva e acabou por concentrar a

base do SFB em número reduzido de instituições bancárias.

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Ainda, de acordo com o autor, o estabelecimento de um maior volume de

capital para a constituição de novos bancos, a criação de incentivos para a fusão,

incorporação e transferência de controle acionário, e um movimento de abertura do

SFB para a entrada e instituições financeiras estrangeiras, argumentando que a

competição externa estimularia um aumento de eficiência dos bancos e a

concorrência elevaria e baratearia as operações de crédito, reforçando ainda a

estabilidade do SFB foram outras medidas adotadas pelo PROER.

Entretanto, os efeitos da entrada de bancos multinacionais mostraram-se

ambíguos. De fato, houve um fortalecimento do sistema, ainda que outros resultados

sejam controversos. Por outro lado, a inadimplência continuou concentrada nos

bancos públicos por atuarem em áreas de mercado mais arriscadas, e não cobertas

pelos bancos multinacionais (como o credito agrícola, por exemplo). No período de

aumento do crédito pós-Real, verificou-se um crescimento menor do índice de

inadimplência nos bancos internacionais, o que vai ao encontro do que argumentam

Mathieson e Roldos (2001) apud Romero (2008). De acordo com os autores as

instituições estrangeiras exercem o chamado cherry picking, ou seja, atraem os

melhores clientes.

Conforme Romero (2008), essa situação garantia maior estabilidade para

esses bancos em relação aos bancos públicos que acabavam prejudicados. Em

relação ao spread bancário, foi largamente defendido que a entrada de maior

competição contribuiria para a sua queda. O que se constatou, porém, foi um

aumento desse spread.

Nesse contexto, o principal meio de incentivo ao crédito se mostra na redução

da taxa de juros real, que modificaria a estrutura de incentivos do sistema financeiro

brasileiro. A redução diminuiria o custo do crédito e incentivaria a mudança na

maneira de atuação dos bancos, que visando manter seu nível de rentabilidade

compensariam essa queda com o aumento do crédito.

No entanto, apesar da queda da taxa de juros básica no Brasil, a partir de

julho de 2005 foi verificado que entre 2001 e 2006 a taxa de juros real histórica foi

mantida em torno do mínimo de 9% (BRESSER-PEREIRA, 2005). Após esse

período também foi possível perceber que, mesmo no caso de queda nos juros

reais, não há indícios suficientes que essa queda levaria a uma reversão do padrão

concentrador de recursos evidenciado pelo sistema financeiro brasileiro, atualmente.

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De acordo com Martins (2012), a concentração do setor é tida pelos agentes

reguladores da econômica como indicador de falta de competição, sendo

considerado um dos possíveis fatores do aumento do custo de crédito no país. No

final de 2011, os cinco maiores conglomerados financeiros detinham

aproximadamente 77% dos ativos totais, 76% do mercado de crédito e 80% do

volume de depósitos do sistema financeiro.

O colapso do sistema financeiro mundial em 2008, acompanhado do processo

de consolidação da indústria bancária em todo o mundo têm gerado grandes

discussões a respeito dos custos e benefícios de um sistema financeiro mais

concentrado. O ponto central dessa discussão está na relação entre competição

bancária e estabilidade financeira (MARTINS, 2012).

Ainda segundo Martins (2012) pouco tem sido discutido sobre as

consequências de um sistema bancário mais concentrado sobre o poder de mercado

dos bancos e sobre os custos da intermediação financeira no futuro. Os recentes

avanços tecnológicos, regulatórios e institucionais, aliados ao surgimento de fontes

alternativas de financiamento e a desregulamentação financeira vêm diminuindo a

diferença de informações e os custos de mudança existentes entre as instituições

financeiras e seus clientes e credores ocasionando a redução do monopólio da

informação, assim como a redução nas barreiras de entrada no mercado financeiro,

embora, a percepção atual a respeito do nível de competição na indústria financeira

está mais associada a questões regulatórias, barreiras de entrada e na atuação de

bancos públicos do que na concentração do setor bancário.

A maioria das instituições, além do crédito, oferecem diversos produtos e

serviços. Atuam tanto como bancos comerciais quanto como bancos de investimento

e possuem autorização para atuar em todo o território brasileiro. Contudo, apenas os

grandes bancos de varejo estão fisicamente presentes nos pequenos mercados

locais. Deste modo a maior parte das instituições financeiras atua apenas nos

grandes centros econômicos tornando a estrutura do setor bancário muito distinto.

3.6.1 Crédito

Segundo Lemes Júnior, et.al. (2002), o crédito surgiu nas sociedades antigas

que se voltavam para as atividades rurais e agrícolas, e em longo prazo, o plantio e

a colheita eram os fatores que determinavam a necessidade de antecipação de

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entrega de sementes e implementos agrícolas aos produtores. Após esse período,

mais precisamente, na Grécia Antiga, com o surgimento do dinheiro, as atividades

comerciais originaram as primeiras instituições bancárias que começaram a realizar

operações de crédito de diversas formas, embora de modo bem diferente dos

praticados atualmente.

Schrickel (1995), afirma que crédito é todo ato de vontade ou disposição de

alguém de destacar ou ceder, por tempo determinado, parte de seu patrimônio a um

terceiro, com a expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente,

após terminar o prazo estipulado. Sendo este um ato de vontade, sempre caberá ao

cedente do patrimônio à decisão de cedê-lo ou não. E que esse processo, por

envolver expectativa, está associado à noção de risco.

O conceito atual de crédito é a disposição de alguém ceder, temporariamente,

parte de seu patrimônio ou prestar serviços a um ou mais terceiros, com a

expectativa de receber de volta o valor cedido ou receber pagamento, depois de

decorrido o período estipulado, na sua integralidade ou em valor correspondente. É

a troca de bens presentes por bens futuros. Este crédito pode ser utilizado como

ferramenta para incrementar e facilitar a realização de vendas de bens e serviços e

é responsável por grande parte dos resultados (LEMES JUNIOR, et.al., 2002).

Do ponto de vista do economista Karl Marx (2003) o crédito é um importante

mecanismo no processo de crescimento já que flexibiliza o acúmulo de capital,

facilitando o que o autor denominou de “reprodução ampliada” em que o acúmulo de

capital gera mais acúmulo de capital, por meio do processo denominado pelo autor

de “mais valia”, em que o detentor dos meios de produção se vale da força de

trabalho dos trabalhadores para obter mais capital.

Já Schumpeter (1982) considera o crédito indispensável para o rompimento

da inércia do processo de reprodução simples, chamada por ele de “fluxo circular”

em que a renda fica restrita aos mesmos segmentos.

Segundo o autor, o banqueiro se coloca entre os que desejam formar novas

combinações de produção e os possuidores de meios produtivos. Trata-se do

fenômeno de desenvolvimento, mas apenas quando nenhuma autoridade central

dirige o processo social. Assim, o banqueiro permite a realização de novas

combinações, autoriza as pessoas, por assim dizer, em nome da sociedade, a

formá-las. É o foro da economia de trocas (SCHUMPETER, 1982).

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Furtado (1983) considera que há uma interligação entre as atividades

inovadoras e o acúmulo de capital, já que a inovação quase sempre resulta da

busca das empresas por meios de aplicar recursos acumulados. Por necessitarem

de investimentos em pessoal especializado, novos equipamentos, entre outros

gastos, a criação de inovações tecnológicas coloca em destaque o papel da

acumulação de capital.

De acordo com Romero (2008), destacam-se pelo menos três aspectos

básicos pelos quais o crédito e o sistema financeiro desempenham um papel central

para o desenvolvimento:

1) a propulsão do investimento e acúmulo de capital;

2) o financiamento das atividades inovadoras;

3) a redução da concentração de recursos e rompimento da dinâmica centro-

periferia.

Reduzir a concentração de recursos financeiros nos centros aliando à

expansão do crédito na periferia impulsiona o crescimento dessas regiões. A

amplitude com que acontece esse processo será de acordo com a liquidez do

mesmo, sendo também influenciado pelas regras e a configuração do sistema

financeiro. (ROMERO, 2008).

Diante do exposto, o crédito pode ser considerado de central importância para

o desenvolvimento econômico, não apenas por seu impacto direto no processo de

acumulo de capital e seus reflexos na distribuição de renda e atividade inovadora,

mas também por exercer grande influência na formação de expectativas, já que se

for bem empregado, e garantir bons resultados dos investimentos, produz um

aumento do otimismo na economia. (ROMERO, 2008).

E por este motivo a concessão do crédito deve obedecer aos critérios que

visam amenizar o risco de frustração dessas expectativas e contribuir para a

utilização benéfica do crédito.

3.6.2 Os “CS” do crédito

A análise da concessão de crédito é baseada em critérios cujas literaturas

especializadas em administração financeira recomendam que são diretrizes

tradicionais e subjetivas, conhecidas como os 5 “C’s” do crédito. Isto se dá para a

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real definição da capacidade de crédito dos clientes solicitantes, sendo eles: o

caráter, capacidade, o capital, o colateral e as condições.

De acordo com Gitman (2002), o caráter é definido como sendo o histórico do

solicitante ao crédito quanto ao cumprimento de suas obrigações financeiras,

contratuais e morais. Os dados históricos de pagamentos e quaisquer causas

judiciais pendentes ou concluídas contra o cliente seriam utilizados na avaliação do

seu caráter.

Para Droms e Procianoy (2002), o caráter se refere à integridade moral do

solicitante do crédito e se o mesmo está disposto a dar o seu melhor empenho para

honrar o compromisso assumido. Especialistas em crédito enfatizam que o caráter

do solicitante é uma das mais importantes preocupações ao se tomar uma decisão

de concessão de crédito.

Hoji (1999) afirma que o caráter é o item mais importante na análise de

crédito. A avaliação do caráter do cliente, apesar do elevado grau de subjetividade,

por se referir a aspectos morais e éticos é de suma importância já que é esta análise

que vai determinar aspectos como a integridade ética ou honestidade para saldar

compromissos financeiros.

O levantamento de dados históricos pode contribuir para avaliação do caráter.

Se o caráter do cliente não for aceitável, os outros itens da análise estarão bastante

prejudicados. O caráter é o principal fator para a decisão e concessão do crédito,

sendo também um dos mais difíceis de ser analisado.

Vale ressaltar que não há taxas de juros ou garantias que compensem o risco

de efetuar empréstimos às pessoas, reconhecidamente, desonestas. Analisando

comportamentos evidenciados na vida pessoal e profissional, busca-se avaliar a

imagem que o cliente desfruta junto às pessoas com as quais convive ou negocia.

Gitman (2002) define capacidade como sendo o potencial do cliente para

liquidar o crédito solicitado. É comum a utilização de análises dos demonstrativos

financeiros, com ênfase especial nos índices de liquidez e de endividamento para

avaliar a capacidade do solicitante de crédito.

Droms e Procianoy (2002) relatam que a capacidade de pagamento se refere

à capacidade financeira da empresa ou indivíduo solicitante de cumprir os

requeridos prazos e valores de crédito solicitado. Mesmo as melhores intenções não

podem compensar à ausência da capacidade financeira.

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Lemes Júnior, et.al. (2002) definem que a capacidade considera se os ganhos

ou o desempenho operacional e financeiro do cliente irão possibilitar a geração de

recursos para realizar o pagamento do compromisso pretendido. No caso de

pessoas jurídicas, os demonstrativos financeiros são extremamente úteis para o

cálculo dos índices de liquidez e do endividamento. Já para a análise de pessoas

físicas são também importantes as comprovações de rendimentos e compromissos

assumidos.

Segundo Hoji (1999), só a determinação de pagar, ou seja, o caráter, não

será válido se o cliente não possuir a capacidade de saldar seus compromissos

financeiros.

O capital refere-se ao comprometimento do patrimônio líquido com valores

exigíveis da empresa e respectivos índices de lucratividade. Para as pessoas físicas,

a existência de comprometimento de seus ganhos, como prestações mensais,

aluguéis, consórcios etc., pode mostrar insuficiência de recursos para pagamento do

crédito pretendido (LEMES JÚNIOR, et.al., 2002).

Droms e Procianoy (2002) conceituam o colateral como uma garantia, que

pode ser oferecida pelo solicitante do crédito. Já Lemes Junior, et.al. (2002),

afirmam que o colateral leva em conta o que o cliente pode oferecer como garantia,

real ou não, do crédito, se possui bens e outros recursos disponíveis para cobrir o

valor exigido pela transação.

