Premio EPOCA Empresa Verde 2011

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PRêMIO EMPRESA VERDE OS PRÊMIOS ESPECIAIS Akzo Nobel Algar Telecom AmBev Andrade Gutierrez ArcelorMittal Bradesco Bunge Caixa Cnec WorleyParsons Coelce EDP HP HSBC Irani Itambé Itaú Unibanco Natura Santander Telefônica Vale Akzo Nobel Tintas Decorativas Prêmio Época Empresa Verde – Indústria Coelce Prêmio Época Empresa Verde – Serviços Itambé Prêmio Época Mudanças Climáticas – Indústria Itaú Unibanco Prêmio Época Mudanças Climáticas – Serviços AS VENCEDORAS AS 20 COMPANHIAS COM MELHORES PRáTICASAMBIENTAIS (em ordem alfabética)

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Prêmio

EmPrEsaVErdE

OS PRÊMIOS eSPecIaIS

Akzo NobelAlgar TelecomAmBevAndrade GutierrezArcelorMittalBradescoBungeCaixaCnec WorleyParsonsCoelce

EDPHPHSBCIraniItambéItaú UnibancoNaturaSantanderTelefônicaVale

Akzo Nobel Tintas DecorativasPrêmio Época Empresa Verde – Indústria

CoelcePrêmio Época Empresa Verde – Serviços

ItambéPrêmio Época Mudanças Climáticas – Indústria

Itaú UnibancoPrêmio Época Mudanças Climáticas – Serviços

as VEncEdorasaS 20 cOMPanhIaS cOM MelhOReSPRátIcaS aMbIentaIS (em ordem alfabética)

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Cynthia Rosenburg

Um dos maiores desafiospara a humanidade nesteséculo é aliar o desenvol-vimento e a conservaçãoambiental. Num mundo

que caminha para 9 bilhões de pessoas– com mais de 2 bilhões vivendo abaixoda linha de pobreza – e que já começa asentir os efeitos da mudança climática,será preciso encontrar formas de avançareconomicamente ao mesmo tempo quepreservamos os recursos naturais. Poucospaíses estão tão bem posicionados pararesolver essa equação como o Brasil. Emtempos de turbulência global, não só te-mos demonstrado capacidade de mantera máquina econômica em movimento,como temos – em abundância – água,terra, florestas e energia limpa, que serãofundamentais na construção de uma novaeconomia verde. Transformar o país numapotência ambiental do século XXI só serápossível com a participação das empresas– e também aqui há sinais de que temoschances de sair na frente.

É o que mostra a primeira edição doPrêmio Época Empresa Verde. Uma par-ceria da revista ÉPOCA com a consultoriaPricewaterhouseCoopers (PwC), o prêmioaponta as 20 companhias mais avançadasno país no sentido de incorporar a preo-cupação com o meio ambiente ao dia a diados negócios. Quatro se destacaram e rece-beram prêmios especiais.A Itambé ganhouo Prêmio Época Mudanças Climáticas nacategoria de indústria, especificamente porseu trabalho em relação ao aquecimentoglobal. O banco Itaú Unibanco recebeu oPrêmio Época Mudanças Climáticas emserviços. Por todas as suas iniciativas, nasvárias dimensões ambientais, a Akzo NobelTintas Decorativas ganhou o Prêmio ÉpocaEmpresa Verde da indústria. E a Coelce foieleita na categoria de serviços.“As empresasestão cada vez mais engajadas na busca desoluções para os problemas socioambien-tais do país”, afirma Rachel Biderman, con-sultora sênior do World Resources Instituteno Brasil e uma das conselheiras do prêmio.

O Prêmio Época Empresa Verde é umaevolução do Prêmio Época Mudanças Cli-

especial meio ambiente

Em sua primeiraedição, o PrêmioÉpoca Empresa Verdeaponta as companhiasque mais investemem preservaçãoambiental no Brasil

AscAmpeãsdo meioAmbiente

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máticas, criado com a PwC em 2008. Entre2008 e 2010, a pesquisa mostrou as compa-nhias com o melhor controle de suas emis-sões de gases do efeito estufa e o melhorplano para reduzi-las. Neste ano, passoua avaliar a estratégia ambiental das em-presas de forma mais ampla – analisando,além das ações voltadas para as mudançasclimáticas, questões como o impacto nabiodiversidade, o uso de matérias-primasrenováveis, o consumo consciente da água,a destinação dos resíduos, a eficiência ener-gética e a inovação no desenvolvimento deprocessos e produtos. “Ao longo dos anos,percebemos que as empresas, além de abor-dar a questão do clima, demonstravam teruma estratégia ambiental mais abrangen-te”, afirma Ernesto Cavasin, diretor em so-luções em sustentabilidade empresarial daPwC. “Isso revelou a importância de darespaço para esses temas.”

Neste ano, 120 companhias se inscreve-ram para participar da pesquisa. Elas res-ponderam a um questionário compostode dois blocos de perguntas. O primeirofoi elaborado com base na metodologiainternacionalmente usada para medir ecomunicar os dados de sustentabilidade,a Global Reporting Initiative (GRI). Essaparte da pesquisa avalia como a empresalida com meio ambiente em várias áreasdo negócio.

O segundo bloco é focado em mudan-ças climáticas. Ele procura saber o quea empresa faz para reduzir as emissõesresponsáveis pelo aquecimento global.E suas iniciativas para envolver forne-cedores ou mesmo clientes. Empresasda indústria e de serviços responderama questões específicas e foram avaliadasseparadamente. Com base em critériosobjetivos, a PwC calculou a pontuaçãode cada companhia e chegou às 20 em-presas com melhor desempenho am-biental. A partir dessas 20, um conselhode especialistas elegeu os quatro prêmiosespeciais de Empresa Verde (indústria eserviços) e Mudanças Climáticas (indús-tria e serviços).