As garantias constituem um complemento à operação de crédito, levando em

consideração, primeiramente, o caráter do cliente e a capacidade de pagamento do

próprio negócio. As garantias geram maior comprometimento com a operação, mas

não pagam o crédito. São importantes fatores de pressão em caso de atraso de

pagamento, uma vez que o cliente também está correndo risco de perder algo.

Gitman (2002) descreve condições como sendo as categorias econômicas e

empresariais vigentes, assim como circunstâncias particulares que possam interferir

em qualquer das partes envolvidas na negociação.

As condições avaliam o grau de exposição aos possíveis efeitos de

ocorrências externas sobre a capacidade do cliente para pagar suas dívidas, como

por exemplo, influências de variação no nível da atividade econômica, agressividade

da concorrência etc. No caso de pessoa física é importante considerar como os

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ganhos estão condicionados às variações da atividade econômica, nível de

emprego, estabilidade no emprego, etc. (LEMES JUNIOR, et.al., 2002).

De acordo com BLATT (1999, p. 48), ainda temos, os C’s modernos do

crédito que são: o conglomerado, a consistência, a comunicação e o controle, além

dos 3 novos C’s que se referem a concorrência, custos e caixa.

O conglomerado diz respeito à análise financeira de controladas,

controladoras, coligadas e interligadas. Para que seja possível fazer uma análise

mais apurada com relação ao pleiteante do crédito, a empresa deve ser analisada

no âmbito do grupo de empresas que a contenha. No caso de pessoas físicas, o

conglomerado inclui uma análise de crédito do grupo familiar, considerando-se o

cônjuge e demais familiares dependentes ou não (BLATT, 1999).

Ainda de acordo com o autor a consistência faz menção à escolha e o

gerenciamento do alvo de mercado, ou seja, a escolha do alvo correto, que, de fato,

depende da política do credor, da conjuntura econômica, da estrutura do cliente etc.

Enquanto Comunicação faz jus à correta e ágil obtenção e análise de informações

cadastrais, estruturais, contábeis e econômico-financeiras do pleiteante do crédito.

(BLATT, 1999)

Já o controle refere-se ao acompanhamento, gerenciamento e administração

do crédito concedido, tendo em vista que todo crédito gera uma obrigação a ser

cumprida em determinado prazo, e que, neste prazo, a situação geral do cliente

pode se alterar. Detectar problemas logo em seu início no que se diz respeito ao

crédito concedido pode vir a ser o caminho para evitar que determinado crédito se

torne problemático (BLATT, 1999).

No aspecto concorrência, o cliente deve ter os produtos corretos para o

mercado adequado ou não resistirá aos rigores da concorrência no curto prazo.

Deve estar apto a competir no calendário, no serviço, na qualidade e, em alguns

casos, na tecnologia. É preciso que o credor conheça a natureza e o nível da

competição a que estão sujeitos cada um de seus clientes (BLATT, 1999).

Já no que tange à questão dos custos, o solicitante deve possuir uma boa

gestão de custos, do contrário, poderá sofrer um significativo ataque em suas

receitas. São notórios os casos de empresas que faliram por ter o seu proprietário

priorizado somente as receitas deixando para segundo plano a respectiva

administração e controle de custos (BLATT, 1999).

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Referente ao caixa pode-se dizer que geração de caixa é uma medida da

viabilidade de uma empresa. As fontes de caixa devem ter capacidade de suportar o

gasto de capital, os dividendos e as variações no capital circulante. Sob risco de o

saldo de tesouraria do cliente ficar comprometido. Para fins de concessão de crédito,

é muito mais importante saber se o cliente gera caixa, e qual a qualidade e

consistência deste caixa do que saber se ele gera lucro ou prejuízo (BLATT, 1999).

Tais critérios para concessão podem ser aplicados nos mais diversos tipos de

crédito. Alguns critérios, inclusive, recomendam que sejam aplicados em qualquer

concessão de crédito realizada, enquanto outros, dependendo do caso, podem ficar

a critério de quem concede.

3.6.3 Tipos de Crédito

Este capítulo visa trazer uma breve explanação sobre as modalidades de

créditos mais comuns na economia brasileira, sejam estes para pessoas físicas ou

pessoas jurídicas.

De acordo com Melo (2011), a operação de crédito bancário e/ou empréstimo

é um contrato entre o cliente e a instituição financeira em que o cliente recebe

determinado valor que deverá ser devolvido ao banco em prazo determinado, sendo

acrescidos os juros acertados. Os recursos liberados no empréstimo podem ter ou

não destinação específica. Dentre os mais comuns estão o financiamento, o

desconto bancário, a antecipação, a cédula de crédito, o capital de giro, o crédito

direto ao consumidor (CDC), o crédito rural, e por fim, o microcrédito.

Também, segundo o autor, o financiamento trata-se de um contrato entre o

cliente e a instituição financeira, mas com fim específico, como, por exemplo,

adquirir um veículo ou bem imóvel. Cobrar ou não juros sobre o valor financiado fica

a critério da instituição financiadora, de acordo com o valor e o tempo de

pagamento. É uma modalidade de crédito que se aplica tanto a pessoas físicas

quanto a pessoas jurídicas e o bem financiado fica como garantia e alienado à

instituição que cede o crédito.

Já o desconto bancário é uma operação comum dos bancos em que se

adiantam créditos de terceiros para clientes, deduzindo-se os juros da operação

mediante a cessão do crédito. A operação de desconto é realizada somente sobre

de títulos de crédito, que representam soma líquida e certa, e de fácil recuperação

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ao banco. O banco antecipa ao cliente o valor dos ativos, deduzidos os juros,

repassando apenas o valor líquido, que em geral é creditado em conta corrente

(MELO, 2011).

Deste modo o contrato de desconto bancário pode ser considerado o contrato

em que o banco, deduz do montante, antecipadamente, os juros, comissões e

despesas, creditando para o cliente o saldo restante, recebendo por endosso o título

sacado contra terceiros com vencimento futuro, como boletos emitidos contra

terceiros e cheques pré-datados, com vencimento futuro, caso o terceiro não cumpra

com suas obrigações, a responsabilidade pelo pagamento da quantia utilizada cabe

a quem efetuou o desconto, no caso o cliente (MELO, 2011).

A antecipação é o negócio jurídico, bancário, em que o banco adianta para

seu cliente determinado valor em troca de uma garantia real consistente em títulos,

mercadorias ou direitos. Essa garantia pode ser constituída por títulos, valores

mobiliários, ações, debêntures, etc. Geralmente ocorre quando o empresário precisa

de capital de imediato, já que os juros são menores do que os oferecidos para

desconto, por se tratar de um recurso da empresa e não de terceiros (MELO, 2011).

Melo (2011) afirma também que a Cédula de Crédito Bancário é o título de

crédito emitido, por pessoa física ou jurídica, em favor de instituição financeira, com

promessa de pagamento em dinheiro, derivada de operação de crédito de qualquer

modalidade. A instituição que cede o crédito deve integrar o Sistema Financeiro

Nacional, sendo permitida a emissão da Cédula de Crédito Bancário em favor de

instituição com domicilio no exterior, desde que a obrigação esteja exclusivamente

sob as leis e os foros brasileiros. Poderá ser emitida com ou sem garantia, real (o

bem constante na cédula) ou fidejussória (os avalistas que assinam a cédula em

conjunto com o tomador do crédito).

Ainda segundo o autor, o capital de giro é um empréstimo de curtíssimo

prazo, de modo a simplificar os procedimentos operacionais, para os clientes

tradicionais. Neste produto se estabelece um contrato fixo contendo as regras deste

empréstimo e permitindo a transferência de recursos ao cliente a partir de um

simples e-mail, telefonema ou fax garantindo o limite para este tipo de empréstimo

que já é previamente estabelecido por contrato, evitando, assim, que o cliente

necessite assinar um novo contrato cada vez que precisar de capital. Todavia, isso

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só ocorre caso o cliente deseje aumentar seus limites de crédito, neste caso é

assinado um novo contrato com atualização dos valores.

O Crédito rotativo ou cheque especial é um valor-limite que o banco

disponibiliza ao cliente para eventuais emergências. Geralmente é movimentado

diretamente pelos cheques emitidos pelo cliente, desde que não haja saldo

disponível na conta corrente de movimentação, mas também é permitido o saque

deste valor. À medida que é disponibilizado o saldo novamente na conta, estes são

utilizados para cobrir o saldo devedor da mesma. Para o cliente, o produto garante

uma liquidez imediata para suas emergências. Os juros sobre esse produto são

calculados diariamente sobre saldo devedor e cobrados normalmente, no primeiro

dia útil do mês seguinte ao da movimentação (MELO, 2011).

O Crédito direto ao consumidor – CDC é o crédito concedido por uma

instituição financeira aos seus clientes, pessoas físicas e jurídicas para aquisição de

bens e serviços. Sua maior utilização, em geral, é para a aquisição de veículos e

eletrodomésticos. O bem adquirido, sempre que possível, serve como garantia da

operação, entretanto esse tipo de operação não necessita estar vinculada a um

bem. É permitida a contratação, mesmo nos casos em que os clientes não

justifiquem o motivo da contratação, porém nesses casos os valores disponibilizados

são menores. Os prazos dos CDC variam normalmente de 03 a 60 meses, nos

casos de financiamento e é possível financiar de 10 a 100% do bem (MELO, 2011).

Nesta categoria também se enquadram os empréstimos pessoais, como os

créditos automáticos, créditos salário e o crédito consignado, onde a empresa

pagadora através de convênio com a instituição financeira efetua o desconto do

valor acordado pelo funcionário junto à instituição financeira e faz o repasse do valor

a mesma. Essa modalidade, geralmente, se aplica a servidores públicos, mas

funcionários de empresas privadas também podem fazê-lo, caso a empresa em que

trabalham possua convênio com algum banco (MELO, 2011).

O autor discorre também sobre o crédito diretíssimo, que é o tipo de operação

em que a financeira fica responsável pelo gerenciamento das vendas a prazo do

lojista, assumindo todos os riscos de um eventual não pagamento por parte dos

clientes. Já que não se atribui qualquer garantia ao estabelecimento, os juros

praticados nessa modalidade de CDC são mais altos. Embora exista uma perda

financeira com os encargos cobrados pela financeira na compra das vendas a prazo,

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para o lojista, essa modalidade de CDC elimina o risco de inadimplência, o que não

deixa de ser interessante. É o caso das compras realizadas por cartão de crédito,

onde a financeira cobra uma porcentagem sobre o valor da venda, entretanto, o

lojista recebe o valor, independentemente do pagamento ou não do valor, pelo

cliente em questão.

Financiamento de capital fixo: a constante preocupação com a inflação faz

com que as Instituições Financeiras tornem a concessão de financiamentos,

preferencialmente, restrita aos prazos mais curtos, mesmo porque, com exceção dos

recursos externos, é muito difícil de obter internamente quem esteja disposto a

aplicar recursos a prazos mais longos e, portanto, dar funding (consolidação de

débitos de curto prazo, através da emissão de novos débitos de longo prazo,

manobra esta realizada com o objetivo de garantir a saúde financeira da empresa no

período do investimento) para as operações de longo prazo. Deste modo, os

financiamentos com essas características, geralmente são realizados por entidades

e instituições financeiras governamentais (MELO, 2011).

O autor define o crédito rural como o fornecimento de recursos financeiros

para aplicação exclusiva em atividades agropecuárias que tem por objetivos:

Incentivar os investimentos rurais realizados por produtores e suas associações, tais

como as cooperativas. Possibilitar o custeio da produção, seu armazenamento e sua

posterior comercialização de maneira oportuna, e eficiente. Consolidar, de maneira

geral, o setor rural gerando ganho de competitividade. Estimular a melhoria dos

meios de produção, aumentando a produtividade rural e aprimorando o padrão de

vida dos envolvidos em atividades rurais (MELO, 2011).

Por fim, para Melo (2011), o microcrédito é caracterizado por empréstimos de

pequenos valores, destinados a trabalhadores informais, microempreendedores,

empresários individuais e microempresas.

3.7 INADIMPLÊNCIA

A adimplência, ou seja, o cumprimento no pagamento de dívidas tem uma

função social muito importante, pois permite o retorno do capital ao mercado. E isso,

consequentemente, gera emprego e possibilita uma política de crédito mais flexível

com maior prazo de contratação.

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A lei e a doutrina estabelecem que os contratos devem ser cumpridos.

Quando a vontade é manifestada obriga o contratante, referindo-se ao princípio de

que “o contrato faz lei entre as partes”, tendo como principal finalidade a segurança

dos negócios.

Porém, a exceção, ou seja, o inadimplemento, o não cumprimento da

obrigação, vem acontecendo de forma corriqueira. Em regra, as obrigações são,

voluntariamente, cumpridas seja, espontaneamente por iniciativa do devedor, seja

após a interpelação feita pelo credor. Mas nem sempre é assim.

Qualquer que seja a prestação prometida o devedor está obrigado a cumpri-

la, tendo o credor o direito de receber exatamente o bem, serviço ou valor estipulado

na convenção, não sendo obrigado a receber coisa diversa.

Destarte, passamos a desenvolver o estudo definindo as características do

inadimplemento, sendo que este pode ser absoluto e relativo.

3.7.1 Inadimplemento absoluto

O artigo 389 do Código Civil estabelece que “não cumprida a obrigação,

responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária,

segundo índices oficiais regularmente estabelecidos e honorários de advogado”.

O referido artigo trata do inadimplemento absoluto que ocorre quando a

obrigação não foi cumprida nem poderá sê-lo de forma útil ao credor. Observa-se a

incidência dos juros e da atualização monetária como consequência natural do

completo ressarcimento dos danos. A atualização monetária não constitui nenhum

acréscimo, mas apenas uma forma de evitar a desvalorização da moeda pela

inflação. A correção monetária é uma forma de reparar o prejuízo sofrido pelo

credor. O inadimplemento contratual acarreta a responsabilidade de indenizar as

perdas e danos, nos termos do aludido art. 389.

3.7.2 Inadimplemento relativo

O inadimplemento é relativo no caso de mora do devedor, ou seja, quando

ocorre cumprimento imperfeito da obrigação, como, por exemplo, o pagamento fora

da data aprazada.

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3.7.3 Negociação e créditos inadimplidos

As pessoas, mesmo sem perceber, estão sempre negociando, por meio de

relacionamentos interpessoais, muito embora nem sempre chegam ao ponto alto da

negociação que é o acordo.

Blatt explicita que “um cobrador bem-sucedido deve saber como atacar, deve

fazer qualquer coisa para obter o seu dinheiro, sempre no limite legal e moral. A

realidade é que o cobrador está lidando com seres humanos, não robôs” (BLATT,

1999, p.106).

Já para Sebenius,(1998, p.82-86).

Negociação é um processo científico, na medida em que estabelecemos o problema conjunto que deve ser resolvido: criar, reivindicar e sustentar um valor ao longo do tempo; mas se a maneira como esse problema conjunto é resolvido mistura ciência e arte, o processo é muito criativo e oportunista, visto que se está pedindo tudo que é possível obter em determinada situação.

Ury (1998, p. 70-74) comenta que:

Ouvir alguém é a concessão mais barata que há; todos nós temos profunda necessidade de ser compreendidos, e, ao satisfazer essa necessidade, você pode fazer com que a negociação tome outro rumo. Ouvir requer paciência e autodisciplina. Ouvir não é fácil, mas pode ser algo valioso; proporciona uma janela para o pensamento da outra parte. Permite que você envolva a outra parte em uma tarefa conjunta – entender seu problema, fazendo com que ela fique mais disposta a ouvi-lo.

Para Blatt (1999), todas as empresas têm que lidar com clientes

problemáticos. Não somente com o pagador lento, para quem todas as técnicas

existentes podem ser exigidas para assegurar o pagamento, como também com o

cliente que está em dificuldades financeiras, e que por isso terá empecilhos para

efetuar o pagamento.

Para as empresas não só é necessário averiguar se o tomador de recursos é

proprietário de garantias necessárias, mas, é indispensável reconhecer a

capacidade de pagamento no futuro, que nos dirá se ele terá ou não solvência para

a quitação dos empréstimos.

Tendo como pano de fundo esta realidade, a maioria das empresas deve

adotar técnicas mais acuradas na análise e negociação dos créditos liberados aos

seus clientes para evitar ou diminuir as situações de inadimplência e até de

insolvência.

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Com isso a negociação nos leva a um desafio, que requer, para ser

conduzido, o trabalho de profissionais especializados.

Na visão de empresários conscientes, que estão em frequência com o mundo

dos negócios e com as variações do mercado financeiro, ações de prevenção bem

simples efetuadas antes da venda evitam o surgimento da inadimplência.

Para que o processo de concessão de crédito ou de venda seja mais bem

elaborado devemos levar em conta alguns parâmetros como o perfil dos clientes e

sua quantidade média, o valor da venda ou do crédito, os custos de elaboração das

pesquisas cadastrais, a rapidez do processo total, a imagem da empresa e a

quantidade de pessoal envolvido, dados estes que são essenciais ao bom

andamento do processo.

Mas a prevenção, apesar dos custos na sua elaboração, ainda é a melhor

maneira de evitar o problema da inadimplência, pois com a utilização de mínimos

recursos são evitados grandes prejuízos.

Mesmo tendo sido o crédito concedido profissionalmente, cercado de todas as

precauções, com um preço competitivo e com uma completa análise de crédito,

podemos ter a ocorrência da falta de pagamento e o consequente prejuízo. Será,

então, preciso refletir sobre os fatores causadores desta inadimplência, bem como a

maneira mais viável para resolver o problema.

3.8 RESPONSABILIDADE SOCIAL

Existem vários fatores que podem ter originado o conceito de

responsabilidade social. Em um contexto da globalizado e de mudanças na

sociedade surgiram novas preocupações e expectativas dos cidadãos, dos

consumidores, das autoridades públicas e dos investidores em relação às

organizações.

Os indivíduos e as instituições, como consumidores e investidores, passaram

a dar maior relevância a atividades desenvolvidas pelas empresas e também a

pressiona-las quanto à contribuição das mesmas no desenvolvimento

socioeconômico das comunidades onde estão inseridas, a observância de requisitos

ambientais e exigindo a entidades reguladoras, legislativas e governamentais a

produção de meios legais apropriados e a vigilância da sua aplicação.

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Diante desta nova realidade, as organizações buscaram uma nova diretriz para obtenção de lucro, pois as vantagens oferecidas em relação a valores já não são suficientes o bastante para a obtenção de um mercado consumidor. A qualidade do produto está pautada pela relação da empresa com a sociedade e seu comportamento ético e esses fatores determinam o comportamento dos consumidores (PAES, 2003, p. 25).

Ou seja, o grau de aceitação de uma empresa tem ligação direta com o modo

em que a mesma se relaciona com o meio onde está inserida.

Segundo Mifano (2002), a responsabilidade social empresarial das

organizações surgiu num contexto em que há uma crise mundial de confiança nas

empresas. Por este motivo, as organizações empresariais passaram a promover um

discurso politicamente correto, baseado na ética, implementando ações sociais que

podem trazer ganhos em condições de qualidade de vida e trabalho para a classe

trabalhadora ou, apenas, podem se tornar um mero discurso de marketing

empresarial desvinculado de uma prática socialmente responsável.

Todavia existe um conceito de responsabilidade social mais abrangente, que

envolve um maior número de atores e mais interação entre os mesmos, que é a

responsabilidade social corporativa.

A responsabilidade social corporativa é o comportamento ético e responsável na busca de qualidade nas relações que a organização estabelece com todos os seus stakeholders, associado direta e indiretamente ao negócio da empresa, incorporada à orientação estratégica da empresa e refletida em desafios éticos para as dimensões econômicas, ambiental e social. (KARKOTLI, 2006, p.63)

Deste modo podemos enxergar a responsabilidade social corporativa como o

conjunto amplo de ações que beneficiam a sociedade e as corporações que são

tomadas pelas empresas, levando em consideração a economia, educação, meio

ambiente, saúde, transporte, moradia, atividades locais e governo. Essas ações

otimizam ou criam programas sociais, trazendo benefício mútuo entre a empresa e a

comunidade, melhorando a qualidade de vida dos funcionários, quanto à sua

atuação da empresa e da própria população, conforme nos mostra a figura 3.

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Figura 3: Contexto da Governança Corporativa

Fonte: Vianna; Lino,( 2011p.34)

De acordo com este conceito uma organização voltada para o

desenvolvimento sustentável planeja nos seus negócios um horizonte

multidimensional, que engloba e asseguram os direitos civis, políticos, econômicos,

sociais, culturais e ambientais. Neste sentido, todos fazem parte de um sistema de

obtenção de uma economia solidária.

A percepção, por parte do empresariado, sobre a importância de um

desenvolvimento sustentado vem gerando uma postura que se contrapõe a cultura

de maximização dos lucros. O chamado capitalismo social proporciona novas formas

de relação entre empresas, funcionários, comunidades e clientes. (FERNANDES

2000). Ambos passaram a compartilhar objetivos e resultados visando otimização e

manutenção dos recursos necessários a sustentabilidade dos negócios.

Devido a este panorama, as empresas passaram a se reestruturar buscando

se adequar a esta nova realidade. As pressões sociais e restrições impostas faz com

que as empresas procurem formas de reduzir seu impacto ambiental e melhorar sua

imagem frente a sua responsabilidade social (CORAL, 2002).

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As organizações escolhem seus ambientes, e passam a ser condicionadas

por eles, necessitando adaptar-se aos mesmos para conseguirem sobreviver e

crescer (FERNANDES 2000).

As transformações econômicas, políticas e culturais que acontecem na

sociedade tornam-se, então, determinantes das novas posturas empresariais,

forçando as organizações a se submeterem às novas regras do mercado e quebrar

paradigmas (MULLER 2003).

Para o Instituto Ethos (2005) a Responsabilidade Social Corporativa tem

evidenciado, por meio de diversas pesquisas, uma série de benefícios para as

empresas que a introduzem em seu planejamento, como a redução de custos,

melhora de produtividade, crescimento de receitas, valorização da imagem

institucional, fidelização do consumidor e longevidade.

Entretanto, existem críticas sobre a forma com que algumas organizações

desenvolvem seus programas de responsabilidade social. Há empresas que

começam programas de RSE visando o benefício comercial que ocorre com o

aumento da sua reputação com o público ou com o governo.

Friedman(1970) sugere que as empresas que existem apenas para maximizar

os lucros são incapazes de defender os interesses da sociedade como um todo.

As organizações que implementam a RSE se beneficiam da proteção e

fortalecimento da imagem da marca e da sua reputação, favorecendo a imagem da

organização, pois a credibilidade passa a ser uma importante vantagem, um

diferencial competitivo no mundo globalizado.

A RSE adotou discursos de defesa da cidadania, da democracia, da

participação social, da solidariedade e da parceria para o enfrentamento da “questão

social” como uma estratégia ideológica, visando facilitar a ampliação de seus níveis

de acumulação. Assim, o termo cidadania foi banalizado e aparece de forma

genérica em seu discurso, tanto como democracia e solidariedade.

“A expressão “cidadania empresarial”, largamente utilizada para demonstrar

as ações de preocupação social dos empresários, serve apenas para legitimar seu

discurso” (MENEZES, 2010, p. 511-512).

A responsabilidade Social Empresarial atrai investidores, já que muitos

investidores individuais e institucionais sabem que há um maior retorno nas

empresas socialmente responsáveis, os programas de responsabilidade social saem

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de uma perspectiva de “bondade” empresarial e recaem em uma estratégia de

negócio, gerada pelas exigências do público-consumidor. Este novo posicionamento

da sociedade convoca as empresas a incluir considerações éticas e sociais em suas

práticas de marketing (KOTLER; KELLER, 2006).

Há críticas também quanto à responsabilidade social corporativa, Fischer

(2005) atribui a responsabilidade pelo desenvolvimento humano a todos os atores

sociais, estejam eles inseridos em organizações públicas ou empresariais bem como

na sociedade civil. A responsabilidade não é exclusiva das empresas. Segundo a

autora, as iniciativas de responsabilidade social por parte de empresas respondem

mais a uma exigência mercadológica do que a uma conscientização da necessidade

de mudança de valores universais.