A ação mais citada pelas empresas é naárea de energia. Das pesquisadas, 88%dizem que fizeram investimentos paraaumentar sua eficiência. Cerca de 74%das companhias afirmam ter metas parareduzir seu impacto na biodiversidade.Essas empresas enxergam os atuais desa-fios ambientais como uma oportunidade:84% dizem que criaram processos comimpacto ambiental positivo. Esse é o me-lhor indicador. Se a nova economia verdenão surgirá de uma hora para outra, asexperiências dessa elite do setor privadobrasileiro revelam que a transformaçãojá começou. u

Os números doPrêmio Época Empresa Verde

Realizariniciativaspara mitigaro impactoambientaldos processos

100%

Realizar açõesvoluntáriasde proteçãoambiental

78%

Reduzir oconsumo derecursos nãorenováveis

100%

Ter metasparagestão dosimpactos nabiodiversidade

74%

Realizarmelhorias naconservaçãoe eficiênciade energia

88%

Reciclar ereusar a água

73%

Ter criadoprocessoscom impactoambientalpositivo

84%

Realizarinvestimentospara minimizaros impactosda mudançaclimática

46%

porcentUAl de empresAs qUe relAtAm…

setores

Indústria Serviços

57% 43%

Um retrAtodo setor privAdo

José RobeRto MaRinhoPresidente da Fundação RobertoMarinho e vice-presidente de relaçõesinstitucionais e de responsabilidadesocial das Organizações Globo

José augusto FeRnandesDiretor executivo da ConfederaçãoNacional da Indústria

Luiz gyLvanProfessor do Institutode Estudos Avançados da USP

MaRk LundeLLCoordenador de operaçõessetoriais para o desenvolvimentosustentável do Banco Mundial

RacheL bideRManConsultora sênior do WorldResources Institute no Brasil

o conselhodo prêmioQuem são os especialistasque ajudaram a apontaras empresas premiadas

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A fabricante de tintas AkzoNobel desenvolve produtos comsubstâncias que poluem menose até geram economia de energia

todas ascoresdo verde

Juliana Elias

Q uem já planejou a reforma doapartamento ou a renovação dacasa sabe como é fascinante e, de

certa forma, enlouquecedor escolher ascores para as paredes, o teto e as portas. Adiversidade de opções desafia nossa capa-cidade de escolha. Para fugir dos básicosbranco, bege e gelo, as cores mais fortescomo vermelho, laranja, amarelo ou azuljá entraram para as melhores soluções dedesign. Para quem quer variar ainda mais,dá para escolher entre um verde-primave-ra ou um verde-angra, o vermelho suaveou o vermelho picante, o laranja-pitangaou o laranja-imperial. Há opções de tex-tura, com tintas que prometem brilho,outras que puxam para o fosco, mais al-gumas que propõem uma cara rústica.Para facilitar a escolha, os sites das marcasfazem simulações de cores e combinaçõesantes de você comprar.

Essas cores que enfeitam e alegramnosso ambiente são apenas o lado natu-ralmente mais visível da indústria de tin-tas. O que os olhos do público em geralnão veem é o impacto desses produtos noambiente. Como toda indústria química,o setor das tintas vem trabalhando nosúltimos anos para reduzir ou substituir

as substâncias tóxicas ou poluidoras quevêm nas latas de suas cores. Uma das líde-res nesse processo de limpeza tecnológicadas tintas é a empresa Akzo Nobel, donadas marcas Ypiranga e Coral. A fabrican-te vem investindo em novos processos deconfecção das tintas, lançando produtosinovadores e pesquisando para diminuiro custo ambiental da pintura decorativa.Por essas iniciativas, ela recebeu o Prê-mio Época Empresa Verde, na categoriaindústria. “A empresa se destaca por suasiniciativas de inovação para a sustentabi-lidade”, afirma José Augusto Fernandes,diretor executivo da Confederação Na-cional da Indústria e um dos conselheiros

do prêmio. “Num ramo extremamentecomplexo como o químico, ações comoessas podem servir de exemplo.”

Um dos principais desafios ambien-tais da indústria das tintas é lidar com ossolventes. São compostos químicos quediluem os pigmentos da tinta. Eles evapo-ram quando a tinta seca na parede, dei-xando o cheiro forte típico no ambiente.Geralmente, essas substâncias são tóxicasou nocivas ao meio ambiente. Os maiscomuns viram gases que atacam a cama-da de ozônio na atmosfera. Essa cama-da, situada entre 30.000 e 40.000 metrosde altitude, absorve 99% dos perigososraios ultravioleta que chegam à Terra. Paraprotegê-la, os fabricantes de tintas ado-tam dois tipos de estratégia. Uma delas écontrolar o uso das substâncias durante oprocesso de fabricação e transporte, parareduzir o risco de vazamento. A outra étentar substituir essas substâncias poroutros solventes menos poluentes. Háuma década, as empresas lançaram tintasà base de água. Mas não resolvem todos osproblemas. Alguns produtos, como tintaspara metais, precisam de características deaderência que a água não dá. Por isso, aindústria continua pesquisando.

A Akzo investe e 334 milhões por ano(cerca de R$ 788 milhões) em novas tec-nologias. São 4 mil cientistas em 160 labo-ratórios no mundo. Um deles, no Brasil,tem linhas de investigação únicas. “Nos-sas pesquisas com fontes renováveis estãosendo observadas de perto por todo o res-to do grupo”, diz Elaine Poço, diretora detecnologia e sustentabilidade da divisão detintas decorativas da empresa. Há estudosa partir da cana-de-açúcar, com o objeti-vo de usar etanol no lugar de compostostóxicos. A Akzo Brasil já desenvolveu pro-dutos feitos com óleos vegetais, como soja,linhaça e coco. “Nossa principal meta éreduzir o uso de compostos voláteis (osque atacam a camada de ozônio) em 25%até 2015”, afirma Elaine. A empresa estáacostumada a cumprir as próprias metas ese antecipar a exigências legais. O chumbo

especial meio ambiente

a empresapesquisa nobrasil tintas cometanol de canapara substituirum solventepoluidor

Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA

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na produção de tintas, que foi proibidono Brasil em 2008, já havia sido banidopela Akzo Nobel em todo o mundo dezanos antes.

Em paralelo, a Akzo vem lançandoprodutos com outras vantagens ambien-tais. Entre as inovações recentes estão astintas que potencializam a luminosidadedo ambiente. Elas diminuem a necessida-de de iluminação artificial no ambienteonde são aplicadas. Isso reduz os gastosde energia dos consumidores. Outro lan-çamento da Akzo são tintas concentradas.O produto exige menos embalagem e re-duz os gastos com transportes, tanto daempresa quanto do consumidor. Quem jáencheu o porta-malas do carro com latõese baldes de tinta sabe como faz diferença.Em 2005, a Akzo começou a usar garrafasPET recicladas no lugar das resinas deri-vadas de petróleo como matéria-primapara algumas tintas. A empresa já trans-formou 120 milhões de garrafas de refri-gerantes ou água mineral em tinta nova.Com isso, reduziu em 10% as emissões decarbono no processo de fabricação dessesprodutos. Em 2009, a venda desses itens,batizados de “eco-premium”, respondiapor 20% da receita global. Em 2010, aproporção chegou a 25%.

O grupo também investe em ecoeficiên-cia. Em 2010, lançou um plano que visaà redução de 20% no consumo de ener-gia, 15% nas emissões de gás carbônico e30% no despejo de resíduos de todas assuas fábricas até 2015. “O plano traçadopara o Brasil vai cortar em 1.100 tonela-das as emissões de gás carbônico a partirde 2011”, diz Elaine. Inclui ações comotrocas de bombas no maquinário, mo-dernização dos motores e uso de energiasolar no abastecimento de algumas partesdo prédio. “Há dois anos a empresa deuinício a uma reestruturação para incluira sustentabilidade como eixo central donegócio”, afirma Elaine. “Muitas vezes,essas ações são mais custosas ou não nostrazem nenhum retorno financeiro extra.Mas elas são imprescindíveis.” u

akzo nobelsetor I Químico

Busca reduziro uso de substânciastóxicas em25% até 2015

Substituiucompostos tóxicospor soluções à basede água em 80%das tintas decorativas

Desenvolve produtosinovadores, comouma tinta que potencializaa luminosidadedo ambiente

destaques

novo materialElaine Poço, da Akzo,segura uma garrafaPET. A empresafaz tintas complástico reciclado

empresaverde

prêmio

indústria

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A Coelce fornece energiaelétrica e consciênciaambiental a seus clientes.O resultado é bom paraa empresa e para o Brasil

a conta émais baratapara todos

Juliana Elias

M arleide Rabelo Lima mora comos dois filhos no Parque Betâ-nea, em Fortaleza, no Ceará. É

ela quem sustenta a casa, com a renda queganha vendendo cosméticos durante o diae cerveja e espetinhos na porta de casa ànoite. Há dois meses, Marleide conseguiurealizar um sonho de consumo: trocar a ge-ladeira velha por uma nova.“A antiga tinhaquase 20 anos”, diz. A redução na conta deluz – a fatura ficou 25% mais barata – fezuma grande diferença no orçamento dafamília, que Marleide controla rigorosa-mente. “Cheguei a ligar um freezer umavez, mas a conta subiu e tive de desistir.”

A família de Marleide foi uma das 51mil sorteadas no programa de doação degeladeiras da Coelce, a distribuidora deenergia do Ceará – destacada nesta edi-ção com o Prêmio Época Empresa Verdedo setor de serviços. A empresa assumiuo papel de incentivar hábitos ecológicosentre seus clientes. É um trabalho impor-tante para o país porque, embora a maiorparte dos clientes da operadora ainda te-nha padrões modestos de consumo, suarenda vem crescendo nos últimos anos.

Com a evolução econômica do Nordeste,os clientes da Coelce estão desfrutandomaior conforto material, sem exigir maisdos recursos do planeta.

As campanhas com os clientes começa-ram pela geladeira porque é o eletrodo-méstico mais estratégico para controlara conta de eletricidade. “A geladeira re-presenta cerca de um terço do consumoelétrico da casa”, diz José Nunes Almeida,diretor institucional da Coelce.“E nas fa-mílias de baixa renda é onde pesa mais,porque os eletrodomésticos costumamser velhos e gastar até três vezes mais

energia.” Graças ao programa de reno-vação de geladeiras e outras campanhasde conscientização, foram economizados26.600 megawatts-hora nos últimos qua-tro anos, o equivalente ao consumo de 4mil casas como a de Marleide.

Por que uma empresa que vende eletri-cidade incentivaria seus clientes a gastarmenos? A Coelce diz que, por um lado, oconsumo eficiente reduz a inadimplência.“É melhor um cliente que pague menosdo que um cliente que não pague”, dizNunes. Além disso, o consumo dos clien-tes de baixa renda cresce 10% ao ano noCeará. Mesmo que os consumidores te-nham equipamentos que gastam menos,a receita da Coelce continua em alta.

A empresa também incentiva os clientesa poupar outros tipos de recursos natu-rais. O programa Ecoelce troca materiaisrecicláveis – baterias, óleo de cozinha eaté entulho e ferro-velho – por descontosna conta de luz. Para participar, o clientesó precisa levar o material a um dos 57postos de coleta espalhados por 20 cida-des. O crédito é calculado de acordo como volume e o tipo de lixo, e o desconto

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clientes queencaminhammateriaisrecicláveis paraa coelce ganhamdescontosna conta de luz

Foto: Jarbas Oliveira/ÉPOCA

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o lixo e gera economia para os clientes.Ações desse tipo são relevantes num Es-tado como o Ceará, onde dois terços dasfamílias são de baixa renda. “A conta deluz é o único comprovante de endereçoque muitas dessas pessoas têm”, diz Nu-nes, da Coelce. A empresa também ganhaconquistando um dos menores índices ematrasos de pagamento entre distribuidorasde energia. Em 2010, encerrou o ano com2,3% de inadimplência, ante mais de 3%na média nacional.

A Coelce procura diminuir o consumode energia internamente. A nova sede,inaugurada em 2008, tem janelas comvidros que retêm menos calor e exigemmenos ar condicionado. Na iluminaçãoda fachada, as lâmpadas são de LED, queconsomem 60% menos energia. A Coelcesó usa papel reciclado, tanto na impressãodas faturas de seus 2,8 milhões de clientesquanto no holerite de seus 3.100 funcio-nários. Até os tijolos usados na construçãoda sede foram feitos com entulho recicla-do. A empresa também compra energia de16 usinas eólicas do Estado. Em 2010, aenergia dos ventos respondia por 2,6% daeletricidade da Coelce. É mais que o dobroda média nacional, de apenas 1%.

A Coelce está formando os consumido-res que farão diferença no futuro. “Nossoconsumo ainda é baixo se comparado aoutros países.” No caso do Ceará, o con-sumo de energia per capita só se equipa-rou à média do Nordeste no ano passado,quando chegou a 104 quilowatts-hora(kWh) mensais – o que, por sua vez, jáé mais baixo que a média nacional, de120 kWh, e completamente distante dospaíses desenvolvidos. Nos Estados Uni-dos, o consumo mensal passa os 1.000kWh por domicílio. É cerca de dez vezeso que Marleide, a vendedora de Forta-leza, gasta em sua casa. “Mas não é porisso que não vamos investir em formasde redução e de eficiência”, diz Nunes.“A cultura do desperdício é um erro dequalquer jeito.” u

reFrescoA vendedoraMarleide Lima, deFortaleza, comsua geladeira nova.Ela reduziusua conta em 25%

coelcesetor I Distribuição de energia

Tem programas deeficiência energéticaque geram economiae benefíciospara os clientes

Possui normasde controleambiental emtodos os aspectosdo negócio

Procuraincentivar odesenvolvimentode novas fontesde energia

destaques

é repassado para as próximas faturas. “ACoelce promove a reciclagem de formatotalmente inovadora”, diz o economistaSabetai Calderoni, presidente do Institu-to Brasil Ambiente e consultor do BancoMundial para o meio ambiente.