Responsabilidade Social é um dos fenômenos de mercado proveniente da

globalização da economia. Ao longo dos ciclos históricos, tivemos a empresa

orientada sucessivamente para o produto, para o mercado e depois para o cliente.

Agora a empresa encontra-se orientada para o social (BICALHO, 2003).

Ao aceitarem o desafio que esses princípios representam as empresas que desejam atuar e adotar práticas de responsabilidade social contribuindo para a criação de uma sociedade mais prospera mais justa e fraterna, além de ficarem mais próximas de mercados que valorizam e priorizam produtos e empresas parceiras do desenvolvimento sustentado, que associa à dimensão econômica também as dimensões social e ambiental (KARKOTLI, 2006, p. 116-117).

Todavia a Responsabilidade Social vem movimentando um grande número de

organizações, e tem se mostrado como uma opção em busca da sustentabilidade.

Muller (2003), afirma que a sociedade tem exigido que as empresas explicitem suas

ações de responsabilidade social e por isso surgiu, a necessidade de se definirem

modelos em que se possa medir o grau de responsabilidade social das

organizações.

3.8.1 Indicadores

Jannuzzi (2001, p. 15) afirma que “o Indicador Social é um instrumento

operacional para monitoramento da realidade social, para fins de formulação e

reformulação de políticas públicas. É algo indispensável na realização de atividades

de planejamento público e de formulação de políticas sociais em todas as esferas do

governo, sendo também utilizados por instituições privadas que praticam a

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Responsabilidade Social. Por meio de Indicadores Sociais são criadas e

desenvolvidas ações de cunho social.

Indicadores sociais são instrumentos que conferem poder à sociedade civil, desde o processo de discussão da natureza das políticas governamentais, dos programas públicos e dos projetos de ação social até o monitoramento, o direcionamento e a avaliação dos mesmos. Em tese, com a produção e a disseminação das estatísticas públicas, os indicadores sociais ganharam visibilidade na sociedade e conferiram a ela o poder de interagir no panorama social e político (MULLER, 2003. p. 107).

Muller (2003), afirma que a forte pressão em busca de transparência nas

ações empresariais, criou-se uma grande quantidade de códigos de conduta,

princípios, técnicas de auditoria e critérios de avaliação. Algumas instituições

desenvolveram mecanismos e padrões de medição de suas ações e resultados, a

partir de modelos desenvolvidos especificamente para avaliar e divulgar informações

de cunho social.

A princípio, as informações eram restritas em aspectos financeiros e,

superficialmente ao meio ambiente. No entanto o aumento da relevância em relação

transparência forçou as empresas a prestarem informações mais precisas e

complexas. Foi necessário incluir as ações do campo social e, assim, contemplar

dados referentes ao tripé do desenvolvimento sustentável abrangendo o econômico,

o ambiental e o social.

Para corroborar neste processo, foram elaborados modelos de indicadores de

práticas de responsabilidade social. Dentre os quais podemos destacar os modelos

criados pelo Global Reporting Initiative (GRI), o Instituto Brasileiro de Análises

Sociais e Econômicas (Ibase) e o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade

Social (Instituto Ethos).

3.8.2 Global Reporting Initiative

A Global Reporting Initiative (GRI) foi constituída em 1997, pela Coalition for

Environmentally Responsible Economies (CERES) em parceria com o Programa de

Desenvolvimento das Nações Unidas, cujo objetivo é equiparar relatórios sociais e

de sustentabilidade aos relatórios financeiros, assim como construir uma base

comum sobre a qual se possa instituir uma estrutura consistente para a divulgação

de informações sobre as dimensões econômicas, ambientais e sociais. A GRI

também desenvolve e dissemina um conjunto de diretrizes aplicáveis à elaboração

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de relatórios de sustentabilidade através do GRI Guidelines, o Sustainability

Reporting Guidelines.

O processo de construção das Diretrizes para a Elaboração de Relatórios

sobre Sustentabilidade envolveu inúmeros stakeholders, que se reuniram para

elaborar a sua primeira versão, datada de março de 1999. Nos anos seguintes, as

Diretrizes passaram por criteriosas revisões, num processo de plena transparência e

acessibilidade, e atualmente as Diretrizes encontram-se traduzidas em oito idiomas,

sendo que a GRI produz periodicamente boletins informativos para manter

atualizada a sua rede de mais de 2.500 stakeholders.

A GRI sugere 103 indicadores diferentes, os quais são agrupados nos termos

das três dimensões que convencionalmente definem o desenvolvimento sustentável:

a econômica, a ambiental e a social.

3.8.3 Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

O IBASE é uma organização não governamental, suprapartidária, sem fins

lucrativos e sem vinculação religiosa, reconhecida como de utilidade pública federal,

estadual e municipal (IBASE, 2002). Suas ações demonstram comprometimento

com relação à defesa dos direitos humanos, à justiça, ao bem-estar e ao

fortalecimento da democracia.

A missão do IBASE (2002) é atuar estrategicamente no desenvolvimento de

uma sociedade plenamente democrática, sem miséria, pobreza, desigualdade,

negação dos direitos humanos ou quaisquer outras formas de exclusão social.

O IBASE desenvolve Programas de Ação com os seguintes focos: Políticas

Públicas e Globalização, Processos Sociais de Inclusão, Participação e

Desenvolvimento Local Sustentável, além de Transparência e Responsabilidade

Social, foco desta dissertação.

Uma de suas prioridades políticas é, justamente, estimular o exercício da

responsabilidade social, não apenas das empresas, mas também do Estado e dos

cidadãos. Para tanto, o Programa Transparência e Responsabilidade Social objetiva

sensibilizar empresas, governos e sociedade no enfrentamento da pobreza e das

desigualdades, através da transparência no orçamento público e no balanço social

das empresas (IBASE, 2002).

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3.8.4 Os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial

O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização

sem fins lucrativos fundado no ano de 1998. Os Indicadores Ethos de

Responsabilidade Social podem ajudar as empresas a trilhar o caminho da

responsabilidade social corporativa, já que uma empresa que se associa ao Instituto

Ethos passa a ter acesso a informações atualizadas a respeito de ações

empresariais socialmente responsáveis, além de receber apoio técnico no

gerenciamento de seus negócios.

Sua missão é mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerirem seus

negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de

uma sociedade mais próspera e justa (ETHOS, 2002).

Para alcançar seus objetivos, o Instituto Ethos (2000) oferece aos associados

uma série de produtos e orientações que buscam auxiliar as empresas a

compreender e incorporar o conceito de responsabilidade social, mobilizando-as

para implementação de políticas e práticas que atendam a elevados critérios éticos.

(MUELLER, 2003)

A disseminação da prática da responsabilidade social é prioridade para o

Instituto Ethos que se propõe a participar de seminários e encontros que promovam

a discussão da temática e a troca de experiências. Em busca de capacitação e de

instrumentalização, o Instituto Ethos procurou formar parcerias com entidades

internacionais (MULLER, 2003).

Visando fortalecer a cultura da responsabilidade social no Brasil, o Instituto

Ethos criou os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social, e o Guia de

Elaboração de Relatório e Balanço Social de Responsabilidade Social Empresarial.

Os Indicadores Ethos foram criados de seguindo alguns parâmetros de

pesquisa e benchmark de normas e certificações, nacionais e internacionais.

Utilizou-se a ISO 9000, a ISO 14000, a SA 8000 e também a AA 1000.

Durante o processo de sua criação foram referenciados também os princípios

e diretrizes da GRI. Após pesquisar os indicadores mais adequados à prática da

responsabilidade social corporativa, a própria equipe do Instituto Ethos desenvolveu

os indicadores em parceria com outros profissionais, com empresas e com a

Fundação Ação Vida e Natureza (MULLER, 2003).

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De acordo com Grajew (2001), os indicadores têm como principal objetivo

apresentar para o setor empresarial e a sociedade em geral o que é

responsabilidade social, sua abrangência e profundidade. Antes de ser uma

ferramenta de avaliação, é um instrumento didático que busca inserir,

definitivamente, as práticas socialmente responsáveis na agenda das organizações.

Por meio dos Indicadores Ethos de Responsabilidade Social, a empresa pode

avaliar, e planejar suas ações de responsabilidade social em busca da excelência e

a sustentabilidade de seus negócios. Sendo possível verificar o estágio em que se

encontram as práticas de responsabilidade social na empresa e aprimorá-las quando

necessário (MULLER, 2003).

A primeira versão dos Indicadores Ethos surgiu em junho de 2000, sendo que

a edição de 5 mil exemplares se esgotou em menos de um ano. Atualmente já foram

criados modelos de indicadores sociais baseados nos modelos do Instituto Ethos,

como é o caso do modelo apresentado por Karkotli (2006), criado a partir de estudos

desenvolvidos pelo Instituto Ethos.

TEMAS INDICADORES

VA

LO

RE

S

E

TR

AN

SP

AR

ÊN

CIA

COMPROMISSOS ÉTICOS

ENRAIZAMENTO NA CULTURA ORGANIZACIONAL

DIÁLOGO DOS STAKEHOLDERS

RELAÇÕES COM A CONCORRÊNCIA

BALANÇO SOCIAL

BL

ICO

IN

TE

RN

O

RELAÇÕES COM SINDICATOS

GESTÃO PARTICIPATIVA

PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS E BONIFICAÇÕES

COMPROMISSO COM O FUTURO DAS CRIANÇAS

VALORIZAÇÃO DA DIVERSIDADE

COMPORTAMENTO FRENTE A DEMISSÕES

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87

COMPROMISSO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL E

EMPREGABILIDADE

CUIDADO COM SAÚDE, SEGURANÇA E CONDIÇÕES DE

TRABALHO

PREPARAÇÃO PARA APOSENTADORIA

ME

IO A

MB

IEN

TE

CONHECIMENTO SOBRE IMPACTO NO MEIO AMBIENTE

MINIMIZAÇÃO DE ENTRADAS E SAÍDAS DE MATERIAIS NA

EMPRESA

RESPONSABILIDADE SOBRE O CICLO DE VIDA DOS

PRODUTOS E SERVIÇOS

COMPROMETIMENTO SOBRE O IMPACTO NO MEIO

AMBIENTE

FO

RN

EC

ED

OR

ES

CRITÉRIO DE SELEÇÃO DE FORNECEDORES

TRABALHO INFANTIL NA CADEIA PRODUTIVA

RELAÇÕES COM OS TRABALHADORES TERCEIRIZADOS

APOIO AO DESENVOLVIMENTO DE FORNECEDORES

PRÁTICAS ANTICORRUPÇÃO E PROPINA

LIDERANÇA E INFLUÊNCIA SOCIAL

PARTICIPAÇÃO EM PROJETOS SOCIAIS GOVERNAMENTAIS

CO

NS

UM

IDO

RE

S/

CLIE

NT

ES

POLITICA DE MARKETING E COMUNICAÇÃO

EXCELÊNCIA NO ATENDIMENTO

CONHECIMENTO DOS DANOS POTENCIAIS DOS PRODUTOS

E SERVIÇOS

CO

MU

NID

AD

E

GERENCIAMENTO IMPACTO EMPRESA JUNTO A

COMUNIDADE

RELAÇÕES COM ORGANIZAÇÕE ATUANTES NA

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88

COMUNIDADE

MECANISMO DE APOIO A PROJETOS SOCIAIS

ESTRATÉGIA DE ATUAÇÃO NA ÁREA SOCIAL

MOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS PARA INVESTIMENTO

SOCIAL

RECONHECIMENTO/APOIO TRABALHO VOLUNTÁRIO DOS

FUNCIONÁRIOS

GO

VE

RN

O E

SO

CIE

DA

DE

CONTRIBUIÇÕES PARA CAMPANHAS POLITICAS

PRATICAS ANTICORRUPÇÃO E PROPINA

LIDERANÇA E INFLUÊNCIA SOCIAL

PARTICIPAÇÃO EM PROJETOS SOCIAIS GOVERNAMENTAIS

Quadro 4: Indicadores Sociais

Fonte: Elaborado por Instituto Ethos, 2005.

O modelo que consiste em um questionário composto de indicadores é

dividido em sete temas: valores e transparência; público interno; meio ambiente;

fornecedores; consumidores/clientes; comunidade; governo e sociedade, que

permitem fazer uma avaliação mais concisa do grau de responsabilidade social das

empresas.

Cada um destes sete temas é composto por ações sociais que são

desenvolvidas pelas organizações. Por meio dos indicadores busca-se mensurar a

efetividade e o alcance das ações sociais desenvolvidas pelas mesmas e a partir

dos resultados obtidos é possível medir em que áreas a empresa desenvolve mais

ações sociais e que áreas necessitam melhorias, sendo uma ferramenta

imprescindível para empresas que visam à responsabilidade social, pois permite não

só a mensuração, mas também o controle das ações sociais desenvolvidas.

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89

3.8.5 Ações sociais

Segundo Coelho (2000) novas combinações de antigos conceitos como

caridade, filantropia e ação social começaram a surgir por meio de diferentes

formas de organização da sociedade civil, particularmente com a criação dos

movimentos sociais e das organizações sem fins lucrativos (conhecidas como

organizações não governamentais e terceiro setor), sugerindo a realocação e a

transformação das funções dos diferentes atores sociais.

Na evolução deste processo surgiu um novo ator social: as empresas, que

desenvolvem programas, projetos e ações sociais visando à educação, a

promoção social, a saúde, a criança e ao adolescente, o meio ambiente e a

cultura, entre outros (MUELLER, 2003).

Muller (2003) também afirma que, com o passar dos anos, a ação

humanitária mais simples, baseada na religião (a caridade) evoluiu para um

relacionamento mais complexo, em que a principal característica é a intenção de

apoiar a cidadania participativa. Devido a este panorama surgem a filantropia

empresarial e a empresa cidadã, comprometida com a promoção da cidadania e o

desenvolvimento da comunidade por meio do investimento social privado.

O cenário de mudanças aceleradas, aliado ao agravamento dos problemas

sociais, o bem-estar da sociedade passou a depender da participação direta das

empresas na adoção de ações sociais isoladas, no estabelecimento de parcerias

e, inclusive, na formulação e implantação de projetos sociais próprios, o princípio

destas ações decorre da prática de ações filantrópicas, as quais se desenvolveram

através das atitudes e ações individuais de alguns empresários (MULLER, 2003).

Com o passar do tempo as ações de filantropia evoluíram do caráter de caridade

para a noção de consciência social, de bem comum e de dever cívico.

Filantropia trata basicamente de ação social externa da empresa, tendo

como beneficiário principal a comunidade em suas diversas formas (conselhos

comunitários, organizações não governamentais, associações comunitárias etc.).

A Responsabilidade Social foca a cadeia de negócios da empresa e engloba

preocupações com um público maior (acionistas, funcionários, prestadores de

serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio-ambiente),

cujas demandas e necessidades a empresa deve buscar entender e incorporar em

seus negócios. Assim, a Responsabilidade Social trata diretamente dos negócios

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da empresa e como ela os conduz (ETHOS, 2002).

O Instituto Ethos (2002) define ação social das empresas como qualquer

atividade realizada pela empresa para atender às comunidades em suas diversas

formas (conselho comunitário, organizações não governamentais, associações

comunitárias, etc.), em áreas como assistência social, alimentação, saúde,

educação, cultura, meio ambiente e desenvolvimento comunitário.

O relacionamento das empresas brasileiras com a questão social teve início

com a criação da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas – ADCE, em

1960, que propagou a importância da ação social dessas instituições (FERREIRA;

BARTOLO, 2005).

Porém, só a partir do início dos anos 90, é que algumas organizações

começaram a levar a sério esta questão e a divulgar sistematicamente em

balanços e relatórios sociais as ações realizadas que resultassem em benefícios à

comunidade, ao meio ambiente e a seus funcionários (CAMPOS, 2007).

Uma ação social bem conduzida proporciona a qualquer empresa posição

de destaque na sociedade onde atua e pode ser fator decisivo na autopreservação

empresarial. Dependendo dos resultados dos projetos sociais por ela financiados,

a empresa reforça sua imagem, torna-se mais conhecida e vende mais. Seus

produtos, serviços e, sobretudo sua marca ganha maior visibilidade, aceitação e

potencialidade (BERTONCELLO; JUNIOR 2007).

Com melhor entendimento do alcance e dos impactos de uma ação social,

investidores e doadores teriam mais um motivo para manter ali seus investimentos

e contribuir para a continuidade da ação transformadora, para que dela possam se

beneficiar (OLIVEIRA, 2008).

Para Melo Neto e Froes (2001) há uma grande diferença entre as ações de

responsabilidade social e as ações de filantropia.

Logo, os autores afirmam que a responsabilidade social está diretamente

relacionada com a promoção da cidadania, com a sustentabilidade e a autos

sustentabilidade das comunidades, enquanto a filantropia é baseada em ações

assistencialistas cujo objetivo é contribuir para a sobrevivência de grupos sociais

desfavorecidos.

Outra característica mencionada pelos autores se refere à extensão das

ações de responsabilidade social, considerando que as mesmas abrangem toda a

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cadeia de negócios da empresa, ou seja, o grupo de stakeholders.

Filantropia Responsabilidade Social

Ação individual e voluntária Ação coletiva

Fomento da caridade Fomento da cidadania

Base assistencialista Base estratégica

Restrita a empresários filantrópicos e abnegados Extensiva a todos

Prescinde de gerenciamento Demanda gerenciamento

Decisão individual Decisão consensual

Quadro 5: Diferenças entre a filantropia e a responsabilidade social

Fonte: Melo Neto e Froes, (2001 p.28).

Enquanto as ações de filantropia se restringem ao âmbito dos empresários

filantrópicos, concretizando-se através de doações a grupos ou entidades, a

filantropia decorre de uma ação individual e voluntária. A responsabilidade social

parte, assim, de uma ação que visa o coletivo e tem por objetivo transformar uma

dada realidade, promovendo, principalmente, a inclusão social (MULLER, 2003).

3.8.6 Inclusão social

Sassaki, (1997, p. 83) acredita que “a inclusão social é o meio pelo qual a

sociedade se adapta para incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com

necessidades especiais, ao mesmo tempo em que estas se preparam para

assumir seus papéis na sociedade”.

De acordo com o autor, se faz necessário uma mudança na sociedade, pois

a mesma deve compreender que precisa ser capaz de atender às necessidades

de seus membros, e tratar estes como parceiros na discussão de problemas e

soluções.

Todavia estabelece que isso não seja algo que ocorre com facilidade. Para

o autor a inclusão social é um processo que contribui para a construção de um

novo tipo de sociedade, por meio de transformações, que podem incorrer nos

espaços físicos das cidades, meios de transporte, nas políticas públicas, na

mentalidade das pessoas, sejam elas: jovens, adultas ou idosas.

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Faleiros (2006) alerta que a questão da inclusão social está extremamente

ligada à exclusão.

Já Costa (2006) afirma que a expressão “exclusão social” é utilizada hoje de

maneira generalizada. Percebemos, portanto, que não há consenso entre os

especialistas quanto ao sentido da mesma.

Martins (2002) explicita que a exclusão social pode ser entendida como

resultado de uma mudança da sociedade a partir do desenvolvimento capitalista. É

a expressão da incerteza e insegurança teórica na compreensão dos problemas

sociais da sociedade contemporânea.

Segundo Faleiros (2006), a exclusão é reflexo da desigualdade social,

característica marcante do capitalismo. Resulta da relação de exploração de uns

sobre os outros, dentre os que possuem mais poder sobre os que possuem menor

poder aquisitivo. Essa exploração pode ser econômica, política ou cultural e está

inserida na organização e participação na vida social, proporcionando benefícios

para uns em detrimento de outros. Fato que representa a relação existente entre a

exclusão e inclusão. Uma não existe sem a outra, num movimento constante

marcado por conflitos.

Para Martins (2002) a questão é muito mais social do que econômica. As

políticas compensatórias oferecidas são até certo ponto necessárias na tentativa

de amenizar os efeitos cruéis deste modelo econômico. Entretanto, o autor

considera que optar por essas políticas só confirma e legitima a exclusão, que não

deve ser vista como uma novidade, pois sempre existiu nas sociedades

tradicionais.

A exclusão moderna é um problema social pelo fato de abranger a todos os

cidadãos, desde os que são privados do básico para viver com dignidade aos que

convivem com o terror da incerteza quanto ao próprio destino e ao destino dos

filhos e dos próximos.

Martins acredita que, a verdadeira exclusão, portanto, está na

desumanização própria da sociedade contemporânea que, ou nos torna

condizentes com esta situação, ou nos torna indiferentes em relação aos que não

têm um teto, não têm trabalho e, sobretudo, não têm esperança (MARTINS, 2002).

Para enfrentar os processos de exclusão social existentes, se faz necessário

criar estratégias de inclusão social. Um caminho pode ser o da política social,

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sejam estas públicas: desenvolvidas pelo Estado ou privadas: desenvolvidas por

empresas e instituições. Essas políticas devem procurar criar ações que

possibilitem a seus usuários se tornarem protagonistas de suas próprias histórias,

considerando principalmente os princípios da Constituição Federal de 1988,

regidos pelos direitos sociais e pela cidadania.

Para Mota (2007) a inclusão e a cidadania, apesar de serem considerados

processos utópicos por alguns autores, também são considerados processos que

buscam de alguma forma reverter ou amenizar os efeitos provocados pelos

processos de exclusão social que representam uma negação da cidadania. De

acordo com a autora, para reverter esses processos se faz necessário pensar em

maneiras para reduzir a desigualdade, na efetivação de direitos, em justiça social

e no acesso a bens e serviços.

É responsabilidade do poder público viabilizar a inclusão social, realizando,

para tanto, ações essenciais para o desenvolvimento da cidadania. Estas ações

devem contemplar não apenas a renda, mas também o acesso às políticas e aos

serviços sociais. Seria essa a função da inclusão social, vista como uma

possibilidade de enfrentamento da situação de exclusão por meio da

implementação de políticas sociais (MOTA, 2007).

A partir dessa mudança de enfoque, não se trata mais de resgatar os

“desviantes” ou “incapacitados”, mas de lutar por formas dignas de inclusão social

para o conjunto da população. [...] Uma política realmente cidadã deve procurar

“excluí-los da precariedade”, protegendo-os do mundo abjeto do ganho e do lucro

imediato e possibilitando o desenvolvimento de suas criatividades e

potencialidades (POCHMANN, 2004).

A sociedade precisa atender às necessidades de seus membros mais

necessitados e buscar meios de incluí-los em seus sistemas sociais. A inclusão

social é um processo que permite transformar a sociedade utilizando-se de

políticas que tenham como objetivo, o reconhecimento da cidadania, o

fortalecimento da autoestima, das relações sociais e a elevação da renda,

envolvendo o homem como um todo (MOTA, 2007).

Deste modo, é preciso levar em conta as necessidades humanas e não

apenas os interesses de aspectos econômicos, mas também os aspectos

ambientais e sociais, como é defendido no conceito do triple bottom line. De

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acordo com este conceito a integração de quesitos econômicos, sociais e

ambientais é capaz de promover a sustentabilidade.

3.8.7 Sustentabilidade

O crescimento é inevitável, entretanto se continuarmos crescendo de

maneira desordenada como acontece atualmente é grande o risco de nosso

planeta entrar em colapso. É necessário criar estruturas para suportar este

crescimento, buscando maneiras de produzir mais, reciclar mais, conscientizar

mais, e consumir menos, pois os recursos naturais são limitados. “Criamos uma

economia que não pode sustentar o progresso econômico, uma economia que não

pode nos conduzir ao destino desejado” (BROWN, 2003, p. 06).

Há um novo paradigma da sustentabilidade que propõe uma nova dinâmica

e ordem para a sociedade atual, relacionando principalmente à interação e

cooperação entre governos, empresas e sociedade civil organizada na construção

de uma sociedade mais justa e sustentável.

Uma sociedade é sustentável, “ao atender, simultaneamente, aos critérios

de relevância social, prudência ecológica e viabilidade econômica, os três pilares

do desenvolvimento sustentável” (SACHS, 2002, p.35).

É com base nesta lógica que as empresas devem adotar políticas e práticas

de sustentabilidade, buscando, incorporar estrategicamente aos seus negócios as

dimensões, econômica, ambiental e social do desenvolvimento sustentável,

apoiando-se na integração destes três quesitos, constituindo o tripé conhecido

como triple-bottom line.

Figura 4: Triple bottom line.

Fonte: Alledi Filho ET al. (2003) apud Oliveira, et al, (2012 p.73).