Essa reutilização de materiais tambémgera economia de energia para o país.“Reutilizar uma garrafa PET para fazerplástico consome 75% menos energia doque produzir um plástico novo. No casodo alumínio, gastam-se 95% menos.” ACoelce estima que, com o programa de

reciclagem, evitou o consumo de 9.700megawatts-hora desde 2007.

O Ecoelce acumula 350 mil famíliascadastradas, 10.200 toneladas de lixo rea-proveitado e R$ 1,2 milhão em descontosconcedidos. Foi um dos dez vencedoresdo Prêmio Mundial de Negócios e De-senvolvimento da ONU em 2008 e vemsendo replicado por outros Estados. Éuma ideia simples que resolve diversosproblemas socioambientais de uma vez:reduz o custo das indústrias que recebema sucata, garante um destino correto para

empresaverde

prêmio

serviços

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A Itambé usa energia renovávelem suas fábricas e estácriando produtos mais verdes.Agora quer ajudar a reduzir asemissões poluentes da pecuária

o leitebom parao planeta

Alexandra Gonsalez

A cooperativa de produtores deleite mineira Itambé descobriuque podia ganhar com as mu-

danças climáticas por acaso. Em 2007,a empresa teve um problema na fábri-ca de manteiga, requeijão e iogurtes emGuanhães, no interior de Minas Gerais.As caldeiras que geravam energia para aprodução, em funcionamento desde osanos 1970, entraram em pane. A opçãoseria substituí-las por outro equipamentoequivalente, que queima óleo combustí-vel, derivado de petróleo. Mas os enge-nheiros Gustavo Gonçalves, gerente in-dustrial da Itambé, e Maurício Petenusso,gerente de sustentabilidade, descobriramque uma solução menos danosa ao meioambiente seria, também, mais interessan-te em termos financeiros.

A Itambé poderia usar cavaco de ma-deira (um resíduo das serrarias da região)para alimentar as caldeiras das fábricas.Com isso, reduziria as emissões de gasesresponsáveis pelo efeito estufa – e recebe-ria créditos por isso. O comprovante deemissões evitadas é comprado por em-presas europeias, que precisam compen-sar sua própria poluição. Ainda em 2007 a

Itambé substituiu o óleo das caldeiras pelosrestos de madeira. O investimento, de R$13 milhões, foi todo pago com os créditosambientais. Graças a essa experiência, aItambé percebeu que os desafios ambien-tais também oferecem oportunidades paraseus negócios. “Descobrimos que valia apena investir em clima”, diz Petenusso. Aestratégia rendeu à companhia o PrêmioÉpoca de Mudanças Climáticas.

Fundada em 1949, a Itambé é uma dasmaiores fabricantes de laticínios do país,com vendas de R$ 1,8 bilhão em 2010. Suameta é reduzir as emissões de carbono dascinco fábricas em Minas Gerais e Goiás

em 30% até 2012. Entre 2008 e 2010, aempresa já alcançou uma redução de 12%.Somente a adoção do cavaco de madeiracomo fonte de combustível nas unidadesde Guanhães, Pará de Minas e Goiânia evi-tou o lançamento de 60.000 toneladas dedióxido de carbono na atmosfera.

Mas é no campo que está o maior desa-fio climático da Itambé. A empresa é umacooperativa que agrega 8.500 produtoresrurais. Estima-se que as propriedades ru-rais concentrem cerca de 80% das emis-sões de gases do efeito estufa da cadeia delaticínios. Tudo por causa do gás metano(mais poluente que o gás carbônico) li-berado pela ruminação e pelo esterco dogado. Para atacar essa questão, a Itambévai transformar as emissões da pecuárialeiteira em fonte de energia mais limpa.Uma das propriedades escolhidas é a Fa-zenda do Salvador, na cidade mineira deCachoeira da Prata. Com 200 hectares e150 vacas leiteiras, a fazenda produz emmédia 1.600 litros de leite por mês.

Nos próximos meses, será instalado alium biodigestor – equipamento que trans-forma o gás metano dos pastos em gás.“Vamos usar o gás para aquecer a águaque higieniza o equipamento de orde-nha e para gerar energia elétrica para apropriedade”, diz o produtor MaurílioVaz de Melo. Os dejetos sólidos do bio-digestor serão transformados em adubo,reduzindo os gastos com fertilizantes.O programa de biodigestores começaráem 20 propriedades-modelo. Depois deavaliar o desempenho nessas fazendas, aItambé pretende expandir a experiênciapara seus 8 mil cooperados.

De 2007 para cá, a Itambé investiu R$20 milhões em iniciativas ambientais, amaior parte delas voltada para a eficiênciaenergética e para as mudanças no pro-cesso industrial. A aposta em tecnologiajá resultou em processos inovadores. Emparceria com a Universidade Federal deMinas Gerais, a empresa desenvolveuem sua fábrica de Sete Lagoas um siste-ma que recicla todo o líquido retirado

especial meio ambiente

as fazendasvão transformaro metanoliberado pelogado em fontede energiarenovável

Foto: Marcus Desimoni/Nitro/ÉPOCA

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no processo de produção de leite em póe leite condensado – a chamada “água devaca”. Essa água é usada na limpeza dasfábricas, refrigeração e rega de jardins.“Conseguimos reduzir 40% do volumede água que era retirada dos poços ar-tesianos”, diz Petenusso. O sistema serálevado para as outras unidades até o fimdo ano que vem.

O próximo passo da Itambé é tornarsuas iniciativas ambientais visíveis parao consumidor. A empresa está lançandoa primeira linha de leite com selo verde,que mostra que os poluentes gerados naprodução e no transporte foram compen-sados com o plantio de árvores. O reflo-restamento é feito em áreas degradadase de reserva legal em propriedades decooperados e de terceiros. Isso ajuda osprodutores que não cumprem a legisla-ção ambiental a regularizar sua situação.Além de conquistar a simpatia de con-sumidores ambientalmente sensíveis, aItambé poderá ganhar de outras formascom essa estratégia. “Em alguns anos ogoverno brasileiro poderá definir metasde redução de gases do efeito estufa paraa indústria alimentícia”, afirma FernandaCarreira, pesquisadora do Centro de Es-tudos em Sustentabilidade da FundaçãoGetulio Vargas. “As empresas que se an-teciparem investindo em ações socioam-bientais em todas as etapas do negócioestarão na frente.”