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O conceito do Triple Bottom Line surgido do estudo realizado por Elkington

(1994), no inglês, é conhecido por 3P (People, Planet e Profit); traduzido para o

português, seria PPL (Pessoas, Planeta e Lucro) (OLIVEIRA, ET AL. 2012).

Ao realizarmos uma análise individual, tem-se: o Econômico, que visa é a

criação de empreendimentos viáveis e atraentes para os investidores; o Ambiental,

que se propõe a analisar a interação de processos com o meio ambiente sem lhe

causar danos permanentes; e o Social, cujo objetivo é o estabelecimento de ações

justas para trabalhadores, parceiros e sociedade. Estes três pilares juntos se

relacionam de tal forma que a interseção dos mesmos, resultaria no alcance da

sustentabilidade (OLIVEIRA, et al, 2012).

O conceito de sustentabilidade está extremamente ligado ao conceito de

responsabilidade social das organizações. Desta forma a ideia de sustentabilidade

adquire contornos de vantagem competitiva.

Segundo Porter (1989) normalmente as companhias têm uma estratégia

económica e um estratégia de responsabilidade social e o que elas devem ter é uma

estratégia só. Uma consciência sustentável, por parte das organizações pode

significar uma vantagem competitiva e trazer benefícios para as mesmas.

A adoção de práticas empresariais sustentáveis é uma realidade possível e que está ao alcance de todos. Na conjuntura tecnológica e científica dos dias de hoje, para uma empresa se tornar sustentável é algo que está mais relacionado às questões culturais e a paradigmas carregados ao longo de anos do que a capacidade intelectual e econômica de construir novos modelos de desenvolvimento (ZAMBOM; RICCO, 2010, p.121).

O desenvolvimento sustentável pode ser uma oportunidade para novos

negócios. O crescimento dos níveis de desenvolvimento humano tem proporcionado

maior poder de compra para as pessoas que se encontram na base da pirâmide da

economia e pode ser refletida no crescimento do consumo e o consequente

aumento na oferta de produtos e serviços a mercados, anteriormente, inexplorados.

Com a melhoria das condições de vida da população criou-se um ambiente

propício para o desenvolvimento de novos negócios.

Para Zambom; Ricco, (2010) a base da pirâmide ainda é uma demanda

reprimida, que pode ser um alvo importante para as novas tecnologias e para o

desenvolvimento de novos negócios, quer exijam ou não uma nova estrutura para a

atividade empresarial.

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[...] os inovadores concorrem contra o não-consumo – ou seja, eles oferecem um produto ou serviço a pessoas que de outra forma seriam deixadas totalmente de fora ou permaneceriam mal atendidas pelos produtos existentes. Essa é a segunda razão pela qual a base da pirâmide oferece melhores mercados para negócios crescentes [...]. Quando trazem um produto inovador para clientes que eram mal atendidos ou até mesmo ativamente explorados, estes ficam encantados por terem produtos simples com funcionalidade modesta (HART, 2006, p.127).

As populações mais pobres representam um novo desafio gerencial para as

grandes organizações. Tornou-se evidente que há um grande mercado potencial a

ser atendido na base da pirâmide (HART, 2006). Neste contexto é possível

encontrar oportunidades para fazer dos mercados de baixa renda uma possibilidade

de expansão e criação de novos negócios.

Almeida (2002) diz que a sustentabilidade exige um novo paradigma:

orgânico, holístico e integrador. E é desta forma que a referida empresa se

posiciona, na medida em que acredita que a sustentabilidade é um conjunto e que

todos os aspectos são interligados e interativos.

Isto fez as empresas repensarem seu posicionamento, passando a direcionar

seus esforços também para novas oportunidades, até então ignoradas ou

desconhecidas. (ZAMBOM; RICCO, 2010).

Deste modo, um esforço sistemático voltado para a sustentabilidade e para

inovação, pode representar uma alternativa para mercados altamente competitivos e

até mesmo saturados, como é o caso do mercado bancário brasileiro que é bastante

competitivo, mas que ainda não explora todo o potencial existente na base da

pirâmide.

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4 METODOLOGIA

De acordo com Gil (2008) o objetivo da ciência é checar a veracidade de

determinados fatos. Para tal, o método científico acadêmico necessita de

comprovação de determinado conhecimento como cientifico por meio de métodos e

técnicas.

A metodologia indica como se deve fazer a pesquisa ao qual foi proposta,

onde o pesquisador deverá escolher a maneira como irá organizar as diversas

informações para testar as hipóteses que foram levantadas ou para descrever

alguns fenômenos.

Neste capítulo, serão abordados os métodos e técnicas utilizados para a

elaboração desta pesquisa, tendo como tópicos: Os tipos de pesquisa utilizados,

bem como a forma de coleta e análise dos dados.

4.1 TIPOS DE PESQUISA

Quanto à natureza da pesquisa, pode se afirmar que ela é do tipo ‘aplicada’. A

pesquisa aplicada tem como objetivo “gerar conhecimento para aplicação prática e

dirigida à solução de problemas específicos” (SOUZA; FIALHO; OTANI, 2007, p.38).

Conforme Santaella,

A motivação principal das pesquisas aplicadas, por seu lado, está na contribuição para resolver um problema. Para tal, ela aplicará conhecimentos já disponíveis, mas das aplicações podem resultar não apenas a resolução do problema que a motivou, mas também a ampliação da compreensão que se tem do problema, ou ainda a sugestão de novas questões a serem investigadas (SANTAELLA, 2001, p.140).

Quanto à abordagem, utilizou-se a pesquisa qualitativa, pois não requer o uso

de métodos e técnicas estatísticas. A pesquisa qualitativa, segundo Souza; Fialho e

Otani,

“[...] é uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito [...]. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento chave [...]. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais da abordagem” (2007, p. 38).

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A abordagem qualitativa, conforme Marconi e Lakatos (2001, p. 109) permite

elaborar “relações entre caraterísticas observáveis, ou experimentalmente

determináveis, de um objeto de estudo denominado: leis teóricas ou simplesmente

teoria”.

As pesquisas que utilizam da abordagem qualitativa possuem a facilidade de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos de mudanças (OLIVEIRA, 2001, p. 117).

Trata-se de pesquisa exploratória, haja a vista a abordagem de várias

questões expostas neste estudo. Devido a peculiaridades envolvidas na gestão do

microcrédito e a grande variedade de questões a serem abordadas, recomenda-se

explorar os assuntos aqui apresentados sem grande aprofundamento.

A pesquisa exploratória proporciona maior proximidade com o problema, visando a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Procura aprimorar ideias ou descobrir intuições. Possui um planejamento flexível envolvendo em geral levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos similares. Assume, em geral, as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso. (GIL, 1996 apud SILVA; KARKOTLI, 2011, p. 10 e 11).

Esse tipo de pesquisa é recomendado para pesquisadores que possuem

pouco conhecimento sobre o assunto pesquisado, pois, geralmente há pouco ou

nenhum estudo publicado sobre o tema (COLLIS; HUSSEY, 2005).

Por se tratar de um tema ainda recente na literatura, ainda não há muitos

estudos publicados a respeito do microcrédito produtivo orientado.

Quanto aos seus procedimentos, a pesquisa é bibliográfica. De acordo com

Gil (1991) a pesquisa bibliográfica é elaborada a partir de material já publicado,

constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material

disponibilizado na Internet. É um procedimento importante que contribuiu para a

explanação dos conceitos de microcrédito, assim como o histórico, o público-alvo e a

situação atual no Brasil.

Por sua vez a pesquisa documental é aquela que é elaborada a partir de

materiais que não receberam tratamento analítico.

A pesquisa documental trilha os mesmos caminhos da pesquisa bibliográfica, não sendo fácil por vezes distingui-las. A pesquisa bibliográfica utiliza fontes constituídas por material já elaborado, constituído basicamente por livros e artigos científicos localizados em bibliotecas. A pesquisa

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documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento analítico, tais como: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais, cartas, filmes, fotografias, pinturas, tapeçarias, relatórios de empresas, vídeos de programas de televisão, etc. (FONSECA, 2002, p. 32 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 37).

Foi concretizada pesquisa documental na empresa, através de relatórios

internos, além de informações disponibilizadas e meios eletrônicos acerca do

assunto abordado, com o objetivo de expor e compreender de maneira mais efetiva

a situação que se apresenta, além de levantamento de dados que foi realizado no

segundo semestre de 2015 com objetivo de proporcionar maior aprofundamento no

tema de estudo.

Levantamento: envolve a interrogação direta de pessoas cujo comportamento se deseja conhecer acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise qualitativa, identificar as conclusões correspondentes aos dados coletados (GIL, 1999 apud SILVA; KARKOTLI, 2011, p. 12).

O processo de levantamento das informações foi por entrevistas de roteiro

semiestruturado com a parte relevante envolvidas no processo de análise do

microcrédito no Banco do Empreendedor, com o intuito e de obter informações mais

detalhadas sobre a análise deste processo, sendo esta de suma importância para a

conclusão deste estudo de caso.

Conforme expõe Dencker,

O estudo de caso pode compreender análise de registros, observação de acontecimentos, entrevistas estruturadas e não-estruturadas ou qualquer outra técnica de pesquisa. Seu objeto pode ser um indivíduo, um grupo, uma organização, um conjunto de organizações, ou até mesmo uma situação (DENCKER, 2000, p. 127).

O estudo de caso é indicado para esta investigação, pois de acordo com Gil,

(1999) a maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias.

Por sua flexibilidade, é sugerido nas fases iniciais da pesquisa de temas complexos,

assim como, para a construção de hipóteses ou reformulação do problema. É,

portanto, utilizado nas mais diversas áreas do conhecimento. A coleta de dados

geralmente é feita por mais de um procedimento, entre os mais usados estão: a

observação, análise de documentos, a entrevista e a história da vida.

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4.2 COLETAS DE DADOS

A coleta de dados deste estudo está ajustada em livros, artigos científicos,

documentos internos e externos da empresa que são disponibilizados na internet,

além da realização de entrevistas com funcionário responsável pela analista de

microcrédito do Banco do Empreendedor.

As informações retiradas dos livros e artigos científicos serão utilizadas para

abordar o tema da pesquisa, seus objetivos e conceitos a respeito da análise

abordada trazendo mais credibilidade e segurança acerca das informações sobre a

análise do processo de microcrédito produtivo orientado e as ferramentas da análise

de processos.

O Banco do Empreendedor disponibilizou documentos internos onde a

pesquisadora teve acesso à mesa de análise do microcrédito, os normativos a

respeito do procedimento operacional utilizados pela analista para realizar a

liberação do crédito, visando obter o maior detalhamento possível acerca deste tipo

de análise.

A entrevista aplicada com a analista do microcrédito do Banco do

Empreendedor pode ser considerada etapa trivial para conclusão deste estudo.

Optou-se por roteiro de entrevista semiestruturado, para coletar dados primários,

pois nesse caso é possível um maior aprofundamento em questões que a

pesquisadora considere mais relevante enquanto está se aplicando a entrevista,

permitindo, inclusive, a inclusão de outros questionamentos durante a mesma.

É recomendada nos estudos exploratórios a entrevista informal que visa abordar realidades pouco conhecidas pelo pesquisador. É o tipo de entrevista menos estruturada possível e só se distingue da simples conversação porque tem como objetivo básico a coleta de dados. Utilizam-se como informantes-chaves, que podem ser especialistas no tema em estudo, líderes formais ou informais, personalidades e outras. (GIL, 1999 apud SILVA; KARKOTLI, 2011, p. 19).

A escolha da analista para se aplicar a entrevista se deu pelo fato da

entrevistada ser a pessoa mais capacitada para explicar como essa metodologia de

análise se aplica no Banco do Empreendedor.

Além destas técnicas, também se optou pela observação participante que

ocorre por meio do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado, para

recolher as ações da envolvida em seu contexto natural, considerando sua

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perspectiva e seus pontos de vista (CHIZZOTTI, 2001). A observadora assume o

papel de um membro do grupo e constitui elemento fundamental para a pesquisa. É

utilizada de forma exclusiva ou conjugada a outras técnicas. Pode-se definir a

observação como o uso dos sentidos com vistas a adquirir conhecimentos do

cotidiano (GIL, 1999).

4.3 FORMAS DE ANÁLISE

De acordo com Netto (2006), a análise propriamente dita é realizada em três

níveis: a interpretação, a explicação e a especificação. A etapa da interpretação é

considerada essencial para a análise da pesquisa. Sendo assim, é possível afirmar

que a análise interpretativa dos dados levou em consideração três aspectos

fundamentais: os resultados alcançados no estudo; a fundamentação teórica; e a

experiência pessoal do investigador.

Para facilitar a interpretação dos dados, é utilizada a categorização por

pessoa individual. A categorização, por si própria, é um procedimento para agrupar

dados, considerando a parte comum existente entre eles, classificando-os por

semelhança ou analogia. Sendo assim, na categorização foram listadas as treze

perguntas, e, abaixo delas as suas devidas respostas.

4.4 ANÁLISE GERAL

A análise geral tem como objetivo refletir sobre as respostas obtidas durante a

entrevista, a fim de alcançar resultados que possam auxiliar de alguma forma a

formulação da proposta de melhoria do setor de análise e o reflexo na inadimplência

do Banco do Empreendedor.

Quando se interroga a pessoa que faz análise do microcrédito a mesma, tem

um olhar crítico sobre a sua atuação e o método utilizado. Assim sendo, através da

entrevista foi possível identificar as possíveis barreiras da análise, as dificuldades

por não ter treinamento, material didático voltado para esta área de análise do

microcrédito.

Através da entrevista realizada foi também possível perceber que o setor de

análise do microcrédito do Banco do Empreendedor realiza o seu papel na medida

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do possível, porém, a base é que tem que melhorar. Além disso, o Banco do

Empreendedor não cobra o que é ensinado, deixando por conta do agente e do

auxiliar do agente de crédito. Portanto, as respostas obtidas comprovaram a

hipótese apontada na definição do problema.

4.5 RESULTADO DA PESQUISA

5. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMAS ENCONTRADOS

Com base nas respostas recolhidas através da entrevista, é possível perceber

algumas questões que podem ser trabalhadas pela empresa, cujo aprimoramento

contínuo é o objetivo principal:

A falta de comprometimento do agente de crédito e do auxiliar, com a parte

do levantamento de dados dos clientes, além de verificar a veracidade do

mesmo, pois encontra-se diversas divergências nos documentos

apresentados ao comparar-se com o LSE.

Outro ponto analisado é o preenchimento do LSE, pois faltam dados do

Empreendedor e sua Família, residência, renda familiar mensal, gastos

familiares mensais, conta corrente, física e jurídica, cartões de crédito,

qualificação (experiências anteriores ao negócio; grau de instrução; se fez

algum curso; o comportamento do empreendedor); dados do empreendimento

(características do negócio; histórico do empreendimento, situação

patrimonial do empreendimento, histórico de vendas, condições de

comercialização, principais clientes, principais fornecedores, considerações

sobre a concorrência, quadro de pessoal, registro e controle da empresa,

receitas operacionais mensais, custos variáveis, custos fixos, garantias).

A falta de padronização da empresa com os documentos e a forma correta de

preenchimento do LSE também causa divergência entre o analista e o as

agentes de créditos e coordenadores.

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5.1 ÁREA DE ANÁLISE DO BANCO EMPREENDEDOR

A atual analista do setor de análise de crédito do Banco do Empreendedor é

formada em administração de empresa pelo Centro Universitário Estácio de Sá, no

ano de 2011.

Sua trajetória no Banco do Empreendedor iniciou em 2008 como estagiárias e

no ano de 2009 foi contratada como auxiliar administrativo sendo que no ano de

2013 passou a ser analista, e, assim, permanece até então.

A área de análise de crédito do Banco do Empreendedor surgiu com a

necessidade de melhorar a liberação do crédito e diminuir a inadimplência e

melhorar a carteira de risco.

Para ser um analista entende-se que é preciso estar cursando ou ser formado

na área de administração ou economia, para compreender melhor o ambiente

econômico que está vivenciando para que, posteriormente, possa se realizar uma

boa análise do crédito, ter uma vivência da organização e saber como a empresa

funciona, conhecendo seus colaboradores, compreendendo como funciona o setor

de cobrança, para que assim, se saiba quais as dificuldades na hora de cobrar de

um cliente.

A área de análise de crédito é subordinada diretamente ao gerente geral, pois

não existe o cargo de Gerente de Operações. O gerente geral é o responsável direto

pelo setor e é subordinado ao Diretor Superintendente, pois o mesmo acompanha

diretamente a carteira de risco da organização.

O setor de análise de crédito não possui subordinado, e sim uma parceria

com o setor de contratos, pois através da decisão do analista é que o setor de

contratos poderá emitir o contrato, cheque e boletos para os clientes que se

encontram aguardando uma posição sobre o seu empréstimo.

5.2 COMO OCORREM O PROCESSO DA ANÁLISE DE MICROCRÉDITO

O agente de crédito lança a proposta na mesa de análise e o analista começa

a realizar a análise através do LSE (levantamento socioeconômico) que compreende

os dados familiares, dados do empreendimento, análise através dos 5Cs do crédito

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do parecer técnico. Abre-se, assim, a documentação do cliente para comparar com

os dados apresentados no LSE, e caso os dados estejam corretos voltam para o

LSE, ocorrendo a continuação da análise que, consequentemente, verificam-se as

sobras de gasto familiar, ou seja, se são condizentes tais gastos. Compara-se

novamente com os documentos a fim de avaliar a sua veracidade. Analisa-se o

histórico do empreendimento: Quando começou e onde começou. Verifica-se o

faturamento da empresa dos últimos meses, os custos da empresa, a capacidade

mensal do negócio. Se tudo estiver dentro dos critérios de análise, o credito é

aprovado pelo analista e repassado ao setor de contratos.

Se os valores solicitados passarem de R$: 5.000,00 (Cinco mil Reais) utiliza-

se o sistema SCR.

Este sistema se refere a um banco de dados que registra os empréstimos e

financiamentos que as pessoas físicas e jurídicas possuem perante as instituições

financeiras. Com este órgão de consulta, o analista de crédito avalia o risco que

cada cliente pode trazer para a empresa. Ou seja, nos casos em que o tomador já

possui sua renda comprometida em outras instituições financeiras, o crédito pode

ser negado.

Conforme o Bancoob (2011), as informações remetidas ao SCR são de

exclusiva responsabilidade das instituições financeiras, inclusive, no que diz respeito

às inclusões, correções, exclusões, marcações sub judice, ao registro de medidas

judiciais e de manifestações de discordância apresentadas pelos contratantes e são

enviadas ao Banco Central mensalmente. As instituições financeiras integrantes do

SCR podem ter acesso aos dados consolidados das operações de crédito de

clientes, desde que formalmente autorizadas por estes.

Desta forma, para consultar o Sistema de Informação de Crédito é necessário

que o cliente autorize formalmente que a instituição verifique seus valores

registrados perante o SCR.

Segundo o Banco Central (2011) o Sistema de Informação de Crédito do

Banco Central é o maior cadastro brasileiro baseado em informações positivas e

contém dados sobre o comportamento dos clientes no que se refere às suas

obrigações contraídas no sistema financeiro. Esses dados são compartilhados com

as instituições participantes, contribuindo para diminuir a inadimplência e melhorar a

gestão do risco de crédito.

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Neste sentido, é possível perceber que o SCR é uma importante ferramenta

para as instituições financeiras na gestão de suas carteiras de crédito. Este avalia o

futuro tomador e dá suporte à inadimplência. Isso porque, o devedor fica registrado

com dívida vencida no Sistema de Informações de Crédito, consequentemente,

tendo problemas futuros com novos créditos que solicitará.

Mas esse produto de consulta é utilizado em caso de dúvida no LSE e nos

valores acima de R$: 5.000,00 (cinco mil reais), pois, pode-se solicitar uma nova

visita do agente de crédito e seu coordenador para apuração de mais dados.

Nesse período o contrato fica na mesa em estado de espera até ser

apresentado os documentos solicitados, ou caso esteja tudo dentro das normas de

análise do Banco e o parecer for favorável é aprovado o crédito e enviado para o

setor de contratos para emissão do mesmo.

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No (quadro 6) o mapeamento do processo que está em fase melhoria.

Quadro 6: Mapeamento de processo

Fonte: Fonte elaborada pelo autor, 2015.

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5.3 O PAPEL DO ANALISTA DENTRO DA ORGANIZAÇÃO É ESTRATÉGICO

O papel do analista dentro da organização é estratégico, pois visa não deixar

passar contratos de riscos que podem ser futuros contratos inadimplentes. A

organização preza muito pela análise do analista, pois este é um profissional

preparado para atuar sobre pressão e ser imparcial na sua decisão.

Ao se fazer análise do tomador, o analista quer extrair o máximo de

veracidade dos documentos apresentados, pois não é só o fato de emprestar, mas

sim de não endividar a família que está solicitando. O papel da organização junto ao

do analista é ver a rentabilidade que aquele empréstimo vai gerar na vida do

tomador.

E isto tem reflexo direto na inadimplência, pois quando a análise não é bem

realizada, não é bem fundamentada e acaba comprometendo a renda da família,

acaba-se colocando-o em situação de risco e levando-o a ser um inadimplente, pois

quando está ocorrendo a análise e o analista não verifica a viabilidade econômica do

negócio do cliente, isso pode gerar um inadimplente. É esta viabilidade que vai

mostrar se a empresa é rentável, se tem condições de se pagar a longo, médio e

curto prazo ou se esses empréstimos já estavam provisionados nas contas da

empresa.

Quando não analisado o mercado onde a empresa está inserida, não

verificando o período de sazonalidade da empresa, isto pode ocasionar em outro

fator que pode acarretar inadimplentes.

Por isso que a análise é tão importante: para verificar esses pequenos

detalhes que nas vendas não ocorrem e podem gerar, futuramente, uma carteira

com déficit.

Atualmente não existem cursos específicos para analista de microcrédito

orientado. Existe para operadores de análise de crédito de financeiras. A busca

constante de como melhorar a análise de crédito se dá por meio de bibliografias

voltadas para área, artigos científicos, e tutoriais de vídeos e a troca de experiências

com outras instituições do país.

As informações remetidas ao SCR são de exclusiva responsabilidade das

instituições financeiras, inclusive, no que diz respeito às inclusões, correções,

exclusões, marcações sub judice, ao registro de medidas judiciais e de

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manifestações de discordância apresentadas pelos contratantes, e que são enviadas

ao Banco Central mensalmente.

As instituições financeiras integrantes do SCR podem ter acesso aos dados

consolidados das operações de crédito de clientes, desde que formalmente

autorizadas por estes. Desta forma, para consultar o Sistema de Informação de

Crédito, é necessário que o cliente autorize formalmente, que a instituição verifique

seus valores registrados perante o SCR.

Segundo o Banco Central (2011), o Sistema de Informação de Crédito do

Banco Central é o maior cadastro brasileiro baseado em informações positivas e

contém dados sobre o comportamento dos clientes no que se refere às suas

obrigações contraídas no sistema financeiro. Esses dados são compartilhados com

as instituições participantes, contribuindo para diminuir a inadimplência e melhorar a

gestão de risco de crédito.

Neste sentido, é possível perceber que o SCR é uma importante ferramenta

para as instituições financeiras na gestão de suas carteiras de crédito. Este avalia o

futuro tomador e dá suporte à inadimplência, isso porque, o devedor fica registrado

com dívida vencida no Sistema de Informações de Crédito tendo, assim, problemas

futuros com os novos créditos que solicitará.

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6 PROPOSTAS DE MELHORIAS

Como solução para estes problemas identificados foi estudada uma proposta

de melhoria que seria a padronização das informações, aos funcionários de

atendimento, que no caso serão os agentes de créditos e seus auxiliares, pois se

existisse esse processo padronizado não ocorreriam tantas falhas na análise do

crédito, estimulando no agente de crédito o senso crítico, a responsabilidade com o

crédito emprestado, a responsabilidade social sobre aquele cliente. Ocorreriam,

também, visitas ao longo do empréstimo, não só quando o cliente atrasa, mas sim

fazer a função do Microcrédito produtivo orientado, pois atualmente só se empresta

o dinheiro e não se realiza o acompanhamento desse cliente.