As ações da Itambé são importantespara o país porque envolvem o setor dapecuária, tradicionalmente um dos maisrefratários ao discurso ambiental. É umainiciativa valiosa também para os pró-prios produtores. “A mudança climáti-ca poderá prejudicar a pecuária leiteirae ameaçar os negócios dos produtores”,afirma Fernanda Carreira. Alguns estu-dos científicos preveem alterações nosciclos de chuva, que podem reduzir aprodutividade no campo. “Conscientizaro pecuarista sobre as questões ambien-tais será fundamental para a viabilidadeeconômica de todos.” u

ItambéSetor I Indústria de laticínios

Reduziu asemissões de carbonoem 12% desde 2008 –com meta de chegara 30% até 2012

Diminuiu oimpacto ambientaldas fábricas e estálançando produtoscom selo verde

Iniciou com produtoresrurais um programa paratransformar o metanoda pecuária leiteira emfonte de energia limpa

DeStaqueS

téCNICaO gerente MaurícioPetenusso na fábricade Sete Lagoas.A água do leite éreciclada e usadaem limpeza

muDaNçaSClImátICaS

PrêmIo

indústria

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Mais do que reduzir os impactosambientais dos escritóriose das agências, o Itaú Unibancoexige cuidados ambientaisna hora de conceder empréstimos

a naturezasempretem crédito

Alexandra Gonsalez

O Itaú Unibanco fez um trabalhocompleto para reduzir as emis-sões de gases do efeito estufa

em suas atividades. Nas reformas de seusescritórios ou das mais de 4 mil agênciasespalhadas pelo país, substituiu equi-pamentos de informática por modelosque consomem menos energia. Instaloupelículas nos vidros das janelas para re-duzir a necessidade de ar-condicionado.Substituiu as lâmpadas fluorescentesconvencionais por modelos mais eco-nômicos. Trocou reuniões presenciaispor videoconferências, para evitar osdeslocamentos. Os sete prédios de seucentro administrativo, em São Paulo,são abastecidos com energia de uma usinatermoelétrica, que transforma lixo de umaterro sanitário em gás.

O Itaú não se empenha apenas em ar-rumar a própria casa. Como toda insti-tuição financeira, sua maior influênciana economia não é o que se faz dentrodo escritório – mas como o banco em-presta seu dinheiro. “Como investidores,não queremos financiar clientes, especial-mente grandes empresas, que não con-

trolam seus danos ambientais”, afirmaDenise Hills, superintendente de susten-tabilidade do Itaú.“Isso representa riscosfinanceiros para eles e, consequentemen-te, para nós.” Num momento em que omundo precisa fazer uma transição parauma economia mais verde, o papel dosbancos é financiar iniciativas de outrasempresas ou mesmo do cidadão comum.E recursar empréstimos para ações comimpacto ambiental negativo. Com seuscritérios ecológicos, o banco dá sinais docaminho que empresas dos outros setoresda economia devem perseguir.

As iniciativas ambientais renderam aoItaú o Prêmio Época Mudanças Climáti-cas 2011 na categoria serviços. Nos últi-mos anos, o banco vem buscando dar tonsambientais a sua política de concessãode crédito. Signatário dos Princípios doEquador – um conjunto internacional dediretrizes socioambientais para a conces-são de crédito em instituições financeiras–, o Itaú faz análises detalhadas antes deliberar financiamentos superiores a R$ 5milhões. É uma política mais abrangenteque a determinada pelos Princípios doEquador, que tratam de projetos acima deUS$ 10 milhões. Nessa análise, consideraquesitos como a adoção de mecanismosde controle da poluição, o uso de fontesrenováveis de energia e a existência deações de proteção dos recursos hídricose a biodiversidade, entre outros.

Em 2010, das 2.500 avaliações feitas pelobanco, 43 foram desfavoráveis. “Quandoisso acontece, passamos a monitorar aproposta e tentamos negociar mudançasambientais no projeto”, diz Denise. “Nãoadianta simplesmente negar o crédito. Ocliente vai para um concorrente. Nós per-

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o banco sugeremudançasambientaisnos projetosde clientesque buscamfinanciamento

Foto: Rogerio Cassimiro/ÉPOCA

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cortá-las. Se esses créditos se valorizam,e as empresas conseguem mais dinheiropela redução em sua poluição, os inves-tidores do fundo também ganham. Se oscréditos de carbono perdem valor, o Itaúpaga de volta ao cliente o mesmo valorque ele investiu.

No ano passado, o banco também criouum fundo de renda fixa que destina 30%da taxa de administração paga pelosclientes a projetos ambientais de orga-nizações sem fins lucrativos. É o fundoEcomudança. Em 2010, três organizaçõesambientais receberam R$ 320 mil. Umadelas foi o Centro de Logística e Apoioà Natureza, de Arraial do Cabo, no lito-ral do Estado do Rio de Janeiro. A ONGestá ajudando os pescadores da região atrocar o óleo diesel usado nos barcos porbiodiesel feito a partir do óleo de cozinha,menos poluente.

As políticas ecológicas do setor finan-ceiro ainda são recentes e precisam seraprimoradas. Para Oriana Rey, do pro-grama Eco-Finanças da ONG Amigos daTerra Amazônia Brasileira, os bancos de-viam acompanhar os cálculos de emissõesde carbono de seus grandes clientes comtanto cuidado quanto com a contabilida-de financeira.“É preciso medir de manei-ra mais apurada as emissões da carteira declientes”, afirma.“Isso não será um proces-so fácil.” Mesmo que haja muito por fazer,o Itaú parece estar no caminho certo. Noano passado, recebeu o título de BancoMais Sustentável do Mundo, concedidopelo jornal britânico Financial Times epelo IFC, o braço do Banco Mundial parao setor privado. Concorreu com outras17 instituições de todo o mundo, comoo americano Bank of America e o alemãoGLS Bank. “Premiamos instituições queincorporam valores socioambientais aocotidiano das operações financeiras, apli-cando-os na prática”, diz Miguel J. Mar-tins, gerente do programa de investimen-tos sustentáveis do IFC, em Washington.“Essa preocupação será cada vez maispresente na indústria financeira.” u

pressÃofinanceiraDenise Hills na sede dobanco. “Não queremosemprestar paraquem não controlaseu dano ambiental”

itaú unibancosetor I Serviços financeiros

Faz análise derisco socioambientalem financiamentosmaiores do queR$ 5 milhões

Criou um fundoque direcionarecursos parainiciativas de impactopositivo no clima

Conta as emissõesde carbono dos escritóriose das 4 mil agências e investeem eficiência energéticapara reduzi-las

destaques

demos o negócio e o meio ambiente perdecom um empreendimento inadequado.”O Grupo Brennand Energia, de Pernam-buco, proprietário de 13 hidrelétricas eparques eólicos, é um dos clientes do Itaú.O grupo buscou financiamento para aconstrução de pequenas centrais hidrelé-tricas em Mato Grosso do Sul, Goiás e RioGrande do Sul. Para avaliar se emprestavadinheiro, o banco levou em conta, alémde questões financeiras, o plantio de espé-cies nativas na área do empreendimento.E o financiamento foi liberado.“Quando

cumprimos os critérios ambientais, o di-nheiro sai mais rápido e não corremos orisco de ter atrasos ou embargos na obra”,diz Ronaldo Cavalcanti, gerente-geral doBrennand Energia.

Nos últimos anos, o Itaú também vemcriando produtos financeiros com apeloambiental. Em 2009, lançou um fundoque rende de acordo com o mercadointernacional de créditos de carbono. Éuma Bolsa na Europa onde as empresasque conseguem reduzir suas emissõesvendem créditos para as que precisam

mudançasclimáticas

prêmio

ServiçoS

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Além das quatro grandespremiadas, conheça as

companhias queestão transformando seu

dia a dia e gerando benefíciospara os negócios e

para o meio ambiente

Elas tÊMas MElhorEs

práticasaMbiEntais

Alexandra Gonsalez e Ana Carolina Nunes

Houve um tempo em que meio ambiente nãoera um assunto relevante no dia a dia das empresas. atérecentemente, mesmo companhias com atividades po-tencialmente poluentes tratavam o tema como algo me-

nor, limitando-se a cumprir leis ambientais ou a desenvolver projetosmarginais de educação ambiental. isso mudou – e as vencedoras doprêmio Época empresa verde são uma evidência dessa mudança.Hoje, não só as empresas demonstram clareza a respeito dos riscose das oportunidades que as questões ambientais representam para onegócio como têm informações cada vez mais detalhadas e completas.e buscam torná-las públicas, num esforço positivo de transparência. Éo que revelam as empresas premiadas que você conhecerá a seguir.

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ECOLOGIA A oficina ambiental da Algar Telecom. Os funcionários participamde eventos e plantam árvores em terrenos cedidos pela prefeitura

BOM EXEMPLOLinha de produção

da AmBev.O consumo de

água por litrode cerveja já foi

reduzidoem 30%

A empresa de telecomunicações Algar Telecominveste no meio ambiente, com lucro. Ao injetar R$50 mil em iniciativas simples para reduzir o gastode energia elétrica, a empresa economizou R$ 370mil. Participaram clientes e funcionários da sede daempresa em Uberlândia, Minas Gerais. Uma cam-panha interna convenceu 90 mil clientes a recebera fatura de telefone por e-mail, reduzindo o uso depapel e tinta para impressão. Quem aderiu ganhouminutos adicionais. Os funcionários participam deatividades ambientais – como o plantio de árvoresem áreas públicas cedidas pela prefeitura. Tambémreduzem gastos com combustível e emissões depoluentes com o programa de carona solidária.

Em 2010, a AmBev contribuiu para colocar a econo-mia de água em pauta no Brasil. Com o MovimentoCyan, mobilizou formadores de opinião e funcio-nários para a importância do consumo conscientedesse recurso. Promoveu debates com especia-listas e criou iniciativas como o projeto PegadaHidrológica, que prevê a medição do consumo de

água em todas as etapas da produção da cerveja– para que sejam, a partir daí, elaborados projetosde redução em parceria com os fornecedores. Aempresa investiu R$ 5,8 milhões em instalaçõesde reaproveitamento e implantou processos derecuperação de torres de resfriamento. O porcen-tual de reciclagem de água nas fábricas da compa-nhia é hoje de 50% do consumo total. A economiaanual, de 2,4 bilhões de litros, seria suficiente paraabastecer 450 mil habitantes por um mês. Em 2001,a AmBev usava 5,62 litros de água para cada litro decerveja. Em 2010, esse índice caiu para 3,98 litros.

ALGAr TELECOM

AMBEv

O trabalho começa em casa

Economia gota a gota

A Algar Telecom incentiva os funcionáriosa se preocupar com o meio ambiente

A fabricante de bebidas mobiliza asociedade para o consumo consciente daágua. A inspiração vem de suas fábricas

Fotos: divulgação

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especial meio ambienteespecial meio ambiente

PELO MAr Terminal da ArcelorMittal.Ela trocou o transporte terrestre debobinas de aço por barcaças oceânicas

rEÚSOObra da Andrade

Gutierrez.A construtora

reúsa resíduos,como os restos de

concreto

Em 2010, o principal investimentoem equipamentos de controleambiental da siderúrgica ArcelorMittalfoi implantado em sua unidade ins-talada na Grande Vitória, no EspíritoSanto. Trata-se de um sistema queretira amônia e outras substânciasdo processo de destilação e reduzem 88% a emissão de gases comodióxido de enxofre na produção docoque, resíduo usado como combus-tível nos fornos de alta temperatura.Também nessa unidade, a empresaconverte o vapor gerado nos proces-sos em energia. Uma parte é usadapara aquecer os altos-fornos, outravai para as centrais termelétricas. Gra-ças a essa tecnologia, a fábrica nãodepende de derivados do petróleo. AArcelorMittal também fez mudançasno transporte das bobinas de aço. Emvez de usar mais 1.200 carretas paratransportar toneladas do produtodo Espírito Santo até Santa Catarina,hoje apenas quatro barcaças oceâni-cas dão conta do recado. A iniciativareduz emissões de gases do efeitoestufa e gera economia: pela rota ma-rítima os custos são 60% mais baixos.

A construtora Andrade Gutierrez tem uma metade reciclagem e reúso de todo entulho geradoem suas operações. No projeto das obras e naadministração do escritório, a empresa já definecomo os materiais – de concreto e argamassaa papel e plástico – serão reciclados depois. É oque vai acontecer na reforma do estádio Arenado Amazonas, em Manaus, onde acontecerãojogos da Copa de 2014. O estádio está sendodemolido, e restos de concreto, o aço dasvigas e parte das instalações elétricas serãoreaproveitados na nova construção. Em 2010, 77%dos resíduos da construtora foram reciclados.A Andrade Gutierrez também busca reduzir aemissão de gases responsáveis pelas mudançasclimáticas. No ano passado, as reuniões porvideoconferência evitaram viagens que gerariam100 toneladas de gás carbônico na atmosfera.