Outro ponto é ver se realmente aquele empréstimo foi, de fato, produtivo para

o empreendimento, se ele conseguiu alcançar o seu objetivo com aquele

empréstimo, se era um capital de giro ou era para melhorar a produção ou serviço,

isso implica em dar o suporte necessário ao cliente, sanando dúvidas, por exemplo,

de como produzir um fluxo de caixa simples, controle melhor do estoque, auxiliar o

cliente caso veja nessas visitas que o mesmo pode estar se endividando e,

consequentemente, vir a ser um inadimplente com os seus fornecedores. Além

disso, também incentivar o cliente a procurar cursos na sua área de atuação ou

indicar vídeos, apresentar informativos, isto ajudaria o empreendedor a entender

melhor o mercado onde está inserido.

Outro ponto de sugestão de melhoria seria a visita do analista aos clientes

que tenham dúvidas sobre o LSE. Entretanto, como possuímos vinte e quatro

unidades espalhadas pelo Estado isso dificultaria ainda mais a análise. Portanto, o

que poderia ser feito é ir uma vez a cada regional e explicar a importância da

legalidade, da responsabilidade e do preenchimento correto do LSE, ainda que

todos tenham essa consciência de como deveria ser preenchido, mas, de forma a

fazê-los entender a missão e visão da organização que é ajudar a gerar renda aos

pequenos que não tem chance nas grandes financeiras.

A análise do crédito visa emprestar sem endividar o empreendedor, assim, é

necessário que os campos sejam preenchidos corretamente e que as informações

prestadas pelos clientes sejam verdadeiras. Por isso acredita-se que só emprestar o

dinheiro não ajuda, pois a grande maioria dos pequenos empreendedores tem o

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sonho de não ser mais funcionário, mas não sabe como ser patrão, não sabe lidar

com investimentos, custos, lucros. Logo se faz de suma importância fazer um

acompanhamento ao cliente, durante todo o financiamento para mostrar que não o

queria só como mais um cliente, mas sim como cliente permanente.

Outro ponto de melhoria deveria ser o controle do prazo de entrega dos

documentos, pois apesar de existir uma agenda mensal das liberações, que não

fosse mais permitido ao agente, ao auxiliar e nem ao coordenador, passar do prazo

estipulado pela gerência.

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Nome da Organização: BANCO DO EMPREENDEDOR

JAQUELINE BATISTA Data de elaboração do P. A.:05/11/2015

PLANO DE AÇÃO

PORQUE FAZER (WHY) - META: PARA REDUZIR OS CONTRATOS INADIMPLENTES DO BANCO DO EMPREENDEDOR

WHAT HOW WHO WHERE WHEN HOW MUCH HOW

O QUE FAZER

COMO FAZER QUEM FARÁ ONDE PRAZO CUSTO/INVEST. COMO SERÁ FEITO

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Me

lho

rar

a A

lise

do

Cré

dit

o

Criação de um manual de

padronização das informações

Analista e Gerência

Planejamento 6 meses Não mensurável no momento

Levantando dados dos seguintes setores: Cobrança, Análise de Crédito, Auxiliar e Agente de Crédito e Gerência

Verificar se o tomador é avalista de outro contrato,

e se o avalista não é tomador para não ter

contrato cruzado

Analista Setor de Análise

Cada contrato leva em média 60 minutos

Uma análise de contrato pode custa a empresa por contratoR$: 30,00

Através da pesquisa no próprio sistema que fornece esses dados

Consultar o Serasa

Analista Sistema Serasa

Consultar o sistema 5 minutos

Custa por Consulta R$:2,50

Através do sistema da Amcred.

Usar o check list de acordo com o

LSE

Agente de Crédito e Analista para conferência

Sistema Sip/Web, através do Tablet

Preenchimento de acordo com o LSE, uns 40 minutos

Não mensuravel no momento

Usar o sistema Sip/Web que fornece esse check list

Coletar mais dados de contato,

como telefone fixo, e-mail,

página, redes sociais

Agente de Crédito e Aux. De Agente

Visita ao Cliente e na unidade de atendimento

Em média 60 minutos

Visitar um cliente cada quilometro rodado custa R$:0,95 para empresa, por telefone não passa dos R$:0,30

Através da visita in loco, onde todos os dados devem ser levantados. E todos os dados levantados devem ser averiguado pelo Auxiliar para ver a veracidade dos dados.

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Consultar os

Fornecedores

Agente de Crédito e Aux. De Agente

Através de Contatos Telefonicos e visitas

Por telefone uns 10 minutos, em visita dependendo do local em média 60 minutos

Visitar um cliente cada quilometro rodado custa R$:0,95 para empresa, por telefone não passa dos R$:0,31

Através da visita in loco, onde todos os dados devem ser levantados. E todos os dados levantados devem ser averiguado pelo Auxiliar para ver a veracidade dos dados.

Verificar os dados de contato dos

conhecidos e dos avalistas

Agente de Crédito e Aux. De Agente

Através de Contatos Telefonicos e visitas

Por telefone uns 10 minutos, em visita dependendo do local em média 60 minutos

Visitar um cliente cada quilometro rodado custa R$:0,95 para empresa, por telefone não passa dos R$:0,32

Através da visita in loco, onde todos os dados devem ser levantados. E todos os dados levantados devem ser averiguado pelo Auxiliar para ver a veracidade dos dados.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Perante o exposto, há um ambiente cada vez mais competitivo, isso

demonstra a necessidade das empresas de ficarem atentas às mudanças que

ocorrem no mercado e se aprimorarem, invariavelmente. Com isso, as instituições

precisam buscar ferramentas e estratégias que garantam a obtenção de resultados

positivos, juntamente com a satisfação de seus clientes.

Neste contexto, a análise de crédito aparece como um dos elementos

fundamentais para a sobrevivência da organização, pois cumpre o papel decisivo

quando se fala em aumentar a rentabilidade e minimizar riscos. Por seu intermédio,

é possível que a empresa conceda crédito melhorando seus resultados. Ao realizar

a análise de crédito, no momento de conceder o crédito, a organização obtém

informações detalhadas de seus clientes, podendo mensurar sua capacidade de

saldar a dívida que está assumindo, bem como avaliar os riscos que esta operação

oferece.

A busca de informações relevantes e confiáveis, aliadas a correta

interpretação e capacidade de julgamento dos analistas de crédito traz melhor

segurança à tomada de decisão e reduz, consideravelmente, os riscos de

inadimplência assumidos pela empresa.

Desta forma, este trabalho teve como objetivo geral analisar o processo da

análise de liberação do microcrédito ao microempreendedor, luz da responsabilidade

social, que é emprestar sem comprometer o orçamento do microempreendedor,

incentivar o mesmo a produzir de forma orientada a utilização deste recurso pelo

Banco do Empreendedor.

Através dos estudos efetuados verificou-se que a maioria dos tomadores

inadimplentes são aqueles em que os créditos foram aprovados infringindo alguma

norma estabelecida pela empresa. Desta forma, recomenda-se que a análise seja

mais criteriosa e que as regras sejam seguidas rigorosamente, com a implantação

do manual com as informações padronizadas da instituição o risco de emprestar

sem retorno será diminuído, pois todos seguiram a mesma linha de filosofia da

organização e com isso não terão mais levantamento de dados diferenciados de

cada agente, todos serão padrão.

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Como conclusão, constatou-se que o estudo realizado possibilitou o

conhecimento dos pontos que precisam ser melhorados na instituição pesquisada.

Sendo assim, faz-se necessário efetuar uma análise de crédito criteriosa antes de

concedê-lo, pois esta contribui diretamente com a liberação de um crédito mais

consciente e a diminuição do índice de inadimplência da empresa e o impacto na

vida dos microempreendedores podendo dar continuidade a geração de renda e

sustentabilidade.

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APÊNDICE

QUESTIONÁRIO

1. Qual o seu cargo no Banco do Empreendedor?

R: Atualmente sou analista do Microcrédito Produtivo Orientado. Comecei na análise

do programa Juro Zero.

2. Qual a sua formação acadêmica?

R: Sou bacharel em Administração de Empresas, desde ano de 2011.

3. A quem o setor de análise de crédito é subordinado?

R: Estamos subordinados diretamente ao gerente geral e ao diretor superintendente,

pois eles participam de forma direta sobre a análise, caso não haja concordância

entre o analista e o agente de crédito, passa-se o processo para eles analisarem e

darem o parecer.

4. Existe alguma área subordinada ao setor de análise de credito?

R: Não existe uma subordinação e sim setores ligados, pois, por exemplo, se o

analista solicitar uma revisita ao agente de crédito, o contrato fica parado na mesa

de análise e o setor de contratos não pode conferir a documentação e o cliente

também fica em espera para saber quando será liberado o seu contrato.

5. Quais os atributos necessários para ser um analista de crédito?

R. Cursar ou já ser formado em ensino superior na área de administração ou

economia, ter um tempo mínimo na organização para entender como funciona a

empresa, principalmente no setor da cobrança, pois é ali que sabemos há onde

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erramos ao analisar o crédito e onde podemos melhorar. Tem que ter conhecimento

do perfil dos agentes de créditos e saber interpretar o relatório de risco,

comprometimento, persistência e ser imparcial.

6. Qual é a missão e objetivos do analista para o Banco do Empreendedor?

R: No meu ponto de vista não endividar o cliente, no âmbito familiar, porque missão

do banco é emprestar o dinheiro que o cliente possa pagar. Analisar e emprestar de

forma consciente.

7. Qual foi o impacto no Banco quando começou a utilizar o sistema de análise

de crédito?

R: Com a implantação do setor de análise, ainda não se sabe dizer, pois o setor é

novo e ainda não deu tempo para comparar em relação aos anos anteriores, pois a

demanda é grande e com a instalação da crise não foi possível mensurar o antes e o

depois, mas acreditamos que deve ter melhorado. Para isso que o setor foi

implantado.

8. Como você descreve o processo de análise do microcrédito no Banco do

Empreendedor?

R: O processo é lançado na mesa, o analista abre o LSE (levantamento

socioeconômico) e começa a sua análise, os 5CS do parecer técnico. Abrem-se,

assim, os documentos e compara com o LSE, quanto que foi a sobra do gasto

familiar. Vê-se o histórico do empreendimento, os dados da atividade, faturamento e

quando o valor é acima de 5.000,00 é analisado o SCR e é visto como é a vida

financeira do cliente. O uso do SCR é somente em último caso, para não influenciar

na minha tomada de decisão. Analisa-se o estoque do cliente, e caso ocorra algo

fica-se em espera para melhorar a situação do risco. E vemos, a partir daí a

capacidade de pagamento, as referenciais, se tem demanda, qual a relação deles

com os fornecedores, se apresentam referências, pois isso ajuda muito para análise.

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9. Existem cursos para capacitar o analista de crédito?

R: Não encontramos cursos específicos voltados para área do microcrédito, mais há

tutoriais na internet e textos que, geralmente, são curtos e que não nos dão uma

menção maior do assunto.

10. Devido a sua experiência, a empresa possui mecanismos/modelos

adequados? Eles são utilizados?

R: Sim. Utilizam o SCR para análise para os créditos acima de R$: 5.000,00

relatórios de riscos de classificação de riscos, os 5Cs do parecer técnico do crédito,

o sistema SIP que nos gera relatórios comparativos.

11. Qual é o papel do analista de crédito diante da gestão?

R: Que este faça uma análise bem cautelosa, verificando se existe atividade

apresentada, a capacidade e a necessidade do crédito. E se apresentou a garantia

compatível que se enquadra dentro do regulamento.

12. O analista possui um papel estratégico na empresa? Qual seria?

R. Acredito que sim. Caso contrário, não teríamos implantado este setor, pois a

empresa quer emprestar mais com qualidade e quantidade, desde que não aumente

a carteira de risco e nem o índice de inadimplência.

13. Qual a importância da análise do crédito para inadimplência?

R: Primeiramente ao se fazer uma análise bem-feita não gera inadimplência, já

diminui o risco. Um capital de risco mais explicado: o analista sugere que os agentes

deveriam extrair o máximo de informação de seus clientes, porque se por algum

motivo esse cliente vir a ficar inadimplente o setor de cobrança tem como localizar

este cliente e seus avalistas. O setor de análise verifica os dados apresentados

pelos agentes e compara com o levantamento socioeconômico e verifica a

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veracidade do mesmo, mas não temos como confirmar se aqueles dados, tais como

telefone, e-mails são verdadeiros. Temos de confiar no que o agente nos apresenta.