ArCELOrMITTALAndrAdE GuTIErrEz

A engenharia da reciclagem Menos emissões,mais economiaNa construtora, 77% dos resíduos das obras

são reaproveitados em novos projetos Com processos mais limpos,a siderúrgica reduzos custos para o negócio

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BrAdESCO

InCEnTIvO Viveiro de mudas do Bradesco. O banco compensa suasemissões de carbono e ajuda outras empresas a fazer o mesmo

A política de sustentabilidade do Bradesco éaplicada de forma ampla: da escolha de forne-cedores à avaliação de riscos na concessão decrédito a grandes empreendimentos. Em opera-ções superiores a R$ 50 milhões, as equipes decrédito e análise de riscos avaliam os projetos deacordo com diversos aspectos socioambientais.O Bradesco usa até uma ferramenta de análisebaseada em imagens de satélite. Com ela, conferese as empresas que buscam financiamentooperam em unidades de conservação, ecossis-temas ameaçados ou terras indígenas – e negao dinheiro se descobrir irregularidades. Projetosde efeito ambiental positivo, como certificaçãoflorestal ou instalação de aquecedores sola-res, têm acesso a linhas de crédito específicas.O banco também compensa suas emissõesde gases do efeito estufa e criou uma área degestão de crédito de carbono, que oferece aoutras companhias orientação no planejamen-to de iniciativas de redução de emissões.

Crédito espacialO banco usa até imagens de satélitesna análise de risco socioambientalde grandes empreendimentos

EnErGIA Funcionários da Bunge em campo. A empresa está prestesa se tornar autossuficiente em madeira de reflorestamento

Em 2010, a Bunge, gigante do segmento deagronegócios e alimentos, avançou aindamais em suas metas de eficiência energéti-ca. O índice de fontes renováveis chegou a83% – a média brasileira é de 45%. A empresaconsumiu 54% menos energia que no anoanterior. A Bunge tem meta de autossuficiênciaem madeira de reflorestamento, usada parageração de energia. Deve atingir esse objetivoaté 2012. A preocupação com a biodiversidadetambém vem ganhando destaque. A Bungemantém reservas particulares de Cerrado eMata Atlântica no Tocantins, em São Paulo eem Santa Catarina. Nessas regiões, promo-ve treinamento em agricultura sustentávelpara produtores de soja. A empresa descartaprodutores que não respeitam a Moratória daSoja – um acordo firmado entre governo, ONGse indústrias contra a venda de grãos cultivadosem áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia.

BunGE

Agricultura responsávelA Bunge leva orientações sobremeio ambiente para produtores de soja

Fotos: divulgação

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especial meio ambiente

LIMPO Uma agência flutuante da Caixa. O barco possui um sistema de limpezaque trata 100% da água antes de jogá-la no Rio Amazonas

O meio ambiente entrou na pautado financiamento de moradiasda Caixa. O banco certificaempreendimentos habitacionaiscom base em mais de 50 critériosde sustentabilidade. Por meiodo programa Madeira Legal,em parceria com o Ibama e oMinistério do Meio Ambiente,exige comprovação da origem damadeira usada nos projetos quefinancia. Para famílias com rendade até três salários mínimos, aCaixa incentiva, com ampliaçãodo crédito, o uso de sistema deaquecimento por energia solar,promovendo redução de até 40%no consumo de energia. A em-presa também cuida das própriasagências. A primeira agênciaflutuante tem um sistema de tra-tamento que devolve para o RioAmazonas apenas água tratada.

CAIXA

dinheiropara casas verdesA Caixa ajuda a construirhabitações que respeitamcritérios de sustentabilidade

EM EQuIPEO escritórioda Cnec,em São Paulo.A empresa usavideoconferênciaspara reduzira queima decombustível

A Cnec WorleyParsons tem um departamento demeio ambiente que planeja o uso eficiente dos re-cursos naturais em seus projetos de engenharia. Noplanejamento de hidrelétricas, fábricas e estradas,a empresa busca delimitar a área dos empreendi-mentos para evitar desmatamento nos canteiros deobras. A empresa investe para reduzir suas emis-sões responsáveis pelas mudanças climáticas em2,5% a cada ano. Entre as iniciativas, a Cnec dá prio-ridade a veículos movidos a etanol, realiza estudospara abreviar os trajetos, substitui reuniões presen-ciais por videoconferências e incentiva a formaçãode grupos de carona entre os funcionários. O escri-tório em São Paulo fica num condomínio que possuicontrato para usar somente energia provenienteda queima de biomassa (que não contribui para oaquecimento global) ou de pequenas hidrelétricas.

CnEC WOrLEyPArSOnS

Esforço contínuoA empresa de engenharia trabalha para reduzirsuas emissões de carbono ano a ano

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PrESErvAÇÃO Usina hidrelétrica noTocantins. A empresa estuda como reduzira morte dos peixes nas turbinas

rEnOvAÇÃOA fábrica da HP

em Sorocaba.As impressorasnovas saem da

linha de produçãocom 50% de

plástico recicladoA principal arma da HP na redução de seu impactono meio ambiente é o design. Da matéria-prima àembalagem, tudo é pensado com o intuito de dimi-nuir o consumo de materiais e energia e facilitar oreaproveitamento de plásticos e metais. A empre-sa vem reduzindo o tamanho e o peso dos equi-pamentos e das embalagens. Também investe emmeios de recuperar o material usado e trazê-lo devolta para reprocessamento na fábrica. Do Centrode Reciclagem em Sorocaba, São Paulo, o primeiroda HP na América Latina, saíram no ano passado1 milhão de cartuchos de impressora novos feitoscom produtos reciclados da própria HP. Essainiciativa representou economia de 69% de água,se comparada com a produção de componentesfabricados com plástico novo, e uma redução de22% em emissões de carbono. Algumas impres-soras são feitas com 50% de plástico reciclado.

A EDP do Brasil investe em fontesrenováveis de energia. São usinashidrelétricas e eólicas. Desde 2009,aproveita essas fontes em MatoGrosso do Sul e no Espírito Santopara conseguir créditos por reduzira emissão de gases responsáveispelas mudanças climáticas. São oscréditos de carbono, negociadosem mercados internacionais, comoos da Europa. A receita gerada pelavenda desses créditos é aplicada emprojetos sociais apoiados pelo Insti-tuto EDP, que envolvem bibliotecase oficinas de leitura para crianças eadolescentes. Em 2010, a empresa in-vestiu R$ 20 milhões em atividades deproteção da fauna e da flora nas áreasde influência da empresa. São pro-gramas para conservação de lobos,morcegos, répteis, aves e anfíbios. Hácentros para recuperação de animaisferidos na área das barragens. Osprojetos são feitos em parcerias comuniversidades. No Tocantins, a EDPpesquisa como reduzir a morte dospeixes que passam pelas turbinas.

HPEdP

A arma é o design

de olho nabiodiversidade

Mudanças em produtos e embalagensreduzem o impacto ecológico da fabricantede equipamentos de tecnologia

O grupo de energia investe naproteção da fauna e da floranas áreas de influência das usinas

Fotos: Rogério Cassimiro/Ed. Globo e divulgação (3)

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especial meio ambiente

rEnOvÁvELPátio da fábrica da

Irani em VargemBonita. As sobras

de madeira sãousadas para

produçãode energia

ECOEFICIÊnCIAGerador movido a vento na agência doHSBC em São Luís, no Maranhão. Reduçãode até 10% no consumo de energia

Estimulado por um programaglobal, o HSBC assumiu ocompromisso de investir no BrasilR$ 2,5 milhões em tecnologiasambientais inovadoras. O valor foiultrapassado com a construçãode dois prédios ecologicamentecorretos, um deles inauguradorecentemente em São Luís, noMaranhão. A construção usaágua da chuva para descargasdos banheiros. As paredes têmisolamento térmico, que reduz anecessidade de ar-condicionado.O prédio usa também umgerador de eletricidademovido a vento, que reduziuem 10% o consumo elétrico.

A Irani quer se tornar, até 2012, uma empresa que nãoemite gases responsáveis pelas mudanças climáticas emsuas atividades. Seu primeiro inventário desses gases doefeito estufa, realizado em 2006, revelou emissões de78.000 toneladas de dióxido de carbono. No ano passado,o volume havia caído para 23.000 toneladas. Um dos res-ponsáveis por essa diminuição foram mudanças na esta-ção de tratamento de água, que eliminaram a geração degás metano, que contribui para a alteração do clima. A Ira-ni reúsa 90% do material descartado em suas operações.As cinzas das caldeiras são aproveitadas como fertilizantenas áreas de reflorestamento. Os restos de fibra e o lododa estação de tratamento de água são enviados para umaempresa que os transforma em adubo. Além disso, assobras de madeira são queimadas para produzir energia.

HSBC IrAnI

nada se perde

Eficiência interna

Cerca de 90% dos resíduos da fabricantede papel e celulose são reutilizados

O banco investe em prédiosverdes e na economiade energia das agências

Fotos: divulgação

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Mudanças nas matérias-primas doscosméticos, nas embalagens e notransporte já levaram a Natura areduzir suas emissões de carbonoem 21%. A meta para 2011 é chegara 33%. As emissões que não podemser evitadas são compensadascom o apoio a iniciativas de outrasentidades. Neste ano, a empresaselecionou seis projetos nos setoresde energia e florestas. Um dos des-taques é um programa para energiarenovável em indústrias de cerâmicaem Ituiutaba, Minas Gerais. O projetosubstitui a queima de madeira nativadesmatada no Cerrado mineiro porcombustíveis de fontes renováveis,como eucalipto plantado, para aque-cer os fornos na produção de tijolos.A iniciativa deixará de emitir 137.000toneladas de gás carbônico na atmos-fera em dez anos. A Natura tambémestá recuperando 220 hectares deflorestas degradadas nas nascentesdo Rio Xingu, em Mato Grosso.

Em 2010, o Santander criou a área paraa concessão de crédito a projetos quepriorizam os aspectos de sustentabilidade.Além de emprestar o dinheiro, a equipeda área ajuda a empresa cliente a encon-trar e implementar soluções ambientaisinovadoras. Um exemplo é o trabalho feitocom a Tecverde, empresa de engenhariade Curitiba. O banco ajudou a Tecverdea importar da Alemanha uma tecnologiapara construções com painéis de madeirade florestas plantadas, como pinheiros.Com essas paredes, a construção gastamenos energia e gera 80% menos re-síduos que as obras convencionais.

natura

Santander

Investimento alémdos cosméticos

Incentivo à inovação

A Natura investe em reduçãode emissões fora da empresa, paracompensar suas atividades

A nova área de negócios sustentáveis do bancodesenvolve projetos ambientais com clientes

reCuPeraÇÃO Viveiro de projeto apoiado pela Natura. Apoio a iniciativas de reflorestamento

ParCerIa Casa ecológica da Tecverde. Ela foi construída com o apoio do Santander

Fotos: divulgação

especial meio ambienteespecial meio ambiente

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especial meio ambienteespecial meio ambiente

A mineradora Vale ampliou, em2010, seu mapeamento das emis-sões de gases de efeito estufa.Convidou 70 de seus maioresfornecedores para responder aoquestionário sobre as emissões paracalcular, no inventário de 2011, osdados desses parceiros. A empresatambém intensificou o controle am-biental das operações de navegação.Investiu na compra e no frete denavios de grande porte. Com 362metros de comprimento e capa-cidade para transportar 400.000toneladas, esses gigantes quei-mam 35% menos combustível portonelada de minério transportada. Oprimeiro deles, o Vale Brasil, recebeuem maio o Nor-Shipping Clean ShipAward, prêmio internacional daindústria de navegação, por ser ocargueiro de minério mais limpo domundo. Até 2013, a Vale pretendeoperar com 35 desses cargueiros.

Em 2010, a Telefônica investiu R$ 3 milhões emprojetos de eficiência energética. Substituiu equi-pamentos de informática nos escritórios e realizouobras em 25 prédios para aumentar o aproveita-mento de ar externo no resfriamento. Com isso,diminuiu a necessidade de ar-condicionado paramanter a temperatura dos grandes computadoresresponsáveis pelas redes de telefonia e internet. Oconsumo de energia da empresa caiu em 5,2% noano passado – ultrapassando a meta de 4%. Agora,a empresa pesquisa telhados ecológicos sobre ascentrais telefônicas. Trata-se de uma espécie dejardim suspenso, instalado na laje dos prédios, quemelhora o isolamento térmico da construção ereduz a necessidade de ar-condicionado. A Telefô-nica também pesquisa sistemas de videoconferên-cia para reduzir as viagens das empresas clientes.

Vale

telefônica

controle em alto-mar

Jardins suspensos

Navios de grande porteajudam a reduzir as emissõesda mineradora

A empresa estuda telhados verdes para reduziro ar-condicionado nas centrais telefônicas

PReMiaDO O navio cargueiro Vale Brasil. Reconhecido como o navio mais limpodo mundo, reduz as emissões de carbono em até 35% por tonelada de minério

VeRDeTelhado complantas emuma central.A vegetaçãomelhora oisolamentotérmico emantém o prédionaturalmentemais frio no verão

Fotos: divulgação

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